661 PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS DA CENIBRA QUANTO AOS FATORES DE RISCO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL THE EXHIBITION OF OFFICIALS OF CENIBRA TO RISK FACTORS FOR HYPERTENSION Priscila Montesano Félix Enfermeira. Graduada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG [email protected] Breno Ávila Costa Enfermeiro. Graduado pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG [email protected] Maione Silva Louzada Paes Enfermeira. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. [email protected] RESUMO A hipertensão arterial é uma doença de grande incidência entre os brasileiros, caracterizada como uma patologia multifatorial que se não controlada pode acarretar complicações graves. As complicações mais comuns da hipertensão arterial são o infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular encefálico e complicações renais. Tais complicações levam a altas taxas de morbidade, o que interfere diretamente na vida dos trabalhadores, ocasionando absenteísmo, gastos com tratamentos e intervenções, afastamento de suas atividades laborais e até mesmo aposentadoria precoce. O estudo teve como objetivo identificar quais fatores de risco para a hipertensão arterial que os funcionários de uma empresa de celulose estão expostos. A pesquisa foi desenvolvida adotandose a abordagem quantitativa de caráter descritivo. Foi realizada na Celulose Nipo-Brasileira (CENIBRA) que localiza-se na cidade de Belo Oriente-MG, em 2009, mediante aplicação de um questionário e avaliação de índice de massa corporal. Participaram do estudo 247 trabalhadores. Foram encontrados alguns fatores de risco nos funcionários da CENIBRA, prevalecendo sobrepeso e obesidade em 48,6%, ingestão de bebida alcoólica em 54,2%, sedentarismo em 43,5%, consumo de cafeína em 88%, estresse em 58% e história familiar de hipertensão arterial em 69%. Conclui-se que se faz necessária a realização medidas educativas e de conscientização por parte de profissionais da saúde e da Instituição afim de prevenir a hipertensão arterial, incentivando a mudança dos hábitos de vida e reduzindo os fatores de risco modificáveis. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão. Fatores de Risco. Saúde do trabalhador. ABSTRACT The arterial hypertension is a high incidence disease among the Brazilians. It is a multifactor pathology that if not controlled can cause serious complications. The most common complications of the arterial hypertension are sharp heart attack of the myocardium, cerebrovascular accident and kidney complications. These complications cause high levels of mortality and interfere directly on the workers life. It causes absenteeism, treatment costs and interventions, move the workers away from Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 662 their labor’s activities and it can even cause earlier retirement. Based on those considerations, these work has as purpose the identification of the arterial hypertension risk factors that workers of a cellulose mill are exposed. The research was developed following the quantitative approach with a descriptive character. It was carried out in 2009, at the Celulose Nipo-Brasileira (CENIBRA), that is localized in Belo Horiente-MG, Brazil. The research was carried out through questionnaires and corporal mass indices evaluations, 247 workers participated. It was found some risk factors on the CENIBRA’s employees, prevailing overweight and obesity on 48.6%, alcohol consume on 54.2%, sedentary life style on 43.5%, caffeine consume on 88%, stress on 58%, family history of arterial hypertension on 69%. Based on the results, it is noticeable that educational provisions and conscietization are necessary. They should be done by the health professionals and the institution, in order to prevent the arterial hypertension. They should motivate the change of life style and reduce the risk factors that can be modified. KEY WORDS: Hypertension. Risk Factors. Occupational Health. INTRODUÇÃO A hipertensão arterial é uma doença de grande incidência entre os brasileiros, cerca de 35% da população brasileira acima de 40 anos possui a doença, constituindo assim um grande problema de Saúde Pública (BRASIL, 2003). No Brasil, 27,4% dos óbitos ocorrem por doenças cardiovasculares, onde a hipertensão arterial explica 40% das mortes por acidente vascular encefálico (AVE) e 25% por doença coronariana (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006). Para Smeltzer e Bare (2005) a hipertensão arterial se define como pressão arterial (PA) sistólica superior ou igual a 140mmHg e pressão diastólica superior ou igual a 90mmHg, sendo que para que possa ser diagnosticada deve-se fazer aferição da PA durante aproximadamente um mês, e nos mesmos horários. Os fatores de risco para a hipertensão arterial são: idade, histórico familiar, sobrepeso, sedentarismo, ingestão excessiva de sódio, alimentação não balanceada, tabagismo e etilismo, estresse e consumo de cafeína. A hipertensão arterial é uma doença geralmente assistomática (RABELLO; FORTE; GALVÃO, 2000; SMELTZER; BARE, 2005). O risco de complicações cardiovasculares como acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca e renal e cardiopatia isquêmica, aumenta simultaneamente ao aumento da pressão arterial, tornando-se clinicamente e epidemiologicamente importante para o grupo de pessoas que com pressão arterial sistólica entre 130-139 mmHg e pressão diastólica entre 80-85mmHg. Portanto, indivíduos que apresentam os níveis pressóricos dentro dos padrões normais, mas que possuem histórico familiar de hipertensão representa um dos grupos de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2002). As complicações mais comuns da hipertensão arterial são o infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular encefálico (AVE) e complicações renais. As doenças cardiovasculares correspondem a 65% dos óbitos na faixa etária de 30 a 69 anos (BRASIL, 2003). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 663 Quando os níveis pressóricos não são controlados adequadamente graves consequências podem surgir em órgãos vitais. Os órgãos alvo da hipertensão arterial são o coração, os rins, o cérebro, os olhos e as artérias periféricas, podendo triplicar o risco de ataque cardíaco e aumentar em sete vezes as chances de ocorrer um AVE (BRASIL, 2006; PÉRES; MAGNA; VIANA, 2003). As várias consequências da hipertensão arterial a coloca como uma das maiores causas da redução da qualidade e expectativa de vida da população, sendo também responsável por alta incidência de internação (BRASIL, 2003). Estas complicações levam a altas taxas de morbidade o que interfere diretamente na vida das pessoas economicamente ativas, ou seja, na vida dos trabalhadores, ocasionando absenteísmo, gastos com tratamentos e intervenções, afastamento de suas atividades laborais e até mesmo aposentadoria precoce. A hipertensão arterial é uma doença de curso crônico que pode gerar agravos à saúde do trabalhador, incapacitando-o para exercer seu trabalho, porém é uma doença passível de prevenção se hábitos saudáveis forem adquiridos ao longo da vida, o que garantirá ao trabalhador uma melhor qualidade de vida. Mediante as possibilidades de se prevenir a hipertensão, a pesquisa se norteou pela pergunta: quais fatores de risco para hipertensão arterial os trabalhadores da Celulose NipoBrasileira (CENIBRA) estão expostos. A pesquisa objetivou identificar quais fatores de risco para a hipertensão arterial os funcionários da CENIBRA estão expostos. METODOLOGIA A pesquisa foi desenvolvida adotando-se a abordagem quantitativa de caráter descritivo. O local de estudo foi a CENIBRA, uma empresa de fabricação de celulose situada na cidade de Belo Oriente-MG, sendo a coleta de dados realizada nos dias 2, 3 e 6 de abril de 2009. A população da pesquisa foram os funcionários da CENIBRA que totalizam 1.300 funcionários segundo dados de 2009 do Setor de recursos humanos da CENIBRA. Já a amostra foi obtida através do cálculo estatístico pelo programa Diman 1.0 com grau de confiança de 95%, porcentagem de erro de 5%, totalizando 247 participantes. Como critérios de inclusão dos sujeitos foram estabelecidos: concordância em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, ter mais de 18 anos e se encontrar na empresa nos dias da coleta de dados. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário contendo 10 questões de múltipla escolha abordando a presença ou não de fatores de risco para hipertensão arterial como: idade, etnia, sexo, etilismo, tabagismo, sedentarismo, ingestão de sal, e café, atividades de lazer e descanso adotadas, presença de hipertenso na família e se está submetido a estresse. Foi realizada a mensuração das medidas antropométricas (peso e altura). Utilizou-se uma balança antropométrica digital eletrônica marca Welmy com Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 664 antropômetro. Após a obtenção das medidas antropométricas foi calculado o índice de massa corpórea (IMC) através da fórmula IMC = peso (Kg) ÷ altura(m)². Os dados tratados e interpretadas utilizando estatística descritiva. A pesquisa foi autorizada pela empresa através da assinatura do Termo de Autorização da Instituição para Realização de Pesquisa. Cada participante assinou e recebeu uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados referentes aos questionários foram apresentados de maneira anônima. Esta pesquisa seguiu a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta pesquisas com seres humanos (BRASIL, 1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na TAB.1 é apresentado o perfil dos 247 pesquisados quanto a idade, sexo, etnia e tempo de trabalho exercido na empresa. TABELA 1 - Perfil dos Participantes da Pesquisa. Ipatinga, MG, 2009. Variáveis Idade (anos) 18 a 27 28 a 37 38 a 47 48 a 59 ≥ a 60 N % 39 76 65 64 3 15,8 30,8 26,3 25,9 1,2 Sexo Masculino Feminino Não Respondeu 146 82 19 59,1 33,2 7,7 Etnia Branco Moreno Negro Amarelo Não Respondeu 135 36 15 6 55 54,6 14,6 6,1 2,4 22,3 24 79 44 84 16 9,7 31,9 17,8 34 6,5 Tempo de Empresa (anos) < de 1 1a9 10 a 19 ≥ a 20 Não Respondeu FONTE: dados da pesquisa Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 665 Em relação à idade observou-se que 30,8% dos pesquisados encontravam-se na faixa etária entre 28 e 37 anos. A média da idade dos trabalhadores participantes do estudo foi de 40,1 anos. Quanto ao sexo observou-se 59,1% são homens. Quando questionados sobre a etnia 54,6% declararam-se branco. Em relação ao tempo de trabalho na empresa, predominou os trabalhadores com tempo igual ou superior à 20 anos, representando 34% da amostra. A partir do IMC calculado foi construída a TAB. 2, que representa o perfil dos participantes quanto ao seu IMC. TABELA 2 - Perfil dos Participantes Quanto ao Índice de Massa Corporal (IMC). Ipatinga, MG, 2009. N % Valores de Referência de 2 IMC(kg/m )* Adultos Magreza - < 18,4 10 4,09 Adequado – 18,5 a 24,9 116 47,54 Sobrepeso – 25 a 29,9 91 37,29 Obesidade - ≥ 30 27 11,06 Idosos Magreza - < 18,5 0 Adequado – 18,5 a 24,9 1 33,33 Obesidade - ≥ 30 2 66,67 FONTE: dados da pesquisa *Os valores de referência foram utilizados de acordo com Frank e Soares (2004) e Gibney, Vorster e Kok (2005). Percebeu-se que 47,54% dos pesquisados estão com o IMC entre 18,5 e 24,9, o que representa que a maior parte dos participantes se encontra nos valores considerados adequados de IMC. Esse resultado é positivo quando se trata de fatores de risco para hipertensão já que a obesidade é um deles e dentre os participantes apenas 11, 7% apresentavam obesidade. Mas obesidade e sobrepeso quando somados atingem 48,35%, podendo ser considerado um fator de risco. Quando questionados sobre serem portadores da doença 84,7% responderam não, 10,5% afirmaram possuir a patologia e 4,8% não souberam responder. Esse dado é subjetivo, pois resulta do relato dos participantes. Porém é importante, pois mostra que a maioria dos participantes não são portadores de hipertensão arterial, sendo um público alvo para ações de educação em saúde com o objetivo de prevenir esta doença. Sobre o hábito de ingerir bebidas alcoólicas, 54,2% dos pesquisados responderam ter esse hábito. Estes foram questionados sobre os tipos de bebidas alcoólicas mais consumidas (GRAF.1). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 666 GRÁFICO 1 - Bebidas Alcoólicas Ingeridas pelos Pesquisados. Ipatinga, MG, 2009. 2% 3% 29% 62% 4% Cerveja Aguardente Vinho Vodka Outras FONTE: dados da pesquisa Nota-se que a cerveja é a bebida alcoólica mais ingerida, representando 61,94% da preferência dos pesquisados. Segundo Lins (2006) um fator que influencia as pessoas a adotarem a cerveja como a bebida preferencial é o marketing que a indústria do álcool exerce através da mídia. O consumo do álcool exerce impactos na saúde do trabalhador, principalmente se este consumo for crônico e excessivo. Bittencourt et al. (2001) destacam que na concessão de benefícios por incapacidade para o trabalho prestada pela Previdência Social, 40% das perícias médicas estão relacionadas ao consumo excessivo de álcool. A freqüência com que essas bebidas alcoólicas eram consumidas está demonstrada no GRAF. 2. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 667 GRÁFICO 2 - Freqüência de Ingestão de Bebidas Alcoólicas. Ipatinga, MG, 2009. 4% 2% 45% 44% 5% Diariamente Semanalmente Mensalmente Esporadicamente Outros FONTE: dados da pesquisa Nota-se que o consumo semanal é mais freqüente entre os participantes, seguido do esporádico. A redução do consumo frequente de etanol diminui os níveis pressόricos, sistólico e diastólico, sendo que o etanol ingerido fora do período das refeições tem a maior propensão de desenvolver a hipertensão arterial, independentemente do volume ingerido (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006). Quando questionados sobre o hábito de fumar a maioria não era tabagista, representando 93,6% dos pesquisados. O uso do tabaco é um importante fator de risco para o desenvolvimento de H.A e suas complicações. Segundo Araújo et al. (2004), a nicotina presente nos cigarros atua no organismo promovendo vasoconstrição nos vasos sanguíneos, consequentemente aumentando a PA. Sobre a prática de atividade física 43,5% não realizam e 56,2% praticam. Dos pesquisados que realizam atividade física 35% a realizam mais de 3 vezes por semana, 36,4% realizam 3 vezes por semana, 22,2% realizam 2 vezes na semana e 6,4% realizam atividade física menos de 2 vezes por semana. Monteiro e Sobral Filho (2004) destacam que a prática de exercício físico promove respostas fisiológicas benéficas influenciando principalmente o sistema cardiovascular. Ressalta-se que para ter respostas satisfatórias é recomendado realizar atividade física 3 vezes por semana de no mínimo 30 minutos diários. O sedentarismo é um grande fator de risco para H.A, onde indivíduos sedentários têm aproximadamente 30% a mais de risco de desenvolver a patologia do que as pessoas ativas fisicamente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006). No GRAF. 3 está representado o consumo de sal dos pesquisados. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 668 GRÁFICO 3 - Classificação do Consumo de Sal dos Participantes. Ipatinga, MG, 2009. 2% 2% 36% 60% Não Consome Consome Pouco Consome de Forma Normal Consome em Excesso FONTE: dados da pesquisa Obs.: Ressalta-se que esse dado é subjetivo já que é resultante da opinião dos participantes. Nota-se que 60% dos pesquisados consideraram que consomem sal de forma normal e apenas 2% afirmam consumir sal em excesso. O consumo de sal diário sem moderação nas refeições e a ingestão de alimentos com alto teor de sódio contribui consideravelmente para o desenvolvimento de hipertensão arterial. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2002) no mundo é observada a baixa prevalência de hipertensão em comunidades cuja ingesta de sal é inferior a 50 mEq/dia, já em comunidades cuja ingesta e superior a 100 mEq/dia, há um aumento da prevalência de hipertensão arterial. Além da redução da pressão arterial, a diminuição da ingesta de sal contribui para a diminuição da mortalidade por acidente vascular encefálico e regressão da hipertrofia vascular esquerda. A restrição do uso de sal pode ainda reduzir a excreção urinária de cálcio, ajudando na prevenção de osteoporose em idosos. Em relação ao hábito de consumir café, 88% dos participantes responderam ingerir, 11% não consomem e 1% não respondeu. Para os participantes tem este hábito foi questionada a quantidade aproximada em ml de café ingerida diariamente, conforme pode ser visualizado no GRAF. 4. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 669 GRÁFICO 4 - Quantidade de café em mililitro (ml) ingerida diariamente pelos pesquisados. Ipatinga, MG, 2009. 11% 7% ≤ 200 ml 10% 201 a 300 ml > 300 ml 8% 64% Não Respondeu Não ingerem Café FONTE: dados da pesquisa Nota-se que 64% dos pesquisados ingere 200ml ou menos de café diariamente e apenas 10% consomem mais de 300ml por dia. A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central, sendo necessário cuidado na associação com outros estimulantes centrais e com seu consumo em excesso. O uso concomitante da cafeína com alguns fármacos pode provocar distúrbios cardíacos e hipertensão arterial (RABELLO; FORTE; GALVÃO, 2000). Sobre atividades de lazer/descanso 85% dos pesquisados costumam priorizar isto em sua rotina, 14% responderam não e 1% não respondeu. No GRAF. 5 está representada a frequência com que essas atividades são realizadas. GRÁFICO 5 - Freqüência com que as atividades de lazer/descanso são realizadas pelos participantes. Ipatinga, MG, 2009. 14% 1% 15% 1% 5% Exporadicamente 7% 1X por mês A cada 15 dias 1X por semana 7% 14% 2X por semana Mais de 2X por semana Outros Não realiza 36% Não respondeu Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 670 Evidenciou-se que 36% dos participantes realizam atividades de lazer/descanso uma vez por semana. Estas atividades associadas a práticas de exercícios físicos auxiliam na prevenção primária da hipertensão arterial, devendo ser praticados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006). Quando questionados sobre exposição a algum tipo de estresse 58% responderam estar expostos, 41% não e 1% não respondeu. No GRAF. 6 GRÁFICO 6 - Tipos de estresse citados pelos participantes e suas respectivas freqüências. Ipatinga, MG, 2009. Profissional 8% 29% Família Estudo Dinheiro Barulho 41% 7% 7% 2% 3% 3% Outros Não se sente submetido a estresse Não respondeu FONTE: dados da pesquisa Observou-se que 41% dos participantes não se sentem submetidos a nenhum tipo de estresse e dentre os que se sentem sob estresse, prevaleceu como fonte geradora deste a profissão, com 29%. Para a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2006) o controle do estresse é necessário e importante na prevenção da hipertensão arterial já que há evidências de uma relação entre estresse e aumento da pressão arterial e da reatividade cardiovascular. Para controlar e evitar o estresse deve-se praticar exercícios físicos, dormir bem, ser positivo diante da vida, compartilhar os problemas, realizar atividades de lazer e descanso frequentemente, estar sempre perto de pessoas queridas e evitar reações extremas (MARTINEZ; LATORRE, 2006). Quanto à presença de familiares hipertensos 69% dos participantes possuem parentes com hipertensão arterial. Ainda foi questionado qual o parentesco do portador de hipertensão com o pesquisado, o que está representado no GRAF. 7. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 671 GRÁFICO 7 - Grau de parentesco dos participantes com os familiares hipertensos. Ipatinga, MG, 2009. 24% 31% 1% 21% 11% 7% Mãe Tios Irmãos 5% Pai Avós Não respondeu FONTE: dados da pesquisa Nota-se que a presença da doença na família dos pesquisados é maior nos pais onde 24% são as mães e 21% são os pais. Observou-se que 31% dos participantes não possuíam familiar hipertenso. A história familiar de hipertensão é um grande fator de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial, sendo que as chances de uma pessoa desenvolver a doença são maiores quando filho de pais hipertensos, sendo então necessárias medidas de prevenção e acompanhamento dos mesmos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2002). Os alimentos consumidos diariamente pelos pesquisados estão dispostos na TAB. 3, incluindo as refeições realizadas fora da empresa e do horário de trabalho também. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 672 TABELA 3 - Alimentos ingeridos diariamente pelos pesquisados nas principais refeições diárias. Ipatinga, MG, 2009. Alimentos Freqüência Percentual Feijão 225 91,0% Arroz 224 90,6% Verduras de Folha 211 85,4% Carne Vermelha 202 81,7% Frutas 197 79,7% Sucos 187 75,7% Legumes 180 72,8% Carne Branca 168 68,0% Queijo 137 55,4% Massas 103 41,7% Manteiga 100 40,4% Alimentos Cozidos 94 38,0% Doces 90 36,4% Pão Integral 82 33,1% Cereais 74 29,9% Leite Desnatado 68 27,5% Peixe 66 26,7% Bolo 64 23,4% Refrigerante 58 23,4% Alimentos Grelhados 55 22,2% Presunto 54 21,8% Leite Gordo 47 19,0% Conservas 44 17,8% Batata frita/Mortadela 40 16,1% Ovo 39 15,7% Linguiça 38 15,3% Maionese 36 14,5% Salgados Fritos 25 10,1% Salsicha/Enlatados/Ervilha 19 7,6% Katchup 16 6,4% Bebidas Alcoólicas 10 4,5% Mostarda 9 3,6% Sushi 3 1,2% Yakissoba 0 0,0% FONTE: dados da pesquisa Observou-se que feijão, arroz, verduras de folha, carne vermelha, frutas e sucos, fazem parte da refeição diária da maior parte dos pesquisados. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2002) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2006) o controle do peso e adoção de hábitos alimentares saudáveis são formas de prevenção primária da hipertensão sendo esses fatores de risco modificáveis. CONCLUSÃO No presente estudo, identificou-se nos funcionários da CENIBRA, a existência de fatores de risco para hipertensão arterial, sendo: consumo de cafeína 88%, Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.4 - N.1 - Jul./Ago. 2011. 673 história familiar de hipertensão arterial 69%, estresse 58%, ingestão de bebida alcoólica 54,2%, sobrepeso e obesidade 48,6%, sedentarismo 43,5%, ausência de atividades de lazer/descanso 14%, habito de fumar 6,4%, etnia negra 6,1%, consumo de sal em excesso 2% e idade avançada com 1,6%. Ressalta-se que os principais fatores de risco encontrados são modificáveis através da conscientização e mudança no estilo de vida, sendo eles: o consumo de cafeína, o estresse, a ingestão de bebida alcoólica, o sobrepeso e obesidade e o sedentarismo. Não obstante, percebe-se a necessidade de realização de medidas educativas por parte de profissionais da saúde e da instituição a fim de prevenir a hipertensão arterial entre seus funcionários, incentivando a mudança dos hábitos de vida, reduzindo os fatores de risco modificáveis. REFERÊNCIAS ARAÚJO A. J. et al. Diretrizes para cessação do tabagismo. J.bras. pneumol, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 1-75, ago. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S180637132004000800002&script=sci_arttext&tlng=en Acesso em: 21 mar. 2009. BIAZZI, E. M. S. Recursos para uma Vida Natural. 21. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001. BITTENCOURT, P. C. T. et al. Condições mais frequentes em um ambulatório de perícia neurológica. 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