Fundamentos do
Espiritismo
Milton Felipeli
2007
2
Conforme a legislação que regulamenta o direito
autoral, é vedada a reprodução parcial ou total desta
obra, sem a autorização expressa (escrita) do autor.
3
“Quem não quer ter o trabalho de estudar, demonstra
mais curiosidade do que o desejo real de se instruir”.
(Allan Kardec)
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PROGRAMA DO CURSO
Primeira Aula
Tema: O Criador
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-
Deus.
A concepção dos povos antigos sobre Deus.
Do politeísmo ao monoteísmo.
Pensamento de Jesus sobre Deus.
Allan Kardec e suas questões sobre Deus.
Conceito espírita sobre Deus.
Deus, o Criador.
Segunda Aula
Tema: A Criação.
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Da causa primeira à Criação.
A Criação como conseqüência da Inteligência Suprema.
O elemento espiritual e o elemento material.
Que é espírito?
O princípio inteligente e o princípio material.
A ação do espírito sobre a matéria.
A criação do Universo.
As leis naturais: o que são, quais são e como funcionam?
Onde está Deus? O espiritismo responde.
Terceira Aula
Tema: Imortalidade (Lei Natural).
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O que Deus criou?
O que é lei natural?
Provas da existência das leis naturais.
O que é imortalidade?
Porque imortalidade é uma lei.
Os povos antigos e a idéia da imortalidade.
Jesus ensina a lei de imortalidade.
A Doutrina espírita explica a imortalidade.
Quarta Aula
Tema: Evolução: Progresso dos Espíritos (Lei Natural).
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O Criador, a criação e as leis naturais.
A vida e sua organização natural (o equilíbrio dos quatro reinos)
As Leis de evolução e imortalidade.
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A imortalidade na concepção de antigos povos.
A finalidade da evolução.
Evolução, segundo o materialismo.
Evolução, segundo o espiritismo.
Como é realizada a evolução dos espíritos.
Os espíritos evoluem em erraticidade?
Quinta Aula
Tema: Reencarnação: Pluralidade das Existências (Lei Natural).
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O que é reencarnação e qual a sua finalidade.
Erraticidade e reencarnação.
Reencarnação através da história.
Como o espírito escolhe a sua reencarnação.
A reencarnação em outros mundos.
Provas e expiações no processo da reencarnação.
Provas filosóficas da reencarnação.
Comprovações científicas da reencarnação.
Reencarnação e ressurreição.
Perispírito e reencarnação.
Quando se inicia a reencarnação?
Pode-se impor a reencarnação a um espírito?
Reencarnação e família.
Sexta Aula
Tema: Livre Arbítrio – (Lei Natural).
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O que significa livre arbítrio?
O espírito e a aquisição do conhecimento.
Inteligência, vontade e pensamento.
Instinto e inteligência.
Quando os espíritos começam a usar o livre arbítrio.
Livre arbítrio e evolução.
Livre arbítrio e causa e efeito.
Pensamentos e atos: manifestação do livre arbítrio.
Quando os espíritos reencarnados usam o livre arbítrio.
Quando estão desencarnados os espíritos usam do livre arbítrio?
Fatalidade e livre arbítrio.
Livre arbítrio e determinismo.
Responsabilidade e livre arbítrio.
A vontade, manifestada livremente, apesar das influências recebidas.
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Sétima Aula
Tema: Causa e Efeito - (Lei Natural).
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O funcionamento das leis naturais, segundo o espiritismo.
Causa e efeito: conhecimento fundamental.
Provas, expiações e a lei de causa e efeito.
De como o espírito inicia o processo de causa e efeito.
Evolução e causa e efeito.
Os efeitos são proporcionais às causas.
Fatalidade e causalidade.
Castigos e recompensas.
As conseqüências em relação ao tempo.
Livre arbítrio e conseqüências.
Causa e efeito: individual e coletiva.
Causalidade e casualidade.
Oitava Aula
Tema: Fluidos.
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O que a ciência conhece sobre os estudos da matéria.
O espiritismo e o quinto estado da matéria.
“Energia cósmica” e fluidos.
A matéria elementar primitiva e suas modificações.
Origem e propriedades do fluido cósmico.
A diferença conceitual entre energia e fluidos.
Como os espíritos agem sobre os fluidos.
Os cientistas e os fluidos.
A Física quântica e os fluidos.
O “vazio” do Universo.
Nona Aula
Tema: Perispírito.
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O processo de modificação do fluido cósmico.
O que significa perispírito.
Kardec e o estudo sobre o perispírito.
Origem, natureza, propriedades e funções do perispírito.
Corpo fluídico e perispírito.
O perispírito não evolui porque é matéria.
De como os espíritos formam o seu perispírito.
O perispírito não é a sede da memória.
Reencarnação e perispírito.
A imaginação popular e as fantasias sobre o perispírito.
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Décima Aula
Tema: Mediunidade (Comunicabilidade).
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O que significa mediunidade.
Finalidade e classificação.
Desenvolvimento natural da mediunidade.
Porque a mediunidade é uma faculdade natural.
Processo de relação entre os homens e os espíritos.
Quem pode ser chamado de médium, segundo Allan Kardec.
Como saber se uma pessoa é médium ostensivo ou generalizado.
O médium espírita.
Fenômeno mediúnico: o que é, como se classifica e como ocorre.
O espírito comunicante e o médium.
Fenômenos não mediúnicos que se parece com os mediúnicos.
Requisitos do bom médium espírita.
Estudo e prática da mediunidade no centro espírita.
Assistência espiritual e mediunidade.
Atuação do médium espírita junto à família à sociedade e ao centro espírita.
Décima Primeira Aula
Tema: A vida em outros planetas.
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O conhecimento sobre a vida em outros mundos desde a antiguidade.
Como os filósofos abordam o assunto.
Laplace (astrônomo antigo) expõe suas idéias.
Camille Flammarion e a pluralidade dos mundos habitados.
Ensinamentos básicos do espiritismo.
O que afirmam os cientistas na atualidade.
O s ensinamentos de Jesus sobre o assunto.
Como o espiritismo classifica os mundos habitados.
A Terra como planeta de provas e de expiações.
A reencarnação em outros mundos.
Décima Segunda Aula
Tema: Erraticidade.
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O que significa o termo erraticidade.
O que são espíritos errantes.
Erraticidade e reencarnação.
Espíritos encarnados e espíritos puros.
O que ocorre ao espírito depois da morte.
Mundos intermediários.
Instruções dos Espíritos Superiores e de Allan Kardec a respeito da situação
dos Espíritos em estado de erraticidade.
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Décima Terceira Aula
Tema: Influência dos Espíritos em nossa vida.
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O que compõe a humanidade da Terra.
O relacionamento entre homens e Espíritos.
Pensamentos, palavras e ações.
As influenciações recíprocas.
Porque os Espíritos podem influir na vida diária dos encarnados.
Como reconhecer a influência dos espíritos em nossa vida.
Décima Quarta Aula
Tema: Ação dos Espíritos nos Fenômenos da Natureza.
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O que são fenômenos naturais.
A hierarquia dos espíritos e sua ação sobre as “forças da natureza”.
A crença dos homens primitivos sobre as “forças naturais”.
As explicações espíritas de como os Espíritos agem sobre os fenômenos
naturais.
9
“O Espiritismo contém princípios que, sendo firmados sobre
leis naturais e não sobre abstrações metafísicas, tendem a
ser, e um dia serão abraçados pela universalidade dos
homens.”
(Allan Kardec, Obras Póstumas, projeto 1868).
10
“Instruí-vos, primeiramente, pela teoria, lede e meditai as
obras que tratam dessa ciência; nelas aprendereis os
princípios, encontrareis a descrição de todos os fenômenos,
compreendereis a possibilidade deles pela explicação que elas
vos dão”.
(Allan Kardec - O que é o Espiritismo).
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Primeira Aula:
Tema: Deus - O Criador
1. A História registra que em todas as épocas e em todos os povos é imanente o
sentimento humano sobre a existência de um poder superior que dirige a vida.
De onde provém esse sentimento?
2. Povos antigos acreditavam na existência de vários deuses. Os egípcios, por
exemplo, admitiam, há milhares de anos, a existência de inúmeros deuses e
deusas que se ocupavam de todas as necessidades dos homens.
3. Os chineses da Antiguidade por sua vez, adoravam diversos deuses, os quais
acreditavam serem responsáveis por várias coisas. Exemplo: o deus da terra
fornecia o solo bom. Outros cuidavam das sementes para o plantio. No céu,
encontrava-se o deus supremo, justo e poderoso. O deus que cuidava das
pessoas era o deus da cozinha. Na véspera do ano novo, ele informava ao deus
supremo tudo sobre o comportamento das pessoas que eram julgadas pelo
deus poderoso.
4. Na Grécia antiga admitia-se a existência de inúmeros deuses:
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Zeus
Hera
Atena
Ártemis
Hermes
Aires
Hefesto
Afrodite
Poseidon
Hestia
Demiter
governava do Olimpo os demais deuses;
protetora das mulheres e das mães;
protetora dos lavradores e colonos;
protetora das meninas e das virgens;
protetor dos mercadores;
deus da guerra;
protetor dos ferreiros;
protetora dos amantes;
deus dos mares;
protetora da cidade, da casa e da fidelidade;
deusa da fertilidade da terra.
8. Os romanos adoravam deuses como Júpiter, Apolo e deusas como Juno,
Minerva e Vênus. Quando uma pessoa ferida ou doente recuperava a saúde,
ofertava um modelo da parte afetada do corpo (em molde de madeira) aos
deuses, em ação de graças.
9. A crença em muitos deuses é um fato histórico que prevaleceu na Antiguidade.
10. Em tempos mais remotos, esses deuses foram considerados como
personalidades que ganharam uma representação fixada em descrições,
esculturas e pinturas:
 Antropomórfica: forma humana (deuses gregos como Zeus, Apolo, Atena).
12
 Zoomórfica: forma animal (deusa cretense, grande-mãe, forma de pomba e
cobra).
 Antropozoomórfica: forma metade homem e metade animal (deuses egípcios:
Anubis: homem e chacal; Horus: homem e falcão).
11. Esses deuses concebidos com comportamentos e sentimentos humanos eram
imortais e detinham poder absoluto sobre as coisas e os homens.
12. A crença em muitos deuses chama-se politeísmo. Os cristãos primitivos
chamavam-na de paganismo. A relação do homem com a divindade baseava-se
no medo e no receio. Havia oferendas, barganhas (trocas de coisas materiais),
formas ritualísticas e hierarquia sacerdotal sustentada na mística.
13. Com o passar do tempo, adotou-se desde o tempo de Abraão, a crença em um
só Deus. Esse foi um grande avanço na concepção humana sobre Deus. Ainda
assim, esse Deus único era tido como uma entidade com os mesmos
sentimentos humanos: amor, ódio, vingança, rancor e alegria.
14. Na época de Moisés, legislador e condutor do povo hebreu, acreditava-se em
um único Deus, igualmente como sendo uma entidade com sentimentos
humanos e poderes para premiar ou castigar os homens. Passado esse tempo e
adiantando-se um pouco mais na caminhada evolutiva, a humanidade recebeu
novo impulso.
15. Tempos depois Jesus modificou radicalmente o entendimento que se fazia do
Criador. Enquanto Moisés apresentava Deus como um ser cruel, vingativo,
odioso, que manifestava suas preferências pessoais, Jesus apresentava Deus
como Pai amoroso, cuidadoso, superior, sem privilégios; que não fazia
distinção de raça, cor, posição social ou de religião.
16. Jesus, como se sabe, não fundou religião alguma. Em seu nome, entretanto,
foram sendo constituídas e organizadas inúmeras religiões e seitas ocidentais,
tendo como tronco principal o catolicismo. Todas as religiões, sem exceção,
subverteram os ensinos de Jesus, para adaptá-los segundo os seus interesses.
17. As religiões, assim, adotaram a antiga concepção de Deus, como um ser que
observa, supervisiona e fiscaliza a vida de seus “filhos” aqui na Terra,
premiando-os ou castigando-os. Esse Deus aceita troca de favores e barganhas
para atender aos pedidos humanos.
18. Em 1857, entretanto, raiou para o mundo uma nova aurora, no conhecimento
sobre a existência de Deus.
19. Através do trabalho intelectual dos Espíritos superiores e Allan Kardec,
iniciou-se uma retomada dos ensinamentos de Jesus.
13
20. Apresentando Deus como causador, o espiritismo revolucionou o conceito
teológico e iluminou a razão humana.
21. Que é Deus? Pergunta Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos” na primeira
questão. Resposta dos Espíritos: “Deus é a Inteligência Suprema e
causa primeira de todas as coisas”.
22. Esta explicação, simples, singela, porém de grande profundidade, conceitua de
maneira sucinta, o que necessitamos de muitas palavras para exprimir. Com
efeito, como responder a uma indagação de tão grande alcance? Não
possuímos ainda a linguagem necessária para estudar esse assunto.
23. Os Espíritos que responderam a Allan Kardec esclareceram que não
dispunham de palavras e linguagem compatíveis ao nosso entendimento para
esclarecer o que se encontra acima de nossa compreensão (questão número
três de “O Livro dos Espíritos”).
24. O conceito espírita sobre Deus, entretanto, é o que decorre da questão número
um do livro básico. O espiritismo, assim:
a) Confirma a existência de Deus;
b) Comprova filosoficamente essa existência;
c) Assevera que Deus é a inteligência maior;
d) Indica que Deus é a primeira causa de tudo.
22. Esse raciocínio é lógico e não místico porque é produto da observação rigorosa
da lei de causa e efeito, princípio esse que ainda estudaremos em nosso curso.
23. Retomando os ensinamentos de Jesus, o espiritismo demonstra nos dias
atuais, que Deus não é uma entidade que se localiza no Universo, posto que se
fosse adotado esse raciocínio, equivaleria afirmar que o Criador encontra-se na
sua própria criação.
24. Para o espiritismo, não sendo uma entidade, Deus não premia nem castiga os
Espíritos. Não sendo uma entidade com sentimentos humanos, Deus não
odeia, não ama, não tem preferências e não atende particularmente a nenhum
espírito.
25. O espiritismo ensina que Deus não está “em toda parte”. A natureza não é
Deus. Deus não está na natureza. O sistema filosófico que ensina que todos os
corpos da natureza e que todos os seres seriam parte de Deus chama-se
Panteísmo. E Panteísmo não é Espiritismo
26. No sentido de auxiliar no exame desse assunto, Allan Kardec lembra dos
atributos de Deus, isto é, das qualidades que foram atribuídas pelos homens a
14
Deus. Significa um esforço para a compreensão. Porém, ainda é insuficiente
para dar idéia mais precisa.
As qualidades de Deus (Atribuídas pelos homens)
1º
2º
3º
4º
5º
6º
- Eterno: (eternidade), pois se não fosse eterno teria saído do nada ou
teria sido criado;
- Imutável: não está sujeito à mudança, caso contrário, suas leis não teriam
estabilidade;
- Imaterial: sua natureza difere de tudo o que chamamos de matéria;
- Único: se houvessem vários deuses não haveria unidade de poder;
- Todo-Poderoso: se não tivesse o soberano poder, haveria alguma coisa
mais poderosa ou tão poderosa quanto Ele. Não teria feito todas as coisas e as
coisas que não teria feito seriam de outro Deus;
- Justo e Bom: A sabedoria providencial das leis se revela nas menores
coisas, assim como nas maiores.
É assim que os homens pensam sobre Deus.
27. A comprovação científica sobre a existência do Criador reside no axioma da lei
de causa e efeito, segundo o qual, não pode haver nenhum efeito sem ter
havido uma causa. O Universo existe, e não sendo uma criação do homem,
somente pode ser uma conseqüência de uma Inteligência Superior.
28. Os cientistas que estudam o Universo a cada momento se deparam com a
evidência de que o Cosmos foi criado para que pudesse existir nele a vida na
mais variadas formas.
29. O físico Gell Mann, Prêmio Nobel de Física, afirma que para a formação de
uma partícula material é necessária a atuação de um agente estruturador
externo a ela, a fim de modulá-la, e que para isso, também ocorre à
condensação da energia para sua formação.
30. Hubert Reeves, amigo pessoal do famoso astro físico Carl Sagan, diz que temos
que aprender a modificar a frase: “acreditarei quando vir”, para “verei
quando acreditar”. Disse também que:
“Contrariamente a uma opinião muito espalhada, a ciência não
elimina Deus, comprova-o”. Escreveu ele: “no tecido do espaço e na
natureza da matéria, como numa grande obra de arte encontrase em letras pequenas a assinatura do artista. Existe uma
inteligência que antecede o Universo”.
31. Albert Einstein, por sua vez, já havia dito: “sem a fé racional na
existência de uma ordem, o projeto está condenado”.
Camile Flammarion, no livro Urânia, escreve: “a missão da
Astronomia será mais elevada ainda. Depois de vos haver feito
15
sentir e dado a conhecer que a Terra não é mais do que uma
cidade na pátria celeste, e que o homem é cidadão do céu, irá mais
longe, descobrindo o plano sobre o qual o Universo físico está
construído, mostrará que o universo moral se acha alicerçado
sobre esse mesmo plano; que os mundos não formam senão o
mesmo mundo e que o espírito governa a matéria”.
32. O físico americano Paul Davies, refere-se ao mesmo tema, afirmando:
“Certamente o Universo tem uma consciência própria. Ele foi
desenhado para permitir o desenvolvimento de nossas próprias
consciências”.
33. O maior biólogo evolucionista vivo, o inglês William Hamilton, diz que: “Os
genes carregam em seu interior químico a marca de certo amor
universal que equivale a Deus”.
34. Na Inglaterra e Estados Unidos, cientistas e teólogos de renomes vêm se
unindo na criação de Institutos que congregam as idéias e publicações sobre os
resultados de suas pesquisas. Seus temas principais: “Ciência e Teologia, uma
nova consonância”, e “Crença em Deus nos Tempos da Ciência”.
35. Allan Sandege, outro astrônomo americano, inicialmente ateu, passou a aceitar
a existência de Deus, pois quanto mais se aprofundava em seus estudos e
pesquisas mais se defrontava com a complexidade do universo, que a ciência
sozinha era incapaz de explicar.
36. O físico Mehdi Golshani, da Universidade Sharif, em Teerã, retirou do Alcorão
o princípio norteador para suas pesquisas sobre o Criador e a Criação.
37. Allan Kardec, o grande cientista do espírito, afirma no livro “A Gênese”, que
Deus não se mostra, mas revela-se em sua magistral obra, que são, em suma,
as leis que possibilitam a vida em todo o Universo.
16
Segunda Aula:
Tema: A Criação.
1. O segundo princípio filosófico básico do espiritismo refere-se à Criação, que é o
efeito da causa primeira que é Deus. Isto foi o que o que responderam os
Espíritos Superiores a Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, na questão
número um.
2. Na primeira aula, verificamos que a pergunta feita por Kardec foi Que é
Deus?
Responderam eles de maneira sintética, visto que sentiram a pobreza da nossa
linguagem para tratarem de um assunto acima da nossa compreensão. Por essa
razão, aproximando o nosso entendimento, responderam que: “Deus é a
inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”.
3. Vamos nos fixar neste conceito, para entender o assunto da presente aula.
Deus é causador. Deus é Criador. E, o que Deus criou? O espiritismo ensina
que Deus criou dois elementos: O Elemento Espiritual e o Elemento Material.
Ensina, ainda que para o Elemento Espiritual agir sobre o Elemento Material,
Deus criou as leis naturais, ou leis universais.
4. Para compreender bem o assunto, precisamos ler dois capítulos bem pequenos
de O Livro dos Espíritos: O capítulo II, intitulado “Elementos Gerais do
Universo”, no item II: “Espírito e Matéria”, bem como o Capítulo I da
Segunda Parte: “Origem e Natureza dos Espíritos”.
5. Iniciemos por examinar a questão nº. 23 de O Livro dos Espíritos:
Pergunta nº. 23
Resposta:
- Que é Espírito?
- O princípio inteligente do Universo.
Pergunta nº. 76
Resposta:
- Que definição se pode dar dos Espíritos?
- Podemos dizer que os Espíritos são os seres
inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além
do mundo material.
Pergunta nº. 79
- Uma vez que há dois elementos gerais no Universo: o
inteligente e o material, poderíamos dizer que os Espíritos são
formados do elemento inteligente, como os corpos inertes são
formados do material?
- É evidente. Os Espíritos são individualizações do
princípio inteligente, como os corpos são
individualizações do princípio material.
Resposta:
6. A conclusão, em síntese é a seguinte:
17
1º Existem dois princípios básicos da criação: o princípio inteligente o
princípio material;
2º Do princípio inteligente individualizaram-se todos os Espíritos;
3º Do princípio material, pelo processo de transformação, derivam-se todos
os elementos materiais, até chegar à matéria como a conhecemos aqui na
Terra.
7. Essa, a concepção espírita sobre a Criação. Para estudar o assunto e penetrar
em sua essência devemos nos ater muito mais no fundo do que na forma, como
as coisas são explicadas. E por quê? Simplesmente porque temos que pensar e
concluir a respeito de um assunto sobre o qual não possuímos compreensão e
ponto de referência daqueles que conhecemos.
8. Essa abordagem, conforme se pode observar, pertence muito mais à área
filosófica do pensamento. E o que é filosofia? Resposta: a filosofia consiste em
procurar a explicação do conjunto das coisas. É um processo de indagação
sobre as causas de tudo e também como é que todas as coisas são e para que
fim.
9. São diversas as escolas filosóficas que procuram responder sobre o início de
tudo. Não sendo objeto deste curso entrar em muitos detalhes, mas o de
apresentar aos estudiosos as idéias principais da filosofia espírita, através de
seus princípios fundamentais, e deixando por enquanto o estudo das escolas
filosóficas da antiga Grécia, diremos que existem no mundo duas áreas opostas
que apresentam suas concepções sobre a criação: a escola materialista e a
escola espiritualista.
10. O materialismo explica a criação afirmando que a Natureza é a criadora de
tudo. Isso é a mesma coisa que afirmar que a matéria é detentora de poder
para raciocinar e criar.
11. O espiritismo esclarece esse ponto segundo a interpretação conceitual de cada
corrente espiritualista, pois cada uma tem uma maneira de compreender a
criação. O catolicismo, por exemplo, afirma que Deus é uma entidade que criou
o Universo, e que criou o mundo em sete dias.
12. Entretanto, o mais importante deste estudo é responder a esta pergunta: Qual
a finalidade da criação? Esboçar uma resposta equivale dizer que sabemos das
intenções do Criador, o que convenhamos, é muita pretensão. Quando muito,
poderíamos inferir das respostas dos Espíritos – que também afirmaram não
saber profundamente sobre o assunto - que os espíritos encontram-se em
um processo de evolução (progresso espiritual) até atingir a
perfeição (relativa). A finalidade da criação, assim, é proporcionar o
18
aperfeiçoamento intelectual e moral dos Espíritos (todos). Essa evolução é
feita com a ação e o domínio do Espírito sobre a matéria.
13. Convém também lembrar que os termos utilizados pelos Espíritos Superiores
são aqueles que pertencem à nossa compreensão.
14. Nesse sentido, deve igualmente ser registrado que o Princípio Inteligente
mencionado em O Livro dos Espíritos, também é denominado: Elemento
Espiritual Primitivo ou Princípio Elementar.
15. O Princípio material também é também denominado: Princípio Material
Primitivo, Elemento Material, Fluido Cósmico Universal, Fluido Universal e
Princípio Material.
16. Pode-se afirmar, por outro lado, que o Criador não se encontra localizado no
Universo conforme algumas teorias tentam demonstrar. E isto é muito fácil de
explicar e mais fácil ainda de concluir: Sendo o Universo resultado da ação
criadora (espírito e matéria) como é que o Criador poderia estar na sua
criação?
17. O que os homens chamam de Universo é o espaço e tudo o que nele existe. Ora,
como não existe espaço vazio, pois o Universo é constituído de energia (na
linguagem da Física) e como sabemos energia é matéria, como é que o Criador
pode estar situado na matéria?
18. A única forma que temos para pensar mais profundamente nesse assunto é não
raciocinar de forma condicionada como aprendemos até agora. Para se
“descondicionar”, é indispensável deixar de lado as convenções de tempo e de
espaço aqui da Terra e pensar de maneira mais abrangente. Pode-se dizer que
temos que aprender a raciocinar sobre o assunto, superando as restrições
impostas pelo processo de cultura religiosa.
Deus é a Inteligência Suprema! Eis a concepção filosófica do
espiritismo a respeito do Criador.
19
Terceira Aula:
Tema: Imortalidade
(lei natural).
1. Vamos recordar o conteúdo das aulas anteriores:
1º - O espiritismo funda seus princípios filosóficos inicialmente na existência do
Criador. Esse fato, não pode ser contestado, pois existindo a criação e não
sendo obra do homem, conclui-se pela existência de um Autor Superior.
2º - Para a doutrina espírita, Deus é Criador, Causador.
3º - Deus criou dois elementos básicos:
4º - O elemento Espiritual.
5º - O elemento Material.
6º - Do Elemento Espiritual individualizam-se todos os Espíritos.
7º - Do Elemento Material derivam-se, pelo processo de transformação, todos os
tipos de matéria, até chegar ao ponto como a conhecemos.
8º - Que o Espírito evolui e que a matéria não evolui.
9º - Que os Espíritos, em sua origem, são simples e sem conhecimento.
10º - Que os Espíritos possuem a inteligência, como faculdade para o progresso,
pois utilizam a inteligência para adquirir conhecimentos.
2. Qual a finalidade da Criação?
3. A doutrina espírita não concebe a idéia de um Criador sem admitir um fim
providencial da Criação.
4. O espiritismo não adota o pensamento de que o Criador teria criado os seres
com inteligência e sensibilidade para voltá-los ao nada, depois de tanto
sofrimento, dor e necessidades...
5. Para a doutrina, os Espíritos foram criados. Isto é, tiveram um início, mas não
terão fim. Não deixarão de existir, porque são imortais.
6. A imortalidade, assim, é uma Lei Natural e atende aos propósitos do Criador.
Esses propósitos são desconhecidos pelo homem.
7. Historicamente, a crença na imortalidade é muito antiga. Encontramos a
confirmação desse fato nos vestígios culturais deixados pelos mais antigos
povos.
20
8. Na chamada “Idade da Pedra”, registra-se um período denominado:
“Cultura Paleolítica Superior” (Idade da Pedra Lascada). Estima-se esse
período cerca de 30.000 a.C. Os cientistas concluem que os homens desse
tempo mantinham idéias muito precisas sobre um “mundo de forças
invisíveis”, pois dispensavam muito cuidado com o corpo, depositando nas
sepulturas, pingentes, colares, armas e instrumentos ricamente lavrados. A
crença era a de que esses objetos poderiam se utilizados em outra vida.
9. A antiga civilização egípcia há milhares de anos, cultivava a crença na
imortalidade. Consideravam os egípcios que os corpos dos Faraós mortos
deveriam ser conduzidos aos seus túmulos com todos os objetos pessoais,
comidas, brinquedos e escravos que os deveriam seguir “na outra vida”.
10. Persas, chineses, hindus, gregos, romanos, enfim, povos de todas as épocas
admitiam a crença na imortalidade. Os Vedas, que constituem os quatro livros
sagrados dos hindus e que foram escritos em sânscrito (antiga língua dos
brâmanes) datam de cerca de 2 mil anos antes de Jesus. Esse código religioso
indicava a existência do espírito e sua imortalidade.
11. Na época de Jesus, a crença na imortalidade estava enfraquecida. Os judeus
achavam-se divididos acerca da vida futura. Os céticos saduceus que formavam
uma seita (248 A.C.), cujo nome deriva de seu fundador, Sadoc, não criam na
imortalidade nem na reencarnação. Não esperavam nada depois da morte. Eles
difundiam suas idéias e aumentavam o número de seus adeptos. Seus
ensinamentos, portanto, equivaliam aos ensinamentos do materialismo dos
dias de hoje.
12. Jesus, tornando mais amplas as vias da comunicação e entendimento a
respeito da imortalidade, ensinava e estimulava o relacionamento entre os dois
lados da vida (o lado espiritual e o lado material), através da mediunidade. A
Vida Eterna, registrada nos Evangelhos é o testemunho da lei de imortalidade,
ensinada por Jesus.
13. Posteriormente, as religiões foram sendo constituídas e em seus ensinos e
fundamentos, passaram a abordar (à maneira de cada uma) a Vida Eterna, ou
seja, a Imortalidade.
14. Nenhuma delas, entretanto, conseguiu dar uma explicação convincente, à luz
da lógica e da razão, sobre o Espírito, antes de encarnar e depois de deixar o
corpo após a morte física.
15. Coube ao espiritismo explicar filosoficamente e demonstrar cientificamente a
imortalidade. A doutrina ensina que os espíritos encarnam em um mundo
material, adquirindo conhecimento através das múltiplas experiências que
realizam. Findo esse período, continuam a sua existência em estado de
erraticidade (termo utilizado por Allan Kardec para designar o intervalo
entre uma encarnação e outra).
21
16. O espiritismo comprova que o espírito sobrevive à morte do corpo físico,
pelas comunicações que relatam esse fato.
17. Os Espíritos, ou seja, almas dos que viveram na Terra, retomando o contato
com a vida material por meio da mediunidade, anunciam que estão “vivos”,
apesar de sua passagem para o “outro lado”.
18. Ensina, ainda, a doutrina, que o espírito sendo imortal, conserva inteiramente
sua identidade, individualidade e sua vontade, após deixar este mundo.
19. Com o espiritismo, mudamos a maneira de encarar o futuro. A “vida futura”
deixou de ser uma hipótese para ser uma realidade; o estado das almas depois
da morte não é mais um sistema, porém, o resultado da observação. A vida do
“outro lado” aparece-nos na plenitude de sua realidade pratica. É a
imortalidade. E, imortalidade, é uma Lei Universal.
20. Diz Allan Kardec: “A idéia da perpetuidade do ser espiritual é inata
no homem; ela existe nele, no estado de intuição e de inspiração.
Ele compreende que unicamente nisto está à compensação das
misérias da vida; é devido o fato de que tal idéia sempre existiu”.
22
Quarta Aula:
Tema: Evolução (Progresso dos Espíritos) (lei natural).
1. O conhecimento integral sobre o espiritismo compreende a parte teórica e a
parte prática. O conhecimento teórico encontra-se fundamentado nos
princípios filosóficos. O conhecimento prático baseia-se em dois aspectos
principais: a parte experimental da mediunidade e as conseqüências morais,
portanto sociais da doutrina.
2. O conhecimento teórico do espiritismo exige organização e método, alicerçados
em suas bases.
3. O estudo sobre a lei natural que denominamos Evolução, e que Kardec
chamou de Progresso dos Espíritos, depende necessariamente, do
conhecimento dos temas anteriormente expostos neste curso.
4. Assim, para entender a lei da evolução precisamos ler e compreender as
seguintes questões de “O Livro dos Espíritos”: 96 a 121 e 189 a 196. E também o
capítulo XI de “A Gênese”, itens 9 a 23.
5. Neste texto o assunto será abordado de forma resumida. Esperamos que os
interessados estudem posteriormente de maneira mais profunda.
6. As leis naturais se encadeiam e se interligam. E o que são as leis naturais? Se
usarmos um dicionário para a compreensão do assunto, observaremos que
“Lei é um conjunto de normas emanadas de uma autoridade,
estabelecidas para garantir determinados comportamentos”.
Quando nos referimos às leis naturais, podemos entendê-las como: conjunto
de providências emanadas pelo Criador para garantir a vida em
todo o Universo.
7. Esse conjunto de providências pode ser comprovado pela observação:
imortalidade, evolução, reencarnação, livre arbítrio e causa e
efeito. São leis prioritárias, seguidas de tantas outras que regem o
funcionamento da vida universal.
8. Não sabemos como funcionam, mas podemos sentir um pouco de seus
resultados, observando o grande fenômeno da vida, aqui em nosso planeta.
9. Tudo obedece do ponto de vista natural, a certas condições superiores para
sustentar e garantir a coordenação da vida: no mineral, no vegetal, no animal e
no hominal.
10. A Lei de Evolução dá sentido à Lei de Imortalidade.
23
11. A idéia do progresso dos Espíritos é muito antiga. Povos orientais
acreditavam nas vidas sucessivas, sabiam que a alma retorna a Terra, em
outros corpos, por diversas vezes.
12. Porém, persistia a grande duvida: qual a finalidade da Evolução Espiritual?
13. Com o surgimento da doutrina espírita o mundo tomou conhecimento de uma
resposta lógica, perfeitamente comprovável.
14. O espiritismo ensina que o Elemento Espiritual, individualizando-se, constitui
o que chamamos Espíritos. Isto significa o seguinte: daquele Elemento
Espiritual Primitivo (Criação) são individualizados os seres inteligentes aos
quais se deu o nome de Espíritos. Os espíritos, conforme os ensinos básicos da
doutrina povoam o Universo inteiro.
15. Dessa forma, em sua origem os Espíritos são criados sem conhecimento. Todos
iguais, sem distinção, com as mesmas condições e aptidões para progredirem.
Essa, a lei.
16. Quando isso aconteceu? Em que momento? Qual o ponto de partida? Kardec
diz (A gênese, capítulo XI, item 7) que nos faltam meio para essa investigação
absoluta. Tudo o que se relaciona com o início das coisas o homem somente
pode entender pelo que existe tudo o mais são hipóteses.
17. Entretanto, um fato deve ficar bastante claro; “o progresso é a condição
normal dos seres espirituais, e a perfeição relativa é a finalidade
que devem alcançar” (A Gênese, capítulo XI, item 9).
18. O progresso dos Espíritos é realizado de duas maneiras: através das
reencarnações e também quando se encontram na erraticidade, isto é,
aguardando novas encarnações.
19. O resultado das experiências acumuladas dessas duas maneiras é o que
promove a evolução espiritual.
20. O tema Evolução comporta estudo mais amplo, o será feito pelo próprio
estudioso no futuro. É que para chegar até o nosso estágio atual de Evolução
(ou Progresso Espiritual), os seres inteligentes (Espíritos) passaram por todas
as experiências no trato com a matéria,
21. Dando-lhes todos os tipos de vida que conhecemos: mineral, vegetal, animal e
hominal.
22. Dessa forma pode-se afirmar que são os espíritos que animam e dão forma à
matéria, em todos os reinos. Caso contrário teríamos que admitir a teoria de
que a matéria é capaz de organizar-se e sustentar-se por si mesma, e que a
matéria é capaz de criar a vida. E essa é a tese materialista!
24
23. Outro ponto que merece estudo é o referente à informação dos Espíritos
Superiores de que a finalidade do processo evolutivo é permitir que
todos atinjam a perfeição.
24. Perfeição foi expressão utilizada pelos Espíritos, de acordo com a linguagem
utilizada pelos homens, visando demonstrar que um longo caminho é
percorrido pelos Espíritos, para a aquisição de conhecimento e de
desenvolvimento moral.
25. Allan Kardec criou, didaticamente, a Escala Espírita, que se encontra inserida
na questão nº.100 de “O Livro dos Espíritos”. Vamos apresentá-la aqui, em
nosso curso, de forma resumida.
ESCALA ESPÍRITA.
Primeira Ordem.
(espíritos puros)
Caracteres Gerais.
 Nenhuma influência da matéria sobre o Espírito.
 Superioridade intelectual e moral absoluta.
Classe.
 Primeira (única).




Características Marcantes.
Gozam de felicidade inalterável.
Não estão sujeitos às vicissitudes da vida material.
Percorreram todos os graus da Escala.
Dirigem os Espíritos que lhe são inferiores.
Segunda Ordem.
(Bons Espíritos).





Caracteres Gerais.
Predomínio do Espírito sobre a matéria.
Desejo do bem.
Uns possuem a ciência.
Outros a sabedoria e a bondade.
Os mais adiantados unem o seu saber as qualidade morais.
Classes (4).
Segunda (Superiores).
Características Marcantes.
 Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade.
 Sua linguagem é benévola, digna e elevada.
25
Classe.
Terceira (Prudentes).
Características Marcantes.
 Sua moral é elevada.
 Conhecimento limitado, mas julgam com precisão.
Classe.
Quarta (Sábios).
Características Marcantes.
 Possuem amplitude de conhecimento. Preocupam-se mais
com a ciência. Livres das paixões inferiores.
Classe.
Quinta (Benévolos).
Características Marcantes.
 Predominância da bondade. Gostam de prestar a ajuda aos
homens e de protegê-los.
 Saber limitado. Mais moral do que intelectual.
Terceira Ordem.
(Espíritos Imperfeitos).









Caracteres Gerais.
Predominância da matéria sobre o Espírito.
Propensão ao mal.
Ignorância, orgulho, egoísmo.
Más paixões, vícios.
Não entendem a existência do Criador (Deus).
Nem todos são essencialmente maus.
Aliam a inteligência à maldade e à malícia.
Caráter se revela na linguagem.
Sofrem com a felicidade dos outros.
Classe (5).
Sexta (Perturbadores).
Características Marcantes.
 Apegados mais à matéria.
 Agentes de vicissitudes.
Classe.
Sétima (Neutros).
26
Características Marcantes.
 Não são suficientemente bons para fazerem o bem, nem
exclusivamente maus para fazerem só o mal.
Classe.
Oitava (Pseudo-Sábios).
Características Marcantes.
 Conhecimentos amplos. Mas julgam saber mais do que
realmente sabem. Sua linguagem séria ilude quanto à sua
capacidade. Misturam verdades com idéias falsas.
Classe.
Nona (Levianos).




Características Marcantes.
Ignorantes, malignos, inconseqüentes e zombeteiros.
Mete-se em tudo. Respondem a tudo.
Causam contrariedade, intrigas e induzem aos erros.
Mistificadores. Provocam intrigas.
Classe.
Décima (Impuros).
Características Marcantes.
 Inclinados ao mal, que é objeto de sua preocupação.
 Dão conselhos pérfidos. Insuflam a discórdia e a
desconfiança.
 Usam disfarce para enganar.
 Apegam-se às pessoas de caráter frágil, fazendo-as
sucumbir nas provas.
 Linguagem grosseira de categoria baixa.
 Estimulam os vícios, as paixões vis, a sensualidade, a
hipocrisia e a avareza sórdida.
27
Quinta Aula:
Tema: Reencarnação
(lei natural).
1. O espiritismo ensina que reencarnação significa a volta do Espírito à vida
corporal.
É o mesmo que pluralidade das vidas sucessivas
2. A reencarnação, ou a doutrina das vidas sucessivas, foi também chamada no
passado de Palingenesia. Esse termo é formado de duas palavras gregas:
Palim, de novo, e Gênesis, nascimento. Isto é, nascer de novo.
3. No capítulo IV de “O Livro dos Espíritos”, intitulado “Pluralidade das
Existências”, encontramos a explicação de que reencarnação é o mesmo que
voltar a uma nova existência, em um novo corpo, depois de ter o Espírito
passado certo período na erraticidade, após a morte física.
4. Qual finalidade da reencarnação?
A reencarnação é uma Lei Universal, ligada a outras Leis, como por exemplo, a
Lei da Imortalidade, a Lei de Evolução, a Lei de Livre Arbítrio e Lei de Causa e
Efeito.
5. Para alcançar o que os Espíritos Superiores chamaram de perfeição, os
espíritos progridem (todos) através da aquisição de conhecimento, o que se faz
por meio das experiências que realizam, tanto na erraticidade quanto no
mundo material.
6. Na erraticidade, os Espíritos aprendem e colhem ensinamentos teóricos. No
mundo material, executam e colocam em prática o que aprenderam.
7. Essa, a finalidade da reencarnação. Ou seja, permitir o progresso dos Espíritos,
por intermédio das experiências teóricas e práticas. A evolução espiritual é
feita através do conhecimento intelectual e do conhecimento moral.
8. A Lei da Pluralidade das Existências é uma Lei para todos os mundos no
Universo, e não somente para o planeta Terra.
9. A reencarnação permite ao Espírito:
1º Provar a si mesmo sua verdadeira situação na escala evolutiva;
2º Passar pelas conseqüências (efeitos) provenientes das ações (causas) que ele
mesmo iniciou anteriormente;
3º Ajustar-se perante os outros Espíritos com os quais mantém relacionamento
desta e da outras existências.
28
10. Nisso reside à justiça da reencarnação, pois o Espírito pode retornar
sempre em um novo corpo, para continuar a linha de seu aprendizado,
criando novas situações e vivendo novas experiências, de acordo com a sua
vontade.
11. Como surgiu a idéia da reencarnação?
Ninguém inventou a reencarnação; ela é uma Lei Natural, Universal. É um
processo e, como acontece com todas as leis naturais, o Espírito à medida que
aumenta o seu conhecimento, compreende melhor o seu significado.
12. A História registra que a idéia sobre a reencarnação vem de tempos muito
antigos. Na Índia, Pérsia, Egito, Grécia, Palestina, Roma, Gálias, assim como
nos demais países da Antiguidade essa idéia esteve sempre presente.
13. O livro sagrado dos hindus, chamado Vedas, refere-se que: “a alma não
nasce e não morre nunca. Ela não nasceu outrora nem deverá
renascer. A alma não morre quando se mata o corpo”. Diz, ainda, o
livro chamado Vedas (que significa reunião de livros de orientação espiritual)
que a alma habita novos corpos, em existências diferentes.
14. Como podemos provar filosoficamente e comprovar
cientificamente a reencarnação?
As provas filosóficas baseiam-se na concepção de justiça em proporcionar ao
Espírito a oportunidade de reajustar-se perante a lei de evolução (progresso)
espiritual. A reencarnação, como lei, permite ao Espírito enriquecer seus
conhecimentos pelas experiências renovadas que realiza. Além disso, há que se
esclarecerem as causas e razões das divergências sociais, diferentes categorias
de aptidões, temperamentos e personalidades. A reencarnação oferece a
explicação para todas essas diferentes situações, e também para explicar as
diferenças físicas e morais existentes entre os homens.
15. A reencarnação não é um castigo e sim, nova oportunidade de reconciliação
entre os Espíritos. A comprovação científica da reencarnação pode ser
verificada por meio do estudo e pesquisas que vêm sendo realizados desde o
século XVII.
Vamos citar alguns exemplos:
Doutor Karl Muller – Investigador suíço apresenta o resultado de seu
trabalho no livro: “Reencarnação Baseada em Fatos”, onde inclui farto material
e documentação sobre a comprovação científica da reencarnação.
Ian Stevenson – Psiquiatra norte-americano pesquisou milhares de casos
que foram por ele examinados. No livro: “20 Casos Sugestivos de
Reencarnação”, O doutor Stevenson apresenta cientificamente o resultado
desse trabalho.
29
Doutor Hemendra Nath Banerjee (1931-1985) Que foi diretor de
Pesquisas do “Indian Institute Of Parapsychology”, e que pesquisou também
milhares de casos, catalogados nos arquivos daquele Instituto. Parte de seu
estudo pode ser verificada pela leitura do livro: Vida Pretérita e Futura –
Editorial Nórdica – Rio de Janeiro.
Doutora Helen Wambach – Psicóloga norte-americana que realizou um
número considerável de pesquisas através do método da regressão de
memória, por meio de hipnose. Livro sugestivo: “Recordando Vidas Passadas –
Depoimento de Pessoas Hipnotizadas”. Editora Pensamento, São Paulo-SP.
Doutor Hernani Guimarães Andrade – Pesquisador brasileiro, fundador
do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, apresenta o resultado de
suas investigações no livro: Reencarnação no Brasil, editado pela Folha
Espírita Editora.
16. Qual a diferença entre reencarnação e ressurreição?
Ressurreição significa voltar à vida, depois de ser considerado morto, no
mesmo corpo. Reencarnação significa voltar em uma existência, em um novo
corpo, formado desde a fecundação, para isso.
17. Existe reencarnação compulsória?
O espiritismo nos ensina que os Espíritos são os seres inteligentes que povoam
o Universo. Todos os Espíritos encontram-se subordinados às leis naturais que
estamos estudando neste curso. Lendo com o máximo cuidado as questões
números 262 e 984 de “O Livro dos Espíritos”. Podemos concluir que a
reencarnação sendo uma lei natural e necessária ao progresso do Espírito é
realizada naturalmente, obedecida rigorosamente à lei livre arbítrio. Questão
nº262:
Como pode o Espírito, que em sua origem é simples, ignorante e
sem experiência, escolher uma existência com conhecimento de
causa e ser responsável pela sua escolha?
Resposta: “Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho
que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém,
pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve,
senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe
acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os
conselhos dos bons Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda
do homem.”
262ª Quando o espírito goza do seu livre arbítrio, a escolha da
existência corpórea depende sempre exclusivamente da sua
vontade ou essa existência pode lhe ser imposta pela vontade de
Deus, como expiação?
30
Resposta: “Deus sabe esperar: não precipita a expiação;
entretanto, pode impor uma existência a um espírito, quando este,
por sua inferioridade ou má vontade, não está apto a compreender
o que lhe poderia ser mais proveitoso e quando vê que essa
existência pode servir para sua purificação e adiantamento, ao
mesmo tempo em que lhe serve de expiação”.
984. As vicissitudes da vida são sempre as punições das faltas
atuais?
Resposta: “Não. Já o dissemos: são provas impostas por Deus, ou
escolhidas por vos mesmos, quando no estado de Espírito, e antes
da vossa reencarnação para expiar as faltas cometidas numa
outra existência. Porque jamais a infração das Leis de Deus, e,
sobretudo das Leis de Justiça, fica impune; se a punição não é feita
nesta vida, sê-lo-á necessária em outra. É por isso que aquele que é
justo aos vossos olhos vê-se freqüentemente atingido pelo seu
passado.” (Ver o item 393).
18. Vamos recapitular algumas informações já transmitidas neste curso, desde a
primeira aula:
1º Deus (o Criador) não é uma entidade, uma pessoa, um espírito que se
encontra em um lugar do Universo. A razão desse raciocínio é a seguinte:
Deus é, segundo o espiritismo, a Inteligência Suprema, Causa Primeira de
todas as coisas (questão nº.1 de “O Livro dos Espíritos”).
2º O Universo é efeito da Causa Primeira (Deus).
3º Deus não se encontra localizado em um determinado local do Universo, pois
se assim fosse ele, o Criador, estaria na sua própria criação. Deus é a
inteligência maior.
4º Deus, por esse fato, não toma conta da vida individual de todos os Espíritos
(criaturas) como se pensa. O relacionamento entre o Criador e os Espíritos
se dá através das Leis Naturais. A vida existe em todos os mundos. Isto é, em
bilhões e bilhões de planetas.
5º Quando os Espíritos Superiores respondendo a Kardec usam expressões
como estas:
a) “Deus supre sua inexperiência traçando-lhe...”.
b) “Deus pode impor uma existência a um Espírito...”.
c) “São provas impostas por Deus...”.
d) “Jamais a infração das leis de Deus fica impune...”.
31
Estão se utilizando de uma linguagem usual à época da codificação,
produto de uma cultura religiosa católica e, por esse fato, seguem uma linha
de comunicação pertinente ao entendimento daquele momento. Porém,
referem-se eles às Leis Naturais.
6º No processo de evolução (progresso espiritual) pode-se compreender bem
que os Espíritos, enquanto não desenvolvem inteiramente o seu livre arbítrio
ficam sujeitos às leis que suprem suas necessidades no processo da
reencarnação.
7º A partir de quando desenvolvem o livre arbítrio, os Espíritos passam a
dirigir sua existência, escolhendo, interferindo, agindo conscientemente e
fazendo uso do seu livre arbítrio.
19. Dessa forma, podemos afirmar que não existe a reencarnação compulsória,
imposta, contra a vontade do Espírito. Em nossa situação espiritual:
1º Todos os espíritos sabem que devem reencarnar (questão 330);
2º Os espíritos podem abreviar ou retardar o momento da sua reencarnação
(questão 332);
3º Os espíritos sentem a necessidade de avançar, de elevar-se (progredir),
embora por vezes, dependendo de sua situação espiritual, isso não fica
demonstrado com toda a clareza. (questão 33);
4º O espírito reencarnante escolhe as provas que deseja passar. (questão 334);
5º O espírito escolhe o corpo (isto é, participa da escolha da forma do seu
corpo físico, porque as imperfeições do corpo são provas que o ajudam no
seu adiantamento). (questão 335);
6º Quando o espírito, por alguma necessidade, precisa de auxílio visando
facilitar sua reencarnação, pode recebê-lo, desde que ele solicite. (questão
335.)
7º A reencarnação, sendo uma Lei Natural, encontra-se aliada à lei de causa e
efeito (como também às demais leis naturais). Nesse sentido, envolve os
dois pontos fundamentais para a vida material: provas e expiações. Todos
os Espíritos podem escolher suas provas. Entretanto, as expiações, que são
as conseqüências naturais ligadas aos acontecimentos anteriores, ele não
pode interferir, porque são efeitos naturais. Uma reencarnação, portanto,
pode ser produto expiatório, isto é, resultado e conseqüência do que os
32
Espíritos conseguiram fazer anteriormente. É assim que as respostas às
questões 262 e 337 devem ser entendidas.
Prestemos bem a atenção para o texto: “Com a expiação pode ser
constrangido a se unir ao corpo de uma criança que, por seu
nascimento e a posição que terá no mundo, poderá tornar-se
para ele um meio de castigo”.
Trata-se conforme se pode observar de uma linguagem figurada, pois como
sabemos, não existe castigo nem recompensas nas Leis Superiores. Agora,
evidentemente, todos os Espíritos encontram-se envolvidos pelas duas
situações, por essa razão, em O Livro dos Espíritos usaram também da
expressão: “pode ser constrangido...”.
20. Quando os Espíritos Superiores, respondendo as questões apresentadas por
Kardec, mencionam as reencarnações impostas por Deus, não se refere à
reencarnação à força, que seria uma transgressão às próprias leis naturais.
21. É necessário que com bom senso, busquemos a explicação do texto, sempre
com o auxílio da interpretação das Leis que governam a vida. Nesse caso,
temos que nos ater à Lei de Causa e Efeito.
33
Sexta Aula:
Tema: Livre Arbítrio
(lei natural).
1. Livre arbítrio também é uma lei natural, como a imortalidade, evolução,
reencarnação. Todas as leis naturais se interligam como estudaremos neste curso.
2. Para examinar a lei do livre arbítrio é preciso saber:
 Livre: desembaraçado, solto.
 Arbítrio: resolução, dependente somente da vontade. Opinião, julgamento, alvitre.
Livre julgamento. Trata-se da faculdade de livre determinação da vontade.
3. Como pode ser observado dos estudos anteriores, os Espíritos são criados simples e
sem conhecimento, com idênticas possibilidades para o progresso espiritual. Todos
os Espíritos progridem, utilizando a inteligência, a vontade e o pensamento.
4. Os Espíritos, usando do livre arbítrio, podem pensar, falar, (enquanto encarnados) e
agir de acordo com a sua vontade, respeitada a capacidade de decidir, escolher,
discernir e optar.
5. É por vontade própria que os espíritos estabelecem as diretrizes do caminho que
desejam seguir.
6. Na fase inicial do processo evolutivo, os Espíritos não possuem “consciência” de si
mesmos, não tendo, por esse fato, desenvolvido o seu livre arbítrio.
7. Sendo uma Lei Natural (Universal), o livre arbítrio, manifesta-se de duas maneiras:
 Através do pensamento.
 Através dos atos.
9. Quando encarnados, os Espíritos usam o livre arbítrio tomando decisões, optando
pelo que lhes parece melhor. Os mais maduros e experientes são capazes de tomar
decisões oportunas e previdentes, Os menos adiantados demoram em decidir e
cometem mais enganos.
10. Na erraticidade, (quando não estão encarnados), os Espíritos também exercem o seu
livre arbítrio. Exemplo: na erraticidade decidem sobre a encarnação futura (gênero
de provas a que deseja se submeter-se). Os detalhes e as circunstâncias dos
acontecimentos da vida material ocorrem em função da escolha feita, somados a
outros fatores, como as influências de encarnados e desencarnados, bem como,
novos pensamentos e idéias que surgirem posteriormente. Usando o livre arbítrio, os
Espíritos podem mudar os rumos dos acontecimentos.
11. A fatalidade nos acontecimentos da vida não existe, segundo o sentido que se dá a
essa palavra, pois aos acontecimentos da vida material não são pré-determinados.
34
Eles representam o resultado, as conseqüências, os efeitos das causas (ações)
anteriores.
12. Segundo o espiritismo, os acontecimentos da nossa vida aqui na Terra decorrem das
provas e das expiações (são diferentes entre si) envolvidos pela Lei de Causa e Efeito,
que estudaremos na seqüência.
13. Necessário compreender que é pelo uso do livre arbítrio que os Espíritos (encarnados
e desencarnados) agem e recebem as conseqüências de seus atos.
14. O homem (Espírito encarnado) é um ser racional, que ouve, julga e escolhe
livremente. Portanto, decide conforme sua vontade mesmo que esteja:

Influenciado por alguém;

Condicionado às próprias idéias;

Limitado por um corpo deficiente;

Alterado pelo uso do álcool, tóxicos ou, sob a ação obsessiva.
15. Antes de falar ou de agir, pensamos. O pensamento é um atributo do Espírito.
Pensando, o Espírito decide. Isto é, exerce o livre arbítrio.
16. A extensão do livre arbítrio encontra-se na razão direta do grau de evolução do
Espírito. Quanto mais evoluído, mais consciente, maior o poder de uso do livre
arbítrio.
17. Do ponto de vista da doutrina espírita, deve-se considerar também para o estudo e
compreensão desse assunto, as condições de responsabilidade. Tendo em vista que
quando se fala em livre arbítrio estamos falando da liberdade de decisão (liberdade
interior), há que se considerar o fato de que o Espírito será tanto mais livre para
pensar e agir, quanto maior for a sua responsabilidade.
18. Quanto menor a responsabilidade (ação consciente, com critério, com razão, com
senso) mais limitado será o Espírito no uso do seu livre arbítrio.
19. Segundo os Espíritos orientadores de Kardec, sem livre arbítrio, o homem seria
apenas uma máquina... (questão 843 de “O Livro dos Espíritos”).
35
Sétima Aula:
Tema: Causa e Efeito (lei natural).
1. Repetimos: os fundamentos do espiritismo encontram-se sustentados nas leis
naturais. O objetivo da doutrina é mostrar como elas funcionam. Estudamos
anteriormente as seguintes leis naturais: Imortalidade, Evolução,
Reencarnação e Livre arbítrio.
2. Estudaremos nesta aula a lei de causa e efeito, cujo conhecimento é
fundamental para explicar a situação dos Espíritos nos dois lados da vida (na
erraticidade e no mundo material).
3. Poderemos entender bem esse tema, entendendo que vivemos em um mundo
de provas e de expiações (vejamos bem: de provas e também de expiações).
4. De acordo com o que concluímos dos estudos anteriores, as provas são
escolhidas voluntariamente pelo Espírito, que se submete através delas aos
testes que permitem conferir a sua situação espiritual.
5. Todos os Espíritos em nosso estágio evolutivo podem submeter-se às provas.
6. Expiações: são conseqüências naturais (efeitos) do que os Espíritos causaram
em vida anterior e também nesta encarnação.
7. Tanto as provas quanto as expiações encontram-se enquadradas na lei de
causa e efeito. Por quê?
1º - Quando o Espírito escolhe uma determinada prova para passar, ele gera
também uma causa, que terá naturalmente, suas conseqüências, ou seja, os
seus efeitos.
2º - Quando o Espírito passa por determinadas expiações referentes a
acontecimentos anteriores, a maneira como encara o fato e também como
reage em função dessas conseqüências, inicia novo processo de causas, que
terão novos efeitos. Essa, a beleza e a importância da lei de Causa e Efeito.
8. Observa-se, assim, que toda causa gera efeitos e todo efeito é causador de
novas conseqüências. São providências da lei, para garantir êxito no processo
de evolução.
9. Entretanto, voltemos ao início para demonstrar mais explicitamente como
funciona:
a) Causa primeira:
O Criador – Deus.
b) Efeito primeiro:
O Elemento Espiritual e o Elemento Material.
36
1.B Do Elemento Espiritual, individualizam-se os Espíritos.
2.B Da ação dos Espíritos sobre o Elemento Material primitivo derivam-se todas
as transformações da matéria, até chegar ao estado em que a conhecemos
aqui na Terra.
10. Tudo tem ou é a própria causa. Os efeitos, ou as conseqüências são sempre
proporcionais às causas geradoras, em intensidade e em extensão. A ação dos
Espíritos encontra-se sempre dependente do seu nível evolutivo. O que
equivale dizer que as conseqüências resultantes de seus pensamentos e de seus
atos são proporcionais à situação espiritual de cada um.
11. Cada Espírito é responsável pelo que faz e pelos seus efeitos decorrentes.
12. Não existindo a fatalidade, todos os acontecimentos da vida têm uma
explicação segundo a lei de Causa e Efeito.
13. Deve ser examinado, igualmente, outro fator que diz respeito à lei de causa e
efeito: não existem castigos nem recompensas, pelo Criador. Tudo obedece à
lei de conseqüências. Os acontecimentos da presente encarnação. É
decorrência:
a) Dos nossos pensamentos;
b) Das nossas palavras;
c) Das nossas ações.
14. As conseqüências ou efeitos são temporários e sua duração encontra-se
também na razão das implicações morais que causamos.
15. Dessa forma podemos entender os benefícios da lei de causa e efeito, se
compreendermos as oportunidades renovadas que temos para enriquecer
nossas experiências, superando e resolvendo os problemas anteriores.
16. O progresso (já vimos anteriormente) é feito pela aquisição de conhecimentos
através das experiências. Cada Espírito percebe, pouco a pouco, o
funcionamento da lei de Causa e Efeito.
17. Na medida em que cada Espírito vai adquirindo conhecimento a respeito da lei
de causa e efeito, ajusta-se a ela para não causar conseqüências más a si
mesmo.
18. Nesse caso, o Espírito passa a usar melhor o livre arbítrio e pode optar de
maneira mais consciente e previdente.
37
19. Outro aspecto a ser estudado sobre esse palpitante tema é o que se refere ao
resultado das causas que dão origem aos efeitos. Para causas aparentemente
iguais, os efeitos podem ser diferentes, porque, na conformidade com as
condições morais de cada um, as razões íntimas de seus atos, diferem de outros
Espíritos, nas mesmas circunstâncias.
20. O espiritismo nos conduz ao aprimoramento moral através do conhecimento
da nossa realidade espiritual. Esse fato nos proporciona melhor condição para
utilizar o nosso livre arbítrio.
21. A lei de causa e efeito estende-se tanto ao individual quanto ao coletivo, pois a
sociedade é a soma dos Espíritos encarnados e desencarnados.
22. Observando o comportamento individual e coletivo à luz da lei de causa e
efeito. Os espíritos mais evoluídos podem perceber os acontecimentos futuros,
que nada mais são do que as conseqüências dos atos presentes.
23. Deixamos, por último, para comentar o pensamento ainda muito comum de
que os fatos podem ocorrer por mera coincidência ou casualidade. Com o
conhecimento da lei de causa e efeito, podemos explicar tudo o que acontece,
invalidando a teoria da coincidência ou da casualidade.
24. Não existe a casualidade, o que existe isto sim, é a causalidade.
25. Todo efeito tem uma causa, um motivo inicial, consciente, porque tudo é
resultado da ação inteligente dos Espíritos.
38
Oitava Aula:
Tema: Fluidos.
1. Allan Kardec utilizou o termo fluido para designar um dos estados da matéria.
O que a ciência sabe sobre a matéria? Quais os estados da matéria que são
conhecidos pela ciência? Resposta: A ciência conhece os seguintes estados da
matéria: sólido, liquido, gasoso e radiante (raios especiais).
2. Foi o físico inglês Willian Crookes (que se tornou posteriormente em um
adepto do Espiritismo), quem descobriu (em 1872) a existência de um quarto
estado da matéria: estado radiante e que se refere às emanações do rádium
(alfa e gama) e às emanações do raio x.
3. Porém, a doutrina espírita apresenta o quinto estado da matéria: os fluidos.
4. O que sabe a ciência sobre fluidos? Na atualidade quase nada. A ciência
utiliza o termo fluido para designar líquidos e gases que fluem.
5. O espiritismo utiliza o termo fluido para designar os diferentes estados da
matéria. Quando a matéria se rarefaz. Fica invisível, imponderável, tomando
aspectos cada vez mais sutis. A esses aspectos a doutrina espírita denomina
fluidos.
6. Allan Kardec esclarece que a matéria sólida não passa de um estado transitório
do fluido universal.
7. As transformações do fluido universal podem ser compreendidas quando se
sabe o seguinte:
1º - Deus (O Criador) criou dois elementos que são: o Espiritual e o Material,
que são distintos entre si. O Elemento Espiritual Primitivo dá origem aos
espíritos;
2º - A ação dos Espíritos sobre o Elemento Material provoca a série inumerável
de transformações da matéria básica que é o Fluido Universal.
3º - O resultado dessas transformações chega até a matéria sólida como a
conhecemos aqui na Terra.
8. O que vemos e observamos no Universo decorre da ação do elemento
inteligente que é o espírito, sobre o elemento inerte, que é a matéria.
9. No livro “A Gênese”, de Allan Kardec, podemos ler o seguinte no capítulo XIV,
item 5: “O ponto de partida do fluido universal é o grau de pureza
absoluta, do qual nada pode dar uma idéia; o ponto oposto é sua
39
transformação e, matéria tangível. Entre os dois extremos
existem inúmeras transformações”.
10. O fluido universal se apresenta em dois aspectos:
 De imponderabilidade: que não se vê, não se pode examinar, medir;
 Ou ponderabilidade: que se pode ver e pegar.
11. A doutrina espírita designa, assim O Elemento básico material, de Fluido
Cósmico, Fluido Universal. A ciência (Física Quântica) denomina
atualmente de Energia Cósmica, toda a energia que preenche o espaço.
12. Entretanto, temos que fazer uma explicação necessária, para mostrar a
diferença entre os dois termos:
Energia: do grego Ergon, significa trabalho. É a força em ação para
produzir trabalho.
Fluidos: designação do espiritismo para explicar os vários estados da
matéria rarefeita.
13. Os Fluidos não originam trabalho, energia no sentido físico, pois em sua
origem são neutros. Propriedade dos Fluidos: expansão, retração,
maleabilidade e penetrabilidade.
14. A ação dos Espíritos sobre os Fluidos se dá através do pensamento. O
pensamento é atributo essencial do Espírito. Pensando, o espírito age sobre os
fluidos. Qualquer pensamento exerce uma ação sobre os fluidos, dando lhes
qualidades.
15. Quando pensamos, construímos fluidicamente: objetos, paisagens (locais),
pessoas (figuras), cenas (acontecimentos).
16. Através do pensamento, o espírito, então: qualifica, combina, agita e, direciona
os fluidos, de acordo com sua vontade.
20. Devido a essa qualificação, pelo pensamento, os fluidos podem ser: bons,
maléficos, retificadores, ou, deletérios.
21. O espiritismo estende seus estudos sobre um estado da matéria que ainda não
é conhecido pela ciência oficial. Entretanto, alguns cientistas manifestam-se
favoravelmente a esses estudos. Exemplos:
Jean Emile Charron, - físico teórico da França.
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Charron, em seu livro: “O Espírito – Esse Desconhecido”, publicado pela
Editora Melhoramentos, São Paulo, 1979, demonstra a concepção da
construção do Universo pela ação do Espírito sobre a matéria. Para ele o
Universo parece um imenso oceano. Tudo está repleto, não existe o vácuo
(página 68).
Chardin (Teilhard de)
Filósofo e físico teórico, católico, estudioso do assunto. Em sua importante
obra: “O Fenômeno Humano”, também apresenta o Universo como resultado
da ação do ser inteligente sobre o elemento material.
Diz ele “Cada elemento do cosmo é positivamente tecido de todos os
outros: abaixo de si próprio, pelo misterioso fenômeno da
composição, que o faz subsistir pela extremidade de um conjunto
organizado; e, acima, pela influência recebida de unidades de
ordem superior”.
Carl Sagan
Astrônomo, que em suas obras, concebe a ação do Espírito (ser inteligente)
sobre a matéria e a vida em todos os planetas.
22. A constituição do Universo, a partir da ação inteligente do elemento espiritual
sobre o elemento material deverá merecer ainda estudos mais apurados por
parte até mesmo dos espíritas.
23. Recomendamos a leitura integral das questões números 29, 30, 31, 33, 34, e
36, de O Livro dos Espíritos.
24. O conhecimento sobre os fluidos é importante também para sabermos como
ocorrem certos fenômenos tidos como “sobrenaturais”. Esses fenômenos
dividem-se em: fenômenos mediúnicos e fenômenos não-mediúnicos. Os
fenômenos mediúnicos são produzidos pelos espíritos através de
intermediários, chamados médiuns. Os fenômenos não-mediúnicos, que se
parece com os mediúnicos, são produzidos por pessoas com capacidade
psíquica e que executam tais fenômenos. Em todos esses casos, os fluidos são
utilizados, como veículos para a sua realização.
25. Nas aulas sobre Mediunidade e Perispírito oferecemos maiores detalhes sobre
a matéria.
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Nona Aula:
Tema: Perispírito.
1. Recapitulando: quais são as leis naturais principais? Resposta: Imortalidade,
Evolução, Reencarnação, Livre Arbítrio e Causa e Efeito.
2. Essas leis são básicas, primordiais. Fluidos, que estudamos na aula anterior
não é uma lei principal, mas, como tudo, obedece a uma determinada lei.
3. Fluidos, é a designação do espiritismo para o quinto estado da matéria.
Trata-se, portanto de um estado que recebeu um processo de modificação
atômica. Nesse caso, está enquadrado em leis naturais que estabelecem as
normas para a sua ocorrência.
4. Fluidos, então é um estado da matéria original, que serviu de matéria prima
até chegar ao estado palpável que encontramos no planeta.
5. Somente para dar uma idéia do que significa esse estudo, vale lembrar que
existe uma tese, uma teoria na Física, que diz que o universo se encontra em
constante expansão.
6. Ora se o Universo “está em constante expansão”, é porque existiu um momento
que serviu de ponto de partida. No momento inicial dessa expansão, alegam os
estudiosos dessa idéia, que a matéria que deu inicio a esse fenômeno teria
apenas o tamanho de um átomo (10 milhões de vezes menor do que 1
milímetro).
7. Ao observar o Universo, constatamos que existem dois elementos: O Espírito
e a Matéria. Não existe nenhuma maneira de sabermos o que é o Espírito,
porque ele não tem forma, pois se tivesse forma, seria algo material (que
possui forma) e o espírito não é matéria.
8. Portanto, tudo o que é possível de ser percebido (por qualquer um dos
sentidos) é matéria.
9. O Perispírito também é matéria, conforme estudaremos a seguir.
Iniciaremos por afirmar que o Perispírito não é o Espírito. Ambos são distintos
e jamais se confundem.
10. A palavra Perispírito foi criada por Allan Kardec para designar o corpo
fluídico do Espírito. Fluídico porque é formado de fluidos, isto é, de matéria.
11. O prefixo Peri, que significa em volta de, e Spiritus, que significa
Espírito. Algo que existe em torno do Espírito.
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12. O estudo da doutrina inicia com a pergunta feita por Kardec aos Espíritos
Superiores: Questão nº93: O Espírito propriamente dito, nenhuma
cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa
substância qualquer?
Resposta: “Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos,
mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa,
entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se
onde queira”.
13. Kardec, a respeito desse assunto, acrescenta uma nota: “Envolvendo o
germe de um fruto. Há o perisperma do mesmo modo, uma
substância que, por comparação, se pode chamar perispírito,
serve de envoltório ao espírito propriamente dito”.
14. A questão seguinte apresentada por Kardec liga o tema desta aula ao tema da
aula anterior: questão 94: De onde tira o espírito o seu invólucro semimaterial?
Resposta: “Do fluido Universal de cada globo, razão porque não é
idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o
espírito muda de envoltório, como mudais de roupa”.
15. Para o espiritismo, assim, Perispírito é o corpo fluídico (matéria) que todos
os Espíritos possuem. Esse corpo fluídico também é chamado de corpo
espiritual ou envoltório fluídico.
16. Voltemos à questão 94 que examina a origem do Perispírito. Prestemos bem
atenção: O Espírito extrai de cada globo os elementos constitutivos
para a formação de seu Perispírito. O que isso significa? Que cada
mundo possui em sua volta as qualidade de fluídos de acordo com o grau de
evolução dos seus habitantes; isto é, encarnados e desencarnados que formam
aquela coletividade. Os mundos não são iguais.
17. Agora, podemos examinar a natureza as propriedades e funções da Perispírito:
Natureza: sendo formado de um tipo de matéria (modificada) a natureza do
Perispírito é semi-material, isto é, possui moléculas atômicas que se liga com
a matéria, como conhecemos aqui na Terra.
Propriedades: sendo matéria sutil, possui algumas propriedades da matéria
já conhecida pela ciência: expansão, retração e maleabilidade. Essas
propriedades são as dos gases. Entretanto, o Perispírito, sendo formado de
fluidos, possui também a propriedade que os fluidos possuem: a de
penetrabilidade o que significa que ele pode ultrapassar a matéria sólida.
Por exemplo: se estivermos em um ambiente totalmente fechado, podemos
nos deslocar na forma perispiritual e atravessar as paredes desse ambiente.
Mais a frente, na aula sobre mediunidade mostraremos como isso funciona.
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Funções: ao afirmar que o Perispírito é semi-material, a doutrina espírita
já está indicando que a função do Perispírito é servir de elemento de união
entre o Espírito e a matéria (sólida, liquida, gasosa e radiante). Por quê?
Porque o Espírito não é matéria. Sendo totalmente distinto de matéria (quase
falamos, o oposto), necessita de algo intermediário. Foi por esse motivo que
Kardec preferiu dizer que se trata de um envoltório.
18. Estudamos nesta aula até aqui, a origem, a natureza, as propriedades e as
funções do Perispírito. Examinaremos daqui a pouco a comprovação
científica de sua existência.
19. Por enquanto, precisamos reforçar o seguinte: a constituição do Perispírito
não é idêntica em todos os Espíritos, em nenhuma parte do Universo.
Motivo: de acordo com o grau de seu adiantamento, o Espírito atrai para si
partes mais puras ou mais grosseiras do ambiente fluídico do mundo que
habita.
20. Espíritos mais evoluídos possuem Perispírito mais rarefeito, mais sutil, e
podem agir mais livremente, sem impedimento. Espíritos menos adiantados
possuem Perispírito mais denso, sofrendo por isso mais limitações em sua
ação, locomoção de um local para outro; de um mundo para outro.
21. Dissemos que a constituição do Perispírito (corpo fluídico) não é idêntica em
todos os Espíritos, o que não acontece com a constituição do corpo material.
Todos os Espíritos que vivem em um determinado planeta, como a Terra, por
exemplo, possuem a mesma constituição física e química. Esse fato explica os
efeitos que são produzidos analogamente pelas reações químicas do corpo
físico. Todos possuem a mesma reação.
22. Como é que o Espírito liga seu Perispírito ao seu corpo físico? Essa
questão é fundamental para entendermos vários acontecimentos e fenômenos
da nossa vida. Para examinar com cuidado especial o assunto, vamos
reproduzir o que Kardec escreveu no livro “A Gênese”, e em seguida fazer um
comentário: “Quando o Espírito tem de encarnar num corpo
humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do
que uma expansão do seu Perispírito, o liga ao gérmen que o atrai
por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À
medida que gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a
influência do princípio vito-material do gérmen, o Perispírito, que
possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a
molécula, ao corpo em formação, donde pode dizer-se que o
Espírito, por intermédio do seu Perispírito, se enraíza, de certa
maneira, nesse gérmen, como uma planta na Terra. Quando o
gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, a união é completa;
nasce então o ser para a vida exterior”. (A Gênese, capítulo XI, item
18).
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23. Dessa forma, o Perispírito nada mais é do que o primeiro corpo do Espírito.
O Perispírito não é o Espírito.
24. O Espírito possui atributos essenciais como a inteligência, a vontade e o
pensamento. O Perispírito não possui nada. É apenas uma aglutinação de
moléculas fluídicas.
25. É o Espírito que comanda o Perispírito através da vontade e do pensamento.
26. Como o Perispírito é fluídico, ele possui as propriedades que já estudamos:
expansão, retração, maleabilidade e penetrabilidade. Isso significa que
qualquer um de nós pode expandir o seu Perispírito de acordo com a
possibilidade permitida pelo grau de sua evolução; assim como pode retrair o
seu Perispírito até atingir o tamanho de grão de feijão; também pode fazê-lo
ultrapassar as paredes de uma sala, e assim por diante.
27. Agora, uma informação importante: o relacionamento mediúnico que se dá
entre os homens e os Espíritos ocorrem através do relacionamento
perispiritual. A sintonia de pensamentos e o envolvimento fluídico possibilitam
a comunicação. Estudaremos esse fato na aula mediunidade.
28. Concluindo este estudo, necessário reafirmar:
1º - O Perispírito não pensa;
2º - O Perispírito não possui inteligência;
3º - O Perispírito não possui vida;
4º - O Perispírito não é a sede da memória;
5º - Memória é uma atividade do Espírito;
6º - O Perispírito não possui órgãos como o corpo físico;
7º - O Perispírito não age por si mesmo;
8º - O Perispírito não é uma entidade.
29. Sobre tudo o que escrevemos no item 27, desejamos fazer dois destaques
especiais:
1º - A memória não é um órgão do corpo físico. Ela não está localizada em
nenhuma parte do corpo físico, nem do corpo fluídico (Perispírito),
porque memória é lembrança sobre informações e imagens. Memória é
um processo utilizado pelo Espírito no campo da aprendizagem. Somente
se sabe que o Espírito aprendeu porque ele pode lembrar-se. Quando os
cientistas que estudam a mnemônica referem-se “aos arquivos da
memória”, o fazem apenas por uma força de expressão.
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(Para mais informações sobre a memória sugerimos a leitura
caderno apostilado de o nosso Curso Ler, Estudar e Memorizar).
2º - A prova de que o Perispírito não é a sede da memória encontra-se no
fato de que “ao passar de um mundo para outro, o Espírito
muda de Perispírito como muda de roupa”.
46
Décima Aula:
Tema: Mediunidade.
A comunicação de Espíritos na Antigüidade.
1. Allan Kardec utilizou-se do termo Mediunidade para designar a faculdade que
todos os seres humanos possuem e que possibilita a comunicação com os
Espíritos.
2. Os Espíritos, assim ensina a doutrina espírita, são seres inteligentes que
povoam o Universo. Eles vivem fora do corpo material, à nossa volta,
participando ativamente de nossa vida.
3. Em todos os tempos e em todos os povos, registra-se o conhecimento e a
utilização dessa faculdade.
4. Isso significa que sempre os homens (encarnados) se comunicaram com os
Espíritos.
5. Portanto, a crença na imortalidade da alma e nas comunicações entre os vivos
e os mortos era geral na Antiguidade.
6. A diferença no exercício prático dessa faculdade reside no fato de que, no
passado, essa era uma prerrogativa dos sacerdotes (iniciados).
7. Os sacerdotes detinham o monopólio e o privilégio de contato com os Espíritos
através de cerimônias cuidadosamente elaboradas. Eles faziam segredo dessa
atividade. O povo era mantido na mais completa ignorância quanto ao estado
da alma depois da morte.
8. Os sacerdotes antigos também faziam dessa pratica uma fonte de renda
material. Para tanto, revestiam as cerimônias como se fosse de caráter sagrado.
9. Desde épocas remotíssimas a comunicação entre homens e os Espíritos era
praticada pelos que se apresentavam como representantes da divindade na
Terra.
10. Na Índia antiga (milhares de anos antes de Jesus), “Os Vedas” (livro religioso
mais antigo que se conhece) revela a existência e a comunicação dos Espíritos.
Manu, o grande legislador assim se expressa: Os Espíritos dos antepassados,
no estado invisível, acompanham certos brâmanes, convidados para as
cerimônias em comemoração dos mortos, sob sua forma aérea; seguem-nos
e tomam lugar ao seu lado quando eles se assentam”.
11. Os faquires hindus eram preparados pelos sacerdotes para a evocação dos
Espíritos e para obterem fenômenos mediúnicos. Os hindus chamavam de
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petris, os espíritos, e somente podiam entrar em contato com eles, aqueles
que completassem quarenta anos de noviciado e obediência passiva.
12. No antigo Bahavatta (trata-se do mais célebre poema hindu) encontra-se um
texto onde se descreve que a iniciação, comporta três graus: os brâmanes, de
culto vulgar e que eram responsáveis por explorar a credulidade da multidão; o
segundo que era composto de: exorcistas, adivinhos, profetas, e evocadores de
Espíritos. Em alguns momentos, esses iniciados tinham também como tarefa
atuar sobre a imaginação das massas, por meio de fenômenos mediúnicos
espetaculares e aterrorizadores; no terceiro grau, os brâmanes não tinham
mais relações diretas com o povo. Eles estudavam diuturnamente todas as leis
naturais que regem o Universo.
13. Na China antiga, desde tempos imemoriais, o povo se entregava a evocação dos
mortos, principalmente de seus familiares.
14. No Egito, os antigos sacerdotes também mantinham em segredo os poderes
que eram tidos como sobrenaturais e misteriosos. Asseguram alguns
historiadores, que os mágicos (magos) dos Faraós, realizavam fenômenos de
ordem mediúnica.
15. No tempo de Moisés, era comum consultar os Espíritos para saber alguma
coisa relacionada com a sorte das pessoas. A tal ponto que se vulgarizou essa
prática que Moisés, na qualidade de legislador do povo, proibiu que os hebreus
se entregassem a isso. “Que entre nós ninguém interrogue os mortos para
saber sobre a verdade”. (Deuteronômio)
16. Apesar dessa proibição sempre ocorreram as evocações, sendo que, com o
passar do tempo, foi instituída uma doutrina secreta chamada Kabala, ou
Cabalá, (denominação do misticismo judaico).
17. O Talmude (coleção de tradições interpretativas da lei de Moisés) que
significa “disciplina” contém, além de diversos outros, o seguinte tópico
referente ao assunto que estamos tratando: “Qualquer pessoa que, sendo
instruída desse segredo e pratica a evocação dos mortos e o guarda com
vigilância, pode contar com o amor de Deus e favor dos homens; seu nome
inspira respeito, sua ciência não teme o ouvido, e torna-se ele o herdeiro de
dois mundos: aquele em que vivemos agora, e o mundo futuro”.
18. Da mesma forma, na Grécia antiga, era generalizada a crença e a prática da
evocação dos mortos. Em todos os templos encontrava-se essa prática através
das pitonisas que eram encarregadas de “proferir oráculos”, isto é, de
responder mediunicamente, as consultas que eram feitas.
19. Chegamos ao tempo de Jesus. Sobre seus ensinamentos, devemos salientar o
seguinte: Jesus utilizou-se de dois recursos para transmitir a sua doutrina: o
teórico e o prático. Em teoria, falou (não escreveu) para o povo de forma
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simbólica (parábolas); para os discípulos mais próximos, de forma mais
direta. O ensino prático revestiu-se das passagens e acontecimentos reais, onde
ele demonstrava ao vivo, a força de seu exemplo. No novo Testamento,
vamos encontrar em Atos dos Apóstolos: “nos últimos tempos derramarei do
meu Espírito sobre toda carne; vossos filhos e filhas profetizarão”.
20. A história do Cristianismo (após a partida de Jesus) encontra-se repleta de
acontecimentos envolvendo a comunicação de homens e Espíritos (através de
médiuns).
A comunicação de Espíritos e os fenômenos psíquicos nos tempos
modernos:
21. Hydesville, pequena cidade do Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos,
foi atormentada, em 1847, por ruidosas manifestações de um Espírito.
Em uma pequena e simples casa de madeira, residia uma família de sobrenome
Fox.
Ali, naquele recanto, duas irmãs, Catarina e Margarida, muito jovens,
passaram para o centro do noticiário local, pois presenciavam fenômenos
físicos de ruídos e pancadas, que ocorriam com tanta intensidade que
chamaram a atenção de toda a sociedade americana.
Os ruídos eram provocados por um Espírito (que depois se identificou com o
nome Rosna) que se comunicava através de batidas e pancadas. As meninas
conversavam com ele através do mesmo sistema.
Esses fenômenos movimentaram a imprensa mundial.
Os cientistas bem como os religiosos, negavam a possibilidade de ser o fato
resultado da vontade de um morto. A imprensa, escarnecia. A Igreja vociferava.
Os charlatães passaram a explorar o assunto.
A partir desses acontecimentos de Hydesville, o mundo passou a conhecer
mais de perto uma série de fenômenos por intermédio de diversos outros
agentes que figuram na história das comunicações com os Espíritos, ou dos
chamados fenômenos psíquicos, que estudaremos ainda neste trabalho.
22. Citaremos aqui apenas os nomes de alguns. Os estudiosos poderão encontrar
na História dos fenômenos mediúnicos, dados mais precisos sugerimos a obra
“História do Espiritismo”, de Arthur Conan Doyle, pela Editora Pensamento,
como leitura inicial para isso.
23. Médiuns e sensitivos (não médiuns) pelos quais foram realizados fenômenos
mediúnicos e não mediúnicos, cujos nomes encontram-se inscritos na história
do psiquismo e da mediunidade. Não eram espíritas:
49
Emmanuel Swedenborg.
Nasceu em 29 de Janeiro de 1688, em Estocolmo, Suécia. Era filho de pastor
protestante. Formou-se em engenharia. Realizou série grande de fenômenos.
Escreveu vários livros expondo sua doutrina. Era sensitivo místico.
Edward Irving.
Nasceu na Escócia e chamou a atenção pela sua capacidade psíquica,
produzindo fenômenos entre 1830 e 1833. Era pastor presbiteriano.
Andrew Jacson Davis.
Nasceu em 1826, nos Estados Unidos às margens do Hudson. Era clarividente.
Irmãs Fox.
Meninas. Kate e Margareth, em 1848 realizaram, com o concurso de Espíritos,
diversos fenômenos físicos na cidade de Hydesville. Estados Unidos.
Daniel Douglas Home.
Nasceu na Suécia, em 1833. Foi médium de efeitos físicos e sensitivo, na
produção de diversos fenômenos não-mediúnicos.
Irmãos Davemport.
Nasceram em Buffalo, Estados Unidos. Ira Erastius e William Henry. Foram
médiuns e sensitivos.
Florence Cook.
Inglaterra. No período de 1870-1874 submeteu-se a experiências mediúnicas
com fenômenos de efeitos físicos (materializações). Tendo-a acompanhado
nessas experiências, o professor William Crooks. O Espírito que se comunicava
através desse tipo mediúnico (efeitos físicos) chamava-se Katie King,
deixando-se fotografar nas pesquisas.
Irmãos Eddy.
Horacio e Willian nasceram nos Estados Unidos. No período de 1874-75,
realizaram série de fenômenos de efeitos físicos.
Henry Slade.
Deixou-se fotografar a título de experiências psíquicas, em 1876, com a
apresentação de diversos fenômenos de efeitos físicos.
Eusápia Paladino.
Médium italiana de efeitos físicos. Os fenômenos produzidos com o concurso
mediúnico de Eusápia foram acompanhados e pesquisados de 1891-1909, por
diversos e renomados homens da ciência psíquica: César Lombroso, Alexandre
Aksakoff, Charles du Prel, Charles Richet, Oliver Lodge, Frederico Myers,
Ochorowicz, de Rochas, Cammile Flammarion, Victorien Sardou, Gabriel
Dellane e Ernesto Bozzano.
50
Charles H. Rostes, Madame D’Esperance, William Eglinton,
Stainten Moses.
Foram médiuns e sensitivos, pelos quais foram realizados acontecimentos que
chamaram a atenção dos pesquisadores no período de 1870-1900.
 As Mesas Girantes
Merece particular estudo, na história dos fenômenos psíquicos e mediúnicos, o
período das chamadas mesas girantes.
Esse movimento, cujo objetivo, conforme se observa, era o de chamar a
atenção da sociedade, iniciou-se nos Estados Unidos, após os acontecimentos
de Hydesville.
Em 1850, em diversas sessões realizadas em Nova Iorque, era possível
observar a presença de diversas personalidades do mundo social da época, em
torno das mesinhas que giravam: Reverendo Griswold, Fenimore Cooper
(novelista), J.Bancroft (historiador), Dr, Hawks (reverendo) J.W.Francis
(doutor), Marcy (doutor), Willian (poeta), Bryant (poeta), Lyman (general),
Bigelom (jornalista) do Evening Post). Todos eles foram pessoas de grande
destaque social.
Mas, foi na França por volta de 1840 que manifestações físicas através das
mesas girantes provocaram ainda mais a atenção geral, tendo em vista
tratar-se aquele país do centro cultural do mundo.
Em diversas localidades, membros da sociedade francesa se reuniam para
assistir os movimentos das mesinhas. Tratava-se de um passa-tempo, de
uma diversão. Foi por intermédio de uma dessas sessões que, em 1856, Allan
Kardec foi chamado a realizar o seu importante trabalho de investigação.
Nessa oportunidade, a capital francesa (Paris) era palco de inusitados
fenômenos de efeitos físicos. Importante explicar que Kardec compareceu a
essas reuniões, inicialmente de efeitos físicos, atendendo a insistentes pedidos
de um amigo.
Apesar do ceticismo e do fanatismo religioso, esses acontecimentos somados
ao desenvolvimento crescente do magnetismo, logrou entusiasmar número
considerável de homens da cultura do século passado.
Terminada a primeira parte de seu trabalho, com a edição de “O Livro dos
Espíritos”, Allan Kardec sentiu a forte pressão contra o nascimento de uma
doutrina espiritualista que se propunha a desvendar o mundo espiritual,
justamente através dos recursos da mediunidade.
Kardec inaugurou, por esse fato, uma nova era, no processo de investigação
científica sobre os fenômenos psíquicos e mediúnicos.
A mediunidade passou a ser objeto de observação, análise, experimentação e
conceituações doutrinárias.
51
 Conceituando com Allan Kardec
1. O termo mediunidade foi utilizado por Allan Kardec para designar a
faculdade que todos os seres humanos possuem e que permite o
relacionamento entre os homens e os Espíritos. “Mediunidade ou
medianimidade (do latim, medius, e animus), faculdade que
possuem as pessoas chamadas médiuns de servirem, de
intérpretes aos Espíritos e de se tornarem instrumentos
momentâneos de sua vontade. (Allan Kardec, O Livro dos
Médiuns, Cap. XXXII).
“Esta Faculdade se encontra nas crianças e nos velhos, nos homens
e nas mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de
saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral”. (Allan
Kardec, O Livro dos Médiuns, item 200).
 Mediunidade: qual a sua finalidade?
1. Sendo a faculdade inerente aos seres humanos, conforme escreve Allan Kardec,
e que permite a comunicação entre os homens e os Espíritos. Podemos dizer
que a mediunidade possibilita:
a) Comprovação da imortalidade, pois os Espíritos se comunicam com os seres
encarnados, testemunhando a sua sobrevivência após a morte do corpo físico;
b) Instrução espiritual da humanidade, pela comunicação de Espíritos Superiores
que auxiliam na evolução moral, intelectual e social do nosso planeta.
“Não penses que a faculdade mediúnica seja dada apenas para a
correção de uma ou duas pessoas. Não, o objetivo é mais alto: tratase da Humanidade”. (O Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 226,
nº.5).
 Classificando com Kardec
1. A mediunidade, como faculdade é uma só, não se divide, não se reparte, não
existem várias mediunidades; o que existe são vários tipos mediúnicos como
veremos, mais adiante.
2. A classificação feita por Kardec, do ponto de vista didático, apresenta a
faculdade segundo a manifestação de seus efeitos:
a)Efeitos físicos: também chamados de fenômenos objetivos,
porque são ostensivas e patentes, todas as pessoas presentes
durante a sua realização podem presenciá-los. Exemplos: ruídos e
pancadas; transporte de objetos; movimentos de corpos e objetos;
52
auto-combustão (fogo); Tangibilidade e visibilidade
(materialização); escrita direta (pneumatografia); suspensão de
corpos e objetos;
b)Efeitos inteligentes: também chamados de fenômenos subjetivos,
porque ficam restritos exclusivamente na intelectualidade do
médium. Exemplos: psicofonia; psicografia; vidência; audiência.
 Mediunidade somente entre os encarnados
1. Todos os homens são potencialmente médiuns, pois todos possuem a
faculdade que o espiritismo denomina mediunidade. Assim, a faculdade é do
homem, do Espírito enquanto encarnado.
2. Não se trata, portanto de um poder oculto ou mágico, destinado
exclusivamente a pessoas privilegiadas cultural ou socialmente.
3. A mediunidade é faculdade (como a inteligência também o é) que serve ao
campo de relacionamento, ou se preferirmos, na área de comunicação entre os
dois lados da vida. Apenas os seres humanos possuem essa faculdade. Os
animais não podem ser médiuns. Na erraticidade não existem médiuns, porque
depois de desencarnados os Espíritos não precisam de intermediários, eles se
comunicam através do pensamento.
 As fases do desenvolvimento mediúnico
1. O desenvolvimento da mediunidade é cíclico e segue o desenvolvimento
biológico do homem:
Período infantil: onde as relações mediúnicas se iniciam, permitindo às
crianças, perceberem a presença de Espíritos, e até mesmo servirem de seus
intermediários;
Período da adolescência: ocasião em que as relações mediúnicas se
intensificam, propiciando acentuadas manifestações;
Período da juventude: quando as relações mediúnicas provocam uma sucessão
de acontecimentos, muitos dos quais, conduzindo a processos de obsessão;
Período da maturidade: período esse em que, as relações mediúnicas quando
não orientadas promovem distúrbios até mesmo muito graves.
53
Décima Primeira Aula:
Tema: Pluralidade dos Mundos Habitados.
1. Em 1861, Camille Flammarion, jovem astrônomo, francês, diretor adjunto do
Observatório Astronômico de Paris, publicou um pequeno livro intitulado “A
Pluralidade dos Mundos Habitados”.
2. A edição desse livrinho teve repercussão porque era terminantemente proibida
pelo dogma do catolicismo, acreditar, admitir, a vida fora da Terra.
Flammarion, devido a essa publicação foi exonerado do cargo que ocupava no
mais importante observatório da Europa.
3. Na mesma década, Allan Kardec preparava a edição do livro O Evangelho
Segundo o Espiritismo, em cujo estudo fazia referência também aos
ensinos de Jesus de Nazaré, sobre os diferentes estados da alma no Universo, e
sobre as diferentes moradas existentes.
4. Por ocasião da edição de O Livro dos Espíritos (1857) Kardec incluiu
estudos sobre a vida na Terra, incluindo também questões para examinar a
vida fora do nosso planeta. Não esqueçamos que tanto na Europa como em
outras partes do mundo a influência cultural e religiosa da época, era exercida
pela igreja católica.
5. O catolicismo ensinava naquele momento histórico que a espécie humana
começara por um único homem (Adão), idéia essa totalmente afastada pelas
investigações da ciência.
6. Depois do dia 24 de novembro de 1859, o mundo cultural e religioso teve de se
defrontar com a grande realidade da evolução natural das espécies, cuja teoria,
foi apresentada por Charles Darwin, cientista inglês que revolucionou o
conceito humano sobre a vida. Na data acima referida, Darwin, publicou em
Londres, o seu livro A Origem das Espécies, tratando da Seleção Natural.
7. As investigações posteriores de Kardec conduziram às assertivas de Darwin, no
campo da Evolução o que pode ser confirmado pela leitura de A Gênese de
Kardec.
8. A Evolução, portanto, é uma realidade, conforme já estudamos neste curso.
Estamos nos referindo à evolução espiritual. O que é feita em qualquer dos
mundos existentes no Universo.
9. No livro fundamental da doutrina espírita - O Livro dos Espíritos – Kardec
apresenta uma questão necessária ao conhecimento da realidade do Espírito.
Trata-se da pergunta nº55: São habitados todos os globos que se movem no
espaço?
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Resposta: -“Sim, o homem terreno está bem longe de ser, como
acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há,
entretanto, homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que
só este pequeno globo tem o privilégio de ser habitado por seres
racionais. Orgulho e vaidade! Crêem que Deus criou o Universo
somente para eles”.
10. Em nota de rodapé, Kardec apresenta a seguinte observação:
“Deus povoou os mundos de seres vivos, e todos concorrem para o
objetivo final da Providência. Acreditar que os seres vivos, estejam
limitados apenas ao ponto que habitamos no Universo, seria pôr
em dúvida a sabedoria de Deus que nada fez de inútil e deve ter
destinado esses mundos a um fim mais sério do que o de alegrar os
nossos olhos. Nada, aliás, nem na posição, nem no volume, nem na
constituição física da Terra, pode razoavelmente levar-nos à
suposição de que ela tenha o privilégio de ser habitada, com
exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes”.
11. Esta, a resposta da doutrina às idéias e dogmas sobre Deus, a vida, o homem e
que criava choque conceptual, acrescentada da realidade do Espírito, o
universo, a reencarnação, a comunicação dos Espíritos.
12. Decretou-se, então naquele momento histórico, o índex proibitorium
librorum, sendo as obras de Allan Kardec consideradas altamente perigosas
aos interesses da igreja.
13. A vida em outros mundos era fato sobre o qual era proibido manifestar opinião
e muito menos aprovar. O reinado do homem sobre o Universo estava
decretado pelo catolicismo, e tal concepção, foi seguida das demais religiões e
seitas saída de seu tronco.
14. Entretanto, ao buscar no passado longínquo da história humana, vamos
encontrar manifestações de personalidades, sábios, filósofos e homens das
ciências antigas, favoráveis à idéia da Pluralidade dos Mundos. Como
exemplos, será suficiente, lembrar que na Grécia Antiga era corrente o
pensamento nas escolas e seitas, que a vida não era patrimônio exclusivo da
Terra. Pitágoras, importante filósofo grego, ensinava aos seus discípulos, que
os mundos eram habitados, acreditando ele que eram semelhantes aos da
Terra. Demócrito, Heráclito e Metrodoro, seguidores do pensamento de
Pitágoras, pregaram a mesma coisa. Muito tempo depois, Laplace, astrônomo
e matemático francês, raciocinava da mesma maneira. Afirmava Laplace que,
se a ação benéfica do Sol, fazia nascer os animais e as plantas que cobriam a
Terra, também deveria ser admitida à mesma possibilidade de outros planetas,
apesar das diferenças de organização relativa à temperatura e outros fatores
importantes para a constituição da vida. Camille Flammarion, astrônomo
francês a que nos referimos no início deste texto, e que foi médium de Allan
55
Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, defendeu com
insistência a tese da Pluralidade da Vida em outros planetas.
15. Entre os cientistas modernos, desejamos destacar Carl Sagan, (já
desencarnado), para quem não reside nenhuma dúvida da existência da vida
em outros planetas. Em seu livro “Pálido Ponto Azul” – Uma Visão do
Futuro da Humanidade “no Espaço”, Sagan, considera que depois das viagens
orbitais com a Columbia e a Endeavour, (naves espaciais) bem como depois de
enxergar melhor o espaço, com a ajuda do telescópio orbital Ruble, entraremos
na fase de viagens a outros mundos, e esta aproximação, sem dúvida resultará
na comprovação evidente da existência de seres em outros planetas.
20. Os cientistas da NASA (EUA) trabalham em um grandioso projeto de busca
sobre a vida em outros planetas.
21. Também parece corrente o pensamento dos investigadores do cosmo que a
teoria Big Bang, que afirma que o Universo se originou como um único ponto
de temperatura e densidade altíssimas, e que em um determinado momento,
uma explosão teria dado início ao chamado movimento de expansão, cuja
velocidade tem aumentado com o tempo, pode, essa teoria, demonstrar as
razões da vida no Universo.
22. A ciência, conforme se pode constatar, busca respostas para a evidência da vida
fora da Terra.
23. Para dar uma idéia de como os pesquisadores dão importância a este assunto,
bastará lembrar que toda uma comunidade internacional de cientistas volta-se
neste momento para o estudo e essas investigações. Nos Estados Unidos, uma
fundação que leva o nome Busca de Uma Inteligência Extraterrestre
(Extra-Terrestrial Intelligence) e que atende pela sigla SETI, trabalha a
todo o vapor, financiada por iniciativa particular de pessoas milionárias, com
poderosos radiotelescópios, vasculham o céu com a ajuda de antenas muito
sensíveis, ligadas a receptores capazes de analisar milhares de informações
simultaneamente. O objetivo desse trabalho é captar mensagens inteligentes
provenientes do espaço exterior.
24. À frente desse trabalho encontra-se o astrônomo americano Frank Drake, que
almeja demonstrar cientificamente, as evidências da vida fora da Terra. Afirma
Drake que “apenas em nossa galáxia poderiam existir entre dez mil e um
milhão de civilizações extraterrestres!”.
25. O astrofísico dos Observatórios Carnegie, em Washington, EUA, afirma que
“Achar um organismo extraterrestre será a mais importante
façanha científica deste século”. Para tanto, as antenas do Observatório
Nacional de Radioastronomia, no Estado do Novo México, Estados Unidos, são
braços do Programa de Buscas à inteligência extraterrestre.
56
26. Milhares e milhares de depoimento que circulam em todas as partes do
mundo, afirmam que habitantes de outros planetas têm se comunicado com a
Terra. Existem, até mesmo, os que alegam e tentam confirmar que eles visitam
a Terra, em naves muito especiais, os chamados Discos Voadores, ou
simplesmente UFOS, e cujo propósito, segundo esses depoimento e
documentários, é preparar um possível futuro contato entre os seres humanos
e os extraterrestres.
27. Colocando-se à parte qualquer teoria fantasiosa, que não contribui com o
procedimento científico, pode-se concluir que, existindo outros mundos
habitados nesta e em outras galáxias, não se pode afastar a possibilidade de
que as civilizações mais adiantadas podem se comunicar conosco.
28. Retornando à tese espírita sobre a vida em outros planetas, poderemos agora
concluir o tema desta aula, fazendo uma referência ao ponto que serviu de base
para o estudo de Kardec.
29. Esse ponto fundamental relaciona-se com um texto do Evangelho de João, e
que foi aproveitado por Kardec para estudar o tema desta aula.
30. O texto do Evangelho de João (capítulo 14, versículos de 1 a 3), é este: “Não se
turbe o vosso coração credes em Deus, credes também em mim. Há
muitas moradas na casa de meu Pai, se assim não fosse já vo-lo
teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar...”.
31. Não faremos aqui nenhum comentário sobre as circunstâncias em que estas
palavras atribuídas a Jesus, foram ditas, pois não é esse o objetivo do nosso
trabalho. Entretanto, importa ressaltar que o tema foi incluído no livro “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, onde Kardec faz alusão às moradas
ditas por Jesus.
32. Valerá a pena ao estudioso e interessado conhecer e analisar o assunto.
57
Décima Segunda Aula:
Tema: Erraticidade.
1. O termo Erraticidade refere-se à condição livre em que ficam os Espíritos
depois da desencarnação. Errar significa: vaguear, não estar fixado.
2. Allan Kardec utilizou esta palavra para designar a condição do Espírito no
intervalo entre uma encarnação e outra. Estar em estado de Erraticidade, em
espiritismo não significa cometer erros, significa apenas que o Espírito não se
encontra encarnado.
3. A encarnação é um estado transitório; é apenas um pequeno período de tempo,
que o Espírito aproveita para fazer novas experiências, utilizando-se de um
novo corpo.
4. Espíritos encarnados são os que se encontram temporariamente, vinculado
a um corpo físico.
5. Espíritos errantes são todos aqueles que não se encontram encarnados, mas
que aguardam uma nova encarnação.
6. Seria a Erraticidade um sinal de inferioridade? Como vivem os Espíritos no
estado de Erraticidade? Progridem eles nesse estado? Estas, as questões que
nos propomos estudar e resolver, em nome da doutrina espírita.
7. O alicerce para o nosso estudo será O Livro dos Espíritos e as demais obras da
Codificação Espírita, em comparação com as não espíritas que trataram da
matéria, assim como com livros de autores encarnados e desencarnados, que
têm sido publicados em nome do espiritismo.
8. O ponto de partida é a pergunta feita por Kardec no O Livro dos Espíritos que
leva o número 149: “Que sucede à alma no instante da morte?
(Tradução de Guillon Ribeiro. Resposta: “Volta a ser Espírito, isto é,
volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara
momentaneamente”.
9. A questão 150 completa a anterior: “A alma após a morte conserva a sua
individualidade”?
Resposta: “Sim jamais a perde. Que seria ela se não a conservasse”?
10. As duas questões reclamam pequena, mas necessária explicação:
1º - Kardec denominava Alma, o Espírito enquanto encarnado. O codificador
chamava de Espírito, aquele que não mantinha laços com a encarnação.
58
2º - A individualidade conservada pelo Espírito, após a morte física, envolve:
inteligência, vontade, pensamento, gosto, temperamento e assim por
diante.
11. Passado o tempo necessário para a retomada de sua consciência (o que vária de
caso para caso), o Espírito reencontra a sua real situação. Kardec diz que existe
um período de perturbação natural, que se segue à morte. Esse período é curto
e mais leve para o Espírito bom, que se conserva mais ou menos calmo, caso
contrário, esse período é cheio de dor, ansiedade e sofrimento.
12. Outra questão relevante para o estudo do tema é a de número 223: “A Alma
reencarna logo depois de se haver separado do corpo”?
Resposta: “Algumas vezes o faz depois de intervalos mais ou menos
longos...”.
13. Kardec retoma ao assunto da questão 149, na pergunta 224: “Que é alma no
intervalo das encarnações”?
Resposta: “Espírito errante, que aspira ao novo destino, que
espera”.
O codificador formula duas sub-perguntas:
a) “Quanto pode durar esses intervalos”?
Resposta: “Desde algumas horas ate alguns milhares de séculos...”.
b) “Essa duração depende da vontade do Espírito, ou lhe pode ser
imposta como expiação”?
Resposta: “É uma conseqüência do livro arbítrio. Os Espíritos
sabem perfeitamente o que fazem...”.
14. Do estudo completo desse capítulo de O Livro dos Espíritos, pode-se concluir:
1º - O estado de Erraticidade é natural e não significa inferioridade na evolução
do Espírito;
2º - Todos os Espíritos que não estão encarnados podem ser considerados
errantes, exceção feita àqueles que atingiram o estado de perfeição, e não
necessitam mais encarnar. A observação de Kardec, visando uma linguagem
espírita corrente é esta (nota à resposta da pergunta nº226): “Com relação
ao estado em que se acham os Espíritos, podem ser: encarnados,
Isto é, ligados a um corpo; errantes, isto é, sem o corpo material e
aguardando nova encarnação para se melhorarem; Espíritos
puros, isto é, perfeitos, não precisando mais de encarnação”.
3º - Os espíritos errantes estudam e progridem, observando tudo o que ocorre nos
lugares aonde vai, e também observando as palavras e ações dos encarnados;
59
4º - Os Espíritos errantes inferiores conservam as paixões e vícios que tinham
enquanto encarnados;
5º - Os Espíritos errantes, enquanto aguardam uma nova encarnação, aprendem
teoricamente. Quando encarnam, coloca em prática esse aprendizado;
6º - Somente os Espíritos completamente desprendidos da matéria possuem
facilidade maior para se locomoverem, ir a outros planetas. Os Espíritos ainda
inferiores mantêm-se ligados ao mundo ao qual ainda pertencem.
15. Vamos comentar e responder a segunda pergunta feita no item 05 deste texto:
“Como vivem os Espíritos no estado de Erraticidade”?
16. A base para o estudo que segue é o capítulo VI, da Segunda Parte de O Livro
dos Espíritos, iniciando na pergunta 237. Kardec deu o seguinte título:
“Percepção, sensação e sofrimentos dos Espíritos”. Vamos resumir as
informações doutrinárias sobre a matéria:
1º - Depois de desencarnados, o Espírito retorna ao estado de Erraticidade, como
estudamos até aqui, mantendo de maneira mais ampliadas as percepções que
tinha quando no mundo material.
2º - O conhecimento sobre as coisas e acontecimentos da vida depende do grau
evolutivo do Espírito;
3º - Tendo em vista que o estado é errático, o Espírito não se fixa em nenhum
local, propriamente dito. Fica, entretanto, mais atraído ao lugar onde viveu, ou
onde se encontram seus interesses mais acentuados.
4º - “Os Espíritos vivem fora do tempo, como o compreendemos. A duração, para
eles, deixa, por assim dizer, de existir. Os séculos, para nós tão longos, não
passam, aos olhos deles, de instantes, que se movem na eternidade, do mesmo
modo que os relevos do solo se apagam e desaparecem para que se eleva no
espaço”. (Allan Kardec, nota à questão 240).
5º - Os Espíritos não possuem olhos, nem visão canalizada para verem. Essa
percepção é geral. Assim sendo, o Espírito errante não necessita de luz para
iluminar as coisas. Para ele não existe as trevas, a não ser a situação interior
que ele pode ter e possibilita a sensação de escuro e sombras. (questão 246).
6º - Os Espíritos errantes se transportam de acordo com a velocidade de seu
pensamento. Os mais adiantados são mais velozes; os mais atrasados, menos
velozes. (questão 247).
7º - Os sentidos da visão, audição, tato, olfato, não existem para os Espíritos
errantes, como para os encarnados. Todas as percepções constituem atributos
naturais do Espírito. (questão 248 e 250).
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8º - Os Espíritos não sentem sono, não ficam cansados, fatigados, não precisam
de repouso, não sentem fome, sede, não sentem frio, calor e não possuem
paladar. Eles não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas, como
acontece com o corpo físico. (questões 253, 254, 255 e 256).
9º - Por que, então, muitos Espíritos alegam estar sentindo fome, sono cansaço,
frio e calor? Resposta: Trata-se de lembrança do que passaram quando
encarnados. (questão 256).
Kardec escreveu a seguinte nota sobre isso: “Muitas vezes, no que eles
assim dizem apenas há uma comparação mediante a qual, em
falta de coisa melhor, procuram exprimir a situação em que se
acham. Quando se lembram do corpo que revestiram, têm a
impressão semelhante à de uma pessoa que, havendo tirado o
manto que a envolvia, julga passado algum tempo, que ainda o
traz sobre os ombros”. (nota de Kardec, questão 256).
17. Os Espíritos sentem dor, como nós sentimos?
“Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não
é corporal, embora não seja exclusivamente moral, como o
remorso, pois que ele se queixa de frio e calor. Também não sofre
mais no inverno do que no verão: temo-los visto atravessar
chamas sem experimentarem qualquer dor. Nenhuma impressão
lhes causa consequentemente a temperatura. A dor que sentem
não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago
sentimento intimo que o próprio Espírito nem sempre
compreende, precisamente porque a dor não se acha localizada e
porque não a produzem agentes exteriores; e mais uma
reminiscência do que uma realidade, reminiscência, porém,
igualmente penosa”. (Allan Kardec, Ensaio sobre a sensação no Espírito).
18. Por que, então, muitos Espíritos dizem que sentem dor?
“Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as
transmite ao Espírito por intermédio do Perispírito, que constitui,
provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Uma vez morto, o
corpo nada mais sente, por já não haver neles Espírito, nem
perispírito. Este, desprendido do corpo, experimenta a sensação,
porém, como já não lhe chega por um conduto limitado, ela se lhe
torna geral. Ora, não sendo o perispírito, realmente, mais do que
simples agente de transmissões, pois que no Espírito é que está à
consciência, lógico será deduzir que se pudesse existir perispírito
sem Espírito, aquele nada sentiria exatamente como um corpo que
morreu. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito,
seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa”. (Allan
Kardec, Ensaio sobre a Sensação dos Espíritos, O Livro dos Espíritos).
19. Existem cidades e colônias no Além?
Essa pergunta foi feita por Kardec, O Livro dos Espíritos, por duas ocasiões:
61
Pergunta 101: “Haverá no Universo lugares circunscritos para as
penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?”.
Resposta: “Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são
inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si
mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E, como
eles estão por toda a parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado
existe especialmente destinado a uma e outra coisa. Quanto aos
encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados,
conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam”.
Pergunta 1017: “Alguns Espíritos disseram estar habitando o quarto,
o quinto céus, etc, Que queriam dizer com isso”?
Resposta: “Perguntando-lhes que céus habitam, é que formais idéias
de muitos céus dispostos como os andares de uma casa. Eles,
então, respondem de acordo com a vossa linguagem. Mas, por
estas palavras – quarto e quinto céus – exprimem diferentes graus
de purificação e, por conseguinte, de felicidade. É exatamente
como quando se pergunta a um Espírito se está no inferno. Se for
desgraçado dirá – sim, porque, para ele, inferno é sinônimo de
sofrimento. Sabe, porém, muito bem que não é uma fornalha. Um
pagão diria estar no Tártaro”.
Nota de Kardec: “O mesmo ocorre com outras expressões análogas,
tais como: cidade das flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda,
ou terceira esfera, etc., que apenas são alegorias usadas por
alguns Espíritos, quer como figuras quer, algumas vezes, por
ignorância da realidade das coisas, e até das mais simples noções
científicas”.
“De acordo com a idéia restrita que se fazia outrora dos lugares
das penas e das recompensas e, sobretudo, dos lugares com a
opinião de que a Terra era o centro do Universo, de que o
firmamento formava uma abóbada e que havia uma região das
estrelas, o céu era situado no alto e o inferno em baixo. Daí as
expressões: subir ao céu, estar no mais alto dos céus, ser
precipitado nos infernos. Hoje, que a ciência demonstrou ser a
Terra apenas, entre tantos milhões de outros, um dos menores
mundos, sem importância especial, que traçou a história de sua
formação e lhe descreveu a constituição; que provou ser infinito o
espaço, não haver alto nem baixo no Universo, teve que renunciar
a situar o céu acima das nuvens situar e o inferno nos lugares
inferiores. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe fora
designado. Estava reservado ao espiritismo dar de tudo isso a
explicação mais racional, mais grandiosa e, ao mesmo tempo,
mais consoladora para a Humanidade. Pode-se assim dizer que
trazemos em nós mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso. O
purgatório achamo-lo na encarnação, nas vidas corporais ou
físicas”.
62
20. Por que então, existem livros que se referem à existência de cidades
e colônias no além?
Conforme as resposta dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, não existe
cidade do “outro lado”.
Alguns autores, entretanto, encarnados os desencarnados, se ocuparam desse
tema. Vamos citar alguns, para facilitar o nosso estudo:
1. Emmanuel Swedenborg, vidente sueco, que nasceu na cidade de
Estocolmo, em 1688, e que morreu em Londres, em 1722. Escreveu um grande
número de obras, tendo fundado sua própria doutrina, Dizia que recebia o
Espírito de Deus e que revelava a vida no além. É responsável pela idéia da
existência de cidades do “outro lado da vida”.
Nota:
Allan Kardec examinou a doutrina de Swendenborg, considerando-a
desesperadora, pois anulava a misericórdia de Deus. Diz Kardec que
Swendenborg “cometeu um engano imperdoável”: o de aceitar cegamente
tudo quanto lhe era ditado, sem o submeter ao controle severo da razão. Em
1859, Swendenbog (Espírito), compareceu na sessão da Sociedade de Estudos
Espíritas de Paris, sob a presidência de Kardec, reconhecendo os erros de sua
doutrina. Citaremos pequeno trecho de sua comunicação: “Quando eu estava
em silêncio e em recolhimento, meu Espírito como que ficava deslumbrado,
em êxtase, e eu via claramente uma imagem à minha frente, que me falava e
ditava o que eu deveria escrever. Por vezes, minha imaginação se misturava a
isso”.
2. Oliver Lodge, no livro “Raymond”, conta que seu filho desencarnado na
guerra de 14-18, lhe falava da existência de Esfera Espiritual, e ele dissera
haver ido à sétima, onde estivera em presença de Jesus:
3. Denis Bradley, no livro “The Windom of The Gods” (A Sabedoria Segundo
os Deuses), faz menção não só às Esferas, mas também a setores. Jesus,
segundo ele, está no Sétimo Setor da Sétima Esfera.
4. Stainton Moses, em “Ensinos Espiritualistas”, afirma que a Terra é uma das
mais elevadas das Esferas. Sete de trabalho ativo e mais sete de divina
contemplação, sendo que cada Esfera tem muitos graus.
5. Reverendo G. Valen Owem, no livro “A vida Além do Véu”, (editado no
início do século passado apresenta a idéia das regiões inferiores e superiores do
Céu).
6. Andrew Jackson Davis, em “Views Off Our Heavenly Home”, relata
suas visitas a alguns planos, onde viu lagos, rios, montanhas, crianças,
homens, mulheres, animais e vegetação.
63
20. Por volta de 1925 começaram a surgir no Brasil obras ditas mediúnicas,
escritas sob a técnica das narrativas romanceadas, cujas cenas descrevem
locais em forma de cidades também chamadas de colônias, como se existentes
do outro lado da vida, ou no “além”, como preferem muitos.
21. Essas narrativas romanceadas são escritas de três maneiras: pelos Espíritos,
através de médiuns psicógrafos; por encarnados que, ouvindo os Espíritos
falarem através de médiuns psicofônicos; ou por encarnados que alegam ter
visitados esses locais “no espaço”, após terem entrado em “transe
pronunciado”, e que retornando após essas visitas escrevem o que viram e
ouviram.
22. Por outro lado, existem também livros que são escritos por autores que alegam
ter participado de reuniões especiais em que os chamados “médiuns”, em
processos de desdobramento, entram em relação com esses locais (cidades e ou
colônias) e, ao retornarem, relatam esses acontecimentos, que são registrados
por terceiros.
23. Esses enredos envolvem, em sua maioria, peripécias humanas transfiguradas
para uma suposta “realidade espiritual”.
24. São livros que caem no gosto popular, tendo em vista a tendência natural do
povo brasileiro às novelas, dramas e contos. As fortes cargas de emoções
produzidas nesses trabalhos atingem em cheio às características de provações e
expiações a que se acham os Espíritos que fazem parte da humanidade da
Terra. Sentimentos de ódio, amor, vingança, egoísmo, inveja e indiferenças são
carreados pelos autores que dão vida aos seus personagens que, vividos na
imaginação dos leitores, assumem as semelhanças dos homens. Os
personagens dos romances mediúnicos, nas páginas dos livros, possuem
sangue, nervos, músculos e ossos e, além de tudo, os nossos sentimentos.
25. De onde provém essa tendência de descrever lugares e acontecimentos no
além? Kardec afirma que tendência existe só na imaginação do homem, que
por não entender a essência das coisas, impõe-se em materializá-las e
circunscrevê-las.
26. Existem espíritos de animais no “alem”?
Essa questão ficou resolvida doutrinariamente pela resposta dada pelos
Espíritos à pergunta feita por Kardec, e que consta do capítulo 25 de “O Livro
dos Médiuns”.
Trata-se de um extenso capítulo que examina o assunto das “evocações”, onde
o codificador aproveitou para incluir o maior número possível de questões
relativas ao tema. No item 183, intitulado: “Evocações dos Animais”, Kardec
pergunta: 36a Pode evocar-se o Espírito de um animal?
64
Resposta: Depois da morte do animal o princípio inteligente que
nele havia, se acha em estado latente e é logo utilizado, por certos
Espíritos incumbidos disso, para animar novos seres, em os quais
continua ele a obra de sua elaboração. “Assim, no mundo dos
Espíritos, não há errantes, Espíritos de animais, porém
unicamente Espíritos humanos”.
Atentemos bem para a resposta: “Assim, no mundo dos Espíritos, não
há errantes Espíritos de animais, porém unicamente Espíritos
humanos”.
27. Existem, no estado de erraticidade, Espíritos de crianças?
(Existem crianças no mundo dos Espíritos?).
Kardec também estudou este assunto ao formular duas questões. A primeira,
no O Livro dos Espíritos, com a pergunta nº199-A, cuja resposta é breve,
porém a nota é longa, razão pela qual deixaremos de transcrevê-la aqui,
pedindo aos interessados que reportem àquela obra. A Segunda pergunta
encontra-se no O Livro dos Médiuns e esta mais ligada ao assunto deste
capítulo: item 282, pergunta 35: “Como o Espírito de um menino, morto
em tenra idade, pode responder sem conhecimento de causa,
quando então, como vivo, não tinha consciência de si próprio?”.
Resposta: “A alma do menino é um Espírito ainda envolvido nas
faixas da matéria; mas desembaraçado da matéria, goza agora
das faculdades do Espírito, porque os Espíritos não tem idade; isso
prova que o Espírito do menino já viveu. Contudo, até que esteja
completamente desembaraçado, pode conservar em sua
linguagem alguns traços de caráter infantil”.
Nota de Kardec: “A influência corporal que se faz sentir mais ou
menos por muito tempo sobre o Espírito da criança, se faz
igualmente notar no Espírito daqueles que morreram em estado de
loucura. O Espírito, por si mesmo não é louco, mas sabe-se que
alguns Espíritos acreditam, durante algum tempo, estar neste
mundo; não é de admirar, portanto, que no louco, o Espírito se
ressinta dos entraves que, durante a vida, se opunham à sua livre
manifestação até que ele esteja completamente libertado. Este
efeito varia segundo as causas da loucura, porque há loucos que
recuperam toda a lucidez de idéias imediatamente depois da
morte”.
28. No livro Doutrinação, Herculano Pires escreveu o seguinte (página 77): “As
manifestações de Espíritos recem-desencarnados ocorreu com
freqüência nas sessões destinadas ao socorro espiritual. Revelam
logo o seu estado de angustia ou confusão, sendo facilmente
identificáveis como tal. Muitas vezes são crianças o que provoca
estranheza, pois parecem desamparadas. Quando esses Espíritos
65
se queixam de frio, pondo à vezes o médium a tremer, com as
mãos geladas, é porque estão ligados mentalmente ao cadáver. Se
o doutrinador disser cruamente que morreram ficam mais
assustados e confusos”.
29. Na página 79, do mesmo livrinho “Doutrinação” Herculano acrescenta:
“Quanto às manifestações de crianças que são consideradas como
Espíritos pertencentes a legiões infantis de socorro e ajuda. O
doutrinador não deve deixar-se levar por essa aparência, mas
doutrinar o Espírito para que ele retome com mais facilidade a sua
posição de adulto, o que depende apenas de esclarecimento
doutrinário. As correntes de crianças que se manifestam nas
linhas de Umbanda e outras formas de mediunismo popular são
formadas por Espíritos que já são capazes de ser encaminhados
como Espíritos adultos no plano espiritual. Se lhes dermos atenção
continuarão a manifestar-se dessa maneira, entregando-se a
simulações que, embora sem intenções malévolas, prejudicam a
sua própria e necessária reintegração na vida espiritual de
maneira normal. Esses Espíritos, apegados à forma carnal em que
morreram (como crianças) entregam-se a fantasias e ilusões que
lhe são agradáveis, mas que, ao mesmo tempo, os desviaram de
suas obrigações de após morte”.
30. Existe o Umbral?
O termo Umbral, vem de umbra, “à parte mais escura das sombras
solares, que constitui a região mais central dessas manchas”
(Dicionário).
31. Umbral significa. Limiar, entrada, ou ainda, soleira da porta.
A idéia de zonas umbralinas não é espírita. Trata-se de ensinamento
esotérico muito antigo que nada tem a ver com a doutrina espírita.
32. O termo umbral aparece em diversas obras tidas como espíritas, nas quais
cada autor inclui seu pensamento pessoal e não da doutrina.
33. No romance “Nosso Lar”, obra de ficção, André Luiz inclui um capítulo
intitulado “O Umbral”, salientando no texto que “as referências a
Espíritos do umbral mordiam-me a curiosidade. A ausência de
preparação religiosa, no mundo, dá motivos a dolorosas
perturbações. Que seria o umbral? Conhecia apenas a idéia do
inferno e do purgatório, através dos sermões ouvidos nas
cerimônias católico-romanas a que assistira obedecendo a
preceitos protocolares. Desse umbral, porém nunca tivera
notícias”.
66
34. Do diálogo entre André Luiz e Lizias, os personagens criados pelo autor,
para provocar o impacto emocional nos leitores, se depreende a força da
imagem por ele criada: “- O umbral – continuou ele, solicito – começa
na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não
resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de
cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos
erros numerosos...”.
35. “... o umbral funciona, portanto, como região destinada a
esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona
purgatorial, onde se queima a prestações, o material deteriorado
das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o
sublime ensejo de uma existência terrena...”.
36. Parece-nos o suficiente para compreender que o autor refere-se ao estado
íntimo dos seres. Toda narrativa, entretanto, tem que se passar em algum lugar
material. E é a partir dessa necessidade que ele criou a zona purgatorial, o
que não apenas confundiu os incautos, mas também sugeriu um local
circunscrito no além, o que verdadeiramente não existe.
37. Com a finalidade apenas de dar uma idéia aos nossos pacientes leitores, dos
resultados da criação de imagens romanceadas, citaremos o fato de que,
após a publicação desse romance de André Luiz, inúmeros outros autores se
dignaram ultrapassar os limites da extravagância literária. O livro do nosso
companheiro Edgar Armond, intitulado “Desenvolvimento Mediúnico”, é
um claro exemplo. Nesse opúsculo, o autor, tecendo considerações (página 71,
3º edição) sobre “Esferas do Astral”, assim se refere: “Qualquer destes
trabalhos de adestramento e de aprimoramento, exige na prática,
quase sempre, emprego de vidência, incorporação,
desdobramento e conhecimentos um pouco mais de trabalhos das
regiões inferiores e médias do umbral terrestre. Essas regiões
compreendem: 1) – as esferas das trevas, na sub-crosta; 2) – as
esferas do umbral inferior: 3) – as esferas do umbral médio”.
38. A imaginação de Armond segue mais longe, quando deseja explicar cada uma
dessas “esferas” (pág. 72): “1. Esferas das trevas: são várias e se
contam a partir da crosta terrestre para baixo. Desce-se através de
centenas de quilômetros, podendo-se verificar que os cenários
variam não só no aspecto físico, como nos seres que os habitam.
Os habitantes que, no princípio, eram seres humanos retidos em
covas, poços, grutas, corredores, furnas escuras, vão se
apresentando cada vez mais rudimentares e degenerados,
enquanto que os ambientes vão ficando cada vez mais desertos
mais quentes e asfixiantes, abaixo de cem quilômetros vão
surgindo espaços mais vazios, habitados por seres disformes e
monstruosos, que se locomovem lentamente nas sombras e logo
depois, seres quase sem forma humana, olhos vermelhos como
67
brasas, que se arrastam como répteis, pelo chão pedregoso e
quente, formando grupos mais ou menos numerosos...”.
39. Convenhamos, amigos, isso não é doutrina espírita. Isso é terrorismo
espiritual!
40. Jesus, como se sabe fez referências, ao céu e ao inferno, mas não como
localidades no Universo, e sim, como estados íntimos de cada criatura.
Entretanto, a Igreja Católica, além de criar locais geográficos do céu e do
inferno, criou também o Purgatório.
41. O espiritismo não adota as imagens do céu, do inferno e do purgatório, mas em
compensação criaram o umbral.
42. Sugerimos a leitura de “O Céu e o Inferno” de Allan Kardec, para dirimir
qualquer sombra de dúvida a respeito.
43. Conclusão do capítulo.
A existência de cidades e colônias no chamado impropriamente de “mundo dos
Espíritos” é uma fantasia criada para enredos de novelas e romances, e
também as referências feitas por Espíritos que sem o devido conhecimento da
realidade, pensaram estar vendo e sentindo “do outro lado”, o que vêem e
sentem “deste lado”.
Os Espíritos sérios, que foram responsáveis pelos ensinos que compõem o
corpo doutrinário do espiritismo disseram exatamente o contrário, afirmando
que não existem colônias e cidades no além.
Com quem está a verdade? Com as obras de Kardec ou com os escritores de
novelas e romances. Parece-nos, que sobre isso não há dúvidas. Entretanto,
para justificar essas inclusões indevidas, alega-se que esses escritos
romanceados “atualizam os dados colhidos por Kardec”, complementando a
doutrina.
O que significa completar ou complementar?
Com certeza significa acabar ou completar o que não se encontra terminado,
pronto. Ora, quando se escreve algo que contraria o que havia sido escrito
anteriormente, no corpo doutrinário do espiritismo, não pode ser considerado
como contribuição ou complemento doutrinário.
44. O mais impressionante disso tudo é que os que assim agem alegam com a
maior naturalidade do mundo que “Allan Kardec não disse tudo e que ele
próprio escrevera que se a ciência demonstrasse estar o espiritismo
em erro sobre determinado ponto, a doutrina corrigiria esse
68
ponto”. Observemos bem, a ciência e não interpretações pessoais e
passíveis de equívocos maiores.
45. Sobre esse tema de complementação da doutrina, ou correção de seus enganos,
erros e desvios, desejamos lembrar que Allan Kardec escreveu com todas as
letras que “o espiritismo é inamolgável em seus princípios
fundamentais, porque esses princípios encontram-se sustentados
nas leis universais”.
46. O codificador diz claramente que: “Interrogamos aos milhares,
Espíritos que na Terra pertenceram a todas as classes da
sociedade, ocuparam todas as posições sociais; estudamo-los em
todos os períodos da vida Espírita, a partir do momento em que
abandonaram o corpo; acompanhamo-los passo a passo na vida
de além-túmulo, para observar suas idéias, nos seus
sentimentos”... (Questão 257 de O Livro dos Espíritos)
47. Excetuando-se os romances espíritas, que não possuem nenhuma responsabilidade
com os ensinos da doutrina, e que simplesmente atuam no campo da emoção e não
da razão, as demais obras que se propõem examinar a situação dos Espíritos, em
estado de erraticidade, e que afirmam a existência de cidades e colônias no além,
atribuímos tal posição ao desconhecimento do que contém as obras da codificação.
69
Décima Terceira Aula:
Tema: Influência dos Espíritos em Nossa Vida.
1. A Humanidade da Terra, assim como de qualquer dos mundos habitados, é
formada por Espíritos encarnados e Espíritos desencarnados.
2. Cada planeta tem o seu objetivo para atender as necessidades dos Espíritos às
ele ligados. A Terra é um planeta de provas e expiações, portanto um mundo
ainda imperfeito moral e intelectualmente.
3. Encarnados e desencarnados se misturam, de acordo com a afinidade de
gostos, temperamentos, pensamentos, interesses e assim por diante.
4. O título influência dos Espíritos em nossa vida diária, a rigor, deve ser
substituído para: “Interinfluência entre os Espíritos encarnados e
desencarnados”.
5. O estudo espírita sobre o assunto encontra-se no capítulo IX de O Livro dos
Espíritos: “Da intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal”, onde
Kardec examina a questão relativa à facilidade dos Espíritos, de penetrar os
nossos pensamentos. Do estudo das perguntas feitas pelo codificador, podem
extrair ótimos ensinamentos:
Questão 456: “Vêem os Espíritos tudo o que fazemos”?
Resposta: “Cada um, porém, só vê aquilo o que dá atenção. Não se
ocupam com o que a eles é indiferente”.
Questão 457: “Podem os Espíritos conhece os nossos mais secretos
pensamentos”?
Resposta: “Muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar
de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos se lhes podem
dissimular”.
Sub-pergunta feita por Kardec: “Assim, mais fácil nos seria ocultar de
uma pessoa viva qualquer coisa, do que a esconder dessa mesma
pessoa depois de morta”?
Resposta: “Certamente. Quando vos julgais muito ocultos, é comum
terdes ao vosso lado uma multidão de Espíritos que vos
observam”.
Questão 458: “Que pensam de nós os Espíritos que nos cercam”?
Resposta: “Depende os levianos riem das pequenas partidas que vos
pregam e zombam das vossas impaciências. Os Espíritos sérios se
condoem dos vossos revezes e procuram ajudar-vos”.
70
Questão 459: Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em
nossos atos?
Resposta: “Muito mais do que imaginais, influem a tal ponto que de
ordinário são ele que vos dirigem”.
6. Na questão 525 do mesmo livro de Kardec, o assunto tende a ampliar-se!
“Exercem os Espíritos algumas influências nos acontecimentos da
vida”?
Resposta: “Certamente, pois que vos aconselham”.
Sub-Pergunta: Exercem essa influência por outra forma que não
apenas pensamentos que sugerem, isto é, têm ação direta sobre o
cumprimento das coisas?
Resposta: “Sim, mas atuam fora das leis da natureza”.
7. Conforme o que já estudamos neste curso, os homens e os Espíritos
encontram-se ligados pelos laços do pensamento.
8. Após a desencarnação, os Espíritos ficam ligados ao mundo material, de
acordo com o grau de seus interesses e necessidade. Os mais ligados às pessoas
e às coisas materiais intensificam a participações no dia-a-dia dos encarnados.
9. A ligação, portanto, que ocorre entre os encarnados e os desencarnados, é feita
através dos pensamentos.
10. Para que essa ligação possa ser efetivada, são necessárias, três fases: a)
sintonia; b) aproximação e, c) envolvimento.
11. Se o encarnado for médium ostensivo (ver a aula nº10), ocorre a quarta fase
que é a da manifestação, que pode ser sutil até o que fica bem patenteada.
12. Muitos atos dos seres humanos possuem uma forte carga da influência e
manifestação de Espíritos.
13. Como se sabe quando o pensamento é do encarnado ou
desencarnado?
1º - O primeiro pensamento é conseqüência da vontade do encarnado; vontade
em querer realizar algo; de precisar realizar algo, face as suas necessidades.
2º - Os pensamentos seguintes podem ser os sugeridos pelos Espíritos, com quem
os encarnados encontram-se ligados.
14. Quando nasce uma idéia espontânea, clara, resultado natural, um
pressentimento, por exemplo, a isso se chama de intuição. A intuição é
produto de todos es experiências e conhecimentos anteriores do Espírito
encarnado.
71
A inspiração é resultado da influência do desencarnado. O encarnado tem a
impressão que ouve uma voz que lhe fala interiormente. É só uma impressão.
15. Por que os Espíritos influenciam as pessoas?
a) Para pedir, solicitar alguma coisa;
b) Para auxiliá-los na solução de problemas;
c) Para assustá-la, perturbá-las;
d) Para prejudicá-las moralmente, causando-lhes dificuldades e embaraços na
vida;
e) Para se vingarem.
16. Como se livrar da influência de Espíritos perturbadores:
1º Sendo forte de maneira que nada possa perturbar a paz interior;
2º Pensando e falando somente sobre coisas boas, como saúde, felicidade e
prosperidade;
3º Falar sempre das coisas superiores que existe nas pessoas com quem se conversa;
4º Observar o lado positivo e generoso das pessoas, coisas e animais;
5º Fazer com que o otimismo se torne realidade;
6º Pensar o melhor, falar sobre o melhor e fazer somente o melhor;
7º Avaliar os erros do passado e preparar melhor as realizações do futuro;
8º Sentir entusiasmo pelo sucesso alheio, como se fosse o seu próprio sucesso;
9º Substituir a crítica ao comportamento alheio pelo elogio;
10º Ser grande na contrariedade, nobre na cólera, forte no temor, alegre nas
provações;
11º Aprender a fazer um bom juízo de si mesmo;
12º Dedicar o que há de melhor de si mesmo às obras humanitárias;
13º Ligar-se permanentemente ao Espírito protetor.
Confiança!
Certeza!
Convicção!
72
Décima Quarta Aula:
Tema: A Ação dos Espíritos nos Fenômenos da Natureza.
1. A crença na influência a ação de Espíritos sobre os Fenômenos da Natureza
vem de eras muito antigas na história da humanidade.
2. Povos do passado mantinham essa crença, inclusive, em suas histórias
mitológicas, onde cuidavam das coisas da Natureza.
 Deus da chuva;
 Deus do Sol;
 Deus da noite;
 Deus das plantações;
 Deus das tempestades;
 Deus dos raios;
 Deus das vegetações
 Deus das águas, etc.
3. Essas divindades mitológicas tinham, conforme se pode examinar, atribuições
especiais. A mitologia dos antigos, assim, se fundava na crença (ou
conhecimento inicial) da ação dos espíritos sobre os fenômenos da natureza.
4. Allan Kardec, estudando todos os assuntos de ordem espiritual, examinou o
tema, propondo questões relevantes aos espíritos orientadores da Doutrina.
Inicialmente, indagou se os chamados grandes fenômenos naturais, os que são
capazes de provocar grandes perturbações nos elementos geológicos eram
fortuitos ou se indicavam um fim providencial, como por exemplo, se eram
úteis aos homens. A resposta inicia a posição doutrinária do espiritismo sobre
o assunto: “Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a
permissão de Deus”.
5. Desse capítulo de “O Livro dos Espíritos”, que é básico para a compreensão do
assunto (Cap. IX – Questão 536), a seqüência encontra-se em “A Gênese”,
conclui-se que:
1º - Deus não se entrega a uma ação direta sobre a Natureza, mas tem seus
“agentes dedicados”. Em todos os graus e escala dos mundos.
2º - Esses “agentes dedicados” são os espíritos responsáveis, que dirigem os
fenômenos da Natureza.
73
3º - Que existem Espíritos que dirigem, coordenam e outros que executam
suas ordens, promovendo esses fenômenos. Os fenômenos geológicos, por
exemplo, que ocorrem para acomodações no interior da Terra, são dirigidos
e executados por espíritos dos mais variados graus da escala espiritual. Não
existem, entretanto, espíritos que habitam o centro interior do Planeta,
como imaginam equivocadamente algumas pessoas.
6. O raciocínio lógico para comprovar a ação dos espíritos nos dominados
fenômenos é o de que, sendo a matéria inerte, não tendo vida própria,
sentimento, pensamento e de que, não se entregando Deus a uma ação direta
sobre a Natureza, a execução das Leis para a realização desses fenômenos
somente pode ter como agente o Elemento Espiritual.
7. Em “A Gênese”, no capítulo I, item 18, Allan Kardec esclarece bem o assunto,
afirmando: “A Ciência moderna abandonou os quatro elementos
primitivos dos antigos e, de observação em observação, chegou à
concepção de um só elemento gerador de todas as transformações
da matéria; mas, a matéria, por si só, é inerte; carecendo de vida,
de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao principio
espiritual. O Espiritismo não descobriu, nem inventou este
princípio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas
inconcussas, a existência; estudou-o, analisou-o e tornou-lhe
evidente a ação. Ao elemento material, juntou ele o elemento
espiritual. Elemento material e elemento espiritual, esses os dois
princípios, as duas forças vivas da Natureza. Pela união
indissolúvel deles, facilmente se explica uma multidão de fatos até
então inexplicáveis”.
“Apesar da parte que cabe à atividade humana na elaboração
desta doutrina, a sua iniciativa pertence aos espíritos, mas não é
constituída pela opinião pessoal de cada um deles; ela não é nem
pode ser, senão o resultado de seu ensinamento e concorde.
Somente por essa condição, ela pode dizer-se a doutrina dos
espíritos, senão, seria apenas a doutrina de um espírito e não teria
mais valor que o de uma opinião pessoal”.
“... todo princípio que não recebeu a consagração do assentimento
da generalidade não pode ser considerado parte integrante desta
doutrina, mas simples opinião isolada da qual o espiritismo não
pode assumir a responsabilidade”.
(Allan Kardec, a Gênese, Introdução).
74
Conclusão
O professor Rivail nasceu há duzentos anos.
Seu nome completo era Hippolite Leon Denizard Rivail, mas era chamado
simplesmente de professor Rivail.
Trabalhou incansavelmente pela Educação da infância e da juventude da França,
seu país. Escreveu obras sobre Educação e fez propostas públicas sobre métodos de
Educação.
Aos cinqüenta anos de idade a convite de um amigo, inicia um estudo novo em sua
vida: investiga fenômenos envolvendo a manifestação de Espíritos, através de
veículos humanos, a que deu posteriormente o nome de médiuns.
Constatada cientificamente a evidência de tais fenômenos, por métodos de
observação, experimentação e controle, apresenta o resultado dessas atividades,
publicando, em 1857 uma obra intitulada: O Livro dos Espíritos, seguida de
mais quatro obras de imenso valor filosófico, científico e de conseqüência moral.
A partir de 1857, inicia o professor Rivail, adotando o pseudônimo de Allan Kardec,
um grande movimento cultural de libertação espiritual, pelo conhecimento da
realidade do Espírito.
O movimento cresce rapidamente e o número de simpatizantes e participantes, em
todo o planeta, é incalculável. Somente no Brasil, na atualidade existe mais de doze
mil instituições espíritas, sendo estimado (não pelo censo oficial) o número de
trinta e cinco milhões de simpatizantes e adeptos.
Dissemos que Kardec utilizou o método científico para realizar o seu trabalho, o que
equivale dizer, agiu sempre com o crivo da razão e da lógica.
A razão e a lógica foram instrumentos para a experimentação, observação e
conclusão desse trabalho. O objetivo das investigações de Kardec foram os
Espíritos, seres inteligentes e independentes, que se comunicaram em reuniões
especialmente organizadas para essa finalidade.
Os Espíritos, ao se comunicarem, testemunharam, através da mediunidade, três
realidades: imortalidade, reencarnação e comunicabilidade com os “vivos”.
Kardec manteve o tempo todo o senso crítico para dialogar com os Espíritos. Em
momento algum a emoção substituiu a razão. Perguntou, ouviu, questionou,
analisou, contatou e dissertou o respeito dos temas propostos.
Allan Kardec adotou o pensamento e a postura dos filósofos que trabalharam com a
razão, como Sócrates (com sua Maiêutica); Platão (com a Dialética); Aristóteles
75
(com o senso científico); Rosseau (filosofia da Educação); Pestalozzi (teoria na
prática educacional) e Descartes (raciocínio metódico).
Seguindo a linha do Racionalismo, Kardec colocou o espiritismo no caminho das
ciências, inaugurando uma adaptação dos métodos de investigações científicas
comuns, a analise das comunicações dos Espíritos com os homens:
a. A experimentação séria, rigorosamente isenta de qualquer animo, inclusive,
idéias pré-concebidas;
b. A observação meticulosa, com controle, anotações e registros;
c. Novas experimentações a partir dos resultados obtidos;
d. Formulações de hipóteses;
e. A novas experimentações o observações;
f. A conclusão e enunciado dos resultados.
Após o desencarne de Kardec, em 1869, as atividades espíritas da França e dos
demais países, sofreram com o impacto da ausência de seu ponto de referência.
Os Espíritos continuaram, apesar da partida do Mestre, a realizar o trabalho de
comunicação, em grande escala, em diversas partes da Terra.
Devido aos conflitos e guerra da Europa, as atividades espíritas floresceram nas
Américas, principalmente no Brasil, sob a influência do catolicismo.
Facilitada pelo fértil aculturamento religioso, a atividade espírita recebeu o
fenômeno do sincretismo com as práticas da umbanda da África e com as do
catolicismo, de onde nasceu o continuum mediúnico afastado do estudo e da
ciência de observação.
Mesclada pelo misticismo religioso da igreja e das práticas do mediunismo
primitivo das tribos dos Bantus aqui do Brasil, a doutrina se desenvolveu
muito mais no campo das emoções evangélicas, do que propriamente pelo estudo
sistemático e pela pesquisa de caráter científico.
Desde os tempos da Corte Imperial no Rio de Janeiro, a partir de 1870, os católicos
descendentes ou originários de Portugal, ao assimilarem os ensinos do espiritismo,
toldaram-nos com as tinta do misticismo religioso, criando, na prática, um sentido
evangélico nas práticas espíritas.
E foi formado no Brasil, o evangelismo espírita, totalmente contrário ao
movimento iniciado por Allan Kardec.
76
Três são as vertentes das atividades espíritas no Brasil, e que começam a ser
exportadas para outros países: do racionalismo; do misticismo e do evangelismo.
A primeira vertente o racionalismo segue as linhas claras e seguras do codificador;
a segunda vertente (misticismo) segue as correntes do pensamento esotérico,
conduzidas mais pela emoção do que pela razão, no simbolismo das idéias teóricas
e práticas: a terceira vertente (Evangelismo) segue as influências das correntes
evangélicas, promovendo a idéia de “um só rebanho para um só pastor”,
voltando-se não para o Jesus Histórico, mas para o Jesus lendário do catolicismo.
Os Espíritas conscientes e convictos, procuram, entretanto, fazer com que o
Movimento Espírita retorne às origens do pensamento social de Kardec.
A única maneira de fazer frente ao movimento dos espíritas místicos e ou
evangélicos é despertar a consciência de todos para a importância do trabalho de
Allan Kardec. A razão deve estar à frente do Movimento Espírita, pois a emoção
desperta a paixão e a paixão cega à razão, como dizia o codificador.
Estudar as obras de Kardec, para entender e compreender,
compreender para servir melhor à Humanidade.
Milton Felipeli
Rua Arumatéia, 422, São Paulo-SP, Brasil.
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