PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO CLARO SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO REORIENTAÇÃO CURRICULAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE RIO CLARO VERSÃO PRELIMINAR OUTUBRO DE 2008 OS TEMPOS... E ESPAÇOS... DA CRIANÇA Desenho de criança – trabalho com artes plásticas Prefeito de Rio Claro Dermeval da Fonseca Nevoeiro Júnior Secretário Municipal de Educação Gunar W. Koelle Diretora do Departamento Pedagógico Cândida Maria Belato Catelani COMISSÃO RESPONSÁVEL PELO DOCUMENTO1 COORDENADORA DA COMISSÃO Cândida Maria Belato Catelani ASSESSORA ESPECIAL DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO Clarice Barthmann Andrade ESPECIALISTAS Daniela Geniseli Calore Jeferson Mello Souza Ligia Bueno Zangali Carrasco Maria Aparecida Loureiro de Souza Maria Helena Papesso Gimene Marina Nuñes Chiode Bueno Marinete Belluzzo Luccas Mércia Aparecida Vianna Galavotti Valéria Ap. Vieira Velis PROFESSORES Bianca Tavares Barraca Cristina M. Costa G. Piccoli Gilvaneide Nonato de Sá Gislaine dos Santos Silva de Carvalho Jackeline Santana Gonçalves Lucimara Reis da Silva de Oliveira Maurício de Campos Rosângela Ap. Vitti Priori Samira Lautenschleger de Souza 1 Portaria SME nº 006 de 9 de outubro de 2007, que designou os profissionais relacionados para comporem comissão para reorganização curricular da Rede Municipal de Ensino de Rio Claro. COLABORADORES Alessandra Aparecida Cain Cláudia Rosângela Aparecida Ribeiro Cecarelli Cleide Barbugian Borges Divanir Routh de Souza Gonçalves de Oliveira Ellen Jane Bortolin Elisângela Maria Pereira Schimonek Lucília Pereira da Silva Camargo Barros Rebeca Clélia Cardoso Guimarães Rosana Cristina Seixas Furtado Cupido Teresa Sayuri Miiji e... Todos os educadores da Rede Municipal de Ensino de Rio Claro. Professores Protetores das crianças do meu país Eu queria, gostaria De um discurso bem mais feliz Porque tudo é educação É matéria de todo o tempo Ensinem a quem sabe tudo A entregar o conhecimento Na sala de aula É que se forma um cidadão Na sala de aula Que se muda uma nação Na sala de aula Não há idade, nem cor Por isso aceite e respeite O meu professor Lecy Brandão Fonte: Arquivo Secretaria Municipal, 2008. MENSAGEM DO SECRETÁRIO A Secretaria Municipal da Educação encaminha este documento intitulado “Reorientação Curricular” aos professores do Ensino Fundamental e da Educação Infantil, gestores, monitores e demais atores do processo educativo, resultado de reflexões e discussões acerca das questões referentes à infância, ao currículo e às práticas educativas que nortearão o pensar e o agir dos profissionais envolvidos na trajetória dos educandos de nosso município. Gunar Wilhelm Koelle Secretário Municipal da Educação APRESENTAÇÃO “Quando nada parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha talvez cem vezes sem que uma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela a que conseguiu, mas todas as que vieram antes.” (Jacob Reis) A Reorientação Curricular da Rede Municipal de Ensino de Rio Claro se fez necessária, pois a escola tem sido pressionada a assumir novas funções e a recuperar alguns de seus atributos clássicos. Torna-se imprescindível hoje planejar uma Escola voltada para a formação plena da cidadania e para a incorporação da cultura como processo de humanização, que vive a construção de um projeto local que não somente ofereça informação, mas que, de fato, construa conhecimentos. Deverão ser articulados conhecimento e cultura, à tradição e à contemporaneidade; conhecimento e cultura capazes de formar e instruir, educar e preparar para a vida em sociedade. Este documento vislumbra a possibilidade de uma escola que efetivamente garanta o acesso, a permanência e o sucesso de todos. Agradeço e parabenizo a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram neste processo. Cândida Maria Belato Catelani Diretora Pedagógica Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008. Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão E se fartar de pão Decepar a cana Recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel Se lambuzar de mel Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra, a propícia estação E fecundar o chão Milton Nascimento e Chico Buarque. Que a educação seja para nós, educadores, motivo de: forjar em nossos educandos o milagre da aprendizagem... nos fartarmos de conhecimento... nos lambuzarmos da doçura do viver junto... participarmos da fecundação plena dos saberes... Sumário INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 09 1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO EM RIO CLARO................................................................. 13 2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................................. 2.1 O Surgimento do Termo Infância............................................................................................... 2.2 O Contexto Social e a Educação: Concepções Teóricas…...................................................... 2.2.1 Século XVII........................................................................................................................ 2.2.2 Século XVIII....................................................................................................................... 2.2.3 Século XIX......................................................................................................................... 2.2.4 A Educação no Século XX................................................................................................ 2.2.5 A Criança e sua Contemporaneidade............................................................................... 2.3 O Desenvolvimento Humano.................................................................................................... 2.3.1 Contribuições de Jean Piaget........................................................................................... 2.3.2 Contribuições de Lev Vygotsky......................................................................................... 2.3.3 Algumas Considerações Sobre As Teorias Do Desenvolvimento Humano Apresentadas..................................................................................................................... 2.4 A Construção do Conhecimento................................................................................................ 2.5 Cultura, Diversidade Cultural e Currículo.................................................................................. 2.6 Qualidade na Educação X Formação do Educador.................................................................. 2.7 A Relação Professor-Aluno e o Processo Ensino-Aprendizagem............................................ 2.7.1 A Participação da Família neste Processo........................................................................ 2.7.2 Cuidar, Educar e Brincar: a Base do Trabalho para com a Infância................................. 2.7.3 O Brincar no Ensino Fundamental: Uma Prática Transformadora.................................... 2.7.4 Metodologia....................................................................................................................... 2.7.5 Letramento e Alfabetização.............................................................................................. 2.8 Necessidades Educacionais Especiais .................................................................................... 20 20 24 24 25 25 26 28 29 29 35 37 38 43 45 49 52 52 54 56 57 59 3. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS: IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS............................................................................................................................... 3.1 Organização Do Tempo............................................................................................................ 3.1.1 Rotina................................................................................................................................ 3.2 As Estruturas Didáticas e as Modalidades Organizativas......................................................... 3.3 Organização do Espaço e dos Materiais................................................................................... 3.4 A Importância do Registro para uma Prática Reflexiva............................................................. 3.4.1 Registro Reflexivo e Fichas Avaliativas de Aprendizagem................................................ 3.5 Conteúdos a serem Trabalhados na Educação Infantil............................................................. 3.5.1 Zero a Três Anos............................................................................................................... 3.5.2 Três a Cinco Anos.............................................................................................................. 3.6 Orientações Didáticas para o Trabalho de Educação Ambiental.............................................. 3.7 Orientações Didáticas no Ensino Fundamental de 9 Anos........................................................ 63 65 65 66 76 81 82 85 85 87 93 96 4. AVALIAÇÃO..................................................................................................................................... 4.1 A Avaliação na Educação Infantil.............................................................................................. 4.2 O Portfólio.................................................................................................................................. 4.3 As Fichas de Avaliação............................................................................................................. 113 117 118 119 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................. 121 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................... 123 9 INTRODUÇÃO Na intenção de contribuir para a qualidade do Ensino da Rede Municipal de Rio Claro frente às novas mudanças conceituais trazidas pela ampliação do ensino de oito para nove anos, a Diretoria Pedagógica da Secretaria Municipal da Educação, percebe a necessidade e propõe uma discussão ampla em toda a rede. Este documento é o resultado desse processo e espera contribuir para o direcionamento do trabalho didático-pedagógico, bem como suscitar constantes reflexões de nossos educadores. A Lei 11.114 de 16 de maio de 2005 que alterou a duração obrigatória do ensino fundamental de oito anos para nove anos, impõe a necessidade da discussão sobre a implantação do “Ensino Fundamental de nove anos”. Em novembro de 2006 a Diretoria Pedagógica é chamada pelo MEC para participar do seminário intitulado “Currículo em Debate”, realizado em Brasília, contando com a participação de secretários de educação, diretores de secretaria, conselhos de educação, etc., para, a partir de um documento referência (Indagações sobre o Currículo), elaborado por autores renomados como Miguel G. Arroyo, Elvira Souza Lima, entre outros, repensar o currículo das escolas. Voltando desse encontro a Diretoria Pedagógica, então, estabeleceu uma dinâmica para dar início a esse processo de discussão. Dividiu-se as escolas em grupos de estudo organizados por critérios como tipo de atendimento e proximidade, para que a partir do documento referência discutissem com os educadores seus princípios. Para tanto, houve perguntas norteadoras. A cada encontro com os grupos cada Unidade Educacional entregou um relatório das discussões ocorridas. Tendo como referência o conceito de currículo embasado nas teorias críticas e pós-críticas, os grupos passaram, então, a refletir sobre aspectos como: quem são nossos educandos? O que eles precisam saber frente às mudanças ocorridas? Que conteúdos são necessários para alcançarmos os objetivos propostos? Que avaliação faremos? Diante dos relatórios apresentados, no que se refere ao diagnóstico dos alunos, a Rede Municipal de Educação de Rio Claro fez uma análise e posterior 10 reflexão acerca de quem são seus educandos. Após leitura dos documentos e registros encaminhados à SME pôde-se verificar que a indagação trouxe à luz algumas concepções sobre infância, sobre sujeito e sua aprendizagem. São elas: Os educadores da Educação Infantil, de modo geral, vêem o educando como indivíduo curioso, participativo, esperto, ativo, com inúmeras expectativas, que constrói seus próprios conhecimentos. Neste sentido, as falas revelam um sujeito dinâmico, alegre, que cria e recria, que experimenta, que tem disposição para aprender, que traz bagagens significativas das diferentes experiências, um ser pensante, aberto, que busca seu lugar na sociedade. Há ainda a preocupação com o sujeito e sua singularidade, um respeito às suas necessidades básicas, ao direito de brincar, de ser cuidado e amado. Assim, algumas falas remetem ao indivíduo que mesmo disposto a aprender, ainda denota insegurança, fragilidade, dependência. É revelada, também, a preocupação com os tempos de cada criança, suas reais possibilidades e necessidades de ter boas referências para sua formação social. No universo de educadores que trabalham no Ensino Fundamental surge a visão de um indivíduo mais crítico, questionador, esperto, em constante formação, que constrói conhecimento social, emocional e cultural. Dentro desta perspectiva apresenta-se um educando que se inter-relaciona com o meio, tem acesso à TV, Internet, jornais, etc, ampliando sua forma de entendimento e comunicação com o mundo. Assim, estudantes/educandos são co - autores de suas aprendizagens, pois participam ativamente do processo, ampliando o seu universo cultural. Há uma preocupação ainda com relação aos avanços tecnológicos, os tempos “acelerados” da infância que tendem a interferir no desenvolvimento natural dos educandos já que são inseridos muito cedo no “mundo dos adultos”, sem possibilidades de escolhas na maioria dos casos. Assim, crianças tentam interpretar imagens, cenas do cotidiano sem conseguir transformá-las em representação, por isso ficam angustiadas com o desconhecido, vão passando pelas experiências sem profundidade e entendimento. Há um confronto entre a sensibilidade, o real e o irreal. 11 A partir das reflexões dos educadores sobre a infância e sua diversidade, a equipe pedagógica da Secretaria Municipal da Educação traz à tona a necessidade de ter mais pessoas envolvidas no processo de sintetização e sistematização dessas propostas para que o mesmo seja o mais participativo e democrático possível. Surge, a partir disso, a idéia de formar-se uma comissão para tal tarefa. Essa comissão é composta por representantes da Secretaria, por especialistas e educadores da rede de ensino. Este documento é o resultado de dois anos de trabalho de construção coletiva e participativa, onde os educadores puderam em suas “vozes” dizer que educação querem para a cidade de Rio Claro. Vale ressaltar que a intenção do documento é abrir diálogos com os sujeitos em busca de um processo contínuo e reflexivo. Este documento, denominado Reorientação Curricular da Rede Municipal de Ensino de Rio Claro é o resultado desta trajetória de discussões e reflexões, contém: Breve Histórico da Educação de Rio Claro, Fundamentação Teórica, Organização e Funcionamento das Instituições Educativas: Implicações Pedagógicas, Orientações Didáticas no Ensino Fundamental, Avaliação e Considerações Finais. Inicia apresentando um breve histórico da Rede Municipal de Ensino Rio-clarense desde a criação do primeiro Jardim da Infância em 1949 até os dias de hoje, assim como a influência das mudanças conceituais e o resultado das mesmas nas áreas pedagógica, administrativa e arquitetônica. A preocupação das diferentes administrações no atendimento à demanda desta faixa etária torna-se evidente no crescimento das Unidades Educacionais. Faz uma retrospectiva quanto à Educação Especial: atendimento, encaminhamentos, parcerias, criação de novas classes especiais e posteriormente salas de recursos, assim como o Projeto de Itinerância. Quanto à Educação Ambiental, apresenta a legislação que vem estabelecendo diretrizes para a área, e também projetos desenvolvidos desde 1989, quando foi incluído no currículo pré-escolar a questão do meio ambiente. Menciona também os órgãos colegiados que são fundamentais no processo da gestão democrática e transparente. 12 A seguir, discorre sobre a Fundamentação Teórica como respaldo necessário para as reflexões que embasam a Reorientação Curricular, com discussão dos conceitos de currículo, cultura, papel do educador, desenvolvimento humano e infância, além de trazer reflexões sobre o conceito moderno de infância e suas implicações no desenvolvimento das políticas públicas educacionais. Quanto à Organização e Funcionamento das Instituições Educativas: Implicações pedagógicas, o capítulo apresenta os três pontos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho (organização do tempo, organização do espaço e dos materiais e a importância do registro na educação infantil), assim como os conteúdos a serem trabalhados na Educação Infantil. Em relação às orientações didáticas do Ensino Fundamental você encontra um referencial teórico, uma reflexão sobre concepções de educação e os fundamentos indispensáveis à formação das crianças entre 6 e 10 anos. Aborda a forma do trabalho pedagógico a ser desenvolvido de maneira articulada em quatro Áreas do Conhecimento: Ciências Sociais, Ciências Naturais, Noções LógicoMatemáticas e Linguagens. Apresenta a rotina de uma classe de 1° ano do Ensino Fundamental, contendo: acolhida, chamada, música, calendário, roda da conversa, atividades de escrita, recreio, hora do conto, matemática, hora do brinquedo e saída. Apresenta também um rol de conteúdos a serem trabalhados no ciclo I (1º, 2º e 3º anos) e no ciclo II (4º e 5º ano), dentro das respectivas áreas do conhecimento. No capítulo sobre avaliação há uma discussão teórica sobre conceitos, diferentes tipos de avaliação segundo autores renomados na área, assim como instrumentos que facilitam o redimensionamento do processo ensinoaprendizagem. Apresenta também as razões pelas quais a ficha avaliativa foi definida como instrumento de avaliação e elaborada por um grupo de profissionais da rede que, ao discutirem suas práticas nos diferentes segmentos, a vêem como o instrumento indicado para o registro do desenvolvimento do educando. 13 1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE RIO CLARO O Município de Rio Claro, através da Secretaria Municipal da Educação proporciona atendimento nos níveis de: Educação Infantil Etapa I (0 a 3 anos) e Etapa II (4 e 5 anos); Ensino Fundamental I de oito anos, em extinção (2ª a 4ª série) e Ensino Fundamental I de nove anos (1° ao 5° ano), implantado em 2008; Ensino Fundamental II (5ª a 8ª série ); na modalidade Educação de Jovens e Adultos I (Termos I, II,III,IV) e II ( 5ª a 8ª série), além dos Projetos Presença Esperança e Projeto Recriando. Através da Lei nº 93 de 07/05/1949, verificamos que a Rede Municipal de Ensino iniciou seu atendimento na Educação Infantil, quando criou o primeiro Jardim de Infância, localizado no Bairro Aparecida. Esta Lei também disciplinava a nomeação de professoras normalistas2 com curso especializado em pré-primário3 ou normalista que tivesse conhecimento neste tipo de ensino. O artigo 2º da Lei estabelecia que o ingresso dos professores era por “Concurso Público“ e banca examinadora formada por professores da Cadeira de Educação das escolas normais. A Lei Municipal nº 262 de 1º de dezembro de 1952 cria mais uma classe no Jardim da Infância, localizado no Bairro da Vila Aparecida que funcionava em dois períodos. Em relação à Pré-Escola, Rio Claro foi pioneira, uma vez que percebendo a necessidade de atender a essa faixa etária, criou várias classes isoladas, que posteriormente foram agrupadas, tornando-se escolas, como podemos verificar na tabela que se segue: 2 3 Termo utilizado na época para designar o egresso do curso de formação inicial de professores. Termo equivalente à Educação Infantil. 14 Tabela 1 – Escolas de Educação Infantil do município de Rio Claro ESCOLAS Escola Municipal Comecinho de Vida............................... Escola Municipal Dr. Paulo Koelle.................................... Escola Municipal D. Pedro I.............................................. Escola Municipal Santo Antonio de Pádua....................... Escola Municipal Professor Victorino Machado............... Escola Municipal Dante Egréggio.................................... Escola Municipal João Rehder Neto................................ Escola Municipal Antonio Maria Marrote.......................... Escola Municipal Benjamin Ferreira................................. Escola Municipal Profª Lygia do Carmo P. Vendramel..... Escola Municipal Prof. Ephraim Ribeiro dos Santos......... Escola Municipal Profª Sueli Maria Proni Cerri................. Escola Municipal Prof. Elpídio Mina.................................. Escola Municipal Santa Rosa............................................ Escola Municipal Clara Freire Castellano......................... Escola Municipal Arlindo Ansanello.................................. Escola Municipal Francisca Coan..................................... Escola Municipal Mora Guimarães.................................... Escola Municipal Profª Lucídia T. C. Escrivão Soares...... Escola Municipal Prof. José Martins da Silva.................... Escola Municipal Profª Lúcia Ap. Buschinelli Carneiro..... Escola Municipal Profª Laura Penna Joly......................... Escola Municipal Profª Maria Teixeira Fittipaldi................ Escola Municipal Monteiro Lobato.................................... Escola Municipal Prof. Dr. José de Campos Chagas........ Escola Municipal Mitiko M. Nevoeiro................................. Escola Municipal Profª Isolina Huppert Cassavia............. Escola Municipal Prof. Luiz Martins R. Filho..................... Escola Municipal Prof. Sebastião Ambrózio ...................... Escola Municipal Pastor Nephtali Vieira Junior ................. Escola Municipal Francesco Paoli ..................................... Escola Municipal João Batista Maule ................................ Escola Municipal Prof. Hélio Jorge dos Santos ................. Escola Municipal Profª.Samira Assencio Savoldi .............. DATA DE CRIAÇÃO 18/04/1964 10/11/1970 06/09/1972 1972 06/04/1973 12/01/1976 17/05/1979 29/08/1980 11/01/1980 15/09/1980 23/01/1980 06/07/1982 22/01/1982 01/05/1983 02/08/1985 25/04/1986 26/04/1986 1988 1988 17/05/1989 20/09/1990 11/04/1991 22/05/1992 15/09/1992 01/1994 17/11/1995 28/09/1996 27/07/1999 23/01/2002 24/02/2003 30/09/2003 21/12/2004 16/12/2004 28/10/2005 Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 O trabalho desenvolvido na pré-escola focava a preparação dos educandos para a fase seguinte, denominada de alfabetização. 15 Em Rio Claro, o atendimento em Creche foi iniciado por instituições particulares de cunho filantrópico. A primeira, inaugurada em 04/07/1953, denominava-se Creche D. Alicia Scarpa (hoje extinta). Segue-se a criação da Creche Comecinho de Vida (1964), Creche Santo Antonio (1977) e Creche Santa Rosa (1983). O trabalho era desenvolvido por voluntários sob a coordenação de uma diretora ligada a entidades religiosas. Somente em 1986 foi inaugurada a primeira Creche Municipal no Bairro Chervezon, denominada Creche Francisca Coan. A partir daí, as unidades filantrópicas (Creche Santa Rosa, Comecinho de Vida e Santo Antonio), foram incorporadas ao poder público que passou a subsidiá-las com recursos humanos e materiais. Dessa forma, evidencia-se a preocupação do poder público com o atendimento desse ensino oferecido às crianças de nosso Município. As creches, na função social de atender as mães trabalhadoras do município, cumpriam adequadamente seu papel assistencial, e eram vinculadas ao Fundo Social de Solidariedade. Devido às transformações ocorridas na educação, as Creches do Município foram repensadas quanto ao seu papel educativo e pedagógico, fomentando uma nova Política Educacional, onde o assistencialismo dá lugar ao Cuidar, Educar e Brincar. Assim, pelo decreto nº 4132 de 08 de março de 1990 as Creches municipais passaram a ser administradas pela Secretaria Municipal da Educação e foram declaradas Unidades Educacionais. O crescimento quantitativo das Unidades Educacionais de Educação Infantil no Município de Rio Claro é visível na Tabela 2, o que evidencia que a preocupação em atender à demanda dessa faixa etária sempre esteve presente nas diferentes administrações. Tabela 2 – Construção de escolas no período de 1960 a 2008. Década 1960 1970 1980 1990 2008 Nº de escolas construídas 01 06 14 11 08 Total 40 Fonte: Plano de Gestão das Unidades Educacionais de Rio Claro-SP; Secretaria Municipal da Educação de Rio Claro-SP; ANAIS do 1º Simpósio de Educação Pré-escolar Rio Claro-SP, Maio de 1994. 16 Até o ano de 1996 o foco do atendimento era na Educação Infantil. Em 1997, com o início do processo de municipalização do Ensino Fundamental no Estado de São Paulo, ao qual o município não aderiu, fez-se a opção em atender toda a demanda dos alunos do Ensino Fundamental I (1ª. a 4ª. Séries), conforme mostrado na Tabela 3, criando classes de 1ª série nas escolas de Educação Infantil (denominadas E.M.E.I. - Escola Municipal de Educação Infantil) que receberam a denominação de Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental. (E.M.E.I.E.F.) Com a ampliação da demanda, fez-se necessária a construção de novas unidades educacionais para atender a esse nível de ensino. Tabela 3 - Relação cronológica de criação das escolas municipais de Ensino Fundamental de Rio Claro-SP Nome da Escola Data de Criação Escola Municipal Engº Rubens Foot Guimarães 04/09/1987 Escola Municipal Jardim da Palmeiras (CAIC) 14/01/1992 Escola Municipal Profª Sueli Apª Marin 17/11/1995 Escola Municipal Prof. Armando Grisi 22/07/1999 Escola Municipal Dr. Sérgio Hernani Fittipaldi 08/10/2001 Escola Municipal Jovelina Morateli 03/09/2003 Escola Municipal Celeste Calil 23/08/2004 Fonte: Arquivo da Secretaria Municipal da Educação A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), Artigo 11, em seu Parágrafo Único estabelece que cada município crie o seu Sistema de Ensino, e Rio Claro, através da Lei nº 3427 de 13 de abril de 2004, implantou seu próprio sistema, que estabeleceu as normas gerais da Educação Municipal de Rio Claro. Com a criação desse Sistema, o Município tornou-se mais autônomo para determinar as Políticas Públicas na área da Educação. No ano de 2005, com a aprovação da Lei nº 3516 de 28 de fevereiro de 2005, o Poder Executivo foi autorizado a celebrar convênio com o Estado de São Paulo por intermédio da Secretaria Municipal da Educação. O Município firma convênio para a 17 municipalização do ensino fundamental, acarretando um crescimento significativo de atendimento nesse nível de ensino. Nesse contexto, tornou-se necessária as reestruturações administrativa e pedagógica da Secretaria Municipal da Educação, havendo uma mudança estrutural no seu organograma para que a incorporação das escolas conveniadas à Rede Municipal acontecesse de forma efetiva e eficaz. Com o convênio da Municipalização essas escolas passaram a ser administrada pelo município e receberam a denominação de Escola Municipal, acrescido de seu patronímico, conforme mostra a Tabela 4, abaixo: Tabela 4 – Relação de escolas que passaram a ser administradas pelo Município. Nome da Escola Data de Criação Escola Municipal Marcello Schmidt 27/02/1910 Escola Municipal Profª Diva Marques Gouvêa Escola Municipal Monsenhor Martins 12/09/1960 18/07/1962 Escola Municipal Profª Djiliah Camargo de Souza Escola Municipal Dep. Fed. Hamilton Prado 04/12/1964 12/02/1977 Escola Municipal Dennizard França Machado Escola Municipal Antonio Sebastião da Silva Escola Municipal Prof. Sylvio de Araújo 31/01/1981 03/02/1976 01/02/1984 Fonte: Arquivo da Secretaria Municipal da Educação Dessa forma, o atendimento foi ampliado, percebendo-se um aumento significativo das matrículas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental de 1997 a 2008, como demonstra a Tabela 5. Tabela 5 – Demanda de alunos atendidos no período de 1997 a 2008 ANO 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Educação Infantil 8300 7816 7284 7255 7478 7606 7707 8005 7877 7234 7257 7414 Ensino Fundamental 1127 1116 1799 2370 2819 3259 3395 3499 9071 10207 9938 10208 TOTAL 9427 8932 9083 9625 10297 10865 11102 11504 16948 17441 17195 17622 Fonte: Setor de Planejamento da Secretaria Municipal da Educação de Rio Claro-SP, 2008 18 Preocupado em atender os alunos que não acompanhavam o processo educacional na rede estadual de ensino, o município cria entre 1980 e 1982 duas Classes Especiais na Escola Estadual Deputado Federal Hamilton Prado. Para melhor atender às necessidades dos menores excepcionais4 estabeleceu parceria com o Instituto Allan Kardec, transferindo as classes especiais locadas na escola estadual para o espaço físico da referida instituição, que contava com uma equipe multidisciplinar responsável por um atendimento mais especializado nessa área. Receberam a denominação de “Classes Municipais de Ensino Especial”, através do Decreto nº 2811 de 30 de março 1983. Nessa trajetória o município passou de duas classes em 1982 para 10 classes especiais em 1987. Em 1993 houve um remanejamento dessas classes especiais para outras instituições filantrópicas. A partir da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9394/96) e da nova política para educação especial, os alunos passaram a ser atendidos nas classes regulares com suporte de diferentes instituições parceiras e dos serviços oferecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (CHI-PV - Centro de Habilitação Infantil-Princesa Vitória e CRIARI - Centro de Referência da Infância e Adolescência de Rio Claro). Atualmente, a Secretaria Municipal da Educação conta com dois Serviços de Apoio Pedagógico Especializado (SAPE) – Sala de Recursos e Serviço Itinerante – regidos por profissionais habilitados e que, em conformidade com a nova legislação, dão suporte aos alunos com necessidades educacionais especiais que freqüentam o ensino regular. Em relação à Educação Ambiental, foi incluído no Currículo PréEscolar Rio-clarense a temática Meio Ambiente, através do Decreto nº 4008/1989 que instituiu o Centro de Educação Ambiental, cujo trabalho possibilitava aos alunos desenvolverem a compreensão do meio, como agentes atuantes. Entre os anos de 1992 e 1995 a Educação Ambiental desenvolveu o “Projeto Lixo Seletivo”, com as escolas funcionando como pólos de coleta. Dentro dessa perspectiva, foram implementados vários outros projetos e a Secretaria Municipal da Educação, criou uma Coordenadoria de Educação Ambiental, que articula todas as ações entre as Unidades Educacionais, através de projetos diversos e atividades de campo. 4 Termo utilizado na época 19 Os Órgãos Colegiados, fundamentais para o acontecer de uma gestão democrática, passaram a ser regulamentados em nossa Rede Municipal. Os Conselhos Escolares passaram a existir a partir da Lei 3031 de 25 de março de 1999; no entanto, somente em 2001, com o Decreto nº 6399 de 17 de abril de 2001, foi prorrogado o prazo final para implantação dos Conselhos Escolares nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Rio Claro para dezembro do referido ano. O Conselho Municipal da Educação – COMERC foi criado e regulamentado através da Lei 2772 de 15 de setembro de 1995, tendo passado por duas reformulações. A primeira, realizada pela Lei 2940 de 30 de dezembro de 1997 que fez alterações na Lei 2772/95 e a segunda, Lei 3547 de 19 de agosto de 2005. Essa última fez alterações referentes à regulamentação, com posição, funcionamento e atribuições do COMERC, revogando as outras duas leis anteriores. Atualmente, a Secretaria Municipal da Educação conta com os seguintes órgãos colegiados: Conselho Municipal de Educação (COMERC), Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação Básica – Fundeb (CACS) e Conselho Municipal de Alimentação Escolar (CAE), que têm a finalidade de proporcionar uma gestão democrática e transparente, efetivando uma maior participação de todos os sujeitos envolvidos no processo educacional. Temos passado, ainda, nos últimos períodos, por muitas mudanças no ensino da rede Municipal de Rio Claro. Uma delas diz respeito à implantação do Ensino Fundamental de nove anos, para cumprimento da Legislação Federal (Lei nº 11.274/2006). Assim, através da Deliberação nº 001/2007, o COMERC fixou normas para sua implantação. A Deliberação do COMERC estabelece que a ampliação do ensino fundamental para 9 (nove) anos nas escolas municipais apresentará a coexistência dos sistemas de 8 (oito) e 9 (nove) anos, situação que requer reorganização física, pedagógica e curricular, necessária à garantia da qualidade e direito à educação. Após revisitar a história da educação do município de Rio Claro, é possível dar continuidade ao documento, e refletir sobre as influências teóricas sofridas em cada momento histórico e sua integração com essa trajetória apresentada 20 2. REFERENCIAL TEÓRICO “O mundo e a cultura das crianças mudaram. Suas expectativas e exigências a que elas estão sujeitas multiplicam-se (...). As crianças da atualidade têm outro jeito de brincar, imaginar, sofrer, pensar e construir sua realidade infantil (...).” (LEVIN, 2007, p. 11) Como podemos pensar as múltiplas infâncias que se apresentam na atualidade? É inquestionável: as experiências e vivências infantis mudaram e tornase fundamental que os educadores dentro e fora da instituição escolar acompanhem as transformações ocorridas historicamente e busquem formas alternativas para compreender e ajudar os educandos, a fim de que possam atuar numa sociedade tão diversa como a que se apresenta. É possível perceber que o número de pesquisas e estudos sobre a infância e outras questões que formam o cenário educacional tem crescido nos últimos anos, o que revela uma preocupação e um olhar mais refinado para com o sujeito infantil e suas necessidades. Nessa perspectiva, é essencial que a escola como um todo faça uma reflexão acerca de seu papel diante das novas exigências do mundo moderno, da diversidade cultural existente em nossas salas de aula e da realidade que se apresenta. Para tanto, será abordado a seguir o surgimento do termo infância e como se constituiu historicamente, inventado em sua multiplicidade. 2.1 O surgimento do termo Infância De acordo com Philippe Ariès5 (1981), até o século XVI as crianças diferenciavam-se das outras pessoas apenas por serem menores, sendo reconhecidas como adultos em miniatura. Participavam dos eventos cotidianos e de todas as atividades da comunidade: ritos, costumes, festas, lutas e jogos livremente, onde adquiriam conhecimentos da vida nas interações com os adultos, compartilhando dos seus trabalhos e de suas brincadeiras, quer misturada a eles, quer entre si. 5 Em sua obra intitulada História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981. 21 Na Idade Média, por exemplo, era comum o adulto realizar brincadeiras com as partes mais íntimas das crianças. Aliás, a falta do conceito de educação e a falta do conceito de vergonha são razões pelas quais o conceito de infância não existiu no mundo medieval. ”Não havia indícios de ensinamento de hábitos de higiene, nos primeiros anos de vida dos bebês”, como afirma Postman (1999, p. 31). Em função disso, a taxa de mortalidade infantil era alta. Nesse período, o fato de se ter muitos filhos na esperança de que dois ou três sobrevivessem tornava-se muito habitual e, portanto, não havia apego à prole. Acreditava-se que os filhos sustentariam seus pais quando em sua velhice, mas eram poucos os que conseguiam sobreviver, principalmente crianças das famílias mais pobres. No século XVI temos um novo ambiente comunicacional, como resultado do surgimento da imprensa e da alfabetização socializada. Como a idade adulta passa a ser definida com base na competência leitora, surge uma nova concepção de infância baseada na incompetência de leitura. Antes, a infância terminava aos sete anos e neste ponto começava a idade adulta. Não havia estágio intermediário, pois não se julgava necessário. Por isso, as pinturas coerentemente retratavam as crianças como adultos em miniaturas. Segundo Postman (1999), “[...] a maioria das crianças não ia à escola já que não havia nada importante para lhes ensinar [...] No mundo medieval a criança é, numa palavra, invisível”.(p. 33) Durante a Idade Média houve várias mudanças sociais, invenções e acontecimentos importantes. Inventou-se a impressão com caracteres móveis, criando um novo mundo simbólico que exigiu, por sua vez, uma nova concepção de idade adulta. Cinqüenta anos decorridos da invenção da tipografia, era óbvio que ocorreria uma divisão entre aqueles que sabiam ler e os que não sabiam. Assim, as crianças ficaram de fora, pois não sabiam ler e nem escrever, imprimindo um ritmo decisivo na história. “Como as crianças foram expulsas do mundo adulto, tornou-se necessário encontrar um outro mundo em que elas pudessem habitar. Esse outro mundo veio a ser conhecido como infância”. (POSTMAN, 1999, p. 34) A partir do século XVII, na França, a idéia de criança associa-se à idéia de dependência, fragilidade e inocência. Outro sentimento que fica evidente 22 neste período seria o de “paparicação”, que revela apenas a ênfase no cuidado superficial para com a criança, reservado apenas para os primeiros anos de vida. Aos poucos, a criança passa a ser capturada cada vez mais pelas instituições e interditada em suas atividades pelos moralistas e reformadores. É importante ressaltar que a história mostra que a infância começa a passar por mudanças, mas longe de realmente ser valorizada como período especial e reservado para o desenvolvimento infantil. Dornelles (2005, p.32) aponta que no século XVIII o aparecimento de uma pedagogia “centrada na vida” e que respeita o desenvolvimento infantil começa a delinear-se: da irracionalidade para a racionalidade (O Emílio de Rousseau6). Para os moralistas e outros, esse novo sentimento vai implicar numa pedagogia que tem como base o controle físico, a ordem moral e uma rígida disciplina da mente. Esse discurso produz um sujeito infantil moderno, educável e controlável. Ao criticar o sistema pedagógico disciplinar despótico, baseado na intimidação, no castigo físico e nas palmadas, Dornelles (2005, p. 36) faz referência a Rousseau, que apresenta suas idéias sobre a natureza específica e peculiar da criança e as maneiras mais naturais de educá-la, afirmando que: [...] a humanidade tem seu lugar na ordem das coisas; a infância tem seu lugar na ordem da vida humana; é preciso considerar o homem no homem e a criança na criança. Atribuir a cada um o seu lugar e fixá-los, ordenar as paixões humanas segundo a contribuição do homem é tudo o que nós podemos fazer por seu bem estar. O resto depende de causas estranhas que não dependem de nosso poder (ibid., p. 62). Pode-se dizer que o tratado de educação rousseuaniano produziu efeitos significativos, já que é a partir dele que os estágios do desenvolvimento passaram a fazer parte das práticas educacionais. Segundo Rousseau, conhecendo-se a natureza da criança é que será possível permitir sua emancipação e libertação, favorecendo o processo de cidadania. Nessa perspectiva surge a idéia de sujeito único, com sua singularidade, especificidade, com necessidades, no que tange à socialização, sendo isso possível por meio da educação de sua razão e pelo agenciamento de sua própria consciência. 6 Jean Jacques Rousseau (1712- 1772) revela suas concepções sobre educação em seu livro “Emílio”, publicado em 1762, com temas que retratam a infância. 23 A história nos revela um sujeito aprendiz, que necessita ser disciplinado e ajustado. Dessa forma, as disciplinas tornam, portanto, útil e econômico o tempo e o movimento de cada indivíduo. Para formar bons indivíduos será necessário modificar seus hábitos e seus modos de criação. Nessa perspectiva, os sujeitos infantis, a partir do século XIX, farão parte de um exército treinável e sujeito a uma biopolítica do Estado, daí o investimento na educação de bons hábitos, com boa educação alimentar. No contexto educacional brasileiro, a educação infantil aparece como um espaço dedicado à elite, com a criação em 18 de maio de 1896 de um Jardim da Infância cercado por um vasto jardim e isolado da Escola Normal Paulistana. Nessa escola, as educadoras podiam realizar adaptações quanto ao ensino e suas ações, porém havia limites para sua atuação, como adverte Kuhlmann “[...] quando observadas as revistas e propostas pedagógicas da época.” (1998, p.123). As atividades sugeridas obedeciam a tempos definidos e eram organizadas de modo a se alternarem visando ora a atividades motoras e cognitivas, ora a programas como cantos e passeios. A ênfase estava na aquisição de hábitos de higiene e alimentação, na socialização e disciplina. A preocupação com a formação dos bons hábitos, do cultivo da docilidade, estava presente no jardim. As crianças eram alvos da constante intervenção e vigilância dos adultos; a educação moral voltada para a disciplina, a obediência, a polidez, era o núcleo da formação, mesmo que no interior de um ambiente pedagógico bastante rico e diversificado. (KUHLMANN, 1998, p. 159) Assim, era fundamental ter boas maneiras, fazer uso adequado do corpo, ter bom comportamento, aprender a utilizar o código social, além de compreender que não se podia fazer tudo o que se queria, sabendo-se diferenciar o certo do errado. Como se pode observar, esta forma de compreender a educação para as crianças pequenas exigia certa rigidez na forma de ensinar, revelando uma concepção mais autoritária de ensino. Tal forma de organizar a educação nesse período da história revela em si uma concepção de infância que aponta as desigualdades, já que se destina a uma parcela da sociedade e não privilegia as camadas desfavorecidas, populares. Tal educação mostra-se bem diferente daquela ligada às idéias de cidadania, de liberdade, fraternidade, igualdade, como se pode observar atualmente. 24 Nesse sentido, faz-se necessário considerar a infância como uma condição da criança. Em cada momento da história ela foi se constituindo e ressignificando-se, demonstrando um espaço de lutas e sua superação. 2.2 O contexto social e a educação: concepções teóricas É possível perceber nos documentos revisitados que cada ação dentro das instituições educativas tinha como base as concepções de infância e educação e modelos teóricos que foram modificados historicamente. A seguir, serão abordadas em linhas gerais, as principais teorias e concepções de educação que se tornam referenciais teóricos obtidos ao longo da formação dos educadores. A bibliografia analisada revela que em meados do século XVII surgiram as primeiras preocupações com a educação das crianças, o que impôs uma mudança de atitudes das famílias para com as mesmas. A família, antes única responsável por ensinar as crianças, reconheceu a necessidade da peculiaridade infantil e sua aprendizagem em outros contextos. 2.2.1 Século XVII Surgiu o maior educador e pedagogista do século XVII e um dos maiores da história: João Amós Comênio (1592-1657). Apresentou sua didática em quatro períodos, levando em consideração os anos de desenvolvimento do indivíduo, quais sejam: a infância, a puerícia, a adolescência e a juventude (cada um desses períodos durava seis anos). Aos pais cabia a educação da criança antes dos sete anos de idade, período este reconhecido por sua importância como base na vida de um indivíduo. Comênio fez um esboço do que deveria ser trabalhado nesse período: metafísica, ciências físicas, óptica, astronomia, geografia, cronologia, história, aritmética, geometria, estática, artes mecânicas, dialética, gramática, retórica, poesia, música, economia doméstica, política, moral (ética), religião e piedade. 25 2.2.2 Século XVIII Com as mudanças necessárias aos meios de produção e às atividades trabalhistas, são introduzidos novos métodos educacionais, adequados à nova ordem social. Jean Jacques Rousseau (1712- 1772) traz contribuições significativas e suas idéias influenciaram na educação da modernidade. Ele alerta para o fato de que a criança não deve mais ser tratada como um homem pequeno e que cabe aos adultos compreendê-la. Suas concepções sobre educação podem ser vistas em seu livro “Emílio”, publicado em 1762, onde estrutura a educação em 5 partes, de acordo com as diferentes fases da vida. Os dois primeiros livros de Rousseau foram dedicados à infância (no 1º livro escreve sobre o nascimento aos dois anos e no 2º, de dois aos doze anos). Os temas que retratam a infância entendida por Rousseau são: começo da fala, liberdade ligada a sofrimento, a educação na infância, o homem livre, as atitudes do educador, virtudes, imitação, ação, pensamento e outros. Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) também trouxe grandes contribuições para a época, principalmente no auge da Revolução Francesa. Conhecido como o Educador da Humanidade, sua preocupação era com a formação do homem natural e sua realidade histórica. Tinha o intuito de psicologizar a educação e defini-la em função das necessidades do crescimento e desenvolvimento da criança. Almeida7 (2002), ressalta que a educação, para Pestalozzi, se fundamenta na “arte de conduzir nas crianças de intuições superficiais e fragmentárias a intuições sempre mais claras e distintas”. (p. 5) 2.2.3 Século XIX Recebe destaque neste período a figura de Friedrich Froebel (17821852). Somente em 1840 este pedagogo alemão criou o primeiro “Kindergarten” que, além de abrigo à criança, procurava desenvolver um conteúdo pedagógico. Sua preocupação era o fortalecimento do corpo, com vistas ao desenvolvimento do espírito, propiciando o contato da criança com a natureza e com o mundo. 7 Profª Ordália Alves de Almeida, em palestra proferida no 14º Congresso Brasileiro de Educação Infantil – OMEP/BR/MS, realizado no palácio popular da cultura, em Campo Grande/MS, nos dias 10 a 13/07/2002. 26 Kuhlmann (1998, p 115) alerta que Froebel tinha a pretensão de reformar a educação pré – escolar e, por meio dela, a estrutura familiar e os cuidados dedicados à infância envolvendo a relação entre as esferas pública e privada. O autor aborda que “as energias humanas não estariam sendo desenvolvidas, muitas se atrofiando, perdendo-se por completo. Froebel considerava que seria sumamente proveitosa a introdução de verdadeiras horas de trabalho manual na educação das crianças”. Dessa forma de educação é que são conhecidas as práticas nas escolas relacionadas ao treino, à coordenação motora fina, tecelagem, que ainda estão presentes no cotidiano de alguns educadores. 2.2.4 A educação no século XX Houve uma grande mudança no sistema educacional na passagem do século XIX para o XX, marcada pela ruptura do domínio da Igreja sobre a educação. Surge o “movimento das escolas novas”, como uma renovação pedagógica que gerou mudanças sociais. Dentro dessa trajetória, recebe destaque Ovide Decroly (1871-1932), que tinha a intenção de substituir o ensino formalista, baseado no estudo dos tradicionais livros de textos, voltando-se para uma educação dos interesses e necessidades das crianças. Era preciso que a criança tivesse o conhecimento de si mesma para depois conhecer o meio em que vive, e assim, seu ensino foi conhecido pelos “Centros de Interesse”. Havia o respeito pela criança, pelo seu desenvolvimento e necessidades, seu desejo real. Tal pedagogia centrada nos interesses das crianças impôs um novo ritmo ao trabalho educativo, onde a ênfase era o uso da “observação, associação e expressão”. Atuando paralelamente a Decroly, apresenta-se John Dewey (18591952) com seu pensamento contemporâneo, que considerava que o método científico deve ser a base do trabalho em sala de aula, junto aos educandos. Partia do pressuposto de que aprender é fazer, ou seja, o professor não é mais o único detentor do saber e que o conhecimento pode ser adquirido nas experiências das quais os alunos participam. 27 Dewey traz contribuições até os dias atuais nas propostas educativas, principalmente nas escolas de educação infantil, já que muitas delas desenvolvem suas propostas a partir da metodologia de “projetos”. Ainda nesse século, recebe destaque a figura feminina de Maria Montessori (1870-1952), que é reconhecida e considerada uma das mais importantes representantes da mudança que se dá na escola em relação à concepção de ensino e aprendizagem. Enfatizando o aspecto biológico do crescimento e desenvolvimento infantil, sua grande marca foi a criação de materiais adequados à exploração sensorial pelas crianças e específicos a cada objetivo educacional. Outro importante educador, Celestin Freinet (1896-1966) aparece neste cenário educacional. O cultivo de aspectos sociais na educação foi uma das contribuições, num contexto de atividades significativas, que permitiam as crianças sentirem-se sujeitos do processo pessoal de aquisição de conhecimentos. Jean Piaget (1896-1980), biólogo conceituado, foi criador de uma epistemologia, “a epistemologia genética”, com intuito de investigar como se dá a construção do conhecimento das crianças, em diversos campos, como o social, afetivo, cognitivo e biofisiológico. Tendo a criança como objeto de investigação, desenvolveu longos estudos e pesquisas em diversos campos do saber, com aspectos relevantes para a educação infantil, como a construção do real, a construção das noções de tempo e espaço e a gênese das operações lógicas. Há de se ressaltar a importância de Lev Semenovich Vygotsky (1896 – 1934) para a educação, com seus estudos que buscavam compreender o comportamento humano e o desenvolvimento cultural da humanidade. Estudou o desenvolvimento humano, numa articulação dos aspectos antropológicos, psicológicos e biológicos. Objetivava compreender o homem em processo constante de interação social e considerava o desenvolvimento e a aprendizagem como processos interativos, dando origem ao termo “zona de desenvolvimento proximal”. Conhecer os teóricos que contribuíram para a evolução do processo educacional possibilita a compreensão de que em diferentes tempos históricos, as práticas educativas sofreram influências de suas pesquisas, reconhecendo que os avanços da ciência influenciam diretamente na forma de conceber a educação, suas práticas e a infância como um todo. 28 2.2.5 A criança e sua contemporaneidade Com o passar dos anos e a conseqüente expansão da Educação no município de Rio Claro, com as mudanças nas concepções de ensino acompanhadas em diferentes momentos históricos e com as descobertas de grandes educadores que culminaram nas mudanças de ensino e aprendizagem, uma nova realidade marca a educação como um todo. Numa perspectiva de mudança, em busca de novos significados, é que a própria infância vai se constituindo, traçando novos rumos e despertando diferentes sentimentos nesta trajetória. Compreender quem são os nossos educandos, o que sabem, o que precisam aprender, quais as melhores estratégias, interesses, vão contribuindo para transformar as diferentes práticas educativas e olhares para com o sujeito infantil. Cuidar da primeira e segunda infâncias é reconhecer o direito fundamental e indispensável a uma vida digna para as crianças. É preciso, estimulálas adequadamente, num ambiente favorável e enriquecedor, tendo como base de trabalho a sensibilidade, a estética, o olhar cuidadoso para suas necessidades e especificidades, numa perspectiva de educação humanizadora. Essa tarefa é essencialmente de todos! As vivências que são oportunizadas dentro e fora da instituição escolar contribuem para o desenvolvimento dos educandos. Desse modo, é fundamental que aconteçam propostas claras e objetivas com vistas a proporcionar diferentes aprendizagens, o circular de informações adequadas, numa perspectiva de articulação da teoria e da prática dos educadores com aquilo que é essencial para aprendizagem das crianças. “Quando a criança entra na instituição educativa, sua experiência nela, o que lhe é ensinado, torna-se constitutivo de sua pessoa, modificando-a continuamente.” (LIMA, 2007, p.12) Os conhecimentos podem modificar-se em função dos conteúdos aprendidos e por isso é necessário que todo trabalho do educador esteja organizado para contribuir neste processo, considerando-se os diferentes tempos e necessidades das crianças. É fundamental respeitar-se o desenvolvimento dos educandos, considerando-se que a aprendizagem é um processo múltiplo, inacabado, contínuo. Trata-se, portanto, de considerar os conhecimentos prévios trazidos pelos 29 educandos e à medida que o trabalho é realizado nas escolas, permitir que tais conhecimentos possam ser transformados, já que as crianças constroem e reconstroem significados. 2.3 O desenvolvimento humano 2.3.1 As contribuições de Jean Piaget Quando falamos em desenvolvimento humano, devemos pensar nos diversos aspectos que o compõem: os aspectos afetivo, motor, cognitivo e moral que, apesar de serem apresentados separadamente, devem ser entendidos de forma integral, pois acontecem concomitantemente na vida das pessoas. No momento, abordaremos mais esse desenvolvimento e, mesmo com a intensa produção teórica que trata desta temática, será utilizado o enfoque de Jean Piaget8 e Lev S. Vygotsky9. A teoria desenvolvida por Piaget recebe o nome de epistemologia genética, que significa o “estudo dos mecanismos do aumento dos conhecimentos.” (Fagundes, 2007) Segundo Ribeiro e Mendes (2001), durante toda sua vida acadêmica, Piaget buscou entender como se dá o processo da construção do conhecimento e seus processos de produção; contudo, não se voltou apenas para uma discussão filosófica, voltou-se para o lado científico, e através de observações sistemáticas a respeito de como se dava essa construção desde o nascimento de 8 Jean Piaget (Neuchâtel, 9 de Agosto de 1896 — Genebra, 16 de Setembro de 1980) estudou inicialmente biologia, na Suíça, e posteriormente se dedicou à área de Psicologia, Epistemologia e Educação. Foi professor de psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954, e ficou conhecido principalmente por organizar o desenvolvimento cognitivo em uma série de estágios. (Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget, acesso em 23 de outubro de 2008) 9 Lev Semionovitch Vygotsky (17 de Novembro de 1896, Orsha — 11 de Junho de 1934, Moscou) foi um psicólogo bielo-russo, descoberto nos meios acadêmicos ocidentais depois da sua morte, causada por tuberculose, aos 37 anos. Pensador importante, foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais.(Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Lev_Vygotsky, acesso em 23 de outubro de 2008) 30 uma criança, especialmente observando seu próprio filho, produziu relevantes conhecimentos científicos no campo da psicologia do desenvolvimento. Piaget parte da idéia de que o conhecimento não é um estado, mas sim um processo e como tal deve ser considerado sob o ângulo do seu desenvolvimento no tempo. Definido como um processo contínuo, suscetível de progressos, o conhecimento é essencialmente a passagem de um nível de menor conhecimento para um outro de conhecimento mais amplo. Ora, estudar as ultrapassagens significa insistir no fato de que entendê-las requer que se pesquisem suas ações e o mecanismo presente nos progressos, em diferentes etapas. (SEBER, 1997, p. 38-39) Seber (1997) afirma ainda que Piaget entende o progresso da inteligência por construções sucessivas em diferentes níveis e procede da ação em geral. Diz que o conhecimento está sempre ligado à ação: ação sobre o outro, ação sobre o próprio corpo, ação sobre os objetos. É na interação com o mundo que a cerca que a criança constrói sua inteligência. Assim, o conhecimento humano se constrói na interação sujeito-objeto e nem está predeterminado no sujeito, nem se encontra pronto nas características do objeto. As formas de conhecer são construídas pelo sujeito na troca com os objetos, tendendo a uma melhor organização, em momentos sucessivos de adaptação ao objeto (PIAGET, 1970 apud MORO, 1987, p. 19) Moro (1987) afirma que a inteligência é uma das formas de adaptação do organismo ao meio e é vista como caso particular da adaptação biológica; ela organiza o conjunto de elementos do universo, da mesma forma que o organismo, do ponto de vista biológico, organiza o meio onde se insere. Assim, são funções da inteligência a adaptação e a organização, que se cumprem de modo inseparável e complementar e, desta forma, acabam estabelecendo o elo entre os fenômenos biológicos, psicológicos e sociológicos, garantindo a continuidade do processo geral de desenvolvimento. Para compreender estas funções da inteligência é necessário conhecer os mecanismos que permitem o cumprimento delas que são a assimilação e a acomodação. Opostos, mas complementares, a assimilação é o mecanismo que permite a ação do sujeito sobre o objeto, incorporando este a uma estrutura já existente, enquanto a acomodação consiste na transformação das estruturas do sujeito por força da ação do objeto, para que então possa ocorrer a assimilação. (MORO, 1987, p. 19) Vamos procurar entender então como funciona o desenvolvimento intelectual para Piaget: 31 • “A atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento total do organismo.” (TAFNER, 2007) • Do ponto de vista biológico, organização é inseparável da adaptação: Eles são dois processos complementares de um único mecanismo, sendo que o primeiro é o aspecto interno do ciclo do qual a adaptação constitui o aspecto externo. (PIAGET, 1957, p.7). • Adaptação: essência do funcionamento intelectual e biológico. • Organização: constitui a habilidade de integrar as estruturas físicas e psicológicas a sistemas coerentes. • Adaptação acontece através da organização, e assim, o organismo discrimina entre a imensa quantidade de estímulos e sensações com os quais é bombardeado e os organiza em alguma forma de estrutura. Esse processo de adaptação é então realizado sob duas operações, a assimilação e a acomodação. (TAFNER, 2007). • Esquemas: Segundo Wadsworth (1996) apud Tafner (2007), esquemas são estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio. Os esquemas são tratados, não como objetos reais, mas como conjuntos de processos dentro do sistema nervoso. Os esquemas não são observáveis, são inferidos e, portanto, são constructos hipotéticos. • Assimilação: processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias (WADSWORTH, 1996). Ou seja, quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui. (TAFNER, 2007). • Acomodação: o sujeito age no sentido de transformar-se em função das resistências colocadas pelo objeto do conhecimento. (ZACHARIAS, 2007) Zacharias (2007) afirma ainda que o desequilíbrio é fundamental, pois o sujeito buscará novamente o reequilíbrio, com a satisfação da necessidade, 32 daquilo que ocasionou o desequilíbrio. Diz que a inteligência para Piaget se constrói na medida em que novos patamares de equilíbrio adaptativo são alcançados. Piaget aborda a inteligência como algo dinâmico, que decorre da construção de estruturas de conhecimento que, enquanto vão sendo construídas, vão se instalando no cérebro. A inteligência, portanto, não aumenta por acréscimo e sim por reorganização. É desenvolvimento fundamental cognitivo compreendermos segundo Piaget, como se só depois para processa o procurarmos compreender o que ele diz sobre cada estágio do desenvolvimento. O educador da infância deve conhecer e compreender esses estágios para que possa ter consciência das intervenções possíveis, dentro dos níveis do desenvolvimento infantil. O primeiro estágio é o sensório-motor (aproximadamente dos 0 aos 2 anos de idade), momento em que a criança não elabora pensamentos, não estabelece afetividade ligada a representações de pessoas e objetos na ausência deles, ou seja, ela só manifesta suas emoções se estiver na presença da pessoa ou do objeto, constituindo-se uma inteligência prática. Nesse estágio, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos físicos que o rodeiam. A criança adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações que são controladas por informações sensoriais imediatas. A construção da noção do "eu" é o destaque desse estágio do desenvolvimento. É o momento pelo qual a criança diferencia o mundo externo do seu próprio corpo. Ribeiro e Mendes (2001) afirmam que o exercício de desenvolvimento do pensamento e da inteligência é construído em função do contato da criança com o meio social em que se insere. Neste caso é relevante ser considerado o processo interativo no estudo do desenvolvimento humano, na perspectiva proposta por Piaget. Afirmam ainda que a função simbólica que se caracteriza mais no período da pré-escola surge a partir do final do período sensório-motor, e consiste em representações simbólicas das coisas ou acontecimentos que a criança transforma numa ação significante diferenciada para cada representação, seja da linguagem, imagem mental, gesto simbólico. 33 No final dessa fase desenvolvem-se outras estruturas cognitivas. Além de ser capaz de diferenciar o eu dos outros, passa a construir noções de espaço e de tempo. É também nesse período que a criança começa a falar. O estágio pré-operatório (aproximadamente dos 2 aos 7 anos de idade), também conhecido como estágio pré-operacional, caracteriza-se por ser a fase em que normalmente a criança entra na escola. Carvalho (2006) afirma que, apesar de ainda não conseguir efetuar operações, a criança já usa a inteligência e o pensamento. Este é organizado através do processo de assimilação, acomodação e adaptação. Nesse estágio a criança já é capaz de representar as suas vivências e a sua realidade, através de diferentes significantes: o jogo, o desenho, a linguagem, imagem e pensamento Com o desenvolvimento da linguagem terá possibilidades de, além de se utilizar da inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais-motores formados na fase anterior, iniciar a capacidade de representar uma coisa por outra, ou seja, formar esquemas simbólicos. Isto será conseguido tanto a partir do uso de um objeto como se fosse outro, de uma situação por outra ou ainda de um objeto, pessoa ou situação por uma palavra. Segundo Rizzi e Costa (2004), o pensamento da criança, no período pré-operatório, é intuitivo e suas respostas são apoiadas basicamente na percepção. Ela passa a interiorizar os esquemas de ação (o que faz na ação passa a fazer também em pensamento) e a fazer uso da função simbólica. Dizem, ainda que existem três manifestações importantes da função simbólica, sendo elas: a imitação diferida, quando a criança é capaz de imitar uma determinada situação ou pessoa sem a presença da mesma; o brinquedo simbólico ou “faz de conta”, quando a criança passa a imaginar suas brincadeiras e interagir em sua imaginação; e a fala, que é a mais importante manifestação da função simbólica; é a partir da fala que a representação se acentua, pois uma única palavra pode substituir, representar uma diversidade de ações antes efetuadas na prática pela criança. Contudo, Macedo (1991) apud Tafner (2007) lembra que a atividade sensório-motora não está esquecida ou abandonada, mas refinada e mais sofisticada, pois verifica-se que ocorre uma crescente melhoria na sua aprendizagem, permitindo que a criança explore melhor o ambiente, fazendo uso de mais e mais sofisticados movimentos e percepções intuitivas. Afirma ainda que a criança nesse estágio: 34 • É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar no lugar do outro. • Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"). • Já pode agir por simulação, "como se". • Possui percepção global sem discriminar detalhes. • Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos. As operações concretas (aproximadamente dos 7 aos 12 anos de idade). Conforme Nitzke (1997) apud Tafner (2007), neste estágio a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, sendo então capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação imediata, depende do mundo concreto para abstrair. Um importante conceito desta fase é o desenvolvimento da reversibilidade, ou seja, a capacidade da representação de uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada. O período das operações concretas abrange a infância propriamente dita (dos sete aos onze ou doze anos aproximadamente) e caracteriza-se, principalmente, pela capacidade adquirida pela criança de realizar operações concretas. Esta capacidade tem sua constituição fundamentada a partir do agrupamento das relações intuitivas (próprias do período anterior) em sistemas de conjunto e que transformam as intuições em operações de todos os tipos. A noção de operação aplica-se a realidades diversas, mas bem definidas. Existem as operações lógicas, as aritméticas, as geométricas, as temporais, as mecânicas, as físicas, etc. Então, uma operação é uma ação cuja origem é sempre motora, perceptiva ou intuitiva (Piaget, 1980). Gradativamente, o raciocínio lógico (mais característico neste período) vai se sobrepondo à percepção e à intuição próprias ao período anterior. Essa lógica se manifesta, essencialmente, pela capacidade que a criança demonstra em considerar as situações como um todo, estabelecendo as relações entre os elementos que a compõem. A criança passa a organizar, em sistemas, as informações de que dispõe, conservando-as, revertendo-as, compondo-as, etc., portanto, lidando com várias relações possíveis neste sistema. (RIZZI E COSTA, 2004, p. 32) Nesta fase, apesar da criança já ser capaz de realizar operações (entendendo operações como ações interiorizadas, realizadas no pensamento), precisa ainda estar em contato com a realidade, por isso seu pensamento é descritivo e intuitivo. A descentração cognitiva e social é uma característica marcante desta fase. A criança vai deixando o egocentrismo de lado e passa a ser capaz de levar em consideração os diferentes pontos de vista, saindo de si mesma e passando a ver o outro como sujeito. 35 O quarto e último estágio é o das operações formais (aproximadamente dos 12 anos de idade em diante). Nesta fase a criança já é capaz de realizar raciocínios abstratos, sem ser necessário recorrer ao contato concreto com a realidade. [...] é neste momento que as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento. A representação agora permite à criança uma abstração total, não se limitando mais à representação imediata e nem às relações previamente existentes. Agora a criança é capaz de pensar logicamente, formular hipóteses e buscar soluções, sem depender mais só da observação da realidade. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. (WADSWORTH, 1996 apud TAFNER, 2007) A partir dessa pequena explanação sobre o desenvolvimento cognitivo segundo Piaget, somos capazes de olhar para nossos educandos de maneira a compreender melhor o que acontece com a mente deles, podendo, assim, planejar atividades significativas para a sua faixa etária, atividades desafiadoras e, ainda, realizar as intervenções necessárias em cada momento e auxiliá-los em seu desenvolvimento cognitivo de maneira eficiente e consciente. 2.3.2 As contribuições de Lev Vygotsky Na concepção de Vygotsky, o desenvolvimento tem como pressuposto básico “a idéia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social”. (OLIVEIRA, 1992, p.24). Oliveira (1992) afirma ainda que a cultura se torna parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento humano, molda o funcionamento psicológico do homem. Este teórico divide o processo de desenvolvimento cognitivo em três estágios que determinam a construção de conceitos, primeiramente espontâneos e posteriormente científicos. Acredita que esses estágios não acontecem necessariamente de forma linear, sendo que se iniciam com relações concretas e factuais e evoluem para a formação de conceitos, quando se torna capaz de realizar síntese e análise. Para Vygotsky, a criança passa por estes estágios através da mediação que é feita pela linguagem. 36 Todas as funções psíquicas superiores são processos mediados, e os signos constituem o meio básico para dominá-las e dirigi-las. O signo mediador é incorporado á sua estrutura como uma parte indispensável, na verdade a parte central do processo como um todo. Na formação de conceitos esse signo é a palavra, que em princípio tem o papel de meio na formação de um conceito e, posteriormente, torna-se o seu símbolo (VYGOTSKY, 1989, p. 48 apud OLIVEIRA, 1992, p. 30) Em síntese, Vygotsky acredita que todo processo de desenvolvimento está relacionado com a mediação através da linguagem, aí a importância que dá à inserção da criança no contexto sócio-cultural, pois, sem isso, segundo o teórico, não há desenvolvimento cognitivo. O estudo das funções psicológicas superiores, em que a intencionalidade da consciência é construída a partir de processos voluntárias influenciados pelo meio sócio-cultural, em que o sujeito está inserido, revelam no olhar de Vygotsky, que o sujeito internaliza comportamentos, e desenvolve-os segundo as relações vivenciadas no cotidiano; neste caso, o comportamento humano é construído a partir das relações externas com o meio sócio-cultural. (RIBEIRO e MENDES, 2001, p. 25) Há, ainda, dois conceitos desenvolvidos por Vygotsky que se apresentam da seguinte forma: quando o indivíduo ainda necessita de auxilio para compreensão, Vygotsky denomina de Zona de Desenvolvimento Potencial; e quando consegue realizar tarefas independente de ajuda, denomina de Zona de Desenvolvimento Real. Segundo Ribeiro e Mendes (2001), esses níveis de desenvolvimento servem para determinar o progresso da criança e, mesmo que o foco seja para o desenvolvimento real (aquilo que a criança já domina), é no potencial (quando a criança necessita de auxilio), convivendo com o outro, que devemos nos atentar, pois é esta interação que possibilitará construir e desenvolver suas funções psicológicas. A partir desses pressupostos somos capazes de compreender também a grande importância que Vygotsky credita à aprendizagem. Diz que esta é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento e que “a aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que só podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas”. (OLIVEIRA, 1992, p.33) Para ele, o cérebro é o substrato material da atividade psicológica, mas a cultura é parte essencial do ser humano; o processo de desenvolvimento, na verdade, resulta de um processo sócio-histórico. 37 Ainda dentro dessa perspectiva de interação, Vygotsky atribui ao brinquedo e à brincadeira importância fundamental para contribuir na construção do conhecimento da criança. A convivência com grupos de pessoas possibilita a criança a observar, comparar, imitar, a fim de que ela mesma, a partir do outro, crie possibilidades de ampliar sua capacidade e conseqüentemente expandir o seu desenvolvimento. Partindo do princípio de que as crianças, principalmente as mais novas, possuem um comportamento determinado pelas ações concretas, Vygotsky toma o brinquedo como um elemento indispensável no desenvolvimento e aprendizagem infantil, isto porque, é nas brincadeiras, mais precisamente aquelas de “faz de conta” que se possibilita elaborar uma Zona de Desenvolvimento Proximal. (RIBEIRO e MENDES, 2001, p. 31) 2.3.3 Algumas considerações sobre as teorias de desenvolvimento humano apresentadas Nem sempre, em sala de aula, temos consciência do processo de desenvolvimento de nossas crianças. No entanto, é fundamental que estejamos atentos ao que esses estudiosos pesquisaram sobre este desenvolvimento, para que trilhemos os caminhos da aprendizagem de forma segura e eficiente e possamos ser sujeitos ativos na construção do conhecimento realizada por nossos educandos. As teorias sobre como as crianças aprendem e se desenvolvem devem fazer parte de nossa reflexão cotidiana, de nossa prática educativa, além de permear nosso planejamento. É importante deixar claro que o que colocamos aqui foi apenas um pequeno resumo daquilo que alguns teóricos e seus colaboradores realizaram. A complexidade dessas teorias requer que elas sejam estudadas com atenção e cuidado para que não cometamos equívocos em nosso julgamento com relação à fundamentação e, principalmente, em relação aos comportamentos de nossas crianças. Destacamos aqui a questão da afetividade, que é colocada também como parte essencial das teorias de Piaget e Vygotsky. Entendemos que a afetividade é a mola propulsora para todo desenvolvimento e que deve acontecer concomitante às intervenções cognitivas. Estes pressupostos caminham juntos e nem um e nem outro podem ser deixados de lado no processo ensinoaprendizagem. A relação professor-aluno, portanto, é fundamental para um 38 desenvolvimento cognitivo, afetivo e social saudável, que promova o aprendizado real de cada criança, culminando em sua felicidade. 2.4 A construção do conhecimento A partir do contato com essas teorias do desenvolvimento, fica claro que acreditamos na construção do conhecimento e não apenas na transmissão deste de alguém que “sabe mais” para alguém que “sabe menos”. Assim, é essencial que conheçamos o que já foi pesquisado a respeito da construção do conhecimento para que não caiamos no erro de acreditar que somos detentores deste e que a criança só terá acesso aos saberes através de nós, professores. Entre os estudos realizados sobre esta temática, falaremos aqui como acontece a construção do conhecimento segundo Piaget. Este teórico nos apresenta três tipos de conhecimentos que são específicos, mas que acontecem concomitantemente. Estes conhecimentos são denominados: Conhecimento Físico, Conhecimento Social ou Convencional e Conhecimento Lógico-Matemático. Segundo Kamii (1990), o conhecimento físico é aquele observado na realidade externa do objeto. Por exemplo: a cor e o peso são propriedades físicas e podem ser conhecidas pela observação. No entanto, quando percebemos a diferença existente entre dois objetos, já se trata de um pensamento lógicomatemático, ou seja, relações criadas mentalmente pelo indivíduo que relaciona a diferença ou a semelhança entre os objetos. Kamii (1990) afirma, ainda que o conhecimento lógico-matemático consiste na coordenação de relações. Quando a criança estabelece as relações de igual, diferente e mais, “se torna apta a deduzir que há mais contas no mundo do que contas vermelhas e que há mais animais do que vacas” (KAMII, 1990, p. 15) Assim, Piaget reconhecia fontes internas e externas do conhecimento. A fonte do conhecimento físico (assim como a do conhecimento social) é parcialmente externa ao indivíduo. A fonte do conhecimento lógicomatemático, ao contrário, é interna. (KAMII, 1990, p. 16) Para Piaget o conhecimento acontece através da abstração empírica e da abstração reflexiva. 39 Kamii (1990) explicita o significado de cada um desses conceitos. A abstração empírica é quando a criança focaliza certa propriedade do objeto e ignora as outras. No exemplo dado pela autora, a criança pode abstrair apenas a cor de um objeto, ignorando as outras propriedades como o peso e o material de que o objeto é feito; na abstração reflexiva, vemos a construção de relações entre os objetos, lembrando que estas não têm existência na realidade externa. “A diferença entre uma ficha e outra não existe em uma ficha ou outra, nem em nenhuma outra parte da realidade externa. A relação entre os objetos existe somente nas mentes daqueles que podem criá-la.” (KAMII, 1990, p. 17) Com relação ao conhecimento social ou convencional, Kamii (1990) afirma que a característica principal deste é sua natureza arbitrária, pois difere de uma cultura para outra. Por exemplo, não existe nenhuma razão física ou lógica para que o Natal seja celebrado dia 25 de dezembro, mesmo porque muitas culturas nem o celebram. Outra situação é observar que as palavras um, dois, três são exemplos de conhecimento social. Cada idioma tem um conjunto de palavras diferentes que servem para o ato de contar. Contudo, a idéia subjacente de número pertence ao conhecimento lógico-matemático, o qual é universal. Por este motivo é fundamental sabermos que: Assim como o conhecimento físico, o conhecimento social é um conhecimento de conteúdo e requer uma estrutura lógico-matemática para sua assimilação e organização. Assim como a criança necessita de uma estrutura lógico-matemática para reconhecer um peixe vermelho como tal (conhecimento físico), ela necessita a mesma estrutura lógico-matemática para reconhecer uma palavra obscena como tal (conhecimento social). Para reconhecer uma palavra obscena a criança necessita fazer dicotomias entre “palavras obscenas” e “palavras que não são obscenas”, e entre “palavras” e “tudo o mais”. A mesma estrutura lógico-matemática é usada pela criança para construir tanto o conhecimento físico quanto o social. (KAMII, 1990, p. 24) 40 Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 Podemos ver um resumo dos tipos de conhecimentos segundo Piaget através do quadro a seguir: 41 TIPOS DE CONHECIMENTO SEGUNDO PIAGET FÍSICO LÓGICOMATEMÁTICO SOCIAL *Conhecimento a respeito das DEFINIÇÃO propriedades físicas dos *Conhecimento abstrato *Conhecimento feito pelas pessoas objetos. COMO SE ADQUIRE FONTE *Descoberto através *Inventado a partir das das ações sobre os ações sobre os objetos objetos (implica o (implica a “invenção” ou processo de reinvenção por parte do “descoberta”) sujeito) *Os objetos (externa ao *As ações do sujeito sujeito) (interna) *Não é arbitrário. *É caracterizado pela regularidade da reação do objeto. *Constata propriedades inerentes ao objeto: CARACTERÍSTICAS peso, forma, cor... *Estrutura-se a partir da abstração simples ou empírica, sobre os conteúdos extraídos dos objetos, por intermédio dos sentidos. *Tamanho, forma, cor, textura, sabor, EXEMPLOS odor, som, flexibilidade, forma, massa. *Obtido a partir das ações e interações com as pessoas (implica “transmissão”) *As pessoas (externa) *Não é arbitrário. *É arbitrário. *Não é “ensinável” no *Proveniente do sentido de que é consenso social externo construído pelo sujeito ao sujeito. num processo de *Pode ser ensinado “invenção e através de informações reinvenção”. do mundo exterior: o *Estrutura-se a partir da nome dos números, dos abstração reflexiva e objetos, regras sociais, construtiva que tem consensuais, etc. origem na coordenação *Estrutura-se a partir das ações que a criança das informações exerce sobre os fornecidas com base no objetos. consenso social. *Número, área, *Linguagens, regras volume, classe, morais, valores, ordem, tempo, cultura, história, velocidade, peso. sistema de símbolos. Fonte: Livro GCM - Procap – Matemática – SEE/MG, p. 33, apud FREITAS, 2004, p. 29/30. Diante dessas reflexões, podemos concluir que há conhecimentos que podem ser transmitidos e outros que são construídos pelas crianças nas relações que faz e na intervenção do adulto, lembrando que, mesmo quando se trata 42 do conhecimento físico ou social, o conhecimento lógico-matemático se faz presente nas relações que a criança realiza o tempo todo. Portanto, trabalhar com aprendizagens significativas é oferecer aos educandos atividades desafiadoras, onde tenham a oportunidade de relacionar todo tipo de conteúdo . O professor deve favorecer isso preparando atividades que sejam capazes de instigar e aguçar o raciocínio da criança; que sejam desafiadoras, mas possíveis de serem atingidas. O papel do educador também deve ser o de questionador, devolvendo as dúvidas das crianças em forma de questionamentos que façam com que elas cheguem à resposta a partir das relações realizadas. Há, ainda, a construção do julgamento moral da criança que passa pela construção de sua autonomia10, o que acontece em seu dia-a-dia na relação com o outro. O desenvolvimento da autonomia moral é uma meta importante para a educação, e a escola constitui local ideal para o desenvolvimento das diversas relações de colaboração e cooperação. Para Piaget, a educação moral supõe que a criança possa fazer experiências morais e a escola constitui um meio propício para tais experiências. Diz Piaget (1967) que, se para aprender matemática, química ou gramática é necessário realizar experimentos e analisar textos, para aprender a viver em grupo é necessário ter experiências de vida em comum. De acordo com esse ponto de vista, a igualdade, por exemplo, não se aprende com lições ou teorias sobre o assunto, mas experienciando relações de igualdade. (VINHA, 2003, p. 18) Dessa forma, é fundamental que nós, educadores, sejamos mediadores da construção do conhecimento realizada pela criança, tornando o processo ensino-aprendizagem significativo e possamos, ainda, fazer as intervenções necessárias e fundamentais para que nossos alunos aprendam a considerar os demais pontos de vista e não apenas o seu, aprendam a viver no coletivo, desenvolvendo sentimento de cooperação e respeito por todos os que os cercam. Constance Kamii (1991) afirma que “não pode haver moralidade quando se considera apenas o próprio ponto de vista. Quando uma pessoa leva em consideração os pontos de vista das outras, não está mais livre para mentir, quebrar promessas e ser leviano”. De acordo com esta perspectiva, esperase que as crianças tornem-se, aos poucos, aptas para tomar decisões por si mesmas. A pessoa autônoma compreende-se como responsável pelos seus atos, opções, decisões e sentimentos. A fonte das regras não está mais nos outros ou em uma autoridade, mas no próprio indivíduo (auto-regulação). Para Piaget (1948/1973), a autonomia do indivíduo não se desenvolverá em uma atmosfera de autoridade e opressões intelectuais e morais, pelo 10 “Autonomia significa ser governado por si próprio, é o contrário de heteronomia, que significa ser governado por outrem.” (KAMII, 1990, p. 103) 43 contrário, é fundamental para a própria formação, a liberdade de pesquisa e experiência de vida. (VINHA, 2003, p. 19) 2.5 Cultura, diversidade cultural e currículo. Tomaremos como ponto de partida a definição apresentada no documento Indagações sobre o Currículo, que se refere ao termo cultura “como sendo um conjunto de práticas por meio das quais significados são produzidos e compartilhados em grupo.” (MOREIRA & CANDAU, 2007). Se pensarmos em cultura e currículo, veremos que as experiências escolares e as relações sociais, contribuem para a construção das identidades dos estudantes. Na verdade, dentro do currículo manifestam-se todos os esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas envolvendo atitudes, valores transmitidos pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar. Dentro dessa perspectiva, vemos no currículo a expressão de toda a diversidade cultural, o que a escola deseja, direta ou indiretamente, tomando como exemplos a forma como os alunos são recepcionados, a disposição das carteiras, a utilização ou não do livro didático, entre outros. Considerar a diversidade cultural para dentro de nossas escolas é abrir-se às novas possibilidades, ao crescimento humano, é respeitar e, sobretudo, valorizar o que há de melhor em cada um de nós. É enriquecer o trabalho educativo favorecendo as trocas de informações e conhecimentos e conseqüentemente, emergindo alguns conflitos e confrontos existentes dentro da própria diversidade das culturas. Nessa perspectiva, essa tarefa cabe à escola, facilitadora de diferentes saberes através dos esforços pedagógicos para garantia de uma educação mais humanizadora. É fundamental a participação dos educadores na construção da proposta curricular de suas escolas, da rede de ensino, pois é por meio deste documento que vão se materializar práticas educativas que respeitem a diversidade cultural, considerando-se as habilidades e potencialidades dos educandos. Para tanto, é preciso maior compreensão do próprio processo pedagógico para que sejam selecionados e organizados novos conhecimentos que poderão compor a proposta curricular, garantindo um olhar diferenciado para as questões culturais que permeiam o espaço educativo. 44 Para Moreira e Silva ,“currículo é um campo em que se tenta impor tanto a definição particular de cultura de um dado grupo, quanto o conteúdo desta cultura...Currículo refere-se portanto, a criação, recriação, contestação e transgressão.” (1994), Como serão manifestadas todas estas questões dentro de um currículo escolar? Qual o tratamento da escola para as questões do currículo? É neste ponto que uma mudança se faz necessária, já que as escolas acabam perpetuando práticas escolares que discriminam, excluem, desconsideram e punem. Mas à escola que temos aqui não há perspectiva de mudança? Afirmamos que é preciso assumir nossa posição frente a este desafio. Não é possível mais, dentro da sociedade que se manifesta atualmente, ignorar a diversidade cultural e tudo aquilo que dela desencadeia. Comecemos então por garantir que nas escolas sejam reservados espaços e tempos para discussão a respeito dos currículos, das propostas pedagógicas, no que tange à etnia, classe social, religião, sexualidade, cultura, saúde, meio ambiente. Vamos dar voz e vez para os sujeitos realizarem suas indagações, pensando e discutindo, a fim de buscar no coletivo as soluções para um trabalho mais integrado e humanizador. Para tanto, é preciso mudança na postura desses sujeitos, educadores, pois para ocorrer mudanças significativas é preciso aprofundamento teórico, saber sobre o que, porque e para que se estuda. É preciso relacionar teoria e prática, aproximando as vivências dentro do currículo e mostrar todas as facetas de um dado conhecimento. Mas para que isso ocorra, é preciso que o educador tenha conhecimento e ao mesmo tempo tome a decisão de romper o currículo oculto. “O que estamos sugerindo é que se explorem e se confrontem perspectivas, enfoques, intenções, para que possam vir à tona propósitos, escolhas, disputas, relações de poder, repressões, silenciamentos, exclusões.” (MOREIRA & CANDAU, 2007) Um currículo em que são previstas tais práticas, auxilia na construção de opiniões mais críticas por parte dos educandos, tornando as aulas mais dinâmicas e participativas. O assunto trabalhado não é posto, mas sim discutido, construído e os conhecimentos acerca do mesmo são elaborados e aos poucos se tornam significativos e apropriados. Trata-se de romper com a visão homogeneizadora e padronizadora. Para Moreira e Candau, 45 A escola sempre teve a dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença. Tende a silenciá-las e neutralizá-las. Sente-se mais confortável com a homogeneização e a padronização. No entanto, abrir espaços para a diversidade, a diferença e para o cruzamento de culturas constitui o grande desafio que está chamada a enfrentar. (2003, p 161) É preciso também considerar a infância no contexto sócio – cultural, em diferentes aspectos, fundamentando as ações para que as práticas e posturas dos educadores possam ser transformadas. Esse é o desafio para a construção de políticas públicas comprometidas com os direitos da criança de ser criança. 2.6 Qualidade na educação x formação do educador Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008. É comum nos dias de hoje educadores e leigos se depararem com a expressão: “qualidade em educação”. É necessário, no entanto, que saibamos do que estamos falando ou ouvindo quando encontramos este termo. Em primeiro lugar devemos ficar alertas, pois o termo qualidade tem tomado forma e conteúdo diferentes com o passar dos anos. No senso comum, o sentido de qualidade da educação ainda baseia-se no acúmulo de informações. Quanto mais conteúdo o aluno tiver, de maior qualidade é seu ensino; no entanto, não é nessa perspectiva que pensamos em qualidade enquanto educadores: 46 Qualidade numa perspectiva ético-política que privilegia a formação do cidadão atuante numa sociedade democrática, considerando a imprescindível coerência entre atos e palavras para a concretização desta formação. (PARO, 2007, p. 30). Esta é a qualidade em que devemos nos pautar. É necessário que através da educação haja o acesso aos conhecimentos historicamente construídos, mas voltados para a dimensão social, isto é, que cada indivíduo conheça e saiba articular este conhecimento com seu cotidiano. E não apenas uma “educação que se reduz ao mero provimento de informações a seus alunos, de modo a apenas prepará-los para o mercado de trabalho ou para o próximo nível escolar” (PARO, 2007), mas que tenha seus horizontes ampliados pelo contato com as diferentes culturas e que isso seja a mola propulsora para que transforme a realidade e aja de forma crítica e consciente perante a sociedade em que vive. Esta transformação, que deve ocorrer dentro da escola a partir da participação de todos os envolvidos na promoção de uma educação integral do aluno, trará reflexos para além dos muros escolares. Este é o maior desejo de quem luta a cada dia por fazer acontecer uma Educação de Qualidade. Esta concepção, no entanto, é razoavelmente nova na educação e isso vem trazendo muitos conflitos para o educador que vê as características de sua profissão mudando vertiginosamente. Isto tem causado uma crise de identidade muito grande neste meio profissional. Um dos fatores desta mudança foi a questão do acesso ampliado à educação no Brasil, nos últimos 30 anos. A educação passa a ser “para todos”, e isso traz uma série de transformações para o seio da escola. É necessário compreendermos que este “para todos” não é total, isto porque, ao longo do tempo, luta acirrada se fez para conquistar o direito à educação em nosso país. Mas o que é necessário para que todos, sem distinção, tenham direito à educação? “O direito à educação consiste na compulsoriedade e na gratuidade da educação” (OLIVEIRA, 2007). Isto significa dizer que para a efetividade da extensão da escola básica a todos foi necessário criar dois princípios constitucionais: gratuidade e compulsoriedade, os quais, hoje, servem de apoio à pressão para a efetiva oferta de vagas. A gratuidade é a contrapartida da obrigatoriedade do cidadão freqüentar a escola e da obrigação do Estado em fornecê-la a todos, pois do contrário, a compulsoriedade seria apenas um ônus para a família, não se caracterizando como um direito do indivíduo. (OLIVEIRA, 2007, p. 16) 47 Deve haver uma co-responsabilidade entre Estado e família, para que o direito à educação seja respeitado e seja para que todos, sem distinção, tenham acesso. No entanto, cabe ao Estado garantir a efetiva condição de oferta escolar. Além disso, é evidente que promover o acesso não basta, é necessário buscar meios que garantam a permanência deste indivíduo na escola. As questões de obrigatoriedade e gratuidade vieram se ampliando nas Constituições Federais que se seguiram em nosso país, sendo finalmente contempladas como direitos sociais na Constituição de 1988 que, em seu artigo 206 fala também do acesso e permanência: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1988). Paro (2007) afirma que para cumprir o papel social, além de dar condições de acesso e permanência, a escola deve deixar de ser mera reprodutora da realidade excludente de nossa sociedade. Para cumprir seu verdadeiro papel social a escola deve pensar a educação como apropriação da cultura, e entendida esta como o conjunto de conhecimentos e valores, crenças, arte, filosofia, ciência, tudo, enfim, que é produzido pelo homem e que o constitui como ser histórico. Mesmo nos deparando com a realidade de que ainda não temos uma escola para todos, é real afirmar que o acesso foi ampliado e que a diversidade passou a fazer parte da realidade escolar, o que antes não acontecia. Dessa forma, o professor necessita de novos paradigmas para ser capaz de atuar com competência junto aos alunos, buscando uma educação de qualidade. Nos últimos anos muito tem se falado na formação do professor. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 – LDB/96 (Lei 9394/96), coloca em seu artigo 62 que A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 1996) Passou-se, também, a falar mais em formação continuada; no entanto, apesar dos maiores investimentos nessa formação, ainda vemos que a teoria totalmente dissociada da prática dificulta o trabalho docente. 48 Essa concepção de educação precedente polariza a vida em dois tempos: de aprender e de fazer, de formação e de ação. Polariza a teoria e a prática, o pensar e o fazer, o trabalho intelectual e o manual. Polariza e separa as minorias pensantes e as maiorias apenas ativas. Essa mesma concepção tem inspirado o pensar a formação e a qualificação de professores. Tem marcado as políticas e os currículos. (ARROYO, 1999, P. 146) Neste sentido, a formação continuada deve se embasar em cursos que enfoquem as questões teórica e prática, estando, o máximo possível, vinculada à prática real do professor. Se a formação continuada não for encarada desta forma, haverá a dificuldade de se promover a reflexão do professor sobre sua própria prática e sobre a importância de sua formação pessoal e profissional. Tenho certeza de que um dos saberes indispensáveis à luta das professoras e professores é o saber que devem forjar neles, que devemos forjar em nós próprios, da dignidade e da importância de nossa tarefa. Sem esta convicção, entramos quase vencidos na luta por nosso salário e contra o desrespeito. Obviamente, reconhecer a importância de nossa tarefa não significa pensar que ela é a mais importante entre todas. Significa reconhecer que ela é fundamental. (FREIRE, 1997, p. 32) Assim, a formação terá mais sentido para o professor quando este reconhecer a importância de sua tarefa dentro da sociedade, que a partir de sua prática pode transformar ou deixar permanecer a situação de desigualdade existente em nosso meio: “A prática pode reforçar velhas concepções, mas pode também questioná-las e, dependendo da natureza das práticas, pode formar novos sujeitos, novos profissionais”. (ARROYO, 1999, p. 47). O papel do educador dentro de uma educação que se preocupa com a qualidade e a aprendizagem significativa que a de um educador, é de um constante pesquisador. Segundo Nóvoa (2001), o professor pesquisador e reflexivo é um professor indagador que assume sua própria realidade escolar como um objeto de pesquisa, de reflexão e de análise. O autor destaca que a experiência por si só pode ser uma mera repetição, uma mera rotina, não sendo por si só formadora. Formadora é a reflexão ou a experiência ou a pesquisa sobre essa experiência. No entanto, ser reflexivo significa pensar sobre sua prática educativa com vistas a elaborar ações para sua melhoria e isso é essencial à profissão docente. A “refundação da escola” tem muitos caminhos, mas todos eles passam pelos professores. Esta profissão representou, no passado, um dos lugares onde a idéia de escola foi inventada. No presente, o seu papel é essencial para que a escola seja recriada como espaço de formação individual e de cidadania democrática. Mas, para que tal aconteça, é preciso que os professores sejam capazes de refletirem sobre a sua própria profissão, 49 encontrando modelos de formação e de trabalho que lhes permitam não só afirmar a importância dos aspectos pessoais e organizacionais na vida docente, mas também consolidar as dimensões coletivas da profissão. (NÒVOA, 1999) 2.7 A relação professor-aluno e o processo ensino-aprendizagem Pensando na ação do educador com relação ao processo ensinoaprendizagem da criança, poderíamos citar diversos autores que discorrem sobre este tema, mas, inicialmente, mencionaremos o grande educador brasileiro: Paulo Freire11. As idéias de Freire devem ser tomadas como orientação para o processo de formação docente, pois estimula a reflexão crítica da prática pedagógica. Esta reflexão consiste em saber dialogar e escutar. Supõe respeito pelo saber do educando e reconhece a identidade cultural do outro. Após refletirmos sobre as teorias do desenvolvimento e da construção do conhecimento, é fundamental que pensemos em como se deve acontecer a relação professor-aluno dentro da sala de aula, como esta relação beneficia ou não a construção e aquisição dos conhecimentos. O papel do educador neste processo é fundamental. Tem como desafio favorecer a formação de um ambiente onde a infância possa ser vivida em toda a sua plenitude, um espaço e um tempo de encontro entre seus próprios espaços e tempos de ser criança, tanto dentro quanto fora da escola. É importante pensar na criança como sujeito ativo que participa e intervém no que acontece ao seu redor, uma vez que suas ações são formas de reelaboração e recriação do mundo. O educador deve estar comprometido com a prática educacional, trabalhar com conteúdos de naturezas diversas, que abranjam desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos oriundos das diversas áreas do conhecimento. Em contrapartida, deve ser um eterno aprendiz, refletindo e 11 Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. (Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire, acesso em 23 de outubro de 2008) 50 registrando constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares e buscando informações necessárias ao trabalho que desenvolve, mostrando-se sempre sensível às necessidades da criança. Neste sentido, Freire fala sobre a importância do diálogo entre educador e educando, dizendo que este diálogo “não os torna iguais, mas marca a posição democrática entre eles ou elas”. (1992, p. 117) O diálogo tem significação precisamente porque os sujeitos dialógicos, não apenas conservam sua identidade, mas a defendem e assim crescem um com o outro. O diálogo, por isso mesmo, não nivela, não reduz um ao outro. Nem é favor que um faz ao outro. Nem é tática manhosa, envolvente, que um usa para confundir o outro. Implica, ao contrário, um respeito fundamental dos sujeitos nele engajados, que o autoritarismo rompe ou não permite que se constitua. (FREIRE, 1992, p. 118) Freire (1992) nos mostra que a base da relação professor-aluno deve estar pautada no diálogo, dizendo ainda que a relação dialógica não anula a possibilidade do ato de ensinar... [...] pelo contrário, ela funda este ato, que se completa e se sela no outro, o de aprender, e ambos só se tornam verdadeiramente possíveis quando o pensamento crítico, inquieto, do educador ou da educadora não freia a capacidade de criticamente também pensar ou começar a pensar do educando. Se o pensamento do educador ou da educadora anula, esmaga, dificulta o desenvolvimento do pensamento dos educandos, então o pensar do educador, autoritário, tende a gerar nos educandos sobre quem incide, um pensar tímido, inautêntico ou, às vezes, puramente rebelde. (FREIRE, 1992, p. 118) Dessa forma, acredita-se que sejamos capazes de romper com a prática da “educação bancária”, expressão divulgada pelo próprio Freire que explica este tipo de educação como sendo aquela onde o “saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber” (1987, p. 33), ou seja, a crença de que o educando é um recipiente vazio onde se “deposita” conhecimento e quanto mais esse recipiente for preenchido, melhor serão educandos e educadores. Muitas vezes, por mais que nos julguemos progressistas em nossas concepções e idéias, acabamos por realizar este tipo de educação, buscando alunos obedientes e cordatos, não abrindo espaço para o diálogo, perpetuando a situação de alienação em que nos encontramos nos dias de hoje. Pois bem, pautemos a relação professor-aluno na base do diálogo, buscando saber aquilo que os alunos já sabem e a partir daí, planejar nossas metas e ações para atender àquilo que eles ainda precisam aprender. Claro que não 51 estarão todos nos mesmos tempos, no entanto, enquanto educadores saibamos aproveitar os saberes de uns para que possam compor os saberes de todos. Existem diferentes tempos de aprendizagem e diferentes saberes a serem articulados; o importante é que sejam realizados na base da criatividade e do diálogo, pautados no respeito que deve existir entre professores e alunos. Assim, é necessário, enquanto educadores, estabelecermos que tipo de educação pretendemos desenvolver: bancária ou libertadora? Quero ser um educador que acredito na transformação a partir da educação? Nossas respostas dependem da concepção que temos com relação à finalidade da educação. Para que educamos? Paro (2007) nos diz que devemos educar para o “viver bem” de todos, ou seja, para que nossos educandos sejam verdadeiros cidadãos, sejam mais humanos. A escola fundamental deve pautar-se pela realização de objetivos numa dupla dimensão: individual e social. A dimensão individual diz respeito ao provimento do saber necessário ao auto desenvolvimento do educando, dando-lhe condições de realizar o bem estar pessoal e o usufruto dos bens sociais e culturais postos ao alcance dos cidadãos; em síntese, trata-se de educar para “viver bem” (ORTEGA Y GASSET, 1963 in PARO, 2007 p. 16). Por sua vez a dimensão social liga-se à formação do cidadão, tendo em vista a sua contribuição para a sociedade, de modo que sua atenção concorra para a construção de uma ordem social mais adequada à realização do “viver bem” de todos, ou seja, para a realização da liberdade como construção social (PARO, 2007 p. 16-17). O educador, comprometido com uma educação de qualidade, precisa ter consciência de cada uma dessas dimensões e desta finalidade (o educar para “viver bem”), para que possa auxiliar na sua concretização por parte de todos os atores envolvidos no processo ensino-aprendizagem. É fundamental que tenhamos clareza desta finalidade da educação colocada por Paro, como aquela que promove o acesso aos bens materiais e imateriais, planejando todo nosso trabalho no sentido de que esta finalidade seja alcançada, resultando num salto considerável na qualidade em educação, não mais pautada na quantidade de conhecimentos “armazenados” pelos alunos, mas na educação como parte da vida: Se educação é atualização histórico-cultural, supõe-se que os componentes de formação que ela propicia ao ser humano são algo muito mais rico e mais complexo do que simples transmissão de informações. Como mediação para a apropriação histórica da herança cultural a que supostamente têm direito os cidadãos, o fim último da educação é favorecer uma vida com maior satisfação individual e melhor convivência social. A educação, como parte da vida, é principalmente aprender a viver com maior 52 plenitude que a história possibilita. Por ela se toma contato com o belo, com o justo e com o verdadeiro; aprende-se a compreendê-los, a admirá-los a valorizá-los e a concorrer para sua construção histórica, ou seja, é pela educação que se prepara para o usufruto (e novas produções) dos bens espirituais e materiais. Tudo isso não se dá como simples aquisição de informação, mas como parte da vida, que forma e transforma a personalidade viva de cada um, nunca esquecendo que “cada um” não vive sozinho, sendo então preciso pensar o viver de forma social, em companhia e em relação com pessoas, grupos e instituições. Assim, a educação se faz também, com a assimilação de valores, gostos e preferências; a incorporação de comportamentos, hábitos e posturas; o desenvolvimento de habilidades e aptidões e a adoção de crenças, convicções e expectativas. (PARO, 2007, p. 21-22) 2.7.1 A participação da família neste processo. É essencial que a escola promova e dê condições para que a família participe efetivamente da vida escolar do filho, bem como da vida cotidiana da unidade educacional. Ainda vemos que esta participação é mínima, limitando-se às reuniões trimestrais e eventos promovidos pela escola. A integração escola-família, torna-se um desafio de cada unidade educacional. Trazer os pais para o interior desta, conscientizando-os sobre a importância de seu envolvimento, tanto nos processos decisórios, quanto no processo ensino-aprendizagem de seus filhos é fator primordial para um bom andamento de todo o trabalho, tanto administrativo quanto pedagógico da escola. Neste sentido, podemos ver que à escola cabe: [...] partir de uma postura positiva da instituição com relação aos usuários, em especial com os pais e responsáveis pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de convivência verdadeiramente humana, em suma, de participação na vida da escola. Levar o aluno a querer aprender implica um acordo tanto com educandos, fazendo-os sujeitos, quanto com seus pais, trazendo-os para o convívio da escola, mostrando-lhes quão importante é sua participação e fazendo uma escola pública de acordo com seus interesses de cidadãos. (PARO, 1995 apud PARO, 2001, p. 108) 2.7.2 Cuidar-educar-brincar: a base do trabalho com a infância. Os termos “cuidar” e “educar” são encontrados em uma vasta bibliografia, no que tange às crianças pequenas e constituem toda a base do trabalho que é desenvolvido nas escolas que atendem crianças de 0 a 5 anos. Mas é necessário perceber que os termos não são concebidos de forma individualizada, já que não é possível realizar bem um sem fazer o outro. 53 Enquanto as crianças são cuidadas, estão sendo educadas e vice-versa, e é nesta ótica que o trabalho no município de Rio Claro acontece. As escolas que trabalham com as crianças desta faixa etária promovem ações no sentido de oferecer um atendimento primoroso e de qualidade, que muito se aproxima da definição utilizada por Rosemberg, sobre o que significa cuidar das crianças, como podemos ver: Atender às suas necessidades de proteção, segurança, bem-estar, saúde. Estar atento as seus afetos, emoções, sentimentos, às relações com os outros, com as coisas, com o ambiente. Planejar um espaço que estimule sua inteligência e imaginação, que permita descobertas e aguce sua curiosidade. (ROSEMBERG, 1999, p.23) Desse modo, para cuidar / educar crianças pequenas é fundamental o conhecimento por parte dos educadores, do desenvolvimento infantil, suas habilidades e necessidades primordiais, para que possam contribuir para o seu crescimento. Pode-se dizer que para a criança desenvolver-se integralmente é preciso que o educador compreenda seu papel, superando a dicotomia entre cuidar / educar, numa perspectiva integradora dos dois processos. E como o termo “brincar” aparece dentro deste eixo integrador? Na verdade, sendo a brincadeira uma forma de compreender o mundo, forma esta de representação do que é vivenciado, além de trazer à tona aspectos da cultura que são transmitidas nas diversas gerações, não é possível falar de Educação Infantil sem, contudo, refletir sobre a importância que o brincar tem frente a tudo que pode representar no trabalho com crianças pequenas. Inclui-se aqui a ludicidade, o prazer, a afetividade e sensibilidade, e tudo mais que representa os aspectos singulares da infância, próprias das crianças de 0 a 5 anos. “A brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sóciocultural dos adultos”. (WAJSKOP, 2007, p.25) Reconhecida a brincadeira como elemento do desenvolvimento infantil, é importante que os educadores compreendam de que forma ela pode ser inserida no cotidiano da Educação Infantil, como forma lúdica, prazerosa e meio de ampliação das experiências infantis, favorecendo suas atividades criadoras. A autora ainda acrescenta que: Quanto mais as crianças virem, ouvirem, sentirem e experimentarem, quanto mais aprenderem e assimilarem, quanto mais elementos reais tiverem em sua experiência, tanto mais produtiva e criativa será a atividade de sua imaginação. (WAJSKOP, 2007, p.101) 54 Assim, a Educação Infantil deve se embasar na proposta de integrar o ‘brincar’ às práticas de cuidado e proteção, construindo uma trajetória positiva para os educandos, respeitando-se a criança como cidadã, de direitos e deveres assegurados, num processo contínuo de constituição de sua identidade. Nessa perspectiva, alegria, prazer, afeto, conhecimento advindo de descobertas têm sido elementos fundamentais nas práticas com crianças pequenas. Se a sociedade vivencia as mais diversas formas de representação da infância, por que não começar dentro das instituições educativas o movimento de transformação, abrindo espaços de discussão e reflexão acerca das necessidades infantis? Há de se priorizar o debate em torno das políticas afirmativas, com ações que realmente sejam significativas e sensíveis, na busca de soluções para os problemas acerca da infância. Esse compromisso não pode ser assumido apenas por uma parcela da população, mas envolve toda a sociedade e isso é o que se espera para as gerações futuras! 2.7.3 Brincar no ensino fundamental: uma prática transformadora Como acabamos de ver, o brincar faz parte da vida do ser humano; no entanto, é na infância que este fator tem seu ponto culminante, pois através da brincadeira e do jogo a criança se desenvolve, aprende, cria e recria a cultura e o conhecimento. A escola, porém, ainda não dá o valor necessário a este fator, principalmente quando a criança adentra o Ensino Fundamental. Muitos autores dizem que, no momento da entrada do indivíduo neste nível de ensino, automaticamente deixa de ser criança para se tornar aluno, pelo menos aos olhos dos adultos que trabalharão com ele. Com a entrada da criança aos seis anos de idade no Ensino Fundamental esse assunto passou a ser pauta de discussões, mas de forma tímida, ainda. 55 É uma prática muito presente neste nível de ensino que os espaços e tempos do brincar sejam reduzidos drasticamente, se relacionarmos ao que a criança vivencia na Educação Infantil. É necessário, porém, que gestores e educadores comprometidos com a aprendizagem e bem estar da criança garantam tempos e espaços para que a brincadeira e o jogo passem a fazer parte integral do currículo do Ensino Fundamental. Ambos os estudiosos que abordamos com mais ênfase neste documento (Piaget e Vygotsky), se reportam ao ato de brincar como sendo fundamental no desenvolvimento da criança. “[...] quando brinca a criança assimila o mundo á sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.” (PIAGET, 1971, apud HAETINGER, 2005, p. 84) Para Vygotsky a criança é introduzida no mundo adulto pelo jogo, e sua imaginação (estimulada através dos jogos) pode contribuir para a expansão de suas habilidades conceituais. (HAETINGER, 2005, p. 84) No entanto, mesmo diante de afirmações como estas, por vezes resistimos à idéia de introduzir jogos e brincadeiras em nosso planejamento, afinal, na sociedade ocidental, o jogo e a brincadeira se opõem ao trabalho, tanto no contexto da escola, quanto na sociedade em geral. Falas como estas são recorrentes na escola de Ensino Fundamental: “Pare de brincar, menino, senão você não aprende”. “Agora vocês não estão mais no “prézinho”, agora a coisa é séria”. “A brincadeira acabou, agora vamos estudar”. Isso acontece porque, historicamente, relacionamos o brincar a uma tarefa à parte, paralela, de menor importância, mas esse paradigma vem sendo quebrado aos poucos e, cada vez mais, tomamos consciência de que o brincar estabelece estreita relação com a cultura e com o conhecimento, sendo ferramenta essencial para que a escola cumpra sua função humanizadora. Constituindo um saber e um conjunto de práticas compartilhadas pelas crianças, o brincar está estreitamente associado à sua formação como sujeitos culturais e à construção de culturas em espaços e tempos nos quais convivem cotidianamente. (BORBA, 2006, p. 39) O documento do MEC sobre o Ensino Fundamental de nove anos nos traz a reflexão sobre o brincar como construção de culturas e interações sociais, 56 acabando por ser um suporte importante na sociabilidade dos educandos. Quando estão juntas, as crianças necessitam construir e manter um espaço interativo de ações coordenadas, o que envolve a partilha de objetos, espaços, valores, conhecimentos e significados, além da negociação de conflitos e disputas. “Neste contexto, as crianças estabelecem laços de sociabilidade e constroem sentimentos e atitudes de solidariedade e de amizade”.(BORBA, 2005, p. 4) Enfim, é preciso deixar que as crianças e os adolescentes brinquem, é preciso aprender com eles a rir, a inverter a ordem, a representar, a imitar, a sonhar e a imaginar. E, no encontro com eles, incorporando a dimensão humana do brincar, da poesia e da arte, construir o percurso da ampliação e da afirmação de conhecimentos sobre o mundo. Dessa forma, abriremos o caminho para que nós, adultos e crianças, possamos nos reconhecer como sujeitos e atores sociais plenos, fazedores de nossa história e do mundo que nos cerca. (BORBA, 2005, p. 44) 2.7.4 Metodologia A concepção do trabalho pedagógico deve, antes de tudo, ser permeada pelo sentido que se atribui à escola e sua função social, ao entendimento que se tem de criança, ao significado de infância e adolescência e ao sentido atribuído aos processos de ensino-aprendizagem, bem como a concepção que se tem de educação. Levando em consideração a visão sobre o educando como sujeito ativo de sua aprendizagem, o educador como mediador e facilitador do processo e, considerando a presença de uma avaliação formativa, quais os procedimentos metodológicos que permearão todo este trabalho? Diante desses pressupostos, a metodologia deverá abarcar a construção da autonomia do educando a qual perpassa o ato de aprender e requer situações de ensino-aprendizagem investigativas, inovadoras, interessantes e desafiadoras que servirão de disparos para o desenvolvimento da formação humana subsidiando a operação das diferenças e inquietações a partir do exercício de reflexão e tomada de decisões. O planejamento de ensino, os planos de aula e os projetos de trabalho devem ser frutos de reflexões coletivas e individuais voltadas à aprendizagem dos educandos que são foco principal de todo processo educativo. 57 2.7.5 Letramento e alfabetização Temas muito discutidos no meio escolar, esses dois elementos devem ser preocupação constante de todo educador. A criança vive num mundo letrado, por menor que seja seu acesso a bens de consumo. Quando chega à escola tem a oportunidade de organizar tudo o que já vivenciou neste mundo, avançando numa reflexão sobre as diferentes situações de leitura e escrita que existem. Segundo Leal, Albuquerque e Morais (2006), crianças que vivem em ambientes ricos em experiências de leitura e escrita, se motivam mais para essas práticas e começam a refletir sobre as características dos diferentes textos que circulam ao seu redor. É capaz de refletir sobre seus estilos, usos e finalidades; sendo assim, “para reduzir as diferenças sociais, a escola precisa assegurar a todos os estudantes – diariamente – a vivência de práticas reais de leitura e produção de textos diversificados”.(p. 70) Estas práticas devem estar presentes na vida da criança desde a Educação Infantil, principalmente através da oralidade, para que as crianças tenham a oportunidade de aprender sobre elas próprias, sobre a natureza e a sociedade. É muito importante que o educador tenha clara a distinção entre alfabetização e letramento, como apresenta a pesquisadora Magda Soares (1998), apud Leal, Albuquerque e Morais (2006, p. 70): ALFABETIZAÇÃO: corresponde ao processo pelo qual se adquire uma tecnologia – a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-la para ler e escrever. Dominar tal tecnologia envolve conhecimentos e destrezas variados, como compreender o funcionamento do alfabeto, memorizar as convenções letra-som e dominar seu traçado, usando instrumentos como lápis ou outros que os substituam. LETRAMENTO: relaciona-se ao exercício efetivo e competente daquela tecnologia da escrita, nas situações em que precisamos ler e produzir textos reais. Apesar desta distinção essas ações são inseparáveis. O que devemos buscar a todo o momento é “alfabetizar letrando”. 58 “[...] para “alfabetizar letrando” é necessário: (I) democratizar a vivência de práticas de uso da leitura e da escrita; (II) ajudar o estudante a, ativamente, reconstruir essa invenção social que é a escrita alfabética”. (MORAIS e ALBUQUERQUE, 2004, apud LEAL, ALBUQUERQUE E MORAIS, 2006, p. 71) Mas como assegurar que isso realmente ocorra em sala de aula? Dolz e Schneuwly (2004) apud Leal, Albuquerque e Morais (2006, p. 72), nos indicam os tipos de textos que podemos privilegiar no trabalho em sala de aula: 1 - textos da ordem do narrar, que são aqueles destinados à recriação da realidade, tais como contos, fábulas, lendas; 2 - textos da ordem do relatar, que são aqueles destinados à documentação e à memorização das ações humanas, tais como notícias, diários, relatos históricos; 3 - textos da ordem do descrever ações, que são os que se destinam à instruir como realizar atividade e a prescrever e regular modos de comportamento, tais como receitas, regras de jogo, regulamentos; 4 - textos da ordem do expor, destinados à construção e à divulgação do saber, tais como notas de enciclopédia, artigos voltados para temas científicos, seminários, conferências; e 5 - textos da ordem do argumentar, que se destinam à defesa de pontos de vista, tais como textos de opinião, diálogos argumentativos, cartas ao leitor, cartas de reclamação, cartas de solicitação. Podemos verificar que é possível oferecer uma variedade textual concomitante com as práticas de alfabetização e, assim, proporcionar à criança a familiarização com os diferentes contextos sociais em que os textos circulam, desenvolvendo conhecimentos e capacidades cognitivas. “Alfabetizar letrando” é um desafio permanente. Implica refletir sobre as práticas e as concepções por nós adotadas ao iniciarmos nossas crianças e nossos adolescentes no mundo da escrita, analisarmos e recriarmos nossas metodologias de ensino, a fim de garantir, mais cedo e da forma mais eficaz possível esse duplo direito: de não apenas ler e registrar autonomamente palavras numa escrita alfabética, mas de poder ler-compreende e produzir os textos que compartilhamos socialmente como cidadãos. (LEAL, ALBUQUERQUE e MORAIS, 2006, p. 81) 59 2.8 Necessidades Educacionais Especiais O movimento mundial pela inclusão é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeado em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à idéia de eqüidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. (BRASIL, 2008, p.05) Amparo legal há em abundância para que o respeito à diversidade seja observado, culminando com a inclusão de indivíduos com Necessidades Educacionais Especiais - NEE. Temos a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Constituição Brasileira (1988), a Declaração de Jomtien (1990), a Declaração de Salamanca (1994), a Convenção da Guatemala (1999) e outros marcos legais brasileiros a nos alertar da urgência de mudança e ressignificação de nossas práticas no que se refere à escolaridade de todos, entre eles a Resolução CNE/CEB nº2/2001. A Constituição Federal elege a cidadania e a dignidade humana (art.1º, inc. II e III) como fundamentos da República e a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, cor, sexo idade e quaisquer outras formas de discriminação como um dos seus objetivos fundamentais; no art. 5º garante o direito à igualdade; nos artigos 205 e seguintes trata do direito de TODOS à educação; no art. 206, inciso I, elege como um dos princípios para o ensino a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola”. A Resolução CNE/CEB nº2/2001, art. 2º determina que os sistemas de ensino devem matricular TODOS os alunos; a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006) estabelece que os Estados devem assegurar um sistema de educação inclusivo em todos os níveis de ensino. É evidente que a Constituição garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola. A escola, reconhecida pelos órgãos oficiais como tal, deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir ninguém em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, deficiência ou ausência dela. Se queremos atingir o pleno desenvolvimento humano e preparo para a cidadania como afirma o artigo 205 da CF, temos que entender que a educação para todos significa para todos mesmo, num mesmo ambiente. 60 É no ambiente escolar, através das relações intrapessoais que a identidade pessoal e social se constrói; e tal construção é essencial para o desenvolvimento do indivíduo enquanto ser humano e cidadão. É essa interrelacionalidade entre pares da mesma idade cronológica que beneficia a todos em seu desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo. A identidade pessoal é construída na trama das relações sociais que permeiam sua existência cotidiana. Assim, há que se esforçar para que as relações entre indivíduos se caracterizem por atitudes de respeito mútuo, representada pela valorização de cada pessoa em sua singularidade; ou seja, nas características que a constituem.(BRASIL, 2004, p.08) Ao ser signatário da Declaração de Salamanca (1994), o Brasil se comprometeu a, até 2015, ter todos os indivíduos matriculados no ensino regular. Para que todos tenham seus direitos observados há que se respeitar as diferenças. Temos que perceber que a escola, um dos principais espaços de convivência social do ser humano durante as primeiras fases de seu desenvolvimento, é a 1ª promotora do convívio num ambiente diversificado. Ela deve permitir e promover a percepção de que as pessoas são diferentes, têm necessidades diversas e necessitam condições apropriadas de atendimento às peculiaridade individuais. A consciência do direito de constituir uma identidade própria e do reconhecimento da identidade do outro traduz- se no direito à igualdade e no respeito às diferenças, assegurando oportunidades diferenciadas (eqüidade), tantas quantas forem necessárias, com vistas à busca da igualdade. (BRASIL, MEC/SEESP, 2001) A inclusão traz à Educação Básica uma melhoria de qualidade, uma vez que, para que a mesma se efetive, é indispensável que a escola aprimore suas práticas. Para que os alunos com ou sem deficiência exerçam o direito à educação em sua plenitude, tal aprimoramento se faz necessário para que passem pela experiência educacional tirando o proveito desejável. A partir dessa transformação de práticas pedagógicas, alicerçada em reflexões e estudos, o que é um compromisso inadiável, a inclusão acontece como conseqüência. O Projeto Político Pedagógico é o documento que expressa a vontade política da escola em acolher a todos os educandos sem distinção, no momento em que diagnostica sua demanda. Ou seja, buscando entender quem são, quantos são, onde estão e porque alguns alunos evadem, se têm dificuldades de aprendizagem, de freqüentar as aulas, assim como recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis. Há a necessidade do envolvimento de toda a comunidade 61 escolar na elaboração de tal documento para definir metas, prioridades de atuação, objetivos e responsabilidades de acordo com o perfil de cada Unidade Educacional. A escola inclusiva é aquela que tem a aprendizagem como centro das atividades escolares e o sucesso dos alunos como meta independentemente do nível de desempenho a que cada um seja capaz de chegar. A aprendizagem ocorre quando o ambiente escolar, as atividades e as intervenções do professor liberam e emancipam o aluno dando-lhe espaço para pensar, decidir e realizar suas tarefas. Novas práticas de ensino acarretam benefícios para que todos os alunos possam alcançar os mais altos níveis de ensino, como garante a constituição. Nessa perspectiva a Educação Especial define, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial, seu público-alvo como sendo os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades / superdotação e transtornos funcionais específicos. Alunos deficientes são aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza mental, física, intelectual ou sensorial. Alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. O educando com altas habilidades / superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicimotricidade e artes. A inclusão prevê a disponibilização de recursos pedagógicos, metodologias educacionais específicas, linguagens, ferramentas que podem auxiliar os processos de ensino e de aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais por apresentarem características próprias e diferentes dos outros no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade. Escolas abertas às diferenças e capazes de ensinar a turma toda demandam uma re-significação e uma reorganização completa dos processos de ensino e de aprendizagem usuais, pois não se pode encaixar um projeto novo em uma velha matriz de concepção do ensino escolar. (BRASIL, 2004, P.36) Vale destacar que não há receituários prontos e acabados para o trabalho com a educação especial. Faz-se necessário o comprometimento dos atores envolvidos no processo, em prol da aprendizagem de todos; dessa forma o olhar atento dos educadores às necessidades de cada educando torna-se primordial. 62 Fonte: Secretaria Municipal da Educação, 2008 63 3. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS: IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS Para a criança existe o espaço-alegria, o espaço-medo, o espaço-proteção, o espaço-mistério, o espaço-descoberta, enfim, os espaços de liberdade ou da “opressão”. (LIMA, 1989, p. 30) Pensando-se em organização e funcionamento das instituições educativas é fundamental discorrer sobre o papel social da escola enquanto espaço privilegiado da infância e pensar no educando como sujeito do processo, principal ator e usuário do ambiente educacional. O Plano Nacional de Educação (PNE) revela a necessidade de apontar parâmetros essenciais de ambientes físicos que prevejam os conceitos de sustentabilidade, acessibilidade, universalidade e proposta pedagógica, onde o espaço deve antever ambientes que levem a aventuras, descobertas, criatividade, desafios, aprendizagem, promovendo a construção da identidade e autonomia do educando. Considerando as mudanças ocorridas na legislação educacional, através da LDB e do FUNDEB, a implementação do Ensino Fundamental de nove anos provocou uma discussão sobre a organização do sistema educacional brasileiro (o tempo de permanência dos educandos na escola, os espaços educativos e sua utilização, o currículo, seleção de materiais e metodologia mais adequada ao trabalho, entre outros) onde as especificidades do trabalho junto às crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental devem ser consideradas. Dessa forma, a organização espaço/tempo deve ser repensada a partir dessas necessidades buscando promover o desenvolvimento bio-psico-social, se queremos prover a todos uma educação de qualidade como propõe a Declaração Mundial de Educação para Todos, de Jountien na Tailândia. O ambiente físico destinado à Educação Infantil, promotor de aventuras, descobertas, criatividade, desafios, aprendizagem e que facilite a interação criança-criança, criança-adulto e deles com o meio ambiente. O espaço lúdico infantil deve ser dinâmico, vivo, “brincável”, explorável, transformável e acessível para todos. (BRASIL, 2006, p. 8) Numa perspectiva de mudança, em busca de novos significados, é que a educação, ou melhor, a própria infância vai se constituindo, traçando novos rumos e despertando diferentes sentimentos nessa trajetória. Compreender quem 64 são os nossos educandos, o que sabem, o que precisam aprender, quais as melhores estratégias, interesses, como organizar conteúdos e espaços mais adequados, vai contribuir para transformar as diferentes práticas educativas e olhares para com o sujeito infantil. Este capítulo apresenta as orientações didáticas para a rede municipal de ensino de Rio Claro situar-se no espaço entre as intenções educativas e a prática desenvolvida pelos educadores junto aos educandos. Funcionam como subsídios que remetem ao “como fazer”, à atuação direta do educador com vistas a promover atividades e cuidados alinhados com a concepção de criança e de educação. As vivências que são oportunizadas dentro e fora da instituição escolar contribuem para o desenvolvimento da criança. Tais vivências, totalmente atreladas aos objetivos propostos no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, beneficiarão a todos os educandos devendo passar por ajustes e modificações para atender aos alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) que são parte dessa comunidade escolar. Desse modo, é fundamental que a escola elabore propostas claras e objetivas a fim de proporcionar diferentes aprendizagens, o circular de informações adequadas, numa perspectiva de articulação da teoria e da prática dos educadores com aquilo que é essencial para aprendizagem dos educandos. Segundo Lima (2007) “Quando a criança entra na instituição educativa, sua experiência nela, o que lhe é ensinado, torna-se constitutivo de sua pessoa, modificando-a continuamente”. Os conhecimentos podem modificar-se em função dos conteúdos aprendidos e por isso é necessário que todo trabalho do educador esteja organizado para contribuir nesse processo, considerando-se os diferentes tempos e necessidades das crianças. É fundamental respeitar o desenvolvimento dos educandos, compreendendo que a aprendizagem é um processo múltiplo, inacabado e contínuo. Trata-se, portanto, de valorizar os conhecimentos prévios trazidos pelos educandos e à medida em que o trabalho é realizado nas escolas, permitir que esses conhecimentos possam ser transformados, já que as crianças constroem e reconstroem significados. É importante salientar que as orientações aqui mencionadas servirão para balizar as discussões dentro das instituições educativas, num processo de 65 reflexão sobre a ação, onde os educadores poderão experimentar, recriar alternativas de trabalho mais adequadas a cada realidade vivenciada dentro de uma perspectiva transformadora, tornando o documento um modelo flexível com inúmeras possibilidades de atuação. Para tanto apontaremos aqui três pontos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho, como parte integrante da reorientação curricular proposta. 3.1 Organização do tempo O “tempo didático” ou, como é conhecido, o “tempo de trabalho educativo” realizado com os educandos, tem como organizador a rotina, que estabelece quando as aprendizagens ocorrerão, dentro das mais diversas estruturas didáticas. A rotina deve prever as diferenças individuais de interesse, participação, concentração e atividades que alternem movimentos, tempos e espaços, encorajando o trabalho em grupo e individual. Qualificar o tempo remete ao direito da criança de explorar, vivenciar, experienciar, transformar, movimentar, fantasiar e brincar de forma a conquistar a sua autonomia. É inconcebível transformar o tempo escolar em tempo de espera. Nessa perspectiva, cabe ao educador promover situações enriquecedoras e significativas ao desenvolvimento infantil que privilegiem as práticas do brincar de forma prazerosa e integradora. 3.1.1 Rotina A rotina é fundamental, já que facilita à criança se adaptar ao tempo e espaço, ao desenvolvimento das brincadeiras, às interações nas situações de aprendizagens orientadas e nos cuidados. Com a rotina a criança se sente mais segura e participa mais intensamente das atividades propostas na escola. 66 3.2 As estruturas didáticas e as modalidades organizativas Ao apresentar novos conteúdos às crianças, faz-se necessário estabelecer os períodos e situações em que as brincadeiras podem ocorrer e quais os encadeamentos das ações para o desenvolvimento de aprendizagens específicas. Como as práticas realizadas nas instituições educativas advêm da intencionalidade dos sujeitos que organizam o processo – os educadores, é importante que as mesmas estejam amparadas em uma rotina de trabalho segura, que ofereça seqüência lógica e constitua-se em referência aos educandos. Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 As estruturas didáticas podem ser agrupadas em modalidades organizativas, que são: atividades permanentes, atividades seqüenciadas ou seqüência de atividades, atividades independentes ou pontuais e projetos de trabalho. A seguir, as modalidades organizativas serão descritas, de acordo com a intencionalidade e especificidade que apresentam. 67 Atividades _____________ Características Atividades Pontuais ou independentes Atividades Seqüenciadas Atividades Permanentes Projetos São situações didáticas articuladas, que possuem uma seqüência de realização, cujo principal critério é o nível de dificuldade. São situações didáticas propostas com regularidade, cujo objetivo é constituir atitudes, desenvolver hábitos, etc. São situações didáticas que articulam-se em função de um objetivo (situação problema) e de um produto final. Variável: depende dos objetivos propostos. Podem durar dias ou meses, porém a distribuição das atividades é negociada com os educandos. Definição São situações independentes, nas quais um determinado conteúdo é trabalhado, mesmo que não haja uma relação direta com o que está sendo feito nas outras atividades. Duração Variável: Pode envolver apenas um momento da aula, uma aula ou um dia, dependendo do objetivo e da atividade. Variável: depende dos objetivos propostos Repete-se de forma sistemática e previsível – diária, semanal, quinzenal, mensal, bimestral. Peculiaridades São atividades que muitas vezes não possuem um objetivo imediato, mas articulam-se de alguma maneira com objetivos e conteúdos propostos. Funcionam de forma semelhante aos projetos, mas seu produto final é apenas uma atividade de sistematização ou fechamento. São atividades regulares e por isso possibilitam um contato intenso com o objeto que se pretende ensinar. Têm uma finalidade compartilhada por todos os envolvidos que se expressa na realização de um produto final Trabalho que envolva o corpo e movimento, uso do crachá de nomes em diversas situações didáticas, leitura de histórias graduando as dificuldades, reconto de histórias, resolução de situação-problema, saúde e higiene, entre outras. Brincadeiras no espaço interno e externo, roda da história, calendário, roda de conversa, ateliês ou oficinas de desenho, pintura, chamada, uso de crachás de nomes, agenda do dia, modelagem, música e dramatização, atividades de leitura e escrita (pelo educador e pelo educando) de acordo com a faixa etária, sala de leitura ou biblioteca, cuidados com o corpo (banho, higiene e escovação), selfservice, parque, tanque de areia. “Da fralda ao vaso”, “E o bicho comeu”, “Dinossauros”, “Cães e gatos”... Os temas devem apontar curiosidades e descobertas que são fundamentais no trabalho com os educandos. Lista de sugestões Leitura de notícias de jornais, revistas, documentários ou notícias da TV, hora da novidade, roda de conversa sobre algo trazido pela criança ou algum acontecimento que não estava previsto na rotina Adaptada a partir de material produzido na Escola Cooperativa de São Paulo. Fonte Consultada: “É possível ler na escola” de Delia Lerner 68 NA PRÁTICA PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL.... ATIVIDADES PERMANENTES AGENDA DO DIA OU ROTINA É a atividade proposta no início da Pré II Atividade Permanente: Calendário: aula em que o educador combina 1 com sua turma quais serão as dia da semana, seqüência, tempo, fatos... vivências oportunizadas no dia, em Atividade Permanente: Chamada: que seqüência ocorrerão, 2 contribuindo para o lista de nomes, organização das atividades do dia, contrato didático ou combinados... estabelecimento da organização Brincadeira: Dança da Cadeira com das atividades, horários e tempo 3 didático. Oferece uma estrutura nomes dos alunos Registro da brincadeira pelo lógica e coerente ao longo do 4 professor, por meio de texto coletivo. 5 Merenda processo de aprendizagem. Projeto: 2ª etapa do Projeto de Lendas 6 12 Brasileiras - Escrita pelos alunos com auxílio de letras móveis de nomes de lendas do repertório que conhecem ou foi trabalhado. Área Livre: brincadeiras – atividade 7 orientada Seqüência didática Atividade Musical: (ampliação do repertório por meio de 8 Cds variados) Área Livre: Brincadeiras – atividade dirigida Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 12 O referido Projeto está sendo realizado com a classe com o objetivo de ampliar o conhecimento a respeito da temática. 69 ATIVIDADES SEQUENCIADAS OU SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES TRABALHO COM NOMES Etapas prováveis com nomes PRÓPRIOS próprios- Pré I É a atividade que representa a oportunidade privilegiada de reflexão sobre o funcionamento do sistema de escrita, já que o nome 1 crianças e do professor 2 3 os seus nomes, diariamente) 4 manipulação diária 5 sonoro convencional das letras, a Exploração do nome do crachá: letras, quantidade, nomes parecidos ou iguais, diferentes.. quantidade de letras necessária variedade, posição e ordem das Entrega de crachás para as crianças, com os nomes para O trabalho com nome oferece a para escrever os nomes, a Leitura dos nomes contidos no cartaz (as crianças devem procurar elimina para a criança a informação sobre a forma e o valor Escrita dos nomes em cartaz para ser afixado na classe próprio é um modelo estável, que ambigüidade de interpretação. Roda de conversa: nomes das 6 Brincadeiras de roda, canções que envolvam os nomes das crianças 7 letras em uma escrita convencional Escrita do nome com letras móveis e a realidade da escrita, o que 8 Bingo de nomes serve de referência para checar as 9 Organização de agenda telefônica ou agenda de endereços com próprias hipóteses. nomes das crianças: a função social da agenda 10 Copia do nome em situações em que é necessário ou faz sentido Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 70 ATIVIDADES INDEPENDENTES OU PONTUAIS A HORA DA NOVIDADE VIRA FESTA Contando uma experiência interessante para você... MATERNAL As crianças também precisam A escola inaugurou o lago com conviver com momentos de propósito de desenvolver atividades surpresa, de novidade, em que os diversificadas, aproveitando a área educadores podem criar situações externa e todo o ambiente a sua volta. diferenciadas e divertidas. Uma Em um determinado dia, uma criança excelente oportunidade é aproveitar trouxe um peixinho para a escola e materiais pedagógicos começou toda a diversão. Os diversificados, espaços externos da educadores e escola ou mesmo uma boa roda de conversaram sobre conversa em que surgem assuntos exploraram o ambiente e cuidados pontuais, que as crianças trazem e necessários com o peixinho. devem ser explorados. as crianças o animal, Na roda de conversa surgiu a idéia das crianças cuidarem do peixinho e uma delas sugere que o mesmo fosse deixado no laguinho da escola. Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 71 PROJETOS DE TRABALHO Projeto Cães e Gatos (Pré III) Esta modalidade organizativa tem por objetivo favorecer a construção de sentido por parte das crianças. O Projeto Cães e Gatos surgiu da necessidade de sabermos mais sobre os animais domésticos, já que ao redor da escola em que foi desenvolvido havia muitos deles soltos nas ruas. Objetivos 1. Conhecer as características dos animais domésticos. 2. Desenvolver a linguagem oral e escrita a partir dos conhecimentos adquiridos sobre o tema. 3. Estimular a reflexão sobre o tema com base em um repertório significativo. 4. Desenvolver atitudes e valores a partir do contato com os animais, suas necessidades e cuidados básicos. Desenvolvimento Coleta de material referente aos animais domésticos, como jornais, livros, revistas, objetos, fotos, folhetos, rótulos, etc. Roda de conversa para organização do material coletado e levantamento das informações que as crianças possuem acerca do tema. Visita das famílias às escolas com os animais de estimação das crianças, para trabalhar com suas características, com vistas à construção de textos coletivos. Seleção de textos que contribuam para ampliação do repertório sobre a temática. Realização de Palestra com equipe da Zoonoses para esclarecimentos sobre os cuidados e higiene dos animais. Visita a uma agropecuária do bairro da escola, para observação dos produtos relacionados aos cães e gatos, lá existentes. Leitura de diversos gêneros literários para desenvolvimento da linguagem oral e escrita. 72 Escrita junto às crianças de textos como listas, poesias, texto informativo e ilustrações diversas dos mesmos. Confecção de “Caderno informativo” contendo todos os textos produzidos junto às crianças, fotos e ilustrações. Reprodução do “Caderno Informativo” para posterior distribuição no bairro e famílias das crianças. Produto Final Elaboração do Caderno Informativo acerca do tema estudado e posterior entrega às famílias das crianças e comunidade. 73 ORGANIZANDO O TEMPO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL .... EXEMPLO DE ROTINA, CONSIDERANDO UMA SEMANA DE TRABALHO PRÉ II Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Recepção dos alunos/Leite Recepção dos alunos/Leite Recepção dos alunos/Leite Recepção dos alunos/Leite Recepção dos alunos/Leite Atividades permanentes Atividades permanentes Atividades permanentes Atividades permanentes Atividades permanentes Parque (50 min) Tanque (50 min) Parque (50 min) Tanque (50 min) Casinha de boneca (50 min) Merenda (15 min) Merenda (15 min) Merenda (15 min) Merenda (15 min) Merenda (15 min) Higiene Higiene Higiene Higiene Higiene Matemática Ed. Física (50 min) Movimento Ed.Física (50min) Linguagem escrita Linguagem oral Matemática Natureza e sociedade Artes visuais Música Jogos de exploração Massinha Jogos de exploração Jogos de exploração Jogos de exploração Saída Saída Saída Saída Saída Exemplos: Atividades permanentes: Conversa e descrição da rotina na lousa; Calendário; Ajudantes do dia; Contar histórias. Matemática: Jogo da minhoca; Jogo da memória (com cartas numéricas do baralho); Jogo Rapa Prato13; Confecção de jogos, dentre outros. 13 Jogo Rapa Prato: Material utilizado – prato descartável, macarrão e um dado. Procedimentos: distribui-se um prato para cada participante, colocando uma quantidade indeterminada de macarrão no mesmo; joga-se o dado e retira-se a referida quantidade em macarrões; ganha quem esvaziar o prato. (Pode ser jogado em grupo). 74 Confecção de jogos Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 Linguagem oral e escrita: Confecção de diferentes tipos de crachás; Quebracabeça do próprio nome; Contos Ilustrados; Utilização de Fantoches de Vara para reconto de histórias pelas crianças. O trabalho com cenário e personagens diversos facilita um enredo fantasioso, pois a criança pode exercitar o jogo simbólico. Movimento: Variações de “Pega-pega”; “Estátua”; “Elástico”, “Brincadeiras de Roda”; “Ponte”; “Barangandão14”; dentre outros. Barangandão Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 Artes Visuais: Retrato e Auto-retrato de pintores diversos e dos próprios alunos; Trabalho com Telas – leitura e releitura; Pintura de Rosto; Fantasias – espelho; Confecção de Barangandão pelas próprias crianças, dentre outros. 14 Barangandão: brinquedo folclórico confeccionado com tiras de papel crepon coloridas utilizado pelas crianças, que resgata a tradição cultural. 75 Música: Diversos gêneros musicais; Roda da Música; Karaokê; Gravação da voz das crianças (cantigas, parlendas, poesias, receitas), dentre outros. Natureza e sociedade: Roda da Conversa sobre diversos temas: Água; Higiene Corporal; Meio Ambiente; Plantio de Sementes e Mudas, dentre outros. Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 A seguir, são apresentados alguns registros de crianças a partir das atividades realizadas no eixo do movimento. O registro feito por elas revela como compreenderam o que foi vivenciado e mostra a importância da concretização do seu pensamento. REGISTROS DAS CRIANÇAS A PARTIR DAS ATIVIDADESDESENVOLVIDAS NESTA ROTINA BRINCADEIRA: ESTÁTUA / BRINCADEIRA: ELÁSTICO Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 / JOGO: RAPA PRATO 76 3.3 Organização do espaço e dos materiais Dentro da rotina devemos pensar também na organização do espaço. Essa organização deve contribuir para cinco funções do desenvolvimento infantil: 1- Identidade pessoal: entendendo que a criança é um sujeito que vive em determinado momento histórico e social, que mora em determinado local e que possui certos objetos, a personalização do espaço da sala de aula ganha grande importância. Isso porque ao promovermos espaços familiares à realidade da criança, estamos oferecendo a ela a possibilidade de um controle sobre os mesmos; esse controle favorece a sua integridade. Se pensarmos no educando com NEE, é de extrema importância tal função pois numa realidade em que só se atenta à deficiência, a construção de sua identidade pessoal dar-se-á mais efetivamente. 2- Desenvolvimento de competências: o ambiente da sala deve ser organizado de maneira que ofereça à criança um controle do espaço, fornecendo instalações físicas convenientes para que possa satisfazer suas necessidades sem uma constante ajuda do professor. Ou seja, a organização dos espaços e materiais deve ser acessível à criança de forma que ela possa manuseá-los com autonomia; é muito importante que os materiais encontrem-se ao seu alcance, que possuam uma organização lógica e que a criança participe de sua organização. 3- Oportunidades para o crescimento: o espaço deve ser planejado de maneira a oferecer à criança possibilidades para desenvolverem movimentos corporais como: pular, correr, saltar, rolar, subir, descer... Essa organização deve oferecer segurança para que elas possam realizar tais movimentos podendo falhar e tentar de novo. Escadas, bancos, rampas, espaços livres, etc. são relevantes para o trabalho, pois neste período as crianças necessitam de maiores desafios. Outro item importante neste contexto é a estimulação dos sentidos; para estimular seus órgãos do sentido a criança deve também ter contato com elementos do ambiente externo. Para tanto, as atividades em espaços ao ar livre são muito importantes. Outra interferência nesse sentido é colocar dentro da 77 sala elementos da natureza, como por exemplo, um vaso de plantas inofensivo às crianças. 4- Sensação de segurança e confiança: Esse aspecto serve para nos lembrar o quanto é importante que as mudanças de ambientes ocorram de maneira moderada. Isso porque as crianças precisam sentir-se seguras e confiantes para explorarem os espaços e as mudanças bruscas iniciam sempre um novo processo de adaptação, que necessita de uma nova intimidade com a organização do espaço para depois sentirem-se seguras. 5- O contato social e a privacidade: organizar espaços de diferentes tamanhos dentro da sala de aula favorece a realização de atividades tanto no coletivo, como em pequenos grupos. Os locais destinados à permanência e atividades dos educandos devem prever nas diferentes etapas de ensino, lugares e mobiliários adequados às diferentes faixas etárias. Devem-se prever espaços de movimento, organização de brincadeiras, de descanso, bem como estes devem proporcionar a possibilidade de se dispor mesas, carteiras e cadeiras de diversas formas no decorrer dos dias letivos. A disposição de materiais das salas deve facilitar o manuseio por parte dos educandos, favorecendo o desenvolvimento de sua independência e a construção de uma auto-estima positiva. Numa escola inclusiva a organização do espaço, a eliminação de barreiras arquitetônicas (escadas, depressões, iluminação inadequada), disposição de mobiliários são condições essenciais e prioritárias no processo de inclusão de crianças com Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Etapa I da Educação Infantil Devemos ter além dos espaços destinados às atividades de rotina e as planejadas semanalmente, local para recepção das mães e bebês, para carrinhos e amamentação. Especificamente os ambientes destinados às crianças de 0 a 1 ano devem possibilitar o engatinhar, andar, superar obstáculos e brincar. É aconselhável 78 ter também um espaço destinado ao repouso dos bebês. O banheiro para esta faixa etária deve ser provido de fraldário e banheira que facilitem o trabalho da educadora e sirvam de estímulo ao desenvolvimento da criança. O solário ou o espaço reservado ao banho de sol dos bebês também deve ser contemplado. As demais salas da Etapa I devem propiciar aos diferentes agrupamentos de crianças, possibilidades de organização de mobiliários em diversas posições, dependendo das atividades propostas. Os materiais devem ser colocados ao alcance das crianças, possibilitando uma maior independência ao realizar tarefas, solucionar problemas e brincar. Nestas salas a disposição de brinquedos e objetos em cantos de atividades favorece o envolvimento das crianças, onde a socialização e os relacionamentos interpessoais se manifestam, levando a criança ao convívio e respeito à diversidade. Espelhos, almofadas, tapetes, fantasias, livros, revistas, brinquedos apropriados e demais objetos necessários ao desenvolvimento da criatividade e da exploração são indispensáveis. Como nas salas, onde os objetos estão à disposição das crianças, nos banheiros, os vasos sanitários, pias e chuveiros, devem ser adaptados ao seu tamanho, para que adquiram segurança principalmente no período em que as mesmas estiverem retirando as fraldas. De acordo com os Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil, “além de se constituir em um espaço para alimentação, o refeitório deve ainda possibilitar a socialização e a autonomia das crianças”.(BRASIL, 2006). Dessa forma, esse espaço deve permitir a organização de mesas e cadeiras, possibilitando a execução do self-service sem problemas de locomoção para as crianças. Como aponta o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: [...] É aconselhável que elas possam servir-se sozinhas e utilizar os talheres (garfo, faca e colher) para comer. Para tanto, pode-se oferecer diferentes oportunidades para as crianças se servirem de acordo com as práticas sociais de alimentação em cada região, mas sempre ampliando suas experiências. Por exemplo, servir-se em um bufê; porções colocadas nas mesa; piqueniques: pequenos lanches individuais na sala de atividades; refeições em que são servidas por outros companheiros ou pelos educadores. Também é possível possibilitar a participação das crianças na elaboração dos cardápios servidos na instituição. (BRASIL, 1998, p.46) 79 Self-service Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 Outros espaços como a biblioteca, brinquedoteca, sucatoteca, sala de TV, devem ser ambientes aconchegantes providos de tapetes, almofadas e/ou cadeiras e mesas apropriadas para a realização de atividades e/ou adaptações de cadeiras, mesas, e outros utensílios para o entrosamento da criança com NEE, para que tenha garantida a sua participação em todos os momentos educacionais e lúdicos da vida escolar. Etapa II da Educação Infantil Fazem-se necessários espaços adequados, que contribuam na continuidade da formação do educando. Além de espaços destinados ao brincar, é necessário que haja espaço para Educação Física (movimento), para momentos de leitura, para o brinquedo, para a inclusão digital, expressão artística, teatro, música e dança e outros espaços que contribuam para o pleno desenvolvimento do educando. O espaço ainda deve ser o facilitador das interações sociais, onde não somente os educandos, mas também as famílias e os profissionais que atuam nas Unidades Educacionais possam se relacionar, solucionar conflitos e interagir, num clima de confiança, empatia e cooperação. Valorizamos o espaço devido a seu poder de organizar, de promover relacionamentos agradáveis entre pessoas de diferentes idades, de criar um ambiente atraente, de oferecer mudanças, de promover escolhas e atividades, e a seu potencial para iniciar toda espécie de aprendizagem social, afetiva e cognitiva. Tudo isso contribui para uma sensação de bem estar e segurança nas crianças. Também pensamos que o espaço deve ser 80 uma espécie de aquário que espelhe as idéias, os valores, as atitudes e a cultura das pessoas que vivem nele (MALAGUZZI, 1984, p. 157 ) Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil prevêem que os espaços e os equipamentos das instituições escolares destinam-se prioritariamente às crianças e devem ser produzidos e organizados para atender às suas necessidades de saúde, alimentação, proteção, descanso, interação, conforto, higiene, aconchego, bem como a adequação de espaços para crianças com necessidades especiais, conforme a Lei da Acessibilidade (Lei nº. 10.098, de 19/12/2000). As crianças com NEE têm as mesmas necessidades de afeto, cuidado e proteção e os mesmos desejos e sentimentos das crianças. Elas têm a possibilidade de conviver, interagir, trocar, aprender, brincar e serem felizes 15 embora, algumas vezes, de forma diferente. (BRASIL, 2005, p.19) Este documento define que essas necessidades devem se estender para todos os níveis de ensino da infância, ou seja, as crianças de 0 a 12 anos. Por isso os espaços dentro das unidades educacionais de todos os níveis de ensino previstos neste documento devem ser pensados de forma a propiciar interações que instiguem, provoquem, desafiem a curiosidade, a imaginação e a aprendizagem dos educandos. Cada espaço deve ser pensado, analisado e direcionado, visando a ampliar o universo das experiências e do conhecimento do educando, desde paredes, banheiros, altura de torneiras, cadeiras, carteiras, mesas, piso, cores, enfim, tudo o que compõe este espaço. No entanto, não basta promover toda uma reorganização material e espacial se o envolvimento de todos os educadores que fazem parte do processo (levando-se em consideração que todos os funcionários de uma unidade educacional são educadores) não for efetivo: A organização dos espaços físicos das escolas deve ser flexível e favorecer experiências que: 1. permitam variar a organização das turmas; 2. possibilitem que a criança fique sozinha quando quiser; 3. favoreçam o convívio dos maiores com os menores e das crianças com necessidades especiais com os demais; 15 Saberes e Práticas da Inclusão -Educação Infantil - Introdução. 2005, p.19 81 4. desenvolvam atividades no seu próprio ritmo, podendo encontrar o grupo em momentos diferenciados; 5. favoreçam novas descobertas, exploração e pesquisa; 6. possibilitem múltiplos usos, permitindo a criação de novas formas de organização; 7. promovam a liberdade de movimento, atividades mais tranqüilas, o repouso, o aconchego; 8. promovam a interação no brincar de crianças com crianças e destas com os adultos; 9. favoreçam à criação, ao jogo simbólico, ao imaginário; 10. possibilitem a instalação do self-service. Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 3.4 A importância do registro para uma prática reflexiva A formação do educador reflexivo é muito importante, não somente por restaurar a sua própria identidade como educador, mas também por enriquecer a sua prática pedagógica através da “...reflexão sobre sua 82 própria experiência...” não refletindo a vivência de outrem, mas a sua, o seu mundo vivido. (ZEICHNER, 1993, p.17). Entendemos por educador todos os profissionais que estejam envolvidos com os educandos dentro da unidade educacional. Em virtude das rápidas mudanças científicas e tecnológicas da sociedade atual, só uma equipe continuamente atualizada pode formar educandos competentes, capazes de enfrentar situações diversas celebrando a diferença e com ela interagindo num contexto democrático. O espaço disponível para essa formação em serviço abrange as reuniões pedagógicas, HTPC’s (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo) e HTPI’s (Horário de Trabalho Pedagógico Individual) que podem desencadear necessidades de formação de grupos de estudo e pesquisa, favorecendo a construção da autonomia do educador, a fim de atender às suas próprias demandas. 3.4.1 Registro reflexivo e fichas avaliativas de aprendizagem Para acompanhar a criança em seu desenvolvimento, respeitá-la em sua individualidade, em gradativas e sucessivas conquistas, faz-se necessário o uso de instrumentos de registro diversificados, para a garantia do acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem, bem como uma postura reflexiva sobre ele. O principal objetivo é a compreensão do que ocorre no trabalho pedagógico, refletindo-se sobre a postura do educador frente ao processo do desenvolvimento das crianças pequenas, valorizando suas produções e aprendizagens. Os procedimentos utilizados no processo de documentação são reveladores de concepções de ensino-aprendizagem, infância e educação, expondo os modelos teóricos em que os educadores se apóiam. A LDB 9394/96, propõe que a avaliação das crianças na Educação Infantil “[...] far-se-á mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem objetivo de promoção mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”.(BRASIL, 1996) Dentro dessa perspectiva, é fundamental para muitos educadores redimensionar o posicionamento frente à avaliação na educação de crianças 83 pequenas, elaborando-se mecanismos significativos que considerem o contexto do grupo de crianças, bem como as experiências individuais, evitando-se posturas discriminatórias. Centrar a atenção no que as crianças são capazes de fazer e não no que lhes falta favorece a criação do vínculo afetivo que será positivo na relação educador-educando. Vários são os registros que servirão de apoio para o educador organizar uma consistente e qualificada documentação pedagógica: 1. diário de campo: caderno de registro do professor, onde são registrados, além de dados objetivos, os seus sentimentos sobre o que vê, ouve, suas interpretações. 2. Os anedotários: fichas individuais das crianças, em que são registrados os aspectos de cunho mais afetivo, emocionais e sociais dos relacionamentos, como os envolvidos nos episódios familiares, doenças, recorrentes a desentendimentos acontecidos no grupo de crianças. Podem ser registradas frases, brincadeiras ou outras manifestações. 3. Diário de aula: instrumento no qual o professor planeja suas atividades e relata os acontecimentos, podendo servir como fonte de informações e subsídio precioso para sua reflexão. 4. O livro da vida ou da memória do grupo: é um diário, um espaço coletivo de registro, com base nas idéias postuladas por Freinet, em que cada criança pode representar acontecimentos, sentimentos e situações significativas acontecidas no cotidiano. 5. As entrevistas: oportunizam o registro de diálogos com os diferentes atores (professores, pais, educandos). Além de possibilitarem um conhecimento mais aprofundado das crianças, permitem estreitar os laços de afeto. 6. Debates ou conversas: é o registro escrito ou gravado de conversas, idéias e debates entre o grupo de crianças com o professor – aparecem as habilidades sociais e a capacidade comunicativa. 7. Relatórios narrativos de acompanhamento das crianças e relatórios narrativos de estudos realizados: caracterizado por 84 desenhos, imagens, textos, coleta de amostras de trabalho, fotografias, diários de aprendizagem, gravações (vídeo e som) e agendas. 8. Auto – avaliação: instrumento norteador do trabalho 9. Coleta de amostras de trabalho: realiza a seleção de materiais significativos realizados. 10. Depoimentos de pais e comentários de colegas: momento de partilhar as conquistas, reorganizar o trabalho, considerar as sugestões para a melhoria das ações educativas. Esses e outros instrumentos para documentação pedagógica facilitam a composição dos “portfólios Individuais”, onde as crianças podem produzir diferentes registros sobre as diversas modalidades de expressão e compartilhar o processo de desenvolvimento que vivenciaram. Donatella Giovanini apud Gandini e Dwards faz a seguinte afirmativa: Educar uma criança (...) exige algo a mais do adulto (...) uma certa generosidade de atitude e uma disposição para devolver à criança – e aos pais – os acontecimentos, os pensamentos, os sentimentos e as idéias que fazem o cotidiano e a história (...). Exige uma capacidade de recontar, de colocar os acontecimentos e as pequenas histórias pessoais no contexto de uma história mais ampla. De modo que um momento de sua infância possa ser entregue a cada criança. Além disso, a construção da documentação sobre a criança é a maneira de lhe dar uma atenção especial e de valorizar e identificar diferenças e estilos individuais. Permite que cada professor torne a experiência de cada criança única e especial. (2002) Outro importante instrumento para auxiliar o olhar dos educadores para com as aprendizagens das crianças são as fichas de avaliação16, que contemplam as habilidades e conteúdos mínimos fundamentais para o amparo das práticas educativas. O registro, as fichas e o portfólio vêm instrumentalizar novos saberes, além de serem ferramentas de avaliação das crianças e dos educadores. São eles instrumentos facilitadores da inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais (NEE), pois permitem estudos de caso bem detalhados que auxiliam no processo de avaliação, encaminhamento, replanejamento e acompanhamento do desenvolvimento do educando com NEE. Estes instrumentos 16 Tais fichas foram elaboradas com a participação de educadores da rede municipal de ensino de Rio Claro num processo de construção coletiva. 85 necessários ao planejamento e reestruturação de atividades devem ser objetos constantes de pesquisa e observação por parte do educador, pois estes referendam sua prática pedagógica. 3.5 Conteúdos a serem trabalhados na educação infantil 17 3.5.1 Zero a três anos MOVIMENTO Reconhecimento progressivo de segmentos e elementos do próprio corpo por meio da exploração, das brincadeiras, do uso do espelho, da interação com os outros. Expressão de sensações e ritmos corporais por meio de gestos, posturas e da linguagem oral. Exploração de diferentes posturas corporais, como sentar-se em diferentes inclinações, deitar-se em diferentes posições, ficar ereto, apoiado na planta dos pés, com ou sem ajuda. Ampliação progressiva da destreza para deslocar-se no espaço por meio da possibilidade constante de arrastar-se, rolar, andar, subir e descer, pular em um pé só, equilibrar-se, correr, saltar e arremessar. Aperfeiçoamento dos gestos relacionados com a preensão, o encaixe, o traçado do desenho e o lançamento por meio da experimentação e utilização de suas habilidades manuais no contato com objetos, brinquedos e talheres. ARTES Exploração e manipulação de materiais, como lápis e pincéis de diferentes texturas e espessuras, brochas, carvão, carimbo, etc.; de meios, como tintas, água, areia, terra, argila etc.; e de variados suportes gráficos, como jornal, papel, papelão, parede, chão, caixas, madeiras etc. 17 Os conteúdos apresentados neste documento foram retirados do RCNEI, tendo em vista a adequação dos mesmos à implantação do ensino fundamental de 9 anos pela Lei n• 11.274/06 86 Exploração e reconhecimento de diferentes movimentos gestuais, visando a produção de marcas gráficas. Cuidado com o próprio corpo e dos colegas no contato com os suportes e materiais de artes. Cuidado com os materiais e com os trabalhos e objetos produzidos individualmente ou em grupo. Observação e identificação de imagens diversas. MÚSICA Exploração, expressão e produção do silêncio e de sons com a voz, o corpo, o entorno e materiais sonoros diversos. Interpretação de músicas e canções diversas. Participação em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos. Escuta de obras musicais variadas. Participação em situações que integrem músicas, canções e movimentos corporais. LINGUAGEM ORAL E ESCRITA Uso da linguagem oral para conversar, comunicar-se por meio de gestos, ações e balbucios, relatar suas vivências e expressar desejos, vontades, necessidades e sentimentos, nas diversas situações de interação presentes no cotidiano. Participação em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, trava-línguas,etc. Participação em situações cotidianas nas quais se faz necessário o uso da leitura e da escrita. Observação e manuseio de materiais impressos, como livros, revistas, histórias em quadrinhos, etc. NATUREZA E SOCIEDADE Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos. 87 Exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e de relações simples de causa e efeito. Contato com pequenos animais e plantas. Conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da exploração de suas habilidades físicas, motoras e perceptivas. MATEMÁTICA Utilização da contagem oral, de noções de quantidade, de tempo e de espaço em jogos, brincadeiras e músicas junto com o professor e nos diversos contextos nos quais as crianças reconheçam essa utilização como necessária. Manipulação e exploração de objetos e brinquedos, em situações organizadas de forma a existirem quantidades individuais suficientes para que cada criança possa descobrir as características e propriedades principais e suas possibilidades associativas: empilhar, rolar, transvasar, encaixar, etc. Utilização de noções simples de cálculo mental como ferramenta para resolver problemas. Comunicação de quantidades, utilizando a linguagem oral, anotação numérica e/ou registros não convencionais. 3.5.2. Três a cinco anos MOVIMENTO Utilizações expressivas, intencionais do movimento nas situações cotidianas e em suas brincadeiras. Percepção de estruturas rítmicas para expressar-se corporalmente por meio da dança, brincadeiras e de outros movimentos; Valorização e ampliação das possibilidades estéticas do movimento pelo conhecimento e utilização de diferentes modalidades de dança. Percepção das sensações, limites, potencialidades, sinais vitais e integridade do próprio corpo. Participação em brincadeiras e jogos que envolvam correr, subir, descer, escorregar, pendurar-se, movimentar-se dançar, etc, para ampliar gradualmente o conhecimento e controle sobre o corpo e o movimento. 88 Utilização dos recursos de deslocamento e das habilidades de força, velocidade, resistência e flexibilidade nos jogos e brincadeiras dos quais participa. Valorização de suas conquistas corporais. Manipulação de materiais, objetos, brinquedos diversos para aperfeiçoamento de suas habilidades manuais. ARTES VISUAIS Criação de desenhos, pinturas, colagens, modelagens a partir de seu próprio repertório e da utilização dos elementos da linguagem das Artes Visuais: ponto, linha, forma, cor, volume, espaço, textura, etc. Exploração e utilização de alguns procedimentos necessários para desenhar, pintar, modelar, etc. Exploração e aprofundamento das possibilidades oferecidas pelos diversos materiais, instrumentos e suportes necessários para o fazer artístico. Exploração dos espaços bidimensionais e tridimensionais na realização de seus projetos artísticos. Organização e cuidado com os materiais no espaço físico da sala. Respeito e cuidado com os objetos produzidos individualmente e em grupo. Valorização de suas próprias produções, das de outras crianças e da produção de arte em geral. Conhecimento da diversidade de produções artísticas, como desenhos, pinturas, esculturas, construções, fotografias, colagens, ilustrações, cinema, etc. Apreciação das suas produções e das dos outros, por meio da observação e leitura de alguns dos elementos da linguagem plástica. Observação dos elementos constituintes da linguagem visual: ponto, linha, forma, cor, volume, contrastes, luz, texturas. Leitura de obras de arte a partir da observação, narração, descrição e interpretação de imagens e objetos. Apreciação das Artes Visuais e estabelecimento de correlação com as experiências pessoais. 89 LINGUAGEM ORAL E ESCRITA Nomes do grupo nas situações em que isso se fizer necessário. Observação e manuseio de materiais impressos, como livros, revistas, histórias em quadrinhos etc., previamente apresentados ao grupo. Valorização da leitura como fonte de prazer e entretenimento. Participação em situações cotidianas nas quais se faz necessário o uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar e expressar desejos, necessidades, opiniões, idéias, preferências e sentimentos e relatar suas vivências nas diversas situações de interação presentes no cotidiano. Elaboração de perguntas e respostas de acordo com os diversos contextos de que participa. Participação em situações que envolvem a necessidade de explicar e argumentar suas idéias e pontos de vista. Relato de experiências vividas e narração de fatos em seqüência temporal e causal. Reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor. Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais, como travalínguas, parlendas, adivinhas, quadrinhas, poemas e canções. Participação nas situações em que os adultos lêem textos de diferentes gêneros, como contos, poemas, notícias de jornal, informativos, parlendas, trava-línguas etc. Participação em situações que as crianças leiam, ainda que não o façam de maneira convencional. Reconhecimento do próprio nome dentro do conjunto de escrita. Escrita do próprio nome em situações em que isso é necessário. Produção de textos individuais e/ou coletivos ditados oralmente ao professor para diversos fins. Prática de escrita de próprio punho, utilizando o conhecimento de que dispõe, no momento, sobre o sistema de escrita em língua materna. Respeito pela produção própria e alheia. 90 NATUREZA E SOCIEDADE Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outras. Conhecimento de modos de ser, viver e trabalhar de alguns grupos sociais do presente e do passado. Identificação de alguns papéis sociais existentes em seus grupos de convívio, dentro e fora da instituição. Valorização do patrimônio cultural do seu grupo social e interesse por conhecer diferentes formas de expressão cultural. Observação da paisagem local (rios, vegetação, construções, florestas, campos, dunas, açudes, mar, montanhas, etc.). Utilização, com ajuda dos adultos, de fotos, relatos e outros registros para a observação de mudanças ocorridas nas paisagens ao longo do tempo. Valorização de atitudes de manutenção e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente. Participação em atividades que envolvam processos de confecção de objetos. Reconhecimento de algumas características de objetos produzidos em diferentes épocas e por diferentes grupos sociais. Cuidados no uso dos objetos do cotidiano, relacionados à segurança e prevenção de acidentes, e à sua conservação; estabelecimento de algumas relações entre diferentes espécies de seres vivos, suas características e suas necessidades vitais. Conhecimento dos cuidados básicos de pequenos animais e vegetais por meio da sua criação e cultivo. Conhecimento de algumas espécies da fauna e da flora brasileira e mundial. Percepção dos cuidados necessários à preservação da vida e do ambiente. Valorização da vida nas situações que impliquem cuidados prestados a animais e plantas; percepção dos cuidados com o corpo, à prevenção de acidentes e à saúde de forma geral. 91 Valorização de atitudes relacionadas à saúde e ao bem-estar individual e coletivo. Estabelecimento de relações entre os fenômenos da natureza de diferentes regiões (relevo, rios, chuvas, secas etc.) e as formas de vida dos grupos sociais que ali vivem. Participação em diferentes atividades envolvendo a observação e a pesquisa sobre a ação de luz, calor, som, força e movimento. MATEMÁTICA Utilização da contagem oral nas brincadeiras e em situações nas quais as crianças reconheçam sua necessidade. Utilização de noções simples de cálculo mental como ferramenta para resolver problemas. Comunicação de quantidades, utilizando a linguagem oral, a notação numérica e/ou registros não convencionais. Identificação da posição de um objeto ou número numa série, explicitando a noção de sucessor e antecessor. Identificação de números nos diferentes contextos em que se encontram. Comparação de escritas numéricas, identificando algumas regularidades. Exploração de diferentes procedimentos para comparar grandezas. Introdução às noções de medida de comprimento, peso, volume e tempo, pela utilização de unidades convencionais e não convencionais. Marcação do tempo por meio de calendários. Experiências com dinheiro em brincadeiras ou em situações de interesse das crianças. Explicitação e/ou representação da posição de pessoas e objetos, utilizando vocabulário pertinente nos jogos, nas brincadeiras e nas diversas situações nas quais as crianças considerarem necessário essa ação. Exploração e identificação de propriedades geométricas de objetos e figuras, como formas, tipos de contornos, dimensionalidade, faces planas, lados retos, etc. Representações bidimensionais e tridimensionais de objetos. 92 Identificação de pontos de referência para situar-se e deslocar-se no espaço. Descrição e representação de pequenos percursos e trajetos, observando pontos de referência. MÚSICA Reconhecimento e utilização expressiva, em contextos musicais das diferentes características geradas pelo silêncio e pelos sons: altura (graves ou agudos), duração (curtos ou longos), intensidade (fracos ou fortes) e timbre (característica que distingue e “personaliza” cada som). Reconhecimento e utilização das variações de velocidade e densidade na organização e realização de algumas produções musicais. Participação em jogos e brincadeiras que envolvam a dança e/ ou a improvisação musical. Repertório de canções para desenvolver memória musical. Escuta de obras musicais de diversos gêneros, estilos, épocas e culturas, da produção musical brasileira e de outros povos e países. Reconhecimento de elementos musicais básicos: frases, partes, elementos que se repetem, etc. Informações sobre as obras ouvidas e sobre seus compositores para iniciar seus conhecimentos sobre a produção musical. Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação 93 3.6 Orientações didáticas para o trabalho de educação ambiental O trabalho com educação ambiental deve perpassar todos os eixos, ou seja, deve ser desenvolvido como tema transversal. Nesse sentido, o educador deverá aproveitar todos os momentos em sala de aula, no parque, no refeitório, na hora da higiene pessoal, etc para realizar o trabalho nesta área. Por exemplo: quando as crianças vão lavar as mãos antes de se alimentarem, trabalhar a questão da importância da economia da água; ao brincar no parque, se tiver uma árvore no local explicar sobre o conforto que é aproveitar a sombra que ela nos propicia; não jogar lixos fora do cesto, sempre dando orientações aos alunos, explicando o por quê da sua fala. O trabalho de campo, ou seja, a realização de uma atividade ao ar livre, podendo ocorrer mesmo dentro do espaço escolar, no pátio da escola, por exemplo, é uma atividade de educação ambiental muito rica, pois permite que as crianças vivenciem o que o professor está explicando. Esta atividade pode também ser realizada nos arredores da escola, assim como em praças, ruas, sendo ampliado pelo bairro e até mesmo em alguns pontos do município. Segundo Penteado: Uma coisa é ler sobre o meu meio ambiente e ficar informado sobre ele, outra é observar diretamente o meu meio ambiente, entrar em contato direto com os diferentes grupos sociais que o compõem, observar como as relações sociais permeiam o meio ambiente e o exploram, coletar junto às pessoas informações sobre as relações que mantêm com o meio ambiente em que vivem, enfim, apreender como a sociedade lida com ele. Agir assim é experimentar comportamentos sociais em relação ao meu meio ambiente que permitem constatar suas características e as reações dele à nossa atuação. (2001, p.53) TRABALHO DE CAMPO Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 94 Alguns procedimentos técnicos auxiliam para que o resultado desse trabalho seja produtivo, tais como registro em cadernetas de campo, registros fotográficos, esboços da paisagem, filmagens, registros de entrevistas, referenciais de orientação e localização. No momento da elaboração do relatório final, tanto alunos quanto professores têm como recordar alguns fatos que sem esses subsídios poderiam ser esquecidos. A caderneta de campo é um instrumento que fundamenta a prática do trabalho de campo proposto. Nela os alunos poderão anotar as informações que julgarem importantes ou observações que fizerem no local e acreditarem ser interessante compartilhar com os colegas na sala de aula. Esta caderneta pode ser confeccionada pelo professor ou mesmo pelos próprios alunos, considerando que o caderno de classe é grande e corre-se o risco de sujar, cair em poças d’água, acontecer algo inesperado. O ideal é que levem apenas algumas folhas ou bloco de anotações. Para a confecção deste material o professor pode aproveitar folhas de sulfite usadas e que seriam descartadas, pois poderá ser utilizado o verso das mesmas. Sabendo disso, pedirá aos funcionários da secretaria que guardem todas as folhas de sulfite usadas que não terão mais utilidade para eles. Com esse procedimento ele já estará passando aos alunos valores sobre a prática do reaproveitamento de material. É uma maneira de mostrar, através de exemplos, o que com palavras se ensina. O educador pode aproveitar as caixas de papelão em que vêm os materiais para a escola ou mesmo solicitar aos alunos que tragam de casa um pedaço de papelão no tamanho aproximado de 17 cm x 22 cm para que sirvam como pranchetas, apoio para as folhas na hora em que forem fazer os registros no campo. As folhas de sulfite, duas por aluno são suficientes, deverão ser dobradas ao meio, de modo que a parte escrita fique do lado de dentro e fixadas neste pedaço de papelão com clipes. Está pronta a caderneta de campo. As crianças adoram utilizar esse tipo de material, pois foram elas que confeccionaram. É interessante que o professor também leve o mesmo material, afinal, nesta faixa etária as crianças costumam tê-lo como “herói” e adoram segui-lo como modelo. Para as anotações, orientar os alunos a levarem lápis ao invés da caneta, porque se por um acaso chover ou a caderneta cair em poças d’água a tinta 95 da caneta borra, enquanto que a grafite permite que após a secagem da folha as anotações realizadas até então não sejam perdidas. O trabalho com desenhos é bastante rico por proporcionar às crianças a oportunidade de observação mais detalhada. Atualmente, com a grande quantidade de informações que recebemos diariamente, perdemos a habilidade de observar as coisas com os detalhes que elas possuem. Quando paramos para desenhar algo que esteja à nossa frente, ou seja, quando temos que desenhar algo que não seja de memória ou mesmo de criação própria, aquilo que necessita ser observado, percebe-se a riqueza dos detalhes que muitas vezes nem nos damos conta de que existem. Por isso, é tão importante realizar atividades desse tipo nas séries iniciais, pois desenvolvemos nas crianças a capacidade de observação. Ao chegar à sala de aula, no momento das discussões e trocas de experiências, os alunos poderão relatar aos outros tudo o que observaram, possibilitando que todas as crianças saibam o que cada um registrou de mais importante. É fundamental que o professor também faça seu desenho para socializá-lo com seus alunos. Mesmo que não o faça tão bem quanto eles e dizer que nem sempre o professor sabe tudo e que tem muito a aprender. Explicar que nessa troca de experiências o professor também aprende muito. Isso faz com que as crianças se sintam mais seguras e à vontade para apresentar o seu trabalho. Os relatos orais em sala de aula correspondem ao momento em que o professor vai “dar voz” aos alunos, isto é, possibilitará às crianças que relatem oralmente o que observaram, viram de importante no campo e que julgam relevante expor aos colegas. É uma atividade que permite aos alunos desenvolver a oralidade, a memória, pois retomarão um trabalho realizado anteriormente, a organização das idéias, afinal terão que organizá-las para colocar para todos da classe. Este tipo de trabalho faz com que as crianças comecem a perder o medo de se apresentar em público, porém mais uma vez é de grande importância o papel do professor como mediador, ou seja, é ele quem vai transmitir essa segurança aos alunos, não permitindo que zombem da criança que está relatando algo, caso ela diga algo fora do contexto. De acordo com Libâneo (2006): O acompanhamento e o controle comprovam os resultados do trabalho, evidenciam os erros, as dificuldades, os êxitos e os fracassos relativos ao que foi planejado. A avaliação das atividades implica a análise coletiva dos 96 resultados alcançados e a tomada de decisões sobre as medidas necessárias para solucionar as deficiências encontradas. (p.251) A apresentação do resultado final desse trabalho às crianças de outras séries ou classes faz também com que os alunos procurem participar de forma efetiva de todas as explicações tanto em sala de aula quanto no campo, pois sabem que terão o compromisso de passar as informações recebidas àqueles que não tiveram essa mesma oportunidade. 3.7 Orientações didáticas no ensino fundamental de nove anos O educador segue a evolução social e cultural de sua comunidade e do mundo, e deve utilizar todas as ferramentas e idéias disponíveis para aprender e ensinar, para tornar sua sala de aula o lugar mais encantador do mundo. Queremos a escola do encantamento, onde todos se sintam incluídos. (HAETINGER, 2005, p. 83) O trabalho pedagógico desenvolvido em salas de Ensino Fundamental será o reflexo das concepções que o professor traz consigo de homem, de sociedade, de infância, de aprendizagem, enfim, de educação. Este documento desvela as concepções que devem permear o trabalho da Rede Municipal de Ensino de Rio Claro. Estas concepções foram referenciadas em teóricos que pesquisaram e estudaram a educação ao longo do tempo, teóricos que tiveram seus nomes gravados na história da educação por trazerem estudos inovadores e verdadeiros sobre este processo fantástico que é a aprendizagem das crianças. Além dessas personalidades, nos embasamos também nos documentos do MEC, que trazem diretrizes nacionais do trabalho que deve ser realizado em educação no Brasil. Neste capítulo, especificamente, trazemos a grande contribuição do documento do MEC: “Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade”, lançado em 2006, apresentando já uma nova edição em 2007. Este documento aponta questões importantes sobre o trabalho pedagógico do professor na sala de aula. Estas questões estarão presentes neste documento como direção do trabalho pedagógico que almejamos. Corsino (2007) afirma que um trabalho pedagógico voltado às reais necessidades da criança implica em conhecê-la, saber quais são seus interesses e 97 preferências, suas formas de aprender, suas dificuldades e facilidades, as características de seu grupo familiar e social, sua vida dentro e fora da escola. É necessário articular o que as crianças já sabem com os objetivos das diferentes áreas do currículo. É importante também uma organização pedagógica flexível, aberta ao novo e ao imprevisível. Levar em consideração o que a criança já sabe e o que ela pode aprender significa que o educador deve ser antes de tudo um grande observador, um estudioso da vida de cada criança. Tanto estudioso de seu desenvolvimento para saber o que esta criança pode aprender, suas capacidades e anseios, como para saber de sua vida social e familiar. Assim, poderá articular o que diz a ciência sobre este desenvolvimento, com a consciência de que cada criança é um ser único, singular, que traz em si diferenças sociais e culturais. Portanto, cabe ao educador, propor e coordenar atividades significativas e desafiadoras, capazes de despertar e ampliar o desenvolvimento das crianças, suas experiências e práticas sócio-culturais. O educador, neste processo, é aquele que media as relações do educando com os elementos da natureza e da cultura; é aquele que disponibiliza materiais, promove situações que abrem caminhos, trocas e descobertas incluindo cuidados e afetos e favorecendo a expressão por meio de diferentes linguagens. Nesta modalidade de ensino não podemos deixar de lado o aspecto do cuidar. Muitas vezes acreditamos que esta questão acaba na Educação Infantil, mas, quando levamos em consideração que a infância é um período da vida onde a criança está se desenvolvendo cognitiva, social, emocional e psicologicamente e que esta infância acontece do 0 aos 12 anos de idade, é nosso dever, enquanto educadores, não apenas “ensinar”, proporcionar momentos de aprendizagem, mas também cuidar. Além do cuidar, a afetividade é outro aspecto que deve ter nossa especial atenção. Afetividade refere-se à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por sensações ligadas à tonalidades agradáveis/desagradáveis. Ser afetado é reagir com atividades internas/externas que a situação desperta. (MAHONEY, ALMEIDA, 2005, P. 19-20) Por este motivo, o educador deve estar atento para saber de que forma afeta e é afetado por seus educandos, pois é neste contexto relacional que acontecerá o processo de ensino-aprendizagem. 98 A partir destes pressupostos, vemos que a seleção de conteúdos deve ponderar os diversos aspectos do desenvolvimento da criança. Devemos selecioná-los considerando, também, o acúmulo de produções e informações a que estamos sujeitos e suas constantes transformações e pensar que conhecimentos são fundamentais para a formação integral do educando. É imprescindível que levantemos a seguinte questão: Que conhecimentos são fundamentais e indispensáveis à formação das crianças entre 6 e 10 anos, fase em que se encontram no Ensino Fundamental? Quando pensamos neste ser em formação integral, passa a ser essencial que o trabalho pedagógico com as crianças e os conteúdos selecionados para o trabalho garantam o estudo articulado em quatro Áreas do Conhecimento: Ciências Sociais Ciências Naturais Noções Lógico-matemática Linguagens Estas áreas devem se adequar ao tempo da infância, lembrando que esta acontece até os 12 anos de idade. Patrícia Corsino, uma das escritoras que participou da elaboração do documento “Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade”, nos mostra algumas formas como essas áreas do conhecimento podem ser desenvolvidas. O trabalho com a área das Ciências Sociais tem como objetivo ajudar a criança a pensar e a desenvolver atitudes de observação e estudo, de comparação das paisagens do lugar onde habita, e relações entre o homem, o espaço e a natureza. É importante conhecer as transformações ocorridas sob a ação humana na construção, no povoamento e na urbanização das diferentes regiões do planeta. Perceber a maneira como o homem lida com a natureza, interfere na paisagem e, conseqüentemente, na forma e na qualidade de vida das pessoas. Propor atividades por meio das quais as crianças possam investigar e intervir sobre a realidade, reconhecendo-se como parte integrante da natureza e da cultura, como por exemplo, atividades que trabalhem sua forma de viver e se relacionar; que promovam a identificação das diferenças e semelhanças entre a sua história e a dos colegas, pessoas e grupos sociais. 99 O trabalho com as Noções Lógico-matemáticas tem como objetivo dar oportunidades para que as crianças coloquem todos os tipos de objetos, eventos e ações em todas as espécies de relações (Kamii apud Brasil, 2007). Encorajar as crianças a identificar semelhanças e diferenças, entre diferentes elementos, classificando, ordenando e seriando; a fazer correspondências e agrupamentos; comparar conjuntos; a pensar sobre números e quantidades de objetos quando esses forem significativos para elas, operando com quantidades e registrando as situações-problema. É importante que as atividades propostas sejam acompanhadas de jogos e situações-problema e promovam a troca de idéias entre os educandos. Especialmente nesta área, é fundamental o professor fazer perguntas às crianças, para poder intervir e questionar a partir da lógica delas. O trabalho com a área das Linguagens parte do princípio de que a criança, desde bem pequena, tem infinitas possibilidades para o desenvolvimento de sua sensibilidade e de sua expressão. Um dos grandes objetivos do currículo nesta área é a educação estética, que significa sensibilizar a criança para apreciar uma pintura, uma escultura, assistir a um filme, ouvir uma música. Neste período é importante a criança vivenciar atividades em que possa ver, reconhecer, sentir, experienciar, imaginar, e atuar sobre as diversas manifestações da arte. Com relação às produções artísticas, é fundamental valorizar as diferentes épocas e grupos sociais, tanto aquelas obras consideradas de cultura popular, quanto as consideradas de cultura erudita. É necessário oportunizar ao aluno o fazer artístico, pois a arte, a linguagem e o conhecimento fazem parte do acervo cultural do homem, como resultado de suas necessidades filosóficas, biológicas, psicológicas e sociais, entre outras. Estabelecemos novas realidades, novas formas de inserção no mundo e de visão deste mesmo mundo, quando, como autores e atores, dançamos, pintamos, tocamos instrumentos, entre muitas outras possibilidades, elaborando e reconhecendo de modo sensível nosso pertencimento ao mundo. (BORBA E GOULART, 2007, p. 48) Educar e ensinar no contexto da cultura é um grande desafio, mas é de extrema necessidade que o façamos se quisermos formar nossas crianças com a finalidade de possuírem “mais vida”. Trata-se da educação integrada aos aspectos sociais e culturais, pois o ser humano não existe de modo independente da cultura. Desta forma, a escola também não pode educar sem se envolver com estas questões. “Daí a necessidade de levar as crianças e adolescentes a participar de 100 exposições de vários tipos, assistir a filmes, danças, ouvir músicas de diferentes compositores, entre muitas outras atividades” (BORBA e GOULART, 2007, p. 48) Outro elemento da área de Linguagens está relacionado à corporeidade, ao movimento, às práticas corporais e à consciência do próprio corpo. O trabalho pedagógico com ênfase na área das linguagens, também inclui possibilitar a socialização e a memória das práticas esportivas e de outras práticas corporais. Entendemos que em todas as áreas é essencial o respeito às culturas, a ludicidade, a espontaneidade, a autonomia e a organização das crianças, tendo como objetivo o pleno desenvolvimento humano. O professor ao planejar atividades dessa área para as crianças precisa escolher aquelas que promovam a consciência corporal, a troca entre elas, aceitação das diferenças, o respeito, a tolerância e a inclusão do outro. (CORSINO, 2007, p. 61) Reconhecemo-nos e diferenciamo-nos a partir do outro, por isso as atividades devem permitir que todas as crianças possam participar, se divertir e aprender, sejam elas gordas, magras, altas ou baixas, fortes ou franzinas, rápidas ou menos ágeis. Vale lembrar que o desenvolvimento desta área na escola não tem como finalidade classificar ou selecionar atletas. Seu objetivo principal, antes de qualquer intenção de desenvolver habilidades motoras, é promover a inclusão de todos. Sendo assim, é importante que os conhecimentos e as atividades dessa área sejam instrumentos de formação integral das crianças e de práticas de inclusão social, e proporcionem experiências que valorizem a convivência social inclusiva, que incentivem e promovam a criatividade, a solidariedade, a cidadania e o desenvolvimento de atitudes de coletividade. Finalmente, ainda na área das Linguagens, é preciso assegurar um ensino pautado por uma prática pedagógica que permita a realização de atividades variadas, as quais, por sua vez, possibilitem práticas discursivas de diferentes gêneros textuais, orais e escritos, de usos, finalidades e intenções. Textos que circulam nas diferentes esferas sociais e são produzidos por interlocutores em processos interativos (Bakhtin,1992a, 1992b, apud Corsino, 2007, p. 61). Textos significativos para as crianças, produzidos nas mais variadas situações de uso da linguagem oral e escrita, em que elas participem como locutores e como ouvintes. É importante que o cotidiano das crianças das séries/anos iniciais seja pleno de atividades de produção e de recepção de textos orais e escritos, tais como escuta diária da leitura de textos diversos, especialmente de histórias e textos literários; produção de textos escritos mediada pela participação e registro de 101 parceiros mais experientes; leitura e escrita espontânea de texto diversos, mesmo sem o domínio das convenções da escrita; participação em jogos e brincadeiras com a linguagem; entre muitas outras possíveis. Ao lado disso, as crianças devem ser encorajadas a pensar, a discutir, a conversar e, especialmente, a raciocinar sobre a escrita alfabética, pois um dos principais objetivos do trabalho com a língua nos primeiros anos/séries do ensino fundamental é lhes assegurar o conhecimento sobre a natureza e o funcionamento do sistema de escrita, compreendendo e se apropriando dos usos e convenções da linguagem escrita nas suas mais diversas funções. Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 Na área das Ciências Naturais, o objetivo é ampliar a curiosidade das crianças, incentivá-las a levantar hipóteses e a construir conhecimentos sobre os fenômenos físicos e químicos, sobre os seres vivos e sobre a relação entre o homem e a natureza e entre o homem e as tecnologias. É importante organizar os tempos e os espaços da escola para favorecer este contato, possibilitando, assim, a observação, a experimentação, o debate e a ampliação de conhecimentos científicos. As atividades dessa área têm como finalidade desafiar as crianças e levá-las a prever resultados, a simular situações, a elaborar hipóteses, a refletir sobre as situações do cotidiano, a se posicionar como parte da natureza e membro de uma espécie – entre tantas outras espécies do planeta – estabelecendo as mais 102 diversas relações e percebendo o significado dos saberes dessa área com suas opções do cotidiano. Estas Áreas do Conhecimento se colocam então como base do trabalho com as crianças que freqüentam o Ensino Fundamental de nove anos, com o auxílio de uma melhor organização no tempo, espaço e materiais para desenvolver o processo ensino-aprendizagem, respeitando a infância e suas peculiaridades. Há uma preocupação especial com as crianças que estão chegando no ensino fundamental, as crianças de 6 anos de idade. Na verdade, estas crianças, de uma forma ou de outra, sempre existiram no Ensino Fundamental; a diferença, agora, é que compreendemos melhor seu desenvolvimento, necessidades e formas de aprender. Por este motivo, modificamos nossa visão com relação a esta criança, adequando também a forma de atingir aprendizagens significativas. Este processo deve ser permeado por conteúdos e atividades que façam sentido para a criança, que levem em conta que o educando é um ser que já traz consigo, quando entra na escola fundamental, uma história de vida e de aprendizagens. Isto não pode ser ignorado jamais. Deve ser permeado pelo lúdico, pela capacidade de intervenção do educador, pela busca de soluções para as dificuldades encontradas em meio à diversidade apresentada. São estes fatores, entre outros, que farão com que nosso município tenha cada vez mais uma educação de qualidade. 103 NA PRÁTICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL... ORGANIZAÇÃO DOS TEMPOS E ESPAÇOS... Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 1. AGENDA DO DIA Este momento, também chamado de Rotina, é considerado “um instrumento de dinamização da aprendizagem, facilitador das percepções infantis sobre o tempo e o espaço” (BRASIL, 1998). Uma agenda bem definida, compreensível para o educando, orienta as ações de todos os atores envolvidos no processo e favorece a previsão de situações que possam vir a acontecer. Esta prática caracteriza-se por ser facilitadora da aprendizagem, por este motivo deve contar com a participação da criança, ser flexível e se adaptar às situações do dia-a-dia. Exemplo de uma rotina numa classe de 1º. Ano do Ensino Fundamental: ACOLHIDA/CHAMADA MÚSICA CALENDÁRIO RODA DA CONVERSA ATIVIDADES DE ESCRITA RECREIO HORA DO CONTO MATEMÁTICA HORA DO BRINQUEDO SAÍDA 104 Este é apenas um exemplo, sendo que cada educador pode combinar com seus educandos outras formas de apresentar esta agenda. O importante é que esta prática faça parte do cotidiano da criança. 2. ATIVIDADES PERMANENTES Como já explicitado no capítulo anterior, as Atividades Permanentes são aquelas que fazem parte da rotina regular do educando. Opções destas atividades foram contempladas no exemplo de rotina mostrado acima. ACOLHIDA – deve ser realizada todos os dias levando-se em consideração as informações que os alunos trazem para dentro da sala de aula neste momento. CHAMADA - é imperativo que, para a realização da chamada diária nos anos iniciais da alfabetização, o professor faça uso constante da lista de nomes dos alunos da sala para que estes possam estabelecer relações nas dinâmicas de leitura e escrita. MÚSICA – a música é parte integrante do aprendizado dos alunos, desde a Educação Infantil, devendo-se estender até o 5º. Ano do Ensino Fundamental; o momento musical deve privilegiar as músicas que as crianças conhecem e gostam de cantar, além de ser o momento de dar oportunidade para que ouçam músicas de estilos e compositores variados como forma de ampliação de repertório e gosto musical, além de promover o contato com instrumentos musicais diversos, para que a criança se veja capaz de produzir ritmos e sons. CALENDÁRIO – nos anos dedicados à alfabetização, este é um momento importante, pois auxilia na capacidade da criança em se localizar no tempo. RODA DA CONVERSA – é o momento em que o educador proporciona o desenvolvimento da oralidade do grupo, atuando como motivador e mediador das conversas. Cabe também ao educador estimular aqueles alunos que se expressam com menos intensidade, para que coloquem sua opinião, seu ponto de vista, aquilo que sabem ou desejam saber. ATIVIDADES DE ESCRITA – a escrita espontânea deve fazer parte do cotidiano escolar da criança que se encontra no processo de alfabetização (lembrando que a criança até o 5º. Ano encontra-se neste processo). A escrita de textos coletivos, onde o professor se coloca como escriba, também deve ser prática 105 constante para o público que está neste processo; no entanto, a escrita espontânea, em duplas ou individual, deve ter atenção especial do professor. HORA DO CONTO – é o momento em que o professor lê para seus alunos. Esta atividade deve ser diária, sem interrupções e realizada em todos os anos desta modalidade de ensino, pois é de fundamental importância que as crianças tenham bons exemplos de leitores para que sejam motivadas ao prazer da leitura. HORA DO BRINQUEDO – Nery (2007) afirma que este é o momento em que se “brinca por brincar”, em pequenos grupos, meninas com meninos, só meninas, só meninos, em duplas, em trios, sozinhos. É hora do professor garantir a brincadeira, organizando, com as crianças, tempos, espaços e materiais para esse fim. É hora de observar as crianças nesse “importante fazer”. É hora de registrar essas observações para que possam ajudar o professor a planejar outras atividades, a partir de um maior conhecimento sobre a turma, sobre cada criança. O lúdico deve permear todo trabalho de sala de aula através de jogos, brincadeiras, dramatizações, lembrando que o brincar [...] é um espaço de apropriação e constituição pelas crianças de conhecimentos e habilidades no âmbito da linguagem, da cognição, dos valores e da sociabilidade. E que esses conhecimentos se tecem nas narrativas do dia-a-dia, constituindo os sujeitos e a base para muitas aprendizagens e situações em que são necessários o distanciamento da realidade cotidiana, o pensar sobre o mundo e o interpretá-lo de novas formas, bem como o desenvolvimento conjunto de ações coordenadas em torno de um fio condutor comum. (BORBA, 2007, p. 39) HORA DE FAZER ARTE – momento de criar possibilidades de contato com produções artísticas diversas. É fundamental tomarmos consciência de que “a produção artística oral, escrita e plástica que historicamente os grupos populares vêm produzindo faz parte do acervo cultural da humanidade e nos representa de modo legítimo.” (BORBA E GOULART, 2006, p. 49) Nos anos subseqüentes à alfabetização inicial (4º. e 5º. Anos), as atividades permanentes também devem existir, adaptadas à faixa etária e ao desenvolvimento dos alunos. Alguns itens devem continuar fazendo parte desta rotina, como por exemplo o trabalho com MÚSICA, a RODA DA CONVERSA, que pode ser adaptada para uma roda onde se conversa sobre notícias de jornal, introduz novos conteúdos, sempre levando em consideração a importância de saber o que os alunos já sabem sobre os assuntos que pretende desenvolver. 106 As ATIVIDADES DE ESCRITA continuam constantes, diárias, mas elaboradas de acordo com o nível de escrita em que as crianças se encontram, sempre procurando dar ênfase à função social do texto, diversificando os gêneros, lembrando que a alfabetização e o letramento são processos que caminham juntos, mas que não acontecem por acaso. Apenas colocar a criança em contato com portadores de textos variados, sem a adequada intervenção não garante o aprendizado da leitura e da escrita. A intervenção, a mediação do educador é fundamental para que este e qualquer outro aprendizado aconteça. Afinal, já vimos neste documento, em sua fundamentação teórica, a importância do “alfabetizar letrando”. “Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita”. (SOARES, 1998, p. 47 apud LEAL, ALBUQUERQUE e MORAIS, 2007, p. 70) Pensando neste aspecto é relevante refletirmos sobre a organização da sala de aula. O item 3.3 deste documento discorre sobre a organização dos espaços na Educação Infantil. Estas orientações devem fazer parte, também, do Ensino Fundamental, levando-se em conta as especificidades deste nível de ensino. Assim, ao promover atividades de toda natureza, mas, essencialmente as de escrita, é fundamental que haja uma atenção especial por parte do educador para a formação de duplas e/ou grupos produtivos18. A HORA DO CONTO e a HORA DO BRINQUEDO também devem continuar existindo. A primeira prática, de forma a continuar promovendo o contato com bons modelos de leitura, podendo, nesta fase, privilegiar a leitura de livros mais densos, que seriam lidos por capítulos. A HORA DO BRINQUEDO pode ser aproveitada com jogos que trabalhem o raciocínio lógico dos alunos, mas de forma lúdica. Sem deixar de existir o momento do brincar espontaneamente, é um aspecto necessário e que deve fazer parte do processo até o 5º. Ano 18 De acordo com o nível de escrita de cada criança. 107 CONTEÚDOS A SEREM DESENVOLVIDOS NO ENSINO FUNDAMENTAL Ciclo I – 1º, 2º e 3º Anos LINGUAGEM Função social da escrita Próprio nome Registro escrito Produção de textos coletivos Revisão e reescrita de textos (2º e 3º Anos) Leitura Textos não verbais Discussões argumentativas Inferência de informações explícitas presentes nos textos Contação de histórias Desenho Modelagem Música Letras do alfabeto Nome e sobrenome Identificação dos diferentes gêneros textuais Portadores de textos diversos (lista, bilhete, carta, receita, culinária, etc) – observação, manuseio, produção. Ortografia (2º e 3º Anos – crianças alfabéticas) Pontuação (2º e 3º Anos – crianças alfabéticas) Ampliação de vocabulário Narrativas orais Temporalidade Relatos orais Pintura Colagem Diferentes manifestações culturais NOÇÕES LÓGICO-MATEMÁTICAS Função social do número Quantificação Pareamento Correspondência termo a termo Números no cotidiano Contagem Estimativa Coleções de objetos pelo número de elementos Agrupamentos Comparação entre grandes coleções Critérios que definem uma classificação de Critérios que definem regras usadas em números (maior que, menor que, estar seriações (mais um, mais dois, etc) entre) Agrupamentos de base decimal Trocas decimais Composição e decomposição de números Jogos diversos naturais (jogos e registros escritos) Escalas ascendentes e descendentes Conceito de adição Conceito de multiplicação Conceito de subtração Interpretação e resolução de situações- Formulação de situações-problema oral e problema (desenhos, estratégias pessoais) escrito) Cálculos mentais através de decomposição Leitura e interpretação de imagens Sinais convencionais (+, -, x) (2º e 3º Anos) Reconhecimento de conteúdo de um gráfico Reconhecimento de conteúdo de uma Número com o código na organização das tabela informações Unidades de tempo (dia, semana, mês, Interpretação de itinerários simples bimestre, trimestre, semestre e ano) Formas geométricas tridimensionais Horas (2º Ano) Sistema monetário Calculadora 108 CIÊNCIAS SOCIAIS Linha do tempo Dados pessoais Ambiente escolar (2º Ano) Identidade Diferentes formas de organização familiar (1º Ano) Observação, descrição e registro de trajetos diversos (2º Ano) Paisagem urbana e rural (3º Ano) indígenas Transformações no ambiente História do Município (3º Ano) Influências afro-brasileiras e presentes no cotidiano Trabalho Tecnologia Cultura Linguagem cartográfica simples (3º Ano) Valorização, manutenção e preservação Referenciais espaciais de localização, dos espaços coletivos orientação e distância Diferentes estratégias para representar o Diferentes formas de registro (relatos orais espaço e escritos, desenhos, gráficos) Pesquisas em diferentes fontes (estudos do meio, fontes impressas, objetos, filmes, fotos, etc) CIÊNCIAS NATURAIS Ciclo vital Preservação dos diferentes ambientes Seres vivos e o ambiente em que vive Órgãos dos sentidos e suas funções (1º Ano) Partes do corpo humano (1º Ano) Partes das plantas (2º Ano) Classificação dos animais (2º Ano) Alimento como fonte de energia (3º Ano) Alimentação saudável (3º Ano) Diferentes solos nos ambientes (3º Ano) Uso consciente da água e da energia no Hábitos de higiene / saúde cotidiano Pesquisas em diferentes fontes (estudos do Diferentes formas de registro (relatos orais meio, fontes impressas, objetos, filmes, e escritos, desenhos, gráficos) fotos, etc) Ciclo II – 4º e 5º Anos LINGUAGEM Função social da escrita Produção de textos coletivos Revisão e reescrita de textos Leitura Produções de textos dissertativos Discussões argumentativas Inferência de informações explícitas e implícitas presentes nos textos Coerência e coesão textual Contação de histórias Desenho Modelagem Música Diferentes gêneros textuais Portadores de textos diversos (lista, bilhete, carta, receita, culinária, etc) – observação, manuseio, produção. Ortografia Pontuação Ampliação de vocabulário Narrativas orais Uso de conectivos como recurso de escrita Relatos pessoais orais e escritos Pintura Colagem Diferentes manifestações culturais 109 NOÇÕES LÓGICO-MATEMÁTICAS Função social do número Quantificação Pareamento Correspondência termo a termo Agrupamentos Valor posicional Composição e decomposição de números naturais Representação de números racionais de uso freqüente Diferentes significados das frações em situações-problema Escalas ascendentes e descendentes Conceito e algoritmo da multiplicação Interpretação e resolução de situaçõesproblema (desenhos, estratégias pessoais, algoritmos) Cálculos mentais através de decomposição Sinais convencionais (+, -, x) Reconhecimento e compreensão do conteúdo de uma tabela Construção de gráficos e tabelas Unidades de tempo (dia, semana, me, bimestre, trimestre, semestre e ano) Formas geométricas tridimensionais Formas geométricas bidimensionais Sistema monetário Números no cotidiano Contagem Estimativa Comparação de escritas numéricas Comparação entre grandes coleções Trocas decimais Jogos diversos Fração como representação de diferentes significados Porcentagem (situações-problema) Conceito e algoritmo da adição Conceito e algoritmo da subtração Formulação de situações-problema oral e escrito) Leitura e interpretação de imagens Reconhecimento e compreensão do conteúdo de um gráfico Número com o código na organização das informações Associação de informações textuais aos dados expressos em tabelas e gráficos Interpretação de itinerários simples Identificação de faces, vértices e arestas em formas geométricas tridimensionais Conservação/modificação de medidas dos lados, do perímetro, da área de figuras poligonais em malhas quadriculadas. Calculadora CIÊNCIAS SOCIAIS Linha do tempo Modos de vida de diferentes grupos sociais Deslocamentos populacionais (migração) Registro em linguagem cartográfica Influências afro-brasileiras e indígenas Transformações no ambiente presentes no cotidiano Trabalho Tecnologia Cultura Meios de comunicação Meios de transporte Linguagem cartográfica simples (3º Ano) Valorização, manutenção e preservação Referenciais espaciais de localização, dos espaços coletivos orientação e distância Diferentes estratégias para representar o Diferentes formas de registro (relatos orais espaço e escritos, desenhos, gráficos) Pesquisas em diferentes fontes (estudos do meio, fontes impressas, objetos, filmes, fotos, etc) 110 CIÊNCIAS NATURAIS Ciclo vital Preservação dos diferentes ambientes Uso consciente da água e da energia no cotidiano Seres vivos e o ambiente em que vivem Recursos naturais existentes na região Hábitos de higiene / saúde Órgãos e funções do aparelho reprodutor masculino e feminino Mudanças no corpo e no comportamento de Diferenças físicas, psicológicas e sociais meninos e meninas individuais Sexualidade Fases da vida Pesquisas em diferentes fontes (estudos do Experimentos meio, fontes impressas, objetos, filmes, fotos, etc) Diferentes formas de registro (relatos orais e escritos, desenhos, gráficos) Imagem corporal EXEMPLO DE UMA ROTINA SEMANAL DE UMA CLASSE DE 1º. ANO SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA Atividade Permanente Linguagens Atividade Permanente Linguagens Atividade Permanente Linguagens Atividade Permanente Linguagens Atividade Permanente Linguagens Linguagens (At. Seqüenciada) Trabalho com o nome Noções LógicoMatemáticas Noções Topológicas (Jogo) Linguagens (At. Seqüenciada) Trabalho com o nome Linguagens Projeto Parlendas Noções LógicoMatemáticas Noções Topológicas (sistematização) Linguagens Arte Projeto Parlendas Linguagens Ed. Física Noções LógicoMatemáticas Noções Topológicas (Registro) Noções LógicoMatemáticas Noções Topológicas (Jogo e registro) Linguagens Ed. Física Intervalo Intervalo Intervalo Intervalo Intervalo Ciências Sociais Conhecer o Espaço físico da escola Linguagens Projeto Parlendas Ciências Sociais Conhecer o Espaço físico da escola Linguagens Arte Ilustração de parlendas Linguagens Projeto Parlendas Noções LógicoMatemáticas Noções Topológicas Extra-classe Noções LógicoMatemáticas Noções Topológicas Extra-classe Ciências Naturais Espaço verde da escola Ciências Naturais Cont. Noções LógicoMatemáticas Noções Topológicas Extra-classe 111 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES CONTIDAS NA ROTINA ATIVIDADES PERMANENTES Recepção dos alunos Oração/música Agenda Calendário Chamada Roda da conversa Hora do conto Roda da avaliação PROJETO Parlendas – Produto final: Livro ilustrado pelas crianças Atividades desta semana: Selecionar parlendas; Brincar com as mesmas; Leituras dramatizadas; Escrita de textos que sabem de memória. ATIVIDADE SEQUENCIADA Noções topológicas Atividades com o nome: Crachá; Letras móveis; Acróstico; Lista de nomes dos amigos; Músicas que envolvem o nome. CIÊNCIAS SOCIAIS Passeio pela escola; Conhecer as dependências; Conhecer os funcionários; 112 Registro em forma de texto coletivo. CIÊNCIAS NATURAIS Observar o espaço verde existente na escola; Desenho das paisagens observadas; Lista daquilo que foi observado em duplas produtivas com a intervenção do professor. NOÇÕES LÓGICO-MATEMÁTICAS Atividades que desenvolvam as noções topológicas, ou seja, trabalhem com noções de tempo, espaço, lateralidade, direção, sentido,etc; Passar a bola por cima e por baixo em duas filas; Circuitos, coelhinho sai da toca, bambolê, corda, gato e rato. ARTE Ilustração das parlendas trabalhadas no projeto Mostrar livros ilustrados para que as crianças tenham parâmetros para as produções (obras de Cândido Portinari) 113 4. AVALIAÇÃO A avaliação é um aspecto que não pertence apenas à educação. Em nossa vida diária avaliamos o tempo todo: se algo é bom ou ruim, qual a melhor roupa a ser usada em determinada ocasião, se a decisão tomada foi a melhor... No entanto, quando falamos em avaliação educacional, apesar de todo o avanço que já tivemos nas concepções de avaliação, ainda nos reportamos para a questão técnica do medir, do classificar, atendendo às especificidades dos níveis de ensino: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Dentro do movimento da Reorientação Curricular proposto pela Secretaria Municipal da Educação de Rio Claro é importante repensarmos o papel da avaliação enquanto parte integrante do processo de ensino-aprendizagem. Algumas questões se levantam quando pensamos em avaliação... Como desenvolvemos atualmente a prática avaliativa? Em que concepção de educação essa avaliação está embasada? O que, quando e para quê avaliar? Do ponto de vista da avaliação do rendimento escolar do aluno, a LDB em seu artigo 24, inciso V, afirma que a avaliação do desempenho do aluno será contínua e cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. Durante muito tempo o termo avaliar confundiu-se com testar e medir. Ou seja, os alunos passavam por provas que tinham o único objetivo de classificar e selecionar quem havia “aprendido” de quem havia fracassado. A finalidade maior era determinar quem seria promovido e quem seria retido. Esse tipo de avaliação baseia-se em uma concepção tradicional de ensino na qual o professor transmite conteúdos e os alunos os memorizam e os devolvem no dia da prova. Nota-se, portanto, o caráter seletivo, excludente autoritário desse tipo de avaliação. 114 Seleciona porque não leva em consideração o que o educando apresenta de crescimento em seu aprendizado, e sim o resultado final, haja vista a problemática da média aritmética realizada quando se avalia por meio de provas tradicionais. Se o aluno tem as notas 10.0, 6.0 e 2,0, somando-se estes resultados e dividindo por três, terá uma média de 6,0; caso estas notas sejam as mesmas, mas em tempos e momentos diferentes: 2,0, 6,0 e 10,0, o aluno terá como média os mesmos 6,0 anteriores. Será que esta média retrata o crescimento e o aprendizado do aluno no decorrer do tempo ou apenas uma situação pontual de diferentes momentos de sua trajetória? Exclui porque usa o mesmo critério para todos, sem levar em consideração o desenvolvimento pessoal de cada aluno, não promovendo oportunidades para que este aluno aprenda o que não foi possível aprender até o momento da prova; a ênfase desse tipo de avaliação é colocada única e exclusivamente nos resultados. É a demonstração de uma relação de ensino e aprendizagem autoritária porque só o professor é considerado detentor do saber, não se leva em conta os conhecimentos prévios do aluno e este não é visto como produtor de seu próprio conhecimento, mas apenas um recipiente onde são depositados os conhecimentos que são de domínio do professor. Paulo Freire (1987) nomeia esta situação como “educação bancária”. Todavia, segundo documento do Ministério da Educação intitulado “Indagações sobre o currículo”, a avaliação é uma das atividades que ocorre dentro de um processo pedagógico. Este processo inclui outras ações que implicam na própria formulação dos objetivos da ação educativa, na definição de seus conteúdos e métodos, entre outros. A avaliação, portanto, sendo parte de um processo maior, deve ser usada tanto no sentido do acompanhamento do desenvolvimento do estudante, como no sentido de uma apreciação final sobre o que o estudante pôde obter em um determinado período, sempre com vistas a planejar ações educativas futuras. (BRASIL, 2006, p.20) Observa-se, portanto, que a avaliação tem uma finalidade e segue alguns critérios. Quando avaliamos, utilizamos procedimentos e instrumentos que, enquanto educadores, precisamos dominar para garantir que os resultados sejam fidedignos e revelem se houve ou não aprendizagem. O foco é justamente o desenvolvimento da aprendizagem e não o acúmulo de conteúdos. De acordo com Vasconcellos (1989): 115 A avaliação deve ser contínua para que possa cumprir sua função de auxilio ao processo de ensino aprendizagem. A avaliação que importa é aquela que é feita no processo, quando o professor pode estar acompanhando a construção do conhecimento pelo educando; avaliar na hora que precisa ser avaliado, para ajudar o aluno a construir o seu conhecimento, verificando os vários estágios do desenvolvimento dos alunos e não julgando-os apenas num determinado momento. Avaliar o processo e não apenas o produto, ou melhor, avaliar o produto no processo. (p.71, grifo nosso) Dessa forma, avaliar é uma tarefa permanente do educador e indispensável para a constituição de uma prática educacional comprometida com o desenvolvimento da criança, ao mesmo tempo em que implica numa reflexão sobre o processo de aprendizagem e as condições oferecidas para sua ocorrência. É um instrumento importante para diagnosticar e obter dados sobre o processo de aprendizagem de cada educando, ao mesmo tempo em que reorienta a prática do educador, para que possa propor novas e diferentes situações que possibilitem avanços na aprendizagem. Para que isso aconteça é necessário que a avaliação realizada em nossas escolas seja formativa e processual. Para Domingos Fernandes (2006), na avaliação formativa há uma diferenciação entre aquela que era empregada nos anos 60 e 70 e o conceito de avaliação formativa dos dias de hoje: A avaliação formativa tal como era entendida nos anos 60 e 70 do século XX [...] pouco tem a ver com a avaliação formativa dos dias de hoje [...]. No primeiro caso estamos perante uma visão mais restritiva, muito centrada em objetivos comportamentais e nos resultados obtidos pelos alunos, pouco interativa e por isso, normalmente realizada após um dado período de ensino e aprendizagem. No segundo caso, estamos perante uma avaliação bem mais complexa, e num certo sentido mais sofisticada, ou mais rica, do ponto de vista teórico. Trata-se de uma avaliação interativa, centrada nos processos cognitivos dos alunos e associada aos processos de feed back, de regulação, de auto-avaliação e de autoregulação das aprendizagens. (p. 23, grifo nosso). O primeiro caso é exatamente o retrato daquela avaliação excludente e autoritária que já mencionamos. Vamos entender um pouco o que nos diz o segundo caso, a avaliação que almejamos. Ela é interativa porque os alunos são sujeitos ativos do processo, participando do momento de avaliar junto com o educador. Nas intervenções cotidianas do professor a avaliação vai se delineando. Nesse momento professor e aluno dialogam permitindo ao aluno expor seu raciocínio e ao professor, ressignificar os aprendizados, redimensionar sua prática, pois conhece realmente como cada aluno pensa. Por esse motivo, também é centrada nos processos cognitivos. 116 A avaliação, associada aos processos de feedback, está ligada à auto-avaliação, mantém o aluno sempre a par daquilo que já sabe e daquilo que precisa aprender. Tudo isso não quer dizer que não teremos que aplicar provas ou atividades de verificação, mas diante de uma concepção de avaliação isso se torna apenas um momento do processo. Um momento muito pontual que servirá como referência do aprendizado do aluno e do trabalho do professor; um instrumento de reorientação do processo de ensino-aprendizagem. Um dos pontos cruciais da avaliação processual é o levantamento dos conhecimentos prévios que os educandos possuem (avaliação diagnóstica) diante de cada novo conteúdo trabalhado, para que o educador possa planejar sua prática, definindo objetivos e fazendo as adequações didáticas necessárias. Segundo Hoffmann: O professor precisa ter mais tempo para observar o aluno em ação, para registrar, refletir, decidir-se por estratégias didáticas coerentes, planejar novas e diferentes atividades articuladas às anteriores que contemplem estudos e atividades complementares que venham a contribuir para o avanço de diferentes alunos em diferentes direções. (2001) Um importante aliado no trabalho do educador enquanto realiza observações e reflexões é o registro. Ao registrar o educador sistematiza de maneira significativa informações coletadas durante o processo de aprendizagem. Pesquisas recentes demonstram que outros instrumentos podem ser utilizados com sucesso na sistematização dos registros, como por exemplo, os portfólios, dossiês e relatórios de avaliação da evolução do educando. Hoffmann (2001) destaca que tais instrumentos se referem “à organização de uma coletânea de registros sobre aprendizagens do aluno que favoreçam ao professor, aos próprios alunos e às famílias uma visão evolutiva do processo”. Aponta, ainda, que tais instrumentos remetem a uma postura mediadora de avaliação. É interessante notar que ao adotar esses instrumentos o educando assume uma postura dinâmica e participativa frente ao processo, uma vez que auxilia o educador na organização dos dados e reflete sobre seus avanços. 117 4.1 A avaliação na Educação Infantil O reconhecimento da Educação infantil como direito da criança e dever do Estado se concretizou na Constituição de 1988. Tal fato gerou a discussão entre a concepção assistencialista e educacional desta modalidade, que ainda se faz necessária para que o binômio cuidar-educar se fortaleça cada vez mais, proporcionando qualidade no atendimento da criança de 0 a 5 anos. Quando se pensa em Educação Infantil como modalidade de educação, a reflexão sobre a prática avaliativa passa a ter uma grande importância. Em 1996 a Lei 9394/96 (LDB) trouxe em seu Artigo 31 qual a concepção de avaliação deve ser privilegiada nessa faixa etária: “Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento em registro do seu desenvolvimento sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”. (BRASIL, 2006) Desta forma, falar em avaliação em Educação Infantil nos remete à preocupação para que essa prática não recaia numa concepção de avaliação somativa, pontual, como ainda é vista muitas vezes no Ensino Fundamental. Uma avaliação pautada em resultados e não no processo, totalmente desvinculada da aprendizagem. É preciso, portanto, ressignificar a avaliação em Educação Infantil como acompanhamento e oportunização ao desenvolvimento máximo possível de cada criança, assegurando alguns privilégios próprios dessa instância educativa. (HOFFMANN, 2007, p. 13-14) A autora diz, ainda, que o significado primeiro da avaliação na Educação Infantil é a “busca de entendimento do processo de desenvolvimento infantil e de embasamento à ação educativa através de um fazer reflexivo.” (HOFFMANN, 2007, p. 15). Aponta pressupostos básicos que devem delinear uma proposta de avaliação mediadora na Educação Infantil: a) uma proposta pedagógica que vise levar em conta a diversidade de interesses e possibilidades de exploração do mundo pela criança, respeitando sua própria identidade sociocultural, e proporcionado-lhe um ambiente interativo, rico em materiais e situações a serem experenciadas; b) um professor curioso e investigador do mundo da criança, agindo como mediador de suas conquistas no sentido de apoiá-la, acompanhá-la e favorecer-lhe novos desafios; c) um processo avaliativo permanente de observação, registro e reflexão acerca da ação e do pensamento das crianças, de suas diferenças culturais 118 e de desenvolvimento, embasador do repensar do educador sobre o seu fazer pedagógico. (HOFFMANN, 2007, p.18) É fundamental estarmos atentos às questões que norteiam as aprendizagens na Educação Infantil. A maior preocupação com atividades contextualizadas à realidade da criança e rompimento com as práticas assistencialistas e compensatórias revelam processos avaliativos coerentes, como lembra Hoffmann (2007,p.19): “na mesma medida em que se amplia a discussão sobre a intencionalidade da Educação Infantil, amplia-se, aí, a discussão sobre o significado próprio da avaliação”. 4.2 O portfólio Dentro de uma aprendizagem contextualizada, o portfólio favorece o pensamento completo que mostra o que foi aprendido pelo educando e demonstra o desenvolvimento que a criança apresentou num determinado espaço de tempo. Hernandez (2000) afirma que a função do portfólio é facilitar a reconstrução e a reelaboração por parte de cada estudante de seu processo ao longo de um curso ou de um período de ensino, ou seja, além de parâmetro para a observação do professor do desenvolvimento cognitivo do educando, funciona também como auto-avaliação por parte da criança. O portfólio é um conjunto de atividades significativas que demonstra o desenvolvimento do aluno em um determinado espaço de tempo, documenta o processo de aprendizagem e permite, ao educador, tomada de decisões a respeito da continuidade desse processo educativo. É a ferramenta que auxiliará o professor a redirecionar e redimensionar seu planejamento para que possa auxiliar as crianças que ainda não apreenderam determinado conteúdo e avançar com aquelas que já conseguiram. A partir da observação do portfólio é necessário que se programe e prepare atividades de acordo com os progressos das crianças, favorecendo, assim, o trabalho diversificado, que deve ser parte essencial do trabalho do professor. Esse instrumento deve ser construído com a participação das crianças e com o acompanhamento da família, que deve ter acesso a esse material sempre que for possível (reuniões de pais, atendimentos individuais, etc). 119 Nesta reorientação curricular optou-se por construir esse instrumento utilizando uma pasta onde se deve organizar: a) na Educação Infantil - Etapa I: através do registro freqüente dos educadores sobre os avanços das crianças. b) na Educação Infantil - Etapa II: mensalmente – um desenho, um registro escrito, um registro matemático. c) no Ensino Fundamental - 1º. Ciclo (1º, 2º e 3º anos): mensalmente – um desenho, a sondagem, escritas espontâneas individuais e em duplas e um registro matemático. d) no Ensino Fundamental - 2º. Ciclo (4º. e 5º anos): mensalmente – sondagem para crianças que não se encontram alfabéticas, produções de textos (individuais), registros matemáticos. É importante que esse material, além de ser organizado com as crianças, apresente um pequeno parecer descritivo que deve ser explicado ao aluno para que saiba o que consegue fazer e o que ainda precisa aprender. A criança deve sempre saber em que situação se encontra sua aprendizagem. Claro que esta conversa com o aluno deve pautar-se na afetividade e objetividade para que não se torne motivo de baixa-estima e desestímulo para ele. 4.3 As fichas de avaliação Depois de muitas análises e estudos optamos por fazer uma ficha de avaliação que venha ao encontro de uma proposta que está sendo construída e que traz uma lógica de organização do processo educativo (reorganização dos tempos e espaços). Com esse instrumento temos como objetivo minimizar o reducionismo do desempenho dos educandos em meras notas, buscando assim, outros indicadores, procurando novas formas de interpretar os resultados das aprendizagens dos educandos com critérios mais explícitos, que orientem o trabalho pedagógico e garantam o conteúdo mínimo a ser apreendido por nossos alunos. 120 As categorias foram construídas a partir de documentos oficiais (RCNEI, PCN e Orientações para o Ensino de 9 anos), com a pretensão de que seja um documento de fundamental importância no processo de ensino aprendizagem. Na Educação Infantil a ficha contempla todos os eixos de trabalho: Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Música, Movimento, Natureza e Sociedade e Artes Visuais, apresentando um roteiro que auxilia o educador a escrever um relatório reflexivo sobre o desenvolvimento da criança. É, portanto, uma ficha descritiva. No Ensino Fundamental a ficha contempla as quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Noções Lógico-matemáticas, Ciências Naturais e Ciências Sociais. O instrumento conta com um espaço para descrição da avaliação diagnóstica do educando, um espaço para um parecer descritivo geral sobre o desempenho do educando e o registro das intervenções do professor para o alcance da aprendizagem objetivada. Nos dois níveis de ensino (Educação Infantil e Ensino Fundamental) é importante que se promovam conversas com as famílias das crianças para que compreendam o processo avaliativo como parte da aprendizagem, para que entendam que a ficha é anual e que, se houver algum item não trabalhado, é porque este será abordado no decorrer do ano letivo. Nosso objetivo, ao propor uma ficha de avaliação, não é engessar o trabalho pedagógico do professor, mas orientar, para que, com toda sua capacidade de pesquisar, criar, buscar, possa garantir a aprendizagem de conhecimentos mínimos em cada ano e, assim, promover uma educação que seja realmente transformadora, que tenha por finalidade o educar para “viver bem”, para ser cidadão, para ser mais humano, para que ao alcançar mais vida possa também ser mais feliz. A única finalidade da vida é mais vida. Se me perguntarem o que é essa vida, eu lhes direi que é mais liberdade e mais felicidade. São vagos os termos. Mas nem por isso eles deixam de ter sentido para cada um de nós. À medida que formos mais livres, que abrangermos em nosso coração e em nossa inteligência mais coisas, que ganharmos critérios mais finos de compreensão, nessa medida nos sentiremos maiores e mais felizes. A finalidade da educação se confunde com a finalidade da vida. (TEIXEIRA, 1930). 121 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término deste trabalho, a sensação é de estarmos dando início a um novo sentido a educação municipal. Na verdade, é o que realmente está acontecendo; este resultado marca o início de muitas reflexões necessárias à Rede Municipal de Ensino de Rio Claro com relação às novas organizações às quais estamos nos propondo, aos novos caminhos que norteiam para uma educação que entende a diversidade como facilitador da aprendizagem, que deixa evidente sua função humanizadora, que atua na busca da democracia e da eqüidade. A participação de todos os educadores no corpo deste documento, bem como de sua representatividade, foi fundamental, contudo, almeja-se ainda mais. Para tanto se espera que a partir desta versão preliminar, novas discussões sejam fomentadas no interior das escolas, favorecendo a reflexão de todos os educadores incorporando suas contribuições, com o intuito de aprimorar este documento e torná-lo cada vez mais a “cara” de nossa rede de ensino. Sabemos que algumas temáticas necessitam de maior aprofundamento e outras podem e devem ser acrescentadas à medida em que as discussões ocorrerem dentro de cada Unidade Educacional. Este documento reflete, assim, uma construção coletiva, sem conclusões, visto que não se encerra de forma taxativa, ele é o indício de que ainda há muito a se descobrir, a se questionar, a se investigar. Dessa forma, aguarda o desenrolar das próximas cenas que devem continuar sendo escritas pelos diversos atores participantes deste processo tão significativo. Afinal, somos todos sujeitos aprendizes nessa trajetória e como tal temos o compromisso de deixar, assim, nossa marca na construção da educação rio-clarense. Para tanto, faz-se necessário “quebrarmos” muitas imagens e paradigmas que trazemos conosco desde a tenra infância. Só assim começaremos [...] a ver-nos e a ver os educandos como novos personagens, com suas paixões, medos, esperanças e frustrações. Novas imagens, novos sujeitos que começam a falar, sem medo de falar suas linguagens. Os mestres também mudaram e falam outras linguagens. Sem medo de revelar-lhes seus medos, frustrações e esperanças. Só assim será possível reinventar 122 entendimentos e convívios de personagens reais. Estamos avançando para um olhar mais profissional sobre nós e sobre eles e elas. Avançando para apagar imagens do passado e assim abrir a possibilidade de reinventar o presente. (ARROYO, 2004, p. 50) Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2007 Fonte: Arquivo Secretaria Municipal da Educação, 2008 123 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADRIÃO, T.; CAMARGO, R. B. A Gestão Democrática na Constituição Federal de 1988. In OLIVEIRA, R. P.; ADRIÃO T. 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Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Benjamin Ferreira. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Clara Freire Castellano. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Comecinho de Vida. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Dante Egréggio. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal D. Pedro I. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. Elpídio Mina. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. Ephraim Ribeiro dos Santos. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Francesco Paoli. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Francisca Coan. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. Hélio Jorge dos Santos. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª Isolina Huppert Cassavia. Rio Claro, 2006. 133 Plano de Gestão Escolar Escola Municipal João Batista Maule, Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal João Rehder Netto. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. Dr. José de Campos Chagas. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. José Martins da Silva. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª Laura Penna Joly. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª Lúcia Ap. Buschinelli Carneiro. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª Lucídia T. C. Escrivão Soares. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. Luiz Martins R. Filho. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª Lygia do Carmo P. Vendramel. Rio Claro, 2006 Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª Maria Teixeira Fittipaldi. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Mitiko M. Nevoeiro. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Monteiro Lobato. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Mora Guimarães. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Pastor Nephtali Vieira Junior. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Dr. Paulo Koelle. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª.Samira Assencio Savoldi. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Santa Rosa. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Santo Antonio de Pádua. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. Sebastião Ambrózio. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Profª Sueli Maria Proni Cerri. Rio Claro, 2006. Plano de Gestão Escolar Escola Municipal Prof. Victorino Machado. Rio Claro, 2006.