BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE HEMOFILIA E DE OUTRAS COAGULOPATIAS CONGÉNITAS MEMBRO DA FEDERAÇÃO MUNDIAL DE HEMOFILIA E DO CONSÓRCIO EUROPEU DE HEMOFILIA | DIRECTOR: CARLOS MAIA HENRIQUES Encontro de Jovens da APH Saber faz a força de todos! cados o v n o c o tã s e is a p s O para Cantanhede... Ano 31 | N.º 145 | Jan-Fev-Mar 2015 | Preço € 0,50 PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL «Deste encontro fica a certeza que o Comité de Jovens é uma realidade cada vez mais forte e segura, e que os jovens que o integram são cada vez mais e estão mais preparados para ajudar a APH..» ...e os filhos para Óbidos! 2.ª Conferência de Pais da APH Dotar os pais de informação e ferramentas que permitam encarar as dificuldades que enfrentam no quotidiano. p15 Inscrições até 21 de Maio De 28 de Junho a 4 de Julho de 2015 decorrerá mais uma edição do Funfilia. p20 Inscrições até 12 de Junho 2 |hemofilia Abr Mai Jun 2011 Editorial O preço da vida É quase um lugar-comum dizer-se que a vida não tem preço - e digo quase para que não se confunda um conceito de tão profunda importância, com as banalidades que se dizem e ouvem em todo lado e a toda a hora, a respeito de tudo e de nada – mas a história da humanidade, a situação em que esta se encontra nos nossos dias, o mundo que as televisões patenteiam aos nossos olhos são uma prova de que na realidade, a vida não tem valor. Mata-se por qualquer pretexto, morre-se por qualquer motivo: por negligência, por ideologia, por Deus, pela pátria e pelos ditames da economia. Há sempre uma prioridade mais prioritária que a vida, e como esta não tem preço, mata-se ou deixa-se morrer porque a morte não tem custos. Investem-se milhões em máquinas de matar, um bombardeiro custa tanto como um hospital e o que se espera dele é que apodreça sem nunca ter sido utilizado (esperança que nos dias que correm cada vez mais se vai perdendo), o bombardeiro é desígnio patriótico, o hospital é custo orçamental. E é cada vez mais assim que a preservação da vida e da sua qualidade é considerada pela economia, pela finança, por quem nos governa: um custo ou um negócio, conforme a perspectiva. Na última Assembleia Geral da nossa Associação, a Direcção informou que se quer estatuir o preço como principal critério para a aquisição de medicamentos, a APH não concorda e vai lutar para que não o seja e faz bem, porque foi assim que há uns anos, mais de uma centena de Hemofílicos perderam a vida. Na altura escrevi num editorial que a vida tem preço sim, só a morte é que não. A vida tem o preço que é preciso pagar para a preservar, para lhe dar dignidade, para evitar que se sofra para Sumário Aniversários 3 O verdadeiro custo de um preço 4 e 5 1.ª Reunião da Com. Hosp. de Hemofilia 5 Hepatite C: Carta da APH ao Min. Saúde 6 Dia Mundial da Hemofilia 7 Encontro de Jovens 8 a 10 Estatuto Editorial 11 A APH Entrevista: Maria João Diniz 12 e13 European Patients Forum 14 Unidos pela Hemofilia 14 2ª Conferência de Pais 15 Relatório de Actividades 2014 16 e 17 Quilómetros pela Hemofilia 18 Escolas: Informar e educar 18 Informativo: Octapharma 19 Funfilia 20 Maia Henriques “Para que raio precisa Deus de almas santas ao pé de si, quando sabe que é na terra que elas verdadeiramente fazem falta!?” com dois filhos e que foi o melhor amigo dum hemofílico: aquele que de mim herdou o ser e a sina. Mais velho quatro ou cinco anos que o meu filho, juntos brincavam, riam, construíam legos, passavam dias inteiros sem nunca se cansarem, sem nunca se enfadarem. Quando combinavam encontrar-se, o meu filho nem dormia, às seis da manhã já ele nos estava a bater à porta do quarto: o Luís Miguel nunca mais vem? morrer e se sofra porque um filho nosso morreu. E digo-vos por experiência própria que a morte de um filho é uma dor sem fim, nunca se esquece, nunca acalma, nunca esmorece, só aprendemos a viver com ela e apesar dela, com se fosse um outro órgão do nosso corpo. Na missa do funeral o padre leu uma epístola, não sei se de São Paulo se de Santo Agostinho, em que este dizia que Deus costumava chamar a si as vidas jovens e santas, para que estas não se corrompessem com o contacto do mundo. Não consigo acreditar nisto! Para que raio precisa Deus de almas santas ao pé de si, quando sabe que é na terra que elas verdadeiramente fazem falta!? Já a morte na verdade não tem preço, um morto não pesa no orçamento, é verdade que não paga impostos mas que se há-de fazer, nem tudo é perfeito e feitas as contas, o lucro é evidente. A humanidade parece dar mais importância ao poder, à glória, à religião, ao dinheiro, que à vida, quando esta constitui a única oportunidade de se SER. Quanto se investe num mundo em guerra, comparado com o que se investe para livrar a humanidade da doença? Quanto sofrimento evitaríamos se não perdêssemos tempo e recursos com vãs glórias de mandar, e os aplicássemos em alcançar, por exemplo, a cura do cancro, esse assassino que a natureza tão bela e tão cruel inventou. E ao falar desta calamidade, ao reflectir no preço que se paga para viver, arrisco falar-vos do Luís Miguel, meu primo, padrinho de minha filha, morto com pouco mais de 40 anos, engenheiro, casado Não sei se Deus existe ou não, mas uma coisa tenho a certeza, a existir, ele não é como o pintam. Mata-se m nome de Deus, morre-se porque Deus quer, e no entanto eu não consigo acreditar num Deus assim. Para mim Deus é um pretexto e uma desculpa para justificar a crueldade, a indiferença e a estupidez da natureza Humana. Deus não tem culpa nenhuma dos desmandos dos homens. O luís Miguel morreu não por culpa de Deus, mas porque a inteligência humana prefere investir na morte do que na vida. Que o leitor me perdoe se falo de alguém que não conheceu, mas a verdade é que o Luís Miguel não foi alheio aos que vivem com hemofilia porque foi o melhor amigo dum deles. O melhor amigo que qualquer hemofílico gostaria e desejaria ter. Ficha Técnica BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE HEMOFILIA E DE OUTRAS COAGULOPATIAS CONGÉNITAS Membro da Federação Mundial de Hemofilia e do Consórcio Europeu de Hemofilia Propriedade Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas – Instituição Particular de Solidariedade Social Redacção e Administração Av. João Paulo II, Lote 530, Loja A, – 1950-158 Lisboa – Telefs.: 21 859 84 91 - 96 720 90 34 – E-mail: [email protected] – Site: www.aphemofilia.pt – Pessoa Colectiva n.º 501 415 971 A Direcção Miguel Crato, Hilário Moreira, Elsa Morgado, Carlos Mota, Paulo Felício, Orlando Santos, Luís Silva Director Carlos Maia Henriques Registo no Ministério da Justiça N.º Inscrição 108 130, N.º Empresa 208 129 Design Gráfico e Paginação Traço e Meio - Design, Lda. – Tel. 261 867 963 Impressão e acabamento SOARTES - Artes Gráficas, Lda. – Telf:263 858 480 – Fax:263 858 489 – E-mail: [email protected] Depósito Legal N.º 1772 Tiragem 2500 exemplares Periodicidade Trimestral Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessáriamente a opinião da Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas. Jan Fev Mar 2015 hemofilia |3 Janeiro José Oliveira Maria Lídia Fonseca Ulisses Neves José Silva Vitor Franco Maria Manuela Costa Fernando Loureiro Francisco Batalha Emídio Dias David Dourado Martins José António Branco António Santos Fernando Isidoro José Carlos Pereira José Francisco Cruz Carlos Afonso João Videira Serafim Regufe Jorge Pinto José Gomes Fernando Vieira José Luís Pereira João Silva César Deus Manuel Pinto Rui Marques José Amorim José Martins Hugo Lopes Moisés Carvalho Behrooz Mackvandi André Leite Gonçalo Pereira Rui Pereira Luís Borges Daniel Gomes Luís Gonçalves Carlos Mota Vitor Amaral Jesuino Aniceto João Ribeiro Maldine Vaz Daniel Morgado César Pereira Alexandre Pereirinha Gonçalo Cipriano Guilherme Pires Martim Balrôa Fevereiro 1933-01-17 1935-01-04 1941-01-29 1947-01-11 1949-01-09 1950-01-07 1952-01-04 1954-01-24 1957-01-21 1958-01-30 1962-01-07 1964-01-04 1964-01-06 1964-01-09 1965-01-26 1965-01-29 1966-01-30 1967-01-16 1967-01-23 1968-01-04 1969-01-14 1970-01-11 1970-01-29 1970-01-30 1971-01-19 1975-01-07 1975-01-08 1975-01-20 1976-01-21 1978-01-02 1983-01-15 1983-01-22 1985-01-20 1987-01-01 1989-01-01 1990-01-21 1990-01-29 1996-01-15 1999-01-11 1999-01-20 1999-01-23 2000-01-22 2003-01-14 2004-01-04 2006-01-19 2006-01-29 2007-01-07 2010-01-31 Março José Garrido 1932-02-12 Afonso Monteiro 1937-03-29 Maria Delong 1941-02-15 Maria José Órfão 1944-03-19 Maria Oliveira 1947-02-19 Alexandre Marcelo 1948-03-27 Alberto Ribeiro 1948-02-12 Celso Oliveira 1953-03-10 José Monteiro 1949-02-12 Nelson Fernandes 1953-03-14 Luís Miranda 1950-02-21 José Francisco Ribeiro 1957-03-16 Henrique Maranha 1951-02-05 Carlos Castro 1962-03-01 Bernardino Soares 1953-02-01 Luís Alberto Sousa 1962-03-05 Maria Melancia 1953-02-17 José Carlos Ramos 1964-03-15 Maria Celeste Magalhães 1955-02-19 Fernando Gomes 1964-03-30 Francisco Liberal 1959-02-04 António Trigo 1966-03-19 José Cunha 1960-02-29 Orlando Santos 1967-03-21 Manuel Fonseca 1963-02-04 Isidro Nunes 1969-03-03 Manuel Silva 1963-02-05 Eduardo Paulino 1969-03-24 António Veiga 1963-02-24 António Ferreira 1970-03-28 António Magalhães 1964-02-28 Jacinto Sousa 1972-03-03 Miguel Nunes 1967-02-22 Paulo Vergueiro 1974-03-11 António Sousa 1969-02-07 Paulo Ribeiro 1974-03-24 Jorge Malveiro 1970-02-15 Bruno Semeano 1975-03-25 João Saleiro 1972-02-26 José Manuel Correia 1975-03-26 Augusto Rodrigues 1976-02-25 Sérgio Felix 1976-03-29 Ricardo Nunes 1978-02-09 Tânia da Silva 1980-03-27 João Morais 1978-02-16 Fernando Fonseca 1981-03-08 Vitor Gamboa 1978-02-28 Bruno Trigo 1983-03-04 Sandro Arez 1980-02-18 Pedro Moreira 1984-03-13 David Silva 1983-02-27 Marco Luís 1985-03-21 Carlos Costa 1985-02-21 André Vicente 1986-03-22 Luís Ferreira 1987-02-19 Luís Bernardino 1987-03-08 Iago Anjos 1993-02-24 Nuno Teixeira 1987-03-24 José Tavares 1997-02-27 José Carlos Moreira 1988-03-22 Carolina Boulhosa 2001-02-11 Wander Managem 1989-03-07 Gonçalo Jesus 2002-02-02 Diogo Reis 1989-03-20 Acácio Manuel 2003-02-27 Guilherme Matos 1990-03-30 Alexandre Pinto 2005-02-19 Tiago Franco 1995-03-11 Sami Sawafta 2006-02-26 Diogo Laneiro 1995-03-16 Filipa Pereira 1998-03-11 João Ribeiro 1999-03-29 Francisco Duarte 2000-03-25 Daniel Vitorino 2003-03-15 Duarte Marques 2005-03-06 4 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 Miguel Crato O verdadeiro custo de um preço A APH escolheu este ano para tema a lançar no dia mundial da hemofilia, o facto de o preço ser o critério único para a compra dos concentrados dos factores de coagulação, pelos hospitais públicos. Até 2013 a escolha dos produtos que constituem o tratamento para as pessoas com hemofilia sempre obedeceu a critérios de escolha que garantiam o melhor tratamento para os doentes. Assim sempre existiu uma ponderação entre a qualidade, a eficácia, a segurança e o preço, em diferentes percentagens, dependendo dos cadernos de encargos aplicados em cada concurso. Desde 2013 e claramente com objectivos puramente economicistas, através do Despacho 13025-B/2013 de 10 de Outubro, assinado pelo Secretario de Estado da Saúde, Dr. Manuel Ferreira Teixeira, foi estabelecido o critério único do preço para a compra destes produtos. Pese embora o texto do referido despacho ser alvo de várias interpretações, sendo a interpretação da APH que o legislador apenas quis fazer a destrinça entre preço mais baixo e proposta economicamente mais vantajosa e não estabelecer aquele critério como único, a verdade é que tem sido utilizado este despacho para estabelecer como critério único o do preço mais baixo, com prejuízo dos restantes mais acima mencionados. Desta forma e apesar de nestes concursos, através do Despacho 28356/2008 de 13 de Outubro, em vigor, ser obrigatória a presença de um imuno-hemoterapeuta no júri, o que segundo nós obriga a um parecer técnico-científico do mesmo, bem como o dever de audição obrigatório, embora não vinculativo da APH, que se consubstancia sempre num parecer escrito, os critérios da segurança e da eficácia dos produtos que visam tratar as pessoas com hemofilia foram afastados em detrimento do critério puramente economicista do preço mais baixo. «...quando a uma pessoa ou criança com hemofilia seja proposta uma alteração de tratamento questionem sempre duas coisas: Se a APH foi ouvida enquanto representante dos doentes e se aquele produto é efectivamente o que o médico considera melhor para o seu tratamento.» Assim, a sorte e a saúde das pessoas com hemofilia passou a estar dependente dos produtos mais baratos e não necessariamente dos produtos mais eficazes e seguros. Por outro lado, os médicos especialistas em hemofilia que deviam ser a voz activa na escolha científica e médica destes produtos foram relegados para um papel completamente secundário na escolha das terapêuticas que administram aos seus doentes, existindo mesmo concursos recentes em que não houve qualquer parecer por parte do membro do júri que é imuno-hemoterapeuta. Os critérios devem acima de tudo ser sempre os da segurança dos tratamentos, face ao passado recente de infeções virais – HIV, Hepatite C e variante humana da Doença Creutzfeldt-Jakob – a que esta comunidade esteve sujeita e que poderá novamente estar face à sempre possibilidade de novos vírus emergentes; e qualidade/eficácia, pois os produtos comercializados têm diferentes graus de eficácia personalizada após a sua administração, ou seja períodos de semi-vida diferentes no organismo de cada doente. Isto significa que um produto que foi adquirido por um hospital apenas com base no critério do preço mais baixo poderá não ser o mais eficaz comparando doses iguais, o que pode levar inclusive à perversão de que um produto supostamente mais barato ser efectivamente mais caro. Por outro lado, o referido Despacho 13025B/2013 de 10 de Outubro rumou em direcção inversa do que são as recomendações do Directório Europeu para a Qualidade da Medicina, do Conselho Europeu, de que Portugal faz parte, no que respeito à qualidade do tratamento da hemofilia, lançadas em Abril de 2013, em que se estabelece, entre outras recomendações que: “ o preço não deve ser o critério único na escolha dos tratamentos para a hemofilia”. A APH, reconhece, obviamente que o critério economicista é importante face à situação económica do país, não pode, no entanto, aceitar que o mesmo seja o único e decisivo quando chega a hora de adquirir a terapêutica para a hemofilia e que os doentes estejam sujeitos a que lhes seja administrado um tratamento essencial à sua vida que não seja o mais eficaz e seguro. Apelamos pois a todas as pessoas com hemofilia, suas famílias e cuidadores de saúde que sejam elementos sempre atentos e despertos para esta realidade e que especialmente quando a uma pessoa ou criança com hemofilia seja proposta uma alteração de tratamento questionem sempre duas coisas: Se a APH foi ouvida enquanto representante dos doentes e se aquele produto é efectivamente o que o médico considera melhor para o seu tratamento. E não se esqueçam, existe em Portugal o Consentimento Informado e qualquer troca de tratamento só é possível após a assinatura desse documento por parte do doente. Jan Fev Mar 2015 hemofilia |5 Diário da República, 2.ª série — N.º 197 11 de outubro de 2013 PARTE C MINISTÉRIO DA SAÚDE Gabinete do Secretário de Estado da Saúde Despacho n.º 13025-B/2013 Tendo em consideração a necessidade de assegurar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e garantir o acesso dos doentes aos medicamentos, bem como que a legislação em vigor em matéria de contratos públicos de aquisição permite a existência dos critérios de adjudicação do preço mais baixo ou da proposta economicamente mais vantajosa, importa dar indicações no sentido de os contratos públicos de aquisição de medicamentos preverem, como critério de adjudicação, o primeiro dos indicados critérios. Assim, nos termos e ao abrigo do disposto nos artigos 5.º, 6.º e 18.º do regime jurídico da gestão hospitalar, aprovado em anexo à Lei n.º 27/2002, de 8 de novembro, no n.º 2 do artigo 5.º e na alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º, ambos do Decreto-Lei n.º 233/2005, de 29 de dezembro, determino: 1 — Os SPMS-Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E.P.E., e os hospitais do Serviço Nacional de Saúde, nos contratos públicos de aquisição de medicamentos, incluindo biológicos similares, que lancem, devem prever como critério de adjudicação o do preço mais baixo. 2 — O presente despacho produz efeitos para todos os procedimentos lançados a partir do dia da entrada em vigor do mesmo despacho. 3 — O presente despacho entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação. 10 de outubro de 2013. — O Secretário de Estado da Saúde, Manuel Ferreira Teixeira. Legislação Farmacêutica Compilada — Despacho n.º 28356/2008, de 13 de Outubro INFARMED – Gabinete Jurídico e Contencioso Despacho n.º 28356/2008, de 13 de Outubro (DR, 2.ª série, n.º 69, de 8 de Abril de 2008) Aquisição dos produtos derivados do plasma humano. Revoga o despacho do Ministro da Saúde n.º 5/95, de 25 de Janeiro Preocupações relativas à segurança dos produtos derivados do plasma humano, especialmente agravadas pela contaminação pelo VIH ocorrida em doente hemofílicos, levaram o Ministro da Saúde a estabelecer, através do despacho n.º 9/92, de 13 de Julho, que «a aquisição de produtos derivados do plasma humano destinados aos serviços e estabelecimentos do Ministério da Saúde passasse a ser feita exclusiva e obrigatoriamente através de concursos centralizados organizados pela Secretaria-Geral». O despacho n.º 5/95, de 25 de Janeiro, veio entretanto substituir o despacho anterior, mas manteve a obrigatoriedade dos concursos centralizados. No entanto, na última década e meia verificou-se um acentuado progresso científico e tecnológico no que diz respeito ao uso dos produtos derivados do plasma humano, em especial no que se refere às questões de segurança. Ao mesmo tempo, verificou-se uma significativa expansão do seu uso clínico. A aquisição de modo centralizado revela-se, neste momento, desnecessária do ponto de vista da segurança e, ao mesmo tempo, introduz elevada complexidade no processo de contratação pública destes produtos. Assim, determino o seguinte: 1 - É revogado o despacho do Ministro da Saúde n.º 5/95, de 25 de Janeiro. 2 - Nos júris dos concursos destinados à aquisição de factor VIII e factor IX da coagulação devem participar médicos especialistas em imuno-hemoterapia ou hematologia clínica, sendo obrigatoriamente ouvidos representantes dos doentes hemofílicos. 13 de Outubro de 2008. - O Secretário de Estado da Saúde, Manuel Francisco Pizarro de Sampaio e Castro. 1ª Reunião da Comissão Hospitalar de Hemofilia do Centro Hospitalar São João Realizou-se no dia 1 de Abril, a primeira reunião da Comissão Hospitalar de Hemofilia do Cento Hospitalar de São João (CHSJ) e que contou com a presença de Hilário Moreira, como representante da APH, que faz parte da referida Comissão. Após as apresentações dos presentes, foram debatidos vários assuntos do interesse das pessoas com hemofilia que são seguidas naquele Centro Hospitalar, com destaque para a situação actual dos tratamentos para a Hepatite C; registo de doenças raras através de um cartão de identificação e inserção em base de dados; possibilidade de disponibilização do tratamento ao domicilio; importância da promoção junto dos doentes das consultas de estomatologia para uma prevenção das cáries e dos subsequentes episódios hemorrágicos; consultas de psicologia e apoio social, sendo que existe disponibilidade para se dar mais enfoque a estas áreas de actuação, disponibilidade e incentivo por parte do hospital para as consultas pré-natal e acompanhamento ao nível da genética entre outros assuntos. Fazemos notar que esta Comissão tem um carácter iminentemente multidisciplinar e que dela fazem parte, além da APH, a Direcção Clínica do CHSJ, O Director do Serviço de Imuno-Hemoterapia, um enfermeiro deste Serviço, médicos de várias especialidades (Doenças Infecciosas; Estomatologia; Gastrenterologia; Genética; Ginecologia/Obstetrícia; medicina física e reabilitação; medicina interna; ortopedia e traumatologia; radiologia; serviço de urgência polivalente e psiquiatria), bem como representantes de serviços não clínicos (centro de medicina laboratorial, serviços farmacêuticos e serviço de humanização). A existência desta Comissão reveste-se de grande importância no que respeita à elaboração de uma estratégia hospitalar integrada na forma de lidar com a hemofilia e outros distúrbios hemorrágicos, sendo essencial para a implementação das melhores práticas clínicas. Hilário Moreira FA L E C I M E N TO Martim Filipe Ferreira Lopes É com extremo pesar que a APH comunica o falecimento do Martim. À família enlutada apresentamos os nossos sentimentos. 6 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 Posição da APH face às Novas Terapêuticas para a Hepatite C A APH tomou posição sobre os novos medicamentos para a Hepatite C através da carta que abaixo se transcreve e que foi dirigida ao Exmo. Sr., Ministro da Saúde, Dr. Paulo Macedo e às seguintes entidades: Presidente da República Provedor de Justiça Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia da República Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – CHUC Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Porto, EPE Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, EPE REGISTADA C/A.R. Lisboa, 4 de Fevereiro de 2015 Excelentíssimo Senhor Ministro da Saúde Dr. Paulo Macedo Ministério da Saúde Av. João Crisóstomo, nº 14 1000-179 LISBOA Ofício N.º 11/2015 ASSUNTO: MUITO URGENTE – Tratamento para a Hepatite C – pacientes com hemofilia Excelência, 1)Tem conhecimento a Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas (APH) que, em 5 Centros Hospitalares, na consulta de hepatologia/gastroentorologia, são seguidas várias pessoas com hemofilia; 2)Estas pessoas contraíram a Hepatite C na sequência de tratamentos para a hemofilia com factores derivados do plasma, nas décadas de 80 e de 90, administrado nos hospitais públicos portugueses; 3)Como consequência da hepatite C, estas pessoas apresentam graus de fibrose (cirrose) do fígado em estado avançado –F3 e F4; 4)Este estado avançado implica que estes doentes estão presentemente em risco de vida; 5)Podendo a qualquer momento entrar em descompensação hepática ou desenvolver cancro do fígado e consequente a morte; 6)As constatações supra são corroboradas por toda a comunidade médica nacional e internacional e encontram paralelo nas recomendações da Associação Europeia do Estudo do Fígado; 7)A Hemofilia caracteriza-se por ser um distúrbio hemorrágico, que devido à falta de um dos factores da coagulação provoca nas pessoas que sofrem desta patologia hemorragias que podem ser fatais, se não forem tratadas, ou seja, uma hemorragia num hemofílico é difícil de parar e tem consequências muitas vezes catastróficas, pondo em risco constante a vida do doente; 8)As pessoas com Hepatite C, com grau de cirrose mais avançada estão sujeitas frequentemente a hemorragias internas, nomeadamente as decorrentes das varizes esofágicas, bem como a hemorragias do trato; 9)Este tipo de hemorragias nas pessoas com hemofilia tem um grau de mortalidade muito superior às pessoas sem hemofilia; 10) Igualmente algumas pessoas com hemofilia estão co-infectadas com HIV, também como consequência da administração de factores derivados do plasma, essenciais para o seu tratamento; 11) Mais uma vez o risco de vida para estas pessoas é aumentado; 12) É importante salientar que muitas pessoas com um grau de cirrose avançada e estado de pré-descompensação, não lhes resta outra alternativa que não o recurso ao transplante hepático; 13) Escusado será referir que um transplante hepático para uma patologia como a hemofilia é praticamente uma sentença de morte, devido ao altíssimo grau de hemorragias que implica; 14) Temos pois, perante tudo o que foi dito supra, que as pessoas com hemofilia e com grau de cirrose avançada estão claramente incluídas nos critérios que se aplicam ao recurso imediato às mais modernas terapias disponibilizadas em Portugal para o tratamento e cura da Hepatite C (com valores de cura superiores a 90 %); 15) Estas pessoas estão pois, clara e inequivocamente em risco de vida e cumprem os critérios determinados pela tutela para administração da terapêutica; 16) A atestar a urgência do tratamento, estão as palavras de Sua Excelência, o Ministro da Saúde, na Comissão Parlamentar da Saúde em 04/02/2015 e citando-o: “O ministro da Saúde reconhece a necessidade de alargar os critérios para os doentes terem acesso aos tratamentos inovadores contra a hepatite C e não apenas os que estão em risco de vida” Fonte Lusa. Desta forma e face à situação de risco de vida acrescido que as pessoas com hemofilia e hepatite C possuem e por cumprirem os citérios para a administração da terapêutica com índices de cura superiores a 90%, disponível em Portugal, somos a solicitar a Sua Excelência que a mesma seja administrada a estes pacientes de imediato, sob pena de que, caso algum destes doentes faleça por falta do tratamento ou entre em descompensação hepática/cancro do fígado, a APH se reservar a tomar as medidas judicias cíveis e criminais que entenda por devidas. Certos que esta nossa missiva encontrará a melhor atenção da parte de Sua Excelência. Com os melhores cumprimentos, O Presidente da Direcção da APH Miguel Crato Jan Fev Mar 2015 hemofilia |7 COMUNICADO DE IMPRENSA Dia Mundial da Hemofilia APH denuncia critérios economicistas no tratamento da doença 10 de abril de 2015 – No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Hemofilia, a Associação Portuguesa de Hemofilia (APH) reforça a sua posição contra o critério economicista aplicado ao tratamento desta doença e que coloca em risco a qualidade de vida dos doentes. Os produtos para o tratamento da hemofilia disponíveis em Portugal são comprados pelos Hospitais Públicos através de concursos públicos. A hemofilia é uma doença, que, sem o tratamento adequado (infusão de factor VIII ou IX em falta no organismo que permita que o doente pare ou evite uma hemorragia) pode levar a incapacidade física e risco de vida para o doente. A escolha destes produtos sempre obedeceu a critérios de escolha que garantiam o melhor tratamento para os doentes. Estes critérios devem acima de tudo ser os da segurança dos tratamentos (face ao passado recente de infeções virais-HIV e Hepatite C - a que esta comunidade esteve sujeita) e eficácia (os produtos comercializados têm diferentes graus de eficácia personalizada após a sua administração). Desde 2013, através do Despacho 13025-B/2013 de 10 de Outubro foi estabelecido o critério único do preço para a compra destes produtos. Desta forma e apesar de nestes concursos, através do Despacho 28356/2008 de 13 de outubro, em vigor, ser obrigatória a presença de um imuno-hemoterapeuta no júri, bem como o parecer obrigatório da APH, os critérios da segurança e da eficácia dos produtos que visam tratar as pessoas com hemofilia foram afastados em detrimento do critério puramente economicista do preço. Assim, a sorte e a saúde das pessoas com hemofilia passou a estar dependente dos produtos mais baratos e não necessariamente dos produtos mais eficazes e seguros. Por outro lado, os médicos especialistas em hemofilia que deviam ser a voz ativa na escolha científica e médica destes produtos foram relegados para um papel completamente secundário na escolha das terapêuticas que administram aos seus doentes. Por outro lado, o referido Despacho 13025-B/2013 de 10 de Outubro rumou em direção inversa do que são as recomendações do Conselho Europeu, de que Portugal faz parte, para o tratamento da hemofilia, lançadas em abril de 2013, em que se estabelece que “ o preço não deve ser o critério único na escolha dos tratamentos para a hemofilia”. A APH, reconhecendo que o critério economicista é importante face à situação económica do pais, não pode, no entanto, aceitar que o mesmo seja o único e decisivo quando chega a hora de os comprar e que os doentes estejam sujeitos a que lhes seja administrado um tratamento essencial à sua vida que não seja o mais eficaz e seguro. A Direcção da APH Sede da APH, em Lisboa Núcleo da Madeira Núcleo de Coimbra Núcleo do Porto A APH recebeu o Dia Mundial da Hemofilia de “Porta Aberta” em todos os seus núcleos No passado dia 17 de Abril comemorou-se mais um Dia Mundial da Hemofilia. Como já vem sendo habitual, este acontecimento anual é celebrado um pouco por todo o Mundo, mas também com grande relevância na nossa Associação pela nossa Comunidade, dando assim a maior visibilidade possível à temática dos distúrbios hemorrágicos hereditários. Para celebrar este dia a APH organizou no dia 18 de Abril vários almoços convívio, nas suas Sedes de Lisboa e do Porto, mas também nos Núcleo de Coimbra e Madeira. Para participar os convidados tiveram apenas terá de vestir uma peça de roupa vermelha, trazer uma entrada ou uma sobremesa e uma dose extra de boa disposição para partilhar com o grupo neste dia especial. Como acontece todos os anos, a APH escolheu este ano um tema que preocupa a nossa comunidade. Para 2015 o tema que resolvemos dar enfoque prende-se com o facto de em Portugal a escolha das terapêuticas para esta doença, presentemente, se basearem apenas no critério preço e não também nos critérios da qualidade, eficácia e segurança, tal como recomendam as guidelines internacionais e o Conselho Europeu. 8 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 Encontro de Jovens da APH No seguimento das duas edições anteriores, decorreu nos passados dias 6, 7 e 8 de Março o 3º Encontro de Jovens da APH. Na sequência da minha participação nos encontros realizados nos dois anos anteriores, foi com enorme entusiamo que tomei conhecimento da realização deste evento, no qual desde logo manifestei interesse em participar. Mais uma vez, foi com enorme prazer e satisfação que estive presente e integrei um grupo magnífico de jovens que, com o seu empenho e participação, permitiram fazer deste evento um enorme sucesso. Estou certo que a formação de um jovem com hemofilia para ser capaz de se enquadrar e integrar a sua comunidade não pode ser pensada como algo que acontece em apenas uma ocasião, sendo importante entender a aprendizagem como uma actividade contínua, estendendo-se ao longo da vida. Mais que nunca, integrar a comunidade com hemofilia exige um constante aperfeiçoamento e obtenção de novos conhecimentos por forma a nos mantermos actualizados e estarmos preparados para vencer os novos desafios que todos os dias se deparam para a nossa comunidade. Tal impõe uma aprendizagem constante, não apenas na esfera técnica, mas também na comportamental. Nesse sentido, no seguimento da realização das edições anteriores, do grupo de jovens então formado, dos conhecimentos então adquiridos, este encontro representou a passagem para um novo nível de aprendizagem, sedimentando esses conhecimentos e permitindo a obtenção de novos, melhorando o espírito crítico, a capacidade de tomada de decisões, o nível de comunicação e composição escrita e oral, bem como o desenvolvimento de competências de auto-aprendizagem, tendo em muito contribuído para a formação de jovens colaboradores informados e interessados na vida da nossa Associação. O local escolhido este ano para a organização do encontro foi a lindíssima cidade de Évora, tendo por palco as instalações do Évora Hotel, onde decorreram 2 dias de convívio e aprendizagem marcados por uma forte componente de workshops e uma palestra médico-científica. Permitam-me, caros leitores que aqui recupere uma frase de Elvis Presley que citei neste mesmo boletim há cerca de dois anos atrás. “Tudo o que os jovens precisam é de esperança e do sentimento de que pertencem a algo”. Ora foi precisamente esse sentimento de pertença a uma comunidade, temperado com uma enorme sede de conhecimento e vontade de fazer algo pela nossa comunidade que, em mais uma edição, juntou, desta feita em Évora, um grupo de 15 jovens de grande qualidade, cheios de enormes expectativas, de vontade de aprender e partilhar experiências e completamente empenhados em tirar todo o partido do evento que se seguiria. Boas vindas e apresentação do programa do encontro pelo Presidente da Direcção, Miguel Crato. O evento começou logo na noite de sexta-feira dia 6. Logo na tarde desse dia, provenientes dos mais diversos pontos do país, de Norte a Sul e mesmo das ilhas, os jovens participantes rumaram à cidade de Évora. No entanto, o longo tempo de viagem que alguns dos jovens já tinham e o cansaço inerente não os impediu de, logo nessa noite, após um reconfortante jantar, se sentarem todos na sala onde decorreria o encontro para uma fase de apresentação, partilha de expectativas e primeiro contacto com as realidades dos outros jovens que compunham o grupo de participantes, evidenciando-se desde logo a partilha de problemas e preocupações comuns. A verdade é que o empenho e dedicação dos jovens foi tal que, para a maior parte dos participantes, a conversa e convívio se prolongou noite dentro, cheios de determinação para se conhecerem melhor uns aos outros e criar laços de amizade que permitiriam assegurar a coesão do grupo e estabelecerem bases de conhecimento e interligação essenciais para enfrentarem os desafios que se seguiriam. Mas a verdade é que a noite mal dormida e o pouco tempo de sono não constituiu nenhum obstáculo para o grupo de jovens, que, no dia seguinte compareceram na sala da formação cheios de energia e prontos para todos os desafios. E como o caminho se faz caminhando, a manhã começou com o 1.º Workshop dedicado ao Jan Fev Mar 2015 hemofilia |9 Saber faz a força de todos! tema: Hemofilia, noções básicas. Foi tempo de recordar conhecimentos adquiridos e relembrar conceitos que seriam essenciais para as sessões seguintes bem como abordar a evolução do tratamento da hemofilia e as novas formas de tratamento, com os tratamentos de longa duração. Permitam-me que confesse o meu orgulho pelo privilégio que me foi concedido de me caber a mim próprio ministrar este primeiro workshop. Tudo fiz para estar à altura da responsabilidade e penso que consegui partilhar com os restantes participantes alguns dos meus parcos conhecimentos sobre a hemofilia. Não posso pois, neste ponto, deixar de agradecer à Direcção da APH a confiança que em mim depositou para ministrar este workshop, bem como a todos os participantes cujo empenho e colaboração foi essencial para a concretização dos objectivos que, nesta fase, se pressupunham. Mas o dia ainda nem ia a meio e a manhã continuou com o 2.º Workshop dedicado à temática da comunicação na Hemofilia. Mais uma vez a colaboração e participação dos jovens foi essencial para os exercícios de “Role Play” onde, os participantes foram confrontados e de forma brilhante reagiram e interpretaram situações da vida real que envolvem forte componente emocional, tais como contar à namorada que se tem hemofilia, fazer uma exposição aos colegas de escola sobre a hemofilia ou esclarecer dois pais que pedem ajuda sobre como podem enfrentar a situação. Caso prático apresentado no Workshop Comunicação e Hemofilia. TESTEMUNHOS “Evento muito divertido, fiz novos amigos e reencontrei outros e fiquei mais a par da situação da APH e dos novos tratamentos.” João Manuel Cardoso Ribeiro 15 anos “Os dias foram muito curtos para uma experiência tão enriquecedora.” Nuno Silva 20 anos “Espetacular, uma experiência incrível e bastante produtiva. Só tenho a agradecer a oportunidade.” Rafael Francisco 15 anos “Um fim-de-semana muito produtivo repleto de informação importante.” Rui Reguenga 26 anos Já após o almoço decorreu o Painel médicocientifico com a Drª Madalina Guz (Hospital do Espírito Santo, Évora), o Dr. Artur Pereira (Centro Hospitalar Lisboa Norte – Santa Maria) e o Dr. André Caiado (Centro Hospitalar Lisboa Central-São José) a fazerem pequenas exposições dedicadas a temas muito pertinentes como Transição Juventude vs Idade Adulta na Hemofilia, Desporto e Hemofilia e Segurança Viral. De salientar a forma atenta como todos os participantes ouviram os médicos conferencistas e a avidez de conhecimento evidenciado pelo grande número de questões que lhes colocaram. De destacar igualmente a disponibilidade dos médicos que integraram o painel, a forma clara, concisa e precisa com que abordaram as suas temáticas e a receptividade com a qual ouviram os comentários questões dos participantes e esclareceram todas as dúvidas e questões que foram colocadas. Mas o dia ainda não tinha chegado ao fim, e durante a tarde houve ainda tempo para uma sessão de trabalho do Comité de Jovens, na qual os participantes foram desafiados a colocarem-se no papel de dirigentes da associação e delinearem a organização de um evento da APH. É esta a importância da juventude, que, pela sua criatividade e irreverência pode trazer sangue novo à nossa associação. Desta actividade saíram ideias muito interessantes que espero ver desenvolvidas muito em breve pela APH. Grupos organizados durante o Workshop 2, Estratégias de inter-cooperação e advocacy. 10 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 Projeto co-fnanciado pelo Programa de Financiamento a Projetos pelo INR, IP. PROGRAMA Encontro de Jovens da APH Miguel Crato dá as boas vindas ao painel médico convidado. Miguel Crato, Presidente da Direcção da APH; Dr. André Caiado, do Centro Hospitalar Lisboa Central – Hospital S. José; Dr. Artur Pereira, Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria; Dra. Madalina Guz – Hospital do Espírito Santo, Évora. O dia terminou com um jantar convívio em Évora, seguido de uma sessão de animação com um jogo de grupo que ajudou a sedimentar a união entre todos e a fazer com que as horas nocturnas passassem num ápice. O Domingo amanheceu cedo e novamente às 9.30 da manhã todos estavam na sala do encontro para reinicar os trabalhos, com o 3.º Workshop subordinado ao tema “Estratégias de cooperação e advocacy”. Mais uma vez foram os jovens a ter a voz, com exercícios de “Role Play” onde se colocaram na pele nos nossos dirigentes e foram, por instantes, desafiados a desempenhar o seu papel em simulações de audiências com a tutela para apresentar os benefícios dos novos tratamentos de longa duração para a qualidade de vida das pessoas com hemofilia, conferências de imprensa para abordar a questão da alteração de tratamento, contactos com as companhias farmacêuticas para apresentação do plano de actividades anual e procura de formas de apoio ou ainda contactos com agências de comunicação para decidir formas de divulgação da APH, da sua actividade e preocupações. A manhã esteve ainda reservada para uma Reunião do Comité de Jovens. Como a maior parte dos leitores deve ter conhecimento o Comité de Jovens da APH é uma estrutura criada durante o 1º Encontro de jovens (em 2013), que se auto-organizou e que se mantém, participando, numa perspectiva de formação na vida da APH e nos eventos que a mesma realiza. Ora, um dos objectivos desta formação pren- de-se com chamar novos jovens que possam integrar o Comité de Jovens. Assim o momento foi aproveitado para os jovens que já integravam o comité fazerem uma retrospectiva e balanço da sua actividade, ao mesmo tempo que, de braços abertos, recebiam aqueles que participaram neste evento pela primeira vez, e os integravam no Comité. A estes, que pela primeira vez integram o Comité de Jovens, as nossas boas vindas e o desejo de que possam contribuir para fortalecer e serem verdadeiros reforços para o Comité de Jovens. Aos restantes, aqueles que desde a primeira hora ou desde o encontro anterior já o integravam, o nosso obrigado por todo o trabalho, esforço, empenho e dedicação que demonstraram ao longo destes dois anos e o desejo pessoal que continuem a colocar-se ao serviço da comunidade com distúrbios hemorrágicos. Após o almoço e uma pequena sessão de encerramento, foi tempo de, infelizmente, já com saudades e vontade de mais, nos vermos obrigados a regressar cada um às suas terras e dar por findo o evento. Como balanço final, permitam-me que em nome pessoal, do comité de jovens e de todos os jovens que participaram agradecer à Direcção da APH pela organização deste evento, bem como, individualmente, ao Miguel Crato, ao Hilário Moreira, ao Carlos Mota e ao José Caetano, que nos acompanharam nestes dois dias e desempenharam um papel imprescindível na orientação dos exercícios de role-play agindo como facilitadores e impulsionadores da aprendizagem. Sexta - 6 de Março 19.30 horas – Recepção e jantar 21.30 horas – Boas vindas e apresentação do Encontro Sábado – 7 de Março 09.30/10.30 horas – Workshop 1: Hemofilia, noções básicas - Rui Pires 10.45/12.00 horas – Workshop 2: Estratégias de inter-cooperação e advocacy - Miguel Crato 12.00/14.00 horas – Almoço (Hotel) 14.30/16.00 horas – Painel médico- cientifico: – Dr.ª Madalina Guz (Hospital do Espírito Santo, Évora): Transição Juventude vs Idade Adulta na Hemofilia – 20 minutos – Dr. Artur Pereira (Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria): Desporto e Hemofilia – 20 minutos – Dr. André Caiado (Centro Hospitalar Lisboa Central – Hospital São José) – Segurança e Viral - 20 minutos 16.00/16.30 horas – Pausa para café e lanche 16.30/18.00 horas – Sessão de trabalho Comité de Jovens (documento programático) 18.00/20.00 - Tempo livre 20.00/21.30 – Jantar (Évora) 21.30/23.00 – Programa social Domingo – 8 de Março 9.30/11.00 horas – Workshop 3: Comunicação e hemofilia (role play) –Miguel Crato, Carlos Mota, Hilário Moreira 11.00/12.30 horas – Reunião do Comité de Jovens 13.00/14.30 horas - Almoço (Hotel) e encerramento Deste encontro fica a certeza que o Comité de Jovens é uma realidade cada vez mais forte e segura, e que os jovens que o integram são cada vez mais e estão cada vez mais preparados para ajudar a APH onde forem necessários e estão sempre prontos a expor as nossas ideias, críticas e sugestões, aproveitando a aprendizagem que obtêm nesses encontros. Aqueles mais jovens que nos lêem e ainda não se juntaram a nós, o convite mantém-se e é constante. O Comité de Jovens vai continuar a sua missão, com reuniões e contactos regulares entre os seus membros e está de braços abertos à espera da participação de todos. Não se esqueçam que são sempre bem-vindos. Desta reunião saiu também uma nova estrutura de organização do comité de jovens, não podendo eu neste ponto deixar de saudar o Nuno Silva, o Emerson e o Pedro que assumiram a responsabilidade da coordenação interna do Comité de Jovens e a sua organização para o futuro. Jan Fev Mar 2015 hemofilia |11 ESTATUTO EDITORIAL “Hemofilia” é o órgão informativo da Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas, adiante designada por APH. Com uma publicação trimestral, publica diferentes artigos médicos e científicos sobre a problemática da hemofilia e outros distúrbios hemorrágicos hereditários e sobre as actividades que desenvolve regularmente. De acordo com a lei que rege este tipo de publicações, “Hemofilia” não promoverá interesses comerciais nem divulgará produtos e serviços que sejam perniciosos à Saúde e Qualidade de vida de todos os seus leitores, mas defende a União e Solidariedade entre todas as pessoas com hemofilia e outros distúrbios hemorrágicos hereditários, sócias ou não da APH. Entrega de lembranças aos oradores convidados pelos jovens do comité. Fazendo um pequeno balanço final, não só do evento, mas da actividade do Comité de Jovens desde a sua criação, permitam-me que termine este texto desejando aos três boa sorte nas novas funções, fazendo votos de sucesso e estando inteiramente confiante que o Comité de Jovens fica entregue em boas mãos. Da minha parte foi um enorme orgulho e um enorme privilégio coordenar o comité de jovens durante estes dois anos que decorreram desde a sua criação. De acordo com a nova estrutura de organização mantenho, para já, a responsabilidade da coordenação e representação externa do comité, que continuarei a integrar e com o qual continuo inteiramente empenhado mas em breve o comité seguirá o seu rumo, com o natural rejuvenescimento etário e geracional e que o percurso de aprendizagem dos seus elementos conduzirá naturalmente a uma maior assunção de responsabilidade por parte de outros jovens. Penso que a actividade do Comité de Jovens e o seu contributo para a APH e para a comunidade com hemofilia é um facto visível e notório para todos aqueles que participam regularmente nas actividades e que mantêm contacto com a nossa associação. Estou certo que o comité e os jovens que o integram continuarão a não virar a cara à luta e manter-se-ão activos e empenhados para cumprir a importante e imprescindível função que têm na nossa comunidade colocando ao seu serviço toda aprendizagem que adquiriram durante este evento. Rui Pires Comité de Jovens “Hemofilia” não é uma publicação técnica ou científica mas poderá publicar ou emitir opiniões de especialistas sobre certas matérias que serão sempre da responsabilidade dos seus autores, acompanhando a investigação científica nesta área, dando delas conhecimento aos seus leitores. Tem também uma componente de cultura e lazer. “Hemofilia” é uma publicação idónea e o seu Director e a Direcção da APH assumirão toda a responsabilidade pela sua edição. “Hemofilia” pugna pela sua autonomia financeira através dos patrocínios angariados ou, quando necessário, recorrerá a apoios de quaisquer entidades sem contrapartidas que intervenham na orientação do seu conteúdo. O Director DONATIVOS Neste espaço, destinamos como habitualmente, o nosso agradecimento a particulares e empresas, pelas suas doações durante o 1º trimestre de 2015. PARTICULARES António Pestana Garcia Pereira António Rui Silva Coelho Santos Carla Nunes Ribeiro Carlos Alberto Coutinho Mota Daniel Filipe Sousa Castanheira David Dourado Santos Martins David Gonçalo Pereira Decoroso Diogo André Moreira Seabra Feliciano Joaquim Silva Vaz Ribeiro Fernando Jorge Loureiro Fonseca Guilherme Oliveira Matos João Luís Pereira Vital Monteverde João Pedro Nunes Ribeiro João Silva Ouro Joaquim Ferreira Manuel Luís Silva Ribeiro Maria Celeste P. de Almeida Magalhães Maria Emília Rosa Mendes Melancia Miguel Alexandre Farinha Pinho Crato Nuno Manuel Ribeiro Orlando Gabriel Marques Santos Paulo Alexandre Antunes Paulo Sérgio Sousa Lopes Rosalina Maria Farinha Pinho Crato Rúben Alexandre Peixoto Faria Rui Manuel Manique Correia Rui Manuel Moreira Besuga Rui Miguel Alves Reguenga Rui Miguel Antão Pires Sandra Maria Tavares Pina Besuga Sérgio Alberto Rosário Dantas Sérgio Alexandre Gomes Dantas EMPRESAS: Octapharma Produtos Farmacêuticos, Lda. Baxter Médico Farmacêutica, Lda Laboratórios Pfizer, Lda. 12 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 A APH ENTREVISTA A Imuno-Hemoterapeuta Maria João Diniz do Serviço de Imuno-Hemoterapia do Hospital de S. José A Drª Maria João Diniz é imuno-hemoterapeuta e responsável pelo Centro de hemofilia/consultas de coagulopatias no Centro Hospital Lisboa Centro (Hospital de São José) há 30 anos, sendo actualmente uma das médicas que mais profundo conhecimento tem sobre a hemofilia e outras coagulopatias congénitas. A Drª Maria João acedeu de forma generosa a responder a algumas perguntas sobre a hemofilia e qual o estado actual dos tratamentos e de tudo o que a rodeia. Q: É uma referência entre os doentes e no meio clínico português no tratamento e acompanhamento da hemofilia. Veio parar a esta área por acaso ou dentro do internato sentiu uma especial apetência pela hemofilia e pelas coagulopatias? R: A especialidade de Imunohemoterapia é uma especialidade abrangente e transversal a várias áreas médicas, com uma vertente laboratorial importante e uma vertente clínica. Sempre me agradou mais trabalhar na área clínica e neste serviço em hemofilia e doenças relacionadas. Q: Quantos doentes com hemofilia são seguidos no seu serviço? R: O SIH do hospital de S. José segue actualmente cerca de 150 pessoas com hemofilia (A e B), para além de pessoas com outras coagulopatias, como a DVW (cerca de 80) e outros défices de factores da coagulação. Q: E quantos fazem profilaxia? R: Neste serviço são seguidas pessoas com hemofilia em idade adulta e cerca de metade dos doentes com a forma grave da doença fazem profilaxia, na maioria dos casos a profilaxia terciária. Os benefícios na prevenção das hemorragias e do desenvolvimento da artropatia hemofílica estão bem definidos na profilaxia primária iniciada cedo, mas a duração da profilaxia não estando definitivamente estabelecida, tem sido prolongada na idade adulta. No caso de adultos que iniciaram tardiamente alguma forma de profilaxia - secundária/terciária - ou profilaxia adaptada às necessidades e estilo de vida, achamos que há uma redução das hemorragias, uma melhoria da estabilidade articular e da qualidade de vida. Q: O que para si são características de uma boa imuno-hemoterapêuta? R: Não posso definir o que é um bom ou mau imuno-hemoterapêuta, mas acho que um bom profissional deve ter uma atitude de responsabilidade, de compromisso e respeito pelas pessoas que trata e primar pela melhoria do seu desempenho. Q: Portugal é dos poucos países europeus onde ainda não existem legislados Centros de Tratamento Compreensivos para a Hemofilia. É uma urgênca e uma verdadeira necessidade? R: Os centros de tratamento para a hemofilia existem e funcionam nos principais centros Hospitalares de Lisboa, Coimbra e Porto. A criação dos Centros de Tratamento Compreensivo são uma prioridade pois permitem uma melhor organização dos meios necessários e disponíveis para o tratamento das pessoas com coagulopatias congénitas, e até melhorar e facilitar o acesso a eses cuidados. Q: Como é efectuada a articulação entre o seu serviço e outras valências essenciais para a pessoa com hemofilia, como seja a ortopedia, fisioterapia estomatologia, psicologia, etc? R: Essa articulação em muitos casos, como por exemplo com a ortopedia existe desde a década de 80 e com outras especialidades surgiu naturalmente e da necessidade do seguimento e acompanhamento global das pessoas com hemofilia e como resposta a patologias associadas. Claro que há dificuldades, logísticas e humanas, e no caso do Centro Hospitalar onde está integrado o HSJ, essas dificuldades são também de distância física, pois as várias especialidades estão localizadas em vários pólos. A proximidade faria a diferença para melhor. Q: Ao longo da sua vida tem acompanhado grandes evoluções no tratamento da hemofilia. Quais considera que foram as mais importantes? R: O tratamento da hemofilia tem tido, nas últimas décadas, uma evolução importante. No final dos anos 80, os avanços nos processos de inactivação viral dos concentrados plasmáticos, na década de 90 a disponibilidade dos factores de coagulação recombinantes, os quais até recentemente têm evoluído no processo de fabrico. A prática da profilaxia primária em pediatria e o acesso ao tratmento domiciliário foram aspectos importantes na evolução do tratamento compreensivo. Outro aspecto que considero muito relevante foi o tratamento para a erradicação dos inibidores e a possibilidade de podermos oferecer tratamento eficaz e seguro às pessoas com hemofilia e inibidores, como não era possível no passado. Mais recentemente destaca-se a nova geração de medicamentos de longa duração. Q: Em Portugal as guidelines europeias e mundiais quanto ao tratamento da hemofilia são seguidas? R: Não poderei falar pelo tratamento efectuado no país, mas acho que de uma maneira geral as guidelines internacionais estão a ser seguidas, nos principais centros de tratamento. Q: O papel do doente como uma voz activa e co-decisória na escolha do seu tratamento ou na alteração do mesmo tem sido referenciado a nível europeu como sinal de modernidade e de adequação dos seus direitos enquanto destinatário final do tratamento. Acha essencial que o doente assuma um papel importante neste capítulo? R: A participação de representantes dos doentes não é inédita em Portugal, pois existiu em aquisições centralizadas de factores da coagulação anterioremente. Tal como antes continua a ser importante essa participação. Q: Acha importante o consentimento informado? R: Sim. É uma manifestação de vontade que surge pelo respeito à decisão do doente sobre o seu tratamento e deve resultar de uma informação e esclarecimento adequados. Q: O doente com hemofilia é um doente fácil em termos de compliance? R: A compliance ou adesão ao tratamento é um aspecto muito importante no tratamento da hemofilia, pois a não adesão nos primeiros anos de vida compromete os objectivos do tratamento, de forma irreversível. A adesão à terapêutica da forma ideal e os registos necessários são em muitos casos um ponto fraco. Q: Sendo a hemofilia uma doença que tem várias vicissitudes que vão para além da meramente fisiológica, acha importante o papel que a família tem na estabilização emocional do doente? R: O apoio da família, o apoio à família e a integração da pessoa com hemofilia na escola, no trabalho e na sociedade são im- portantes e contribuem para os objectivos maiores do tratamento global da pessoa com hemofilia. Q: Nota alguma evolução no doente com hemofilia no que respeita à sua atitude perante a doença de há 20/25 anos para cá? R: Desde há 20/25 anos, vários factores como o maior acesso à informação, o convívio com os pares e a proximidade com os profissionais contribuíram, para uma atitude mais positiva na maneira de estar. Q: Uma das 7 recomendações do Directório Europeu para a Qualidade da Medicina, do Conselho Europeu, no que se referem à hemofilia, afirma que o preço não deve ser o critério único que deve ser seguido para a aquisição de concentrados de factores da coagulação. Em Portugal é o que sucede deste 2013. Acha perigoso este ser o único critério? R: Acho que o preço não deve ser o único critério para a aquisição deste tipo de medicamentos. Considero que, actualmente, os medicamentos disponíveis, embora nem todos iguais, têm um elevado grau de segurança e eficácia e nunca foram tão seguros. No entanto, para além do preço, têm que haver critérios de ponderação em segurança/eficácia, na escolha destes medicamentos. Q: Enquanto médica consegue entender isto do ponto de vista científico e acha que isto pode colocar o clinico numa posição inaceitável, quanto tiver que efectuar uma justificação terapêutica a um doente? R: Por vezes não consigo entender como por tão pouco se altera tanto. Uma posição inaceitável seria o limite. Jan Fev Mar 2015 hemofilia |13 Q: Teme que as pressões economicistas possam colocar em risco o tratamento eficaz, de qualidade e seguro para as pessoas com hemofilia? R: Tenho esperança de que isso não aconteça. Q: Como vê o futuro da hemofilia A e B, face aos novos tratamentos de longa duração que a médio prazo estarão disponíveis no mercado Europeu? R: Várias estratégias com o intuito de aumentar a semi-vida dos factores VIII e IX estão em curso, o que leva a uma mudança de paradigma no tratamento da hemofilia, uma vez que tendo uma semi-vida maior, os medicamentos de longa duração vão permitir a redução do número de infusões, uma melhor adesão ao tratamento e podem no futuro ser uma oportunidade para uma proteção mais prolongada, com menor nº de injeções. No entanto, os vários medicamentos são diferentes, de acordo com o processo de produção, pelo que uma avaliaçao individual dos doentes candidatos imediatos é necessária. Q: E novas terapêuticas quanto aos Inibidores na hemofilia. Alguma novidade se prevê para a que é considerada a maior complicação da hemofilia? R: De momento com os resultados disponíveis, em ensaios clínicos e em doentes previamente tratados, parecem ser promissores, relativamente a inibidores e outras reações adversas graves. Q: Para finalizar, as Coagulopatias não se esgotam na hemofilia, como vê o estado actual do tratamento de outros distúrbios hemorrágicos, como a doença de von Willebrand ou outros défices de outros factores? R: A doença de von Willebrand (DvW) e as hemofilias representam mais de 95% das doenças congénitas da coagulação. Os outros 5% compreendem défices de outros factores da coagulação, com uma prevalência rara na população em geral. São défices que têm um padrão hemorrágico distinto do da hemofilia e para os quais a disponibilidade de tratamento com concentrados é mais limitada. Penso que há actualmente capacidade e disponibilidade para o diagnóstico, seguimento e tratamento das pessoas com défices raros, sendo aconselhável a sua referenciação a centros de tratamento de coagulopatias congénitas, onde é maior o conhecimento e experiência no tratamento. 14 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 Camille Bullot, Representante do EFP e Carlos Mota, da Direcção da APH. Carlos Mota integrado num dos grupos constituídos durante o Workshop. European Patients Forum Foi com grande satisfação que a APH aceitou o convite da European Patients Forum (EFP), para estar representada e participar no dia 16 de Março 2015, em Madrid, num workshop sobre a diretiva comunitária relativa ao direito de exercício de acesso aos cuidados de saúde transfronteiriços (Diretiva 20011/24/ EU) e à importância da comissão da EPF para avaliar se todos os países estão a cumprir com as normas da diretiva e em caso negativo, recorrer ao tribunal europeu para cumprimento da mesma. O espirito desta directiva prende-se com a necessidade de este direito ao acesso aos cuidados de saúde transfronteiriços não ser meramente relacionado com uma prática de turismo de cuidados de saúde, onde esse custo será sempre da responsabilidade do país de origem. Assistimos às intervenções da EFP no sentido da necessidade de fazer chegar junto dos pacientes e suas organizações toda a informação sobre a diretiva pelo que foi efectuado um trabalho de grupo, moderado por Camille Bullot (EFP), com os representantes das diversas associações, sobre as suas necessidades e formas de divulgação desta realidade. Mereceram especial destaque questões como a qualidade e segurança, o valor dos cuidados no próprio país face ao que existe noutro país, a assistência em viagem, a divulgação através dos centros de cuidados de saúde, o tipo de tratamento, o acompanhamento pós intervenção, diferenças de tratamento no país de origem e ainda possíveis efeitos secundários resultantes da intervenção. Foram igualmente abordados os temas relacionados com o valor a pagar pelo paciente, as formas de reembolso e ainda a necessidade de alguns necessitarem de transporte adequado e acompanhamento de terceiros, bem como os cuidados de saúde transfronteiriços sujeitos a autorização prévia e o tempo de espera para a sua autorização. Ricardo Mestre e Sofia Caetano representantes governamentais do Ponto de Contato Nacional (NCP) de Portugal fizeram uma exposição sobre o trabalho desenvolvido e que mereceu os agradecimentos de todos os participantes. Deste Workshop resultou a elaboração de um questionário a ser efetuado em cada NCP para que as associações participem e se consiga uma forma de divulgação aos pacientes, mais eficiente sobre esta diretiva comunitária. Carlos Mota Apresentação Unidos pela Hemofilia As pessoas com Hemofilia, com a quantidade certa de produtos terapêuticos e um cuidado adequado, podem ter vidas perfeitamente normais contudo, ainda há um grande desconhecimento sobre esta patologia e consideramos fundamental a existência de um espaço digital, com informação credível, que contribua para a educação e formação dentro desta temática. É sobre esta premissa que surge o portal “Unidos pela Hemofilia”. Esta comunidade visa integrar toda a comunidade envolvente (doentes, cuidadores, familiares, profissionais de saúde, associações, entidades do sector, entre outros) promovendo a partilha de conhecimento e de experiências. A APH integra este projeto, assim como profissionais e entidades de diversas áreas de conhecimento, altamente qualificados e especializados na área da saúde e comunicação para fazerem deste um espaço de referência. Acompanhe e contribua para este projecto em – www.unidospelahemofilia.pt Jan Fev Mar 2015 hemofilia |15 2.ª Conferência de Pais da APH NOTA: Conferência reservada a pais/educadores de crianças e jovens, com hemofilia ou com outro distúrbio hemorrágico, com idade inferior a 18 anos. 2.ª Conferência de Pais da APH 6 e 7 de Jun ho de 201 5 Mar ialva Park Hotel – Cantan hede Conferência reservad aa outro distúrbio hemorrá pais/educadores de crianças e jovens, com hemofilia ou com gico, com idade inferior a 18 anos. Inscrições até 21 de Maio Av. João Paulo II, Lote 530, Loja A, 1950-158 Lisboa – Tel.: 21 859 84 91 E-mail: info@aphem ofilia.pt – Site: www.aphem ofilia.pt Siga-nos no facebook Projeto co-fnanciado de Financiamento pelo Programa a Projetos pelo INR, IP. PROGRAMA SÁBADO – 6 DE JUNHO Caros Pais/Educadores, No seguimento do sucesso alcançado na I Conferência de Pais e indo ao encontro das aspirações de muitos pais de crianças e jovens com um distúrbio hemorrágico, a APH irá realizar a 2ª edição deste evento, nos dias 6 e 7 de Junho em Cantanhede, no Marialva Park Hotel. Com esta formação procuramos continuar a desenvolver um maior conhecimento da patologia, dotando os pais de informação e ferramentas que permitam encarar as dificuldades que enfrentam no quotidiano. De acordo com o programa em anexo, será um evento de 2 dias (Sábado e Domingo), com a realização de workshops e um painel médico, onde através da troca de experiências os participantes poderão adquirir e desenvolver competências em várias temáticas de interesse para este público. Os pais/educadores que pretendam inscrever-se deverão preencher a ficha de inscrição com os dados solicitados e enviar para o email [email protected] ou por via postal para a seguinte morada: Av. João Paulo II, Lote 530, Loja A, 1950158 Lisboa. A data limite de inscrição é até dia 21 de Maio. À semelhança do ano passado e devido à especificidade dos temas e à necessidade dos participantes terem a sua total atenção focada no evento, as crianças não deverão acompanhar os pais/educadores, pelo que agradecemos a vossa compreensão para este facto. Apelamos assim, a que os pais/educadores de crianças com hemofilia e outras coagulopatias congénitas participem neste evento, criado especificamente para eles e que desta forma se ajudem, ajudando os outros. O conhecimento de agora será o futuro do seu filho! 12.00 / 14.00 h Registo e almoço no hotel 14.30 / 16.00 h Painel Médico: -“Hemofilia e actividade física” - Drª Susana Fernandes (Centro Hospitalar São João-Porto) -“Dinâmicas na relação médico/família“ – Drª Paula Kjollestrom (Centro Hospitalar Lisboa Central –H.D. Estefânia) -“O Futuro da Hemofilia -Tratamentos de Longa Duração“- Dr.ª Teresa Sevivas (Centro Hospitalar Univ. Coimbra) 16.00 / 16.30 h Coffee-break 16.30 / 17.30 h Workshop 1 – “A Hemofilia no contexto familiar” – Miguel Crato (APH) 17.30 / 18.30 h Fórum aberto 1 - (um pai/mãe é convidado a propor 3 temas à escolha para debate entre todos) 18.30 / 20.00 h Tempo livre 20.15./ 22.00 h Jantar em Cantanhede DOMINGO – 7 DE JUNHO A Direcção da APH 09.00 / 10.00 h Workshop 2 -“A Hemofilia na Escola” – Rui Pires (APH) 10.00 / 11.00 h Workshop 3 - “Auto tratamento e outros cuidados” - Enf.ª Marta Moreira (APH) 11.00 / 11.15 h Coffee-break 11.15 / 12.15 h Fórum aberto 2 – (um pai/mãe é convidado a propor 3 temas à escolha para debate entre todos) 12.30 / 14.00 h Almoço e encerramento da Conferência FICHA DE INSCRIÇÂO Data limite: 21 de Maio Local: Marialva Park Hotel Data: 6 e 7 de Junho N.º (1 inscrição por casal) Nome dos Participantes: 1 2 Identificação do filho dos participantes: Nome: Contactos dos participantes: Telef.: Distúrbio: Tlm: Email: Necessita de utilizar transporte da APH? (*) Local de partida: Lisboa Porto Não Sim Pretende ficar alojado no hotel na noite de Sábado para Domingo? (*) Sim Não (*) Nota: As despesas inerentes ao alojamento e refeições dos participantes durante a realização do evento estarão a cargo da APH, assim como o transporte desde que realizado pelos meios disponibilizados pela Associação. Faça-nos chegar esta ficha de inscrição por email [email protected] ou via postal para APH - Av. João Paulo II, Lote 530, Loja A, 1950-158 Lisboa. Para qualquer informação relativa a este evento contacte os nossos Serviços Administrativos através dos seguintes telefones: 218 598 491/967209034. Projeto co-fnanciado pelo Programa de Financiamento a Projetos pelo INR, IP. 16 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 RELATÓRIO DE ACTIVIDADES ANO DE 2014 1 - Sensibilizar e reabilitar na Hemofilia (PDN e Festivais de Natação) Foi efectuada a divulgação e concretização do Programa de Dinamização da Natação como forma de sensibilizar e consciencializar a comunidade para a importância do exercício físico auxiliado de Fisioterapia em contexto aquático. A APH disponibilizou o espaço da piscina do Casal Vistoso para a frequência gratuita duas vezes por semana, com aulas ministradas pela Técnica Paula Alves. Igualmente foi disponibilizada a Piscina da Constituição, no Porto, para frequência gratuita. Foi efectuada a comparticipação a 60 crianças e adultos com distúrbios hemorrágicos por todo o continente e ilhas. Efectuou-se um evento para os utentes inscritos no PDN e suas famílias, em meio aquático com a realização do Festival de Natação – 5ª Edição em Lisboa e no Porto, dirigida pela Técnica Paula Alves. 2 - Dia Mundial da Hemofilia – 17 de Abril O tema escolhido em 2014 foi “Centros de Referência” No próprio dia foram efectuadas entrevistas junto dos meios de comunicação por todo o país, de forma a sensibilizar toda a população para o tema escolhido. Para comemorar o dia foi lançado o evento ”Porta Aberta” em simultâneo no núcleo do Porto e na sede em Lisboa, tendo comparecido cerca de 80 hemofílicos e famílias nos dois locais, não só para convívio através de um almoço, mas igualmente para partilha de informações e esclarecimentos. 3 - Continuidade atualizada da publicação do Boletim da APH Foram lançados 4 boletins “Hemofilia”, durante o ano de 2014, que procuraram abarcar todas as temáticas relacionadas com a hemofilia e a outros distúrbios hemorrágicos. O boletim continua a ser um veículo de investimento forte na divulgação de conteúdos sobre os avanços científicos que vão ocorrendo nas áreas do tratamento e prevenção, bem como um meio pri- vilegiado de divulgação junto da nossa comunidade de eventos e actividades da APH. 4 - Realização da 6ª edição do Campo de Férias da APH para crianças e jovens Realizou-se no Campo Aventura (Óbidos) em Julho de 2014 e à semelhança do que aconteceu em anos transactos, o saldo foi extremamente positivo. Não só pela possibilidade de as crianças e jovens com hemofilia puderem conviver entre si, em ambiente informal, mas igualmente por ter servido para os presentes consolidarem boas práticas no exercício do auto-tratamento e cuidados a ter no lidar com a sua patologia no dia-a-dia, tendo inclusive, três dos jovens presentes iniciado, nessa semana, o auto-tratamento, através do ensino efectuado pela enfermeira presente. Foi batido o record de crianças com hemofilia, 18, sendo os restantes irmãos e irmãs. Pela primeira vez a procura excedeu a oferta de vagas abertas. 5 - Renovação do Website e Facebook da APH Procedeu-se à renovação do website da APH, tendo sido criado um novo layout do mesmo, entrando em pleno funcionamento durante o ano de 2014. O facebook da APH foi alvo de tráfego intenso, com um regime de publicações forte, tendo havido um incremento de gostos na nossa página de 300 % e de publicações de 150 % em relação ao ano de 2013. 6 - Capacitação de jovens líderes associativos para a comunidade com distúrbios hemorrágicos – 2º Encontro de Jovens da APH Foi efetuado o 2º Encontro de Jovens da APH, destinado a jovens entre os 17 e os 35 anos, que se consubstanciou num evento de um fim-de-semana em Coimbra com a realização de 4 workshops e um painel com 3 médicos. Contou com 16 participantes. Contou igualmente com a técnica Paula Alves, na componente de exercício físico e reabilitação. Serviu igualmente para a consolidação do Comité de Jovens da APH, que se encontra organizado estruturalmente e que tem sido colaborador directo da APH na vida desta, mantendo-se ao longo do período que vai desde a sua formação numa perspectiva de aprendizagem contínua e de formação, tendo inclusive o presidente do Comité de Jovens-Rui Pires- representado a APH num workshop destinado a Jovens Lideres, organizado pelo Consórcio Europeu de Hemofilia e assistido às reuniões de Direcção como observador. 7 - 1ª Conferência de Pais da APH Efetuou-se durante um dia, em Palmela durante o mês de Abril e contou com a participação de 45 pais. Foram realizados 3 workshops que versaram sobre Comunicação com médicos, pessoal hospitalar, família e noutros ambientes em que está em causa a hemofilia. Tivemos igualmente um painel médico que contou com a presença de 3 médicas e uma psicóloga com experiência de tratamento de crianças e jovens com hemofilia. Serviu igualmente para os participantes trocarem experiências entre si e na forma como lidam diferenciadamente com a doença. 8 - 1º Congresso Nacional da APH Em termos de eventos realizados em 2014, o mais importante foi sem dúvida o Congresso Nacional de Hemofilia, que se realizou num fim-de-semana no Palace Hotel Monte Real, em Leiria. Foi o primeiro a realizar-se em Portugal, tendo englobado entre os seus participantes, não só os doentes e as suas famílias e amigos, mas igualmente a comunidade médica, os enfermeiros, psicólogos, tutela e indústria farmacêutica. Esteve igualmente presente uma representante do Consórcio Europeu de hemofilia, da Associação Angolana de hemofilia e o ciclista profissional Alex Dowsett, que enquanto hemofílico nos mostrou como esse facto não é impedimento para uma realização plena profissional em termos de competição. Contou com 207 participantes e foi organizado com o objectivo de ser primordialmente um espaço e momento de aprendizagem e de formação na nossa comunidade entendida em sentido amplo. Neste sentido tivemos a realização de 5 workshops e dois painéis médicos com a participação de 6 clínicos, que focaram matérias de interesse para a nossa comunidade. Em simultâneo decorreu o mini-congresso com cerca de 20 crianças até aos 14 anos que além da diversão tiveram espaço para aprendizagem sobre a sua doença, tendo este mini-congresso finalizado com uma representação teatral sobre as aprendizagens adquiridas. 9 - Apoiar e educar na Hemofilia (Formação e divulgação externas sobre Coagulopatias Congénitas) Durante o ano de 2014 foram desenvolvidas várias acções de formação e de sensibilização junto da comunidade com he- mofilia, especialmente junto do público infantil e em contexto escolar. Desta forma a APH deslocou-se a 4 Escolas sempre que solicitado pelos pais e educadores das crianças. Igualmente foram efectuados vários atendimentos na sede da APH, não só para apoio psicológico, como igualmente para préstimo de informações sobre a patologia a crianças e adultos. 10 - Núcleo do Porto Durante o ano de 2014 manteve-se em actividade o Núcleo do Porto, espaço aberto a toda a comunidade e que funciona como local de convívio e atendimentos a pessoas com distúrbios hemorrágicos, onde os mesmos se tem encontrado uma vez por mês de forma regular para debaterem assuntos de interesse comum. De igual modo e de forma voluntária durante o ano esteve presente fisicamente no Núcleo uma voluntária, Sara Silva, que brilhantemente desenvolveu um trabalho de atendimento, com especial relevância ao nível social e de acompanhamento de pessoas com hemofilia em situação de dificuldades, não só relacionadas com os aspectos fisiológicos da sua doença, mas igualmente com especial enfoque para as questões sociais e psicológicas. 11 - Núcleo de Coimbra Foi criado este núcleo, que tem como coordenador Rui Centeno e que desenvolveu várias reuniões com associados da zona centro do país. Este núcleo assegurou a presença da APH através dum stand institucional na Expofacic em Cantanhede. 12 - Núcleo da Madeira Foi criado o Núcleo da Madeira, que teve numa primeira fase como coordenador Odílio Nóbrega e posteriormente Rita Tem-Tem. Este núcleo desenvolveu reuniões com os imuno-hemoterapeutas do Hospital do Funchal para apresentação e meios de desenvolvimento de actividades conjuntas e de necessidades mútuas. Foi efectuado um trabalho de identificação de pessoas com hemofilia e outros distúrbios hemorrágicos na região e foram efectuadas várias reuniões para identificação de problemas e necessidades de apoio. 13 - Comité de Mulheres Foi criado o Comité de Mulheres da APH, que através da sua coordenadora Tânia Silva e com o apoio de um grupo de 5 mulheres desenvolveu as bases de trabalho e de intervenção deste Comité na prossecução da identificação e meios de interacção das mulheres com distúrbios hemorrágicos e na planificação de actividades e eventos relacionados com esta temática, que embora pouco conhecida no meio da nossa comunidade atinge um grande número de mulheres. 14 - Contactos institucionais com Hospitais O ano de 2014 foi um ano de consolidação de contactos da APH com várias entidades que fazem parte integrante da comunidade alargada da hemofilia. Com os Hospi- tais que disponibilizam tratamento para a hemofilia, foram efectuados contactos a vários níveis com as equipes médicas, quer presencialmente, quer telefonicamente, quer por via postal, que abrangeram os Hospitais de São João, Santo António, São José, Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário e Coimbra, Viseu, Faro, Évora, Angra do Heroísmo e Viana do Castelo, num total de 65 contactos. Os assuntos tratados foram de vária índole, desde problemas particulares de algumas pessoas e crianças com Hemofilia e outras Coagulopatias, bem como discussão sobre o tratamento disponível e novas terapêuticas que surgirão a curto prazo. É de referir a posição que a APH assumiu no direito a ser ouvida no Hospital de Santa Maria no Concurso de adjudicação de factor IX (hemo-derivado) e da articulação que fez com os doentes em causa. Igualmente foram feitas várias comunicações a administrações hospitalares, sobre reclamações que nos chegaram de associados. 15 - Contactos institucionais com a Indústria Farmacêutica Foram efectuadas 40 reuniões com as várias companhias farmacêuticas que disponibilizam tratamento para os hospitais portugueses. Estes contactos visaram não só assegurar apoio financeiro para as várias actividades que a APH efectua, mas igualmente e de não somenos importância, permitiram que se estabelecesse troca de informações sobre os tratamentos disponíveis, problemas de racionamento ao nível do fornecimento e novas terapêuticas. 16 - Participação em concursos de adjudicação de factores da coagulação De acordo com a legislação em vigor a APH foi chamada a emitir parecer sobre vários concursos de adjudicação de factores da coagulação em vários hospitais do país, tendo-o feito sempre de forma conscienciosa e segundo os critérios da segurança e eficácia do tratamento. 18 - Participação em eventos nacionais e internacionais A nível nacional a APH participou no III Simpósio da Associação Portuguesa de Coagulopatias Congénitas em Aveiro, através dos membros da direcção Hilário Moreira e Carlos Mota; no seminário sobre reacções adversas a medicamentes no Infarmed pela Membro da Direcção Elsa Morgado; no Simpósio sobre regimes de interdição e inabilitação do INR pela técnica Paula Alves; na Curso de diagnóstica e tratamento para a hemofilia organizada em Coimbra, através do membro da direcção Elsa Morgado; na Mesa-Redonda do Consórcio Europeu sobre a doença de von Willebrand, através da presença de duas doentes com esta patologia, Rita Tavares e Joana Tavares; no Congresso Mundial de Hemofilia, que se realizou em Melbourne, através do Presidente da Direcção, Miguel Crato; na 1ª Conferência Internacional de Liderança para Jovens com Hemofilia, organizada em Amsterdão pelo Consórcio Europeu de Hemofilia, através de Rui Pires, presidente do Comité de Jovens; em Frankfurt, por ocasião do Dia Mundial de Hemofilia, onde o Consórcio Europeu organizou uma Conferência sobre as 7 recomendações do Conselho Europeu para o tratamento da hemofilia, através de Miguel Crato, que foi orador convidado pelo Consórcio; na Conferência Europeia Anual do Consórcio Europeu de Hemofilia, que se realizou em Belfast que contou com a presença de Nuno Lopes e de Miguel Crato, tendo nessa ocasião sido efectuada uma reunião com a Federação Mundial de Hemofilia; e na Conferência realizada em Dublin sobre Produtos de Longa Duração-Novas Tecnologias, em que esteve presente Miguel Crato, acompanhado pela Drª Cristina Catarino, como imuno-hemoterapeuta. 19- Actualização de base de dados e inquérito junto dos nossos associados Tendo em conta que muitos dos nossos associados têm os seus dados desactualizados, a APH empreendeu uma acção de contactos com os associados, com o objectivo de realizar essa actualização e simultaneamente efectuou um inquérito com 19 perguntas sobre vários aspectos da patologia junto dos seus associados, tendo em vista a criação de elementos que possam estatisticamente ser relevantes em relação à nossa comunidade no seu todo e termos um diagnóstico o mais fiel possível sobre o tipo de tratamento que fazemos, como o fazemos e as dificuldades que encontramos relacionadas com a nossa doença. O inquérito está terminado e está correntemente em fase de avaliação dos dados. Foi efectuada igualmente uma campanha de recuperação de quotas em atraso, tendo tido um sucesso moderado. A Direcção da APH, Lisboa, 28 de Março de 2015 Miguel Crato, Presidente da Direção Hilário Moreira, Vice-presidente da Direção Carlos Mota, Tesoureiro DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 2014 BALANÇO 31/12/2014 RUBRICAS 2014 ACTIVO Activo não corrente Activos fixos tangíveis Activo corrrente Estados e Outros entes públicos Outros activos correntes Caixa e depósitos bancários Total do Activo 393,09 393,09 1.299,05 18.372,51 203.624,50 223.296,06 223.689,15 CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO CAPITAL PRÓPRIO Capital realizado Resultado líquido do período Total do capital próprio PASSIVO Passivo não corrente Passivo corrente Fornecedores Estado e outros entes públicos Diferimentos Total do Passivo Total do capital próprio e do passivo 274.642,53 274.642,53 -56.045,69 218.596,84 295,20 1.414,74 3.382,37 5.092,31 5.092,31 223.689,15 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 31/12/2014 RUBRICAS Vendas e Serviços Prestados Subsídios à exploração - INR Ganhos/Perdas imputadas Fornecimentos serviços externos Gastos com o pessoal Imparidade Investimentos Outros rendimentos e Ganhos Outros Gastos e perdas 2014 12.113,10 8.588,25 -128.904,12 -28.087,12 86.238,37 -5.710,97 Resultados antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos Gastos/ reversões de depreciação e da amortização -55.762,49 -283,20 Resultado Operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) Resultado antes de impostos Resultado liquido do período Resultados das actividades descontinuadas (liquido de impostos) -56.045,69 -56.045,69 -56.045,69 NOTA INFORMATIVA Para 2015 a APH contará em todos os seus projectos com o apoio de: Jan Fev Mar 2015 hemofilia |17 Os Projectos de 2015: 3º Encontro de Jovens da APH, 2ª Conferência de Pais e o 2º Congresso Nacional de Hemofilia, receberão Co- Financiamento do: 18 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 Programa Quilómetros pela Hemofilia cêutica Pfizer, que percorreu já várias cidades europeias, disponibilizou duas bicicletas fixas para que os participantes pudessem pedalar na companhia do Alex Dowsett. Foi grande a participação e as milhas percorridas pelos nossos valentes ciclistas foram convertidas num donativo de uma máquina fotocopiadora multifunções, que irá servir de apoio ao nosso Núcleo do Porto. No passado mês de Novembro, no nosso 1º Congresso Nacional, tivemos a honra de ter entre nós Alex Dowsett, jovem ciclista profissional inglês, portador de hemofilia A grave, que testemunhou que o facto de ter hemofilia, não o impediu de concretizar os seus sonhos, neste caso o de ser desportista profissional. Como corolário dessa presença, o programa quilómetros pela Hemofilia, da Companhia Farma- Grupo presente na formação realizada na Escola Básica Velha, em Peniche. Plateia constituída pelos professores e auxiliares de educação da Escola Nº1 de Alhos Vedros. Escolas Informar e Educar Os professores e educadores são diariamente postos à prova, sendo o conhecimento a sua melhor arma face ao desconhecido. Os constantes desafios conferem o ânimo e a abertura necessária para aprenderem um pouco mais sobre novos conceitos. Esta vontade facilita em muito o trabalho da APH, que com o avanço do ano lectivo, continuou a percorrer as escolas do País a pedido dos pais dos meninos com um distúrbio hemorrágico, realizando acções de formação e sensibilização sobre Hemofilia com o objectivo de promover a qualidade de vida destas crian- ças e proporcionar um maior conhecimento e consequente bem-estar aos seus cuidadores em qualquer ambiente social. Assim, no mês de Janeiro a APH esteve em Peniche e em Gaia, na escola do Diogo Nobre e do Bruno Dias Santos, respectivamente. No mês de Março deslocou-se a Alhos Vedros, à escola do Martim Cheta. Foram sessões muito produtivas, com uma participação ativa de todas as plateias, que aproveitaram a oportunidade para expor e clarificar as suas dúvidas e receios. Em complemento ao conhecimento transmitido, foi entregue biblio- Como pode solicitar o apoio da APH para o ajudar a organizar uma Formação? Através de carta: Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas Av. João Paulo II, Lote 530, Loja A 1950-158 Lisboa Ou email: [email protected] grafia sobre a patologia, com o intuito de auxiliar os professores e educadores a recordar qualquer informação exposta, sempre que necessário. A todos aqueles que tivemos o prazer de conhecer, o nosso muito obrigado pelo tempo cedido e interesse demonstrado, mantendo-se a nossa disponibilidade para contatos futuros. Cristina Cunha Jan Fev Mar 2015 hemofilia |19 20 |hemofilia Jan Fev Mar 2015 Está a chegar a 7ª edição do FUNFILIA, reserva já os dias 28 de junho a 4 de Julho na tua agenda e embarca para mais esta aventura com a tua Associação! Fica atento à tua caixa de correio, que em breve receberás toda a documentação necessária à tua participação. O que é o FUNFILIA? É um campo de férias destinado a crianças dos 6 aos 16 anos com distúrbios hemorrágicos hereditários e aos seus irmãos, e também a crianças filhas de pais com as mesmas patologias. Saber mais sobre o Funfilia… Publicações diárias no blog do evento em http://funfilia-aph.blogspot.pt/ Poderá contactar-nos também através do e-mail: [email protected] ou pelo telefone: 218 598 491. Data limite de inscrição 12 de Junho Com o Apoio: Uma Organização: Óbidos, 28 de Junho a 4 de Julho de 2015 Natação >Comparticipação até 75%< Nota: Para continuar a usufruir deste plano, os praticantes dos anos anteriores terão que renovar a sua inscrição Plano de Dinamização da Natação – Época 2014/2015 – Boletim de Inscrição Nome Associado N.º e-mail Morada Localidade Cód. Postal Tel./Telem. Data de Nasc. / / Neste ano lectivo pretendo praticar natação na piscina de: Pretende usufruir da comparticipação financeira disponível: SIM Não Dias Horas Tipo de Hemofilia A B vW , Outros Distúrbios Hemorrágicos Grave Moderado Nome do Professor Contacto: Declaro que me comprometo a ser assíduo e a dar conhecimento das eventuais ausências Data / / Assinatura Leve . Idade