A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS COMPUTADORES
NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E MATEMÁTICA
VaneilaBertoli(1)
(1) Graduada em Licenciatura Plena em Matemática, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2011.
Especialista em Educação Inclusiva pelo Instituto Sinergia de Pós-graduação e Extensão (ISEP) em 2012. Mestranda
do curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Naturais e Matemática pela Fundação Universidade
Regional de Blumenau (FURB). E-mail: [email protected]
RESUMO: A tecnologia é parte integrada em nosso cotidiano, faz parte do contexto escolar e devemos
estar preparados para interagir com ela de modo a despertar o interesse dos nossos educandos pelo saber
científico. A matemática está compreendida em todo o processo de invenção e funcionamento de
hardwares e softwares, a linguagem e simbologia computacional, sistema binário e hexadecimal com suas
conversões, ou seja, as máquinas que utilizamos só funcionam com bases matemáticas. O presente
trabalho tem por objetivo abordar de forma interdisciplinar a evolução tecnológica dos computadores e
seus hardwares ao longo da história, bem como salientar e entender a matemática utilizada nesse
processo. Faremos um breve relato histórico da evolução dos computadores por meio de uma linha do
tempo, compreendidaentre os anos de 1943 até os dias atuais. Vamos poder comparar as medidas de
capacidade utilizadas no armazenamento de dados, tanto no computador, quanto nos CD’s, disquetes, pen
drives, etc., conhecer o sistema Binário, entender como transformar bases numéricas. Além disso, alguns
gráficos e tabelas vão nortear o trabalho, dando ênfase também a disciplina de geografia, pois como
sabemos o acesso a tecnologia de ponta não é uma realidade para todos. Uma pesquisa realizada em duas
escolas de nosso município deixaráclaro a diferença entre escolas rurais e urbanas, o que comprova a
exclusão social ainda existente. Portanto, pretende-se de uma maneira breve e compactada utilizar o
processo de evolução tecnológico como maneira de integrar disciplinas escolares, tornando as aulas
atrativas e com rico saber sábio, além disso, oportunizar a comunidade um aprendizado único e
interessante sobre uma realidade que utilizamos, mas não conhecemos e entendemos seu processo
evolutivo.
Palavras-chave: tecnologia, interdisciplinaridade, contexto escolar.
INTRODUÇÃO
Todos os anos as Feiras de Matemática motivam as escolas de Santa Catarina. A
maioria dos alunos sente-se desmotivado ou incapaz para estudá-la, a lenda da
matemática para poucos ainda paira sobre nosso espaço escolar e até mesmo na
sociedade. O evento das Feiras procura intensificar o atrativo pela matemática de tal
maneira que envolva a comunidade escolar, proporcionando interesse, aprendizado
mútuo (professor-aluno-comunidade), socialização de projetos e principalmente o
enriquecimento do conhecimento como um todo.
No ano de 2012 fomos motivados a participar da FeiraRegional de Matemática
promovido pela 34ª SDR de Taió (SC). Então iniciamos as escolhas de temas,
juntamente com os alunos. A maior preocupação era escolher um tema que cativasse os
educandos, ao mesmo tempo que tratasse de algo que eles utilizam em seu cotidiano e
contribuísse para o aprendizado interdisciplinar.
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O computador é um meio de trabalho, estudo, entretenimento, comunicação, etc.
É curioso pensarmos como ele foi criado, por quem, onde, com qual finalidade, como
funciona sua capacidade de armazenamento, enfim, o que está envolvido por trás de
tanto avanço tecnológico. Será que quando inventado a utilidade era com a mesma
finalidade de hoje? Por tais razões o interesse dos estudantes foi despertado.
O presente trabalho tem por objetivo abordar de forma interdisciplinar, o
contexto da evolução tecnológica dos computadores e seus hardwares ao longo da
história mundial bem como explorar a importância da matemática utilizada nesse
processo, além disso, geografia e história também foram compreendidas.
Pretende-se de uma maneira breve e compactada utilizar o processo de evolução
tecnológico como maneira de integrar disciplinas escolares, tornando as aulas atrativas e
com rico conhecimento, além disso, oportunizar a comunidade um aprendizado único e
interessante sobre uma realidade que utilizamos, mas não conhecemos e entendemos seu
processo evolutivo e funcionamento.
O principal objetivo do projeto é aproximar o estudante da sua realidade no
contexto escolar e social, de tal forma que as disciplinas estudadas consigam fazer essa
ligação com o meio externo. Atrair os olhares da população ao aprendizado não é tarefa
fácil, porém num evento como as Feiras de Matemática temos consciência que tal
aproximação é favorecida.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi aplicado pelas professoras das disciplinas de matemática
e história em uma turma de 8º ano, de uma escola municipal de Pouso Redondo,
contando com a colaboração de outra escola em uma pesquisa de dados. O trabalho foi
desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, com fontes principais
em livros e internet, além de uma pesquisa quantitativa, através de um questionário.A
tecnologia é parte integrada em nosso cotidiano, nossos alunos utilizam o computador
em grande escala, precisamos utilizar isto como meio educacional a favor do saber.
Relacionando história e matemática, somos remetidos a entender a trajetória
computacional e a atual era tecnológica, suas aplicações e como ela é desenvolvida.
O início do projeto deu-se por meio das aulas de história, onde os alunos
estudaram a evolução dos computadores. Nesta pesquisa a professora ressaltou os
momentos históricos que envolviam o avanço tecnológico, dentre eles, a Guerra Fria,
que compreendeu o período entre o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) até a
extinção da União Soviética (1991). A evolução das invenções do computador foram
apresentadas por meio de uma linha do tempo, dispostos em um cartaz com as
respectivas imagens de cada invenção. O primeiro computador foi desenvolvido no ano
de 1946, recebeu o nome de Eniac (ElectricalNumericalIntegratorandCalculator), criado
pelos cientistas norteamericanos John Eckert e John Mauchly para computar trajetórias
táticas.
Em 1956 a IBM revoluciona o mercado ao apresentar o primeiro computador a utilizar
disco rígido magnético, se tratava de uma pilha de 15 discos de 24 polegadas,
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com capacidade para armazenar 5 milhões de caracteres de 7 bits, o equivalente a 4,4
MB. Já o Mouse foi criado em 1963 por um norteamericano.Os jogos para
computadores ganharam projeção em 1972, com o "Poing", criado por NolanBushnell e
Ted Dabney, foi instalado num console ligado a um monitor e era movido a
moedinhas.Oprimeiro produto da Apple chegou ao público em abril de 1976, lançado na
Califórnia. O Apple III foi lançado em maio de 1980 e permaneceu no mercado até 24
de Abril de 1984, tinha como foco o uso corporativo.A linha do tempo contou com
inúmeras informações, desde as relacionadas anteriormente, até os dias atuais, onde
finalizamos apresentando os famosos Tablets, pen-drives e cartões de memória. Estes
começaram a ser lançados em 2006, quando a Apple lançou o iPod Nano com
capacidade de armazenamento que alcança 200 Gb. O Tablet foi anunciado em 2010,
novamente pela Apple.
Após a apresentação da linha do tempo, nossa pesquisa voltou-se para o
funcionamento dos computadores, qual sua linguagem. Onde os alunos conheceramo
sistema binário e a conversão de números na base decimal para outras bases. O
algoritmo induz o estudante a olhar o sistema decimal como se ele tivesse sido
inventado recentemente, e deixa um pouco mais claro o jeito como computadores e
robôs funcionam. Computadores utilizam apenas dois algarismos, 0 e 1, para executar
funções como: imprimir fotos, exibir vídeos, funcionamento em geral. Este sistema de
dois algarismos é chamado de Sistema Binário ou Base dois.
Projetistas de sistemas informáticos utilizam a base 16, chamada de
Hexadecimal. Os símbolos utilizados são: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A(=10), B(=11),
C(=12), D(=13), E(=14) e F(=15). Programadores e engenheiros gostam do sistema
hexadecimal porque os números e símbolos ficam mais curtos, de tal forma que eles
conseguem converter números binários em hexadecimais, e vice-versa, mentalmente.
Essa transposição é feita com base na tabela a seguir.
Figura 1. Tabela de conversão base 2 para base hexadecimal.
Binário
0000
0001
0010
0011
0100
0101
0110
0111
Hexadecimal
0
1
2
3
4
5
6
7
1000
1001
1010
1011
1100
1101
1110
1111
8
9
A
B
C
D
E
F
Em Informática é muito importante considerar a capacidade de armazenamento,
já que quando se utiliza o computador os arquivos podem ser armazenados para uso
posterior. Evidentemente, quando se armazena algo, isto ocupa certoespaço de
armazenamento, os dados de um computador são medidos em bits e bytes. Cada valor
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do código binário foi denominado "bit" (binarydigit), que é a menor unidade de
informação.Cada conjunto de 8 bits forma o byte, o qual corresponde a um caractere,
seguindo o código binário.
Quando falamos em bytes e grupos de bits, não estamos falando em base 10, mas
sim em uma estrutura fundamentada no código binário, ou seja, na base 2. Assim,
quando queremos um quilo de bytes, temos que elevar essa base a algum número
inteiro, até conseguir atingir a milhar.Mas não há número inteiro possível que atinja
exatamente o valor 1.000. Então, ao elevarmos a base 2 à décima potência, teremos
1024.
Aproveitando
o
momento,
discutimos
com
os
alunos
sobre
as possibilidades de armazenamento de dados que eles mesmo utilizam. Na sala de aula,
o mais comum foi o Pen-drive e Cd-Rw, resolvemos então relacionar as medidas
conhecidas na Figura 4 e comparar os dispositivos de armazenamentos trazidos pelos
estudantes. Para tal utilizamos um Pen-drive de 4Gb, Cd com capacidade de 700 Mg e
um disquete com capacidade de 1,44 Mg. Fazendo os cálculos de comparação conforme
os dados acima, chegamos ao seguinte resultado: 1 Pen-drive = 6 Cd´s = 2845
disquetes. Tais dados foram apresentados na Feira, juntamos uma caixa com os
disquetes e colocamos ao lado do Pen-drive e dos Cd’s, ficando nítido ao público que o
observou o quanto a tecnologia facilitou o armazenamento de dados, além de reduzir o
espaço ocupado por estes objetos, praticidade e economia.
Reunimos dados que forneçam informações sobre o contexto social em questão
de acesso a tecnologias.Os dados pesquisados revelaram que o acesso a tecnologia tem
chegado primeiro nos países desenvolvidos e que o Brasil teve muito atraso neste
acesso.Neste momento, os alunos demonstraram interesse em conhecer sua realidade
social e perceber como o acesso a tecnologia está ocorrendo. Então resolvemos interagir
com outra escola do nosso município, chamaremos de escola B, localizada na área rural
cujos alunos em sua maioria são filhos de agricultores. Os dados também foram
coletados em nossa escola, cujos alunos moram em sua maioria no perímetro urbano e
seus pais trabalham em empresas. Fizemos um levantamento sobre o percentual de
alunos que possui computador em turmas do Ensino Fundamental anos finais.Na escola
de perímetro rural (Escola B) poucos alunos possuem computador. A análise foi feita
através de um gráfico e evidencia que apesar da tecnologia fazer parte do nosso
cotidiano, ainda não é uma realidade de todos nem ao menos da maioria. Neste
momento o professor de geografia utilizou de seu espaço para comentar e discutir
acessibilidade tecnológica, distribuição de renda, classes sociais, enriquecendo o
aprendizado dos educandos.
Finalizamos a apresentação do projeto com uma reflexão sobre as vantagens e
desvantagens da tecnologia, deixando claro ao público que o computador é facilitador
desde que não deixemos de lado os bons livros e saber científico, à medida que a
humanidade evolui em tecnologia devemos perceber o quanto cresce a desigualdade
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social e acima de tudo saber reconhecer que tantas tecnologias veem contribuindo para a
degradação do meio ambiente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nosso principal objetivo era motivar os discentes, despertar o interesse pelo
aprender e acima de tudo utilizar o saber científico em seu próprio contexto. Nosso
projeto atendeu nossas expectativas, o tema foi envolvente e eficaz, tornou as aulas
agradáveis, onde tratamos de temas que os alunos já conhecem e utilizam em seu dia-adia. Todos aprendemos, as contribuições partiram dos professores e estudantes, que com
seus conhecimentos prévios enriqueceram a elaboração do trabalho.
A apresentação à comunidade durante a Feira de Matemática foi muito
satisfatória, pois com o comparativo dos disquetes e pen-drives chamamos atenção para
a evolução tecnológica como facilitadora do nosso cotidiano. Muitas pessoas de
gerações mais jovens nem mesmo conheciam um disquete, foi prazeroso poder
contribuir historicamente. Cremos que entender o funcionamento do computador foi o
principal atrativo do estande, pois todos utilizamos essas máquinas e não nos
imaginamos sem elas, porém nem sabemos como pode conter tantas facilidades e de que
forma ela evoluiu.
Finalmente concluímos que a interdisciplinaridade é possível, a união de
matemática, história e geografia só aumentou a qualidade do projeto. Os alunos
envolveram-se com o mesmo nas mais variadas formas, podendo contribuir para seu
aprendizado escolar baseando-se em algo que eles consideram importante em seu
contexto. Neste caso a aprendizagem foi significativa, pois como define Ausubel, a
aprendizagem ocorre quando o aprendiz relaciona as novas informações com seus
subsunçores, ou seja, o saber sábio está correlacionado com o conhecimento prévio do
estudante. O sucesso do projeto consistiu em utilizar a prática dos estudantes com a
teoria, correlacionando cotidiano com saber científico.
CONCLUSÕES
Relacionar o cotidiano com os conteúdos escolares nem sempre é tarefa simples.
Nosso desafio enquanto educadores é dar significado ao que ensinamos em nossas
aulas, tornando o aluno capaz de interagir com o saber sábio e contribuir com seus
conhecimentos prévios, esta era a principal preocupação em nosso projeto, valorização
do conhecimento prévio dos estudantes. Entendemos que os objetivos foram
alcançados, uma vez que motivamos os estudantes a estudar um tema relacionado
diretamente com seu dia-a-dia, o uso do computador.
Segundo Mortimer (2000, p. 36), a aprendizagem se dá através do ativo
envolvimento do aprendiz na construção do conhecimento, as ideias prévias dos
estudantes desempenham um papel fundamental no processo de aprendizagem, já que
essa, só é possível a partir do que o aluno já conhece. Portanto nosso trabalho
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caracteriza uma aprendizagem significativa, levando em consideração o conhecimento,
interesse e contexto de nossos alunos.
A interdisciplinaridade aumentou o nível de aprendizado mútuo, onde professoraluno puderam partilhar dos mesmos ideais com diferentes pontos de vista. O projeto
contemplou de forma compacta a evolução dos computadores, deixou evidente que sua
função inicial era apenas contribuir para a Guerra Fria, já hoje tornou-se item
indispensável em nossas vidas. A desigualdade em acessibilidade foi ressaltada, com a
pesquisa em nosso município evidenciamos a diferença entre as escolas urbanas e
rurais, contribuindo para a percepção de que as facilidades tecnológicas ainda não estão
ao alcance de todos.
A comunidade serviu de base de análise para a eficácia do projeto. Durante a
apresentação deste, percebemos que o tema desperta curiosidade das mais variadas
idades, possibilitou-os conhecer como funciona um mecanismo que eles utilizam todos
os dias, além disso a linha do tempo enriqueceu a socialização do saber, já que muitos
visitantes lembravam das épocas explicadas e dos inventos apresentados, podendo assim
contribuir com suas memórias.Nosso trabalho contemplou uma educação matemática
transformadora, envolvendo o aluno de tal modo que o fez relacionar seu contexto com
o saber adquirido no ambiente escolar, respeitando individualidades e culturas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel.
São Paulo: Centauro, 2001.
Revista Cálculo: Matemática para todos. Ed. 14. Ano 2. 2012. p. 14-17.
Disponível em: http://epoca.globo.com/especiais/2004/tecnologia/abre.htmAcesso em:
14 de Ago. de 2012.
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