Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Tiago Alexandre Lopes Martins Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Especialização de Automação Orientador: Prof. António Mendes Lopes Co-orientador: Prof. Joaquim Gabriel Mendes Outubro de 2015 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Tiago Alexandre Lopes Martins Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Outubro de 2015 Resumo Esta dissertação tem como objetivo a produção de um dispositivo robótico para ajudar no movimento de flexão do braço, utilizando sinais eletromiográficos dos músculos do utilizador. Devido ao maior envelhecimento da população mundial e a uma maior taxa de incidência de doenças que levam a uma perda parcial ou total da capacidade motora, alternativas às estratégias clássicas de fisioterapia têm sido exploradas para compensar a crescente escassez de profissionais nesta área. O desenvolvimento de dispositivos robóticos permite ao paciente realizar os exercícios necessários, repetida e autonomamente, com mínima supervisão. Um uso permanente permite uma melhoria da qualidade de vida quando a recuperação não é possível ou suficiente. Existem já grandes desenvolvimentos na área dos dispositivos para reabilitação motora, particularmente em relação a manipulares robóticos e exosqueletos. Estes últimos têm um grande foco por integrarem o próprio utilizador no sistema de controlo, permitindo uma mais fácil adaptação e uma recuperação mais eficaz. A inclusão da aquisição de sinais eletromiográficos faz com que estes sistemas possam ser usados por pessoas sem, inicialmente, qualquer capacidade motora, e permite a implementação de sistemas que se aproximam mais do funcionamento normal do corpo humano. São analisados os requisitos de um sistema que cumpra os objetivos estabelecidos e com base nestes requisitos, opta-se por desenvolver um sistema baseado num atuador com elementos elásticos em série. O projeto do protótipo é desenvolvido, tanto quanto à estrutura e funcionamento mecânicos do dispositivo, como também do seu sistema de controlo. O desempenho dos elementos individuais foi avaliado, desde o motor aos sensores eletromiográficos, sendo notória para estes últimos a sua fácil integração no sistema. Os testes realizados ao dispositivo completo demonstraram o bom desempenho do sistema na realização de binário controlado e dão confiança quanto ao desempenho de um dispositivo completo final a ser produzido. i ii Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Abstract This dissertation’s objective is the making of a robotic device to aid in the flexion of the arm, using electromyographical signals from the muscles of the user. Due to the increasing age of the global population and to a higher rate of incidence of diseases that lead to a total or partial loss of the motor capacity, alternatives to the usual physiotherapy methods have been explored to compensate for the increasing lack of professionals in this area. The development of robotic devices allows the user to do the necessary exercises, repeatedly and autonomously, with minimal supervision. A permanent use of these devices allows an increase of quality of life when recovery is not possible or sufficient. Already there are great developments in the area of devices for motor rehabilitation, namely in terms of robotic manipulators and exoskeletons. The latter have gotten a great deal of focus since they allow to integrate the user in the control system, allowing an easier adaptation to the device and a more effective recovery. The inclusion of eletromiographical signals makes it so that these devices can be used by individuals that, initially, lack any motor capacity, and allows the implementation of systems that get closer to the normal behaviour of the human body. The performance of the individual elements was tested, from the motor to the electromyographical sensors, the latter being notorious for their easy integration with the rest of the system. The tests performed on the complete device demonstrate the good behaviour of the system while producing a controlled level of torque, and give a measure of confidence in the performance of the complete and final device to be developed. iii iv Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Agradecimentos A realização desta dissertação não seria possível sem a ajuda e o apoio de várias pessoas, às quais aqui se expressam os mais sinceros agradecimentos. Em primeiro lugar, um profundo apreço aos meus orientadores, o professor António Mendes Lopes e o professor Joaquim Gabriel, pelo tempo e paciência durante a produção e revisão desta dissertação, pela oportunidade de explorar este tema e pelos recursos que possibilitaram a concretização deste projeto. Ao Jorge Almeida, pela ajuda crucial e enorme paciência sempre que era preciso produzir mais uma peça do protótipo. Ao senhor Ramalho e ao senhor Joaquim, pelo frequente, pronto e sempre acertado apoio. A todos os meus colegas e amigos do Ramo de Automação Industrial, especialmente à malta da sala L003, cuja companhia e constante partilha de ideias fizeram a realização diária deste dissertação uma tarefa bem mais fácil. Ao Rocha, ao Noé, ao Ricardo e a todos do grupo, pela amizade, apoio e paciência constantes. Aos meus pais que durante todos estes anos muito sacrificaram para eu chegar a este ponto e À minha irmã por ser a minha constante fonte de motivação. Finalmente, a todos os outros cujas ações durante este período, direta ou indiretamente, me ajudaram na concretização desta dissertação. Um Muito Obrigado! v vi Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Conteúdo 1 Introdução 1.1 Enquadramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Contextualização teórica 2.1 Dispositivos robóticos para reabilitação . . . . 2.1.1 Manipuladores Robóticos . . . . . . . 2.1.2 Exoesqueletos . . . . . . . . . . . . . 2.2 Atuadores para sistemas exosqueletais . . . . . 2.2.1 Acionamento elétrico direto . . . . . . 2.2.2 Atuador músculo-pneumático . . . . . 2.2.3 Atuador com elemento elástico em série 2.2.4 Algumas considerações . . . . . . . . . 2.3 Eletromiografia . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 Descrição . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.2 Interpretação do sinal . . . . . . . . . . 2.4 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 3 3 4 7 8 8 9 11 11 11 12 16 Elaboração do Projeto 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Definição de Requisitos . . . . . . . . . 3.2.1 Requisitos mecânicos . . . . . . 3.2.2 Requisitos de controlo . . . . . 3.3 Projecto . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.1 Arquitetura . . . . . . . . . . . 3.3.2 Funcionamento da junta . . . . 3.3.3 Motor elétrico . . . . . . . . . . 3.3.4 Material . . . . . . . . . . . . . 3.3.5 Dimensionamento geral da junta 3.3.6 Sensorização . . . . . . . . . . 3.3.7 Controlo . . . . . . . . . . . . 3.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 17 18 18 20 21 21 21 24 25 25 26 29 31 Desenvolvimento 4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 Motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 33 33 3 4 vii . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1 2 2 CONTEÚDO 4.3 . . . . . . . . . . . . . . 35 35 36 37 38 38 39 41 41 41 43 43 43 52 Conclusões e Trabalho Futuro 5.1 Satisfação dos objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.2 Trabalho futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 53 54 4.4 4.5 4.6 4.7 5 Junta rotativa . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3.1 Produção dos elementos estruturais 4.3.2 Elementos elásticos . . . . . . . . . 4.3.3 Transdutor de posição . . . . . . . Sensorização eletromiográfica . . . . . . . 4.4.1 Montagem dos sensores . . . . . . 4.4.2 Testes realizados . . . . . . . . . . Sistema de controlo . . . . . . . . . . . . . 4.5.1 Arduino . . . . . . . . . . . . . . . 4.5.2 Interface virtual . . . . . . . . . . . Sistema completo . . . . . . . . . . . . . . 4.6.1 Comportamento esperado . . . . . 4.6.2 Testes realizados . . . . . . . . . . Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Referências 55 Anexos A Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A.1 Esquema do Sensor EMG . . . . . . . . . . . . . . . B Sistema de Controlo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . B.1 Programação da placa Arduino . . . . . . . . . . . . . B.2 Interfaces LabVIEW . . . . . . . . . . . . . . . . . . C Ensaios realizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C.1 Ensaios com a junta na horizontal . . . . . . . . . . . C.1.1 Ensaios com referência de binário nula . . . C.1.2 Ensaios com referência de binário não-nula . C.2 Ensaios com a junta na vertical . . . . . . . . . . . . . C.2.1 Ensaios com referência de binário nulo . . . C.2.2 Ensaios com Referência não-nula . . . . . . D Desenho da junta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 60 60 61 61 65 72 72 72 76 80 80 87 93 Lista de Figuras 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 Versão comercial do MIT-Manus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Demonstração do braço do Hardyman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . BLEEX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . eLegs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Variantes disponíveis do HAL (Hybrid Assistive Limb) . . . . . . . . . . . . . . Atuador músculo-pneumático FESTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Relação força/contração de um atuador músculo pneumático para diferentes valores de pressão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.8 Modelo proposto por Robinson et al de um atuador em série elástica . . . . . . . 2.9 Esquema de um atuador em série elástica com cabos tipo Bowden . . . . . . . . 2.10 Esquema da estrutura clássica do modelo de Hill . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.11 Exemplo de um controlador com modelo de Hill . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.12 Exemplo de um controlador neuronal com lógica difusa . . . . . . . . . . . . . . 9 10 10 13 13 15 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 22 24 26 27 28 28 29 Esquema geral do dispositivo desenvolvido . . . . . . . . . Esquema de funcionamento das molas do sistema . . . . . . Dimensões máximas definidas da junta . . . . . . . . . . . . Desenho CAD 3D da junta projetada e dos seus componentes Arduino Uno R1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sensor EMG Muscle Sensor V3 . . . . . . . . . . . . . . . . Esquema simplificado do sistema de controlo do dispositivo 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Motor OMRON R7M-A20030 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Correlação entre a referência de velocidade pretendida e a que é fornecida ao driver Junta completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Transdutor potenciométrico GEFRAN PY2-C-010 . . . . . . . . . . . . . . . . Montagem dos sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Primeiro ensaio eletromiográfico: esforço de flexão máximo do bicep . . . . . . Segundo ensaio eletromiográfico: esforço de extensão máximo do tricep . . . . . Quarto ensaio eletromiográfico: esforço máximo simultâneo do bicep e tricep . . Interface virtual em LabVIEW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ensaio horizontal com referência de binário nula sem ação de força externa para K p=200, Kd=0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.11 Ensaio horizontal com referência de binário nula sem ação de força externa para K p=300 e Kd=0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.12 Ensaio horizontal com referência de binário nula e ação de força externa para K p=200 e Kd=0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix 4 5 5 6 7 8 34 35 36 37 38 40 40 41 42 44 45 46 LISTA DE FIGURAS 4.13 Ensaio horizontal com referência de binário não-nula para K p=200, Kd=0, Mre f =0.2 Nm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.14 Ensaio horizontal com referência de binário não-nula para K p=200, Kd=0 e Mre f =0.4 Nm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.15 Ensaio vertical com refêrencia de binário nula para K p=50 e Kd=0 . . . . . . . . 4.16 Ensaio vertical com refêrencia de binário nula para K p=100 e K p=0.1 . . . . . . 4.17 Ensaio vertical com refêrencia de binário nula para K p=50 e Kd=0.3 . . . . . . . 4.18 Ensaio vertical com referência de binário não-nula para K p=50 e Kd=0 . . . . . 4.19 Ensaio com referência de binário não-nula para K p=100 e Kd=0.2 . . . . . . . . A.1 B.1 B.2 B.3 B.4 B.5 B.6 C.1 C.2 C.3 C.4 C.5 C.6 C.7 C.8 C.9 C.10 C.11 C.12 C.13 C.14 C.15 C.16 C.17 C.18 C.19 C.20 C.21 C.22 C.23 C.24 C.25 x Esquema do circuito do sensor Muscle Sensor v3 . . . . . . . . . . . . . . . . . Frontend da Interface Principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Configuração da comunicação da Interface Principal com a placa Arduino . . . . Monitorização do funcionamento da placa Arduino na Interface 1 . . . . . . . . Gravação dos dados na Interface 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Frontend da Interface Auxiliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Backend da Interface Auxiliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na horizontal, referência de binário nula sem força externa aplicada: Kp =50 e Kd =0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na horizontal, referência de binário nula sem força externa aplicada: Kp =50 e Kd =0.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na horizontal, referência de binário nula sem força externa aplicada: Kp =100 e Kd =0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na horizontal, referência de binário nula, com força externa aplicada: Kp =50 e Kd =0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na horizontal, referência de binário nula, com força externa aplicada: Kp =100 e Kd =0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na horizontal, referência de binário nula, com força externa aplicada: Kp =100 e Kd =0.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =50 e Kd =0 . . . . . . Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =50 e Kd =0.2 . . . . . Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0 . . . . . Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0.2 . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =50 e Kd =0.1 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =50 e Kd =0.7 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =100 e Kd =0 . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =100 e Kd =0.3 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =100 e Kd =0.7 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =300 e Kd =0 . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =300 e Kd =0.1 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =300 e Kd =0.7 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0 . . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0.1 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0.3 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0.5 . . . . . . . . . . . . . . . . Teste na vertical com referência de binário não-nula para Kp =50 e Kd =0.2 . . . . Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0 . . . . . . . Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0.5 . . . . . . Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 47 48 48 49 49 50 51 60 66 67 68 69 70 71 72 73 73 74 74 75 76 77 78 79 80 81 81 82 82 83 83 84 84 85 85 86 87 88 89 LISTA DE FIGURAS C.26 Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =300 e Kd =0 . . . . . . . C.27 Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =300 e Kd =0.2 . . . . . . C.28 Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =300 e Kd =0.4 . . . . . . 90 91 92 xi LISTA DE FIGURAS xii Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Lista de Tabelas 3.1 3.2 Parâmetros mecânicos da junta do cotovelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Propriedades de massa do antebraço e da mão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 19 4.1 Características mecânicas do servomotor R7M-A20030 . . . . . . . . . . . . . . 33 xiii LISTA DE TABELAS xiv Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Abreviaturas e Símbolos F0 Fi M Jp Cp Kp g k x ∆ r d Força de pré-tensão das molas Força elástica total exercida pela mola i Referência de binário do controlador Momento de inércia do cotovelo Coeficiente de atrito do cotovelo Coeficiente de rigidez do cotovelo Aceleração gravítica Coeficiente de rigidez das molas Deflexão da mola em relação ao seu comprimento em repouso Variação em relação ao valor inicial Raio do disco rotativo Diâmetro do disco rotativo AMP AVC BLEEX ECG EEG EMG LVDT PWM SCARA SENIAM Atuador musculo-pneumático Acidente Vascular Cerebral Berkeley Low Extremity Exoskeleton Eletrocardiografia Eletroencefalografia Eletromiografia Linear Variable Diferencial Transformer Pulse Width Modulation Selective Compliance Articulated Robot Arm Surface ElectroMyoGraphy for the Non-Invasive Assessment of Muscles xv Capítulo 1 Introdução Neste capítulo pretende-se ilustrar o contexto em que este trabalho se insere, os objetivos que foram propostos e a estrutura geral deste relatório da dissertação. 1.1 Enquadramento A reduzida ou completa ausência de controlo da força motora a nível dos membros superiores e/ou inferiores é uma deficiência encontrada muito frequentemente na população humana. São várias as causas possíveis: acidente vascular cerebral, encefalopatia crónica não progressiva (comummente denominada de paralisia cerebral), esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla ou lesão medular ou cerebral traumática (sem incluir lesões que incidam diretamente no membro), entre outras. O resultado final é sempre uma grande perda da qualidade de vida do individuo afetado. Dependendo da causa, é possível recuperar as funções perdidas através de fisioterapia e outras estratégias de reabilitação motora. Um exemplo são os pacientes que após sofrerem um acidente vascular cerebral demonstram uma perda na capacidade de força num dos braços, por terem sofrido um dano significativo nas zonas cerebrais que controlam o movimento. Para recuperar a maior parte da funcionalidade do braço, é possível estimular o cérebro a adaptar-se à lesão sofrida, através de exercícios repetidos que forçam o movimento do braço. Esta adaptação deve-se à grande neuro-plasticidade do cérebro humano, em que zonas saudáveis do cérebro podem adotar funções não originalmente suas, após suficiente estimulação. Este é um processo intenso e frustrante para o paciente, e requer um grande número de profissionais fisioterapeutas para satisfazer as necessidades da população. A tentativa de diminuir os problemas referidos levou a que tenha havido um maior interesse em utilizar sistemas robóticos para auxílio à reabilitação e mesmo compensação do movimento motor humano. Estes sistemas permitem reposicionar continuamente o membro afetado, estimulando a neuro-plasticidade do cérebro e permitindo uma recuperação mais rápida com um menor esforço 1 Introdução por parte do utilizador e sem ser preciso intervenção direta de um fisioterapeuta, salvo para supervisão do tratamento. Na situação em que a recuperação não é possível, estes dispositivos podem ser utilizados a título mais permanente para compensação e correção do movimento, levando a uma melhoria da qualidade de vida. 1.2 Objetivos Este trabalho tem como objetivo principal a criação de um dispositivo que auxilie o movimento de extensão e flexão do braço ao nível do cotovelo. O dispositivo deverá: • utilizar sinais mioelétricos superficiais dos músculos fletores e extensores do cotovelo; • ser montado no braço do utilizador; • não interferir com o movimento natural do braço; • ser leve e compacto, o suficiente para ser completamente portátil. No final desta dissertação é produzido um protótipo funcional com o propósito de validar o projeto desenvolvido. 1.3 Estrutura da Dissertação Esta dissertação está dividida em 5 capítulos. No primeiro capítulo, no qual esta secção se insere, são apresentadas as motivações e o objetivo principal desta dissertação. No capítulo 2, faz-se um resumo do trabalho já desenvolvido nesta área, assim como da utilização da eletromiografia, tanto na generalidade como aplicada a este tipo de dispositivos. No capítulo 3, são enunciados os requisitos do dispositivo objeto desta dissertação, a arquitetura escolhida e o projeto resultante. O capítulo 4 foca as as etapas de construção do sistema mecânico e sensorização do dispositivo, sendo apresentada a estrutura final montada. Alguns testes do funcionamento básico (não controlado) e dos seus componentes base são realizados, a fim de determinar os vários parâmetros necessários para a finalização do controlador. Na segunda parte, o foco passa para a elaboração do controlador, desde a parte eletrónica até à sua programação. Os testes realizados com o dispositivo final também são apresentados. No quinto e último capítulo é feita a discussão dos resultados e a conclusão do trabalho realizado. 2 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Capítulo 2 Contextualização teórica Neste capítulo são expostos conhecimentos relacionados com o tema, analisando dispositivos semelhantes assim como informação essencial à elaboração desta dissertação. 2.1 Dispositivos robóticos para reabilitação Existe atualmente um leque variado de dispositivos robóticos desenvolvidos com o objetivo de auxiliar e amplificar o movimento natural do ser humano, seja para reabilitação, amplificação ou feedback háptico, variando largamente em escala e gama de aplicações. É possível perceber os esforços realizados para a expansão desta área, como se pode observar pelo grande número de dispositivos já desenvolvidos (Dellon e Matsuoka, 2007; Anam e Al-Jumaily, 2012; Maciejasz et al., 2014). Dentro dos dispositivos cuja finalidade é a manipulação e condicionamento do movimento humano é possível distinguir duas grandes categorias: manipuladores robóticos e exosqueletos. 2.1.1 Manipuladores Robóticos Manipuladores são dispositivos usados em contexto de reabilitação motora, para movimentar um membro segundo um ou mais graus de liberdade, através da manipulação de uma extremidade desse membro. O MIT-Manus (Hogan, 1984) é baseado num robô tipo SCARA que dá ao utilizador a possibilidade de mover o braço segundo um plano horizontal e, se aplicado um acessório, permite também rodar completamente segundo todos os seus graus de liberdade. É um sistema já bem estabelecido para tratamentos de reabilitação motora após acidentes vasculares cerebrais, com demonstrada melhoria da capacidade motora do braço dos seus utilizadores após tratamentos totalizando 25 horas com o equipamento (Lum et al., 2002). Existe uma versão comercial (Interactive Motion Technologies, 2015), como se pode ver na Figura 2.1, estando referenciada para reabilitação de indivíduos que tenham sofrido acidentes vasculares ou traumáticos cerebrais, ou que possuam algum grau de paralisia cerebral. 3 Contextualização teórica Figura 2.1: Versão comercial do MIT-Manus (Interactive Motion Technologies, 2015) Os manipuladores robóticos, no entanto, estão limitados a nível do tipo de movimentos a que podem ser aplicados. Os manipuladores precisam de se encontrar apoiados numa estrutura estável. Tipicamente são utilizados como equipamento de bancada, estando apoiados no chão ou num mesa enquanto estão a ser utilizados. Há exemplos pontuais, no entanto, de manipuladores instalados em plataformas móveis, nomeadamente cadeiras de rodas, conferindo-lhes alguma mobilidade. 2.1.2 Exoesqueletos Exosqueletos podem ser definidos como equipamentos antropomórficos ativamente atuados, fixos ao corpo do utilizador e que se movem em paralelo a este. São equipamentos cuja abrangência pode ir desde uma única junta do corpo controlada, até a exosqueletos que controlam o movimento do corpo completo. O desenvolvimento do primeiro exosqueleto atuado é comummente atribuído (Anam e AlJumaily, 2012) à General Eletric com o Hardiman (Mosher, 1967), um exesqueleto atuado hidraulicamente de corpo completo com a intenção de amplificar (numa razão de 25:1) a capacidade de força do utilizador. O seu desenvolvimento iniciou-se no final dos anos 60, tendo havido uma patente do sistema de feedback do exosqueleto submetida em 1967 (Fick, 1970). No entanto, nunca terão sido realizados testes do exosqueleto completo com um ser humano, devido a problemas no sistema hidráulico que não permitiam a parte inferior funcionar corretamente. A Figura 2.2 mostra um único braço deste sistema. O Hardiman partiu de um projeto anterior da General Eletric, ainda na década de 60, relacionado com um exosqueleto que permitiria controlar remotamente um braço robótico. O braço robótico imitaria o movimento do exosqueleto, que em contrapartida daria um feedback de força ao utilizador, sendo presumido que isto permitiria um controlo mais preciso do 4 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 2.1 Dispositivos robóticos para reabilitação Figura 2.2: Demonstração do braço do Hardiman (Engadget, 2014) robô. Esta assunção partiu da ideia de que, embora sistemas robóticos permitam movimentos mais precisos, os seus controladores não serão capazes de ultrapassar a capacidade de processamento e decisão do cérebro humano. O sistema final, embora completamente funcional, era demasiado dispendioso e volumoso para ser utilizado pela indústria, à exceção de algumas empresas altamente especializadas. O BLEEX (Berkeley Lower Extremity Exoskeleton), mostrado na Figura 2.3, é um exosqueleto desenvolvido para a metade inferior do corpo, que permite ao utilizador suportar uma grande quantidade de carga às costas sem que isto acarrete um acréscimo de esforço ou diminuição da mobilidade (Berkeley Robotics & Human Engineering Laboratory, 2010). Figura 2.3: BLEEX (Berkeley Robotics & Human Engineering Laboratory, 2010) 5 Contextualização teórica Desenvolvido nos anos 80 com financiamento da DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) em colaboração com a Universidade de Berkeley, tinha como objetivo melhorar a capacidade de carga e a mobilidade dos soldados norte-americanos no terreno. Em geral, exosqueletos que incluam suporte para a parte inferior do corpo do utilizador não possuem, em teoria, limites quanto ao peso total do dispositivo, podendo apoiar esse peso diretamente no chão sem sobrecarregar o utilizador. Isto torna-os bastante mais comuns, particularmente pelo facto de poderem ser utilizados para auxílio na manipulação e transporte de cargas pesadas, como é o exemplo do BLEEX. Em contrapartida, quando o equipamento apenas incide na metade superior do corpo, é necessária a preocupação de o sistema não sobrecarregar o utilizador. Quando a carga exercida no utilizador é excessiva, é necessário suportar o dispositivo externamente, impossibilitando, no entanto,e que o utilizador se possa movimentar livremente. De seguida serão dados exemplos de sistemas exosqueletais em desenvolvimento atualmente. eLegs O eLegs (Figura 2.4), também desenvolvido pelo departamento de Biónica da Universidade de Berkeley, é um exosqueleto atuado focado nos membros inferiores do corpo para permitir que um utilizador, paraplégico ou com dificuldade em andar, consiga por-se de pé, caminhar ou sentar-se sem muita dificuldade. Para tal, tenta obter a intenção de movimento do utilizador através da deteção de variações no movimento do seu corpo, e o seu mini-controlador incorporado comanda as juntas do exosqueleto de forma a completar o movimento pretendido. Figura 2.4: eLegs (Berkeley Robotics & Human Engineering Laboratory, 2015) 6 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 2.2 Atuadores para sistemas exosqueletais HAL (Hybrid Assistive Limb) Produzido pela Cyberdine, este sistema é um exosqueleto que permite ser controlado pelo utilizador através de sinais mioelétricos musculares superficiais. O sistema move-se por intermédio de um conjunto de juntas atuadas por motores elétricos acoplados diretamente, usando harmonic drives como redutores. O design de todo o sistema é bastante compacto e leve. A versão de corpo completo, pesando apenas 31 quilos, torna-a bastante apelativo, estética e funcionalmente. Para usos médicos, existe uma variante do sistema para os membros inferiores para reabilitação do caminhar, assim como para uma única junta (cotovelo ou joelho). Ambas podem ser observadas na Figura 2.5. O sistema permite também auxiliar em ações coordenadas, como o caminhar ou o Figura 2.5: Variantes disponíveis do HAL (Hybrid Assistive Limb) (Cyberdyne, 2014). À esquerda: Auxílio ao caminhar. À direita: Braço único levantar de uma posição sentada, através de funções já pré-programadas no sistema que forçam as juntas a realizar os movimentos necessários sem ser necessário o registo da intenção do utilizador pelos sinais de EMG. MyoPro O MyoPro (Myomo Inc., 2015) é um exosqueleto ativo para o braço cuja atuação também depende dos sinais eletromiográficos superficiais dos músculos. Permite movimento segundo quatro graus de liberdade: flexão/extensão do braço e flexão/extensão, adução e abdução do pulso. É um sistema simples na sua execução, à semelhança da variante de uma só junta do HAL, que inclui um motor acoplado diretamente ao cotovelo para realizar a sua flexão e extensão. 2.2 Atuadores para sistemas exosqueletais Os acionamentos elétricos são preferencialmente utilizados para dispositivos de reabilitação exosqueletais. No entanto, existe alguma variação no tipo de atuador utilizado, e alguns situações em que se tentam explorar alternativas a acionamentos elétricos, recorrendo nomeadamente 7 Contextualização teórica à pneumática. Esta subsecção irá limitar-se a atuadores utilizados em exosqueletos. 2.2.1 Acionamento elétrico direto Uma das estratégias mais simples para fazer o acionamento de um exosqueleto é a de acoplar um motor elétrico diretamente à junta. A utilização de um ou mais andares de redução pode ser necessária para se poder gerar binário suficiente para atuar a junta sem recorrer a motores elétricos com potências, e custos, excessivos. Redutores com grande capacidade de redução por andar, como redutores planetários ou harmonic drives, sendo redutores particularmente compactos, permitem produzir uma junta mecânica com menor atravancamento e com menores limitações ao movimento do utilizador. O HAL e o MyoPro, descritos na secção anterior, são exemplos típicos deste tipo de acionamento utilizados em exosqueletos. Esta via, embora aparentemente simples, traz alguns inconvenientes. Se a estrutura do dispositivo não se apoiar ao chão, o utilizador terá de suportar o peso do motor acoplado e de toda a estrutura de apoio. Isso cria um limite na massa do sistema de forma a que seja possível o seu uso de uma forma confortável. Isto é um problema comum quando o exosqueleto é fixo unicamente nos membros superiores do utilizador. O MyoPro é um bom exemplo disto, tendo uma massa total inferior a 1 kg de forma a não criar desconforto ao utilizador. A rigidez deste tipo de acoplamento pode trazer também alguns inconvenientes. Se o atuador reagir a perturbações externas ou à intenção do utilizador sem ter em conta a elasticidade do tecido muscular, o movimento resultante não será interpretado pelo utilizador como natural e irá sentir-se um desconforto, assim como uma maior dificuldade de adaptação. 2.2.2 Atuador músculo-pneumático Atuadores músculo-pneumáticos (AMP), como o que pode ver na Figura 2.6, são compostos por uma bexiga pneumática, sendo a entrada e a saída de ar no interior regulados por válvulas, nas extremidades, e uma manga flexível. Quando se aumenta a pressão do ar no interior da bexiga, esta expande, forçando igualmente a manga a expandir perpendicularmente ao seu eixo e diminuindo o seu curso, exercendo um esforço em tração. Figura 2.6: Atuador músculo-pneumático FESTO. Retirado de (FESTO, 2013) Podem ser montados num exosqueleto de forma a que um par de músculos pneumáticos em oposição controlem um grau de movimento. Isto faz com que o seu funcionamento se assemelhe ao da ação antagónica dos grupos musculares para movimento de uma junta, permitindo controlar 8 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 2.2 Atuadores para sistemas exosqueletais não só o binário da junta, como também a sua impedância mecânica. Combinado com a sua boa relação força-peso faz com estes atuadores sejam bastante apelativos para este tipo de aplicações. Apresentam ainda assim várias desvantagens. A primeira é o facto da força de tração variar consoante a contração do atuador e a pressão do ar no seu interior, de forma não linear, como se pode ver na Figura 2.7, tornando o controlo da força exercida mais complexo. A segunda é que embora o atuador em si seja mais leve, há a necessidade de uma fonte de ar comprimido. Esta fonte poderá ser um reservatório, como uma botija de ar, um compressor ou diretamente uma rede de ar comprimido, restringindo o design do sistema devido ao seu volume e peso. Figura 2.7: Relação força/contração de um atuador músculo pneumático para diferentes valores de pressão. Adaptado de (FESTO, 2013) 2.2.3 Atuador com elemento elástico em série Uma solução interessante para os sistemas em análise, em alternativa ao acoplamento direto, é a descrita e explorada por Robinson et al. (1999) para exosqueletos biomiméticos. Este tipo de atuador baseia-se na colocação de um elemento elástico, uma mola à torção ou compressão/tração, em série com o resto da cadeia de transmissão. Este elemento elástico traz várias vantagens: permite que o atuador possua um comportamento elástico semelhante à do tecido muscular; serve de buffer entre a potência do acionamento e o movimento do corpo do utilizador; e substitui o controlo do binário produzido pelo motor por um controlo de posição da deflexão do elemento elástico (traduzindo-se esta deflexão num binário aplicado pelo atuador no corpo). O esquema da Figura 2.8 reduz o sistema a quatro variáveis: a força exercida ao motor, a massa do motor, a rigidez da mola e o amortecimento causado pela soma dos vários atritos atuantes no sistema. O controlo do sistema não tem em conta as propriedades da carga imposta, apenas a deformação que esta provoca no elemento elástico. 9 Contextualização teórica Figura 2.8: Modelo proposto de um atuador em série elástica. Adaptado de (Robinson et al., 1999) Embora o atuador previsto por Robinson seja linear, o modelo já foi adaptado com sucesso para atuadores rotativos. Kong et al. (2012) desenvolveram um exosquelto para o joelho que utiliza um atuador rotativo que possui uma mola torsora entre dois andares de redução, sendo medida a sua deflexão angular. Veneman et al. (2005), por outro lado, desenvolveram um atuador que mantém as molas lineares, mas colocam-nas na cadeia cinemática de forma a que a sua deflexão imponha um binário no braço. Outro fator importante deste atuador é que, ao contrário dos dois anteriormente referidos, o motor elétrico não se encontra apoiado e acoplado no membro a movimentar, sendo a transmissão de binário realizada por intermédio de cabos de aço tipo Bowden. Isto é feito com o intuito de diminuir o peso do atuador imposto ao utilizador devido ao elemento motor. Estes cabos poderão ser considerados elementos elásticos, embora a sua rigidez seja tão elevada que a sua deflexão é desprezada para efeitos de controlo. Os cabos introduzem um fator de atrito extra não negligenciável. A Figura 2.9 mostra um esquema do funcionamento deste atuador. Figura 2.9: Esquema de um atuador em série elástica com cabos tipo Bowden. Adaptado de (Veneman et al., 2005) 10 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 2.3 Eletromiografia 2.2.4 Algumas considerações Existe uma grande variedade de tipos de atuação em sistemas exosqueletais, tendo apenas sido selecionadas para incluir nesta dissertação aquelas com maior utilização ou com implementação mais interessante. Há uma predominância dos acionamentos elétricos nesta área. Boa relação potência/peso, fácil aquisição de equipamento e menores requisitos de controlo tornam este tipo de acionamento quase indispensável para a produção destes sistemas. Verifica-se que uma grande parte dos dispositivos comerciais para reabilitação motora tem como base um acionamento elétrico. A solução pneumática traz algumas vantagens interessantes, mas dificuldade no transporte e gestão da sua fonte de energia retiram bastante apelo ao seu uso. Ainda assim, é uma alternativa explorada com alguma frequência no meio académico, podendo no futuro ser exploradas soluções que compensem as desvantagens mais críticas deste tipo de atuação. Soluções hidráulicas são quase inexistentes para reabilitação motora. Componentes hidráulicos são dispendiosos e particularmente pesados em comparação com acionamentos elétricos e pneumáticos, pelo que o seu uso está limitado a aplicações em que a sua grande capacidade de força compense estas desvantagens. Convém, no entanto, dar nota que a hidráulica aparece na génese da investigação de exosqueletos ativos, no caso do Hardiman, e mostra óbvia utilidade para o desenvolvimento de soluções para a indústria e sectores militares onde a capacidade de carga é um fator crítico. Para reabilitação motora, no entanto, existem alternativas mais favoráveis. 2.3 Eletromiografia Um dos objetivos desta dissertação é conseguir o controlo do dispositivo robótico através de sinais eletromiográficos do utilizador. Esta secção irá explorar a aquisição e a interpretação destes sinais. 2.3.1 Descrição Eletromiografia (EMG) é uma técnica de diagnóstico médico que consiste na aquisição de sinais elétricos provenientes dos músculos. Assemelha-se à eletroencefalografia (EEG) ou a eletrocardiografia (ECG), sendo que as diferenças prendem-se unicamente com o órgão ou tecido no qual se recolhe impulsos elétricos, requerendo elétrodos e condicionamento de sinal adequados a cada caso. O sinal é medido através do potencial elétrico num ponto (face a uma referência) ou através da diferença de potencial entre dois ou mais pontos. Esta medição pode ser realizada com elétrodos à superfície da pele, na zona do músculo, ou intramuscularmente com recurso a agulhas. A EMG de superfície tem a vantagem de ser fácil e rápida de utilizar, com a contrapartida de não ser tão fiável (muito influenciável por fatores como impurezas, oleosidade da pele ou gordura subcutânea nas zonas a analisar) e de ser inadequada para aquisição de dados de músculos não 11 Contextualização teórica superficiais. Se se tentar detetar atividade elétrica superficialmente, de um grupo muscular que tenha outro sobreposto, o elétrodo irá previsivelmente detetar a atividade elétrica do grupo muscular sobreposto mais facilmente, pelo que a utilização prática destas medições é difícil sem métodos de caraterização do sinal de elevada complexidade. Por outro lado, a via intramuscular exige mais tempo de preparação (podendo mesmo exigir cirurgia, dependendo da aplicação), mas garante melhor fiabilidade e precisão dos resultados. A colocação dos elétrodos é importante para garantir a utilidade das medições. O SENIAM (Surface Electromiography for the Non-Invasive Assessment of Muscles) é um projeto da Comissão Europeia para criar uma série de recomendações para a utilização de eletromiografia superficial com o intuito de facilitar a troca de conhecimentos obtidos através deste método. Estas recomendações partem de revisões bibliográficas extensas (Hermens et al., 2000) que analisaram as várias estratégias utilizadas em vários artigos científicos ao longo dos anos. O projeto concluiu que na maioria das vezes eram utilizados elétrodos bipolares na "barriga"do músculo (a zona central mais pronunciada do músculo) ao longo do sentido das fibras. O sítio do projeto (SENIAM, 2015) dá também referências quanto à colocação dos elétrodos para análise de músculos específicos. 2.3.2 Interpretação do sinal Obter a intenção de movimento do utilizador através dos sinais eletromiográficos é uma tarefa difícil, que se torna mais complexa quanto maior o número de graus de liberdade e grupos musculares a analisar. A forma mais simples de se interpretar estes sinais é considerar que a força produzida por um grupo muscular é unicamente proporcional à intensidade do sinal recebido. Para tal, considera-se o nível de ativação muscular em vez do valor absoluto do sinal, em que se posiciona a intensidade atual do sinal em relação às intensidades em esforço nulo e esforço máximo. Esta aproximação, no entanto, é limitada a um número reduzido de movimentos (nunca para mais de dois movimentos diferentes no mesmo membro). Tipicamente um simples movimento numa junta é realizado através da contração de vários grupos musculares, variando consoante a velocidade do movimento e da posição da junta. Um mesmo grupo muscular pode também influenciar mais do que um movimento em mais do que uma junta. O cérebro humano é capaz de controlar todos estes fatores instintivamente de forma a que o corpo possa realizar um movimento fluído, mas esta complexidade torna impraticável determinar a intenção do utilizador para mais do que dois movimentos simples (como a flexão e a rotação do cotovelo), sem se ter em conta um grande número de variáveis. Este problema é gerido de duas formas muito distintas: o recurso a modelos paramétricos de Hill, baseados no trabalho original de A. V. Hill (1938), e a utilização de redes neuronais de lógica difusa. 12 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 2.3 Eletromiografia Modelos de Hill O primeiro método requer conhecimento da fisiologia e composição do tecido do corpo humano (em particular dos músculos associados aos movimentos a analisar), assim como da sua estrutura músculo-esquelética. Os modelos de Hill partem da premisa que um grupo muscular pode ser simplificado num sistema composto por um elemento contrátil em série e em paralelo com dois elementos elásticos (muitas vezes considerados iguais para facilitar o seu cálculo), como ilustrado na Figura 2.10. Figura 2.10: Esquema da estrutura clássica do modelo de Hill. O elemento contrátil (CE) está associado a um elemento elástico em série (SE) e outro em paralelo (PE). Adaptado de (Winters, 1990) A força exercida pelo grupo muscular será diretamente proporcional ao nível de ativação neuromuscular, e também das suas propriedades visco-elásticas, que irão depender da extensão no momento do grupo muscular, da velocidade do seu movimento e das propriedades mecânicas do tecido. A última é possível de obter através de vários trabalhos extensos já realizados nesta área (Winters e Stark, 1985), enquanto os outros dois parâmetros podem ser calculados através da posição e velocidade angular das juntas associadas aos músculos em causa. Figura 2.11: Exemplo de um controlador com modelo de Hill. Adaptado de (Cavallaro et al., 2005) 13 Contextualização teórica Como os modelos tentam ser uma boa representação da atividade muscular, acabam por ser modelos de ordem elevada devido à grande não-linearidade de todo o processo. Assim, este método exige uma grande capacidade de processamento para ser usado em tempo-real, sendo que a complexidade do modelo aumenta com o número de movimentos (e, consequentemente, de sinais eletromiográficos) a analisar. A Figura 2.11 mostra um exemplo de um controlador com base num modelo de Hill. O controlador determina o nível de ativação muscular, com base no sinal eletromiográfico recolhido, para inserir no modelo de Hill. O ângulo da junta, combinado o que é conhecido sobre a cinemática e estrutura óssea do braço, dá informações sobre a extensão e velocidade dos músculos assim como da distância entre o ponto de aplicação da força muscular e o centro de rotação da junta. Têm a vantagem de ser facilmente adaptáveis a diferentes indivíduos visto que o modelo utiliza parâmetros corporais básicos que não variam de forma significativa de pessoa para pessoa. Redes neuronais de lógica difusa A utilização de redes neuronais para processamento dos sinais eletromiográficos baseia-se numa estratégia oposta à dos modelos de Hill. Em vez de se tentar perceber os mecanismos e os fenómenos que ocorrem entre a ativação neuronal dos músculos e a força desenvolvida pelos mesmos, assume-se que o seu conhecimento completo é desnecessário e opta-se por considerar o sistema muscular mais como uma caixa negra com os sinais eletromiográficos à entrada e a força muscular desenvolvida à saída. A rede neuronal é treinada para encontrar uma relação otimizada entre estes dois parâmetros. A lógica difusa é utilizada em conjunção às redes neuronais para complementar algumas desvantagens destas. em primeiro lugar. Este tipo de lógica é tipicamente utilizado para encontrar soluções onde os parâmetros de decisão são ambíguos. Muito utilizada para atribuição de variáveis linguísticas (decidir se está "quente","frio"ou "ameno"dada uma temperatura), permite criar uma estrutura e conjunto de regras iniciais para posterior afinação pela rede neuronal. Tendo já sido demonstrada por Hill a relação entre a força do músculo e a extensão e velocidade, também estes parâmetros são incluídos nestes modelos. A Figura 2.12 mostra um controlador neuronal com lógica difusa. Este controlador tenta determinar 4 parâmetros de movimento com 2 graus de liberdade utilizando 8 sinais eletromiográficos. A primeira camada do controlador classifica as entradas em fuzzy sets (fuzzyfication), indicando a sua correspondência a uma variável linguística, numa escala de 0 a 1. A camada seguinte determina, baseado nos fuzzy sets iniciais e nas regras de associação estabelecidas, qual a resposta a realizar. No entanto, esta resposta ainda se expressa em fuzzy sets, sendo necessária a camada seguinte que converter a resposta em variáveis quantificáveis (defuzzyfication), ou seja, as quatro variáveis de saída desejadas . A rede neuronal tenta afinar os pesos dados a cada variável nas transições entre camadas Esta é uma estratégia interessante quando o número de graus de liberdade do movimento aumenta consideravelmente, pelo que embora o esforço computacional aumente, o facto de ser 14 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 2.3 Eletromiografia apenas necessário identificar os grupos musculares relevantes para o movimento facilita muito a sua implementação. Os modelos resultantes também exigem menor capacidade computacional, em teoria, visto que tentam arranjar a correlação mais eficiente entre as entradas e a saída. No entanto, é necessário treinar a rede neuronal sempre que muda o utilizador. Figura 2.12: Exemplo de um controlador neuronal com lógica difusa. Retirado de (Kiguchi et al., 2005) 15 Contextualização teórica 2.4 Conclusões A área dos dispositivos robóticos para reabilitação motora é uma área multidisciplinar, exigindo conhecimentos não só de medicina, como também de mecânica, eletrónica e mesmo informática. Verifica-se que se tem feito um trabalho extenso no desenvolvimento destes dispositivos, mas a transição de muitas das inovações para uso real e regular em pacientes tem sido lenta, predominando ainda os métodos clássicos. Equipamentos exosqueletais, em particular, têm ainda uma abrangência muito limitada, estando a maioria em fase de ensaios clínicos ou apenas em comercialização no país de origem. Espera-se, ainda assim, que em anos vindouros estes dispositivos se tornem comuns a nível global e não somente para reabilitação humana, mas também para amplificação das capacidades motoras do utilizador. Para tal, a criação de dispositivos mais leves, compactos e confortáveis torna-se crucial, havendo uma clara procura de atuadores que permitam melhor capacidade, sem sobrecarregar o utilizador. A tentativa de integração da intenção de movimento do utilizador através de sinais eletromiográficos tem tido considerável sucesso, tendo sido desenvolvidos métodos para controlar movimentos complexos. As melhorias a nível do poder computacional existente têm ajudado este progresso. 16 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Capítulo 3 Elaboração do Projeto 3.1 Introdução Nos capítulos anteriores são referidos o objetivo desta dissertação bem como algum do trabalho desenvolvido nas áreas em que esta se insere. Com efeito, é possível perceber que existem várias alternativas viáveis em relação a como desenvolver o dispositivo, tanto a nível da estrutura mecânica como da estratégia de controlo a utilizar. O sistema tem em conta vários fatores: • Objetivos — o projeto tenta ser o mais realista possível em relação aos objetivos e requisitos, de forma a ser possível de concretizar; • Tempo e Custos de produção — a aquisição de componentes, assim como a produção de peças, está limitada pelo orçamento disponível e limite de tempo de desenvolvimento designado. É necessário acomodar os requisitos do sistema a estas restrições, favorecendo o emprego de componentes off-the-shelf, cujo desempenho poderá não ser ótimo para o funcionamento do sistema; • Equipamento disponível — Algum do equipamento utilizado é providenciado antes do início do desenvolvimento, tendo condicionado as decisões tomadas. Este capítulo dará uma perspetiva dos requisitos e limitações inerentes ao sistema que levaram às opções tomadas. 17 Elaboração do Projeto 3.2 3.2.1 Definição de Requisitos Requisitos mecânicos A não-homogeneidade da anatomia humana torna difícil definir os requisitos mecânicos para o sistema a projetar. Extensão, massa total e relação entre o comprimento dos segmentos do braço são fatores que podem comprometer o correto funcionamento do dispositivo. A massa do antebraço é talvez o mais importante elemento, impondo um limite inferior na capacidade de binário do atuador escolhido, caso o intuito seja conseguir levantar o braço completamente, sem auxílio do próprio utilizador. Muitos trabalhos (Winters e Stark, 1985) tentam definir as propriedades mecânicas do sistema musculosquelético do ser humano. A Tabela 3.1 expõe as propriedades mecânicas de uma junta atuada, cuja cinemática e dinâmica se assemelha à do conjunto de músculos, ossos e tendões que compõem o cotovelo. Esta tabela permite delinear um binário máximo para o sistema de 60 N · m. No entanto, percebe-se que para efeitos de recuperação este é um valor largamente excessivo, pois para um comprimento médio do antebraço de aproximadamente 269 mm (tabela 3.2), isto seria equivalente ao braço estar a suportar na mão um peso de aproximadamente 223 N. Tabela 3.1: Parâmetros mecânicos da junta do cotovelo para um jovem adulto saudável médio. Valores adaptados de (Winters e Stark, 1985) Parâmetros Flexão Extensão Binário máximo 60 50 Jp1 0,06 Cp2 0,2 Kp3 1,5 Rotação máxima 175 1 Inércia da junta; 2 Constante de amortecimento da junta 3 Constante de rigidez da junta N·m kg · m2 N · m · s · rad−1 N · m · rad−1 graus Não é objetivo do projeto que o dispositivo amplifique a força do utilizador, mas sim que auxilie a sua recuperação. Embora uma maior capacidade de binário por parte do dispositivo seja um fator positivo para a experiência do utilizador, seria contraproducente sacrificar o atravancamento do sistema para obter este benefício. Mais útil para este projeto será obter o binário mínimo necessário, o que implica ter conhecimento da massa dos segmentos do braço e a posição dos seus centros de massa. Tal como para os dados da tabela 3.1, é necessário recorrer a valores médios de indivíduos saudáveis de forma a obter uma referência inicial dos requisitos do dispositivo. O trabalho de Leva (1996), baseado num trabalho anterior de Zatsiorsky et al. (1983), é útil como uma referência para estes valores médios. Convenientemente, os centros de massa estão expressos relativamente aos eixos de rotação dos respetivos segmentos. Os valores retirados deste trabalho estão resumidos na tabela 3.2. 18 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 3.2 Definição de Requisitos Tabela 3.2: Propriedades de massa do antebraço e mão; Valores retirados de (Leva, 1996) Massa1 Massa Comprimento Centro massa (CM)2 Centro massa (CM) % kg mm % mm Antebraço 1,62 1,18 268,9 45,74 123 Mão 0,61 0,45 187,9 36,24 68,1 1 Relativamente à massa corporal total de um individuo masculino médio (73 kg); 2 Distância entre o centro de massa do segmento e o centro da junta correspondente (percentagem relativa ao comprimento total do segmento) Segmento Isto permite obter imediatamente uma estimativa do binário máximo resistente, produzido no cotovelo, devido ao peso combinado do antebraço e da mão (assume-se que é máximo quando o antebraço e a mão estão alinhados e perpendiculares ao sentido da gravidade): Mmao = (CMmao +Comprimentoantebraco ) · Massa · g = (0, 0681 + 0, 123) · 0, 45 · 9, 81 = 0.84 N · m Mantebraco = (CMantebraco · Mantebraco · g = 0, 123 · 1, 18 · 9, 81 = 1.42 N · m Mtotal = 2.26 N · m No entanto, ao contrário dos valores da tabela 3.1, que podem ser encarados como máximos para um indivíduo com um nível de atividade física normal, os valores médios para a massa do braço têm de ser interpretados de uma forma mais cuidada. É preciso entender que este dispositivo não está nem deve ser limitado em relação à idade, género ou nível de atividade física do utilizador. Ainda assim, limites práticos terão de existir para tornar o projeto viável, pelo que se assumirá o valor médio obtido como uma estimativa não conservadora. Face ao valor obtido, considera-se que um binário atuante máximo na junta de 3 N · m será suficiente para levantar o braço sem auxílio do próprio utilizador. Este valor, arbitrário, compensa eventuais perdas de binário devido a atritos e permite satisfazer situações em que a massa do braço do utilizador possa ser superior à estimada. Esta assunção carece, no entanto, de verificação experimental. O valor da rotação máxima do braço tende a variar ligeiramente, consoante a literatura recolhida, assim como o que é considerado como rotação máxima. O que se pode observar na tabela 3.1 é um valor absoluto para a rotação máxima. Esta posição é alcançável se o utilizador relaxar o braço, em particular o bícep e forçar o movimento externamente, por exemplo com o outro braço. Para efeitos desta dissertação, é mais útil considerar-se que a rotação máxima do cotovelo equivale ao arco que o antebraço realiza num movimento entre a posição de extensão máxima e a posição de contração máxima não-auxiliada por forças para além dos músculos do próprio braço. 19 Elaboração do Projeto Para facilitar a distinção, considera-se que esta é a rotação ou flexão máxima voluntária do braço, sendo que valores experimentais variam entre os 140 e 150º (Andel et al., 2008; Rahman et al., 2010; Forner-cordero et al., 2011). Não é do interesse da segurança do indivíduo permitir que o dispositivo consiga forçar o braço para além da rotação máxima voluntária, podendo isto causar dor ou, inclusivamente, lesões. Assim, o dispositivo terá ser mecanicamente limitado (garantindo este limite mesmo em caso de falha elétrica ou erro do sistema de controlo) a uma rotação máxima de 140°, evitando que o dispositivo atinja as posições de flexão e extensão máxima do braço. 3.2.2 Requisitos de controlo O sistema de controlo estará largamente dependente dos componentes de sensorização e atuação utilizados. • Monitorização — o sistema de controlo deve permitir a observação do desempenho do dispositivo por parte de um utilizador avançado, nomeadamente o fisioterapeuta. Para tal terá de ser capaz de armazenar dados decorrentes da utilização do dispositivo para análise posterior, assim como algum tipo de capacidade de monitorização em tempo real. • Limitação de força — o sistema deverá prevenir que a junta exerça força acima de um limite que se considere seguro para o utilizador e para os componentes do próprio dispositivo. • Robustez — tendo em conta o contexto médico da utilização deste dispositivo, é imperativo garantir que o sistema funcione de forma previsível e não errática em casos de solicitações incorretas. O sistema de controlo também terá de ter em consideração perturbações e ruído existente no sinal dos sensores, diminuindo ao máximo a sua influência. O sistema de controlo adotado é baseado numa placa Arduino. O seu uso permite dar flexibilidade ao projeto e poupar algum tempo na montagem do circuito de controlo. É possível integrar a maior parte dos sensores e sinais de feedback sem necessitar de componentes elétricos auxiliares, e os sensores eletromiográficos utilizados estão já preparados para uso direto com a placa. A monitorização será feita através de um computador, podendo ser estabelecida a comunicação entre este e o Arduino através de uma ligação USB, e será também a partir desta ligação que será realizada a programação da placa e a afinação do controlo do sistema. Não é previsto a criação de uma HMI (Human Machine Interface) física para o dispositivo, optando-se por uma interface em ambiente virtual usando LabView. 20 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 3.3 Projecto 3.3 Projecto 3.3.1 Arquitetura A solução escolhida para esta dissertação é a de um atuador rotativo com elementos elásticos em série, com a transmissão de binário do motor para a junta rotativa realizada por cabos tipo Bowden. Para além das características deste tipo de arquitetura, referidas na Sub-Secção 2.2.3, este sistema tem algumas vantagens particulares: • Adaptabilidade — os componentes do sistema têm em consideração os requisitos mecânicos explicitados no início deste capítulo. No entanto, o desacoplamento do motor e da junta rotativa dá a possibilidade de, durante o desenvolvimento do protótipo e projetos posteriores, ser aumentada ou diminuída a capacidade de força do sistema, dentro de certos limites máximos, havendo apenas a necessidade obrigatória de trocar o motor e as molas. A substituição dos outros componentes dependeria apenas da capacidade da estrutura suportar o esforço acrescido. • Facilidade de ajuste — derivado do primeiro ponto, a adaptabilidade do sistema permite que variados parâmetros mecânico possam ser ajustados - a rigidez das molas, o coeficiente de atrito entre o cabo e a espiral, a capacidade de binário do atuador - sem que todo o dispositivo tenha de ser refeito. Isto, pois, permitirá realizar testes que permitam verificar a influência de alguns destes parâmetros no sistema num tempo comportável para a realização da dissertação. De notar que o trabalho original de Veneman, a partir do qual este projeto irá desenvolver-se, foi desenvolvido para controlar a impedância mecânica (a resistência do sistema contra deslocamentos impostos externamente) da junta do joelho. A necessidade de binário do dispositivo realizado nesta dissertação é menor, e o controlo do sistema difere pela inclusão da intenção de movimento do utilizador, através dos sinais EMG, no sistema de controlo. 3.3.2 Funcionamento da junta A junta é composta por 3 elementos estruturais: o suporte superior que se fixa ao braço; o suporte inferior, fixo ao antebraço; e o disco rotativo, que roda independentemente dos suportes, onde se fixam os cabos que fazem a transmissão do binário entre a junta e o motor (fixo ao motor encontra-se um disco semelhante). O disco está projetado para permitir montar os cabos de forma a que não exista escorregamento entre o disco e o cabo, mesmo com o revestimento que este possui para evitar fricção com a espiral do cabo, tentando maximizar a zona de contacto. Uma alternativa a esta solução é utilizar um cerra-cabos que fixe o cabo diretamente no disco, embora esta solução não tenha sido explorada nesta dissertação. Também é fixo outro cabo que serve de ligação entre o disco e as anilhas de suporte das molas, de forma que a sua rotação provoque uma deflexão nas molas se o suporte 21 Elaboração do Projeto Figura 3.1: Esquema geral do dispositivo desenvolvido inferior estiver imobilizado. O esquema da Figura 3.1 tenta ilustrar a estrutura geral do dispositivo. Decide-se utilizar molas à compressão em detrimento de molas à torção, embora esta última seja, em princípio, mais adequada para um movimento de rotação. Esta opção vem do facto de ser mais simples realizar a medição da deflexão de uma mola linear através do uso um transdutor de posição linear posicionado paralelamente ao eixo da mola. No caso de uma mola à torção, a sua deflexão já teria de ser medida através da diferença da posição angular entre a base inferior e o disco, implicando que o transdutor teria de se encontrar dentro do corpo da junta o que seria dificultado pelo atravancamento da junta e pela grande quantidade de componentes em movimento constante. A deflexão da mola é determinada através da medição da variação da posição da anilha relativamente ao suporte inferior, utilizando um transdutor de posição linear. Para se poder relacionar esta medição com o binário imposto ao braço, assume-se que a rigidez da mola é suficientemente constante, ou seja, varia de forma desprezável, à medida que é deformada de forma a se poder afirmar que: Fi = k · xi Mi = Fi · r = c · ∆x · r 22 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço (3.1) (3.2) (3.3) 3.3 Projecto em que k é a constante de rigidez da mola, xi é a deflexão da mola medida em relação à sua posição de repouso (força elástica nula), r é o raio do disco e Mi é o binário imposto pela mola i ao suporte inferior segundo o eixo de rotação da junta. Se as molas forem montadas sem as pré-tensionar, apenas uma estará a ser comprimida num dado instante. Esta é uma situação indesejável, passando a haver a necessidade de se utilizar um transdutor para cada mola. Por outro lado, pré-tensionando as molas durante a montagem permite escrever que Fi = F0i + ∆Fi , (3.4) sendo F0i a força inicial da mola i após pré-tensão e ∆Fi a variação da força elástica da mola em relação à força inicial. Como a rigidez das molas é considerada constante em relação ao curso, a variação da força elástica ∆Fi pode ser considerada linear em relação à variação da sua deflexão ∆xi (Equação 3.5), e como as duas molas são igualmente rígidas, a deflexão de uma mola implica uma deflexão de igual valor e sentido oposto da outra mola. ∆Fi = c · ∆xi ; ∆x1 = −∆x2 = ∆x ; ∆F1 = −∆F2 . (3.5) (3.6) (3.7) O binário total Mmolas pode então ser escrito como a diferença do binário realizado por cada mola. Assumindo que a pré-tensão aplicada é igual para cada mola, F01 = F02 = F0 ; Mmolas = M1 − M2 = F1 · r − F2 · r ; Mmolas = (F0 − F0 ) · r + ∆F1 · r − ∆F2 · r ; Mmolas = ∆F1 · r + ∆F1 · r ; Mmolas = k · d · ∆x , (3.8) (3.9) (3.10) (3.11) (3.12) em que d é a distância entre as duas molas (igual ao diâmetro do disco). Estas relações estão representadas na Figura 3.2. Comparando as equações (3.3) e (3.12) percebe-se que pré-tensionando as molas a razão entre o binário na junta e a deflexão de uma das molas duplica, permitindo o uso de uma mola com menor comprimento (assumindo constante de rigidez igual). Isto é importante porque faz com que uma solicitação desviada na mola provoque uma flexão indesejada desprezível. Também possibilita o uso de transdutores com um menor curso e mais compactos, diminuindo o atravancamento total do dispositivo. 23 Elaboração do Projeto Figura 3.2: Transmissão de binário pelos elementos elásticos 3.3.3 Motor elétrico O motor elétrico não é apenas um fator limitativo em relação à capacidade de binário do dispositivo. O tipo de motor escolhido, assim como do driver associado, influencia o tipo de controlo que é possível realizar e, consequentemente, a dinâmica de todo o sistema. Um dos fatores mais críticos é a baixa velocidade de rotação da junta, e consequentemente, do motor. Forner-Cordero et al. (2011) determinaram experimentalmente que a velocidade de rotação máxima do braço é de aproximadamente 90 ° · s−1 , ou 15 rotações por minuto. Considerando que a velocidade nominal de um qualquer tipo de motor elétrico é pelo uma ordem de grandeza superior a este valor, bem como o facto de ser necessário que o motor produza o seu binário máximo mesmo em velocidade nula, há uma limitação óbvia quanto ao tipo de motor elétrico utilizado. A necessidade de garantir binário mesmo em velocidade nula obriga necessariamente à utilização de um servomotor, garantindo que o motor não sobreaquece nesta situação. A baixa velocidade de rotação leva a uma potência elétrica requerida igualmente baixa. Embora o binário máximo esteja estabelecido para o valor de 3 N · m, a utilização de um ou mais andares de redução permitiria utilizar um motor elétrico com menor capacidade de potência e binário, mais energicamente eficiente, mais leve e consideravelmente menos dispendioso (embora seja preciso considerar o custo do redutor), face a um motor elétrico cujo binário máximo seja igual ao exigido. A utilização de um servomotor DC seria ótima, pois permite, se a potência total necessário dos componentes elétricos dos sistema for suficientemente baixa, a fácil utilização de baterias para a sua alimentação (embora esta opção não seja explorada nesta dissertação). Face a todas estas considerações, o recurso a um servomotor passo-a-passo torna-se elementar. Motores passo-a-passo são utilizados regularmente em aplicações onde a velocidade requerida é reduzida, até porque a sua capacidade de binário máxima diminui rapidamente com o aumento da sua velocidade de rotação. São motores compactos e menos dispendiosos comparados com outros motores na mesma gama de binário. 24 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 3.3 Projecto Têm também facilidade na realização de binário a velocidade nula, e produzem uma resistência notória ao movimento mesmo quando não estão alimentados eletricamente, garantindo que mesmo em caso de falha energética, o movimento da junta nunca é completamente livre (não se pode considerar, no entanto, este facto como garantia de segurança da junta, apenas um fator adicional). 3.3.4 Material A fim de limitar o peso da junta, a solução mais vantajosa será produzi-la em alumínio, devido à sua baixa densidade (2700 kg · m−3 ) e à sua tensão de cedência específica (a razão entre a tensão de cedência e a densidade). O protótipo, ainda assim, foi produzido por impressão 3D em PLA (poliácido láctico). Este polímero foi escolhido em contrapartida ao mais comum ABS (acrilonitrilo-butadieno-estireno) devido à maior rigidez e por permitir produzir peças com detalhes mais finos. O PLA possui menos de metade da densidade do alumínio (1300 kg · m−3 ), e o material utilizado tem uma tensão de cedência de 55 MPa, bastante inferior à do alumínio. A tensão de cedência do material polimérico é ainda diminuída após impressão das peças, facto inerente deste processo de prototipagem. 3.3.5 Dimensionamento geral da junta A Equação 3.12 mostra também um compromisso que é necessário encontrar no design da junta do dispositivo. Como o binário da mola também depende do diâmetro do disco, é possível diminuir a força máxima que as molas têm de exercer, seja através da diminuição da rigidez, seja através da deflexão máxima das molas, embora isto implique aumentar o tamanho do disco e, consequentemente, toda a estrutura da junta. Por outro lado, diminuir o diâmetro do disco implica aumentar a força exercida na estrutura, nomeadamente no veio central, no disco e no suporte inferior. Isto implica reforçar todas estas peças, seja aumentado a espessura das paredes e o diâmetro do veio, aumentando o peso da estrutura, ou usar um material mais resistente, mais pesado e/ou mais dispendioso. As molas também terão de ser mais extensas e rígidas, necessariamente aumentando o seu peso e possivelmente o tamanho do transdutor utilizado. A força necessária para pré-tensionar as molas também aumenta, dificultando o processo de montagem. Os cabos escolhidos são tipicamente usados para travões de bicicleta, em aço revestido em teflon ou polietileno. Possuem 1.5 mm de diâmetro e uma tensão de resistência à rotura de 1570 MPa, o que para este diâmetro de cabo equivale a resistir a uma força em tração até aproximadamente 11 kN. Para um raio do disco de 5 mm, por exemplo, seria necessário um binário de 55 N · m para ocorrer a rotura do cabo, largamente excedendo os 3 N · m indicados na Secção 3.2.1. Como para um raio de disco maior seria necessário ainda mais binário, não se considera o cabo de aço um elemento limitativo. Para a produção do protótipo, decidiu-se desenhar a estrutura com base em limites máximos arbitrários para as suas dimensões gerais (como se pode ver na Figura 3.3, tentando assegurar que 25 Elaboração do Projeto a junta não aparente ser demasiado volumosa para o utilizador. Fixos estes valores, verifica-se que o tamanho máximo do disco para possibilitar a montagem das molas é de 70 mm de diâmetro. Figura 3.3: Dimensões máximas definidas da junta O desenho da junta projetada pode ser visto no Anexo B e a sua representação em 3D, assim como dos componentes individuais, realizada no software de CAD 3D SolidWorks, encontra-se na figura 3.4. 3.3.6 Sensorização Aquisição de sinal A aquisição dos sinais tanto do sensor EMG como do transdutor de posição (assim como outros sinais possíveis) é efetuada usando uma placa Arduino Uno (Figura 3.5). Esta placa possui 6 pinos analógicos associados a um conversor A/D de 10 bits. Os pinos podem receber uma sinal em tensão entre 1.1 a 5 V, sendo importante definir convenientemente a referência utilizada para maximizar a resolução da conversão. A placa não consegue converter sinais de valor de tensão negativo, o que pode implicar condicionamento de sinal adicional. O sensor EMG, por outro lado, já está preparado para uma conexão direta com o Arduino, não sendo necessário qualquer adaptação. O Arduino está conectado a um computador usando o software LabView através de uma porta USB. A interface em LabView permite fazer a monitorização do funcionamento do Arduino, bem como o seu controlo direto. Neste último caso, apenas as funcionalidades dos pinos de entrada e saída do Arduino são aproveitadas, sendo o processamento dos dados realizado pelo computador. Esta interface é discutida em detalhe no capítulo 4. EMG Os sinais eletromiográficos são recolhidos através de dois sensores EMG (Figura 3.6), disponibilizados no início da realização desta dissertação. Este sensor possui uma placa integrada que, para além de obter o sinal bruto dos elétrodos, também amplifica, retifica e suaviza o sinal obtido, simplificando a sua integração no sistema. O esquema do circuito do sensor encontra-se na Figura A.1 dos anexos. Utiliza dois elétrodos para 26 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 3.3 Projecto (a) Suporte superior (c) Suporte inferior (d) Disco rotativo (e) Transdutor potenciométrico (b) Junta completa (f) Molas elásticas (g) Anilhas Figura 3.4: Desenho CAD 3D da junta projetada e dos seus componentes 27 Elaboração do Projeto Figura 3.5: Arduino Uno R1 aquisição do sinal EMG, mais um terceiro para obter uma referência, a ser colocado numa zona óssea, sendo seguidas as recomendações do SENIAM para a sua colocação. Para os esforços de flexão e extensão do cotovelo foram escolhidos os músculos bicep e os tricep, respetivamente, devido à facilidade de aquisição de sinal, à sua importância na execução do movimento e ao seu uso com sucesso em trabalhos semelhantes (Rosen et al., 2001). Cada músculo utilizará um sensor. Figura 3.6: Sensor EMG Muscle Sensor V3 Deflexão da mola Para a medição da deflexão das molas é necessário a utilização de um transdutor linear de posição. Este transdutor irá medir a distância entre a base do suporte inferior e a anilha que suporta uma das molas, traduzindo o comprimento atual da mola. Este será depois comparado com o valor de comprimento inicial para se determinar a variação na força da mola. Devido à importância que esta medição representa para o sistema, é crucial uma boa escolha deste componente. O atravancamento do componente deverá ser reduzido, para não interferir com o movimento da junta ou aumentar demasiado o peso do conjunto. Preferencialmente, o 28 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 3.3 Projecto transdutor também não deverá obrigar ao uso de componentes extra para condicionamento de sinal e alimentação, que tendem a ser ainda mais volumosos. Opta-se por não utilizar transdutores de proximidade, indutivos ou capacitivos, sendo preferíveis transdutores que operam por contacto. Esta opção vem da dificuldade de fixar o corpo dos transdutores à estrutura, visto ter que estar situado próximo à anilha (ou outro elemento de medição que possa ser utilizado). Dos transdutores de medição linear que exigem contacto com o elemento de medição, destacamse os potenciométricos e os LVDT (Linear Variable Diferencial Transformer, ou Transformador Diferencial Variável Linear). Os LVDT possuem melhor resolução (em teoria, infinita) e linearidade mesmo para maiores cursos mas pecam face aos potenciométricos quanto ao tamanho do corpo do transdutor (para cursos semelhantes), à necessidade de um condicionamento de sinal complexo, que pode exigir componentes adicionais, e ao seu custo. Os transdutores potenciométricos por outro lado, são componentes simples e relativamente baratos, em comparação a todas as alternativas já referidas e são de pequeno tamanho, dependendo do seu curso. A saída destes é em tensão, sendo o seu valor máximo igual ao valor da tensão de alimentação, pelo que é facilmente integrado numa placa Arduino para aquisição do sinal. Face a estas vantagens, decidiu-se optar por este tipo de transdutores. A escolha do transdutor específico é analisada mais em detalhe no Capítulo 4. 3.3.7 Controlo Figura 3.7: dispositivo Esquema simplificado do sistema de controlo do A Figura 3.7 mostra de forma simplificada a estratégia adotada para o controlo do dispositivo. Considerou-se que, devido à simplicidade do movimento, o binário a realizar poderia ser inferido como proporcional aos sinais EMG recolhidos do tricep e do bicep. Para tal, é feita a diferença entre os níveis de ativação (NA) dos dois músculos, multiplicado por uma constante Pi . A Equação 3.13 mostra como o nível de ativação é calculado para cada músculo i, onde EMGi é o sinal EMG obtido pelo sensor e EMGimax e EMGimin são os valores máximos e mínimos, respetivamente, do sinal eletromiográfico que se podem obter do músculo. A constante P traduzirá o peso relativo do músculo na realização de binário na junta, como se vê na Equação 3.14. 29 Elaboração do Projeto NAi = EMGi − EMGimin EMGimax − EMGimin Mre f = NAbicep · Pbicep − NAtricep · Ptricep (3.13) (3.14) Esta referência é comparada com o binário realmente imposto ao braço do utilizador, valor determinado pela deflexão da mola, como mostra a Equação 3.12, já definida na Subsecção 3.3.2. A ação de controlo, uma referência de velocidade imposta ao driver do servomotor, é proporcional ao erro resultante segundo uma constante Kp e à derivada desse erro segundo uma constante Kd. As constantes Pi , EMGimax e EMGimin são determinadas experimentalmente através da medição dos sinais eletromiográficos nas situações de: • esforço nulo, com o braço completamente relaxado, retirando o valor mínimo (espectavelmente nulo) de ambos os músculos; • esforço máximo de flexão, obtendo o valor EMG máximo do bicep; • esforço máximo de extensão, obtendo o valor EMG máximo do tricep; • esforço simultâneo de ambos os grupos musculares, em que o binário resultante é nulo mas a impedância mecânica (o binário que é necessário aplicar para forçar uma rotação da junta) do cotovelo é máxima. Esta última permite determinar a relação entre ambas as constantes resolvendo a equação 3.14 para Mre f = 0. 30 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 3.4 Conclusão 3.4 Conclusão O sistema musculosquelético do ser humano pode ser traduzido num sistema de juntas atuadas, cujas características mecânicas são úteis para projetar sistemas exosqueletais que tentem emular o movimento destas juntas. Recorrendo a trabalhos já realizados neste âmbito, é possível obter os requisitos mecânicos essenciais para projetar o alvo desta dissertação. Face às vantagens e desvantagens das várias alternativas analisadas no Capítulo 2, não só quanto às características finais do dispositivo, bem como quanto às necessidade de projeto e desenvolvimento de cada. Foi decidido desenvolver um dispositivo com um atuador rotativo com elemento elástico em série e acionamento elétrico O feedback para controlo do sistema assenta em duas grandezas: os sinais eletromiográficos, que indicam a intenção de movimento do utilizador a partir da qual é possível deduzir o binário a realizar, e a deflexão da mola, que permite saber o binário que está realmente a ser exercido na junta. O sistema de aquisição baseado numa placa Arduino mostra algumas desvantagens, nomeadamente na gama de aquisição de dados, mas considera-se que a facilidade e flexibilidade de utilização do dispositivo compensam estas limitações. 31 Elaboração do Projeto 32 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Capítulo 4 Desenvolvimento 4.1 Introdução Neste capítulo estão registadas as várias etapas de produção do dispositivo, bem como testes realizados. 4.2 Motor O motor utilizado para acionar o protótipo é um servomotor AC trifásico OMRON R7MA20030 (Figura 4.1), disponível para uso desde o início da dissertação, cujas características encontram-se resumidas na Tabela 4.1. Tabela 4.1: Características mecânicas do servomotor R7M-A20030 Parâmetro Potência Binário nominal Velocidade nominal Binário máximo Velocidade máxima Inércia do rotor Valor 200 0.637 3000 1,91 4500 1, 19 × 10−5 W N·m rpm N·m rpm kg · m2 Os valores de binário do motor são inferiores àquele determinado na Secção 3.2.1 como mínimo para conseguir levantar o braço. Permite ainda assim realizar ensaios com um protótipo funcional, perceber o funcionamento geral do sistema e antecipar problemas que poderiam afetar o dispositivo e a segurança do utilizador caso fosse utilizado um motor com maior capacidade de binário. O motor é controlado por um servodriver SMARTSTEP R7D-AP02H. Este servodriver tem a particularidade de permitir que o controlo do motor seja realizado como se este fosse um motor passo-a-passo. O mais importante desta particularidade é o facto de o motor, quando controlado, 33 Desenvolvimento Figura 4.1: Motor OMRON R7M-A20030 resistir a forças externas até ao seu binário máximo permitido (definido pelo utilizador) quando a referência (de velocidade) fornecida ao driver é nula. O feedback de posição e velocidade do motor para o servodriver é dado por um encoder com uma resolução de posicionamento angular de 0.18º (uma rotação completa equivale a 2000 pulsos do encoder). De notar que este é um valor típico para o passo de um motor passo-a-passo. O motor é controlado fornecendo ao servodriver uma referência de velocidade e um sentido de rotação. Esta referência é dada utilizando as saídas de PWM (Pulse Width Modulation) do Arduino. Estas saídas permitem gerar um sinal quadrado que varia entre 0 e 5V, tendo de ser definido o período de excitação e um duty cycle (fracção do período do sinal em que a saída é máxima). As indicações do servodriver exigem que este deva ter um duty cycle entre 30 e 50 %. A referência de velocidade é proporcional à frequência do sinal PWM, relação que se pode observar na Equação 4.1, em que Vre f é a velocidade de rotação de referência (em rotações por minuto), ppr são os pulsos necessários para o motor realizar uma rotação completa e fPW M é a frequência, em hertz, do sinal PWM. Para fins de programação é, ainda assim, mais útil definir a velocidade de referência em ordem ao período, obtendo a Equação 4.2, em que TPW M é o período do sinal definido, em microssegundos, sendo este obrigatoriamente um número inteiro. fPW M · 60 ppr 60 · 106 = ppr · TPW M Vre f = (4.1) Vre f (4.2) É possível definir o valor de ppr através da alteração dos parâmetros do servodriver, sendo 34 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 4.3 Junta rotativa que este valor está predefinido para 2000 pulsos por rotação, equivalente ao do encoder. Definir este valor acaba por ser particularmente importante devido a uma limitação na programação do Arduino, pois o software de programação apenas simplifica a variação do duty cycle do sinal do PWM num Arduino. Embora seja possível também alterar a frequência do PWM, isto implica variar diretamente os parâmetros do microcontrolador integrado na placa, o que se torna difícil de realizar quando é necessário estar constantemente a alterar esta frequência. Para facilitar este processo, existe uma biblioteca especializada que exige apenas a definição do período e do duty cycle. No entanto, o período tem de ser um número inteiro e definido em microssegundos, ou seja, são apenas realizáveis velocidades para as quais o período do sinal PWM correspondente, segundo a Equação 4.1, é um número inteiro . Isto causa um inconveniente quando se tenta impor velocidades de rotação mais elevadas (acima de 300 rpm), como mostra o gráfico da Figura 4.2. Diminuir o valor do ppr reduz consideravelmente o problema, sendo também útil limitar a velocidade máxima do motor. Este problema, no entanto, não se traduz numa situação gravosa para o sistema em geral, devido à baixa dinâmica exigida pelo movimento do braço. 1,400 Output 1,200 1,000 ppr = 10000 ppr = 2000 800 600 400 200 Input 200 400 600 800 1,000 1,200 Figura 4.2: Correlação entre a referência de velocidade pretendida e a que é fornecida ao driver 4.3 4.3.1 Junta rotativa Produção dos elementos estruturais A junta rotativa do protótipo foi impressa utilizando uma impressora 3D Witbox, da BQ, em PLA fornecido pelo mesmo fabricante da impressora. Os elementos impressos que pertencem à junta pesam 273 g no total. A este valor soma-se o peso das talas que permitem a fixação da junta ao braço, assim como das molas elásticas. 35 Desenvolvimento Devido ao mau acabamento superficial das peças impressas, todos os elementos tiveram de ser retificados manualmente, tendo sido usada lixa de água com granulometria 180, 340 e 600 (grãos/cm2 ). As peças, após retificação, demonstravam atrito negligenciável entre elas, embora o seu valor não tenha sido medido. As talas que permitem fixar a junta ao braço foram produzidas utilizando duas placas de acrílico 250 mm de comprimento, 70 mm de largura e 3 mm de espessura. Estas são fixas em dois pontos do segmento do braço correspondente recorrendo a fitas elásticas. A junta completa pode ser vista na Figura 4.3. Figura 4.3: Junta completa 4.3.2 Elementos elásticos A escolha das molas elásticas depende sobretudo da sua rigidez e da deflexão máxima pretendida. Sabendo a rigidez necessária, a escolha dependerá apenas da conformidade das dimensões da mola com a sua montagem no dispositivo. As molas utilizadas necessitam de ser retificadas, de forma a garantir que o seu eixo mantém perpendicular à base do suporte inferior. O valor para a deflexão máxima da mola tenta equilibrar as necessidades de se utilizar um transdutor cujo atravancamento fosse suficientemente pequeno e não recorrer a molas com uma 36 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 4.3 Junta rotativa rigidez demasiado elevada para a dinâmica e capacidade de binário do sistema. Uma mola demasiado rígida comportar-se-ia como um elemento não-elástico, negando os benefícios da sua utilização já referidos nos Capítulo 2 e 3. Determina-se, iterativamente, que para este projeto uma deflexão máxima total de 10 mm é ideal, o que leva, tendo em consideração o binário máximo da junta e o diâmetro do disco rotativo, a uma rigidez mínima das mola de aproximadamente 2 N · mm. As molas utilizadas possuem, no entanto, uma rigidez de 8 N · mm. Isto deve-se à dificuldade em adquirir pequenos lotes de molas à compressão com as dimensões e características exigidas a um custo não proibitivo. Embora a maior rigidez das molas diminua a elasticidade aparente que se pretende obter da resposta do sistema, verificou-se, como se indica em secções posteriores, que a utilização destas molas dá um comportamento satisfatório ao sistema. 4.3.3 Transdutor de posição O transdutor utilizado é um transdutor de posição linear potenciométrico GEFRAN PY2-C010 (Figura 4.4). As suas dimensões e método de montagem são compatíveis com as dimensões definidas para o protótipo. É possível alimentar este transdutor com uma tensão até 14 V, mas optou-se por utilizar os 5 V provenientes dos pinos de alimentação do Arduino, possibilitando ligar a saída do transdutor diretamente nos pinos analógicos da placa. Figura 4.4: Transdutor potenciométrico GEFRAN PY2-C-010 O transdutor possui resolução infinita, estando a resolução do sistema de medição limitada pelo sistema de aquisição, ou seja, do conversor A/D dos pinos analógicos do Arduino. Sendo o curso máximo do transdutor de 10 mm para um conversor A/D de 10 bits, a resolução do sistema de medição é de 9, 7 · 10−3 mm. 37 Desenvolvimento O transdutor é montado no suporte inferior de modo a que a face de saída da haste seja coincidente com a base do suporte. A haste tem um comprimento máximo, da face de saída do corpo do transdutor até à ponta de medição, de 47 mm. A mola existente na haste garante que existe sempre contacto entre a ponta e a anilha da mola, embora a força exercida por esta mola seja negligenciável para o funcionamento geral do sistema. É possível aumentar o tamanho da haste substituindo a ponta redonda por um parafuso M2,5 com o comprimento necessário. As molas são pré-tensionadas de forma a que a haste se encontre a meio do curso total quando a junta está em repouso. Como este posicionamento é difícil de executar corretamente, a posição neutra necessita de ser registada sempre que a montagem do dispositivo é modificada, medindo a tensão inicial na saída do transdutor. 4.4 4.4.1 Sensorização eletromiográfica Montagem dos sensores Os sensores eletromiográficos são sempre os últimos elementos a ser fixos ao utilizador (através do elétrodos) e a ser integrados na placa. Isto garante que a montagem é realizada corretamente, sendo o sensor utilizado sensível a erros nesta etapa, e facilita a colocação das talas. Ambos os sensores utilizam a mesma fonte de alimentação (duas pilhas de 9V), de forma a garantir uniformidade nas medições obtidas. As saídas da placa dos sensores são ligadas diretamente nos pinos analógicos do Arduino. É também importante que a distância entre ambos seja o mais pequena possível, a fim de diminuir interferências ao longo do comprimento dos cabos. No entanto, os sensores em si não devem ser colocados próximos do Arduino, do motor e das respetivas fontes de alimentação, caso contrário haveria o risco de fortes interferências ou mesmo um mau funcionamento no sensor. (a) bicep (b) tricep Figura 4.5: Montagem dos sensores 38 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 4.4 Sensorização eletromiográfica 4.4.2 Testes realizados O funcionamento dos sensores foi testado isoladamente antes dos ensaios com o sistema completo, confirmando não só se estes se encontram em boa condição como permitindo determinar vários parâmetros necessários para o sistema de controlo. Executaram-se os seguintes procedimentos para ensaiar a aquisição dos sinais EMG (encontrandose ambos os sensores EMG ligados): 1. Exercer o máximo esforço de flexão possível durante 5 segundos; 2. Exercer o máximo esforço de extensão possível durante 5 segundos; 3. Exercer o esforço simultâneo máximo possível no bicep e tricep durante pelo menos 5 segundos. Não incluído nos passos mencionados está o registo inicial do valor mínimo obtido antes dos ensaios, quando o braço se encontra em repouso completo. Os passos 1 e 2 (Figuras 4.6 e 4.7, respectivamente) permitem determinar o valor obtido pelo sensor durante o esforço máximo em cada músculo, de forma a ser possível calcular o nível de ativação de cada músculo. Finalmente, o terceiro passo (Figura 4.8) permite determinar as constantes Pi como definidas na Secção 3.3.7. A tracejado, em cada gráfico, encontra-se a média do valor do sinal eletromiográfico obtido em cada ensaio, cujo valor é utilizado para obter as constantes pretendidas. Deve-se salientar a particularidade dos resultados demonstrados na 4.6, onde se observam quatro valores máximos distintos em tentativas. Para se perceber esta discrepância, é preciso referir que neste caso a posição do braço não era igual, tendo o braço sido posicionado em quatro posições distintas (extensão completa, 45º, 90º e flexão completa, respectivamente), visto que havia variâncias inicialmente inexplicáveis nos valores obtidos nos ensaios iniciais. Isto dá razão à informação teórica analisada antes do inicio do projeto, que refere que a posição do braço influencia a força realizada pelos músculos. Esta influência foi constante e previsível nas repetições realizadas a este ensaio realizado ao bícep, embora no caso do trícep, esta não seja observada, ou seja, o valor máximo é aproximadamente constante independentemente da posição do braço. Nota-se alguma disparidade entre os valores médios e os picos mínimos e máximos dos sinais eletromiográficos durante o esforço máximo pretendido, devendo-se sobretudo à dificuldade de manter este nível de esforço de forma constante durante longos períodos de tempo. Não se considera que, a este nível de esforço, a informação potencialmente perdida, devido a saturar-se valores EMG superiores à média, seja relevante. É mais importante garantir que o utilizador tenha capacidade de utilizar a totalidade do binário disponível, algo que seria difícil se fosse considerado o pico máximo obtido durante os ensaios. Verificou-se também que cada músculo não participa no movimento no qual o outro é predominante. Ou seja, num movimento puramente de flexão do cotovelo, os sensores EMG não 39 EMG (V) Desenvolvimento Sinal obtido Média 4 3 2 1 10 5 15 20 25 30 40 35 45 Tempo(s) EMG (V) Figura 4.6: Primeiro ensaio eletromiográfico: esforço de flexão máximo do bicep Sinal obtido Média 1.5 1 0.5 2 4 6 8 10 12 Tempo(s) Figura 4.7: Segundo ensaio eletromiográfico: esforço de extensão máximo do tricep registaram qualquer atividade no trícep. Outra observação importante é que o valor mínimo para ambos os músculos é sempre nulo, equivalendo a um esforço nulo. Mais que facilitar a calibração dos sensores, este facto garante que é possível realizar as medições facilmente sem interferências eletromagnéticas e torna-se um fator importante para avaliar a correta montagem dos sensores e colocação dos elétrodos. 40 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço EMG (V) 4.5 Sistema de controlo bicep tricep 1.5 1 0.5 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo(s) Figura 4.8: Quarto ensaio eletromiográfico: esforço máximo simultâneo do bicep e tricep. Valores médios a tracejado 4.5 Sistema de controlo 4.5.1 Arduino O código completo do programa incluído na placa Arduino pode ser encontrado no Anexo C deste relatório. Este código permite, alterando uma variável nas configurações iniciais do programa, escolher entre controlar o binário atuante da junta através dos sinais EMG ou através da interface em LabVIEW (para efeitos de teste). Nenhuma variável do sistema, nomeadamente as constantes do controlador, mínimos e máximos dos sinais EMG e número de sensores EMG utilizados, são alteráveis após programação da placa, garantindo um funcionamento seguro do sistema. Qualquer modificação terá de ser realizada reprogramando o sistema, obrigando a que este tenha de parar antes da alteração ocorrer. A verificação dos valores extremos dos sinais EMG, assim como das constantes P associadas, tem de ser realizada com um pré-ensaio, tal como referido na Subsecção 4.4.1. 4.5.2 Interface virtual A interface virtual principal (Figura 4.9) foi feita em software LabVIEW para auxílio na realização dos ensaios do sistema prototipado. É utilizada em conjunção com a placa Arduino programada com o código mencionado na subsecção anterior. Esta interface permite definir manualmente o binário para a junta, assim como verificar o estado das variáveis internas do controlador e das saídas dos sensores. A comunicação entre a 41 Desenvolvimento Figura 4.9: Interface virtual em LabVIEW interface e a placa Arduino é realizada através de uma ligação USB, sendo os seus parâmetros principais modificáveis, particularmente a taxa de transferência. Todas as aquisições de dados utilizadas no decorrer do ensaios finais foram realizadas utilizando esta interface. Uma outra interface foi realizada, igualmente em LabVIEW. Esta difere da primeira na medida em que a maioria do processamento de dados é agora realizado a nível da interface, diminuindo o esforço computacional requerido da placa Arduino. A placa passa a ser utilizada unicamente para aquisição dos dados e geração dos sinais para o servodriver. No entanto, deparou-se que esta interface não era viável para controlo do sistema de aquisição. Embora o firmware extra instalado na placa Arduino e o protocolo de comunicação utilizado permitam uma comunicação série mais rápida comparado com o que ocorre na primeira interface, tendo sido observado durante ensaios realizados que um ciclo de escrita e leitura demora aproximadamente 10 milissegundos na primeira interface e 2 a 4 milissegundos na segunda), a segunda interface necessita de comunicar com o Arduino de cada vez que necessita de executar uma dada funcionalidade ou alterar a saída de um dos pinos em utilização, ocorrendo isto obrigatoriamente várias vezes num ciclo operacional. A interface principal, por outro lado, só necessita de comunicar com o Arduino para monitorização e, opcionalmente, para indicação da referência de binário, sendo ainda possível fazer com que haja comunicação apenas após um determinado número de ciclos operacionais terem sido realizados. Isto faz com que o sistema controlado opere de forma errática muito mais facilmente utilizando a segunda interface, não tendo sido utilizada nesta fase. No entanto, a aquisição de dados para efeitos de monitorização e mais fácil no Arduino, tendo sido utilizada para testar o funcionamento do transdutor, dos sensores e do servodriver individualmente. O funcionamento da interface principal encontra-se explicitado mais em detalhe no Anexo B.2. 42 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 4.6 Sistema completo 4.6 Sistema completo O sistema completo incorpora: • a estrutura completa da junta, incluindo as molas elásticas, o transdutor de posição e as talas de fixação ao braço; • o motor elétrico, juntamente com o sistema elétrico de suporte, com o disco rotativo correspondente acoplado; • os sensores eletromiográficos, estando os elétrodos corretamente posicionados; • a placa Arduino, com todos os elementos sensores, assim como as entradas do servodriver, ligadas nos pinos respetivos; • a interface em LabVIEW, utilizada para efeitos de ensaio e monitorização. Isto implica a necessidade de um computador. Todos estes elementos estão individualmente descritos nas secções anteriores. Esta secção pretende demonstrar o funcionamento do sistema como um todo. 4.6.1 Comportamento esperado Estando o sistema em operação, não sendo dada uma referência de binário (pela interface ou pelos sensores eletromiográficos), é necessário que este consiga manter um binário resistente da junta nulo, independentemente das forças externas aplicadas. Neste situação, é esperado que o motor rode de forma a que a junta acompanhe o sentido de rotação imposto pela força, com um binário resistente aparente preferencialmente nulo ou reduzido, para além daquele imposto pelo peso próprio dos componentes do sistema. É garantido assim que a deflexão das molas (em relação ao seu comprimento após pré-tensionamento) tende para zero. Se o motor ficasse imóvel, a junta iria rodar até que o binário provocado pela deflexão das molas fosse equivalente ao binário imposto pela força externa, assumindo que este último não supera o binário máximo do motor. Ou seja, o binário atuante da junta não seria nulo. De notar, no entanto, que esta é a situação de equilíbrio quando o binário desejado já não é nulo, tentando sempre o motor garantir que o binário realizado pelas molas equivale ao valor imposto ao controlador. Caso não exista, o motor previsivelmente irá forçar a junta a rodar até esta atingir uma posição extrema, pelo que se torna imperativo definir uma velocidade máxima de rotação para impedir que haja dano, tanto ao utilizador como à estrutura, do choque resultante. 4.6.2 Testes realizados Nesta subsecção são apresentados alguns dos resultados obtidos durante a realização dos testes ao dispostivo completo. A totalidade dos resultados dos ensaios aqui mencionados são apresentados no Anexo C. 43 Desenvolvimento Para validar o funcionamento do sistema, realizaram-se vários ensaios, encontrando-se a junta em duas posições distintas. Primeiro, a junta foi colocada horizontalmente, com o suporte superior imobilizado. Nesta posição, e dando ao sistema uma referência de binário nula (ou seja, a deflexão das molas deverá ser sempre nula), registou-se a estabilidade do sistema com e sem solicitação externa. De seguida, imobilizando completamente o suporte inferior (impossibilitando o movimento de rotação da junta), analisou-se o funcionamento do sistema com uma referência de binário não nula. Posteriormente, a junta é colocada de forma a que esta se mova segundo um plano vertical. Na posição de repouso, equivalente à extensão completa do braço, ambas as talas encontram-se apoiadas no chão, e aquando o movimento de flexão, a extremidade inferior da junta eleva-se. Para esta posição, é novamente dada ao sistema uma referência de binário nula e regista-se o comportamento do dispositivo quando a extremidade da junta é elevada manualmente e depois largada, ficando a junta sujeita ao seu peso próprio. Finalmente, é dada uma referência de binário de flexão crescente, até um dado valor máximo, e depois reduzida até chegar a zero, simulando um movimento simples de flexão do braço. Todos ensaios foram realizados com diferentes valores do ganho proporcional e derivativo. Em todos os gráficos apresentados nesta secção e nos anexos, um valor positivo equivale a uma ação ou variação no sentido de extensão do braço. Por exemplo, um valor de binário medido negativo implica que a junta está a realizar binário que levaria à flexão do braço. Movimento horizontal: Referência de binário nula O primeiro ensaio corresponde ao movimento horizontal não solicitado. A referência de binário nula é garantida simplesmente removendo os elétrodos do braço, embora a aquisição da referência, a partir dos sensores EMG, continue em operação. Se a referência nula fosse simplesmente definida programaticamente, ignorando a conversão A/D dos sinais EMG durante estes Binário Medido 40 Binário Desejado Vref 20 Binário (N · m) 0.2 0 0 −20 −0.2 0 2 4 6 8 Tempo (s) 10 12 14 Velocidade (RPM) ensaios, a influência da sua duração no ciclo do controlador seria incorretamente desprezada. −40 Figura 4.10: Ensaio horizontal com referência de binário nula sem ação de força externa para K p=200, Kd=0 44 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Binário Medido 40 Binário Desejado Vref 20 Binário (N · m) 0.2 0 0 −20 −0.2 0 5 10 15 Tempo (s) 20 Velocidade (RPM) 4.6 Sistema completo −40 25 30 Figura 4.11: Ensaio horizontal com referência de binário nula sem ação de força externa para K p=300 e Kd=0 Os gráficos das Figuras 4.11 e 4.10 mostram os ensaios realizados para diferentes valores das constantes de ganho proporcional. Analisando estes resultados, percebe-se que o erro nunca anula, e à medida de o ganho proporcional aumenta, a junta começa visivelmente a oscilar em torno da posição inicial com amplitude crescente. O início desta oscilação deve-se a pequenas variações do valor obtido da saída do transdutor, que o controlador interpreta como um erro a nível do binário que a junta exerce. Isto deve-se a uma aquisição imperfeita do sinal do transdutor por parte da placa Arduino, combinado com a sensibilidade deste a pequenas perturbações da junta. Existem pequenas variações no sinal do transdutor mesmo quando a junta se encontra imóvel, fazendo com que o controlador tente permanentemente compensar estas variações. Este problema pode ser minimizado quando o ganho proporcional é diminuído, embora isto diminua também a capacidade de resposta do sistema. É importante salientar que, aquando da montagem do sistema do braço do utilizador, a resistência do movimento provocada pela massa do braço leva consequentemente, à diminuição da amplitude da vibração para ganhos mais elevados, embora possa ainda haver algum desconforto do utilizador, que se pretende evitar. A baixa dinâmica associada às utilizações esperadas do dispositivo permitem que o ganho seja diminuído sem que as expectativas associadas ao sistema sejam criticamente afetadas. O segundo ensaio, ainda com referência de binário nula, avalia o desempenho do sistema aquando da ação de uma força externa. A junta é forçosamente rodada manualmente em ambos os sentidos alternadamente, tentando garantir níveis de força semelhantes, e é registada a resposta do sistema durante e após a aplicação da força, dando origem ao gráfico da Figura 4.12. A perceção subjetiva da resistência da junta aquando da sua manipulação também é avaliada, tendo em conta a finalidade do sistema. Previsivelmente, a junta acompanha a direção da força, mas dependendo do ganho proporcional, a resistência aparente ao movimento varia. Um maior ganho proporcional leva a que o sistema responda mais facilmente a um estímulo externo, mas, à semelhança do que ocorre no ensaio an- 45 Binário Medido 40 Binário Desejado Vref 20 Binário (N · m) 0.2 0 0 −20 −0.2 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (s) 16 18 20 22 24 Velocidade (RPM) Desenvolvimento −40 Figura 4.12: Ensaio horizontal com referência de binário nula e ação de força externa para K p=200 e Kd=0 terior, leva a que este fique instável mais facilmente, mantendo-se permanente e visivelmente em oscilação após a realização da força externa. Nota-se que em todas as situações, mesmo naquelas em que o sistema se encontra em grande oscilação, uma força externa faz com a junta rode novamente de forma previsível e não errática até esta força deixar novamente de ser aplicada. Alguns ensaios demonstram que, para certos valores de ganho, um comportamento inicial estável não implica que o sistema não irá comportar-se de forma estável após a aplicação da força. A única forma de diminuir este problema é diminuir o ganho proporcional e aumentar o ganho derivativo. Movimento Horizontal: Referência não-nula Para o terceiro ensaio, que visa testar o funcionamento do sistema com referência de binário não nula, esta é dada por intermédio da interface em LabVIEW principal, enquanto a junta está completamente imobilizada para além do movimento do disco rotativo (e das molas elásticas). As Figuras 4.13 e 4.14 mostram dois ensaios com referências diferentes de binário mas com parâmetros de ganho do controlador iguais. Quando os valores dos ganhos do controlador permitem um comportamento estável, percebe-se que é possível obter constantemente valores próximos do binário de referência. A incapacidade de garantir um erro nulo deve-se sobretudo a pequenas vibrações do motor que são transmitidas pelo cabo para as molas e para toda a estrutura da junta, afetando as medições do transdutor. Ainda assim, este erro é de tal forma reduzido que é considerado aceitável para os objetivos do sistema. Verifica-se novamente, no entanto, um funcionamento errático com ganhos proporcionais suficientemente elevados. O comportamento do sistema com referência de binário não nula pode ser considerado análogo ao do sistema com referência nula ao qual é aplicada uma força externa, sendo que um sistema inicialmente estável pode tornar-se instável dependendo dos valores do ganho estabelecido após um aumento da referência de binário. 46 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 4.6 Sistema completo 20 Binário Medido 0 Binário Desejado Vref 0 −0.2 −0.4 −20 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 Velocidade (RPM) Binário (N · m) 0.2 −40 16 Figura 4.13: Ensaio horizontal com referência de binário não-nula para K p=200, Kd=0, Mre f =-0.2 Nm Movimento vertical: referência nula Reposicionando a junta na vertical, é dada ao sistema uma referência de binário nula. Nesta condição, o sistema é sujeito a dois ou mais ciclos em que a junta é fletida manualmente, elevando a extremidade não fixa, e imediatamente após isto a extremidade é largada com o objetivo de se observar o comportamento do sistema quando este se encontra apenas sujeito ao seu peso próprio. Os gráficos das Figuras 4.15 e 4.16, mostram os ensaios realizados para diferentes valores das constantes de ganho proporcional e derivativo. A ação de flexão da junta durante o ensaio é percetível nos gráficos como um desvio súbito e positivo do binário medido na junta, ou seja, esta está a realizar um binário resistivo de sentido contrário ao movimento. Este desvio leva a que o controlador rode o motor com uma velocidade de valor negativo de forma a que o disco rotativo e o suporte inferior acompanhem o movimento imposto. Ao largar a junta, esta fica sujeita ao seu peso próprio que força a que a extremidade desça e a junta faça um movimento de extensão. Observa-se então que a junta passa a realizar um binário resistivo no sentido contrário ao anterior, o que leva a que o motor obrigue a junta a voltar à posição inicial de repouso. Esta dinâmica é fácil de observar no gráfico da Figura 4.15. À medida que o ganho proporcional aumenta, verifica-se que o tempo de subida da junta diminui, assim como o binário resistivo máximo, devido ao aumento da capacidade de resposta do sistema a desvios face ao binário de referência. Nota-se também que este aumento leva a uma maior instabilidade do sistema, passando a haver uma resposta oscilatória, particularmente durante os instantes de queda. Isto deve-se ao facto do sistema sobre-compensar o erro de binário, levando a que o motor rode mais depressa que a velocidade de queda livre, que irá induzir um erro em sentido contrário que novamente irá ser contrariado. Para ganhos suficientemente elevados (K p=500), o sistema deixa de conseguir manter um funcionamento que se possa considerar seguro, sem a inclusão da componente derivativa do ganho do controlador. 47 Desenvolvimento Binário (N · m) 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −40 −0.6 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (s) 16 18 20 22 24 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado 20 Vref −60 Figura 4.14: Ensaio horizontal com referência de binário não-nula para K p=200, Kd=0 e Mre f =0.4 Nm 0.6 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado 20 Vref 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (s) 16 18 20 22 24 Figura 4.15: Ensaio vertical com refêrencia de binário nula para K p=50 e Kd=0 O problema pode ser minimizado quando se aumenta o ganho derivativo, embora isto também leve a comportamentos indesejados quando o ganho é suficientemente pequeno, como se pode ver comparando o gráfico da Figura 4.15 com o da Figura 4.17. 48 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 4.6 Sistema completo 0.6 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado 20 Vref 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (s) 16 18 20 22 24 Figura 4.16: Ensaio vertical com refêrencia de binário nula para K p=100 e K p=0.1 0.6 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado 20 Vref 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (s) 16 18 20 22 24 Figura 4.17: Ensaio vertical com refêrencia de binário nula para K p=50 e Kd=0.3 49 Desenvolvimento Movimento vertical: referência não-nula O quinto e último conjunto de ensaios acaba por ser o mais importante e relevante para o funcionamento normal do sistema, permitindo visualizar o seu comportamento num movimento vertical, com um binário de referência variável e um binário resistente constante (derivado do peso próprio da junta). Assim, este ensaio permite simular o funcionamento normal do braço. Os gráficos das Figuras 4.18 e 4.19 mostram dois conjuntos de ensaios com referências de binário 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) distintas para duas combinações diferentes dos ganhos proporcional e derivativo. −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 Velocidade (RPM) (a) 0.2 N · m −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 (b) 0.6 N · m Figura 4.18: Ensaio vertical com referência de binário não-nula para K p=50 e Kd=0 O facto mais saliente que se retira destes resultados é que, à semelhança do que se confirmou com os ensaios análogos a estes em movimento horizontal, percebe-se que o dispositivo é capaz 50 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) 4.6 Sistema completo −40 0 5 10 15 Tempo (s) 20 30 25 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m −40 0 5 10 15 Tempo (s) 20 25 (b) 0.6 N · m Figura 4.19: Ensaio com referência de binário não-nula para K p=100 e Kd=0.2 de garantir que a junta impõe um binário equivalente ao de referência, particularmente no primeiro gráfico, em que este binário é mantido com desvios desprezáveis. De observar a perturbação que se pode ver quando o binário exercido pela junta se aproxima dos 0.4 N · m, visto ser próximo deste valor que a junta gera binário suficiente para superar o seu peso próprio. Nesta situação, o ganho derivativo não só não traz benefícios notáveis, como pelo contrário aparenta prejudicar grandemente o comportamento do sistema que se encontraria relativamente estável sem a inclusão deste. Não foi possível, no entanto, verificar se isto se deve à forma como este foi implementado, sendo que, ainda assim, acabou por observar-se que o sistema funciona em boas condições unicamente com um ganho proporcional bem ajustado. 51 Desenvolvimento 4.7 Conclusões O hardware utilizado possui limitações que potencialmente afetaram o ótimo desempenho do sistema, mas ainda assim permitiu confirmar que o conceito projetado é não só executável como adequado ao requerido. Os sensores usados conseguem obter com boa fiabilidade uma aproximação da intenção do utilizador O sistema prototipado segue as intenções de movimento do utilizador, sendo capaz de realizar binário com boa precisão se os parâmetros do controlador forem bem definidos. A adição da componente derivativa do ganho do controlador acaba por ter vantagens questionáveis, considerando que o sistema só beneficia da sua inclusão se for pretendido sacrificar alguma fiabilidade no funcionamento do sistema para se obter um dispositivo com uma maior dinâmica de resposta. Tendo em conta que o dispositivo visa ser utilizado em contextos onde os movimentos são realizados de forma lenta e deliberada, e onde a segurança do utilizador é o imperativo máximo, considera-se que o funcionamento do sistema com apenas um ganho proporcional igual a 50 é o ótimo para os objetivos desta dissertação. Não foi possível confirmar o funcionamento do sistema tendo este capacidade de binário suficiente para fletir o braço do utilizador autonomamente, havendo no entanto dados suficientes para se poder afirmar, com confiança, que o desempenho seria igualmente satisfatório. 52 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Capítulo 5 Conclusões e Trabalho Futuro É notório o investimento e investigação desenvolvida na área da reabilitação e ampliação motora humana. Foi possível verificar, ao longo da realização desta dissertação, das dificuldades inerentes a este tipo de projetos. Existe um número elevado de soluções para auxiliar a motricidade humano, dependendo do tipo de movimento a realizar, do objetivo final do dispositivo e dos requisitos definidos. Estas soluções abrangem não só o sistema mecânico do dispositivo a desenvolver, mas também o seu sistema de controlo. Incluir sinais eletromiográficos no sistema de controlo, como referência para a intenção de movimento do utilizador, revelou-se simples na sua execução, embora tenha de ser tido em conta a simplicidade do movimento a executar, e eficiente durante a operação do dispositivo. Considerando que o equipamento utilizado para a obtenção destes sinais é fácil de obter e utilizar, com resultados comprovadamente positivos, percebe-se que a eletromiográfia é uma mais valia para este tipo de dispositivos cuja exclusão é cada vez menos justificável. A escolha da solução mecânica a seguir teve em consideração diversos fatores. As particularidades e benefícios do tipo de atuação da solução assim como sucessos anteriores na sua aplicação, embora noutro contexto, fizeram com que esta fosse a mais interessante entre todas as analisadas. Algumas restrições a nível de equipamento assim como de tempo impossibilitaram a exploração completa das suas potencialidades, mas considera-se ainda assim que a escolha levou a um trabalho final satisfatório. 5.1 Satisfação dos objetivos No final desta dissertação foi possível realizar-se um protótipo funcional de uma junta mecânica que gera um binário segundo o eixo de rotação da flexão/extensão do cotovelo, sendo o seu módulo proporcional e o seu sentido igual à intenção de movimento do utilizador. Pode-se afirmar assim que os objetivos da dissertação foram cumpridos. Este protótipo não é capaz, no entanto, de produzir binário suficiente para levantar o braço sem auxílio, nomeadamente da própria força muscular do utilizador, não sendo viável o seu uso para 53 Conclusões e Trabalho Futuro efeitos de reabilitação motora, área que serviu de motivação para esta dissertação e para a qual está direcionado o dispositivo projetado. O protótipo é sim prova de conceito para o desenvolvimento de um dispositivo completo que cumpre os requisitos mecânicos propostos nesta dissertação, que se espera que seja capaz de ser eficiente na reabilitação do movimento de flexão do cotovelo. 5.2 Trabalho futuro Ao longo desta dissertação foram feitas opções e restrições cujas alternativas seriam interessantes de explorar em projetos futuros. Face ao resultado final desta dissertação, sugere-se a continuação do desenvolvimento desta solução, culminando na construção de um dispositivo final que cumpra os requisitos mecânicos estabelecidos no Capítulo 3 deste relatório. Este dispositivo deve ser posteriormente testado, em condições que permitam a segurança dos voluntários, em indivíduos que obedeçam ao critérios inicialmente estabelecidos: incapacidade motora do braço verificável, total ou parcial, mas com existência mensurável de sinais eletromiográficos. Estes testes devem incidir não só na operabilidade do dispositivo por parte destes utilizadores como também da sua capacidade reabilitativa, sendo este último ponto mais difícil de concretizar devido à importância no processo reabilitativo do instante de início da terapia. É importante também comparar o custo-benefício da sua utilização face a outros dispositivos semelhantes e a terapias de reabilitação mais convencionais. Finalmente neste tópico, sugere-se também a possibilidade do conceito do dispositivo poder ser adaptado para mais que um grau de liberdade do movimento do braço. Em relação à solução mecânica utilizada, poderão ser exploradas outras alternativas. A realização de um dispositivo em que o acionamento elétrico não se encontre separado da junta permitiria validar os argumentos que levaram à opção tomada, nomeadamente da influência do peso da junta no conforto do utilizador. Verificar também as diferenças que se podem obter modificando não só o tipo de elemento elástico utilizado (recorrendo a molas à torção ou mesmo à tração) como a medição da sua deflexão (utilizando outro tipo de transdutores e sistemas de aquisição de dados) permitiria também entender melhor as aplicações práticas deste tipo de atuação. Sugere-se também perceber e explorar a utilização de modelos de Hill e de redes neuronais neste tipo de aplicações, possivelmente implentando-os no dispositivo desenvolvido. 54 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Referências Anam, Khairul e Adel Ali Al-Jumaily (2012). «Active Exoskeleton Control Systems: State of the Art». Em: Procedia Engineering 41, pp. 988–994. DOI: 10.1016/j.proeng.2012.07. 273. Andel, Carolien J. van et al. (2008). «Complete 3D kinematics of upper extremity functional tasks». Em: Gait & Posture 27.1, pp. 120–127. DOI: 10 . 1016 / j . gaitpost . 2007 . 03.002. 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Tem a d e s v a n t a g e m de / / d i g i t a i s como i n p u t s e o u t p u t s de s i n a i s i n c l u i r na p r o g r a m a a f r e q u ê n c i a do PWM d o s p i n o s i m p o s s i b i l i t a r o uso dos p i n o s l ó gicos . 6 7 8 9 d o u b l e sign ( d o u b l e x ) { r e t u r n ( ( x > 0) −( x < 0 ) ) ; } / / e s t a f u n ç ã o d á um v a l o r s i g n =1 s e o v a l o r x f o r n e c i d o f o r m a i o r que 0 , / / s i g n =−1 s e x f o r menor que 0 e s i g n =0 s e x f o r 0 . 10 11 s i g n e d i n t intread ; 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 d o u b l e period = 1 0 0 0 0 0 0 ; d o u b l e erro , erroanterior , derivadaerro , bindej , binario ; boolean disablecheck = 0 ; i n t readmola , lmola0 , lref ; d o u b l e vref , vmax , Kp , Kd ; i n t Ki , inicio , delta , tempoinicial , temposeguinte ; i n t bin_max ; i n t kmola ; i n t EMG1 , EMGmin1 , EMGmax1 ; i n t EMG2 , EMGmin2 , EMGmax2 ; d o u b l e EMGactiv1 , EMGactiv2 , EMGganho1 , EMGganho2 ; i n t sinal ; i n t ppr , maxrpm ; d o u b l e minperiod ; l o n g tempo_ultimo , tempo_atual , deltareal ; d o u b l e lmola ; 29 30 31 32 33 34 v o i d setup ( ) { Serial . begin ( 9 6 0 0 ) ; bin_max = 0 . 6 ; / / N*m kmola = 8 ; / / N*m ppr = 2 0 0 0 ; / / ( d e f i n i ç ã o do b i n á r i o má ximo ) ( d e f i n i ç ã o da c o n s t a n t e de r i g i d e z da mola ) 35 36 pinMode ( A1 , INPUT ) ; 37 pinMode ( A3 , INPUT ) ; 38 39 / / D e f i n i ç ã o d o s p i n o s a n a l ó g i c o s 1 , 3 e 5 como i n p u t s / / p a r a a o b t e n ç ã o d o s s i n a i s d o s s e n s o r e s e do pinMode ( A5 , INPUT ) ; / / t r a n s d u t o r . N e s t e programa , o s p i n o s 1 e 3 s ã o d o s / / s e n s o r e s EMG e o p i n o 5 p e r t e n c e ao t r a n s d u t o r . 40 41 42 43 pinMode ( 7 , OUTPUT ) ; / / o p i n o d i g i t a l de s a í da r e l a c i o n a d o com a d i r e ç ã o / / do movimento n e c e s s i t a de s e r c o n f i g u r a d o , ao / / c o n t r á r i o do p i n o do s i n a l PWM. 61 ANEXOS 44 45 analogReference ( DEFAULT ) ; 46 47 EMGmax1 = 1 . 3 ; 48 EMGmin1 = 0 ; 49 EMGdelta1 = EMGmax1−EMGmin1 ; 50 EMGmax2 = 1 . 6 ; 51 EMGmin2 = 0 ; 52 EMGdelta2 = EMGmax2−EMGmin2 ; 53 P1 = 1 ; 54 P2 = 1 ; 55 56 Timer1 . initialize ( 1 0 0 0 0 0 0 ) ; / / I n i c i a o Timer 1 do A r d u i n o com um p e r í odo / / a r b i t r á r i o . Os p i n o s 9 e 10 passam p o d e r / / s e r u n i c a m e n t e u t i l i z a d o s como s a í d a s PWM. 57 58 59 60 Kp = 0 . 1 ; 61 Kd = 0 . 2 ; / / d e f i n i ç ã o d a s c o n s t a n t e s do c o n t r o l a d o r p r o p o r c i o n a l / / Kp e d e r i v a t i v a Kd 62 63 delta = 1 5 ; / / i n t e r v a l o de tempo , em m i c r o s s e g u n d o s , e n t r e r e g i s t o / / d o s v a l o r e s de e r r o p a r a e s t i m a t i v a da d e r i v a d a / / do e r r o 64 65 66 67 sinal = 1 ; 68 inicio = 0 ; 69 tempoinicial = 0 ; 70 temposeguinte = 0 ; 71 erroanterior = 0 ; 72 } 73 74 75 76 77 78 79 v o i d loop ( ) { i f ( inicio ==0) { lmola0 = analogRead ( A2 ) ; / / De c a d a v e z que o A r d u i n o i n i c i a o s e u c i c l o , inicio = 1 ; / / o b t ém o v a l o r de r e f e r ê n c i a do t r a n s d u t o r e tempoinicial = micros ( ) ; / / o b t ém o i n s t a n t e de tempo i n i c i a l do c i c l o } 80 81 82 83 84 EMG1 = analogRead ( A1 ) ; / / l e i t u r a d o s s e n s o r e s EMG delay ( 2 ) ; / / o a t r a s o 2 microsegundos e n t r e as l e i t u r a s EMG2 = analogRead ( A3 ) ; / / s e r v e p a r a i m p e d i r g h o s t i n g , ou s e j a , delay ( 2 ) ; / / uma medi ç ã o i n f l u e n c i a r a s e g u i n t e . 85 86 87 88 89 EMGactiv1 = EMG1 / delta1 ; / / c o n v e r t e r o s v a l o r e s de EMG b r u t o s i f ( EMGactiv > 1 ) { EMGactiv = 1 ; } / / o n í v e l de a t i v a ç ã o m u s c u l a r c o r r e s p o n d e n t e , EMGactiv2 = EMG2 / delta2 ; / / s a t u r a n d o e s t e caso chegue a 1 . i f ( EMGactiv > 2 ) { EMGactiv = 1 ; } 90 91 bindej = bin_max * ( EMGactiv1 * P1−EMGactiv2 * P2 ) * 1 0 0 0 ; 62 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço B Sistema de Controlo 92 93 94 95 i f ( Serial . available ( ) >0) { / / s e a i n t e r f a c e v i r t u a l e s t i v e r a e n v i a r bindej = Serial . parseInt ( ) ; / / uma r e f e r ê n c i a de b i n á r i o , s o b r e p o e } / / e s s a r e f e r ê n c i a ù d a d a p e l o s s e n s o r e s EMG 96 97 98 99 100 readmola = analogRead ( A5 ) ; lmola = readmola−lmola0 ; lmola = ( lmola / 1 0 2 3 ) * 1 0 ; 101 102 binario = lmola * kmola * 3 5 * 2 ; / / N*m 103 104 105 erro = ( bindej−binario ) ; 106 temposeguinte = micros ( ) ; 107 deltareal = temposeguinte−tempoinicial ; 108 i f ( deltareal > delta ) { derivadaerro = ( erro−erroanterior ) * 1 0 0 0 / ( deltareal ) ; erroanterior = erro ; tempoinicial = temposeguinte ; } 109 110 111 112 113 114 115 116 117 erro = erro * Kp−derivadaerro * Kd ; vref = abs ( erro ) ; 118 i f ( vref > vmax ) { vref = vmax ; } 119 sinal = sign ( erro ) ; 120 121 122 i f ( sinal >= 0 ) 123 digitalWrite ( 7 , HIGH ) ; { 124 125 } i f ( sinal < 126 digitalWrite ( 7 , LOW ) ; 127 } 0) { 128 129 130 131 132 133 134 135 136 i f ( vref ==0) { Timer1 . pwm ( 1 0 , 0 , 1 0 0 0 0 0 0 ) ; } / / Se a v e l o c i d a d e p r e t e n d i d a else { / / pelo c o n t r o l a d o r f o r nula , o d u t y c y l e period = 6 0 * 1 0 0 0 0 0 0 ; / / do c o n t r o l a d o r é i g u a l m e n t e n u l a . Caso period = period / ppr ; / / c o n t r á r i o , d e f i n e −s e um d u t y c y c l e de period = period / vref ; / / 40% e o p e r í odo é c a l c u l a d o , com o Timer1 . pwm ( 1 0 , 4 0 0 , period ) ; } / / c u i d a d o de m a n t e r o v a l o r em c á l c u l o / / d e n t r o d o s l i m i t e s do t i p o de v a r i á v e l 137 138 Serial . print ( binario ) ; 139 Serial . print ( " , " ) ; 63 ANEXOS 140 Serial . print ( erroanterior ) ; 141 Serial . print ( " , " ) ; 142 Serial . print ( erro ) ; 143 Serial . print ( " , " ) ; 144 Serial . println ( derivadaerro ) ; 145 } 64 / / c o m u n i c a ç ã o com a i n t e r f a c e do A r d u i n o / / p a r a e f e i t o s de m o n i t o r i z a ç ã o e r e g i s t o Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço B Sistema de Controlo B.2 Interfaces LabVIEW Interface Principal Uma interface LabVIEW é dividida em duas partes. A frontend (Figura B.1) da interface é a parte que o utilizador consegue visualizar e com que tem de interagir durante o seu funcionamento. A backend (Figura ??) é a programação da interface em si, sendo impossível a sua modificação após o início do teste. A programação da interface assenta sobre blocos funcionais ligados entre si, em ordem, sendo que o programa não é corrido ciclicamente (ou seja, mais que uma vez) a não ser que tal seja forçado. Não é recomendada esta opção, no entanto, visto que isto obriga a que a interface só termine quando igualmente forçada de forma externa à sua programação, o que pode levar a um comportamento indesejado de quaisquer sistemas que dependam dessa interface. Em ambas as interfaces mencionadas neste anexo, o funcionamento por tempo indefinido é assegurado colocando a porção principal dentro de um bloco condicional while, como se pode ver na Figura B.3, terminando o ciclo apenas quando há um erro de funcionamento ou o comando de término seja realizado. O funcionamento normal da interface pode ser dividido em três níveis. O primeiro (Figura B.2 diz respeito à comunicação entre a interface e a placa Arduino através de uma porta série. A identificação da porta série (do computador) utilizada, a taxa de transmissão, a necessidade ou não de um carácter de terminação (identificando o fim da leitura ou escrita), entre outros parâmetros. A biblioteca de blocos funcionais utilizadas para configurar esta comunicação pode ser utilizada com qualquer tipo de comunicação que necessite do uso de uma porta série, USB e Ethernet, entre outros, e é facilmente adaptável para utilização com o Arduino. O segundo nível corresponde ao processamento dos dados, sejam para visualização ou para comunicação com a placa Arduino. Em suma, serve de ligação entre o primeiro nível e o utilizador. A interface permite visualizar todas as variáveis desejadas no gráfico, simultaneamente, sendo que a escala das abcissas adapta-se aos valores obtidos. Toda a monitorização é possível de ser desligada sem afetar o funcionamento do sistema, embora isto retire a maior parte da funcionalidade do sistema. De forma análoga, é também possível decidir se é desejado dar uma referência de binário e qual o seu valor. O protocolo utilizado obriga que os dados enviados e recebidos sejam strings, ou seja, uma variável alfanumérica. Isto obriga a algum cuidado na conversão dos dados de e para strings, embora também faça com que seja relativamente simples fazer a comunicação de várias variáveis num único ciclo de leitura, garantindo que o número de variáveis a monitorizar não afeta de forma significativa o funcionamento da interface. Finalmente, é possível exportar os registos obtidos (Figura B.4) durante a monitorização para um ficheiro CSV que pode ser utilizado com qualquer software de folha de cálculo. O utilizador 65 ANEXOS Figura B.1: Frontend da Interface Principal pode editar o caminho do ficheiro a gravar, o cabeçalho que surge entre cada ensaio e o nome dos campos de cada variável gravada. 66 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço B Sistema de Controlo (a) Frontend (b) Backend Figura B.2: Configuração da comunicação da Interface Principal com a placa Arduino 67 ANEXOS (a) Frontend (b) Backend Figura B.3: Monitorização do funcionamento da placa Arduino na Interface 1 68 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço B Sistema de Controlo (a) Frontend (b) Backend Figura B.4: Gravação dos dados na Interface 1 69 ANEXOS Interface Auxiliar Figura B.5: Frontend da Interface Auxiliar 70 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço B Sistema de Controlo Figura B.6: Backend da Interface Auxiliar 71 ANEXOS C Ensaios realizados Apresentam-se todos os resultados, referentes aos ensaios mencionados na Secção 4.6.2 do re- latório, que não foram diretamente referidos. Valores negativos implicam que o sentido da variável é segundo o sentido da flexão da junta. C.1 Ensaios com a junta na horizontal Nesta subsecção, todos os ensaios mencionados foram realizados com a junta mecânica posicionada horizontalmente, estando sempre o seu suporte superior imobilizado através da tala fixa a este. C.1.1 Ensaios com referência de binário nula Os gráficos das Figuras C.1 a C.3 referem-se ao teste inicial com a junta colocada na horizontal e o sistema é iniciado com referência de binário nula. O movimento da junta é completamente livre durante a duração do teste. Como esperado, o sistema é estável para estes valores de ganho, 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Figura C.1: Teste na horizontal, referência de binário nula sem força externa aplicada: Kp =50 e Kd =0 72 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) embora possam ser observadas oscilações desprezáveis. 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) C Ensaios realizados −40 0 2 4 8 6 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) Figura C.2: Teste na horizontal, referência de binário nula sem força externa aplicada: Kp =50 e Kd =0.2 −40 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 16 Figura C.3: Teste na horizontal, referência de binário nula sem força externa aplicada: Kp =100 e Kd =0 73 ANEXOS As figuras C.4 a C.6 iniciam-se de forma semelhante aos três ensaios anteriores, mas o movimento já é manualmente condicionado, realizando-se movimentos de flexão e extensão da junta 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) alternadamente. −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Figura C.5: Teste na horizontal, referência de binário nula, com força externa aplicada: Kp =100 e Kd =0 74 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) Figura C.4: Teste na horizontal, referência de binário nula, com força externa aplicada: Kp =50 e Kd =0 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) C Ensaios realizados −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Figura C.6: Teste na horizontal, referência de binário nula, com força externa aplicada: Kp =100 e Kd =0.2 75 ANEXOS C.1.2 Ensaios com referência de binário não-nula Os gráficos das figuras C.7 a C.10 mostram os resultados quando é dado ao sistema, com a junta na horizontal, uma referência de binário de flexão súbita. Primeiro, a referência é de 0.3 N · m 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) e, no ensaio seguinte, de 0.6 N · m −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 (b) 0.6 N · m Figura C.7: Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =50 e Kd =0 76 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) C Ensaios realizados −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 (b) 0.6 N · m Figura C.8: Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =50 e Kd =0.2 77 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) ANEXOS −40 0 2 4 6 Tempo (s) 8 10 12 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 −40 0 2 4 8 6 Tempo (s) 10 12 14 (b) 0.6 N · m Figura C.9: Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0 78 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m C Ensaios realizados Verifica-se a ausência de uma resposta oscilatória , no segundo ensaio da Figura C.9, com a mesma amplitude da observada no primeiro. Isto deve-se provavelmente ao facto de que o binário gerado pelo motor satura a 0.6 N · m, amortecendo a resposta do sistema após a imposição da 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) referência. −40 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 16 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m −40 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 16 (b) 0.6 N · m Figura C.10: Teste na horizontal com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0.2 79 ANEXOS C.2 Ensaios com a junta na vertical Nesta subsecção, todos os ensaios mencionados foram realizados com a junta mecânica posicionada verticalmente. Quando a junta flete, o suporte inferior da tala (e a tala fixa a esta), eleva-se. C.2.1 Ensaios com referência de binário nulo Os gráficos das Figuras C.11 a C.22 referem-se ao teste inicial com a junta colocada na vertical e o sistema é iniciado com referência de binário nula. A extremidade inferior da junta é forçosamente elevada e posteriormente largada, ficando esta sujeita apenas ao seu peso próprio durante a descida. 0.6 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 Figura C.11: Teste na vertical com queda livre: Kp =50 e Kd =0.1 80 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 16 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado 20 Vref C Ensaios realizados 0.6 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado 20 Vref 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 16 Figura C.12: Teste na vertical com queda livre: Kp =50 e Kd =0.7 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −0.1 −0.2 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado Vref 0.2 −20 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 16 Figura C.13: Teste na vertical com queda livre: Kp =100 e Kd =0 81 ANEXOS 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −0.1 −0.2 Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado Vref 0.2 −20 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 22 Figura C.14: Teste na vertical com queda livre: Kp =100 e Kd =0.3 0.2 Binário (N · m) 0.1 0 0 −0.1 −0.2 −20 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Figura C.15: Teste na vertical com queda livre: Kp =100 e Kd =0.7 82 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) Binário Medido Binário Desejado 20 Vref 0.2 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −20 −0.1 −0.2 Velocidade (RPM) C Ensaios realizados −40 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 16 0.2 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −20 −0.1 −0.2 Velocidade (RPM) Figura C.16: Teste na vertical com queda livre: Kp =300 e Kd =0 −40 0 2 4 6 8 10 Tempo (s) 12 14 16 18 Figura C.17: Teste na vertical com queda livre: Kp =300 e Kd =0.1 83 0.2 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −20 −0.1 −0.2 Velocidade (RPM) ANEXOS −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 0.2 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −20 −0.1 −0.2 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 Figura C.19: Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0 84 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 20 Velocidade (RPM) Figura C.18: Teste na vertical com queda livre: Kp =300 e Kd =0.7 C Ensaios realizados A Figura C.19 mostra o sistema fica completamente instável com uma constante de ganho proporcional do controlador igual a 500 e com um ganho derivativo nulo. O aumento do ganho derivativo (Figuras C.20, C.21 e ??) anula este problema, embora o desempenho do sistema seja ainda errático durante o movimento de queda livre. 0.2 Binário (N · m) 0.1 20 0 0 −20 −0.1 −0.2 Velocidade (RPM) 60 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 −60 20 0.2 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −20 −0.1 −0.2 Velocidade (RPM) Figura C.20: Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0.1 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Figura C.21: Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0.3 85 0.2 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.1 0 0 −20 −0.1 −0.2 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Figura C.22: Teste na vertical com queda livre: Kp =500 e Kd =0.5 86 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) ANEXOS C Ensaios realizados C.2.2 Ensaios com Referência não-nula Com a junta posicionada na verticalmente, e deixando o movimento da junta livre, é dada à junta uma referência de binário progressivamente crescente até a um dado valor máximo. Inicialmente, o valor máximo não ultrapassa o valor de binário necessário para a junta superar o peso 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) próprio da junta. No imediatamente seguinte −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 (b) 0.6 N · m Figura C.23: Teste na vertical com referência de binário não-nula para Kp =50 e Kd =0.2 87 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) ANEXOS −40 0 2 4 8 6 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 −40 0 5 10 15 Tempo (s) 20 25 30 (b) 0.6 N · m Figura C.24: Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0 88 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) C Ensaios realizados −40 0 2 4 8 6 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m −40 0 5 10 15 Tempo (s) 20 25 30 (b) 0.6 N · m Figura C.25: Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =100 e Kd =0.5 89 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) ANEXOS −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 (b) 0.6 N · m Figura C.26: Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =300 e Kd =0 90 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) C Ensaios realizados −40 0 2 4 8 10 Tempo (s) 6 12 14 16 18 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 (b) 0.6 N · m Figura C.27: Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =300 e Kd =0.2 91 0.6 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.4 0.2 0 0 −0.2 −20 −0.4 −0.6 Velocidade (RPM) ANEXOS −40 0 2 4 6 8 Tempo (s) 10 12 14 Binário Medido Binário Desejado 40 Vref 20 Binário (N · m) 0.5 0 0 −20 −0.5 −40 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (s) 14 16 18 20 (b) 0.6 N · m Figura C.28: Teste na vertical com referência de binário não-nula: Kp =300 e Kd =0.4 92 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço Velocidade (RPM) (a) 0.3 N · m D Desenho da junta D Desenho da junta 93 ANEXOS 94 Dispositivo Robótico para Auxílio do Movimento do Braço 5 4 250 2 3 6 3 125 9 x4 100 7 x8 8 x4 51 1 x4