Pormenorização e Quantificação das Fraudes dos Clientes Nota Prévia É intenção do Observatório de Economia e Gestão de Fraude aprofundar a problemática das fraudes no sector segurador, porque considera que é um dos sectores da economia portuguesa mais atingidos por esse flagelo1, porque é parte do sector financeiro, porque é proposta por lei a aplicação de uma política antifraude e porque um futuro aprofundamento do branqueamento de capitais através do sector segurador aconselha um prévio conhecimento pormenorizado das fraudes cometidas. Creio que as nossas preocupações de investigação vão ao encontro das vossas, assim como a vossa experiência e conhecimento do sector vão ao encontro das nossas. Admitimos, assim, que faria todo o sentido uma colaboração entre a APS e o OBEGEF. Este documento não deve ser entendido como uma proposta da nossa parte, mas tão-somente como o enunciado de um conjunto de intenções que nos norteia e que podem ser o ponto de partida para um diálogo entre nós, conducente à definição de um caminho a trilhar em conjunto. Aliás há pontos de partida que podem logo influenciar o percurso subsequente: a) Que estudos já foram feitos pela APS sobre a tipificação da fraude no sector e que quantificações é que foram realizadas? Utilizando que metodologias? b) Admitindo que algumas empresas do sector já fizeram estudos parcelares sobre a fraude de que são vítimas (nomeadamente para o AIAFA Annual Meeting de 2007), quais foram os resultados? c) Nas empresas do sector que subprodutos das actividades de auditoria e investigação de fraude são úteis para a investigação que propomos fazer? Nossos Objectivos O objectivo primeiro que pretendemos atingir é o de quantificar os diversos tipos de fraude cometidos pelos clientes contra as companhias seguradoras que actuam em Portugal, procurando explicitar também as motivações específicas que as promovem. Para atingir este desiderato pretendemos a) Proceder a uma tipificação pormenorizada das fraudes cometidas pelos clientes em cada ramo de seguros; b) Realizar um inquérito, por amostra estruturada, junto dos consumidores de seguros que permita quantificar cada um dos tipos de fraude, ou pelo menos hierarquizá-los por ordem de importância, e explicitar as motivações gerais e específicas que conduzem a tal. Apurar os resultados, proceder à sua análise estatística e, eventualmente, cruzar com outra informação económica e social exterior à amostra. 1 Recorde-se que nós temos apontado para a existência em Portugal que uma fraude contra as empresas que corresponde a 10% do volume de vendas. Quando analisámos mais em pormenor o sector segurado concluímos que neste sector o volume seria mais elevado (sobretudo pela maior relevância das fraudes cometidas na relação com o cliente, directa ou indirectamente), mas não nos atrevemos a avançar números. Faculdade de Economia da Universidade do Porto, R. Dr. Roberto Frias, 4200-464 Porto, Portugal [email protected] * http://www.gestaodefraude.eu 1 c) Recolher junto das companhias de seguros a sua sensibilidade sobre a importância relativa de cada tipo de fraude acima referido. Confrontar estes resultados com os obtidos por inquérito junto dos consumidores. d) Escolher eventualmente alguns casos fornecidos pelas empresas seguradoras para uma análise de caso mais pormenorizada. Seria interessante – mas teríamos que estudar como – que este trabalho fosse um ponto de partida para um processo periódico de monitorização deste tipo de fraudes. Atingido este primeiro objectivo (e é só dele que aqui tratamos) gostaríamos de passar para dois outros objectivos: 1) Aproveitar os resultados obtidos para definir procedimentos e ferramentas susceptíveis de prevenir as fraudes no sector; 2) Avançar seguidamente para a quantificação das fraudes não imputáveis ao cliente cometidas nas situações de sinistro: imputáveis às empresas fornecedoras do bem ou prestadoras do serviço ao segurado, ou imputáveis aos peritos. Proposta Admitindo que estamos a trilhar um percurso que interessa a ambos propomos a realização de uma reunião entre a APS e o OBEGEF para troca de informações, sistematização da informação já existente e pormenorização do trabalho a desenvolver. Respeitaremos integralmente a confidencialidade dos dados que nos sejam fornecidos. Porto, 30 de Novembro de 2009 Pela Direcção Carlos José Gomes Pimenta Carlos Pimenta Digitally signed by Carlos Pimenta DN: cn=Carlos Pimenta, o=Universidade do Porto, ou=Faculdade de Economia do Porto, [email protected], c=PT Date: 2009.12.01 20:17:35 Z Faculdade de Economia da Universidade do Porto, R. Dr. Roberto Frias, 4200-464 Porto, Portugal [email protected] * http://www.gestaodefraude.eu 2