O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NA ECONOMIA BRASILEIRA E O INVESTIMENTO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NO EXTERIOR Fevereiro de 2003 A retomada em larga escala dos investimentos estrangeiros para o Brasil a partir de meados da década passada trouxe, relativamente, pouca contribuição para setores com maior saldo comercial e maior corrente de comércio. Além desse efeito, os maiores gastos com juros, remessas de lucros e pagamentos de royalties tornaram a empresa com participação majoritária do capital estrangeiro a principal responsável pelos volumosos déficits em transações correntes do país. A empresa estrangeira, que respondia por 31,8% do déficit em transações correntes brasileiro em 1995, passou a ser responsável por 61% desse déficit no ano 2000. O aumento de sua dívida externa representou cerca de 2/3 (66,9%) do aumento da dívida externa do país entre esses dois anos. Isso não significa dizer que no recente ciclo de investimentos o capital estrangeiro não contribuiu para ampliar as exportações brasileiras e enobrecê-las, como já o fizera em outras épocas, mas, sim, que uma política francamente desfavorecedora dos investimentos voltados à exportação (a política cambial do período 1994/98), aliada à ausência de uma política de atração de investimentos para setores capazes de fortalecer o comércio exterior deixou como resultado direto do recente ciclo de IDE o agravamento do desequilíbrio externo do país. Os dados mais recentes mostram que, na margem, o destino do investimento estrangeiro vem dando sinais de mudança após a introdução do câmbio flutuante. Não deriva das observações acima a recomendação de qualquer tipo de restrição ao capital produtivo estrangeiro. A recomendação é que o país adote políticas para estimular e atrair o capital estrangeiro para setores exportadores e/ou para segmentos que permitam uma maior integração do país nos fluxos internacionais de comércio. Do lado dos investimentos brasileiros no exterior, o presente estudo mostra que a internacionalização das empresas nacionais é ainda incipiente e que seus investimentos correspondem, geralmente, a um desdobramento da atividade exportadora das empresas, visando ampliar as suas exportações. O maior dinamismo das exportações significará, portanto, um incentivo adicional para a maior internacionalização das empresas nacionais, assim como apoiar os investimentos no exterior dessas empresas será o mesmo que estimular a atividade exportadora do país. Por isso, ambas as políticas – de promoção das exportações e de apoio à internacionalização das empresas nacionais – são recomendadas, já que uma realimenta e estimula a outra. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 1 O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 3 O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL E SEU IMPACTO SOBRE O SETOR EXTERNO.......... 5 Sumário e Principais Conclusões..................................................................................................... 5 Investimento Estrangeiro e Comércio Exterior Brasileiro: Breve Retrospecto ................................ 10 O Ciclo de IDE dos Anos 1990 ....................................................................................................... 15 Os Resultados do Censo de Capital Estrangeiro.......................................................................... 20 O Impacto do IDE Sobre o Déficit em Transações Correntes .................................................... 26 O Impacto do IDE Sobre os Fluxos de Comércio......................................................................... 31 Anexo................................................................................................................................................ 37 Bibliografia ...................................................................................................................................... 42 Os Investimentos de Empresas Brasileiras no Exterior......................................................... 44 Sumário e Principais Conclusões................................................................................................... 44 A Internacionalização da Produção: Aspectos Gerais................................................................. 48 Os Investimentos das Empresas de Capital Nacional no Exterior: Breve Retrospecto............ 52 Características Recentes da Internacionalização das Empresas Brasileiras ............................. 53 Capitais Brasileiros no Exterior .................................................................................................... 61 Anexo................................................................................................................................................ 64 Bibliografia ...................................................................................................................................... 67 O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 2 INTRODUÇÃO A recente divulgação de dois levantamentos do Banco Central – o Censo do Capital Estrangeiro de 2000 e a pesquisa sobre os capitais brasileiros no exterior – reabre a discussão de temas com presença destacada nos estudos realizados pelo IEDI e no debate econômico nacional dos últimos anos: o impacto do último ciclo de IDE (investimento direto estrangeiro) sobre o déficit externo brasileiro e a internacionalização da empresa brasileira. As características do investimento estrangeiro e a expansão internacional das empresas nacionais são pontos de destaque nas proposições do IEDI para a formulação de políticas de desenvolvimento para o Brasil. Esses temas são retomados no presente estudo1. Ambas as questões têm implicações amplas, mas são particularmente relevantes em termos do resultado em transações correntes do balanço de pagamentos brasileiro, que nos últimos anos foi fonte de constrangimentos à evolução da economia. As políticas que vêm sendo recomendadas pelo IEDI visam estimular a atração de investimentos para setores capazes de gerar maiores saldos comerciais, além de setores com maior corrente de comércio (exportações e importações). É sabido que o Brasil necessita consolidar e ampliar um superávit comercial que, em 2002, foi obtido mediante uma grande queda das importações, que, por seu turno, resultou da estagnação da economia e da elevadíssima desvalorização da moeda. Também é conhecido o fato de que o comércio internacional representa pouco na economia brasileira e que seria vantajoso elevar o envolvimento do país no comércio exterior. Os resultados do Censo de Capitais Estrangeiros de 2000 auxiliam em mostrar que a retomada em larga escala dos investimentos estrangeiros para o Brasil a partir de meados da década passada trouxe, relativamente, pouca contribuição para setores com maior saldo e maior corrente de comércio, dirigindo-se, em sua maioria, para segmentos tipicamente deficitários no comércio ou de baixo envolvimento de comércio exterior. Isso fez com que a empresa controlada pelo capital estrangeiro gerasse um significativo déficit comercial. Além desse efeito, os maiores gastos com juros, remessas de lucros e pagamentos de royalties tornaram a empresa com participação majoritária do capital estrangeiro a principal responsável pelo volumoso déficit em transações correntes do país. A empresa estrangeira passou a responder por 61% do déficit em transações correntes brasileiro no ano 2000 (31,8% em 1995) e por cerca de 2/3 (66,9%) do aumento da dívida externa do país entre 1995 e 2000. Isso não significa dizer que no recente ciclo de investimentos o capital estrangeiro não contribuiu para ampliar as exportações brasileiras e enobrecê-las, como já o fizera em outras épocas, mas, sim, que uma política francamente desfavorecedora dos investimentos voltados à exportação, como foi a política cambial do período 1994/98, aliada à ausência de uma política de atração de investimentos para o desenvolvimento de setores criteriosamente selecionados como estratégicos ao objetivo de fortalecer o comércio exterior deixou como resultado direto do recente ciclo de IDE o agravamento do desequilíbrio externo do país. 1 Os textos preliminares do presente trabalho foram elaborados pelos professores Célio Hiratuka, da UNICAMP (O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e Seu Impacto Sobre o Comércio Exterior, IEDI, 2002) e Maria Lussieu da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Os Investimentos de Empresas Brasileiras no Exterior, IEDI, 2002). A pesquisa sobre os Censos de Capitais Estrangeiros e sobre os capitais brasileiros no exterior, a coordenação dos trabalhos e a redação final do documento foram de responsabilidade de Julio Gomes de Almeida. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 3 Sabemos que o programa de privatização de empresas foi um forte condicionante da atração e orientação dos investimentos estrangeiros no período. Mas a observação pertinente é que as conclusões acima se mantêm, mesmo sendo levado em conta esse fator. Os dados mais recentes mostram que, na margem, o destino do investimento estrangeiro vem dando sinais de mudança após a introdução do câmbio flutuante. A alteração, que é perceptível nos anos 20001/2002, é ainda tímida, tanto porque coincide com a retração econômica mundial e dos fluxos mundiais de investimento, além da estagnação e do agravamento da instabilidade no plano interno. Mas já denota uma maior participação dos investimentos estrangeiros em setores exportadores e com maior corrente de comércio. Não deriva das conclusões acima a recomendação de qualquer tipo de restrição ao capital produtivo estrangeiro, mas, sim, que convém ao país adotar políticas, como, a propósito, outros países de economia emergente fazem, para estimular e atrair o capital estrangeiro para setores exportadores e/ou para segmentos que permitam uma maior integração do país nos fluxos internacionais de comércio. O capital estrangeiro é também decisivo para objetivos como desenvolvimento tecnológico e diversificação industrial. O estudo sobre o tema dos investimentos brasileiros no exterior mostra que a despeito do desenvolvimento na última década, a internacionalização das empresas nacionais é ainda incipiente e que seus investimentos correspondem, geralmente, a um desdobramento da atividade exportadora das empresas, visando ampliar as suas exportações. Na medida em que exportações brasileiras venham a ganhar dinamismo, isto significará, portanto, um incentivo adicional para a maior internacionalização das empresas nacionais. Por outro lado, apoiar os investimentos no exterior dessas empresas será o mesmo que estimular a atividade exportadora do país. Por isso, ambas as políticas – de promoção das exportações e de apoio à internacionalização das empresas nacionais – são recomendadas, já que uma realimenta e estimula a outra. A recente medida no âmbito do BNDES, no sentido de que essa instituição auxilie no financiamento dos investimentos no exterior de empresas nacionais vem nessa direção. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 4 O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL E SEU IMPACTO SOBRE O SETOR EXTERNO Sumário e Principais Conclusões A economia brasileira tem como uma de suas principais características o elevado grau de internacionalização da estrutura produtiva, com ampla presença de empresas de capital estrangeiro exercendo papel de liderança em diversos setores industrias e, sobretudo após a privatização de empresas e bancos estatais nos anos 1990, também em setores não industriais. Esse não é um fenômeno novo. O investimento direto estrangeiro (IDE) na indústria e o papel das empresas transnacionais (ETs) em setores dinâmicos da economia são aspectos constitutivos da industrialização brasileira. Articuladas pelo planejamento estatal com as empresas de capital nacional privado e público, as filiais das ETs foram fundamentais para o desenvolvimento e a consolidação de uma estrutura produtiva diversificada e convergente com a dos países mais desenvolvidos, ao menos no que tange ao peso dos diferentes setores na estrutura industrial. Embora tivessem importância no crescimento e diversificação da pauta de exportações ocorrida ao longo da década de 1970, o mercado externo era atividade relativamente marginal no conjunto de operações das ETs, em dimensão inferior, por exemplo, ao das grandes empresas nacionais. Essa situação se alterou um pouco na década de 80, quando as ETs destacaram-se na elevação das exportações e na geração de superávits comerciais, aumentando sua participação nas exportações brasileiras. Enquanto as exportações de manufaturados do Brasil cresceram a uma taxa média anual de 3,2% entre 1980 e 1989, para as empresas classificadas como estrangeiras entre as 1.000 maiores exportadoras, o crescimento foi de 5%. Nesses anos, os fluxos de IDE tiveram redução acentuada, combinada com o aumento das remessas de lucros para o exterior. Somente na década de 90, em especial em sua segunda metade, é que a economia brasileira voltaria a ser receptora de vultosos fluxos de IDE. Além da abertura financeira e do processo de privatização, ambos inaugurados no começo da década, a estabilização a partir de 1994 e a reativação da demanda interna estimularam novamente o ingresso de investimentos estrangeiros. A fragilidade das empresas nacionais em conseqüência dos elevados custos de capital e de tributação internos foi outro fator que impulsionou o ingresso de investimentos estrangeiros, levando à desnacionalização. Assim, a presença das ETs na estrutura industrial, que já era vasta, cresceu ainda mais. Partindo de um nível médio de US$ 2 bilhões na primeira metade da década de 1990, o IDE atingiu o auge em 2000, quando mais de U$S 32 bilhões líquidos ingressaram no país. Em 2001/2002, o investimento estrangeiro para a economia brasileira diminuiu em razão de uma substancial contração mundial de IDE e da instabilidade interna da economia. Nos fluxos mundiais, a participação brasileira que era inferior a 1% na primeira metade da década, alcançou 4,2% em 1998. Entre 1999 e 2001, a participação do Brasil caiu, porém mantendo volumes absolutos elevados. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 5 Em função da vulnerabilidade externa brasileira, os impactos desses novos investimentos sobre o comércio exterior do país e sobre o déficit em transações correntes passaram a ser temas centrais do debate sobre as possibilidades de crescimento sustentado da economia brasileira. Essas questões foram tratadas no presente estudo com base nos resultados dos Censos de Capitais Estrangeiros de 1995 e de 2000. Foram estimados os impactos do ciclo de IDE dos anos 1990 sobre o déficit em transações correntes e sobre o comércio exterior brasileiro. A conclusão, no primeiro caso, foi que as empresas com controle estrangeiro passaram a responder por parcela maior do grande déficit externo gerado pelo país. Em 2000, para um déficit total em transações correntes de US$ 24,3 bilhões (US$ 18,4 bilhões em 1995), o déficit das empresas controladas pelo capital estrangeiro atingiu US$ 14,9 bilhões (US$ 6,2 bilhões em 1995), o correspondente a 61,4% (33,8% em 1995). O maior desequilíbrio dessas empresas decorreu de um substancial aumento de seu déficit comercial ao lado de maiores pagamentos líquidos de juros e royalties. As empresas com participação estrangeira majoritária foram responsáveis ainda por mais de 2/3 (66,9%) do aumento de US$ 76,9 bilhões da dívida externa brasileira nesse mesmo período. Note-se que as empresas com participação estrangeira minoritária (participação entre 10% e 50%, que se aproxima conceito de joint venture) deram contribuição positiva (foram geradoras de saldo) ao resultado das contas externas brasileiras e que o conjunto formado pelas empresas nacionais, o setor público brasileiro e demais agentes econômicos, reduziram seu déficit externo entre 1995 e 2000. As evidências acima resumidas não autorizam concluir que no recente ciclo de investimentos o capital estrangeiro não contribuiu para ampliar as exportações brasileiras e enobrecê-las, como já o fizera em outras épocas, mas, sim, que uma política francamente desfavorecedora dos investimentos voltados à exportação, como foi a política cambial do período 1994/98, aliada à ausência de uma política de atração de investimentos voltada ao desenvolvimento de setores criteriosamente selecionados como estratégicos ao objetivo de fortalecer o comércio exterior (além de objetivos como os do desenvolvimento tecnológico e da diversificação industrial) deixou como resultado direto do recente ciclo de IDE o agravamento do desequilíbrio externo do país. Transações Correntes - US$ Bilhões Brasil Resultado Comercial Servicos e Rendas Comércio, Rendas e Serviços Tranferências Unilateriais Transações Correntes 1995 -3,5 -18,5 -22,0 3,6 -18,4 2000 -0,7 -25,0 -25,7 1,5 -24,2 Demais: Emp. Nacional, Setor Púb. e Outros 1995 2000 -5,8 -2,4 -12,9 -12,4 -18,7 -14,8 3,6 1,5 -15,1 -13,3 Emp. Com Part. Estrangeira 1995 2000 2,4 1,7 -5,7 -12,6 -3,3 -10,9 0,0 0,0 -3,3 -10,9 Empresa Estrang. Majoritária 1995 2000 -1,2 -4,7 -5,0 -10,2 -6,2 -14,9 0,0 0,0 -6,2 -14,9 Empresa Brasil - Emp. C/ Estrang. Part. Est. Var. Minoritária Var. 95/00 95/00 1995 2000 3,6 6,4 -80% -29% -0,6 -2,5 35% 123% 2,9 3,9 17% 233% 0,0 0,0 -58% 0% 2,9 3,9 32% 233% Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 6 Transações Correntes - % Brasil Demais: Emp. Emp. Com Empresa Empresa Nacional, Setor Part. Estrang. Estrang. Exportação Importação Resultado Comercial Juros - Líquido Lucros e Dividendos - Líquido Juros e Lucros Líquido Servicos e Rendas Transações Correntes 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 2000 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1995 53,2 61,2 168,5 82,9 7,2 62,4 69,5 82,1 2000 1995 39,6 43,4 343,4 51,5 8,3 43,5 49,5 54,8 46,8 38,8 -68,5 17,1 92,8 37,6 30,5 17,9 2000 60,4 56,6 -243,4 48,5 91,7 56,5 50,5 45,2 Minoritária Majoritária Estrangeira Púb. e Outros 1995 1995 31,2 31,4 34,3 10,9 100,1 35,0 27,1 33,8 2000 41,3 49,3 674,8 36,3 83,1 45,0 40,6 61,4 1995 2000 15,5 7,3 -102,8 6,3 -7,3 2,6 3,5 -15,9 19,0 7,3 -918,2 12,2 8,6 11,5 9,9 -16,2 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central. Dívida Externa - US$ Bilhões Brasil 1995 Dívida externa total % Variação 1995/2000 % 159,3 100,0 2000 236,2 100,0 76,9 100,0 Demais: Emp. Emp. Com Empresa Empresa Nacional, Setor Part. Estrang. Estrang. Púb. e Outros Estrangeira Majoritária Minoritária 1995 108,0 67,8 2000 129,7 54,9 21,6 28,1 1995 51,2 32,2 2000 106,5 45,1 55,3 71,9 1995 27,6 17,3 2000 1995 79,0 33,5 51,4 66,9 23,6 14,8 2000 27,5 11,6 3,9 5,0 Brasil Var. 95/00 48% Emp.C/ Part. Est. Var. 95/00 108% Fonte: Banco Central Sabemos que o programa de privatização de empresas foi um forte condicionante da atração e orientação dos investimentos estrangeiros no período. Mas a observação pertinente é que as conclusões acima se mantêm, mesmo sendo levado em conta esse fator. Para analisar o impacto do IDE sobre os fluxos de comércio, as empresas com participação estrangeira (que engloba as empresas com participação majoritária e minoritária) foram classificadas em 4 grupos, de acordo com a importância das exportações e importações para as suas operações. No primeiro grupo, composto por setores com propensão a exportar (relação entre exportações e receita operacional líquida) acima da média e propensão a importar (relação entre importações e receita operacional líquida) abaixo da média (Setores de Exportação – Superávit) predominam os setores primários ou industriais que utilizam intensamente recursos naturais e em geral apresentam valores elevados de exportação e importações bastante baixas. A propensão a exportar sobe a 35,7% contra 8% de propensão a importar. São, portanto, setores que contribuem fortemente para a geração de saldos comerciais positivos. Em 2000, o superávit do grupo foi de US$ 10 bilhões. O segundo (Setores Deficitários), formado pelos setores com propensão a exportar e a importar respectivamente abaixo e acima da média, tem importações muito superiores às importações, sendo composto em grande parte por setores industriais demandantes de insumos importados como o setor químico, material eletrônico e de comunicações e equipamentos de informática. Em conjunto, o grupo teve déficit de US$ 8,1 bilhões no ano 2000. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 7 O terceiro grupo conta com os setores de baixos volumes de exportação e importação, tanto em termos absolutos quanto em relação à receita (Setores de Baixo Comércio). A propensão a exportar é de 3,3% e a importar, de 5%. Em geral, são setores de serviços, tipicamente non-tradables. O grupo era deficitário em US$ 1,6 bilhões em 2000. O grupo 4 reúne os setores que apresentam um grau maior de integração ao comércio exterior, tanto pelo lado das exportações quanto pelo lado das importações (Setores de Elevado Comércio). Em sua grande maioria são setores industriais, tendo em muitos casos volumes significativos de comércio, embora com saldos comerciais, positivos ou negativos, relativamente reduzidos. O resultado comercial do grupo era positivo em US$ 1,5 bilhões. Ao verificar o quanto cada grupo recebeu de fluxos de investimento no período 19962001, pode-se ter uma idéia mais clara do impacto do IDE recente sobre o comércio exterior brasileiro. De todo o IDE acumulado entre 1996 e 2001, 60,2% foi direcionado para o grupo 3 (Setores de Baixo Comércio), cuja participação no total das exportações das empresas estrangeiras é de 9,1% e de 14,7% nas importações. Participação dos Grupos nos Indicadores de Comércio e IDE – % Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit Grupo 2 - Setores Deficitários Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio Não Classif. Total Export. 2000 38,8 15,1 9,1 36,8 0,2 100,0 Import. 2000 9,2 41,9 14,7 34,1 0,1 100,0 Estoque IDE 1995 21,2 18,8 31,4 24,6 4,0 100,0 Estoque IDE 2000 9,9 29,8 46,7 13,6 0,0 100,0 IDE acum. 1996-01 6,9 26,2 60,2 6,5 0,2 100,0 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central. Cerca de ¼ do total do fluxo de IDE foi para o grupo 2 (Setores Deficitários), o grupo de importações elevadas e saldo comercial negativo. Enquanto esse grupo responde por 41,9% das importações, participa com apenas 15,1% das exportações. O grupo 1 (Setores de Exportação – Superávit), que tem maior propensão a exportar do que a importar, recebeu o equivalente a apenas 6,9% do IDE acumulado entre 1996 e 2001. O grupo participa com 38,8% no total exportado e de 9,2% das importações das empresas estrangeiras. O menor volume de investimento coube ao grupo 4 (Setores de Elevado Comércio), cujo envolvimento comercial é maior tanto através das exportações quanto das importações. Esse grupo teve uma participação de 6,5% no total dos fluxos, contra uma participação de 36,8% no total exportado e 34,1% no total importado. Resumindo, em seu último ciclo iniciado em meados dos anos 1990, o investimento estrangeiro no Brasil dirigiu-se muito mais para os setores com baixa expressão direta em exportações e importações ou setores altamente deficitários no comércio exterior. Nada menos do que 87% dos US$ 125 bilhões de ingressos de investimentos diretos estrangeiros entre os anos de 1996 e 2001, ou quase US$ 110 bilhões foi para esses setores. Correspondeu O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 8 a apenas 13%, ou US$ 16 bilhões, os investimentos em setores de maior corrente de comércio (exportações e importações) ou setores superavitários. Os dados mais recentes mostram que, na margem, o destino do investimento estrangeiro vem dando sinais de mudança após a introdução do câmbio flutuante. A alteração, que é perceptível nos anos 20001/2002, é ainda tímida, tanto porque coincide com a retração econômica mundial e dos fluxos mundiais de investimento, além da estagnação e do agravamento da instabilidade no plano interno. Mas já denota uma maior participação dos investimentos estrangeiros em setores exportadores e com maior corrente de comércio. Não deriva das conclusões acima a recomendação de qualquer tipo de restrição ao capital produtivo estrangeiro, mas, sim, que convém ao país adotar políticas, como, a propósito outros países de economia emergente fazem, para estimular e atrair o capital estrangeiro para setores exportadores e/ou para segmentos que permitam uma maior integração do país nos fluxos internacionais de comércio. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 9 Investimento Estrangeiro e Comércio Exterior Brasileiro: Breve Retrospecto A importância das empresas estrangeiras na economia brasileira não é um fenômeno novo. Os fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE) na economia brasileira podem ser documentados pelo menos a partir do final do século XIX, sendo nesse período principalmente de origem inglesa e direcionados para os setores vinculados diretamente ou indiretamente aos negócios do café que demandavam serviços de transporte ferroviários e marítimos, seguros e atividades de apoio ao comércio exterior (ver Castro 1979). Desde a virada do século até o início da década de 1930, o investimento estrangeiro se diversifica. Aumenta a importância de empresas norte-americanas e surgem novos setores de atuação impulsionados pela maior urbanização e industrialização. Destacam-se os serviços de produção e distribuição de eletricidade. Já os investimentos estrangeiros direcionados para a indústria começam a ganhar relevância a partir da década de 30. No entanto, somente no pós-guerra as empresas transnacionais (ETs) na indústria brasileira passarão a ter decisiva dimensão. Embora no período anterior a presença do capital estrangeiro tenha sido importante, é a partir de meados da década de 50, quando a indústria brasileira desenvolve os encadeamentos setoriais típicos de uma economia industrial mais avançada, que as ETs passam a ser parte constitutiva da estrutura industrial, assumindo a liderança em diversos setores e determinando em grande medida a dinâmica industrial. No contexto externo, esse período foi marcado pela internacionalização produtiva das grandes empresas americanas, seguidas pelas corporações européias. No âmbito interno, o IDE e as atividades das ETs passaram a ser estimuladas explicitamente para conformar o tripé (juntamente com o capital privado nacional e as empresas estatais) sobre o qual se baseou a industrialização brasileira. A combinação de política liberal para o capital estrangeiro com proteção ao mercado interno através de elevadas barreiras tarifárias e não-tarifárias sobre as importações estimulou o fluxo de IDE para a indústria, principalmente naqueles setores onde eram mais explícitas as vantagens derivadas da posse de ativos específicos à propriedade das ETs para explorar o potencial de crescimento do mercado interno. O quadro abaixo mostra a participação das ETs na economia brasileira no início da década de 70. De acordo com os dados de Doellinger e Cavalcanti (1976) para uma amostra de 318 grandes empresas industriais para o ano de 1973, as estrangeiras representavam 41,8% do número de empresas, 40,4% do patrimônio líquido, 55,2 % do faturamento e 51,1% do emprego. Predominavam nos setores mais intensivos em capital e tecnologia. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 10 Estimativa de Participação das ETs nas Vendas da Indústria Por Setor - 1973 - % Setor Fumo Material de Transporte Produtos Farmacêuticos Material Elétrico Mecânica Plásticos Indústrias Diversas Borracha Minerais N-Metálicos Produtos Alimentares Produtos Químicos Vestuário e Calçados Petróleo e Derivados Têxtil Papel e Celulose Ferro e Aço Madeira Bebidas Perfumaria e Sabões Editorial e Gráfica Mobiliário Total Participação 99,9 96,4 93,0 76,2 74,7 70,1 66,4 66,1 59,7 53,8 51,1 49,7 40,8 37,9 37,1 26,5 17,6 14,7 3,3 1,0 55,3 Fonte: Doellinger e Cavalcanti (1976). No comércio exterior, o papel das ETs aumentaria a partir do final da década de 60. Até esse período, as atividades das filiais estiveram fundamentalmente voltadas para atender ao mercado interno, como de resto, em geral, toda a atividade industrial brasileira. Embora o ritmo de crescimento do comércio mundial tenha sido bastante intenso desde o pós-guerra, as exportações brasileiras ficaram praticamente estagnadas até meados da década de 60 em torno ao valor de US$ 1,4 bilhão. Apesar das transformações internas do setor industrial, o café ainda respondia por cerca de 45% do total exportado. Os produtos industrializados representavam apenas 15% das vendas externas (Baumann, 1985). A partir do final da década, quando se tornou explícito o objetivo de aumentar as exportações de manufaturados e foram executadas políticas de promoção, registrou-se um notável crescimento e diversificação da pauta exportadora brasileira, com participação crescente de produtos manufaturados (Baumann, 1985). Entre o início da década de 70 e o início da década de 80, as exportações de manufaturados cresceram quase 30% ao ano e a participação brasileira no comércio mundial aumentou de 0,26% entre 1970-72 para 0,86% no triênio 1981/83 (Gonçalves, 1987). O papel das ETs nesse processo foi importante. Os dados a seguir resumem estimativas de participação das empresas estrangeiras nas exportações brasileiras, segundo estudos de diferentes autores. Como se pode constatar, a atuação dessas empresas foi expressiva na ampliação da exportação de manufaturados. As filiais de empresas estrangeiras também foram responsáveis pela maior parte das exportações dos setores industriais mais dinâmicos. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 11 Estimativa de Participação das ETs no Comércio Exterior Vários Anos – % Ano 1967 1969 1971 1973 1975 1978 1980 1980 Fonte Fajnzylber (1971) 1 Fajnzylber (1971) 1 Baumann (1985) 1 Doellinger e Cavalcanti (1975) 1 Baumann (1985) 1 Baumann (1985) 1 Willmore(1987b) 2 Willmore (1987a) 2 Tamanho da Amostra 1.147 1.888 263 318 369 424 20.107 49.769 Participação 33,8 43,3 48,1 51,4 51,4 49,1 35,0 38,3 Fonte: Fritsch e Franco (1991). 1 Definição de empresa estrangeira – 10% do capital pertencente a não residentes. Nota: 2 Definição de empresa estrangeira – 25% do capital pertencente a não residentes. A maior presença das empresas de capital estrangeiro nas exportações dos setores mais dinâmicos e de maior conteúdo de tecnologia e mão-de-obra qualificada foi sublinhada por estudos, como o de Gonçalves (1987). Para o ano de 1980, o autor encontrou índices mais elevados de vantagem comparativa revelada para a economia brasileira em setores tradicionais, como Calçados, Madeira, Couros e Peles, Têxteis e Papel. Considerando as empresas estrangeiras, os índices foram maiores nos setores de Material Elétrico, Material de Transporte, Borracha, Farmacêutica e Mecânica. A conclusão é que um padrão de vantagem comparativa vigorava para as multinacionais instaladas no Brasil, bastante distinto do padrão relativo à indústria brasileira. A atuação das ETs contribuiu para uma maior modernização e sofisticação da indústria, principalmente ao longo da década de 70. Na década de 80 a instabilidade macroeconômica e o baixo crescimento econômico influenciaram o investimento estrangeiro. Nesse contexto, as ETs, como de resto todo o conjunto de grandes empresas industriais, implementaram uma estratégia defensiva. Participação das ETs nas Exportações Por Setor da Indústria Vários Anos – % Setor Ano Tamanho da Amostra Minerais não-metálicos Metalurgia Mecânica Mat. Elétrico Mat. De Transporte Madeira Papel Borracha Couro Produtos Químicos Plástico Produtos Farmacêuticos Perfumaria e cosméticos Têxteis Vestuário e Calçados Alimentos Bebidas Fumo Ind. Diversas Total Fanjzylber Doellinger e Cavalcanti Baumann 1969 1.888 77,8 29 78 64,6 72,7 3,5 6,1 78,2 18,4 26,7 89 78,9 1,6 11,8 6,5 23,3 43,3 1973 318 74,3 10,5 80,1 91,8 85,6 55,7 75,3 92,4 29,8 84,1 75 100 90,6 16 57,7 75,9 87,6 78,2 27,2 51,4 1978 424 65,9 29,6 83,5 99,2 78 25 19,2 100 33,5 19,7 100 100 43,4 11,7 31 100 100 49,1 Fonte: Fanjzylber (1971), Doellinger e Cavalcanti (1976) e Baumann (1985). O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 12 Isso se traduziu na busca de redução no grau de endividamento e na preservação da rentabilidade, tanto pela elevação dos mark-ups como pelo aumento das receitas nãooperacionais, através da manutenção da riqueza em ativos financeiros, especialmente títulos emitidos pelo governo. Essa orientação deu-se em detrimento de estratégias industriais de expansão de capacidade e inovações tecnológicas e organizacionais. Gonçalves (1994) denominou esse movimento de “recuo gradual”, caracterizado por uma grande redução nos fluxos de entrada de IDE e pelo aumento no volume de saída e de remessas de lucros. Em média, o fluxo líquido de capital estrangeiro produtivo (investimento, reinvestimento e conversão de dívida menos repatriamento e remessa de lucros) caiu de US$ 2,3 bilhões no período 1971-81 para apenas US$ 357 milhões entre 1982 e 1991. A relação entre os fluxos de remessas e entradas aumentou de 24% para 80% entre um período e outro. Ou seja, enquanto na década de 70, para cada bilhão de dólar trazido para o país para fazer funcionar as filiais de empresas estrangeiras, foram remetidos US$ 240 milhões, na década seguinte as remessas aumentariam para US$ 800 milhões para o mesmo valor de entrada de recursos. As informações reunidas por Bielschowsky (1992) mostram que o resultado desse processo foi uma menor participação das filiais estrangeiras nas vendas das maiores empresas do setor industrial. Entre 1980 e 1990, essa participação declinou de 38% para 32%. Esse processo foi generalizado para todos os setores industriais, com exceção de Produtos de Metais. As ETs, ao contrário do período anterior, mantiveram uma posição de espera, sem expandir suas atividades, mas também sem implementar uma estratégia mais agressiva de desinvestimento, dado o estoque de investimento passado, o tamanho do mercado interno e a possibilidade de continuar garantindo rentabilidade pela elevação das margens de lucro e através dos investimentos financeiros. Quanto ao comércio exterior, as estratégias das ETs foram condicionadas pela orientação da política econômica que, frente à necessidade de gerar divisas para honrar os compromissos externos, reforçou os subsídios e incentivos à exportação, elevou as barreiras à importação e manteve uma relação câmbio-salário favorável à exportação. Além disso, a estagnação do mercado interno estimulou ainda mais as grandes empresas na busca de mercados externos como forma de reduzir os níveis de capacidade ociosa. Os dados disponíveis (Bielschowsky, 1992), indicam um desempenho das exportações das ETs bastante superior ao do conjunto da economia brasileira na década de 1980. Enquanto o crescimento das exportações de manufaturados alcançava uma taxa média anual de 3,2% entre 1980 e 1989, para as empresas classificadas como estrangeiras entre as 1.000 maiores exportadoras, o aumento foi de 5% ao ano. Quanto ao coeficiente de exportações (relação entre exportação e vendas), este aumentou entre os anos de 1980 e 1988, de 9,9% para 12,6% para o setor manufatureiro como um todo. Para as ETs a evolução foi muito mais significativa: de 9,9% para 17%. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 13 Participação das ETs nas Vendas por Setor da Indústria 1980 e 1990 – % Setor Alimentos, Bebidas e Fumo Química Industrial Outros Produtos Químicos Borracha, Plástico e Produtos de Vidro Ferro, Aço e Metais não-ferrosos Produtos de Metais Maquinaria Equipamentos Elétricos Equipamentos de Transporte Outras Indústria Total 1980 35,0 55,1 74,1 37,0 43,4 31,0 50,1 58,0 74,6 27,3 38,0 1990 33,3 47,8 66,5 29,8 36,2 35,8 42,2 48,9 67,1 33,5 32,6 Fonte: Bielschowsky (1992). Obs.: Participação nas vendas das maiores empresas publicadas pela Revista Quem é Quem na Economia Brasileira (cerca de 3.500 empresas). Considerando ainda as empresas estrangeiras exportadoras, sua participação nas exportações brasileiras2 passou de 38,2% em 1980 para 44,1% em 1990, principalmente em razão do desempenho nos setores de Alimentos, Bebidas e Fumo, Metalurgia Básica e Outros Produtos Químicos. Nos demais setores, a participação permaneceu estável ou apresentou ligeiro declínio. Esses dados sugerem que a contribuição das ETs para o enobrecimento na pauta de produtos exportados foi menos relevante do que fora na década de 1970. Portanto, as ETs tiveram na década de 80 um papel destacado na elevação das exportações e na geração de saldos de comércio. Ampliaram o coeficiente de exportação, bem como sua participação nas vendas externas brasileiras. Porém, ao contrário do período anterior, sua contribuição em mudar e dar prosseguimento à evolução da pauta exportadora não foi tão relevante. Enquanto na média das exportações brasileiras aumentava a participação dos produtos com maior grau de elaboração, associados a setores como Mecânica, Material de Transporte e Material Elétrico, para as empresas estrangeiras a participação desses produtos diminuiu. Cabe sublinhar que o aumento das exportações das ETs correspondeu a uma estratégia defensiva, a qual também foi observada entre as empresas nacionais. O objetivo era preservar a rentabilidade frente ao contexto de retração e instabilidade no mercado interno. O aumento no grau de proteção comercial, dos incentivos à exportação e a manutenção de uma taxa de câmbio subvalorizada, foram outros determinantes do processo. Participação das ETs nas Exportações por Setor da Indústria 1980 e 1990 – % Setor Alimentos, Bebidas e Fumo Química Industrial Outros Produtos Químicos Borracha, Plástico e Produtos de Vidro Ferro, Aço e Metais Não-Ferrosos Produtos de Metais Maquinaria Equipamentos Elétricos Equipamentos de Transporte Outras Indústrias Total 1980 24,9 71,5 45,4 71,8 34,3 38,7 81,7 89,1 78,8 21,4 38,2 1990 33,9 57,2 65,6 70,2 45,4 32,5 82,6 87,7 68,2 13,6 44,1 Fonte: Bielschowsky (1992). Obs.: Participação nas exportações das 1.000 maiores exportadoras. 2 – Participação das Empresas Estrangeiras nas exportações das 1.000 maiores exportadoras registradas na CACEX. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 14 O Ciclo de IDE dos Anos 1990 Já foi observado que os investimentos estrangeiros no Brasil permaneceram em níveis muitos baixos e relativamente estagnados desde o início da crise da dívida dos anos 1980 até a entrada dos anos 1990. Ao longo da década passada voltaram a aumentar, registrando valores muito elevados. De um nível aproximado anual de US$ 1 bilhão nos primeiros anos da década de 1990 e de US$ 500 milhões nos anos 1980, os fluxos intensificaram-se a partir de 1994-95, quando a economia se estabiliza. Os dados a seguir mostram a evolução do IDE entre 1990 e 2001. O IDE atingiu um auge em 2000, quando mais de U$S 32 bilhões líquidos ingressaram no país. Em 2001, e, com maior intensidade, em 2002, os fluxos para a economia brasileira diminuíram em razão da drástica redução do fluxo mundial de IDE e do quadro de instabilidade externa e interna. Como proporção dos fluxos mundiais, os investimentos para o Brasil mostram uma notável progressão: de menos de 1% na primeira metade da década de 1990, atingem 4,2% do total mundial em 1998. Nesse mesmo ano, entre os países em desenvolvimento, a participação dos investimentos recebidos pelo Brasil também alcança seu índice máximo: 15,4%. Entre 1999 e 2001, a participação do Brasil foi menor, porém os volumes absolutos permaneceram elevados. Fluxos de Investimento Direto Estrangeiro na Economia Brasileira IDE Brasil (US$ Milhões) Participação no total (%) Mundo Países em desenvolvimento 1990-95 1 2.000 1996 10.792 1997 18.993 1998 28.856 1999 28.578 2000 32.779 2001 22.457 0,9 2,7 2,8 7,1 4,0 9,9 4,2 15,4 2,6 12,7 2,2 13,8 3,1 11,0 Fonte: BACEN, CEPAL e UNCTAD. Elaboração própria. 1 Nota: Média anual. A nível mundial, uma importante característica dessa nova onda de investimento foi a predominância de operações de aquisição e fusão (A&F) relativamente aos investimentos em novas plantas. Como se pode observar na tabela a seguir, a parcela de A&F em relação ao volume total de IDE mundial cresceu ao longo dos últimos anos, atingindo 80,8% em 2001. Essa tendência foi muito mais acentuada nos países desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento. Os dados para o Brasil, no entanto, mostram uma participação de A&F maior do que a média dos países em desenvolvimento, aproximando-se do padrão dos países desenvolvidos. Em grande parte, esse fato explica-se pela participação do capital estrangeiro no processo de privatização de empresas públicas ocorrido ao longo da década de 1990. Na segunda metade da década a participação dos investimentos nas privatizações no total do IDE recebido pelo Brasil foi sempre superior a 20%, atingindo 30,7% em 1999. Em 2001, essa relação cai para 4,8% do total, determinando também a queda das operações de A&F. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 15 Relação Aquisições e Fusões / IDE 1990-2001 - % Aquisições & Fusões / IDE Mundo Países Desenvolvidos Países em desenvolvimento Brasil Privatizações / IDE Privatizações / A&F 1990-95 52,3 71,1 17,0 27,5 n.d. n.d. 1996 58,8 85,3 21,4 60,6 24,5 40,5 1997 63,8 86,6 35,1 63,5 27,6 43,5 1998 76,6 91,5 44,1 101,8 21,2 20,8 1999 70,4 81,1 32,9 32,7 30,7 93,9 2000 76,7 86,0 29,7 70,2 20,4 29,0 2001 80,8 98,6 41,9 31,2 4,8 15,4 Fonte: UNCTAD 2002 e Banco Central do Brasil. Também merece destaque a mudança na composição setorial de destino do investimento. Tradicionalmente, em períodos passados, a maior parte dos investimentos estrangeiros dirigia-se para a indústria. Segundo o Censo de Capitais Estrangeiros de 1995, à indústria correspondia 67% do estoque acumulado de investimentos estrangeiros de US$ 41,7 bilhões. Serviços com 31% e atividades agrícolas com 2,2% tinham expressão muito inferior. Na indústria, a maior parte do capital estrangeiro estava na química, indústria automotiva, metalurgia básica, alimentos e máquinas e equipamentos. Nos serviços destacavam-se a prestação de serviços às empresas (as holdings estão classificadas nesse item), serviços financeiros e comércio atacadista. O Censo de 2000 registraria uma grande mudança deste quadro. Indústria e serviços praticamente invertem suas posições relativas. À indústria passa a corresponder 33,7% do estoque acumulado de investimentos estrangeiros e ao setor serviços, 64%. No período 1996 a 2000, justamente quando os fluxos tiveram um crescimento acelerado, o setor de serviços foi o maior receptor de IDE, registrando valores acumulados de US$ 83,3 bilhões ou 80% do total do IDE no período. Novamente, cabe destacar a privatização de empresas estatais brasileiras como fator condicionante desse resultado, particularmente nos setores de telecomunicações e geração e distribuição de energia elétrica. Esses dois segmentos responderam por 35% do total dos fluxos acumulados. Capital Integralizado Por Não Residentes (IDE) - US$ Mil Empresas com Participação Estrangeira Agricultura, Pecuária e Ext.Mineral Indústria Serviços Total 1995 2000 924.989 2,2% 2.401.079 2,3% 27.907.093 66,9% 34.725.619 33,7% 12.863.541 30,9% 65.887.811 64,0% 41.695.624 100,0% 103.014.509 100,0% Fonte: Banco Central. Outro destaque foi a intermediação financeira, refletindo, igualmente, um processo de privatização, no caso, dos bancos estaduais, mas também a aquisição de instituições financeiras por bancos estrangeiros. Cabe sublinhar que o setor de prestação de serviços a empresas, que registra valores elevados, inclui operações de empresas holding. No setor serviços, o estoque de IDE passou de US$ 12,9 bilhões para US$ 65,8 bilhões com crescimento de 412%. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 16 Na indústria, a perda de importância relativa não foi acompanhada de queda de valores absolutos de investimentos estrangeiros. Foram mantidos valores elevados sobretudo em setores que já desfrutavam de uma participação relevante no estoque de capital estrangeiro em 1995, como no setor automotivo, químico e alimentos e bebidas. Alguns outros setores na mesma condição, como metalurgia básica, máquinas e equipamentos e papel e celulose, tiveram um fluxo acumulado de investimento estrangeiro bastante abaixo dos demais setores. No total, a indústria absorveu 18% do IDE no período. O estoque de IDE na indústria cresceu 24,4% entre 1995 e 2000. Em atividades agrícolas e de extração, destaca-se como receptor de IDE o segmento de extração de petróleo. No conjunto, a atividade agrícola e de extração representou apenas 1,7% do fluxo acumulado entre 1996 e 2000. O estoque de IDE, muito inferior ao dos demais setores, cresceu 160% entre 1995 e 2000. A tabela a seguir resume os resultados dos Censos de 1995 e 2000, bem como os fluxos acumulados de IDE de 1996 a 2000. Note-se que o montante do estoque de capital apurado em 2000 corresponde a um valor (US$ 103,0 bilhões) substancialmente inferior ao resultado da soma do estoque de capitais relativo a 1995 com o fluxo de IDE do período 1996/2000 (US$ 145,4 bilhões). A relação entre um e outro, que é de 70%, reflete o impacto da desvalorização do real em 1999. Ainda assim, o crescimento do estoque de capital estrangeiro direto entre 1995 e 2000 foi elevado: 147%. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 17 Investimento Direto Estrangeiro - US$ Milhões e % Agr., pec. e ext. mineral Agricult., pecuária e servs. relacs. Silvicult., expl. florestal e servs.relacs. Pesca, aqüicultura e servs. relacs. Extração petróleo e servs. relacs. Extração de minerais metálicos Extração minerais não-metálicos Indústria Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos do fumo Fabr. de produtos têxteis Conf. de arts. vestuário e acessórios Prep. couros, fabr. artefs. e calçados Fabr. de produtos de madeira Fabr. celul., papel e produtos papel Edição, impressão, repr. gravações Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool Fabr. de produtos químicos Fabr. artigos de borracha e plástico Fabr. produtos minerais não-metáls. Metalurgia básica Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas escrit. e equips. inform. Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic. Fabr.equips.méds.-hospitalar Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs. Fabr. outros equips. transporte Fabr. móveis e indústrias diversas Reciclagem Serviços Eletricidade, gás e água quente Captação, tratam. e distribuicão água Construção Comérc. e repar. veícs.,comérc.combusts. Comérc. atacado e interms. comércio Comérc. varej. e repar. de objetos Alojamento e alimentação Transporte terrestre Transporte aqüaviário Transporte aéreo Ativs. auxils. transp. e agências viagem Correio e telecomunicações Intermediação financeira Seguros e previdência privada Ativs. auxils. da interm. financeira Atividades imobiliárias Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos Ativs. de informática e conexas Pesquisa e desenvolvimento Serviços prestados a empresas Educação Saúde e serviços sociais Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas Atividades associativas Ativs. recreats. culturais e desportivas Serviços pessoais Organismos internacionais Total Estoque 1995 Valor % 925 2,2 207 0,5 30 0,1 8 0,0 72 0,2 567 1,4 41 0,1 27.907 66,9 2.828 6,8 715 1,7 530 1,3 78 0,2 428 1,0 29 0,1 1.634 3,9 138 0,3 0,0 5.331 12,8 1.539 3,7 854 2,0 3.005 7,2 573 1,4 2.345 5,6 458 1,1 1.101 2,6 785 1,9 168 0,4 4.838 11,6 223 0,5 294 0,7 13 0,0 12.864 30,9 0 0,0 2 0,0 203 0,5 84 0,2 2.132 5,1 669 1,6 364 0,9 6 0,0 90 0,2 25 0,1 71 0,2 399 1,0 1.638 3,9 150 0,4 390 0,9 1.109 2,7 363 0,9 115 0,3 6 0,0 4.952 11,9 1 0,0 18 0,0 2 0,0 54 0,1 15 0,0 2 0,0 1 0,0 41.696 100,0 Fluxo Ac. 1996/00 Estoque 2000 Valor % Valor % 1.781 1,7 2.401 2,3 58 0,1 288 0,3 158 0,2 88 0,1 0,0 8 0,0 862 0,8 1.022 1,0 597 0,6 611 0,6 106 0,1 384 0,4 18.633 18,0 34.726 33,7 2.856 2,8 4.619 4,5 418 0,4 724 0,7 271 0,3 677 0,7 49 0,0 148 0,1 0,0 49 0,0 159 0,2 240 0,2 45 0,0 1.573 1,5 116 0,1 191 0,2 33 0,0 1 0,0 3.334 3,2 6.043 5,9 592 0,6 1.782 1,7 843 0,8 1.170 1,1 506 0,5 2.513 2,4 172 0,2 593 0,6 1.227 1,2 3.324 3,2 733 0,7 281 0,3 685 0,7 990 1,0 1.686 1,6 2.169 2,1 88 0,1 736 0,7 4.360 4,2 6.351 6,2 327 0,3 356 0,3 131 0,1 183 0,2 0,0 12 0,0 83.282 80,3 65.888 64,0 13.324 12,8 7.116 6,9 164 0,2 146 0,1 530 0,5 416 0,4 544 0,5 429 0,4 4.423 4,3 5.918 5,7 3.373 3,3 3.893 3,8 82 0,1 317 0,3 337 0,3 215 0,2 55 0,1 73 0,1 11 0,0 10 0,0 90 0,1 198 0,2 22.701 21,9 18.762 18,2 15.921 15,4 10.671 10,4 463 0,4 492 0,5 1.139 1,1 1.488 1,4 254 0,2 798 0,8 52 0,1 84 0,1 1.696 1,6 2.543 2,5 0,0 735 0,7 17.733 17,1 11.019 10,7 0,0 6 0,0 0,0 70 0,1 34 0,0 122 0,1 38 0,0 8 0,0 317 0,3 353 0,3 0,0 7 0,0 0,0 0,0 103.695 100,0 103.015 100,0 Fonte: Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 18 Fluxos de IDE - US$ Milhões 24.139 20.362 20.147 12.818 12.547 7.002 7.001 5.815 1.740 1996 5.087 2.037 1997 2.766 1998 Indústria 1999 2000 2001 Serviços O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 19 Os Resultados do Censo de Capital Estrangeiro Os resultados do último Censo de Capital Estrangeiro realizado pelo Banco Central (ano base: 2000) combinados com os resultados do Censo anterior (ano base: 1995) permitem destacar vários aspectos relativos ao último ciclo de investimento estrangeiro para o Brasil. Uma análise mais detida do impacto do capital estrangeiro sobre o balanço de pagamentos e sobre o comércio exterior brasileiros será realizada nos dois próximos itens. Aqui são reunidas e comentadas algumas características gerais. Ao lado do grande aumento do estoque de investimento direto estrangeiro (IDE) e de sua concentração no setor serviços – traços que já foram salientados – o Censo de 2000 revelou: Pequena variação na distribuição regional do estoque de IDE: a região sudeste ainda concentra 87% do estoque de IDE; nas regiões Sul e Centro-Oeste o estoque de IDE aumentou. Notável mudança na participação dos países investidores no Brasil. Espanha e Portugal, que juntos não representavam mais do que 1% do total do estoque de IDE em 1995, passam a absorver 15% em 2000. Países com participação mais destacada em 1995, como França e Holanda, elevam significativamente sua participação. Estados Unidos e, sobretudo, Alemanha, foram os países que perderam posição.3 Capital Integralizado Por Não Residentes (IDE) - US$ Mil Empresas com Participação Estrangeira Região Geográfica 1 Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 2 Exterior Total 1995 840.714 2,0% 1.618.480 3,9% 217.951 0,5% 36.682.852 88,0% 2.283.847 5,5% 51.780 0,1% 41.695.624 100,0% 2000 1.571.463 3.187.045 1.303.687 89.321.612 7.528.555 102.148 103.014.509 1,5% 3,1% 1,3% 86,7% 7,3% 0,1% 100,0% Fonte: Banco Central. 1 Segundo a localização do maior imobilizado do declarante. Notas: 2 Maior parcela do imobilizado do declarante está localizada no exterior. Capital Integralizado Por Não Residentes (IED) - US$ Mil Empresas com Participação Estrangeira País do Investidor Estados Unidos Espanha Países Baixos (Holanda) França Ilhas Cayman Alemanha Portugal Demais Países Total 1995 10.852.183 251.010 1.545.798 2.031.459 891.678 5.828.042 106.610 20.188.843 41.695.624 2000 26,0% 24.500.107 0,6% 12.253.090 3,7% 11.055.332 4,9% 6.930.850 2,1% 6.224.806 14,0% 5.110.235 0,3% 4.512.102 48,4% 32.427.987 100,0% 103.014.509 23,8% 11,9% 10,7% 6,7% 6,0% 5,0% 4,4% 31,5% 100,0% Fonte: Banco Central. 3 Ver no Anexo maiores detalhes setoriais da distribuição do estoque de IDE por país de origem do investimento. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 20 Os censos apresentam também dados contábeis e outras informações (número de empregados, comércio exterior etc) para duas categorias de empresas estrangeiras: “Empresas com participação estrangeira” são aquelas instituições sediadas no país “com participação direta ou indireta de não-residentes em seu capital social de, no mínimo, 10% das ações ou quotas com direito a voto ou 20% de participação direta ou indireta no capital total. Em 1995, eram 6.322 instituições nessa categoria e, em 2000, 11.404 instituições. “Empresas com participação estrangeira majoritária” (ou “empresas controladas por nãoresidentes”) são “aquelas de cujo capital social participam não-residentes com mais de 50% do capital votante”. Somavam 4.902 em 1995 e 9.712 em 2000. Por diferença (valores relativos ao primeiro conjunto menos valores correspondentes ao segundo) foram apuradas as informações para o que chamamos de “empresas com participação estrangeira minoritária”. Para os dados de comércio exterior e de balanço de pagamentos, também apuramos valores para “demais: empresas nacionais, setor público e outros”, igualmente por diferença, no caso entre os valores correspondentes a “Brasil” e os valores para “empresas com participação estrangeira”.4 O Censo de capitais estrangeiros registrou um valor do estoque de investimento direto em 2000 de R$ 201 bilhões, ou US$ 103 bilhões, evidenciando um crescimento substancial relativamente aos dados do Censo de 1995, quando o valor em dólar do estoque de capital estrangeiro alcançara US$ 41,7 bilhões (aumento de 147% no período de 5 anos ou 20% ao ano). As empresas com participação estrangeira detinham ativos em 2000 no valor de US$ 467 bilhões (US$ 280 bilhões em 1995), o que correspondia a 80% do PIB brasileiro e sua receita líquida de vendas alcançava US$ 231 bilhões ou 40% do PIB. Empregavam 1.710 mil pessoas. As empresas com participação majoritária do capital estrangeiro detinham investimentos diretos no país de US$ 94,6 bilhões (crescimento de 167% com relação a 1995), tinham ativos de US$ 328 bilhões (55% do PIB) e receita operacional líquida de US$ 179 bilhões (30% do PIB). Empregavam 1.298 mil trabalhadores. Os principais resultados contábeis dos Censos de Capitais Estrangeiros são apresentados no Anexo. É possível constatar o grande avanço da dívida total, interna e externa das empresas estrangeiras em seu último ciclo de expansão na economia brasileira. O modelo empresarial que acompanhou esse ciclo combinou, portanto, grande influxo de investimento com elevada contratação de dívidas. O resultado tendeu mais para a segunda do que para a primeira característica, resultando em maior endividamento das empresas estrangeiras com operação no Brasil. De fato, como mostram os dados da tabela abaixo, o endividamento global aumentou entre 1995 e 2000, especialmente para as empresas com participação estrangeira majoritária. 4 Os valores em reais (relativos aos dados contábeis) foram convertidos em dólar norte-americano pela taxa de câmbio de final de período para os dados de estoque (como ativo, dívida, patrimônio líquido, estoque de IDE etc): R$ 0,9726 e R$ 1,9554 para 31/12/1995 e 31/12/2000, respectivamente. Para os dados de fluxo (receita operacional líquida, pagamento de juros, lucro etc) os valores originais foram convertidos pela taxa média de venda do ano: R$ 0,9177 em 1995 e R$ 1,8295 em 2000. Note-se que as informações relativas ao comércio exterior (exportação e importação) foram obtidas pelos Censos diretamente em dólar. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 21 A relação entre o patrimônio líquido e o ativo das empresas com participação estrangeira caiu de 38,5% para 27,8% e de 42,4% para 26,0% entre as empresas com participação estrangeira majoritária. Os indicadores de endividamento total, interno e externo confirmam que, a despeito do grande volume de investimento direto estrangeiro para o Brasil no período recente, no modelo de financiamento da expansão das empresas estrangeiras operantes no país predominou o financiamento mediante o endividamento. Em 2000, para cada US$ 1,00 de patrimônio líquido, as empresas com participação estrangeira tinham US$ 1,98 de dívidas, das quais, US$ 0,82 de dívida externa e US$ 1,16 de dívida interna; para cada US$ 1,00 de investimento estrangeiro direto, as empresas com participação estrangeira tinham US$ 2,49 de dívidas, das quais, US$ 1,03 de dívida externa e US$ 1,46 de dívida interna. Isso teve conseqüências relevantes para o aumento da dívida externa brasileira e pressionou o restrito mercado interno de crédito. Relações Contábeis e Financeiras Emp. Com Part. Estrangeira 1995 Patrimônio Líquido / Ativo (%) Exigível / Patrimônio Líquido (%) Dívida Total / Patrimônio Líquido. (%) Dívida Interna / Patrimônio Líquido (%) Dívida Externa / Patrimônio Líquido (%) Dívida Externa c/ Cont. e Col. / Dívida Externa (%) Dívida Total / Investimento Externo (%) Dívida Interna / Investimento Externo (%) Dívida Externa / Investimento Externo (%) Margem Bruta (%) Margem Antes das Var. Monet. e Camb. e Corr. Balanço (%) Margem Antes do IR e Contribuições (%) Margem Líquida (%) Lucro Líquido / Ativo (%) Lucro Líquido / Patrimônio Líquido (%) Ativo / No. de Empregados (US$ Mil) Investimento Externo / No. de Empregados (US$ Mil) 2000 38,5 159,5 124,3 76,9 47,4 28,4 322,1 199,2 122,8 25,2 6,5 5,5 3,2 2,3 5,9 207,3 30,8 Empresa Estrang. Majoritária Empresa Estrang. Minoritária 1995 1995 27,8 259,8 197,5 115,6 82,0 47,7 249,1 145,7 103,4 31,1 3,3 0,2 (1,2) (0,6) (2,2) 273,4 60,3 2000 42,4 135,9 97,5 57,7 39,8 43,9 190,1 112,4 77,7 27,3 6,7 5,7 2,9 2,5 5,9 179,2 39,0 26,0 284,2 213,0 120,5 92,5 56,6 192,3 108,8 83,5 29,1 1,6 (1,3) (2,6) (1,4) (5,5) 252,7 72,9 33,2 201,5 172,0 111,2 60,9 10,4 1.079,2 697,4 381,9 20,4 6,1 5,1 3,8 2,0 5,9 265,3 14,0 2000 32,0 213,0 167,8 106,0 61,7 22,0 889,7 562,3 327,4 37,7 9,1 5,2 3,5 1,3 4,1 338,8 20,4 Fonte: Banco Central. Como mostra a tabela a seguir, desse modelo resultou que a empresa com participação estrangeira, cuja dívida externa representava 32,2% da dívida externa total brasileira de US$ 159,3 bilhões em 1995, passa a responder por 45,1% de uma dívida total de US$ 236,2 bilhões em 2000. Do aumento dessa dívida (US$ 76,9 bilhões no período considerado), a elevação da dívida externa das empresas com participação estrangeira foi responsável por 71,9% (US$ 55,3 bilhões). Considerando apenas as empresas com participação estrangeira majoritária, estas foram responsáveis por 66,9% (US$ 51,4 bilhões) do aumento da dívida externa brasileira. Dívida Externa - US$ Bilhões Brasil 1995 Dívida externa total % Variação 1995/2000 % 159,3 100,0 2000 236,2 100,0 76,9 100,0 Demais: Emp. Emp. Com Empresa Empresa Nacional, Setor Part. Estrang. Estrang. Púb. e Outros Estrangeira Majoritária Minoritária 1995 108,0 67,8 2000 129,7 54,9 21,6 28,1 1995 51,2 32,2 2000 106,5 45,1 55,3 71,9 1995 27,6 17,3 2000 1995 79,0 33,5 51,4 66,9 23,6 14,8 2000 27,5 11,6 3,9 5,0 Brasil Var. 95/00 48% Emp.C/ Part. Est. Var. 95/00 108% Fonte: Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 22 Em parte, o aumento verificado nos índices de endividamento das empresas estrangeiras decorreu da maior participação do setor serviços no investimento estrangeiro. Nesse setor, e, em especial, no segmento de intermediação financeira, são registradas as mais baixas relações patrimônio líquido/ativo, como mostra a tabela abaixo. Porém, os dados mostram também que o aumento de endividamento das empresas estrangeiras ocorreu de forma geral nos diversos setores e segmentos da economia, incluindo o setor industrial e o setor primário, onde os índices de endividamento são menores. Distribuição por Setor - Empresas com Participação Estrangeira Setores Agricultura, Pecuária e Extrativa Mineral Indústria Serviços Total Quant. Empregados Mil Ativo / Quant. Pat. Líquido / Empregados Ativo (US$ Mil) (%) Result. Líq. Após Partic. (US$ Milhões) 1995 79 972 300 1.353 1995 2000 1995 2000 110 219 47 57 144 144 37 53 437 444 24 22 207 273 28 39 1995 2000 (420) (510) 5.451 2.768 1.070 (5.977) 6.104 (3.719) 2000 37 944 729 1.710 Fonte: Banco Central. Devemos considerar a alternativa de que a dívida das empresas estrangeiras junto às suas controladas e coligadas seja considerada como investimento direto estrangeiro. A propósito, na apuração das contas externas brasileiras este é o procedimento que o Banco Central adota para os empréstimos intercompanhias. Justifica-se também um exercício como esse porque no período coberto pelos Censos do Capital Estrangeiro era elevado o risco de desvalorização da moeda nacional, o que poderia resultar em desvalorização em moeda forte do capital social integralizado por estrangeiros. Já vimos que de fato ocorreu uma significativa desvalorização do estoque de investimento direto estrangeiro em 2000, em função da desvalorização do real em 1999. Diante desse risco, é provável que no ciclo de IDE para o Brasil durante a segunda metade dos anos 1990, as empresas estrangeiras tenham optado por aportar recursos em suas filiais ou coligadas no país na forma de empréstimo intercompanhia – que, por constituir uma relação contratual, mantém invariável o valor em moeda forte dos recursos aportados durante o prazo estabelecido do empréstimo – e não diretamente por investimento no capital. Sendo assim, o valor efetivo do estoque de IDE estaria subestimado em 1995 e em 2000 (mais nesse do que primeiro ano). De fato, considerada como investimento direto a dívida das empresas com participação estrangeira com suas controladas e coligadas, o estoque de IDE subiria para US$ 71,4 bilhões e US$ 185,6 bilhões nesses dois anos, com crescimento de 160%. Também seriam alterados os indicadores de endividamento anteriormente comentados Os novos resultados para as “relações contábeis e financeiras” estão reproduzidas no quadro abaixo, onde se pode constatar que seriam bem menores os índices de endividamento das empresas estrangeiras, sem, contudo, alterar a direção das conclusões anteriormente tiradas da análise, quais sejam, as de que no recente boom de IDE para o Brasil, o modelo de financiamento das empresas com participação estrangeira (sobretudo as empresas estrangeiras majoritárias) foi um modelo de maior endividamento interno e externo dessas empresas. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 23 Relações Contábeis e Financeiras (Considerando a dívida interna e externa com controladas e coligadas como investimento direto) Emp. Com Part. Estrangeira 1995 Patrimônio Líquido / Ativo (%) Exigível / Patrimônio Líquido (%) Dívida Total / Patrimônio Líquido. (%) Dívida Interna / Patrimônio Líquido (%) Dívida Externa / Patrimônio Líquido (%) Dívida Externa c/ Cont. e Col. / Dívida Externa (%) Dívida Total / Investimento Externo (%) Dívida Interna / Investimento Externo (%) Dívida Externa / Investimento Externo (%) Margem Bruta (%) Margem Antes das Var. Monet. e Camb. e Corr. Balanço (%) Margem Antes do IR e Contribuições (%) Margem Líquida (%) Lucro Líquido / Ativo (%) Lucro Líquido / Patrimônio Líquido (%) Ativo / No. de Empregados (US$ Mil) Investimento Externo / No. de Empregados (US$ Mil) 49,1 103,5 75,9 49,3 26,6 39,7 146,5 95,2 51,3 25,2 6,5 5,5 3,2 2,3 4,6 207,3 52,8 2000 45,5 119,9 81,9 55,6 26,2 91,1 93,7 63,7 30,0 31,1 3,3 0,2 (1,2) (0,6) (1,3) 273,4 108,6 Empresa Estrang. Majoritária 1995 56,9 75,7 47,1 30,4 16,6 78,3 73,9 47,7 26,1 27,3 6,7 5,7 2,9 2,5 4,4 179,2 65,0 2000 46,5 115,2 75,3 52,8 22,5 130,4 71,0 49,8 21,2 29,1 1,6 (1,3) (2,6) (1,4) (3,1) 252,7 124,5 Empresa Estrang. Minoritária 1995 38,3 161,4 135,9 88,6 47,3 11,6 501,1 326,7 174,4 20,4 6,1 5,1 3,8 2,0 5,1 265,3 27,5 2000 43,1 131,9 98,4 62,7 35,7 28,2 246,8 157,4 89,5 37,7 9,1 5,2 3,5 1,3 3,1 338,8 58,2 Fonte: Banco Central. Dois outros resultados do Censo merecem ser destacados. O primeiro, diz respeito ao emprego nas empresas com participação estrangeira. Este, entre 1995 e 2000, passou de 1.353 mil pessoas para 1.710 mil, uma evolução (26% no acumulado desse período) muito aquém da evolução de itens como o estoque de investimento direto estrangeiro ou o volume de ativos das empresas estrangeiras. A relação ativo/número de empregados, que é um indicador da intensidade de capital das empresas estrangeiras, aumentou de US$ 207 mil para US$ 273 mil entre 1995 e 2000, em grande parte devido à maior expressão nos ativos das empresas estrangeiras do setor onde é maior, em média, essa relação, ou seja, o setor serviços (ver a tabela abaixo e, para mais detalhes, os dados do Anexo). Note-se que no setor industrial a relação ativo/número de empregados não aumentou, o que significa dizer que se a expansão do capital estrangeiro no período 1995/2000 acompanhasse a composição setorial observada até 1995, seu impacto sobre a geração de empregos teria sido muito mais expressivo do que de fato ocorreu. Em segundo lugar, cabe observar que o lucro líquido negativo apurado para o consolidado das empresas com participação estrangeira em 2000, foi inteiramente uma decorrência do resultado negativo das empresas do setor serviços (e, neste, destacadamente, em telecomunicações). Na indústria, o resultado líquido após as participações caiu com relação ao lucro apurado em 1995, porém manteve-se positivo. Os resultados do comércio exterior mostram relevantes diferenças. Em seu conjunto, as empresas com participação estrangeira mantiveram em 2000 um saldo comercial positivo (US$ 1,7 bilhões), embora menor do que em 1995 (US$ 2,4 bilhões). Esse foi um resultado condicionado pelas empresas com participação estrangeira minoritária, cujo saldo cresceu de US$ 3,6 bilhões para US$ 6,4 bilhões. As empresas com participação estrangeira majoritária, que já eram deficitárias em 1995 (US$ 1,2 bilhões), ampliaram significativamente o resultado negativo em 2000 (US$ 4,7 bilhões). O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 24 Dados do Comércio Exterior - US$ Milhões Emp. com Part. Estrangeira 1995 Exportações Importações Saldo Exportações Realizadas para Controladas/Coligadas (FOB) Importações Realizadas de Controladas/Coligadas (FOB) Saldo - Controladas/Coligadas (FOB) Exportações Realizadas para Outros (FOB) Importações Realizadas de Outros (FOB) Saldo - Outros (FOB) 21.745 19.371 2.374 9.078 8.529 549 12.667 10.842 1.825 Empresa Estrang. Majoritária 2000 1995 2000 33.250 31.553 1.697 21.055 18.236 2.819 12.195 13.318 (1.122) 14.520 15.709 (1.190) 6.628 7.979 (1.351) 7.892 7.730 161 22.776 27.479 (4.703) 15.944 17.627 (1.683) 6.832 9.853 (3.021) Empresa Estrang. Minoritária 1995 2000 7.225 3.662 3.563 2.450 550 1.900 4.775 3.112 1.663 10.474 4.074 6.400 5.111 609 4.502 5.363 3.465 1.898 Emp. com Part. Est. Var. 95/00 53% 63% -29% 132% 114% 413% -4% 23% -162% Fonte: Banco Central. Outros resultados importantes do Censo na área do comércio exterior são: As exportações e mais ainda as importações das empresas com participação estrangeira cresceram acima das exportações e importações totais do Brasil. De 1995 a 2000, a participação dessas empresas no comércio exterior brasileiro passou de 46,8% para 60,4% no caso das exportações e de 38,8% para 56,6% no caso das importações. Os coeficientes de comércio (exportações/receita operacional líquida – propensão a exportar – e importações/receita operacional líquida – propensão a importar) evoluíram no período. No caso do coeficiente de exportação, o aumento de 10,8% para 14,4% foi comandado pelas empresas com participação estrangeira minoritária; no caso do coeficiente de importação, que passou de 9,7% para 13,6%, as empresas com participação estrangeira majoritária lideraram o processo. Cresceu também fortemente o comércio intra-firmas. No ano 2000, do total das exportações das empresas com participação estrangeira, 63,3% correspondiam a vendas para empresas controladas ou coligadas (41,7% em 1995); do total das importações, 57,8% correspondiam a compras de empresas controladas ou coligadas (44,0% em 1995). Note-se que no caso das empresas com participação estrangeira minoritária, o comércio intra-firma é expressivo do lado das exportações, mas de muito menor importância do lado das importações. Relações do Comércio Exterior Emp. com Part. Estrangeira 1995 Exportações / Exportações Brasil (%) Importações / Exportações Brasil (%) Exportações - Cont. e Colg / Exportações Totais (%) Importações - Cont. e Colg / Exportações Totais (%) Exportações / Rec. Op. Líq. (Propensão a Exp.) (%) Importações / Rec. Op. Líq. (Propensão a Imp.) (%) 46,8 38,8 41,7 44,0 10,8 9,7 2000 60,4 56,6 63,3 57,8 14,4 13,6 Empresa Estrang. Majoritária 1995 2000 31,2 31,4 45,6 50,8 10,3 11,2 41,3 49,3 70,0 64,1 12,8 15,4 Empresa Estrang. Minoritária 1995 15,5 7,3 33,9 15,0 12,0 6,1 2000 19,0 7,3 48,8 14,9 19,7 7,7 Fonte: Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 25 O Impacto do IDE Sobre o Déficit em Transações Correntes Um dos aspectos mais destacados nas análises sobre o investimento estrangeiro no Brasil nos últimos anos é o do financiamento do déficit em transações correntes brasileiro. O que usualmente essas análises sublinham é a crescente importância dos recursos dos fluxos de IDE para o financiar o setor externo brasileiro. Seria essa uma modalidade melhor para o país de financiamento de seu desequilíbrio externo, uma tese com a qual concordamos. Como o gráfico abaixo mostra, desde a mudança da política cambial em 1999, os fluxos de IDE para o país têm sido superiores ou muito próximos ao déficit em transações correntes. Isso foi válido mesmo nos anos de 2001 e 2002, quando esses fluxos sofreram uma significativa redução. Déficit em Transações Correntes e IDE Valores Acumulados em Doze Meses - US$ Bilhões 40 35 30 25 20 15 10 5 Déficit Transações Correntes jul/02 out/02 abr/02 jan/02 out/01 jul/01 abr/01 jan/01 out/00 jul/00 jan/00 abr/00 out/99 jul/99 abr/99 jan/99 out/98 jul/98 abr/98 jan/98 jul/97 out/97 abr/97 jan/97 out/96 jul/96 abr/96 jan/96 0 IDE O ângulo de análise que seguiremos aqui difere dessa abordagem. Desejamos estimar o impacto do recente ciclo de crescimento do IDE sobre o déficit em transações correntes e sobre os resultados do comércio do país. Neste item trataremos do primeiro tema; no item seguinte, do segundo. Nosso objetivo é chegar o mais próximo o quanto possível do resultado em transações correntes das categorias de empresas reunidas pelos Censos de Capitais Estrangeiros, quais sejam, de “empresas com participação estrangeira” e “empresas com participação estrangeira majoritária”. Além disso, podemos, por diferença, estimar os mesmos resultados para “empresas com participação estrangeira minoritária” e “demais: empresas nacionais, setor público e outros”, no primeiro caso, pela diferença dos valores relativos àquelas duas categorias; no segundo, pela diferença entre os valores correspondentes a “Brasil” e os valores para “empresas com participação estrangeira”. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 26 Convém frisar que os Censos de 1995 e de 2000 coletaram diretamente em dólar norte-americano o valor das exportações e importações. O resultado da balança comercial, portanto, é dado diretamente pelos Censos, sem necessidade de estimativas ou conversões de moeda. Em moeda nacional (reais) foram coletados os valores dos pagamentos a não residentes (assim como recebimentos de não-residentes) relativos de juros, lucros e royalties. A única operação para obtermos esses valores em dólar consiste na conversão dos valores em moeda nacional para essa moeda estrangeira, o que foi feito usando as taxas de câmbio já observadas. Portanto, para balança comercial, lucros e dividendos, juros e royalties, é possível, de forma simples, dispor de valores para todas as categorias acima mencionadas sem necessidade de estimativas. Cabe observar que esses itens correspondem à cerca de 80% do resultado em transações correntes do Brasil nos dois anos dos Censos. Todos os demais itens do balanço de transações correntes – transportes, viagens, serviços financeiros, aluguel de equipamentos, outros serviços, transferências unilaterais –, que correspondem aos restantes 20% do resultado global de transações correntes do país, estão disponíveis apenas para o agregado (“Brasil”) e não de forma desagregada. Desses, apenas os valores para transportes foram estimados segundo o volume de comércio de cada categoria. O valor líquido (receita menos despesa) dos demais itens foi atribuído a “demais: empresas nacionais, setor público e outros”. Note-se que devido a esse último procedimento, estão subestimados os déficits (ou superestimados os superávits) em transações correntes das empresas com participação estrangeira, total, majoritária e minoritária. A tabela a seguir (maiores informações no Anexo) detalha as estimativas e os gráficos seguintes ilustram os principais resultados. Transações Correntes - US$ Bilhões Brasil Resultado Comercial Servicos e Rendas Comércio, Rendas e Serviços Tranferências Unilateriais Transações Correntes 1995 -3,5 -18,5 -22,0 3,6 -18,4 2000 -0,7 -25,0 -25,7 1,5 -24,2 Demais: Emp. Nacional, Setor Púb. e Outros 1995 2000 -5,8 -2,4 -12,9 -12,4 -18,7 -14,8 3,6 1,5 -15,1 -13,3 Emp. Com Part. Estrangeira 1995 2000 2,4 1,7 -5,7 -12,6 -3,3 -10,9 0,0 0,0 -3,3 -10,9 Empresa Estrang. Majoritária 1995 2000 -1,2 -4,7 -5,0 -10,2 -6,2 -14,9 0,0 0,0 -6,2 -14,9 Empresa Brasil - Emp. C/ Estrang. Part. Est. Var. Minoritária Var. 95/00 95/00 1995 2000 3,6 6,4 -80% -29% -0,6 -2,5 35% 123% 2,9 3,9 17% 233% 0,0 0,0 -58% 0% 2,9 3,9 32% 233% Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central. Os dados permitem tirar conclusões distintas para as categorias de empresas. As “empresas com participação estrangeira” já eram deficitárias em sua balança em transações correntes em 1995 (déficit de US$ 3,3 bilhões), devido, sobretudo, ao seu déficit comercial e à remessa de lucros e dividendos para suas matrizes. Passam a ser muito mais deficitárias em 2000 (US$ 10,9 bilhões), não tanto porque aumentaram o seu déficit comercial ou suas remessas de lucros e dividendos, mas, sim, principalmente, porque suas despesas com juros da dívida externa se elevaram muito. As despesas com royalties também cresceram fortemente no período. O déficit total das empresas com participação estrangeira, O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 27 que correspondia a apenas 17,9% do déficit em transações correntes do Brasil em 1995, passa a representar 45% do déficit global brasileiro no ano 2000. As “empresas com participação estrangeira majoritária” foram as grandes responsáveis por esse maior desequilíbrio das contas externas das empresas com participação estrangeira. Nesse caso, o maior déficit comercial ao lado dos maiores pagamentos líquidos de juros e royalties, tem relevância para explicar o aumento tão pronunciado do déficit externo desse conjunto de empresas, que salta de US$ 6,2 bilhões em 1995 (33.8% do déficit em transações correntes do país) para US$14,9 bilhões em 2000 (ou 61,4% do déficit total brasileiro). As “empresas com participação estrangeira minoritária” compõem o único grupo superavitário nas contas externas. Seu saldo aumentou de US$ 2,9 bilhões para US$ 3,9 bilhões entre 1995 e 2000, uma melhora que decorreu de um substancial aumento do resultado comercial, que passou de US$ 3,6 bilhões para US$ 6,4 bilhões. Com relação ao item “demais: empresas nacionais, setor público e outros”, onde preponderam as empresas nacionais e o setor público brasileiro, este reduziu seu déficit externo de US$ 15,1 bilhões em 1995 (82% do déficit total do país) para US$ 13,3 bilhões em 2000 (54,8% do total), em função, principalmente, de um déficit comercial significativamente menor. Transações Correntes - % Brasil 1995 Exportação Importação Resultado Comercial Juros - Líquido Lucros e Dividendos - Líquido Juros e Lucros Líquido Servicos e Rendas Transações Correntes 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 2000 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Demais: Emp. Emp. Com Empresa Nacional, Setor Part. Estrang. Estrang. Púb. e Outros Estrangeira Majoritária Minoritária 1995 53,2 61,2 168,5 82,9 7,2 62,4 69,5 82,1 2000 39,6 43,4 343,4 51,5 8,3 43,5 49,5 54,8 1995 46,8 38,8 -68,5 17,1 92,8 37,6 30,5 17,9 2000 60,4 56,6 -243,4 48,5 91,7 56,5 50,5 45,2 1995 2000 31,2 31,4 34,3 10,9 100,1 35,0 27,1 33,8 41,3 49,3 674,8 36,3 83,1 45,0 40,6 61,4 Empresa 1995 2000 15,5 7,3 -102,8 6,3 -7,3 2,6 3,5 -15,9 19,0 7,3 -918,2 12,2 8,6 11,5 9,9 -16,2 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central. Em suma, “empresas com participação estrangeira minoritária” e “demais: empresas nacionais, setor público e outros” concorreram para reduzir o desequilíbrio externo brasileiro mediante a melhora do resultado comercial, a despeito de um moderado aumento da despesa líquida com rendas e serviços (sobretudo na conta de juros). Um grande agravamento dos déficits de comércio e rendas e serviços (especialmente nas contas de juros e royalties) nas “empresas com participação estrangeira majoritária” neutralizou esse processo e determinou a piora do resultado externo global da economia. Portanto, na forma como foram financiados os investimentos das empresas estrangeiras majoritárias em seu recente ciclo de expansão no Brasil e na destinação setorial desses investimentos – marcadamente contrária à geração de saldos comerciais e de ampliação do volume de comércio brasileiro – residem os mais destacados fatores do desequilíbrio externo da economia brasileira causados pelo ciclo de IDE ao longo da segunda metade da década de 1990. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 28 Transações Correntes - US$ Bilhões Transações Correntes Emp. Est. Minoritária 3,9 2,9 Transações Correntes Emp. Est. Majortitária -14,9 -6,2 Transações Correntes Emp.Nac/Setor Púb./Outros -13,3 -15,1 -24,2 Transações Correntes - Brasil -18,4 Servicos e Rendas Emp. Est. Minoritária -2,5 -0,6 Servicos e Rendas Emp. Est. Majortitária -10,2 -5,0 Servicos e Rendas Emp.Nac/Setor Púb./Outros -12,4 -12,9 -25,0 Servicos e Rendas - Brasil -18,5 Resultado Comercial Emp. Est. Minoritária 6,4 3,6 Resultado Comercial Emp. Est. Majortitária -4,7 -1,2 Resultado Comercial Emp.Nac/Setor Púb./Outros -2,4 -5,8 -0,7 Resultado Comercial - Brasil -3,5 -30 -25 -20 -15 -10 2000 1995 -5 0 5 10 Transações Correntes - US$ Bilhões 10 5 2,9 3,9 0 -3,3 -5 -6,2 -10 -10,9 -13,3 -15 -20 -25 -14,9 -15,1 -18,4 -24,2 -30 Brasil Demais: Emp. Nacional, Setor Púb. e Outros 1995 Emp. Com Part. Estrangeira Empresa Estrang. Majoritária Empresa Estrang. Minoritária 2000 O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 29 Transações Correntes - % 120 100 100,0 100,0 82,1 80 61,4 60 54,8 45,2 40 33,8 17,9 20 0 -20 -15,9 -16,2 -40 Brasil Demais: Emp. Nacional, Setor Púb. e Outros Emp. Com Part. Estrangeira 1995 Empresa Estrang. Majoritária Empresa Estrang. Minoritária 2000 Variação do Resultado em Transações Correntes Entre 1995 e 2000 - US$ Bilhões 4 1,8 2 1,0 0 -2 -4 -6 -5,8 -8 -7,7 -8,7 -10 Brasil Demais: Emp. Nacional, Setor Púb. e Outros Emp. Com Part. Estrangeira Empresa Estrang. Majoritária O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior Empresa Estrang. Minoritária 30 O Impacto do IDE Sobre os Fluxos de Comércio Análise Setorial do Impacto do IDE A divulgação do Censo de Capitais Estrangeiros de 2000 pelo Banco Central tornou possível também avaliar o reflexo dos fluxos de investimento da segunda metade dos anos 1990 no desempenho comercial das empresas estrangeiras. Os resultados apresentados abaixo envolvem informações das “empresas com participação estrangeira”. Já foi visto que em 2000, essas empresas exportaram US$ 33,2 bilhões ou 60% das exportações totais do país (US$ 21,7 bilhões e 46,8% das exportações totais em 1995) e importaram US$ 31,5 bilhões ou 57% do total (US$ 19,4 bilhões ou 38,8% do total). O saldo comercial atingiu US$ 1,7 bilhões (US$ 2,4 bilhões em 1995). A análise setorial revela um desempenho de comércio exterior bastante diferenciado, incluindo setores superavitários, vários segmentos deficitários e outros com o comércio relativamente equilibrado. Em 2000, de um total de 46 setores nos quais foram classificadas as empresas com participação estrangeira, 21 eram deficitários, 15 superavitários e 10 equilibrados. Para efeito da análise do impacto do recente ciclo de investimento estrangeiro no Brasil sobre o comércio exterior do país, os setores de atividade foram agrupados de acordo com a propensão a exportar (exportação/receita operacional líquida) e a importar (importação/receita operacional líquida) em 2000. Em conjunto, nesse ano, as empresas com participação estrangeira tinham uma propensão a exportar de 14,4% e uma propensão a importar de 13,6%. A partir desses índices de referência, os setores foram classificados em 4 grupos: Grupo 1 – setores que apresentavam propensão a exportar acima da média e propensão a importar abaixo da média. É o grupo de “setores de exportação-superavit”. Grupo 2 – setores com propensão a exportar abaixo da média e propensão a importar acima da média. É o grupo de “setores deficitários”. Grupo 3 – setores com propensão tanto a exportar quanto a importar abaixo da média. É o grupo de “setores de baixo comércio”. Grupo 4 – setores com as duas propensões acima da média. É o grupo de “setores de elevado comércio”. No grupo de “setores de exportação-superavit” (grupo 1) predominam os setores primários ou industriais intensivos em recursos naturais e que em geral têm exportações elevadas e importações bastante baixas. A propensão a exportar do grupo é de 35,7%, contra 8% de propensão a importar. São, portanto, setores que contribuem fortemente para a geração de saldos comerciais. Em 2000, o grupo foi superavitário em US$ 10 bilhões. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 31 Grupo 1 – “Setores de Exportação-Superávit” - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e % Setor Silvicultura, Exploração Florestal e Serv. Rel. Pesca, Aqüicultura e Atividades dos Serv. Rel. Extração de Minerais Metálicos Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas Fabricação de Produtos do Fumo Fab. de Art. de Couro e Calçados Fab. de Celulose, Papel e Produtos de Papel Metalurgia Básica Total Grupo 1 Rec. Op. Líq. 69.115 19.061 2.291.947 17.188.718 1.918.785 482.739 4.307.539 9.956.018 36.233.923 Export. 10.990 12.920 1.479.386 4.952.456 762.351 281.103 1.616.456 3.803.789 12.919.451 Prop. a Exp. 15,9 67,8 64,5 28,8 39,7 58,2 37,5 38,2 35,7 Import. 63 57 50.587 1.169.895 62.087 48.584 494.956 1.083.471 2.909.700 Prop. a Estoque IDE Saldo Imp. 2000 0,1 10.927 87.768 0,3 12.863 7.688 2,2 1.428.799 611.194 6,8 3.782.561 4.618.652 3,2 700.264 723.842 10,1 232.519 49.269 11,5 1.121.500 1.572.733 10,9 2.720.318 2.513.348 8,0 10.009.751 10.184.494 % do Total 0,1 0,0 0,6 4,5 0,7 0,0 1,5 2,4 9,9 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central. O grupo de “setores deficitários” (grupo 2) reúne setores que importam valores muito superiores aos exportados, destacando-se os segmentos industriais dependentes de insumos importados como a química, material eletrônico e de comunicações e equipamentos de informática. Em conjunto, o grupo foi deficitário em US$ 8,1 bilhões, principalmente em química e material eletrônico e de telecomunicações. Em 2000, sua propensão a exportar era de 9,4% e a importar, 24,4%. Grupo 2 – “Setores Deficitários" - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e % Setor Extração de Petróleo e Serviços Correlatos Fabricação de Produtos Têxteis Fabricação de Produtos Químicos Fab. de Máq. para Escritório e Equip. de Inform. Fab.de Mat. Eletrônico e Equipam. de Com. Fab. de Equipam. Médico-Hospitalar Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas Comércio e Rep. de Veíc. Automotores e Motos Correio e Telecomunicações Saúde e Serviços Sociais Atividades Recreativas, Culturais e Desportivas Total Grupo 2 Rec. Op. Líq. 334.015 2.551.079 23.442.022 1.792.009 8.271.005 888.077 1.029.942 1.321.916 13.880.598 156.069 587.279 54.254.010 Export. 36.589 350.597 1.889.770 118.012 794.908 111.338 128.879 33.373 1.568.755 2.536 14.644 5.049.401 Prop. a Import. Prop. a Exp. Imp. 11,0 87.901 26,3 13,7 455.108 17,8 8,1 5.577.099 23,8 6,6 962.325 53,7 9,6 2.647.274 32,0 12,5 278.227 31,3 12,5 169.791 16,5 2,5 506.306 38,3 11,3 2.400.448 17,3 1,6 22.171 14,2 2,5 127.782 21,8 9,3 13.234.432 24,4 Saldo -51.312 -104.511 -3.687.329 -844.313 -1.852.366 -166.889 -40.912 -472.933 -831.693 -19.635 -113.138 -8.185.031 Estoque IDE 2000 1.022.483 676.679 6.042.713 281.287 2.169.228 735.927 182.751 429.059 18.761.545 69.564 353.467 30.724.703 % do Total 1,0 0,7 5,9 0,3 2,1 0,7 0,2 0,4 18,2 0,1 0,3 29,8 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central. O grupo de “setores de baixo comércio” (grupo 3) reúne setores com baixos valores de exportação e importação. As propensões a exportar e a importar são, respectivamente, de 3,3% e 5%. Em sua grande maioria são setores de serviços tipicamente non-tradables. O grupo de “setores de elevado comércio” (grupo 4) é composto por setores com maior grau de integração ao comércio exterior, tanto pelo lado das exportações quanto pelo lado das importações. Em geral, são setores industriais, em muitos casos com volumes significativos de comércio, embora com saldos comerciais (positivos ou negativos) relativamente reduzidos. A única exceção é o setor outros equipamentos de transporte que teve um superávit de mais de US$ 1,1 bilhão para um total de US$ 1,4 bilhões do grupo como um todo. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 32 Grupo 3 - “Setores de Baixo Comércio” - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e % Setor Agricultura e Pecuária Confecção de Artigos do Vestuário Edição, Impressão e Reprodução de Gravações Fabricação de Prod. de Minerais Não-Metálicos Reciclagem Eletricidade, Gás e Água Quente Captação, Tratamento e Distribuição de Água Construção Comércio por Atacado Comércio Varejista Alojamento e Alimentação Transporte Terrestre Transporte Aquaviário Transporte Aéreo Atividades Anexas e Auxiliares do Transporte Intermediação Financeira Seguros e Previdência Privada Atividades Aux. da Intermediação Financeira Atividades Imobiliárias Aluguel de Veículos, Máquinas e Equipam. Atividades de Informática e Conexas Pesquisa e Desenvolvimento Serviços Prestados às Empresas Educação Limpeza Urbana e Esgoto Atividades Associativas Serviços Pessoais Total Grupo 3 Rec. Op. Líq. 463.572 395.755 1.462.297 3.127.908 50.441 11.910.055 39.805 1.181.037 24.025.288 15.543.794 813.819 836.671 290.470 351.596 704.485 17.446.213 3.064.538 1.258.948 499.005 229.785 3.503.335 13.300 4.685.203 32.863 242.287 6.147 27.099 92.205.716 Export. 61.585 7.769 11.331 388.521 92 14.030 2.028.143 46.853 54.065 3.471 1.416 29.013 15.793 2.804 187 529 81.614 297.792 272 79 175 3.045.534 Prop. a Exp. 13,3 2,0 0,8 12,4 0,2 1,2 8,4 0,3 6,6 0,4 0,5 4,1 0,1 0,2 0,0 0,2 2,3 6,4 0,8 0,0 0,6 3,3 Import. 35.960 25.099 141.713 238.404 723 207.605 78 47.197 2.851.020 332.674 4.911 22.997 1.561 996 63.202 27.126 1.382 1.653 6.491 404.686 224.614 8 7.578 109 235 4.648.022 Prop. a Imp. 7,8 6,3 9,7 7,6 1,4 1,7 0,2 4,0 11,9 2,1 0,6 2,7 0,5 0,3 9,0 0,2 0,1 0,3 2,8 11,6 4,8 0,0 3,1 1,8 0,9 5,0 Saldo 25.625 -17.330 -130.382 150.117 -631 -207.605 -78 -33.167 -822.877 -285.821 49.154 -19.526 -145 -996 -34.189 -11.333 1.422 -1.466 -5.962 -323.072 73.178 264 -7.499 -109 -60 -1.602.488 Estoque IDE 2000 288.127 148.451 190.935 1.170.251 12.093 7.116.347 145.885 415.618 5.918.090 3.892.987 316.644 214.767 73.347 9.505 197.628 10.671.262 492.407 1.487.876 798.002 84.382 2.542.911 734.914 11.018.533 5.733 122.245 7.665 7.427 48.084.032 % do Total 0,3 0,1 0,2 1,1 0,0 6,9 0,1 0,4 5,7 3,8 0,3 0,2 0,1 0,0 0,2 10,4 0,5 1,4 0,8 0,1 2,5 0,7 10,7 0,0 0,1 0,0 0,0 46,7 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central. Grupo 4 - “Setores de Elevado Comércio” - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e % Setor Extração de Minerais Não-Metálicos Fabricação de Produtos de Madeira Fabricação de Coque, Refino de Petróleo Fabricação de Artigos de Borracha e Plástico Fabricação de Produtos de Metal Fabricação de Máquinas e Equipamentos Fab. de Máquinas, Apar. e Materiais Elétricos Fab. e Montagem de Veículos Automotores Fab. de Outros Equipamentos de Transporte Total Grupo 4 Rec. Op. Líq. 515.972 406.259 1.294 4.878.507 2.645.795 8.868.216 4.274.942 23.294.919 4.163.312 49.049.215 Export. 254.157 123.155 363 728.302 398.589 1.997.318 788.324 4.997.285 2.947.913 12.235.406 Prop. a Import. Prop. a Exp. Imp. 49,3 95.021 18,4 30,3 63.154 15,5 28,1 367 28,4 14,9 883.466 18,1 15,1 392.425 14,8 22,5 1.619.053 18,3 18,4 1.014.755 23,7 21,5 4.930.162 21,2 70,8 1.762.637 42,3 24,9 10.761.040 21,9 Saldo 159.136 60.001 -4 -155.164 6.164 378.265 -226.431 67.123 1.185.276 1.474.366 Estoque IDE 2000 383.819 239.691 688 1.781.932 593.315 3.324.355 990.290 6.351.387 355.803 14.021.280 % do Total 0,4 0,2 0,0 1,7 0,6 3,2 1,0 6,2 0,3 13,6 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central. Se analisarmos em conjunto as informações de comércio relativas a esses grupos, os dados sobre o estoque de IDE em 1995 e 2000 e os fluxos acumulados nos últimos anos, classificando os investimentos setoriais nesses grupos, poderemos ter uma noção mais clara de como esses investimentos influíram nos fluxos de comércio exterior do Brasil. Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e % Rec. Op. Líq. Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit Grupo 2 - Setores Deficitários Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio Total Export. 36.233.923 12.919.451 54.254.010 5.049.401 92.205.716 3.045.534 49.049.215 12.235.406 231.742.864 33.249.792 Prop. a Import. Prop. a Saldo Estoque IDE % do Exp. Imp. 2000 Total 35,7 2.909.700 8,0 10.009.751 10.184.494 9,9 9,3 13.234.432 24,4 -8.185.031 30.724.703 29,8 3,3 4.648.022 5,0 -1.602.488 48.084.032 46,7 24,9 10.761.040 21,9 1.474.366 14.021.280 13,6 14,3 31.553.194 13,6 1.696.598 103.014.509 100,0 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 33 A maior parte do investimento direto estrangeiro entre 1996 e 2001, 60,2%, foi direcionada para o grupo “setores de baixo comércio” (grupo 3), cujas exportações representam 9,1% do total das exportações das empresas com participação estrangeira e as importações, 14,7%. Como a maior parte dos fluxos recentes de IDE foram realizados nos setores de serviços, justamente os setores que são maioria no grupo 3, esse resultado não surpreende. Esse grupo concentrava 31,4% do estoque de IDE em 1995 e 46,7% em 2000. Mais de ¼ (ou 26,2%) do total do fluxo acumulado de IDE dirigiu-se ao grupo de “setores deficitários” (grupo 2), caracterizado por importações elevadas e saldo comercial negativo. Esse grupo responde por 41,9% das importações, 15,1% das exportações e 29,8% (18,8% em 19965) do estoque de IDE. Participação dos Grupos nos Indicadores de Comércio e IDE – % Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit Grupo 2 - Setores Deficitários Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio Não Classif. Total Export. 2000 38,8 15,1 9,1 36,8 0,2 100,0 Import. 2000 9,2 41,9 14,7 34,1 0,1 100,0 Estoque IDE 1995 21,2 18,8 31,4 24,6 4,0 100,0 Estoque IDE 2000 9,9 29,8 46,7 13,6 0,0 100,0 IDE acum. 1996-01 6,9 26,2 60,2 6,5 0,2 100,0 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central. Por outro lado, o grupo de “setores de exportação-superavit” (grupo 1), de maior propensão a exportar relativamente à propensão a importar, recebeu o equivalente a apenas 6,9% do total do IDE. O grupo concentra 38,8% do total exportado e 9,2% do total importado das empresas com participação estrangeira. Do total de estoque de IDE em 2000, 9,9% correspondia a esse grupo, quando, em 1995, essa proporção era de 21,2%. Finalmente, o menor volume de investimento (6,5% no total dos fluxos de IDE) foi para setores com maior envolvimento comercial, o grupo de “setores de elevado comércio” (grupo 4), que participa com 36,8% no total exportado e 34,1% nas importações. Sua participação no estoque de capital, que era de 24,6% em 1995, caiu para 13,6% em 2000. Resumindo, as evidências apresentadas mostram que em sua maior parte, os investimentos estrangeiros foram direcionados para setores que exercem poucos impactos diretos positivos sobre o comércio exterior. Uma outra parcela expressiva dos investimentos foi realizada em setores fortemente deficitários, gerando impactos negativos do ponto de vista da balança comercial. Por outro lado, os investimentos naqueles setores que apresentam característica contrária, isto é, de ter exportações acima das importações resultando em saldos positivos, foi bastante menor, assim como naqueles com maior envolvimento comercial. Esses setores absorviam em 2000, quase metade do estoque de IDE (23,5%) que absorviam em 1995 (45,8%). O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 34 Estoque de IDE em 1995 e em 2000 - % 21 1995 19 10 2000 0% 10% 31 30 20% 30% 25 47 40% 50% 60% 14 70% 80% 90% 100% Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit Grupo 2 - Setores Deficitários Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio As Tendências Recentes (Pós Mudança da Política Cambial) A principal conclusão das informações analisadas no item anterior foi que a composição setorial do ciclo recente de investimentos estrangeiros na economia brasileira não favoreceu a melhora nos resultados da balança comercial. Pelo contrário, em sua maioria, os fluxos foram direcionados a setores que contribuíram para a geração de déficits comerciais. Todavia, após a mudança cambial em 1999, é observada uma mudança na orientação dos fluxos de IDE que, embora ainda possa ser considerada tímida, é perceptível. Ela favorece os grupos de setores superavitários e de maior corrente de comércio. Como mostra o gráfico a seguir, os fluxos totais de IDE caem acentuadamente após o ano 2000 (fim do boom de privatizações), mas não (ou não tanto) nos grupos 1 e 4. A mudança parece ter sido mais acentuada em 2002, quando os dados se referem aos três primeiros trimestres do ano. Para período comparável de 2001, os fluxos de IDE para esses grupos aumentaram em 2002, passando a representar 26,5% do total de IDE. Para efeito de comparação, note-se que em 2000, apenas 11% dos fluxos de IDE tiveram por destino esses dois grupos. De qualquer forma, ainda é muito acentuada a distância que os números revelam entre a situação presente e aquela correspondente a 1995, ano em que, segundo o Censo de Capitais Estrangeiros, 45,8% do estoque de capital estrangeiro direto estava investido nesses grupos. Como principal sugestão, deve ser considerada a possibilidade de que políticas venham incentivar o IDE para o Brasil, de forma que promovam a entrada dos recursos externos de que o país necessita, ao mesmo tempo em que reverta o impacto negativo que o ciclo de IDE da segunda metade dos anos 1990 apresentou sobre o balanço de pagamentos e as operações de comércio exterior. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 35 Fluxos de IDE - US$ Milhões 14.000 13.174 13.007 12.102 12.000 10.517 10.000 8.414 8.281 8.000 6.757 6.000 5.479 5.073 4.827 4.000 2.576 2.466 2.000 1.799 1.663 1.352 1.221 1.144 1.860 2.120 517 0 Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit 1999 Grupo 2 - Setores Deficitários 2000 Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio 2001 Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio 2001 (jan/set) 2002 (jan/set) Estoque e Fluxos de IDE - % 12,2 5,4 4,1 4,9 Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit 9,9 21,2 37,0 39,4 Grupo 2 - Setores Deficitários 44,1 38,2 29,8 18,8 34,4 40,0 Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio 43,5 43,9 46,7 31,4 14,3 12,2 Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio 5,6 8,9 13,6 24,6 0 Estoque IDE - 1995 Fluxo de IDE - 2000 5 10 15 20 Estoque IDE - 2000 Fluxo de IDE - 2001 25 30 35 40 45 50 Fluxo de IDE - 1999 Fluxo de IDE - Jan/Set - 2002 O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 36 Anexo O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 37 Capital Integralizado Por Não Residentes (IDE) - 2000 - % - Empresas Com Participação Estrangeira Atividade Econômica Agr., pec. e ext. mineral Agricult., pecuária e servs. relacs. Silvicult., expl. florestal e servs.relacs. Pesca, aqüicultura e servs. relacs. Extração petróleo e servs. relacs. Extração de minerais metálicos Extração minerais não-metálicos Indústria Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos do fumo Fabr. de produtos têxteis Conf. de arts. vestuário e acessórios Prep. couros, fabr. artefs. e calçados Fabr. de produtos de madeira Fabr. celul., papel e produtos papel Edição, impressão, repr. gravações Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool Fabr. de produtos químicos Fabr. artigos de borracha e plástico Fabr. produtos minerais não-metáls. Metalurgia básica Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas escrit. e equips. inform. Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic. Fabr.equips.méds.-hospitalar Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs. Fabr. outros equips. transporte Fabr. móveis e indústrias diversas Reciclagem Serviços Eletricidade, gás e água quente Captação, tratam. e distribuicão água Construção Comérc. e repar. veícs.,comérc.combusts. Comérc. atacado e interms. comércio Comérc. varej. e repar. de objetos Alojamento e alimentação Transporte terrestre Transporte aqüaviário Transporte aéreo Ativs. auxils. transp. e agências viagem Correio e telecomunicações Intermediação financeira Seguros e previdência privada Ativs. auxils. da interm. financeira Atividades imobiliárias Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos Ativs. de informática e conexas Pesquisa e desenvolvimento Serviços prestados a empresas Educação Saúde e serviços sociais Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas Atividades associativas Ativs. recreats. culturais e desportivas Serviços pessoais Total Alem. Canadá 4,3 7,0 1,9 0,0 0,0 12,9 0,6 9,6 0,4 2,3 3,9 0,0 0,0 0,0 1,3 12,1 6,8 17,2 5,6 1,5 2,1 17,1 20,2 0,0 11,8 8,6 7,4 13,6 0,1 7,2 0,0 2,5 0,0 0,0 2,9 41,2 3,1 0,8 0,7 0,0 45,5 0,9 5,4 0,0 9,9 0,6 0,9 0,2 0,5 0,6 0,0 1,2 0,0 0,0 0,5 0,1 0,0 61,2 5,0 1,5 0,2 0,0 0,0 0,1 2,2 5,9 3,0 0,5 0,0 0,7 0,0 0,0 0,0 3,1 13,9 0,0 4,4 1,5 0,0 0,7 3,0 0,5 0,0 0,1 21,8 0,9 1,5 0,0 2,6 1,9 1,5 0,0 0,0 0,1 0,1 7,1 2,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,8 0,2 0,0 3,8 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 Cayman Espanha 1,4 1,7 0,0 0,0 1,5 1,9 0,2 1,9 0,1 0,3 9,0 0,0 0,0 7,0 4,8 1,7 0,0 0,6 0,0 0,8 4,1 2,0 3,1 20,2 4,3 4,3 0,0 0,0 11,6 0,1 0,0 8,4 26,7 49,7 6,8 3,3 8,7 2,0 6,6 49,1 0,0 0,0 0,3 3,6 0,5 0,0 0,2 9,4 0,0 5,0 0,4 15,6 7,5 2,3 0,0 0,0 38,6 0,0 6,0 EUA 0,6 0,1 0,0 0,3 0,0 2,2 0,1 2,8 0,2 0,0 6,5 0,0 7,7 0,1 11,2 19,8 0,0 2,5 9,1 6,8 4,2 3,6 3,2 0,0 1,2 0,0 0,2 1,1 0,1 0,9 0,0 17,1 20,7 10,0 8,4 0,1 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,9 31,6 19,6 18,6 42,7 0,0 0,5 24,7 0,0 2,6 0,0 0,0 4,2 22,6 0,7 0,0 11,9 15,3 23,5 0,0 0,0 11,5 29,6 0,4 28,6 27,0 39,5 17,8 8,9 8,0 0,6 44,7 17,9 93,2 25,9 30,0 4,1 14,5 34,5 21,8 23,5 30,2 42,1 16,1 39,7 31,3 36,3 0,0 21,5 20,0 0,0 10,2 35,3 13,5 12,0 66,7 8,2 1,4 5,2 36,4 24,5 13,5 38,9 17,6 8,9 22,8 43,5 99,4 22,1 11,0 88,2 0,0 10,5 23,3 0,8 23,8 França Itália 6,8 4,2 0,1 0,0 2,5 0,0 32,3 9,3 17,4 0,2 1,9 2,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 12,2 3,2 33,0 16,4 0,8 5,9 0,0 11,2 3,9 0,7 5,3 16,6 11,7 16,7 5,4 3,7 37,4 8,1 3,8 17,0 11,9 2,3 3,2 0,3 0,0 7,3 0,0 9,4 2,8 1,0 1,1 0,0 0,8 0,0 4,6 0,0 0,3 84,4 0,0 0,0 4,5 6,7 Japão P. Baixos 0,4 3,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 5,1 4,9 0,0 2,5 0,0 18,4 0,5 0,0 2,8 0,0 0,4 9,2 0,2 3,7 2,7 2,5 0,0 6,6 0,0 0,6 16,3 0,0 2,2 0,0 1,1 2,1 0,0 4,3 0,2 5,7 0,2 0,4 0,0 0,4 0,0 6,7 0,0 0,0 6,2 0,0 0,9 0,0 0,0 0,0 1,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 2,4 10,3 6,0 5,7 26,9 7,2 2,2 35,6 4,0 1,9 0,0 14,3 0,0 6,3 5,6 2,9 0,0 0,0 2,2 0,3 0,0 14,3 5,9 1,8 1,6 8,0 6,4 3,5 3,1 23,9 9,4 0,0 1,3 0,0 0,0 13,2 3,5 1,8 0,5 0,3 0,0 1,2 0,0 0,2 1,4 2,0 11,6 0,2 3,3 8,1 0,2 0,0 0,4 44,7 3,3 0,0 0,0 0,2 0,0 2,4 Port. 13,6 3,3 71,8 0,0 20,4 1,4 9,9 6,9 2,7 56,9 5,7 18,2 0,0 6,2 0,7 3,7 0,0 11,4 4,4 15,2 18,1 0,2 3,3 18,0 10,7 0,0 1,2 0,4 7,6 11,7 0,0 12,7 1,4 0,0 0,8 0,0 12,8 36,0 6,7 0,0 0,8 0,0 6,8 13,8 22,8 4,9 1,4 5,0 2,1 1,5 0,1 8,1 26,8 0,0 0,0 0,0 1,3 0,0 10,7 0,1 0,6 1,9 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 0,3 0,0 1,9 0,0 0,4 1,7 0,0 1,8 0,0 2,8 1,9 13,3 0,1 1,9 0,0 0,4 1,3 0,0 0,0 0,1 0,0 1,2 0,0 6,2 9,8 0,9 2,9 0,2 0,8 19,4 2,4 0,0 0,0 0,0 0,0 9,3 2,6 0,0 0,0 1,8 0,0 13,5 0,0 1,5 3,3 0,0 3,1 0,0 0,7 0,0 4,4 Reino Suécia Suíça I. Virgens Unido 14,5 0,0 1,0 5,2 2,8 0,0 6,6 13,4 0,0 0,0 4,0 5,2 0,0 0,0 2,9 24,2 20,5 0,0 0,1 1,5 20,4 0,0 0,2 9,6 1,5 0,0 0,0 1,2 1,7 1,9 4,8 2,2 1,6 0,0 10,9 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 5,7 0,0 7,0 0,9 0,0 0,0 0,0 49,4 0,0 0,3 1,3 9,4 0,0 1,7 0,0 1,3 0,0 0,0 4,4 8,0 5,2 0,0 0,0 3,3 0,0 0,0 0,0 0,0 1,5 2,2 5,6 1,6 1,6 1,7 12,7 1,3 5,5 0,0 7,4 0,4 0,6 0,0 0,1 2,4 2,0 6,9 2,0 4,8 4,4 2,7 6,6 2,1 0,0 0,0 0,1 1,0 1,3 0,0 2,5 6,2 0,9 0,0 0,5 0,1 0,4 0,0 1,1 1,2 0,8 5,8 1,4 2,4 4,2 0,1 1,7 0,0 0,9 0,0 4,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,8 1,4 0,9 3,5 0,1 0,0 0,0 2,6 0,1 0,0 0,0 0,0 3,2 0,0 4,1 4,1 0,1 5,5 1,5 0,3 1,2 0,2 3,6 1,7 0,2 0,0 0,0 0,8 6,0 0,0 2,6 3,3 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 1,9 1,2 0,7 0,2 0,0 3,4 0,0 4,8 2,5 0,0 1,9 0,4 2,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,9 3,0 0,0 2,4 26,6 5,8 0,0 1,7 30,2 0,1 0,0 0,0 2,7 0,0 0,0 0,0 0,0 1,1 2,1 0,9 6,0 0,0 1,6 0,9 0,2 0,0 0,0 0,1 0,0 0,4 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 1,1 1,4 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 25,7 1,4 1,5 2,2 3,1 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Banco Central. Informações Contábeis - US$ Milhões Emp. Com Part. Estrangeira Ativo Imobilizado Passivo Circulante e Exigível Longo Prazo Dívida Total - Curto e Longo Prazo Dívida Interna (Dívida C/ Residentes) Dívida Interna - Cont. e Colig. Dívida Interna - Longo Prazo Dívida Interna - Cont. e Colig. - L Prazo Dívida Externa (Dívida C/ Não Residentes) Dívida Externa - Cont. e Colig. Dívida Externa - Longo Prazo Dívida Externa - Cont. e Colig. - L Prazo Total do patrimônio líquido Investimento Externo (Cap. Social Integ. Não Residentes) Receita operacional líquida Resultado operacional bruto Res. líq. antes das var. monet. e camb. e corr. balanço Resultado líq. antes do imposto de renda e contribuições Imposto de renda e contribuições Resultado líquido após imposto de renda e contribuições Resultado líquido após participações Quantidade média anual de empregados (mil) Empresa Estrang. Majoritária Empresa Estrang. Minoritária 1995 2000 1995 2000 1995 2000 280.328 80.238 172.292 134.278 83.068 15.126 29.485 10.852 51.210 14.564 26.496 8.979 108.036 41.691 200.432 50.476 13.105 11.051 (4.678) 6.372 6.104 467.449 121.028 337.527 256.613 150.126 31.862 47.922 17.353 106.487 50.767 61.222 29.714 129.922 103.015 231.642 71.945 7.617 451 (3.282) (2.831) (3.719) 163.277 47.533 94.065 67.493 39.915 11.630 14.261 8.440 27.578 12.109 15.123 7.393 69.212 35.503 140.348 38.248 9.468 7.967 (3.891) 4.076 3.978 328.120 68.184 242.717 181.923 102.922 22.353 27.738 10.390 79.001 44.716 44.166 26.026 85.403 94.619 178.540 51.931 2.807 (2.316) (2.360) (4.677) (5.212) 117.051 32.704 78.228 66.785 43.153 3.497 15.224 2.412 23.632 2.455 11.372 1.586 38.823 6.188 60.084 12.228 3.636 3.084 (787) 2.297 2.126 139.330 52.845 94.810 74.690 47.204 9.509 20.184 6.963 27.486 6.051 17.056 3.687 44.519 8.395 53.102 20.014 4.809 2.767 (921) 1.846 1.493 Emp.C/ Part. Est. Var. 95/00 67% 51% 96% 91% 81% 111% 63% 60% 108% 249% 131% 231% 20% 147% 16% 43% -42% -96% -30% -144% -161% 1.353 1.710 911 1.298 441 411 26% Fonte: Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 38 Distribuição por Atividade Econômica - Empresas com Participação Estrangeira Atividade Econômica Agricultura, Pecuária e Extrativa Mineral Agricult., pecuária e servs. relacs. Silvicult., expl. florestal e servs. relacs. Pesca, aqüicultura e servs. relacs. Extração petróleo e servs. relacs. Extração de minerais metálicos Extração de minerais não-metálicos Indústria Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos do fumo Fabr. de produtos têxteis Conf. de arts. vestuário e acessórios Prep. de couros, fabr. artefs. e calçados Fabr. de produtos de madeira Fabr. celul., papel e produtos de papel Edição, impressão e repr. de gravações Fabr. coque, petról.,combs. nucls.,álcool Fabr. de produtos químicos Fabr. artigos de borracha e plástico Fabr. produtos minerais não-metálicos Metalurgia básica Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas para escrit. e equips. inform. Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic. Fabr. equips. méds., ótics., automação, relógs. Fabr. mont. veícs. automs., rebs. e carrocs. Fabr .outros equips. transporte Fabr. móveis e indústrias diversas Reciclagem Serviços Eletricidade, gás e água quente Captação, tratam. e distr. de água Construção Comérc. e repar. veícs., comérc. combusts. Comérc. atacado e interms. do comércio Comérc. varej. e repar. de objetos Alojamento e alimentação Transporte terrestre Transporte aquaviário Transporte aéreo Ativs. auxils. transp. e agências viagem Correio e telecomunicações Intermediação financeira Seguros e previdência privada Ativs. auxils. da interm. financeira Atividades imobiliárias Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos Ativs. de informática e conexas Pesquisa e desenvolvimento Serviços prestados a empresas Educação Saúde e serviços sociais Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas Atividades associativas Ativs. recreats., culturais e desportivas Serviços pessoais Total Quant. Empregados Mil Ativo / Quant. Pat. Líquido / Empregados Ativo (%) (US$ Mil) Result. Líq. Após Partic. (US$ Milhões) 1995 79 54 10 0 1 11 2 972 153 23 47 8 9 7 28 5 0 125 35 28 62 25 116 6 48 32 6 175 19 13 1 300 2 0 28 3 35 60 42 3 1 6 4 4 55 4 2 1 8 7 0 29 1 2 0 0 2 0 1.353 1995 2000 1995 2000 110 219 47 57 34 74 31 72 77 189 58 72 248 46 71 63 153 281 56 41 475 420 43 51 236 426 54 54 144 144 37 53 113 119 32 52 125 117 22 42 71 66 42 55 56 36 32 53 71 24 27 78 53 142 40 70 493 293 57 59 155 101 35 39 297 602 8 37 206 206 41 55 103 98 45 70 144 151 54 70 252 348 40 52 149 105 49 62 94 106 36 55 421 269 24 33 82 91 26 52 226 207 26 37 94 132 32 49 105 107 28 48 161 218 28 36 86 59 9 60 19 26 53 83 437 444 24 22 416 1064 41 77 69 191 28 19 86 48 24 51 249 178 7 26 330 253 25 41 99 76 38 29 104 35 22 19 32 114 8 66 454 235 21 64 211 33 (11) (22) 167 95 28 (85) 517 656 46 59 1354 1333 9 8 398 422 24 42 1454 934 23 25 5009 1715 30 59 234 332 31 40 293 166 54 6 0 4969 92 94 423 198 29 57 23 27 53 75 121 49 55 88 0 28 (168) 65 170 20 65 84 207 219 23 8 32 20 40 56 207 273 28 39 1995 (420) (595) (11) (9) 13 218 (36) 5.451 1.264 277 (151) 28 (62) (2) 750 16 2 2.545 80 455 465 162 291 279 (100) 193 33 (960) (217) 100 3 1.070 (109) (2) (106) (35) (544) (236) (56) 9 (203) (95) (543) (149) 792 805 127 (246) 399 (26) 1 1.303 2 1 (9) 31 (42) 1 6.104 2000 37 16 4 1 6 8 3 944 137 15 49 10 13 8 23 13 0 116 46 31 59 25 86 8 45 40 10 174 19 15 2 729 43 1 30 6 55 172 34 31 2 1 13 72 116 13 9 3 2 24 0 76 1 4 14 1 6 1 1.710 2000 (510) (4) (6) 1 (721) 157 62 2.768 337 479 32 (23) 2 (13) 676 (23) 0 827 (69) 339 1.052 171 8 (104) (37) 384 (177) (1.390) 377 (83) 5 (5.977) (642) (53) (174) (135) (253) (196) (142) (473) 0 149 (3) (4.167) 1.198 82 190 (6) 33 (502) 27 (530) 1 (14) 2 (2) (367) 1 (3.719) Fonte: Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 39 Indicadores das Empresas com Participação Estrangeira Por Setor – 2000 – US$ Mil Setor Ag., pecuária e extrativa mineral Ext. de Min. metálicos Ext. de Min. não-metálicos Ag., pecuária e serv. relacionados Ext. de petróleo e serv. correlatos Silv., exp. florestal e serv. relacionados Pesca, aqüicultura e ativ. dos serv. relac. Indústria Fab.de prod. químicos Fab.e montagem de veíc. autom. Fab.de prod. alimentícios e bebidas Metalurgia básica Fab.de máq. e equip. Fab.de mat. elet. e equip. de comum. Fab.de artigos de borracha e plástico Fab.de celulose, papel e prod. de papel Fab.de máq., ap. e materiais elétricos Fab.de outros equip. de transporte Fab.de prod. de Min. não-metálicos Fab. prod. de metal - exc. máq. e equip. Fab.de prod. têxteis Fab.de prod. do fumo Fab.de máq. p/ esc. e equip. de inform. Ed., impressão e rep. de gravações Fab.de móveis e indústrias diversas Fab.de equip. de inst. médico-hospitalar Prep. de couros e calçados Fab.de prod. de madeira Confecção de art. do vest. e acessórios Reciclagem Fab.de coque, refino de pet., elab de comb. Serviços Com. por atacado e intermediários do com. Interm.. financeira, exc. seg. e previd. priv. Com. Varej. e reparação de obj. pessoais Correio e telecomunicações Eletricidade, gás e água quente Serv. prestados principalmente às emp. Ativ. de informática e conexas Seguros e previdência privada Com. e reparação de veíc. autom. e motoc. Ativ. aux. da intermediação financeira Construção Transporte terrestre Alojamento e alimentação Ativ. e aux. do transp. e ag. de viagem Ativ. recreativas, culturais e desportivas Ativ. imobiliárias Outros serv. Total Rec. Op. Líquida Exportações Importações 3.693.683 1.855.627 269.589 2.291.947 1.479.386 50.587 515.972 254.157 95.021 463.572 61.585 35.960 334.015 36.589 87.901 69.115 10.990 63 19.061 12.920 57 125.397.578 27.198.621 24.020.775 23.442.022 1.889.770 5.577.099 23.294.919 4.997.285 4.930.162 17.188.718 4.952.456 1.169.895 9.956.018 3.803.789 1.083.471 8.868.216 1.997.318 1.619.053 8.271.005 794.908 2.647.274 4.878.507 728.302 883.466 4.307.539 1.616.456 494.956 4.274.942 788.324 1.014.755 4.163.312 2.947.913 1.762.637 3.127.908 388.521 238.404 2.645.795 398.589 392.425 2.551.079 350.597 455.108 1.918.785 762.351 62.087 1.792.009 118.012 962.325 1.462.297 11.331 141.713 1.029.942 128.879 169.791 888.077 111.338 278.227 482.739 281.103 48.584 406.259 123.155 63.154 395.755 7.769 25.099 50.441 92 723 1.294 363 367 102.651.603 4.195.544 7.262.830 24.025.288 2.028.143 2.851.020 17.446.213 15.793 27.126 15.543.794 46.853 332.674 13.880.598 1.568.755 2.400.448 11.910.055 207.605 4.685.203 297.792 224.614 3.503.335 81.614 404.686 3.064.538 1.321.916 33.373 506.306 1.258.948 2.804 1.382 1.181.037 14.030 47.197 836.671 3.471 22.997 813.819 54.065 4.911 704.485 29.013 63.202 587.279 14.644 127.782 499.005 187 1.653 1.389.421 5.007 39.227 231.742.864 33.249.792 31.553.194 Saldo Estoque IDE 2000 1.586.038 2.401.079 1.428.799 611.194 159.136 383.819 25.625 288.127 -51.312 1.022.483 10.927 87.768 12.863 7.688 3.177.846 34.725.620 -3.687.329 6.042.713 67.123 6.351.387 3.782.561 4.618.652 2.720.318 2.513.348 378.265 3.324.355 -1.852.366 2.169.228 -155.164 1.781.932 1.121.500 1.572.733 -226.431 990.290 1.185.276 355.803 150.117 1.170.251 6.164 593.315 -104.511 676.679 700.264 723.842 -844.313 281.287 -130.382 190.935 -40.912 182.751 -166.889 735.927 232.519 49.269 60.001 239.691 -17.330 148.451 -631 12.093 -4 688 -3.067.286 65.887.811 -822.877 5.918.090 -11.333 10.671.262 -285.821 3.892.987 -831.693 18.761.545 -207.605 7.116.347 73.178 11.018.533 -323.072 2.542.911 492.407 -472.933 429.059 1.422 1.487.876 -33.167 415.618 -19.526 214.767 49.154 316.644 -34.189 197.628 -113.138 353.467 -1.466 798.002 -34.220 1.260.668 1.696.598 103.014.509 Fonte: Bacen: Censo de Capitais Estrangeiros 2000. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 40 Transações Correntes - US$ Bilhões Demais: Emp. Nacional, Setor Púb. e Outros Brasil 1995 Exportação Importação Resultado Comercial Juros - Despesa Juros Receita Juros - Líquido Lucros e Dividendos - Despesa Lucros e Dividendos - Receita Lucros e Dividendos - Líquido Juros e Lucros Líquido Royalties - Despesa Royalties - Receita Royalties - Líquido Saldo - Juros, Lucros e Royalties Comércio, Juros, Lucros e Royalties Serviços (estimados pelo comércio) Transporte Demais Contas Transações Correntes 46,5 50,0 -3,5 -10,4 2,5 -7,9 -3,8 0,8 -3,0 -10,9 -0,5 0,0 -0,5 -11,4 -14,9 -3,0 -3,0 -0,5 -18,4 2000 55,1 55,8 -0,7 -17,1 2,4 -14,6 -4,3 0,9 -3,3 -18,0 -1,4 0,1 -1,3 -19,3 -20,0 -2,9 -2,9 -1,4 -24,2 1995 24,8 30,6 -5,8 -8,7 2,1 -6,6 -0,3 0,1 -0,2 -6,8 -0,3 0,0 -0,2 -7,0 -12,9 -1,7 -1,7 -0,5 -15,1 2000 21,8 24,2 -2,4 -9,4 1,8 -7,5 -1,0 0,7 -0,3 -7,8 -0,6 0,1 -0,5 -8,3 -10,7 -1,2 -1,2 -1,4 -13,3 Emp. Com Part. Estrangeira 1995 21,7 19,4 2,4 -1,8 0,4 -1,4 -3,5 0,7 -2,7 -4,1 -0,3 0,0 -0,3 -4,4 -2,0 -1,3 -1,3 0,0 -3,3 2000 33,2 31,6 1,7 -7,7 0,6 -7,1 -3,3 0,3 -3,0 -10,1 -0,8 0,0 -0,8 -10,9 -9,3 -1,7 -1,7 0,0 -10,9 Empresa Estrang. Majoritária 1995 14,5 15,7 -1,2 -1,2 0,4 -0,9 -3,3 0,3 -3,0 -3,8 -0,3 0,0 -0,3 -4,1 -5,3 -0,9 -0,9 0,0 -6,2 2000 Empresa Estrang. Minoritária 1995 22,8 27,5 -4,7 -5,8 0,5 -5,3 -2,9 0,2 -2,8 -8,1 -0,8 0,0 -0,8 -8,9 -13,6 -1,3 -1,3 0,0 -14,9 7,2 3,7 3,6 -0,5 0,0 -0,5 -0,2 0,4 0,2 -0,3 0,0 0,0 0,0 -0,3 3,3 -0,3 -0,3 0,0 2,9 2000 10,5 4,1 6,4 -1,9 0,1 -1,8 -0,3 0,1 -0,3 -2,1 0,0 0,0 0,0 -2,1 4,3 -0,4 -0,4 0,0 3,9 Emp. C/ Brasil Part. Est. Var. Var. 95/00 95/00 18% 12% -80% 64% -1% 84% 13% 13% 12% 65% 167% 291% 160% 69% 34% -4% -4% 168% 32% 53% 63% -29% 338% 54% 422% -5% -66% 11% 147% 190% 0% 190% 150% 362% 32% 32% 0% 233% Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 41 Bibliografia BANCO CENTRAL DO BRASIL (2002). Censo de Capitais Estrangeiros, 1995 e 2000. BAUMANN, R. (1985). Exportações e crescimento industrial no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA/INPES. BIELSCHOWSKY, R. (1992). “Transnational corporations and the manufacturing sector in Brazil. Technological backwardness in the eighties and signs of an important restructuring in the nineties”. High Level Symposium on the Contribution of Transnational Corporations to Growth and Development in Latin America and the Caribbean. Santiago, Chile, mimeo. BIELSCHOWSKY, R. (1999). “Investimentos na indústria brasileira depois da abertura e do Real: o mini-ciclo de modernizações”, 1995-1997. Santiago: CEPAL, Série Reformas Económicas, n. 44. BONELLI, R. (1998). “A note on Foreign Direct Investment and industrial Competitiveness in Brazil”. Texto Para Discussão n. 584. Rio de Janeiro: IPEA. BRAGA, H. 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In Anais da XV ANPEC, Salvador. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 43 Os Investimentos de Empresas Brasileiras no Exterior Sumário e Principais Conclusões O propósito desse trabalho é resumir a evolução do processo de internacionalização das empresas brasileiras de capital nacional, tomando por base vários estudos realizados sobre o tema e o noticiário da imprensa. O processo de internacionalização da produção de uma empresa está relacionado com o seu grau de envolvimento internacional e ocorre de diversas maneiras, que podem não ser excludentes. O processo se reflete na intensidade do comércio de bens/serviços (inserção comercial), do investimento direto estrangeiro, nas associações entre empresas (que assume várias formas) e nos fluxos de capital financeiro. É um fato que o processo de internacionalização de empresas brasileiras é essencialmente comercial. Portanto, não há uma tradição mais efetiva na internacionalização produtiva em seu sentido mais amplo, ou seja, de investimentos em unidades produtivas no exterior. Ainda que este último tipo de internacionalização tenha sido relevante para certas empresas brasileiras e tenha apresentado avanços significativos nos anos 90, ele pode ser considerado incipiente. Em grande parte, esse baixo grau de internacionalização produtiva decorreu do próprio caminho trilhado pelo país no seu processo de industrialização “para dentro”, através da substituição de importações. Nesse modelo, que perdurou até os anos 70 e que resultou na formação do parque industrial brasileiro, as empresas nacionais foram incentivadas para ter um envolvimento internacional maior pela via comercial, isto é, foram incentivadas a exportar. Embora seja inquestionável que esse movimento não privilegiava a exportação de capitais, ele permitiu que, desde os anos 70, algumas empresas nacionais iniciassem um processo de internacionalização por meio do estabelecimento de escritórios de vendas, assistência técnica e unidades produtivas. Inicialmente, as empresas que enveredaram pelo caminho do investimento direto atuavam nos setores de construção civil, produção e exploração de petróleo, engenharia e bancos. As principais justificativas para os investimentos no exterior dizem respeito tanto ao fato de as empresas nacionais deterem vantagens competitivas em determinadas tecnologias, adaptadas para necessidades de países localizados em regiões também em desenvolvimento e que apresentavam condições similares àquelas encontradas no Brasil, quanto à experiência adquirida mediante as exportações. Posteriormente, já no final dos anos 80 e ao longo da década de 90, os investimentos realizados por empresas brasileiras no exterior, começaram a apresentar avanços. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 44 Em 1995, as subsidiárias brasileiras estavam presentes nos principais mercados mundiais, como União Européia e América do Norte, demonstrando o esforço de inserção produtiva por parte das empresas brasileiras de capital nacional. Vale salientar que tais investimentos foram realizados predominantemente em mercados para os quais essas empresas já exportavam anteriormente. As pesquisas realizadas pela Fundação Dom Cabral confirmam esse avanço dos investimentos no exterior, por parte das empresas nacionais. De 1990 a 1994, cerca 150 empresas tinham realizado algum tipo de investimento além das fronteiras do país, totalizando 302 empreendimentos, assim distribuídos: 112 na América Latina; 13 na América Central; 80 na América do Norte; 68 na Europa; 25 na Ásia e 4 na África. Pode-se afirmar que nos anos 90, a própria abertura da economia brasileira e suas conseqüências revelaram a necessidade das empresas nacionais se tornarem competitivas interna e externamente como forma de manter os seus mercados e potencializar os seus negócios, o que suscitou a busca por alianças com outras empresas, inclusive estrangeiras, bem como a instalação externa (escritórios de vendas, assistência técnica, representações comerciais, unidades produtivas). Note-se, no entanto, que a despeito desses avanços, ainda é baixo o grau de internacionalização produtiva das empresas de capital nacional. Um recente estudo (Iglesias e Veiga, 2002) mostra que: a) apenas 20% de uma amostra, que inclui um conjunto amplo de exportadores brasileiros, em sua maioria de capital nacional, possuem investimentos no exterior, concentrados, sobretudo, nos Estados Unidos e na Argentina; b) que 85% desses investimentos referem-se a atividades comerciais e de distribuição de produtos, sendo que os investimentos produtivos representam apenas 12% do total. Os autores também sublinham o elevado índice de empresas (40%) que não tem intenção de investir no exterior, pois julgam não terem necessidade desse tipo de investimento. É preciso ressaltar ainda que há dificuldades para a ampliação da internacionalização produtiva das empresas de capital nacional, devido à sua própria inserção setorial, predominantemente em setores de commodities agrícolas e industriais, o que estimula a internacionalização pelo lado comercial (exportações) em razão das vantagens de localização auferidas por estas empresas no país. A recente pesquisa realizada pelo Banco Central sobre capitais brasileiros no exterior estimou que o total de ativos de brasileiros no exterior em 31.12.2001 somava US$ 69,6 bilhões, dos quais 63% eram investimentos diretos em participação no capital, 10% empréstimos intercompanhia, 7% investimentos em carteira e 14% depósitos no exterior. Uma parcela tão expressiva como 71% do total (excluindo os investimentos em portfólio), ou US$ 43,5 bilhões, correspondiam a ativos aplicados em paraísos fiscais. Outros países receptores de investimentos brasileiros eram: Estados Unidos (13,8%), Argentina (3%), Espanha (2,8%) e Portugal (1,2%). O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 45 Capitais Brasileiros no Exterior 1 - 2001 - US$ Milhões Valor Total Investimento direto brasileiro no exterior Participação no capital Empréstimos intercompanhia Investimento em carteira Investimentos em ações Títulos de renda fixa Bônus e notas Títulos de curto prazo BDRs Outros Investimentos Derivativos Opção Leasing/Arrend.Financeiro Financiamento Empréstimo em Moeda Depósito no Exterior 69.657 50.746 43.641 7.104 5.163 2.517 2.162 577 1.585 483 3.412 42 1 155 697 9.442 % 100 73 63 10 7 4 3 1 2 1 5 0 0 0 1 14 Fonte: Banco Central. 1 Nota: Dados preliminares - 30/10/2002. Considerando apenas o investimento direto (US$ 43,6 bilhões), a pesquisa revelou ainda uma participação muito pequena da indústria como setor de aplicação de capital de brasileiros no exterior, mostrando o atraso da internacionalização da empresa industrial brasileira. O montante de investimento direto no setor somava US$ 2,1 bilhões em 2001, apenas 5% do total de investimento direto. Os segmentos de investimento brasileiro mais relevantes são ligados à área financeira e “holdings”. Intermediação financeira (32,6% do investimento direto total), atividades auxiliares da intermediação financeira (17,3%) e serviços prestados a empresas – “holdings” – (32,8%), respondiam, juntos, por 83%. O setor serviços como um todo concentrava 92% do investimento direto brasileiro no exterior. 1 Capitais Brasileiros no Exterior - 2001 - US$ Milhões Investimento Direto Total Agr., pec. e ext. mineral Extração petróleo e servs. relacs. Indústria Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool Fabr. produtos minerais não-metáls. Fabr. de produtos do fumo Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs. Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Serviços Serviços prestados a empresas Intermediação financeira Ativs. auxils. da interm. financeira Comérc. atacado e interms. comércio Construção Transporte aqüaviário Valor 43.641 1.671 1.556 2.171 626 440 186 159 119 118 111 131 39.799 14.306 14.228 7.536 1.724 1.229 164 % 100,0 3,8 3,6 5,0 1,4 1,0 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3 91,2 32,8 32,6 17,3 3,9 2,8 0,4 Fonte: Banco Central. 1 Nota: Dados preliminares - 30/10/2001. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 46 Em suma, os estudos referentes aos investimentos de empresas brasileiras de capital nacional no exterior evidenciam que: Há uma tendência de evolução no processo de internacionalização da produção das empresas nacionais, uma vez que seus investimentos no exterior se realizam seguindo o caminho já trilhado pelas exportações; Um dos principais motivos que levaram as empresas brasileiras a investir no exterior, seja por meio de escritórios comerciais e serviços de assistência técnica ou por meio de unidades produtivas, foi a garantia ou a ampliação de suas exportações, revelando assim o caráter complementar, e não substituto, do processo de internacionalização buscado pelas empresas nacionais; O investimento direto muitas vezes ocorre por meio de compras ou associações com grupos locais, principalmente como forma de ultrapassar as barreiras comerciais (tarifárias ou não tarifárias) impostas pelos países; O processo de internacionalização está sendo perseguido por empresas que estão presentes em vários setores da economia brasileira; As justificativas das empresas que enveredaram pelo caminho da internacionalização produtiva estão relacionadas à necessidade de estar próximo ao mercado consumidor e aos fornecedores; adquirir/atualizar tecnologia, superar barreiras protecionistas; adaptar os produtos às necessidades locais. A conclusão do estudo é que mesmo considerando o avanço observado ao longo dos anos 90, as grandes empresas nacionais dos setores produtivos são pouco internacionalizadas. Isso revela a necessidade de aprofundar o processo de internacionalização como forma de consolidar uma estratégia que permita a estas empresas uma maior inserção competitiva no cenário internacional. Por outro lado, dada a associação verificada até o presente entre a internacionalização das empresas nacionais e a ampliação de suas exportações, o estímulo e o apoio à internacionalização da empresa brasileira são recomendados. A recente medida no âmbito do BNDES, no sentido de que essa instituição auxilie no financiamento dos investimentos no exterior de empresas nacionais vem nessa direção. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 47 A Internacionalização da Produção: Aspectos Gerais As transformações ocorridas na economia mundial nas últimas décadas, decorrentes do processo de globalização financeira e comercial, contribuíram para uma maior concorrência internacional. Dentro desse contexto, as empresas nacionais adotaram novas estratégias em razão da necessidade de enfrentar esse ambiente cada vez mais competitivo. As estratégias incorporaram desde novos processos de produção até novas formas de gestão e atuação no mercado internacional. Ao longo dos anos 90, essas transformações influenciaram tanto no avanço da internacionalização da economia brasileira, em razão dos processos de abertura, das fusões e aquisições e das privatizações, como no desenho de um novo mapa da estrutura patrimonial brasileira. Em conseqüência, as empresas de capital nacional foram expostas à concorrência internacional, cuja transição para uma economia aberta ocorreu em condições desfavoráveis, agravadas pela rapidez em que a abertura comercial foi implementada e por medidas macroeconômicas internas adotadas ao longo da década, sobretudo as que elevaram o custo do capital e distorceram a estrutura tributária. Além disso, não foram executadas políticas industriais e de competitividade como é usual em processos desse tipo, visando adaptar a estrutura industrial e minimizar a perda de empregos, o fechamento de empresas e a desnacionalização da economia. Para competir nesse novo cenário, as empresas de capital nacional sobreviventes aceleraram o processo de reestruturação industrial, e, para muitas delas, ficou evidenciada a relevância de se prosseguir em um processo de internacionalização da produção, já iniciado incipientemente em décadas passadas. O propósito desse trabalho é resumir a evolução do processo de internacionalização das empresas brasileiras de capital nacional, tomando por base vários estudos realizados sobre o tema e o noticiário da imprensa. Antes de entrarmos no tema propriamente, convém analisar certos aspectos relacionados ao processo de internacionalização da produção relativos, particularmente, aos países em desenvolvimento. A internacionalização da produção de uma empresa está relacionada ao seu grau de envolvimento internacional e ocorre através de formas distintas, que podem ser substitutas ou complementares. Pode ser detectada pela intensidade do comércio de bens/serviços (inserção comercial), do investimento direto no estrangeiro, pelas associações com empresas estrangeiras (que assumem diversas formas) e pelos fluxos de capital financeiro. Essas alternativas têm como denominador comum a busca de mercados e rentabilidade para além das fronteiras da economia do país de origem da empresa. Segundo o “paradigma eclético” de Dunning (1988, 1993)5, o processo de internacionalização pode ser entendido a partir de duas óticas: a primeira está relacionada às vantagens – que são específicas das próprias firmas e dos países – que tornam possível 5 Existem outras abordagens que analisam este processo, mas a diversidade teórica que caracteriza o paradigma de Dunning, torna-o um referencial adequado para esse estudo. Desde o início, Dunning assume que não é possível obter uma teoria geral desse processo, dada a importância dos aspectos históricos específicos. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 48 explicar as atividades das empresas no exterior; a segunda, diz respeito aos motivos que levariam as empresas a realizar essas atividades fora das fronteiras de origem. O processo de internacionalização produtiva está vinculado ao aproveitamento das vantagens de propriedade (O) que são detidas pelas firmas, tais como as vantagens relacionadas aos ativos tangíveis e intangíveis que permitem que as empresas as utilizem para aproveitar as vantagens de localização (L) oferecidas pelos países. Por outro lado, o investimento fora das suas fronteiras de origem leva as empresas a decidirem entre as vantagens de internalizar (I) a produção ou conceder licenças de produção desses bens/serviços para terceiros. A internacionalização da produção estaria relacionada ao fato das vantagens de propriedades que as firmas possuem e as falhas de mercado existentes, impulsionarem a internalização das atividades da empresa, já que isso tanto impediria o acesso a estas vantagens por parte dos seus concorrentes potenciais como permitiria um fluxo de renda e poder de competição diferenciados. Existem duas decisões envolvidas nesse contexto: a própria internacionalização da produção e a forma como a empresa vai explorar suas vantagens de propriedade no país receptor. Essa exploração pode ocorrer por caminhos distintos, como através da exportação de bens/serviços produzidos no país de origem, da concessão de licenças de produção destes bens/serviços a outras firmas localizadas no país-alvo ou, internalizar estas vantagens, instalando unidades produtivas próprias nesses mercados. A escolha por uma das alternativas apontadas acima é influenciada por determinados fatores, que definem uma relação de “custo/benefício”, tais como fatores relacionados à forma dominante de concorrência no setor, à magnitude dos custos de transação, ao grau de imperfeição da informação disponível; ao nível de enforcement dos direitos de propriedade, ao grau de apropriabilidade dos ativos tecnológicos próprios, ao tamanho e característica do mercado objetivo; ao perfil macroeconômico e das políticas públicas vigentes nos países (Chudnovsky, 1999). Quanto às estratégias que as firmas adotam quando decidem pela internacionalização da produção, elas podem ser classificadas em razão do motivo que conduz as empresas ao empreendimento internacional em determinado país ou região. O investimento do tipo resource seeking expressa uma estratégia de exploração de recursos locais (naturais ou humanos) para baratear a produção de bens/serviços destinados a outros mercados. Neste caso, a disponibilidade de recursos constitui a vantagem de localização dominante no país receptor. A estratégia do tipo market seeking visa aproveitar o mercado doméstico do país receptor. Neste caso, torna-se importante o tamanho do mercado doméstico, que pode ser atendido com menor custo estando o produtor localizado mais próximo, ao invés de exportar desde outro lugar, uma vez que algumas condições tornam relevante a presença da firma, tais como a proximidade com o comprador, o custo com transporte, os canais de distribuição, a disponibilidade de recursos (naturais e humanos) baratos. O que diferencia esta estratégia da anterior é o mercado principal de destino da produção local. Os tipos de estratégias denominados de efficiency seeking e strategic asset seeking estão relacionados, respectivamente: O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 49 à racionalização da produção, cujo intuito é explorar as economias de especialização dos países ao integrar ativos, produção e mercados; à aquisição de recursos e capacidades capazes de sustentar/avançar as competências das empresas investidoras nos mercados regionais ou globais. O que está por trás desses dois tipos de investimentos é que com o crescimento do grau de internacionalização das empresas, elas passam a utilizar suas vantagens de propriedade, buscando melhorar sua posição no mercado global, aumentando a sua eficiência ou adquirindo novas fontes de vantagens competitivas. Com relação às estratégias, pode-se ainda adicionar que as duas primeiras geralmente dizem respeito à motivação dos investimentos iniciais das empresas no exterior; enquanto que as duas últimas, podem estar vinculadas aos investimentos seqüenciais de empresas já internacionalizadas. Os aspectos gerais do processo de internacionalização produtiva de empresas de países em desenvolvimento podem ser buscados em Lall (1983) e Chudnovsky et al (1999), além do “paradigma eclético” visto acima. É importante ressaltar que o fenômeno da internacionalização, quando se refere aos países em desenvolvimento, requer explicações adicionais relacionadas às vantagens que tanto empresas quanto os próprios países possuem e que portanto lhes permitem investir e competir em outros países. Segundo Dunning (1991), o paradigma eclético permite que o significado de cada uma das vantagens, bem como a configuração entre elas, seja distinto entre indústrias (tipos de atividades produtivas), regiões e países (dimensão geográfica) e entre empresas. Para Lall (1983), a natureza das vantagens de propriedade possuídas pelas grandes empresas dos países em desenvolvimento, e que são essenciais para explicar o processo de internacionalização, é, em geral, diferente daquela das empresas dos países desenvolvidos. Os ativos nos quais se apóiam as vantagens de propriedade dessas duas categorias de empresas envolvem diferentes ordens de recursos naturais e humanos, desenvolvimento tecnológico, tamanho de mercado, capacitações, políticas de governo, e outros fatores que interferem de forma relevante na construção dessas vantagens. É preciso ter claro que a internacionalização das empresas dos países em desenvolvimento deve estar associada a algum tipo de vantagem que elas construíram sobre tecnologias amplamente difundidas, conhecimento especial de mercado, habilidades de gestão, e que podem ter surgido de adaptações ou melhoramentos na tecnologia de processos ou produtos. Dessa forma, elas devem apoiar sua internacionalização com base em vantagens que compensem sua relativa fragilidade, especialmente tecnológica, em relação às empresas dos países desenvolvidos. Lall (1983) aponta que a internacionalização da produção de empresas dos países em desenvolvimento também envolve uma opção entre realizar um investimento no exterior (ou licenciar o produto) e continuar produzindo no país de origem e exportar. Como também já mencionado por Dunning, dois fatores influenciam tal decisão: o custo relativo de localizar essa produção em um mercado externo, que incluiria os custos de produção, trabalho, custos operacionais, insumos etc, vis-à-vis a exportação; a lucratividade de internalizar o processo através do investimento externo, no lugar de licenciar. O investimento direto teria o papel de preservar um mercado já estabelecido através das exportações ou de abrir novos mercados. Fatores externos à empresa também O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 50 influenciariam nesta decisão como, por exemplo, a restrição à expansão no mercado doméstico, retração ou falta de perspectiva de crescimento da economia doméstica, possibilidade de acesso à tecnologia estrangeira, as barreiras comerciais (tarifárias e não tarifárias) impostas pelos países aos seus concorrentes, pressões ou incentivos governamentais no sentido de incentivar filiais no exterior como uma forma de promover as exportações. É perceptível que os investimentos diretos realizados pelas empresas de países em desenvolvimento geralmente acompanham o movimento, ao longo do tempo, do desenvolvimento de suas exportações. Em determinados casos, o objetivo do investimento é ser utilizado como veículo de promoção das exportações. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 51 Os Investimentos das Empresas de Capital Nacional no Exterior: Breve Retrospecto O caminho da internacionalização produtiva já vem sendo trilhado por algumas empresas brasileiras de capital nacional desde a década de 70. A observação pertinente é que essa internacionalização é essencialmente comercial. Nesta seção serão levantadas uma série de informações, com base em estudos e pesquisas sobre empresas que realizaram investimentos no exterior para que se tenha uma dimensão dessa vertente da internacionalização das empresas brasileiras. Ao longo de décadas, os investimentos diretos no exterior realizados por empresas brasileiras sempre foram mínimos, o que, provavelmente, pode se explicado pela direção que o país seguiu no seu processo de industrialização voltado para dentro, em que privilegiou uma política de promoção de substituição de importações, até os anos 70. As empresas industriais brasileiras foram incentivadas a exportar, a partir de meados da década de 60. Se, por um lado, elas contribuíram para a diversificação da pauta de exportação do país, por outro, tornou-se evidente que as medidas de incentivo não se voltaram para a exportação de capitais no sentido de estabelecer uma produção de fato no exterior, mas apenas para a internacionalização comercial destas empresas. Assim, embora se tenha formado um amplo universo de grandes empresas nacionais exportadoras, quando se trata da internacionalização por meio de investimento direto produtivo poucas são as que seguiram essa direção. Para López (1999), citando Villela (1983), essa baixa internacionalização produtiva pode ser explicada pelo dinamismo e tamanho do mercado interno brasileiro. O processo de internacionalização das empresas de capital nacional teve seu início na década de 70, quando algumas poucas empresas brasileiras e alguns bancos investiram no exterior. No primeiro caso, visaram os mercados em que o país já possuía uma forte presença exportadora; no segundo, se dirigiram a países desenvolvidos e aos paraísos fiscais em busca de acesso a recursos financeiros no mercado internacional. Nos anos oitenta, esse processo teve continuidade principalmente com as empresas do setor de engenharia e construção e algumas do setor industrial. Como na década anterior, estas empresas foram ao exterior em busca de mercados e se destinaram principalmente para países em desenvolvimento. A continuidade do processo nos anos 1980, também está relacionada aos estímulos às exportações conferidos pelas políticas de governo, uma vez que algumas empresas brasileiras de vários setores foram ao exterior e investiram em escritórios comerciais e de assistência técnica, como forma de apoiar a sua atividade exportadora. Nos anos 1990, em razão de profundas mudanças ocorridas na economia brasileira, muitas empresas nacionais tiveram que reavaliar suas estratégias, adotando programas de reestruturação para se tornarem mais competitivas. Isso as aproximou de padrões de competição da economia mundial e definiu com maior precisão os seus mercados de atuação. Nesse contexto, mais uma vez elas se voltam para a internacionalização comercial, que sempre foi a forma predominante do envolvimento internacional destas empresas. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 52 Características Recentes da Internacionalização das Empresas Brasileiras Em geral, as informações disponíveis indicam que as empresas brasileiras de capital nacional seguiram o caminho da internacionalização produtiva por meio de compras de empresas no exterior ou associações com outras empresas de outros países. Com respeito às razões alegadas para a realização desse tipo de investimento, elas estariam voltadas para o aumento no número de clientes, o poder de negociar preços melhores com fornecedores, o acesso aos grandes bancos internacionais. Ademais, as informações contempladas nos vários estudos relacionados ao tema, associam o investimento no exterior com o cenário macroeconômico da economia brasileira. Villela (1983)6 ao analisar o processo de internacionalização das empresas brasileiras por meio do investimento direto estrangeiro, apontou os setores da construção, da produção e exploração de petróleo, de engenharia, além dos bancos, como sendo os ramos de atuação destas empresas no exterior. Duas razões teriam levado as empresas nacionais a se internacionalizarem: primeiro, estas empresas detinham vantagens competitivas em determinadas tecnologias, adaptadas para necessidades de países localizados em regiões também em desenvolvimento e que apresentavam condições físicas similares àquelas encontradas no Brasil; segundo, a experiência obtida mediante as exportações seria um outro elemento importante para as empresas irem para fora, uma vez que o caminho das exportações serviria como base de informações quando da sua decisão de se internacionalizar. Este tipo de adaptação deu às empresas brasileiras vantagens sobre os competidores internacionais por trabalhar em condições adversas (Villela, 1983, p. 232). Estas vantagens se referiam à tecnologia e gestão brasileiras e os motivos para investir fora em geral foram: entrar em mercado muito protegido, busca de fontes de matéria-prima ou busca de novos mercados. A maioria das companhias brasileiras de engenharia que atua no exterior adquiriu suas capacitações a partir das associações prévias com companhias estrangeiras, que tinham estado no país para a realização dos grandes empreendimentos realizados por empresas estatais como hidrelétricas, usinas nucleares e de aço ou plantas petroquímicas. No caso da Petrobrás, sua internacionalização ocorreu após 20 anos de experiência em geofísica, perfuração e exploração de petróleo e gás, permitindo que a empresa buscasse recursos fora do país para reduzir seu custo de capital, além de prestar serviços de assistência técnica para outros países. Isso não significou criação de novas tecnologias, mas adaptações do seu know how como uma vantagem para suas operações no exterior. Já as construtoras desenvolveram vantagens administrativas envolvendo grandes empreendimentos e um contingente considerável de mão-de-obra especializada. Nesse sentido, com base na tipologia de Dunning (1988, 1993), pode-se afirmar que os investimentos apontados no estudo de Villela (1983), seriam do tipo market e resource seeking. 6 Segundo o autor, este trabalho foi realizado com base em pesquisa de campo. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 53 O trabalho de Siqueira (2000)7, ressalta o esforço de inserção produtiva das empresas de capital nacional através da instalação de subsidiárias em vários países, conforme mostra o gráfico abaixo. Em termos percentuais, para uma amostra de 70 empresas no período de 1989 a 1995, a instalação de subsidiárias brasileiras no exterior aumentou fortemente em meados dos anos 90. Em 1995, 56% das subsidiárias brasileiras estavam localizadas nos principais mercados mundiais: União Européia (24%), América Central (24%), Mercosul (22%), América do Norte (17%), Ásia (8%) e outros países da América do Sul (5%). Ademais, na maioria dos casos, esses investimentos foram realizados em mercados para os quais essas empresas já exportavam anteriormente. No que se refere aos setores8 de atuação das empresas que investiram no exterior, o estudo de Siqueira (2000) mostra a seguinte distribuição: Mercosul: foram instaladas 14 empresas de 9 grupos de setores, como têxtil, material elétrico, autopeças, siderurgia, financeiro, alimentos e papel e celulose; Na América do Norte foram 11 empresas de 9 grupos representados pelos setores da construção pesada, celulose, material elétrico, siderurgia, alimentos e financeiro; Na Europa, 16 empresas de 13 grupos, cujos setores principais foram: têxtil, construção pesada, material elétrico, autopeças, comunicação, alimentos e financeiro; Na Ásia foram instaladas 5 empresas de 4 grupos dos setores de material elétrico, construção pesada e alimentos. Subsidiárias Instaladas no Exterior (Amostra de 70 Empresas) – 1989/95 - % 60 56 50 40 30 20 13 11 10 8 8 1992 1993 3 1 0 1989 1990 1991 1994 1995 Fonte: Fonte: Siqueira, 2000, p. 7 A amostra do trabalho citado conta com 33 grandes grupos econômicos brasileiros, atuantes principalmente na indústria de transformação. Estes grupos controlam empresas líderes, que detêm participações expressivas nos setores em que atuam. 8 Siqueira (2000), seu estudo não discrimina as empresas pertencentes a estes setores. No entanto, é preciso salientar que algumas empresas da amostra já não pertencem ao capital nacional como, por exemplo, a Cofap, Metal Leve e Brasmotor, que foram adquiridas após 1995. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 54 É preciso ressaltar que a atuação dessas empresas não se limitou ao investimento em unidades produtivas, mas envolveu outros tipos de inversões. Um outro estudo realizado pela Fundação Dom Cabral (1996), ressalta que as empresas optaram por caminhos diferentes no que se refere a sua presença no exterior e que suas estratégias vão desde a instalação de escritórios de vendas ou de assistência técnica até unidades de produção propriamente ditas. Da mesma forma que Villela (1983), esse estudo identifica como razões da internacionalização a proximidade com clientes e fornecedores, a aquisição de tecnologia ou atualização tecnológica e a superação de barreiras protecionistas. A pesquisa mostra que, de forma geral, as operações internacionais das empresas brasileiras seguem o caminho iniciado com as exportações. A partir de um envolvimento internacional por meio das exportações, as empresas geralmente fazem uso de um agente de exportação, da instalação de escritórios de vendas e/ou de assistência técnica e posteriormente de unidades produtivas. No período de 1990 a 1994, cerca de 150 empresas brasileiras tinham realizado algum tipo de investimento no exterior, totalizando 302 empreendimentos, sendo 112 na América Latina, 13 na América Central, 80 na América do Norte, 68 na Europa, 25 na Ásia e 04 na África. Ademais, a própria abertura da economia e as suas conseqüências revelaram a necessidade das empresas nacionais se tornarem competitivas interna e externamente como forma de manter o seu mercado, o que despertou a busca por alianças e maior presença externa, como meio de potencializar seus negócios. Os mercados regionais, notadamente o Mercosul, também estimularam o processo de internacionalização para muitas empresas brasileiras – seja por associações, aquisições parcial ou total de indústrias locais. Arruda, Goulart e Brasil (1996), apresentaram um quadro (ver abaixo) que expressa a evolução do envolvimento internacional das empresas brasileiras, a partir de pesquisas realizadas pela Fundação Dom Cabral. Um levantamento feito pelo BNDES (ver Siqueira, 2000 e Bonelli, 1998), aponta para algumas questões importantes relacionadas ao processo de internacionalização das empresas brasileiras e que por sua vez corrobora as afirmações feitas anteriormente: o estabelecimento de subsidiárias no exterior é feito como complemento das atividades de exportações dessas empresas; o investimento direto muitas vezes ocorre por meio de compras ou associações com grupos locais; o processo de internacionalização está sendo perseguido em vários setores da economia, com heterogeneidade da natureza da atividade desenvolvida no exterior (unidades comerciais e/ou unidades produtivas); as principais razões para enveredar por esse caminho dizem respeito ao fortalecimento do poder de competição em função da proximidade do mercado consumidor; ao abastecimento do mercado regional, inclusive pelo aproveitamento de oportunidades surgidas pelo processo de integração regional; e, desenvolvimento de alianças estratégicas com empresas locais. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 55 Evolução das Empresas Brasileiras no Mercado Internacional Décadas Precedentes Transição Situação Atual (até os anos 80) (a partir de meados dos 80) (a partir do início dos 90) • Exportações condicionadas • Expansão internacional • Exportações derivadas de como estratégia de crescimento excedentes resultantes de vantagens por vantagens competitivas comparativas • Internacionalização como • ação estrategicamente diretriz estratégica • Improvisação planejada • Visão de longo prazo e • Oportunismo: válvula de escape • forte preocupação com a diversificação das estratégias de para adversidades conjunturais conformidade dos produtos internas internacionalização • criação de gerências, • Produtos de baixa • Adaptação do produto às departamentos e diretorias de conformidade com as exigências especificidades de cada mercado comércio exterior dos mercados externos onde atua muitas vezes com • criação de serviços pósprodução local • Pouca estruturação interna para venda para atender mercado externo, a partir da base • Criação de diretoria gerenciar exportações doméstica internacional, com • Exportações diretas ou via agentes, sem preocupações maiores • estratégias mais complexas responsabilidade de administrar de ação internacional, através relações com subsidiárias com serviços pós-venda de implantação de unidades de • Instalações de subsidiárias • Estratégia internacional produção e/ou aquisição de que se encarregam de marketing centrada exclusivamente em plantas em outros países, e da assistência pós-venda no exportações formação de alianças mercado local • Presença no mercado • Aquisição de plantas no internacional de um número restrito • número crescente de empresas exportadoras de bens exterior por empresas nãode grandes empresas exportadoras e serviços em vários exportadoras (non-tradeable de bens. segmentos. goods) em estratégia de internacionalização multidoméstica. • Ampliação da presença internacional com a participação de empresas de diferentes portes e setores. Fonte: Arruda, Goulart, Brasil, 1996, p. 53. López (1999) também faz uma discussão geral acerca das empresas brasileiras que enveredaram pelo caminho da internacionalização apontando os fracassos dessas experiências bem como os êxitos e também posteriores absorções por empresas transnacionais, como por exemplo, a Metal Leve, Cofap e Brasmotor/Embraco. Segundo o autor, determinados aspectos caracterizariam o investimento direto de empresas brasileiras no exterior, dentre eles: o processo de internacionalização produtivo apresenta um caráter evolutivo, cujo início se dá por volta dos anos setenta principalmente dos setores da construção, bancos e petróleo e com baixa presença de empresas do setor industrial; no entanto, esse processo está sempre associado à dinâmica interna do próprio país, conforme já apontava Villela (1983); a garantia ou a ampliação de suas exportações, em geral, foi um dos principais motivos que levaram a maioria das empresas brasileiras a investir no exterior, seja por meio de escritórios comerciais e serviços de assistência técnica, seja por meio de unidades produtivas; as vantagens que as firmas brasileiras detêm para ir a busca da internacionalização estão assentadas tanto na capacidade de atuar em ambientes culturalmente próximos como nas capacidades de organização e gestão. Os êxitos das vantagens de tecnologia terminaram na desnacionalização das empresas, que foram absorvidas por empresas transnacionais; haja vista o que ocorreu com a Metal Leve, Cofap, Brasmotor. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 56 a localização desses investimentos se dá pelo destino das exportações, pela proximidade cultural, geográfica e em mercados com níveis de desenvolvimento similares ou inferiores ao brasileiro. Nos países em desenvolvimento, o investimento direto brasileiro está associado a vantagens de custos e também em função de serem mercados das exportações brasileiras. A atuação de empresas brasileiras no exterior já está se refletindo nos números oficiais de organismos internacionais como a UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development). Em seu ranking, entre as 50 maiores empresas transnacionais de países em desenvolvimento, cinco grandes empresas nacionais se fazem presentes: a Petrobrás (exploração, refino e distribuição de petróleo) com ativos estrangeiros em torno de US$ 3,7 bilhões; a Companhia Vale do Rio Doce, no setor de transporte, com US$ 1,.9 bilhões em ativos estrangeiros; a Cervejaria Brahma9, atuante no setor de bebidas; a Gerdau, que atua no setor de metalurgia, com US$ 0,5 bilhões; e, a Sadia S.A10, do setor de alimentos (World Investment Report, 2000). As atividades destas empresas no exterior envolvem distintos tipos de investimento. Algumas atuam através de centros de distribuição de seus produtos (a Sadia, por exemplo); outras avançam cada vez mais no seu processo de internacionalização produtiva, como a Gerdau e a Petrobrás11. Um estudo da Cepal, citado por Castro (2001, p. 3), mostrou que o investimento direto intra-regional de 1990 a 1999 refletia a expansão de investimentos de empresas em países da própria região; e, embora fosse ainda incipiente quando comparado às estatísticas que envolvem o investimento direto estrangeiro oriundos de países desenvolvidos, percebe-se que o valor envolvido já é significativo em relação a décadas anteriores. No que diz respeito ao Brasil12, o montante do investimento direto para países da região somou US$ 1.532 milhões de dólares, de 1990 a 1999, sendo que mais de 60% desse valor teve como destino a Argentina; ademais, vale salientar que a participação brasileira ainda é bastante pequena, com 7,6% do total dos investimentos dentro da região, como pode ser observado na tabela abaixo. Investimento Estrangeiro Direto Intra-Regional de 1990 a 1999 1 - US$ milhões Origem Destino Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Costa Rica Equador México Peru Venezuela Outros Am. Latina e Caribe Argentina --985 1.513 ---702 -118 17 3.335 Bolívia 534 -48 176 ----6 --764 Brasil 1.097 --1.791 ---206 ---3.093 Chile 400 6 -----111 -15 -532 Colômbia --151 1.333 --115 700 -967 -3.265 Peru 263 -151 1.426 18 -7 19 --31 1.915 Venezuela 1.129 -165 209 922 -45 2.152 100 --4.721 Outros 113 -32 279 -2 2 897 30 480 737 2.573 Total 3.535 6 1.532 6.727 940 2 169 4.787 136 1.580 785 20.199 Fonte: Cepal. Nota: 1 Totais acumulados no período 1990-1999, inclui compras de ativos privados e estatais apud Castro, 2001, p. 3. 9 Não constam as informações relacionadas aos seus ativos no exterior. Mais uma vez, não constam as informações relacionadas aos ativos da empresa no exterior. 11 Recentemente a Gerdau anunciou a fusão de suas operações na América do Norte com a siderúrgica canadense Co-Steel, criando a Gerdau AmeriSteel Corporation, tornando-se a 15ª do mundo do setor siderúrgico. A Petrobrás, que adquiriu a Perez Companc e a Santa Fé, indústrias petroleiras argentinas, também avança em seu processo de internacionalização. 12 Não há como saber que tipo de investimento está envolvido neste montante. 10 O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 57 O estudo realizado por Iglesias e Veiga (2002) acerca da internacionalização produtiva das empresas nacionais corrobora o que já havia sido detectado pelas pesquisas mencionadas anteriormente, ou seja, o baixo grau de internacionalização das empresas de capital nacional e que esse processo está atrelado a uma trajetória anterior de inserção comercial. Cabe ressaltar que a amostra que serviu de base para essa pesquisa não se limitou a empresas que possuíam investimentos produtivos no exterior, mas incluiu um conjunto de exportadores, na maioria empresas de capital nacional, cujas características eram distintas em relação ao tamanho da empresa e a freqüência de sua atividade exportadora13. Segundo os resultados apontados pelos autores, apenas 20% de empresas da amostra possuem investimentos no exterior. A partir desse percentual, os investimentos no exterior realizados por empresas brasileiras podem ser caracterizados da seguinte forma (Iglesias e Veiga, 2002, p. 33). a concentração dos investimentos no exterior das empresas de capital nacional presentes na amostra ocorre nos Estados Unidos e na Argentina; o tipo de investimento mais freqüente (85%) diz respeito a atividades comerciais e distribuição de produtos; os investimentos produtivos da empresas de capital nacional representam apenas 12% do total; em termos setoriais, se concentram em têxtil, químico, metalurgia básica, minerais não metálicos e veículos, entre os principais motivos que levaram essas empresas a investir no exterior encontramse as necessidades de logística e de acompanhamento das tendências do mercado consumidor. Outras informações relevantes extraídas da pesquisa: a maioria das empresas da amostra, em torno de 65%, que pretendem investir no exterior, concentrarão os investimentos em representação comercial e canais de distribuição; os investimentos em unidades produtivas representam apenas 7,8% das intenções das empresas quando da sua decisão de investir no exterior. Esse último resultado vem ressaltar ainda mais o tipo de internacionalização trilhada pelas empresas brasileiras de capital nacional: a inserção comercial. No que se refere às razões que as empresas teriam para não investirem no exterior, 40% alegaram não terem necessidade desse tipo de investimento. Desses 40%, mais da metade são representados pelas grandes empresas de capital nacional. Um outro trabalho (Silva, 2002) também sustenta que, até os anos 80, as empresas que instalaram unidades produtivas no exterior foram motivadas pela necessidade de fortalecer e ampliar as suas exportações. Nos anos 90, a internacionalização estaria vinculada tanto aos processos de regionalização (Mercosul), como ao aproveitamento das oportunidades com as mudanças ocorridas na economia e comércio mundial. Durante esta década, parte das empresas de capital nacional passaram para as mãos de outro controlador, dado o processo de desnacionalização da economia. Outras, porém, buscaram responder a essa nova fase por meio da internacionalização não só comercial mas 13 Segundo Iglesias e Veiga (2002), a justificativa de se adotar uma amostra deste tipo estaria relacionada à necessidade de se mapear os investimentos passados e futuros destas empresas ou ainda ao fato das empresas da amostra não se internacionalizar por meio do investimento produtivo. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 58 também produtiva, redefinindo assim seus espaços de atuação no cenário mundial. Podem ser citadas como exemplos: Odebrecht, Petrobrás, Gerdau, Marcopolo, Votorantim, CSN, Cutrale, Brahma. Quanto à forma de atuação e as características das empresas de capital nacional no exterior, o trabalho destaca: Votorantim: instalação de escritórios para operações internacionais, com vistas a estar mais próximo aos clientes e evitar intermediação por tradings. Está presente em países da Ásia, da Europa e nos Estados Unidos. A Votorantim Cimentos possui uma fábrica no Canadá e um escritório na Argentina; Sadia: instalação de escritório comercial e centros de distribuição, com o objetivo de fortalecer sua posição nos mercados consumidores. Está atuando nos Estados Unidos e na Argentina; Gerdau: aquisição de usinas siderúrgicas (minimills) no exterior, com o intuito de fortalecer o seu mercado pela proximidade com os consumidores e utilização de insumos fornecidos localmente e ultrapassar as barreiras comerciais em função do protecionismo de determinados países. Possui usinas no Uruguai, Chile, Canadá, Argentina, Estados Unidos; Weg Motores: instalação de escritórios de vendas e assistência técnica. O seu objetivo é fortalecer o seu mercado externo, visto como estratégico para o crescimento dos negócios. Os escritórios e fábricas estão localizados na Argentina, no México; e, mais recentemente em Portugal Odebrecht: aquisição de empresas do setor da construção civil e projetos com governos de vários países. O objetivo é entrar nos mercados. Está presente em 14 países na América do Sul, América do Norte, África e Europa; Andrade Gutierrez: aquisição de empresas já existentes em Portugal, Argentina, Equador Peru, Guiné, República Dominicana. Em conjunto, Odebrecht e Andrade Gutierrez adquiriram empresas em Portugal visando entrar no mercado da União Européia; Ambev: fusão da Brahma e da Antarctica para obter escala e assim atuar no mercado internacional. Unidades na Argentina, Paraguai, Venezuela e Uruguai; Embraer: associação com empresas estrangeiras, visando novos mercados e o acesso ao capital mais barato. Possui escritórios de vendas e pós-venda, com depósitos de peças e pessoal especializado em reparo dos aviões, na China, Cingapura, Estados Unidos e França. Recentemente anunciou a formação de um joint venture com uma empresa chinesa; CVRD: joint venture com a canadense Iamgold Corporation para exploração de ouro na Patagônia; tem cinco fábricas no exterior localizadas nos Estados Unidos, França, Argentina, Bahrein e escritórios nos Estados Unidos, Bruxelas, Tóquio e Xangai; recentemente formalizou uma joint venture com a chilena Antofagasta para a exploração de cobre no Peru. Cutrale: compra de duas esmagadoras na Flórida, Estados Unidos, cujos objetivos foram driblar o protecionismo e reduzir custos fiscais de suco de laranja no mercado americano; Citrosuco Paulista: aquisição de empresa na Flórida, Estados Unidos, com os mesmos propósitos da Cutrale; Marcopolo: possui unidades produtivas na Argentina, México e Portugal e está presente na África do Sul e na China por meio de associações com empresas locais; Sabó: com unidades de produção na Argentina, Alemanha, Áustria, Hungria, além de escritórios comerciais e laboratório de testes nos Estados Unidos, Itália, Inglaterra e Austrália. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 59 Calçados Azaléia: unidades de produção e de representação comercial em países como Estados Unidos, Chile, Peru, Colômbia e República Tcheca. Silva (2002), com base na atuação das empresas de capital nacional, afirma que, em sua grande maioria, os investimentos realizados por elas estão centrados principalmente onde há forte tendência de sua internacionalização comercial (exportação) e tem como estratégia principal a busca por mercados, ou ainda o investimento do tipo market seeking, segundo a tipologia já apresentada. A experiência da Petrobrás permite classificar algumas de suas atividades no exterior como sendo do tipo strategic asset seeking, pois ao associar-se a outras firmas petroleiras em vários países, em função do desenvolvimento de sua tecnologia, consegue ter acesso a tecnologia de ponta e assim melhorar a sua capacidade técnico-gerencial. Cabe ressaltar que inicialmente a Petrobrás foi para o exterior motivada pela necessidade de assegurar recursos, um envolvimento internacional típico de uma estratégia resource seeking. As poucas informações disponíveis acerca das empresas de capital nacional que realizaram algum tipo de investimento no exterior, confirmam a percepção de Lall (1983) de que as empresas de países em desenvolvimento investem no exterior como forma de promover exportações e não substituí-las. Esse fato é corroborado pelos diversos estudos apresentados neste trabalho. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 60 Capitais Brasileiros no Exterior Em 2002, o Banco Central concluiu a primeira pesquisa realizada no Brasil sobre capitais brasileiros no exterior procurando quantificar os ativos detidos por residentes no país. A pesquisa baseou-se na declaração de capitais no exterior por parte de pessoas físicas ou jurídicas detentoras de ativos mantidos fora do território nacional em 31.12.2001, com valor igual ou superior a R$ 200 mil ou o seu equivalente em outras moedas. Com base em um total de 11.661 declarações, a pesquisa apurou ativos de brasileiros no exterior no valor de US$ 69,6 bilhões, dos quais 63% eram investimentos diretos em participação no capital, 10% empréstimos intercompanhia, 7% investimentos em carteira e 14% depósitos no exterior. Uma parcela tão expressiva como 71% do total (excluindo os investimentos em portfólio), ou US$ 43,5 bilhões, correspondiam a ativos aplicados em paraísos fiscais. Outros países receptores de investimentos brasileiros eram: Estados Unidos (13,8%), Argentina (3%), Espanha (2,8%) e Portugal (1,2%) (Ver os dados do Anexo). Capitais Brasileiros no Exterior 1 - 2001 - US$ Milhões Valor Total Investimento direto brasileiro no exterior Participação no capital Empréstimos intercompanhia Investimento em carteira Investimentos em ações Títulos de renda fixa Bônus e notas Títulos de curto prazo BDRs Outros Investimentos Derivativos Opção Leasing/Arrend.Financeiro Financiamento Empréstimo em Moeda Depósito no Exterior 69.657 50.746 43.641 7.104 5.163 2.517 2.162 577 1.585 483 3.412 42 1 155 697 9.442 % 100 73 63 10 7 4 3 1 2 1 5 0 0 0 1 14 Fonte: Banco Central. 1 Nota: Dados preliminares - 30/10/2002. Considerando apenas o investimento direto (US$ 42,6 bilhões), a pesquisa revelou uma participação muito pequena da indústria como setor de aplicação de capital de brasileiros no exterior, mostrando o atraso da internacionalização da empresa industrial brasileira. O montante de investimento direto no setor somava US$ 2,1 bilhões em 2001, apenas 5% do total de investimento direto (ver a tabela a seguir e, para maiores detalhes, as tabelas do Anexo). Os segmentos de investimento brasileiro mais relevantes são ligados à área financeira e “holdings”. Intermediação financeira (32,6% do investimento direto total), atividades auxiliares da intermediação financeira (17,3%) e serviços prestados a empresas – “holdings” – (32,8%), respondiam, juntos, por 83%. O setor serviços como um todo concentrava 92% do investimento brasileiro no exterior. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 61 Capitais Brasileiros no Exterior 1 - 2001 - US$ Milhões Investimento Direto Total Agr., pec. e ext. mineral Extração petróleo e servs. relacs. Indústria Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool Fabr. produtos minerais não-metáls. Fabr. de produtos do fumo Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs. Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Serviços Serviços prestados a empresas Intermediação financeira Ativs. auxils. da interm. financeira Comérc. atacado e interms. comércio Construção Transporte aqüaviário Valor 43.641 1.671 1.556 2.171 626 440 186 159 119 118 111 131 39.799 14.306 14.228 7.536 1.724 1.229 164 % 100,0 3,8 3,6 5,0 1,4 1,0 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3 91,2 32,8 32,6 17,3 3,9 2,8 0,4 Fonte: Banco Central. 1 Nota: Dados preliminares - 30/10/2001. Fabricação de coque, petróleo, álcool (US$ 626 milhões ou 28,8% do total), produtos minerais não-metálicos (20,3%), fumo (8,6%), veículos (7,3%), equipamentos e aparelhos eletrônicos (6,0%), celulose e papel (5,7%), bebidas (5,5%), produtos de metal (5,5%), máquinas e equipamentos (5,1%), são os setores mais representativos do investimento no exterior brasileiro no setor industrial. Capitais Brasileiros no Exterior 1 - Indústria - US$ Milhões 2001 - Investimento Direto Indústria Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos do fumo Fabr. de produtos têxteis Conf. de arts. vestuário e acessórios Prep. couros, fabr. artefs. e calçados Fabr. de produtos de madeira Fabr. celul., papel e produtos papel Edição, impressão, repr. gravações Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool Fabr. de produtos químicos Fabr. artigos de borracha e plástico Fabr. produtos minerais não-metáls. Metalurgia básica Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas escrit. e equips. inform. Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic. Fabr.equips.méds.-hospitalar Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs. Fabr. outros equips. transporte Fabr. móveis e indústrias diversas Reciclagem Valor 2.171 119 186 36 0 2 123 0 626 26 52 440 6 118 111 131 3 159 34 0 0 % 100,0 5,5 8,6 1,6 0,0 0,1 0,0 5,7 0,0 28,8 1,2 2,4 20,3 0,3 5,5 5,1 0,0 6,0 0,1 0,0 7,3 1,6 0,0 0,0 Fonte: Banco Central. 1 Nota: Dados preliminares - 30/10/2001. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 62 Vamos destacar alguns segmentos que mais representam suporte de exportação brasileira ou aplicações produtivas de brasileiros no exterior. Além dos setores industriais, esses segmentos incluem extração de petróleo, construção, comércio e transporte. Eram responsáveis, em 2001, por investimentos de US$ 6,9 bilhões, uma cifra relativamente expressiva, porém ainda diminuta em comparação com o total de investimentos brasileiros no exterior em todas as modalidades (representa 10%) e com o total de investimentos diretos (IDE) de brasileiros (15,8%). Indústria (como um todo) com 31,5% do total, comércio atacadista (25%), extração de petróleo (22,6%), construção (17,8%) destacam-se como setores de aplicação. Note-se a relevância do comércio atacadista (investimentos de US$ 1.724 milhões) e construção (US$ 1.229 milhões) como setores de exportação de capital brasileiro. A internacionalização nesses setores é importante porque promovem a exportação de mercadorias brasileiras. A presença no exterior de empresas construtoras brasileiras e a exportação de serviços na área de construção, por exemplo, são importantes veículos de exportação de bens de capital fabricados no país. Capitais Brasileiros no Exterior 1 Indústria, Construção, Petróleo, Comércio e Transportes US$ Milhões - 2001 - Investimento Direto Total Indústria Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos do fumo Fabr. de produtos têxteis Conf. de arts. vestuário e acessórios Prep. couros, fabr. artefs. e calçados Fabr. de produtos de madeira Fabr. celul., papel e produtos papel Edição, impressão, repr. gravações Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool Fabr. de produtos químicos Fabr. artigos de borracha e plástico Fabr. produtos minerais não-metáls. Metalurgia básica Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas escrit. e equips. inform. Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic. Fabr.equips.méds.-hospitalar Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs. Fabr. outros equips. transporte Fabr. móveis e indústrias diversas Reciclagem Outros Setores Extração petróleo e servs. relacs. Construção Comérc. atacado e interms. comércio Comérc. varej. e repar. de objetos Transporte terrestre Transporte aqüaviário Transporte aéreo Valor 6.893 2.171 119 186 36 0 2 123 0 626 26 52 440 6 118 111 131 3 159 34 0 0 4.722 1.556 1.229 1.724 30 9 164 10 % 100,0 31,5 1,7 2,7 0,5 0,0 0,0 0,0 1,8 0,0 9,1 0,4 0,7 6,4 0,1 1,7 1,6 0,0 1,9 0,0 0,0 2,3 0,5 0,0 0,0 68,5 22,6 17,8 25,0 0,4 0,1 2,4 0,1 Fonte: Banco Central. 1 Nota: Dados preliminares - 30/10/2001. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 63 Anexo O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 64 1 Capitais Brasileiros no Exterior - US$ Milhões - Itens Selecionados Total Alemanha Angola Antilhas Holandesas Argentina Bahamas, Ilhas Bélgica Bermudas Bolivia Canada Cayman, Ilhas Chile Colômbia Equador Espanha Estados Unidos França Gibraltar Irlanda Itália Japão Libéria Liechtenstein Luxemburgo Madeira, Ilha da México Noruega Paises Baixos (Holanda) Panamá Paraguai Peru Portugal Reino Unido Suiça Uruguai Venezuela Virgens, Ilhas (Britânicas) Empréstimo em Moeda 2 7.516 8 7 80 152 224 0 3 35 31 4.012 1 1 0 12 131 30 84 85 141 79 1 16 56 370 402 14 9 13 112 1 543 11 837 Investimento Financiamento Depósito no Direto Exterior 43.641 439 9.442 51 39 167 265 2 0 236 1 0 1.625 57 11 5.954 3 412 20 1 250 990 0 36 2 0 405 0 13 14.785 17 806 158 4 1 130 5 1 71 1 0 1.657 4 36 1.401 94 6.818 46 32 85 377 0 10 83 1 86 46 26 152 150 18 0 584 67 1.048 52 16 3 0 2 3 208 3 11 692 0 4 40 12 4 40 1 1 697 26 26 225 1 237 34 27 127 3.121 10 38 27 16 4 8.148 2 16 Total Valor % 61.039 100,0 265 0,4 275 0,4 317 0,5 1.845 3,0 6.592 10,8 271 0,4 994 1,6 73 0,1 449 0,7 19.621 32,1 164 0,3 136 0,2 73 0,1 1.709 2,8 8.444 13,8 193 0,3 377 0,6 94 0,2 255 0,4 224 0,4 150 0,2 159 0,3 730 1,2 1.050 1,7 86 0,1 60 0,1 592 1,0 1.098 1,8 70 0,1 51 0,1 762 1,2 575 0,9 188 0,3 3.711 6,1 57 0,1 9.003 14,7 Fonte: Banco Central. Obs: Dados preliminares - 30/10/2002. 1 Notas: Exceto investimento em carteira, outros investimentos e derivativos. 2 Inclui empréstimos intercompanhia. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 65 1 Capitais Brasileiros no Exterior - 2001 - US$ Milhões Investimento Direto Total Agr., pec. e ext. mineral Agricult., pecuária e servs. relacs. Silvicult., expl. florestal e servs.relacs. Pesca, aqüicultura e servs. relacs. Extração petróleo e servs. relacs. Extração minerais não-metálicos Indústria Fabr. produtos aliments. e bebidas Fabr. de produtos do fumo Fabr. de produtos têxteis Conf. de arts. vestuário e acessórios Prep. couros, fabr. artefs. e calçados Fabr. celul., papel e produtos papel Edição, impressão, repr. gravações Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool Fabr. de produtos químicos Fabr. artigos de borracha e plástico Fabr. produtos minerais não-metáls. Metalurgia básica Fabr. de produtos de metal Fabr. máquinas e equipamentos Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic. Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs. Fabr. outros equips. transporte Fabr. móveis e indústrias diversas Reciclagem Serviços Eletricidade, gás e água quente Construção Comérc. e repar. veícs.,comérc.combusts. Comérc. atacado e interms. comércio Comérc. varej. e repar. de objetos Alojamento e alimentação Transporte terrestre Transporte aqüaviário Transporte aéreo Ativs. auxils. transp. e agências viagem Correio e telecomunicações Intermediação financeira Seguros e previdência privada Ativs. auxils. da interm. financeira Atividades imobiliárias Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos Ativs. de informática e conexas Pesquisa e desenvolvimento Serviços prestados a empresas Educação Saúde e serviços sociais Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas Atividades associativas Ativs. recreats. culturais e desportivas Valor 43.641 1.671 108 4 0 1.556 3 2.171 119 186 36 0 2 123 0 626 26 52 440 6 118 111 131 3 159 34 0 0 39.799 33 1.229 32 1.724 30 10 9 164 10 102 32 14.228 30 7.536 110 4 85 18 14.306 2 0 12 58 35 % 100 3,8 0,2 0,0 0,0 3,6 0,0 5,0 0,3 0,4 0,1 0,0 0,0 0,3 0,0 1,4 0,1 0,1 1,0 0,0 0,3 0,3 0,3 0,0 0,4 0,1 0,0 0,0 91,2 0,1 2,8 0,1 3,9 0,1 0,0 0,0 0,4 0,0 0,2 0,1 32,6 0,1 17,3 0,3 0,0 0,2 0,0 32,8 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 Fonte: Banco Central. Nota: 1 Dados preliminares - 30/10/2001. O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior 66 Bibliografia ALMEIDA, Hamilton (2001). Rede O Boticário investe US$ 500 mil. Gazeta Mercantil Latino-Americana, São Paulo, 3 a 9 de set. de 2001, p. 13. _______________ (2001). Odebrecht amplia negócios lusitanos. Gazeta Mercantil LatinoAmericana, São Paulo, 3 a 9 de set. de 2001, p. 14-16. ARRUDA, Carlos Alberto, GOULART, Linda, BRASIL, Haroldo Vinagre (1996). Estratégias de internacionalização: competitividade e incrementalismo. IN: FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Internacionalização de empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora. BARROS, José Roberto Mendonça, GOLDENSTEIN, Lídia (1997). Avaliação do processo de reestruturação industrial brasileiro. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 11-31, abril-junho 1997. BIELSCHOWSKY, Ricardo, STUMPO, Giovanni (1996). 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