O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NA ECONOMIA
BRASILEIRA E O INVESTIMENTO DE EMPRESAS
BRASILEIRAS NO EXTERIOR
Fevereiro de 2003
A retomada em larga escala dos investimentos estrangeiros para o Brasil a partir de meados da
década passada trouxe, relativamente, pouca contribuição para setores com maior saldo
comercial e maior corrente de comércio. Além desse efeito, os maiores gastos com juros,
remessas de lucros e pagamentos de royalties tornaram a empresa com participação
majoritária do capital estrangeiro a principal responsável pelos volumosos déficits em
transações correntes do país. A empresa estrangeira, que respondia por 31,8% do déficit em
transações correntes brasileiro em 1995, passou a ser responsável por 61% desse déficit no
ano 2000. O aumento de sua dívida externa representou cerca de 2/3 (66,9%) do aumento da
dívida externa do país entre esses dois anos.
Isso não significa dizer que no recente ciclo de investimentos o capital estrangeiro não
contribuiu para ampliar as exportações brasileiras e enobrecê-las, como já o fizera em outras
épocas, mas, sim, que uma política francamente desfavorecedora dos investimentos voltados à
exportação (a política cambial do período 1994/98), aliada à ausência de uma política de
atração de investimentos para setores capazes de fortalecer o comércio exterior deixou como
resultado direto do recente ciclo de IDE o agravamento do desequilíbrio externo do país. Os
dados mais recentes mostram que, na margem, o destino do investimento estrangeiro vem
dando sinais de mudança após a introdução do câmbio flutuante.
Não deriva das observações acima a recomendação de qualquer tipo de restrição ao
capital produtivo estrangeiro. A recomendação é que o país adote políticas para estimular e
atrair o capital estrangeiro para setores exportadores e/ou para segmentos que permitam uma
maior integração do país nos fluxos internacionais de comércio.
Do lado dos investimentos brasileiros no exterior, o presente estudo mostra que a
internacionalização das empresas nacionais é ainda incipiente e que seus investimentos
correspondem, geralmente, a um desdobramento da atividade exportadora das empresas,
visando ampliar as suas exportações. O maior dinamismo das exportações significará,
portanto, um incentivo adicional para a maior internacionalização das empresas nacionais,
assim como apoiar os investimentos no exterior dessas empresas será o mesmo que estimular
a atividade exportadora do país. Por isso, ambas as políticas – de promoção das exportações e
de apoio à internacionalização das empresas nacionais – são recomendadas, já que uma
realimenta e estimula a outra.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
1
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o
Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 3
O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL E SEU IMPACTO SOBRE O SETOR EXTERNO.......... 5
Sumário e Principais Conclusões..................................................................................................... 5
Investimento Estrangeiro e Comércio Exterior Brasileiro: Breve Retrospecto ................................ 10
O Ciclo de IDE dos Anos 1990 ....................................................................................................... 15
Os Resultados do Censo de Capital Estrangeiro.......................................................................... 20
O Impacto do IDE Sobre o Déficit em Transações Correntes .................................................... 26
O Impacto do IDE Sobre os Fluxos de Comércio......................................................................... 31
Anexo................................................................................................................................................ 37
Bibliografia ...................................................................................................................................... 42
Os Investimentos de Empresas Brasileiras no Exterior......................................................... 44
Sumário e Principais Conclusões................................................................................................... 44
A Internacionalização da Produção: Aspectos Gerais................................................................. 48
Os Investimentos das Empresas de Capital Nacional no Exterior: Breve Retrospecto............ 52
Características Recentes da Internacionalização das Empresas Brasileiras ............................. 53
Capitais Brasileiros no Exterior .................................................................................................... 61
Anexo................................................................................................................................................ 64
Bibliografia ...................................................................................................................................... 67
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
2
INTRODUÇÃO
A recente divulgação de dois levantamentos do Banco Central – o Censo do Capital
Estrangeiro de 2000 e a pesquisa sobre os capitais brasileiros no exterior – reabre a discussão
de temas com presença destacada nos estudos realizados pelo IEDI e no debate econômico
nacional dos últimos anos: o impacto do último ciclo de IDE (investimento direto estrangeiro)
sobre o déficit externo brasileiro e a internacionalização da empresa brasileira. As
características do investimento estrangeiro e a expansão internacional das empresas nacionais
são pontos de destaque nas proposições do IEDI para a formulação de políticas de
desenvolvimento para o Brasil. Esses temas são retomados no presente estudo1.
Ambas as questões têm implicações amplas, mas são particularmente relevantes em
termos do resultado em transações correntes do balanço de pagamentos brasileiro, que nos
últimos anos foi fonte de constrangimentos à evolução da economia. As políticas que vêm
sendo recomendadas pelo IEDI visam estimular a atração de investimentos para setores
capazes de gerar maiores saldos comerciais, além de setores com maior corrente de comércio
(exportações e importações).
É sabido que o Brasil necessita consolidar e ampliar um superávit comercial que, em
2002, foi obtido mediante uma grande queda das importações, que, por seu turno, resultou da
estagnação da economia e da elevadíssima desvalorização da moeda. Também é conhecido o
fato de que o comércio internacional representa pouco na economia brasileira e que seria
vantajoso elevar o envolvimento do país no comércio exterior.
Os resultados do Censo de Capitais Estrangeiros de 2000 auxiliam em mostrar que a
retomada em larga escala dos investimentos estrangeiros para o Brasil a partir de meados da
década passada trouxe, relativamente, pouca contribuição para setores com maior saldo e
maior corrente de comércio, dirigindo-se, em sua maioria, para segmentos tipicamente
deficitários no comércio ou de baixo envolvimento de comércio exterior. Isso fez com que a
empresa controlada pelo capital estrangeiro gerasse um significativo déficit comercial.
Além desse efeito, os maiores gastos com juros, remessas de lucros e pagamentos de
royalties tornaram a empresa com participação majoritária do capital estrangeiro a principal
responsável pelo volumoso déficit em transações correntes do país. A empresa estrangeira
passou a responder por 61% do déficit em transações correntes brasileiro no ano 2000 (31,8%
em 1995) e por cerca de 2/3 (66,9%) do aumento da dívida externa do país entre 1995 e 2000.
Isso não significa dizer que no recente ciclo de investimentos o capital estrangeiro não
contribuiu para ampliar as exportações brasileiras e enobrecê-las, como já o fizera em outras
épocas, mas, sim, que uma política francamente desfavorecedora dos investimentos voltados à
exportação, como foi a política cambial do período 1994/98, aliada à ausência de uma política
de atração de investimentos para o desenvolvimento de setores criteriosamente selecionados
como estratégicos ao objetivo de fortalecer o comércio exterior deixou como resultado direto
do recente ciclo de IDE o agravamento do desequilíbrio externo do país.
1
Os textos preliminares do presente trabalho foram elaborados pelos professores Célio Hiratuka, da UNICAMP (O
Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e Seu Impacto Sobre o Comércio Exterior, IEDI, 2002) e Maria
Lussieu da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Os Investimentos de Empresas Brasileiras no
Exterior, IEDI, 2002). A pesquisa sobre os Censos de Capitais Estrangeiros e sobre os capitais brasileiros no
exterior, a coordenação dos trabalhos e a redação final do documento foram de responsabilidade de Julio Gomes de
Almeida.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
3
Sabemos que o programa de privatização de empresas foi um forte condicionante da
atração e orientação dos investimentos estrangeiros no período. Mas a observação pertinente é
que as conclusões acima se mantêm, mesmo sendo levado em conta esse fator.
Os dados mais recentes mostram que, na margem, o destino do investimento
estrangeiro vem dando sinais de mudança após a introdução do câmbio flutuante. A alteração,
que é perceptível nos anos 20001/2002, é ainda tímida, tanto porque coincide com a retração
econômica mundial e dos fluxos mundiais de investimento, além da estagnação e do
agravamento da instabilidade no plano interno. Mas já denota uma maior participação dos
investimentos estrangeiros em setores exportadores e com maior corrente de comércio.
Não deriva das conclusões acima a recomendação de qualquer tipo de restrição ao
capital produtivo estrangeiro, mas, sim, que convém ao país adotar políticas, como, a
propósito, outros países de economia emergente fazem, para estimular e atrair o capital
estrangeiro para setores exportadores e/ou para segmentos que permitam uma maior
integração do país nos fluxos internacionais de comércio. O capital estrangeiro é também
decisivo para objetivos como desenvolvimento tecnológico e diversificação industrial.
O estudo sobre o tema dos investimentos brasileiros no exterior mostra que a despeito
do desenvolvimento na última década, a internacionalização das empresas nacionais é ainda
incipiente e que seus investimentos correspondem, geralmente, a um desdobramento da
atividade exportadora das empresas, visando ampliar as suas exportações. Na medida em que
exportações brasileiras venham a ganhar dinamismo, isto significará, portanto, um incentivo
adicional para a maior internacionalização das empresas nacionais. Por outro lado, apoiar os
investimentos no exterior dessas empresas será o mesmo que estimular a atividade
exportadora do país. Por isso, ambas as políticas – de promoção das exportações e de apoio à
internacionalização das empresas nacionais – são recomendadas, já que uma realimenta e
estimula a outra. A recente medida no âmbito do BNDES, no sentido de que essa instituição
auxilie no financiamento dos investimentos no exterior de empresas nacionais vem nessa
direção.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
4
O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NO BRASIL E
SEU IMPACTO SOBRE O SETOR EXTERNO
Sumário e Principais Conclusões
A economia brasileira tem como uma de suas principais características o elevado grau
de internacionalização da estrutura produtiva, com ampla presença de empresas de capital
estrangeiro exercendo papel de liderança em diversos setores industrias e, sobretudo após a
privatização de empresas e bancos estatais nos anos 1990, também em setores não industriais.
Esse não é um fenômeno novo. O investimento direto estrangeiro (IDE) na indústria e
o papel das empresas transnacionais (ETs) em setores dinâmicos da economia são aspectos
constitutivos da industrialização brasileira. Articuladas pelo planejamento estatal com as
empresas de capital nacional privado e público, as filiais das ETs foram fundamentais para o
desenvolvimento e a consolidação de uma estrutura produtiva diversificada e convergente
com a dos países mais desenvolvidos, ao menos no que tange ao peso dos diferentes setores
na estrutura industrial.
Embora tivessem importância no crescimento e diversificação da pauta de exportações
ocorrida ao longo da década de 1970, o mercado externo era atividade relativamente marginal
no conjunto de operações das ETs, em dimensão inferior, por exemplo, ao das grandes
empresas nacionais.
Essa situação se alterou um pouco na década de 80, quando as ETs destacaram-se na
elevação das exportações e na geração de superávits comerciais, aumentando sua participação
nas exportações brasileiras. Enquanto as exportações de manufaturados do Brasil cresceram a
uma taxa média anual de 3,2% entre 1980 e 1989, para as empresas classificadas como
estrangeiras entre as 1.000 maiores exportadoras, o crescimento foi de 5%.
Nesses anos, os fluxos de IDE tiveram redução acentuada, combinada com o aumento
das remessas de lucros para o exterior.
Somente na década de 90, em especial em sua segunda metade, é que a economia
brasileira voltaria a ser receptora de vultosos fluxos de IDE. Além da abertura financeira e do
processo de privatização, ambos inaugurados no começo da década, a estabilização a partir de
1994 e a reativação da demanda interna estimularam novamente o ingresso de investimentos
estrangeiros. A fragilidade das empresas nacionais em conseqüência dos elevados custos de
capital e de tributação internos foi outro fator que impulsionou o ingresso de investimentos
estrangeiros, levando à desnacionalização. Assim, a presença das ETs na estrutura industrial,
que já era vasta, cresceu ainda mais.
Partindo de um nível médio de US$ 2 bilhões na primeira metade da década de 1990,
o IDE atingiu o auge em 2000, quando mais de U$S 32 bilhões líquidos ingressaram no país.
Em 2001/2002, o investimento estrangeiro para a economia brasileira diminuiu em razão de
uma substancial contração mundial de IDE e da instabilidade interna da economia.
Nos fluxos mundiais, a participação brasileira que era inferior a 1% na primeira
metade da década, alcançou 4,2% em 1998. Entre 1999 e 2001, a participação do Brasil caiu,
porém mantendo volumes absolutos elevados.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
5
Em função da vulnerabilidade externa brasileira, os impactos desses novos
investimentos sobre o comércio exterior do país e sobre o déficit em transações correntes
passaram a ser temas centrais do debate sobre as possibilidades de crescimento sustentado da
economia brasileira.
Essas questões foram tratadas no presente estudo com base nos resultados dos Censos
de Capitais Estrangeiros de 1995 e de 2000. Foram estimados os impactos do ciclo de IDE
dos anos 1990 sobre o déficit em transações correntes e sobre o comércio exterior brasileiro.
A conclusão, no primeiro caso, foi que as empresas com controle estrangeiro passaram
a responder por parcela maior do grande déficit externo gerado pelo país. Em 2000, para um
déficit total em transações correntes de US$ 24,3 bilhões (US$ 18,4 bilhões em 1995), o
déficit das empresas controladas pelo capital estrangeiro atingiu US$ 14,9 bilhões (US$ 6,2
bilhões em 1995), o correspondente a 61,4% (33,8% em 1995). O maior desequilíbrio dessas
empresas decorreu de um substancial aumento de seu déficit comercial ao lado de maiores
pagamentos líquidos de juros e royalties.
As empresas com participação estrangeira majoritária foram responsáveis ainda por
mais de 2/3 (66,9%) do aumento de US$ 76,9 bilhões da dívida externa brasileira nesse mesmo
período.
Note-se que as empresas com participação estrangeira minoritária (participação entre
10% e 50%, que se aproxima conceito de joint venture) deram contribuição positiva (foram
geradoras de saldo) ao resultado das contas externas brasileiras e que o conjunto formado
pelas empresas nacionais, o setor público brasileiro e demais agentes econômicos, reduziram
seu déficit externo entre 1995 e 2000.
As evidências acima resumidas não autorizam concluir que no recente ciclo de
investimentos o capital estrangeiro não contribuiu para ampliar as exportações brasileiras e
enobrecê-las, como já o fizera em outras épocas, mas, sim, que uma política francamente
desfavorecedora dos investimentos voltados à exportação, como foi a política cambial do
período 1994/98, aliada à ausência de uma política de atração de investimentos voltada ao
desenvolvimento de setores criteriosamente selecionados como estratégicos ao objetivo de
fortalecer o comércio exterior (além de objetivos como os do desenvolvimento tecnológico e
da diversificação industrial) deixou como resultado direto do recente ciclo de IDE o
agravamento do desequilíbrio externo do país.
Transações Correntes - US$ Bilhões
Brasil
Resultado Comercial
Servicos e Rendas
Comércio, Rendas e Serviços
Tranferências Unilateriais
Transações Correntes
1995
-3,5
-18,5
-22,0
3,6
-18,4
2000
-0,7
-25,0
-25,7
1,5
-24,2
Demais: Emp.
Nacional, Setor
Púb. e Outros
1995
2000
-5,8
-2,4
-12,9
-12,4
-18,7
-14,8
3,6
1,5
-15,1
-13,3
Emp. Com
Part.
Estrangeira
1995
2000
2,4
1,7
-5,7
-12,6
-3,3
-10,9
0,0
0,0
-3,3
-10,9
Empresa
Estrang.
Majoritária
1995
2000
-1,2
-4,7
-5,0
-10,2
-6,2
-14,9
0,0
0,0
-6,2
-14,9
Empresa
Brasil - Emp. C/
Estrang.
Part. Est.
Var.
Minoritária
Var.
95/00
95/00
1995
2000
3,6
6,4
-80%
-29%
-0,6
-2,5
35%
123%
2,9
3,9
17%
233%
0,0
0,0
-58%
0%
2,9
3,9
32%
233%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
6
Transações Correntes - %
Brasil
Demais: Emp.
Emp. Com
Empresa
Empresa
Nacional, Setor
Part.
Estrang.
Estrang.
Exportação
Importação
Resultado Comercial
Juros - Líquido
Lucros e Dividendos - Líquido
Juros e Lucros Líquido
Servicos e Rendas
Transações Correntes
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
2000
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
1995
53,2
61,2
168,5
82,9
7,2
62,4
69,5
82,1
2000
1995
39,6
43,4
343,4
51,5
8,3
43,5
49,5
54,8
46,8
38,8
-68,5
17,1
92,8
37,6
30,5
17,9
2000
60,4
56,6
-243,4
48,5
91,7
56,5
50,5
45,2
Minoritária
Majoritária
Estrangeira
Púb. e Outros
1995
1995
31,2
31,4
34,3
10,9
100,1
35,0
27,1
33,8
2000
41,3
49,3
674,8
36,3
83,1
45,0
40,6
61,4
1995
2000
15,5
7,3
-102,8
6,3
-7,3
2,6
3,5
-15,9
19,0
7,3
-918,2
12,2
8,6
11,5
9,9
-16,2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central.
Dívida Externa - US$ Bilhões
Brasil
1995
Dívida externa total
%
Variação 1995/2000
%
159,3
100,0
2000
236,2
100,0
76,9
100,0
Demais: Emp.
Emp. Com
Empresa
Empresa
Nacional, Setor
Part.
Estrang.
Estrang.
Púb. e Outros
Estrangeira
Majoritária
Minoritária
1995
108,0
67,8
2000
129,7
54,9
21,6
28,1
1995
51,2
32,2
2000
106,5
45,1
55,3
71,9
1995
27,6
17,3
2000
1995
79,0
33,5
51,4
66,9
23,6
14,8
2000
27,5
11,6
3,9
5,0
Brasil Var.
95/00
48%
Emp.C/
Part. Est.
Var.
95/00
108%
Fonte: Banco Central
Sabemos que o programa de privatização de empresas foi um forte condicionante da
atração e orientação dos investimentos estrangeiros no período. Mas a observação pertinente é
que as conclusões acima se mantêm, mesmo sendo levado em conta esse fator.
Para analisar o impacto do IDE sobre os fluxos de comércio, as empresas com
participação estrangeira (que engloba as empresas com participação majoritária e minoritária)
foram classificadas em 4 grupos, de acordo com a importância das exportações e importações
para as suas operações.
No primeiro grupo, composto por setores com propensão a exportar (relação entre
exportações e receita operacional líquida) acima da média e propensão a importar (relação
entre importações e receita operacional líquida) abaixo da média (Setores de Exportação –
Superávit) predominam os setores primários ou industriais que utilizam intensamente recursos
naturais e em geral apresentam valores elevados de exportação e importações bastante baixas.
A propensão a exportar sobe a 35,7% contra 8% de propensão a importar. São, portanto,
setores que contribuem fortemente para a geração de saldos comerciais positivos. Em 2000, o
superávit do grupo foi de US$ 10 bilhões.
O segundo (Setores Deficitários), formado pelos setores com propensão a exportar e a
importar respectivamente abaixo e acima da média, tem importações muito superiores às
importações, sendo composto em grande parte por setores industriais demandantes de
insumos importados como o setor químico, material eletrônico e de comunicações e
equipamentos de informática. Em conjunto, o grupo teve déficit de US$ 8,1 bilhões no ano
2000.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
7
O terceiro grupo conta com os setores de baixos volumes de exportação e importação,
tanto em termos absolutos quanto em relação à receita (Setores de Baixo Comércio). A
propensão a exportar é de 3,3% e a importar, de 5%. Em geral, são setores de serviços,
tipicamente non-tradables. O grupo era deficitário em US$ 1,6 bilhões em 2000.
O grupo 4 reúne os setores que apresentam um grau maior de integração ao comércio
exterior, tanto pelo lado das exportações quanto pelo lado das importações (Setores de
Elevado Comércio). Em sua grande maioria são setores industriais, tendo em muitos casos
volumes significativos de comércio, embora com saldos comerciais, positivos ou negativos,
relativamente reduzidos. O resultado comercial do grupo era positivo em US$ 1,5 bilhões.
Ao verificar o quanto cada grupo recebeu de fluxos de investimento no período 19962001, pode-se ter uma idéia mais clara do impacto do IDE recente sobre o comércio exterior
brasileiro.
De todo o IDE acumulado entre 1996 e 2001, 60,2% foi direcionado para o grupo 3
(Setores de Baixo Comércio), cuja participação no total das exportações das empresas
estrangeiras é de 9,1% e de 14,7% nas importações.
Participação dos Grupos nos Indicadores de Comércio e IDE – %
Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit
Grupo 2 - Setores Deficitários
Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio
Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio
Não Classif.
Total
Export.
2000
38,8
15,1
9,1
36,8
0,2
100,0
Import.
2000
9,2
41,9
14,7
34,1
0,1
100,0
Estoque IDE
1995
21,2
18,8
31,4
24,6
4,0
100,0
Estoque IDE
2000
9,9
29,8
46,7
13,6
0,0
100,0
IDE acum.
1996-01
6,9
26,2
60,2
6,5
0,2
100,0
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central.
Cerca de ¼ do total do fluxo de IDE foi para o grupo 2 (Setores Deficitários), o grupo
de importações elevadas e saldo comercial negativo. Enquanto esse grupo responde por
41,9% das importações, participa com apenas 15,1% das exportações.
O grupo 1 (Setores de Exportação – Superávit), que tem maior propensão a exportar
do que a importar, recebeu o equivalente a apenas 6,9% do IDE acumulado entre 1996 e 2001.
O grupo participa com 38,8% no total exportado e de 9,2% das importações das empresas
estrangeiras.
O menor volume de investimento coube ao grupo 4 (Setores de Elevado Comércio),
cujo envolvimento comercial é maior tanto através das exportações quanto das importações.
Esse grupo teve uma participação de 6,5% no total dos fluxos, contra uma participação de
36,8% no total exportado e 34,1% no total importado.
Resumindo, em seu último ciclo iniciado em meados dos anos 1990, o investimento
estrangeiro no Brasil dirigiu-se muito mais para os setores com baixa expressão direta em
exportações e importações ou setores altamente deficitários no comércio exterior. Nada
menos do que 87% dos US$ 125 bilhões de ingressos de investimentos diretos estrangeiros
entre os anos de 1996 e 2001, ou quase US$ 110 bilhões foi para esses setores. Correspondeu
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
8
a apenas 13%, ou US$ 16 bilhões, os investimentos em setores de maior corrente de comércio
(exportações e importações) ou setores superavitários.
Os dados mais recentes mostram que, na margem, o destino do investimento
estrangeiro vem dando sinais de mudança após a introdução do câmbio flutuante. A alteração,
que é perceptível nos anos 20001/2002, é ainda tímida, tanto porque coincide com a retração
econômica mundial e dos fluxos mundiais de investimento, além da estagnação e do
agravamento da instabilidade no plano interno. Mas já denota uma maior participação dos
investimentos estrangeiros em setores exportadores e com maior corrente de comércio.
Não deriva das conclusões acima a recomendação de qualquer tipo de restrição ao
capital produtivo estrangeiro, mas, sim, que convém ao país adotar políticas, como, a
propósito outros países de economia emergente fazem, para estimular e atrair o capital
estrangeiro para setores exportadores e/ou para segmentos que permitam uma maior
integração do país nos fluxos internacionais de comércio.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
9
Investimento Estrangeiro e Comércio Exterior Brasileiro: Breve Retrospecto
A importância das empresas estrangeiras na economia brasileira não é um
fenômeno novo. Os fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE) na economia
brasileira podem ser documentados pelo menos a partir do final do século XIX, sendo
nesse período principalmente de origem inglesa e direcionados para os setores vinculados
diretamente ou indiretamente aos negócios do café que demandavam serviços de
transporte ferroviários e marítimos, seguros e atividades de apoio ao comércio exterior
(ver Castro 1979).
Desde a virada do século até o início da década de 1930, o investimento estrangeiro se
diversifica. Aumenta a importância de empresas norte-americanas e surgem novos setores de
atuação impulsionados pela maior urbanização e industrialização. Destacam-se os serviços de
produção e distribuição de eletricidade. Já os investimentos estrangeiros direcionados para a
indústria começam a ganhar relevância a partir da década de 30.
No entanto, somente no pós-guerra as empresas transnacionais (ETs) na indústria
brasileira passarão a ter decisiva dimensão. Embora no período anterior a presença do
capital estrangeiro tenha sido importante, é a partir de meados da década de 50, quando a
indústria brasileira desenvolve os encadeamentos setoriais típicos de uma economia
industrial mais avançada, que as ETs passam a ser parte constitutiva da estrutura
industrial, assumindo a liderança em diversos setores e determinando em grande medida a
dinâmica industrial.
No contexto externo, esse período foi marcado pela internacionalização produtiva
das grandes empresas americanas, seguidas pelas corporações européias. No âmbito
interno, o IDE e as atividades das ETs passaram a ser estimuladas explicitamente para
conformar o tripé (juntamente com o capital privado nacional e as empresas estatais)
sobre o qual se baseou a industrialização brasileira. A combinação de política liberal
para o capital estrangeiro com proteção ao mercado interno através de elevadas barreiras
tarifárias e não-tarifárias sobre as importações estimulou o fluxo de IDE para a
indústria, principalmente naqueles setores onde eram mais explícitas as vantagens
derivadas da posse de ativos específicos à propriedade das ETs para explorar o potencial
de crescimento do mercado interno.
O quadro abaixo mostra a participação das ETs na economia brasileira no início
da década de 70. De acordo com os dados de Doellinger e Cavalcanti (1976) para uma
amostra de 318 grandes empresas industriais para o ano de 1973, as estrangeiras
representavam 41,8% do número de empresas, 40,4% do patrimônio líquido, 55,2 % do
faturamento e 51,1% do emprego. Predominavam nos setores mais intensivos em capital
e tecnologia.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
10
Estimativa de Participação das ETs nas Vendas da
Indústria Por Setor - 1973 - %
Setor
Fumo
Material de Transporte
Produtos Farmacêuticos
Material Elétrico
Mecânica
Plásticos
Indústrias Diversas
Borracha
Minerais N-Metálicos
Produtos Alimentares
Produtos Químicos
Vestuário e Calçados
Petróleo e Derivados
Têxtil
Papel e Celulose
Ferro e Aço
Madeira
Bebidas
Perfumaria e Sabões
Editorial e Gráfica
Mobiliário
Total
Participação
99,9
96,4
93,0
76,2
74,7
70,1
66,4
66,1
59,7
53,8
51,1
49,7
40,8
37,9
37,1
26,5
17,6
14,7
3,3
1,0
55,3
Fonte: Doellinger e Cavalcanti (1976).
No comércio exterior, o papel das ETs aumentaria a partir do final da década de
60. Até esse período, as atividades das filiais estiveram fundamentalmente voltadas para
atender ao mercado interno, como de resto, em geral, toda a atividade industrial
brasileira. Embora o ritmo de crescimento do comércio mundial tenha sido bastante
intenso desde o pós-guerra, as exportações brasileiras ficaram praticamente estagnadas
até meados da década de 60 em torno ao valor de US$ 1,4 bilhão. Apesar das
transformações internas do setor industrial, o café ainda respondia por cerca de 45% do
total exportado. Os produtos industrializados representavam apenas 15% das vendas
externas (Baumann, 1985).
A partir do final da década, quando se tornou explícito o objetivo de aumentar as
exportações de manufaturados e foram executadas políticas de promoção, registrou-se um
notável crescimento e diversificação da pauta exportadora brasileira, com participação
crescente de produtos manufaturados (Baumann, 1985). Entre o início da década de 70 e o
início da década de 80, as exportações de manufaturados cresceram quase 30% ao ano e a
participação brasileira no comércio mundial aumentou de 0,26% entre 1970-72 para 0,86% no
triênio 1981/83 (Gonçalves, 1987).
O papel das ETs nesse processo foi importante. Os dados a seguir resumem
estimativas de participação das empresas estrangeiras nas exportações brasileiras, segundo
estudos de diferentes autores. Como se pode constatar, a atuação dessas empresas foi
expressiva na ampliação da exportação de manufaturados. As filiais de empresas estrangeiras
também foram responsáveis pela maior parte das exportações dos setores industriais mais
dinâmicos.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
11
Estimativa de Participação das ETs no Comércio Exterior
Vários Anos – %
Ano
1967
1969
1971
1973
1975
1978
1980
1980
Fonte
Fajnzylber (1971) 1
Fajnzylber (1971) 1
Baumann (1985) 1
Doellinger e Cavalcanti (1975) 1
Baumann (1985) 1
Baumann (1985) 1
Willmore(1987b) 2
Willmore (1987a) 2
Tamanho da Amostra
1.147
1.888
263
318
369
424
20.107
49.769
Participação
33,8
43,3
48,1
51,4
51,4
49,1
35,0
38,3
Fonte: Fritsch e Franco (1991).
1
Definição de empresa estrangeira – 10% do capital pertencente a não residentes.
Nota:
2
Definição de empresa estrangeira – 25% do capital pertencente a não residentes.
A maior presença das empresas de capital estrangeiro nas exportações dos setores mais
dinâmicos e de maior conteúdo de tecnologia e mão-de-obra qualificada foi sublinhada por
estudos, como o de Gonçalves (1987).
Para o ano de 1980, o autor encontrou índices mais elevados de vantagem comparativa
revelada para a economia brasileira em setores tradicionais, como Calçados, Madeira, Couros
e Peles, Têxteis e Papel. Considerando as empresas estrangeiras, os índices foram maiores nos
setores de Material Elétrico, Material de Transporte, Borracha, Farmacêutica e Mecânica. A
conclusão é que um padrão de vantagem comparativa vigorava para as multinacionais
instaladas no Brasil, bastante distinto do padrão relativo à indústria brasileira. A atuação das
ETs contribuiu para uma maior modernização e sofisticação da indústria, principalmente ao
longo da década de 70.
Na década de 80 a instabilidade macroeconômica e o baixo crescimento econômico
influenciaram o investimento estrangeiro. Nesse contexto, as ETs, como de resto todo o
conjunto de grandes empresas industriais, implementaram uma estratégia defensiva.
Participação das ETs nas Exportações Por Setor da Indústria
Vários Anos – %
Setor
Ano
Tamanho da Amostra
Minerais não-metálicos
Metalurgia
Mecânica
Mat. Elétrico
Mat. De Transporte
Madeira
Papel
Borracha
Couro
Produtos Químicos
Plástico
Produtos Farmacêuticos
Perfumaria e cosméticos
Têxteis
Vestuário e Calçados
Alimentos
Bebidas
Fumo
Ind. Diversas
Total
Fanjzylber
Doellinger e
Cavalcanti
Baumann
1969
1.888
77,8
29
78
64,6
72,7
3,5
6,1
78,2
18,4
26,7
89
78,9
1,6
11,8
6,5
23,3
43,3
1973
318
74,3
10,5
80,1
91,8
85,6
55,7
75,3
92,4
29,8
84,1
75
100
90,6
16
57,7
75,9
87,6
78,2
27,2
51,4
1978
424
65,9
29,6
83,5
99,2
78
25
19,2
100
33,5
19,7
100
100
43,4
11,7
31
100
100
49,1
Fonte: Fanjzylber (1971), Doellinger e Cavalcanti (1976) e Baumann (1985).
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
12
Isso se traduziu na busca de redução no grau de endividamento e na preservação da
rentabilidade, tanto pela elevação dos mark-ups como pelo aumento das receitas nãooperacionais, através da manutenção da riqueza em ativos financeiros, especialmente
títulos emitidos pelo governo. Essa orientação deu-se em detrimento de estratégias
industriais de expansão de capacidade e inovações tecnológicas e organizacionais.
Gonçalves (1994) denominou esse movimento de “recuo gradual”, caracterizado por uma
grande redução nos fluxos de entrada de IDE e pelo aumento no volume de saída e de
remessas de lucros.
Em média, o fluxo líquido de capital estrangeiro produtivo (investimento,
reinvestimento e conversão de dívida menos repatriamento e remessa de lucros) caiu de
US$ 2,3 bilhões no período 1971-81 para apenas US$ 357 milhões entre 1982 e 1991. A
relação entre os fluxos de remessas e entradas aumentou de 24% para 80% entre um período e
outro. Ou seja, enquanto na década de 70, para cada bilhão de dólar trazido para o país para
fazer funcionar as filiais de empresas estrangeiras, foram remetidos US$ 240 milhões, na
década seguinte as remessas aumentariam para US$ 800 milhões para o mesmo valor de
entrada de recursos.
As informações reunidas por Bielschowsky (1992) mostram que o resultado desse
processo foi uma menor participação das filiais estrangeiras nas vendas das maiores empresas
do setor industrial. Entre 1980 e 1990, essa participação declinou de 38% para 32%. Esse
processo foi generalizado para todos os setores industriais, com exceção de Produtos de
Metais. As ETs, ao contrário do período anterior, mantiveram uma posição de espera, sem
expandir suas atividades, mas também sem implementar uma estratégia mais agressiva de
desinvestimento, dado o estoque de investimento passado, o tamanho do mercado interno e a
possibilidade de continuar garantindo rentabilidade pela elevação das margens de lucro e
através dos investimentos financeiros.
Quanto ao comércio exterior, as estratégias das ETs foram condicionadas pela
orientação da política econômica que, frente à necessidade de gerar divisas para honrar os
compromissos externos, reforçou os subsídios e incentivos à exportação, elevou as barreiras à
importação e manteve uma relação câmbio-salário favorável à exportação. Além disso, a
estagnação do mercado interno estimulou ainda mais as grandes empresas na busca de
mercados externos como forma de reduzir os níveis de capacidade ociosa.
Os dados disponíveis (Bielschowsky, 1992), indicam um desempenho das exportações
das ETs bastante superior ao do conjunto da economia brasileira na década de 1980. Enquanto
o crescimento das exportações de manufaturados alcançava uma taxa média anual de 3,2%
entre 1980 e 1989, para as empresas classificadas como estrangeiras entre as 1.000 maiores
exportadoras, o aumento foi de 5% ao ano.
Quanto ao coeficiente de exportações (relação entre exportação e vendas), este
aumentou entre os anos de 1980 e 1988, de 9,9% para 12,6% para o setor manufatureiro como
um todo. Para as ETs a evolução foi muito mais significativa: de 9,9% para 17%.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
13
Participação das ETs nas Vendas por Setor da Indústria
1980 e 1990 – %
Setor
Alimentos, Bebidas e Fumo
Química Industrial
Outros Produtos Químicos
Borracha, Plástico e Produtos de Vidro
Ferro, Aço e Metais não-ferrosos
Produtos de Metais
Maquinaria
Equipamentos Elétricos
Equipamentos de Transporte
Outras Indústria
Total
1980
35,0
55,1
74,1
37,0
43,4
31,0
50,1
58,0
74,6
27,3
38,0
1990
33,3
47,8
66,5
29,8
36,2
35,8
42,2
48,9
67,1
33,5
32,6
Fonte: Bielschowsky (1992).
Obs.: Participação nas vendas das maiores empresas publicadas pela Revista Quem é
Quem na Economia Brasileira (cerca de 3.500 empresas).
Considerando ainda as empresas estrangeiras exportadoras, sua participação nas
exportações brasileiras2 passou de 38,2% em 1980 para 44,1% em 1990, principalmente em
razão do desempenho nos setores de Alimentos, Bebidas e Fumo, Metalurgia Básica e Outros
Produtos Químicos. Nos demais setores, a participação permaneceu estável ou apresentou
ligeiro declínio. Esses dados sugerem que a contribuição das ETs para o enobrecimento na
pauta de produtos exportados foi menos relevante do que fora na década de 1970.
Portanto, as ETs tiveram na década de 80 um papel destacado na elevação das
exportações e na geração de saldos de comércio. Ampliaram o coeficiente de exportação, bem
como sua participação nas vendas externas brasileiras. Porém, ao contrário do período
anterior, sua contribuição em mudar e dar prosseguimento à evolução da pauta exportadora
não foi tão relevante. Enquanto na média das exportações brasileiras aumentava a participação
dos produtos com maior grau de elaboração, associados a setores como Mecânica, Material de
Transporte e Material Elétrico, para as empresas estrangeiras a participação desses produtos
diminuiu.
Cabe sublinhar que o aumento das exportações das ETs correspondeu a uma estratégia
defensiva, a qual também foi observada entre as empresas nacionais. O objetivo era preservar
a rentabilidade frente ao contexto de retração e instabilidade no mercado interno. O aumento
no grau de proteção comercial, dos incentivos à exportação e a manutenção de uma taxa de
câmbio subvalorizada, foram outros determinantes do processo.
Participação das ETs nas Exportações por Setor da Indústria
1980 e 1990 – %
Setor
Alimentos, Bebidas e Fumo
Química Industrial
Outros Produtos Químicos
Borracha, Plástico e Produtos de Vidro
Ferro, Aço e Metais Não-Ferrosos
Produtos de Metais
Maquinaria
Equipamentos Elétricos
Equipamentos de Transporte
Outras Indústrias
Total
1980
24,9
71,5
45,4
71,8
34,3
38,7
81,7
89,1
78,8
21,4
38,2
1990
33,9
57,2
65,6
70,2
45,4
32,5
82,6
87,7
68,2
13,6
44,1
Fonte: Bielschowsky (1992).
Obs.: Participação nas exportações das 1.000 maiores exportadoras.
2
– Participação das Empresas Estrangeiras nas exportações das 1.000 maiores exportadoras registradas na CACEX.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
14
O Ciclo de IDE dos Anos 1990
Já foi observado que os investimentos estrangeiros no Brasil permaneceram em níveis
muitos baixos e relativamente estagnados desde o início da crise da dívida dos anos 1980 até a
entrada dos anos 1990. Ao longo da década passada voltaram a aumentar, registrando valores
muito elevados.
De um nível aproximado anual de US$ 1 bilhão nos primeiros anos da década de 1990
e de US$ 500 milhões nos anos 1980, os fluxos intensificaram-se a partir de 1994-95, quando
a economia se estabiliza.
Os dados a seguir mostram a evolução do IDE entre 1990 e 2001. O IDE atingiu um
auge em 2000, quando mais de U$S 32 bilhões líquidos ingressaram no país. Em 2001, e, com
maior intensidade, em 2002, os fluxos para a economia brasileira diminuíram em razão da
drástica redução do fluxo mundial de IDE e do quadro de instabilidade externa e interna.
Como proporção dos fluxos mundiais, os investimentos para o Brasil mostram uma
notável progressão: de menos de 1% na primeira metade da década de 1990, atingem 4,2% do
total mundial em 1998. Nesse mesmo ano, entre os países em desenvolvimento, a participação
dos investimentos recebidos pelo Brasil também alcança seu índice máximo: 15,4%. Entre
1999 e 2001, a participação do Brasil foi menor, porém os volumes absolutos permaneceram
elevados.
Fluxos de Investimento Direto Estrangeiro na Economia Brasileira
IDE Brasil (US$ Milhões)
Participação no total (%)
Mundo
Países em desenvolvimento
1990-95 1
2.000
1996
10.792
1997
18.993
1998
28.856
1999
28.578
2000
32.779
2001
22.457
0,9
2,7
2,8
7,1
4,0
9,9
4,2
15,4
2,6
12,7
2,2
13,8
3,1
11,0
Fonte: BACEN, CEPAL e UNCTAD. Elaboração própria.
1
Nota: Média anual.
A nível mundial, uma importante característica dessa nova onda de investimento foi a
predominância de operações de aquisição e fusão (A&F) relativamente aos investimentos em
novas plantas. Como se pode observar na tabela a seguir, a parcela de A&F em relação ao
volume total de IDE mundial cresceu ao longo dos últimos anos, atingindo 80,8% em 2001.
Essa tendência foi muito mais acentuada nos países desenvolvidos do que nos países
em desenvolvimento. Os dados para o Brasil, no entanto, mostram uma participação de A&F
maior do que a média dos países em desenvolvimento, aproximando-se do padrão dos países
desenvolvidos.
Em grande parte, esse fato explica-se pela participação do capital estrangeiro no
processo de privatização de empresas públicas ocorrido ao longo da década de 1990. Na
segunda metade da década a participação dos investimentos nas privatizações no total do IDE
recebido pelo Brasil foi sempre superior a 20%, atingindo 30,7% em 1999. Em 2001, essa
relação cai para 4,8% do total, determinando também a queda das operações de A&F.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
15
Relação Aquisições e Fusões / IDE 1990-2001 - %
Aquisições & Fusões / IDE
Mundo
Países Desenvolvidos
Países em desenvolvimento
Brasil
Privatizações / IDE
Privatizações / A&F
1990-95
52,3
71,1
17,0
27,5
n.d.
n.d.
1996
58,8
85,3
21,4
60,6
24,5
40,5
1997
63,8
86,6
35,1
63,5
27,6
43,5
1998
76,6
91,5
44,1
101,8
21,2
20,8
1999
70,4
81,1
32,9
32,7
30,7
93,9
2000
76,7
86,0
29,7
70,2
20,4
29,0
2001
80,8
98,6
41,9
31,2
4,8
15,4
Fonte: UNCTAD 2002 e Banco Central do Brasil.
Também merece destaque a mudança na composição setorial de destino do
investimento. Tradicionalmente, em períodos passados, a maior parte dos investimentos
estrangeiros dirigia-se para a indústria. Segundo o Censo de Capitais Estrangeiros de 1995, à
indústria correspondia 67% do estoque acumulado de investimentos estrangeiros de US$ 41,7
bilhões. Serviços com 31% e atividades agrícolas com 2,2% tinham expressão muito inferior.
Na indústria, a maior parte do capital estrangeiro estava na química, indústria automotiva,
metalurgia básica, alimentos e máquinas e equipamentos. Nos serviços destacavam-se a
prestação de serviços às empresas (as holdings estão classificadas nesse item), serviços
financeiros e comércio atacadista.
O Censo de 2000 registraria uma grande mudança deste quadro. Indústria e serviços
praticamente invertem suas posições relativas. À indústria passa a corresponder 33,7% do
estoque acumulado de investimentos estrangeiros e ao setor serviços, 64%.
No período 1996 a 2000, justamente quando os fluxos tiveram um crescimento
acelerado, o setor de serviços foi o maior receptor de IDE, registrando valores acumulados de
US$ 83,3 bilhões ou 80% do total do IDE no período. Novamente, cabe destacar a
privatização de empresas estatais brasileiras como fator condicionante desse resultado,
particularmente nos setores de telecomunicações e geração e distribuição de energia elétrica.
Esses dois segmentos responderam por 35% do total dos fluxos acumulados.
Capital Integralizado Por Não Residentes (IDE) - US$ Mil
Empresas com Participação Estrangeira
Agricultura, Pecuária e Ext.Mineral
Indústria
Serviços
Total
1995
2000
924.989
2,2%
2.401.079
2,3%
27.907.093
66,9% 34.725.619
33,7%
12.863.541
30,9% 65.887.811
64,0%
41.695.624
100,0% 103.014.509
100,0%
Fonte: Banco Central.
Outro destaque foi a intermediação financeira, refletindo, igualmente, um processo de
privatização, no caso, dos bancos estaduais, mas também a aquisição de instituições
financeiras por bancos estrangeiros. Cabe sublinhar que o setor de prestação de serviços a
empresas, que registra valores elevados, inclui operações de empresas holding. No setor
serviços, o estoque de IDE passou de US$ 12,9 bilhões para US$ 65,8 bilhões com
crescimento de 412%.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
16
Na indústria, a perda de importância relativa não foi acompanhada de queda de valores
absolutos de investimentos estrangeiros. Foram mantidos valores elevados sobretudo em
setores que já desfrutavam de uma participação relevante no estoque de capital estrangeiro em
1995, como no setor automotivo, químico e alimentos e bebidas. Alguns outros setores na
mesma condição, como metalurgia básica, máquinas e equipamentos e papel e celulose,
tiveram um fluxo acumulado de investimento estrangeiro bastante abaixo dos demais setores.
No total, a indústria absorveu 18% do IDE no período. O estoque de IDE na indústria cresceu
24,4% entre 1995 e 2000.
Em atividades agrícolas e de extração, destaca-se como receptor de IDE o segmento de
extração de petróleo. No conjunto, a atividade agrícola e de extração representou apenas 1,7%
do fluxo acumulado entre 1996 e 2000. O estoque de IDE, muito inferior ao dos demais
setores, cresceu 160% entre 1995 e 2000.
A tabela a seguir resume os resultados dos Censos de 1995 e 2000, bem como os
fluxos acumulados de IDE de 1996 a 2000. Note-se que o montante do estoque de capital
apurado em 2000 corresponde a um valor (US$ 103,0 bilhões) substancialmente inferior ao
resultado da soma do estoque de capitais relativo a 1995 com o fluxo de IDE do período
1996/2000 (US$ 145,4 bilhões). A relação entre um e outro, que é de 70%, reflete o impacto
da desvalorização do real em 1999. Ainda assim, o crescimento do estoque de capital
estrangeiro direto entre 1995 e 2000 foi elevado: 147%.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
17
Investimento Direto Estrangeiro - US$ Milhões e %
Agr., pec. e ext. mineral
Agricult., pecuária e servs. relacs.
Silvicult., expl. florestal e servs.relacs.
Pesca, aqüicultura e servs. relacs.
Extração petróleo e servs. relacs.
Extração de minerais metálicos
Extração minerais não-metálicos
Indústria
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. de produtos têxteis
Conf. de arts. vestuário e acessórios
Prep. couros, fabr. artefs. e calçados
Fabr. de produtos de madeira
Fabr. celul., papel e produtos papel
Edição, impressão, repr. gravações
Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool
Fabr. de produtos químicos
Fabr. artigos de borracha e plástico
Fabr. produtos minerais não-metáls.
Metalurgia básica
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas escrit. e equips. inform.
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic.
Fabr.equips.méds.-hospitalar
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs.
Fabr. outros equips. transporte
Fabr. móveis e indústrias diversas
Reciclagem
Serviços
Eletricidade, gás e água quente
Captação, tratam. e distribuicão água
Construção
Comérc. e repar. veícs.,comérc.combusts.
Comérc. atacado e interms. comércio
Comérc. varej. e repar. de objetos
Alojamento e alimentação
Transporte terrestre
Transporte aqüaviário
Transporte aéreo
Ativs. auxils. transp. e agências viagem
Correio e telecomunicações
Intermediação financeira
Seguros e previdência privada
Ativs. auxils. da interm. financeira
Atividades imobiliárias
Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos
Ativs. de informática e conexas
Pesquisa e desenvolvimento
Serviços prestados a empresas
Educação
Saúde e serviços sociais
Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas
Atividades associativas
Ativs. recreats. culturais e desportivas
Serviços pessoais
Organismos internacionais
Total
Estoque 1995
Valor
%
925
2,2
207
0,5
30
0,1
8
0,0
72
0,2
567
1,4
41
0,1
27.907
66,9
2.828
6,8
715
1,7
530
1,3
78
0,2
428
1,0
29
0,1
1.634
3,9
138
0,3
0,0
5.331
12,8
1.539
3,7
854
2,0
3.005
7,2
573
1,4
2.345
5,6
458
1,1
1.101
2,6
785
1,9
168
0,4
4.838
11,6
223
0,5
294
0,7
13
0,0
12.864
30,9
0
0,0
2
0,0
203
0,5
84
0,2
2.132
5,1
669
1,6
364
0,9
6
0,0
90
0,2
25
0,1
71
0,2
399
1,0
1.638
3,9
150
0,4
390
0,9
1.109
2,7
363
0,9
115
0,3
6
0,0
4.952
11,9
1
0,0
18
0,0
2
0,0
54
0,1
15
0,0
2
0,0
1
0,0
41.696
100,0
Fluxo Ac. 1996/00
Estoque 2000
Valor
%
Valor
%
1.781
1,7
2.401
2,3
58
0,1
288
0,3
158
0,2
88
0,1
0,0
8
0,0
862
0,8
1.022
1,0
597
0,6
611
0,6
106
0,1
384
0,4
18.633
18,0 34.726
33,7
2.856
2,8
4.619
4,5
418
0,4
724
0,7
271
0,3
677
0,7
49
0,0
148
0,1
0,0
49
0,0
159
0,2
240
0,2
45
0,0
1.573
1,5
116
0,1
191
0,2
33
0,0
1
0,0
3.334
3,2
6.043
5,9
592
0,6
1.782
1,7
843
0,8
1.170
1,1
506
0,5
2.513
2,4
172
0,2
593
0,6
1.227
1,2
3.324
3,2
733
0,7
281
0,3
685
0,7
990
1,0
1.686
1,6
2.169
2,1
88
0,1
736
0,7
4.360
4,2
6.351
6,2
327
0,3
356
0,3
131
0,1
183
0,2
0,0
12
0,0
83.282
80,3 65.888
64,0
13.324
12,8
7.116
6,9
164
0,2
146
0,1
530
0,5
416
0,4
544
0,5
429
0,4
4.423
4,3
5.918
5,7
3.373
3,3
3.893
3,8
82
0,1
317
0,3
337
0,3
215
0,2
55
0,1
73
0,1
11
0,0
10
0,0
90
0,1
198
0,2
22.701
21,9 18.762
18,2
15.921
15,4 10.671
10,4
463
0,4
492
0,5
1.139
1,1
1.488
1,4
254
0,2
798
0,8
52
0,1
84
0,1
1.696
1,6
2.543
2,5
0,0
735
0,7
17.733
17,1 11.019
10,7
0,0
6
0,0
0,0
70
0,1
34
0,0
122
0,1
38
0,0
8
0,0
317
0,3
353
0,3
0,0
7
0,0
0,0
0,0
103.695
100,0 103.015
100,0
Fonte: Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
18
Fluxos de IDE - US$ Milhões
24.139
20.362
20.147
12.818
12.547
7.002
7.001
5.815
1.740
1996
5.087
2.037
1997
2.766
1998
Indústria
1999
2000
2001
Serviços
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
19
Os Resultados do Censo de Capital Estrangeiro
Os resultados do último Censo de Capital Estrangeiro realizado pelo Banco Central
(ano base: 2000) combinados com os resultados do Censo anterior (ano base: 1995) permitem
destacar vários aspectos relativos ao último ciclo de investimento estrangeiro para o Brasil.
Uma análise mais detida do impacto do capital estrangeiro sobre o balanço de pagamentos e
sobre o comércio exterior brasileiros será realizada nos dois próximos itens. Aqui são
reunidas e comentadas algumas características gerais.
Ao lado do grande aumento do estoque de investimento direto estrangeiro (IDE) e de
sua concentração no setor serviços – traços que já foram salientados – o Censo de 2000
revelou:
Pequena variação na distribuição regional do estoque de IDE: a região sudeste ainda
concentra 87% do estoque de IDE; nas regiões Sul e Centro-Oeste o estoque de IDE
aumentou.
Notável mudança na participação dos países investidores no Brasil. Espanha e Portugal,
que juntos não representavam mais do que 1% do total do estoque de IDE em 1995,
passam a absorver 15% em 2000. Países com participação mais destacada em 1995, como
França e Holanda, elevam significativamente sua participação. Estados Unidos e,
sobretudo, Alemanha, foram os países que perderam posição.3
Capital Integralizado Por Não Residentes (IDE) - US$ Mil
Empresas com Participação Estrangeira
Região Geográfica 1
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
2
Exterior
Total
1995
840.714
2,0%
1.618.480
3,9%
217.951
0,5%
36.682.852
88,0%
2.283.847
5,5%
51.780
0,1%
41.695.624
100,0%
2000
1.571.463
3.187.045
1.303.687
89.321.612
7.528.555
102.148
103.014.509
1,5%
3,1%
1,3%
86,7%
7,3%
0,1%
100,0%
Fonte: Banco Central.
1
Segundo a localização do maior imobilizado do declarante.
Notas:
2
Maior parcela do imobilizado do declarante está localizada no exterior.
Capital Integralizado Por Não Residentes (IED) - US$ Mil
Empresas com Participação Estrangeira
País do Investidor
Estados Unidos
Espanha
Países Baixos (Holanda)
França
Ilhas Cayman
Alemanha
Portugal
Demais Países
Total
1995
10.852.183
251.010
1.545.798
2.031.459
891.678
5.828.042
106.610
20.188.843
41.695.624
2000
26,0% 24.500.107
0,6% 12.253.090
3,7% 11.055.332
4,9%
6.930.850
2,1%
6.224.806
14,0%
5.110.235
0,3%
4.512.102
48,4% 32.427.987
100,0% 103.014.509
23,8%
11,9%
10,7%
6,7%
6,0%
5,0%
4,4%
31,5%
100,0%
Fonte: Banco Central.
3
Ver no Anexo maiores detalhes setoriais da distribuição do estoque de IDE por país de origem do investimento.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
20
Os censos apresentam também dados contábeis e outras informações (número de
empregados, comércio exterior etc) para duas categorias de empresas estrangeiras:
“Empresas com participação estrangeira” são aquelas instituições sediadas no país “com
participação direta ou indireta de não-residentes em seu capital social de, no mínimo, 10%
das ações ou quotas com direito a voto ou 20% de participação direta ou indireta no
capital total. Em 1995, eram 6.322 instituições nessa categoria e, em 2000, 11.404
instituições.
“Empresas com participação estrangeira majoritária” (ou “empresas controladas por nãoresidentes”) são “aquelas de cujo capital social participam não-residentes com mais de
50% do capital votante”. Somavam 4.902 em 1995 e 9.712 em 2000.
Por diferença (valores relativos ao primeiro conjunto menos valores correspondentes
ao segundo) foram apuradas as informações para o que chamamos de “empresas com
participação estrangeira minoritária”. Para os dados de comércio exterior e de balanço de
pagamentos, também apuramos valores para “demais: empresas nacionais, setor público e
outros”, igualmente por diferença, no caso entre os valores correspondentes a “Brasil” e os
valores para “empresas com participação estrangeira”.4
O Censo de capitais estrangeiros registrou um valor do estoque de investimento direto
em 2000 de R$ 201 bilhões, ou US$ 103 bilhões, evidenciando um crescimento substancial
relativamente aos dados do Censo de 1995, quando o valor em dólar do estoque de capital
estrangeiro alcançara US$ 41,7 bilhões (aumento de 147% no período de 5 anos ou 20% ao
ano).
As empresas com participação estrangeira detinham ativos em 2000 no valor de
US$ 467 bilhões (US$ 280 bilhões em 1995), o que correspondia a 80% do PIB brasileiro e
sua receita líquida de vendas alcançava US$ 231 bilhões ou 40% do PIB. Empregavam 1.710
mil pessoas.
As empresas com participação majoritária do capital estrangeiro detinham
investimentos diretos no país de US$ 94,6 bilhões (crescimento de 167% com relação a
1995), tinham ativos de US$ 328 bilhões (55% do PIB) e receita operacional líquida de
US$ 179 bilhões (30% do PIB). Empregavam 1.298 mil trabalhadores.
Os principais resultados contábeis dos Censos de Capitais Estrangeiros são
apresentados no Anexo. É possível constatar o grande avanço da dívida total, interna e externa
das empresas estrangeiras em seu último ciclo de expansão na economia brasileira. O modelo
empresarial que acompanhou esse ciclo combinou, portanto, grande influxo de investimento
com elevada contratação de dívidas. O resultado tendeu mais para a segunda do que para a
primeira característica, resultando em maior endividamento das empresas estrangeiras com
operação no Brasil.
De fato, como mostram os dados da tabela abaixo, o endividamento global aumentou
entre 1995 e 2000, especialmente para as empresas com participação estrangeira majoritária.
4
Os valores em reais (relativos aos dados contábeis) foram convertidos em dólar norte-americano pela taxa de
câmbio de final de período para os dados de estoque (como ativo, dívida, patrimônio líquido, estoque de IDE etc):
R$ 0,9726 e R$ 1,9554 para 31/12/1995 e 31/12/2000, respectivamente. Para os dados de fluxo (receita operacional
líquida, pagamento de juros, lucro etc) os valores originais foram convertidos pela taxa média de venda do ano:
R$ 0,9177 em 1995 e R$ 1,8295 em 2000. Note-se que as informações relativas ao comércio exterior (exportação e
importação) foram obtidas pelos Censos diretamente em dólar.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
21
A relação entre o patrimônio líquido e o ativo das empresas com participação estrangeira caiu
de 38,5% para 27,8% e de 42,4% para 26,0% entre as empresas com participação estrangeira
majoritária. Os indicadores de endividamento total, interno e externo confirmam que, a
despeito do grande volume de investimento direto estrangeiro para o Brasil no período
recente, no modelo de financiamento da expansão das empresas estrangeiras operantes no país
predominou o financiamento mediante o endividamento.
Em 2000, para cada US$ 1,00 de patrimônio líquido, as empresas com participação
estrangeira tinham US$ 1,98 de dívidas, das quais, US$ 0,82 de dívida externa e US$ 1,16 de
dívida interna; para cada US$ 1,00 de investimento estrangeiro direto, as empresas com
participação estrangeira tinham US$ 2,49 de dívidas, das quais, US$ 1,03 de dívida externa e
US$ 1,46 de dívida interna. Isso teve conseqüências relevantes para o aumento da dívida
externa brasileira e pressionou o restrito mercado interno de crédito.
Relações Contábeis e Financeiras
Emp. Com Part.
Estrangeira
1995
Patrimônio Líquido / Ativo (%)
Exigível / Patrimônio Líquido (%)
Dívida Total / Patrimônio Líquido. (%)
Dívida Interna / Patrimônio Líquido (%)
Dívida Externa / Patrimônio Líquido (%)
Dívida Externa c/ Cont. e Col. / Dívida Externa (%)
Dívida Total / Investimento Externo (%)
Dívida Interna / Investimento Externo (%)
Dívida Externa / Investimento Externo (%)
Margem Bruta (%)
Margem Antes das Var. Monet. e Camb. e Corr. Balanço (%)
Margem Antes do IR e Contribuições (%)
Margem Líquida (%)
Lucro Líquido / Ativo (%)
Lucro Líquido / Patrimônio Líquido (%)
Ativo / No. de Empregados (US$ Mil)
Investimento Externo / No. de Empregados (US$ Mil)
2000
38,5
159,5
124,3
76,9
47,4
28,4
322,1
199,2
122,8
25,2
6,5
5,5
3,2
2,3
5,9
207,3
30,8
Empresa Estrang.
Majoritária
Empresa Estrang.
Minoritária
1995
1995
27,8
259,8
197,5
115,6
82,0
47,7
249,1
145,7
103,4
31,1
3,3
0,2
(1,2)
(0,6)
(2,2)
273,4
60,3
2000
42,4
135,9
97,5
57,7
39,8
43,9
190,1
112,4
77,7
27,3
6,7
5,7
2,9
2,5
5,9
179,2
39,0
26,0
284,2
213,0
120,5
92,5
56,6
192,3
108,8
83,5
29,1
1,6
(1,3)
(2,6)
(1,4)
(5,5)
252,7
72,9
33,2
201,5
172,0
111,2
60,9
10,4
1.079,2
697,4
381,9
20,4
6,1
5,1
3,8
2,0
5,9
265,3
14,0
2000
32,0
213,0
167,8
106,0
61,7
22,0
889,7
562,3
327,4
37,7
9,1
5,2
3,5
1,3
4,1
338,8
20,4
Fonte: Banco Central.
Como mostra a tabela a seguir, desse modelo resultou que a empresa com participação
estrangeira, cuja dívida externa representava 32,2% da dívida externa total brasileira de
US$ 159,3 bilhões em 1995, passa a responder por 45,1% de uma dívida total de US$ 236,2
bilhões em 2000. Do aumento dessa dívida (US$ 76,9 bilhões no período considerado), a
elevação da dívida externa das empresas com participação estrangeira foi responsável por
71,9% (US$ 55,3 bilhões). Considerando apenas as empresas com participação estrangeira
majoritária, estas foram responsáveis por 66,9% (US$ 51,4 bilhões) do aumento da dívida
externa brasileira.
Dívida Externa - US$ Bilhões
Brasil
1995
Dívida externa total
%
Variação 1995/2000
%
159,3
100,0
2000
236,2
100,0
76,9
100,0
Demais: Emp.
Emp. Com
Empresa
Empresa
Nacional, Setor
Part.
Estrang.
Estrang.
Púb. e Outros
Estrangeira
Majoritária
Minoritária
1995
108,0
67,8
2000
129,7
54,9
21,6
28,1
1995
51,2
32,2
2000
106,5
45,1
55,3
71,9
1995
27,6
17,3
2000
1995
79,0
33,5
51,4
66,9
23,6
14,8
2000
27,5
11,6
3,9
5,0
Brasil Var.
95/00
48%
Emp.C/
Part. Est.
Var.
95/00
108%
Fonte: Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
22
Em parte, o aumento verificado nos índices de endividamento das empresas
estrangeiras decorreu da maior participação do setor serviços no investimento estrangeiro.
Nesse setor, e, em especial, no segmento de intermediação financeira, são registradas as mais
baixas relações patrimônio líquido/ativo, como mostra a tabela abaixo. Porém, os dados
mostram também que o aumento de endividamento das empresas estrangeiras ocorreu de
forma geral nos diversos setores e segmentos da economia, incluindo o setor industrial e o
setor primário, onde os índices de endividamento são menores.
Distribuição por Setor - Empresas com Participação Estrangeira
Setores
Agricultura, Pecuária e Extrativa Mineral
Indústria
Serviços
Total
Quant.
Empregados
Mil
Ativo / Quant. Pat. Líquido /
Empregados
Ativo
(US$ Mil)
(%)
Result. Líq.
Após Partic.
(US$ Milhões)
1995
79
972
300
1.353
1995 2000 1995 2000
110
219
47
57
144
144
37
53
437
444
24
22
207
273
28
39
1995
2000
(420)
(510)
5.451 2.768
1.070 (5.977)
6.104 (3.719)
2000
37
944
729
1.710
Fonte: Banco Central.
Devemos considerar a alternativa de que a dívida das empresas estrangeiras junto às
suas controladas e coligadas seja considerada como investimento direto estrangeiro. A
propósito, na apuração das contas externas brasileiras este é o procedimento que o Banco
Central adota para os empréstimos intercompanhias. Justifica-se também um exercício como
esse porque no período coberto pelos Censos do Capital Estrangeiro era elevado o risco de
desvalorização da moeda nacional, o que poderia resultar em desvalorização em moeda forte
do capital social integralizado por estrangeiros.
Já vimos que de fato ocorreu uma significativa desvalorização do estoque de
investimento direto estrangeiro em 2000, em função da desvalorização do real em 1999.
Diante desse risco, é provável que no ciclo de IDE para o Brasil durante a segunda metade
dos anos 1990, as empresas estrangeiras tenham optado por aportar recursos em suas filiais ou
coligadas no país na forma de empréstimo intercompanhia – que, por constituir uma relação
contratual, mantém invariável o valor em moeda forte dos recursos aportados durante o prazo
estabelecido do empréstimo – e não diretamente por investimento no capital. Sendo assim, o
valor efetivo do estoque de IDE estaria subestimado em 1995 e em 2000 (mais nesse do que
primeiro ano). De fato, considerada como investimento direto a dívida das empresas com
participação estrangeira com suas controladas e coligadas, o estoque de IDE subiria para
US$ 71,4 bilhões e US$ 185,6 bilhões nesses dois anos, com crescimento de 160%. Também
seriam alterados os indicadores de endividamento anteriormente comentados Os novos
resultados para as “relações contábeis e financeiras” estão reproduzidas no quadro abaixo,
onde se pode constatar que seriam bem menores os índices de endividamento das empresas
estrangeiras, sem, contudo, alterar a direção das conclusões anteriormente tiradas da análise,
quais sejam, as de que no recente boom de IDE para o Brasil, o modelo de financiamento das
empresas com participação estrangeira (sobretudo as empresas estrangeiras majoritárias) foi
um modelo de maior endividamento interno e externo dessas empresas.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
23
Relações Contábeis e Financeiras
(Considerando a dívida interna e externa com controladas e coligadas como investimento direto)
Emp. Com Part.
Estrangeira
1995
Patrimônio Líquido / Ativo (%)
Exigível / Patrimônio Líquido (%)
Dívida Total / Patrimônio Líquido. (%)
Dívida Interna / Patrimônio Líquido (%)
Dívida Externa / Patrimônio Líquido (%)
Dívida Externa c/ Cont. e Col. / Dívida Externa (%)
Dívida Total / Investimento Externo (%)
Dívida Interna / Investimento Externo (%)
Dívida Externa / Investimento Externo (%)
Margem Bruta (%)
Margem Antes das Var. Monet. e Camb. e Corr. Balanço (%)
Margem Antes do IR e Contribuições (%)
Margem Líquida (%)
Lucro Líquido / Ativo (%)
Lucro Líquido / Patrimônio Líquido (%)
Ativo / No. de Empregados (US$ Mil)
Investimento Externo / No. de Empregados (US$ Mil)
49,1
103,5
75,9
49,3
26,6
39,7
146,5
95,2
51,3
25,2
6,5
5,5
3,2
2,3
4,6
207,3
52,8
2000
45,5
119,9
81,9
55,6
26,2
91,1
93,7
63,7
30,0
31,1
3,3
0,2
(1,2)
(0,6)
(1,3)
273,4
108,6
Empresa Estrang.
Majoritária
1995
56,9
75,7
47,1
30,4
16,6
78,3
73,9
47,7
26,1
27,3
6,7
5,7
2,9
2,5
4,4
179,2
65,0
2000
46,5
115,2
75,3
52,8
22,5
130,4
71,0
49,8
21,2
29,1
1,6
(1,3)
(2,6)
(1,4)
(3,1)
252,7
124,5
Empresa Estrang.
Minoritária
1995
38,3
161,4
135,9
88,6
47,3
11,6
501,1
326,7
174,4
20,4
6,1
5,1
3,8
2,0
5,1
265,3
27,5
2000
43,1
131,9
98,4
62,7
35,7
28,2
246,8
157,4
89,5
37,7
9,1
5,2
3,5
1,3
3,1
338,8
58,2
Fonte: Banco Central.
Dois outros resultados do Censo merecem ser destacados. O primeiro, diz respeito ao
emprego nas empresas com participação estrangeira. Este, entre 1995 e 2000, passou de 1.353
mil pessoas para 1.710 mil, uma evolução (26% no acumulado desse período) muito aquém
da evolução de itens como o estoque de investimento direto estrangeiro ou o volume de ativos
das empresas estrangeiras. A relação ativo/número de empregados, que é um indicador da
intensidade de capital das empresas estrangeiras, aumentou de US$ 207 mil para US$ 273 mil
entre 1995 e 2000, em grande parte devido à maior expressão nos ativos das empresas
estrangeiras do setor onde é maior, em média, essa relação, ou seja, o setor serviços (ver a
tabela abaixo e, para mais detalhes, os dados do Anexo). Note-se que no setor industrial a
relação ativo/número de empregados não aumentou, o que significa dizer que se a expansão
do capital estrangeiro no período 1995/2000 acompanhasse a composição setorial observada
até 1995, seu impacto sobre a geração de empregos teria sido muito mais expressivo do que
de fato ocorreu.
Em segundo lugar, cabe observar que o lucro líquido negativo apurado para o
consolidado das empresas com participação estrangeira em 2000, foi inteiramente uma
decorrência do resultado negativo das empresas do setor serviços (e, neste, destacadamente,
em telecomunicações). Na indústria, o resultado líquido após as participações caiu com
relação ao lucro apurado em 1995, porém manteve-se positivo.
Os resultados do comércio exterior mostram relevantes diferenças. Em seu conjunto,
as empresas com participação estrangeira mantiveram em 2000 um saldo comercial positivo
(US$ 1,7 bilhões), embora menor do que em 1995 (US$ 2,4 bilhões). Esse foi um resultado
condicionado pelas empresas com participação estrangeira minoritária, cujo saldo cresceu de
US$ 3,6 bilhões para US$ 6,4 bilhões. As empresas com participação estrangeira majoritária,
que já eram deficitárias em 1995 (US$ 1,2 bilhões), ampliaram significativamente o resultado
negativo em 2000 (US$ 4,7 bilhões).
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
24
Dados do Comércio Exterior - US$ Milhões
Emp. com Part.
Estrangeira
1995
Exportações
Importações
Saldo
Exportações Realizadas para Controladas/Coligadas (FOB)
Importações Realizadas de Controladas/Coligadas (FOB)
Saldo - Controladas/Coligadas (FOB)
Exportações Realizadas para Outros (FOB)
Importações Realizadas de Outros (FOB)
Saldo - Outros (FOB)
21.745
19.371
2.374
9.078
8.529
549
12.667
10.842
1.825
Empresa Estrang.
Majoritária
2000
1995
2000
33.250
31.553
1.697
21.055
18.236
2.819
12.195
13.318
(1.122)
14.520
15.709
(1.190)
6.628
7.979
(1.351)
7.892
7.730
161
22.776
27.479
(4.703)
15.944
17.627
(1.683)
6.832
9.853
(3.021)
Empresa Estrang.
Minoritária
1995
2000
7.225
3.662
3.563
2.450
550
1.900
4.775
3.112
1.663
10.474
4.074
6.400
5.111
609
4.502
5.363
3.465
1.898
Emp. com
Part. Est.
Var. 95/00
53%
63%
-29%
132%
114%
413%
-4%
23%
-162%
Fonte: Banco Central.
Outros resultados importantes do Censo na área do comércio exterior são:
As exportações e mais ainda as importações das empresas com participação estrangeira
cresceram acima das exportações e importações totais do Brasil. De 1995 a 2000, a
participação dessas empresas no comércio exterior brasileiro passou de 46,8% para 60,4%
no caso das exportações e de 38,8% para 56,6% no caso das importações.
Os coeficientes de comércio (exportações/receita operacional líquida – propensão a
exportar – e importações/receita operacional líquida – propensão a importar) evoluíram no
período. No caso do coeficiente de exportação, o aumento de 10,8% para 14,4% foi
comandado pelas empresas com participação estrangeira minoritária; no caso do
coeficiente de importação, que passou de 9,7% para 13,6%, as empresas com participação
estrangeira majoritária lideraram o processo.
Cresceu também fortemente o comércio intra-firmas. No ano 2000, do total das
exportações das empresas com participação estrangeira, 63,3% correspondiam a vendas
para empresas controladas ou coligadas (41,7% em 1995); do total das importações,
57,8% correspondiam a compras de empresas controladas ou coligadas (44,0% em 1995).
Note-se que no caso das empresas com participação estrangeira minoritária, o comércio
intra-firma é expressivo do lado das exportações, mas de muito menor importância do
lado das importações.
Relações do Comércio Exterior
Emp. com Part.
Estrangeira
1995
Exportações / Exportações Brasil (%)
Importações / Exportações Brasil (%)
Exportações - Cont. e Colg / Exportações Totais (%)
Importações - Cont. e Colg / Exportações Totais (%)
Exportações / Rec. Op. Líq. (Propensão a Exp.) (%)
Importações / Rec. Op. Líq. (Propensão a Imp.) (%)
46,8
38,8
41,7
44,0
10,8
9,7
2000
60,4
56,6
63,3
57,8
14,4
13,6
Empresa Estrang.
Majoritária
1995
2000
31,2
31,4
45,6
50,8
10,3
11,2
41,3
49,3
70,0
64,1
12,8
15,4
Empresa Estrang.
Minoritária
1995
15,5
7,3
33,9
15,0
12,0
6,1
2000
19,0
7,3
48,8
14,9
19,7
7,7
Fonte: Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
25
O Impacto do IDE Sobre o Déficit em Transações Correntes
Um dos aspectos mais destacados nas análises sobre o investimento estrangeiro no
Brasil nos últimos anos é o do financiamento do déficit em transações correntes brasileiro. O
que usualmente essas análises sublinham é a crescente importância dos recursos dos fluxos de
IDE para o financiar o setor externo brasileiro. Seria essa uma modalidade melhor para o país
de financiamento de seu desequilíbrio externo, uma tese com a qual concordamos. Como o
gráfico abaixo mostra, desde a mudança da política cambial em 1999, os fluxos de IDE para o
país têm sido superiores ou muito próximos ao déficit em transações correntes. Isso foi válido
mesmo nos anos de 2001 e 2002, quando esses fluxos sofreram uma significativa redução.
Déficit em Transações Correntes e IDE
Valores Acumulados em Doze Meses - US$ Bilhões
40
35
30
25
20
15
10
5
Déficit Transações Correntes
jul/02
out/02
abr/02
jan/02
out/01
jul/01
abr/01
jan/01
out/00
jul/00
jan/00
abr/00
out/99
jul/99
abr/99
jan/99
out/98
jul/98
abr/98
jan/98
jul/97
out/97
abr/97
jan/97
out/96
jul/96
abr/96
jan/96
0
IDE
O ângulo de análise que seguiremos aqui difere dessa abordagem. Desejamos estimar
o impacto do recente ciclo de crescimento do IDE sobre o déficit em transações correntes e
sobre os resultados do comércio do país. Neste item trataremos do primeiro tema; no item
seguinte, do segundo.
Nosso objetivo é chegar o mais próximo o quanto possível do resultado em transações
correntes das categorias de empresas reunidas pelos Censos de Capitais Estrangeiros, quais
sejam, de “empresas com participação estrangeira” e “empresas com participação estrangeira
majoritária”. Além disso, podemos, por diferença, estimar os mesmos resultados para
“empresas com participação estrangeira minoritária” e “demais: empresas nacionais, setor
público e outros”, no primeiro caso, pela diferença dos valores relativos àquelas duas
categorias; no segundo, pela diferença entre os valores correspondentes a “Brasil” e os valores
para “empresas com participação estrangeira”.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
26
Convém frisar que os Censos de 1995 e de 2000 coletaram diretamente em dólar
norte-americano o valor das exportações e importações. O resultado da balança comercial,
portanto, é dado diretamente pelos Censos, sem necessidade de estimativas ou conversões de
moeda.
Em moeda nacional (reais) foram coletados os valores dos pagamentos a não
residentes (assim como recebimentos de não-residentes) relativos de juros, lucros e royalties.
A única operação para obtermos esses valores em dólar consiste na conversão dos valores em
moeda nacional para essa moeda estrangeira, o que foi feito usando as taxas de câmbio já
observadas.
Portanto, para balança comercial, lucros e dividendos, juros e royalties, é possível, de
forma simples, dispor de valores para todas as categorias acima mencionadas sem necessidade
de estimativas. Cabe observar que esses itens correspondem à cerca de 80% do resultado em
transações correntes do Brasil nos dois anos dos Censos.
Todos os demais itens do balanço de transações correntes – transportes, viagens,
serviços financeiros, aluguel de equipamentos, outros serviços, transferências unilaterais –,
que correspondem aos restantes 20% do resultado global de transações correntes do país,
estão disponíveis apenas para o agregado (“Brasil”) e não de forma desagregada. Desses,
apenas os valores para transportes foram estimados segundo o volume de comércio de cada
categoria. O valor líquido (receita menos despesa) dos demais itens foi atribuído a “demais:
empresas nacionais, setor público e outros”. Note-se que devido a esse último procedimento,
estão subestimados os déficits (ou superestimados os superávits) em transações correntes das
empresas com participação estrangeira, total, majoritária e minoritária.
A tabela a seguir (maiores informações no Anexo) detalha as estimativas e os gráficos
seguintes ilustram os principais resultados.
Transações Correntes - US$ Bilhões
Brasil
Resultado Comercial
Servicos e Rendas
Comércio, Rendas e Serviços
Tranferências Unilateriais
Transações Correntes
1995
-3,5
-18,5
-22,0
3,6
-18,4
2000
-0,7
-25,0
-25,7
1,5
-24,2
Demais: Emp.
Nacional, Setor
Púb. e Outros
1995
2000
-5,8
-2,4
-12,9
-12,4
-18,7
-14,8
3,6
1,5
-15,1
-13,3
Emp. Com
Part.
Estrangeira
1995
2000
2,4
1,7
-5,7
-12,6
-3,3
-10,9
0,0
0,0
-3,3
-10,9
Empresa
Estrang.
Majoritária
1995
2000
-1,2
-4,7
-5,0
-10,2
-6,2
-14,9
0,0
0,0
-6,2
-14,9
Empresa
Brasil - Emp. C/
Estrang.
Part. Est.
Var.
Minoritária
Var.
95/00
95/00
1995
2000
3,6
6,4
-80%
-29%
-0,6
-2,5
35%
123%
2,9
3,9
17%
233%
0,0
0,0
-58%
0%
2,9
3,9
32%
233%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central.
Os dados permitem tirar conclusões distintas para as categorias de empresas.
As “empresas com participação estrangeira” já eram deficitárias em sua balança em
transações correntes em 1995 (déficit de US$ 3,3 bilhões), devido, sobretudo, ao seu déficit
comercial e à remessa de lucros e dividendos para suas matrizes. Passam a ser muito mais
deficitárias em 2000 (US$ 10,9 bilhões), não tanto porque aumentaram o seu déficit
comercial ou suas remessas de lucros e dividendos, mas, sim, principalmente, porque suas
despesas com juros da dívida externa se elevaram muito. As despesas com royalties também
cresceram fortemente no período. O déficit total das empresas com participação estrangeira,
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
27
que correspondia a apenas 17,9% do déficit em transações correntes do Brasil em 1995,
passa a representar 45% do déficit global brasileiro no ano 2000.
As “empresas com participação estrangeira majoritária” foram as grandes
responsáveis por esse maior desequilíbrio das contas externas das empresas com
participação estrangeira. Nesse caso, o maior déficit comercial ao lado dos maiores
pagamentos líquidos de juros e royalties, tem relevância para explicar o aumento tão
pronunciado do déficit externo desse conjunto de empresas, que salta de US$ 6,2 bilhões
em 1995 (33.8% do déficit em transações correntes do país) para US$14,9 bilhões em
2000 (ou 61,4% do déficit total brasileiro).
As “empresas com participação estrangeira minoritária” compõem o único grupo
superavitário nas contas externas. Seu saldo aumentou de US$ 2,9 bilhões para US$ 3,9
bilhões entre 1995 e 2000, uma melhora que decorreu de um substancial aumento do
resultado comercial, que passou de US$ 3,6 bilhões para US$ 6,4 bilhões.
Com relação ao item “demais: empresas nacionais, setor público e outros”, onde
preponderam as empresas nacionais e o setor público brasileiro, este reduziu seu déficit
externo de US$ 15,1 bilhões em 1995 (82% do déficit total do país) para US$ 13,3 bilhões em
2000 (54,8% do total), em função, principalmente, de um déficit comercial significativamente
menor.
Transações Correntes - %
Brasil
1995
Exportação
Importação
Resultado Comercial
Juros - Líquido
Lucros e Dividendos - Líquido
Juros e Lucros Líquido
Servicos e Rendas
Transações Correntes
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
2000
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
Demais: Emp.
Emp. Com
Empresa
Nacional, Setor
Part.
Estrang.
Estrang.
Púb. e Outros
Estrangeira
Majoritária
Minoritária
1995
53,2
61,2
168,5
82,9
7,2
62,4
69,5
82,1
2000
39,6
43,4
343,4
51,5
8,3
43,5
49,5
54,8
1995
46,8
38,8
-68,5
17,1
92,8
37,6
30,5
17,9
2000
60,4
56,6
-243,4
48,5
91,7
56,5
50,5
45,2
1995
2000
31,2
31,4
34,3
10,9
100,1
35,0
27,1
33,8
41,3
49,3
674,8
36,3
83,1
45,0
40,6
61,4
Empresa
1995
2000
15,5
7,3
-102,8
6,3
-7,3
2,6
3,5
-15,9
19,0
7,3
-918,2
12,2
8,6
11,5
9,9
-16,2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central.
Em suma, “empresas com participação estrangeira minoritária” e “demais: empresas
nacionais, setor público e outros” concorreram para reduzir o desequilíbrio externo brasileiro
mediante a melhora do resultado comercial, a despeito de um moderado aumento da despesa
líquida com rendas e serviços (sobretudo na conta de juros). Um grande agravamento dos
déficits de comércio e rendas e serviços (especialmente nas contas de juros e royalties) nas
“empresas com participação estrangeira majoritária” neutralizou esse processo e determinou a
piora do resultado externo global da economia.
Portanto, na forma como foram financiados os investimentos das empresas
estrangeiras majoritárias em seu recente ciclo de expansão no Brasil e na destinação setorial
desses investimentos – marcadamente contrária à geração de saldos comerciais e de
ampliação do volume de comércio brasileiro – residem os mais destacados fatores do
desequilíbrio externo da economia brasileira causados pelo ciclo de IDE ao longo da segunda
metade da década de 1990.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
28
Transações Correntes - US$ Bilhões
Transações Correntes
Emp. Est. Minoritária
3,9
2,9
Transações Correntes
Emp. Est. Majortitária
-14,9
-6,2
Transações Correntes
Emp.Nac/Setor Púb./Outros
-13,3
-15,1
-24,2
Transações Correntes - Brasil
-18,4
Servicos e Rendas
Emp. Est. Minoritária
-2,5
-0,6
Servicos e Rendas
Emp. Est. Majortitária
-10,2
-5,0
Servicos e Rendas
Emp.Nac/Setor Púb./Outros
-12,4
-12,9
-25,0
Servicos e Rendas - Brasil
-18,5
Resultado Comercial
Emp. Est. Minoritária
6,4
3,6
Resultado Comercial
Emp. Est. Majortitária
-4,7
-1,2
Resultado Comercial
Emp.Nac/Setor Púb./Outros
-2,4
-5,8
-0,7
Resultado Comercial - Brasil
-3,5
-30
-25
-20
-15
-10
2000
1995
-5
0
5
10
Transações Correntes - US$ Bilhões
10
5
2,9
3,9
0
-3,3
-5
-6,2
-10
-10,9
-13,3
-15
-20
-25
-14,9
-15,1
-18,4
-24,2
-30
Brasil
Demais: Emp.
Nacional, Setor Púb. e
Outros
1995
Emp. Com
Part. Estrangeira
Empresa Estrang.
Majoritária
Empresa Estrang.
Minoritária
2000
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
29
Transações Correntes - %
120
100
100,0 100,0
82,1
80
61,4
60
54,8
45,2
40
33,8
17,9
20
0
-20
-15,9
-16,2
-40
Brasil
Demais: Emp.
Nacional, Setor Púb. e
Outros
Emp. Com
Part. Estrangeira
1995
Empresa Estrang.
Majoritária
Empresa Estrang.
Minoritária
2000
Variação do Resultado em Transações Correntes Entre 1995 e 2000 - US$ Bilhões
4
1,8
2
1,0
0
-2
-4
-6
-5,8
-8
-7,7
-8,7
-10
Brasil
Demais: Emp.
Nacional, Setor Púb. e
Outros
Emp. Com
Part. Estrangeira
Empresa Estrang.
Majoritária
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
Empresa Estrang.
Minoritária
30
O Impacto do IDE Sobre os Fluxos de Comércio
Análise Setorial do Impacto do IDE
A divulgação do Censo de Capitais Estrangeiros de 2000 pelo Banco Central tornou
possível também avaliar o reflexo dos fluxos de investimento da segunda metade dos anos
1990 no desempenho comercial das empresas estrangeiras.
Os resultados apresentados abaixo envolvem informações das “empresas com
participação estrangeira”. Já foi visto que em 2000, essas empresas exportaram US$ 33,2
bilhões ou 60% das exportações totais do país (US$ 21,7 bilhões e 46,8% das exportações
totais em 1995) e importaram US$ 31,5 bilhões ou 57% do total (US$ 19,4 bilhões ou 38,8%
do total). O saldo comercial atingiu US$ 1,7 bilhões (US$ 2,4 bilhões em 1995).
A análise setorial revela um desempenho de comércio exterior bastante diferenciado,
incluindo setores superavitários, vários segmentos deficitários e outros com o comércio
relativamente equilibrado. Em 2000, de um total de 46 setores nos quais foram classificadas
as empresas com participação estrangeira, 21 eram deficitários, 15 superavitários e 10
equilibrados.
Para efeito da análise do impacto do recente ciclo de investimento estrangeiro no
Brasil sobre o comércio exterior do país, os setores de atividade foram agrupados de acordo
com a propensão a exportar (exportação/receita operacional líquida) e a importar
(importação/receita operacional líquida) em 2000.
Em conjunto, nesse ano, as empresas com participação estrangeira tinham uma
propensão a exportar de 14,4% e uma propensão a importar de 13,6%. A partir desses índices
de referência, os setores foram classificados em 4 grupos:
Grupo 1 – setores que apresentavam propensão a exportar acima da média e propensão a
importar abaixo da média. É o grupo de “setores de exportação-superavit”.
Grupo 2 – setores com propensão a exportar abaixo da média e propensão a importar
acima da média. É o grupo de “setores deficitários”.
Grupo 3 – setores com propensão tanto a exportar quanto a importar abaixo da média. É o
grupo de “setores de baixo comércio”.
Grupo 4 – setores com as duas propensões acima da média. É o grupo de “setores de
elevado comércio”.
No grupo de “setores de exportação-superavit” (grupo 1) predominam os setores
primários ou industriais intensivos em recursos naturais e que em geral têm exportações
elevadas e importações bastante baixas. A propensão a exportar do grupo é de 35,7%, contra
8% de propensão a importar. São, portanto, setores que contribuem fortemente para a geração
de saldos comerciais. Em 2000, o grupo foi superavitário em US$ 10 bilhões.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
31
Grupo 1 – “Setores de Exportação-Superávit” - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e %
Setor
Silvicultura, Exploração Florestal e Serv. Rel.
Pesca, Aqüicultura e Atividades dos Serv. Rel.
Extração de Minerais Metálicos
Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Fabricação de Produtos do Fumo
Fab. de Art. de Couro e Calçados
Fab. de Celulose, Papel e Produtos de Papel
Metalurgia Básica
Total Grupo 1
Rec. Op.
Líq.
69.115
19.061
2.291.947
17.188.718
1.918.785
482.739
4.307.539
9.956.018
36.233.923
Export.
10.990
12.920
1.479.386
4.952.456
762.351
281.103
1.616.456
3.803.789
12.919.451
Prop. a
Exp.
15,9
67,8
64,5
28,8
39,7
58,2
37,5
38,2
35,7
Import.
63
57
50.587
1.169.895
62.087
48.584
494.956
1.083.471
2.909.700
Prop. a
Estoque IDE
Saldo
Imp.
2000
0,1
10.927
87.768
0,3
12.863
7.688
2,2
1.428.799
611.194
6,8
3.782.561
4.618.652
3,2
700.264
723.842
10,1
232.519
49.269
11,5
1.121.500
1.572.733
10,9
2.720.318
2.513.348
8,0 10.009.751 10.184.494
% do
Total
0,1
0,0
0,6
4,5
0,7
0,0
1,5
2,4
9,9
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central.
O grupo de “setores deficitários” (grupo 2) reúne setores que importam valores muito
superiores aos exportados, destacando-se os segmentos industriais dependentes de insumos
importados como a química, material eletrônico e de comunicações e equipamentos de
informática. Em conjunto, o grupo foi deficitário em US$ 8,1 bilhões, principalmente em
química e material eletrônico e de telecomunicações. Em 2000, sua propensão a exportar era
de 9,4% e a importar, 24,4%.
Grupo 2 – “Setores Deficitários" - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e %
Setor
Extração de Petróleo e Serviços Correlatos
Fabricação de Produtos Têxteis
Fabricação de Produtos Químicos
Fab. de Máq. para Escritório e Equip. de Inform.
Fab.de Mat. Eletrônico e Equipam. de Com.
Fab. de Equipam. Médico-Hospitalar
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Comércio e Rep. de Veíc. Automotores e Motos
Correio e Telecomunicações
Saúde e Serviços Sociais
Atividades Recreativas, Culturais e Desportivas
Total Grupo 2
Rec. Op.
Líq.
334.015
2.551.079
23.442.022
1.792.009
8.271.005
888.077
1.029.942
1.321.916
13.880.598
156.069
587.279
54.254.010
Export.
36.589
350.597
1.889.770
118.012
794.908
111.338
128.879
33.373
1.568.755
2.536
14.644
5.049.401
Prop. a
Import.
Prop. a
Exp.
Imp.
11,0
87.901
26,3
13,7
455.108
17,8
8,1 5.577.099
23,8
6,6
962.325
53,7
9,6 2.647.274
32,0
12,5
278.227
31,3
12,5
169.791
16,5
2,5
506.306
38,3
11,3 2.400.448
17,3
1,6
22.171
14,2
2,5
127.782
21,8
9,3 13.234.432
24,4
Saldo
-51.312
-104.511
-3.687.329
-844.313
-1.852.366
-166.889
-40.912
-472.933
-831.693
-19.635
-113.138
-8.185.031
Estoque IDE
2000
1.022.483
676.679
6.042.713
281.287
2.169.228
735.927
182.751
429.059
18.761.545
69.564
353.467
30.724.703
% do
Total
1,0
0,7
5,9
0,3
2,1
0,7
0,2
0,4
18,2
0,1
0,3
29,8
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central.
O grupo de “setores de baixo comércio” (grupo 3) reúne setores com baixos valores
de exportação e importação. As propensões a exportar e a importar são, respectivamente, de
3,3% e 5%. Em sua grande maioria são setores de serviços tipicamente non-tradables.
O grupo de “setores de elevado comércio” (grupo 4) é composto por setores com
maior grau de integração ao comércio exterior, tanto pelo lado das exportações quanto pelo
lado das importações. Em geral, são setores industriais, em muitos casos com volumes
significativos de comércio, embora com saldos comerciais (positivos ou negativos)
relativamente reduzidos. A única exceção é o setor outros equipamentos de transporte que
teve um superávit de mais de US$ 1,1 bilhão para um total de US$ 1,4 bilhões do grupo como
um todo.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
32
Grupo 3 - “Setores de Baixo Comércio” - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e %
Setor
Agricultura e Pecuária
Confecção de Artigos do Vestuário
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Prod. de Minerais Não-Metálicos
Reciclagem
Eletricidade, Gás e Água Quente
Captação, Tratamento e Distribuição de Água
Construção
Comércio por Atacado
Comércio Varejista
Alojamento e Alimentação
Transporte Terrestre
Transporte Aquaviário
Transporte Aéreo
Atividades Anexas e Auxiliares do Transporte
Intermediação Financeira
Seguros e Previdência Privada
Atividades Aux. da Intermediação Financeira
Atividades Imobiliárias
Aluguel de Veículos, Máquinas e Equipam.
Atividades de Informática e Conexas
Pesquisa e Desenvolvimento
Serviços Prestados às Empresas
Educação
Limpeza Urbana e Esgoto
Atividades Associativas
Serviços Pessoais
Total Grupo 3
Rec. Op.
Líq.
463.572
395.755
1.462.297
3.127.908
50.441
11.910.055
39.805
1.181.037
24.025.288
15.543.794
813.819
836.671
290.470
351.596
704.485
17.446.213
3.064.538
1.258.948
499.005
229.785
3.503.335
13.300
4.685.203
32.863
242.287
6.147
27.099
92.205.716
Export.
61.585
7.769
11.331
388.521
92
14.030
2.028.143
46.853
54.065
3.471
1.416
29.013
15.793
2.804
187
529
81.614
297.792
272
79
175
3.045.534
Prop. a
Exp.
13,3
2,0
0,8
12,4
0,2
1,2
8,4
0,3
6,6
0,4
0,5
4,1
0,1
0,2
0,0
0,2
2,3
6,4
0,8
0,0
0,6
3,3
Import.
35.960
25.099
141.713
238.404
723
207.605
78
47.197
2.851.020
332.674
4.911
22.997
1.561
996
63.202
27.126
1.382
1.653
6.491
404.686
224.614
8
7.578
109
235
4.648.022
Prop. a
Imp.
7,8
6,3
9,7
7,6
1,4
1,7
0,2
4,0
11,9
2,1
0,6
2,7
0,5
0,3
9,0
0,2
0,1
0,3
2,8
11,6
4,8
0,0
3,1
1,8
0,9
5,0
Saldo
25.625
-17.330
-130.382
150.117
-631
-207.605
-78
-33.167
-822.877
-285.821
49.154
-19.526
-145
-996
-34.189
-11.333
1.422
-1.466
-5.962
-323.072
73.178
264
-7.499
-109
-60
-1.602.488
Estoque IDE
2000
288.127
148.451
190.935
1.170.251
12.093
7.116.347
145.885
415.618
5.918.090
3.892.987
316.644
214.767
73.347
9.505
197.628
10.671.262
492.407
1.487.876
798.002
84.382
2.542.911
734.914
11.018.533
5.733
122.245
7.665
7.427
48.084.032
% do
Total
0,3
0,1
0,2
1,1
0,0
6,9
0,1
0,4
5,7
3,8
0,3
0,2
0,1
0,0
0,2
10,4
0,5
1,4
0,8
0,1
2,5
0,7
10,7
0,0
0,1
0,0
0,0
46,7
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central.
Grupo 4 - “Setores de Elevado Comércio” - Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e %
Setor
Extração de Minerais Não-Metálicos
Fabricação de Produtos de Madeira
Fabricação de Coque, Refino de Petróleo
Fabricação de Artigos de Borracha e Plástico
Fabricação de Produtos de Metal
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fab. de Máquinas, Apar. e Materiais Elétricos
Fab. e Montagem de Veículos Automotores
Fab. de Outros Equipamentos de Transporte
Total Grupo 4
Rec. Op.
Líq.
515.972
406.259
1.294
4.878.507
2.645.795
8.868.216
4.274.942
23.294.919
4.163.312
49.049.215
Export.
254.157
123.155
363
728.302
398.589
1.997.318
788.324
4.997.285
2.947.913
12.235.406
Prop. a
Import.
Prop. a
Exp.
Imp.
49,3
95.021
18,4
30,3
63.154
15,5
28,1
367
28,4
14,9
883.466
18,1
15,1
392.425
14,8
22,5 1.619.053
18,3
18,4 1.014.755
23,7
21,5 4.930.162
21,2
70,8 1.762.637
42,3
24,9 10.761.040
21,9
Saldo
159.136
60.001
-4
-155.164
6.164
378.265
-226.431
67.123
1.185.276
1.474.366
Estoque IDE
2000
383.819
239.691
688
1.781.932
593.315
3.324.355
990.290
6.351.387
355.803
14.021.280
% do
Total
0,4
0,2
0,0
1,7
0,6
3,2
1,0
6,2
0,3
13,6
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central.
Se analisarmos em conjunto as informações de comércio relativas a esses grupos, os
dados sobre o estoque de IDE em 1995 e 2000 e os fluxos acumulados nos últimos anos,
classificando os investimentos setoriais nesses grupos, poderemos ter uma noção mais clara
de como esses investimentos influíram nos fluxos de comércio exterior do Brasil.
Indicadores de Comércio Exterior – US$ Mil e %
Rec. Op. Líq.
Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit
Grupo 2 - Setores Deficitários
Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio
Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio
Total
Export.
36.233.923 12.919.451
54.254.010 5.049.401
92.205.716 3.045.534
49.049.215 12.235.406
231.742.864 33.249.792
Prop. a
Import.
Prop. a
Saldo
Estoque IDE % do
Exp.
Imp.
2000
Total
35,7 2.909.700
8,0 10.009.751
10.184.494
9,9
9,3 13.234.432
24,4 -8.185.031
30.724.703
29,8
3,3 4.648.022
5,0 -1.602.488
48.084.032
46,7
24,9 10.761.040
21,9 1.474.366
14.021.280
13,6
14,3 31.553.194
13,6 1.696.598 103.014.509 100,0
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
33
A maior parte do investimento direto estrangeiro entre 1996 e 2001, 60,2%, foi
direcionada para o grupo “setores de baixo comércio” (grupo 3), cujas exportações
representam 9,1% do total das exportações das empresas com participação estrangeira e
as importações, 14,7%. Como a maior parte dos fluxos recentes de IDE foram realizados
nos setores de serviços, justamente os setores que são maioria no grupo 3, esse resultado
não surpreende. Esse grupo concentrava 31,4% do estoque de IDE em 1995 e 46,7% em
2000.
Mais de ¼ (ou 26,2%) do total do fluxo acumulado de IDE dirigiu-se ao grupo de
“setores deficitários” (grupo 2), caracterizado por importações elevadas e saldo comercial
negativo. Esse grupo responde por 41,9% das importações, 15,1% das exportações e 29,8%
(18,8% em 19965) do estoque de IDE.
Participação dos Grupos nos Indicadores de Comércio e IDE – %
Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit
Grupo 2 - Setores Deficitários
Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio
Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio
Não Classif.
Total
Export.
2000
38,8
15,1
9,1
36,8
0,2
100,0
Import.
2000
9,2
41,9
14,7
34,1
0,1
100,0
Estoque IDE
1995
21,2
18,8
31,4
24,6
4,0
100,0
Estoque IDE
2000
9,9
29,8
46,7
13,6
0,0
100,0
IDE acum.
1996-01
6,9
26,2
60,2
6,5
0,2
100,0
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Banco Central.
Por outro lado, o grupo de “setores de exportação-superavit” (grupo 1), de maior
propensão a exportar relativamente à propensão a importar, recebeu o equivalente a apenas
6,9% do total do IDE. O grupo concentra 38,8% do total exportado e 9,2% do total importado
das empresas com participação estrangeira. Do total de estoque de IDE em 2000, 9,9%
correspondia a esse grupo, quando, em 1995, essa proporção era de 21,2%.
Finalmente, o menor volume de investimento (6,5% no total dos fluxos de IDE)
foi para setores com maior envolvimento comercial, o grupo de “setores de elevado
comércio” (grupo 4), que participa com 36,8% no total exportado e 34,1% nas
importações. Sua participação no estoque de capital, que era de 24,6% em 1995, caiu
para 13,6% em 2000.
Resumindo, as evidências apresentadas mostram que em sua maior parte, os
investimentos estrangeiros foram direcionados para setores que exercem poucos impactos
diretos positivos sobre o comércio exterior. Uma outra parcela expressiva dos investimentos
foi realizada em setores fortemente deficitários, gerando impactos negativos do ponto de vista
da balança comercial. Por outro lado, os investimentos naqueles setores que apresentam
característica contrária, isto é, de ter exportações acima das importações resultando em saldos
positivos, foi bastante menor, assim como naqueles com maior envolvimento comercial. Esses
setores absorviam em 2000, quase metade do estoque de IDE (23,5%) que absorviam em
1995 (45,8%).
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
34
Estoque de IDE em 1995 e em 2000 - %
21
1995
19
10
2000
0%
10%
31
30
20%
30%
25
47
40%
50%
60%
14
70%
80%
90%
100%
Grupo 1 - Setores de Exportação - Superávit
Grupo 2 - Setores Deficitários
Grupo 3 - Setores de Baixo Comércio
Grupo 4 - Setores de Elevado Comércio
As Tendências Recentes (Pós Mudança da Política Cambial)
A principal conclusão das informações analisadas no item anterior foi que a
composição setorial do ciclo recente de investimentos estrangeiros na economia brasileira não
favoreceu a melhora nos resultados da balança comercial. Pelo contrário, em sua maioria, os
fluxos foram direcionados a setores que contribuíram para a geração de déficits comerciais.
Todavia, após a mudança cambial em 1999, é observada uma mudança na orientação
dos fluxos de IDE que, embora ainda possa ser considerada tímida, é perceptível. Ela favorece
os grupos de setores superavitários e de maior corrente de comércio. Como mostra o gráfico a
seguir, os fluxos totais de IDE caem acentuadamente após o ano 2000 (fim do boom de
privatizações), mas não (ou não tanto) nos grupos 1 e 4.
A mudança parece ter sido mais acentuada em 2002, quando os dados se referem aos
três primeiros trimestres do ano. Para período comparável de 2001, os fluxos de IDE para
esses grupos aumentaram em 2002, passando a representar 26,5% do total de IDE. Para efeito
de comparação, note-se que em 2000, apenas 11% dos fluxos de IDE tiveram por destino
esses dois grupos. De qualquer forma, ainda é muito acentuada a distância que os números
revelam entre a situação presente e aquela correspondente a 1995, ano em que, segundo o
Censo de Capitais Estrangeiros, 45,8% do estoque de capital estrangeiro direto estava
investido nesses grupos.
Como principal sugestão, deve ser considerada a possibilidade de que políticas
venham incentivar o IDE para o Brasil, de forma que promovam a entrada dos recursos
externos de que o país necessita, ao mesmo tempo em que reverta o impacto negativo que o
ciclo de IDE da segunda metade dos anos 1990 apresentou sobre o balanço de pagamentos e
as operações de comércio exterior.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
35
Fluxos de IDE - US$ Milhões
14.000
13.174
13.007
12.102
12.000
10.517
10.000
8.414
8.281
8.000
6.757
6.000
5.479
5.073
4.827
4.000
2.576
2.466
2.000
1.799
1.663
1.352 1.221 1.144
1.860
2.120
517
0
Grupo 1 - Setores de
Exportação - Superávit
1999
Grupo 2 - Setores
Deficitários
2000
Grupo 3 - Setores de Baixo
Comércio
2001
Grupo 4 - Setores de
Elevado Comércio
2001 (jan/set)
2002 (jan/set)
Estoque e Fluxos de IDE - %
12,2
5,4
4,1
4,9
Grupo 1 - Setores de
Exportação - Superávit
9,9
21,2
37,0
39,4
Grupo 2 - Setores
Deficitários
44,1
38,2
29,8
18,8
34,4
40,0
Grupo 3 - Setores de
Baixo Comércio
43,5
43,9
46,7
31,4
14,3
12,2
Grupo 4 - Setores de Elevado
Comércio
5,6
8,9
13,6
24,6
0
Estoque IDE - 1995
Fluxo de IDE - 2000
5
10
15
20
Estoque IDE - 2000
Fluxo de IDE - 2001
25
30
35
40
45
50
Fluxo de IDE - 1999
Fluxo de IDE - Jan/Set - 2002
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
36
Anexo
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
37
Capital Integralizado Por Não Residentes (IDE) - 2000 - % - Empresas Com Participação Estrangeira
Atividade Econômica
Agr., pec. e ext. mineral
Agricult., pecuária e servs. relacs.
Silvicult., expl. florestal e servs.relacs.
Pesca, aqüicultura e servs. relacs.
Extração petróleo e servs. relacs.
Extração de minerais metálicos
Extração minerais não-metálicos
Indústria
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. de produtos têxteis
Conf. de arts. vestuário e acessórios
Prep. couros, fabr. artefs. e calçados
Fabr. de produtos de madeira
Fabr. celul., papel e produtos papel
Edição, impressão, repr. gravações
Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool
Fabr. de produtos químicos
Fabr. artigos de borracha e plástico
Fabr. produtos minerais não-metáls.
Metalurgia básica
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas escrit. e equips. inform.
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic.
Fabr.equips.méds.-hospitalar
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs.
Fabr. outros equips. transporte
Fabr. móveis e indústrias diversas
Reciclagem
Serviços
Eletricidade, gás e água quente
Captação, tratam. e distribuicão água
Construção
Comérc. e repar. veícs.,comérc.combusts.
Comérc. atacado e interms. comércio
Comérc. varej. e repar. de objetos
Alojamento e alimentação
Transporte terrestre
Transporte aqüaviário
Transporte aéreo
Ativs. auxils. transp. e agências viagem
Correio e telecomunicações
Intermediação financeira
Seguros e previdência privada
Ativs. auxils. da interm. financeira
Atividades imobiliárias
Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos
Ativs. de informática e conexas
Pesquisa e desenvolvimento
Serviços prestados a empresas
Educação
Saúde e serviços sociais
Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas
Atividades associativas
Ativs. recreats. culturais e desportivas
Serviços pessoais
Total
Alem.
Canadá
4,3
7,0
1,9
0,0
0,0
12,9
0,6
9,6
0,4
2,3
3,9
0,0
0,0
0,0
1,3
12,1
6,8
17,2
5,6
1,5
2,1
17,1
20,2
0,0
11,8
8,6
7,4
13,6
0,1
7,2
0,0
2,5
0,0
0,0
2,9
41,2
3,1
0,8
0,7
0,0
45,5
0,9
5,4
0,0
9,9
0,6
0,9
0,2
0,5
0,6
0,0
1,2
0,0
0,0
0,5
0,1
0,0
61,2
5,0
1,5
0,2
0,0
0,0
0,1
2,2
5,9
3,0
0,5
0,0
0,7
0,0
0,0
0,0
3,1
13,9
0,0
4,4
1,5
0,0
0,7
3,0
0,5
0,0
0,1
21,8
0,9
1,5
0,0
2,6
1,9
1,5
0,0
0,0
0,1
0,1
7,1
2,8
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,1
0,8
0,2
0,0
3,8
0,0
0,1
0,0
0,0
0,0
0,0
2,0
Cayman Espanha
1,4
1,7
0,0
0,0
1,5
1,9
0,2
1,9
0,1
0,3
9,0
0,0
0,0
7,0
4,8
1,7
0,0
0,6
0,0
0,8
4,1
2,0
3,1
20,2
4,3
4,3
0,0
0,0
11,6
0,1
0,0
8,4
26,7
49,7
6,8
3,3
8,7
2,0
6,6
49,1
0,0
0,0
0,3
3,6
0,5
0,0
0,2
9,4
0,0
5,0
0,4
15,6
7,5
2,3
0,0
0,0
38,6
0,0
6,0
EUA
0,6
0,1
0,0
0,3
0,0
2,2
0,1
2,8
0,2
0,0
6,5
0,0
7,7
0,1
11,2
19,8
0,0
2,5
9,1
6,8
4,2
3,6
3,2
0,0
1,2
0,0
0,2
1,1
0,1
0,9
0,0
17,1
20,7
10,0
8,4
0,1
0,9
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
3,9
31,6
19,6
18,6
42,7
0,0
0,5
24,7
0,0
2,6
0,0
0,0
4,2
22,6
0,7
0,0
11,9
15,3
23,5
0,0
0,0
11,5
29,6
0,4
28,6
27,0
39,5
17,8
8,9
8,0
0,6
44,7
17,9
93,2
25,9
30,0
4,1
14,5
34,5
21,8
23,5
30,2
42,1
16,1
39,7
31,3
36,3
0,0
21,5
20,0
0,0
10,2
35,3
13,5
12,0
66,7
8,2
1,4
5,2
36,4
24,5
13,5
38,9
17,6
8,9
22,8
43,5
99,4
22,1
11,0
88,2
0,0
10,5
23,3
0,8
23,8
França
Itália
6,8
4,2
0,1
0,0
2,5
0,0
32,3
9,3
17,4
0,2
1,9
2,0
0,0
0,0
0,0
0,2
0,0
12,2
3,2
33,0
16,4
0,8
5,9
0,0
11,2
3,9
0,7
5,3
16,6
11,7
16,7
5,4
3,7
37,4
8,1
3,8
17,0
11,9
2,3
3,2
0,3
0,0
7,3
0,0
9,4
2,8
1,0
1,1
0,0
0,8
0,0
4,6
0,0
0,3
84,4
0,0
0,0
4,5
6,7
Japão P. Baixos
0,4
3,5
0,0
0,0
0,0
0,0
0,1
5,1
4,9
0,0
2,5
0,0
18,4
0,5
0,0
2,8
0,0
0,4
9,2
0,2
3,7
2,7
2,5
0,0
6,6
0,0
0,6
16,3
0,0
2,2
0,0
1,1
2,1
0,0
4,3
0,2
5,7
0,2
0,4
0,0
0,4
0,0
6,7
0,0
0,0
6,2
0,0
0,9
0,0
0,0
0,0
1,5
0,0
0,0
0,0
0,0
0,1
0,0
2,4
10,3
6,0
5,7
26,9
7,2
2,2
35,6
4,0
1,9
0,0
14,3
0,0
6,3
5,6
2,9
0,0
0,0
2,2
0,3
0,0
14,3
5,9
1,8
1,6
8,0
6,4
3,5
3,1
23,9
9,4
0,0
1,3
0,0
0,0
13,2
3,5
1,8
0,5
0,3
0,0
1,2
0,0
0,2
1,4
2,0
11,6
0,2
3,3
8,1
0,2
0,0
0,4
44,7
3,3
0,0
0,0
0,2
0,0
2,4
Port.
13,6
3,3
71,8
0,0
20,4
1,4
9,9
6,9
2,7
56,9
5,7
18,2
0,0
6,2
0,7
3,7
0,0
11,4
4,4
15,2
18,1
0,2
3,3
18,0
10,7
0,0
1,2
0,4
7,6
11,7
0,0
12,7
1,4
0,0
0,8
0,0
12,8
36,0
6,7
0,0
0,8
0,0
6,8
13,8
22,8
4,9
1,4
5,0
2,1
1,5
0,1
8,1
26,8
0,0
0,0
0,0
1,3
0,0
10,7
0,1
0,6
1,9
0,0
0,0
0,0
0,0
1,2
0,3
0,0
1,9
0,0
0,4
1,7
0,0
1,8
0,0
2,8
1,9
13,3
0,1
1,9
0,0
0,4
1,3
0,0
0,0
0,1
0,0
1,2
0,0
6,2
9,8
0,9
2,9
0,2
0,8
19,4
2,4
0,0
0,0
0,0
0,0
9,3
2,6
0,0
0,0
1,8
0,0
13,5
0,0
1,5
3,3
0,0
3,1
0,0
0,7
0,0
4,4
Reino
Suécia Suíça I. Virgens
Unido
14,5
0,0
1,0
5,2
2,8
0,0
6,6
13,4
0,0
0,0
4,0
5,2
0,0
0,0
2,9
24,2
20,5
0,0
0,1
1,5
20,4
0,0
0,2
9,6
1,5
0,0
0,0
1,2
1,7
1,9
4,8
2,2
1,6
0,0
10,9
0,9
0,0
0,0
0,0
0,0
5,7
0,0
7,0
0,9
0,0
0,0
0,0
49,4
0,0
0,3
1,3
9,4
0,0
1,7
0,0
1,3
0,0
0,0
4,4
8,0
5,2
0,0
0,0
3,3
0,0
0,0
0,0
0,0
1,5
2,2
5,6
1,6
1,6
1,7
12,7
1,3
5,5
0,0
7,4
0,4
0,6
0,0
0,1
2,4
2,0
6,9
2,0
4,8
4,4
2,7
6,6
2,1
0,0
0,0
0,1
1,0
1,3
0,0
2,5
6,2
0,9
0,0
0,5
0,1
0,4
0,0
1,1
1,2
0,8
5,8
1,4
2,4
4,2
0,1
1,7
0,0
0,9
0,0
4,0
0,5
0,0
0,0
0,0
0,0
0,8
1,4
0,9
3,5
0,1
0,0
0,0
2,6
0,1
0,0
0,0
0,0
3,2
0,0
4,1
4,1
0,1
5,5
1,5
0,3
1,2
0,2
3,6
1,7
0,2
0,0
0,0
0,8
6,0
0,0
2,6
3,3
0,0
0,0
0,0
1,0
0,0
0,0
0,0
0,2
0,0
0,0
0,0
0,0
1,9
1,2
0,7
0,2
0,0
3,4
0,0
4,8
2,5
0,0
1,9
0,4
2,0
0,0
0,0
0,0
0,1
0,0
0,1
0,9
3,0
0,0
2,4
26,6
5,8
0,0
1,7
30,2
0,1
0,0
0,0
2,7
0,0
0,0
0,0
0,0
1,1
2,1
0,9
6,0
0,0
1,6
0,9
0,2
0,0
0,0
0,1
0,0
0,4
0,0
0,0
0,0
0,2
0,0
0,0
1,1
1,4
0,0
0,0
10,0
0,0
0,0
0,0
25,7
1,4
1,5
2,2
3,1
Total
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
Fonte: Banco Central.
Informações Contábeis - US$ Milhões
Emp. Com Part.
Estrangeira
Ativo
Imobilizado
Passivo Circulante e Exigível Longo Prazo
Dívida Total - Curto e Longo Prazo
Dívida Interna (Dívida C/ Residentes)
Dívida Interna - Cont. e Colig.
Dívida Interna - Longo Prazo
Dívida Interna - Cont. e Colig. - L Prazo
Dívida Externa (Dívida C/ Não Residentes)
Dívida Externa - Cont. e Colig.
Dívida Externa - Longo Prazo
Dívida Externa - Cont. e Colig. - L Prazo
Total do patrimônio líquido
Investimento Externo (Cap. Social Integ. Não Residentes)
Receita operacional líquida
Resultado operacional bruto
Res. líq. antes das var. monet. e camb. e corr. balanço
Resultado líq. antes do imposto de renda e contribuições
Imposto de renda e contribuições
Resultado líquido após imposto de renda e contribuições
Resultado líquido após participações
Quantidade média anual de empregados (mil)
Empresa Estrang.
Majoritária
Empresa Estrang.
Minoritária
1995
2000
1995
2000
1995
2000
280.328
80.238
172.292
134.278
83.068
15.126
29.485
10.852
51.210
14.564
26.496
8.979
108.036
41.691
200.432
50.476
13.105
11.051
(4.678)
6.372
6.104
467.449
121.028
337.527
256.613
150.126
31.862
47.922
17.353
106.487
50.767
61.222
29.714
129.922
103.015
231.642
71.945
7.617
451
(3.282)
(2.831)
(3.719)
163.277
47.533
94.065
67.493
39.915
11.630
14.261
8.440
27.578
12.109
15.123
7.393
69.212
35.503
140.348
38.248
9.468
7.967
(3.891)
4.076
3.978
328.120
68.184
242.717
181.923
102.922
22.353
27.738
10.390
79.001
44.716
44.166
26.026
85.403
94.619
178.540
51.931
2.807
(2.316)
(2.360)
(4.677)
(5.212)
117.051
32.704
78.228
66.785
43.153
3.497
15.224
2.412
23.632
2.455
11.372
1.586
38.823
6.188
60.084
12.228
3.636
3.084
(787)
2.297
2.126
139.330
52.845
94.810
74.690
47.204
9.509
20.184
6.963
27.486
6.051
17.056
3.687
44.519
8.395
53.102
20.014
4.809
2.767
(921)
1.846
1.493
Emp.C/
Part. Est. Var. 95/00
67%
51%
96%
91%
81%
111%
63%
60%
108%
249%
131%
231%
20%
147%
16%
43%
-42%
-96%
-30%
-144%
-161%
1.353
1.710
911
1.298
441
411
26%
Fonte: Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
38
Distribuição por Atividade Econômica - Empresas com Participação Estrangeira
Atividade Econômica
Agricultura, Pecuária e Extrativa Mineral
Agricult., pecuária e servs. relacs.
Silvicult., expl. florestal e servs. relacs.
Pesca, aqüicultura e servs. relacs.
Extração petróleo e servs. relacs.
Extração de minerais metálicos
Extração de minerais não-metálicos
Indústria
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. de produtos têxteis
Conf. de arts. vestuário e acessórios
Prep. de couros, fabr. artefs. e calçados
Fabr. de produtos de madeira
Fabr. celul., papel e produtos de papel
Edição, impressão e repr. de gravações
Fabr. coque, petról.,combs. nucls.,álcool
Fabr. de produtos químicos
Fabr. artigos de borracha e plástico
Fabr. produtos minerais não-metálicos
Metalurgia básica
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas para escrit. e equips. inform.
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic.
Fabr. equips. méds., ótics., automação, relógs.
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. e carrocs.
Fabr .outros equips. transporte
Fabr. móveis e indústrias diversas
Reciclagem
Serviços
Eletricidade, gás e água quente
Captação, tratam. e distr. de água
Construção
Comérc. e repar. veícs., comérc. combusts.
Comérc. atacado e interms. do comércio
Comérc. varej. e repar. de objetos
Alojamento e alimentação
Transporte terrestre
Transporte aquaviário
Transporte aéreo
Ativs. auxils. transp. e agências viagem
Correio e telecomunicações
Intermediação financeira
Seguros e previdência privada
Ativs. auxils. da interm. financeira
Atividades imobiliárias
Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos
Ativs. de informática e conexas
Pesquisa e desenvolvimento
Serviços prestados a empresas
Educação
Saúde e serviços sociais
Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas
Atividades associativas
Ativs. recreats., culturais e desportivas
Serviços pessoais
Total
Quant.
Empregados
Mil
Ativo / Quant. Pat. Líquido /
Empregados
Ativo (%)
(US$ Mil)
Result. Líq.
Após Partic.
(US$ Milhões)
1995
79
54
10
0
1
11
2
972
153
23
47
8
9
7
28
5
0
125
35
28
62
25
116
6
48
32
6
175
19
13
1
300
2
0
28
3
35
60
42
3
1
6
4
4
55
4
2
1
8
7
0
29
1
2
0
0
2
0
1.353
1995 2000 1995 2000
110
219
47
57
34
74
31
72
77
189
58
72
248
46
71
63
153
281
56
41
475
420
43
51
236
426
54
54
144
144
37
53
113
119
32
52
125
117
22
42
71
66
42
55
56
36
32
53
71
24
27
78
53
142
40
70
493
293
57
59
155
101
35
39
297
602
8
37
206
206
41
55
103
98
45
70
144
151
54
70
252
348
40
52
149
105
49
62
94
106
36
55
421
269
24
33
82
91
26
52
226
207
26
37
94
132
32
49
105
107
28
48
161
218
28
36
86
59
9
60
19
26
53
83
437
444
24
22
416 1064
41
77
69
191
28
19
86
48
24
51
249
178
7
26
330
253
25
41
99
76
38
29
104
35
22
19
32
114
8
66
454
235
21
64
211
33
(11)
(22)
167
95
28
(85)
517
656
46
59
1354 1333
9
8
398
422
24
42
1454
934
23
25
5009 1715
30
59
234
332
31
40
293
166
54
6
0 4969
92
94
423
198
29
57
23
27
53
75
121
49
55
88
0
28 (168)
65
170
20
65
84
207
219
23
8
32
20
40
56
207
273
28
39
1995
(420)
(595)
(11)
(9)
13
218
(36)
5.451
1.264
277
(151)
28
(62)
(2)
750
16
2
2.545
80
455
465
162
291
279
(100)
193
33
(960)
(217)
100
3
1.070
(109)
(2)
(106)
(35)
(544)
(236)
(56)
9
(203)
(95)
(543)
(149)
792
805
127
(246)
399
(26)
1
1.303
2
1
(9)
31
(42)
1
6.104
2000
37
16
4
1
6
8
3
944
137
15
49
10
13
8
23
13
0
116
46
31
59
25
86
8
45
40
10
174
19
15
2
729
43
1
30
6
55
172
34
31
2
1
13
72
116
13
9
3
2
24
0
76
1
4
14
1
6
1
1.710
2000
(510)
(4)
(6)
1
(721)
157
62
2.768
337
479
32
(23)
2
(13)
676
(23)
0
827
(69)
339
1.052
171
8
(104)
(37)
384
(177)
(1.390)
377
(83)
5
(5.977)
(642)
(53)
(174)
(135)
(253)
(196)
(142)
(473)
0
149
(3)
(4.167)
1.198
82
190
(6)
33
(502)
27
(530)
1
(14)
2
(2)
(367)
1
(3.719)
Fonte: Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
39
Indicadores das Empresas com Participação Estrangeira Por Setor – 2000 – US$ Mil
Setor
Ag., pecuária e extrativa mineral
Ext. de Min. metálicos
Ext. de Min. não-metálicos
Ag., pecuária e serv. relacionados
Ext. de petróleo e serv. correlatos
Silv., exp. florestal e serv. relacionados
Pesca, aqüicultura e ativ. dos serv. relac.
Indústria
Fab.de prod. químicos
Fab.e montagem de veíc. autom.
Fab.de prod. alimentícios e bebidas
Metalurgia básica
Fab.de máq. e equip.
Fab.de mat. elet. e equip. de comum.
Fab.de artigos de borracha e plástico
Fab.de celulose, papel e prod. de papel
Fab.de máq., ap. e materiais elétricos
Fab.de outros equip. de transporte
Fab.de prod. de Min. não-metálicos
Fab. prod. de metal - exc. máq. e equip.
Fab.de prod. têxteis
Fab.de prod. do fumo
Fab.de máq. p/ esc. e equip. de inform.
Ed., impressão e rep. de gravações
Fab.de móveis e indústrias diversas
Fab.de equip. de inst. médico-hospitalar
Prep. de couros e calçados
Fab.de prod. de madeira
Confecção de art. do vest. e acessórios
Reciclagem
Fab.de coque, refino de pet., elab de comb.
Serviços
Com. por atacado e intermediários do com.
Interm.. financeira, exc. seg. e previd. priv.
Com. Varej. e reparação de obj. pessoais
Correio e telecomunicações
Eletricidade, gás e água quente
Serv. prestados principalmente às emp.
Ativ. de informática e conexas
Seguros e previdência privada
Com. e reparação de veíc. autom. e motoc.
Ativ. aux. da intermediação financeira
Construção
Transporte terrestre
Alojamento e alimentação
Ativ. e aux. do transp. e ag. de viagem
Ativ. recreativas, culturais e desportivas
Ativ. imobiliárias
Outros serv.
Total
Rec. Op. Líquida
Exportações
Importações
3.693.683
1.855.627
269.589
2.291.947
1.479.386
50.587
515.972
254.157
95.021
463.572
61.585
35.960
334.015
36.589
87.901
69.115
10.990
63
19.061
12.920
57
125.397.578
27.198.621
24.020.775
23.442.022
1.889.770
5.577.099
23.294.919
4.997.285
4.930.162
17.188.718
4.952.456
1.169.895
9.956.018
3.803.789
1.083.471
8.868.216
1.997.318
1.619.053
8.271.005
794.908
2.647.274
4.878.507
728.302
883.466
4.307.539
1.616.456
494.956
4.274.942
788.324
1.014.755
4.163.312
2.947.913
1.762.637
3.127.908
388.521
238.404
2.645.795
398.589
392.425
2.551.079
350.597
455.108
1.918.785
762.351
62.087
1.792.009
118.012
962.325
1.462.297
11.331
141.713
1.029.942
128.879
169.791
888.077
111.338
278.227
482.739
281.103
48.584
406.259
123.155
63.154
395.755
7.769
25.099
50.441
92
723
1.294
363
367
102.651.603
4.195.544
7.262.830
24.025.288
2.028.143
2.851.020
17.446.213
15.793
27.126
15.543.794
46.853
332.674
13.880.598
1.568.755
2.400.448
11.910.055 207.605
4.685.203
297.792
224.614
3.503.335
81.614
404.686
3.064.538 1.321.916
33.373
506.306
1.258.948
2.804
1.382
1.181.037
14.030
47.197
836.671
3.471
22.997
813.819
54.065
4.911
704.485
29.013
63.202
587.279
14.644
127.782
499.005
187
1.653
1.389.421
5.007
39.227
231.742.864
33.249.792
31.553.194
Saldo
Estoque IDE 2000
1.586.038
2.401.079
1.428.799
611.194
159.136
383.819
25.625
288.127
-51.312
1.022.483
10.927
87.768
12.863
7.688
3.177.846
34.725.620
-3.687.329
6.042.713
67.123
6.351.387
3.782.561
4.618.652
2.720.318
2.513.348
378.265
3.324.355
-1.852.366
2.169.228
-155.164
1.781.932
1.121.500
1.572.733
-226.431
990.290
1.185.276
355.803
150.117
1.170.251
6.164
593.315
-104.511
676.679
700.264
723.842
-844.313
281.287
-130.382
190.935
-40.912
182.751
-166.889
735.927
232.519
49.269
60.001
239.691
-17.330
148.451
-631
12.093
-4
688
-3.067.286
65.887.811
-822.877
5.918.090
-11.333
10.671.262
-285.821
3.892.987
-831.693
18.761.545
-207.605
7.116.347
73.178
11.018.533
-323.072
2.542.911
492.407
-472.933
429.059
1.422
1.487.876
-33.167
415.618
-19.526
214.767
49.154
316.644
-34.189
197.628
-113.138
353.467
-1.466
798.002
-34.220
1.260.668
1.696.598
103.014.509
Fonte: Bacen: Censo de Capitais Estrangeiros 2000.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
40
Transações Correntes - US$ Bilhões
Demais: Emp.
Nacional, Setor
Púb. e Outros
Brasil
1995
Exportação
Importação
Resultado Comercial
Juros - Despesa
Juros Receita
Juros - Líquido
Lucros e Dividendos - Despesa
Lucros e Dividendos - Receita
Lucros e Dividendos - Líquido
Juros e Lucros Líquido
Royalties - Despesa
Royalties - Receita
Royalties - Líquido
Saldo - Juros, Lucros e Royalties
Comércio, Juros, Lucros e Royalties
Serviços (estimados pelo comércio)
Transporte
Demais Contas
Transações Correntes
46,5
50,0
-3,5
-10,4
2,5
-7,9
-3,8
0,8
-3,0
-10,9
-0,5
0,0
-0,5
-11,4
-14,9
-3,0
-3,0
-0,5
-18,4
2000
55,1
55,8
-0,7
-17,1
2,4
-14,6
-4,3
0,9
-3,3
-18,0
-1,4
0,1
-1,3
-19,3
-20,0
-2,9
-2,9
-1,4
-24,2
1995
24,8
30,6
-5,8
-8,7
2,1
-6,6
-0,3
0,1
-0,2
-6,8
-0,3
0,0
-0,2
-7,0
-12,9
-1,7
-1,7
-0,5
-15,1
2000
21,8
24,2
-2,4
-9,4
1,8
-7,5
-1,0
0,7
-0,3
-7,8
-0,6
0,1
-0,5
-8,3
-10,7
-1,2
-1,2
-1,4
-13,3
Emp. Com
Part.
Estrangeira
1995
21,7
19,4
2,4
-1,8
0,4
-1,4
-3,5
0,7
-2,7
-4,1
-0,3
0,0
-0,3
-4,4
-2,0
-1,3
-1,3
0,0
-3,3
2000
33,2
31,6
1,7
-7,7
0,6
-7,1
-3,3
0,3
-3,0
-10,1
-0,8
0,0
-0,8
-10,9
-9,3
-1,7
-1,7
0,0
-10,9
Empresa
Estrang.
Majoritária
1995
14,5
15,7
-1,2
-1,2
0,4
-0,9
-3,3
0,3
-3,0
-3,8
-0,3
0,0
-0,3
-4,1
-5,3
-0,9
-0,9
0,0
-6,2
2000
Empresa
Estrang.
Minoritária
1995
22,8
27,5
-4,7
-5,8
0,5
-5,3
-2,9
0,2
-2,8
-8,1
-0,8
0,0
-0,8
-8,9
-13,6
-1,3
-1,3
0,0
-14,9
7,2
3,7
3,6
-0,5
0,0
-0,5
-0,2
0,4
0,2
-0,3
0,0
0,0
0,0
-0,3
3,3
-0,3
-0,3
0,0
2,9
2000
10,5
4,1
6,4
-1,9
0,1
-1,8
-0,3
0,1
-0,3
-2,1
0,0
0,0
0,0
-2,1
4,3
-0,4
-0,4
0,0
3,9
Emp. C/
Brasil
Part. Est. Var.
Var.
95/00
95/00
18%
12%
-80%
64%
-1%
84%
13%
13%
12%
65%
167%
291%
160%
69%
34%
-4%
-4%
168%
32%
53%
63%
-29%
338%
54%
422%
-5%
-66%
11%
147%
190%
0%
190%
150%
362%
32%
32%
0%
233%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
41
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O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
43
Os Investimentos de Empresas Brasileiras no Exterior
Sumário e Principais Conclusões
O propósito desse trabalho é resumir a evolução do processo de internacionalização
das empresas brasileiras de capital nacional, tomando por base vários estudos realizados sobre
o tema e o noticiário da imprensa.
O processo de internacionalização da produção de uma empresa está relacionado com
o seu grau de envolvimento internacional e ocorre de diversas maneiras, que podem não ser
excludentes. O processo se reflete na intensidade do comércio de bens/serviços (inserção
comercial), do investimento direto estrangeiro, nas associações entre empresas (que assume
várias formas) e nos fluxos de capital financeiro.
É um fato que o processo de internacionalização de empresas brasileiras é
essencialmente comercial. Portanto, não há uma tradição mais efetiva na internacionalização
produtiva em seu sentido mais amplo, ou seja, de investimentos em unidades produtivas no
exterior. Ainda que este último tipo de internacionalização tenha sido relevante para certas
empresas brasileiras e tenha apresentado avanços significativos nos anos 90, ele pode ser
considerado incipiente.
Em grande parte, esse baixo grau de internacionalização produtiva decorreu do próprio
caminho trilhado pelo país no seu processo de industrialização “para dentro”, através da
substituição de importações. Nesse modelo, que perdurou até os anos 70 e que resultou na
formação do parque industrial brasileiro, as empresas nacionais foram incentivadas para ter
um envolvimento internacional maior pela via comercial, isto é, foram incentivadas a
exportar.
Embora seja inquestionável que esse movimento não privilegiava a exportação de
capitais, ele permitiu que, desde os anos 70, algumas empresas nacionais iniciassem um
processo de internacionalização por meio do estabelecimento de escritórios de vendas,
assistência técnica e unidades produtivas. Inicialmente, as empresas que enveredaram pelo
caminho do investimento direto atuavam nos setores de construção civil, produção e
exploração de petróleo, engenharia e bancos. As principais justificativas para os investimentos
no exterior dizem respeito tanto ao fato de as empresas nacionais deterem vantagens
competitivas em determinadas tecnologias, adaptadas para necessidades de países localizados
em regiões também em desenvolvimento e que apresentavam condições similares àquelas
encontradas no Brasil, quanto à experiência adquirida mediante as exportações.
Posteriormente, já no final dos anos 80 e ao longo da década de 90, os investimentos
realizados por empresas brasileiras no exterior, começaram a apresentar avanços.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
44
Em 1995, as subsidiárias brasileiras estavam presentes nos principais mercados
mundiais, como União Européia e América do Norte, demonstrando o esforço de inserção
produtiva por parte das empresas brasileiras de capital nacional. Vale salientar que tais
investimentos foram realizados predominantemente em mercados para os quais essas
empresas já exportavam anteriormente.
As pesquisas realizadas pela Fundação Dom Cabral confirmam esse avanço dos
investimentos no exterior, por parte das empresas nacionais. De 1990 a 1994, cerca 150
empresas tinham realizado algum tipo de investimento além das fronteiras do país, totalizando
302 empreendimentos, assim distribuídos: 112 na América Latina; 13 na América Central; 80
na América do Norte; 68 na Europa; 25 na Ásia e 4 na África.
Pode-se afirmar que nos anos 90, a própria abertura da economia brasileira e suas
conseqüências revelaram a necessidade das empresas nacionais se tornarem competitivas
interna e externamente como forma de manter os seus mercados e potencializar os seus
negócios, o que suscitou a busca por alianças com outras empresas, inclusive estrangeiras,
bem como a instalação externa (escritórios de vendas, assistência técnica, representações
comerciais, unidades produtivas).
Note-se, no entanto, que a despeito desses avanços, ainda é baixo o grau de
internacionalização produtiva das empresas de capital nacional. Um recente estudo (Iglesias e
Veiga, 2002) mostra que: a) apenas 20% de uma amostra, que inclui um conjunto amplo de
exportadores brasileiros, em sua maioria de capital nacional, possuem investimentos no
exterior, concentrados, sobretudo, nos Estados Unidos e na Argentina; b) que 85% desses
investimentos referem-se a atividades comerciais e de distribuição de produtos, sendo que os
investimentos produtivos representam apenas 12% do total. Os autores também sublinham o
elevado índice de empresas (40%) que não tem intenção de investir no exterior, pois julgam
não terem necessidade desse tipo de investimento.
É preciso ressaltar ainda que há dificuldades para a ampliação da internacionalização
produtiva das empresas de capital nacional, devido à sua própria inserção setorial,
predominantemente em setores de commodities agrícolas e industriais, o que estimula a
internacionalização pelo lado comercial (exportações) em razão das vantagens de localização
auferidas por estas empresas no país.
A recente pesquisa realizada pelo Banco Central sobre capitais brasileiros no exterior
estimou que o total de ativos de brasileiros no exterior em 31.12.2001 somava US$ 69,6
bilhões, dos quais 63% eram investimentos diretos em participação no capital, 10%
empréstimos intercompanhia, 7% investimentos em carteira e 14% depósitos no exterior. Uma
parcela tão expressiva como 71% do total (excluindo os investimentos em portfólio), ou
US$ 43,5 bilhões, correspondiam a ativos aplicados em paraísos fiscais. Outros países
receptores de investimentos brasileiros eram: Estados Unidos (13,8%), Argentina (3%),
Espanha (2,8%) e Portugal (1,2%).
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
45
Capitais Brasileiros no Exterior 1 - 2001 - US$ Milhões
Valor
Total
Investimento direto brasileiro no exterior
Participação no capital
Empréstimos intercompanhia
Investimento em carteira
Investimentos em ações
Títulos de renda fixa
Bônus e notas
Títulos de curto prazo
BDRs
Outros Investimentos
Derivativos Opção
Leasing/Arrend.Financeiro
Financiamento
Empréstimo em Moeda
Depósito no Exterior
69.657
50.746
43.641
7.104
5.163
2.517
2.162
577
1.585
483
3.412
42
1
155
697
9.442
%
100
73
63
10
7
4
3
1
2
1
5
0
0
0
1
14
Fonte: Banco Central.
1
Nota: Dados preliminares - 30/10/2002.
Considerando apenas o investimento direto (US$ 43,6 bilhões), a pesquisa revelou
ainda uma participação muito pequena da indústria como setor de aplicação de capital de
brasileiros no exterior, mostrando o atraso da internacionalização da empresa industrial
brasileira.
O montante de investimento direto no setor somava US$ 2,1 bilhões em 2001, apenas
5% do total de investimento direto. Os segmentos de investimento brasileiro mais relevantes
são ligados à área financeira e “holdings”. Intermediação financeira (32,6% do investimento
direto total), atividades auxiliares da intermediação financeira (17,3%) e serviços prestados a
empresas – “holdings” – (32,8%), respondiam, juntos, por 83%. O setor serviços como um
todo concentrava 92% do investimento direto brasileiro no exterior.
1
Capitais Brasileiros no Exterior - 2001 - US$ Milhões
Investimento Direto
Total
Agr., pec. e ext. mineral
Extração petróleo e servs. relacs.
Indústria
Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool
Fabr. produtos minerais não-metáls.
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs.
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Serviços
Serviços prestados a empresas
Intermediação financeira
Ativs. auxils. da interm. financeira
Comérc. atacado e interms. comércio
Construção
Transporte aqüaviário
Valor
43.641
1.671
1.556
2.171
626
440
186
159
119
118
111
131
39.799
14.306
14.228
7.536
1.724
1.229
164
%
100,0
3,8
3,6
5,0
1,4
1,0
0,4
0,4
0,3
0,3
0,3
0,3
91,2
32,8
32,6
17,3
3,9
2,8
0,4
Fonte: Banco Central.
1
Nota: Dados preliminares - 30/10/2001.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
46
Em suma, os estudos referentes aos investimentos de empresas brasileiras de capital
nacional no exterior evidenciam que:
Há uma tendência de evolução no processo de internacionalização da produção das
empresas nacionais, uma vez que seus investimentos no exterior se realizam seguindo o
caminho já trilhado pelas exportações;
Um dos principais motivos que levaram as empresas brasileiras a investir no exterior, seja
por meio de escritórios comerciais e serviços de assistência técnica ou por meio de
unidades produtivas, foi a garantia ou a ampliação de suas exportações, revelando assim o
caráter complementar, e não substituto, do processo de internacionalização buscado pelas
empresas nacionais;
O investimento direto muitas vezes ocorre por meio de compras ou associações com
grupos locais, principalmente como forma de ultrapassar as barreiras comerciais (tarifárias
ou não tarifárias) impostas pelos países;
O processo de internacionalização está sendo perseguido por empresas que estão presentes
em vários setores da economia brasileira;
As justificativas das empresas que enveredaram pelo caminho da internacionalização
produtiva estão relacionadas à necessidade de estar próximo ao mercado consumidor e aos
fornecedores; adquirir/atualizar tecnologia, superar barreiras protecionistas; adaptar os
produtos às necessidades locais.
A conclusão do estudo é que mesmo considerando o avanço observado ao longo dos
anos 90, as grandes empresas nacionais dos setores produtivos são pouco internacionalizadas.
Isso revela a necessidade de aprofundar o processo de internacionalização como forma de
consolidar uma estratégia que permita a estas empresas uma maior inserção competitiva no
cenário internacional. Por outro lado, dada a associação verificada até o presente entre a
internacionalização das empresas nacionais e a ampliação de suas exportações, o estímulo e o
apoio à internacionalização da empresa brasileira são recomendados. A recente medida no
âmbito do BNDES, no sentido de que essa instituição auxilie no financiamento dos
investimentos no exterior de empresas nacionais vem nessa direção.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
47
A Internacionalização da Produção: Aspectos Gerais
As transformações ocorridas na economia mundial nas últimas décadas, decorrentes
do processo de globalização financeira e comercial, contribuíram para uma maior
concorrência internacional. Dentro desse contexto, as empresas nacionais adotaram novas
estratégias em razão da necessidade de enfrentar esse ambiente cada vez mais competitivo. As
estratégias incorporaram desde novos processos de produção até novas formas de gestão e
atuação no mercado internacional.
Ao longo dos anos 90, essas transformações influenciaram tanto no avanço da
internacionalização da economia brasileira, em razão dos processos de abertura, das fusões e
aquisições e das privatizações, como no desenho de um novo mapa da estrutura patrimonial
brasileira. Em conseqüência, as empresas de capital nacional foram expostas à concorrência
internacional, cuja transição para uma economia aberta ocorreu em condições desfavoráveis,
agravadas pela rapidez em que a abertura comercial foi implementada e por medidas
macroeconômicas internas adotadas ao longo da década, sobretudo as que elevaram o custo
do capital e distorceram a estrutura tributária. Além disso, não foram executadas políticas
industriais e de competitividade como é usual em processos desse tipo, visando adaptar a
estrutura industrial e minimizar a perda de empregos, o fechamento de empresas e a
desnacionalização da economia.
Para competir nesse novo cenário, as empresas de capital nacional sobreviventes
aceleraram o processo de reestruturação industrial, e, para muitas delas, ficou evidenciada a
relevância de se prosseguir em um processo de internacionalização da produção, já iniciado
incipientemente em décadas passadas.
O propósito desse trabalho é resumir a evolução do processo de internacionalização
das empresas brasileiras de capital nacional, tomando por base vários estudos realizados sobre
o tema e o noticiário da imprensa.
Antes de entrarmos no tema propriamente, convém analisar certos aspectos
relacionados ao processo de internacionalização da produção relativos, particularmente, aos
países em desenvolvimento.
A internacionalização da produção de uma empresa está relacionada ao seu grau de
envolvimento internacional e ocorre através de formas distintas, que podem ser substitutas ou
complementares. Pode ser detectada pela intensidade do comércio de bens/serviços (inserção
comercial), do investimento direto no estrangeiro, pelas associações com empresas
estrangeiras (que assumem diversas formas) e pelos fluxos de capital financeiro. Essas
alternativas têm como denominador comum a busca de mercados e rentabilidade para além
das fronteiras da economia do país de origem da empresa.
Segundo o “paradigma eclético” de Dunning (1988, 1993)5, o processo de
internacionalização pode ser entendido a partir de duas óticas: a primeira está relacionada às
vantagens – que são específicas das próprias firmas e dos países – que tornam possível
5
Existem outras abordagens que analisam este processo, mas a diversidade teórica que caracteriza o paradigma de
Dunning, torna-o um referencial adequado para esse estudo. Desde o início, Dunning assume que não é possível
obter uma teoria geral desse processo, dada a importância dos aspectos históricos específicos.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
48
explicar as atividades das empresas no exterior; a segunda, diz respeito aos motivos que
levariam as empresas a realizar essas atividades fora das fronteiras de origem.
O processo de internacionalização produtiva está vinculado ao aproveitamento das
vantagens de propriedade (O) que são detidas pelas firmas, tais como as vantagens
relacionadas aos ativos tangíveis e intangíveis que permitem que as empresas as utilizem para
aproveitar as vantagens de localização (L) oferecidas pelos países. Por outro lado, o
investimento fora das suas fronteiras de origem leva as empresas a decidirem entre as
vantagens de internalizar (I) a produção ou conceder licenças de produção desses
bens/serviços para terceiros.
A internacionalização da produção estaria relacionada ao fato das vantagens de
propriedades que as firmas possuem e as falhas de mercado existentes, impulsionarem a
internalização das atividades da empresa, já que isso tanto impediria o acesso a estas
vantagens por parte dos seus concorrentes potenciais como permitiria um fluxo de renda e
poder de competição diferenciados.
Existem duas decisões envolvidas nesse contexto: a própria internacionalização da
produção e a forma como a empresa vai explorar suas vantagens de propriedade no país
receptor. Essa exploração pode ocorrer por caminhos distintos, como através da exportação de
bens/serviços produzidos no país de origem, da concessão de licenças de produção destes
bens/serviços a outras firmas localizadas no país-alvo ou, internalizar estas vantagens,
instalando unidades produtivas próprias nesses mercados.
A escolha por uma das alternativas apontadas acima é influenciada por determinados
fatores, que definem uma relação de “custo/benefício”, tais como fatores relacionados à forma
dominante de concorrência no setor, à magnitude dos custos de transação, ao grau de
imperfeição da informação disponível; ao nível de enforcement dos direitos de propriedade,
ao grau de apropriabilidade dos ativos tecnológicos próprios, ao tamanho e característica do
mercado objetivo; ao perfil macroeconômico e das políticas públicas vigentes nos países
(Chudnovsky, 1999).
Quanto às estratégias que as firmas adotam quando decidem pela internacionalização
da produção, elas podem ser classificadas em razão do motivo que conduz as empresas ao
empreendimento internacional em determinado país ou região.
O investimento do tipo resource seeking expressa uma estratégia de exploração de
recursos locais (naturais ou humanos) para baratear a produção de bens/serviços destinados a
outros mercados. Neste caso, a disponibilidade de recursos constitui a vantagem de
localização dominante no país receptor.
A estratégia do tipo market seeking visa aproveitar o mercado doméstico do país
receptor. Neste caso, torna-se importante o tamanho do mercado doméstico, que pode ser
atendido com menor custo estando o produtor localizado mais próximo, ao invés de exportar
desde outro lugar, uma vez que algumas condições tornam relevante a presença da firma, tais
como a proximidade com o comprador, o custo com transporte, os canais de distribuição, a
disponibilidade de recursos (naturais e humanos) baratos. O que diferencia esta estratégia da
anterior é o mercado principal de destino da produção local.
Os tipos de estratégias denominados de efficiency seeking e strategic asset seeking
estão relacionados, respectivamente:
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
49
à racionalização da produção, cujo intuito é explorar as economias de especialização dos
países ao integrar ativos, produção e mercados;
à aquisição de recursos e capacidades capazes de sustentar/avançar as competências das
empresas investidoras nos mercados regionais ou globais.
O que está por trás desses dois tipos de investimentos é que com o crescimento do
grau de internacionalização das empresas, elas passam a utilizar suas vantagens de
propriedade, buscando melhorar sua posição no mercado global, aumentando a sua eficiência
ou adquirindo novas fontes de vantagens competitivas.
Com relação às estratégias, pode-se ainda adicionar que as duas primeiras geralmente
dizem respeito à motivação dos investimentos iniciais das empresas no exterior; enquanto que
as duas últimas, podem estar vinculadas aos investimentos seqüenciais de empresas já
internacionalizadas.
Os aspectos gerais do processo de internacionalização produtiva de empresas de países
em desenvolvimento podem ser buscados em Lall (1983) e Chudnovsky et al (1999), além do
“paradigma eclético” visto acima. É importante ressaltar que o fenômeno da
internacionalização, quando se refere aos países em desenvolvimento, requer explicações
adicionais relacionadas às vantagens que tanto empresas quanto os próprios países possuem e
que portanto lhes permitem investir e competir em outros países.
Segundo Dunning (1991), o paradigma eclético permite que o significado de cada uma
das vantagens, bem como a configuração entre elas, seja distinto entre indústrias (tipos de
atividades produtivas), regiões e países (dimensão geográfica) e entre empresas. Para Lall
(1983), a natureza das vantagens de propriedade possuídas pelas grandes empresas dos países
em desenvolvimento, e que são essenciais para explicar o processo de internacionalização, é,
em geral, diferente daquela das empresas dos países desenvolvidos. Os ativos nos quais se
apóiam as vantagens de propriedade dessas duas categorias de empresas envolvem diferentes
ordens de recursos naturais e humanos, desenvolvimento tecnológico, tamanho de mercado,
capacitações, políticas de governo, e outros fatores que interferem de forma relevante na
construção dessas vantagens.
É preciso ter claro que a internacionalização das empresas dos países em
desenvolvimento deve estar associada a algum tipo de vantagem que elas construíram sobre
tecnologias amplamente difundidas, conhecimento especial de mercado, habilidades de
gestão, e que podem ter surgido de adaptações ou melhoramentos na tecnologia de processos
ou produtos. Dessa forma, elas devem apoiar sua internacionalização com base em vantagens
que compensem sua relativa fragilidade, especialmente tecnológica, em relação às empresas
dos países desenvolvidos.
Lall (1983) aponta que a internacionalização da produção de empresas dos países em
desenvolvimento também envolve uma opção entre realizar um investimento no exterior (ou
licenciar o produto) e continuar produzindo no país de origem e exportar. Como também já
mencionado por Dunning, dois fatores influenciam tal decisão:
o custo relativo de localizar essa produção em um mercado externo, que incluiria os custos
de produção, trabalho, custos operacionais, insumos etc, vis-à-vis a exportação;
a lucratividade de internalizar o processo através do investimento externo, no lugar de
licenciar.
O investimento direto teria o papel de preservar um mercado já estabelecido através
das exportações ou de abrir novos mercados. Fatores externos à empresa também
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
50
influenciariam nesta decisão como, por exemplo, a restrição à expansão no mercado
doméstico, retração ou falta de perspectiva de crescimento da economia doméstica,
possibilidade de acesso à tecnologia estrangeira, as barreiras comerciais (tarifárias e não
tarifárias) impostas pelos países aos seus concorrentes, pressões ou incentivos governamentais
no sentido de incentivar filiais no exterior como uma forma de promover as exportações.
É perceptível que os investimentos diretos realizados pelas empresas de países em
desenvolvimento geralmente acompanham o movimento, ao longo do tempo, do
desenvolvimento de suas exportações. Em determinados casos, o objetivo do investimento é
ser utilizado como veículo de promoção das exportações.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
51
Os Investimentos das Empresas de Capital Nacional no Exterior: Breve
Retrospecto
O caminho da internacionalização produtiva já vem sendo trilhado por algumas
empresas brasileiras de capital nacional desde a década de 70. A observação pertinente é que
essa internacionalização é essencialmente comercial. Nesta seção serão levantadas uma série
de informações, com base em estudos e pesquisas sobre empresas que realizaram
investimentos no exterior para que se tenha uma dimensão dessa vertente da
internacionalização das empresas brasileiras.
Ao longo de décadas, os investimentos diretos no exterior realizados por empresas
brasileiras sempre foram mínimos, o que, provavelmente, pode se explicado pela direção que
o país seguiu no seu processo de industrialização voltado para dentro, em que privilegiou uma
política de promoção de substituição de importações, até os anos 70.
As empresas industriais brasileiras foram incentivadas a exportar, a partir de meados
da década de 60. Se, por um lado, elas contribuíram para a diversificação da pauta de
exportação do país, por outro, tornou-se evidente que as medidas de incentivo não se voltaram
para a exportação de capitais no sentido de estabelecer uma produção de fato no exterior, mas
apenas para a internacionalização comercial destas empresas. Assim, embora se tenha
formado um amplo universo de grandes empresas nacionais exportadoras, quando se trata da
internacionalização por meio de investimento direto produtivo poucas são as que seguiram
essa direção.
Para López (1999), citando Villela (1983), essa baixa internacionalização produtiva
pode ser explicada pelo dinamismo e tamanho do mercado interno brasileiro.
O processo de internacionalização das empresas de capital nacional teve seu início na
década de 70, quando algumas poucas empresas brasileiras e alguns bancos investiram no
exterior. No primeiro caso, visaram os mercados em que o país já possuía uma forte presença
exportadora; no segundo, se dirigiram a países desenvolvidos e aos paraísos fiscais em busca
de acesso a recursos financeiros no mercado internacional.
Nos anos oitenta, esse processo teve continuidade principalmente com as empresas do
setor de engenharia e construção e algumas do setor industrial. Como na década anterior, estas
empresas foram ao exterior em busca de mercados e se destinaram principalmente para países
em desenvolvimento. A continuidade do processo nos anos 1980, também está relacionada
aos estímulos às exportações conferidos pelas políticas de governo, uma vez que algumas
empresas brasileiras de vários setores foram ao exterior e investiram em escritórios
comerciais e de assistência técnica, como forma de apoiar a sua atividade exportadora.
Nos anos 1990, em razão de profundas mudanças ocorridas na economia brasileira,
muitas empresas nacionais tiveram que reavaliar suas estratégias, adotando programas de
reestruturação para se tornarem mais competitivas. Isso as aproximou de padrões de
competição da economia mundial e definiu com maior precisão os seus mercados de atuação.
Nesse contexto, mais uma vez elas se voltam para a internacionalização comercial, que
sempre foi a forma predominante do envolvimento internacional destas empresas.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
52
Características Recentes da Internacionalização das Empresas
Brasileiras
Em geral, as informações disponíveis indicam que as empresas brasileiras de capital
nacional seguiram o caminho da internacionalização produtiva por meio de compras de
empresas no exterior ou associações com outras empresas de outros países. Com respeito às
razões alegadas para a realização desse tipo de investimento, elas estariam voltadas para o
aumento no número de clientes, o poder de negociar preços melhores com fornecedores, o
acesso aos grandes bancos internacionais. Ademais, as informações contempladas nos vários
estudos relacionados ao tema, associam o investimento no exterior com o cenário
macroeconômico da economia brasileira.
Villela (1983)6 ao analisar o processo de internacionalização das empresas brasileiras
por meio do investimento direto estrangeiro, apontou os setores da construção, da produção e
exploração de petróleo, de engenharia, além dos bancos, como sendo os ramos de atuação
destas empresas no exterior.
Duas razões teriam levado as empresas nacionais a se internacionalizarem: primeiro,
estas empresas detinham vantagens competitivas em determinadas tecnologias, adaptadas para
necessidades de países localizados em regiões também em desenvolvimento e que
apresentavam condições físicas similares àquelas encontradas no Brasil; segundo, a
experiência obtida mediante as exportações seria um outro elemento importante para as
empresas irem para fora, uma vez que o caminho das exportações serviria como base de
informações quando da sua decisão de se internacionalizar.
Este tipo de adaptação deu às empresas brasileiras vantagens sobre os competidores
internacionais por trabalhar em condições adversas (Villela, 1983, p. 232). Estas vantagens se
referiam à tecnologia e gestão brasileiras e os motivos para investir fora em geral foram: entrar em
mercado muito protegido, busca de fontes de matéria-prima ou busca de novos mercados.
A maioria das companhias brasileiras de engenharia que atua no exterior adquiriu suas
capacitações a partir das associações prévias com companhias estrangeiras, que tinham estado
no país para a realização dos grandes empreendimentos realizados por empresas estatais como
hidrelétricas, usinas nucleares e de aço ou plantas petroquímicas.
No caso da Petrobrás, sua internacionalização ocorreu após 20 anos de experiência em
geofísica, perfuração e exploração de petróleo e gás, permitindo que a empresa buscasse
recursos fora do país para reduzir seu custo de capital, além de prestar serviços de assistência
técnica para outros países. Isso não significou criação de novas tecnologias, mas adaptações
do seu know how como uma vantagem para suas operações no exterior.
Já as construtoras desenvolveram vantagens administrativas envolvendo grandes
empreendimentos e um contingente considerável de mão-de-obra especializada.
Nesse sentido, com base na tipologia de Dunning (1988, 1993), pode-se afirmar que os
investimentos apontados no estudo de Villela (1983), seriam do tipo market e resource
seeking.
6
Segundo o autor, este trabalho foi realizado com base em pesquisa de campo.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
53
O trabalho de Siqueira (2000)7, ressalta o esforço de inserção produtiva das empresas de
capital nacional através da instalação de subsidiárias em vários países, conforme mostra o gráfico
abaixo. Em termos percentuais, para uma amostra de 70 empresas no período de 1989 a 1995, a
instalação de subsidiárias brasileiras no exterior aumentou fortemente em meados dos anos 90.
Em 1995, 56% das subsidiárias brasileiras estavam localizadas nos principais
mercados mundiais: União Européia (24%), América Central (24%), Mercosul (22%),
América do Norte (17%), Ásia (8%) e outros países da América do Sul (5%). Ademais, na
maioria dos casos, esses investimentos foram realizados em mercados para os quais essas
empresas já exportavam anteriormente.
No que se refere aos setores8 de atuação das empresas que investiram no exterior, o
estudo de Siqueira (2000) mostra a seguinte distribuição:
Mercosul: foram instaladas 14 empresas de 9 grupos de setores, como têxtil, material
elétrico, autopeças, siderurgia, financeiro, alimentos e papel e celulose;
Na América do Norte foram 11 empresas de 9 grupos representados pelos setores da
construção pesada, celulose, material elétrico, siderurgia, alimentos e financeiro;
Na Europa, 16 empresas de 13 grupos, cujos setores principais foram: têxtil, construção
pesada, material elétrico, autopeças, comunicação, alimentos e financeiro;
Na Ásia foram instaladas 5 empresas de 4 grupos dos setores de material elétrico,
construção pesada e alimentos.
Subsidiárias Instaladas no Exterior (Amostra de 70 Empresas) – 1989/95 - %
60
56
50
40
30
20
13
11
10
8
8
1992
1993
3
1
0
1989
1990
1991
1994
1995
Fonte: Fonte: Siqueira, 2000, p.
7
A amostra do trabalho citado conta com 33 grandes grupos econômicos brasileiros, atuantes principalmente na
indústria de transformação. Estes grupos controlam empresas líderes, que detêm participações expressivas nos
setores em que atuam.
8
Siqueira (2000), seu estudo não discrimina as empresas pertencentes a estes setores. No entanto, é preciso
salientar que algumas empresas da amostra já não pertencem ao capital nacional como, por exemplo, a Cofap, Metal
Leve e Brasmotor, que foram adquiridas após 1995.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
54
É preciso ressaltar que a atuação dessas empresas não se limitou ao investimento em
unidades produtivas, mas envolveu outros tipos de inversões.
Um outro estudo realizado pela Fundação Dom Cabral (1996), ressalta que as
empresas optaram por caminhos diferentes no que se refere a sua presença no exterior e que
suas estratégias vão desde a instalação de escritórios de vendas ou de assistência técnica até
unidades de produção propriamente ditas.
Da mesma forma que Villela (1983), esse estudo identifica como razões da
internacionalização a proximidade com clientes e fornecedores, a aquisição de tecnologia ou
atualização tecnológica e a superação de barreiras protecionistas.
A pesquisa mostra que, de forma geral, as operações internacionais das empresas
brasileiras seguem o caminho iniciado com as exportações. A partir de um envolvimento
internacional por meio das exportações, as empresas geralmente fazem uso de um agente de
exportação, da instalação de escritórios de vendas e/ou de assistência técnica e posteriormente
de unidades produtivas.
No período de 1990 a 1994, cerca de 150 empresas brasileiras tinham realizado algum
tipo de investimento no exterior, totalizando 302 empreendimentos, sendo 112 na América
Latina, 13 na América Central, 80 na América do Norte, 68 na Europa, 25 na Ásia e 04 na
África.
Ademais, a própria abertura da economia e as suas conseqüências revelaram a
necessidade das empresas nacionais se tornarem competitivas interna e externamente como
forma de manter o seu mercado, o que despertou a busca por alianças e maior presença
externa, como meio de potencializar seus negócios. Os mercados regionais, notadamente o
Mercosul, também estimularam o processo de internacionalização para muitas empresas
brasileiras – seja por associações, aquisições parcial ou total de indústrias locais.
Arruda, Goulart e Brasil (1996), apresentaram um quadro (ver abaixo) que expressa a
evolução do envolvimento internacional das empresas brasileiras, a partir de pesquisas
realizadas pela Fundação Dom Cabral.
Um levantamento feito pelo BNDES (ver Siqueira, 2000 e Bonelli, 1998), aponta para
algumas questões importantes relacionadas ao processo de internacionalização das empresas
brasileiras e que por sua vez corrobora as afirmações feitas anteriormente:
o estabelecimento de subsidiárias no exterior é feito como complemento das atividades de
exportações dessas empresas;
o investimento direto muitas vezes ocorre por meio de compras ou associações com
grupos locais;
o processo de internacionalização está sendo perseguido em vários setores da economia,
com heterogeneidade da natureza da atividade desenvolvida no exterior (unidades
comerciais e/ou unidades produtivas);
as principais razões para enveredar por esse caminho dizem respeito ao fortalecimento do
poder de competição em função da proximidade do mercado consumidor; ao
abastecimento do mercado regional, inclusive pelo aproveitamento de oportunidades
surgidas pelo processo de integração regional; e, desenvolvimento de alianças estratégicas
com empresas locais.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
55
Evolução das Empresas Brasileiras no Mercado Internacional
Décadas Precedentes
Transição
Situação Atual
(até os anos 80)
(a partir de meados dos 80)
(a partir do início dos 90)
• Exportações condicionadas • Expansão internacional
• Exportações derivadas de
como estratégia de crescimento
excedentes resultantes de vantagens por vantagens competitivas
comparativas
• Internacionalização como
• ação estrategicamente
diretriz estratégica
• Improvisação
planejada
• Visão de longo prazo e
• Oportunismo: válvula de escape • forte preocupação com a
diversificação das estratégias de
para adversidades conjunturais
conformidade dos produtos
internas
internacionalização
• criação de gerências,
• Produtos de baixa
• Adaptação do produto às
departamentos e diretorias de
conformidade com as exigências
especificidades de cada mercado
comércio exterior
dos mercados externos
onde atua muitas vezes com
• criação de serviços pósprodução local
• Pouca estruturação interna para venda para atender mercado
externo, a partir da base
• Criação de diretoria
gerenciar exportações
doméstica
internacional, com
• Exportações diretas ou via
agentes, sem preocupações maiores • estratégias mais complexas responsabilidade de administrar
de ação internacional, através relações com subsidiárias
com serviços pós-venda
de implantação de unidades de • Instalações de subsidiárias
• Estratégia internacional
produção e/ou aquisição de
que se encarregam de marketing
centrada exclusivamente em
plantas em outros países,
e da assistência pós-venda no
exportações
formação de alianças
mercado local
• Presença no mercado
• Aquisição de plantas no
internacional de um número restrito • número crescente de
empresas exportadoras de bens exterior por empresas nãode grandes empresas exportadoras
e serviços em vários
exportadoras (non-tradeable
de bens.
segmentos.
goods) em estratégia de
internacionalização
multidoméstica.
• Ampliação da presença
internacional com a participação
de empresas de diferentes portes
e setores.
Fonte: Arruda, Goulart, Brasil, 1996, p. 53.
López (1999) também faz uma discussão geral acerca das empresas brasileiras que
enveredaram pelo caminho da internacionalização apontando os fracassos dessas experiências
bem como os êxitos e também posteriores absorções por empresas transnacionais, como por
exemplo, a Metal Leve, Cofap e Brasmotor/Embraco. Segundo o autor, determinados aspectos
caracterizariam o investimento direto de empresas brasileiras no exterior, dentre eles:
o processo de internacionalização produtivo apresenta um caráter evolutivo, cujo início se
dá por volta dos anos setenta principalmente dos setores da construção, bancos e petróleo
e com baixa presença de empresas do setor industrial; no entanto, esse processo está
sempre associado à dinâmica interna do próprio país, conforme já apontava Villela (1983);
a garantia ou a ampliação de suas exportações, em geral, foi um dos principais motivos que
levaram a maioria das empresas brasileiras a investir no exterior, seja por meio de escritórios
comerciais e serviços de assistência técnica, seja por meio de unidades produtivas;
as vantagens que as firmas brasileiras detêm para ir a busca da internacionalização estão
assentadas tanto na capacidade de atuar em ambientes culturalmente próximos como nas
capacidades de organização e gestão. Os êxitos das vantagens de tecnologia terminaram
na desnacionalização das empresas, que foram absorvidas por empresas transnacionais;
haja vista o que ocorreu com a Metal Leve, Cofap, Brasmotor.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
56
a localização desses investimentos se dá pelo destino das exportações, pela proximidade
cultural, geográfica e em mercados com níveis de desenvolvimento similares ou inferiores
ao brasileiro. Nos países em desenvolvimento, o investimento direto brasileiro está
associado a vantagens de custos e também em função de serem mercados das exportações
brasileiras.
A atuação de empresas brasileiras no exterior já está se refletindo nos números oficiais
de organismos internacionais como a UNCTAD (United Nations Conference on Trade and
Development). Em seu ranking, entre as 50 maiores empresas transnacionais de países em
desenvolvimento, cinco grandes empresas nacionais se fazem presentes: a Petrobrás
(exploração, refino e distribuição de petróleo) com ativos estrangeiros em torno de US$ 3,7
bilhões; a Companhia Vale do Rio Doce, no setor de transporte, com US$ 1,.9 bilhões em
ativos estrangeiros; a Cervejaria Brahma9, atuante no setor de bebidas; a Gerdau, que atua no
setor de metalurgia, com US$ 0,5 bilhões; e, a Sadia S.A10, do setor de alimentos (World
Investment Report, 2000).
As atividades destas empresas no exterior envolvem distintos tipos de investimento.
Algumas atuam através de centros de distribuição de seus produtos (a Sadia, por exemplo);
outras avançam cada vez mais no seu processo de internacionalização produtiva, como a
Gerdau e a Petrobrás11.
Um estudo da Cepal, citado por Castro (2001, p. 3), mostrou que o investimento direto
intra-regional de 1990 a 1999 refletia a expansão de investimentos de empresas em países da
própria região; e, embora fosse ainda incipiente quando comparado às estatísticas que
envolvem o investimento direto estrangeiro oriundos de países desenvolvidos, percebe-se que
o valor envolvido já é significativo em relação a décadas anteriores. No que diz respeito ao
Brasil12, o montante do investimento direto para países da região somou US$ 1.532 milhões
de dólares, de 1990 a 1999, sendo que mais de 60% desse valor teve como destino a
Argentina; ademais, vale salientar que a participação brasileira ainda é bastante pequena, com
7,6% do total dos investimentos dentro da região, como pode ser observado na tabela abaixo.
Investimento Estrangeiro Direto Intra-Regional de 1990 a 1999 1 - US$ milhões
Origem
Destino
Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia
Costa Rica
Equador
México
Peru
Venezuela
Outros
Am. Latina e Caribe
Argentina
--985
1.513
---702
-118
17
3.335
Bolívia
534
-48
176
----6
--764
Brasil
1.097
--1.791
---206
---3.093
Chile
400
6
-----111
-15
-532
Colômbia
--151
1.333
--115
700
-967
-3.265
Peru
263
-151
1.426
18
-7
19
--31
1.915
Venezuela
1.129
-165
209
922
-45
2.152
100
--4.721
Outros
113
-32
279
-2
2
897
30
480
737
2.573
Total
3.535
6
1.532
6.727
940
2
169
4.787
136
1.580
785
20.199
Fonte: Cepal.
Nota: 1 Totais acumulados no período 1990-1999, inclui compras de ativos privados e estatais apud Castro, 2001, p. 3.
9
Não constam as informações relacionadas aos seus ativos no exterior.
Mais uma vez, não constam as informações relacionadas aos ativos da empresa no exterior.
11
Recentemente a Gerdau anunciou a fusão de suas operações na América do Norte com a siderúrgica canadense
Co-Steel, criando a Gerdau AmeriSteel Corporation, tornando-se a 15ª do mundo do setor siderúrgico. A Petrobrás,
que adquiriu a Perez Companc e a Santa Fé, indústrias petroleiras argentinas, também avança em seu processo de
internacionalização.
12
Não há como saber que tipo de investimento está envolvido neste montante.
10
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
57
O estudo realizado por Iglesias e Veiga (2002) acerca da internacionalização produtiva
das empresas nacionais corrobora o que já havia sido detectado pelas pesquisas mencionadas
anteriormente, ou seja, o baixo grau de internacionalização das empresas de capital nacional e
que esse processo está atrelado a uma trajetória anterior de inserção comercial.
Cabe ressaltar que a amostra que serviu de base para essa pesquisa não se limitou a
empresas que possuíam investimentos produtivos no exterior, mas incluiu um conjunto de
exportadores, na maioria empresas de capital nacional, cujas características eram distintas em
relação ao tamanho da empresa e a freqüência de sua atividade exportadora13.
Segundo os resultados apontados pelos autores, apenas 20% de empresas da amostra
possuem investimentos no exterior. A partir desse percentual, os investimentos no exterior
realizados por empresas brasileiras podem ser caracterizados da seguinte forma (Iglesias e
Veiga, 2002, p. 33).
a concentração dos investimentos no exterior das empresas de capital nacional presentes
na amostra ocorre nos Estados Unidos e na Argentina;
o tipo de investimento mais freqüente (85%) diz respeito a atividades comerciais e
distribuição de produtos;
os investimentos produtivos da empresas de capital nacional representam apenas 12% do
total;
em termos setoriais, se concentram em têxtil, químico, metalurgia básica, minerais não
metálicos e veículos,
entre os principais motivos que levaram essas empresas a investir no exterior encontramse as necessidades de logística e de acompanhamento das tendências do mercado
consumidor.
Outras informações relevantes extraídas da pesquisa:
a maioria das empresas da amostra, em torno de 65%, que pretendem investir no exterior,
concentrarão os investimentos em representação comercial e canais de distribuição;
os investimentos em unidades produtivas representam apenas 7,8% das intenções das
empresas quando da sua decisão de investir no exterior.
Esse último resultado vem ressaltar ainda mais o tipo de internacionalização trilhada
pelas empresas brasileiras de capital nacional: a inserção comercial.
No que se refere às razões que as empresas teriam para não investirem no exterior,
40% alegaram não terem necessidade desse tipo de investimento. Desses 40%, mais da
metade são representados pelas grandes empresas de capital nacional.
Um outro trabalho (Silva, 2002) também sustenta que, até os anos 80, as empresas que
instalaram unidades produtivas no exterior foram motivadas pela necessidade de fortalecer e
ampliar as suas exportações. Nos anos 90, a internacionalização estaria vinculada tanto aos
processos de regionalização (Mercosul), como ao aproveitamento das oportunidades com as
mudanças ocorridas na economia e comércio mundial.
Durante esta década, parte das empresas de capital nacional passaram para as mãos de
outro controlador, dado o processo de desnacionalização da economia. Outras, porém,
buscaram responder a essa nova fase por meio da internacionalização não só comercial mas
13
Segundo Iglesias e Veiga (2002), a justificativa de se adotar uma amostra deste tipo estaria relacionada à
necessidade de se mapear os investimentos passados e futuros destas empresas ou ainda ao fato das empresas da
amostra não se internacionalizar por meio do investimento produtivo.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
58
também produtiva, redefinindo assim seus espaços de atuação no cenário mundial. Podem ser
citadas como exemplos: Odebrecht, Petrobrás, Gerdau, Marcopolo, Votorantim, CSN,
Cutrale, Brahma.
Quanto à forma de atuação e as características das empresas de capital nacional no
exterior, o trabalho destaca:
Votorantim: instalação de escritórios para operações internacionais, com vistas a estar
mais próximo aos clientes e evitar intermediação por tradings. Está presente em países da
Ásia, da Europa e nos Estados Unidos. A Votorantim Cimentos possui uma fábrica no
Canadá e um escritório na Argentina;
Sadia: instalação de escritório comercial e centros de distribuição, com o objetivo de
fortalecer sua posição nos mercados consumidores. Está atuando nos Estados Unidos e na
Argentina;
Gerdau: aquisição de usinas siderúrgicas (minimills) no exterior, com o intuito de
fortalecer o seu mercado pela proximidade com os consumidores e utilização de insumos
fornecidos localmente e ultrapassar as barreiras comerciais em função do protecionismo
de determinados países. Possui usinas no Uruguai, Chile, Canadá, Argentina, Estados
Unidos;
Weg Motores: instalação de escritórios de vendas e assistência técnica. O seu objetivo é
fortalecer o seu mercado externo, visto como estratégico para o crescimento dos negócios.
Os escritórios e fábricas estão localizados na Argentina, no México; e, mais recentemente
em Portugal
Odebrecht: aquisição de empresas do setor da construção civil e projetos com governos de
vários países. O objetivo é entrar nos mercados. Está presente em 14 países na América do
Sul, América do Norte, África e Europa;
Andrade Gutierrez: aquisição de empresas já existentes em Portugal, Argentina, Equador
Peru, Guiné, República Dominicana. Em conjunto, Odebrecht e Andrade Gutierrez
adquiriram empresas em Portugal visando entrar no mercado da União Européia;
Ambev: fusão da Brahma e da Antarctica para obter escala e assim atuar no mercado
internacional. Unidades na Argentina, Paraguai, Venezuela e Uruguai;
Embraer: associação com empresas estrangeiras, visando novos mercados e o acesso ao
capital mais barato. Possui escritórios de vendas e pós-venda, com depósitos de peças e
pessoal especializado em reparo dos aviões, na China, Cingapura, Estados Unidos e
França. Recentemente anunciou a formação de um joint venture com uma empresa
chinesa;
CVRD: joint venture com a canadense Iamgold Corporation para exploração de ouro na
Patagônia; tem cinco fábricas no exterior localizadas nos Estados Unidos, França,
Argentina, Bahrein e escritórios nos Estados Unidos, Bruxelas, Tóquio e Xangai;
recentemente formalizou uma joint venture com a chilena Antofagasta para a exploração
de cobre no Peru.
Cutrale: compra de duas esmagadoras na Flórida, Estados Unidos, cujos objetivos foram
driblar o protecionismo e reduzir custos fiscais de suco de laranja no mercado americano;
Citrosuco Paulista: aquisição de empresa na Flórida, Estados Unidos, com os mesmos
propósitos da Cutrale;
Marcopolo: possui unidades produtivas na Argentina, México e Portugal e está presente
na África do Sul e na China por meio de associações com empresas locais;
Sabó: com unidades de produção na Argentina, Alemanha, Áustria, Hungria, além de
escritórios comerciais e laboratório de testes nos Estados Unidos, Itália, Inglaterra e
Austrália.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
59
Calçados Azaléia: unidades de produção e de representação comercial em países como
Estados Unidos, Chile, Peru, Colômbia e República Tcheca.
Silva (2002), com base na atuação das empresas de capital nacional, afirma que, em
sua grande maioria, os investimentos realizados por elas estão centrados principalmente onde
há forte tendência de sua internacionalização comercial (exportação) e tem como estratégia
principal a busca por mercados, ou ainda o investimento do tipo market seeking, segundo a
tipologia já apresentada.
A experiência da Petrobrás permite classificar algumas de suas atividades no exterior
como sendo do tipo strategic asset seeking, pois ao associar-se a outras firmas petroleiras em
vários países, em função do desenvolvimento de sua tecnologia, consegue ter acesso a
tecnologia de ponta e assim melhorar a sua capacidade técnico-gerencial. Cabe ressaltar que
inicialmente a Petrobrás foi para o exterior motivada pela necessidade de assegurar recursos,
um envolvimento internacional típico de uma estratégia resource seeking.
As poucas informações disponíveis acerca das empresas de capital nacional que
realizaram algum tipo de investimento no exterior, confirmam a percepção de Lall (1983) de
que as empresas de países em desenvolvimento investem no exterior como forma de
promover exportações e não substituí-las. Esse fato é corroborado pelos diversos estudos
apresentados neste trabalho.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
60
Capitais Brasileiros no Exterior
Em 2002, o Banco Central concluiu a primeira pesquisa realizada no Brasil sobre
capitais brasileiros no exterior procurando quantificar os ativos detidos por residentes no país.
A pesquisa baseou-se na declaração de capitais no exterior por parte de pessoas físicas ou
jurídicas detentoras de ativos mantidos fora do território nacional em 31.12.2001, com valor
igual ou superior a R$ 200 mil ou o seu equivalente em outras moedas.
Com base em um total de 11.661 declarações, a pesquisa apurou ativos de brasileiros
no exterior no valor de US$ 69,6 bilhões, dos quais 63% eram investimentos diretos em
participação no capital, 10% empréstimos intercompanhia, 7% investimentos em carteira e
14% depósitos no exterior.
Uma parcela tão expressiva como 71% do total (excluindo os investimentos em
portfólio), ou US$ 43,5 bilhões, correspondiam a ativos aplicados em paraísos fiscais. Outros
países receptores de investimentos brasileiros eram: Estados Unidos (13,8%), Argentina (3%),
Espanha (2,8%) e Portugal (1,2%) (Ver os dados do Anexo).
Capitais Brasileiros no Exterior 1 - 2001 - US$ Milhões
Valor
Total
Investimento direto brasileiro no exterior
Participação no capital
Empréstimos intercompanhia
Investimento em carteira
Investimentos em ações
Títulos de renda fixa
Bônus e notas
Títulos de curto prazo
BDRs
Outros Investimentos
Derivativos Opção
Leasing/Arrend.Financeiro
Financiamento
Empréstimo em Moeda
Depósito no Exterior
69.657
50.746
43.641
7.104
5.163
2.517
2.162
577
1.585
483
3.412
42
1
155
697
9.442
%
100
73
63
10
7
4
3
1
2
1
5
0
0
0
1
14
Fonte: Banco Central.
1
Nota: Dados preliminares - 30/10/2002.
Considerando apenas o investimento direto (US$ 42,6 bilhões), a pesquisa revelou
uma participação muito pequena da indústria como setor de aplicação de capital de brasileiros
no exterior, mostrando o atraso da internacionalização da empresa industrial brasileira. O
montante de investimento direto no setor somava US$ 2,1 bilhões em 2001, apenas 5% do
total de investimento direto (ver a tabela a seguir e, para maiores detalhes, as tabelas do
Anexo). Os segmentos de investimento brasileiro mais relevantes são ligados à área financeira
e “holdings”. Intermediação financeira (32,6% do investimento direto total), atividades
auxiliares da intermediação financeira (17,3%) e serviços prestados a empresas – “holdings” –
(32,8%), respondiam, juntos, por 83%. O setor serviços como um todo concentrava 92% do
investimento brasileiro no exterior.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
61
Capitais Brasileiros no Exterior 1 - 2001 - US$ Milhões
Investimento Direto
Total
Agr., pec. e ext. mineral
Extração petróleo e servs. relacs.
Indústria
Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool
Fabr. produtos minerais não-metáls.
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs.
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Serviços
Serviços prestados a empresas
Intermediação financeira
Ativs. auxils. da interm. financeira
Comérc. atacado e interms. comércio
Construção
Transporte aqüaviário
Valor
43.641
1.671
1.556
2.171
626
440
186
159
119
118
111
131
39.799
14.306
14.228
7.536
1.724
1.229
164
%
100,0
3,8
3,6
5,0
1,4
1,0
0,4
0,4
0,3
0,3
0,3
0,3
91,2
32,8
32,6
17,3
3,9
2,8
0,4
Fonte: Banco Central.
1
Nota: Dados preliminares - 30/10/2001.
Fabricação de coque, petróleo, álcool (US$ 626 milhões ou 28,8% do total), produtos
minerais não-metálicos (20,3%), fumo (8,6%), veículos (7,3%), equipamentos e aparelhos
eletrônicos (6,0%), celulose e papel (5,7%), bebidas (5,5%), produtos de metal (5,5%),
máquinas e equipamentos (5,1%), são os setores mais representativos do investimento no
exterior brasileiro no setor industrial.
Capitais Brasileiros no Exterior 1 - Indústria - US$ Milhões
2001 - Investimento Direto
Indústria
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. de produtos têxteis
Conf. de arts. vestuário e acessórios
Prep. couros, fabr. artefs. e calçados
Fabr. de produtos de madeira
Fabr. celul., papel e produtos papel
Edição, impressão, repr. gravações
Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool
Fabr. de produtos químicos
Fabr. artigos de borracha e plástico
Fabr. produtos minerais não-metáls.
Metalurgia básica
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas escrit. e equips. inform.
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic.
Fabr.equips.méds.-hospitalar
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs.
Fabr. outros equips. transporte
Fabr. móveis e indústrias diversas
Reciclagem
Valor
2.171
119
186
36
0
2
123
0
626
26
52
440
6
118
111
131
3
159
34
0
0
%
100,0
5,5
8,6
1,6
0,0
0,1
0,0
5,7
0,0
28,8
1,2
2,4
20,3
0,3
5,5
5,1
0,0
6,0
0,1
0,0
7,3
1,6
0,0
0,0
Fonte: Banco Central.
1
Nota: Dados preliminares - 30/10/2001.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
62
Vamos destacar alguns segmentos que mais representam suporte de exportação
brasileira ou aplicações produtivas de brasileiros no exterior. Além dos setores industriais,
esses segmentos incluem extração de petróleo, construção, comércio e transporte. Eram
responsáveis, em 2001, por investimentos de US$ 6,9 bilhões, uma cifra relativamente
expressiva, porém ainda diminuta em comparação com o total de investimentos brasileiros no
exterior em todas as modalidades (representa 10%) e com o total de investimentos diretos
(IDE) de brasileiros (15,8%).
Indústria (como um todo) com 31,5% do total, comércio atacadista (25%), extração de
petróleo (22,6%), construção (17,8%) destacam-se como setores de aplicação. Note-se a
relevância do comércio atacadista (investimentos de US$ 1.724 milhões) e construção
(US$ 1.229 milhões) como setores de exportação de capital brasileiro. A internacionalização
nesses setores é importante porque promovem a exportação de mercadorias brasileiras. A
presença no exterior de empresas construtoras brasileiras e a exportação de serviços na área
de construção, por exemplo, são importantes veículos de exportação de bens de capital
fabricados no país.
Capitais Brasileiros no Exterior 1
Indústria, Construção, Petróleo, Comércio e Transportes
US$ Milhões - 2001 - Investimento Direto
Total
Indústria
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. de produtos têxteis
Conf. de arts. vestuário e acessórios
Prep. couros, fabr. artefs. e calçados
Fabr. de produtos de madeira
Fabr. celul., papel e produtos papel
Edição, impressão, repr. gravações
Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool
Fabr. de produtos químicos
Fabr. artigos de borracha e plástico
Fabr. produtos minerais não-metáls.
Metalurgia básica
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas escrit. e equips. inform.
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic.
Fabr.equips.méds.-hospitalar
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs.
Fabr. outros equips. transporte
Fabr. móveis e indústrias diversas
Reciclagem
Outros Setores
Extração petróleo e servs. relacs.
Construção
Comérc. atacado e interms. comércio
Comérc. varej. e repar. de objetos
Transporte terrestre
Transporte aqüaviário
Transporte aéreo
Valor
6.893
2.171
119
186
36
0
2
123
0
626
26
52
440
6
118
111
131
3
159
34
0
0
4.722
1.556
1.229
1.724
30
9
164
10
%
100,0
31,5
1,7
2,7
0,5
0,0
0,0
0,0
1,8
0,0
9,1
0,4
0,7
6,4
0,1
1,7
1,6
0,0
1,9
0,0
0,0
2,3
0,5
0,0
0,0
68,5
22,6
17,8
25,0
0,4
0,1
2,4
0,1
Fonte: Banco Central.
1
Nota: Dados preliminares - 30/10/2001.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
63
Anexo
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
64
1
Capitais Brasileiros no Exterior - US$ Milhões - Itens Selecionados
Total
Alemanha
Angola
Antilhas Holandesas
Argentina
Bahamas, Ilhas
Bélgica
Bermudas
Bolivia
Canada
Cayman, Ilhas
Chile
Colômbia
Equador
Espanha
Estados Unidos
França
Gibraltar
Irlanda
Itália
Japão
Libéria
Liechtenstein
Luxemburgo
Madeira, Ilha da
México
Noruega
Paises Baixos (Holanda)
Panamá
Paraguai
Peru
Portugal
Reino Unido
Suiça
Uruguai
Venezuela
Virgens, Ilhas (Britânicas)
Empréstimo
em Moeda 2
7.516
8
7
80
152
224
0
3
35
31
4.012
1
1
0
12
131
30
84
85
141
79
1
16
56
370
402
14
9
13
112
1
543
11
837
Investimento Financiamento Depósito no
Direto
Exterior
43.641
439
9.442
51
39
167
265
2
0
236
1
0
1.625
57
11
5.954
3
412
20
1
250
990
0
36
2
0
405
0
13
14.785
17
806
158
4
1
130
5
1
71
1
0
1.657
4
36
1.401
94
6.818
46
32
85
377
0
10
83
1
86
46
26
152
150
18
0
584
67
1.048
52
16
3
0
2
3
208
3
11
692
0
4
40
12
4
40
1
1
697
26
26
225
1
237
34
27
127
3.121
10
38
27
16
4
8.148
2
16
Total
Valor
%
61.039
100,0
265
0,4
275
0,4
317
0,5
1.845
3,0
6.592
10,8
271
0,4
994
1,6
73
0,1
449
0,7
19.621
32,1
164
0,3
136
0,2
73
0,1
1.709
2,8
8.444
13,8
193
0,3
377
0,6
94
0,2
255
0,4
224
0,4
150
0,2
159
0,3
730
1,2
1.050
1,7
86
0,1
60
0,1
592
1,0
1.098
1,8
70
0,1
51
0,1
762
1,2
575
0,9
188
0,3
3.711
6,1
57
0,1
9.003
14,7
Fonte: Banco Central.
Obs:
Dados preliminares - 30/10/2002.
1
Notas: Exceto investimento em carteira, outros investimentos e derivativos.
2
Inclui empréstimos intercompanhia.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
65
1
Capitais Brasileiros no Exterior - 2001 - US$ Milhões
Investimento Direto
Total
Agr., pec. e ext. mineral
Agricult., pecuária e servs. relacs.
Silvicult., expl. florestal e servs.relacs.
Pesca, aqüicultura e servs. relacs.
Extração petróleo e servs. relacs.
Extração minerais não-metálicos
Indústria
Fabr. produtos aliments. e bebidas
Fabr. de produtos do fumo
Fabr. de produtos têxteis
Conf. de arts. vestuário e acessórios
Prep. couros, fabr. artefs. e calçados
Fabr. celul., papel e produtos papel
Edição, impressão, repr. gravações
Fabr. coque, petról., combs. nucls., álcool
Fabr. de produtos químicos
Fabr. artigos de borracha e plástico
Fabr. produtos minerais não-metáls.
Metalurgia básica
Fabr. de produtos de metal
Fabr. máquinas e equipamentos
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic.
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. carrocs.
Fabr. outros equips. transporte
Fabr. móveis e indústrias diversas
Reciclagem
Serviços
Eletricidade, gás e água quente
Construção
Comérc. e repar. veícs.,comérc.combusts.
Comérc. atacado e interms. comércio
Comérc. varej. e repar. de objetos
Alojamento e alimentação
Transporte terrestre
Transporte aqüaviário
Transporte aéreo
Ativs. auxils. transp. e agências viagem
Correio e telecomunicações
Intermediação financeira
Seguros e previdência privada
Ativs. auxils. da interm. financeira
Atividades imobiliárias
Aluguel veícs. máqs. equips. e objetos
Ativs. de informática e conexas
Pesquisa e desenvolvimento
Serviços prestados a empresas
Educação
Saúde e serviços sociais
Limp. urbana e esgoto e ativs. conexas
Atividades associativas
Ativs. recreats. culturais e desportivas
Valor
43.641
1.671
108
4
0
1.556
3
2.171
119
186
36
0
2
123
0
626
26
52
440
6
118
111
131
3
159
34
0
0
39.799
33
1.229
32
1.724
30
10
9
164
10
102
32
14.228
30
7.536
110
4
85
18
14.306
2
0
12
58
35
%
100
3,8
0,2
0,0
0,0
3,6
0,0
5,0
0,3
0,4
0,1
0,0
0,0
0,3
0,0
1,4
0,1
0,1
1,0
0,0
0,3
0,3
0,3
0,0
0,4
0,1
0,0
0,0
91,2
0,1
2,8
0,1
3,9
0,1
0,0
0,0
0,4
0,0
0,2
0,1
32,6
0,1
17,3
0,3
0,0
0,2
0,0
32,8
0,0
0,0
0,0
0,1
0,1
Fonte: Banco Central.
Nota: 1 Dados preliminares - 30/10/2001.
O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
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O Investimento Estrangeiro na Economia Brasileira e o Investimento de Empresas Brasileiras no Exterior
69
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