painel
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a n o s
Ano XI nº 163 outubro/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Tecnologia e
desenvolvimento
Os desafios impostos pela elevação dos investimentos
no país estão na ordem do dia dos profissionais de
engenharia, arquitetura e agronomia
Semana Agronômica
Workshop vai expor as
pesquisas de matérias
primas para a bioenergia
Construção Civil
PIB do setor vai crescer
6,5% em 2008
Profissionais do Ano 2008
José Renato Magdalena,
Eduardo Figueiredo e Manoel
Ortolan são eleitos
Editorial
60
O mês de setembro foi de intenso trabalho na AEAARP. Iniciamos a nova
fase de obras na sede, em continuidade ao plano de ampliação, modernização
Eng. Civil
e revitalização da mesma, com um projeto que promove profundas alterações
Roberto Maestrello
em parte da área do Salão de Eventos, contemplando modificações na área do
bar, da cozinha e a incorporação de um deck anexo ao salão de eventos. A ampliação de seu espaço
físico vai propiciar a criação de um local que poderá ser usado nos eventos maiores, como extensão do
salão principal, ou de forma autônoma, em acontecimentos ao lado do bar. O pátio interno foi ampliado,
recebendo nova cobertura de grama e será complementado ao final das obras com um piso ecológico de
concreto e grama.
Promovemos a Semana Tecnológica, com o Ciclo de Palestras “Tecnologia e Desenvolvimento”, que
trouxe à AEAARP um debate essencial às nossas carreiras: a qualidade da formação profissional e os
desafios que esta fase de intensos investimentos nos impõe.
No dia 29 de setembro, na Reunião Plenária, elegemos os profissionais de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia – José Renato Magdalena, Eduardo Figueiredo e Manoel Ortolan, respectivamente – que
receberão as homenagens em nossa festa de 6 de dezembro, na Sociedade Recreativa, ocasião em que
faremos o lançamento do Livro dos 60 Anos da AEAARP.
A organização do II Workshop “Agroenergia: Matérias Primas”, da Semana de Agronomia e do Almoço
dos Agrônomos mobilizou associados, diretores e funcionários da sede. Recebemos os candidatos que
disputaram o primeiro turno das eleições municipais e pautamos neste debate as questões que discutimos
cotidianamente em nossa Associação – infra-estrutura, meio ambiente, transporte e habitação – e que
influenciam diretamente na qualidade de vida das pessoas.
A AEAARP firma-se na sociedade como uma entidade política, por vocação, e apartidária, por princípio.
Mais do que isso, a entidade consolida-se como trincheira da defesa da qualificação e valorização
profissional e como agente de modificações na sociedade. O conjunto de ações da Associação hoje é o
reflexo de uma história de lutas, da qual somos herdeiros e indutores, uma vez que esta trajetória está em
construção e aquilo que será a AEAARP nas próximas décadas depende de nós.
A Associação tem a responsabilidade de liderar os debates necessários que envolvem os grandes
problemas que se apresentam ao se pensar o desenvolvimento social e econômico de nossa cidade, que a
cada dia se firma como metrópole regional com todos os problemas que se impõem a esta condição. Este é
um debate importante e a deputada estadual Dárcy Vera, eleita para governar a cidade nos próximos quatro
anos, precisará fazê-lo. Queremos nos somar a este esforço, colocando-nos a disposição da Prefeitura e
da Câmara para estabelecer os estudos técnicos que se fizerem necessários.
Os debates da Semana de Agronomia, as homenagens aos profissionais do ano, com o lançamento
do livro que contará nossa história, são nossas próximas tarefas. Para dar conta de todos estes desafios,
quero conclamar todos os associados para nos unirmos em torno da semente lançada em nossa casa, por
um dos nossos convidados nos debates da Semana Tecnológica, o presidente do Instituto de Engenharia
de São Paulo: “Se nós profissionais esclarecidos não nos unirmos para pensar numa direção única não
vamos chegar a lugar algum”. Este propósito é pertinente tanto para as relações institucionais da AEAARP
com outras entidades quanto para os profissionais que compõem o nosso quadro associativo no seu
cotidiano.
Estamos convencidos de que para vencer os obstáculos que temos pela frente – tanto do ponto de vista
de nossas atividades diárias quanto das discussões que dão rumo à sociedade – a união de todos, a troca
de idéias e o diálogo franco e democrático com responsabilidade são essenciais.
Eng. Civil Roberto Maestrello
Presidente da AEAARP
Expediente
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700
Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / [email protected]
Roberto Maestrello
DIRETORIA FUNCIONAL
Diretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos Fagionato
Diretora Comunicação e Cultura: Maria Inês Cavalcanti
Diretora Social: Luci Aparecida Silva
Índice
Presidentes
05
PRÊMIO
06
GEORREFERENCIAMENTO 07
CONSTRUÇÃO CIVIL 08
POLÍTICA
09
OPINIÃO
10
ENGENHARIA
12
pesquisa
13
Profissionais do Ano
Georreferenciamento: perspectivas, benefícios e problemas
PIB da construção vai crescer 6,5% em 2008 Candidatos a prefeito expõem programas de governo na AEAARP
Sem restrições tecnológicas, os pré-fabricados precisam romper
obstáculos culturais
Virando o disco
Hidrogênio biológica
PROFISSÕES
Carreiras exigem formação contínua para atender o mercado
ARTIGO
Macadâmia: a rainha das nozes
14
18
ENERGIA 19
CREA 20
ABASTECIMENTO
21
AGRONOMIA
22
ABNT
24
NOTAS E CURSOS
25
Ribeirão Preto tem 50 transformadores ecológicos
O engenheiro agrônomo, o exercício profissional e o CREA
Brasil conclui maior colheita de grãos da história
A matéria-prima da bioenergia está no cetnro dos debates
Projeto de norma da ABNT está em consulta pública
José Roberto Hortêncio Romero
Vice-presidente
DIRETORIA OPERACIONAL
Diretor-administrativo: Pedro Ailton Ghideli
Diretor-financeiro: Ronaldo Martins Trigo
Diretor-financeiro Adjunto: Cecílio Fráguas
Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna
Associação
de Engenharia
Arquitetura e
Agronomia de
Ribeirão Preto
Conheça os homens que dirigiram a AEAARP
Presidente
DIRETORIA TÉCNICA
Engenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro Gonçalves
Agronomia, Alimentos e Afins: José Roberto Scarpellini
Arquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos Santiago
Engenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto Menegucci
Engenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís Darcie
Geologia e Minas: Caetano Dallora Neto
Engenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi Tanaka
Engenharia Química e Afins: Denisse Reynals Berdala
Engenharia de Segurança e Afins: Edson Bim
Computação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto
Azevedo Prado
Engenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin
DIRETORIA ESPECIAL
Universitária: Onésimo Carvalho Lima
Da Mulher: Maria Teresa Pereira Lima
De Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior
CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: Marcos Vilela Lemos
Alexandre Sundfeld Barbin
Carlos Alberto Palladini Filho
Edes Junqueira
Edgard Cury
Ericson Dias Mello
Hideo Kumasaka
Hugo Sérgio Barros Riccioppo
Inamar Ferraciolli de Carvalho
João Paulo de S. C. Figueiredo
José Fernando Ferreira Vieira
Luiz Antonio Bagatin
Luiz Fernando Cozac
Luiz Gustavo Leonel de Castro
Manoel Garcia Filho
Marcos A. Spínola de Castro
Maria Cristina Salomão
Ricardo Aparecido DeBiagi
Sylvio Xavier Teixeira Júnior
CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP
REPRESENTANTE DA AEAARP
Câmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello
REVISTA PAINEL
Conselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna,
Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo
Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269,
cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, [email protected]
Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Luiza Pellicani
Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - [email protected]
Adelino Pajolla Júnior / Jóice Alves
Tiragem: 5.000 exemplares
Locação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718
Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - [email protected]
Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.
Fotos: Ezequiel Pereira e Texto & Cia.
Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não
expressam, necessariamente, a opinião da revista.
Horário de funcionamento
AEAARP
Das 8h às 12h e das 13h às 17h
Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
CREA
Das 8h30 às 16h30
presidentes
Conheça os homens que
dirigiram a AEAARP
A Painel apresenta os três últimos ex-presidentes da AEAARP.
Luiz Eduardo Siena Medeiros
Gestão 2000 - 2002
A marca da gestão do arquiteto à frente da AEAARP foi a promoção de importantes debates
e de exposições, inserindo questões técnicas e artísticas na ordem do dia da Associação. As
realizações foram marcadas, segundo o ex-presidente, pelo relacionamento e coletividade
dos associados que foram atraídos para a AEAARP, pois se identificaram com as questões
de relevância que estavam sempre em debate. A atuação de uma equipe grande e coesa
possibilitou, entre outras coisas, debater o papel dos conselhos municipais e regionais, o
que favoreceu o fortalecimento da AEAARP perante o CREA-SP e o CONFEA. O ex-prefeito
do Rio de Janeiro e arquiteto, Luiz Paulo Conde, ministrou palestra para os associados sobre
a organização da cidade neste período.
Genésio Abadio de Paula e Silva
Gestão 2002 - 2005
Presidente da AEAARP em seu segundo mandato, o engenheiro agrônomo Genésio
Abadio de Paula e Silva marcou a nova gestão com ações de valorização profissional.
Continuou defendendo a participação ativa dos profissionais na Associação. Uma
ação importante que marcou o período, foi a negociação com uma prestadora de
serviços médicos para atender mais de 4.000 associados, contrato este importante
para a AEAARP.
Wilson Luiz Laguna
Gestão 2005 - 2007
Ele ingressou na AEAARP em 1972 e desde aquele ano teve atuação destacada na entidade.
Como presidente, dedicou-se para que a AEAARP fosse inserida nas discussões acerca dos
rumos da cidade e instituiu o Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”. Em
fevereiro de 2006, tomou posse como secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal
e os debates do Fórum influenciaram diretamente a revisão do Plano Diretor naquele ano.
Os trabalhos iniciais do Fórum levaram a entidade a firmar parcerias com outras entidades
de Ribeirão Preto e com Associações de Bairro, que promoveram audiências públicas para
debater os temas que envolvem a organização urbana e infra-estrutura e influenciaram
diretamente na elaboração das Leis Complementares do Plano Diretor (Lei do Parcelamento,
Uso e Ocupação do Solo, Lei do Código de Obras, Lei do Plano Viário e a Lei do Mobiliário
Urbano), sendo que as três primeiras foram aprovadas após 35 anos de discussões.
Revista Painel 5
Prêmio
PROFISSIONAIS DO ANO
A segunda-feira, 29 de setembro, foi dia de decisão na AEAARP. A entidade
escolheu o engenheiro, o arquiteto e o agrônomo que receberão o Prêmio
Profissionais do Ano – 2008. José Renato Magdalena, Eduardo Figueiredo e Manoel
Ortolan serão homenageados, no dia 6 de dezembro, na tradicional festa de entrega
do Prêmio, que acontecerá na Sociedade Recreativa. Conheça os premiados:
Engenheiro do ano
José Renato Magdalena
Graduado em Engenharia pela UNICAMP, iniciou sua carreira na Hopase
Engenharia e Comércio, de São José do Rio Preto, e veio para Ribeirão em 1980
para construir o Delboux, na Vila Virgínia, e o residencial Boa Vista, na rua Arnaldo
Victaliano. Depois abriu sua empresa, a Copema Engenharia e Construção, que já
executou mais de 50 obras e empreendimentos totalizando 747 mil m2. Contribuiu
com a construção do bairro Santa Cruz e participou do desenvolvimento do bairro
Santa Ângela, ambos em Ribeirão Preto. Em 1999 recebeu o título de cidadão
ribeirão-pretano. No ano passado, selou uma parceria com a construtora Klabin
Segall para investimentos da ordem de R$ 100 milhões em Ribeirão Preto.
Arquiteto do ano
Eduardo Eugênio Andrade Figueiredo
Graduado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade “Braz Cubas” de Mogi das Cruzes. Trabalhou de 1975 a
1979 no Escritório de Arquitetura e Interiores “Germano Mariutti e José
Duarte Aguiar”, participou de congressos internacionais de arquitetura no
México e Argentina. Professor na área de projeto nas universidades Moura
Lacerda e Unip, de 1997 a 2002. Tem trabalhos publicados em revistas da
região e São Paulo com circulação nacional e internacional. Desde 1980
atua na área de construção civil residencial e comercial, e interiores, com
projetos realizados na região de Ribeirão Preto, em São Paulo e outros
estados, além de projetos em San José (Costa Rica) e Lisboa (Portugal).
Agrônomo do ano
Manoel Carlos Azevedo Ortolan
6 AEAARP
Engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”.
Trabalhou de 1970 a 1972 na Copersucar, de 1972 a 1975 na gerência das fazendas
Pouso Alegre e Boa Vista, em Goiás, de 1975 a 2000 na Gerência de Divisão Técnica
da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, em
Sertãozinho, de 2001 até hoje preside a entidade. Foi professor de Técnicas Agrícolas
no Ginásio Estadual Winston Churchill, em Sertãozinho, conselheiro da Sociedade
dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil-Regional Sul, presidente da
Orplana, de 2001 a 2007, é diretor administrativo da COCRED-Cooperativa de Credito
dos Plantadores de Cana de Sertãozinho, diretor superintendente da COPERCANACooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, presidente
da CANAOESTE-Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São
Paulo, conselheiro vogal da Cocecrer-Cooperativa Central de Crédito Rural do Estado
de São Paulo, membro da diretoria do Sindicato Rural de Ribeirão Preto e do COSAGConselho Superior do Agronegócio da FIESP.
Georreferenciamento
Georrefereciamento:
perspectivas, benefícios e problemas
Georreferenciamento. Trata-se apenas de uma nova técnica de agrimensura?
A priori, podemos assim entender, visto que utiliza aparelhos do tipo GPS
(Global Positioning System), capazes de realizar a “triangulação” de satélites
para determinar um ponto na superfície terrestre. Significa dizer que, um
ponto no solo, ao ser georreferenciado por profissionais habilitados, produz
um marco único; este, por sua vez, será registrado por meio um software.
A partir daí, os pontos, definidos em cada vértice de uma propriedade,
produzirão um mapa no qual, em conjunto com os imóveis lindeiros, que
também serão georreferenciados, produzirão demarcações com a garantia
de que não haverá sobreposição de área. O grande diferencial é justamente a
não sobreposição que, até então, vinha ocorrendo.
Analisando a proposta do georreferenciamento sob uma perspectiva mais
ampla, podemos dizer que se traduz em um revolucionário meio de controle
do uso do solo e dos recursos naturais, não só pelo poder público (maior
interessado), mas pela iniciativa privada.
Vejamos que já se pode vislumbrar a sua aplicação nas transações comerciais
envolvendo imóveis, no planejamento urbanístico, na administração de
propriedades rurais, na arrecadação de impostos, contribuindo para a eficácia
da Política Nacional do Meio Ambiente, no controle de limites, divisas e
tapumes de propriedades e, até mesmo, no controle de focos da dengue,
como demonstrou a reportagem publicada no Jornal A Cidade, de Ribeirão
Preto, no dia 26 de março de 2008, que, ademais, acusou a existência 30 mil
imóveis irregulares no município de Ribeirão Preto – SP. Neste último caso,
o sistema georreferencial flagrou os imóveis, apontando-os com tamanho
maior do que aquele lançado no cadastro imobiliário e, como conseqüência,
houve aumento na arrecadação do IPTU.
Neste diapasão, ao elaborar a monografia para o Curso de Direito das
Faculdades COC, intitulada “A lei de Georreferenciamento no Âmbito do
Direito Notarial e Registral: Repercussões em Face das Demais Esferas
Jurídicas”, sob a orientação do Professor Ênio Santarelli Zuliani, buscamos
demonstrar a problemática da implantação da lei 10.267/01, regulamentada
pelos Decretos 4.449/02 e 5.570/05, que alterou artigos da Lei dos Registros
Públicos. Com efeito, o “geo” trará ônus e bônus aos proprietários rurais.
Ressalte-se que o descumprimento não acarretará sanções pecuniárias, porém,
há prazos previstos (que já foram prorrogados), para que o proprietário faça
a retificação extrajudicial da sua área na matrícula; do contrário, a alienação,
o desmembramento, o remembramento ou o parcelamento do imóvel restará
prejudicado.
O estudo apontou que os reflexos jurídicos do georreferenciamento,
excetuando os problemas encontrados dentro do Direto Notarial, repercutiram
na esfera civil, agrária, ambiental, administrativa, tributária e constitucional.
Na primeira, o “geo” representa um óbice para aqueles que desejam alienar
os imóveis, atingindo o direito de fruição, inerente ao Direito Real de
Propriedade. Segundo, a intervenção do INCRA, que deve conferir a inscrição
no CCIR (Cadastro de Imóveis Rurais) e verificar a não sobreposição dos
mapas georrefenciados ao Sistema Geodésico Brasileiro está sobrecarregada,
provocando a impetração de Mandados de Segurança contra a autarquia.
Terceiro, a delimitação das áreas de preservação permanente (APPs) e as
Reservas Legais, representando, aqui, um dos maiores benefícios em prol das
gerações futuras. Ademais, na esfera ambiental espera-se que uma propriedade
georreferenciada e regularizada, com a conseqüente averbação das APPs na
matrícula, impeça as recorrentes autuações que, muitas vezes, são indevidas
e provocadas pelo despreparo dos fiscais. Vale destacar ainda que, segundo a
reportagem exibida no dia 14/09/08 no programa Globo Rural, o Conselho
Monetário Nacional, por meio de Resolução, irá restringir a disponibilização
do crédito destinado ao custeio da safra para aqueles que não apresentarem
a propriedade “georreferenciada” e de acordo com as leis ambientais. E os
reflexos não param aqui; na esfera administrativa, destaca-se o papel de
fiscalização do poder público; na tributária, a arrecadação do ITR; na esfera
constitucional, o direito de propriedade como direito e garantia fundamental,
sofrendo, cada vez mais, certas limitações em nome da função social; e,
por fim, pode-se discutir o custo da implantação do sistema. Fica aqui a
indagação proposta pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA): na
medida em que a finalidade principal da lei é a fiscalização, por parte do poder
público, sobretudo dos imóveis rurais, então, pode-se afirmar que o custo de
implantação deverá ser de responsabilidade exclusivamente do particular?
Perceba que ao lado dos muitos benefícios esperados pelo “geo”, há
problemas graves, quais sejam: a precariedade dos registros e matrículas
existentes, afrontando o princípio da especialidade; a já citada morosidade
do INCRA e os custos envolvidos, que tenderão à estratosfera, na medida
em que faltarão profissionais no mercado para cumprir as exigências dentro
dos prazos exíguos previstos na lei, dentre outros. Vale ressaltar que os
profissionais interessados em aplicar a lei de “geo”, prestando este serviço,
deverão apresentar uma visão holística, unindo conhecimentos de diversas
áreas, sobretudo jurídicos e de engenharia.
Portanto, temos uma ferramenta tecnológica em prol do desenvolvimento,
buscando trazer controle, segurança jurídica, desenvolvimento social e a
reafirmação da função social da propriedade. Vivenciamos uma mudança
de paradigma, evoluindo de uma ótica civilista e individualista chegando,
hoje, na reafirmação dos direitos difusos e coletivos. Vale observar que a
lei 10.267/01, os registros públicos e as leis ambientais são praticamente
complementares, de acordo com uma análise sistemática das normas; e,
baseando-se sempre na razoabilidade, princípio fundamental implícito na
Constituição Federal, teremos um desafio: sopesar, de um lado, a iniciativa
privada, que deve ser incentivada para produzir riquezas e, de outro, o meio
ambiente e os princípios preservacionistas.
Referências Bibliográficas
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CNA questionam INCRA. Disponível em: <http://www.irib.org.br/notas_noti/boletimel1741.asp>
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CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. São Paulo: Saraiva, 2008.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2005.
FIORILLO, Celso A. Pacheco; RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Ambiental e
Legislação Aplicável. 2. Ed. São Paulo: Max Limonad, 1999.
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<http://www.irib.org.br/notas_noti/boletimel1758.asp> Acesso em: 29 de junho de 2008.
PAIVA, João Pedro Lamana. O Georreferenciamento – Um paradigma para o
desenvolvimento da propriedade rural. Disponível em: <http://www.lamanapaiva.com.br/novidades.
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PASSARELI, Luciano Lopes. As Retificações no Registro de Imóveis. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris Editor, 2008.
PIRES Neto, Ari Álvares. Georreferenciamento e Retificação Extrajudicial de Imóveis Urbanos e
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SILVA, Waldomiro Azevedo. Curso Prático de Direito Imobiliário: Loteamento, Condomínio e
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TUTIKIAN, Claúdia Fonseca; TIMM, Luciano Benetti; PAIVA, João Pedro Lamana (Org.). Novo
Registro Imobiliário e Registral. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
Gustavo de Souza Consoni: aluno de graduação do curso de Direito
das Faculdades COC de Ribeirão Preto e administrador de empresas graduado
pela Universidade Mackenzie – São Paulo.
Revista Painel
7
CONSTRUÇAO CIVIL
PIB da construção
vai crescer 6,5% em 2008
Foto: Ana Paula Popolin
João Cláudio Robusti, Sergio T. Watanabe e
José Batista Ferreira
Foto: André Luís Rezende
José Batista Ferreira e empresários da construção civil de
Ribeirão Preto, associados à regional do SindusCon-SP.
Foto: André Luís Rezende
Paulo Skaf, presidente da FIESP, Sergio T. Watanabe,
José Batista Ferreira e João Cláudio Robusti
O engenheiro Sérgio Tiaki Watanabe entoou discurso otimista na
solenidade de posse na presidência do SindusCon-SP para o triênio
2008/2011. Ele anunciou as projeções do Sindicato e da FGV Projetos para o
período de 2008 a 2012. “O Brasil deverá crescer em média 4,5%, ao ano. Já
o PIB da construção aumentará 6,5%, ao ano”, disse.
Watanabe destacou que, em 2008, a construção crescerá 10%. O cenário
futuro é ainda mais animador: os investimentos em novas moradias
passarão de R$ 106 bilhões para R$ 150 bilhões, em 2012. Cerca de 1,7
milhão de moradias devem ser construídas anualmente, seja formal ou
informalmente, e o número de trabalhadores na construção deverá saltar
de 2,2 milhões para 2,9 milhões.
Todos estes números são inflados pela expectativa de aumento
populacional no período estudado: o número de famílias deve se elevar
de 53 milhões para 61,5 milhões. Watanabe ressaltou que a exigência de
qualificação da mão de obra é crescente no setor, cenário também apontado
no levantamento. “Teremos 700 mil trabalhadores a mais, dos quais 250 mil
precisarão ter nível técnico ou superior.”
Ainda segundo Watanabe, a construção civil continuará sendo favorecida
por uma “ampla conjugação de fatores, dentre eles, o crédito imobiliário”.
De acordo com o novo presidente, os investimentos neste segmento estão
apenas começando. “Na infra-estrutura, os compromissos são firmes em
termos de expansão de hidrelétricas, rodovias, portos e saneamento básico.
Os maiores investimentos do PAC ainda estão por vir. A Copa de 2014 e os
investimentos privados abrirão novas oportunidades para as construtoras.”
O ministro das cidades, Marcio Fortes, participou da solenidade de posse
e ouviu de Watanabe a crítica de que o PAC ainda não ‘deslanchou’. “Nos
primeiros sete meses de 2008, dos R$ 16,5 bilhões autorizados, apenas
pouco mais de R$ 0,5 bilhão foi pago. Isto precisa mudar.”, reivindicou.
Watanabe alertou que a alta acumulada dos preços dos materiais básicos de
construção, acima de 20% em doze meses, está provocando o desequilíbrio
econômico-financeiro dos contratos de execução de obras públicas e
privadas das construtoras. “Podendo, inclusive, inviabilizar as obras do
PAC. A construção civil tem o dever de rechaçar aumentos especulativos e
apoiar as ações dos fabricantes de materiais de construção, na ampliação
de sua capacidade produtiva”, disse o novo presidente do SindusCon-SP.
O empresário ribeirão-pretano João Cláudio Robusti, que presidiu o
SindusCon-SP até setembro deste ano, disse que “o setor da construção
civil passou de coadjuvante a protagonista, ocupando seu devido lugar no
desenvolvimento do Brasil”.
Batista é reeleito e se torna coordenador das regionais
O engenheiro José Batista Ferreira foi reeleito para a
direção regional do SindusCon-SP, em Ribeirão Preto, e a
partir deste mandato vai coordenar o trabalho das regionais
do Sindicato em todo o estado. Uma das experiências
exitosas de Batista foi a criação do ConstruSer (Encontro
dos Trabalhadores da Construção Civil em Família), em
parceria com Sesi e Senai, que promove diversas atividades
esportivas, culturais, de saúde e lazer, em benefício dos
trabalhadores da construção e seus familiares. Nesse ano,
o projeto foi estendido para a capital e para as outras oito
regionais no interior paulista e litoral. O ConstruSer vai
8
AEAARP
integrar as ações do programa permanente desenvolvido
pelo SindusCon-SP, voltado a melhorar a qualidade de vida
dos trabalhadores de suas empresas associadas. “Ficamos
muito orgulhosos de ver uma idéia que surgiu em Ribeirão
Preto tornar-se referência”, afirma Batista.
A nova diretoria do SindusCon-SP, regional Ribeirão Preto,
eleita para o triênio 2008/2011 tem no Conselho Consultivo
os engenheiros Eduardo Benedito Maistro, Fábio Villas
Bôas e Paulo Tadeu Rivalta de Barros. O empresário José
Roberto Pereira Alvin, de Ribeirão Preto, assumiu uma das
vice-presidências do SindusCon-SP.
política
Candidatos a prefeito expõem
programas de governo na AEAARP
Até o
fechamento
desta edição
não havia
acontecido
o primeiro
turno das
eleições.
Feres Sabino (PT)
Daniel Lobo (PTB)
Darcy Vera (DEM)
Rafael Silva (PDT)
A AEAARP convidou todos os candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto
para exporem suas propostas. A diretoria encaminhou os convites a cada um
expondo os temas que permeiam as discussões da entidade – infra-estrutura,
meio ambiente, transportes e habitação – e convidou os associados para
ouvirem e debaterem com os candidatos.
Feres Sabino (PT), Daniel Lobo (PTB), a prefeita eleita Darcy Vera (DEM),
Rafael Silva (PDT), Rubens Chioratto Junior (PSOL) e Welson Gasparini
(PSDB) atenderam ao convite e estiveram no Auditório “Antônio Duarte
Nogueira” entre os dias 12 e 19 de setembro. Apenas o candidato Mauro da
Rubens Chioratto
Junior (PSOL)
Welson Gasparini
(PSDB)
Silva Inácio (PSTU) não compareceu, alegando incompatibilidade de agenda.
Roberto Maestrello, presidente da Associação, disse que o resultado dos
encontros foi positivo. “A AEAARP tem caráter apartidário. Mas somos
politizados, discutimos, no Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do
Futuro”, temas que mudam a vida das pessoas e isso foi importante para que
todos tivessem a oportunidade de conhecer o que estava nos planos daqueles
que pleitearam a liderança de uma das maiores cidades do país”, avalia.
Todas as participações dos candidatos foram gravadas em DVD e compõem
o acervo da AEAARP.
Revista Painel
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OPINIÃO
Construção
Sem restrições tecnológicas, os pré-fabricados
*Paulo Eduardo F. de Campos
A história da arquitetura moderna narra
na sua origem as sucessivas revoluções
ocorridas no desenvolvimento da indústria
e como elas influenciaram os processos
construtivos. Além de novos materiais,
tais como o vidro e o ferro, os projetos
de pontes, grandes naves industriais,
estações de estrada de ferro etc. exigiram
o restabelecimento de uma linguagem
arquitetônica adequada às realidades e
utopias que se encontravam na segunda
metade do século XIX.
A construção pré-fabricada de concreto, por
sua vez, acabou consolidando-se como a forma
mais viável e mais difundida para se promover
a industrialização da construção, tomando um
impulso sem precedentes no período do segundo
pós-guerra. A opção pelo “grande painel” préfabricado de concreto, como resposta técnica e
econômica às necessidades de reconstrução da
Europa após a Segunda Guerra Mundial, converteu
esta tecnologia num logotipo deste período.
As realizações massivas na área de habitação
ocorridas nesta época criaram, no entanto, uma
espécie de estigma que associou a construção
pré-fabricada durante muito anos à uniformidade,
monotonia e rigidez na arquitetura, ou seja,
flexibilidade “zero”.
Seria muito restrita nos dias de hoje uma
definição de industrialização calcada nos padrões
do pós-guerra europeu, visto que tais modelos vêm
sendo revisados em profundidade nos seus próprios
países de origem, desde o final dos anos 80. Por sua
vez, o desenvolvimento de sistemas e componentes
construtivos mais leves, buscando conferir um
maior valor agregado ou “densidade tecnológica”
aos produtos, parece ser uma tendência dominante
para o futuro do segmento de pré-fabricados de
concreto.
Os novos materiais empregados atualmente na
produção de pré-fabricados de “última geração” - a
exemplo do CAD (Concreto de Alto Desempenho),
dos CPR (Concretos de Pós-Reativos) e dos
materiais compostos - são parte fundamental
10 AEAARP
desta revolução sutil que vem ocorrendo há alguns
anos nos países desenvolvidos e que agora já está
presente entre nós.
O emprego recente de painéis arquitetônicos
e banheiros prontos pré-fabricados tem como
fundamento as necessidades de maximização da
eficiência dos métodos e procedimentos adotados na
construção civil, a partir de um novo paradigma. Sob
este ponto de vista, três aspectos principais podem
ser destacados entre as propostas metodológicas
para se atingir a eficiência em referência, a saber:
•o uso da pré-fabricação na maior parte possível
de partes do edifício
•a crescente conversão do canteiro de obra em
local de montagem de partes pré-fabricadas
•a máxima racionalização dessa montagem.
A administração da produção e o controle dos
processos no canteiro, particularmente no que se
refere às relações comerciais com terceiros e às
entregas dos diversos insumos, desde projetos até
materiais e serviços, são amplamente favorecidos
dentro desta metodologia.
Ainda que a adoção destas novas práticas não
implique necessariamente no emprego da préfabricação total, claro está que a transformação
da obra num local de montagem de partes préfabricadas é uma alternativa que pode contribuir
decisivamente para melhorar o controle dos
cronogramas e da produtividade em canteiro, uma
vez que a produção dos componentes faz-se fora
do local da obra, segundo contratos específicos,
os quais estão submetidos aos seus próprios
cronogramas.
Uma convicção na pré-fabricação
de ciclo aberto
O nível de desenvolvimento tecnológico da
indústria da construção civil, a despeito dos avanços
verificados com o emprego recente de painéis e
módulos pré-fabricados, ainda é incomparavelmente
mais atrasado que o dos demais setores da indústria
convencional, além de não poder ser considerado
homogêneo. No entanto, ao se observar alguns dos
conceitos introduzidos no âmbito da construção
industrializada no início do século XX, tais como os
civil
precisam romper obstáculos culturais
de tolerância e intercambiabilidade, quando pioneiros como
Walter Gropius e Wachsmann (1930) aplicavam em seus projetos
as experiências de racionalização antes já experimentadas pelas
construções metálicas, é possível perceber que muitos dos
ideais utópicos daquela época são hoje perfeitamente factíveis.
Ou seja, a possibilidade de produção seriada de edifícios
industrializados, quer em suas partes fundamentais, quer na
sua totalidade, é uma realidade e a indústria da construção civil
está apta a dar um grande salto, superando num curto espaço
de tempo a defasagem tecnológica do setor e alcançando um
nível de industrialização equivalente àquele que já é visível nos
países desenvolvidos.
Em que pesem as profundas diferenças existentes entre as
realidades do Brasil e dos países mais desenvolvidos, podese afirmar com relativa segurança que um ciclo semelhante
ao experimentado no auge da aplicação das técnicas de préfabricação na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, incluindo
sua posterior obsolescência e a sua recente substituição por
tecnologias e procedimentos mais flexíveis, menos rígidos,
tem sido também uma tendência ao longo do desenvolvimento
ainda incipiente da pré-fabricação no país.
Ainda que cada país, evidentemente, deva buscar desenvolver
os seus próprios modelos, mais adequados às suas necessidades
e realidades, é impossível não reconhecer a influência que os
sistemas abertos ou a “segunda geração da industrialização”,
baseada no emprego intensivo de componentes, já vem
exercendo no mercado brasileiro há pelo menos uma década.
Não fosse assim, como explicar a reconversão de várias das
empresas brasileiras, até então produtoras de sistemas préfabricados fechados para galpões industriais, em fabricantes de
componentes para sistemas abertos, tais como: lajes alveolares,
painéis arquitetônicos, estruturas baseadas no conceito de préformas, entre outros produtos?
Por sua vez, vem novamente a pergunta: O que falta então
para que o segmento de pré-fabricados de concreto venha a
romper a barreira dos 5% que representam a sua participação
histórica na produção de cimento no país? Há no Brasil, ainda
que se considere somente a região centro-sul, um grande
abismo separando a realidade da indústria da construção civil
e a possibilidade de aplicação de sistemas pré-fabricados e
procedimentos industrializados. As demandas existentes,
mesmo se tratando do imenso déficit habitacional de mais de 6
milhões de unidades, foram e seguem sendo encaradas sob a
ótica das formas tradicionais de se construir.
O Brasil dispõe hoje de um parque produtor de préfabricados, cuja experiência e a capacitação técnica permitem
o desenvolvimento de produtos extremamente adequados a
estas demandas. A falta de disseminação do uso de sistemas
pré-fabricados abertos, baseados na utilização de componentes
pré-fabricados com um alto valor agregado, é hoje mais uma
questão cultural do que o fruto de uma limitação tecnológica,
daí a questão recorrente: não se constrói porque não há
soluções tecnológicas ou não há soluções tecnológicas porque
não se constrói em larga escala empregando os pré-fabricados
de concreto?
Obstáculos que precisam ser rompidos
Partindo-se do pressuposto de que não são os fatores
estritamente tecnológicos que representam o maior obstáculo
à difusão da pré-fabricação no Brasil, chega-se à conclusão
que uma visão de futuro sobre a pré-fabricação no país deva
contemplar inicialmente:
1) A demonstração da validade desta ferramenta para a
superação das demandas existentes, tomando como exemplo
as experiências ocorridas nos países desenvolvidos.
2) A apresentação de obras nacionais e internacionais
que tenham um caráter inovador e que tragam uma
contribuição objetiva no sentido de aplicação dos novos
conceitos inerentes à construção pré-fabricada em concreto
(“industrialização de ciclo aberto”).
3) O rompimento do estigma que no passado associou a
construção pré-fabricada à uniformidade, à monotonia e à
rigidez na arquitetura.
4) A demonstração de que, para além da qualidade
arquitetônica, as novas obras pré-fabricadas possuem
qualidades intrínsecas relativas ao nível acabamento e ao
atendimento das exigências de conforto do usuário final.
5) A consideração de que existem novas tecnologias à base
de cimento, tais como o CAD e os compósitos; inovações
tecnológicas aplicadas na execução de obras recentes e
emblemáticas.
*Paulo Eduardo Fonseca de Campos é arquiteto, mestre
em Engenharia Civil e doutor em Arquitetura e Urbanismo. É
diretor da Precast Consultoria e Desenvolvimento do Produto,
coordenador do Comitê de Painéis Arquitetônicos da ABCIC e
assessor do Subprograma XIV do Programa Ibero-americano
CYTED. Foi diretor de Projetos e Desenvolvimento da Pavi do
Brasil Pré-fabricação - e-mail: [email protected]
Revista Painel
11
ENGENHARIA
o disco
Virando
Dedicar-se a uma atividade profissional diferente da
formação obtida nos bancos universitários pode não
ter motivação financeira. O prazer e a satisfação pessoal movem aqueles que dedicam parte de seu tempo
a uma outra atividade, como a música, por exemplo.
Claro, cada um a seu modo.
Hugo Riccioppo é engenheiro civil há 30 anos
e mais da metade desse
tempo ele se dedicou
também à atividade de
DJ, embalando festas em
Ribeirão Preto. O ofício
teve início nos anos de
1990, mas o gosto pela
música começou antes,
no extinto programa de
rádio Country Club, que
ele apresentava ao lado
dos amigos Antônio Carlos Aguiar (advogado), José Maria Morgadi Miranda
(fotógrafo) e André Mazzetto (engenheiro), no final dos
anos de 1970.
“No domingo à tarde tinha o footing na avenida 9 de
Julho e nós resolvemos fazer alguma coisa diferente”,
conta. A emissora era a Clube FM, que atualmente
tem sede na mesma avenida (à época o estúdio ficava em um prédio próximo ao Hospital das Clínicas e a
emissora estava instalada na avenida Francisco Junqueira, onde operava a PRA-7), e o programa difundia
a música country americana todos os domingos. Ele
deixou os microfones e passou a produzir festas para a
juventude da época. Observando a atuação daqueles a
quem encarregava o trabalho de colocar a música – os
DJs – pensou que poderia fazer melhor. E é exatamente
o que ele faz hoje.
“Fiz uma para experimentar e nunca mais parei”, lembra. Ele já comandou sua pick-up em todas as regiões
do estado de São Paulo e atravessou a fronteira em
direção ao Paraná e Minas Gerais. Apesar da agenda
cheia, Riccioppo faz questão de frizar: “em primeira
instância, sou engenheiro”.
Ele tem cerca de 200 mil m2 de obras que levam sua
assinatura e afirma que a retração no mercado de en-
12 AEAARP
genharia nos anos de 1990 foi um dos motivos que o
incentivou a investir na carreira de DJ. “Mas eu nunca
saí do mercado”, afirma. Riccioppo. Ele é o típico engenheiro que enfrentou a crise dos anos de desaceleração do crescimento e segue preparado tecnicamente
para atender o mercado.
O temperamento inquieto e a vontade de aprender
sempre o levaram também para outras atividades: já
foi professor substituto de ginástica em uma academia
na cidade e começou a dedicar-se à gastronomia. “Trabalhei profissionalmente só uma vez, quando servi um
jantar para 60 pessoas”.
Luci Silva é outra engenheira que encontrou na música um prazer paralelo ao exercício profissional nas áreas civil e de segurança do trabalho. Ela é empresária da
dupla de música sertaneja Fábio e Danilo. “Sou amiga
deles e há cerca de dois anos me pediram ajuda”.
Ela cuida desde a produção gráfica do disco da dupla
até a agenda de shows e a negociação com artistas e
compositores nacionais que tem músicas no repertório
da dupla. O disco que foi lançado este ano, por exemplo, tem composições de artistas que trabalham com
grandes nomes da música brasileira, como Chiitãozinho e Xororó. Um dos destaques deste disco é a participação especial de Zé Ramalho.
“É gratificante realizar um trabalho que começa a
fluir e aparecer”, afirma Luci.
Ela
também tem
na engenharia sua
atividade
principal
e observa
diferenças
nos
dois
ofícios.
“Em um caso trabalhamos com a ciência exata, o resultado é aquele projetado. Na música o envolvimento
é com o comportamento humano, não sabemos se as
pessoas aceitarão ou não o produto que estamos apresentando”, avalia.
Pesquisa
Hidrogênio
biológico
Estudo desenvolvido na Escola de Engenharia de São
Carlos-USP, propõe a produção de hidrogênio como fonte
de energia renovável, em alternativa aos combustíveis fósseis, a partir do tratamento de águas residuárias. O projeto
de pesquisa, que integra a geração de energia e o controle
da poluição ambiental, rendeu a docentes e estudantes a
primeira colocação na quinta edição do Prêmio Mercosul
de Ciência e Tecnologia - categoria Integração.
O professor Marcelo Zaiat, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC, explica que a produção biológica de hidrogênio pode ocorrer por duas vias: fotossíntese e
processo fermentativo. “A produção fermentativa foi o tema
abordado na pesquisa, que objetivou o desenvolvimento de
biorreatores anaeróbios e o estudo das melhores condições
para produção de hidrogênio. A fermentação é tecnicamente mais simples e, nesse caso, o hidrogênio pode ser obtido
a partir da matéria orgânica presente em águas residuárias”, disse Zaiat à Agência FAPESP.
Segundo ele, o processo anaeróbio de conversão de matéria orgânica divide-se basicamente em duas fases: acidogênica e metanogênica. O hidrogênio é obtido na primeira
fase (acidogênica), a qual é mediada por organismos que
consomem a matéria orgânica das águas residuárias e produzem ácidos orgânicos, álcoois e hidrogênio.
“O desafio nessa fase está no desenvolvimento de reatores biológicos mais adequados para essa conversão, permitindo a maximização da produção de hidrogênio. O uso de
biorreatores acidogênicos conjugados com os metanogênicos possibilita o tratamento de água residuária, assim como
a produção de hidrogênio como fonte de energia”, apontou.
Nesse contexto de associação entre a produção de hidrogênio com baixo custo e o controle da poluição ambiental,
Zaiat aponta que os trabalhos de pesquisa na área começaram a ser desenvolvidos na década de 1990 e que, até hoje,
mais de 200 estudos sobre bioprodução de hidrogênio já
foram publicados no mundo.
O trabalho, apoiado pela FAPESP por meio de um Auxílio Regular a Pesquisa, foi conduzido por pesquisadores do
Laboratório de Processos Biológicos da EESC, em parceria com colegas da Universidade da República (Udelar), no
Uruguai.
Fonte: Agência FAPESP
profissões
Carreiras
exigem formação contínua
O desenvolvimento do país tem reflexo direto na evolução das tecnologias
e na abertura de mercado para profissionais de engenharia, arquitetura e
agronomia. Este discurso fez eco no auditório da AEAARP na exposição dos
quatro palestrantes que participaram dos três dias do Ciclo de Palestras
“Tecnologia e Desenvolvimento”, promovido pela AEAARP por meio do
Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”.
14 AEAARP
para atender o mercado
Roberto Maestrello presidiu as mesas
nos três dias de palestras
José Tadeu da Silva, presidente do CREA-SP, Osório Accioly Gatto,
presidente do IBAPE, Edemar de Souza Amorim, presidente do Instituto de Engenharia, e José Roberto Geraldine Junior, conselheiro
do CONFEA, expuseram um panorama do exercício profissional
nas carreiras de engenharia, arquitetura e agronomia.
Ericson Dias Mello abriu o evento e reafirmou que o objetivo do
Fórum, presidido por ele, é o de manter vivo o debate dos rumos
das profissões e da cidade. Roberto Maestrello, presidente da AEAARP, presidiu as mesas nos três dias de debates e ressaltou o
caráter plural da AEAARP e da inserção da entidade nos rumos da
sociedade nestes 60 anos de existência.
“O debate integra a programação dos 60 anos da entidade e o nível das discussões que tivemos nestes dias, desde a exposição dos
palestrantes às intervenções do público, dão a medida de como
nossa Associação está cada vez mais afinada e comprometida com
as questões que valorizam nossas carreiras”, afirma Maestrello.
Ericson Dias Mello expôs os objetivos
do Fórum Permanente de Debates
“Ribeirão Preto do Futuro”
Leia a seguir os principais trechos das exposições.
pessoas querem melhorar, o país tem recursos para desenvolver,
mas não tem projeto”.
Silva ressaltou que o cenário brasileiro não é somente de
carência de profissionais, mas principalmente de falta de
pessoas capacitadas. “Estamos na era do conhecimento. A
era da carteira assinada, do emprego, passou. Quem tem
capacitação e conhecimento está bem empregado. O exercício
profissional está globalizado na área da engenharia”.
A necessidade de capacitação se estende a toda a cadeia
produtiva que envolve a área. O “Sistema S”, composto
por SESI, SENAI e SENAC, tem recursos para investir na
capacitação. “Tem R$ 15 bilhões e não consegue gastar pra
treinar e qualificar mão de obra como encanador, eletricista,
José Tadeu da Silva,
pedreiro e pintor”, contou.
presidente do CREA-SP
O nível do desemprego
na área da engenharia,
eleições dizem que vão fazer
Profissionais da área tecnológica estão na linha
em sua visão, é reflexo da
infra-estrutura, saneamento,
baixa qualidade dos cursos
tratamento de resíduos da
de frente do desenvolvimento do país. Temos de
disponíveis. Ele deu como
construção civil, melhorar
estar conscientes para estarmos capacitados,
exemplo da demanda por
planejamento
urbano,
requalificados e atualizados permanentemente.
profissionais desta área
transporte coletivo, promover
o fato de a Petrobras ter
ações pra proteger o meio
José Tadeu da Silva, presidente do CREA-SP
contratado, mesmo antes
ambiente,
guia,
asfalto,
de formada, uma turma
creche, escola. Tudo isso
inteira de geólogos em uma faculdade. Segundo ele a empresa
precisa de tecnologia, porque não se faz nada no planeta que
estatal precisará de centenas desses profissionais nos próximos
não envolva profissionais da área tecnológica”, disse.
anos, mas o mercado não oferece.
O presidente do CREA-SP criticou o presidente Luiz Inácio
Silva disse que cerca de 430 mil profissionais são registrados
Lula da Silva. “Primeiro faz a obra e depois faz o projeto”, disse,
no CREA-SP e mais da metade está inadimplente. Muitos
referindo-se ao PAC-Programa de Aceleração do Crescimento
deles não estão exercendo a profissão. “Alguns mudaram de
que, segundo ele, esbarra justamente na falta de projeto. “As
O mercado de trabalho exige
profissionais cada vez mais
capacitados. De acordo com
o presidente do CREA-SP,
a carência de engenheiros
verificada
atualmente
é
motivada, em grande parte, pela
desaceleração da economia
nos anos de 1990, que tirou
muitos profissionais da área
tecnológica do mercado e
os desestimulou a buscar
especializações.
“Os
candidatos
nestas
“
“
Revista Painel 15
profissão, abriram negócio em outra área. Eles poderiam estar
atendendo à demanda, mas em todas as áreas há inovações”,
explicou, salientando que para estar preparado é necessário
buscar especializações para acompanhar as novidades
impostas pelo mercado. Em sua avaliação, esta é a área que
tem o maior número de inovações.
“A cada segundo uma nova tecnologia surge no planeta. Ficar
dois anos sem nenhuma especialização significa tornar-se
obsoleto para o mercado”, explicou. Ele concluiu que aqueles
que escolheram a área tecnológica “não vão poder parar de
estudar nunca”. “Se exercer a profissão durante 40 anos tem
de estar estudando 40 anos. Se pára, está fora, não atende a
demanda do desenvolvimento”, avaliou.
Silva disse que o Conselho defende a atividade profissional
ao realizar o trabalho de fiscalização e garantir que leigos não
atuem no mercado. O profissional bem qualificado garante
qualidade, economia e segurança è sociedade. Em 2009,
o CREA-SP vai investir R$ 5 milhões em aperfeiçoamento
profissional, por meio de parcerias com as entidades de classe
e instituições de ensino.
Ele falou também do caderno técnico que o CREA-SP está
preparando sobre os estádios de futebol brasileiros. Nele
constarão as questões que os clubes devem atender para que o
país possa se preparar para ser sede da Copa de 2014, conforme
a candidatura lançada pelo governo Lula. “O país está num
momento ímpar da engenharia, arquitetura e agronomia. Para
crescer ainda mais, o país precisa desses profissionais e precisa
da tecnologia”.
A engenharia, na visão do
Poupança que, segundo Gatto, revelou recentemente que os
presidente do IBAPE, permite
financiamentos do setor imobiliário no primeiro trimestre deste
atuar de forma abrangente em
ano tiveram o mesmo valor do investimento das indústrias
todas as áreas. Ele lembrou os
durante todo o ano de 2006, evidenciando o aquecimento do
profissionais que migraram para
mercado.
o setor financeiro nos anos de
No setor de avaliações e perícias, há também carência de
1980 e 1990, em decorrência da
profissionais qualificados que atendam às inovações impostas
queda dos investimentos no país.
pelo mercado. Há cerca de duas décadas, a peritagem era
Gatto disse que hoje o Brasil
uma atividade de complementação de renda, hoje exige
vive um cenário diferenciado.
especialização e conhecimento, como todas as outras áreas da
“Balança comercial vigorosa,
engenharia, arquitetura e agronomia. O IBAPE, segundo Gatto,
conta do petróleo zerada, juros
tem cerca de mil associados e em todo o país e, pelo menos,
reais na faixa de 6 a 7%. O futuro
mais três mil profissionais atuam nesta área.
chegou”,
afirmou.
O presidente do IBAPE disse que as normas e os conhecimentos
Osório Accioly Gatto
“A engenharia, nos últimos
aplicados na área exigem especialização, oferecida pelo próprio
presidente do IBAPE
cinco ou seis anos, resgatou sua
Instituto, para que as avaliações sejam feitas com segurança,
auto-estima. Temos mercado
uma vez que exigem alto grau de
de trabalho demandando”,
conhecimento tecnológico. “A
A engenharia, nos últimos cinco ou seis
disse. Ele deu como exemplo
avaliação de um imóvel hoje é um
o mercado imobiliário de
trabalho científico”, afirmou. O
anos, resgatou sua auto-estima. Temos
Sertãozinho, aquecido com os
exercício profissional mudou nos
mercado de trabalho demandando.
investimentos no etanol. “Faltam
últimos 10 anos e o país precisa
casas para alugar, um sintoma
retomar o nível científico. Uma
Osório Accioly Gatto, presidente do IBAPE
de
economia
revigorada”,
das ações do IBAPE para qualificar
exemplificou. Outro exemplo são os números da ABECIPo trabalho dos peritos é certificar estes profissionais junto ao
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
CREA-SP para que estejam habilitados para exercer a profissão.
Edemar Souza Amorim
presidente do Instituto de Engenharia
16 AEAARP
O presidente do Instituto de
Engenharia fez um histórico da
profissão no mundo. “Engenharia
existiu quando o homem nasceu
e precisou fazer ferramenta para
uso pessoal”, disse. Amorim expôs
um minucioso histórico, desde os
monumentos que são patrimônios
da humanidade, e cuja explicação
para tais construções ainda é
uma incógnita, até o advento da
engenharia como um método
científico organizado, adotado
pela primeira vez na França, no
século XVIII.
“
“
O Brasil foi o terceiro país a implantar uma escola de
engenharia no mundo, com finalidade militar. E a abertura de
ferrovias, a partir de 1860, deu impulso à economia paulista na
época. Naquele tempo, como hoje, a engenharia foi responsável
pela geração de riquezas e crescimento econômico. Até 1916 o
Brasil implantou cinco mil quilômetros de ferrovias, atendendo
à grande demanda por infra-estrutura exigida pelo comércio do
café. “Nesse período surgiram os engenheiros no Brasil. Até
então, a profissão era desconhecida”, conta.
“A variação do PIB no século XX coincide com variação da
engenharia. O desenvolvimento precisa de obras de infraestrutura, que precisa de engenharia”, disse Amorim. Ele
alertou, entretanto, que é necessário planejar o crescimento,
visão empregada pelos dirigentes brasileiros nos anos de 1970,
período do regime militar. Ele lembrou que a usina de Itaipu foi
porque é operação de marketing, é lista de obras que não sai do
a última grande obra feita no país com investimento externo
antes do declínio econômico, que provocou também o êxodo de
lugar, só não afundou porque não saiu do porto ainda”.
A falta de mão de obra qualificada é uma das grandes pedras
profissionais da engenharia para outras áreas.
“O agravamento da crise econômica de 1979 levou o país à
no caminho do programa. “O governo não tem gente, não tem
engenheiro no governo, não tem engenheiro nas empresas
estagnação. De lá para cá o Brasil parou e a engenharia também.
e não tem engenheiro no
Engenharia
perdeu
prestígio, quem se formava
projeto. Sem planejamento
Nossa missão é reerguer engenharia brasileira
sem projeto, não tem obra”,
não conseguia trabalho e
a evasão de engenheiros
atesta. E o empecilho não
trabalhando em conjunto, num esforço que
é de ordem econômica. “O
para o mercado financeiro
nunca foi feito no Brasil. Temos de lutar contra a
dinheiro existe, não tem gente
foi grande”, afirmou.
Amorim disse que há seis
mediocridade da maioria dos cursos de engenharia. para executar o projeto. Não
meses a engenharia era
tem gente para fazer edital
Se não nos unirmos para pensar numa direção
de concorrência – essa é uma
sinônimo de desemprego.
realidade triste”, concluiu.
Atualmente, se o cenário é
única não vamos chegar a lugar algum.
Amorim
encerrou
sua
outro, não deixa de inspirar
Edemar Amorim, presidente do Instituto de Engenharia
exposição afirmando que
preocupação. “Hoje, o
para interferir neste cenário é necessário organização entre
país precisa de engenheiros. Mas está faltando qualificação.
os profissionais. Segundo ele, em levantamento recente do
Engenheiros são relevantes, condutores da inovação”, diz.
CONFEA, foi constatado que apenas 10% dos profissionais da
Ele criticou duramente a formação acadêmica oferecida
área tecnológica participam de associações. Ele pontuou as
no país – “é inadmissível engenheiro sair da faculdade sem
diferenças entre os conselhos, sindicatos e as associações e
dominar a língua inglesa e a tecnologia da informação” – e
opinou: “é dever nosso participar”.
a condução do PAC pelo governo federal – “o PAC é famoso
“
“
O arquiteto, conselheiro do
ministérios das Cidades e Casa Civil –, se faz representar
CONFEA, afirmou que nos
em diversos conselhos e busca integração com entidades
últimos anos os profissionais
internacionais.
da área tecnológica vivenciam
“O desafio é buscar aprimoramento na formação profissional.
um
cenário
confortável,
Hoje temos práticas distantes das competências, principalmente
principalmente em decorrência
em decorrência da expansão do ensino na década de 1990”,
dos investimentos previstos
avaliou. Ele afirmou que o sistema educacional de nível
no PAC. Entretanto, Geraldine
superior busca hoje atingir todas as classes sociais. “A busca é
alertou que muitos deles
pela distribuição da oportunidade, mas ainda não encontrou o
estão afastados do exercício
caminho da qualidade”, disse.
profissional em razão do baixo
Nesta esfera, o Conselho atua pela adequação do corpo
crescimento econômico dos
docente, com capacitação do professores, e estuda formas de
anos 1990 que estagnou os
intervir para apoiar e dar suporte para “resgatar profissionais
investimentos.
que estão distantes e possam retomar a atividade”.
José Roberto Geraldine Junior
conselheiro do CONFEA
“Há dificuldade de retomar
Geraldine também usou o argumento histórico para
pela falta de envolvimento e
exemplificar a importância
pela falta de prática. Imagine
das
profissões
da
um médico ficar 20 anos
área
tecnológica
no
Se não acompanharmos o desenvolvimento
sem atender paciente, como
desenvolvimento do país.
tecnológico, acabamos ficando para trás.
volta?”, comparou ao afirmar
Disse que há cem anos o
José Roberto Geraldine Junior – conselheiro do CONFEA
que engenheiros, arquitetos
Brasil exportava banana
e agrônomos necessitam de
e madeira e importava
formação contínua para estarem conectados com os avanços
todos os outros bens de países que detinham tecnologia. Esta
tecnológicos e as mudanças da sociedade, como o advento de
equação foi alterada, o que permite ao país ter uma balança
novos materiais na construção civil e o Estatuto das Cidades.
comercial favorável. Entretanto, ele avaliou que é necessário
Ele expôs o funcionamento do CONFEA e seus objetivos. “O
investir em conhecimento para que ela se mantenha e cresça.
sistema fiscaliza para defender a sociedade da prática indevida
“Para isso precisamos ter profissionais com atribuições e
da profissão”, disse. Geraldine afirmou que o Brasil tem um
habilidades”, avalia.
milhão de profissionais da área tecnológica e que existem mais
O conselheiro disse que um dos marcos recentes da
de 800 entidades regionais onde deveriam militar, buscando
regulamentação das profissões do sistema CONFEA/CREA é a
envolvimento com a sociedade.
resolução 1010, cuja definição envolveu entidades profissionais,
O CONFEA, segundo sua exposição, investe no relacionamento
instituições de ensino e o sistema para definir com certa clareza
institucional com órgãos do governo federal – como os
as atribuições.
“
“
Revista Painel 17
artigo
Macadâmia:
a rainha das nozes
Originária das florestas tropicais da região de Queensland (terras da
rainha), na Austrália, a nogueira macadâmia (Macadamia integrifolia
Maiden & Betche) produz uma das mais nobres amêndoas do mundo.
Possui alto teor de ácidos graxos e poderosos antioxidantes, importantes
para retardar o envelhecimento e proteger o sistema cardiovascular.
Apesar de seus galhos moles se quebrarem com certa facilidade, ainda hoje alguns a utilizam como quebra-ventos. Em 1931 chegaram ao
país, mudas de macadâmia utilizadas para fornecer sombra e também
como planta ornamental, e na década de 40 o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) iniciou os primeiros estudos sobre variedades além da
viabilidade econômica. Nos anos 70 a instalação dos primeiros cultivos
comerciais iniciou-se, e nos anos 80 as primeiras unidades de processamento da noz.
A árvore é de grande porte, pertencente à família das Proteáceas chegando a 20 metros de altura. São cultivadas em altitudes que variam de
300 a 2000 metros e exigem precipitações médias entre 1300 a 2000 mm
anuais e temperaturas médias entre 18 a 24 ºC. Suas folhas são estreitas
e alongadas, bastante duras, cerosas e verdes durante todo o ano, medem
entre 10 e 30 cm, podem apresentar espinhos em suas bordas e em cada
entrenó aparecem três folhas.
Suas flores que aparecem entre os meses de junho a setembro são brancas e se formam a partir de um cacho, parecido com os da videira, onde
estão fixados os frutos carnosos, compostos por uma casca verde, externa, chamada de carpelo, que se abrem quando estes estão maduros. Após
a abertura, aparece uma segunda casca, lisa, marrom, e extremamente
dura, que protege em seu interior uma noz branca, muito rica em óleo.
Em alguns casos existem floradas temporãs, mas estas são comuns em
regiões mais frias ou de maior altitude, como o sul de Minas Gerais,
propiciando colheitas fora de época.
O desenvolvimento dos frutos se dá, normalmente, entre os meses de
outubro a dezembro, quando se inicia a fase de enchimento dos frutos,
que dura até março, mês que se inicia a colheita principal, que normalmente vai até o mês de maio.
Em vários locais poderemos ver o cultivo consorciado ao plantio de
café, pois as plantas de macadâmia se adaptam muito bem em regiões
reconhecidamente propícias aos cafezais, além de serem mais resistentes ao frio, principalmente no caso das plantas adultas. O crescimento
vegetativo destas ocorre praticamente durante o ano todo, dependendo
principalmente da disponibilidade de água no solo.
Plantas originárias de sementes não são recomendadas para o cultivo,
pois podem demorar até 12 anos para iniciar o período reprodutivo. Atualmente as mudas utilizadas são enxertadas, e se bem cultivadas iniciam
o processo reprodutivo aos 3 anos de idade. Porém a aquisição destas
mudas ainda representa um alto valor no custo de implantação da cultura,
visto que os preços variam de R$ 5,00 a R$ 10,00 por unidade.
Os frutos são recolhidos do chão, semanalmente ou a cada 15 dias,
para que não percam a qualidade devido ao contato com a umidade do
Foto: Eduardo Suguino
18 AEAARP
solo. A colheita pode ser feita mecânica ou manualmente, com auxílio de
carrinhos recolhedores de nozes. Aos produtores cabe a tarefa de retirada
dos carpelos, processo este, executado por máquinas chamadas descarpeladores. Antes da entrega do produto às fábricas é necessário que se
faça uma pré-secagem da noz à sombra, para que a umidade fique abaixo
dos 10%.
A noz é muito utilizada na culinária para rechear bolos, tortas, bombons
e sorvetes, proporcionando aos pratos um sabor suave e requintado. Seu
óleo tem alto valor comercial, e é utilizado em cosméticos e perfumaria. É vendida nos mercados em embalagens que variam de 100 a 500g,
podendo ser torrada e salgada, ou compondo com outras amêndoas, um
“mix” de nozes, muito apreciadas pelos consumidores norte-americanos,
que consomem cerca de 50% da sua produção, e são responsáveis por
22% da macadâmia produzida no mundo que é obtida principalmente das
plantações concentradas no Havaí.
A Austrália, país de origem da noz, é o maior produtor e exportador
mundial (45 % do que é produzido no mundo), e seu mercado interno
consome apenas 12 % deste total. Outros mercados como a China (15%),
Europa (12%) e Japão (10%) também são importantes consumidores. O
Brasil aparece como 7º produtor, com 3% da macadâmia produzida no
mundo. Os últimos levantamentos apontam para uma área de cultivo em
torno de 6.000 ha distribuídos entre os estados de São Paulo (33%), Espírito Santo (31%), Bahia (10%) e Rio de Janeiro (10%).
Até o ano de 2005 havia, basicamente, 3 grandes indústrias de beneficiamento da noz: a Queennut, localizada no município de Dois Córregos
– São Paulo, processando 35% da macadâmia nacional (1.150 ton/ano),
a Coopmac no estado do Espírito Santo, processando 30%, (1.000 ton/
ano) e a Tribeca no estado do Rio de Janeiro, beneficiando 25% da noz
(750 ton/ano).
Nesta época, 90% da produção nacional eram exportados para vários
países, mas a partir do fortalecimento do real frente ao dólar e a possibilidade de a noz macadâmia ficar estocada em estabelecimentos pelo
mundo, os preços pagos aos produtores nacionais caíram assustadoramente gerando uma grande crise no setor de produção. Sem expectativa
de uma renda alternativa, alguns produtores passaram então a instalar
suas próprias unidades de beneficiamento do produto e entre os anos de
2006 e 2008, estimou-se que pelo menos 10 novas unidades de processamento foram criadas por aqueles que produzem a noz. Desde então, estes
agricultores lutam pelo fortalecimento e abertura de novas possibilidades
ao comércio do produto, fazendo surgir então, o mercado brasileiro de
noz macadâmia.
Autores:
Marcos José Perdoná – Pesquisador Científico da APTA – Ribeirão Preto Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Eduardo Suguino – Pesquisador Científico da APTA – Ribeirão Preto Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Foto: Marcos Perdoná
Foto: Marcos Perdoná
ENERGIA
Ribeirão Preto
tem 50 transformadores ecológicos
Transformadores que utilizam óleo vegetal, menos poluente,
no lugar de óleo mineral estão sendo instalados na rede elétrica
das distribuidoras CPFL Paulista e CPFL Piratininga, do Grupo
CPFL Energia. A empresa investiu R$ 4,3 milhões na compra
e instalação de 750 unidades e já encomendou outras 250 que
serão entregues até o final deste ano.
Os equipamentos fazem parte de um dos projetos de Pesquisa & Desenvolvimento que a CPFL Energia desenvolve com a
Itaipu Transformadores e B&M desde 2005, e estão presentes
em várias cidades do litoral e interior de São Paulo. Na região
de Ribeirão Preto já foram instalados 150 equipamentos, um
terço na cidade.
De acordo com a empresa, o equipamento, que é chamado de
“transformador ecológico”, tem muitas vantagens técnicas em
relação aos similares que utilizam o óleo mineral, principalmente em relação à preservação ambiental em caso de vazamento.
“A principal vantagem do transformador ecológico é a de que,
em caso de acidente, o óleo vegetal é 100% biodegradável e sua
degradação total ocorre em até 45 dias, enquanto o óleo mineral
levaria, aproximadamente, 15 anos para se decompor”, informa Rubens Bruncek Ferreira, diretor de Engenharia da CPFL
Energia. Outro componente importante é o desenvolvimento de
novas características que permitem aferir menores perdas técnicas, tornando o equipamento mais robusto perante os demais.
O projeto de Pesquisa & Desenvolvimento entra em sua segunda etapa, na qual está prevista a ampliação da família dos
transformadores para outras classes de potência (30, 45, 75,
112,5 kVA) e tensão (15 e 25 kV). A estimativa da CPFL Energia é a de que, dentro de um ano, os equipamentos já estarão
disponíveis até mesmo para venda no mercado externo. Algumas empresas já se interessaram no licenciamento dessa tecnologia, que é de domínio da CPFL.
Na primeira etapa do projeto foram desenvolvidos apenas 10
equipamentos para testes. Com a comprovação de sua eficiência, já foram adquiridas outras 750 unidades que estão sendo
instaladas em 32 cidades da CPFL Piratininga e CPFL Paulista, que têm, respectivamente, 30 mil e 110 mil transformadores
convencionais instalados na rede elétrica.
Revista Painel 19
crea
O engenheiro agrônomo,
o exercício profissional e o CREA
O Estado regulamenta uma profissão se entende que seu exercício indiscriminado “coloca em risco
a sociedade”.
A regulamentação cria compromissos legais e éticos profissionais, estabelecendo, através de normas
específicas, direitos e obrigações aos mesmos e à sociedade.
Com a regulamentação, o Estado criou os conselhos profissionais, que são autarquias federais de direito público, com recursos próprios, onde os profissionais com seus pares têm a função de fazer valer
os compromissos éticos e legais, os direitos e as obrigações dos mesmos em defesa da sociedade.
Resumindo, o Conselho tem como única objetiva função zelar pela qualidade e dignidade do exercício profissional em defesa da sociedade.
Em 12 de outubro de 1933, no governo Vargas, tivemos a profissão agronômica como a primeira
atividade tecnológica regulamentada, tendo logo a seguir ocorrido (11 de dezembro de 1933) a regulamentação dos demais profissionais com a conseqüente criação do nosso Conselho neste ano.
Desde 1933 aos dias de hoje, já estamos, portanto, completando 75 anos de atividades profissionais
regulamentadas e surge a indagação clara, se estamos, os profissionais e nossos conselhos, cumprindo
nossa missão de profissão regulamentada em defesa da sociedade.
Do início (1933), quando éramos talvez algumas centenas de profissionais, duas ou três profissões
tecnológicas para mais de milhares de profissionais hoje com inúmeras profissões regulamentadas,
tecnos, tecnólogos e acrescido de um avanço tecnológico estupendo, me parece quase impossível nosso
Conselho cumprir sua missão sem uma reflexão profunda de cada um dos profissionais na retomada de
nossa missão: “exercício profissional legal e ético, em defesa da sociedade”.
O número e a diversidade de profissionais, tecnos e tecnólogos presentes hoje no mercado gerou uma
acirrada disputa de mercado de trabalho fazendo com que o mesmo cobrasse cada dia mais do Conselho atitudes e atividades que não condizem com sua missão, desviando-o dos objetivos para os quais foi criado.
O problema pessoal de competição no mercado de trabalho no atual planeta globalizado, neoliberal,
capitalista, incita compreensivamente que cada um acredite que o problema está no sombreamento das
áreas, no salário mínimo profissional, no número de escolas criadas, nas horas trabalhadas, desemprego, nas cadernetas de obra, nos caneteiros, etc. etc., produzindo atividades e discussões individualistas
em detrimento do coletivo e principalmente de nossa missão que é essencialmente coletiva – defesa
da sociedade.
Somos gregários, portanto vivemos coletivamente, temos que raciocinar e agir coletivamente deixando de lado de uma vez por todas os problemas e atitudes pessoais em prol do exercício profissional e
da sociedade.
A teoria do uso e desuso pode estar mais próxima de nós do que imaginamos, com o conseqüente
esquecimento da sociedade que redundará na desregulamentação profissional.
A tão alardeada valorização profissional, que tanto falamos, nada mais é que uma campanha para a
sociedade sobre as vantagens econômicas e de segurança que a mesma obtém ao contratar um profissional legalizado pelo nosso Conselho.
O profissional não tem que ser imposto à sociedade. A sociedade é nosso consumidor e portanto tem
que ser conquistada por nós. Ter sucesso profissional ou não vai depender cada dia mais de competência, que deve ser alcançada pelo aperfeiçoamento pessoal.
Resta ao Conselho cumprir sua missão fiscalizando os profissionais, exigindo ética e legalidade,
eliminando os maus profissionais através da fiscalização eficiente e a presença dos mesmos em toda
obra tecnológica.
Se na área agronômica tivéssemos fiscalização e esclarecimento aos produtores rurais da necessidade
do engenheiro na produção de alimentos, com certeza o meio ambiente agradeceria; teríamos alimentos
mais saudáveis e iríamos descobrir que o número de engenheiros agrônomos formados no país seria
insuficiente para a demanda.
O Conselho cumpre sua missão de defesa da sociedade, o planeta agradece e o engenheiro agrônomo
estará valorizado.
Reconhecemos o valor de nosso Conselho nestes 75 anos passados, mas entendemos que temos que
parar de pensar e agir individualmente, e coletivamente nos unirmos em torno de nossos dirigentes na
busca do coletivo.
Levi Montebelo
Conselheiro CREA-SP | Vice-presidente sudoeste da CONFEAB | Presidente da COOTA-SP
ABASTECIMENTo
Brasil
conclui maior colheita de grãos da história
A Conab confirmou a previsão anunciada durante a Agrishow 2008: a safra de grãos deste
ano foi 9,2% maior que a passada, totalizando 143,87 milhões de toneladas. Segundo o órgão
federal, o Brasil nunca produziu tantos alimentos como na safra atual (2007/08).
Esta cultura é o grande destaque do período. Com duas colheitas no ano, o milho participou com 58,59 milhões de toneladas, ou 14% (7,21 milhões toneladas) a mais que na safra
passada. Já a soja cresceu 2,8%, o equivalente a 1,66 milhões de toneladas. Outro grão em
evidência foi o trigo, com 2,23 milhões toneladas (safra 2006/07) para 3,82 milhões de toneladas (safra 2007/08), diferença de 71,2% para cima. Apesar do aumento, esta quantidade
ainda não é suficiente para abastecer o mercado interno, o que leva o Brasil a importar parte
do produto da Argentina.
Por outro lado, as exportações dos outros grãos cresceram. Até o final do ano serão embarcadas 52,17 milhões toneladas de milho, soja, feijão e algodão. De janeiro a julho, a saída Safra de trigo aumentou, mas ainda é insuficiente
desses produtos e seus derivados já rendeu ao país US$ 13,29 bilhões. A balança comercial do para abastecer o mercado interno
agronegócio, nesse mesmo período, contabilizou US$ 40,11 bilhões em exportações. De acordo
com Wagner Rossi, presidente da Conab, este panorama consolida o agronegócio como um dos principais protagonistas da economia brasileira.
A lista dos maiores estados produtores de grãos é encabeçada pelo Paraná (21,1%), seguida pelo Mato Grosso (19,7%), Rio Grande do Sul
(15,6%) e Goiás (9,1%). No que se refere à área semeada, o país saiu de 46,21 milhões para 47,36 milhões de hectares. A região Centro-Sul
responde por 79% do total. O milho e a soja são também as culturas que mais se beneficiaram com a ampliação das terras cultivadas, com 14,71
e 21,33 milhões de hectares, respectivamente.
A Conab divulgou, ainda, a quantidade de alimentos que o governo e o setor privado mantem armazenada para a entressafra. Os estoques de
passagem são de 10,63 milhões de toneladas de milho, 1,03 milhão de toneladas de arroz, 3,03 milhões de toneladas de soja, 535,5 mil toneladas
de feijão e 2,28 milhões de toneladas de farelo de soja.
A pesquisa foi realizada por cerca de 80 técnicos, entre os dias 18 e 22 de agosto. Eles consultaram agricultores, cooperativas, sindicatos, órgãos
públicos e privados dos principais estados produtores.
Quase 6.000 obras
de fundações em
27 anos de atividades.
- Estacas moldadas “in loco”:
• tipo raiz em solo e rocha.
• tipo Strauss.
• escavadas com perfuratriz
hidráulica.
• escavadas de grande diâmetro
(estacões).
• hélice contínua monitoradas.
- Estacas pré-moldadas de concreto.
- Estacas metálicas (perfis e trilhos).
- Tubulões escavados à céu aberto.
- Sondagens à percussão SPT-T.
- Poços de monitoramento ambiental.
- Ensaios geotécnicos.
16 3911.1649
[email protected]
AGRONOMIA
A matéria-prima da bioenergia
Os avanços nas pesquisas das
matérias primas para a produção
de agroenergia são a tônica das
palestras que acontecerão entre os
dias 15 e 18 de outubro, na AEAARP.
A programação do II Workshop
Agroenergia: Matérias-Primas e da
Semana de Agronomia tem como
palestrantes pesquisadores da Embrapa, APTA, universidades como
a USP e UNESP, ANP, além de dirigentes sindicais.
O engenheiro agrônomo José Roberto Scarpellini coordena o evento e afirma que o objetivo é expor as oportunidades de pesquisa
com os biocombustíveis e como o produtor
rural se situa em um ambiente de constante
renovação tecnológica.
Neste ano as oleaginosas, como algodão,
amendoim e a soja, terão foco mais apurado
nas palestras. Na avaliação de Scarpellini
esta decisão atende a um posicionamento
das linhas de pesquisa e do mercado, que
vêem estas culturas como as mais promissoras para a produção de biocombustíveis nos
próximos anos.
A fitossanidade também é uma preocupação dos produtores e pesquisadores que está
contemplada na programação. Será apresen-
tado um estudo em andamento sobre a “mancha laranja”, uma doença da cana-de-açúcar
que ataca plantações de outros países. Apesar de ainda não ser registrada em território
brasileiro, deve ser evitada e combatida da
forma correta caso venha a surgir. “Para garantir que a produção seja sustentável é necessário que estejamos preparados para possíveis pragas ou doenças quarentenárias”,
afirma Scarpellini.
Além da exposição das pesquisas envolvendo as matérias primas, o evento vai abordar
também a viabilidade da utilização do biodiesel em máquinas agrícolas, os aspectos
econômicos que envolvem o cultivo da canade-açúcar e a utilização do bagaço como matéria-prima para a produção do etanol.
As inscrições para o Workshop de
Agroenergia e a Semana Agronômica
para associados da AEAARP, do
Sindicato Rural e Funcionários públicos
são gratuitas e podem ser feitas pelo
telefone (16) 2102.1700 ou pelo e-mail
[email protected] e agroenergia@
aeaarp.org.br
(www.aeaarp.org.br www.infobibos.com/agroenergia).
ALMOÇO COMEMORATIVO AO DIA DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO
O tradicional almoço dos agrônomos
acontecerá no dia 18, a partir das
12h, na chácara Villa do Lago. Todos
os anos a festa congrega centenas de
profissionais de Ribeirão Preto e região e
acontecerá por adesão. Os interessados
devem entrar em contato com Marina
pelo telefone (16) 2102.1700.
22 AEAARP
Rodovia Anhanguera km 305,5 + 600 m
(próx Novo Shopping)
Programação
Semana Agronômica
15 a 18 de outubro de 2008
“II WORKSHOP AGROENERGIA: MATÉRIAS PRIMAS”
Local: Auditório da AEAARP - Rua João Penteado, 2237
Dia 15 de Outubro de 2008 – Quarta-feira
8h30
Energias limpas
• Política e perspectivas para os bicombustíveis - Manoel
Policarpo Castro Neto – ANP
• Energia elétrica do bagaço da cana e desenvolvimento –
Engº Agrº Jairo Menezis Balbo – Usina São Francisco
• Aspectos econômicos do Biodiesel – Silene Maria de
Freitas – APTA/IEA
• Os bicombustíveis e o produtor rural – Joaquim Augusto
Azevedo Souza – Presidente do Sindicato Rural de
Ribeirão Preto
11h30Debate
Mediadora: Mariel Silvestre - COMDEMA
14h00 Bicombustíveis e o cenário prático
• Biodiesel em Tratores – Profº Afonso Lopes - Laboratório
de Engenharia Rural da FCAV/Unesp de Jaboticabal - SP
• Os bicombustíveis e o meio ambiente – Engº Agrº
Ariovaldo Luchiari Júnior – Embrapa Meio Ambiente
• Fitossanidade em culturas oleaginosas – Engº Agrº
Shizuo Dodo - ANDEF
• Oleaginosas para produção de biodiesel – Engº Agrº
Dílson Rodrigues Cáceres – CATI/DSMM
17h30Debate
Mediador: Engº Agrº José Roberto Scarpellini - AEAARP
Dia 16 de Outubro de 2007 - Quinta-feira
8h30
Cenário do Etanol
• Aspectos econômicos da cultura da cana-de-açúcar Sérgio Torquato – APTA/IEA
• Variedades de cana-de-açúcar – Engº Agrº Marcos G.
Landell – Centro de Cana – APTA/IAC
• Fracionamento do bagaço da cana-de-açúcar por
hidrólise ácida – Maria das Graças A. Felipe - Escola de
Engenharia de Lorena -USP.
• Adubação Nitrogenada em cana-de-açúcar – Engº Agrº
André César Vitti – APTA Regional - SAA
11h30Debate
Mediador: Engº Agrº Marcos José Perdoná APTA Regional – SAA
14h00 Manejo sustentável dos solos
• Manejo sustentável de plantas daninhas - Engº Agrº
Roberto Antonio Arévalo - APTA Regional – SAA
Espaço técnico Syngenta
semana agronômica
está no centro dos debates
• Plantas para cobertura do solo e adubação verde - Engº
Agrº Edmilson José Ambrosano – APTA Regional – SAA
• Sistemas de preparo de solo e plantio de cana-de-açúcar Engº Agrº Dr Fábio Luiz Ferreira Dias – Centro de cana – IAC
Espaço CREA-SP
O CREA no contexto da bioenergia
• O Engenheiro Agrônomo, o exercício profissional e o
CREA – Engº Agrº Levi Montebelo – CREA-SP
17h30Debate
Mediadora: Engª Agrª Érika A. G. Scaloppi APTA Regional – SAA
Dia 17 de outubro de 2008
Espaço reservado a Oficinas Tecnológicas”
• Pragas e doenças da cana-de-açucar
Engª Agrª Érika A. G. Scaloppi APTA Regional – SAA
Engª Agrª Terezinha M. Cividanes APTA Regional – SAA
• Práticas conservacionaistas em culturas oleaginosas
Engº Agrº Roberto Botelho Branco APTA Regional – SAA
Engº Agrº Marcos José Perdoná APTA Regional – SAA
Dia 18 de outubro de 2008
A partir das 12h - Almoço comemorativo ao dia do
Engenheiro Agrônomo – por adesão
Chácara Villa do Lago
Realização
Patrocínio
Revista Painel 23
ABNT
Projeto de norma da ABNT
está em consulta pública
A AEAARP participou, representada pelo engenheiro José Roberto
Hortencio Romero, do projeto de norma técnica da ABNT-Associação
Brasileira de Normas Técnicas e que está sob consulta pública
até o final deste mês de outubro.
Romero redigiu o projeto juntamente com uma equipe
composta de vários profissionais de nível nacional PN 02.107.02-001
representantes de fabricantes de tubos, universidades,
é
o
número do projeto
fabricantes de equipamentos, prefeituras, autarquias
de norma que está sob
municipais, estaduais e federais.
consulta nacional até o dia
O engenheiro, que é vice-presidente da AEAARP,
coordenou os trabalhos desta equipe para a elaboração da
27 de outubro e receberá
norma. Segundo ele, até o dia 27 de outubro, profissionais
colaborações por meio do
da área poderão expressar sua colaboração ao projeto no
site
www.abntnet.com.br/
site www.abntnet.com.br/consultanacional.
consultanacional
A nova norma vai versar sobre “Execução de obras de
esgoto sanitário e drenagem de águas pluviais utilizandose tubos e aduelas de concreto”.
“A participação dos profissionais da engenharia é essencial
para que possamos ter uma regra exeqüível e condizente com a
realidade, e foi neste sentido que trabalhamos”, afirma Romero.
anúncio gráfica
NOTAS E cursos
CURSOS
Ribeirão ganha
seu primeiro Atlas
A USP em parceria com
o Laboratório de Cartografia do Centro Universitário Barão de Mauá lançou o primeiro Atlas de
Ribeirão Preto, que tem
como público alvo os estudantes
dos níveis fundamental e médio. O Atlas
traz a configuração do espaço geográfico,
ao longo da história da cidade, por meio
de variadas linguagens (textual, pictórica,
gráfica e outras) em formato CD-Rom. O
formato permitirá a interatividade, além
de apresentar movimentos e músicas.
“Esse Atlas é inédito. São poucas as cidades que têm seu atlas. Todos os assuntos
abordados mostram a preocupação ambiental, mas para chamar ainda mais a
atenção para o tema incluímos a palavra
no título, diz a coordenadora do Elo-Grupo
de Estudo da Localidade, professora Andréa Coelho Lastória.
NOVOS ASSOCIADOS
Arquitetura
Adriana Rita Duarte Junqueira
Arquitetura e Urbanismo
Nara Queiroz Pinheiro
Engenharia Civil
Antonio Luiz Gama Castro
Geraldo Yassuo Maruyama
Marcelo Jacques da Silva Ribeiro
Mauricio Alves de Castro
Gestão de Contrato de Projetos de Obras e Engenharia:
Uma abordagem jurídica e administrativa
14/10/08 a 15/10/08 - Das 8h30 às 17h30
Instrutores: Alberto Sogaya
Fernando Henrique Cunha
Lucas Pessôa Pedreira Lapa
Sérgio Mylius da Silva
Investimento: Associados do IE: R$ 1.920,00 Não Associados: R$ 2.560,00
Incluso no custo: material didático, coffee breack, estacionamento e certificado
Descrição: Os participantes irão aprender como encarar a administração de contrato
como um processo sistêmico, a negociar um contrato de uma forma bem sucedida, redigir
adequadamente os termos e as condições do contrato principal, entender e organizar a
administração de um contrato de engenharia e construção, analisar e mitigar os riscos do
projeto de forma eficiente, administrar a execução de contratos de uma forma profissional
e eficiente, e solucionar as controvérsias e os conflitos de uma forma eficaz.
Formação Auditores Ambientais
10/11/08 a 14/11/08 - Das 18h30 às 22h45
Instrutor: Luiz Fernando J. Assumpção
Investimento: Associados do IE: R$ 600,00 Não associados: R$ 720,00
Incluso no custo: material didático, coffee break e certificado
Descrição: proporcionar aos participantes o conhecimento da prática de como bem
executar auditorias ambientais, de conhecer e poder desenvolver as habilidades
específicas de um auditor e de receber “Qualificação em Treinamento” como um Auditor
Ambiental. Tomar conhecimento de como se planeja e conduz uma auditoria ambiental e
como se elabora um Relatório de Auditoria, podendo assim prestar serviços profissionais
para qualquer tipo de empresa.
Local: Av. Dr. Dante Pazzanese, 120, Vila Mariana, São Paulo/SP
Informações:
(11) 3466-9253 www.institutodeengenharia.org.br e-mail: [email protected]
Espaço gourmet e deck novo
na AEAARP
antes
Engenharia Mecânica
Adonis Tarcisio Soeira
Estudante - Agronomia e afins
Alex Danilo Rodrigues
Estudante - Arquitetura e
Urbanismo
Adriano Ferreira Fernandes
fazendo reforma
Estudante - Engenharia Civil e
afins
Jefferson Franculino da Silva
Luciano Marcelo Magalhães Alpino
Marcos Jose Ferraz Ribas
Wendel Douglas de Mello
Estudante - Engenharia Mecânica
Marcos Maciel
Técnico em Eletrotécnica
Eduardo Henrique de Souza Nogueira
Quem visitar a AEAARP vai
ver a casa em obras. A sede da
Associação acaba de ganhar um
espaço gourmet e um deck para
eventos internos e locação. O
projeto é assinado pelo arquiteto
Carlos Alberto Gabarra. A obra
teve início na segunda quinzena de
setembro e a previsão é que esteja
concluída até a segunda quinzena
de novembro.
Revista Painel 25
bons NEGÓCIOS
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Painel de Bons Negócios
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Os desafios impostos pela elevação dos investimentos no país