Irmão Nery fsc
1. FUNDAMENTAÇÃO
DA VIDA CRISTÃ: SEGUIR JESUS .
1.1- O momento histórico
máximo da religião
revelada, segundo a nossa
fé, aconteceu com
encarnação, vida, ensino,
morte, ressurreição e
glorificação do
Filho de Deus, Jesus Cristo.
Seguir Jesus passou a ser
um chamado de Deus feito à liberdade humana.
1. FUNDAMENTAÇÃO
DA VIDA CRISTÃ: SEGUIR JESUS .
E Deus fez este chamado,
explicitamente, no dia do
Batismo de Jesus
no rio Jordão
e, também, na
Transfiguração de Jesus.
O chamado é para escutar Jesus
e é para segui-lo:
partilhar de sua vida, de suas
necessidades, de sua missão
(fazer a vontade do Pai).
A vocação cristã é aquela que nos
vem de Deus por Cristo na força do Espírito Santo
para a comunhão, a mais plena possivel com a
Santíssima Trindade e a cooperação
com o Plano Salvífico do Pai.
Como concretização histórica esta vocação se traduz
no seguimento de Jesus, segundo a dinâmica do
discipulado (cf Col 1, 15-17; Ef 1, 1-14),
mas, não fazendo de Cristo um ponto de chegada,
e sim, como ele mesmo o disse, como Caminho,
Verdade, Vida e Ponte (Pontífice) para o Pai,
sob o impulso do Espírito Santo. E se traduz,
também, como Igreja e como missão.
1.2- Por esta vocação cristã, somos chamados:
A. a seguir Jesus,
o JESUS pessoa, mensagem de vida ensinamento e missão
(cf. Lc 9, 57-62; 14, 25-27; 18, 18-30),
B. a viver as bem aventuranças
(Mt 5, 1ss; 6, 20-38),
e a realizar os valores do Reino.
C. a dar continuidade a sua obra e missão na terra
(Mt 28, 16-20); Mc 16, 15-20; Jo 20, 21-23),
D. a anunciar a esperança do reino futuro
(Lc 21, 29-36; 12, 35-46).
1.3 -A incorporação em Cristo e na Igreja.
A. Para ser seguidor de Jesus
e membro de sua Igreja, a pessoa precisa:
a) ser iniciada por meio da
evangelização, da catequese e dos sacramentos;
b) dado sua adesão pessoal ao Senhor e ter aceito o
Senhor e a sua Igreja, pelo ato de fé,
c) participar da vida da Igreja, por um profundo
sentido de eclesialidade;
d) comprometer-se com a missão de Jesus e de sua
Igreja, tanto “ad intra ecclesiae” como “ad extra
ecclesiae”, na plenitude de direitos e deveres na Igreja.
B. A incorporação no mistério
de Cristo e da Igreja:
•Tanto do ponto de vista
ontológico e sacramental
(o ser consagrado no Batismo-confirmação),
•Como do ponto de vista
afetivo e persoal
(aceitação pessoal, existencial e
participação).
Ninguém pode aceitar
incorporar-se em Jesus e na
Igreja no lugar do outro.
A transformação ontológica batismal supõe e revela
a visibilidade sacramental da vocação cristã
No BATISMO
somos chamados a ser na Igreja:
a) filhos de Deus (Ef 1,5),
b) criaturas novas (2Cor 5, 17;
Gal 6, 15),
c) templos do Espírito (1Cor 6, 19-20),
d) membros vivos do Corpo de Cristo (1Cor
12, 4-13),
e) comprometidos a manter a unidade, o
amor e a paz do mesmo Espírito em
“um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um
só Deus e Pai de todos” (Ef 4, 1-6).
É importante acentuar que a vocação cristã
une inseparavelmente:
o seguimento de Jesus (vocação ao discipulado)
e a insersão na Igreja (vocação eclesial).
São duas vertentes sacramentalmente manifestativas
em sua diversidade, num duplo movimento
DE CHAMADO E DE RESPOSTA
que, dando-se
de modo exemplar em Cristo (dimensão cristológica),
dá-se
de modo geral na Igreja (dimensão eclesiológica),
e se realiza
de modo particular em cada cristão
(dimensão ontológica e participativa).
1.4- Vocacção ao apostolado
Apostolicam Actuositatem, 2, Decreto
do Concílio diz: “A vocação cristã, por
sua própria natureza, é também
vocação ao apostolado (...)
no Corpo de Cristo, que é a Igreja;
Igreja é comunidade.
“a atividade própria de
Todos somos Igreja
cada um de seus membros,
“Católica”= para todos
em todo o mundo
faz crescer o corpo inteiro” (Ef 4, 16).
•Sem a compreensão destes elementos básicos sobre
vocação cristã, e nela, vocação apostólica, não se
consegue ter um discurso coerente, lógico, e
fundamentado sobre
vocações e ministérios na Igreja..
2. A IGREJA É UNA
NA RICA DIVERSIDADE
DE DONS E CARISMAS, FUNÇÕES E
MINISTÉRIOS
2.1- A Vocação cristã.
O essencial é a grande
vocação de seguir Jesus:
somos cristãos
(Christifideles).
2.2- Vocações distintas e complementares .
Há distintos caminhos e modos de seguir Jesus.
O Espírito, em sua liberdade, é que
nos convoca, nos santifica e nos envia.
A distinções entre leigos, clérigos, religiosos/as
não se situam em nível de “estado” o “dignidade”,
nem de “sagrado” e “temporal” ou profano.
Mas, no que isto significa, expressa e se organiza
enquanto encargo, missão, responsabilidade,
consagração, serviço, representatividade,
direção e comunhão.
O eclesial não deriva do hierárquico já que ser
Igreja é a forma de ser cristão, comum a todos
os batizados. A Igreja somos todos nós, os
seguidores de Jesus, e a Igreja é de todos.
Todos temos uma igualdade básica, uma forma
comum de ser e de estar na Igreja.
2.3- A unidade na diversidade.
O Espírito Santo é livre e pródigo em:
•* distribuir seus dons e
carismas,
•* escolher as pessoas que ele
quer para determinados
ministérios, funções, serviços,
- segundo as necessidades que ele detecta na
Igreja e no mundo.
A vocação, qualquer vocação na Igreja, está
intimamente conectada com dons e carismas,
ministérios, funções e serviços
que provém do Espírito.
2.4. Os fiéis leigos.
Pouco a pouco, os “Christifideles” (os fiéis leigos)
se organizaram fundamentalmente
em duas categorias distintas e complementares:
a) “Christifideles laici” (leigos e leigas);
b) “Christifideles ministri ordenati” (presbíteros).
NB. Com muita dúvida, ambigüidade e discussão, a
prática criou uma terceira categoria, os
“Christifideles consecretati” (religiosos e religiosas)
com a afirmação de que os religiosos não pertencem
nem à categoria dos leigos e nem à categoria clerical,
à exceção, óbviamente, dos religiosos presbíteros.
Os fiéis leigos constituem a maioria da Igreja,
um pouco mais de 98%.
Eles são a força mais importante com a qual Deus conta
para dar continuidade à missão de Jesus na história.
Sem os leigos e as leigas não teríamos as famílias,
os filhos, a organização da vida e da sociedade
segundo os valores do Evangelho...
Mas, uma grave distorção sobre a compreensão da
Igreja, por parte da hierarquia, concentrou,
durante séculos e séculos, a importância maior na
Igreja, nos membros da hierarquia, quando, na
verdade, a responsabilidade pela missão é de todos.
OS LEIGOS
O Concílio é claro quando fala
da igualdade entre
os seguidores de Cristo,
a partir da graça batismal:
“Não há, por conseguinte,
desigualdade por razão de raça
ou de nacionalidade, da condição
social ou de sexo” (LG 32,2).
E acrescenta:
“existe una autêntica igualdade entre todos
quanto à dignidade e à ação comum a todos
em função da edificação do Corpo de
Cristo” (LG 33,3).
2.5- EIS ALGUNS ESQUEMAS ILUSTRATIVOS:
A. Modelo Piramidal, tudo depende da hierarquia
Cristo Senhor
Papa e Cardeais
Arcebispos e Bispos
Presbíteros
Religiosos/as
Leigos/as
Neste modelo os leigos não têm voz e nem vez. Em grego
LAÓS = Povo; e LAIKÓS = membro do Povo. Mas, na
Igreja passou a significar, sobretudo,
INGORANTE, NÃO PARTICIPANTE.
B. Modelo Derivativo dual: Leigo-Presbítero
Presbíteros
Presbíterosreligiosos
Leigos
seculares
/
Laicos/as
Religiosos/a
s
Leigos
consagrados
Neste modelo o centro é a categoria leigo/a
e, em segundo lugar, está a categoria clero...
C. Modelo trinitário: Leigo, Presbítero, Religioso
Presbíteros
Ligos/as seculares
Diocesanos
Presbíterosreligiosos
Religiosos/as
Leigos/a
s
Leigos/as
consagrados
Neste modelo os religiosos/as constituem uma
nova categoria na Igreja
D. Modelo
Povo de Deus
TESTEMUNHAS DO ABSOLUTO DO
DEUS-AMOR, EM JESUS, SOB O
IMPULSO DO ESPÍRITO SANTO
Presbíteros
Diocesanos
Presbíterosreligiosos
Religiosos/as
Leigos seglares
TODOS SÃO
CRISTÃOS
Leigos
consagrados
EM COMUNHÃO DE CARISMAS,
DONS, FUNÇÕES E MINSTÉRIOS
PARA A GLÓRIA DE DEUS: O HOMEM
E A MULHER VIVOS E FELIZES
3. Somos todos CRISTÃOS, seguidores de Jesus,
membros da Igreja, co-responsáveis, com Jesus e os
demais cristãos, pela construção do Reino de Deus
1. NOVO CONCEITO DE DEUS:
Amor, Pai, Bondade, Misericórdia...
3.1REINO
2. NOVO CONCEITO DE RELAÇÃO
DE
PESSOAL COM DEUS: Filhos/as.
DEUS
3. NOVO CONCEITO DE RELAÇÕES
HUMANAS: Amor, fraternidade, justiça...
4. NOVO TIPO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL:
Convivência e administração, no amor e na justiça.
5. NOVA VISÃO SOBRE A VIDA APÓS A MORTE:
Vida eterna feliz em Deus; vitória definitiva de Deus
sobre a morte e o pecado – Escatologia, Parusia...
3.2- SOMOS MINISTROS
NO POVO DE DEUS E PARA O POVO DE DEUS
A. MINISTRO vem do latim:
MUNUS + STARE = Estar a Serviço
e vem também de MINOR = Como menor,
isto é, aquele que serve.
B. Não temos mérito algum,
pois é pura gratuidade da escolha de Deus...
C. Não somos, por ser ministros, mais santos e
melhores do que nenhum outro seguidor de Jesus.
Apenas recebemos MAIS RESPONSABILIDADES,
que exigem de nós competência, dedicação,
correspondência à graça de Deus, testemunho...
D. Nosso primeiro e principal ministério
na Igreja é fora da Igreja, isto é, no mundo:
a serviço da família, da sociedade, das causas
sociais que ferem a dignidade humana, os
valores do Evangelho.
Sem este compromisso primeiro de nossa
vocação e missão de leigos/as o ministério dentro
da Igreja, a serviço dos fiéis,
fica incompleto, manco...
Neste sentido ninguém de nós,
por sermos Ministros,
é do CLERO, isto é, da Hierarquia.
Continuamos leigos/as.
E não podemos cair nas tentações do
CLERICALISMO, que por muitos séculos
deturpou a missão do Clero, da Hierarquia:
que não valorizou os leigos/as, centralizou tudo,
não possibilitando ao leigo/a ter voz, vez, para
ajudar a refletir, decidir, coordenar, administrar...
E. O fato de sermos Ministro na Igreja para uma
determinada tarefa, nos obriga a termos uma
visão ampla da missão da Igreja,
e não uma visão míope, parcial,
pois tudo está em nossa fé,
profundamente interligado, interdependente.
Exemplo: Ministro de um determinado Sacramento.
É óbvio que ele está a serviço do todo da Igreja e do
fiel, e não apenas de determinado Sacramento
ou aspecto da vida do fiel.
Como alguém vai cuidar de Eucaristia, ou do
Matrimônio ou de qualquer outro sacramento?
sem primeiro trabalhar seriamente o conhecimento
da Bíblia, de Jesus, da Igreja,
do Batismo e da Confirmação?
Sem um bom conhecimento do todo, corremos o risco de
sermos meros executores de ritos,
favorecendo a fragmentação e, pior ainda, uma noção
devocionista e mágica da fé e dos sacramentos...
F. E é ainda fundamental, a qualquer
ministro
CULTIVAR E EXERCER
excelentes
RELAÇÕES HUMANAS
DE ACOLHIDA, ESCUTA,
COMPREENSÃO, FRATERNIDADE,
ESCLARECIMENTO, AJUDA...
Este é um dos aspectos mais falhos
em nossas Comunidades Eclesiais.
Há presbíteros e ministros/as leigos/as, religiosos/as
que não capricham nas relação humanas, essenciais
para revelar o Mandamento Novo:
Na Última Ceia, no conta São João:
Depois de levar os pés de seus discípulos Ele lhes disse:
“Compreendeis o que fiz?
Vós me chamais Mestre e
Senhor e dizeis bem,
pois eu o sou. Se, portanto,
eu, o Mestre e Senhor, vos
lavei os pés, também deveis
lavar-vos os pés uns dos
outros” Jo 13, 12-14).
Dei-vos exemplo para que, como eu fiz vós o façais
(Jo 13,15). Se compreenderdes isso
e o praticardes, sereis felizes! (Jo 13, 17).
E Jesus concluiu, dizendo
que a marca
que distingue
o seu seguidor, o seu discípulo,
é o AMOR
“Eu vos dou um novo
mandamento:
que vos ameis uns aos outros
como eu vos amo.
Nisto todos saberão que sois
meus discípulos se vos amardes
uns aos outros
como eu vos amo!”
(Jo 13, 34-35).
E São Mateus explicita ainda mais concretamente
que amar, segundo Jesus é fazer
a opção preferencial pelos pobres e lutar junto com
eles pela libertação deles das necessidades humanas
básicas e da exclusão social:
“Vinde, benditos de meu Pai. Tomai posse do
Reino que para vós está preparado desde o
começo do mundo. Porque eu estava com fome,
sede, nu, doente, no cárcere, sem onde ficar... E
vós cuidastes de mim!
Mas, Senhor, quando foi que vos socorremos assim?
“Todas as vezes que isso fizestes
ao menor de meus irmãos,
foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 31-46).
FIM
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