PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS POR UM CENTRO DE
REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (CEREST) EM MINAS GERAIS
Luciana do Carmo; Francielle Mara Batista; Graziella Lage Oliveira; Tarcisio Marcio
Magalhães Pinheiro; Andréa Maria Silveira
Introdução: As condições de trabalho e emprego vêm se modificando ao longo das
últimas décadas, assim como o perfil de morbi-mortalidade dos trabalhadores. Ao
mesmo tempo em que coexistem doenças profissionais, assistimos ao aumento das
doenças de etiologia múltipla, para as quais o trabalho é um fator desencadeante ou
agravante, como as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) e
os transtornos mentais. Os serviços de referência em Saúde do Trabalhador
(CEREST) são importantes ferramentas para o tratamento integral, encaminhamento
e criação de políticas para os trabalhadores. É de suma importância conhecer o
perfil dos pacientes atendidos por estes serviços para avaliar as modificações nos
padrões de adoecimento ao longo do tempo.
Objetivo: Descrever o perfil dos trabalhadores atendidos em um CEREST em Minas
Gerais no período de 2005 a 2010.
Material e métodos: Trata-se de um estudo descritivo utilizando dados secundários
provenientes das fichas de primeira consulta de pacientes atendidos por um
CEREST em MG entre 2005 e 2010. As fichas continham informações referentes às
características sócio-demográficas, ocupacionais e clínicas dos pacientes, bem
como relativas à conduta do serviço em relação a estes. Os dados foram copilados e
analisados utilizando o pacote estatístico SPSS, versão 12.0. Foram feitas análises
descritivas por meio da distribuição de freqüências e medidas de tendência central e
dispersão.
Resultados: No período analisado foram atendidos 1504 pacientes. Destes, a
maioria eram homens (65,4%), com idade média de 42 anos e com menos de 8 anos
de estudo (48,9%), sendo que 21,7% estudou mais que 11 anos. A maioria deles
(49,4%) chegou ao serviço via encaminhamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Um total de 735 pacientes (49,1%) eram assalariados, sendo que 47,8%
trabalhavam com carteira assinada e 31% deles estavam sindicalizados. No que se
refere à remuneração, aproximadamente 63% dos pacientes recebe até 3 salários
mínimos. A maioria procurou o serviço para esclarecimento de diagnóstico (61,9%),
seguido de concessão de nexo causal entre o trabalho e a doença (15,6%). O
diagnóstico mais prevalente de acordo com a Classificação Internacional de
Doenças (CID-10) foi relacionado aos fatores que influenciam o estado de saúde e o
contato com o serviço (Z00-Z99) (27,2%), seguido das doenças do sistema
osteomuscular e tecido conjuntivo (M00-M99) (23,8%) e das doenças do aparelho
respiratório (J00-J99) (18,9%). Foi concedido o nexo causal para 42,5% dos
pacientes sendo que apenas 4,4% foram afastados do trabalho. A emissão da
comunicação de acidentes de trabalho (CAT) ocorreu em 12,6% dos casos. Para
12,9% dos pacientes foi efetuado o encaminhamento de relatório ao Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS) e apenas 0,3% dos casos foi notificado ao
Sistema Nacional de Informações de Agravos de Notificação Obrigatória (SINAN).
Conclusão: Os homens continuam sendo os mais atingidos pelos problemas
relacionados ao trabalho. A escolaridade é um fator importante para a atividade
ocupacional exercida e para a sua conseqüente remuneração. Os agravos à saúde
mais prevalentes neste estudo confirmam as mudanças mundiais nos padrões de
morbi-mortalidade.
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