PERFIL DOS PACIENTES PORTADORES DA OSTEOPOROSE ATENDIDOS PELO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Raquel Lino de Menezes8, Francielda Geremias da Costa Luz¹, Maycon Allison Horácio de Oliveira¹, José Macedo Coelho Neto9. Correspondência para: [email protected] Palavras-chave: Osteoporose. Assistência farmacêutica. Componente especializado. 1 INTRODUÇÃO A osteoporose é uma doença metabólica do tecido ósseo, caracterizada pela perda gradual de massa óssea, ocasionando a deterioração da microarquitetura tecidual, que se torna mais frágil e suscetível a fraturas2. É duas vezes mais comum em mulheres do que em homens e mais comum após os 50 anos. A doença progride lentamente e raramente apresenta sintomas antes que aconteçam fraturas espontâneas ou por trauma físico. Se não forem feitos exames diagnósticos preventivos a osteoporose pode passar despercebida, até que tenha gravidade maior. Os fatores de risco mais valorizados para osteoporose são: o gênero feminino, as etnias amarela e branca, a idade mais avançada, a precocidade do início da menopausa, a hereditariedade (presença de osteoporose ou de fratura osteoporótica entre os ancestrais e os colaterais), história pregressa de fraturas osteoporóticas, erros nutricionais (baixa ingestão de cálcio, baixa ingestão de vitamina D3 ou baixa insolação para produção da mesma, situações para má absorção de alimentos etc.), maus hábitos 8 Discentes da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) 9 Docente da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) (ingestão exagerada de café, álcool, tabaco), sedentarismo, certas medicações (glicocorticoides, anticonvulsivantes) e doenças como a artrite reumatoide e quase todas as doenças inflamatórias sistêmicas2. O tratamento da osteoporose consiste de medidas não medicamentosas e medicamentosas. No primeiro deve ser recomendado a atividade física para redução do risco de fraturas, com uma avaliação prévia de um profissional na prevenção de quedas; evitar tabagismo e álcool. No segundo, maior parte dos estudos que demonstraram eficácia na prevenção de fraturas foi realizada em populações de pacientes com osteoporose na pós-menopausa, sendo que as evidências dizem respeito à prevenção de fraturas osteoporóticas induzidas por glicocorticoides;na osteoporose masculina as evidências foram menos robustas. Nos pacientes com alto risco de fraturas osteoporóticas, o medicamento a ser utilizado deve ser avaliado considerando os benefícios e riscos potenciais do tratamento4. A assistência farmacêutica é parte integrante do direito à saúde e provê o acesso gratuito aos medicamentos por meio de diferentes programas, dos quais se destacam o Componente especializado, que são aqueles tratamentos cujo custo não pode ser suportado pela população5. O presente estudo tem o objetivo de traçar o perfil dos portadores da osteoporose atendidos pelo Componente Especializado da cidade de Missão Velha, Ceará, a partir da análise descritiva e comparativa das terapias propostas aos pacientes com o Protocolo Clínico para a osteoporose do MS, 2014. 2 MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa tem caráter descritivo, qualitativo e comparativo aos critérios apresentados no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose, apresentado em sua Portaria do Ministério da Saúde Nº 224 de 26 de Março de 2014. O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica é uma estratégia de acesso a medicamentos no âmbito do SUS, caracterizado pela busca da garantia da integridade do tratamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de cuidados estão definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicadas pelo MS. O programa utiliza o HORUS como uma ferramenta eletrônica da Assistência Farmacêutica, do SUS, onde envolve etapas de solicitação, avaliação, autorização, dispensação e renovação da continuidade do tratamento. Dentro do programa, alguns critérios de inclusão são obrigatórios para cada doença, e na osteoporose o principal critério de inclusão do paciente é a Densitometria Óssea -DMO, com atestado da osteoporose. A coleta de dados do presente trabalho foi obtida através dos prontuários documentados dos pacientes portadores da osteoporose, assistidos pelo Programa do Componente Especializado do Município de Missão Velha, Ceará, desenvolvidas no período de agosto a setembro de 2014. Outro critério de análise do estudo foram os possíveis fatores desencadeantes da doença, destacando: sexo, idade, período pós-menopausa e terapias medicamentosas, bem como seus sítios anatômicos acometidos. Portanto os resultados obtidos permitiram traçar o perfil dos portadores da osteoporose atendidos pelo referido Programa. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Baseado no levantamento das informações,durante o período de agosto a setembro de 2014, o Programa presta assistência farmacêutica a 10 pacientes portadores da osteoporose. De posse desses dados analisou-se que houve a maior prevalência do sexo feminino da ordem de 09 mulheres para 01 homem, com faixa etária entre 41 – 86 anos de idade. Freire & Aragão 2004, citam que, quanto maior a sobrevida do indivíduo, maior é o risco de desenvolver osteoporose. A osteoporose acomete preferencialmente indivíduos idosos, mais frequentemente mulheres acima de 45 anos de idade, embora o sexo masculino também possa ser acometido. Mulheres são mais suscetíveis à osteoporose do que homens, pois além de apresentarem perda óssea importante durante a menopausa, possuir em menor densidade mineral óssea e terem ossos mais finos e mais leves, têm maior expectativa de vida, portanto estão mais tempo sob risco. Vale ressaltar que as fraturas vertebrais são sete vezes mais comuns em mulheres que em homens, tendendo há ocorrer duas décadas após a menopausa6. Oliveira e Guimarães 2010 relataram que diversos fatores contribuem para que as mulheres sejam mais afetadas que os homens: o homem atinge um pico de massa óssea maior que a mulher, e não há perdas em consequência da menopausa. Diferentes padrões de perda óssea ao longo do tempo contribuem para uma vantagem biométrica do homem com o envelhecimento7. A osteoporose pós-menopáusica é uma forma primária de osteoporose. Na menopausa, a cada ano é perdido de 1% a 3% do osso cortical e acima de 5% do osso trabecular. O adelgaçamento das trabéculas pode levar à incapacidade parcial ou permanente, diminuindo a independência física e social dos pacientes acometidos por osteoporose. É doença tratável e capaz de ser prevenida, embora a fratura possa levar à incapacidade permanente. Portanto, a prevenção e a detecção precoce da osteoporose devem ser objetivos da abordagem clínica do climatério (SAMPAIO et al., 2011)8. O Programa do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica atende os pacientes que se enquadram pelo Código Internacional da Doença-CID e terapia correlacionada ao Protocolo de Diretrizes Terapêutica e pontuaram-se que, 08 pacientes com Osteoporose Idiopática (CID-M815) são tratados com o medicamento calcitriol 0,25 mg e 02 pacientes com a Osteoporose Pós-menopausa (CID-M810) são tratados com o raloxifeno. Após o comparativo dos dados, e as informações referenciais do Protocolo Clinico da Osteoporose, as terapias prescritas encontram-se dentro das diretrizes assim estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Na analise dos exames da densitometria óssea, os sítios anatômicos mais acometidos pela osteoporose,destacaram-se a coluna lombar e fêmur, como os principais sítios de maior prevalência, respectivamente com os números de 08 para 03 dos portadores da osteoporose. Brandão, et al, 2012, fazem referência que os sítios anatômicos mais comumente associados à osteoporose são vértebras, quadris e punhos. Muitas fraturas vertebrais são assintomáticas e têm baixo impacto no uso de recursos em saúde; estima-se que somente 25% dessas fraturas sejam diagnosticadas clinicamente. Fraturas de quadris, geralmente no fêmur proximal, aumentam sua incidência conforme a idade e são associadas com significante redução na qualidade de vida e elevada mortalidade9. 4 CONCLUSÕES Conclui-se que os pacientes atendidos pelo Componente Especializado são em sua maioria do sexo feminino e encontram-se na faixa etária de 41 a 86 anos de idade. Este fato é justificado por que as mulheres apresentam perda óssea importante durante a menopausa, possuir em menor densidade mineral óssea e terem ossos mais finos e mais leves, têm maior expectativa de vida, portanto estão mais tempo sob risco. Esta maioria é portadora da Osteoporose Idiopática (CID-M815) tratados com o medicamento calcitriol 0,25 mg e 02 pacientes com a Osteoporose Pós-menopausa (CID-M810) são tratados com o raloxifeno 60 mg. REFERÊNCIAS 1.Tavares, DMS; Gomes, NC; Dias, FA; Santos, NMF.Fatores Associados À Qualidade de Vida de Idosos Com Osteoporose Residentes Na Zona Rural. 2012. Esc. Anna Nery (imper.) 2012. abr-jun16(2)371-378. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v16n2/23.pdf>. 2.SOUZA, Márcio Passini Gonçalves de. Diagnóstico e tratamento da osteoporose. Rev. bras. ortop. vol.45 nº 3. São Paulo. Maio/Junho 2010. Disponível em:http://dx.doi.org/10.1590/S0102-36162010000300002 -. 3.BRANDÃO, Cristina Mariano Ruas. Gastos Públicos com Medicamentos para o Tratamento da Osteoporose na Pós-menopausa. Rev. Saúde Pública 2013;47(2):390402. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v47n2/0034-8910-rsp-47-020390.pdf>. 4.BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 224, DE 26 DE MARÇO DE 2014. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose. 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/prt0224_26_03_2014.html 5.Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde - Relatório do Seminário Internacional de Assistência Farmacêutica do CONASS, realizado em 15 e 16 de junto de 2009, em Brasília/DF. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2010. 6.FREIRE, Fabiano Moreira; ARAGÃO, Karine Godoy Castelo Branco de. Osteoporose: Um Artigo de Atualização. Goiania, 2004. Disponível em: http://www.ucg.br/ucg/institutos/nepss/monografia/monografia_12.pdf. Acessado em 11 de setembro de 2014. 7.Oliveira, Lindomar Guimarães; Guimarães, Maria Lúcia Rossi. Osteoporose no homem. Revista Brasileira de Osteoporose. Vol. 45. Nº 5. São Paulo, 2010. 8.SAMPAIO, Parizza Ramos de Leu; et al. A Osteoporose e a Mulher Envelhecida: fatores de risco. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.14 n.2 Rio de Janeiro 2011. 9.Brandão, Cristina Mariana Ruas; Machado, Gustavo Pinto da Matta; Acúrcio, Francisco de Assis. Análise farmacoeconômica das Estratégias de Tratamento da Osteoporose em mulheres após-menopausa; uma revisão sistemática. Rev. Bras. Reumatololgia. Vol. 52. Nº 6, São Paulo. Nov/Dez. 2012. - PINHEIRO, Marcelo M, et al. O impacto da osteoporose no Brasil: dados regionais das fraturas em homens e mulheres adultos - The BrazilianOsteoporosisStudy (BRAZOS). Revista Brasileira de Reum. Revista Brasileira de Reumatologia, v.50, n.2, p.113-120, 2010. Disponível em: <http://producao.usp.br/handle/BDPI/12806>