Diferença entre Compreender e Interpretar TEXTOS Prof. Deborah Costa Considerações iniciais • Compreensão e interpretação de textos é um tema que, geralmente, está presente em todos os concursos públicos. • O tempo, na prova, é muito curto, por isso é necessário trabalhar com dicas para não precisar reler o texto. • Algumas questões com textos referem-se à análise grammatical, porém nesta apresentação abordaremos os aspectos para as questões de compreensão e interpretação de textos. • Há como facilitar para não cair nas armadilhas e o primeiro passo é entender a principal diferença entre compreensão e interpretação. PARA RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES • É muito comum a ocorrência de erros de na resolução de questões com textos, pois o candidato não leva em consideração o que está sendo solicitado no enunciado; • Por exemplo existe uma diferença entre: O texto DIZ que... É possível DEDUZIR do texto que... COMPREENSÃO A RESPOSTA ESTÁ ‘DENTRO’DO TEXTO: - INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO QUE REALMENTE ESTÁ ESCRITO. - TIPOS DE ENUNCIADOS: • O texto DIZ que... • O texto INFORMA que... • É SUGERIDO pelo autor que... • De acordo com o texto, é CORRETA ou ERRADA a afirmação... • O autor/narrador AFIRMA/ DIZ que... • Segundo o texto ... INTERPRETAÇÃO A RESPOSTA ESTÁ ALÉM DO TEXTO INTERPRETAR É CONCLUIR, DEDUZIR A PARTIR DOS DADOS COLETADOS. EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. - TIPOS DE ENUNCIADOS: • Através do texto, INFERE-SE/ DEPREENDE-SE que... • É possível DEDUZIR que... • O autor permite CONCLUIR que... • O texto permite DEDUZIR que... • Qual é a INTENÇÃO do autor ao afirmar que... Ou seja • Enquanto a compreensão de texto trabalha com as frases e ideias escritas no texto, ou seja, aspectos visíveis, a interpretação de textos trabalha com a subjetividade, com o SEU entendimento do texto. Exemplo de QUESTÕES • Texto: • Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. • (Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes) • - Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: • a) os portugueses. b) os negros. c) os índios. d) tanto os índios quanto aos negros. e) a miscigenação de portugueses e índios. • RESPOSTA: apesar do autor não ter citado o nome ÍNDIOS, é possível concluir, inferior pelas características do texto, é um conhecimento que extrapola o texto. • Leia o texto para responder à questão a seguir. • Quanto veneno tem nossa comida? • Desde que os pesticidas sintéticos começaram a ser produzidos em larga escala, na década de 1940, há dúvidas sobre o perigo para a saúde humana. No campo, em contato direto com agrotóxicos, alguns trabalhadores rurais apresentaram intoxicações sérias. Para avaliar o risco de gente que apenas consome os alimentos, cientistas costumam fazer testes com ratos e cães, alimentados com doses altas desses venenos. A partir do resultado desses testes e da análise de alimentos in natura (para determinar o grau de resíduos do pesticida na comida), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece os valores máximos de uso dos agrotóxicos para cada cultura. Esses valores têm sido desrespeitados, segundo as amostras da Anvisa. Alguns alimentos têm excesso de resíduos, outros têm resíduos de agrotóxicos que nem deveriam estar lá. Esses excessos, isoladamente, não são tão prejudiciais, porque em geral não ultrapassam os limites que o corpo humano aguenta. O maior problema é que eles se somam – ninguém come apenas um tipo de alimento.(Francine Lima, Revista Época, 09.08.2010) • • (CREMESP – 2011 - VUNESP) 40 - Com a leitura do texto, pode-se afirmar que: • (A) segundo testes feitos em animais, os agrotóxicos causam intoxicações. • (B) a produção em larga escala de pesticidas sintéticos tem ocasionado doenças incuráveis. • (C) as pessoas que ingerem resíduos de agrotóxicos são mais propensas a terem doenças de estômago. • (D) os resíduos de agrotóxicos nos alimentos podem causar danos ao organismo. • (E) os cientistas descobriram que os alimentos in natura têm menos resíduos de agrotóxicos. RESPOSTA: D • Leia o texto para responder à questão a seguir. • CORPO • Na doença é que descobrimos que não vivemos sozinhos, mas sim encadeados a um ser de um reino diferente, de que nos separam abismos, que não nos conhece e pelo qual nos é impossível fazer-nos compreender: o nosso corpo. Qualquer assaltante que encontremos numa estrada, talvez consigamos torná-lo sensível ao seu interesse particular, senão à nossa desgraça. Mas pedir compaixão a nosso corpo é discorrer diante de um polvo, para quem as nossas palavras não podem ter mais sentido que o rumor das águas, e com o qual ficaríamos cheios de horror de ser obrigados a viver. • (Proust) • 373) Segundo o texto, o nosso corpo: • a) tem plena consciência de viver encadeado a um ser diferente. • b) conhece perfeitamente o outro ser a que está encadeado. • c) é separado de nossa alma por um abismo intransponível. • d) se torna conhecido pouco a pouco. • e) só na doença é que tem sua existência reconhecida. • RESPOSTA: Letra e • A resposta está, bem nítida, nas duas primeiras linhas do texto, principalmente no trecho: “Na doença é que descobrimos...” Adiante aparece, na função de aposto da palavra ser, o vocábulo corpo. A letra c, que pode confundir alguns, é incorreta porque fala em abismo intransponível, quando o texto diz que estamos encadeados a ele. Vamos treinar?? • Baixe um documento que com várias questões de interpretação de textos e vamos praticar… • Nunca é demais lembrar que é a prática de exercícios que fixa o conhecimento e prepara o candidato para reconhecer as armadilhas preparadas pelas bancas organizadoras dos certames, pois muitas vezes conhecer determinado assunto não é suficiente para assimilar a forma como este conhecimento é cobrado nas provas.