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V Mostra de
Pesquisa da PósGraduação
Estudo do Potencial Terapêutico das Células Mononucleares da
Medula Óssea em um Modelo Experimental de Esclerose Lateral
Amiotrófica
Gianina T. Venturin1,3, Samuel Greggio2,3, Daniel R. Marinowic1,3, Gabriele Zanirati3, Denise C.
Machado1,3, Jaderson Costa DaCosta1,3
1
Programa de Pós- Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, PUCRS, 2 Programa de Pós-Graduação
em Pediatria e Saúde da Criança, 3Instituto do Cérebro (InsCer), PUCRS
Introdução
A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa que se
caracteriza por uma perda seletiva de neurônios motores na medula espinhal, tronco
encefálico e córtex motor (Bruijn et al., 2004). A perda de motoneurônios dá início a uma
paralisia progressiva que afeta o músculo esquelético. Os sintomas clínicos predominantes
são: fraqueza e atrofia muscular e espasticidade. O óbito se dá usualmente 2 a 5 anos após o
início da doença, quando os motoneurônios respiratórios são afetados. Há paralisia
praticamente completa de braços, pernas e dos músculos necessários para a fala (Julien,
2001). Hoje, medidas sintomáticas, como manutenção da alimentação e da função
respiratória, são o pilar do manejo deste distúrbio, tendo efeito mais significativo do que a
terapia farmacológica existente (Cleveland et al., 2001). Embora a ELA seja uma doença órfã,
sua letalidade uniforme lhe dá uma importância que extrapola sua prevalência.
Na ELA, a exemplo de outros distúrbios do sistema nervoso, há perda de subpopulações neuronais, o que desempenha um importante papel patogenia da doença. Esta
observação estimula a pesquisa que objetiva repor seletivamente os neurônios perdidos
durante o processo da doença, bem como manter a integridade das células remanescentes.
Assim, o objetivo desse estudo é avaliar se as células mononucleares da medula óssea
apresentam potencial terapêutico no controle da morte neuronal progressiva em camundongos
transgênicos que superexpressam SOD1, através da restauração da população e/ou conexões
neurais perdidas.
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Metodologia
Para este estudo foram utilizados camundongos transgênicos SOD1G93A que
desenvolvem sintomas fenotípicos e patológicos que se assemelham a ELA em humanos. Os
animais (n=10 por grupo) receberam injeção de 1x107 células mononucleares da medula óssea
(CMMO) aos 70 ou 110 dias de vida, via veia da cauda. As CMMO foram obtidas de
camundongos C57BL/6N transgênicos machos e adultos que expressam EGFP (enhanced
green fluorescent protein). Os animais dos grupos controle receberam solução salina em
mesmo volume. Buscando avaliar o efeito dessa intervenção na progressão da doença e na
sobrevida dos animais tratados, os mesmos foram observados em procura de sinais de
paralisia. Além disso, a função motora foi avaliada, primeiramente aos 40, 60 e 70 dias de
vida, e a cada 7 dias após a intervenção terapêutica, através do teste motor do RotaRod. Os
animais foram eutanasiados quando não eram mais capazes de se alimentar sozinhos.
Também foi utilizado o ensaio cometa alcalino para verificar se a terapia com CMMO garante
maior integridade das células da medula espinhal, prevenindo a ocorrência de estresse
oxidativo. Para este fim, grupos adicionais de animais foram tratados com CMMO (n=4 por
grupo) nas mesmas condições descritas acima, porém tendo sido eutanasiados aos 115 ou 125
dias de vida. Foram coletadas amostras da medula espinhal, cerebelo, córtex motor e músculo.
Até o término deste estudo, pretendemos avaliar ainda a função neuromotora através
de eletroneuromiografia. Da mesma forma, também investigaremos a migração das células
administradas através de técnica de PCR, bem como a possível nidação e diferenciação destas
células na linhagem neuronal lesada, além de quantificarmos neurônios motores em animais
tratados e controle por meio de técnicas histológicas.
Resultados (ou Resultados e Discussão)
Para os camundongos tratados com CMMO aos 70 dias de vida (previamente ao
aparecimento dos primeiros sintomas da ELA), nossos resultados demonstram que as células
aumentam a sobrevida destes animais quando comparados com o grupo não tratado (p<0,01).
Em paralelo, durante avaliação da função motora no teste no RotaRod, verificamos que os
animais que receberam o transplante de células apresentaram os primeiros sintomas de
comprometimento da função motora mais tardiamente em relação aos não tratados (p<0,05).
Por outro lado, quando avaliamos a integridade do DNA através do ensaio cometa
alcalino, não verificamos diferença estatística entre os grupos seja quando as células foram
administradas aos 70 dias de vida, seja quando o transplante ocorreu no 110° dia. Para o
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grupo tratado aos 110 dias, ainda não foram concluídas as análises do aumento da sobrevida e
da função motora.
Conclusão
É possível que as células transplantadas sejam capazes de repor populações neurais e
desta maneira aumentar a sobrevida e promover melhora motora nos animais tratados. Nos
últimos anos, estudos que buscam tratamentos baseados em células-tronco para as mais
diversas doenças neurodegenerativas foram vistos com muito interesse. Este tipo de
tratamento pode vir a ser importante na ELA, dado o potencial que estas células têm de repor
populações neuronais que são perdidas durante o curso da doença e de restaurar o circuito
danificado.
Referências
BRUIJN, L.I., MILLER, T.M., CLEVELAND, D.W. Unraveling The Mechanisms Involved In Motor Neuron
Degeneration in ALS. Annu Rev Neurosci. Vol. 27 (2004), pp. 723-749.
CLEVELAND, D.W., ROTHSTEIN, J.D. From Charcot to Lou Gehrig: Deciphering Selective Motor Neuron
Death. In A|LS. Nat Rev Neurosci. Vol 2 (2001), pp 806-819.
JULIEN, J.P. Amyotrophic Lateral Sclerosis. Unfolding The Toxicity Of The Misfolded. Cell. Vol. 104 (2001),
pp. 581-591.
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