Título:GRUPO TERAPÊUTICO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM HOMENS QUE AGRIDEM FISICAMENTE SUAS PARCEIRAS Autora: Mirian Béccheri Cortez Orientador: Prof ª Dr ª Lúcia C. A. Williams Resumo: Muitas características já foram descritas a respeito de homens que agrid em suas companheiras. Entre essas estão: estresse, ciúmes, baixa auto-estima, uso abusivo de álcool ou drogas, insegurança, sentimento de posse, e visões estereotipadas sobre papéis de gênero. A tendência à minimização da agressão e negação do comportamento agressivo, culpando a vítima pelo comportamento emitido também são comuns nos agressores. Tais características demonstram que os agressores possuem dificuldades consideráveis para lidar com relações interpessoais. Contribuindo para a ocorrência e perpetuação dos comportamentos agressivos do homem dentro da família estão a conivência e, de certa forma, o estímulo por parte da sociedade à exibição de força e agressividade masculinas. O fato da agressão ser dirigida à companheira, revela ainda a discriminação social da mulher. Uma explicação para a agressividade pode ser encontrada na teoria social da aprendizagem de Bandura, que focaliza o papel do ambiente social na aquisição, manutenção e modificação das respostas agressivas. Esta visão possibilita novas formas de tratamento e o direcionamento a tópicos que envolvam desde controle da raiva até trabalhos sobre mitos e pensamentos disfuncionais. No caso dos agressores, a aplicação de grupos terapêuticos é uma das alternativas para o desenvolvimento de um programa de tratamento. No Brasil, estudos e programas voltados para a violência doméstica são poucos e ainda menor a quantidade destes direcionados ao agressor. Informações sobre perfil psico-social e possíveis alternativas de tratamento de agressores são encontrados com mais freqüência em artigos importados, que não condizem completamente com a realidade do país. Esta escassez de dados brasileiros aponta a necessidade de maiores pesquisas relacionadas a este tipo de violência e às intervenções direcionadas a vítimas e autores da agressão. Este projeto procurou avaliar a eficácia de um grupo terapêutico para homens que agridem fisicamente suas companheiras, no sentido de eliminar ou reduzir significantemente a violência destes. Participaram do grupo oito homens encaminhados por fontes diversas: policiais da Delegacia de Defesa da Mulher de São Carlos, estagiários de Psicologia do Programa de Intervenção à Vítimas de Violência Doméstica, procedimento de recrutamento voluntário conduzido no Fórum, Juiz do Fórum Criminal de São Carlos. Os seguintes tópicos foram trabalhados nas sessões do grupo: responsabilidade sobre a agressão, reconhecimento dos efeitos negativos das agressões, controle do comportamento violento e técnicas de comunicação e expressão de sentimento s. Foram empregadas técnicas de relaxamento, de controle da raiva, técnicas relacionadas ao Treino de Habilidades Sociais (dinâmicas e role-playing), “time out”. realizou-se oito sessões, uma por semana com duração aproximada de duas horas. As entrevistas individuais forneceram dados ricos sobre os perfis dos participantes, como histórico de violência, relacionamento com a família, abuso de álcool, etc. Todos os participantes, ao final do grupo, se declararam satisfeitos com a intervenção. Os resultados obtidos corresponderam ao objetivo da intervenção, o que foi avaliado pela análise dos dados obtidos na Escala de Táticas de Conflito e nos relatos recolhidos no pré e pós-teste (antes e depois do grupo) e no Follow-up (dois s três meses após o término do grupo), aplicados tanto nos participantes quanto em suas parceiras. Palavras-chave : intervenção em grupo, violência doméstica, agressor conjugal.