Este material foi desenvolvido pela equipe multiprofissional da Liga de Hipertensão Arterial do Belém-SP e da Associação Paulista de Assistência ao Hipertenso, com apoio da Coordenação de Doenças Crônico-Degenerativas do Ministério da Saúde e patrocínio dos Laboratórios Pfizer Ltda. E tem como objetivo, ajudar aos profissionais de saúde, que queiram iniciar um serviço de atendimento à pacientes portadores de hipertensão arterial onde a educação em saúde e o estímulo às mudanças no estilo de vida sejam metas principais ou desenvolver uma ação educativa na comunidade (escolas, igrejas, clubes de serviços, etc.). Foi elaborado em uma linguagem bastante simples, para uso de qualquer profissional ligado à saúde ou por pessoas leigas interessadas em promoverem educação em saúde. A Hipertensão Arterial no contexto Epidemiológico do Brasil e de Santa Catarina Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas, Brasil e Santa Catarina, 1998. Brasil Santa Catarina Grupos de Causas Aparelho Circulatório Doença Hipertensiva Cerebrovasculares Isquêmicas do coração Total (causas definidas) Óbitos 256333 20875 83465 75745 790418 % 32,4 2.6 10.6 9.6 100,0 Óbitos 7936 448 2940 2433 24218 % 32.7 1.9 12.3 10.0 100.0 Considerando que a hipertensão contribui para 80% da morbimortalidade por doenças cerebrovasculares e 40% das isquêmicas do coração, podemos somar aos óbitos por doenças hipertensivas: Brasil Óbitos por doença hipertensiva 80% das Cerebrovasculares 40% das Isquêmicas do Coração Total de óbitos por hipertensão arterial % de óbitos por hipertensão arterial 20875 66772 30298 117945 14,9 Santa Catarina 448 2352 973 3773 15.6 É importante salientar que a predisposição genética para vir a desenvolver Hipertensão Arterial, permitir-nos prevení-la da seguinte forma: Orientar os filhos de hipertensos a desenvolverem hábitos de vida saudáveis, controlando o peso e evitando a obesidade, praticando exercícios físicos regularmente, não exceder o uso de 6 gramas diárias de sal, não fumando, não usando bebidas alcoólicas, controlando as tensões do dia a dia, enfim, criando um ambiente familiar saudável e evitando o uso de drogas que possam aumentar a pressão arterial. Raça: Os estudos mostram que a hipertensão arterial é mais prevalente na raça negra; sendo que os indivíduos deste grupo étnico evoluem mais freqüentemente para insuficiência cardíaca, insuficiência renal e acidente vascular encefálico, portanto merecendo um tratamento mais agressivo. Bebida Alcoólica: O consumo excessivo de bebida alcoólica, eleva a pressão arterial e a variabilidade pressórica, aumenta a prevalência de hipertensão, é fator de risco para acidente vascular encefálico, além de ser uma das causas de resistência à terapêutica antihipertensiva. Para os hipertensos do sexo masculino que fazem uso de bebida alcoólica, orienta-se, que o consumo não ultrapasse 30 ml de etanol/dia, contidos em 60 ml de bebidas destiladas (uísque, vodca, aguardente etc), 240 ml de vinho ou 720 ml de cerveja. Em relação às mulheres e indivíduos de baixo peso, a ingestão alcoólica não deve ultrapassar 15 ml de etanol/dia. Aos pacientes que não se conseguem enquadrar nesses limites de consumo, sugere-se o abandono do uso de bebidas alcoólicas. Exercício Físico: O exercício físico regular reduz a pressão arterial, além de produzir benefícios adicionais, tais como diminuição do peso corporal, controle do colesterol, diabetes, do abandono do tabagismo e do controle do estresse, contribuindo também para a redução do risco de indivíduos normotensos desenvolverem hipertensão, orienta-se a prática de exercícios físicos aeróbicos, 30 a 45 minutos por dia, 3 ou mais vezes por semana e tentar aumentar também a atividade física diária. Os exercícios melhores para os pacientes hipertensos são, andar, nadar, andar de bicicleta e correr. Exercícios como musculação e halterofilismo não são recomendáveis para pacientes hipertensos. Peso: Os estudos mostram que toda vez que a pessoa engorda, a pressão aumenta e toda vez que emagrece a pressão diminui. Muitas vezes só com a redução do peso conseguimos controlar a pressão e quando isto não ocorre, no mínimo conseguimos dimunuir a dose de medicação.. Tabagismo: É a mais importante causa modificável de morte, sendo responsável por 1 em cada 6 óbitos. No Brasil, a prevalência do tabagismo é elevada. O tabagismo eleva agudamente a pressão arterial e favorece o desenvolvimento e as complicações da arteriosclerose. Sua interrupção reduz o risco de acidente vascular encefálico, doença isquêmica do coração e de doença vascular arterial periférica. A exposição ao fumo (tabagismo passivo) também deve ser evitada. Redução da ingestão de sódio: Deve-se limitar a ingestão diária de sódio ao máximo de 2.4 g de sódio ou 6 g de cloreto de sódio (1 colher de chá de sal de cozinha). Esse total deve incluir o sódio contidos nos alimentos naturais manufaturados. Além da redução da pressão arterial, alguns estudos demonstraram benefícios na redução da mortalidade por acidente vascular encefálico e na regressão da hipertrofia ventricular esquerda. A restrição de sal pode ainda reduzir a excreção urinária de cálcio, contribuindo para a prevenção da osteoporose em idosos. Salientar a importância da retirada do saleiro da mesa. Estresse: O Estresse é uma reação biológica do organismo caracterizada pelo desequilíbrio interno, em resposta a certos estímulos ambientais. Em conseqüência há um excesso de produção de adrenalina, elevação dos batimentos cardíacos e dos níveis de pressão arterial. Várias situações em nosso dia-a-dia podem gerar estes estímulos que nos levarão a uma situação de estresse: dificuldades econômicas, desemprego, problemas familiares, ruídos etc. A arte de viver está exatamente na nossa habilidade em administrar estas situações. O segredo para se conseguir os melhores resultados nas tentativas de vencer o estresse é simples: descubra as atividades que lhe dão prazer e quando você as praticar, empenhe sua energia em obter total bem estar físico e mental, seja ela, ler um livro, fazer trabalhos manuais, participar de atividades comunitárias, jardinagem, dançar, usar técnicas de relaxamento ou... qualquer coisa que lhe dê prazer, dê asas à sua imaginação!!! A Hipertensão Arterial apesar de assintomática inicialmente, causa alterações importantes em órgãos alvos, como coração, rins, cérebro, artérias e olhos, que na maioria das vezes, os sintomas atribuídos a hipertensão como dores de cabeça, hemorragia nasal, alterações visuais, tonturas nem sempre tem uma relação de causa e feito com a hipertensão arterial. Podemos citar como exemplo, aqueles pacientes submetidos a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) (Explicar aos pacientes o que é MAPA) que em determinados horários do dia em que ele apresenta sintomas atribuídos a hipertensão arterial e a pressão está normal e em outros horários em que ele está assintomático e a pressão está aumentada. Enfatizar sempre que apesar de assintomática inicialmente, ela lesa órgãos alvos importantes do organismo, como coração, cérebro, ríns, olhos e artérias e que se o indivíduo fizer o tratamento adequadamente ele vai estar protegendo estes órgãos, prolongando sua vida e o que é mais importante, melhorando ou mantendo sua qualidade de vida. A Hipertensão Arterial inicialmente leva a um aumento da massa muscular do coração (hipertrofia ventricular esquerda). Fazer uma analogia com o indivíduo que carrega peso e que por isso tem um aumento da massa muscular de seu braço. Lembrar que com o coração acontece a mesma coisa, e que o aumento da massa muscular não é acompanhada de um aumento da oferta de oxigênio e de nutrientes e que portanto sofre, aumentando o risco de infarto, angina e arritmia. Lembrar também que a hipertrofia miocárdica quando adequadamente tratada é reversível e em caso contrário pode evoluir para uma dilatação, levando o paciente à insuficiência cardíaca. A Hipertensão Arterial leva a alterações na parede das artérias acelerando o processo aterosclerótico. Fazer analogia com um rio quando as águas estão tranqüilas não ocorre erosão nas margens, mas quando as águas estão muito revoltas vai fazendo esta erosão; da mesma forma, se a pressão estiver normal não altera a parede das artérias, mas quando a pressão permanece aumentada por muito tempo ocorre alterações na parede das artérias facilitando o depósito de gordura, acelerando o processo aterosclerótico. Os rins são um dos principais órgãos alvo lesados pela hipertensão arterial, levando o paciente a um quadro de insuficiência renal. A hipertensão arterial é responsável por 25% dos casos de pacientes com insuficiência renal submetidos a diálise. Nossos rins tem uma função de filtração, as coisas boas são reabsorvidas e as coisas ruins saem na urina. Fazer a seguinte analogia: se colocarmos uma peneira em um cano de água com o objetivo de filtrar suas impurezas e em um determinado momento aumentarmos a pressão dentro deste cano iremos romper esta peneira, de modo semelhante, quando a pressão arterial é mantida elevada por muito tempo ela lesa os rins, que funcionam como uma peneira que filtra as impurezas do sangue. A Hipertensão Arterial é o maior fator de risco para doença vascular encefálica. Um paciente que tem a hipertensão arterial como único fator de risco tem uma probabilidade dez vezes maior de vir a desenvolver um acidente vascular encefálico que uma pessoa que tem a pressão normal. A Hipertensão Arterial leva a alterações vasculares na retina (vasoespasmos, hemorragias, exsudatos e edema de papila) que comprometem a visão. A Hipertensão Arterial não tem cura, mas pode ser controlada. O tratamento deve ser feito de duas formas: com mudanças no estilo de vida ? tratamento não medicamentoso e com medicamentos ? tratamento medicamentoso. As mudanças no estilo de vida, quando feitas adequadamente, muitas vezes pode ser suficiente para o controle da pressão, e quando isso não acontece, no mínimo o paciente vai necessitar de uma dose menor de medicamentos. A mudança nos hábitos alimentares é uma das primeiras medidas a serem tomadas pelo paciente hipertenso. Os pacientes devem ter consciência que estas mudanças devem ser para sempre, inicialmente estas são difíceis, mas com o tempo ele vai habituando-se. A primeira medida é a diminuição do sal na comida, nunca exceder ás 6 g de cloreto de sódio por dia: Fontes de sódio: Sal de cozinha e temperos industrializados. Alimentos industrializados (ketchup, mostarda, shoyo, caldos concentrados). Embutidos (salsicha, mortadela, lingüiça, presunto, salame, paio). Conservas (picles, azeitona, aspargo, palmito). Bacalhau, charque, carne sêca, defumados. Aditivos (glutamato monossódico) utilizados em alguns condimentos e sopas importados. Queijos em geral. Enlatados (extrato de tomate, milho, ervilha). Dicas: Tirar o saleiro da mesa, pois, muitas vezes a pessoa nem experimenta o alimento e adiciona sal. Substituir o sal por temperos naturais como limão, cebola, alho e cheiro verde. Outra medida é a redução de alimentos com muitas calorias, que faz com que a pessoa aumente de peso, pois a diminuição do peso é importante no controle da pressão. Reduzir a ingestão de gordura de origem animal (abandonando o uso da banha e gorduras de carne em geral) é importante na prevenção da arteriosclerose. Substitua sempre que possível a manteiga pela margarina. Utilize óleos vegetais (milho, girassol, soja ou canola) Outra regra importante é preferir alimentos frescos, verduras, legumes e frutas da época, pois assim você garante produtos com melhor qualidade e preços mais baixos. Salientar que muitas vezes a mudança de hábitos alimentares é suficiente para o controle da pressão Lembrar que como esta mudança nos hábitos alimentares será para sempre, esta deve ser encarada e feita de forma prazeirosa, usando os alimentos recomendados, criando receitas novas com belos visuais, pois também nos alimentamos com os olhos. Faça os alimentos sempre cozidos, grelhados ou assados, nunca fritos. A dose permitida de etanol por dia é 30 ml, ou seja, o equivalente a 1 garrafa de cerveja, 1 copo de vinho, 1 dose de uísque ou 1 dose de vodka. Entretanto o álcool é tóxico para o fígado, cérebro, estômago, em excesso aumenta a pressão arterial, sem contar que o alcoolismo é um grande problema social, portanto, o ideal é a abstinência. As mulheres absorvem mais etanol do que os homens e as pessoas mais magras são mais suscetíveis aos efeitos do álcool do que as pessoas mais pesadas. Esses grupos devem ser orientados a limitar a ingestão a não mais que 15 ml de etanol por dia. Salientar que o exercício físico adequado, além de ser ótimo para a saúde não tem efeitos colaterais. Os exercícios físicos mais adequados para o hipertenso são andar, nadar, correr, andar de bicicleta, dançar etc. Procure não fazer exercícios sob sol muito forte e em locais abafados ou quentes, uma caminhada diária pelo seu bairro vai ser ótimo. Use sempre trajes adequados, como roupas leves e claras, calçados adequados (tênis com solados altos no calcanhar são recomendados por diminuir o impacto com o chão e, portanto, evitar lesões). Quando após todas as medidas de mudanças no estilo de vida, não foram suficientes para o controle da hipertensão arterial iniciamos o tratamento medicamentoso. Aqui devemos sempre salientar que a medicação deve ser somente com prescrição médica (não tomar medicação por orientação da vizinha, comadre ou do balconista da farmácia da esquina). Tomar a medicação conforme a orientação, se prescrito uma vez ao dia é assim que deve ser feito e não em dias alternados ou de outra forma. Lembrar que atualmente o tratamento para hipertensão arterial é individualizado, portanto, o que é bom para uma pessoa pode não ser para outra. Se após o início do tratamento o paciente começar a sentir qualquer sintoma que não apresentava anteriormente, procure entrar em contato com seu médico, pois existem efeitos colaterais que desaparecem com a continuidade do tratamento e outros nos quais o remédio precisa ser trocado. Com as mudanças no estilo de vida e o tratamento medicamentoso conseguimos controlar a pressão de todos os hipertensos. Se vocês seguirem todas as orientações naturalmente vão prolongar a vida, mas mais importante que isso, é manter a qualidade de vida. Portanto viva bem e feliz e procure passar a outras pessoas as informações que receberam hoje aqui, pois com 30 milhões de hipertensos como existem hoje no Brasil, é preciso que toda comunidade envolva-se com este processo. Informações Importantes: Ao iniciarmos o tratamento de um paciente hipertenso o nosso objetivo é protegermos todos os seus órgãos alvos, evitando que este venha a ter um evento cardiovascular. Para isso, devemos nos empenhar para que os mesmos sigam adequadamente todas as orientações já discutidas, quando isso conseguimos, podemos dizer que este paciente é aderente ao tratamento. Entretanto sabemos que vários fatores interferem com a adesão ao tratamento: 1) Relacionados ao médico: Relação médico paciente difícil. A base de todo tratamento é uma boa relação médico-paciente, onde exista realmente uma relação de confiança. Citar que muitas vezes o paciente vai ao médico e como este não o convence ele nem compra o remédio, portanto, se você não confia em seu médico, deve mudar, mas encontrar um em que acredita e siga todas suas orientações. Imposição de esquemas terapêuticos complexos: Lembrar que isso não depende muito do médico, mas sim dos seus níveis pressóricos e de outras doenças, tem pessoas que conseguem controlar sua pressão com um medicamento uma vez ao dia, outros precisam de duas ou mais drogas em mais de uma tomada ao dia, o ideal seria que conseguíssemos comtrolar a pressão usando somente o tratamento não mediamentoso e quando não fosse conseguido, que pudéssemos usar uma só droga. Como nem sempre isso é possível, lembrar que apesar de usar vários medicamentos, ele tem uma doença controlável, e que seguindo o tratamento adequadamente ele vai estar protegendo seus órgãos alvos. 2) Relacionados às medidas higieno-dietéticas: Importante salientar que estas medidas, conforme já comentadas anteriormente, são fundamentais no controle da hipertensão, muitas vezes quando bem implementadas são suficientes para normalizar a pressão, mas quando isso não acontece com certeza vai precisar de menos remédio, portanto, use sua criatividade: Retire o saleiro da mesa, diminua o sal dos alimentos, substitua-o por limão, cebola, alho e cheiro verde. Dimunia seu peso usando alimentos com valores calóricos menores, pois sempre que as pessoas aumentam de peso a pressão aumenta e todas as vezes que a pessoa emagrece a pressão abaixa. Prática diária de exercício também é necessária no controle da hipertensão, pois além dos benefícios já comentados do exercício, a pessoa que o pratica regularmente é quem toma a medicação e segue a dieta mais adequadamente, pois é alguém que tirou um horário do dia só para ela; além de ajudar a aliviar as tensões do dia a dia. A importância da tranqüilidade é outro ponto que sempre devemos buscar. Procure alguma coisa que lhe dê prazer e coloque ali toda a sua energia, seja através da dança, da pintura, dos trabalhos manuais, de um trabalho doméstico, da participação de um grupo de relaxamento etc. Observar sempre uso discreto ou abstinência de bebidas alcoólicas, pois seu excesso aumenta a pressão, além de ser uma das causas de resistência à terapêutica antihipertensiva, podendo também causar gastrite, úlceras no estômago, problema no fígado e ser também um grande problema social. 3) Relacionados aos medicamentos: Número exagerado de medicamentos: O ideal seria quando necessário, pudéssemos fazê-lo usando um único medicamento. Lembramos que a hipertensão arterial até 50 anos atrás matava 50% dos pacientes no primeiro ano e o restante nos próximos 5 anos. Hoje com todos os conhecimentos e todo arsenal terapêutico conseguimos controlar a pressão de 100% de seus portadores, desde que o tratamento seja seguido adequadamente, usando uma ou mais drogas junto às mudanças no estilo de vida. Necessidade de tratamento prolongado: O tratamento é para o resto da vida, pode ser que não vá ser sempre com o mesmo remédio, com a mesma dose ou depois de um certo tempo poderá até ser sem remédio, mas o tratamento somente poderá ser interrompido por orientação médica. Existência de efeitos colaterais: Hoje o tratamento da hipertensão é individualizado, portanto, quando o médico escolhe um medicamento é porque ele acha que este é o ideal para o paciente. Podem aparecer efeitos colaterais que devem ser comunicados imediatamente ao médico; o sintoma pode desaparecer com a continuidade do tratamento ou o medicamento precisará ser substituído ou ter sua dose ajustada. O tratamento nunca deverá ser interrompido sem orientação médica, pois existem inúmeras drogas seguras que podem substituir as que estão em uso. Preço elevado do medicamento: Hoje existem drogas extremamente eficazes, seguras com quase nenhum efeito colateral, mas que são muito mais caras que as drogas mais antigas. Como comentamos anteriormente, o tratamento da hipertensão é individualizado, portanto precisamos, as vezes, fazermos uso destas. O que sugerimos é que os pacientes unam-se em associações de pacientes, formando grupos de compras de medicamentos com intuito de baratear custos, conforme vem sendo demonstrado pela Associação Paulista de Assistência ao Hipertenso e outras Associações existentes no Brasil onde pacientes de baixo poder aquisitivo podem ter acesso a medicamentos compatíveis com seu quadro clínico. 4) Relacionados à doença: Ausência de sintomas nas hipertensões limítrofe, leve e moderada. Como a maioria dos pacientes inicialmente não apresentam nenhum sintoma, torna-se muito difícil convencê-los a iniciar e manter um tratamento, tendo que mudar seus hábitos de vida e fazer uso de medicamentos pelo resto da vida. É muito importante enfatizarmos que ao seguir um tratamento adequadamente, ele vai estar protegendo o coração, rins, cérebro, olhos e artérias e com isso mantendo ou melhorando sua qualidade de vida. Ausência de conseqüências a curto prazo: A maioria das pessoas são assintomáticas e após o diagnóstico de Hipertensão Arterial e a orientação do tratamento onde exige-se mudanças de estilo de vida, além da necessidade de uso de medicamentos leva o paciente a perguntar-se: que tenho que fazer tudo isso? O que vou ganhar com isso? Toda vez que após um diagnóstico de hipertensão, o paciente iniciar o tratamento e o fizer adequadamente ele estará diminuindo o risco de vir a ter um enfarte do miocárdio, insufuciência cardíaca, insuficiência renal, um derrame ou alterções no olho que podem comprometer a visão. 5) Relacionados a instituição: Grande distância do domicílio: o idela seria que todos os pacientes tratassem o mais próximo possível da sua residência, mas isso, nem sempre acontece, e não deve ser motivo para abandono do tratamento. Sua saúde vale qualquer sacrifício. Longo intervalo entre as consultas: as pessoas que se tratam no serviço público estão tendo sérios problemas, pois o sistema de saúde está passando por grandes dificuldades, com poucos profissionais o que sobrecarrega os que ali trabalham, portanto, se o intervalo entre as consultas for grande, o paciente deverá, neste intervalo comparecer às consultas de enfermagem e dos outros integrantes da equipe multidisciplinar. Mudança freqüente de médico: essa é uma das causas de abandono do tratamento. Ao ser informado que seu médico não trabalha mais naquela unidade, o paciente deverá manter as orientações anteriores e procurar outro médico o mais breve possível. Esperas muito prolongadas: Se você ao ir marcar consulta e for informado, que vai demorar, às vezes mais de um mês, não desista, marque a consulta para quando for possível e se for urgente procure um pronto socorro. Mau atendimento: O sistema de saúde passa por grandes dificuldades no momento, e não querendo justificar, acreditamos que muitos funcionários também são vítimas deste sistema, e se você agir com tranquilidade e cordialidade a chance de você ter um bom atendimento é muito grande. Mas se isso não acontecer não deixe que um mau atendimento coloque em risco sua saúde. 6) Relacionados ao paciente: Baixo padrão cultural e de educação: Em um país onde temos um grande contingente de analfabetos e semi-analfabetos e onde até muito pouco tempo não tínhamos uma tradição em fazermos educação em saúde, não podemos pretender que vocês tivessem todas as informações que acabamos de lhes passar. Agora têm às informações, portanto não podem abandonar seu tratamento. Ignorância sobre as consequências da hipertensão: A maioria das pessoas não têm conhecimento que apesar de assintomática inicialmente, a hipertensão lesa órgãos alvos importantes do nosso organismo, conforme mostramos anteriormente. Ausência de apoio familiar: Este também é um fator importante de não adesão ao tratamento. Sabemos que quando a família está envolvida no tratamento o resultado é muito melhor, portanto, se você está tendo problema com algum familiar, traga-o à consulta ou convide-o a participar de uma reunião como esta ou então converse com o serviço social e este familiar poderá ser convocado a comparecer a uma consulta onde será esclarecido da importância da sua participação em seu tratamento. Impressão de já estar curado: Se vocês esquecerem de tudo que foi falado aqui hoje, mas se lembrarem que a Hipertensão Arterial ainda não tem cura, que o tratamento é para o resto da vida, pode nem ser sempre com mesmo remédio, ou com a mesma dosagem, depois de um certo tempo às vezes sem medicamento, mas sempre sob orientação se seu médico, nós estaremos satisfeitos. Pense sobre tudo que discutimos, na importância do tratamento, multiplique estas informações, converse com seus familiares e entre nesta batalha contra a hipertensão arterial.