UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS AGRICULTORES FAMILIARES: SUSTENTABILIDADE E SÓCIOAMBIENTAL. DE MARKETIG POR EM BUSCA DE RESPONSABILIDADE RESUMO: A baixa produção das unidades familiares causada pela pouca automação dos processos produtivos adotados e o cultivo de pequenas áreas de terras vem dificultando a sobrevivência do pequeno agricultor no campo. Diversificar e agregar valor a sua produção, ir além da porteira, participar do mercado ocupando nichos de comercialização são alternativas para o agricultor familiar agregar renda a sua produção, sobreviver dignamente e alcançar a sustentabilidade com responsabilidade sócioambiental. Para esse trabalho buscou-se desenvolver uma cartilha com ferramentas básicas de Marketing e Gestão, as quais possibilitem aos agricultores familiares obterem conhecimentos a respeito de estratégias de marketing, sistemas de produção, gestão financeira e análise de investimentos. Para desenvolver essa cartilha foi elaborado um questionário e aplicado junto a uma amostra de agricultores na região de Guarapuava – Paraná, o qual forneceu subsídios quanto ao grau de escolaridade dos agricultores e o nível de entendimento quanto as ferramentas a serem disponibilizados pela cartilha proposta pelo projeto de pesquisa proposto. O fato mais importante observado durante a pesquisa foi a vontade demonstrada pelos agricultores em assimilar o conteúdo apresentado na cartilha. PALAVRAS CHAVES: Gestão, desenvolvimento sustentável e agricultura familiar. ABSTRACT: The low production of family units caused by lack of automation processes adopted and the cultivation of small areas of land has hindering the survival of small farmers in the field. Diversify and added value to their production beyond the farm, participate in occupying the market niche marketing are alternatives to the family farmer aggregate income production, surviving with dignity and achieve sustainability with environmental responsibility. To this study aimed to develop a booklet with basic tools Marketing and Management, which enable family farmers gain knowledge about marketing strategies, systems production, financial management and investment analysis. To develop this booklet was developed and applied a questionnaire with a sample of farmers in the region of Guarapuava - Paraná, which provided subsidies on the educational level of farmers and the level of understanding how the tools to be available by primer proposed by the research project proposed. The most important point observed during the study was the willingness by farmers to assimilate the content featured in the booklet. KEY WORDS: management, development and family farming 1 INTRODUÇÃO De acordo com o senso agropecuário de 1995/96 – IBGE, o Brasil contava aproximadamente com 4,1 milhões de estabelecimentos familiares ocupando cerca de 13,8 milhões de pessoas que representa 77% da população ocupada na agricultura brasileira produzindo 10% do PIB. A Secretaria da Agricultura Familiar, vinculada ao MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) informa que das 4,1 milhões de propriedades 1,9 milhões estabelecimentos produzem apenas 10% do que é produzido. Isso quer dizer uma importante parcela de pequenos agricultores brasileiros não estão inseridos no agronegócio nacional, produzindo quando muito para a subsistência de sua família. O citado censo identificou que comparado 1996 com o censo anterior de 1985, as propriedade com área inferior a 100 há, consideradas como agricultura familiar, sofreu uma redução de 1.085.793 propriedades, 21 % das propriedades consideradas familiares em 1985. A principal causa evidenciada pelo MDA para essa redução foi a falta de oportunidade e incapacidade de manter os jovens na atividade rural, uma vez que a mesma não consegue possibilitar condições mínimas de renda que motivem a permanência dos mesmos na agricultura familiar. Esse problema é preocupante, principalmente num país como o Brasil, o qual tem no desemprego uma de suas maiores dificuldades e com a evasão de grandes contingentes de agricultores familiares da zona rural para as periferias dos grandes centros, aumentam o número de desempregados e populações em risco. 1.1 Agricultura familiar As pequenas propriedades são em sua maioria exploradas no regime de Agricultura Familiar, conforme Lunardi e Santos (2000) descrevem a agricultura familiar como aquela que não contrata força de trabalho exterior a sua propriedade, que possui certa extensão de terra e seus próprios meios de produção, e que, às vezes se vê obrigado, para continuidade de suas atividades, a empregar parte de sua força de trabalho em outras atividades externas a sua propriedade. Para esses autores, qualquer que seja o fator determinante na organização da unidade produtiva agrícola familiar e, que possa ser considerada dominante, como a influência do mercado, a extensão de terra utilizada ou a disponibilidade dos meios de produção, faz-se necessário reconhecer que a mão-de-obra é o elemento principal dessa forma de produção. A composição da família é um fator determinante do volume de atividades a ser desenvolvida na propriedade, uma vez que pais e filhos normalmente exercem todas as atividades relacionadas a produção, gestão e comercialização da produção. Nesse sentido, o agricultor familiar é proprietário e trabalhador ao mesmo tempo. O rendimento que obtém na propriedade não tem como ser separado entre fator de produção e mão de obra familiar. Na unidade agrícola de produção familiar o resultado da produção forma um rendimento indivisível, em que é praticamente impossível separar o que foi gerado pelo trabalho, pelo investimento do capital ou, o que é renda da terra. É nessa totalidade que o agricultor deverá prover o sustento da família bem como o rendimento da propriedade. 1.2 Agricultura familiar e sustentabilidade A busca por sustentabilidade e justiça social para as famílias vinculadas a agricultura familiar deve ser uma busca constante por parte do setor público, seja por meio de programas de desenvolvimento ou por meio de atividades acadêmicas de extensão e qualificação gerencial para esse púbico tão carente de ações públicas para o desenvolvimento das mesmas. A sustentabilidade, nas dimensões social, ambiental, cultural, política e institucional tem grande importância nas perspectivas da agroecológica, sistemas silvo-pastoril, agro-florestais entre outras atividades possíveis de agregar renda e promover o desenvolvimento socioeconômico. Essas atividades são partes alternativas e inovadoras possíveis e necessárias na agricultura familiar brasileira, são também fundamentais ao conceito de sustentabilidade adotado por esses sistemas. As ferramentas de gestão e marketing, políticas públicas de apoio, promoção e intermediação de experiências práticas de desenvolvimento nos níveis locais, regionais e globais são também partes deste processo. É por isto que se faz a vinculação neste projeto entre sistemas de produção da agricultura familiar, adoção de práticas de gestão profissional e o Desenvolvimento Local Sustentável, como possibilidade de construção do desenvolvimento em nível de determinado local ou região, e com vinculações aos outros níveis pertinentes (Global ou regional, por exemplo), mas de forma integrada e que propicie a expansão de tais práticas para outras realidades como um processo interativo dentro e fora das propriedades vinculadas a agricultura familiar. No desenvolvimento da agricultura sustentável a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e o INCRA (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) fazem algumas recomendações. Primeiramente, faz-se necessário implementar uma política científica e tecnológica “especialmente em sistemas integrando agricultura e pecuária, em produtos tradicionais” e nos produtos dependentes de muita mão-de-obra (FAO/INCRA, 1994:10). Também são recomendadas reestruturações dos serviços de extensão rurais, a promoção da integração vertical agriculturapecuária, o incentivo à rotação de culturas, a indução de práticas de controle integrado de pragas, maior utilização da adubação orgânica, a conservação do solo através, dentre outros, de práticas culturais como a cobertura verde e finalmente, é necessário desenvolver e apoiar a utilização de sistemas agroflorestais (FAO/INCRA, 1994:10-11). Vários são os objetivos a serem alcançados pelo desenvolvimento sustentável quanto a práticas agrícolas, destacando-se: • “a manutenção por longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola; • o mínimo de impactos adversos ao ambiente; • retornos adequados aos produtores; • otimização da produção com mínimo de insumos externos; • satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda; • atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais” (VEIGA, 1994). 1.3 Problema A falta de ferramentas de gestão adaptadas a realidade da pequena agricultura brasileira e o acesso dos pequenos produtores a essas ferramentas contribuem para a falta de sustentabilidade do setor? 1.4 Objetivo O objetivo deste trabalho foi identificar o perfil dos agricultores familiares da região de Guarapuava - Paraná e obter subsídios para a elaboração de uma cartilha com noções conceituais e práticas sobre ferramentas de gestão com ênfase em marketing, de forma simples e resumida, adaptada a realidade profissional dos mesmos, visando auxilia-los no gerenciamento de seus empreendimentos. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Como metodologia de pesquisa para a realização desse trabalho foram utilizados dois métodos, inicialmente uma pesquisa descritiva exploratória, pois, como defendem Cervo e Bervian (1996, p. 51) os estudos exploratórios não elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar maiores informações sobre determinado assunto de estudo [...] a pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma. Em um segundo momento, o trabalho se utilizou do método comparativo, pois como descreve Fachin (1993, p. 44), “esse método consiste em investigar “coisas” ou fatos e explica-los segundo suas semelhanças ou diferenças ...” Para a pesquisa foi definida uma amostra de 35 agricultores, enquadrados como agricultores familiares, residentes na região de Guarapuava – Paraná. Para isso foi utilizada a técnica não probabilística por tipicidade conforme LAKATOS E MARCONI (1976). A aplicação do questionário teve como objetivo identificar qual o nível de compreensão dos agricultores pesquisados com relação as técnicas administrativas propostas para a elaboração da cartilha a ser desenvolvida como parte de projeto de pesquisa, bem como identificar o perfil dos mesmos quanto: a posse da terra; experiência na atividade; faixa etária; grau de instrução; e grau de instrução dos filhos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Com base no perfil dos agricultores pesquisados, desenvolveu-se uma cartilha explicando algumas ferramentas básicas de gestão com ênfase em marketing e como ocorre o relacionamento com a atividade agropecuária. Foi adotada uma linguagem simples, o mais compatível com o grau de escolaridade dos agricultores pesquisados. Após elaborado a cartilha, foi novamente contatado cinco agricultores da amostra pesquisada, também de forma aleatória, para que os mesmos analisassem e avaliassem o material desenvolvido quanto a: • Interesse despertado pela cartilha; • Praticidade e utilidade dos conteúdos abordados; • Entendimento das ferramentas de gestão e marketing propostos na cartilha • Aplicabilidade dos conteúdos tratados na cartilha à realidade da agricultura familiar; • A possível capacidade de implementação das teorias nas práticas do dia a dia vividos pelos agricultores. Com a avaliação dos agricultores foi possível mensurar que em média houve uma aprovação em 86 % dos conteúdos propostos quanto a aplicabilidade e entendimento das ferramentas propostas. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os indicadores de sustentabilidade existem e estão presentes em muitos momentos da exploração familiar. Eles, no entanto, não são suficientes para garantir a sustentabilidade social, ambiental e econômica. É preciso repensar as técnicas, os meios de produção, sua finalidade e capacidade de gestão. Constatou-se, por meio do estudo, a necessidade de boa política rural local, direcionada às necessidades destes produtores familiares, não basta o financiamento existente, a assistência técnica. É necessário melhorar a capacidade gerencial, introduzir conceitos de administração científica, encontrar nichos de mercado consumidor e fazer com que o resultado disso, chegue ao produtor familiar. Uma reavaliação das necessidades dos agricultores familiares também é importante, que os levem ao conhecimento da operacionalização da sustentabilidade no sistema agrícola e de pecuária causando abertura de mentalidade dos produtores familiares para nova visão do seu mundo e do que os cerca. A migração dos filhos dos produtores familiares não significa retorno econômico para as famílias, como ocorre em muitas áreas de agricultura familiar e que pode dinamizar a propriedade familiar. Na maioria dos casos, a emigração dos filhos para os grandes centros somente propicia a formação de bolsões de pobreza nas periferias, contribuindo para a marginalidade e baixa perspectiva de melhoria das condições de vida. Conclui-se que a estruturação da produção dos agricultores familiares, identificando nichos de mercados para a comercialização diferenciada, a qual agregue valor aos produtos, bem como a utilização de técnicas gerenciais, auxiliarão ao desenvolvimento sustentável, ecologicamente correto e propiciarão a fixação dos agricultores e seus descendentes na atividade agropecuária. 5 REFERÊNCIAS CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de Investimentos: Matemática Financeira; Engenharia Econômica; Tomada de decisão; Estratégia empresarial. 10ª ed. Editora Atlas. São Paulo – 2006 CERVO, A. L; BERVAIN, P. A. Metodologia Científica. 3ª Ed. Ed. McGraw-Hill. São Paulo – SP 1996 COBRA, M. Administração de Marketing, 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1992. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural: Uma Abordagem Decisorial. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2005. 338 p. DERAL, Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná. Perspectivas do mercado da madeira. Disponível em http://seab.pr.gov.br/deral . Acesso em 03 de dezembro de 2009. FACHIN, O. Fundamentos de Metodologia. 5ª edição, Ed. Saraiva, São Paulo – 2006. GROPPELLI, A.A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira. São Paulo – SP. Ed. Saraiva 1998. INCRA/FAO. Perfil da Agricultura Familiar no Brasil: dossiê estatístico. Brasília, 1996 LAKATOS. E. M; MARCONI, M. A. Metodologia do Trabalho Científico. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1986 LUNARDI, S. M.; SANTOS, A. C. O Programa de Gestão Agrícola de Extensão Rural do Rio Grande danen