UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ SUÉLEN COSTA MOTIVAÇÃO PARA O USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: O CASO DOS AGRICULTORES PLANTADORES DE GRAMA DA REGIÃO DE SANTA CRUZ Biguaçu/SC 2009 1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ SUÉLEN COSTA MOTIVAÇÃO PARA O USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: O CASO DOS AGRICULTORES PLANTADORES DE GRAMA DA REGIÃO DE SANTA CRUZ Monografia apresentada como requisito para obtenção do titulo de Bacharel em Enfermagem, na Universidade do vale do Itajaí, Centro de educação Biguaçu. Orientadora: Profª Msc. Ângela Maria B. Ortiga. Biguaçu/SC 2009 2 SUÉLEN COSTA MOTIVAÇÃO PARA O USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: O CASO DOS AGRICULTORES PLANTADORES DE GRAMA DA REGIÃO DE SANTA CRUZ Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação pela Banca Examinadora, atendendo as normas da legislação vigente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Área de Concentração: Enfermagem Biguaçu, novembro de 2009. ______________________________________ Profª. Msc. Ângela Maria Blatt Ortiga Orientadora ______________________________________ Profª Msc. Maria Catarina da Rosa Membro ______________________________________ Profª. Drª Selma Regina de Andrade Membro 3 Agradecimentos • A Deus, pelo dom da vida e por todas as oportunidades colocadas em meu caminho. • A toda minha família, em especial minha mãe Vergilia e meu irmão Danilo, exemplo de força e união. Esta não é uma vitória somente minha é nossa. • A família Schmitt, especialmente ao meu namorado Cleiton, por todo o incentivo e compreensão nas horas que precisei. • A banca examinadora, principalmente as orientadoras Selma e Ângela, obrigado pelo empenho e dedicação. • Ao grupo de estágio Arroz Papa: Ana Cristina, Eyleen, Míria, Piera e Roberta. Os momentos que passamos serão inesquecíveis. • Ao Banco de Leite Humano da Maternidade Carmela Dutra, por todo o aprendizado profissional e pessoal. Vocês estarão sempre na minha memória e no meu coração. • Aos colegas de turma e professores, obrigado pela convivência e aprendizado. • Aos sujeitos de pesquisa pela disponibilidade em participar deste trabalho, a participação de vocês foi fundamental. • A todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a terminar esta caminhada. 4 RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo conhecer os motivos que levam o agricultor plantador de grama da região de Santa Cruz, municipio de Biguaçu/SC, a procurar os serviços de saúde, como forma de identificar necessidades especificas dessa população e posteriormente desenvolver maneiras de atender estas necessidades tendo maior resolubilidade, contribuindo com as atividades dos profissionais de saúde. A revisão bibliográfica dos principais temas relacionados a pergunta norteadora inclui estudos acerca da motivação, serviços de saúde e trabalho rural. A pesquisa teve enfoque predominantemente qualitativo, de natureza exploratória e descritiva, através da coleta de dados por meio de um questionário semi-estruturado. Este estudo teve as seguintes categorias de análise: o trabalhador rural e a sua relação de usuário dos serviços de saúde; motivos de procura do trabalhador rural aos serviços de saúde; o trabalhador rural frente ao acidente de trabalho; percepção dos trabalhadores rurais sobre o cuidado de saúde frente aos riscos e doenças ocupacionais. A pesquisa mostrou resultados interessantes para a área da saúde, pois revelou o quanto os serviços de saúde ainda não estão estruturados para atender o trabalhador rural, além de mostrar que existe falta de informações sobre cuidado e promoção à saúde. Que o trabalhador não faz a relação sobre os dados e os acidentes sofridos como sendo acidentes decorrentes do trabalho. A legislação brasileira é falha sobre a obrigatoriedade da notificação dos acidentes devendo os dados serem superiores aos dados oficiais divulgados. A relevância desta pesquisa reside em sua abrangência nas áreas de promoção da saúde e da prevenção de riscos e danos á saúde do trabalhador rural. Palavras-chave: Motivação, Trabalho Rural e Serviços de Saúde. 5 ABSTRACT The purpose of this study is analyse the reasons that make the grass’s growers of the Santa Cruz’s region, city of Biguaçu, search the health service like a way to identify specific needs of this population and, afterward, develop ways to attend this necessities with more resolution, contributing the health’s professional activities. The literature’s review of the principal themes related to the guiding question includes studies of motivation, health services and rural work. The research had, predominantly, the qualitative focus, with exploratory and descriptive nature, through the data collect by a semi-structured questionary. The categories of this study were: the rural worker and his relation with the health’s service, the risks and damages to the rural worker that works in the planting Grass, the reason of the search for the health’s service by the rural worker, the rural worker’s perception about the health care in front of the risks and occupacional diseases. This research showed interesting results to the health área because revealed how the health’s system are not structured to attend the rural worker, beyond to show the lack of information about the data and the health’s promotion. That the worker don’t make the association about the data and the accidents suffered like work’s accidents. The brasilian legislation is failure about the requirement of the notification of these accidents and the data may be superior to the official data released. The relevance of this research is in the area of coverage of the promotion to the health and prevention of the risks and damages to rural worker. Keywords: Motivation. Rural work. Health’s service. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Grau de escolaridade dos agricultores plantadores de grama.....................27 Figura 2: Idade por Sexo dos agricultores plantadores de grama...............................28 Figura 3: Serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores de grama.......30 Figura 4: Percentual de agricultores plantadores de grama que utilizam os serviços de saúde...........................................................................................................................32 Figura 5: Tipos de ações e serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores de grama......................................................................................................................35 Figura 6: Demonstrativo de freqüência que os agricultores plantadores de grama utilizam os serviços de saúde......................................................................................36 Figura 7: Motivos que levaram os agricultores plantadores de grama a procurarem os serviços de saúde…………………………………………………………………………...37 Figura 8: Percentual de agricultores plantadores de grama que realizam algum cuidado em saúde.....................................................................................................................45 Figura 9: Grau de interferência de hábitos de vida e atividades de trabalho na saúde do agricultor plantador de grama……………………………………………………………...47 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA................................................................................9 2 OBJETIVOS.................................................................................................................12 2.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................................12 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................12 3 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................13 3.1 MOTIVAÇÃO..................................................................................................13 3.2 TRABALHO RURAL.......................................................................................15 3.3 SERVIÇOS DE SAÚDE.................................................... .............................19 4 ASPÉCTOS METODOLÓGICOS................................................................................23 4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA..................................................................23 4.2 LOCAL DE ESTUDO......................................................................................23 4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO...........................................................................23 4.4 COLETA DE DADOS.....................................................................................24 4.5 MÉTODO DE ESCOLHA...............................................................................24 4.6 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS.............................................................25 4.7 ASPECTOS ÉTICOS......................................................................................26 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................27 5.1 IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA.......................................27 5.2 TRABALHADOR RURAL E A SUA RELAÇÃO DE USUÁRIO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE..................................................................................................29 5.3 MOTIVOS DE PROCURA DO TRABALHADOR RURAL AOS SERVIÇOS DE SAÚDE............................................................................................................................35 5.4 O TRABALHADOR RURAL FRENTE AO ACIDENTE DE TRABALHO........42 5.5 PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS SOBRE O CUIDADO EM SAÚDE FRENTE AOS RISCOS E DOENÇAS OCUPACIONAIS..................................44 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................50 REFERÊNCIAS...............................................................................................................52 APÊNDICES ...................................................................................................................53 8 Apêndice I: Termo de Compromisso e Aceite de Orientação………………………….….59 Apêndice II: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido…………………………….…60 Apêndice III: Questionário semi-estruturado...................................................................61 9 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Ao longo do tempo houve uma mudança significativa nos processos de trabalho. No passado, a subsistência era gerada quase que exclusivamente através do trabalho rural, como por exemplo, o cultivo da cana-de-açúcar e do café. Com o passar dos anos a população foi crescendo e, junto com o crescimento, a necessidade de emprego. Apareceram as indústrias e novas tecnologias e a agricultura aos poucos foi perdendo seu espaço, principalmente a agricultura familiar. Hoje, sobrevivem em sua maioria os agricultores capitalistas, que segundo Fehlberg (2001a), são aqueles que não participam do processo de trabalho, possuem uma grande extensão de terra, empregam trabalhadores, tem acesso a maquinário moderno e sua produção é totalmente vendida. No entanto, a agricultura familiar ainda permanece como uma grande força na economia brasileira, a agricultura familiar representa a maioria dos produtores rurais do Brasil, sendo que de alguns produtos básicos, como arroz, feijão e mandioca, 60% da produção provém da agricultura familiar. Este tipo de atividade tem papel significativo na economia das pequenas cidades, pois gera empregos e ajuda a manter outros (EMBRAPA, 2004). Com isso podemos constatar a importância deste tipo de agricultura, não somente no setor econômico, mas também em outras áreas, como no meio cultural e de subsistência. Devemos dar maior enfoque a agricultura familiar já que ela é ainda responsável por grande parte da produção brasileira e que cada vez mais vai sendo esquecida. Esta pesquisa teve como enfoque os motivos que levam o trabalhador rural a procurar os serviços de saúde. Para isto a população a ser estudada foi a comunidade rural de Santa Cruz conhecida popularmente como Rússia, já que os moradores desta comunidade em sua maioria exercem a agricultura familiar. A comunidade está localizada no interior do município de Biguaçu, Santa Catarina. Segundo relatos de moradores mais antigos da região, a comunidade é chamada de Rússia devido aos bailes realizados nas casas dos moradores daquela comunidade com a presença de moradores da comunidade vizinha chamada Alemanha. Estes iam até Santa Cruz para participar dos bailes e frequentemente provocavam brigas. Os moradores comentavam 10 que parecia a Rússia naquela época (1939- 1945), numa alusão à invasão da Rússia determinada por Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial na Europa. A comunidade de Santa Cruz está dividida em 86 propriedades, 44 famílias e 147 moradores, segundo Censo Sócio Econômico de 2007 (PMB, 2008). A atividade exercida pela maioria da população é o cultivo da grama, sendo que a maioria das famílias é nuclear, ou seja, constituída por pai, mãe e filhos. Grande parte dos trabalhadores rurais são donos das terras onde trabalham e não possuem carteira assinada. Os agricultores da comunidade de Santa Cruz são considerados agricultores médios (FEHLBERG, 2001a), pois estes participam do processo de trabalho, utilizam máquinas para trabalhar a terra, raramente contratam mão-de-obra extra-familiar e vendem sua produção. Estes agricultores trabalham na produção de grama o ano inteiro, sendo que não utilizam nenhum tipo de proteção, além de trabalharem em ambientes desfavoráveis, pois quando não estão na roça de grama estão em galpões fechados, com presença de poeira e ratos. Tudo isso implica na exposição do agricultor a vários riscos à sua saúde. Fehlberg (2001b) afirma que os agricultores estão expostos a agentes físicos, químicos e biológicos, como ferramentas, agrotóxicos, animais peçonhentos entre outros riscos que o trabalhador rural se sujeita diariamente. Na comunidade de Santa Cruz, os agricultores plantadores de grama não usam EPI (Equipamento de Proteção Individual) como botas, luvas ou máscaras que são equipamentos essenciais para minimizar os riscos de acidentes durante o seu processo de trabalho. Sobre a motivação para a busca de serviços de saúde, Pereira (2000) indica que grande parte da população que procura os serviços de saúde são mulheres. Os que menos procuram são os indivíduos sadios e aqueles que desconhecem os riscos que patologias e traumas (ocupacionais ou não) podem trazer. Talvez esta seja a situação do trabalhador rural, ou seja, a falta de informação e conhecimento sobre métodos de prevenção e cuidados com a manutenção da sua saúde que podem levar a complicações de problemas não levados em consideração. A este respeito, Fehlberg (2001b), relata o sub registro de muitos acidentes de trabalho devido ao fato dos 11 agricultores evitarem qualquer busca por assistência por considerarem desnecessário esse cuidado. Sendo assim, esta pesquisa adotará a seguinte questão norteadora: Quais os motivos que levam o agricultor plantador de grama da região de Santa Cruz a procurar os serviços de saúde? Faria (2000), indica que, na área da saúde, o interesse pelo trabalhador rural ainda é pequeno, talvez devido à dispersão geográfica dos agricultores, a maioria dos estudos realizados sobre a população agrícola utiliza dados secundários e produz comparações entre a população urbana e rural. Neste sentido, compreende-se a importância deste estudo, especialmente no âmbito da prevenção e da educação em saúde. Esperamos que os resultados possam contribuir para ampliar o interesse dos profissionais de saúde sobre as necessidades específicas desta população e desenvolver ferramentas e habilidades para atender às necessidades dos trabalhadores rurais, orientando o trabalhador quanto aos riscos que ele corre durante o seu processo de trabalho e dando enfoque no modo de prevenção. 12 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Conhecer os principais motivos que levam ou não o agricultor plantador de grama da comunidade de Santa Cruz a procurar os serviços de saúde. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar os tipos de atenção/assistência à saúde que o trabalhador rural faz uso; Levantar o interesse dos agricultores sobre o cuidado à sua saúde; Identificar hábitos culturais e ocupacionais e como estes influenciam no seu dia-adia e na sua saúde. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA Neste capitulo foram abordados três itens básicos: Motivação, Trabalho Rural e Serviços de Saúde, considerados de extrema importância para o desenvolvimento da pesquisa. A motivação, regra geral, é o que leva os indivíduos a tomarem atitudes e comportamentos, sendo que os motivos surgem quando aparece alguma necessidade. Esta pode ser fisiológica, de segurança, de amor, de estima, de auto-realização, entre outras. No tema trabalho rural foi abordado o local de trabalho, no caso o sitio ou roça, os tipos de agricultores, de que forma eles estão classificados, além de englobar algumas características do trabalho rural e os riscos que estes trabalhadores estão expostos. Já no tópico relativo aos serviços de saúde foram levantados alguns pontos importantes para a compreensão do que é, como funciona a rede de assistência à saúde, de que forma ela esta organizada, entre outros aspectos. 3.1 MOTIVAÇÃO Batista (2005) relata que desde os tempos mais antigos, existe uma preocupação com os motivos de agir e fazer de cada pessoa. Vários estudiosos ao longo do tempo construíram teorias para explicar o que faz as pessoas adotarem atitudes e comportamentos, o que fez surgir inúmeras teorias sobre motivação. Para Davidoff (2001), muitas questões sobre a conduta humana referem-se à motivação. Motivos, necessidades, impulsos e instintos são todos constructos, idéias concebidas para explicar comportamentos que de outra forma não seria possível. Segundo Atkinson et al (2002), motivação é uma condição que energiza o comportamento e o orienta, a motivação é expressada na forma de desejo consciente. A escolha consciente parece ser a conseqüência e não a causa de nossos estados motivacionais. 14 Batista (2005), conceitua motivação como “desejo de obter algo” ou como “um impulso para a satisfação”. Para Lopes (1980) apud Haro (2006), motivação advém do latim movere, que significa mover, seria um estado interno de energia, e que dirige ou canaliza o comportamento em direção aos objetivos. Para Spector (2004) apud Haro (2006), motivação pode ser vista como um estado interior que leva o ser humano a realizar certas condutas. A motivação é vista de duas formas: a primeira tem a ver com direção, intensidade e persistência de um comportamento durante algum tempo, a direção está ligada às escolhas de comportamentos específicos dentre outros possíveis, a intensidade está vinculada ao esforço que um indivíduo se compromete para realizar uma atividade e a persistência está conectada à dedicação constante em um comportamento em certo tempo. Já para a segunda perspectiva, a motivação está vinculada ao desejo de adquirir ou alcançar alguns objetivos, ou seja, são necessidades e vontades humanas. Davidoff (2001) define os termos motivacionais em motivos, necessidades, impulsos e instintos. Necessidade significa aquilo que a própria palavra parece dizer: deficiências. Elas podem estar baseadas em exigências corporais especificas, na aprendizagem ou em ambas. Motivo refere-se a um estado interno que pode resultar de uma necessidade. Impulsos são aqueles que surgem para satisfazer necessidades básicas relacionadas com a sobrevivência e derivadas da fisiologia. Instinto refere-se a padrões de comportamento que se pensa serem derivados da hereditariedade. Weinberg e Gould (2001) apud Haro (2006), definem a motivação como sendo a direção e a intensidade do esforço. A direção se refere a uma pessoa buscar, aproximar ou ser atraído a determinadas situações, enquanto a intensidade refere-se ao esforço que um indivíduo investe em certas situações. Estes autores ainda descrevem as três divisões típicas da motivação: visão centrada no participador, visão centrada na situação e visão interracional entre indivíduo e situação. Davidoff (2001), em seu texto, nos mostra dois modelos de motivação: homeostático e de incentivo. O modelo homeostático pressupõe que o corpo tem padrões de referência, ou pontos estabelecidos, para cada uma de suas necessidades. O padrão de referência aponta o estado ótimo, ideal ou equilibrado. Cada pessoa, por exemplo, tem um padrão de referência para a temperatura do corpo, valor próximo a 37 15 graus, quando o corpo afasta-se desse referencial, a necessidade aciona o motivo, este então aciona um comportamento voltado para o retorno do equilíbrio. Já o modelo de incentivo diz que experiências e incentivos freqüentemente alteram cognições e emoções, levando à motivação. A motivação aciona o comportamento. Conforme Bergamini (1997) apud Haro (2006), a motivação pode ser intrínseca ou extrínseca. A motivação intrínseca é aquela em que os fatores causam principalmente motivação ou satisfação, porém a sua falta causará insatisfação ou desmotivação. A motivação extrínseca é aquela em que os indivíduos podem agir como resposta de estímulos vindos do meio ambiente, tendo como base informações guardadas no seu consciente ou através de impulsos desconhecidos. Alguns motivos são mais básicos do que os outros. A teoria de Abrahan Maslow, psicólogo humanista, sugere motivos que seguem uma ordem. O ser humano nasce com cinco sistemas de necessidades nos quais são dispostos em hierarquia. A teoria de Maslow começa com as necessidades fisiológicas, como alimento, água, oxigênio, sono, sexo, proteção contra temperaturas extremas, estimulação sensorial e atividades. Essas necessidades são as mais fortes e imperiosas. Após as necessidades fisiológicas satisfeitas, tornam-se aparentes as necessidades de segurança, de sentir-se protegido. Após, vem a necessidade de amor, a necessidade de estima e a necessidade de autorealização (DAVIDOFF, 2001). 3.2 TRABALHO RURAL As atividades econômicas ligadas ao campo possuem raízes profundas na história brasileira. Apesar do intenso processo de industrialização a partir dos meados dos anos 40, e da acelerada migração rural-urbana que acompanhou este processo, as atividades rurais tem grande importância no país. A história da atividade rural no Brasil se confunde com a própria história brasileira. O processo de exploração e ocupação no país inicia-se com a extração da madeira, seguiram-se a monocultura do café e da cana, o ciclo da borracha, a pecuária extensiva entre outros produtos. Sendo assim, a 16 atividade rural no país abrange a lavoura, pecuária, florestal, extrativismo e pesca artesanal (RENAST, 2006). Trabalhadores são todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio ou de seus dependentes, independente de sua inserção no mercado de trabalho nos setores formais ou informais da economia. Fazem parte deste grupo os empregados assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores avulsos, trabalhadores rurais, autônomos, servidores públicos, empregadores e proprietários de micro e pequenas unidades de produção (RENAST, 2006). Woortmann (1997) diz que o sítio é o lugar de trabalho por referência do trabalhador rural, sendo que o sítio é igualmente o resultado do trabalho, pois é um conjunto de espaços articulados entre si. O sítio se compõe dos seguintes espaços: o mato, a capoeira, o chão de roça, o pasto, a casa e o quintal. O mato se designa a uma área coberta de vegetal que nunca sofreu derrubada ou que esta ocorreu há muito tempo atrás. É o espaço inicial que dá lugar ao roçado. Nota-se que o ambiente natural tem significado diferentes para os sitiantes e para os grandes proprietários. Para os grandes proprietários, o mato é algo a ser removido para ser substituído pelo capim. Para os sitiantes, é algo a ser preservado como espaço de trabalho. O mato é o ponto de partida de qualquer um dos espaços do sítio, após o mato ser transformada nos demais espaços, a casa fica sendo o ponto de partida para o processo de trabalho, realizado sob o governo do homem, pois é nela que são guardados os instrumentos de trabalho e as sementes, é ela que abriga os agricultores e é nela que se decidem o quanto e o que será cultivado. Para Pereira et al (2004), a agricultura familiar é dividida a partir de três características centrais: a) a administração da unidade produtiva e dos investimentos nela realizados são feitos por indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou de casamento; b) a maior parte do trabalho é fornecido igualmente pelos membros da família; c) a propriedade dos meios de produção pertence à família e é nela que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou aposentadoria dos responsáveis pela unidade. Neste trabalho admite-se até dois empregados permanentes. Segundo Fehlberg (2001a), os agricultores podem ser descritos em quatro classes distintas: 17 Agricultores capitalistas: são os trabalhadores que estão separados do processo de produção, possuem grandes extensões de terra, tem à sua disposição máquinas e implementos modernos, empregam mão-de-obra assalariada, não vendem sua própria força de trabalho e sua produção está totalmente destinada para a venda. Agricultores acomodados e médios: estes não estão separados do processo direto de produção, possuem extensão de terra que passam de oito hectares, contam com implementos modernos e algumas vezes com máquinas para trabalhar a terra, contratam mão-de-obra extrafamiliar em forma ocasional e raramente trabalhadores assalariados fixos, não vendem sua própria força de trabalho e sua produção é destinada para a venda no mercado. Agricultores pobres e semiproletários: possuem extensões de terra que raramente passam dos oito hectares, não dispõem de máquinas próprias na exploração de suas terras, utilizam somente instrumentos artesanais ou ultrapassados, não contratam mãode-obra com freqüência, vendem temporariamente sua força de trabalho e sua produção é destinada para o consumo próprio. Assalariados agrícolas: não dispõem de meios de produção próprios para sobreviver e se vêem obrigados a vender sua força de trabalho. Segundo dados do IBGE (1985, 1995) apud Faria (2000), o trabalho rural envolve 26% das pessoas com idade maior ou igual a dez anos no país, crescendo para 30% na região Sul. Cerca de dois terços deste contingente está vinculado com a agricultura familiar. Os trabalhadores do campo estão inseridos em diferentes processos de trabalho, em relações que acontecem no âmbito de família, em pequenas propriedades (RENAST, 2006). No Brasil a agricultura familiar possui menor quantidade de terra, recebe menor volume de crédito e, apesar disso, contribui com importante volume de produção, especialmente na região Sul (FARIA, 2000). Para Fehlberg (2001a), a maioria dos trabalhadores rurais é proprietário da terra onde trabalham, esses agricultores trabalham por conta própria e não possuem carteira assinada. Faria (2000) mostra que o trabalhador rural trabalha em média 10 horas por dia e as mulheres constituem quase 50% dos trabalhadores em atividade. Segundo Woortemann (1997), é o homem que define a direção, pois é o pai de família que é considerado socialmente o possuidor do conhecimento, enquanto os outros homens e 18 as mulheres também conhecem perfeitamente todas as etapas do processo produtivo, mas é o pai que toma as decisões, como se somente ele fosse o possuidor do conhecimento. Sendo que Faria (2000), refere que a maioria das famílias rurais é nuclear, ou seja, composta pelo chefe, o cônjugue e os filhos. O processo de modernização tecnológico iniciado na década de cinqüenta com a conhecida Revolução Verde modificou em muito as práticas agrícolas, gerou mudanças ambientais, na carga de trabalho e no seu efeito sobre a saúde, deixando os trabalhadores rurais expostos a diversos riscos (FARIA, 2000). Acidentes de trabalho são fenômenos socialmente determinados, indicativos da intensa exploração a que são submetidos grande parte dos trabalhadores brasileiros (BINDER e CORDEIRO, 2003). O Brasil é um recordista mundial de acidentes de trabalho, com 3 (três) mortes a cada duas horas e 3 (três) acidentes não fatais a cada minuto. Oficialmente são registrados 390 mil acidentes de trabalho por ano no Brasil, com aproximadamente 3 (três) mil mortes. Porém, o Ministério da Previdência Social calcula que esse número chegue a 1,5 milhões por ano, se todas as ocorrências fossem cadastradas (FACCHINI, 2005). Os trabalhadores da agricultura e da pecuária estão diariamente expostos a agentes físicos, químicos e biológicos que podem causar acidentes, como máquinas, agrotóxicos, ferramentas manuais, animais domésticos e animais peçonhentos. A real prevalência dos acidentes é subestimada, pois os acidentes de menor gravidade não são registrados por não precisarem de cuidados de saúde (FEHLBERG, 2001b). Para Fehlberg (2001 b), tudo indica que o sub-registro na zona rural seja maior do que nos centros urbanos, devido grande parte das pessoas trabalharem por conta própria, não possuindo carteira assinada e raramente registrando os acidentes ocorridos. A modernização da agricultura aumentou potencialmente alguns riscos de acidentes e sua gravidade. A necessidade de aumento da produção e desvalorização de produtos primários comercializados na propriedade, além dos altos custos de produção, elevou a jornada de trabalho e aumentou a utilização de agrotóxicos, o que pode contribuir para a ocorrência de acidentes. Para Facchini (2005), a identificação da relação entre problemas de saúde com as atividades de trabalho e riscos ocupacionais é imprescindível para a definição de 19 prioridades de prevenção em saúde do trabalhador. As doenças ocupacionais representam um risco presente para os trabalhadores devido mudanças tecnológicas, gerenciais, demográficas e de escassez financeira (FACCHINI, 2005). Conforme o site Agroportal (2004), as principais causas de acidentes no trabalho rural são atividades com máquinas e ferramentas, produtos químicos, quedas, posturas corporais forçadas, cargas pesadas, horários longos e manejo de animais. Problemas músculo-esquelético, câncer, perda auditiva, intoxicações, acidentes, doenças cardiocirculatórias e problemas emocionais são alguns dos principais agravos à saúde dos trabalhadores. Além da carga de trabalho a que estão submetidos, processos insalubres e perigosos de trabalho, equipamentos defasados, poluição sonora, ritmo intenso e movimentos repetitivos aumentam as chances de adoecimento e invalidez dos trabalhadores (FACCHINI, 2005). Para Faria (2000), na área da saúde pública a produção de conhecimento sobre o trabalhador rural ainda é pequena, talvez devido à dispersão geográfica dos agricultores, o que dificulta a realização de estudos populacionais. A maioria dos estudos sobres saúde rural ainda utiliza dados secundários, ou sobre usuários de algum serviço ou ainda fazendo a comparação entre população urbana e rural. Portanto persiste a escassez de estudos epidemiológicos enfocando os problemas de saúde do trabalhador rural. 3.3 SERVIÇOS DE SAÚDE Os serviços de saúde fazem parte do meio social onde vivem as pessoas, sendo este um elemento que pode alterar a freqüência e a distribuição dos agravos em saúde, e melhorar a qualidade de vida da população (PEREIRA, 2000). Para Pereira (2000), o perfil de morbidade da população deve determinar o tipo, a quantidade e a distribuição dos serviços no coletivo, com o intuito de manter ou melhorar o seu nível de saúde. Com isso, o conhecimento do perfil de agravos à saúde prevalente na região, tarefa do pessoal de saúde pública, é um indicador para a provisão de recursos e serviços, seja em termos de pessoal, medicamentos, 20 equipamentos e demais insumos utilizados nas atividades realizadas. Os serviços de saúde devem ser em número suficiente, devem estar localizados estrategicamente e acessível aos clientes, além de resolver os problemas de saúde. Os serviços, isoladamente, são organizações complexas, assim como as pessoas, pois cada indivíduo tem seu hábito, valor, interesse e atitudes diferentes. São elementos básicos para a prestação de serviços a disponibilidade de serviços que depende de fatores como vontade política, recursos humanos, financiamento, tecnologia e habilidade para fazer tudo isso funcionar. O outro elemento é o uso dos serviços de saúde que tem como ligação a característica da oferta e a conduta das pessoas frente à morbidade dos serviços. E como elemento final temos a resolubilidade, sendo o contato paciente-profissional de saúde, que também possui seus próprios fatores determinantes, como classe social do cliente, tipo de problema, entre outros. As necessidades em saúde das pessoas se transformam em demanda e geram a utilização dos serviços (PEREIRA, 2000). Conforme Pereira (2000), serviço de saúde é um termo dado ao local destinado á promoção, proteção ou recuperação de saúde em regime de internação ou não. Os serviços de saúde são classificados em dois grupos: 1- prestação de assistência direta à pessoa (hospital, centro de saúde, etc...); 2- realização de ações sobre o meioambiente, a fim de controlar fatores prejudiciais à saúde (saneamento básico, etc...). Na América Latina são encontrados três setores principais de sistema de saúde: 1- O Setor Privado, no qual o profissional estabelece quanto vale o seu serviço; são atendidas as pessoas que tem recursos suficientes para pagar o preço estipulado. 2- O setor Estadual (Federal, Estadual ou Municipal), onde se realiza atendimento gratuito para a população. 3- O Setor Previdenciário, sustentado por contribuições do empregado, empregador e do estado. A partir da Constituição Nacional de Saúde de 1988, não há mais separação entre setor estadual e previdenciário, o atendimento na saúde é universal. Nos setores estaduais, englobando o setor previdenciário, não há pagamento direto pelo atendimento do paciente. O estado determina o número de serviços que estará disponível para a população, de acordo com os recursos disponíveis tanto financeiros como de pessoal. Fatores como deficiências de serviços no meio rural, urbanização acelerada, aumenta o número de pessoas que procuram o serviço de 21 saúde gratuito do estado, se a demanda é maior que a oferta, aumenta o tempo de espera e surgem as filas. Quando falamos em serviços de saúde não podemos deixar de citar o Sistema Único de Saúde (SUS) que está implantado em todo o território brasileiro dando assistência a população em todos os níveis de complexidade, atendendo cerca de 180 milhões de brasileiros levando atendimento integral, universal e gratuito à população (BRASIL, 2009). O SUS é formado pelo conjunto de ações e serviços de saúde realizados por órgãos e instituições públicas e federais, estaduais e municipais, sob administração direta e indireta das fundações mantidas pelo Poder Público (BRASIL, 2000). As forças no setor de saúde são os clientes e os prestadores de serviços. Os clientes são classificados segundo situação econômica, sociocultural e diferentes níveis de saúde. Já os prestadores de serviço são classificados pelo complexo industrial, empresas médico-hospitalares, medicina de grupo e sindicato de profissionais. Os serviços de saúde estão organizados de maneira hierarquizada em três níveis de assistência. No nível Primário, estão as ações de tecnologias mais leves, realizadas em postos e centros de saúde, é por este nível que os usuários devem dar entrada no sistema de saúde. Em posição intermediária está o nível Secundário, com ações mais complexas, realizadas por especialistas. E no topo está a atenção Terciária, o hospital de grande porte, onde se encontra equipamento e pessoal especializado. Estima-se que 90% dos problemas de saúde possam ser resolvidos em nível primário, 8% em nível secundário e 2% em nível terciário (PEREIRA, 2000). A atenção básica se caracteriza por um conjunto de ações em saúde, tanto no individual como no coletivo. É desenvolvida por meio de práticas gerenciais e sanitárias, sob forma de trabalho em equipe, utilizando tecnologias de elevada e baixa complexidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e importância em seu território abrangente. A Atenção básica orienta-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade e coordenação do cuidado, vínculo de continuidade, integralidade, responsabilização, (BRASIL, 2006). humanização, equidade e participação social 22 Para a utilização de um serviço de saúde deve haver uma necessidade afetada. Segundo Pereira (2000), necessidade está associada com instinto, privação, falta, carência ou problema. Necessidade pode ser entendida como qualquer deficiência de saúde ou bem estar que possa acarretar demanda ao sistema de saúde. Quando o indivíduo percebe alguma alteração na manutenção de sua saúde, ele pode seguir por vários caminhos, pode não fazer nada, fazer uso de automedicação, procurar atendimento informal ou recorrer para o atendimento profissional de saúde. Quando a necessidade se transforma em ação ela é chamada de demanda. Para este autor, a utilização dos serviços de saúde é resultado de um processo complexo, entre o lado da população, onde estão incluídos os riscos e danos à saúde, e o lado dos serviços, que possuem como características a oferta, o acesso, a continuidade do tratamento, a qualidade tecnocientífica e os custos. Além disso, o autor refere que as características das pessoas são determinantes importantes na utilização dos serviços. As mulheres usam mais os serviços do que os homens, assim como os idosos e crianças mais do que adultos jovens e adolescentes, os últimos a procurarem os serviços de saúde são os indivíduos sadios e os menos conscientes dos riscos e conseqüências que as doenças e traumatismos podem trazer, a experiência tem mostrado que muitas famílias que possuem a mesma renda utilizam diferentes tipos de serviços de saúde, isso depende de muitas variáveis, como informação, nível de escolaridade, entre outros fatores. 23 4 ASPECTOS METODOLÓGICOS 4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA Estudo exploratório descritivo, tipo estudo de caso. Para Richardson (1999), pesquisa exploratória descritiva é utilizada quando não se tem informação sobre o tema e se deseja descrever as características do fenômeno. Os estudos descritivos propõemse a investigar, ou seja, a desvendar as características de um fenômeno como tal. Estudo de caso é uma investigação particularista, com foco em uma situação especifica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico (ULBRA, 2002). 4.2 LOCAL DE ESTUDO O local de estudo é caracterizado pela comunidade rural de Santa Cruz, tradicionalmente denominada Rússia, uma vez que os moradores desta comunidade exercem, em sua maioria, a agricultura familiar. Esta comunidade está localizada no interior do município de Biguaçu, Santa Catarina. 4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO A pesquisa foi realizada na comunidade de Santa Cruz, Biguaçu, tendo como os sujeitos da pesquisa os agricultores plantadores de grama. A comunidade é composta por 44 famílias plantadoras de grama (PMB, 2008). Deste total, foi obtida uma amostra aleatória, constituída por 5 (cinco) agricultores chefes de família do sexo feminino e 5 (cinco) agricultores chefes de família do sexo masculino. Os critérios de inclusão a participação na pesquisa foram: ser morador da comunidade Santa Cruz; ser agricultor plantador de grama e aceitar participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2). 24 Foram excluídos da pesquisas os indivíduos que não residiam na comunidade, que não são agricultores plantadores de grama e aqueles que se recusaram a participar desta pesquisa. 4.4 COLETA DE DADOS A escolha dos entrevistados deu-se de forma aleatória e, após o sujeito selecionado aceitar participar deste estudo, ocorreu um momento de esclarecimento sobre os objetivos da pesquisa e sobre o comprometimento ético assumido pela acadêmica junto com os sujeitos da pesquisa. A técnica de coleta através de questionário semi-estruturado combina perguntas fechadas e abertas, onde o sujeito da pesquisa pode discorrer sobre tema, sendo que este tipo de coleta, segundo Minayo (2007), é voltado para a produção primária de dados, ou seja, quando o pesquisador produz o dado diretamente com o sujeito da pesquisa. Ao aceitar a participação na pesquisa, o entrevistado assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); a entrevistadora, então, aplicou um questionário semi-estruturado como instrumento de coleta de dados (Apêndice 3) 4.4 MÉTODO DE ESCOLHA Para a escolha dos entrevistados contamos com o auxílio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Biguaçu, que forneceu uma lista de famílias cadastradas da região de Santa Cruz no sindicato, nesta lista continham 20 (vinte) famílias, sendo que duas estavam cadastradas como o responsável sendo do sexo feminino e as demais cadastradas em nome do sexo masculino. Porém, por se ter conhecimento da região sabe-se que as famílias cadastradas no sindicato não representam nem ao menos metade das famílias daquela região que trabalham cultivando grama. Com isso, foi feito 25 um mapa que abrangeu todas as áreas da região de Santa Cruz, e nele foram desenhadas todas as famílias plantadoras de grama da região, totalizando 44 famílias, sendo que incluídas as famílias já cadastradas no Sindicato. Após o mapa pronto, cada família ganhou uma numeração (1 a 44), as duas famílias cadastradas no Sindicato tendo como responsável a mulher, foram escolhidas para realizar a entrevista. Após esta etapa a escolha das demais famílias foi feita através de sorteio, foram sorteados primeiro 3 (três) famílias para a entrevista com o sexo feminino que juntamente com as outras duas já escolhidas formaram 5 (cinco) famílias. E também sorteados mais 5 (cinco) números para as entrevista do sexo masculino. No total foram participaram da pesquisa 10 chefes de família, o que corresponde a 23% do total (44) de famílias. 4.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS Esta etapa foi realizada a partir da tabulação das informações coletadas. Esta tabulação foi realizada de duas maneiras: a primeira, com os dados objetivos houve a compilação e análise de freqüência; a segunda, com dados subjetivos, com base na análise de conteúdo, segundo as orientações de Minayo (2007). As informações estão apresentadas através de gráficos de comparação para uma melhor visualização dos resultados. 26 4.6 ASPECTOS ÉTICOS Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram adotadas as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 1996). Segundo os termos dessa Resolução, a pesquisa é uma classe de atividades, com o objetivo de desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável. Sendo que pesquisa envolvendo seres humanos é definida como aquela que, individual ou coletivamente, envolve o ser humano direta ou indiretamente, em sua totalidade ou em partes, incluindo o manejo de informações ou materiais. Esta pesquisa seguiu os referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, objetivando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. No desenvolvimento deste estudo, foram assegurados aos sujeitos da pesquisa o anonimato e o sigilo de suas informações em todas as etapas, bem como o direito de desistirem quando desejassem. Os sujeitos selecionados que aceitaram participar da pesquisa receberam esclarecimentos sobre os objetivos e todas as etapas deste processo e após, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2). 27 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo serão apresentados os dados levantados junto aos agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz, no que diz respeito aos principais motivos que os levam à procurar os serviços de saúde. Iniciaremos este capítulo apresentando alguns dados, caracterizando os sujeitos de pesquisa. 5.1 IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA Foram sujeitos de pesquisa 10 (dez) agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz, município de Biguaçu, sendo 5 (cinco) do sexo masculino e 5 (cinco) do sexo feminino, a idade e a escolaridade serão apresentados nas figuras 1 e 2. 30% 70% Ensino Médio Completo Ensino Fundamental Incompleto Figura nº 1 - Grau de escolaridade dos agricultores plantadores de grama. 28 70 60 63 50 40 42 37 30 20 20 45 49 51 50 38 24 10 0 feminino masculino Figura nº 2: Idade por sexo dos agricultores plantadores de grama. Ficou acentuado nas figuras nº 1 e 2, que os sujeitos de pesquisa possuem baixo nível de escolaridade, em especial dos mais velhos. Somente 3 (três) agricultores completaram o ensino médio, sendo dois do sexo feminino e um do sexo masculino.Todos os demais trabalhadores rurais estudaram somente até a quarta série do ensino fundamental, o que nos mostra uma estatística infeliz da educação brasileira. Conforme Pereira et al (2004), a educação dos trabalhadores rurais seria um ponto crucial para melhorar a capacidade de uso dos recursos disponíveis e de aumentar a renda desses trabalhadores. O índice de analfabetismo no Brasil é bastante elevado. Na zona rural esses dados são mais preocupantes, segundo o Censo Demográfico de 1991 a 2000, 29,8% da população adulta da área rural são analfabetos, enquanto na zona urbana esta taxa é de 10,3%. É importante lembrar que esta taxa de analfabetismo não inclui os analfabetos funcionais, ou seja, aqueles com menos das quatro séries do ensino 29 fundamental (BOF et al, 2006). Ou seja, nesta pesquisa 70% dos entrevistados possuem este grau de instrução. A rede de ensino da educação básica na área rural, de acordo com o censo escolar 2002, representa 50% das escolas do país, sendo que metade dessas escolas possui apenas uma sala de aula, e oferecem exclusivamente o ensino fundamental de 1ª a 4ª série (BOF et al, 2006). Ao analisarmos estas informações, podemos fazer a relação entre a baixa escolaridade dos agricultores e a realidade da rede de ensino rural e seu entendimento sobre a saúde. Estudos como o de Vitolo et al (2006) e Lima et al (2008), mostram que quanto menor o grau de instrução, menores também são as condições de entender as orientações dos profissionais de saúde e até mesmo de fazer a leitura e interpretação correta de rótulos e bulas, assim, dificultando a incorporação de hábitos saudáveis. Com base nas respostas dos sujeitos de pesquisa foi possível identificar as seguintes categorias de análise. • O trabalhador rural e a sua relação de usuário dos Serviços de Saúde; • Motivos de procura do trabalhador rural aos serviços de saúde; • O trabalhador rural frente ao acidente de trabalho; • Percepção dos trabalhadores rurais sobre o cuidado de saúde frente aos riscos e doenças ocupacionais. 5.2 O TRABALHADOR RURAL E A SUA RELAÇÃO DE USUÁRIO DO SERVIÇOS DE SAÚDE Os serviços de saúde fazem parte do meio social onde vivem as pessoas, sendo este um elemento que pode alterar a freqüência e a distribuição dos agravos em saúde, e melhorar a qualidade de vida da população (PEREIRA, 2000). A Lei orgânica da saúde 8.080 de 1990 define que a “saúde tem como determinantes e condicionantes, entre outros, alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte, lazer e acesso a bens e serviços essenciais” (SANTA CATARINA, 2002). 30 A saúde dos trabalhadores possui como condicionantes fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais relacionados ao perfil de produção e consumo, além dos fatores de risco físico, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômico. Em nosso meio existem diversos tipos de serviços de saúde, como clinicas, unidades de saúde, hospitais entre outros serviços que utilizamos ou não, e que podem ofertar ações de saúde que visem a qualidade de vida dos indivíduos (RENAST, 2006). No caso do trabalhador rural ele possui no seu meio social poucos serviços de saúde e muitas vezes desconhece os riscos e as formas de melhorar a sua qualidade de vida. O trabalhador rural de Santa Cruz utiliza os serviços de saúde existentes no município de Biguaçu, conforme figura nº 3. 9 8 9 Medicação conta própria 7 6 7 SUS 7 5 Sindicato 4 Benzedeira 3 Plano Particular 2 1 1 1 0 Figura nº 3 – Serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores de grama. 31 Dos 10 agricultores plantadores de grama entrevistados, 7 (sete) responderam que fazem uso dos serviços de saúde do SUS, 7(sete) responderam que possuem plano de saúde particular, sendo que 6 (seis) agricultores consideram o sindicato como plano particular e 1 (um) agricultor possui plano de saúde (SIDESC), sendo que somente um agricultor utiliza serviços empíricos como a benzedeira. Já sobre o uso de automedicação, 9 (nove) dos agricultores utilizam. Talvez pelo distanciamento de estabelecimentos de saúde, os agricultores optam em sua maioria pela automedicação, cada família possui em seu domicilio uma pequena farmácia sem se preocupar com os riscos e conseqüências para sua saúde. No Brasil a cada três medicações compradas duas não possuem receita médica (UNICAMP, 2006). A automedicação é definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, quando o próprio indivíduo decide que fármaco utilizar para tratar ou aliviar os sintomas de sua patologia. O uso irracional de medicamentos pode acarretar diversas conseqüências, como resistência bacteriana, hipersensibilidade, interação medicamentosa, dependência, entre outros riscos (FADBA, 2009). Para Filho (2002), automedicação é uma forma de auto-atenção à saúde, consistindo no consumo de produtos para tratar ou aliviar sintomas, utilizando medicamentos industrializados ou remédios caseiros. A automedicação pode ser através da aquisição de medicamentos sem receita, compartilhar remédios com outros indivíduos, utilizar sobras de medicações e descumprir a receita fornecida pelo profissional prolongando ou interrompendo o tratamento. Para Arrais (1997), a automedicação é uma prática comum vivenciada por civilizações de todos os tempos. Considerando-se a automedicação uma necessidade de complementar os sistemas de saúde, principalmente em países pobres. Fica claro que o risco desta prática tem relação com o grau de instrução e informação dos usuários sobre medicamentos e também a acessibilidade aos serviços de saúde. Para Filho (2002), fatores econômicos, políticos e culturais tem contribuído para o crescimento da automedicação. 32 20% sim não 80% Figura nº 4 - Percentual de agricultores plantadores de grama que utilizam os serviços de saúde. A região de Santa Cruz tem disponível uma unidade básica de saúde que oferece serviços de curativo, farmácia básica, vacinação e consultas médicas todas as quartas e quintas-feiras, além disso, a maioria dos agricultores desta comunidade possui algum tipo de convênio ou é associado ao Sindicato e SIDESC, que oferecem serviços de saúde. Um dos convênios mais citados pelos agricultores durante as entrevistas foi o SIDESC Clube Card, este convênio oferece descontos sobre consultas médicas, exames laboratoriais e diagnósticos por imagem em todas as clínicas e consultórios conveniados a ele, o associado paga uma taxa fixa por mês conforme o plano escolhido, esta taxa é cobrada mensalmente na conta de energia elétrica (SIDESC, 2009). Já os serviços de saúde do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Biguaçu, segundo conversa com o presidente desta entidade, os benefícios ofertados ao trabalhador rural associado são descontos em consultas médicas e exames nas clinicas e consultórios conveniados ao Sindicato. Observando a figura nº 4, percebemos que 80% dos agricultores utilizam algum tipo de serviço de saúde, sendo que 20% responderam não fazer uso de nenhum dos serviços descritos acima. O Sistema Único de Saúde ou SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, beneficiando cerca de 180 milhões de brasileiros, sendo um dos maiores sistemas de saúde do mundo. Ele abrange desde procedimentos ambulatoriais até procedimentos de alta complexidade como transplante de órgãos (Brasil, 2009). Na lei 33 8.080 de 1990, um dos campos de atuação do Sistema Único de Saúde é a saúde do trabalhador, que significa um conjunto de atividades que se destina, por meio de ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção, proteção, recuperação e reabilitação dos trabalhadores expostos aos riscos e agravos vindos das condições de trabalho. Para que estas condições ocorram, a saúde do trabalhador deve abranger alguns pontos: assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou de doenças profissionais; participação do SUS em estudos, pesquisas e outros trabalhos sobre agravos à saúde existentes no processo de trabalho; avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; informação ao trabalhador e sua entidade sindical sobre riscos e doenças advindas do processo de trabalho; revisão periódica de doenças originadas do processo de trabalho entre outras ações (SANTA CATARINA, 2002). Em 2005 foi criada a Política Nacional de Saúde do Trabalhador pelo Ministério da Saúde, que visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, através de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área da saúde (Brasil, 2005). Para Facchini (2005), as demandas mostram a necessidade de um sistema de informação que valorize cada encontro do trabalhador com o SUS, priorizando a atenção dos trabalhadores em suas ações individuais e coletivas, tanto preventiva, curativa ou de reabilitação. Assim, a saúde do trabalhador necessita de uma atuação multiprofissional, intersetorial, inter e transdisciplinar de maneira a contemplar trabalhosaúde-doença em toda a sua magnitude. Neste panorama, o SUS assume um papel social diferenciado, pois é a única política de cobertura universal para o cuidado da saúde dos trabalhadores (RENAST, 2006). Apesar da política criada para o benefício do trabalhador, o sistema de saúde ainda não está preparado para atender as necessidades ocupacionais, principalmente as necessidades em saúde do trabalhador rural. A escassez e a inconsistência das informações sobre a real situação de saúde dos trabalhadores rurais dificultam a definição de prioridades para as políticas públicas, além de privar a sociedade de instrumentos importantes para a melhoria das condições de vida e de trabalho (RENAST, 2006). Além disso, o agricultor não se moldura a estas políticas de saúde, pois percebemos que os sistemas de saúde não trabalham na mesma lógica do agricultor. Geralmente as clínicas e unidades básicas de saúde funcionam em horário 34 comercial, para o trabalhador assalariado bastaria um atestado médico e nada seria descontado de seu salário, para o trabalhador rural esta temática não funciona, pois para procurar um desses serviços ele teria que interromper sua atividade de trabalho e acabaria perdendo o dia de serviço, outra dificuldade dos agricultores é de serem substituídos em suas tarefas na propriedade. Talvez o que falta para mudar a realidade do trabalhador rural no quesito saúde, seja um programa eficaz que trate sobre os riscos e prevenção de acidentes ocupacionais, que tenha como objetivo a educação e promoção da saúde do agricultor, de acordo com as necessidades e dificuldades encontradas por eles. Para a construção de práticas em Vigilância e Saúde devem ser levados em consideração aspectos demográficos, culturais, políticos, socioeconômicos, epidemiológicos e sanitários, buscando a priorização de problemas de grupos populacionais em determinada realidade territorial. Na nossa realidade hoje, o que encontramos são predominantemente serviços curativos, que resolvem o problema naquele momento, porém a problemática da saúde rural vai muito além da cura, mas sim a prevenção e orientação dos agricultores (Brasil, 2002 b). 35 5.3 MOTIVOS DE PROCURA DO TRABALHADOR RURAL AOS SERVIÇOS DE SAÚDE 10% 10% 10% 70% rotina realizar exames estética relacionados ao trabalho Figura nº 5 – Tipos de ações e serviços de saúde utilizados pelos agricultores plantadores de grama. Conforme podemos observar na figura 5, 20% dos agricultores que participaram da pesquisa responderam que utilizaram algum dos serviços de saúde para realizar consulta de rotina. Sendo que o conceito de consulta de rotina não é bem definido, podemos entender sendo como uma consulta de manutenção ou reparo, sem um sinal ou sintoma que leve o individuo a buscar atendimento em saúde. Sendo que para os agricultores participantes da pesquisa consulta de rotina inclui a realização de exames laboratoriais para verificar se está tudo dentro da normalidade. Somente 10%, ou seja, 1 (um) agricultor, respondeu que procurou os serviços de saúde por motivos estéticos, mais explicitamente para colocação de prótese de silicone. A maioria dos entrevistados (70%) respondeu ter como motivo de procura dos serviços de saúde causas ocupacionais que estão diretamente ligadas ao processo de trabalho dos mesmos, porém os agricultores não percebem esta relação, apesar dos episódios acidentais ocorrerem no local de trabalho e durante o processo de produção, estes negam a relação entre os agravos e o trabalho. 36 A não percepção do que seja um acidente ou doença advinda do ambiente de trabalho é um dado preocupante, mostra que os agricultores ainda carecem de informações sobre conceitos básicos sobre sua realidade trabalhista. Como podemos observar na figura 6, os agricultores não estão utilizando os serviços de saúde com freqüência. Somente 3 (três) agricultores haviam procurado os serviços de saúde durante o último ano (2008), os demais 7 (sete) haviam procurado entre 1 ano a 3 anos. Os parâmetros para indivíduos adultos são de 2 a 3 consultas medicas/ ano (BRASIL, 2002 a). Não estão disponíveis informações sobre de quanto em quanto tempo os trabalhadores devem procurar realizar consultas de rotina. Porém o que se percebeu durante o decorrer das entrevistas foi a despreocupação dos trabalhadores rurais com a sua saúde, para a maioria destes a procura aos serviços assistências somente ocorrem em episódios agudos e ou de extrema urgência ou emergência, enquanto os processos crônicos não são acompanhados rotineiramente pelos serviços de saúde. 1 3 anos 1 2 anos 2 1ano e meio 3 1 ano 1 8 meses 2 menos de 6 meses 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Figura nº 6 – Demonstrativo de freqüência que os agricultores plantadores de grama utilizam os serviços de saúde 37 Durante a realização da pesquisa e analisando os dados coletados, o que motivou os agricultores plantadores de grama a procurar o serviços de saúde em sua maioria foram causas de doença ou acidente ocupacional, com exceção de 1 (um) agricultor que citou estética como motivo de procura para os serviços de saúde como fica demonstrado na figura 7 . Para Davidoff (2001), este comportamento pode se visto como o modelo homeostático de motivação, sendo que neste modelo cada indivíduo possui um padrão de referência para cada necessidade, quando nos afastamos desse referencial, a necessidade aciona o motivo, então é acionado um comportamento voltado para o retorno do equilíbrio. Quedas 9% 4% 4% Problema na coluna 26% 9% Queimaduras pelo sol Pequenos cortes na pele Intoxicação por veneno 13% 13% 22% Gripe Estresse Estética Figura nº 7 – Motivos relacionados ao seu processo de trabalho que levaram os agricultores plantadores de grama á procurarem os serviços de saúde. 38 Observou-se que dos agricultores entrevistados, todos eles já sofreram algum tipo de acidente ou tiveram alguma patologia advinda de sua atividade de trabalho, porém somente um deles admitiu ter sofrido algum dano referente ao processo de trabalho no que estão submetidos. Sendo que os demais agricultores não relacionam suas atividades de trabalho com os danos advindos deste, não tendo a percepção do que seja um acidente de trabalho ou sobre doenças advindas deste processo. Conforme figura nº 7, as quedas constituíram 26% dos acidentes ocorridos pelos agricultores, para Fabrício (2004), queda é definida como um evento não intencional, resultando na mudança de posição do individuo para um nível mais baixo em relação a sua posição inicial. Para Fabrício (2004), a queda ocorre devido perda do equilíbrio corporal, podendo ter relação com insuficiência súbita dos mecanismos neurais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura. Na atividade desenvolvida pelos plantadores de grama, as quedas são riscos constantes, podendo ser ocasionadas por tonturas devido atividade intensa de trabalho, utilização de máquinas como tratores e tobatas, além do ambiente escorregadio nos dias de chuva, pois a água se mistura com o barro vermelho formando um lençol de lodo. Os problemas músculo-esqueléticos, mais exatamente dores na coluna constituiu o segundo maior problema de saúde ocasionado pelo trabalho nas roças de grama (23%), sendo que conforme o site Agroportal (2004), posturas forçadas, cargas pesadas e movimentos repetitivos são algumas das causas de problemas músculoesquelético. As queimaduras solares juntamente com pequenos cortes na pele formaram cada qual com 14%, a terceira causa de acometimentos à saúde no ambiente de trabalho. A queimadura solar é uma reação inflamatória advinda da exposição aguda da pele a luz solar intensa (HAAK et al, 2008). Queimadura ou eritema solar é uma reação aguda, caracterizada por eritema, edema e dor, e em casos mais graves formação de bolhas, após exposição da pele a uma dose intensa de radiação solar (Brasil, 2001). Para Popim et al (2008), os indivíduos de pele clara, que habitam locais de alta incidência de luz solar, que se expõe ao sol de forma prolongada e descuidada, possuem maior chances de adquirir queimaduras solares, e constituem o grupo de risco para câncer de pele. Entre as atividades que expõem os trabalhadores à luz solar 39 durante a jornada de trabalho, destaca-se a agricultura (Brasil, 2001). Sendo assim, os agricultores da região de Santa Cruz, conforme análise de dados colhidos na entrevista se inserem com esta descrição, pois grande parte dos agricultores possui pele clara, ficam expostos ao sol por longos períodos e relataram não utilizar nenhuma proteção (protetor solar ou roupas compridas) contra os raios solares, sendo que somente uma agricultora relatou fazer uso de protetor solar esporadicamente, aumentando assim os riscos em saúde desta população. Com 14% dos motivos de procura dos agricultores aos serviços de saúde encontram-se os ferimentos (cortes na pele). Ferimento é caracterizado como rompimento da pele por objetos cortantes. Os cortes são considerados ferimentos leves, superficiais e com hemorragia moderada (UFRRJ, 2009). Para Rosito et al (2009), ferimento é definido como ruptura das relações anatômicas normais dos tecidos devido alguma lesão. As lesões podem ser intencionais (cirurgia) ou acidentais. As lesões são classificadas conforme profundidade, sendo: a) superficiais – aquelas que envolvem somente a pele e alguns tecidos, mas não atingem estruturas profundas ou nobres; b) profundas – envolvem estruturas profundas ou órgãos nobres, como nervos, tendões, vasos de grande calibre entre outros. As principais causas de ferimentos na zona rural são por ferramentas manuais, como enxadas, facão, entre outras causas como implementos agrícolas e quedas (UFRRJ, 2009). No caso dos agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz, todos os episódios de ruptura da pele por eles citados foram precipitados pelo uso de ferramentas manuais e quedas. As intoxicações por uso de agrotóxicos nas roças constituem 9% da procura aos serviços de saúde por motivos ocupacionais. O Brasil está entre os maiores consumidores mundiais de agrotóxicos, sendo que a agricultura é o setor que mais utiliza essa substância. A notificação e a investigação de intoxicações ainda são precárias em nosso país, devido às dificuldades de acesso dos trabalhadores rurais aos centros de saúde e aos diagnósticos incorretos (OPAS, 1997). A intoxicação por agrotóxicos se divide em três formas: aguda, subaguda e crônica. Na intoxicação aguda os sintomas aparecem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva aos produtos tóxicos, em geral os principais sintomas são 40 náuseas, vômito, fraqueza, mal estar, vertigem entre outros. A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou pequena aos agentes tóxicos, os sintomas aparecem lentamente e são subjetivos, como fraqueza, mal estar, dores de estômago, sonolência, entre outros. A intoxicação crônica se caracteriza por surgimento tardio, após meses ou anos, trazendo danos irreversíveis como paralisias e neoplasias (OPAS, 1997). Para Lima et al (2008), o impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana decorre de uma série de fatores inter-relacionados, como baixa escolaridade, falta de políticas de aconselhamento técnico, pouca atenção dada ao descarte de embalagens, entre outros fatores. Como as principais causas de intoxicações estão a baixa escolaridade, assim, não conseguem ler as informações escritas no rótulo do produto ou aqueles que lêem não interpretam corretamente as informações. Mas como principal agravante está a falta ou forma incorreta de utilização dos equipamentos de proteção individual (LIMA et al, 2008). Analisando estes dados com a real situação dos trabalhadores rurais da região pesquisada, observa-se a existência de uma interrelação, pois 70% dos trabalhadores possuem baixa escolaridade, concluindo somente o quarto ano do ensino fundamental o que realmente pode dificultar o entendimento das instruções de uso dos produtos tóxicos. Também se inclui neste aspecto a não utilização de EPI durante os processos de preparação e aplicação do produto nas roças de grama. Também com 9% dos motivos de procura aos serviços de saúde encontram-se as doenças respiratórias. O agricultor plantador de grama convive com vários fatores que podem desencadear problemas respiratórios, como poeira, umidade, frio, chuva, vento, entre outros fatores. As patologias das vias aéreas possuem relação direta com materiais inalados nos ambientes de trabalho (Brasil, 2002 b). Segundo Viegas (2000), atualmente as doenças respiratórias são um problema importante para os trabalhadores rurais, a agricultura submete o aparelho respiratório a uma gama variada de exposições, como variações climáticas (chuva, umidade, baixa temperatura, etc.), agentes como poeira, gases e pesticidas , etc. E por último, mas não menos importante, com 4% dos problemas citados encontramos o estresse, que segundo relato do agricultor se dá por excesso de trabalho e falta de tempo para descansar, pois até mesmo nos finais de semana e 41 feriados o trabalho é intenso. Conforme Lautert et al (1999), estresse é definido como um conceito relacional mediado cognitivamente e que reflete a relação entre indivíduo e o ambiente apreciado por ele como difícil ou que ultrapassa seus recursos, colocando em risco o seu bem estar. Podendo acrescentar que o estresse ocorre quando as demandas representam um desejo que a pessoa é incapaz de alcançar. Para Lautert et al (1999), não se pode negar que o trabalho exerce notável influência sobre o comportamento humano. Já para Cox (1987) apud Lautert et al (1999), o conceito de estresse ocupacional é onde existe uma interação entre o indivíduo e o fator estressante, ou seja, o estresse ocupacional é determinado pela percepção que o trabalhador tem das demandas existentes no ambiente de trabalho e por sua habilidade para enfrentá-las. Sendo que a sobrecarga de trabalho, tanto em termos qualitativos como quantitativos, é outra fonte associada ao estresse. Os fatores relacionados ao trabalho que podem desencadear distúrbios psíquicos são as condições de trabalho (físicas, químicas, biológica, etc.) e a organização do trabalho onde se inclui hierarquia, divisão de tarefas, jornada intensa de trabalho, entre outros fatores (Brasil, 2002 b). Conforme Lautert et al (1999), o excesso de horas trabalhadas reduz as oportunidades de apoio social do indivíduo, trazendo insatisfação, tensão e outros problemas de saúde. 42 5.4 O TRABALHADOR RURAL FRENTE AO ACIDENTE DE TRABALHO Segundo a legislação previdenciária brasileira, apud Binder e Cordeiro (2003), acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda, ou redução (permanente ou temporária) da capacidade para o trabalho. São também considerados acidentes do trabalho os que ocorrem no trajeto da residência para o trabalho e vice-versa. Arranjo físico inadequado do ambiente de trabalho, falta de proteção em máquinas, ferramentas defasadas, riscos de incêndio e explosão, esforço físico intenso, levantamento manual de peso, posturas e posições inadequadas, pressão por produtividade, ritmo acelerado de trabalho, repetitividade de movimentos, jornada de trabalho extensa e com freqüente realização de hora-extra, trabalho noturno, presença de animais peçonhentos e presença de substâncias tóxicas nos espaços de trabalho estão entre os fatores que envolvem a dinâmica do acidente de trabalho (BRASIL, 2002 b). Muitas dessas situações foram encontradas nos espaços de trabalho do agricultor plantador de grama da região de Santa Cruz, como extensa jornada de trabalho (média de 11 a 12 horas diárias), exposição a produtos químicos, posturas inadequadas, entre os demais riscos ao qual estão expostos diariamente e que diretamente acabam provocando acidentes ocupacionais. Para Fehlberg (2001a) a real prevalência dos acidentes é subestimada, pois os acidentes de menor gravidade não são registrados por não precisarem de cuidados de saúde. Sendo que a notificação de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho é de extrema importância, porém atualmente tais situações são subregistradas e sua real magnitude é desconhecida. Através da notificação é possível identificar o motivo que os trabalhadores adoecem ou morrem, associando esses dados ao seu processo de trabalho e assim traçar intervenções sobre suas causas e determinantes (BRASIL, 2008). Esta situação como podemos observar é uma realidade freqüente dos agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz que subestimam os acidentes ocorridos em seu ambiente de trabalho. Talvez o não registro dos acidentes e das doenças relacionados 43 ao trabalho por parte dos agricultores também resulte não somente no que diz respeito à necessidade de assistência de saúde, mas também da falta ou da má compreensão de informações, como é o caso dos agricultores plantadores de grama que não possuem a percepção sobre os acidentes relacionados ao seu cotidiano. Segundo Fehlberg (2001 b), um dos fatores que leva ao sub-registro de acidentes é a percepção do trabalhador rural sobre o que seja um acidente de trabalho, pois, possivelmente os acidentes de menor gravidade ou aqueles tratados de forma caseira não sejam relatados. Através da pesquisa ficou constatado que dos dez entrevistados, todos já sofreram algum tipo de dano à saúde, porém somente um trabalhador estava ciente do real significado de que vem a ser um acidente de trabalho. 44 5.5 PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS SOBRE O CUIDADO DE SAÚDE FRENTE AOS RISCOS E DOENÇAS OCUPACIONAIS Durante a realização da pesquisa quando os agricultores foram perguntados sobre os riscos presentes em seu ambiente de trabalho, todos os trabalhadores responderam ter ciência dos riscos que estão expostos diariamente em seu processo de trabalho, tendo plena noção que estes fatores tanto físicos e químicos que fazem parte do seu processo de produção, podem acarretar acidentes e doenças ocupacionais. O conceito de risco é bidimensional, é uma condição ou conjunto de circunstâncias que tem o poder de causar um efeito adverso, podendo ser: morte, lesões, doenças ou danos à saúde, a propriedade ou ao meio ambiente (Brasil, 2001). A doença do trabalho é um conjunto de danos ou agravos que ocorrem sobre a saúde dos trabalhadores, causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco presentes nos locais de trabalho. As patologias se manifestam, de forma lenta, podendo levar anos, sendo este um fator dificultador no estabelecimento da relação entre doença sob investigação e o trabalho. Para o autor, os riscos presentes nos locais de trabalho que podem ser causadores tanto de doenças como de acidentes trabalhista são classificados em: Agentes Físicos: ruído, vibração, calor, frio, luminosidade, ventilação, umidade, radiações, etc. Agentes Químicos: substâncias tóxicas, presentes na forma de gases, fumo, névoa, neblina ou poeira. Agentes Biológicos: bactérias, fungos, parasitas, etc. Organização do trabalho: divisão do trabalho, pressão por produtividade, ritmo acelerado, jornadas de trabalho extensas, entre outros (BRASIL, 2002 b). Para Teixeira et al (2003), os riscos ocupacionais no ambiente de trabalho são: riscos mecânicos, físicos, ergonômicos e psicossociais, Fehlberg (2001 a) acrescenta ainda riscos biológicos e químicos. Os determinantes da saúde dos trabalhadores não compreendem apenas fatores de ricos ocupacionais tradicionais como os riscos já citados, mas também incluem condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e 45 organizacionais, responsáveis por situações de risco e danos à saúde do trabalhador (RENAST, 2006). Em relação aos trabalhadores devemos considerar diversos riscos ambientais e organizacionais aos quais estão expostos, devido a inserção destes no processo de trabalho. Os trabalhadores dependendo de sua área de produção estão expostos a riscos diferentes uns dos outros, isto também varia muito de acordo com os cuidados e precauções que são tomadas no local de trabalho (BRASIL, 2002 b). 40% sim não 60% Figura nº 8 - Percentual de agricultores plantadores de grama que realizam algum cuidado em saúde. Porém, apesar dos agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz estarem cientes dos riscos e patologias provenientes do seu trabalho, estes quando questionados sobre os cuidados de saúde e prevenção de acidentes, não demonstraram preocupação com os riscos a que estão expostos durante o processo de trabalho, 60% responderam que realizam medidas de prevenção e cuidado à saúde esporadicamente e muitas vezes de forma errônea, sendo que 40% dos agricultores responderam não realizar nenhuma medida de segurança conforme podemos observar na figura 08. Sendo que os cuidados em saúde citados pelos trabalhadores rurais foram uso de equipamentos de proteção individual – EPI e cuidados com a alimentação. 46 Durante a pesquisa, os cuidados de saúde mais citados foram o uso de equipamento de proteção individual (EPI) que pelo o relato dos trabalhadores é realizado de forma totalmente incompleta e ineficiente, pois o único equipamento de proteção citado pelos agricultores foi a bota ou tênis, sendo que este somente é utilizado em dias de chuva devido à presença de lama na roça de grama. Dentre os demais produtos utilizados para a proteção foram citados o uso de boné e uma agricultora relatou utilizar filtro solar algumas vezes por mês. Os equipamentos de proteção individual são ferramentas de trabalho que visam proteger a saúde dos trabalhadores, a função básica do EPI é proteger o organismo, minimizando os riscos de acidentes ocupacionais. Cada atividade de trabalho requer equipamentos de proteção diferenciados, no caso dos agricultores os principais equipamentos de proteção individual são: Respiradores (máscaras) que têm por objetivo evitar a inalação de vapores, névoas ou finas partículas; Protetor Auricular que protege o sistema auditivo contra ruídos; Luvas que são um dos equipamentos mais importantes devido à alta exposição das mãos a produtos químicos, ferramentas, etc; Viseira Facial que protege o rosto e os olhos contra respingos durante o manuseio e a aplicação de produtos tóxicos; Boné Árabe que protege o couro cabeludo e o pescoço; Avental que no caso de aplicação de agrotóxicos, protege contra respingos do produto; Botas que servem para a proteção dos pés, devendo ser de cano alto e resistente (ANDEF, 2009). 47 7 7 6 5 4 5 5 3 3 2 1 0 hábitos de vida atividades de trabalho Figura nº 9 - Grau de interferência de hábitos de vida e atividades de trabalho na saúde do agricultor plantador de grama. A outra forma de redução de danos colocada pelos agricultores plantadores de grama foi o cuidado com a alimentação. Dos 10 (dez) trabalhadores participantes da pesquisa 3 (três) responderam cuidar da dieta, sendo todos do sexo feminino, no geral responderam que evitam gorduras, frituras, sal e doces devido os problemas de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), o que leva os agricultores a possuir este comportamento de cuidado à saúde é a motivação extrínseca, sendo aquela em que o indivíduo pode agir como resposta de estímulos vindos do meio ambiente. No caso dos agricultores, os motivos que os levaram a ter este comportamento de saúde foram as patologias crônicas como HAS e DM. Com exceção de 1 (um) sujeito de pesquisa que, quando perguntado sobre os cuidados com a alimentação, respondeu a seguinte frase: “Ah, eu cuido sim. Só como coisa antiga, comida de antigamente... Como feijão, pirão, ovo frito todo dia, meus pais comem isso e tão vivo até hoje então eu como também.” Ao analisar esta frase podemos observar o quanto a população do campo necessita de informações mais precisas sobre o cuidado em saúde, não somente no quesito nutricional, mas também em outras formas de cuidado, como doenças 48 parasitárias, doenças crônicas em especial DM e HAS, cuidados no ambiente de trabalho, entre outros tantos fatores que podem alterar a sua saúde. Quando falamos em saúde do trabalhador, nos referimos a um campo do saber que visa compreender as relações e o processo de trabalho/doença. Nesta concepção, se considera a saúde e a doença como processos dinâmicos, articulados com os modos de desenvolvimento produtivo em determinado momento histórico. As formas de inserção de homens, mulheres e crianças nos ambientes de trabalho, contribuem para as formas de adoecer e morrer (BRASIL, 2002 b). As ações de saúde devem pautar-se na identificação de riscos, danos, necessidades, condições de vida e trabalho que são determinantes das formas de adoecer e morrer dos grupos populacionais. As ações em saúde dos trabalhadores orientam-se pela necessidade de que, além da atenção integral de qualidade e resolutiva que deve ser fornecida ao paciente que procura os serviços de saúde, sejam realizadas mudanças no processo de trabalho responsável pelo adoecimento de modo a garantir que o trabalhador continue trabalhando sem risco de uma recaída ou agravamento da situação (RENAST, 2006). As ações de saúde do trabalhador devem ser inseridas na agenda da rede básica de atenção à saúde, sendo que dessa forma ocorre a ampliação da assistência já oferecida aos trabalhadores, na medida em que são vistos como sujeitos a um adoecimento específico, exigindo estratégias também específicas de promoção, proteção e recuperação da saúde (Brasil, 2002 b). A eliminação ou a redução da exposição às condições de risco e a melhoria dos locais de trabalho para a promoção e proteção da saúde do trabalhador é um desafio que vai além do âmbito de atuação dos serviços de saúde, exigindo soluções técnicas, e muitas vezes complexas e de elevado custo. Em alguns casos, medidas simples podem ser implementadas com impulso positivo e de proteção para a saúde do trabalhador e meio ambiente. O controle das condições de risco e melhoria dos ambientes de trabalho envolvem algumas etapas, sendo elas: identificação das condições de risco para a saúde, presentes nos processos de trabalho; caracterização da exposição e quantificação das condições de risco; discussão das alternativas para a eliminação ou controle dos riscos e implementação e avaliação das medidas adotadas. Lembrando 49 que é essencial a participação dos trabalhadores em todas estas etapas deste processo, pois em muitos casos somente os trabalhadores podem informar diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho real (BRASIL, 2001). Durante a realização da pesquisa um dos temas abordados foram os hábitos de vida e de trabalho e a influência destes na saúde do agricultor. Como podemos observar na figura nº 9, quanto aos hábitos de vida, 50% responderam não interferir na sua saúde e 50% responderam ter interferência tanto negativamente como no sentido positivo. Já quando questionados sobre os hábitos de trabalho, 70% dos agricultores responderam não ter interferência em sua saúde e 30% dos entrevistados responderam ter interferência, sendo esta interferência de forma positiva sobre a sua saúde, pois a maioria relatou que o trabalho faz bem para eles. Para Freitas (1999) apud Paviani (2006), a palavra hábito é um termo derivado do latim habere que serve para designar a situação real, exprime uma determinação meramente externa, significando adaptação ou aderência. Em Paviani (2006), Aristóteles trata a questão do hábito sempre numa dimensão moral, falando em hábitos bons e maus. Os hábitos são divididos em espécies: quanto à origem: hábitos naturais ou inatos, sobrenaturais ou adquiridos; quanto ao sujeito: hábitos intelectuais (inteligência), morais (vontade); quanto à essência: hábitos bons (virtudes) e hábitos ruins (vícios). Então podemos entender que hábitos tanto de trabalho quanto de vida podem interferir tanto de formas benéfica como de forma maléfica para cada indivíduo. Porém, alguns dos trabalhadores entrevistados não possuem esta visão do termo hábito, acham que tanto os hábitos de vida como os de trabalho não influenciam em nada na sua saúde, nem de forma positiva nem negativamente. 50 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo foi desenvolvido a partir do interesse da pesquisadora no âmbito da saúde do trabalhador, em especial do trabalhador rural, visto que os estudos neste campo da saúde ainda são poucos. O início deste trabalho deu-se com a escolha do tema, no qual ocorreu aprofundamento durante o decorrer da pesquisa. Este trabalho teve como base evidenciar os motivos que levam o agricultor a procurar os serviços de saúde, além da importância de ações em saúde ao trabalhador rural. Sendo que todos os objetivos propostos durante a realização da pesquisa foram alcançados. Conclui-se que o agricultor plantador de grama da região de Santa Cruz/Biguaçu, utiliza pouco os serviços de saúde, talvez por fatores culturais ou dificuldade de acesso aos serviços, pois a sua saída ocasiona a perda do dia de trabalho, entre outros fatores. Quanto a motivação para a procura dos serviços de saúde, percebeu-se que os motivos para procura foram em sua maioria (70%) casos considerados de emergência ou urgência, sendo que estes estavam relacionados à sua atividade de trabalho, porém o que chamou atenção foi a não percepção do que seja um acidente de trabalho para os agricultores, que não fazem a relação entre o seu processo de trabalho e os agravantes de saúde decorrentes deste processo. Em relação aos riscos que os agricultores estão expostos diariamente em seu ambiente de trabalho, todos os agricultores plantadores de grama entrevistados possuem a noção dos riscos a que estão expostos, porém não tomam os cuidados necessários para a promoção e preservação de sua saúde, e os que tomam algum tipo de cuidado a saúde, ainda fazem de forma incorreta e ineficaz, sendo que em muitos destes casos o que falta são informações corretas e na linguagem destes, pois 70% dos agricultores que participaram da pesquisa estudaram somente até a quarta série do ensino fundamental, possuindo dificuldade para interpretar e assimilar as informações repassadas. Os dados desta pesquisa corroboram aos resultados de Fehlberg (2001b) que existe sub-registro de acidentes o que colabora com isso é a percepção do trabalhador rural sobre o que é um acidente de trabalho, pois, possivelmente, os acidentes de 51 menor gravidade ou aqueles tratados de forma caseira não são relatados. Nesta pesquisa ficou constatado que dos dez entrevistados, todos já sofreram algum tipo de dano à saúde, porém somente um trabalhador estava ciente do real significado do que vem a ser um acidente de trabalho. Para Facchini (2005), a identificação da relação entre problemas de saúde com as atividades de trabalho e riscos ocupacionais é imprescindível para a definição de prioridades de prevenção em saúde do trabalhador. Apesar da existência de políticas de saúde em prol dos trabalhadores a carência e a inconsistência das informações sobre a real situação de saúde dos trabalhadores rurais dificultam a definição de prioridades para as políticas públicas, além de privar a sociedade de instrumentos importantes para a melhoria das condições de vida e de trabalho (RENAST, 2006). Existe a clara percepção de que os serviços de saúde não trabalham na lógica do agricultor. Geralmente os serviços de saúde funcionam em horário comercial, não facilitando o acesso ao trabalhador rural, pois para procurar um desses serviços ele teria que interromper sua atividade de trabalho e acabaria perdendo o dia de serviço, outra dificuldade dos agricultores é de serem substituídos em suas tarefas na propriedade. Na nossa realidade, encontramos somente serviços de saúde curativos, que resolvem o problema naquele momento, porém a problemática da saúde rural vai muito além da cura, mas sim da prevenção e orientação dos agricultores. Talvez o que falta para mudar a realidade do trabalhador rural no quesito saúde, seja um programa eficaz que trate sobre os riscos e prevenção de acidentes ocupacionais, que tenha como objetivo a educação e promoção da saúde do agricultor, de acordo com as necessidades e dificuldades encontradas por eles. Espero que este trabalho seja útil a todos os profissionais da saúde e que principalmente sirva de estimulo para o surgimento de novos estudos e pesquisas acerca da saúde do trabalhador rural, pois a falta de material sobre este tema foi uma das maiores dificuldades encontradas para a realização desta pesquisa. 52 REFERÊNCIAS AGROPORTAL. Prevenir os acidentes na agricultura: um desafio para vencer. 2004. Disponível em: http://www.agroportal.pt/a/2004/aguedes.htm Acesso em: 25/01/2009. AMBROSINI, M.B et al. As intoxicações pro agrotóxicos no meio rural e a atuação do enfermeiro. Porto Alegre, 2000. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/4299/ 2264 Acesso em 12/10/2009. ANDEF - Associação Nacional de Defesa Vegetal. Manual de Uso Correto de Equipamentos de Proteção Individual. ANDEF, 2009. Disponível em: http://www.andef.com.br/epi/ Acesso em: 28/10/2009. ARRAIS. D.S.P et al. Perfil da Automedicação no Brasil. 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Brasília: Universidade de Brasília, 1997. 58 APÊNDICES 59 Apêndice 1: Termo de Compromisso e Aceite de Orientação TERMO DE COMPROMISSO E ACEITE DE ORIENTAÇÃO Eu, Ângela Mª Blatt Ortiga, professora do Curso de Graduação em EnfermagemUNIVALI concordo orientar o Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Suélen Costa, intitulado: Motivação para o uso de serviços de saúde: o caso dos agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz. Estou ciente das normas para a elaboração do trabalho, bem como do calendário de atividades proposto. ________________________________________________ Local e Data _________________________________ Acadêmica de enfermagem Suélen Costa __________________________________ Professora Orientadora Ângela B. Ortiga 60 Apêndice 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, ___________________________________________________________, Declaro que estou ciente da minha participação na pesquisa “Motivação para o uso de serviços de saúde: o caso dos agricultores plantadores de grama da região de Santa Cruz”, que será realizada pela acadêmica Suélen Costa, sob a supervisão da docente Angela Maria B. Ortiga do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí, campus Biguaçu. Declaro, que recebi de forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes à pesquisa, e estou ciente que todos os dados a meu respeito serão sigilosos, que estou sendo esclarecido (a) sobre a entrevista de que participarei, além de estar ciente de que não estou sendo exposto a nenhum risco físico ao participar desta pesquisa, e que estarei contribuindo para novos estudos no campo da saúde rural. Será preservado o meu direito de desistir de participar em qualquer etapa deste estudo. Por fim declaro que autorizo a gravação da coleta de dados e que concordo com a utilização das informações da pesquisa, bem como a divulgação dos resultados, desde que minha identidade seja preservada. ______________________ Assinatura do entrevistado _____________________ __________________________ Acad. Suélen Costa Profª : Ângela Maria B. Ortiga (estudante de enfermagem) (enfª orientadora da pesquisa) TEL(48) 84123821 TEL: (48) 3244 5449 Estrada geral Santa Cruz, Biguaçu. UNIVALI, Campus Biguaçu Rua João Coan, nº 400 Bairro Centro- Biguaçu- SC Fone: (48) 3279 9712 61 Apêndice 3: Questionário Semi-Estruturado UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM QUAIS OS MOTIVOS QUE LEVAM O AGRICULTOR PLANTADOR DE GRAMA DA REGIÃO DE SANTA CRUZ A PROCURAR O SERVIÇO DE SAÚDE? QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO IDENTIFICAÇÃO SEXO: ( ) F IDADE: ESCOLARIDADE: () M 1) QUANDO NECESSITA DE ASSISTÊNCIA Á SAÚDE, QUE TIPO DE RECURSO UTILIZA: ( ) NENHUM ( ) SUS ( ) PLANO PARTICULAR () BENZEDEIRA ( ) MEDICAÇÃO POR CONTA PRÓPRIA ( ) OUTROS : 2) UTILIZA OS SERVIÇOS DO SUS? ( ) SIM ( ) NÃO SE SIM, QUAIS SERVIÇOS VOCÊ UTILIZOU NO ANO DE 2008. ( ) ATENDIMENTO BÁSICO ( ) ESPECIALIDADE ______________________ ( ) HOSPITALAR 3) POSSUI PLANO DE SAÚDE? ( ) SIM ( ) NÃO SE SIM, QUAL. ( ) UNIMED ( ) SINDICATO ______________________ ( ) OUTROS 4) QUAL FOI À ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ PROCUROU ASSISTÊNCIA Á SAÚDE: ( ) MENOS DE 6 MESES ( ) MAIS DE 6 MESES ( ) NÃO LEMBRA POR QUAL FOI O MOTIVO: ______________________ 62 5) QUAIS SÃO OS MOTIVOS QUE MAIS O LEVAM A PROCURAR UM SERVIÇO DE SAÚDE? (E OS PROBLEMAS RELACIONADOS AO TRABALHO?) 6) VOCÊ ACHA QUE SEUS HÁBITOS DE VIDA INTERFEREM NA SUA SAÚDE? ( ) SIM ( ) NÃO SE SIM, DE QUE FORMA: ______________________ 7) VOCÊ ACHA QUE SUAS ATIVIDADES DE TRABALHO INTERFEREM NA SUA SAÚDE? ( ) SIM ( ) NÃO SE SIM, DE QUE FORMA: ______________________ 8) VOCÊ JÁ SOFREU ALGUM ACIDENTE OU TEVE ALGUM PROBLEMA RELACIONADO AO SEU TRABALHO? ( ) SIM ( ) NÃO SE SIM, DE QUE TIPO? ______________________ 9) VOCÊ ESTÁ CIENTE DOS RISCOS QUE ESTÁ SENDO EXPOSTO DIARIAMENTE NO SEU TRABALHO? ( ) SIM ( ) NÃO 10) FAZ ALGUMA COISA PARA REDUZIR DANOS A SUA SAÚDE? ( ) SIM ( ) NÃO SE SIM, O QUE VOCÊ FAZ? ( ) USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ( ) CUIDADOS COM A ALIMENTAÇÃO ( ) OUTROS ______________________