Aula de Entropia • Prof. Nilton Cesar de Oliveira Borges TERMODINÂMICA ENTROPIA Energia e Entropia são conceitos abstratos. O conceito de energia é mais familiar e de uso diário, enquanto o conceito de Entropia raramente aparece em publicações diárias e menos ainda nos aspectos quantitativos. Inequação de Clausius. (Desigualdade de Clausius). A desigualdade de Clausius é aplicada a qualquer ciclo, independente do corpo ou dos corpos dos quais o ciclo recebe ou rejeita calor. A desigualdade de Clausius fornece as bases para a introdução de duas idéias instrumentais para a avaliação quantitativa de sistemas fechados ou volumes de controle, de uma perspectiva da 2a. lei da termodinâmica: a propriedade ENTROPIA e o conceito de PRODUÇÃO DE ENTROPIA. A desigualdade de Clausius estabelece que Q T 0 (1) onde Q representa o calor transferido em uma parte da fronteira do sistema, durante uma porção do ciclo e T é a temperatura absoluta daquela parte da fronteira. O símbolo significa que a integral envolve todo o ciclo do processo. 1 .2 Analise da Inequação de Clausius Para um processo ciclo apenas com processos reversíveis temos: Q Q H Q L T TH TL , tendo que em um ciclo Q H TH Q H Q L totalmente reversível (Carnot) Q L TL TH TL Logo: Q Q H Q L T TH TL 0 Desse modo para um ciclo reversível a inequação de Clausius é igual a 0. Reservatório Quente QH Recipiente de alta temperatura Máquina Transportador Recipiente de baixa temperatura QL Reservatório frio W Para um ciclo com processos irreversíveis temos: Como um ciclo térmico com processos irreversíveis tem um rendimento sempre menor que o reversível e esse é dado por : QH QL QH se QH independe do tipo do processo logo QL de um processo reversível sempre será menor que o QL de um irreversível. Temos: Logo: QL(irrev) QL(rev) Q Q H Q L T TH TL 0 É possível perceber que quanto mais irreversível for o processo mais QL estará próximo de QH e mais negativo será o processo. Q T 0 Desse modo vimos que a inequação de Clausius é sempre válida para qualquer ciclo térmico. Esta desigualdade pode ser escrita como: Q ciclo T Onde σciclo representa o tamanho da desigualdade, sendo que: σciclo = 0 não há irreversibilidades dentro do sistema σciclo > 0 irreversibilidades presentes dentro do sistema σciclo < 0 impossível. Para compatibilizarmos as nomeclaturas literárias vigentes em vez de usarmos “” maiúsculo usaremos em seu lugar o “” minúsculo. - Definição da Variação de Entropia A propriedade chamada de Entropia e é usualmente representada pela letra (S). Dessa forma, a variação de Entropia entre os estados 1 e 2, para um ciclo internamente reversível é definida como: 2 Q S 2 S1 1 T rev C 2 Dois ciclos executados por um sistema fechado estão representados na figura. ciclos AC e BC B A 1 Para o ciclo AC 2 1 1 Q Q 2 ciclo T A T C Para o ciclo BC 2 1 1 Q Q 2 ciclo T B T C σciclo= 0 para ambos os ciclos, pois são reversíveis. Assim, 2 1 2 Q Q 1 T A T B Q são os mesmos Como os valores de T para os dois ciclos, e iguais para quaisquer outros ciclos reversíveis operando entre os estados 1 e 2. Q Conclui-se que os valores de T dependem apenas dos estados 1 e 2 , independente do processo que a substancia passou, desse modo a entropia é uma propriedade da substancia, pois a o valor do parâmetro de uma subistancia independente do processo sofrido entre dois estados. Se tivermos um sistema executando um ciclo irreversível entre os estados 1 e 2, a variação da Entropia entre 1 e 2 será a mesma pois a Entropia é uma propriedade e portanto função do estado, Entretanto a variação da Entropia não poderá ser calculada por S2 S1 2 1 Q irreversível T Entropia de uma substância, pura, compressível simples. S 2 S1 2 Q 1 T y Q S y Sx x T int .rev . int. rev. (2) A equação 2 serve como base para a construção de tabelas e diagramas para a avaliação da Entropia, Sx é a Entropia do estado de referência, arbitrariamente escolhido. A utilização dos valores de Entropia relativos a um estado de referência arbitrário para cálculo de variações de Entropia é satisfatória porque o valor de referência desaparece. Nas tabelas de vapor de água é considerado com referencia a entropia do liquido saturado a 0º. Obs : A terceira lei da termodinâmica diz que um cristal perfeito a zero absoluto possui entropia igual a 0. Gráficos TxS São úteis para a solução de problemas e são apresentados com a Entropia na abscissa e temperatura na ordenada.(T-s). v c o n t T P c o n t P .C . . S . L . v s c o n s t P v h c o n s t c o n s t s 2 Q S 2 S1 1 T Q int .rev . 2 2 dS dS T Q dS T Q 1 1 T 2 T Q TdS 2 1 Á R E A TdS = 1 S QINT TdS 2 REV 1 Em um diagrama T x S o calor transferido será a Área sob a curva. Notar que isso é válido SOMENTE PARA PROCESSOS REVERSÍVEIS A importância das relações TdS é entretanto maior que a simples determinação dos valores de Entropia, elas são o ponto de partida para a derivação de importantes propriedades para substâncias puras, compressíveis simples, incluindo meios para a obtenção das tabelas que fornecem u, h e s. Comportamento da variação de entropia em um Ciclo de CARNOT O ciclo de CARNOT é composto por 4 processos , sendo 2 ISOTÉRMICOS e 2 ADIABÁTICOS. T 2 2 4 3 1 Is o té r m ic o 3 1 4 2 A d ia b á tic o 3 4 1 b a s 3 2 TdS TH s 3 s 2 1 Q 4 1 4 TcdS Tcs1 s 4 Q Qc 2Q 3 4Q1 Área 2 3 4 1 2 c H QH 2Q 3 Área 2 3 a b 2 2 Q3 2Q3 TH ( s3 ss ) 4Q1 Tc ( s1 s4 ) s3 s4 s2 s1 2Q3 4Q1 (TH Tc )( s3 s2 ) c T H Tc s3 s2 TH s3 s2 Tc 1 TH Considerando o ciclo de refrigeração teremos Q H 4 1 3 2 Q c Ou seja, se o sistema recebe calor sua Entropia aumenta, se perde calor, sua Entropia diminui. Se o processo é adiabático (e internamente reversível), não ocorrerá variação na Entropia do sistema. Transferência de calor possuem a mesma direção e sentido Processo adiabático transferida = 0 Transferência de Entropia Calor transferido= 0, Entropia Tabelas de Entropia As tabelas de Entropia são similares às de h, u, v e os valores de Entropia são listados nas mesmas tabelas. Os procedimentos para determinação dos valores da Entropia são os mesmos empregados para determinação das outras propriedades. EXEMPLOS 1) Considere água em 2 estados, mostrados na Figura Determinar T2 T P 1 = 3 M P a 1 T 1C= 5 0 0 . . P 2 = 0 ,3 M P a 2 s kJ 1 )P1 3 MPa Tab s1 7 ,2338 kgK 2 )P2 0 ,3 MPa kJ s2 s1 7 ,2338 T2 183C kgK EXEMPLO PROBLEMA: Água está contida como líquido saturado em um conjunto pistão cilindro a 100ºC. A água passa por um processo até ficar no estado de vapor saturado. Durante esse processo o pistão se movimenta livremente no cilindro. Se a mudança de estado acontece por fornecimento de calor a pressão e temperatura constantes, com a água passando por um processo internamente reversível, determine o calor transferido e o trabalho realizado, por unidade de massa, em kJ kg F ro n te ira Á g u a d o s is te m a P T P = c o n s ta n te g f W m o 1 0C 0 v g W Pdv f m Hipóteses: 1 0 oC 0 g f C Q m s g Q Tds f m 1 - a água é o sistema fechado 2 - o processo é internamente reversível 3 - pressão e temperatura são constantes no processo 4 - não há variação de energia cinética e potencial. a) calor transferido por unidade de massa Q m f) g f TdS T sg sf sf 1,3069 kJ / kgK g) sg = 7,3549 kJ / kgK vf 1,043510 . 3 m 3 / kg hf 419,04 kJ / kgK vg = 1,673 hg = 2676,1kJ / kgK trabalho realizado W m Q kJ 100 273,15 7,3549 1,3069 K m kgK Q kJ 2.256,81 m kg b) g f Pdv P vg vf kN P 1,014 bars 101,4 2 m 3 W kN m 101,4 2 1,673 1,043510 . 3 m kg m W kN . m kJ 169,54 169,54 m kg kg Relações Importantes Considere um sistema constituído por uma substância pura, compressível simples, que passa por um processo internamente reversível. A equação da 1ª lei para esse sistema é dE = Q - W Considerando Energia Cinética e Potencial igual a 0 , dE = dU Q INT dU W INT REV REV W INT REV pdV Q dS Q int TdS rev T INT REV Assim TdS dU pdV(analis edo proce s s o e m função do volum e ) H U pV dH dU PdV VdP dU pdV dH VdP TdS dH VdP(analis edo proce s s o e m função da pre s s ão) Uma vez que a Entropia é uma propriedade, ela depende somente dos estados. Assim, embora essas expressões tenham sido obtidas a partir da hipótese de processo internamente reversível elas podem ser utilizadas para calcular as variações de Entropia entre dois estados, qualquer que tenha sido o processo ligando esses dois estados. Como exercício considere a mudança de fase de líquido saturado para vapor saturado, em um processo onde a pressão e temperatura seja constantes Tds dh vdpvdp 0 , pconstan te dh hg hl T cons tan te ds sg sl T T considereR12a0C kJ Tab.A .7 hv hl 151,48 kg kJ sv sl 0 ,6965 0 ,1420 0 ,5545 kgK 151,48 kJ h sv sl 0 ,5546 vl T 273,15 kgK Relações de um processo adiabático Como vimos anteriormente: U Cv T Calor específico a volume constante Como para gases perfeitos a energia interna é função apenas da temperatura podemos escrever: dU mC dT vo onde o índice 0 indica calor especifico de um gás perfeito. H Cp T Calor específico a pressão constante Como para gases perfeitos a entalpia é apenas função da temperatura então podemos escrever: dH mC dT po onde o índice 0 indica calor especifico de um gás perfeito Dividindo ambas as equações pela massa temos: du C vo dT dh C po dT Sendo h u Pv h u RT du du RdT CvodT C podT RdT ( Cvo C po )dT RdT Cvo Cpo R define-se um k tal que: Cvo K C po logo aplicando a relação entre os calores específicos temos: R kR Cvo ; C po k1 k1 Em um processo adiabático reversível ds=0, logo, dU pdV TdS dU pdV 0 CvodT Pdv 0( I ) Da equação de um gás perfeito temos: Pv 1 Pv RT T dT d ( Pv ) R R 1 dT ( dPv Pdv )( II ) R fazendo a junção de I com II temos: Cvo ( dPv Pdv ) Pdv 0( III ) R R subistituindo C vo por K 1 1 ( dPv Pdv ) Pdv 0 k1 vdP kPdv 0( IV ) multiplicando a equação em ambos os lados por 1/P e 1/v temos: dP dv dP dv k 0 k P v P v dP dv P k v ln(P) C1 kln(v) kC2 ln(P) kln(v) kC2 C1 k ln(P) ln(v) kC2 C1 k Pv constante ou seja um processo adiabático reversivel com gases perfeitos obedece um regime politrópico. Trabalho perdido em um processo irreversível Da primeira lei temos: Q U W dQ dU dW È sabido que: Q Tds W PdV se o processo é irreversível temos então que: : PdV W lW ( onde δLW é o trabalho perdido) logo Tds du Pdv Tds du W LW sen do Q du W então Tds Q LW Q LW ds T Dessa forma conseguimos construir uma relação entre a variação de entropia de um processo irreversível. S 2 S1 Q T LW T 1-Se o processo é adiabático a variação de entropia se deve apenas ao trabalho perdido 2- A única forma de diminuir a entropia do sistema é extraindo calor, pois jamais o calor perdido pode ser negativo Analise da entropia em um sistema e sua vizinhança W Sistema com temperatura = T δQ Vizinhança, temperatura =T0 Para o sitema temos dSsistema Para a vizihança temos que: Q T Q dSvizinhança T0 A variação de entropia total da entropia é então: dSsistema dSvizinhança Q T Q T0 1 1 dSsistema dSvizinhança Q ( ) T T0 como T0 T então 1 1 0 T T0 Logo dSsistema dSvizinhança 0 Isso implica que em qualquer processo a entropia total sempre aumenta, se a entropia é diretamente proporcional ao número de modos internos de uma substancia , a tendência nos processos é que esses modos aumentem desorganizando assim o estado da substancia. Ou seja, a natureza tende a desorganização.