ALIAN~A
NAT U R AL
POVOS DAS COLONIAS,.....
POVO PORTUGUES
( ••• )0 l Cl\Gl<CS SO i,L,\ FI WL\
\ S O U D ,\ li l tmA~) l~ TOTAL
D.\ J•'H GLl .' IO t~ :>! ~ TOD:i 0 l-' OVO ~:0<, Hll3 1C.\.\ 0 C Ot-1 TO!)
AS ,\S fO W, .-\ S t : L ~ I.UT t\ l•• l Oi',T IC\ 0 c :JLO,\L\Ll S~t o,
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loo ~ r e Bs o )
CADERNOS '' 25 DE JUNHo:'
•
I
~
e,
"(. •• ) f a c tor · d e term inau te da 1-'lt ua<,~ ~~ em !Jortugal e na s celenias
e ceutiuua a s t!r, .a lut a d e e ll OSt"O.S pe v os, e • problema fundamental
sem 0 qual iiC II hu ma s olu(f!l O se 'd l po ~s iv e l
0 da
independeuC'ia des P•
ves de ~ ·toc;amhiqu e, Augela, Gu i ••e - Hi s sau e I lhas de Cabo Verde, assiiii
come as re stau t e s <· o lollia ::: portu g u e~as ."
e
(iu Declara c;~ o do l omit~ '•:x c < u ti \o u a
em Prtugal aq ua uJo d{' 25 de ALH' l ll
e
"(. •• ) limite
0 col ouialu; rno ,
alismo, yue .sust e uta o pr· i me iro,
0
!•'l ~ I·:Lf.\.! 0 soiJre es acontecimentes
e
S l .S t craa lOlouial,
ainda It imperiseL, do .tt e o iuimigo principal(. 0 . ) . "
(.\g • s t i nh •
~e t • )
"( ••• ) es p •ves das , -ole u:uu:; s ao a rnqo~, "* ~ • •.d t.a des, camaradas de armas
do pevo per tugue s . Os explo rado r· e s c op ress or es do povo pertugues sAo
os mesmos yue e xp l oram e ·~pt· irn e m o povo c.:u l ou ial. Os pevos '~_s celen!
as e o povo p ortug,u~ s 1 u tam l Oil t ra o '"e s l.i O iu imigo: • govern• fasc ista yue serve os mo u opolio s U<H.i ,;; ,ais e e E- t , ·augeiros( ••• )."
(in
11
" ~ lo z r.tmlJ ique
t.. o se-io do pov.o p or tll g U~ :-.
mui tos a u o s H~ t ill h ct V ll . d o a
mauifest~r a op os i~ ~ o e m 1 e l a ~ n o ~
guerra colouial. l:.!"t ;, op ol' i~a o <.· c es -(ente reflecte a to mada J e cou s <t. ih H · i
a de que a opre ssa o do uosso p ov o, <-t s
sim <.omo dos povos de A1.g o la, Gu i L•e - -H1 s sau e Ilh as J e tabo Ver de e s . To
me e Princ i pe e out r a~ I ol ou ia ~ , nao be uef icia os intere s s eA d o p o vo p ort u
gu&s,e de que a nossa luta arm a d a de l~bertas~o ' uma luta j~s ta pergue -~
nos uos ba temos e:.~~_! Lty u_2_~_!.~..?3_ ~?"
80S Jireitos fuud am e u t t11E a i llde pe u deuc ia e a 1 iberda d e. 0 pov o por t ugues
que ja perdeu muitos Jos s eus ft.lh ns
na guerra colonial de repressAo, <.om preende qu e esta guerra uar.t cor resp ou
de a uefesa UOS seus it•teresses, lll dSsim aos Jas gra,,des < ompa~..hias mou opo
listas portuguesas e estrangeiras yu;
exploram o povo portugue s assim como
os povos das col6uias. ~es te moment o,
u&s saudamos o combate de todos os Je
mocra tas a1,t i-fasc istas portugue s e s
que <.orajosameute tomaram e coHt lu u dm
a tomar posic;~es claras <.outra a guer
ra <. eloui~l e pe la uossa iudepeudeuc'k.
~st~ tomada de couscieu<.:ia
pois,
efuvbll<imeiro lugar,
determinuc; :io Jos
uossos povos que uao exitaram em afron
taros mais Juros sacrificios para cca7
quistar os seus direitos es&enciais
( ••• )
Jesde
ha
a
(
••
4i
e,
).''
(Samora Ma<.-hel iu "A voz da Rev$lu~:id'
uQ 21, Jau.-AIJril 1974)
-1-
Hevol u ti ou",uli 18, Maie 65)
"( .• . ) Os joveus que se eugajaram 11a
de ~tiuada a p~r termo a 48 a!los Je
d i t aJ \I ra iu inte rrupta em Portuga i agitH,io
uo ~>;ei • t i d o das aspirac;~es do pov·o por·tug u es a r ealiza~ao dos seus direitos legi
ti mos ~ democracia, liberdade e indepeu:
d e u < l<l r eal, sao OS mesmos joVehS que 1!
va Jo s a ba ter-se coutra o nosso povo com
p r ceHd(•cam lias colonias a injust1c;:a da gu e r r d e "' que estavam euvol vidos e a natu r ~ ~ d ~ o regime que os levava a Jar a
su a v 1da pela defesa de iuteresses que e
r am COil t ra r·ios aos interesSt!S do seu po-al~Jo
VO ,
\
.- )
!~ant o povo moc;ambicano, sob a dire~
u a FRELIMO, a defiuic;ao cerrecta do
iHim iQ...?. sempre coustituiu um prin<-lpie
esse n l ia l: 0 inimigo do povo moc;ambii.<.:auo
uao
£_£ ovo portugues, ele pr5prio vlt!
ma do fas <.ismo, mas o sistema colonial
portug u ~s . E o pr&prio ex~r<.:ito portugu~s
foi levado a compreeuder que uao defew.:liil
os iuteresses do seu povo ua guerra colo
uial ao seutir a desafeic;Ao cresceut~ da
lilpinHio portuguesa em relac;Ao A guerru
que tr ava 1.as <.olouias.
sao
&
Se a uossa luta representou uma C'OU
triiJuic;ao A luta do povo portugu~s con-tra o fascisme e para a couquista do seu
dire ito a demo era cia a FRELHiO uao pode
scnao felecitar-se de para iSSO haVer <.OU
tribuido.
•
Mas, do mesmo modo 4ue u povo
tem direito A independ~n~ia
e A democracia uao podera negar ao po
vo mo~ambicaue os mesmos direitos. ~­
pol" esses direitos e lemeutares,
mas
t.
essenciais, que nos batemos. Os objec
tivos da FRELIMO sao bem claros: ~ i~
dependencia total e completa do pove;mo~ambi c auo, a liqu ida~~o do coloniali sm~ portug u~s. 0 povo mo~ambicano
coustitui uma entida de distinta do po
VO portugues, p ossui a sua propria pm.
sonalidade pollti ca, cultural e soci:
al que so pode ser realizada pela in~
depend~ncia de Mo~ambique. Nlo nos ~a
temos para sermo s portugueses de pele
preta. Bateme-u os para nos afirmarmos
euquan to mo~ambicanos , sem que tal si
guifiq ue contudo desprezo pelo povo portugues ou qualq uer outre povo.
po ~t ugu~s
A FRELHtO reafirma a este proposito o priucipio de cooperar plenamen
te uuma base de independencia, igual:
dade' resp eito e '-int e.resse mutuo com
todos os povo s do mundo .
I.
'\:'
Qualquer tentativa de il udi r -.q pr;o
blema real so tera como censequencia 1
sar novos e eecusados
sacriflcios .
.
&:u
-.
(.
~ A via par~~ a solu~ao do problema ~
claras reconhecer o direito do povo mo~ambicano a independ&ncia.
Se porem o objectivo do golpe de es
tado
0 de encontrar novas formulas pa:
ra perpetuar a opresslo sobre o nosso po
vo, que os governantes portuguesee sai-bam que se defrontatlo com a nossa firme
determina~ao. 0 povo-ao~a•bicano ao Iongo de dez anos de luta heroica, conseotiu pesades sacrificios e derramou e san
gue dos melhores doe seus filhos para de
feDder 0 priucipie inalie~vel da sua sa
berania como na~lo livre e independente7
e
Nao poderemos_aceita r qu e a democra
cia para o povo portugue's sirva como
~ertP,ra para impedir a independeuc ia
nosso povo. Assim como a epoca de Caet~
~0 demonstrou amplamente que nao exist•
fascisme liberal, ' necessAria compree~
der ~~arameute que nlo h~ c oloniali$mo ·
democritico.
'
co
do
mente que a defiui ~ao de mo~ambicauo
uao corresponde a uma cor de pele ou
origem racia l, &tu ica, religiosa ou
outra: s ao membros de FRELIMO todoseas
mo~amb icanos que ade rem ao seu progra
ma de luta contra o c o lonialismo por:
tugues/Pel a indepeude ncia de Mo~ambi­
que. A FRELIMO n~o
uma organiza~ao
racial,uao faz uma luta racial.
Neste memento,que todas as for~as
solidarias do povo ••~ambscano e dos po
yos de Angola, Guine-Bissau e S. Tome
p rincipe e Cabo Verde continuem a agir
para qae seja reconhecido o uosso direi
tio a independefi~ii c••pleta e pennane~am
vigilantes perante quai:squer manobras
visando blequear o processo da nossa li
berta~ao total, vindas tanto da parte do
governo portugues come dos regimes da ~
frica do Sul e da Rodesia racistas.
-
Os combatentes da FRELIMO n~o
sa o profisSionais de guerra. Sao o povo m o~ambi ca no em armas. Sao, anteE
de maiR, mil i tant e s po liticos que pegaram em armas p ara por termo A vioHhtcia quotidiaua da domina~fto, da ex
plora~ae , da opre ssao colonial.
Imperta ainda que aS forc;:asnque apoiam a uossa luta reforcem a sua ajuda
em todos es plau~s aos movime nt og de li
berta~ao para que se possam concretizar
com o fim de colonialismo portugues, as
aspira~&es des nossos povos que sao as
de toda a Human ida de."
Cabe ao gove ruo portugu~s t ira r
completamenteas li~ oe s da experi~ n cia
p assada e compree nder bern que so p elo
reconhe cimenta do direito do pova mo~ambi cauo, dirigide p e la FRELlMO, seu
aut@ntico e legltimb r epre sentante,l
i udepend&ucia, se poder~ por termo A
guerra.
(De c lara~io do Comite Executivo da FRE LIMO acerca dos ac out ecimentos do 25 de
Abril)
A FRELIMO reafirma aiuda clara·.-
e
- 2-
e
"O fenomeno ueo-colonialista mostrou-nos que nao se p de duvidar da· rela~ao estreita que existe entre a nos•a luta e a luta
da classe operaria internacional"
"Apos a II Guerra ~lundial', o im
perialismo entra numa nova fase; por um lado,adopta uma nova polltiT
t:a de auxilio, concedendo a indepeu
deucia aos paises ocupados,por ou-tro lado concen+ra os investimeutos
prefereuciais nos palses europeus~
Esta atitude constitui uma tentativ<:~ de racionalizac;ao de imperial'smo que provocara a prazo mais
ou enos longo se e que ulo de sde ja
reacc;~es do tipo nacionalista nestes
mesmos paises europeus. Como vemos
o neo-colonialismo (a que podemos
chamar colouialismo raciondlizado)
coastitui uma derrota ainda mais pa
r·a a classe operaria internaci onal do que para os povos das colouias.
:
-~
0 colonial ismo; age dgora em du
as frentes ao mesmo tempo: em 1fri:
ca e na Europa. 0 intuito essencial
do auxllio que ele nos concede
0
de criar uma falsa burguesia d~sti­
uada a travar a revolu~ao e o de alargar as possibilidades desta bur guesia para que ela se comporte como neutralizante. Quanto aos investimentos d& capitais no Ocidente
(Franc;a, Italia, etc.) visam, na
nossa opiniAo, o deaenvolvimento e
a consolida~io da aristocracia operaria e 0 alargamento do campo de
ac~ao da pequena burguesia, seguindo-se em consequ~ncia um not&vel atrazo da revoluc;ao.
e
Considerand"o yue os problemas deve
ser analizados nesta perspectiva.
afirmar mais uma vez que o imperialism
ou "capitalismo em putrefacc;ao'', co
mento para fazer e desfazer &etados; em
seguida mata1·a os tahtoches, quando es~
tes se tornarem inGtei , e t:riara, se
f&r caso disso, um social~_2~o que aiguns
se apressarAo a chamar u o-coloniali
mas
e preciso
-nos'que nao se pode duvidar da
rela~ao
e a luta da classe opera ria in te ruac.io.-.
nal; mas antes de ence
~Ao
11
uaaa aproxi a-4!
entre o nosso caape inato e o m vi-
manto operari o internacional, impunha-se primedro tentar multiplicar os contact's entre este ca pesinato e os nossos
proprios assalariados. A
nial
si~ao
itua~ao colo-
jA antiga da A erica Latina e a
do proletariado oorte-americano
lustram bem a
aus~ncia
p~
!
de tais contactosr
tar contra o inimigo comum; ser6 a melhor prova de solidari-
-3-
ostrou
estreita que existe entre a nossa luta
encontrar .• meio e a forma de lu-
edade que nos podeis dar."
o.
I
0 fenomeno neo-colonialista
digo de armas na mAo, uao digo de que modo, porque o proble-
e vosso,
o
fim de se perpetuart utilizar& ~o inst~
"Na Guiue nos lutamos de armasua mao; lutai, tambe• vos, naG
ma
Qu~ri
"Pensain.o s tambem que a esquerda eu
.
rOpeia~
OS
IROVimentos operarios
as sua~ re sponsabilidade s 'i~•te lectuaiis
110
tua~ao
tudo
de ~~~ concrete nos paises do
t~'rce iro
mu1!do \ • •• ) •
Queria, para conclu ir , a crescen-
c oncreta dos uossos paises.
buto necessaria, porque uos faltam
instr~meutos
para a nossa pr&pria
analise. Alem disso, impoe-se apo!
ar materialmente os
lib er ta~ao
movimento~
de
auteuticamente revoluci.
onarios. Em res umo: estudo e anali
dos movimentos, luta por todos
•
Q
que possa ser utilizado para a re-
e venda de armas, etc. Queria, por
po~
tugueses armas ita liauas, sem falar,
uaturalmente, da s armas fraucesas.
~ preciso ainda desmascarar coraj~
samente tod os os meios de libertanacional submetidos ao imperiCreio tambem que sio
a esquerda e movimeutos operarios
internac ionais que devem
~~o
uacional. Das duas uma, ou admiti-
mos que cada um esta inte ressado na lu
ta contra o imperia i ismo , ou recusamos
admiti-lo. Se
e verJade~~omo
tudo le-
va a crer, que existe o imperialismo
80
•esme tempo, do•!
nar a classe operaria mundial e abafar
liberta~Ao
nacioual
ver nele wa inimigo comum c ontra o qu.-1
temos de lutar em conjunto.
exemp lo, que os amigos italiauos
alismo ( ••• ).
ternacionais e a nossa luta de liberta
dos paise& subdesenvolvidos, devemos
expedi~Ao
que apreeudemos aos
edade eutre os movfmento s operarios i~
os movimentos de
pressao contr~ o&noss&s povos:
Penso e m particu lar na
tar algumas palavras sobre a solidari-
cujo objectivo e,
•
os me1os poss1ve1s contra tudo o
soi.H~ssem
e
estudo e na analise da ~i
Trata-se precisamente de um cor.tri
~ao
a cti.
vidade milita nte simultane amente de t!"S
iat e rna cionais deveriam reconhecer
~e
um~
4ue e In se dev e p re parar para
,.
cham ~ r ~
t
vlo dis
cutir longamente sobre a solidariedade
pois que de facto se trata de
luta~
Guine nos lutamos ~e armaana mao; lutai tambem vos , nlo digo de araas na
mlo, nio digo de que modo, porque o
problema e voseo; aas
e preciso
encon-
trar o meio e a forma de lutar contra
o inimigo comum; .ser~ a me;lhor fc.[!aa
de solidariedade que nos podeis dar.
resp onsabilidade os Estados que
Existem naturalmente outras for-
r eivindi cam o socialismo, e denun
ciar abertameute todos os Estados
mas secundarias de sol idariedade: publica~lo
ueo-colonialistas.
de artigos, envio de medica-
mentos, etc.; Posso-vos agsegurar que
•
Pe nso que
e
bom lembrar
a
eEt-
querda oc , de ntal, e mais particularmen te a o s seus elementos joveus,
se um doe vossos paises conseguir
tra
var uma luta consequente - e 1!5e, amanhl,
na Eurepa, vos encontrar-des ea confli
. ..
to aberto contra o imperialismo, tam-
-4-
'
I
bern uos vos euvi a r e mos medicameu t os.
o u nao uma f o rmu d e l u. ta : so pe dillios' ·<Tne
Mas tamb ~~ ai c abe a v6s decidir se
n unc a ·se cozr;fuada estra tegia ge ral de
a coexist~ucia p a~!fica representa
lt¢-a e tactica ''oe luta . "
('Amil car Cabral iu 'fexto s Politicos)
.~·
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.
••
•
~·•
-
•
•
~
'
•• •
MENSAGEM AOS SOLDADOS
e destiuada
Esta me iisagem
-
aos soldad o s portugue ses , aqueles soldados que
vieram de longe, de muito Ionge, de outro c o ntinente. Invadiram as nossas terras e estao a matar o nosso povo, a queimar os uosso8 c ampos, a violar as nossas irmas.
SOLDADO PORTUGUES, quere mos d i zer-te que o que t u esta s a fazer
t o,
e desumaJ.. o, e
cruel ,
e
e mal
fei
crimiuo so . Peusa bern: se ll~S sa issemos da UOESa ter
ra, da Africa e fossemos ibvadir a tua terra na Europa, como
e
que tu te senti
rias?( ••• ) Acei tarias tu ser humilhado, batido, rouba do , acorr entado, sem te
revol tares? NAO, tu u ao a gir i as assim, tu haver ias de pegar em armas e lutar
con tra o invasor . Os teus autepassados fizeram isso quando fo ram invadidos pel
OS
a rab es t pel OS espauhois , pelos fra11C eses, ele S l utaram heroic ameu te para de
fenderem a s ua
e
independ~ncia,
iss o pre cisamente
0
re cusaram submeter -se a urn poder estrangeiro. C
que estamos a faze r, •• )
( • •• )~tempo de fazer urn exame de con:Sci~ncia. Tu es ho mem como noe, tu
nao
~ a sceste
criminoso: sao
aqu ele~ ~qu e
te ma n daram para a guerra que te tor-
naram crimino s o. qpovo port ugu~s, o teu povo,
e
honesto e tra balhador , nAo
e
urn povo de as sassinos. ~ 6s s a bemos isso. P o rque entl o tu vens matar o nosso p~
- 5-
l/.
"! -.Tlido· que queremos
e viver
em paz ~ na uossa te rra af rh·a.na' como donos da
nossa te rra. Temos esse direi to. ( ••• )
( ••• ) E para que
e
que tu lutas? Disser~~-te 2J,le {tu vinhas defender a tu
a Patria, IJ!as a tua Patria & Portugal, n~•.f!! Mo~ambique '~ nem Angola, nem a Gui-
ne.
e
Cada um destes paises
•
.
uma patria diferente da tua,
tradi~~es
tee com cost umes,e
•
COil
um povo diferen-
e historia .diferentes. Viste algum
ou angolano,ou guineense amea~ar a tua verdadeira Patria, que
mo~aabicano
e Portugal?( ••• )
( • •• ) cic Unica razAo que leva Of! dirigentes do teu pais a fazerem a guerra contra nos, ~ que ele~ nAo querem · devolver-nos as riquezas que nos foram
roubadas ha muito tempo. Talvez nao saibas, SOLDADO PORTUGU&s, mas a verdade
e que
Port.ugal
e governado
por uma minoria de 27 famllias. Essas 27 rfamllias
controlam todas as riquezas de Portugal e das colonias. Elas silo donas das ter
ras, das fabricas, das minas, do comerci~.o resto, a quase tot~iidade do povo
portugu@s vive na miseria. Nlo precisamos de dizer, tu sabes melhor que nos
( ••• ). E n!o roubam e explQram s8 o povo>l#portuguas: eles estendem esse roubo
-
aos nossos povos, a Mo~ambique, a Ango~, ~ Guine. E agora que os nossoa povos
decidiram dizer BASTA
~
A !opress!o
~
e
explora~lo,
.
eles enviaram-te a ti, SOLDA
DO PORTUGUtS para defend~res para ele~'as riqueaas
Porque, de fa cto, o que
e que
da nossa terra.
tu lucra<t das riquezas de Mo~ambiqu.e,? Nt\DA',
absolmtamente nada.( ••• ) sAo os grandee capitalistas que ap~aveitam . Eels
n3o v3o para a guerra, ficam em Lisboa ou em
Louren~o
Marques, em
seguran~a,
e mandam-te a ti para o mato, oude a morte te espreita em cada arbusto( ••• ),
so para salvaguardar os interesses dos grandee capitalistas( ••• ).
'
( ••• ) SOLDADO PORTUGU£8, nos nao queremos influenciar-te
a tomar uma decisa9( •• • ). Se achas que estas a fazer bem, fazendo a guerra, assassinando o
nosso povo, entao continua . Masse, segundo a razlo e a
justi~a,
compreendes
que a luta que estas a travar e in)usta, e o imoral, e queres p&r termo a ela,
ent ao deserta pa ra
acolheram-se
t
a
0
nosso lado.
protec~ao
Ja
varios soldados portugueses desertaram e
da FRELIMO( ••• ).
esta a nossa politica: acolher como nossos irmaos , como nossos aliados,
os soldados portugue s es que deserta r am e que, por esse acto mostraram
~. polltica
op~r-se
colonial, contra o nosso povo( ••• )
( • •• ) Numa reunia o coqa o povo, ha pouc.;_s semanas, o Presidente da FRELIMO disse: " Se algum de voces maltratasse um soldado portuguOs que desertou
ou se rende u, isso seria um crime tao graAde como matar ou maltratar um camar ada, um irmao n o sso!' Tam bem nos nunca definimos o iuimi go p ela ~ or. da pele,
ou pela origem , ou nac i onalidadeo
Ha
pretos qqe ~ lutam c ontra nos ao lado dos
colonialistas. A c Qr da pel e, p ortanto, nao "Pede ser criterio para defini~ao
do inimigo.
»>
Acerca de refractar,ios sabe-se q~ em 1970 pcfra 91000 chamadas
a
inspec~!o militar fa~taram 25%,
isto e, cerca de 28800. So
em Fran~a havia em fins de 1971•60000 refractarios e 10000 desertores dec l arados.
Americo Neves de Sousa-
28 anos,e-
xerceu as profissUes de sapateiro e
de alfaiate. Emigrou ilegalmente
ra
Fran~a
p~
aos 18 anos, tendo sido
ColOcado em
~tueda,
deserta pelos maus
tratos de que era objecto no exercito
portugues.
"Desertei do posto de Mueda. Os
incorporado no exercito colonial q~
soldados sao tratados c ~~6 caes. Eu de
ando regressou. Esteve na Guim! e
sertei tambem por causa da maneira co-
em Angola antes de ir para
que (Nampula e
a
tregou-se
~~o~ambi­
, depois, Mueda).En-
FR&LIMO em ,Outubro de
mo~ambic~
• o eu via ser tratado o povo
·no .( ••• ). Uma das coisas que mais .me
revoltava era ver ba t er n um
mo~ambicam
so porque nAo fa lava portugu~s( ••• ). F!
1968.
"Desertei porque estava consci
ente de que a guerra
,
nos nlo temos
0
e
tlesumana ,que
-
direit9 de lutar con
quei surpreendido ao chegar aqui, pois.
~
esperava encontrar russos, chineses,
banos, argelinos, tanzauianos como os
tra um povo que qucr a sua liberda-
oficiais nos tinham dito em Mueda. E-
de. Desertei tambem porque era tra-
les diziam que as ,dificuldades da guer
tado como um escravo n o exerc it o p~
ra prov&m do facto de haver estrangei-
tugues: ja la estava ha 8 auos( ••• )
ros a combater ••• se fossem so mo~aabi­
Sci que algumas pessoas me acusarao
canos eles seriam facilmente dominados'
-
de ter traido: fui quem fui traido
assim como
e todo
0
povo portugu&s.
Na caserna os oficiais costuma
Jose Inacio Biseo Catarino- Cabo 2178,
vam dizer que se alguem se perdesse
desertou do exercito colonial fascis-
no mato,estava perdido: morria de
ta. Nasceu em ~vora a 7-5-43. Trabalha
fome e sede ou seria morto pelos
dor rural desde
"bandidos da FRELIMO".
que frequentava a escola primaria.
crian~a
ao meSIIIo tempo
Aos 11 anos teve de deixar de estudar e arranjar emprego como pastor
Manuel de Jesus Santos- 22
anos,~
de um~latifundiario que ~ Lhe dava a-
ceneiro como o pai, foi incorporado
limenta~ao.
aos 19 anos . ~ mobilizado para Mo-
mo aprendiz de mecani c:o. co_m o salario
~ainb.,:i. que
de 25$00 por di.a , tralw:l,&a 7 anos coaa
e promovido a cabo, tendo
sido despromovido por indisciplina.
-7-
Aos 14 anos
o mesmo pagamento.
eaaprag~u
Raz~es
da
co-
deser~lo:
"Desertei poque noq_,portugueses,to-
2 PRISIONEIROS
mamos pela for9a uma terra que pertence ao Povo africano. Agora
eles
Joao Borges Gomes - 22
anos.Freque~
querem a sua terra. Porque e que ha
tou e escola ate aos 13 anos e
vemos de combater contra eles? .
pais trabalhou nos campos ate aos
Eu
de-
nao pos,so combater ao lado dos por-
21, idade em que foi incorporado
tugueses porque sei que eles estao
Feito prisioneiro no Chai
a fazer mal. Vi muitos dos meus
gado, Mo9alt\bique), a 7 de Mar9o
de
1969, na-sequencia de urn ataque
da
panheiros
morrerem~,
co~
todos eles mor-
reram por uma causa que nao era
a
(Cabo Del
Frelimo no pro~rio dia da chegada
sua ( ... ) . Gostaria de ser capaz de
ao aquartelamento. Sendo-lhe
falar a todod o Povo portugues
tado o que fazia em Mo9ambique,
particular aos soldados e
em
dizer-Jh~
que o que os oficiais lhes dizem
e
pergu~
se
tinha vindo defender o seu pais,re~
pondeu:
"Nao, vim como vern todos OS
mentira, que nos nao lutamos para
soldados portugueses, obrigados!Nao
defender Portugal mas para roubar a
temos nada a defender aqui.Voces da
terra que e de outro Povo. Que aqu~
FRELIMO defendem o vosso pais,
les que lutam contra nos SaO OS ver
9ambique, lutam pela liberdade. Nos
dadeiros donas da terra , que
nao sabemos porque lutamos, recebe-
que-
rem retomar o que lhes pertence
que
0
e
Mo-
mos ordens."
unico caminho que podemos se-
guir e evitarmos ser criminosos,
e
recusar lutar".
Fernando Santos Rosa -
24 anos, ca-
sado, urn filho. Apes dois anos ~ de
escola . primaria trabalha como pastor
Joaquim Morais - Capitao do exerci-
e depois nos campos. Foge para
to colonial portugues em Mo9ambique
9a em 1965 para evitar a incorpora-
Comandava 166 homens.
yao. Volta a Portugal a aalto
"Porque desertei?: nao
podia~
Fra~
por
razoes familiares e de retorno
a
bedecer a ordens para queimar aldei
Fran9a e apanhado pela policia esp~
as africanas ...
nhola que o entrega
Se se tratasse de defender PO£
~s
autoridades
portuguesas. Fica preso e e depois
tugal, eu fa-lo-ia · de foa vontade .
incorporado. Vai para Mo9amb.i.que
Mas em Africa nos nao defendemos
e feito prisioneiro a 14 de Mar9ode
Portugal. Trata-se sim de uma guer-
1969.
e
ra de agressao contra gente inocen-
"Os of ici ais falavam-nos cons-
te que nao quer aceitar a nossa cha
tantemente da selvajaria da FRELIMO
mada civiliza9ao . Os africanos
Sabemos agora que isso e falso!
tern
0
que defender-se.O governo portugues
que e que OS soldados
fere tanto Mo9ambiq ue como Portugal
defendem aqut? Lutamos porque somos
com esta guerra " .
obrigados( ... )o que
portugueses
nos queriamos
era voltar para as nossas familias
( ... ) .Isto aqui nao e Portugal!"
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POVOS DAS COLONIAS- POVO PORTUGUES CADERNOS `` 25 DE