I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 O ENSINO DA MATEMÁTICA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Rubia Diana Mantai1, Maurílio Miguel Tiecker2 1 Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Campus de Santo Ângelo, Departamento de Ciências Exatas e da Terra, [email protected] 2 Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Campus de Santo Ângelo, Departamento de Ciências Exatas e da Terra, [email protected] 1 CONTEXTO DO RELATO Este trabalho faz parte do projeto, Aplicações da matemática em posicionamentos geodésicos, o qual trata da modelagem matemática com o tema do meio ambiente com auxilio de bolsa PIIC/URI. A falta de cuidado com a natureza é visível em vários lugares, a contaminação dos rios, as queimadas a poluição atmosférica e o desconforto térmico, incomodam a população e afetam nossa saúde. Neste projeto nos embasamos na Lei nº 4.771/65 realizando um levantamento das áreas de preservação permanente da zona urbana da cidade de Santo Ângelo/RS, identificando as áreas com vegetação e as áreas ocupadas pelo homem, com isso conseguiremos trazer para dentro da sala de aula dados reais para se trabalhar áreas, percentagens, razão, proporção, regra de três, geometria, trigonometria. Assim, além de conseguirmos trabalhar os conteúdos matemáticos necessários de uma maneira com que os alunos compreendem a sua utilidade e aplicabilidade, também conseguimos incentivá-los para preservar a nossa natureza, tornando as aulas criativas e agradáveis. 2 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES No período de agosto/09 a julho/10 foram desenvolvidas as seguintes atividades de acordo com o cronograma previamente estabelecido. Inicialmente realizou-se um referencial teórico sobre a educação matemática, a educação ambiental, a legislação que rege sobre as Áreas de Preservação Permanente e os possíveis conteúdos matemáticos que seriam aplicados no projeto. Este levantamento bibliográfico forneceu uma maior compreensão sobre os assuntos que seriam envolvidos no projeto. Através das leituras realizadas percebese a importância que se deve dar a uma atividade prática em sala de aula, pois os resultados atingidos por parte dos alunos em questão de aprendizado são muito significantes. Após conseguido o mapa da cidade realizou-se um levantamento de conteúdos que podem ser trabalhados com os alunos em sala de aula através as APP’s, e assim formulou-se um material de apoio, com os conteúdos de áreas de figuras geométricas planas, perímetro, estudo da circunferência, relações métricas do triângulo retângulo, função quadrática, concavidade da parábola, função crescente e decrescente, razão, proporção e porcentagem. Cada rio com sua APP possuem um formato geométrico diferente, visualizouse círculos, retângulos, trapézios, triângulos e etc., os quais a partir do seu formato e suas medidas é possível trabalhar com o cálculo de área. Como as figuras não são URI, 02-04 de setembro de 2010. I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 regulares as áreas encontradas neste trabalho são aproximadas, mas para a demonstração da aplicação do conteúdo para o aluno já satisfaz. Encontrou-se áreas curvas, que neste caso o aluno pode usar a sua criatividade e decompor a figura com formato geométrico desconhecido em várias figuras de formatos geométricos conhecidos e o resultado final se dará pelo somatório das mesmas. Outra maneira que pode ser utilizada com alunos de anos iniciais é através das quadrículas a qual emprega meios mais artísticos para calcular a área da figura de uma planta, consiste em utilizar uma placa de vidro transparente quadriculada ou papel também transparente, quadriculado em milímetros, sendo os traços referentes aos centímetros mais fortes. Coloca-se a placa de vidro ou papel transparente sobre a planta de que se quer avaliar a área e faz-se a contagem dos centímetros e milímetros quadrados contornados na figura, o qual representará a área da mesma, novamente serão cálculos aproximados pois fica complicado quando têm-se pedaços quadriculados que ficam cortados pelo perímetro da figura. Em qualquer figura pode-se trabalhar com perímetro, medindo o seu contorno com régua ou escalímetro, ou utilizando-se de um fio de linha que depois de contornado na figura (ás vezes circular) mede-se o comprimento do fio com uma régua. Foi feito também o estudo da circunferência, que no caso do mapa eram as vertentes com as APP’s em seu redor. Calculando o raio pode-se trabalhar com a equação geral da circunferência. Encontrou-se dentro dos limites das APP’s figuras geométricas com formato de triângulos, e a partir deles podemos fazer um estudo identificando seus elementos (catetos, hipotenusa, projeções dos catetos, altura relativa a hipotenusa) e suas medidas, e assim estabelecer as relações métricas do triângulo retângulo, incluindo o teorema de Pitágoras. Muitos córregos fazem curvas durante seu leito e ao achar as suas coordenadas pode-se trabalhar funções do 2º grau, através de interpolação polinomial, Lagrange ou Newton, assim como polinômios de grau n. Além de conseguir encontrar a lei matemática da função que a curva representa, também visualiza-se no mapa a concavidade da parábola ( concavidade voltada para cima ou concavidade voltada para baixo), tema este que abre caminhos para um estudo interdisciplinar de nível do terreno. Dentro do mesmo tópico trabalha-se com função crescente e função decrescente, utilizando-se aqui o mesmo córrego. Ao realizar com os alunos a medida dos rios no mapa, já se está trabalhando com o conteúdo de razão, pois trabalha-se com escalas e assim terá a razão entre a distância que está no mapa e a distância real. A escala é a razão entre um comprimento no desenho e o correspondente comprimento real. No mapa utilizado para este projeto a escala foi de 1: 500, ou seja, cada unidade de comprimento no papel é 500 vezes maior no local. Outro conteúdo que pode ser aplicado é a proporcionalidade, ampliando algum trecho de um rio, e mostrando assim que a proporção é uma igualdade entre duas razões. Um exemplo é trabalhar com homotetia. Retirou-se dados do site da prefeitura municipal de Santo Ângelo sobre o número de habitantes total e somente da zona urbana, assim como a área total e a área urbana, e assim aplicando a porcentagem calcular a densidade demográfica da URI, 02-04 de setembro de 2010. I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 cidade e a densidade demográfica na zona urbana, a qual é um exemplo de razão entre duas grandezas: número de pessoas e área ocupada. Os resultados deste projeto foram apresentados para a comunidade em eventos de abrangência regional e nacional. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO Conforme D’Ambrosio (1996), “pesquisa é o elo entre teoria e prática”, construímos aqui através da pesquisa em um mapa a relação da prática aplicandose a teoria, ou seja, através de dados reais, através da observação no mapa, conseguimos retirar na prática informações para aplicarmos o conteúdo matemático, dito, a teoria, e a partir daí incentivar a pesquisa proporcionando a interdisciplinaridade. No contexto da educação Rangel (1992, p.56) nos diz que a educação deve estar comprometida com o conhecimento e não apenas com a aprendizagem. Assim, educar para o conhecimento é formar sujeitos criativos, críticos, responsáveis e com autonomia. Sujeitos que buscam superar obstáculos e dificuldades de maneira positiva. A função do professor é ser um mediador, que através de situações-problemas promove trocas de pontos de vista entre as crianças, onde elas ficam livres para opinar e discutir a melhor solução para o problema dado. Este trabalho serve como apoio para o professor que queira trabalhar a matemática de uma forma que evidencie a educação matemática, a pesquisa e a construção do conhecimento por parte dos alunos. Onde além de estimular a busca, a criatividade e os conteúdos matemáticos propriamente dito, também é trabalhado com o senso crítico, a responsabilidade social que abrange o trabalho. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com as pesquisas, diálogos e artigos, a matemática serve para resolver problemas da vida cotidiana, “ela interfere fortemente na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento e na agilização do raciocínio dedutivo do aluno”. (PCN – Matemática, p.15). Neste caso, buscamos uma educação que permita o bom desempenho do cidadão no seu dia-a-dia, que está repleto de matemática, e assim buscando realizar conexões com a realidade. Não é mais imaginável proporcionar aos alunos uma matemática descontextualizada. A proposta apresentada visa propiciar aos alunos uma educação que lhes seja útil, que lhes ajude no seu cotidiano em termos de qualidade. Também apresenta uma oportunidade de utilizar deste assunto (Áreas de Preservação Permanente) para integrar os conteúdos programáticos de outras áreas da educação. Deseja-se segundo Piaget (2002) que o professor deixe de ser aquele que só transmite o conhecimento, mas seja aquele que incentive a pesquisa, o espírito de descoberta, a investigação. O desenvolvimento deste projeto de iniciação científica trouxe a bolsista um crescimento pessoal, através das leituras, das pesquisas, do desenvolvimento de conteúdos e do envolvimento com a universidade/comunidade. URI, 02-04 de setembro de 2010. I Congresso Internacional de Educação Cientifica e Tecnológica – Santo Ângelo – 2010 5 REFERÊNCIAS D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática. Campinas: Papirus, 1996. DANTE, Luiz Roberto. Formulação e resolução de problemas de matemática: teoria e prática. São Paulo: Ática, 2009. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática / Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3ª edição, Brasília: A Secretaria, 2001. PIAGET, Jean. Para onde vai a educação? Tradução de Ivette Braga. 16ª edição, Rio de Janeiro: José Olympio, 2002. RANGEL, A. C. S. Educação matemática e a construção do número pela criança: uma experiência em diferentes contextos sócio-econômicos. Porto Alegre: Artes Medicas, 1992. URI, 02-04 de setembro de 2010.