“LUGAR DE MULHER É NO LAR”: AS REPRESENTAÇÕES DO FEMININO NAS REVISTAS DOS ANOS 1950 E 1960. Amilcar Guidolim Vitor Mestre em Patrimônio Cultural – Professor do Departamento de Ciências Humanas da URI – Campus Santo Ângelo – Contato: [email protected] Resumo: O alvorecer do século XX trouxe muitas novidades embalado pelos avanços técnicos da revolução industrial. Não apenas no sistema produtivo ou nos meios de transportes se efetivaram mudanças estruturais que são legados até mesmo a sociedade do século XXI. Também nos meios de comunicação houveram avanços significativos que mesmo na atualidade são capazes de ainda produzirem e ditarem ritmos de comportamento. O rádio e o cinema revolucionaram o modo como as pessoas passaram a adquirir não apenas informação, mas também a assimilar novas tendências de falar, vestir, se relacionar. Influenciada por um período da história contemporânea que ficou marcado como a belle époque, as pessoas passaram não apenas a participar da vida econômica da sociedade produzindo, mas também consumindo. Este fenômeno do consumo, mas também da massificação dos indivíduos enquanto meros receptores de produtos e informações, por sinal muito presente em nossa sociedade atual, passou a ser objeto de estudo dos pensadores da tradicional Escola de Frankfurt. Se desenvolvia ali a chamada sociedade de massas, tão analisada por pensadores como Herbert Marcuse, Theodor Adorno e Max Horkheimer. No embalo destas mudanças sociais e estimulada pelo aprimoramento das técnicas de impressão, distribuição e pela própria publicidade ascendente em função da produção em larga escala, as revistas também impulsionaram e ditaram ritmos de comportamentos. Em suas páginas além de propagandas e informações, se tratavam de assuntos ligados a vida familiar e entretenimento. Porém, no pós segunda guerra mundial, algumas destas revistas passaram a direcionar suas edições a um público específico. Com o american way of Anais do III Encontro de Ciências Humanas da URI. II Mostra de Trabalhos Científicos II Encontro de Egressos. Santo Ângelo: URI, 2015. life, ou jeito americano de se viver, muitos semanários viram nas mulheres o perfil mais adequado ao que se propunham a produzir. Dessa forma, as páginas das revistas ganharam uma estrutura que se dispôs a não apenas informar as mulheres ou vender produtos, mas também a reproduzir o modelo de sociedade machista e patriarcal que sempre se estabeleceu. Não por mero acaso ou coincidência, se encontravam matérias, reportagens e colunas de jornalistas que impunham às mulheres um modelo de comportamento no ambiento doméstico e social, idealizando o universo familiar baseado na mulher como o pilar da tão propalada moral e bons costumes. Revistas femininas como Cláudia, Revista Querida, entre outras, davam dicas de comportamento às mulheres, estabelecendo aos cuidados com os homens antes do casamento e principalmente depois, na conduta como esposas. A revista Cláudia de 1962, por exemplo, defendia que se a esposa desconfiasse da infidelidade do marido deveria redobrar seu carinho e provas de afeto. Já o Jornal das Moças de 1959, indicava que as mulheres não importunassem seus maridos com questões domésticas e também mantivessem a boa aparência frente a eles. São estas e outras situações reproduzidas nas páginas destas revistas que se pretende analisar e problematizar, verificando e evidenciado o quanto as representações do feminino foram padronizadas e arraigadas em uma estrutura social que a limitou ao ambiente doméstico. Palavras-chave: Mulheres. Representações. Revistas. Anais do III Encontro de Ciências Humanas da URI. II Mostra de Trabalhos Científicos II Encontro de Egressos. Santo Ângelo: URI, 2015.