HISTÓRICO, CLASSIFICAÇÃO, LEGISLAÇÃO E USO NO DESEMPENHO ESPORTIVO Roberta Burkhardt Costi Nutricionista Histórico Preocupação pelo padrão estético e alimentação diferenciada tiveram origem na Grécia Antiga Exigências do esporte e “corpo perfeito” contribuem para estratégias radicais Suplementos nutricionais para: perda de peso, melhora na estética corporal, prevenção de doenças e retardo no envelhecimento (Hathcolk, 2001; Ortega, 2004) Histórico Suplementos nutricionais comercializados com vários propósitos “Produtos milagrosos”, produzem “resultados mágicos” em curto prazo (Williams, 2002; Maughan; Burke, 2004) Surgimento de “dietas milagrosas” e aumento no consumo de suplementos nutricionais Atletas e esportistas com desejo de melhorar o desempenho e reduzir os efeitos adversos dos treinos como, lesões, fadiga precoce, supressão da função imune, passam a usar os suplementos sem critérios de indicação (Haskell, Kiernan, 2000) Por tudo isso e diante de um mercado em franca expansão, faz-se importante discutir alguns aspectos sobre os Suplementos Nutricionais Área de aplicação dos princípios nutricionais para aprimorar o desempenho esportivo (Williams, 2002) Nutricionista Esportivo: aplica estes princípios em atletas e esportistas A modulação da dieta e/ou a suplementação de nutrientes específicos deu origem à Nutrição Ergogênica (Bucci, 2002) Recursos Ergogênicos no esporte: equipamentos e roupas mais leves, métodos de controle do estresse e ansiedade e uso de nutrientes específicos Para que uma substância seja ergogênica, ela deve comprovadamente melhorar o desempenho (Santos, 2002) No passado, esteróides anabolizantes eram usados como recurso ergogênico Hoje, seu uso é considerado doping pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) Gravidade de efeitos colaterais: pode levar à morte Atletas e esportistas passaram a consumir ainda mais os suplementos nutricionais, por serem legais e “seguros” 2007) (Baptista, 2005; Tirapegui, 2006; Calfee, Classificação American Dietetic Association (ADA), a Canadian Dietetic Association (CDA) e o American College of Sports Medicine (ACSM), em 2009 assumiram que a segurança dos recursos ergogênicos relacionados à nutrição permanece em questão e destacaram a classificação destes produtos em 4 categorias: Classificação 1) Aqueles que podem funcionar conforme alegado. Exemplo: creatina, cafeína, bebidas isotônicas, barras e géis esportivos, suplementos à base de aminoácidos e proteínas Classificação 2) Aqueles que podem funcionar conforme alegado, porém com evidências insuficientes. Exemplo: glutamina, HMB (HidroxiMetilbutirato) Classificação 3) Aqueles que não desempenham funções como alegam (aqui se inclui a maioria dos suplementos comercializados atualmente). Exemplos: Aminoácidos de Cadeia Ramificada (BCAA), Picolinato de Cromo, Carnitina, Ácido Linoléico Conjugado (CLA), Triglicerídios de Cadeia Média (TCM), entre outros Classificação 4) Aqueles que são perigosos, banidos pelo COI ou ilegais e não devem ser usados. Exemplo: esteróides anabolizantes, Tribulus Terrestris, efedrina, hormônio do crescimento (GH) LEGISLAÇÃO Conhecer a legislação vigente é a forma de entender os reais benefícios e a segurança no uso dos suplementos As normas brasileiras estabelecem que os produtos para praticantes de atividade física podem ser apresentados sob a forma de: tabletes, drágeas, cápsulas, pós, granulados, pastilhas mastigáveis, líquidos, preparações semi sólidas , suspensões LEGISLAÇÃO Esses produtos não podem ser considerados alimentos convencionais e/ou usados como item isolado de uma refeição ou dieta, devendo em seu rótulo especificar a palavra “suplemento dietético” USO NO DESEMPENHO ESPORTIVO A dieta do atleta ou esportista baseia-se: objetivos do treino, nas exigências da modalidade e na fase do treinamento As altas demandas energéticas do atleta o fazem necessitar de mais nutrientes, não só da dieta, mas também através de suplementos (Costill, 2003; Burke, 2006) Complexos de vitaminas e minerais são indicados para atletas em dietas restritivas USO NO DESEMPENHO ESPORTIVO Atletas que treinam força precisam aumentar o consumo de proteínas diárias, estas podem vir de suplementação Pessoas que se exercitam para manter a saúde não necessitam de nutrientes adicionais, além dos obtidos da dieta balanceada Estes indivíduos só deveriam consumir suplementos em situações especiais, sob prescrição do médico ou nutricionista da área esportiva CONSUMO E FATORES ASSOCIADOS Número de pessoas fisicamente ativas tem aumentado em todo Mundo e o uso de suplementos nutricionais tem alcançado cifras altíssimas No Brasil, seis estudos envolvendo esportistas de academia mostraram consumo de 24% a 40% de algum tipo de suplemento, em geral sem nenhuma indicação médica ou de nutricionista (Rocha; Pereira, 1998; Araújo ; Soares, 1999; Hirshbruch; Lajolo; Pereira, 2003; Schneider; Machado, 2006; Ferreira , 2007; Fisberg; Mochizuki, 2008). CONSUMO E FATORES ASSOCIADOS Os estudos mostraram que 33% dos usuários de suplementos receberam indicação do professor de educação física A Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva – SBME (2006), chamou a atenção para o uso abusivo de suplementos e drogas comercializadas nos ambientes de prática de exercícios físicos O alto e indiscriminado consumo de suplementos nutricionais por atletas e esportistas, em geral está relacionado a desinformação desses usuários sobre os efeitos desses produtos. Como agravante aponta-se o uso de 2 ou mais produtos simultaneamente e sem a devida orientação do profissional capacitado. O fácil acesso a estes produtos e a não exigência de receita médica ou nutricional para sua venda, exigem que maiores esforços sejam concentrados na educação nutricional do usuário e do público em geral AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION – ADA (Reports). Practice paper of the American Dietetic Association: dietary supplements. 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