UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE COMUNICAÇÃO POR CONTEÚDO: DIVULGANDO MARCA ATRAVÉS DE ENTRETENIMENTO Por: Suzana de Mattos Kerber Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE COMUNICAÇÃO POR CONTEÚDO: DIVULGANDO MARCA ATRAVÉS DE ENTRETENIMENTO Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do especialista em Comunicação Empresarial. Por: Suzana de Mattos Kerber grau de 3 AGRADECIMENTOS À minha querida mãe, agradeço por toda a luta para me oferecer uma criação digna, a qual me permitiu chegar à pós-graduação. 4 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia à minha irmã Tatiana, quem sempre representou, para mim, um exemplo a ser seguido; quem esteve sempre ao meu lado nos momentos difíceis, mostrando que, com persistência, eu atingiria meus objetivos. 5 RESUMO Desde o advento da televisão no Brasil, até os dias de hoje, tanto os meios de comunicação, quanto a vida em sociedade sofreram transformações, as quais modificaram o comportamento dos consumidores. O hábito de assistir televisão foi afetado e, conseqüentemente, os resultados da propaganda tradicional neste veículo caíram. Baseada no intervalo comercial, este tipo de propaganda passou ser considerado uma interferência interruptiva na programação, levando os telespectadores a evitar tais anúncios sempre que possível. Diante deste cenário, a comunicação por conteúdo aparece como uma nova forma de divulgar marca, produtos e serviços, através da integração do entretenimento com a propaganda, de uma forma mais relevante e envolvente ao público. O mais importante para esta ferramenta é fazer com que a propaganda deixe de ser interruptiva, tornando-se convidativa. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar a comunicação por conteúdo veiculada no meio televisivo brasileiro e mostrar como esta ferramenta está se tornando uma importante alternativa à propaganda tradicional. Para se fazer tal análise, abordou-se a história da televisão brasileira, visando mostrar a importância deste veículo na sociedade. Em seguida, analisou-se a propaganda na televisão brasileira, verificando os fatos que levaram os profissionais de comunicação a questionarem a relevância de sua forma tradicional. E, para concluir o estudo, avaliou-se a importância da comunicação por conteúdo no cenário publicitário da atual TV brasileira, mostrando, como exemplo, as ações desenvolvidas pela empresa Oi, para divulgar sua marca aos telespectadores brasileiros. 6 METODOLOGIA Para iniciar este trabalho foi necessária, primeiramente, a escolha do assunto: comunicação por conteúdo. A partir daí partiu-se para a pesquisa bibliográfica, buscando-se livros, textos jornalísticos e artigos, publicados tanto em veículos impressos, quanto em sites, os quais possibilitaram as bases conceituais sobre o tema em questão. Uma vez que o assunto é extremamente amplo, para dar continuidade ao trabalho, foi fundamental a sua delimitação, focando nos casos de comunicação por conteúdo em um veículo específico: a televisão brasileira. Desta forma, foi possível estruturar a análise a ser feita, buscando-se, desde o advento da televisão e o surgimento da propaganda comercial na mesma, até o aparecimento de novas tecnologias e a conseqüente mudança de perfil do telespectador, a resposta para a criação da comunicação por conteúdo neste veículo. Assim, direcionou-se a pesquisa bibliográfica não apenas para a comunicação por conteúdo, mas também para o veículo de comunicação em questão e sua história na sociedade, além da análise da propaganda tradicional, tratando pontos como seu surgimento, sua evolução e sua atual decadência de resultados. Visando exemplificar o uso da comunicação por conteúdo na televisão brasileira, foi escolhida a Oi, uma das maiores empresas de telecomunicações do país, a qual investe fortemente em comunicação por conteúdo. Através de exemplos de programas onde a empresa comunica sua marca, seus produtos e seus serviços, foi possível verificar que a comunicação por conteúdo é uma alternativa eficaz frente à queda de resultados da propaganda tradicional no atual cenário da televisão brasileira. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................08 CAPÍTULO 1: A TELEVISÃO BRASILEIRA: SUA EVOLUÇÃO NO PAÍS........10 CAPÍTULO 2: A TRAJETÓRIA DA PROPAGANDA COMERCIAL NA TELEVISÃO BRASILEIRA.................................................................................20 CAPÍTULO 3: COMUNICAÇÃO POR CONTEÚDO: A IMPORTÂNCIA DESTA NOVA PROPOSTA NO ATUAL CENÁRIO PUBLICITÁRIO DA TELEVISÃO BRASILEIRA.................................................27 CONCLUSÃO....................................................................................................38 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................39 FONTES DE PESQUISA NA INTERNET.........................................................41 ANEXOS............................................................................................................44 ÍNDICE...............................................................................................................48 FOLHA DE AVALIAÇÃO..................................................................................50 8 INTRODUÇÃO Dividida em três capítulos, esta monografia pretende analisar a ferramenta de comunicação por conteúdo utilizada em programas da televisão brasileira. Com o intuito de observar o contexto no qual tal ferramenta vem sendo utilizada, o trabalho será iniciado com uma análise do panorama geral da história da televisão brasileira, desde o seu lançamento em 1950. O estudo da evolução da televisão como meio de comunicação é importante uma vez que, ao analisar as ferramentas de comunicação utilizadas durante os seus quase 60 anos de história, percebe-se que há sempre uma reciclagem e aperfeiçoamento de técnicas e estilos. No primeiro capítulo, são expostos, então, os principais acontecimentos da televisão brasileira, subdivididos em três formatos: TV aberta, TV por assinatura (ou TV fechada) e TV digital. A propaganda tradicional e sua eficácia é o tema central do capítulo 2. Representada principalmente pelos anúncios de trinta segundos do intervalo comercial, a propaganda na televisão brasileira sofreu uma queda de resultados e relevância, impulsionada por transformações dos meios de comunicação e da vida em sociedade, o que modificou o comportamento do consumidor e, consequentemente, seu hábito de assistir televisão. São analisados neste capítulo as razões e fatos que levaram os profissionais de comunicação e marketing a questionar a eficácia da propaganda tradicional na televisão brasileira, como o advento do controle remoto e o efeito zapping resultante desta invenção, as novas tecnologias caracterizadas por recursos digitais – que possibilitam, aos telespectadores, evitar o intervalo comercial – e a fragmentação da audiência. Por último, após analisar a televisão como um todo e as dificuldades encontradas pela propaganda tradicional neste meio de comunicação para 9 atingir seus objetivos, surge a comunicação por conteúdo como uma das soluções para manter a divulgação da marca e de seus produtos e serviços, integrando conteúdo editorial e comercial, através da produção de entretenimento. Esta ferramenta de comunicação é tema central do terceiro e último capítulo, no qual serão expostos os principais conceitos que formaram esta idéia, a qual utiliza a marca como mídia e a propaganda como atração principal. A participação das marcas no conteúdo editorial é apresentada através da interseção de interesses entre a identidade da empresa e os interesses do público, de forma a contar histórias que sejam relevantes e envolventes para os telespectadores, sem esquecer de sua intenção comercial. Algumas empresas brasileiras, já atentas a esta tendência de integração entre propaganda e entretenimento, utilizam a comunicação por conteúdo em programas televisivos como estratégia de divulgação de marca e consolidação de sua identidade. É o caso da Oi, empresa analisada nesta monografia como um caso de sucesso da utilização de comunicação por conteúdo para promover a marca e ganhar credibilidade no mercado. 10 CAPÍTULO 1 A TELEVISÃO BRASILEIRA: SUA EVOLUÇÃO NO PAÍS O presente capítulo discorrerá a história da televisão brasileira, mostrando sua trajetória pelos sistemas de TV aberta1, de TV por assinatura2 e de TV Digital, ainda em desenvolvimento no Brasil. Esta retrospectiva, apesar de não contemplar detalhadamente a história deste veículo, será de fundamental importância para questionamentos futuros sobre o cenário da publicidade, da propaganda e das estratégias de marca que utilizam o conteúdo dos programas neste meio de comunicação. Marcado pelo predomínio da cultura da imagem, o século XXI tem a televisão como um dos mais importantes meios de transmissão e recepção de informação. Presente em 94,5% dos lares brasileiros3, a TV conquistou espaço no dia-a-dia da sociedade brasileira ao longo dos anos, trazendo ao cotidiano da população uma forma doméstica de diversão e conhecimento. Com o surgimento da televisão, a relação entre o público e outros meios de comunicação existentes até então ganhou novo rumo. Não que os jornais e o rádio tenham sucumbido diante da exposição, ao mesmo tempo visual e auditiva, que a televisão oferecia. Mas a imprensa precisou repensar o papel de cada meio para não perder sua força. Um golpe definitivo no rádio – o mais sério – aconteceria em 1950, com o advento da televisão. Conjugando som e imagem, o rádio está condenado 1 Chamada desta maneira por estar ao alcance de todos, bastando apenas ter um aparelho de TV. 2 Também chamada de TV fechada, oferece canais extras ou em melhor qualidade de som e imagem, através do pagamento de uma assinatura mensal. 3 Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2007 (PNAD). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1230&id_pagina=1. Acessado em: 10 fev. 2009. 11 à extinção pelo novo veículo. (...) O rádio baixa de nível. A televisão se firma e se confirma. 4 1.1) A TV aberta no Brasil Trazida ao Brasil por Assis Chateaubriand, dono da cadeia de comunicação Diários Associados, a televisão brasileira deu seus primeiros passos em 1950. Ainda que experimentalmente, a TV mostrava-se como um promissor meio de comunicação, capaz de envolver toda a população mais do que qualquer outro meio antes utilizado. Em 18 de setembro de 1950, algumas pessoas da cidade de São Paulo, presentes diante de um dos 200 televisores importados por Chateaubriand, especialmente para este dia, e dispostos em lugares públicos, assistiram à primeira exibição televisiva da história de nosso país. 5 Os primeiros programas eram ao vivo, por ausência do videoteipe6, e muitas vezes improvisados pelos jornalistas e artistas envolvidos. Improvisação foi uma palavra presente na década de 50 para os que trabalharam nas primeiras emissoras, incluindo o próprio Assis Chateaubriand na inauguração da TV Tupi. Para desespero generalizado, aconteceu o que ninguém poderia imaginar: uma das câmeras pifou. (...) Quando se tentou colocar a estação no ar só com duas câmeras, descobriu-se que as três haviam sido conectadas para funcionar em conjunto (...). Informado do inesperado defeito, Chateaubriand foi enchendo o tempo com discursos e mais discursos, enquanto Irani [secretário de 4 TYS, Hélio. Rádio no Brasil. In: Comunicação, nº25, 1978, p.10. 5 VALIM, Maurício. A História da Televisão: da sua invenção ao início das transmissões em cores. Disponível em: www.tudosobretv.com.br . Acessado em: 10 fev. 2009. 6 Do inglês videotape, significa fita de vídeo. Permite a gravação previa para transmissões posteriores. 12 Chateaubriand] insistia a cada cinco minutos com um novo e repetido telefonema.7 A TV Tupi, de Assis Chateaubriand, foi a primeira emissora a ser fundada. Desde seu lançamento, a televisão seduziu o público e passou a fazer parte de cada vez mais lares brasileiros. Ainda nos primeiros anos da década de 50, o número de aparelhos televisores aumentou de 200 para 7 mil aparelhos – entre 1950 e 1951.8 É importante lembrar que os televisores nesta época tinham custo elevado e, por isso, não atingiam todas as classes da sociedade. Com o sucesso percebido através da TV Tupi, outros empreendedores da comunicação brasileira aventuraram-se por este novo sistema. Em 1952 foi inaugurada a TV Paulista, com o deputado Ortiz Monteiro a sua frente e, em 1953, a TV Record, organizada pela família Machado de Carvalho. Em 1960, uma década depois da primeira transmissão, já existiam 200 mil aparelhos televisores nas principais cidades do país. 9 Nesta época, o videoteipe trouxe mais profissionalismo aos programas, deixando-os com menos caráter de improvisação e protegendo-os de eventuais imprevistos. Mas uma das maiores mudanças da década de 1960 foi o lançamento da TV Globo, em 1965. Após obter concessões dos canais de TV do Rio de Janeiro e de Brasília, Roberto Marinho, dono do jornal O Globo, assinou contrato com o grupo americano Time/Life para a criação da TV Globo. Este acordo, junto aos poderosos da comunicação norte-americana, ofereceu, ao novo canal, um diferencial tecnológico desde sua primeira exibição. O Grupo Time/Life treinaria, nos Estados Unidos, o número de pessoas que a TV 7 MORAIS, Fernando. Chatô: o rei do Brasil, a vida de Assis Chateaubriand. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 503. 8 VALIM, Op. cit. 9 Idem. 13 Globo desejasse, ou enviaria pessoal norte-americano para treinamento no Rio de Janeiro.10 Enquanto a TV Tupi criou a televisão brasileira, não existindo parâmetros de outras emissoras para serem seguidos naquela época, a TV Globo revolucionou todo o sistema deste meio de comunicação. Composta por profissionais de gestão empresarial e técnicos brasileiros e norte-americanos, a TV Globo, em cerca de sete anos, tornou-se a maior rede emissora de canais de televisão do país, posição que possui até os dias atuais. Se antes a programação era influenciada pelos anunciantes, a TV Globo surge com uma nova proposta: os programas passam a ser criados pela própria emissora. Isto fez com que o conteúdo editorial de todas as outras emissoras sofresse transformações e passasse a ser organizado a partir de fórmulas de sucesso: novelas – com diferentes enfoques, dependendo do horário de exibição –, noticiários, filmes e programas de auditório. Os horários de exibição também deixaram de ser determinados pelos patrocinadores, sendo, o próprio canal responsável por sua agenda diária e mensal de programas. Na década de 70, a televisão a cores se difunde, tornando a programação colorida, inicialmente em poucas horas, para, então, posteriormente, abranger a totalidade dos programas. Nesta mesma época, a ditadura militar e a influência americana no país fez com que a propaganda governamental se tornasse diária e gratuita. Também neste período. o número de programas importandos aumentou consideravelmente, na tentativa de se mostrar, à sociedade brasileira, os benefícios do modelo capítalista de economia. 11 10 CAPPARELLI, Sérgio, LIMA, Venício A. de. Comunicação e televisão: Desafios da pós-globalização. São Paulo: Hacker, 2004, p. 72. 11 Em função da Guerra Fria, período de conflito político-ideológico entre capitalistas (EUA) e socialistas (URSS), com forte influência em países de sub-desenvolvidos. 14 Na década de 1980, completando-se 30 anos no país, a televisão já fazia parte de 55% dos domicílios brasileiros segundo censo do ano, com um número absoluto de televisores 1.272% maior que o divulgado no censo de 1960. 12 Nas duas úlitmas décadas do século XX, as transmissões televisivas abertas apresentaram poucas mudanças. Os principais obstáculos do sistema analógico já haviam sido superados. As atenções começavam a se voltar para o desenvolvimento da TV paga, com tecnologia de cabos de fibra ótica ou via satélite, e a digitalização do sistema. 1.2) A TV por assinatura no Brasil A televisão por assinatura, no Brasil, teve, como objetivo inicial, resolver um obstáculo específico e geográfico: oferecer boa qualidade de som e imagem aos locais que possuíam dificuldades de recepção de sinal da TV aberta. A preocupação não estava em fornecer conteúdos exclusivos, mas em possibilitar, aos moradores de cidades com altitude elevada – como, por exemplo, nas cidades serranas do estado do Rio de Janeiro – o acesso ao conteúdo tradicional dos canais abertos.13 Com a evolução tecnológica da transmissão de sinais, a utilização de cabos deixou de ser uma solução geográfica para tornar-se um objeto comercial. As empresas operadoras de canais exclusivos para assinantes conquistaram um mercado quase inexistente e transformaram-no em um lucrativo setor da economia do entretenimento. Assim sendo, a televisão paga começa a se expandir, a partir do início da década de 90, como um grande mercado aos novos e velhos grupos da 12 13 VALIM, Op. cit. Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA). Disponível em www.abta.com.br. Acessado em: 14 fev. 2009. 15 indústria televisiva. E não era apenas a tecnologia que favorecia o oferecimento de novos serviços relacionados ao costume já enraizado de assistir televisão, mas o próprio governo passou a facilitar, desde o fim da década de 80, a implantação das operadoras. Atraídos desde o Governo Sarney (1985-1990) pela regulamentação permissiva das TVs por assinatura (inicialmente tratadas como DISTV, ou serviço de distribuição de sinais por meios físicos), essas novas operadoras aumentaram sua presença a partir do Governo de FHC (1995-2002) com a regulamentação da TV a cabo, da TV por satélite (DHT) e as normas legais para telefonia celular e fixa. 14 A primeira rede operadora de canais via cabo foi a TVA, do Grupo Abril. Entretanto, logo em seguida, as Organizações Globo lançaram uma empresa concorrente: a chamada a GloboSat iniciava no mercado brasileiro com as distribuidoras NET e MULTICANAL. Até o ano 2000, estes dois grandes grupos, Abril e Globosat, detinham o que poderia ser chamado de um duopólio no cenário da TV por assinatura nacional. Cada um deles contava contando com diversas afiliadas e associados. Já no ano de 2002, muitas operadoras independentes ampliaram a participação no mercado para cerca de 23%. Este fato foi conseqüente de um processo de concessões para operadoras locais, o que diminuiu as participações das afiliadas NET Brasil e dos associados TVA.15 Com relação ao volume de adeptos, as estatísticas revelam que nos últimos anos da década de 90, a TV por assinatura teve um acelerado ritmo de 14 15 CAPPARELLI, Op. cit., p. 75. BOLAÑO, César Ricardo Siqueira, BRITTOS, Valério Cruz. A televisão brasileira na era digital. São Paulo: Paulus, 2007, p.193, quadro 13. 16 crescimento do número de assinantes e, aos poucos, se popularizou. Segundo o Levantamento Setorial de TV por Assinatura do quarto trimestre de 2007, estima-se que o número atual de assinantes de TV paga no país seja de 5,3 Milhões, um número 430% maior que a quantidade de assinantes no fim de 1995.16 Já no século XXI, com o aumento da Internet banda larga no país, as operadoras de TV por assinatura também vislumbraram uma oportunidade de integrar seus serviços aos oferecidos por empresas de telefonia. Assim, a Sky fez parceria com a Oi, Brasil Telecom e TIM, ao passo que a TVA com a Telefônica, além da Net, que também passou a oferecer serviços de internet e telefonia. Ambas apostam em seus combos populares, oferecendo pacotes de telefone fixo, Internet banda larga e TV por assinatura a um preço vantajoso aos consumidores. 1.3) A TV digital no Brasil Desde a sua criação, a televisão aberta no Brasil utilizava tecnologia analógica para a transmissão de imagem e de som. Exceto na transição da TV em preto e branco para a colorida, poucas mudanças aconteceram no Brasil, durante os quase 60 anos de história televisiva, visando melhorar a qualidade de sua transmissão: interferências, ruídos, distorções de cor, chuviscos e chiados eram freqüentes. No entanto, a partir de 1990, uma nova tecnologia surgiu nos Estados Unidos, prometendo transformar a qualidade das transmissões em todo o mundo: a TV em alta definição com padrão digital (HDTV – High Definition Television)17. O Brasil, visando acompanhar a revolução digital que se iniciava, começou, em 1994, a estudar esta nova tecnologia para que fosse adotada no 16 Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA). Disponível em www.abta.com.br. Acessado em: 14 fev. 2009. 17 Termo em inglês que significa Televisão em Alta Definição. 17 país, alguns anos depois. Foi nesta época que a Sociedade de Engenharia de Televisão (SET) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) criaram um grupo para comparação entre os padrões americano, japonês e europeu de TV digital, buscando o melhor modelo para ser adotado no Brasil. Em 1998, a corrida rumo à digitalização da televisão brasileira foi impulsionada quando a Anatel divulgou o início do processo de seleção para definição do padrão. No ano de 2006, o modelo japonês (ISDB-T)18 foi apresentado como o escolhido para o país. Para chegar a esta decisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou em consideração os interesses das grandes empresas de comunicação, entre elas as Organizações Globo, que afirmavam receber mais vantagens com o modelo nipônico, por ser mais tecnologicamente avançado que os padrões europeu e americano, embora oferecesse menos interatividade entre o telespectador e o conteúdo. 19 No dia dois de dezembro de 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, apenas para a cidade de São Paulo, a chamada TV digital no Brasil. As perspectivas e promessas da nova tecnologia foram apresentadas, juntamente com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rouseff, e o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Assim como no lançamento da TV no Brasil, em 1950, poucos brasileiros tiveram a oportunidade de assistir ao lançamento da TV digital brasileira. Um programa de incentivo e uma linha de crédito do BNDES foram anunciados, cada um no valor de um bilhão de reais, para baratear e popularizar os conversores que são necessários para transformar os sinais analógicos em números binários (tecnologia que utiliza os números zero e um para transmissão de dados, similar à dos computadores, e que é a essência do conceito digital). 20 18 Termo acrônimo de Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial (Serviço Integrado de Transmissão Digital Terrestre). 19 ALENCAR, Kennedy, MEDINA, Humberto. Lula escolhe padrão japonês para TV digital. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105765.shtml Acessado em: 15 fev. 2009. 20 TV brasileira se torna digital com promessa de R$ 1 bi de Lula. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u350661.shtml. Acessado em: 15 fev. 2009. 18 Depois da experiência de São Paulo, mais duas capitais brasileiras – Rio de Janeiro e Belo Horizonte – passaram a receber sinais digitais, ambas no início do mês de Abril de 2008. Uma das maiores críticas quanto à implantação da TV digital no país é a falta de interatividade do modelo brasileiro. Por enquanto, os brasileiros que já se beneficiam com o sistema digital podem notar a diferença na qualidade do som e das imagens, mas ainda não conseguem interagir com o aparelho, como acontece em outros países. Há diversas promessas da possibilidade de pausar os programas, gravá-los para assistir em outro momento ou fazer compras pela televisão, assim como é feito pela Internet. Entretanto, estas ferramentas só entrarão em funcionamento quando o Ginga, middleware da interatividade da TV brasileira, começar a ser comercializado. 21 Em entrevista ao programa Espaço Aberto, o então ministro das Comunicações Hélio Costa, defende as críticas: Há uma cobrança muito grande que eu vejo na imprensa, de modo geral, sobre a interatividade na TV Digital. Ora, ela é um segundo passo na implantação da TV Digital. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde as transmissões da TV Digital começaram há três anos, ainda não temos interatividade. Ela está em estudos na realidade, está sendo implantada lentamente em pouquíssimas cidades nos Estados Unidos. Na Europa, praticamente não existe interatividade. 22 Portanto, constata-se que a implantação da TV digital no Brasil realmente está acontecendo de forma gradual. Mesmo com incentivos do governo e de empresas do setor, a conversão total do modelo analógico para o 21 BOAS, Gustavo Villas. TV interativa não está acessível. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/empregos/ce0709200809.htm. Acessado em: 15 fev. 2009. 22 Espaço Aberto - Programa do canal GloboNews, exibido em 31/11/2007. 19 digital só deve completar-se em 2016, segundo estimativa do próprio Hélio Costa na mesma entrevista. 20 CAPÍTULO 2 A TRAJETÓRIA DA PROPAGANDA COMERCIAL NA TELEVISÃO BRASILEIRA Desde os primeiros anos de lançamento23, a TV no Brasil representou a oportunidade para as empresas do país divulgarem seus produtos e serviços neste meio de comunicação. O fenômeno de audiência que a TV prometia e comprovava a cada ano, oferecia grandes retornos aos anunciantes, principalmente quando a propaganda era usada estrategicamente, atentando para o perfil do público que assistia aos programas de cada canal. Assim, a indústria televisiva passou a ser um mercado lucrativo e muito investido pelos grandes empresários. Em 1962, a televisão já absorvia 24,7% dos investimentos publicitários no país, número que aumentou para 46,1% em dez anos. 24 O modelo que inicialmente chegou ao Brasil, ainda em 1951, através de agências de publicidade norte-americanas, como a McCann Erikson e J. W. Thompson, foi o que trazia a publicidade inserida nos próprios programas. Seguindo este parâmetro, a propaganda comercial na televisão brasileira, até a década de 70, era utilizada sob a forma de patrocínios. Alguns programas recebiam o nome dos anunciantes, como os casos da Gincana Kibon, do Repórter Esso, do Telejornal Pirelli e de tantos outros que eram veiculados nos canais dos anos 50 e 60. 25 Outros programas, embora não levassem o nome de seu anunciante no título, inseria no script dos apresentadores as características e qualidades dos produtos como uma forma de merchandising editorial. Este se configura como 23 A referência aos primeiros anos da TV brasileira diz respeito às duas primeiras décadas da televisão no Brasil: anos 50 e 60. 24 VALIM, Maurício. A História da Televisão no Brasil – Anos 60. Disponível em: www.tudosobretv.com.br . Acessado em: 10 fev. 2009. 25 Idem. 21 inserções de produtos ou serviços em programas de TV, chamado em outros países de Tie-in. Ainda nesta forma de merchandising, surgiram as garotaspropaganda que demonstravam o uso dos produtos enquanto o apresentador citava as inúmeras vantagens em escolher o fabricante que anunciava. 26 Apenas no início da década de 70, a propaganda comercial da televisão brasileira começou a assemelhar-se da forma mais famosa atualmente: os anúncios do intervalo comercial. Os anunciantes passaram a divulgar menos nos programas e mais no espaço publicitário que foi criado. 2.1) O intervalo comercial O intervalo comercial, também conhecido como break, é o espaço publicitário destinado à exposição de anúncios de diversos produtos de interesse do público telespectador. Assim como o próprio nome já demonstra, break significa em inglês, quebra, ruptura. Portanto, os anúncios são tratados como interrupções do conteúdo principal do canal. Durante o intervalo de tempo contratado, a empresa anunciante procura, através do estímulo visual e auditivo, envolver os consumidores com mensagens de incentivo à concretização dos objetivos de sua marca. Tais objetivos variam desde o tradicional aumento de vendas em curto prazo, até os conceitos atuais de branding27 e fortalecimento de marca. Entretanto, os telespectadores muitas vezes não estão interessados em realmente assistir a estas exibições, o que acabou levando ao questionamento da eficácia deste tipo de publicidade e à busca dos fatores que provocam tal desinteresse. 26 BUSSADA, Ewerton. Merchandising. Disponível em: http://www.revistameioemidia.com.br/revistamm.qps/Ref/RHSR-6PTUAY Acessado em: 16 fev.2009. 27 Branding é o termo utilizado para gestão de marca no qual cuida-se não apenas da propaganda de um produto ou serviço mas toda a atmosfera que envolve a marca e todos os pontos de contato com o público (SABINO, Mônica. Mas o que é branding, afinal?) Disponível em: webinsider.uol.com.br/index.php/2008/07/15/ Acessado em: 13 mar.2009.) 22 2.1.1) O advento do controle remoto e o surgimento do efeito zapping O controle remoto, parte integrante de todos os aparelhos televisores produzidos nos dias atuais, começou a popularizar-se no Brasil apenas nos anos 80, apesar de sua invenção datar-se em 1950. Entre 1993 e 2001, segundo pesquisa do IBOPE, o número de casas brasileiras nas quais existia controle remoto junto à TV cresceu de 30% para 88%.28 O objeto foi criado inicialmente para ligar e desligar as televisões e logo recebeu também as funções de alterar o volume do som da transmissão e de alterar os canais, sem que o telespectador precisasse se levantar de onde estivesse para fazê-lo. A tecnologia que possibilitou esta última função transformou o costume de assistir televisão: além de permitir, ao público, conhecer outros canais, antes pouco assistidos, afetou profundamente a visibilidade dos anúncios comerciais. Zapping é a mania que tem o telespectador de mudar de canal a qualquer pretexto, na menor queda de ritmo ou de interesse do programa e, sobretudo, quando entram os comerciais. 29 O efeito zapping, portanto, se revela no comportamento resultante do uso do controle remoto, o qual transforma o ato de assistir televisão em exibições de cenas fragmentadas e sem intervalos comerciais. E, assim, o controle remoto transformou a atração televisiva, antes baseada na imagem, em uma atração baseada na velocidade. Os 28 IBOPE – Levantamento Socioeconômico (LSE). Disponível em: http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub= Acessado em: 28 jan.2009. 29 MACHADO, Arlindo. Máquina e Imaginário: O Desafio das Poéticas Tecnológicas. 3 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001, p. 56. 23 telespectadores podem mudar de canal quantas vezes quiserem, até encontrarem uma cena que os prenda a atenção e que, logo em seguida, será abandonada para que uma nova procura se inicie. 30 O controle remoto é uma arma dos espectadores que apertam botões fazendo cortes onde os diretores de câmara não tinham previsto e montando essa imagem truncada, produzida por outra câmera, em outro canal ou em outro planeta.31 Portanto, a procura por novas opções de entretenimento e informação na programação dos canais, durante os intervalos, demonstra que o conteúdo comercial proposto não é atraente ao telespectador. 2.1.2) Tecnologias digitais: proposta de interatividade com o telespectador A televisão digital aparece no cenário brasileiro, trazendo novos horizontes para o futuro deste meio de comunicação no país. Vista como uma possibilidade de melhoria de qualidade das imagens – problema ainda recorrente aos telespectadores da TV aberta –, a chamada HDTV (highdefinition television) é a nova tecnologia que já está disponível em algumas cidades do Brasil – como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte – e que, até 2013, vai oferecer qualidade de som e imagem digitais para quase a totalidade das cidades brasileiras. 32 Mas a considerada maior novidade das tecnologias digitais é a possibilidade de interação dos meios com o público, que cada vez mais assume o perfil de conectar-se a mídias oferecedoras de uma comunicação de 30 SARLO, Beatriz. Cenas da Vida Pós-Moderna. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997. 31 Idem. 32 STRAUBHAAR, Joseph, LAROSE, Robert. Comunicação, Mídia e Tecnologia. São Paulo: Pioneira Thomson Learnig, 2004, p. 83. 24 constante mão dupla, das quais ele possa não apenas receber informações, mas também gerar ou procurar conteúdo de maneira flexível e envolvente. O termo “interatividade” é algumas vezes utilizado para descrever qualquer situação na qual o conteúdo de um sistema extensivo de mídia é passível de ser selecionado e individualmente configurado (customized, na expressão em inglês) pelo usuário.33 Tal interatividade também chegou à TV. E a principal tecnologia capaz de possibilitar a interação entre telespectador da televisão digital e conteúdo televisivo é o digital vídeo recorder (DVR). Este aparelho, cujo nome pode ser traduzido para gravador de vídeo digital, por possuir uma memória interna como a de um computador, permite aos telespectadores que gravem seus programas preferidos para assisti-los quando for mais conveniente. Através deste aparelho, a televisão digital possibilita que o público interaja com o conteúdo sem a imposição de horários. Mas a grande questão desta nova tecnologia para o cenário publicitário atual é a de que, ao assistir aos programas gravados, os telespectadores podem utilizar o controle remoto para avançar as partes que não lhes interessarem, inclusive os comerciais. O público agora pode simplesmente avançar estes minutos de ofertas de produtos e voltar a assistir seu programa sem ser mais bombardeado por mensagens publicitárias fora do conteúdo principal da emissora. Pesquisas revelam números preocupantes aos empresários e às agências de publicidade quanto a esta nova ferramenta: nos Estados Unidos, onde os DVRs já são comercializados há algum tempo, os usuários destes aparelhos não assistem a 60% dos anúncios publicitários em programas gravados. 34 Embora no Brasil ainda haja uma pequena quantidade de telespectadores com acesso a este artifício, os profissionais de marketing 33 34 STRAUBHAAR, Op. cit.. Nielsen Media Research. Disponível em: http://www.nielsenmedia.com/nc/portal/site/Public/ Acessado em: 25 jan. 2009. 25 acreditam que o efeito será o mesmo. A operadora Sky, que já oferece DVR em sua TV digital, constatou que 41% dos usuários que possuem este serviço não assistem comerciais. 35 Enquanto a interatividade dos DVRs estiver pouco difundida no Brasil, o intervalo comercial, embora já demonstre ser uma forma interruptiva de publicidade, ainda continuará sendo uma importante alternativa para a divulgação de produtos, serviços e da marca em geral a um grande número de pessoas. O perigo que aterroriza os anunciantes será quando todos os telespectadores brasileiros, já tendo acesso ao middleware – que consegue avançar os comerciais sem que os mesmos precisem ser assistidos –, passarem a usar esta tecnologia. No caso brasileiro, o middleware que concederá o poder ao telespectador de interagir com o conteúdo na televisão é o Ginga, como foi visto no capítulo 1. Embora não seja possível mensurar o impacto que este aparelho terá no mercado brasileiro, os índices encontrados em países onde a TV digital já opera há alguns anos – como o caso dos Estados Unidos, citado anteriormente – mostram que os consumidores tendem a evitar os anúncios publicitários. 36 Diante deste panorama, algumas agências já procuraram usar a interatividade para criar anúncios, nos quais os telespectadores “navegam” pelos comerciais em busca de jogos, novas informações e curiosidades. Este conteúdo exclusivo, disponível a um toque de controle remoto, pode interessar os espectadores fascinados com a nova tecnologia, mas apenas se os comerciais tiverem a oportunidade de serem assistidos. Isto porque a publicidade sofrerá, em um futuro próximo, não mais com o poder dos telespectadores em mudar o canal quando iniciados os intervalos comerciais, 35 BESSEL, Lucas. À espera da TV Digital. Disponível em: http://info.abril.com.br/aberto/infonews/092007/25092007-18.shl. Acessado em: 25 jan. 2009. 36 BOAS, Op. cit.. 26 mas com a possibilidade de este público simplesmente não precisar mais esperar para que o programa se reinicie. A questão que atormenta os profissionais de marketing e propaganda do país é criar formas alternativas de chamar atenção do público que sejam mais eficazes aos objetivos da publicidade, num cenário em que as novas tecnologias estão modificando o comportamento dos telespectadores e, com isso, resultando na forte fragmentação e dispersão da audiência da propaganda tradicional. 27 CAPÍTULO 3 COMUNICAÇÃO POR CONTEÚDO: A IMPORTÂNCIA DESTA NOVA PROPOSTA NO ATUAL CENÁRIO PUBLICITÁRIO DA TELEVISÃO BRASILEIRA As mudanças tecnológicas e comportamentais tornaram a publicidade tradicional da televisão brasileira cada vez menos atraente com o passar dos anos. Baseada no intervalo comercial, este tipo de propaganda passou ser considerado uma interferência interruptiva na programação, levando os telespectadores a evitar tais anúncios sempre que possível. Os mais otimistas afirmam que a publicidade está morrendo. Os pessimistas acreditam que ela já era. Exagero ou não, a verdade é que nunca se questionou tanto o real valor e eficácia da inserção publicitária tradicional, seja ela no formato de um comercial de 30 segundos ou uma página de revista ou jornal. 37 É através destas palavras que Walter Longo, importante publicitário brasileiro, inicia seu artigo intitulado “A luta pela atenção”. Muitos foram os autores que, nos últimos anos, atentaram para esta transformação na forma tradicional de anunciar: Al Ries e Laura Ries38 acreditam que a publicidade perdeu sua credibilidade, Florence Amalou39 propõe uma avaliação da mesma, acreditando que ela tenha ultrapassado os limites dos seus objetivos, enquando Sergio Zyman40 clama por uma mudança imediata. 37 LONGO, Walter. A luta pela atenção. Disponível em: http://walterlongo.com.br/artigos/A%20Luta%20pela%20Atencao.html. Acessado em: 09 mar. 2009. 38 RIES, Laura e Al. The Fall of Advertising and the Rise of PR. Nova York: HarperCollins, 2002. 39 AMALOU, Florence. Le livre noir de la Pub: Quand la communication va trop loin. Paris: Stock, 2001. 40 ZYMAN, Sergio. The End of Advertising as We Know It. Hoboken: Wiley, 2002. 28 Em um cenário onde o público não demonstra interesse por anúncios, mas ainda assim, passa horas à frente da TV, todos os dias, é preciso utilizar este meio de forma diferenciada. Os profissionais de marketing precisam criar uma comunicação que rompa com a desordem criada por todas as outras mensagens, de forma que o públicoalvo pelo menos preste atenção a ela. É mais provável, portanto, que as mensagens sejam consideradas quando forem distintivas e relevantes para a audiência. 41 Segundo a BCMA – Branded Content Marketing Association – a comunicação por conteúdo é o processo de geração de idéias que traz entretenimento para marcas e integra marcas ao entretenimento. É uma forma de criação de entretenimento, que faz convergir às três forças do marketing: conteúdo, mídia e marcas. Também chamada de Advertainment, palavra composta por Advertising (propaganda, em inglês) e Entertainment (entretenimento, em inglês), o termo fala por si só. 42 A comunicação por conteúdo envolve estratégias de comunicação como o product placement, caracterizado quando uma marca é intencionalmente inserida em um programa, o product integration, marcado pela integração do produto como parte do enredo de uma história, e o branded entertainment, que acontece quando o entretenimento é inteiramente produzido para promover uma marca. Nos três casos, uma palavra em comum: envolvimento.43 No meio televisivo, a comunicação por conteúdo já foi usada por muitas marcas como estratégias de divulgação, recorrendo aos programas como alternativa para reter mais atenção e audiência ao discurso da empresa. 41 CHURCHILL, Gilbert A. Marketing: Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 82. 42 Branded Content Marketing Association. Disponível em: http://www.thebcma.info/branded_content/index.html Acessado em: 12 mar. 2009. 43 Idem. 29 3.1) Presença de marca no conteúdo editorial A comunicação por conteúdo não é um fenômeno novo. Conforme mencionado no capítulo anterior, no inicio da TV brasileira – considerando a primeira década deste meio de comunicação – as empresas vislumbraram, na televisão, a oportunidade de anunciar e aumentar seus lucros. Passaram, então, a utilizar os programas para divulgar marca, através do patrocínio aos mesmos, os quais muitas vezes recebiam os nomes das coorporações em seus títulos. Este patrocínio permitia que a marca anunciante estivesse presente nos momentos em que o telespectador estava voluntariamente disponível para receber informação. Quando a propaganda comercial na televisão passou a ser veiculada em pequenos anúncios de trinta segundos, formando o intervalo comercial, esta integração entre marca e entretenimento foi aos poucos diminuindo. Alguns programas mantiveram formas de comunicar como o merchandising e product placement. 44 Estas formas de comunicação por conteúdo atuam com a inserção de marcas específicas de produtos em programas televisivos e filmes, contracenando com os personagens da história. Os breves comentários e elogios dos personagens sobre o produto podem aguçar a curiosidade dos consumidores e gerar retorno em vendas. O merchandising e product placement ainda têm a vantagem de não poderem ser evitados pelos telespectadores, já que, até então, não existe um dispositivo que possibilite pular as mensagens comerciais nos programas, assim como os DVRs permitem que seja feito com os intervalos comerciais. Apesar de serem duas ferramentas que mantém a integração entre publicidade e entretenimento, o merchandising e product placement são ainda interruptivos já que, quando inseridos em filmes e novelas sem um contexto, tornam o conteúdo desinteressante. Scott Donaton, autor do livro Publicidade + 44 BUSSADA, Ewerton. Op. Cit. 30 Entretenimento45, critica a forma como as empresas ainda utilizam a inserção de produtos em programas sem avaliar o impacto desta aos telespectadores. Muitos telespectadores ainda se sentem incomodados com o fato de os personagens das novelas começarem a conversar sobre um produto, como um sabonete ou uma bebida específica, sem um contexto que realmente justifique aquele assunto. Segundo Donaton, os consumidores já são informados o suficiente para perceber quando um programa está disposto a vender mais do que a entreter. A comunicação por conteúdo se propõe a reinventar a integração do entretenimento com a propaganda, de uma forma mais relevante e envolvente ao público. O mais importante para esta ferramenta é fazer com que a propaganda deixe de ser interruptiva, tornando-se convidativa. Foi assim que, nos últimos anos, a comunicação por conteúdo tornou-se mais completa. Os profissionais de marketing viram que não era importante apenas utilizar o espaço editorial para fazer a divulgação da marca, mas esta integração precisava ser interessante a ponto de o telespectador procurar por ela. 3.2) A nova tendência: do push ao pull Os cinqüenta primeiros anos de televisão no Brasil e no mundo foram caracterizados por um modelo de mídia passiva, na qual as pessoas que a assistiam recebiam informações consideradas importantes pelas emissoras e anunciantes, sem ter a oportunidade de decidir qual tipo de informação estava disposto a consumir. Como discutido no capítulo 2, as novas tecnologias possibilitaram um novo fluxo nesta comunicação: a via de mão dupla entre telespectadores e 45 DONATON, Scott. Publicidade + Entretenimento. São Paulo: Cultrix, 2008. 31 emissoras. Hoje, a informação pode ser procurada pelo público e sua forma de consumi-la diferenciou-se. Estamos na era do consumidor com autonomia. A televisão, com a chegada dos DVRs e da TV digital, passa a compor um modelo de mídia ativa. O modelo push está morto. Os consumidores ‘atraem’ as mídias para si e têm a capacidade de eliminar o que não querem, usando tanto a tecnologia digital para pular um comercial quanto simplesmente escolhendo um canal diferente dentre as centenas de opções da programação.46 O modelo push, termo proveniente da palavra push que significa empurrar em inglês, refere-se ao modo como os telespectadores assistiam TV antes do lançamento da interatividade da TV digital, com as mensagens sendo empurradas a eles o tempo todo. Agora é preciso oferecer comunicação de marca que os consumidores desejem receber. Ou seja, não se deve mais empurrar, mas produzir algo que o consumidor “puxe”. Este é o modelo pull. Com os usuários no controle, todas as regras impostas anteriormente são modificadas. “Os produtos de amanhã têm a ver com entretenimento. Se a mensagem não nos for comunicada de uma forma que entretenha, não estamos interessados”.47 3.3) A interseção de interesses e identidades para envolver o telespectador Para que o consumidor sinta-se envolvido com o conteúdo, a ponto de desejar consumi-lo, é importante abordar temas de seu interesse. Em contrapartida, para que a publicidade integrada a este conteúdo também tenha 46 DONATON, Op. Cit, p. 76. 47 Idem. 32 um propósito, é fundamental que tal conteúdo seja ligado diretamente aos valores da empresa e ao posicionamento de sua marca. Se a empresa constrói ações de comunicação que não envolva nem atraia o público, ela não estará sendo coerente com as ações voltadas para que os seus produtos sejam desejados e consumidos. A missão das grandes empresas é transformar as suas marcas em mídia, pois ela própria tem histórias interessantes capazes de gerar interesse. 48 Em artigo para a Revista RI49, Rodrigo Guimarães, diretor de atendimento da Selulloid AG, agência especializada em comunicação por conteúdo, aborda a questão como parte de uma matriz de relevância. Neste esquema, a comunicação por conteúdo seria eficiente quando os consumidores encontrassem a interseção entre utilidade e prazer: o “Eu quero”. Não basta que um programa seja interessante, ele também precisa ser útil. Assim, é preciso haver um equilíbrio entre os interesses das empresas e do público, para que o programa seja realmente útil e prazeroso para quem assiste, sem perder suas funções comerciais implícitas. A comunicação por conteúdo propõe, portanto, que a mensagem da marca no conteúdo editorial seja a interseção de interesses entre a marca e o público. Desta forma, se o público for interessado em música, tecnologia, viagens e culinária, enquanto a marca tem, no seu posicionamento, proximidade com tecnologia, viagens, esportes e interatividade, a comunicação por conteúdo da empresa junto ao público deve ser a interseção entre assuntos das duas partes: neste caso, tecnologia e viagens. 48 ROZEMBLATT, Flávio. In: MELLO, Bruno. Selulloide: Comunicação por conteúdo de verdade. Disponível em: http://www.mundodomarketing.com.br/9,95,selulloid-comunicacao-por-conteudo-deverdade.htm Acessado em: 17 mar. 2009. 49 Revista RI, nº 119, Fevereiro de 2008. Disponível em: http://www.revistari.com.br/119.php Acessado em: 17 mar. 2009 33 É através de histórias sobre assuntos de seu interesse que o público se envolve com a marca, aceitando-a como entretenimento para o seu tempo livre. A comunicação por conteúdo, quando estrategicamente utilizada, consegue ser interessante a ponto de não ser encarada pelo público como um conteúdo unicamente comercial. 50 O comportamento do consumidor e sua identidade são estudos importantes para a comunicação por conteúdo. Apenas conhecendo muito bem o público com o qual uma marca deseja se relacionar é possível descobrir as interseções existentes entre os mesmos para que as histórias sejam criadas e o resultado seja positivo. 3.4) Exemplos de comunicação por conteúdo na televisão brasileira Diversas empresas brasileiras já utilizaram os programas para transmitir sua mensagem sob a forma de entretenimento. Segundo pesquisa divulgada pela PQ Media, a comunicação por conteúdo expandiu cerca de 13,9% no ano de 2008, caracterizando um investimento de 25,41 bilhões de dólares. Embora este índice reflita o investimento em todo o mundo, o Brasil vem demonstrando interesse em integrar marca e conteúdo editorial. Um dos atuais exemplos de utilização do espaço editorial para anunciar na televisão brasileira é o merchandising em programas de variedades, como Domingão do Faustão, Hebe e Domingo Legal. Estes programas possuem empresas patrocinadoras, cuja marca, produtos e serviços são anunciados pelos apresentadores entre uma atração e outra. O depoimento testemunhal do apresentador é importante, porém este tipo de comunicação ainda é considerado interruptivo, pois normalmente não há ligação direta entre o anúncio e as atrações do programa. 50 Revista RI, Op. Cit. 34 O mesmo acontece em novelas, gênero tradicional da televisão brasileira. Produtos são inseridos no cenário de uma cena, contracenando ou não com os personagens. Quando utilizados no roteiro, este product placement tenta, também por depoimento – só que desta vez dos personagens – transmitir a credibilidade da mensagem. Ainda neste caso, a interrupção pode acontecer se o produto não se encaixar no contexto dos acontecimentos da trama. Em reality shows também é comum observar mensagens comerciais integradas ao conteúdo. No maior programa desta categoria, o Big Brother Brasil, empresas como Fiat, Honda e Minute Maid Mais patrocinam os jogos e competições na casa onde os participantes ficam confinados. Os atributos dos produtos são postos como informações importantes para as regras do jogo, tornando o conteúdo interessante e pouco interruptivo para o público que assiste. Algumas empresas vão além e criam seus próprios programas, onde possuem autonomia para criar todo o roteiro e contexto no qual suas marcas serão inseridas. 3.5) O case Oi: como a empresa investe em comunicação por conteúdo, visando divulgar a marca através da televisão brasileira A Oi foi umas das empresas que mais investiu em Comunicação por Conteúdo nos últimos anos. Já foram produzidos mais de quatro programas, sobre temas diversos, veiculados na TV aberta e também em rede fechada. De acordo com Luiza Rudge, assessora da Diretoria de Comunicação Premium da Oi, o objetivo da empresa é produzir conteúdo relevante aos clientes, especialmente apresentando os temas moda, cultura, esporte e 35 música, pilares em que a empresa baseia seu posicionamento junto ao mercado. 51 Segundo Luiza, além de fixar os assuntos abordados pela empresa, o quesito inovação deve estar sempre presente. Temos uma estratégia de patrocínio exatamente voltada para projetos inovadores. Este é nosso principal foco. Trazer o novo ao público espectador. Surpreende-lo com este conteúdo e, assim, divulgamos nossa marca e conquistamos credibilidade e espaço no mercado. 52 Um dos exemplos de comunicação por conteúdo da Oi é o Oi Mundo Afora. Veiculado no canal GNT, o programa, que é apresentado por atrizes famosas, como Priscila Fantin e Gisele Itiè – ambas nas primeiras temporadas – e Mel Lisboa – atualmente a frente das câmeras – fala sobre viagens. As atrizes viajaram por cidades muito ou pouco conhecidas de todos os continentes em busca de histórias interessantes, contato com diferentes culturas e cenários deslumbrantes. 53 Outro sucesso é o Parada Oi, veiculado no canal Multishow, e que também aborda o tema viagens, mostrando as belezas de diferentes cidades, através de roteiros feitos inicialmente por Ana Luiza Castro e depois por Lívia Lemos. 54 51 Entrevista concedida à autora desta monografia em 25 mar. 2009. Disponível em: Anexo 1. 52 Idem. 53 Oi mundo afora. Disponível em: http://globosat.globo.com/gnt/programas/programa.asp?gid=380 Acessado em: 23 mar.2009. 54 Parada Oi. Disponível em: http://multishow.globo.com/# Acessado em: 23 mar.2009. 36 Estrategicamente, o tema viagens, abordado pelos dois programas – Oi Mundo Afora e Parada Oi – “desperta o interesse do público espectador e, ao mesmo tempo, oferece, à marca, a oportunidade de falar de telefonia à distância”, afirma Luiza. 55 Por sua vez, o programa Oi Momento de Aventura, veiculado no canal SporTV, traz o objetivo de aproximar os telespectadores interessados em esportes à marca, sempre presente nos eventos esportivos por meio de patrocínios. “Os esportes são mais um tema importante para envolver os consumidores da Oi uma vez que transmite a jovialidade e atitude que a empresa procura passar aos clientes” 56 . Programa da Oi veiculado em TV aberta, o Oi Noites Cariocas, era uma forma de cobertura do evento de mesmo nome, também promovido pela empresa, que mostrava os shows, entrevistava os artistas presentes e tinha por objetivo divulgar o evento. Um exemplo recente de ação de comunicação por conteúdo é o Oi Vert Jam, que aconteceu de seis a oito de março de 2009, no Parque dos Patins da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. A competição de skate fora veiculada no canal SporTV e na Rede Globo – no programa Esporte Espetacular. Tal cobertura gerou mídia positiva para a empresa. De acordo com Luiza Rudge, “o Oi Vert Jam foi uma proposta de patrocínio recebida positivamente pela empresa, exatamente por ser um evento inovador” 57 segundo Luiza, “o rendimento de mídia para a empresa foi muito bom” 58 . Ainda . Todos esses programas mencionados como exemplos de comunicação por conteúdo em televisão promovidos pela Oi, além de divulgarem a marca da 55 Entrevista concedida à autora desta monografia em 25 mar. 2009. Disponível em: Anexo 1. 56 Idem. 57 Idem. 58 Idem. 37 empresa, também beneficiam a própria emissora que os veicula, uma vez que a audiência gerada por eles é significativa. Transmitir eventos com os temas propostos pela Oi e de conteúdo inovador é bom para a emissora, pois ela ganha audiência. E para a Oi, o retorno de mídia também é excelente. Quando a emissora anuncia o programa, nós ganhamos mídia e ela chama a audiência para o horário em que o mesmo será transmitido. Portanto, os dois lados saem ganhando.59 Além dos programas citados, no ano de 2006, a Oi expandiu sua marca junto ao meio televisivo, através da compra da WayTV, operadora de TV por assinatura atuante em quatro cidades de Minas Gerais. Foi criada a Oi TV, com um canal próprio: o canal Oi. Desta forma, a comunicação por conteúdo, antes utilizada em programas específicos de algumas emissoras, passou a representar um canal por completo, capaz de oferecer conteúdo e entretenimento sempre integrados com a mensagem de marca e interatividade. Para este canal exclusivo, são produzidos atualmente nove programas. O tema central é interatividade, pensada como forma de atrair o consumidor, estreitar relacionamento e promover aumento de receita. Isso acontece, por exemplo, quando o telespectador envia mensagens de texto para solicitar clipes na programação, baixar ringtones, que são aqueles toques de celular, ou pedir para ser avisado quando seu programa favorito for começar. 60 59 Entrevista concedida à autora desta monografia em 25 mar. 2009. Disponível em: Anexo 1. 60 Idem. 38 CONCLUSÃO O hábito de assistir televisão no Brasil tende a mudar rapidamente nos próximos anos devido às novas tecnologias que estão chegando ao país, principalmente a TV digital. Através dela, o telespectador terá uma posição cada vez mais ativa para escolher o que deseja assistir e quando. Isso afetará não só as emissoras, que precisarão produzir conteúdo para estes novos consumidores, como também as agências de publicidade e demais grupos da comunicação. A integração do conteúdo de marca ao editorial, caracteriza uma tendência renovada da publicidade televisiva. Apesar de não ser uma novidade, a divulgação de produtos e serviços em programas foi aperfeiçoada sob o nome de comunicação por conteúdo e tem uma preocupação principal que garante o sucesso: produzir conteúdo relevante e envolvente para seu público. A comunicação por conteúdo na televisão brasileira representa uma alternativa para a ineficácia já observada na propaganda tradicional. O intervalo comercial, caracterizado pela interrupção da atração principal dos canais, não demonstra ser, atualmente, a melhor forma de anunciar produtos e serviços, já que os telespectadores procuram, na televisão, uma forma de entretenimento. E os profissionais de marketing já percebem que o entretenimento é a chave para envolver os novos consumidores, que não aceitam mais a interrupção como forma de chamar a sua atenção. A quantidade de estímulos comerciais no dia-a-dia torna os consumidores capazes de evitá-las cada vez mais. Informações relevantes e úteis são aceitas, comercialismo publicitário, não. A pesquisa realizada neste trabalho pôde concluir que o futuro da propaganda televisiva está na comunicação por conteúdo, a qual gera entretenimento ao integrar conteúdo editorial e comercial. 39 BIBLIOGRAFIA • AMALOU, Florence. Le livre noir de la Pub: Quand la communication va trop loin. Paris: Stock, 2001. • BOLAÑO, César Ricardo Siqueira; BRITTOS, Valério Cruz. A televisão brasileira na era digital. São Paulo: Paulus, 2007. • CAPPARELLI, Sérgio; LIMA, Venício A. de. Comunicação e televisão: Desafios da pós-globalização. São Paulo: Hacker, 2004. • CHURCHILL, Gilbert A. Marketing: Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2005. • DONATON, Scott. Publicidade + Entretenimento. São Paulo: Cultrix, 2008. • MACHADO, Arlindo. Máquina e Imaginário: O Desafio das Poéticas Tecnológicas. 3 ed. 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Para isso, a Oi escolheu alinhar seus projetos aos temas moda, cultura, esporte e música, uma vez que o posicionamento da empresa junto ao mercado está baseado nesses pilares. Ou seja, uma empresa jovem, dinâmica e que acompanha as mais recentes mudanças tecnológicas, precisa estar presente no dia a dia dos clientes, levando, a eles, eventos relacionados a estes temas, que são muito recorrentes na sociedade e que estão também inovando o tempo todo. Temos uma estratégia de patrocínio exatamente voltada para projetos inovadores. Este é nosso principal foco. Trazer o novo ao público espectador. Surpreende-lo com este conteúdo e, assim, divulgamos nossa marca e conquistamos credibilidade e espaço no mercado. 2) Que exemplos de programas voltados para a comunicação por conteúdo em televisão, a Oi já produziu? Temos programas como o Parada Oi e o Oi Mundo afora, cujo tema central é viagens. Isso desperta o interesse do público espectador e, ao mesmo tempo, oferece, à marca, a oportunidade de falar de telefonia à distância. Como já havia dito, os esportes são mais um tema importante para envolver os consumidores da Oi uma vez que transmite a jovialidade e a 46 atitude que a empresa procura passar aos clientes. Como exemplo de programa voltado para este tema temos o Oi Momento de Aventura, veiculado na SporTV. Abordando música, temos o Oi Noites Cariocas, programa veiculado em TV aberta, que trazia a cobertura do evento, adicionada a entrevistas com artistas e a cenas dos bastidores. Temos também o Oi Vert Jam, uma competição de Skate patrocinada pela Oi, que foi transmitida pelos canais SporTV e Globo, e cujo rendimento de mídia para a empresa foi muito bom. O Oi Vert Jam foi uma proposta de patrocínio recebida positivamente pela empresa, exatamente por ser um evento inovador. 3) Como é feita a negociação com a emissora que transmite o evento? Transmitir eventos com os temas propostos pela Oi e de conteúdo inovador é bom para a emissora, pois ela ganha audiência. E para a Oi, o retorno de mídia também é excelente. Quando a emissora anuncia o programa, nós ganhamos mídia e ela chama a audiência para o horário em que o mesmo será transmitido. Portanto, os dois lados saem ganhando. 4) Como a Oi TV contribui para a divulgação da marca da empresa? A compra da WayTV, que aconteceu em 2006. para gerar a Oi TV, está dentro da estratégia de comunicação por conteúdo da Oi. Só que neste caso, a emissora é nossa. Então a marca está sendo divulgada tanto com o nome da emissora, quanto com os programas nela veiculados. Ao todo, quatro cidades de Minas Gerais já contam com o canal Oi. Para este canal exclusivo, são produzidos atualmente nove programas. O tema central é interatividade, pensada como forma de atrair o consumidor, estreitar relacionamento e promover aumento de receita. Isso acontece, por exemplo, quando o telespectador envia mensagens de texto para solicitar 47 clipes na programação, baixar ringtones, que são aqueles toques de celular, ou pedir para ser avisado quando seu programa favorito for começar. 48 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO...........................................................................................02 AGRADECIMENTOS........................................................................................03 DEDICATÓRIA..................................................................................................04 RESUMO...........................................................................................................05 METODOLOGIA................................................................................................06 SUMÁRIO..........................................................................................................07 INTRODUÇÃO...................................................................................................08 CAPÍTULO 1 A TELEVISÃO BRASILEIRA: SUA EVOLUÇÃO NO PAÍS......................10 1.1) A TV aberta no Brasil..................................................................................11 1.2) A TV por assinatura no Brasil.....................................................................14 1.3) A TV digital no Brasil..................................................................................16 CAPÍTULO 2 A TRAJETÓRIA DA PROPAGANDA COMERCIAL NA TELEVISÃO BRASILEIRA.....................................................................................................20 2.1) O intervalo comercial .................................................................................21 2.1.1) O advento do controle remoto e o surgimento do efeito zapping..............................................................................................................22 2.1.2) Tecnologias digitais: proposta de interatividade com o telespectador ....................................................................................................23 CAPÍTULO 3 COMUNICAÇÃO POR CONTEÚDO: A IMPORTÂNCIA DESTA NOVA PROPOSTA NO ATUAL CENÁRIO PUBLICITÁRIO DA TELEVISÃO BRASILEIRA...............................................27 49 3.1) Presença de marca no conteúdo editorial .................................................29 3.2) A nova tendência: do push ao pull..............................................................30 3.3) A interseção de interesses e identidades para envolver o telespectador ...........................................................................................................................31 3.4) Exemplos de comunicação por conteúdo na televisão brasileira ..............33 3.5) O case Oi: como a empresa investe em comunicação por conteúdo, visando divulgar marca através da televisão brasileira ....................................34 CONCLUSÃO....................................................................................................38 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................39 FONTES DE PESQUISA NA INTERNET..........................................................41 ANEXOS............................................................................................................44 ÍNDICE...............................................................................................................48 50 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Instituto A Vez do Mestre. Título da Monografia: Comunicação por conteúdo: divulgando marcar através de entretenimento. Autor: Suzana de Mattos Kerber. Data da entrega: Avaliado por: Conceito: