ANÁLISE DA CAPACIDADE FUNCIONAL E SENSAÇÃO DE DISPNÉIA EM DOENTES PULMONARES OBSTRUTIVOS CRÔNICOS TRÊS MESES APÓS TÉRMINO DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO PULMONAR ANALYSIS OF THE FUNCTIONAL CAPACITY AND SENSATION OF DYSPNEA IN SICK LUNG OBSTRUCTIVE CHRONIC THREE MONTHS AFTER END OF THE PROGRAM OF LUNG REHABILITATION El ANÁLISIS DE LA CAPACIDAD FUNCIONAL Y SENSACIÓN DE DISPNEA EN PULMÓN ENFERMO LOS TRES MESES CRÓNICOS OBSTRUCTIVOS DESPUÉS DE EL EXTREMO DEL PROGRAMA DE REHABILITACIÓN PULMONAR AUTORES: Daniella Regina Marcelino1, Fernando Mendes Massignam2, Darlan Lauricio Matte3. Acadêmica do 8º semestre do Curso de Fisioterapia da UNISUL1 Professor do Curso de Fisioterapia da UNISUL2 Professor do Curso de Fisioterapia da UNISUL e da UDESC3 Autor que se responsabiliza pela correspondência: Daniella Regina Marcelino Av: Rodovalho 451, apt 402. Bairro: Vila Moema Tubarão – SC cep: 88705-090 e-mail: [email protected] Telefone: (048) 632-5543 ou (048) 99967622 INSTITUIÇÃO ONDE FOI REALIZADA A PESQUISA: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL. RESUMO A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença profundamente traumatizan te, nas formas graves, para o paciente e seus familiares, pois, embora não seja uma doença fatal como o câncer, cursa sofrimento permanente e intensa limitação física. O tratamento da DPOC inclui uma série de medidas, desde as de caráter profilático até as destinadas a correção das múltiplas alterações, geralmente feito em longo prazo. A reabilitação pulmonar constitui hoje a principal estratégia a ser perseguida no tratamento destes pacientes. Objetivos: O presente estudo procurou analisar a capacidade funcional e a sensação de dispnéia, em um grupo de pacientes com diagnóstico clínico de DPOC, três meses após o término do programa de Reabilitação Pulmonar da Clinica Escola de Fisioterapia da Unisul. Materiais e Métodos: Dos 15 pacientes, seis (1H/5M) preencheram os critérios de inclusão na amostra, e realizaram o teste de caminhada de seis minutos (TC 6min) no corredor da Clínica escola de Fisioterapia da Unisul, em um circuito de 60 m, sendo usado o oxímetro de pulso da marca Moraya para verificar a saturação periférica de O2, frequencímetro e polar para freqüência cardíaca, cronômetro digital da marca Technos e a escala análogo visual modificada de Borg, para sensação da dispnéia. Resultados: A distância de caminhada de 6 min pelos pacientes foi correlacionada com valor para indivíduos normais através da equação ENRIGHT e SHERRIL (1998) onde constatou-se que a distância percorrida no TC 6min apresentou-se menor que a prevista em toda amostra, sendo o valor previsto para o limite inferior maior em 4 e menor em 2 pacientes. Em relação à sensação de dispnéia 3 dos pacientes tiveram significativo aumento. Conclusão: Portanto, acredita-se que alguns pacientes necessitem de assistência continuada, mesmo preenchendo critérios de funcionalidade e independência para do programa, e que deve-se enfatizar os aspectos educacionais da Reabilitação Pulmonar, principalmente quando relacionada à sensação de dispnéia, capacidade funcional e continuidade nas atividades, levando em conta alguns aspectos sócio-culturais que acercam o paciente. Palavras Chave: reabilitação, dispnéia, capacidade funcional. ABSTRACT The chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is a deeply traumatic disease, in your serious forms, for the patient and its family, because, although it is not a fatal disease as the cancer, it is accompanied of permanent suffering and intense physical limitation. The treatment of COPD includes a series of actions, from prophylaxis to correction of the multiple alterations, generally done in long period. Nowadays, the lung rehabilitation constitutes the main strategy to be performed in the treatment of these patients. Objectives: The present study tried to analyze the functional capacity and dyspnea sensation in a group of patients with clinical diagnosis of COPD, three months after the end of the program of Lung Rehabilitation in the Clinical School of Physiotherapy of Unisul. Materials and Methods: six patients (five women and a man), in a total of 15, filled out the criterion of inclusion for this study. They performed the Six-Minute Walk Testing in the runner of the Clinical School of Physiotherapy of Unisul, in a circuit of 60 m, being used a pulse oximeter of the mark Moraya for verify the periferic saturation of O2, frequencimeter and polar for verify the heart frequency, digital chronometer of the mark Technos, and the modified visual scale of Borg, for sensation of the dyspnea. Results: The distance of the Six-Minute Walk Testing performed by the patients studied was correlated with the normal individuals values through the ENRIGHT and SHERRIL (1998) equation, where it verified that the distance gone through in the Six-Minute Walk Testing was smaller than the previews values for all patients, and the results expected for the inferior limit were larger in 4 and smaller in 2 patients. About the sensation of the dyspnea, 3 patients had a significant increase. Conclusion: Therefore, it is believed that some patients need continued assistance, even they fill the functionality and independence approaches for the program, and that it should be emphasized the educational aspects of the Lung Rehabilitation, mainly when related the dyspnea sensation, functional capacity and continuity in the activities, considering some sociocultural aspects that are part of life of the patients. Words Key: rehabilitation, dyspnea, functional capacity 1 INTRODUÇÃO A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) compreende um espectro de doenças respiratórias crônicas caracterizadas por tosse, produção de secreção, dispnéia, limitação do fluxo aéreo e dificuldade de trocas gasosas, sendo freqüentemente associada ao tabagismo [1]. É uma doença profundamente traumatizante, nas formas graves, para o paciente e seus familiares, pois, embora não seja fatal como o câncer, cursa sofrimento permanente e intensa limitação física [2]. Sabe-se que as doenças pulmonares crônicas vêm se tornando um problema de saúde mundial, sendo uma das maiores causas de limitação às atividades e aposentadoria prematura devido à incapacidade que acarreta. Inquéritos epidemiológicos nos EUA mostram que DPOC acomete cerca de 15 milhões de pessoas. No Brasil cerca de 33% da população com idade acima de 15 anos são fumantes, sendo o tabagismo a principal causa de DPOC [2]. O tratamento de DPOC inclui uma série de medidas desde as de caráter profilático (cessar o tabagismo) até as destinadas a correção das múltiplas alterações. Existem numerosos recursos terapêuticos, e o tratamento geralmente é feito em longo prazo. Reabilitação Pulmonar (RP) constitui hoje a principal estratégia a ser perseguida no tratamento de pacientes com DPOC. Uma vez debelado ou reduzido o acúmulo de secreções e o eventual broncoespasmo, é necessário recuperar o indivíduo do ponto de vista físico, psicológico e social. É preciso ajudar o doente a retomar seus papéis na família e na sociedade [3]. Programas estruturados e multidisciplinares de RP têm apresentado considerável impacto na qualidade de vida de pacientes com diversas doenças pulmonares, sobretudo daqueles com complexo bronquite crônica - enfisema pulmonar. Entre os objetivos dos programas de reabilitação pulmonar destacam-se o aumento da tolerância ao exercício dinâmico, e conseqüente redução da dispnéia nas atividades cotidianas, redução do nível de dependência do paciente em relação aos cuidados médicos e atitude positiva frente à doença [4]. O Programa de Reabilitação Pulmonar, mesmo que seja de curta duração, produz efeito significativo no que diz respeito à capacidade funcional, sensação de dispnéia e qualidade de vida. No entanto, quando estes pacientes têm alta do programa de reabilitação, precisam dar continuidade às atividades que aprenderam pelo resto da vida. Com isso, o presente estudo procurou analisar a capacidade funcional e a sensação de dispnéia em pacientes com DPOC, três meses após o desligamento do Programa de Reabilitação Pulmonar na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL, em Tubarão. Verificouse a distância percorrida no TC 6min e a sensação de dispnéia em repouso e no esforço após o TC 6 min, ou seja, a dispnéia no sexto minuto. 2 MATERIAIS E MÉTODOS A amostra foi composta por seis pacientes (1H/5M), egressos do Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL. Os pacientes da amostra preencheram os seguintes critérios de inclusão: diagnóstico clínico de DPOC; encaminhamento médico para Fisioterapia Respiratória e/ou Reabilitação Pulmonar; doença estabilizada (sem exacerbação há pelo menos dois meses); idade entre 45 a 80 anos; funções neuro-cognitivas preservadas; ausência de problemas osteo-mio-articulares incapacitantes; ter realizado reabilitação pulmonar na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL por pelo menos seis semanas ou 15 atendimentos; e que se desligaram espontaneamente do PRP no período de abril e maio de 2003, por estarem sentindo-se bem funcionalmente. Os dados foram coletados na Clínica Escola de Fisioterapia da Unisul da seguinte forma: inicialmente foi realizada uma pesquisa nos controles de freqüência e prontuários arquivados da Clínica Escola, das quais selecionaram os pacientes, que foram agendados para a realização da consulta e dos testes. Esta seguiu a ficha de avaliação do Ambulatório de Fisioterapia Cardiorrespiratória, onde além dos dados de identificação e anamnese, constou do exame fisicofuncional. Também foi explicado aos pacientes o objetivo desta pesquisa.Em seguida foi realizado o TC6 minutos. Os dados referentes á capacidade funcional e a sensação de dispnéia foram obtidos da seguinte maneira: o teste foi realizado no corredor da Clínica, livre de distração, demarcado de metro em metro, com piso antiderrapante, não foram direcionadas palavras de estímulo ao paciente, somente informando o tempo a cada minuto, além de uma orientação inicial antes de caminhar. Os pacientes foram orientados a caminhar o mais rápido possível e não correr, procurando atingir a maior distância. A escala análogo visual foi utilizada para avaliar a sensação de dispnéia, anotados pelo paciente quando em repouso, (pré TC6 min) e no esforço (ao completar os 6 minutos de teste). Além do escore da dispnéia foram registrados e monitorados SpO2 (oximetria MORYA), e freqüência cardíaca antes (repouso) e durante o teste (a cada minuto), ao final (esforço), e nos três primeiros minutos de pós-teste (de recuperação). A distância percorrida foi aferida em metros, o início e o final da prova foram marcados pelas palavras “valendo” e “fim” respectivamente. O tempo foi marcado por um cronômetro digital. 3 TRATAMENTO DOS DADOS Inicialmente foi aplicada uma análise descritiva das variáveis mensuradas e com a finalidade de analisar a capacidade funcional, através do teste da caminhada de 6 minutos (TC 6min), em um grupo de pacientes com diagnóstico clínico de DPOC, que se desligaram espontaneamente do programa de reabilitação pulmonar há três meses ou mais. Tendo como referência o estudo de Enright e Sherril [5] que utilizaram o TC6 min para obter uma avaliação padrão da capacidade física em uma população de sujeitos saudáveis, permitindo assim a determinação de prognósticos baseados na altura, peso, índice de massa corporal, idade e sexo. A partir dessa coleta foram calculados a distancia percorrida esperada pela equação de Enright e Sherril (1998) e o limite inferior de cada paciente. A equação é específica para cada sexo ou seja, para o sexo masculino :TC6 min=(7,57x Altura cm) - (5,02x idade) - (1,76x peso Kg)-309; e para sexo feminino: TC6 min=(2,11x Altura cm) – (2,29x Peso Kg) – (5,78x Idade) + 667. Para calcular o limite inferior basta subtrair 153 metros do total da equação acima descrita para o sexo masculino e 139 metros para o sexo feminino. Foram também calculadas a média e a soma total da distância percorrida de cada paciente. O uso da estatística descritiva possibilitou demonstrar os dados em gráficos que estão apresentados a seguir. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Os pacientes que introduziram em sua vida diária alguma atividade realizada na reabilitação pulmonar, encontram-se relatados no gráfico I. Estas atividades, relatadas pelos pacientes no momento da avaliação, incluem: caminhadas, atividades com membros superiores e inferiores, alongamentos e/ou treinamento do padrão correto de respiração (exercícios respiratórios), entre outros. 33% SIM NÃO 67% Gráfico I – Pacientes que introduziram ou não alguma atividade da reabilitação pulmonar em sua vida diária. Fonte: o autor, 2003. O gráfico II reúne alguns dados obtidos no presente estudo (distância percorrida, distância prevista e limite inferior), mostrando que a maioria dos pacientes (67%) estão acima do limite inferior esperado para a distância percorrida e que nenhum paciente atingiu a distância prevista. Também mostra que, 33% dos pacientes estão abaixo do limite inferior, sendo estes (paciente II e V) os únicos que relataram não terem dado continuidade em alguma das atividades propostas pelo Programa de Reabilitação. Redelmeier (apud TROOSTERS) [6] sugeriram 700 metros como sendo uma distância percorrida no TC6 min normal, porém não estabeleceu se esse valor era aplicado para todas as idades, alturas, sexo, comprimento dos membros inferiores, e também não relacionou quais os fatores poderiam contribuir para a variabilidade dos resultados. Conforme Mayer e outros (2000) [7], que realizaram uma análise crítica da equação de referência de distância percorrida no TC6 min em pacientes com DPOC, existem valores de referência de distância percorrida em TC6 min para indivíduos normais que, no entanto, não foram testados para serem utilizados para pacientes com DPOC. Os autores concluíram que a equação para distância percorrida noTC6 min de indivíduos normais não fornece valores de referência adequada para pacientes com DPOC. Mesmo não sendo considerada uma equação própria para pacientes com DPOC, pode-se perceber que os valores obtidos são significativamente menores do que os valores considerados como padrão para o teste. Este resultado pode ser explicado pela diminuição da capacidade funcional devido à limitação ao fluxo de ar e pela miopatia periférica, ocasionado pela DPOC. Os valores obtidos pela amostra foram maiores que o limite inferior em quatro dos seis pacientes, podendo concordar com Massignam [8] e outros (2002) que reforçam a aplicabilidade dos valores esperados para indivíduos saudáveis. No entanto, sugerem os valores para limite inferior, pela mesma equação, como podem vir a servir como índices para pacientes com DPOC. Segundo Berman e outros (apud SKINNER, 1991) [9], em pacientes com obstrução crônica do fluxo de ar, a execução de exercícios pode estar reduzida pela restrição imposta pelo mecanismo anormal característica dos pulmões, também combinado com uma fraqueza dos músculos respiratórios dos pulmões, que tem limitada sua habilidade em aumentar o volume e a freqüência respiratória. A fraqueza dos músculos das pernas freqüentemente contribui para uma pobre capacidade para exercícios, isto é geralmente o resultado da inatividade que acompanha as doenças respiratórias crônicas. O exercício pode ser limitado por mecanismos psicológicos. Em alguns pacientes, ansiedade e histeria podem levar à hiperventilação, e a ansiedade e depressão podem levar a uma fadiga desproporcional [9] A limitação crônica do fluxo de ar (LCFA) pode ocorrer em disfunções como a bronquite crônica, o enfisema, e a fibrose cística (FC). Já que o fato de que a limitação do fluxo de ar causa uma redução na capacidade de exercício, muitos indivíduos sofrendo de LCFA possuem uma capacidade diminuída de exercício, devido a dessaturação do oxigênio [10]. Fato não observado no grupo estudado. Em pacientes que sofrem de doenças respiratórias, pode-se observar sinais de fadiga durante o exercício e, em casos extremamente severos, mesmo em repouso. Esta fadiga limitará a capacidade da pessoa em manter uma ventilação adequada para o exercício. Quando a resistência das vias aéreas é aumentada, como na asma e na LCFA, é necessária mais energia para vencer a resistência. Os pacientes escolhem uma respiração profunda para manter os níveis de fluxo baixos e assim evitar um esforço de resistência muito grande. Quando estas pessoas se exercitam a ventilação aumenta, requerendo maiores aumentos no esforço de resistência [10] Distância Percorrida Distância Prevista Limite Inferior 700 600 Distância (m) 500 400 300 200 100 0 Paciente I Paciente II Paciente III Paciente IV Paciente V Paciente VI GráficoII – Distância percorrida X Distância prevista X Limite inferior Fonte: o autor, 2003. A sensação da dispnéia foi verificada através da escala análogo visual (EAV), aplicada antes do início do TC6 min (repouso) e logo após o sexto minuto (esforço), onde pode-se observar os seguintes resultados (gráfico III): Dispnéia emrepouso (mm) Dispnéia pós-TC6 min (emmm) 100 Sensação de dispnéia (mm) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Paciente I Paciente II Paciente III Paciente IV Paciente V Paciente VI Pacientes Gráfico III – Dispnéia em repouso X Dispnéia em esforço Fonte: o autor, 2003. A American Toracic Society [11], considera a sensação de dispnéia como sendo o sintoma mais comum apresentado por doentes pulmonares obstrutivos crônicos. A dispnéia também é a maior fonte de solicitação de atendimentos de emergência neste tipo de pacientes. Há várias razões psicológicas para que as pessoas que sofrem de pneumopatias adotem um nível de atividade inadequado à sua capacidade fisiológica. A causa mais comum é o medo da dispnéia. Sentir-se sem ar é uma experiência desagradável e amedrontadora. Se esta sensação estiver associada a certas atividades, como caminhar, é natural que elas sejam evitadas. Outras razões são relacionadas ao estereótipo social de pessoas mais idosas e pessoas enfermas [10] O presente estudo mostra que alguns pacientes que relatam estar bem funcionalmente apresentam uma sensação de dispnéia maior que os pacientes que estão com a capacidade funcional abaixo do limite inferior. Constata-se com isso que a sensação de dispnéia é uma variável muito subjetiva, tendo seus parâmetros modificados de pessoa para pessoa. Diferente do estudo realizado por Matte e outros [12], onde este mediu a sensação de dispnéia após um Programa de Reabilitação Pulmonar Ambulatorial de Curta Duração (PRPACD), notou-se a diminuição da dispnéia em repouso e após o exercício, porém os dados apresentaram diferença estaticamente significativa somente em relação à sensação de dispnéia após o exercício. Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que a distância prevista no TC6min não tem relação com sensação de dispnéia. Tal fato pode ser observado através dos dois pacientes encaminhados ao programa de reabilitação por não estarem se sentindo bem funcionalmente três meses após o programa de reabilitação pulmonar e não atingirem o limite inferior esperado para a distância percorrida. Porém com baixa sensação de dispnéia, ao contrário, duas pacientes que referiam ter maior sensação de dispnéia, apresentaram um melhor índice no TC6min, não necessitando retornar ao programa de reabilitação por estarem acima do limite inferior aceitável e referirem estar bem funcionalmente. Em um programa de reabilitação pulmonar existem componentes básicos como: educação sobre a doença, exercícios de treinamento das extremidades inferiores, exercícios de treinamento das extremidades superiores e assistência psicológica e psicossocial. Só que, para que um programa de reabilitação mantenha seus efeitos, é necessário que o paciente introduza atividades em sua vida diária, como relato dos pacientes deste estudo. Pelos resultados do TC6min pode-se observar que os pacientes que continuaram com as atividades após o término do programa estão dentro de uma capacidade funcional aceitável, mesmo com a sensação da dispnéia aumentada. Denota os efeitos de reversibilidade da falta de treinamento. Segundo Matte [13], o programa de reabilitação pulmonar ambulatorial de curta duração tem efeitos significativos sobre a capacidade funcional e a sensação de dispnéia em DPOC, no entanto, é preciso que, mesmo após a alta do programa, os pacientes fiquem cientes e educados a continuarem as atividades em casa, tornando-as um hábito comum no seu diadia. 5 CONCLUSÃO O presente estudo analisou a capacidade funcional e a sensação de dispnéia em seis DPOC, três meses após terem se desligado da Reabilitação Pulmonar. Observa-se que para a capacidade funcional, os valores obtidos na distância percorrida encontram-se abaixo dos valores esperados pela equação de Enright e Sherril (1998). Em dois dos pacientes a distância percorrida encontra-se abaixo dos valores propostos, pela mesma equação, para o limite inferior. Os pacientes que se apresentaram com os valores obtidos abaixo do limite inferior esperado, foram encaminhados à fisioterapia respiratória e reabilitação pulmonar, mesmo referindo menor sensação de dispnéia do que os que obtiveram valores obtidos superiores ao limite inferior. Mesmo sendo a sensação de dispnéia a queixa principal a reabilitação, esta é uma variável muito subjetiva, tendo seus parâmetros modulados individualmente. Portanto sugere-se que valores para limites inferiores, previstos pela equação podem ser indicativos para o retorno à Reabilitação Pulmonar. Assim constatou-se que, a manutenção dos benefícios da reabilitação pulmonar se reflete na capacidade funcional mais próxima da normalidade. Principalmente quando os pacientes introduzem em seu cotidiano algumas atividades realizadas durante a permanência no programa. REFERÊNCIAS 1. FERGUSON, G.T.; CHERNIACK, R. M. Current concepts: management of chronic obstructive pulmonary disease. N Eng J Med, 328:1017-1022, 1993. 2. NORONHA F., Doente pulmonar obstrutivo crônico. In: SILVEIRA, I.C. O pulmão na prática médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Epub, 2000. 3. CARDOSO, Alexandre Pinto, LEMLE, Alfred, BETHLEM, Newton. Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas. In: BETHLEM, Newton. Pneumologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2001. cap 35, p. 600-620. 4. NEDER, J.A. et al. Reabilitação pulmonar: fatores relacionados ao ganho aeróbio de pacientes com DPOC. J Pneumol. 23(3). p.115-123, 1997. 5. ENRIGHT, Paul L. e SHERRIL, Auane L. Reference Equations for the Sex-minute walk in healthy adults. Am J Respir Crit Care Med, v. 158, 1998: 1384-1387. 6. TROOSTERS, T. et al. Six Minute Walking Distance in Healthy el derey subjects. Eur Respir J, 1999: 270:274. 7. MAYER, A.F. Análise Crítica da Equação de Referência de Distância Percorrida no Teste da Caminhada de Seis Minutos em Pacientes com Doenças Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, 2000, p. 49. 8. MASSIGNAM, F.M.; et al. Análise da distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos por doentes pulmonares obstrutivos crônicos. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos, agosto de 2002, pág 101-102. 9. SKINNER, James S. Prova de Esforço e Prescrição de Exercícios para Casos Específicos. Rio de Janeiro: Revinter, 1991. 10. ALISON, Jennifer. Fisioterapia Cardiorespiratória Prática. Rio de Janeiro, Revinter, 1997. 11. AMERICAN TORACIC SOCIETY – ATS. Dyspnea. Mechanisms, assessment and management: a consensus statement. Am J Respr Crit Care Med. 159:321-340, 1999 (a). 12. MATTE, Darlan Laurício. Reabilitação pulmonar em pacientes com DPOC: efeitos de um programa ambulatorial de curta duração. Florianópolis: UDESC, 2000. Dissertação Mestrado em Ciências do Movimento Humano - Universidade do Estado de Santa Catarina 13. . MATTE, D. L. et al. Análise de um progarma de reabilitação pulmonar ambulatorial de urta duração (PRPACD) em DPOCs sob a ótica do teste de caminahda de 6 minutos (TC6 min). Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo: 2000. v. 26, p. 48.