Nos útimos artigos o Rabobank discutiu assuntos importantes como gestão e governança na fazenda.
Agora confira como o crédito pode proporcionar um crescimento saudável para os seus negócios.
INFORMA
A ARTE DE ALAVANCAR AS OPORTUNIDADES
C
rédito é o lubrificante da economia, desde que na dose e na estrutura corretas. Quando nossa
capacidade de aproveitar oportunidades é maior que nossos recursos, então completá-los com o apoio de terceiros
é uma alternativa natural. Com isso, a tomada de dívida auxilia à realização de um
projeto e acelera o crescimento.
Tanto a natureza da dívida, quanto
seu montante precisam ser bem calibrados
para que ela seja um componente saudável
da operação e não seu contaminante, mantendo o risco sob controle.
O primeiro elemento de uma dívida a ser bem definido é o seu propósito.
A que se destina? Trata-se de um custeio
de uma safra, de um carregamento de estoque para venda na entressafra, ou de retaguarda para um investimento fixo como
silos, abertura de área e correção de solo?
Apenas com uma clara definição de propósito é que se pode definir os componentes
corretos da estrutura de um financiamento
saudável: prazo, fluxo de pagamento, moeda e garantia.
Um financiamento para ampliar a capacidade de cultivo de um produtor, ou
seja, um financiamento de uma safra, deve
então cobrir o período desde a aquisição
dos insumos, que tem acontecido cada vez
mais cedo no ano, até o ponto em que a safra seja comercializada, que tem ocorrido
cada vez mais tarde no ano seguinte, levando em geral 540 dias.
Já um projeto de infraestrutura não
gera todo o caixa para se repagar em uma
safra, mas pouco a pouco, safra após safra.
Portanto, deve ser amortizado em parcelas durante um prazo suficientemente longo conforme o período que o investimento
precisa para se pagar. Isso parece bastante natural, mas infelizmente a causa mais
frequente de fracasso financeiro de investimentos é a inadequação do prazo do financiamento ao prazo do projeto, sobretudo em casos de expansão agrícola, com
aquisição de terras a serem pagas num período de apenas três a cinco anos.
Outro componente que deve ser compatibilizado com o propósito é a moeda:
atividades com produtos cotados em mercados externos, como soja, algodão e café,
são referenciados em dólares e deveriam
estar casados em seus custos em dólares,
inclusive no seu financiamento. Já milho,
gado e arroz, por exemplo, são produtos
de formação de preço doméstica e, portan-
to sempre deveriam ter seus custos em reais, inclusive seu financiamento. Isso evita
descasamentos inesperados entre o caixa
gerado e os compromissos assumidos, por
mais tentadoras que possam ser taxas na
moeda inapropriada.
A garantia também deve ser compatibilizada com o propósito do financiamento e tende a ser o próprio objeto do
financiamento: a safra, o estoque, e os
equipamentos.
O montante é igualmente importante: alavancagem em excesso é um fator de
risco! Ou seja, em agricultura de grandes
commodities o endividamento total (bancos, prestações de terra, trocas e insumos à
prazo) deve ser menor do que 60% do valor das terras próprias e limitado a 2,5 vezes a geração de caixa (receita- despesas
operacionais).
Equacionando o propósito à estrutura de repagamento, moeda, garantia e proporção de um empréstimo, ele torna-se
uma excelente ferramenta de alavancagem
de oportunidades. Isso evita riscos e propicia a potencialização da capacidade de
empreender do produtor, ou seja, pode ser
uma forma de acelerar o crescimento, mas
com risco controlado.
Propósito
Custeio
Estocagem
Melhoramentos/
infraestrutura
Terras brutas
Prazo
420 a 540 dias
90 a 120 dias
5 a 7 anos
7 a 10 anos
Fluxo repagamento
Ano da safra
1 a 2 parcelas
Ano da safra
1 a 2 parcelas
Carência 1 ano
4 a 6 parcelas
Carência 2 anos
5 a 8 parcelas
Formação internacional de preço
Dólar
Dólar
Dólar
Dólar
Formação doméstica de preço
Reais
Reais
Reais
Reais
Financiando (%)
70% commodities
30% produtos de preço
mais voláteis
70% do volume
estocado
70%
50%
(empréstimos, prestações,
trocas e adiantamento)
Download

Artigo: A arte de alavancar as oportunidades