AVALIAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
DAS PACIENTES ATENDIDAS NO NÚCLEO
DE SAÚDE DA UFRPE PORTADORAS DE
VULVOVAGINITES

Monica Cibeli Pereira da Silva1, Gustavo Santiago Dimech2, Aluizio João da Silva Filho3, Luana de Barros
Campos do Amaral4 e Eduardo da Silva Gonçalves5
Introdução
Os corrimentos vaginais são as principais queixas
das mulheres atendidas em unidades de saúde onde é
realizada a coleta do exame ginecológico além dele
alguns outros fazem parte da queixa das pacientes
como prurido e odor na vagina. Esses sintomas
geralmente são indicativos das vulvovaginites e podem
muitas vezes interferir no relacionamento entre os
parceiros. Além do desconforto que causa nas
pacientes, existem alguns agentes patogênicos que se
enquadram no grupo das DST´s, e por esta causa a
ocorrência de vulvovaginite pode ser considerado um
grande problema de saúde pública. Diante destas
considerações, podemos apontar como uma das
prioridades da ginecologia na atenção à saúde da
mulher a prevenção e a identificação precoce das
vulvovaginites, de modo a oferecer tratamento
adequado a cada especificidade de acometimento. Para
isto, a equipe de médico ginecologista, deve ter à
disposição materiais suficientes e adequados para
identificar estas síndromes e assim, interromper a
cadeia de transmissão.
Diante desta situação, nos propomos a realizar a
coleta de amostra de secreção vaginal para o exame de
bacterioscopia (coloração de GRAM) de todas as
mulheres que compuseram a amostra do estudo,
assistidas pelo NAPS/UFRPE, assim como identificar
no exame clínico fatores predisponentes as infecções e
realizar a estratificação das pacientes quanto a idade,
atividade sexual, patologias pré-existentes e queixas
clínicas para podermos identificar os principais agentes
infectantes e adotarmos políticas de educação para a
prevenção das infecções vaginais.
Material e métodos
As pacientes que utilizaram o Ambulatório de
ginecologia do NAPS/UFRPE responderam a um
questionário, aplicado pelo médico ginecologista, para
anamnese com o objetivo de avaliar vários critérios
epidemiológicos, após o preenchimento as pacientes que
apresentarem queixas as quais levem a suspeita de
possíveis infecções vaginais realizarão a consulta
ginecológica e a coleta da secreção vaginal com medição
de pH pelo ginecologista. Após a coleta o material foi
enviado para o laboratório de analises clínicas do NAPS
para ser realizada a bacterioscopia para avaliação da flora
bacteriana vaginal.
Além da bacterioscopia do esfregaço vaginal também
foi realizado exames a fresco para possível visualização de
Trichomonas vaginalis.
Após a entrega dos resultados dos exames
ginecológicos para as pacientes, algumas foram
selecionadas para responder outro questionário aplicado
pelo setor de psicologia, tal questionário teve objetivo de
avaliar aspectos relacionados à qualidade de vida das
mulheres como: motivo da procura do atendimento
ginecológico e se as campanhas de prevenção e educação
exercem efeitos positivos em relação a não reincidência das
doenças ginecológicas.
Posteriormente foi realizada a catalogação dos exames
e dos questionários da psicologia e ginecologia e feita à
avaliação estatística dos dados obtidos para observarmos
possíveis padrões nas variáveis analisadas e descobrirmos
os agentes infectantes mais comuns e o perfil
epidemiológico das infecções vaginais das pacientes
atendidas no NAPS/UFRPE.
Metodologia aprovada pelo comitê de ética em
pesquisa do Hospital Agamenon Magalhães com o número
CAAE 0033.0.2.236.000-09.
Resultados
De todas as pacientes atendidas no NAPS no período
de maio a setembro de 2009, 35 pacientes apresentaram
queixas características de vulvovaginites e foram
selecionadas para o estudo. Quanto às características gerais
das pacientes 40% tinha idade até 20 anos, 45% era da cor
mulata a maior parte 71,29% era solteira, com 71,43% com
escolaridade de 3º Grau. Em relação ao número de filhos
________________
1. Primeira Autora é Acadêmica de Ciência Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco Rua Dom Manuel de Medeiros s/n. Recife PE Email: [email protected].
2. Segundo Autor é Farmacêutico-Bioquímico do Núcleo de Saúde da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros
s/n
3.Terceiro Autor é Médico-Ginecologista do Núcleo de Saúde da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros s/n.
4. Quarto Autora é Psicóloga do Núcleo de Saúde da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros s/n.
5. Quinto Autor é Professor da Faculdade Mauricio de Nassau, Rua Guilherme Pinto, 114 – Graças , Recife – PE
grande maioria 70,59% era nulípara, e a menarca
ocorreu na idade entre 11 a 13 anos.
Quando avaliamos os fatores relacionados ao
desenvolvimento a vulvovaginites, observamos que
69,70% realizava a higiene intima apenas com sabão
comum, 41,94% apresentaram Lactobacilos em sua
flora vaginal, 75% tinha de 1 a 2 relações sexuais em
média por semana, 85,71% tinha vida sexual ativa,
68,6% não fazia uso de ducha vaginal, 51,52% afirmou
ter sofrido de infecção anterior, 77,14% relataram ter
parceiro sexual fixo e 48,57% disseram que já tiveram
mais de 3 parceiros sexuais.
Quanto aos métodos contraceptivos utilizados
obtivemos os seguintes dados: 17,14% não adota
nenhum método, 8,57% pratica o coito interrompido,
2,85% a tabela, 2,86% faz uso de diafragma, 5,71%
afirma que o parceiro realizou vasectomia, 14,29% faz
uso de anticoncepcionais orais, 11,43% faz uso de
injetáveis e apenas 31,43% utiliza preservativo.
Na analise dos principais agentes infectantes
observamos que a candidiase foi à principal causadora
das infecções vaginais, com 41,18% dos casos, seguido
pelos cocos Gram negativos com 31,25% e pela
Gardnerella vaginalis com 27,08%., também
observamos que independente do agente causador o
corrimento é o principal sinal clinico das
vulvovaginites seguidos de prurido e de odor.
declararem solteiras na sua maioria com idade até 20 anos e
48,57% dizerem que já tiveram mais de três parceiros
sexuais, apenas 31,43% afirma usar sempre o preservativo
como forma de proteção, o que demonstra que as outras
68,57% das avaliadas não se protege contra DST´s. e se
observarmos apenas a prevenção de uma possível gravidez
indesejada 28,57% não utilizam métodos de prevenção
eficazes, pois 8,57% utilizam o coito interrompido, 2,86%
a tabela e 17,14% afirmam não utilizar nenhum método
anticoncepcional.
Na analise da qualidade de vida da população
estudada e se as campanhas de prevenção exercem alguma
influência sobre as pacientes podemos avaliar que a maioria
das pacientes não tem uma postura preventiva, pois 41,67%
das avaliadas tiveram sua primeira consulta apenas após os
18 anos, motivada principalmente pela ocorrência da
primeira relação sexual ou pelo aparecimento de
vulvovaginites, o que nos leva a concluir que não existe
uma cultura de prevenção na maioria dos casos.
Discussão
Referências
O perfil das características das mulheres que
foram avaliadas em nosso estudo já era esperado, pois
o público atendido no ambulatório de ginecologia é
predominantemente de estudantes o que justifica ser na
sua maioria com idade até 20 anos e 71, 29% solteiras,
e 71,43% com nível de escolaridade de 3º Grau,
70,59% era nulípara.
Quando avaliamos os fatores relacionados ao
desenvolvimento a vulvovaginites, observamos que
41,94% apresentaram Lactobacilos em sua flora
vaginal, o que mostra que apenas os sinais clínicos
como corrimento não são indicativos de patologias,
pois a presença dessas bactérias é indicativo de flora
normal da vagina e sua presença inibe o crescimento de
várias outras bactérias que potencialmente são nocivas
à mucosa vaginal (DONDERS G. G., et al., 2000).
Sendo o ambiente vaginal dinâmico, influências
constantes na microflora são exercidas pelos agentes
físico-químicos eventuais como: duchas vaginais,
sabões, atividade sexual, uso de contraceptivos
hormonais orais, etc. (FLEURY, 1981; LARSEN e
GALASK, 1982), assim podemos observar que a
intensidade desses fatores parecem não ter influenciado
na população estudada, pois apesar de 75% ter de 1 a 2
relações sexuais em média por semana e 85,71% ter
vida sexual ativa, a percentagem de ausência de flora
Lactobacilar (indicativa de flora normal da vagina) foi
de 58,06%.
Um dos resultados mais relevantes observado em
nosso estudo esta ligado aos métodos contraceptivos
utilizados. Avaliamos que apesar de e 71, 29% se
Agradecimentos
Agradecemos ao apoio da Diretora do Núcleo de Saúde
da UFRPE Sra. Maria das Neves Rodrigues Alves e ao PróReitor Administrativo Professor Francisco Fernando
Ramos Carvalho, pelo apoio e incentivo para realização
deste trabalho
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