AVALIAÇÃO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO DO EXTRATO DE MORINGA OLEIFERA LAM E SUA APLICAÇÃO COMO COAGULANTE/ FLOCULANTE NO TRATAMENTO PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL Alessa Netto de Oliveira, Geovanna Bordini Serpelloni (Bolsista CNPQ/UEM), Vanessa Jurca Seolin (Bolsista FA/UEM), Grasiele Scaramal Madrona (Orientadora), Rosângela Bergamasco (Co-orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Engenharia Química/Maringá, PR. Engenharia, água Palavras-chave: Água potável, Moringa Oleífera Lam,Coagulação. Resumo: O presente trabalho consistiu na realização de ensaios de coagulação/floculação/sedimentação, objetivando a otimização de tais processos na obtenção de água potável a partir da água superficial, e utilizando como agente coagulante a Moringa Oleífera. Os ensaios foram realizados em “jar test”, variando o tempo de armazenamento da solução coagulante (Moringa extraída com MgCl2) e mantendo a turbidez inicial da água bruta. Os resultados foram avaliados em função da remoção de cor, turbidez e compostos com absorção em UV- 254 nm. Observou-se que mesmo após um mês de preparo a solução coagulante permaneceu com eficiência próxima à inicial, baseando-se na remoção dos parâmetros cor, turbidez e absorção em UV-254 nm. Sendo assim é possível utilizar uma mesma solução coagulante mesmo após um mês de preparo que os resultados serão satisfatórios. Introdução A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos aumenta, principalmente, quando a água é usada para o consumo humano. Sendo assim observa-se a grande importância no desenvolvimento de técnicas de tratamento mais sofisticadas ou mesmo o aprimoramento das já existentes, para remoção de cor, turbidez e compostos com absorção em UV – 254 nm no tratamento de águas superficiais para obtenção de água potável. O sulfato de alumínio é provavelmente, a substância mais amplamente utilizada para coagulação dos suprimentos de água, devido a excelente formação de floco, sua relativa economia e facilidade de Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. manuseio, porém, recentemente muita atenção tem sido dada ao uso extensivo deste coagulante no tratamento de água. Além da grande quantidade de lodo produzido, o qual não é biodegradável, o alto nível de alumínio remanescente na água tratada tem preocupado a saúde pública (HUANG et al., 2000). A Moringa oleífera Lam atua como agente clarificante de águas devido à presença de uma proteína catiônica de alto peso molecular, que desestabiliza as partículas contidas na água e tem grande potencial como coagulante natural. De acordo com GALLÃO (2006), a proteína é o composto encontrado em maior quantidade nas sementes de Moringa oleifera Lam, em torno de 40%. Quando o processo de coagulação/floculação é realizado por meio de sementes de Moringa oleifera Lam, além da remoção de cor e turbidez da água, também ocorre uma grande remoção de bactérias, normalmente acima de 90%, pois as sementes contêm uma substância antimicrobiana (JAHN, 1981). Porém, a desinfecção ainda é recomendada. Segundo CARDOSO et al (2007) a solução coagulante de Moringa oleifera Lam deve ser preparada no momento do ensaio, pois os estudos demonstraram que o armazenamento dessa solução por alguns dias pode ocasionar perda de eficiência. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a estabilidade da solução coagulante, variando o tempo de armazenamento da solução coagulante (Moringa extraída com MgCl2) e mantendo a turbidez inicial da água bruta. Materiais e métodos A água bruta superficial foi captada na bacia do rio Pirapó, fonte de abastecimento de água para a comunidade de Maringá-Pr. As sementes foram gentilmente cedidas pela Universidade Federal do Sergipe. Para o preparo da solução coagulante as sementes foram trituradas em processador com o uso do agente extrator solução 1 molar de MgCl 2, numa proporção de 2g de semente para 200mL, e em seguida mantidas sob agitação em agitador magnético por 30min para auxiliar na extração do composto ativo, seguida por filtração a vácuo em membrana de éster de celulose (Millipore), porosidade de 0,45µm. Foram realizados ensaios de coagulação/floculação/sedimentação em “jar test” simples, Milan – Modelo JT101/6 de seis provas com regulador de rotação das hastes misturadoras. As condições de trabalho para o processo de coagulação/floculação/sedimentação foram de velocidade de mistura rápida (100 rpm), o tempo de coagulação (3 minutos), a velocidade de mistura lenta (15 rpm), o tempo de floculação (15 minutos) e o tempo de decantação (60 minutos) (CARDOSO, 2007). Variou-se a concentração de solução coagulante (25, 50, 75, 100, 125, 150, 175, 200, 225, 250 e 300 mg/L, e a turbidez inicial da água utilizada foi de 250 uT. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. A eficiência do processo foi avaliada por meio de remoção de cor, turbidez e UV medidos em espectrofotômetro HACH DR/2010, segundo procedimento recomendado pelo Standard Methods (APHA, 1995). Resultados e Discussão As Figuras 1 a 3 apresentam as porcentagens de remoção para cor, turbidez e UV, respectivamente, utilizando uma solução de MgCl2 1 molar para extração do coagulante. Figura 01 – Remoção de cor, variando o tempo de preparo da solução coagulante e a concentração da mesma Figura 02 – Remoção de turbidez, variando o tempo de preparo da solução coagulante e a concentração da mesma Figura 03 – Remoção de turbidez, variando o tempo de preparo da solução coagulante e a concentração da mesma Por meio das Figuras 1, 2 e 3 observa-se que a porcentagem de remoção de cor, turbidez e UV-240 nm se manteve a mesma após quatro semanas do preparo da solução coagulante. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Os piores valores de porcentagem de remoção foram para compostos com absorção em UV-245 nm em concentrações mais elevadas (acima de 150mg/L). A partir dos resultados verificou-se ainda que os melhores resultados encontrados para remoção de cor e turbidez corresponderam a uma faixa de dosagem de Moringa oleífera Lam de75 até 300 mg/L. Okuda et al. (1999) estudaram o processo de coagulação em soluções de água utilizando coagulantes obtidos a partir de Moringa oleifera e extraiu o composto ativo com NaCl 1 M, o que permitiu aos autores obter uma redução de turbidez de 95%. Nesse caso, a amostra de água tinha turbidez inicial de 50 UT e uma foi utilizada uma solução de 4 mg/L de coagulante obtido com NaCl 1M. Para a extração com água foi necessária uma solução com 32 mg/L para remoção de turbidez de 78%. Conclusões Conclui-se, portanto que a solução coagulante pode ser utilizada mesmo após um mês de preparo e os efeitos causados na água serão os mesmos. Agradecimentos Os autores agradecem a Universidade Federal do Sergipe por ter cedido gentilmente as sementes de Moringa Oleífera Lam utilizadas nesta pesquisa e ao CNPQ pelo apoio financeiro oferecido as alunas. Referências APHA – AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, Standard Methods for the Examination for Water and Wastewater. 19th ed., Washington, D.C, 1995. CARDOSO, K. C., (2007) Estudo do processo de coagulação/floculação por meio da moringa oleifera lam para obtenção de água potável Dissertação de M.Sc., Departamento de Engenharia Química, Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá, Paraná, Brasil. GALLÃO, I. M., DAMASCENO, L. F., BRITO, E. S., 2006. “Avaliação Química e Estrutural da Semente de Moringa”, Revista Ciência Agronômica, v. 37, n. 1, pp. 106-109. HUANG, C.; CHEN, S.; PAN, J.R. Optimal Condition for Modification of Chitosan: A Biopolymer for coagulation of colloidal particles. Water Research, v. 34, n.3, p.1057 – 1062, 2000. JAHN, S. A. A., 1981, Traditional Water Purification in Tropical Developing Countries: Existing Methods and Potential Application. Eschborn, German Agency for Technical Cooperation, GTZ. OKUDA, T., BAES, A.U., NISHIJIMA, W. & OKADA, M.. Improvements of extraction method of coagulation active components from Moringa oleifera seed. Water Research, vol.33, nº 15, pp. 3373-3378, 1999. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.