5° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel Avaliação de estratégia de floculação de Dunaliella tertiolecta com Moringa oleifera Diego Filócomo (DIEN/INT, [email protected]), Ana Lucia Barbosa de Souza (DIEN/INT, [email protected]), Cláudia Maria Luz Lapa Teixeira (DIEN/INT, [email protected]), Pedro Celso Nogueira Teixeira (LCC/FIOCRUZ, [email protected]) Palavras Chave: microalga, Dunalliela tertiolecta, moringa, pH, floculação. 1 - Introdução Muitos estudos realizados com Dunaliella spp. mostram o potencial desta para o cultivo em escala comercial. Alguns autores a citam como espécie favorável ao cultivo massivo para fabricação de biocombustível1. Para o cultivo em larga escala, a baixa densidade celular da cultura gera a necessidade de se processar um grande volume para obtenção de uma biomassa razoável. A separação da biomassa algal do meio de cultivo pode contribuir com 20-30% do custo total da produção2; portanto, uma alternativa para a redução custos deste processo é realizar uma separação prévia da biomassa algal, de forma eficiente, barata e que não interfira na qualidade do produto final. As sementes de Moringa oleifera vêm sendo utilizadas no tratamento de água por floculação3 e como matéria-prima para a produção de biodiesel4. O baixo custo de obtenção de suas sementes5 e sua nula toxicidade6 faz da Moringa oleífera uma alternativa em potencial para a floculação de microalgas em larga escala. O nosso grupo obteve resultados positivos com o uso de sementes de Moringa oleífera como agente biofloculante de microalgas7 como, Chlorella vulgaris e Tetraselmis cf gracilis, por outro lado, para a espécie Dunaliella tertiolecta, em trabalhos anteriores a este, os resultados obtidos não foram satisfatórios, provavelmente devido a sua estrutura celular. Este trabalho tem como objetivo avaliar estratégias para possibilitar a floculação das células de Dunalliela tertiolecta utilizando-se sementes de Moringa. Como comparação, foi promovida a floculação mediada por alteração do pH do meio de cultivo8. 2 - Material e Métodos Foram utilizadas suspensões celulares de Dunalliela sp. crescidas em meio F/2 Guillard modificado. Foi promovida a alteração da estrutura celular (sem que ocorresse lise) no sentido de tentar forçar a floculação. Para tanto, as suspensões celulares foram centrifugadas e as células ressuspensas em WC (meio onde temos resultados de floculação com outras microalgas)7. Estas células foram observadas ao microscópio para avaliação da sua integridade. Às células de Dunaliella ressuspensas em meio WC foi acrescentado o extrato de Moringa. O extrato foi preparado em meio WC. As sementes foram previamente trituradas, posteriormente peneiradas e adicionadas à água do mar na proporção de 50g/L; foram, então submetidas a ultrassom, seguido de centrifugação a 3.500rpm por 15 minutos, e filtração em membrana 0,45µm para a eliminação do material particulado das sementes. As suspensões com o extrato foram levada para mesa agitadora por 15 minutos, a 150rpm. Após este tempo, a suspensão foi transferida para tubos de ensaio onde foi feito o acompanhamento visual (com fotografias) da floculação ao longo do tempo. Para a avaliação quantitativa da floculação foram utilizadas medidas de densidade ótica D.O. em 730nm. Foi escolhido como tempo zero o momento da transferência da amostra para o descanso nos tubos de ensaio, quando foi retirada a primeira alíquota para medida de D.O. Após o descanso, a retirada de alíquota foi feita na região correspondente à metade da altura do líquido. Os controles foram feitos com a suspensão celular também ressuspensa em WC, mas sem a adição do extrato de Moringa. Estes foram levados para agitação na mesa agitadora, nas mesmas condições que as suspensões celulares com Moringa. Foram preparadas suspensões de Dunaliella tertiolecta em diferentes pHs – 6,8; 7,8; 8,8; 9,8 e 10,3 - por meio de ajuste com HCl (1M) ou NaOH (1M). Estas foram transferidas para tubos de ensaio para o descanso pelo mesmo tempo que as suspensões tratadas com Moringa, e o acompanhamento do experimento foi feito da mesma forma que o experimento com Moringa. A fim de verificar se durante o processo de floculação ocorreu lise celular devido à variação de pH, foram feitas observações ao microscópio das suspensões celulares. 3 - Resultados e Discussão Na figura 1 são mostradas as fotos da suspensão celular original (em meio F/2) e da suspensão celular ressuspensa em meio WC. Podemos observar que a ressuspensão em WC promoveu uma modificação na morfologia das células, sem, porém, promover a lise destas. Figura 1 Fotomicrografia das células de Dunaliella tertiolecta (a) no meio F/2; (b) ressuspensão em meio WC; (c) ampliação de um campo da foto (b). SALVADOR - BAHIA 16 a 19 DE ABRIL DE 2012 5° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel A suspensão celular tratada com Moringa, após uma hora de descanso, apresentou um percentual de diminuição de D.O. de aproximadamente 91%, sendo que para o controle essa diminuição foi de 5,5%. Com células de Chlorella vulgaris foi encontrado resultado semelhante; porém, em maior tempo de descanso9. Este resultado indica que existe a possibilidade de promover a floculação de Dunaliella utilizando-se Moringa, o que não fora até o momento alcançado. Em geral, biofloculantes apresentam baixo poder floculante em microalgas marinhas10. Considerando a necessidade de lavagem, durante o processo de separação de biomassa, para a retirada do excesso dos sais das células de microalgas marinhas, para não haver prejuízos ao processo de extração, é possível a promoção de modificação na célula de tal forma que neste estado a mesma seja suscetível de sofrer floculação utilizando-se Moringa. No experimento de floculação em diferentes pHs (figura 2), foi observada uma tendência de aumento na diminuição percentual de D.O. em função do aumento do valor de pH; sendo o máximo de diminuição percentual de D.O. de 82%, inferior ao obtido com o uso de Moringa. Este resultado foi semelhante ao encontrado por Horiuchi e colaboradores (2003)8. 3 Beltrán-Heredia, J.; Sánchez-Martín, J. Journal of Hazardous Materials, 2009, 164, 713. 4 Vasconcelos, V.M.; Pereira, D.F.; Vieira, A.C.; Aranda, D.A.G.; Silva, G.F. Estudo do biodiesel obtido a partir da Moringa oleifera Lam pelos processos de transesterificação in situ e convencional. Anais do 3º. Simpósio Nacional de Biocombustíveis, Rio de Janeiro, RJ, 2010. 5 Bhatia, S.; Othman, Z.; Ahmad, A. L.. Chemical Engineering Journal, 2007, 133, 205. 6 Ndabigengesere A, Narasiah KS Water Res 1998, 32, 781791 7 Vasconcelos, F.P;Rezende, R.C; Oliveira, J.M ;Costa, A.R;Teixeira, C.M.L.L.; Estudo comparativo da floculação de diferentes espécies de microalgas. Anais do XIV Congresso Latino americano de ciências do mar, Balneário Camboriú ,SC 2011. 8 Jun-Ichi Horiuchi Ichigaku Ohba, Kiyoshi Tada, Masayoshi, Kobayashi, Tohru Kanno and Machimasa KishimotoJ of Bioscience and Bioengineering, 2003, 95, 412-415. 9 Teixeira, C.M.L.L.; Teixeira, P.C.N.; Vasconcelos, F.P. Extrato de sementes de Moringa como agente floculante de microalgas com alto potencial para a produção de biodiesel. Anais do XIII Congresso Brasileiro de Ficologia, Paraty, RJ, 2010. 10 Sukenik, A., Bilanovic, D.e Shelef, G. Biomass 1988, 15, 187-99. Figura 2. Floculação de células de Dunaliella tertiolecta em diferentes pHs Experimentos para a exploração do efeito observado e otimização do uso do biofloculante Moringa oleifera em microalga marinha, Dunaliella tertiolecta estão em andamento. 4 - Agradecimentos Agradecemos ao apoio financeiro da FINEP e ao CNPq pela concessão de bolsa. Agradecemos, também, ao Prof Gabriel Francisco da Silva (UFS) pela doação das sementes de Moringa oleifera. 5 - Bibliografia 1 Tafreshi, A and Shariati, M. Journal of Applied Microbiology, 2009, 107, 14-35. 2 Gudin C, and Therpenier C. Adv Biotechnol Processes, 1986, 6, 73– 110 SALVADOR - BAHIA 16 a 19 DE ABRIL DE 2012