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1930 - No dia 10 de setembro, nasce o poeta Ferreira Gullar, em São Luís, Maranhão. Seu nome, na
verdade, é José Ribamar Ferreira, o quarto dos 11 filhos de Alzira Ribeiro Goulart e do comerciante
Newton Ferreira.
1943 - Apaixonado por uma menina, Gullar, que tinha o apelido de "Periquito", decide abrir mão de seus
dois grandes amigos, "Esmagado" e "Espírito da Garagem da Bosta", e ficar recluso dentro de casa lendo e
escrevendo poemas.
1945 - Uma redação sobre o Dia do Trabalho obtém nota nove e a professora diz que só não deu dez porque
havia dois erros de português. O menino Gullar acha que descobriu sua vocação e decide estudar português
para se tornar escritor. Durante dois anos, só lerá gramáticas. Esta mesma redação será o ponto de partida
para o soneto "O trabalho", o primeiro poema de Gullar publicado em jornal.
1948 - Gullar colabora no suplemento literário do "Diário de São Luís".
1949 - "Um pouco acima do chão", seu primeiro livro, é publicado com o apoio do Centro Cultural
Gonçalves Dias e com recursos próprios. Mais tarde ele excluiria essa obra da sua bibliografia.
1950 - Gullar vê a polícia matar um operário num comício. Locutor da Rádio Timbira, que era do governo
estadual, Gullar nega-se a ler em seu programa uma nota oficial que apontava os comunistas como
responsáveis pelo crime. Acaba sendo demitido. No mesmo ano, seu poema "O galo" vence um concurso
do "Jornal de letras", cuja comissão julgadora era composta por Manuel Bandeira, Odylo Costa, filho e
Willy Lewin.
1951 - Transfere-se para o Rio, adoece de tuberculose, cura-se e passa a trabalhar na revista do Instituto de
Aposentadoria dos Comerciários. Torna-se amigo de Mário Pedrosa e dos jovens pintores da época.
Começa a escrever sobre arte. Trabalha como revisor de textos na revista "O Cruzeiro".
1954 - Lançado o livro de poemas "A luta corporal", que vinha sendo escrito desde 1950. Seu projeto
gráfico inovador rende a Gullar um desentendimento com os tipógrafos. Depois de lerem o livro, os poetas
Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari, que viriam a criar o concretismo, decidem conhecê-lo.
Gullar vai trabalhar como revisor (e depois redator) na revista "Manchete" e casa-se com a atriz Thereza
Aragão, com quem teria os filhos Luciana, Paulo e Marcos.
1955 - Depois de trabalhar como redator no "Diário Carioca", Gullar integra a equipe que elabora o
"Suplemento Dominical do Jornal do Brasil" e deflagra a renovação do próprio jornal.
1956 - Em dezembro, Gullar participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, aberta no Museu de Arte
Moderna de São Paulo e montada depois no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro.
1957 - Por discordar do artigo "Da psicologia da composição à matemática da composição", escrito pelo
grupo concretista de São Paulo, Gullar rompe com o movimento.
1958 - Lança o livro "Poemas".
1959 - Gullar escreve o "Manifesto neoconcreto" e a "Teoria do não-objeto", que imprimem um novo rumo
à vanguarda brasileira. O manifesto, publicado por ocasião da I Exposição Neoconcreta, foi assinado
também por Amílcar de Castro, Aluísio Carvão, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lígia Pape,
Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis.
1961 - Nomeado diretor da Fundação Cultural de Brasília, Gullar começa a ver com outros olhos o
experimentalismo que até então marcava sua obra. Começa a construir o Museu de Arte Popular e
abandona a vanguarda. Sai da fundação em outubro.
1962 - Ao ingressar no Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gullar
assume um trabalho mais engajado politicamente, publicando cordéis inclusive. Trabalha como redator na
sucursal carioca de "O Estado de São Paulo", jornal ao qual estaria ligado por quase 30 anos.
1963 - É eleito presidente do CPC.
1964 - Filia-se no dia do golpe militar, 1º de abril, ao Partido Comunista, e a primeira edição de seu ensaio
"Cultura posta em questão", publicada no ano anterior, é queimada por militares dentro da sede da UNE.
Funda o Grupo Opinião ao lado de Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes, Armando Costa, Thereza Aragão,
João das Neves, Denoy de Oliveira e Pichin Pla.
1966 -Escrita em parceria com Oduvaldo Vianna Filho, a peça "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho
come" é encenada no Rio pelo Grupo Opinião e ganha o Molière, o Saci e outros prêmios.
1967 - O Opinião encena outro texto de Gullar, este feito em parceria com Antônio Carlos Fontoura e
Armando Costa: "A saída? Onde fica a saída?"
1968 - Sua peça "Dr. Getúlio, sua vida e sua glória", escrita com Dias Gomes, é montada pelo Opinião no
Rio. Em dezembro é assinado o Ato Institucional nº 5 e Gullar é preso.
1971 - Seu pai morre em São Luís. Após um longo período vivendo na clandestinidade, Gullar parte para o
exílio, primeiro em Moscou e depois em Santiago, Lima e Buenos Aires. Enquanto mora fora do país,
colabora para "O Pasquim", "Opinião" e outros jornais usando o pseudônimo de Frederico Marques.
1974 - É absolvido pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de pertencer ao Comitê Cultural do Partido
Comunista Brasileiro.
1975 - É lançado no Brasil "Dentro da noite veloz", poemas escritos nos últimos 13 anos. Vinicius de
Moraes traz de Buenos Aires uma fita cassete em que Gullar diz seu "Poema sujo", e cópias dela passam a
ser ouvidas no Rio em audições privadas.
1976 - A editora Civilização Brasileira finalmente publica "Poema sujo", lançado no Rio sem a presença de
Gullar. Artistas e intelectuais tentam obter dos militares garantias para que ele possa voltar ao Brasil.
1977 - No dia 10 de março, Gullar volta ao Brasil, mas é preso no dia seguinte pelo Departamento de
Polícia Política e Social (ex-Dops), onde é interrogado durante 72 horas e ouve a ameaça de que seu filho
Paulo (então em tratamento psiquiátrico) pode ser seqüestrado. Graças ao esforço de amigos, consegue ser
libertado e, aos poucos, retoma o trabalho no país. Pela primeira vez, um livro seu é traduzido para outro
idioma: "La lucha corporal y otros incendios" é publicado em Caracas.
1979 - Grava o disco "Antologia poética de Ferreira Gullar" pela Som Livre. Estréia "Um rubi no umbigo",
primeira peça que escreve individualmente, e começa a trabalhar no núcleo de teledramaturgia da Rede
Globo. Ganha o prêmio Personalidade Literária do Ano, da Câmara Brasileira do Livro.
1980 - Saem os livros "Na vertigem do dia", de novos poemas, e "Toda poesia", reunindo toda a sua obra
para marcar seus 50 anos. "Poema Sujo" é adaptado para o teatro.
1985 - Gullar ganha o prêmio Molière pela sua tradução de "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand.
1987 - Lança o livro de poemas "Barulhos".
1988 - Sai o livro de ensaios "Indagações de hoje".
1990 - Lança seu único livro de crônicas, "A estranha vida banal". Morre Marcos, seu filho mais novo.
1992 - Nomeado pelo presidente Itamar Franco diretor do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura (Ibac),
Gullar, que permaneceria no cargo até 1995, devolve à instituição seu antigo nome, Funarte.
1993 - Provoca polêmica com o livro "Argumentação contra a morte da arte", em que ataca as vanguardas.
Morre Thereza Aragão, esposa de Gullar.
1994 - Durante a Feira do Livro de Frankfurt, conhece a poetisa Cláudia Ahimsa, sua atual companheira.
1997 - Gullar publica "Cidades inventadas", ficção.
1998 - Publica "Rabo de foguete - Os anos de exílio", livro de memórias, e é homenageado no 29º Festival
Internacional de Poesia de Roterdã, na Holanda.
1999 - Lança o livro "Muitas vozes" e ganha o Prêmio Jabuti na categoria poesia. Obtém também o Prêmio
Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca Nacional.
2000 - A exposição "Ferreira Gullar 70 anos" é aberta em setembro no Museu de Arte Moderna do Rio para
marcar o aniversário do poeta. A editora José Olympio lança a nona edição de "Toda poesia", reunião
atualizada de todos os poemas de Gullar. Ele recebe o prêmio Multicultural 2000, do jornal "O Estado de
São Paulo". No final do ano, lança "Um gato chamado Gatinho ", 17 poemas sobre seu felino escritos para
crianças.
2001 - É publicado na coleção Perfis do Rio “Ferreira Gullar - Entre o espanto e o poema”, de George
Moura. A editora Ática reúne crônicas escritas para o “Jornal do Brasil” nos anos 60 no livro “O menino e
o arco-íris”. A editora Global lança numa coleção infanto-juvenil “O rei que mora no mar”, poema dos anos
60 de Gullar.
2002 - Nove professores titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos indicam Ferreira
Gullar ao Prêmio Nobel de Literatura. São relançados num só livro, pela editora José Olympio, os ensaios
dos anos 60 “Cultura posta em questão” e “Vanguarda e subdesenvolvimento”. Em dezembro o poeta
recebe o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda, dado a artistas, escritores e instituições culturais de fora da
Europa que tenham contribuído para mudar a sociedade, a arte ou a visão cultural de seu país.
2003 - Lança pela Cosac & Naify “Relâmpagos”, reunindo 49 textos curtos sobre artes, abordando obras de
Michelangelo, Renoir, Picasso, Calder, Iberê Camargo e muitos outros. Suas traduções e adaptações de
“Don Quixote de la Mancha” e “As mil e uma noites” são premiadas, respectivamente, pela Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil e pela International Board on Books for Young People.
2004 - Passa a assinar uma coluna semanal de crônicas no caderno Ilustrada, na Folha de
São Paulo. Eleito o "Homem de Idéias" do ano pelo Jornal do Brasil.
Os Livros conforme o site portalliteral.terrra.com.br⁄ferreira_gullar⁄
Poesia
O rei que mora no mar.
Global, 2001.
Um gato chamado Gatinho
Salamandra, 2000.
Muitas vozes
José Olympio, 1999; 2ª e 3ª ed., 1999; 4ª ed., 2000.
In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
O formigueiro
Europa, 1991.
Barulhos
José Olympio, 1987; 2ª ed., 1987; 3ª ed., 1991; 4ª ed., 1997.
In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
Crime na flora ou Ordem e progresso
José Olympio, 1986; 2ª ed., 1986.
Na vertigem do dia
Civilização Brasileira, 1980. José Olympio, 2ª ed., 2004.
In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
Poema sujo
Civilização Brasileira, 1976; 2ª ed., 1977; 3ª ed., 1977; 4ª ed., 1979; 5ª ed., 1983; 9ª ed.,
José Olympio, 2001.
In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
Dentro da noite veloz
Civilização Brasileira, 1975; 3ª ed., José Olympio, 1998.
In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
Por você por mim
Sped, 1968.
A luta corporal e novos poemas
José Álvaro Editor, 1966.
História de um valente (cordel)
Assinado pelo pseudônimo José Salgueiro.
PCB (na clandestinidade), 1966.
Quem matou Aparecida? (cordel)
CPC-UNE, 1962.
João Boa-Morte, cabra marcado pra morrer (cordel)
CPC-UNE, 1962.
Poemas
Edições Espaço, 1958.
A luta corporal
Edição do autor, 1954. 3ª ed., Civilização Brasileira, 1975; 5ª ed., José Olympio, 2001.
In: Toda poesia. José Olympio, 12ª ed., 2002.
Um pouco acima do chão
Edição do autor, 1949
Crônicas
O menino e o arco-íris
Ática, coleção Para Gostar de Ler (volume 31), 2001.
A estranha vida banal
José Olympio, 1989.
Ficção
Touro Encantado
Salamandra, 2003.
Cidades inventadas
José Olympio, 1997; 2ª ed., 1997.
Gamação
Global, 1996.
Memórias
Rabo de foguete
Revan, 1998; 2ª ed., 1998.
Biografia
Nise da Silveira
Relume-Dumará, coleção Perfis do Rio, 1996.
Ensaios
Relâmpagos
Cosac & Naify, 2003.
Cultura posta em questão/Vanguarda e subdesenvolvimento
José Olympio, 2ª e 4ª ed., 2002.
O Grupo Frente e a reação neoconcreta
In: Arte construtiva no Brasil - Coleção Adolpho Leirner, organização de Aracy Amaral.
DBA-Melhoramentos, 1998.
Argumentação contra a morte da arte
Revan, 1993; 2ª ed., 3ª e 4ª ed., s.d; 5ª ed., 1997; 6ª ed., 1998.
Indagações de hoje
José Olympio, 1989.
Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta
Nobel, 1985; 2ª ed., Revan, 1998; 3ª ed., 1999.
Sobre arte
Avenir/Palavra e Imagem, 1982; 2ª ed., 1983.
Uma luz do chão
Avenir, 1978.
Augusto do Anjos ou morte e vida nordestina
In: Toda a poesia, de Augusto dos Anjos. Paz e Terra, 1976.
Vanguarda e subdesenvolvimento
Civilização Brasileira, 1969; 2ª ed., 1979, 3ª ed., 1984.
Cultura posta em questão
Civilização Brasileira, 1965.
Teoria do não-objeto
Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, 1959.
Teatro
Um rubi no umbigo
Civilização Brasileira, 1978.
Dr. Getúlio, sua vida e sua glória (com Dias Gomes)
Civilização Brasileira, 1968.
Reeditado com novo título: Vargas, o dr. Getúlio, sua vida e sua glória.
Civilização Brasileira, 1983.
A saída? Onde fica a saída? (com Antônio Carlos da Fontoura e Armando Costa,
coleção Espetáculo)
Grupo Opinião, 1967.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come (com Oduvaldo Vianna Filho)
Civilização Brasileira, 1966.
Traduções
Literatura
Don Quixote de la Mancha, de Cervantes
Revan, 2002.
As mil e uma noites
Revan, 2000.
Fábulas, de La Fontaine
Revan, 1997; 2ª ed., 1998.
Teatro
Les pays des éléphants, de Louis-Charles Sirjacq
Paris, L'Avant Scéne, 1989.
Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand
José Olympio, 1985.
Ubu rei, de Alfred Jarry
Civilização Brasileira, 1972.
Ensaio
O paraíso de Cézanne. De Phlippe Sollers.
José Olympio, 2004.
Van Gogh. De Antonin Artaud.
José Olympio, 2003.
Rembrandt. De Jean Genet.
José Olympio, 2002.
Antologias
Melhores poemas de Ferreira Gullar
Global Editora, 2004.
Poemas escolhidos
Ediouro, 1989.
Os melhores poemas de Ferreira Gullar. Seleção de Alfredo Bosi
Global, 1983; 2ª ed., 1985; 3ª ed., 1986; 4ª ed., 1990; 5ª ed., 1994.
Ferreira Gullar. Seleção de Beth Brait
Abril Educação, coleção Literatura comentada, 1981.
Toda poesia
Civilização Brasileira, 1980; 2ª ed., 1981; 3ª ed., 1983. José Olympio, 4ª ed., 1987; 5ª ed.,
1991; 6ª ed., 1997 (em co-edição com o FNDE); 7ª ed., 1999; 8ª ed., 1999; 12ª ed., 2002.
Círculo do Livro, 1980; 2ª ed., 1981.
Antologia poética de Ferreira Gullar
(em disco, com a voz do autor e música de Egberto Gismonti)
Som Livre, 1979.
Antologia poética
Summus, 1977; 2ª ed., 1977; 3ª ed., 1979; 4ª ed., 1983; 5ª ed e 6ª ed., s.d.
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