Journal of Food Composition and Analysis
17 (2004) 423-438
DESENVOLVIMENTO DA BASE DE DADOS DE
COMPOSIÇÃO DE CULTURAS AGRÍCOLAS DO
INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE✩
William P. Ridleya, Raymond D. Shillitob, Isabelle Coatsc,1, Henry-York Steinerd,
Mary Shawgoe, Amy Phillipsf, Patricia Dussoldg, Lucyna Kurtykah,*
a
Monsanto Company, 800 North Lindbergh Blvd., St. Louis, MO 63167, USA
Bayer CropScience, 2 T. W. Alexander Drive, Research Triangle Park, NC 27709-2014, USA
c
Pioneer/Dupont, 7250 NW 62nd Ave., Johnston, IA 50131, USA
d
Syngenta, 3054, Cornwallis Road, Research Triangle Park, NC 27709-2014, USA
e
Renessen LLC, 3000 Lakeside Drive, Suite 300 South, Bannockburn, IL 60015, USA
f
Dow AgroSciences LLC, 9330 Zionsville Road, Indianapolis, IN 46268, USA
g
Digital Consulting and Software Services, 12655 Olive Blvd., Suite 315, St. Louis, MO 63146, USA
h
International Life Sciences Institute (ILSI), One Thomas Circle, NW 9th Floor, Washington, DC 20005, USA
b
TRADUÇÃO
COMITÊ
DO ILSI BRASIL
PREPARADA PELO
SP, 2007
DE
BIOTECNOLOGIA
Journal of Food Composition and Analysis
17 (2004) 423-438
Desenvolvimento da Base de Dados de Composição de Culturas
Agrícolas do International Life Sciences Institute✩
William P. Ridleya, Raymond D. Shillitob, Isabelle Coatsc,1, Henry-York Steinerd,
Mary Shawgoe, Amy Phillipsf, Patricia Dussoldg, Lucyna Kurtykah,*
a
Monsanto Company, 800 North Lindbergh Blvd., St. Louis, MO 63167, USA
Bayer CropScience, 2 T. W. Alexander Drive, Research Triangle Park, NC 27709-2014, USA
c
Pioneer/Dupont, 7250 NW 62nd Ave., Johnston, IA 50131, USA
d
Syngenta, 3054, Cornwallis Road, Research Triangle Park, NC 27709-2014, USA
e
Renessen LLC, 3000 Lakeside Drive, Suite 300 South, Bannockburn, IL 60015, USA
f
Dow AgroSciences LLC, 9330 Zionsville Road, Indianapolis, IN 46268, USA
g
Digital Consulting and Software Services, 12655 Olive Blvd., Suite 315, St. Louis, MO 63146, USA
h
International Life Sciences Institute (ILSI), One Thomas Circle, NW 9th Floor, Washington, DC 20005, USA
b
Resumo
Em maio de 2003, o International Life Sciences Institute lançou pela internet uma ampla Base de Dados
de Composição de Culturas Agrícolas (www.cropcomposition.org) com informações atualizadas sobre a
variabilidade natural existente na composição das culturas agrícolas convencionais. A base de dados reúne
informações sobre os nutrientes, antinutrientes e metabólitos secundários de amostras de milho e soja obtidas
em ensaios de campo controlados, em diversas localidades do mundo, por um período de 6 anos. As análises
das amostras foram feitas utilizando métodos analíticos validados e referenciados e, na maior parte dos
casos, seguiram as boas práticas de laboratório recomendadas pela agência de proteção ambiental americana
(Environmental Protection Agency Good Laboratory Practices). A versão 1.0 da base de dados contém mais
de 53.000 dados que podem ser pesquisados e acessados a partir de consultas realizadas pelo usuário. Esta
base de dados complementa outras bases de dados sobre alimentos e nutrientes já existentes e deve interessar
a cientistas que trabalham em pesquisa e regulamentação em muitas áreas tais como biologia vegetal, ciência
dos alimentos e nutrição animal.
Palavras chave: International Life Sciences Institute; ILSI; Composição de Culturas Agrícolas; Nutrientes;
Milho; Soja; Base de Dados
✩ As informações usadas neste artigo correspondem à versão 1.0 da base de dados. A versão 2.0 foi publicada
em 5 de abril de 2004 e não estava disponível quando este texto foi apresentado para publicação. A versão
2.0, além de conter todos os dados da versão 1.0, acrescenta novos tópicos de informação.
*
Contatos com autor. Tel.: + 1-202-659-0074, fax: + 1-202-659-3859.
E-mail: [email protected] (L. Kurtyka).
1
Endereço atual: Proteia Consulting Services, 41 Calle Sol, San Clemente, Califórnia 92672, USA.
4
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1. Introdução
Os estudos sobre a composição de alimentos e forragens produzidos a partir das culturas agrícolas são
considerados como uma parte essencial da avaliação da segurança de novas variedades destas culturas, inclusive
aquelas desenvolvidas através da biotecnologia. Utiliza-se a informação gerada nestes estudos para avaliar as
semelhanças e diferenças entre nutrientes e antinutrientes importantes. Tradicionalmente, as informações sobre
a composição dos produtos das culturas agrícolas dependiam de bases de dados públicas cujos resultados foram
produzidos há mais de vinte anos (Ensminger et al., 1990; Jugenheimer, 1976; Watson, 1982). Em alguns casos,
os métodos analíticos empregados para gerar os dados sobre a cultura não são conhecidos e/ou não estão disponíveis os seus parâmetros de desempenho. Como conseqüência, havia uma necessidade evidente de uma fonte
de informações única sobre a composição das culturas que fosse atualizada e de fácil acesso.
As exigências sobre a qualidade dos dados dos nutrientes contidos nos alimentos, incluindo a representatividade das amostras, a metodologia, os cuidados e a precisão na compilação dos dados, além da importância destes dados para os usuários, já foram descritos anteriormente (Southgate, 2002). Estes princípios foram
incorporados à base de dados de nutrientes (Nutrient Database) do ministério de agricultura dos Estados Unidos
(United States Department of Agriculture-USDA) (Holden et al., 2002), que é muito usada por nutricionistas e
outros profissionais da saúde para tomar decisões essenciais sobre dietas relacionadas com saúde pública. A
Rede Internacional de Sistemas de Dados de Alimentos (INFOODS) foi estabelecida sob os auspícios da
Universidade das Nações Unidas (Burlingame, 1996) para fomentar o desenvolvimento e disseminação em
nível global de dados de boa qualidade sobre a composição dos alimentos. Uma base de dados contendo informações sobre os nutrientes e antinutrientes encontrados em culturas agrícolas tais como o milho e a soja - que
são matérias primas para produtos de alimentação humana e animal - complementaria tanto a Base de Dados de
Nutrientes do USDA como a INFOODS. Além disso, o fato de contar com informações precisas sobre a composição dos materiais da safra e sua variabilidade, juntamente com o ano de produção e a sua localização, é
importante no caso de muitos produtos agrícolas cujo processamento e características desejadas, como sabor e
textura, dependem dos parâmetros de composição.
O surgimento do primeiro produto de biotecnologia agrícola vegetal, o tomate FlavrSvr™, em 1994
(Martineau, 2001) e pouco depois, em 1995-1996, o lançamento de produtos como soja e milho capazes de
resistir a herbicidas e protegidos contra insetos, foram uma indicação de que esta nova tecnologia tinha potencial
para oferecer produtos com capacidade de aumentar a produtividade e diminuir o impacto ambiental das práticas agrícolas (Ridley, 2004). Um aspecto essencial do desenvolvimento destes novos produtos é a avaliação de
equivalência da composição, em comparação com as variedades de culturas agrícolas convencionais, um processo conhecido como ''equivalência substancial'' (Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento - OCDE), 1993; (Organização Mundial da Saúde, 1995; FAO, agência das Nações Unidas voltada para a
agricultura e alimentação, 1996). A avaliação da equivalência substancial exige que os dados disponíveis sobre
a composição sejam completos e atualizados para determinar se o novo produto biotecnológico encontra-se
dentro da variabilidade natural da cultura. A OCDE publicou uma série de Documentos de Consenso resumindo
os dados existentes sobre a composição de culturas como a soja, o milho e a canola (OECD, 2002). Estes
documentos são ótimos recursos, mas a disponibilidade de dados de composição publicados é limitada e não
podem ser atualizados com facilidade para refletir os resultados e tecnologias recentes.
Esta iniciativa de disponibilizar de forma eletrônica uma compilação de dados de composição de culturas
agrícolas, de fácil acesso para cientistas envolvidos em pesquisa e regulamentação é coerente com a missão do
International Life Sciences Institute (ILSI) de ampliar a compreensão de assuntos científicos relacionados à
nutrição, segurança alimentar, toxicologia, avaliação de risco e meio ambiente. Uma força tarefa do Comitê
Internacional de Biotecnologia de Alimentos do ILSI, composta por representantes de seis empresas agrícolas
de biotecnologia que concordaram em compartilhar os seus dados sobre composição de culturas, gerenciou o
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5
desenvolvimento da base de dados. Estes dados foram obtidos a partir de amostras geradas em experimentos de
campo controlados realizados em vários locais do mundo e que foram analisadas, na maioria dos casos, conforme as normas rigorosas de documentação estabelecidas pelas Boas Práticas de Laboratório - BPL (United States
Environmental Protection Agency, 1989). Uma proposta desenvolvida no segundo semestre do ano 2000, foi
aceita pelo Comitê Internacional de Biotecnologia de Alimentos do ILSI em fevereiro de 2001. E em maio de
2003, foi lançada a Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI ( www.cropcomposition.org).
Este trabalho descreve a razão, a estrutura e os dados usados na construção da Base de Dados de Composição de
Culturas Agrícolas do ILSI.
2. Materiais e métodos
2.1. Estruturação da base de dados
Estratégias diferentes têm sido utilizadas na construção de bases de dados de alimentos: (a) classificação
mono-hierárquica (b) descrição facetada usando vocabulários padrões e (c) descrição facetada usando texto
livre (Schlotke et al., 2000). Todos estes sistemas exigem a definição de termos e uma descrição clara das
relações entre os termos. A Tabela 1 contém uma lista de palavras chave ou ''descritores'' usados na construção
da Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI. O termo central valor numérico é o fundamento em relação ao qual os outros termos são dependentes. Todos os outros descritores e sub-descritores da Tabela1
proporcionam maior clareza ao valor numérico, inclusive unidades, analito, cultura e tecido, que são essenciais
para a definição do valor numérico. Outros termos, incluindo método de análise, país e semente, fornecem
informações adicionais que refletem a origem e fonte dos valores numéricos e ajudam a determinar se os dados
são apropriados para certos usuários.
A Tabela 2 contém uma lista das categorias de analito, analitos, unidades primárias de medida e tipos de
cultura usadas na Versão 1.0 da base de dados. A seleção das categorias baseou-se em uma avaliação das
propriedades dos analitos contidos naquela categoria. Por exemplo, não houve ambigüidades na seleção dos
analitos que devem ser incluídos na categoria de aminoácidos, refletindo o resultado de um método padrão de
análise de aminoácido (por ex., ácido glutâmico representa o ácido glutâmico e a glutamina, uma vez que as
condições ácidas usadas para hidrolisar proteínas transformam a glutamina em ácido glutâmico). A categoria
bioativos não ficou tão clara e resultou de uma avaliação das propriedades biológicas conhecidas dos analitos
representados nesta categoria, o que inclui as lecitinas, ácido fítico, isoflavonas e outras moléculas com atividade fisiológica importante. A fibra tem sido muitas vezes incluída na categoria de análises centesimais. No entanto, há muitos modos diferentes de classificar fibra, como fibra em detergente ácido, fibra em detergente neutro e
Tabela 1
Descritores e sub-descriptores de dados para Base de Dados de Composição de culturas agrícolas do International
Life Sciences Institute, versão 1.0
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Tabela 2
Lista de categorias de analitos e analitos para a Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do
ILSI, versão 1.0
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a Para as unidades de medida utilizadas na tabela: FW = fresh weight [peso fresco], HU = hemagglutinating unit
[unidade hemaglutinante] conforme definido pela referência do método na base de dados, ppm = parts per million
[partes por milhão], TIU = trypsin inhibitor unit [unidade de inibidor de tripsina] conforme definido pela referência
do método na base de dados, FA= fatty acids [ácidos graxos].
fibra dietética total, o que justificou uma categoria separada para este analito. A seleção da unidade de medida
primária para um analito baseou-se na prática comum e também no desejo de minimizar o número de dígitos
após a vírgula decimal nos valores resultantes. Nem todos os analitos foram associados com todos os tipos de
cultura. As isoflavonas e as lecitinas, por exemplo, só foram associadas com soja. Também foram colocados na
página da base de dados na Internet, um glossário de termos e uma listagem de categorias de analitos, com as
unidades associadas.
2.2. Origem e manuseio das amostras
A qualidade das informações de uma base de dados está diretamente ligada à qualidade das amostras que
foram analisadas. A natureza representativa das amostras, além do modo como são processadas e armazenadas,
influencia a qualidade da amostra. As amostras analisadas para a base de dados do ILSI foram todas derivadas
de ensaios de campo controlados, sob a direção de um plano de produção. Os registros foram mantidos para
documentar as condições de crescimento, a incidência de insetos e infestação por doenças, e até mesmo os
danos causados à cultura por descuido devido a atos de vandalismo e destruição por animais selvagens. Cada
amostra de grão de milho ou de semente de soja representa uma amostra composta que foi coletada de plantas
representativas de uma única parcela. O procedimento de amostragem utilizado é semelhante à prática empregada para ensaios com resíduos de pesticidas. Em alguns casos, a amostra pode ter sido coletada de um grande
número de plantas (por exemplo, uma amostra volumosa retirada de uma parcela de grandes dimensões). Nestes
casos, tomou-se o devido cuidado para obter uma amostra representativa deste grande volume, através do uso de
métodos adequados de amostragem. As amostras de forragem representaram uma amostra composta de no
mínimo duas plantas inteiras.
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As amostras de grão usadas para gerar os dados analíticos foram analisadas dentro do prazo de 12 meses a
partir da colheita, já que as amostras de grãos usados como alimento e forragem são normalmente armazenadas
até por 12 meses ou mais antes do uso. Enquanto os grãos não processados podem ter sido armazenados à
temperatura ambiente durante vários meses, todos os grãos, uma vez moídos, foram sempre armazenados congelados. As amostras de forragem de tecidos verdes foram congeladas imediatamente após a colheita ou passaram por secagem em forno e depois foram guardadas congeladas até serem analisadas, normalmente dentro do
prazo de 12 meses após a colheita.
2.3. Métodos de análise
A importante relação entre o valor numérico para um componente específico de um alimento ou de uma
cultura e o método de análise adotado para medir aquele componente foi levada em conta pelos responsáveis
pelo desenvolvimento da base de dados (Holden et al., 2002; Schlotke et al., 2000). Todos os dados da base de
dados do ILSI foram associados com um método referenciado e identificado através de um código adotado para
aquele método em particular. Este código atribuído ao método se refere a uma citação que pode ser incluída com
os dados obtidos, a critério do usuário. O modelo de BPL (Boas Práticas de Laboratório) da Agência de Proteção
Ambiental (EPA) foi adotado como padrão para definir os critérios de aceitação dos procedimentos analíticos e
de documentação. Portanto, as análises só foram feitas com o uso de métodos validados seja por laboratórios
reconhecidos/qualificados ou laboratórios com experiência em metodologia analítica específica. Uma verificação dos controles de qualidade foi incluída durante as sessões de análise adotando-se padrões qualificados ou
historicamente comprovados. Além disso, os registros e os dados referentes ao laboratório e aos equipamentos
foram arquivados pelo prazo mínimo de 5 anos após darem entrada na base de dados e na maioria dos casos estes
dados de apoio ficam retidos nos arquivos da companhia durante toda a vida útil dos produtos para os quais os
dados foram coletados.
Nenhum dado analítico da base de dados teve por base a média de valores para amostras múltiplas. Cada
dado resultou da análise de uma única amostra composta. Portanto, um conjunto de dados consistiu de uma série
de dados para um número de analitos diferentes obtidos de uma única amostra.
2.4. Entrada dos dados
Os dados foram transferidos para a base de dados por meio de um arquivo delimitado por vírgula (.csv) ou
por tabs (.txt) sendo que cada valor de analito foi atribuído em uma das unidades de medida pré-definidas. Além
do valor numérico, os arquivos de dados continham a informação do sub-descritor descrita na Tabela 1 que
definiu o dado com maiores detalhes e serve como base para as buscas feitas pelo usuário na base de dados. Por
exemplo, uma referência ao método analítico, o ano e local de produção para a cultura, o fornecedor da semente,
e a variedade/híbrido faziam parte do arquivo de dados. O formato para a submissão de dados foi padronizado
para acelerar o processo de compilação e garantir a incorporação correta dos dados. Os requisitos para a submissão foram incluídos em um manual colocado à disposição de todas as fontes de dados (instituições que submeteram os dados).
A Figura 1 mostra o fluxo percorrido pelos dados desde a fonte de dados até a base de dados. O Administrador é responsável por uma etapa importante na compilação dos arquivos de dados. Ele é um profissional de
tecnologia da informação contratado pelo ILSI com a finalidade de controlar a entrada e a integridade dos dados
assim como preservar a confidencialidade dos dados submetidos. O acesso do Administrador à base de dados é
protegido por senha e ele é o único indivíduo que pode adicionar arquivos a esta base ou acrescentar ou remover
informações da mesma.
10
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Fig. 1. Compilação de dados para a Base de Dados de Composição de culturas agrícolas
do International Life Sciences Institute.
O Administrador revisou o formato dos arquivos e, se algum erro foi identificado, os arquivos foram devolvidos à origem, para as devidas correções. Como parte da avaliação da sua qualidade, os dados foram examinados pelo Administrador, em relação a um conjunto de valores de controle estabelecidos para cada analito, para
identificar possíveis erros de digitação ou entrada de dados. Estes valores de controle foram derivados da variação dos valores de cada analito obtidos nos 1.000 conjuntos de dados iniciais submetidos à base de dados. Se um
valor não se enquadrava nesta variação, solicitava-se à origem dos dados reconfirmar a sua exatidão antes da
inclusão na base de dados. Outro modo de avaliar a qualidade da informação, foi recuperar determinados conjuntos de dados e enviá-los de volta à sua origem, para serem revisados e comparados com os arquivos originais.
2.5. Documentação e teste do sistema
A documentação das exigências e da elaboração do código da base de dados foi incluída em uma série de
documentos de especificação formais . Os testes de desempenho também foram detalhados por escrito nos
documentos do plano de testes do sistema, no resumo de testes do sistema, nos testes de desenvolvimento, testes
de produção e no resumo do controle de qualidade. Outros documentos escritos que deram apoio ao sistema
antes do lançamento foram: (a) Exigências do sistema para o Provedor Hospedeiro, (b) manual do usuário, (c)
manual do Administrador, (d) exigências para a submissão de dados das culturas e (e) protocolo de atualização
do sistema.
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11
2.6. Descrição do sistema
A versão 1.0 da Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI é uma base de dados Oracle,
versão 9.2. O aplicativo exigiu um servidor dedicado para hospedagem na internet e um servidor dedicado para
a base de dados Oracle, ambos instalados no mesmo servidor físico. Havia duas interfaces de internet, uma para
o usuário e uma protegida por senha para o Administrador, escritas na linguagem Perl com CGI e HTML.
3. Resultados e discussão
3.1. Capacidade de busca
A Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI foi estruturada para permitir que o usuário
selecione atributos dos dados individuais e dos conjuntos de dados e faça então uma busca na base de dados para
encontrar a informação de seu interesse. A interface da base de dados elabora uma questão que irá selecionar,
com base no critério de busca, todos os conjuntos de dados ou materiais a serem examinados. Uma vez que os
critérios de busca foram escolhidos, o usuário pode selecionar os atributos e analitos de interesse entre os
conjuntos de dados recuperados com a busca. O usuário pode optar ou não pela exibição de todos os analitos
encontrados na busca, sendo que esta escolha é feita em uma operação separada.
A seleção e refinamento do processo de busca é feito através de seis telas dentro do programa, como detalhado abaixo:
1. A primeira tela permite ao usuário escolher os atributos do conjunto de dados que serão incluídos na
busca, assim como a categoria do analito para mais refinamento (ver Figura 2).
2. A segunda tela permite ao usuário definir os critérios numéricos e de método para cada analito contido na
categoria do analito selecionada na primeira tela.
3. A terceira tela confirma os critérios de busca selecionados nas duas primeiras telas.
4. A quarta tela permite ao usuário escolher os campos dos dados que serão exibidos na página de resultados.
5. A quinta tela permite ao usuário selecionar os analitos que serão exibidos dentro das amostras retornadas
pela busca.
6. A sexta tela é a página com os resultados encontrados (ver Figura 3).
3.2. Produção de dados
Como se vê na Figura 3, a saída dos dados da Base de Dados do ILSI é resumida com os valores mínimo,
máximo e médio, além do número de medidas individuais que foram usadas para chegar aos valores do resumo.
Os dados obtidos podem ser abrangentes e conter, por exemplo, todos os centesimais para todos os anos e
localidades, ou podem ser mais refinados, concentrando-se em um aminoácido num determinado local, em um
ano apenas. Os dados podem ser expressos em unidades de peso fresco ou peso seco. Também é possível
fornecer separadamente citações de métodos definidas através de um código de método e ainda uma lista de
variedades/híbridos e fornecedores.
3.3. Abrangência dos dados de milho e soja na versão 1.0
A Tabela 3 contém um resumo dos dados sobre milho e soja incluídos na versão 1.0 da Base de Dados de
Composição de culturas agrícolas do ILSI. Os dados cobrem um período de seis anos e diversas localidades da
América do Norte e do Sul e da União Européia.
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Fig. 2. Seleção dos critérios para a pesquisa da Base de Dados de Composição
de Culturas Agrícolas do ILSI.
O número de analitos, de conjuntos de dados e de dados pontuais varia conforme a safra, mas a abrangência
dos dados é indicado por um total de 102 analitos, 1.446 conjuntos de dados e 53.221 dados pontuais. As Tabelas
4 a 6 apresentam comparações entre os dados da base de dados do ILSI e a Base de Dados de Nutrientes do
USDA e os Documentos de Consenso da OCDE. Em geral, há concordância entre os valores, salvo algumas
exceções. Os valores de cálcio tanto para o milho como para a soja são inferiores aos valores registrados pela
Base de Dados de Nutrientes do USDA, como mostrado nas Tabelas 4 e 5. Estas diferenças podem ser devidas
às diferentes metodologias empregadas ou a diferenças na origem e abrangência das amostras. Os níveis de
riboflavina do milho apresentados na Tabela 5 e os níveis de gliciteína da soja apresentados na Tabela 6 para os
Documentos de Consenso da OECD têm uma escala maior do que os da base de dados do ILSI podendo refletir
diferenças de metodologia, de amostragem ou de abrangência dos dados.
3.4. Aplicações da base de dados
As Figuras 4 e 5 mostram duas aplicações para as informações da base de dados do ILSI. A Figura 4 mostra
gráficos de barras com os valores de % gordura, %proteína e %umidade do milho mostrados como % peso
fresco nos EUA, para os anos de 1998 a 2000. Isto foi gerado pela importação de dados da base de dados para
uma planilha como a do Excel® e, em seguida, colocando os resultados em um gráfico. A Figura 5 é um gráfico
de todos os dados (651 dados pontuais) na versão 1.0, para a porcentagem de proteína do milho expressa com
base no peso seco. O gráfico resultante é uma indicação clara da variabilidade natural deste analito devido à
extensão e à interação do genótipo com a alta variabilidade das condições ambientais globais.
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Fig. 3. Exemplo de uma busca de dados na Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI.
13
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Tabela 3
Escopo dos dados na Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI, versão 1.0
a
Em alguns casos o local e os analitos para o milho e a soja foram os mesmos, e portanto, os atributos exclusivos
totais são menores que a soma dos atributos individuais do milho e da soja.
Tabela 4
Comparação dos dados de milho e soja obtidos na Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI,
versão 1.0 e da Base de Dados de Nutrientes do USDA
a
Os valores são expressos em fresh weight (FW) [peso fresco] ou ''como são'' tanto para os dados do ILSI quanto para
os do USDA.
b
Dados da Base de Dados de Nutrientes do (United States Department of Agriculture, Agricultural Research Service,
1999).
4. Conclusões
A Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI (www.cropcomposition.org) contém atualmente dados abrangentes de composição de milho e soja cobrindo um período de 6 anos e uma multiplicidade de
geografias em todo o mundo. Os dados estão estruturados de acordo com um formato relacional que permite
obter a informação eletronicamente de acordo com o interesse do usuário. Os dados foram gerados de amostras
produzidas em ensaios de campo controlados usando metodologia validada e documentação detalhada baseadas
nos conceitos de boas práticas de laboratório (BPL) da agencia ambiental americana (EPA). Antecipa-se que os
dados serão importantes para uma ampla gama de disciplinas incluindo pesquisadores das áreas de Agronomia,
Nutrição e Zootecnia que se interessam em entender a variabilidade natural resultante da interação do genótipo
com o meio ambiente. A duração do valor da base de dados vai depender da periodicidade das atualizações, da
adição de outras culturas como algodão, canola e arroz e do desenvolvimento contínuo do sistema baseado nas
necessidades dos usuários.
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Tabela 5
Comparação de dados representativos de milho da Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI,
versão 1.0 e do Documento de Consenso da OCDE
a
Para as unidades de medida: DW = dry weight [peso seco], FA = fatty acids [ácidos graxos].
Dados do Documento de Consenso da OCDE para o milho (Organization of European Cooperation and Development
(OECD), 2002).
c
Valores do Documento de Consenso da OCDE são expressos como % total de ácidos graxos no óleo de milho
refinado.
b
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Tabela 6
Comparação de dados representativos de soja da Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI,
versão 1.0 e do Documento de Consenso da OCDE
a
Para as unidades de medida: DW = dry weight [peso seco] and FW = fresh weight [peso fresco].
Dados do Documento de Consenso da OCDE para a soja (Organization of European Cooperation and
Development(OECD), 2001).
c
Os valores dos aminoácidos são provenientes de amostras de sementes de soja com valores mínimo, máximo e
médio de proteína de 33,2%, 45,5% e 39,3% DW, respectivamente.
d
O ácido fítico é expresso em g/100 g peso seco no Documento de Consenso da OCDE.
b
Fig. 4. Dados centesimais do milho da Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do ILSI, versão 1.0 para
os Estados Unidos de 1998-2000. Para as unidades de medidas: FW = fresh weight [peso fresco].
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Fig. 5. Distribuição dos valores de proteína para o milho na Base de Dados de Composição de Culturas Agrícolas do
ILSI, versão 1.0. A figura representa 651 pontos de dados com valores mínimos, máximos e médio de 6.15, 15.01 e
10.06 proteína % DW, respectivamente (veja Tabela 5 ); DW = dry weight [peso seco].
Agradecimentos
Os autores agradecem Keith Steward e Michael S. Bennett pelo suporte e orientação no planejamento e
desenvolvimento do software e do hardware para a base de dados, Michael King por fazer o esboço do primeiro
código e Daniel Suffian por suas contribuições durante a definição do papel do Administrador com relação à
base de dados. Pelo apoio dado por Susan Riordan na montagem das figuras e por Melinda McCann, que fez a
revisão e edição do texto das telas e das fórmulas para conversão e escalas de medidas, o nosso agradecido
reconhecimento.
Referências
Burlingame, B., 1996. Development of food composition database management systems: the New Zealand
experience. Food Chemistry 57, 127-131.
Ensminger, M.E., Oldfield, J.E., Heinemann, W.W., 1990. Feeds and Nutrition 2nd Edition. The Ensminger
Publishing Company, Clovis, CA.
Food and Agriculture Organization of the United Nations, 1996. Biotechnology and food safety. Report of a
joint FAO/WHO consultation. In: Food and Nutrition Paper 61, Food and Agriculture Organization of the
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Do original: Development of the International Life Sciences Institute Crop Composition Database*
Tradução: MCPetrizzi & Tradutores Associados
Revisão Técnica: Eugênio Ulian
ILSI Brasil
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