Raquel Leonardi CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E ACEITAÇÃO DE KEFIR COM LEITE INTEGRAL E DESNATADO Londrina 2012 Raquel Leonardi CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E ACEITAÇÃO DE KEFIR COM LEITE INTEGRAL E DESNATADO Monografia apresentada ao Curso de Pósgraduação em Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição com Ênfase em Gastronomia do Centro Universitário Filadélfia - UniFIL, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Orientador: Profª. MSc. Marcia Pires Ferreira Londrina 2012 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E ACEITAÇÃO DE KEFIR COM LEITE INTEGRAL E DESNATADO PHYSICOCHEMICAL CHARACTERISTICS AND ACCEPTANCE OF KEFIR WITH INTEGRAL MILK AND SKIMMED MILK Raquel Leonardi1 Sandra Helena Prudêncio2 Marcia Pires Ferreira 3 RESUMO: O Kefir pode ser considerado um alimento funcional por oferecer vários efeitos benéficos à saúde, além do valor nutricional. É produzido pela fermentação do leite por bactérias e leveduras contidas em grãos de Kefir ou culturas starter comerciais. A bebida é também fonte de minerais, vitaminas e aminoácidos. Os objetivos deste trabalho foram elaborar, caracterizar físico-quimicamente e medir a aceitação do Kefir com leite integral e desnatado. Os resultados médios de pH e acidez obtidos no 1º dia de armazenamento das formulações com leite integral e desnatado a 4°C foram 4,39 e 0,70, respectivamente. Decorridos 28 dias de armazenamento a 4°C, os valores médios encontrados foram 4,25 e 0,81 para pH e acidez, respectivamente. Os valores de pH e acidez foram alterados devido ao processo de fermentação que continua ocorrendo durante o armazenamento do Kefir, com a produção de ácido lático, dentre outros metabólitos. As formulações diferiram nos valores obtidos para o teor de lipídeo (3,65g/100g para o kefir de leite integral e 0,30g/100g para o Kefir de leite desnatado). O teor médio de lactose encontrado no 1°dia e no 28°dia de armazenamento a 4°C foi 3,78 e 2,92, respectivamente. A diminuição do teor de lactose ocorre devido a degradação da lactose, onde essa é transformada em ácido láctico e álcool, principalmente. A aceitação da formulação com leite integral e desnatado foi 86% e 79% respectivamente, sendo a formulação com leite integral preferida pelos consumidores. PALAVRAS-CHAVE: alimento funcional, leite fermentado, análise sensorial, kefir 1 Graduada em Farmácia. Discente do curso de pós-graduação em Gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição com ênfase em Gastronomia na UniFil, em Londrina, PR. E-mail: [email protected]. 2 Graduada em Farmácia. Mestre em Ciências de Alimentos pela Universidade Estadual de Londrina e Doutora em Ciências dos Alimentos pela Universidade de São Paulo. Docente da Universidade Estadual de Londrina, em Londrina, PR. E-mail: [email protected]. 3 Graduada em Nutrição. Mestre em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Londrina - UEL. Docente do Centro Universitário Filadélfia – UniFil, em Londrina, PR E-mail: [email protected]. 3 ABSTRACT: The Kefir can be considered a functional food by offering several beneficial effects to health, as well as nutritional value. It is produced by fermentation of milk by bacteria and yeasts contained in grains of Kefir or commercial cultures starts. The drink is also a source of minerals, vitamins and amino acids. The objective of this study was to elaborate, characterize physico-chemically and measure the acceptance of the Kefir with integral milk and skim milk. The average results of pH and acidity obtained on the first day of storage of formulations with integral milk and skim milk at 4 °C were 4,39 and 0,70 , respectively. After 28 days of storage at 4 °C, the average values were 4,25 and 0,81 for pH and acidity, respectively. The values of pH and acidity were changed due to the fermentation process that continues to occur during the storage of kefir, with the production of lactic acid, among other metabolites. The formulations differ in the values obtained for the lipid content (3,65 g/ 100g for the kefir of integral milk and 0,30 g/ 100g for the Kefir of skimmed milk). The average content of lactose found in 1 day and 28 day of storage at 4 °C was 3,78 and 2,92 , respectively. The reduction of lactose content occurs due to the degradation of lactose, where this is transformed into lactic acid and alcohol, mainly. The acceptance of the formulation with integral milk and skim milk was 86% and 79% respectively, and the formulation with integral milk preferred by consumers. KEYWORDS: functional foods, fermented milk, sensory analysis, kefir. 1 INTRODUÇÃO Segundo Lajolo (2005), alimento funcional é definido como aquele semelhante em aparência ao alimento convencional, consumido como parte de uma alimentação normal e capaz de produzir efeitos metabólicos ou fisiológicos desejáveis na manutenção da saúde. Adicionalmente às suas funções nutricionais, possui em sua composição, uma ou mais substâncias capazes de agir no sentido de modular os processos metabólicos, melhorando as condições de saúde, promovendo o bem-estar das pessoas e reduzindo o risco de aparecimento precoce de doenças degenerativas, que levam a uma diminuição da longevidade. O consumo de alimentos funcionais está sendo adotado pela população com o objetivo de melhorar a qualidade de suas vidas e reduzir o risco de doenças. Um dos exemplos é o consumo de Kefir. O Kefir é derivado da palavra kef (turco) para a qual se traduz “sentir bem” – é uma bebida que utiliza leite e grãos de kefir, originada nas montanhas do Cáucaso Setentrional há muitos séculos. Dotado de uma consistência cremosa e espessa, possui um leve sabor ácido, com um aroma moderado de levedura fresca, uma efervescência de sabor “carbonatado” natural e pode conter entre 0,08% e 2% de álcool. É um leite fermentado, com dupla fermentação: alcoólica e ácida, ao mesmo tempo (TOMELIN, 2006). O Kefir também pode ser produzido pela fermentação do leite por bactérias e leveduras contidas em culturas starter comerciais. Souza et al (1984), definem Kefir como uma bebida láctea fermentada, ligeiramente efervescente e espumosa que difere do iogurte por ser mais líquida e por conter, além do ácido lático, álcool e gás carbônico. Segundo Piermaria (2007), os grãos de kefir contém uma complexa microbiota simbiótica, misturas de bactérias ácido lácticas (Lactobacillus, Lactococcus, Leuconostoc, e Streptococcus spp.), bactérias ácido acéticas (Acetobacter) e leveduras (Kluyveromyces, Saccharomyces e Torula) incluindo uma matriz de proteína-polissacarídeo. Além das bactérias benéficas e leveduras, o kefir contém minerais, vitaminas e aminoácidos essenciais importantes para a manutenção das funções vitais do organismo. Os teores elevados do aminoácido essencial triptofano, de cálcio e de magnésio promovem um efeito relaxante no sistema nervoso. O kefir também fornece fósforo, um mineral que participa no processo de absorção de carboidratos, gorduras e proteínas (TIETZE, 1996). O consumo de Kefir fornece inúmeros benefícios ao homem. Os principais são: pode ser consumido por quem tem grau de intolerância moderada à lactose porque grande parte da lactose é fermentada; limitação da colonização do intestino por microrganismos patógenos, o que acarreta na diminuição do risco de diarréias, ativando o sistema imunológico; restabelecimento e equilíbrio da microbiota intestinal; diminuição do risco de câncer, principalmente no cólon; diminuição da fração de LDL colesterol (GIACOMELLI, 2004). Os principais produtos da fermentação do Kefir são o ácido láctico, ácido acético, acetaldeido, diacetil, etanol e CO2. Durante a fermentação aumenta a quantidade de vitamina B1, B12, cálcio, aminoácidos e vitaminas K (OTLES & CAGINDI, 2003). A ingestão adequada das vitaminas do complexo B promove a regulação do funcionamento renal e hepático, aceleram os processos de cicatrização e proporcionam aumento da função imunológica (aumento da resistência) (TIETZE, 1996). A produção de dióxido carbono contribui para o acentuado gosto ácido produzido por leveduras sendo considerado típico do kefir. As características químicas do leite, o processo tecnológico de produção do kefir e os microrganismos presentes na cultura são fatores que influenciam as características físico-químicas e sensoriais durante o período de estocagem (OTLES; CAGINDI, 2003). Segundo Otles e Cagindi (2003), a composição do kefir é influenciada pela quantidade de gordura do leite. A porcentagem de grãos inoculados influencia significativamente a viscosidade, o teor de lactose, o pH e a contagem microbiana. Entretanto não afeta o teor de gordura e a matéria seca do produto (IRIGOYEN, 2005). Frengovaa et al (2002), afirmam que o Kefir é o iogurte do século XXI. Entretanto, o consumo do Kefir no Brasil ainda é baixo, sendo a produção caseira a forma mais consumida. Para Vale (2004), no preparo da bebida, basta juntar os grãos de Kefir ao leite (da sua preferência) num recipiente e deixar fermentar durante, aproximadamente, 24 horas, à temperatura ambiente. Após este período, devese filtrar o leite fermentado para separá-los dos grãos e o resultado é o Kefir pronto para consumir. Os grãos de Kefir podem ser utilizados repetidamente para obter mais Kefir. Adiciona-se uma parte dos grãos de Kefir a quinze partes de leite. Deixar fermentar pelo tempo necessário, em geral 24 horas. Passar tudo por uma peneira fina. O líquido resultante é o Kefir. Os grãos permanecem na peneira e devem ser devolvidos a um recipiente limpo para um novo preparo. Não é necessário lavar os grãos, mas se julgar necessário, utilizar água sem cloro ou leite. A avaliação sensorial pode ser definida como uma disciplina científica usada para evocar, medir, analisar e interpretar reações das características dos alimentos que possam ser percebidas pelo sentido da visão, olfato, tato, sabor e audição, utilizando conhecimentos de Ciência de Alimentos, Fisiologia, Psicologia e Estatística (MORALES, 1994). A análise de aceitação é de extrema importância, por refletir o grau em que os consumidores gostam ou desgostam de determinado produto (STONE; SIDEL, 1993). A escala hedônica de nove pontos é a mais usada para avaliar a preferência e a aceitação de um produto. A escala foi desenvolvida e descrita em detalhes por Jones et al (1955), como parte de um grande esforço para avaliar a aceitabilidade de refeições militares. É facilmente entendida por consumidores com o mínimo de instrução. Este trabalho teve como objetivo elaborar, caracterizar físico-quimicamente e medir a aceitação do Kefir preparado com leite integral e leite desnatado. 2 MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados nos laboratórios do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Universidade Estadual de Londrina UEL, no município de Londrina-PR. Materiais Cultura de Kefir: A cultura iniciadora utilizada para a produção de Kefir foi a Lyofast MT 036 LV (Cultura Standard): culturas de Lactococcus lactis ssp, Lactococcus lactis ssp.lactis biovar diacetylactis, Lactobacillus brevis, Leuconostoc e leveduras Saccharomyces cerevisiae. A cultura foi fornecida pelo grupo Clerici-Sacco, Itália. Leite: para a preparação do Kefir foi utilizado leite UHT integral e desnatado da marca Batavo. Métodos O delineamento experimental das análises físico-químicas foi inteiramente casualizado e as análises foram realizadas em triplicata. As medidas de pH e acidez foram realizadas nos 1°, 7°, 14°, 21° e 28° dia da formulação a 4°C. A determinação de glicídios redutores em lactose foi realizada nos 1°, 14° e 28° dia da formulação a 4°C. Os testes da composição centesimal foram realizados na segunda semana da formulação. O experimento foi realizado com duas formulações de Kefir: 1) Leite UHT Batavo integral e cultura Lyofast MT 036 LV; 2) Leite UHT Batavo desnatado e cultura Lyofast MT 036 LV. Preparo do Kefir A cultura iniciadora Lyofast MT 036 LV foi preparada diluindo-se 0,1g de cultura em 10 mL de leite UHT desnatado. Para a obtenção do leite fermentado de Kefir foram adicionados 0,1% (v/v) da cultura diluída em leite UHT integral e UHT desnatado. Após a adição, homogeneizou-se o leite por cerca de 1 minuto para distribuir uniformemente os microorganismos. Em seguida, o leite foi incubado a temperatura 25°C por 24 horas. Decorridas às 24 horas de fermentação, o kefir foi refrigerado a 4°C por um período de 28 dias. Composição centesimal, glicídios redutores em lactose, pH e acidez Foram realizadas as seguintes análises: teor de umidade pelo método de secagem em estufa a 105°C; teor de proteínas pelo método de MicroKjeldahl utilizando fator de conversão 6,38; teor de lipídeos pelo método de Sohxlet, que é específico para leites fermentados; teor de cinzas pelo método de incineração em forno mufla a 550°C; e determinação de glicídios redutores em lactose pelo método de Fehling (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985) O teor de carboidratos totais foi estimado por diferença. O pH foi determinado usando-se um pHmetro digital da marca Technal, previamente calibrado com soluções tampões comerciais pH 4,00 e pH 7,00. O eletrodo foi mergulhado diretamente na amostra. Para determinar a acidez titulável, cinco gramas da amostra foram diluídas em 50 mL de água e foram adicionadas duas gotas do indicador fenolftaleína. As soluções foram, então, tituladas com solução de NaOH (4,0g/L) até o aparecimento de uma coloração rósea. O resultado foi expresso em porcentagem (%) de ácido láctico (AOAC, 1995). Todas as análises físico-químicas foram realizadas em triplicata. Avaliação sensorial A avaliação sensorial foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial da Universidade Estadual de Londrina (UEL), cujas instalações são constituídas de cabines individuais, controle de iluminação e temperatura ambiente. O teste foi realizado após aprovação pelo CEP / UEL. O delineamento experimental sensorial realizado foi em blocos completos casualizados. O teste sensorial foi realizado por 50 provadores somente após o esclarecimento, consentimento e assinatura do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”. Os provadores não eram treinados e foram selecionados aleatoriamente dentre o corpo discente e docente da UEL, além de alguns de seus colaboradores. Todos eram adultos, não tendo sido feita distinção de sexo. A análise sensorial ocorreu uma única vez, no 1° dia de armazenamento das formulações, após a realização das análises microbiológicas de bolores e leveduras, coliformes totais e coliformes a 45°C, as quais comprovaram que o consumo do Kefir era seguro para os provadores. As amostras foram adoçadas com 8% (m/v) de sacarose e servidas em copos de plástico descartáveis, codificados com números de três dígitos aleatórios, aproximadamente a temperatura de 12°C. Duas amostras foram entregues para cada provador, em ordem aleatória, e avaliadas através de ficha com escala hedônica estruturada de nove pontos (Figura 1). Figura 1 - Escala hedônica de nove pontos para avaliação da aceitação de kefir preparado com leite integral e desnatado. Nome:____________________________________________________ Data ___/___/___ Avalie a amostra de Kefir, usando a escala abaixo para descrever o quanto gostou ou desgostou do produto. Amostra: __________ 1- ( ) Desgostei muitíssimo 2- ( ) Desgostei muito 3- ( ) Desgostei regularmente 4- ( ) Desgostei ligeiramente 5- ( ) Indiferente 6- ( ) Gostei ligeiramente 7- ( ) Gostei regularmente 8- ( ) Gostei muito 9- ( ) Gostei muitíssimo Comentários:__________________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Análise Estatística Os resultados obtidos na composição centesimal, pH, acidez, teor de glicídios redutores e do teste sensorial de aceitação foram tratados estatisticamente, sendo calculado o desvio padrão, e realizada a análise de variância (ANOVA) e o teste de comparação de médias de Tukey (5%). Para o teste sensorial também foi calculado o índice de aceitação, considerando-se valor hedônico 9 como 100% de aceitação. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Composição Centesimal Os resultados da composição centesimal das duas formulações de Kefir estão na Tabela 1. Tabela 1 - Composição centesimal das formulações de Kefir de leite integral e desnatado. Umidade Formulação Leite Integral (g /100g) 84,34a± 1,19 Formulação Leite Desnatado (g /100g) 87,68 a± 0,53 Proteína 3,49 a± 0,01 4,04 a± 0,04 Lipídeo 3,65 a± 0,09 0,30 b± 0,03 Cinza 0,93 a± 0,03 0,96 a± 0,01 Carboidratos Totais 7,59 a± 1,16 7,51 a± 0,55 * Médias de três repetições, nas linhas, acompanhadas por letras diferentes diferem entre si (p≤ 0,05) e ± Desvio Padrão. As duas amostras não diferiram estatisticamente entre si (p>0,05) quanto ao teor de umidade, proteína, cinzas e carboidratos totais, observandose valores médios de 86,01%, 3,77%, 0,94% e 7,55, respectivamente. Os resultados estão de acordo com Tomelin (2006) que obtiveram teor de umidade de 86,22% e com Otles e Cagindi (2003), que encontraram teor de umidade de 87,5% para o Kefir. O teor de proteína está de acordo com a legislação brasileira quanto ao teor mínimo de proteína (2,9g/100g) para leites fermentados (BRASIL, 2000). Otles e Cagindi (2003) obtiveram teor de proteína de 3,3%. Os valores obtidos para o teor de lipídeo foram 3,65g/100g para o kefir de leite integral e 0,30g/100g para o Kefir de leite desnatado, sendo diferentes estatisticamente (p≤0,05). Otles e Cagindi (2003) obtiveram teor de lipídeo de 3,5g/100g para o Kefir com leite integral. Irigoyen (2005) encontrou para o kefir com leite integral o teor de lipídeo de 3,51g/100g. O teor de lipídeo encontrado neste experimento está de acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 2000) que estabelece que o leite fermentado integral deva ter um teor de gordura de no mínimo 3,0g/100g e máximo 5,9g/100g, enquanto o leite fermentado desnatado deva ter um teor de gordura de até 0,5g/100g. pH, acidez e glicídios redutores em lactose Os valores de pH, acidez titulável e teor de glicídios redutores em lactose das formulações de Kefir com leite integral e desnatado no 1° dia de armazenamento e no 28° dia de armazenamento a 4°C estão na Tabela 2. Tabela 2 - Valores de pH, acidez titulável e teor de glicídios redutores em lactose do Kefir de leite integral e desnatado no 1º dia e no 28°dia de armazenamento a 4°C. 1° dia Formulação Leite Integral Formulação Leite Desnatado pH 4,41a± 0,01 4,37 a± 0,003 Acidez (g ácido láctico/100g) 0,69b± 0,02 0,72 a± 0,02 Teor de glicídios redutores em lactose (g /100g) 3,72 a± 0,11 3,84 a± 0,05 28° dia Formulação Leite Integral Formulação Leite Desnatado pH 4,27a ± 0,01 4,22 b ± 0,007 Acidez (g ácido láctico/100g) 0,79b ± 0,01 0,82 a ± 0,01 Teor de glicídios redutores em lactose (g /100g) 2,80 a ± 0,05 3,05a ± 0,12 * Médias de três repetições, nas linhas, acompanhadas por letras diferentes diferem entre si (p≤ 0,05) e ± Desvio Padrão. As formulações no 1° dia de armazenamento a 4°C não diferiram estatisticamente entre si (p>0,05) quanto aos valores de pH e glicídios redutores em lactose, observando-se valores médios de 4,39 e 3,78, respectivamente. Segundo Otles e Cagindi (2003), o valor de pH característico do kefir encontra-se entre 4,2 a 4,6. Irigoyen (2005) encontrou para o kefir no 1° dia de armazenamento, 3,51g/100g de teor de lactose. Otles e Cagindi (2003) obtiveram teor de lactose de 4,0% no 1° dia de armazenamento. Os teores de acidez titulável encontrados neste experimento no 1° dia de armazenamento a 4°C foram 0,69g ácido láctico/100g e 0,72g ácido láctico/100g para o Kefir de leite integral e desnatado, respectivamente, sendo diferentes (p≤0,05) entre si. Os teores obtidos estão de acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 2000), a qual exige que o Kefir tenha acidez entre 0,5 a 1,5g ácido láctico/100g. No 28° dia de armazenamento a 4°C, as formulações com leite integral e desnatado diferiram (p≤0,05) entre si nos valores obtidos de pH e acidez. Todavia, as duas formulações não diferiram (p>0,05) no teor de glicídios redutores em lactose. Os dois produtos apresentaram diminuição de pH e aumento no teor de acidez; entretanto, no Kefir com leite desnatado tal ocorrência foi mais intensa. A diminuição do pH e o aumento da acidez ocorreram devido ao processo de fermentação que continuou acontecendo durante o armazenamento das formulações, com a produção, principalmente, de ácido láctico. Verificou-se uma diminuição do teor glicídios redutores em lactose. Durante o armazenamento, a lactose é consumida e transformada em glicose e galactose. Esses monossacarídeos são imediatamente metabolizados e transformados em ácido láctico e outros produtos secundários, como acetaldeido, diacetil, etanol e CO2 (GARCIA FONTAN, 2006). Avaliação Sensorial As formulações de Kefir com leite integral e desnatado foram bem aceitas, apresentando índice de aceitação de 86% e 79%, respectivamente, como pode ser visto na Tabela 3. Tabela 3 - Avaliação Sensorial de Kefir de Leite Integral e desnatado. Formulação Leite Integral Formulação Leite Desnatado Valor Hedônico 7,8a 7,1 b Índice de Aceitação 86% 79% * Médias, na linha, acompanhadas por letras diferentes diferem estatisticamente entre si (p≤ 0,05). É possível observar que formulação de Kefir de leite integral apresentou uma aceitação maior do que a formulação de leite desnatado, talvez por apresentar uma acidez menor. 4 CONCLUSÕES As formulações de Kefir com leite integral e desnatado são diferentes na composição centesimal somente em relação ao teor de lipídeos. O teor de gordura do leite influenciou na avaliação sensorial das formulações de Kefir, sendo a formulação com maior teor de lipídeo (leite integral) mais aceita pelos provadores. As características do Kefir são únicas devido à combinação da fermentação ácida e alcoólica e por apresentar vários efeitos positivos no sistema imune, sistema gastrointestinal e metabolismo do colesterol, o Kefir mostrou-se um produto promissor para a comercialização. 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