Luís Roberto de Oliveira. Paulo Rogério Franco Bueno. Indicadores Financeiros: conhecimento imprescindível do gestor administrativo. A liquidez da organização deve ser tratada à ótica da capacidade de sua solvência, ou seja, em si, é a busca pela essência da geração de caixa suficiente em face dos pagamentos de suas dívidas, uma vez que, essas estarão vinculadas a prazos determinados e, assim, carecem de equiparação de realização de seus ativos, na forma de transformação em caixa, sem a perda substancial de sua própria origem. A assertiva da liquidez deve pautar pelo indicador que permite avaliar a capacidade de pagamentos da empresa, sendo que, essa capacidade de pagamento deve ser analisada à luz de sua temporalidade, ou seja, as condições de curto e longo prazo e, inclusive de prazos imediatos. A liquidez corrente, essa reconhecida enquanto relação entre os Ativos e Passivos Circulantes deve trazer o índice que vise à margem de segurança disponível de ativos frente às dívidas de curto prazo. Assim, se tem ILC – Índice de Liquidez Corrente. ILC = Ativo Circulante Passivo Circulante ILC = $ 160.000,00 $ 110.000,00 ILC = 1,45 Noutras palavras, significa dizer que, para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa tem $ 1,45 de recurso (ativos realizáveis de curto prazo), ou seja, a empresa paga sua dívida de curto prazo por unidade referencial e, ainda, lhe sobra $ 0,45 por unidade referencial. Tenho $ 160.000,00 Pago $ 110.000,00 Sobra $ 50.000,00. Então: $ 50.000,00 dividido pela dívida existente $ 110.000,00 = $ 0,45 (sobra em relação à dívida de curto prazo). Valha dizer que, este índice necessariamente não mede a verdadeira liquidez da empresa, pois, na maioria das vezes há necessidade de rever a qualidade dos ativos realizáveis de curto prazo, ou seja, suas respectivas possibilidades de conversão em moeda corrente, além disso, deve haver o processo de comparabilidade desse indicador em face dos segmentos de atuação da própria organização. Dessa forma, enquanto qualidade dos ativos circulantes é nítido o reconhecimento da possibilidade de existir estoques superavaliados ou obsoletos, e, ainda, os valores a receber podem Solus Armaz – Educação Consciente & Escola Mercado. Página 1 Luís Roberto de Oliveira. Paulo Rogério Franco Bueno. não ser totalmente recebíveis. Além disso, não se pode vislumbrar o processo de sincronização entre os recebimentos e pagamentos. Também outro fator relevante pode estar presente, ou seja, os estoques ao serem avaliados pelo Custo Histórico e não pelo Valor de Realização (valor de venda) favorece a elevação deste índice. Observado, assim, essas diretrizes de estudos, então, deve o gestor administrativo atentar-se para formação de sua consideração do cálculo, da interpretação do índice e, inclusive do seu conceito, ou seja, quanto ao cálculo fica evidente a simplicidade do procedimento, quanto à interpretação há necessidade de contextualizar sempre a conversão de recursos em dinheiro (caixa), e, quanto ao conceito, este índice tem característica positiva normalmente quando supera a 1,0. Todavia, esta análise isolada é desaconselhável e, inclusive é arriscada. Na sequência da análise de liquidez da organização, se tem um indicador com uma característica um pouco mais conservadora, ou seja, é a busca pela segregação dos ativos circulantes menos líquidos em face da necessidade da preservação dos estoques, ou, ainda, vislumbrando uma conversão de ativos circulantes de forma mais dinâmica, sob a ótica do cumprimento da liquidação das dívidas de curto prazo. Assim, se tem ILS – Índice de Liquidez Seca. ILS = Ativo Circulante - Estoques Passivo Circulante ILS = $ 160.000,00 - $ 40.000,00 $ 110.000,00 ILS = 1,09 Torna-se compreensível que, no estudo da liquidez seca, especificamente no exemplo apresentado, fica evidente a preservação dos estoques, assim, forçando a empresa a aumentar o valor de seus ativos líquidos, ou seja, os de maior disponibilidade. Muito importante destacar a preocupação quanto o aumento dos estoques, na condição desnecessária, ou seja, poderá a empresa estar elevando seu índice de liquidez corrente e, assim, mantendo inalterado o índice de liquidez seca. Com isso, tecnicamente poderia remeter a um estudo de necessidade de estocagem, pois, a própria administração dos estoques, eleva, na maioria das vezes os gastos da organização. Nesta ordem de estudo da liquidez, outro indicador se faz presente, este na condição de mostrar a capacidade da empresa em pagar suas dívidas de longo prazo, uma vez que encampa em seu bojo os valores de ativos circulantes e de longo prazo em face das dívidas de curto e longo prazo, pois, numa abrangência maior permite ao gestor visualizar o cenário da organização acima de doze meses, pelo menos, enquanto dívidas a saldar. Solus Armaz – Educação Consciente & Escola Mercado. Página 2 Luís Roberto de Oliveira. Paulo Rogério Franco Bueno. Importante destacar que, essa condição de abrangência do Realizável a Longo Prazo, é uma premissa de observa-lo dentro dos Ativos Não Circulantes, ou seja, embora tal grupo sintético encampe outros ativos, por exemplo, os itens do Imobilizado, não é esta a intenção inicial de inserilos nesta composição do próprio ILG – Índice de Liquidez Geral. ILG = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo ILG = 160.000,00 + 20.000,00 110.000,00 + 12.000,00 ILG = 180.000,00 122.000,00 ILG = 1,48 Ainda, dentro deste estudo se tem o indicador da liquidez imediata da empresa, o qual, por sua vez, remete inferir propriedade quanto à capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo em face dos recursos imediatamente disponíveis, ou seja, o dinheiro em caixa ou em bancos, também em alguns casos as próprias aplicações financeiras, desde que, essas possam ser resgatáveis enquanto disponibilidade imediata. Assim, se tem o ILI – Índice de Liquidez Imediata. ILI = Disponível Passivo Circulante ILI = 70.000,00 110.000,00 ILI = 0,64 Observe que, neste caso o indicador é menor que 1,00; ou seja, tecnicamente a empresa detém de $ 0,64 unidades referenciais disponíveis em relação a cada unidade referencial de dívida de curto prazo. Em outras palavras, significa dizer que, para cada $ 1,00 de dívida a empresa tem $ 0,64 de recursos disponíveis, assim, faltando para mesma $ 0,36 para possível quitação de suas dívidas de curto prazo. Considerado, mesmo que de forma embrionária, os primeiros indicadores de liquidez, também, se faz necessário neste estudo tratar as questões sobre o Capital Circulante Líquido – CCL, o qual, por sua vez, sempre deve ser observado pelo gestor financeiro da empresa. Tal assertiva de preocupação, ainda, deve se estender no conjunto de sua própria análise, haja vista que, embora o CCL – Capital Circulante Líquido, não esteja condicionado a um índice, este, não deixa de ser uma medida de liquidez global da empresa. Solus Armaz – Educação Consciente & Escola Mercado. Página 3 Luís Roberto de Oliveira. Paulo Rogério Franco Bueno. Para tanto, sua devida composição encampa os Ativos Circulantes menos os valores dos Passivos Circulantes. CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante CCL = 160.000,00 – 110.000,00 CCL = 50.000,00 Portanto, a análise da liquidez da organização deve primar, sempre, pelo estudo do conjunto de indicadores, ou seja, essa condição elementar permite mensurar a capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo, remetendo, assim, a entender o processo de solvência da empresa, sob a ordem dos indicadores de liquidez. Luís Roberto de Oliveira: Mestre em Ciências Contábeis (PUC/SP). Especialista nas áreas de Perícias Contábeis Judiciais e Extrajudiciais (Fundação Alvarez Penteado). Especialista em Controladoria e Contador (Universidade São Francisco). Especialista em Avaliação Institucional de Entidades de Ensino Superior (Unb de Brasília). Especialista em Gestão da Produção e Logística (MBA - Faculdades Atibaia). Perito-Contador. Professor das Faculdades Atibaia. Foi Professor da Universidade São Francisco. Artesão. Escritor e Pesquisador. Paulo Rogério Franco Bueno: Especialista em Direito Tributário (EPD - Escola Paulista de Direito). Especialista em Gestão Financeira e Controladoria (MBA – Faculdades Atibaia). Contador (Universidade São Francisco). Consultor Contábil. Perito-Contador. Professor das Faculdades Atibaia. Foi Professor da Universidade São Francisco. Pesquisador. Solus Armaz – Educação Consciente & Escola Mercado. Página 4