UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRO-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU-SENSU DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A DISTÂNCIA CURSO: EDUCAÇÃO INFANTIL BRINCADEIRAS E SUAS INFLUÊNCIAS NA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL ACADÊMICA: ALAIR CRISTINA PEREIRA MATOS SILVA ORIENTADORA: PROFESSORA MARIA POPPE. BELA VISTA DE GOIÁS, JUNHO DE 2009. UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRO-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU-SENSU DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A DISTÂNCIA CURSO: EDUCAÇÃO INFANTIL BRINCADEIRAS E SUAS INFLUÊNCIAS NA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL ACADÊMICA: Alair Cristina Pereira Matos Silva Trabalho monográfico apresentado como requisito para obtenção do Grau de Especialista em Educação Infantil. Bela Vista de Goiás, junho de 2009. 2 ALAIR CRISTINA PEREIRA MATOS SILVA BRINCADEIRAS E SUAS INFLUÊNCIAS NA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Bela Vista de Goiás, ____/_____/2009. _________________ __________________ ________________ _____ Nome Assinatura Instituição Nota _________________ __________________ ________________ _____ Nome Assinatura Instituição Nota 3 Aos meus pais Alair e Josafá e sogros Fabiana e Jose que são mestres de minha vida, aos meus filhos Filipe e Alécio Filho e minha comadre e amiga Lourdes, ao porto seguro Alécio com muito amor, carinho, respeito e gratidão a vocês MUITO OBRIGADO! 4 A Deus por todas as maravilhas que ele realiza em minha vida. Ao meu esposo Alécio por ter me proporcionado este curso, e a minha comadre e amiga Lourdes que sempre esta presente nas minhas conquistas, pois: “A vida e construída nos sonhos e concretizada no amor”. (Francisco Candido Xavier). 5 RESUMO O presente trabalho busca enfocar a Educação Infantil como fase importante da vida humana, onde há uma predisposição muito grande ao aprendizado. Antes de tudo, mostra a vivencia de experiências prazerosas dentro das instituições de ensino como um direito das crianças, para então, enfatizar o valor das brincadeiras, do brinquedo e do jogo na fase da Educação Infantil como reforço e auxilio à aprendizagem, hipótese esta que vai ao encontro dos pressupostos defendidos por importantes intelectuais que versam sobre o desenvolvimento infantil e que é também confirmada por ações do professor em atividades propostas no processo ensinoaprendizagem. 6 METODOLOGIA No presente trabalho monográfico utilizar-se-á de uma pesquisa bibliográfica, contando com estudos já publicados de autores de renome que vão ao encontro de nossas idéias e ideais para com a faixa de educandos englobados pela Educação Infantil, como Piaget, Vygotsky, Paulo Freire, Wallon entre outros não menos importantes que contribuem com seus pressupostos a despeito do brincar no contexto do aprender. Para isso, pelo que se pretende com o estudo, conta-se com LAROSA e AYRES (2005, p. 35) para explicitar a pesquisa descritiva, característica deste trabalho monográfico: “este tipo de pesquisa permite aos pesquisadores observar e registrar fatos do cotidiano, perfis de grupo, opiniões, dogmas, etc... Após a análise dos registros obtidos é possível aos pesquisadores efetuar a correlação dos fatos observados, definir o que aconteceu, como, quando e onde ocorreu”. Tendo como objeto a pesquisa documental, este estudo se caracteriza como sendo uma análise descritiva do tipo qualitativa onde se busca levantar dados a partir de diversos tipos de fontes, valendo-se além de autores já citados acima, outras publicações correlativas ao tema proposto. Com o intuito de ilustrar o que mostra a pesquisa bibliográfica deste trabalho será realizado, como pesquisa de campo, uma atividade, onde se pretende observar até que ponto trabalhar corpo e mente, indissociavelmente, leva a criança a ter - mais ou menos - interesse pela atividade. Essa atividade será dividida em dois momentos distintos: no primeiro momento as crianças receberão um folha em branco para fazerem um desenho livre, sem nenhuma indicação ou direcionamento. Já no segundo momento, (num outro dia), pretende-se fazer a teatralização da musica: “Rosa Juvenil” e logo em seguida repetir a atividade do desenho livre, também sem nenhum direcionamento. 7 SUMÁRIO RESUMO 6 METODOLOGIA 7 INTRODUÇÃO 9 1 CAPÍTULO 1 – BRINCAR DE APRENDER 2 1.1 O jogo infantil 1 5 1.2 Psicologia do pré-escolar 1 9 CAPITULO 2 – A PSICOMOTRICIDADE E 2 SUA CONTRIBUIÇÃO 4 2.1 Desenvolvimento e aprendizagem 2 6 2.1.1 A Aprendizagem 2 6 2.1.2 O desenvolvimento da linguagem 2 7 2.1.3 O desenvolvimento afetivo 2 8 2.1.4 O desenvolvimento físico-motor 3 2 2.1.5 O desenvolvimento moral 3 2 3 CAPITULO 3 – O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 4 8 3.1 O professor e suas ações 3 5 3 CONCLUSÃO 7 4 RFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 0 INTRODUÇÃO O tema deste trabalho monográfico é “Brincadeiras e suas influências na aprendizagem na Educação Infantil” e, como tal, procura elucidar a importância da brincadeira infantil no processo de ensino-aprendizagem destes pequenos educandos. A questão central deste trabalho gira em torno da Educação Infantil como uma fase da vida humana que mais merece consideração, pois é onde a predisposição ao aprendizado é muito grande. Sendo assim, a questão que se busca esclarecer no decorrer do estudo seria qual a influência das brincadeiras infantis, como reforço e auxílio para a aprendizagem? Para o curso que se encerra o tema sugerido é de fundamental importância, pois uma pesquisa que busca enfatizar o valor das brincadeiras no processo de ensinoaprendizagem na Educação Infantil justifica-se pela sua relevância nesta área e, principalmente na área da psicomotricidade uma vez que é nesta última que reside o interesse pelos gestos, expressões e movimentos do indivíduo, o “ser-em-ação”. De acordo com Alves (2007), é de fato que a escola deve servir como um espaço no qual os alunos possam experimentar, viver, sentir, enfim provar sua corporeidade, sua capacidade de movimentos, de fazer de novo e diferente, de fruir e usufruir de seu corpo. Não obstante, a Educação Infantil representa o primeiro espaço desta vivência 9 tão importante e significativa na vida das crianças, pois inicia o processo de escolarização dos pequenos e proporciona-lhes uma formação que contribuirá para sua cidadania. Neste contexto a Educação Infantil deve ser entendida como tempo e espaço em que a criança poderá ter acesso a conhecimentos formados historicamente, a elementos da cultura universal, ao mesmo tempo em que participará como sujeito sóciohistórico, produtor dessa cultura. No entanto, deve ser responsável por uma série de atividades entre elas a adaptação, a cooperação, a convivência, o saber ouvir e falar, levando em consideração as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças de 0 a 5 anos. Esta pesquisa parte primeiramente de uma preocupação quanto à responsabilidade pedagógica com a iniciação da criança no mundo formal dos estudos, fruto de uma experiência de mais de 10 anos trabalhando com a Educação Infantil, onde o primordial é lidar com as crianças de forma lúdica e atraente, estimulando desde já a autonomia e promovendo o desenvolvimento dentro de um contexto integral, preparando para a vida dentro e fora da escola. Deve-se lembrar que a Educação Infantil lida com crianças que estão deixando pela primeira vez o aconchego dos seus lares, um ambiente onde suas brincadeiras vão ter sempre espaço. Brincadeiras estas que são a chave de um bom relacionamento professor-aluno, o caminho para um melhor aprendizado e um poço de possibilidades para o desenvolvimento integral de nossas crianças. Através da proposta do brinquedo a criança se movimenta, elabora sentimentos, fantasias, angústias, medos, aprende a se relacionar com o mundo e a se apropriar da história do grupo social de que faz parte e, por conseguinte, da história da humanidade. De acordo com o MEC, a Educação Infantil é o espaço da educação formal que deve atender a crianças de 0 a 6 anos de idade. O projeto em vigor se limita a englobar as crianças matriculadas na Educação Infantil I, turno vespertino, da Escola Municipal Dona Menina, na cidade de Bela Vista de Goiás. Vale lembrar que esta escola, assim como as outras escolas da rede municipal de ensino recebem alunos a partir dos 4 anos de idade, sendo assim uma continuação da Educação Infantil oferecida no município, em que crianças de até 2 anos de idade vão para o berçário, as crianças de 2 a 3 anos para o maternal, ambos situados em creches. 10 Os alunos desta escola são distribuídos nas turmas de Educação Infantil I até o 5º ano da 1ª fase do Ensino Fundamental. Ao se analisar dados concretos de nossa realidade e com a intensão de deixar alguma contribuição para a sociedade e principalmente aos professores que trabalham com a Educação Infantil, a Escola Municipal Dona Menina, será o campo da pesquisa. Esta unidade escolar conta com duas turmas de Educação Infantil I no período vespertino, cada turma com 20 alunos. Sendo assim, o objeto de estudo será especificamente os 40 alunos da Educação Infantil I, matriculados na Escola Municipal Dona Menina, município de Bela Vista de Goiás. Diante do que foi exposto, são, portanto, objetivos do estudo monográfico em foco apresentar um relato cujo enfoque procura mostrar as diversas características do desenvolvimento da criança nesta fase de ensino, seu desenvolvimento físico e psicomotor, cognitivo, emocional e social; enfatizando o “brincar” no processo de ensino e aprendizagem; mostra a psicomotricidade como ciência da educação, visando a representação e a expressão motora através da utilização psíquica e mental do indivíduo, coadunando para a importância desta ciência no processo de aprendizagem dos “pequenos”; por fim, discutir o sublime papel do professor da Educação Infantil. 11 CAPÍTULO 1 – BRINCAR DE APRENDER Brincar é a base da cultura de um povo, garantem alguns filósofos. De certa forma o brinquedo age como espelho da sociedade, pois retrata usos, costumes, moda, tecnologia de um período, como um corte radiografado no tempo. Entre o elo do faz-deconta e da vida real, num mesmo caldeirão o sonho e a fantasia, o real e o imaginário. O brinquedo é muito mais que entendimento. É acima de tudo um processo cultural que forma, amplia e estabelece valores. Brincar é, portanto inerente ao ser humano, ele já nasce pré-disposto às brincadeiras e precisa delas para o seu desenvolvimento físico, mental, psicológico, o brinquedo, as brincadeiras e precisa delas para o seu desenvolvimento físico, mental, psicológico, o brinquedo, as brincadeiras formam um suporte para o equilíbrio da pessoa. Sendo assim, baseia-se na pesquisa de Cristina Von (2001) e nas experiências colhidas na própria vivência, para classificar uma infinidade de brinquedos e através deles explicar a própria história da humanidade. Alguns brinquedos são: 12 1. Como pequenos amigos: bonecas, casas de bonecas, marionetes, soldadinhos de chumbo, bichos de pelúcia; 2. Ligados ao céu, à água, ao mar, à terra: aviões, barcos, trens, carros, autorama, bicicleta; 3. Relacionados a rodas e trilhos: patins de gelo, patins de roda, patinete, skate; 4. Verdadeiras brincadeiras de criança: amarelinha, bolhas de sabão, cama de gato, cinco marias (baliza); 5. Considerados clássicos: Arca de Noé, Bilboquê, Pião, Caleidoscópio, cavalo-de-pau, caixinhas de música, chocalho, carrossel; 6. Relacionados ao subir, descer e rebolar: Aros, argolas, bambolê, balanço, gangorra; 7. Com a bola: bola de gude, queimada, futebol e outros esportes, boliche, etc.; 8. Para tentar a pontaria: Arco e flecha, Bumerangue, Estilingue, Ioiô, Dardos; 9. Feitos de papel: cata-vento, origame, pipa; 10. Para testar a sorte: baralho, dados, resta um, dama chinesa, cubo mágico; 11. Para jogar mesmo: Jogos de tabuleiro, xadrez, dama, gamão, bingo, jogo da velha, jogo de varetas; 12. Só para passar o tempo: Banco imobiliário, monta palavras, palavras cruzadas, quebra-cabeças, labirinto, jogos de guerra, batalha naval; 13. Para se mexer: peteca, perna-de-pau, futebol de mesa e de botão, tênis de mesa; 14. Juntar peças: Lago, Playmobil, Robôs, Vídeo-jogos. Na história do brinquedo, encontra-se, portanto, retratada a história do próprio homem. O ser humano tem uma mente sempre em atividade, as distrações são fundamentais para que haja espaço para o sonho e a criatividade aflorarem. É bem sério considerar que o aprendizado lúdico, através de regras estabelecidas pelo grupo que quer brincar, seja utilizando algum objeto ou mesmo dando-se apenas as mãos em forma de ciranda, são eternos, a criança jamais esquece. 13 Brincadeiras e jogos são importantes em qualquer idade e para qualquer povo, em qualquer época. Nos momentos de instabilidade de governo, em que a sociedade passa por transição social, religiosa, tecnológica, o brinquedo é um elo, é um instrumento de estabilidade emocional e equilíbrio que pais e educadores podem utilizar para minimizar os traumas e as dores. Assim sendo, vê-se a escola como um elemento de transformação da sociedade, sua função é contribuir, junto com outras instancias da vida social, para que as mudanças se efetivem. Nesse sentido, o trabalho da escola deve considerar as crianças como seres sociais e trabalhar com elas no sentido de uma integração construtiva com a sociedade. Assim, por esse foco, a escola deve dar privilegio ao contexto sócio-econômico e cultural. Tendo o cuidado, a escola, há de reconhecer as diferenças existentes entre as crianças levando em conta os valores e a bagagem que elas já têm; ter a preocupação de propiciar a todas as crianças um desenvolvimento integral e dinâmico (cognitivo, afetivo, linguístico, social, moral e físico motor), assim, como a construção e o acesso aos conhecimentos socialmente disponíveis tanto no mundo físico como social. A educação deve instrumentalizar as crianças de forma a tornar possível a construção de sua autonomia, possibilitando-lhe também seu lado crítico, a potencialidade criativa, passando-lhe conceitos de responsabilidade e cooperação. Em relação ao conhecimento é preciso salientar que a criança gosta de desafios, sente-se estimulada quando sua inteligência é desafiada. Deve ficar claro também que não há um momento específico para que a criança seja solicitada a aprender, ela aprende e ensina o tempo todo. Quanto ao desenvolvimento moral, as crianças têm a capacidade de construir normalmente o seu próprio sistema de valores, baseando-se em sua própria necessidade de confiança com as outras. Esse processo é uma verdadeira construção interior. Através da construção autônoma se forma uma boa concepção de si, um ego integro e uma autonomia que sustente uma saúde mental e positiva. Formar homens sensíveis, criativos, inventivos, e descobridores, assim como espíritos capazes de criticas e distinguir entre o que está provado e o que não está deve ser o principal objetivo da educação. 14 Deve-se encorajar a autonomia e o pensamento critico independente, no sentido de propiciar aos indivíduos chegarem a níveis mais elevados do desenvolvimento afetivo e cognitivo. Num ambiente onde a relação adulto-criança caracteriza-se pelo respeito mútuo, tendo presentes o afeto e a confiança, a autonomia terá um campo fértil tanto no ponto de vista intelectual como no sócio afetivo, disso, é evidente, depende seu desenvolvimento geral. É certo que a aprendizagem depende em grande parte da força da motivação: as necessidades e os interesses da criança são mais importantes que qualquer outra razão para que ela se ligue a uma atividade. E é bem mais prazeroso trabalhar com um grupo interessado participante, ligado, em perfeita interação, para isto o cuidado do professor, do bom educador é observar os focos de maior interesse do seu grupo, aceitar sugestões, sem perder o seu foco epistemológico dentro do contexto de aprendizado. O educador deve ter bem claros os seus objetivos. Assim, ao pensar atividades significativas que respondam aos objetivos, é importante articulá-las de forma integrada, conforme a realidade sócio-cultural das crianças, seu estágio de desenvolvimento e o processo de construção de conhecimentos, valorizando o acesso aos conhecimentos do mundo físico e social. É interessante a construção progressiva, na prática educacional de estratégias metodológicas que respondam aos objetivos formulados. Quando da elaboração metodológica as estratégias devem ser construídas, levando-se em conta a realidade de cada grupo de crianças, a partir de atividades que continuam construindo desafios e que sejam ao mesmo tempo significativas e capazes de incentivar a descoberta, a criatividade. Nessas estratégias o jogo é situado como mais uma alternativa metodológica. Deve-se prestar atenção para não considerar a atividade lúdica como único e exclusivo recurso de ação, ele é uma alternativa significativa e importante, mas sua aplicação não exclui outros caminhos metodológicos. Há que se atentar, a possibilidade de pensar a educação numa perspectiva mais nova, aberta, criadora, autônoma, consciente. Parte-se do princípio através do qual o jogo, passa a significar, algo relevante, não somente abre uma porta para o mundo 15 social e para a cultura infantil como se encontra uma rica possibilidade de incentivar o seu desenvolvimento. Ao se trabalhar com o jogo, este trabalho dever ser feito de forma mais consciente, o caráter de prazer deve ser primordial, sem esse componente básico, perdese o sentido de utilização de um instrumento cujo intuito principal é o de resgatar a atividade lúdica, sua espontaneidade e, junto com ela, sua importância no desenvolvimento integral das crianças. Antes de passar ao detalhamento do jogo, da brincadeira como instrumento metodológico é necessário analisar as idéias teóricas que o sustentam. Nesse sentido, as concepções construtivistas de Piaget vem responder às idéias de desenvolvimento e aprendizagem. As idéias de Vygotsky e seus discípulos também são relevantes para a compreensão da importância do contexto sócio cultural e das interações sociais. 1.1 O jogo infantil Para se chegar a uma proposta, em que se acredita na brincadeira, no jogo como instrumento metodológico é necessário, antes de mais nada, analisar as idéias teóricas que a sustentam. Nesse sentido, as concepções construtivistas de Piaget vem responder às idéias de desenvolvimento e aprendizagem. As idéias de Vygotsky e seus discípulos são também relevantes para esse contexto. O estudo mais significativo de Piaget sobre o jogo infantil aparece em “A formação do símbolo na criança” (1975), como resultado da observação das atividades de seus próprios filhos. Nesse estudo Piaget analisa e esclarece as relações entre o jogo e o funcionamento intelectual. Também interpreta os jogos no conjunto do contexto do pensamento da criança, distinguindo seis critérios habitualmente utilizados no jogo: 1. Encontra-se sua finalidade em si mesmo. Esse critério é impreciso, pois todo jogo é “interessado”; o jogador se preocupa com o resultado da sua atividade. 2. É uma atividade espontânea, oposta à atividade do trabalho; 3. É uma atividade que dá prazer, mas deve-se conceber essa busca de prazer como subordinada à assimilação do real ao eu; o prazer lúdico seria 16 a expressão afetiva dessa assimilação, em outras palavras, a adaptação ao real comporta um elemento de satisfação, subordinado a um elemento de renuncia; 4. Tem uma relativa falta de organização; 5. Caracteriza-se por um comportamento livre de conflito: o jogo ignora os conflitos ou, se os encontra, é para libertar o eu por uma solução de compensação ou de liquidação; É uma atividade que envolve supramotivação (motivação intensa); o jogo começaria com a intervenção de motivos não contidos na ação inicial. Jean Piaget (1896-1980) dá importância ao caráter construtivo do desenvolvimento cognitivo na criança rejeitando a visão de que as idéias são inatas, adquiridas sem esforço ou transmitidas hereditariamente. É notável na sua vasta literatura a relação que o sujeito humano estabelece, desde o nascimento, com o meio de interação. Afirma que a relação da criança com o meio, com o mundo físico e social é que promove seu desenvolvimento cognitivo. Piaget divide os períodos do desenvolvimento humano de acordo como aparecimento de novas qualidades do pensamento, o que, por sua vez, interfere no desenvolvimento global. • 1º Período: Sensório-motor (0 a 2 anos) • 2º Período: Pré-operatório (2 a 7 anos) • 3º Período: Operações Concretas (7 a 11 anos) • 4º Período: Operações Formais (12 anos em diante) Segundo Piaget (1991), cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa sequência, porém o início e o término de cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de fatores educacionais, sociais. A idéia básica de Piaget consiste em considerar a compreensão da formação dos mecanismos mentais do aço, condição indispensável para todos aqueles que estão interessados em compreender sua natureza e funcionamento no adulto. Visa não somente conhecer a própria criança e aperfeiçoar os métodos pedagógicos ou educativos, mas também compreender o homem. Nas palavras do mestre: “Quando vejo 17 uma criança, ela me inspira dois sentimentos: ternura pelo que ela é e respeito pelo que poderá ser.” (PIAGET, 1991, p. 11). Na concepção de Piaget (1991), a aprendizagem é provocada por situações criadas, principalmente, pelo educador. Nesse caso, a brincadeira, o jogo, oferecem uma importante contribuição para o conteúdo do pensamento infantil, pois melhoram o desempenho da criança na pré-escola. Na brincadeira, na atividade lúdica a criança manifesta-se tal e qual ela é, nesse momento o educador tem a chance de percebê-la de verdade e conduzir suas ações no sentido de facilitar a aprendizagem. A introdução de jogos para o estímulo ao desempenho físico-motor foi tão importante quanto hoje em dia, em que o tempo para as brincadeiras infantis se vê comprometido por atividades sedentárias, como assistir TV e ficar no computador. O jogo não é somente divertimento ou uma recreação. Os jogos são, fora da sala de aula, uma atividade satisfatória e merecem ser levados para dentro da sala de aula para tornar a educação mais compatível com o desenvolvimento da criança. O ser humano, em especial quando criança joga para não esquecer o que foi aprendido, joga para aperfeiçoar o aprendido. (FREIRE, 1991, p. 61) Os jogos constituem um conteúdo natural no qual as crianças são motivadas a cooperar para elaborar regras. As idéias de Vygotsky e seus discípulos a respeito do jogo são muito significativas e ampliam a visão piagetiana. A abordagem de Vygotsky (1994), relativa ao desenvolvimento das crianças, procura evidenciar a importância do lúdico e do brincar no desenvolvimento infantil. Vygotsky (1994) entende a brincadeira como uma atividade social da criança e, através desta, adquira elementos imprescindíveis para, a construção de uma personalidade, compreendendo a realidade da qual faz parte. Vygotsky (1994) apresenta uma concepção da brincadeira como sendo, simultaneamente, um processo e uma atividade social infantil. Vygotsky (apud REGO, 1995) defende que necessidades, incentivos e motivos da criança devem ser levados em conta. Para ele, o jogo é “essencialmente desejo satisfeito” originado dos “desejos insatisfeitos” da criança que se tornam afetos generalizados, sugerindo que o brincar da criança é imaginação em ação. O jogo da criança pré-escolar permite descobrir que as ações originam-se das idéias mais do que das coisas. 18 Nota-se ainda que o jogo também liberta a criança de ações que devem ser completadas, não pela ação em si mesma, mas pelo significado que ela carrega. Quando a criança faz de conta que esta andando de cavalo, o significado domina a ação e isso pode ser representado com a fórmula: “significado/ação”. Esse processo dá a criança uma “nova forma de desejos”. O jogo é o nível mais alto do desenvolvimento no préescolar. De acordo com Vygotski (1994) o jogo é crucial para o desenvolvimento cognitivo, pois o processo de criar situações imaginárias leva ao desenvolvimento do pensamento abstrato. O jogo na infância é o meio pelo qual a criança vai organizando suas experiências, descobrindo e recriando seus sentimentos e pensamentos. Brincar proporciona às crianças a oportunidade de realizar as mais diversas experiências, permitindo que atinjam novas etapas no seu processo de desenvolvimento. A criança quando brinca vai elaborando sues comportamentos e sua relação como o mundo, toma consciência das regras e dos valores de convívio social, coloca-se como sujeito que interpreta, representa e reinterpreta, dando um novo significado da realidade vivida por ela. As brincadeiras aparentemente simples são verdadeiras fontes de estímulos para o cérebro das crianças. Os jogos e brincadeiras são elementos que farão com que as crianças se descubram e descubram o mundo através do movimento. Tanto quanto as fadas as crianças são mágicas. Montam em um cabo de vassoura, ele se transforma em cavalo alado. Colocam o barquinho de papel dentro d’água, navegam por mares encantados e misteriosos, repletos de peixes e monstros que habitam as profundezas. (LOUZEIRO, 1994, p. 7) O brincar, o jogo, nesse sentido, possui fundamental importância para o desenvolvimento do cérebro e sua relação com o desenvolvimento da motricidade. Segundo Freire, através da brincadeira a criança apropria-se de conhecimentos que possibilitarão suas ações sobre o meio em que se encontram, o brinquedo estimula a representação da realidade, pois a criança estará representando algo ou alguma situação da sua vida. (J. B. FREIRE, 1991). 1.2 Psicologia do pré-escolar 19 1) Desenvolvimento Físico e Psicomotor • Físico: - O crescimento é mais lento. - A forma do corpo se altera. - Aos 6 anos, as proporções das diferentes partes do corpo são quase as mesmas de um adulto. - Os sistemas muscular, esquelético e nervoso continuam a amadurecer. - A ossificação prossegue aceleradamente. Aos dois anos e meio, quase todas as crianças já possuem seus vinte “dentes de leite” e podem mastigar alimentos de adultos. - O crescimento dos músculos é responsável pelo aumento de peso. Os grandes músculos se desenvolvem mais cedo que os pequenos. - As células nervosas do cérebro também se tornam mais eficientes ao transmitir as mensagens. - A estabilização dos ritmos respiratório e cardíaco, capacita a criança a se tornar fisicamente mais ativa, permitindo-lhe também períodos de atenção mias prolongados. • Motor: - Devido ao fortalecimento muscular e ao aumento da eficiência do cérebro, a criança pré-escolar se torna capaz de executar tarefas físicas mais complexas. - Aos 3 anos: A criança é capaz de correr velozmente, de subir com facilidade, de pular para cima e para baixo, de andar de velocípede, de erguer e carregar objetos relativamente pesados e coordenar suas atividades com uma certa precisão. - Aos 4 anos: Pode saltar, correr mais regularmente, pular para a frente e usar os braços e as pernas mais independentemente do resto. - Aos 5 anos: Seu senso de equilíbrio está mais amadurecido, permitindo-lhe subir, pular e saltar com habilidade ainda maior. - O controle dos pequenos músculos aumenta com a idade (6 a 7 anos). 20 - A princípio, coisas como argila, tintas, água, papel, lápis e blocos são usados, sobretudo para uma satisfação sensorial, mais do que como instrumentos para criar formas ou pinturas. À medida que a coordenação motora se aprimora, ela passa a usar estes materiais para representar os objetos. A cabeça e o rosto são as primeiras imagens que a criança procura reproduzir com precisão. Aos 3 anos, os desenhos podem começar como grandes manchas coloridas. Mais tarde, eles se tornam mais realistas e precisos. 2) Desenvolvimento Cognitivo Segundo Piaget, quando saem da infância e começam a pensar simbolicamente, as crianças entram no estágio pré-operacional. Portanto, o principal progresso desse período em relação ao sensório motor é o desenvolvimento da capacidade simbólica. A criança já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue em significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado. No período pré-operacional há uma verdadeira explosão linguística, pois a criança aumenta em muito o seu vocabulário. • Características do Pensamento Pré-Operacional: 1) Egocentrismo: A criança é incapaz de se colocar do ponto de vista de outrem. Acredita que compartilham das mesmas experiências que ela. 2) Centralização e Descentralização: A centralização caracteriza-se pela focalização apenas de um aspecto de um acontecimento. É incapaz de levar em conta mais de um aspecto ao mesmo tempo. Por exemplo, a criança não compreende que um copo alto e mais estreito possa compreender a mesma quantidade de água de um copo baixo e largo. Não lhe é possível considerar ao mesmo tempo os dois conceitos: largura e altura. 3) Rigidez: Seu pensamento é estático. A criança fixa impressões de estados momentâneos e não admite modificações ou transformações nos mesmos. Por exemplo, não reconhece que o vapor que sai de uma panela de água fervendo é uma transformação da água. 4) Desequilíbrio: A criança por se deparar a todo o momento com estímulos e situações diferentes, está sempre modificando a sua forma de enxergar e lidar com o mundo. 21 5) Irreversibilidade: Incapacidade da criança de entender que certos fenômenos são reversíveis, isto é, que quando fazemos uma transformação, podemos também desfazê-la. A criança só poderá compreender as noções de soma e subtração, ou de reversibilidade. Por exemplo, se 3 + 4 = 7 então 7 = 4 + 3. 6) Raciocínio Transdutivo: A criança chega a conclusões partindo do particular para o particular, enquanto que o adolescente ou adulto usam o raciocínio dedutivo (do geral para o particular) ou o indutivo (do particular para o geral). Para a criança nesta fase, dois acontecimentos serão tidos como relacionados simplesmente por terem ocorrido ao mesmo tempo. 7) Compreensão do Tempo: As crianças começam a compreender que certos acontecimentos ocorreram no passado, embora possam referir-se a qualquer coisa passada como tendo ocorrido “ontem” ou no “outro dia”. O futuro é um conceito mais difícil para as crianças pré-escolares. 8) Seriação: Implica numa compreensão das relações de tamanho e a capacidade de colocar em ordem os objetos, segundo seu comprimento e largura. Os pré-escolares têm uma concepção de pequeno e do grande, mas não são capazes de dispor os objetos de tamanhos diferentes em ordem, do menor para o maior. 9) Animismo: Atribuição de qualidades humanas a objetos inanimados, como móveis ou brinquedos. Conversam às vezes com as coisas como se fossem pessoas. 10) Realismo: Tudo no mundo é concretamente real, inclusive objetos, sonhos, idéias e palavras. Acredita que tudo o que vê e ouve existe de fato. 3) Desenvolvimento Emocional: A criança pré-escolar encontra-se, segundo Freud, na fase fálica. Nesta fase, a libido está concentrada nos órgãos genitais. A criança começa a se despertar para as questões sexuais (principalmente no tocante às diferenças sexuais). É a idade dos porquês. É também nesta fase que acontecem as identificações parentais e a escolha do tipo sexual. Isto ocorre através do que Freud denominou Complexo de Édipo. O Complexo de Édipo acontece na menina e no menino e é diferente nos dois casos. • Complexo de Édipo no Menino: O menino que já possuía a mãe como seu primeiro objeto de amor, apaixona-se por ela e resolve disputá-la com o pai. 22 Entretanto, por causa do medo de ser castrado e também devido aos sentimentos ambivalentes (odeia, mas também ama o pai), desiste de ser rival deste e identifica-se com ele a fim de conquistar a mãe. Mais tarde, o menino transforma este desejo pela mãe em desejo por outra mulher (sempre tendo a mãe como referencial). Por causa dos impedimentos morais sofridos pelo menino e do limite estabelecido pelo pai, acontece a instalação do Superego. • Complexo de Édipo na Menina: Inicialmente, na fase fálica, a menina tem a chamada “inveja do pênis”. O pai, portanto, é mais objeto de inveja do que de desejo. Por isso, para a menina entrar no complexo de Édipo é preciso que ela desista de ter o pênis do pai e passe a desejar o pai. Começa, então, a rivalizar com a mãe. Mas reconhece que o pai pertence à mãe e que não pode tê-lo. Identifica-se então com a mãe, a fim de se tornar o mais parecido possível com esta para conquistar o pai. Mais tarde, desiste de ter o pai e transforma este desejo pelo pai em desejo por outro homem (sempre tendo o pai como referencial). A instalação do Superego acontece da mesma forma que no menino. - A não resolução destes complexos é considerada como a causa da maior parte das neuroses. - A fixação nesta fase fálica pode ser a causa do narcisismo exagerado, desprezo pelo sexo oposto, exibicionismo, ou o seu contrário, sentimento de inferioridade. 4) Desenvolvimento Social: No decorrer dos anos pré-escolares, a criança se transforma numa pessoa relativamente autônoma que, segundo se espera, será capaz de lidar com uma série de emoções conflitantes. À medida que se torna menos dependente dos pais e mais cônscia de si mesma como pessoa, ela também vai compreendendo que existem muitas outras a seu redor. A criança deve aprender novas formas de comportamento que levem em conta as emoções e os desejos dos outros. Neste processo de socialização alguns fatores são determinantes: Identidade e Dependência: A identidade, ou auto-imagem, surge aos poucos, à medida que diminui a dependência da criança com relação aos pais. Uma autoimagem positiva associa-se a uma auto-imagem pouco favorável, ou à dúvida com 23 relação a si mesmo, e à timidez. A melhor maneira de encorajar uma independência futura é satisfazer as necessidades iniciais de dependência da criança. As crianças que recebem pouco ou nenhum carinho e frequentemente são castigadas, assim como aquelas cujo comportamento é por vezes tolerado e outras vezes punido, se tornam receosas de seguir seus próprios critérios. Iniciativa x Culpa: Tudo isto acontece, porque nesta fase, segundo Erickson, a tarefa principal da criança nessa idade é resolver o conflito entre a iniciativa e a culpa. A iniciativa diz respeito à superabundância de energia da criança e a seu desejo de explorar e manipular o ambiente. Mas, a criança fica, às vezes, frustrada pelo conflito entre seus próprios desejos e a consideração dos desejos alheios. Sob este aspecto, o Superego (que é herdeiro do complexo de Édipo, isto é, é o resultado das identificações com os pais) é muito rígido. A criança começa, além disso, a punir suas próprias transgressões, sentindo-se culpada sempre que age de uma maneira que não se coadune com os padrões morais paternos. A resolução deste conflito tem como efeito a capacidade de se envolver em atividades construtivas, beneficiando-se ao mesmo tempo da orientação dos adultos e da companhia dos pais. CAPITULO 2 - A PSICOMOTRICIDADE E SUA CONTRIBUIÇÃO O desenvolvimento da criança e sua evolução é o resultado das constantes interações de seu corpo consigo mesmo, com objetos e com outras pessoas. O corpo, então, passa a ser considerado como facilitador de toda a aprendizagem e de todo desenvolvimento da criança, pois toda aprendizagem tem que passar, necessariamente, pelo corpo para serem apropriadas (MEUR, 1989). Sendo assim, pode-se abordar a Psicomotricidade como um facilitador do processo ensino-aprendizagem uma vez que A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo estão intimamente ligados na criança, a psicomotricidade quer justamente destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitara uma abordagem global da criança (MEUR, 1989, p. 5). 24 Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com freqüência. O desenvolvimento do Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal e Pré-Escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem. A Teoria de Wallon enfoca o desenvolvimento nos domínios afetivo, cognitivo e motor, e enfatiza a importância do movimento, da emoção, da inteligência na formação da personalidade do indivíduo. Para Wallon (apud GALVÃO,2001), o amadurecimento do sistema nervoso sozinho não garante o desenvolvimento intelectual mais complexo. A psicomotricidade, oportunizando as crianças condições de desenvolver capacidades básicas, aumentando seu potencial motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais, ajudaria a sanar as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotuladas como distúrbios de aprendizagem. Trata-se do período escolar, onde a psicomotricidade deve ser desenvolvida em atividades enriquecedoras e onde a criança de aprendizagem lenta terá que ter, ao seu lado, adultos que interpretem o significado de seus movimentos e expressões, auxiliando-a na satisfação de suas necessidades. Na educação infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter uma percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras para a Psicomotricidade interessa o indivíduo como um todo, procurando auxiliar se um problema está no corpo, na área da inteligência ou na afetividade, então, favorece a aprendizagem quando reconhece que diferentes fatores de ordem física, psíquica e sociocultural atuam em conjunto para que se dê a aprendizagem. O objetivo da Psicomotricidade então é ajudar a criança a perceber melhor seu corpo e suas possibilidade de ação, dominando seus movimentos e melhorando sua expressão corporal, o que influencia diretamente na formação de sua personalidade, uma vez que ela percebe-se e faz relação com os outros que cercam em função do seu próprio corpo, e sua personalidade se desenvolve a partir do momento em que, progressivamente, ela toma consciência de seu corpo e de sal ser e de suas possibilidades de agir e transformar o mundo. 25 Pode-se observar que a criança que capaz de se expressar bem como o corpo demonstra ser uma criança segura, expansiva, espontânea e flexível no seu modo de ser e agir. E ela poderá conseguir tal feito através da educação psicomotora e de seus contatos com o mundo que a cerca. Educação psicomotora seria todo um conjunto de ações pedagógicas e psicológicas, distribuídas ordenadamente, com o objetivo de equilibrar e melhorar o comportamento motor da criança em relação a seu universo. É a base da ação educativa e do processo de aprendizagem, através do que a criança possa vira exercer bom domínio sobre seus comandos-motores, sensório-motores e perceptivomotores, utilizando-se como instrumentos de facilitação para o desenvolvimento de hábitos motores, sobre os quais se estruturam as ações mais complexas futuramente utilizadas (Lucena, apud PIRES, 2007, P. 37). A partir dessa posição, observa-se a relação profunda das funções motoras com a cognição e a afetividade. Ou seja, a psicomotricidade proporciona meios para que a criança desenvolva todas as suas potencialidades, que sejam motoras, cognitivas, afetivas ou sociais. Por isso podemos dizer que a Psicomotricidade é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança, levando em consideração que o desenvolvimento evolui do geral para o especifico, quando uma criança apresenta dificuldade de aprendizagem, o fundo do problema, em grande parte, está no nível das bases do desenvolvimento psicomotor. A criança cujo desenvolvimento psicomotor é mal construído poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras, na ordenação de silabas, no pensamento abstrato, na analise gramatical, dentre outras. Segundo alguns teóricos da Psicomotricidade, o movimento e sua aprendizagem abrem um espaço para desenvolver: • Habilidades motoras alem das dimensões cinéticas, que levem a criança aprender a conhecer seu próprio corpo e a se movimentar; • Um saber corporal que deve incluir as dimensões do movimento, desde funções que indiquem estados afetivos até representações de movimentos mais elaborados de sentidos e idéias; • Oferecer um cominho para trocas afetivas; • Facilitar a comunicação e a expressão das idéias; • Possibilitar a exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço; 26 • Apropriação da imagem corporal; • Percepções rítmicas, estimulando reações novas, através da jogos corporais e danças; • Habilidades motoras finas no desenho, na pintura, na modelagem, na escultura, no recorte e na colagem e nas atividades de escrita. 2.1 Desenvolvimento e Aprendizagem 2.1.1 A aprendizagem Na concepção de Jean Piaget, a “aprendizagem” situa-se do lado oposto do desenvolvimento e em geral, é provocada por situações criadas pelo educador, psicólogo ou pesquisador, ou é determinada por uma situação interna. Sendo a aprendizagem provocada, ela, portanto opõe-se à espontaneidade. Assim, a aprendizagem situa-se como um processo de aquisição em função da experiência (a atuação do sujeito sobre o meio). A transformação do objeto depende, em cada momento, dos esquemas assimiladores disponíveis do sujeito. Esses esquemas são a condição necessária para a aprendizagem são objeto de uma construção do sujeito a partir da sua ação sobre a realidade. Aprender é assimilar o objeto a esquemas mentais. “A aprendizagem é, pois, colocada como aquisição em função do desenvolvimento”. Deve-se acrescer, a relação fundamental envolvida em todo o desenvolvimento e em toda a aprendizagem é a assimilação, como sendo a “integração de algum tipo de realidade numa estrutura”. Há aprendizagem quando há assimilação ativa, ela é, portanto função dos instrumentos lógicos à disposição dos indivíduos. Existe uma coincidência entre a modalidade de aprendizagem nas crianças e o estágio operatório no qual elas se encontram. É bem melhor esperar que a estrutura operatória da criança se desenvolva para observar a incidência de outras modalidades de aprendizagem. O produto obtido (o conhecimento) corresponde, na primeira categoria, à aprendizagem de caráter operativo (desde os hábitos até as operações); na segunda, a aprendizagem “que constituem aquisições sobre os objetos em si mesmos”. 27 Infere-se, portanto, o desenvolvimento é o processo essencial e cada elemento da aprendizagem ocorre como função do desenvolvimento total e não como elemento que o explica. É a aprendizagem que está subordinada ao desenvolvimento e não o contrário. Se uma estrutura de desenvolve espontaneamente atingindo o estado de equilíbrio, ela perdurará durante toda a vida da criança. Evidencia-se, os indivíduos “conhecem” segundo seu estágio de “desenvolvimento” e é a partir das diversas formas de aquisição de conhecimentos (das experiências físicas ou lógico-matemáticas) que se dá a “aprendizagem”. Nesse caso, a brincadeira, o jogo, oferecem uma importante contribuição para o conteúdo do pensamento infantil. Paralelamente, o jogo consolida e a prática das mesmas em novas situações. 2.1.2 O desenvolvimento da linguagem. Aqui se deve levar em conta, a linguagem, forma de representação verbal, é básica no processo de desenvolvimento. Piaget sustenta que a linguagem só aparece depois do pensamento, e que ele depende, sobretudo da coordenação de esquemas sensórios-motores. Salienta-se ainda que a linguagem é uma forma de se comunicar e se expressar; um meio, portanto de interagir socialmente. Falar, ler e escrever são formas de o indivíduo ter acesso aos conhecimentos construídos histórica e socialmente. De forma paralela, por meio da linguagem, é possível desenvolver a memória, a imaginação e a criatividade e, o mais relevante, passar do pensamento concreto para o abstrato. Sem dúvida, a linguagem deve ser considerada meio básico de comunicação social dos indivíduos. Até que adquira a facilidade é canal através do qual os pensamentos e sentimentos são comunicados pela criança. Fica evidente então, que o jogo está intimamente relacionado à representação simbólica, sendo assim ele reflete e facilita o desenvolvimento dessa representação. 2.1.3 O desenvolvimento afetivo À medida que a criança se desenvolve e interage com o meio e com o grupo, sua identidade, sua auto-imagem positiva, sua personalidade são desenvolvidas. A 28 afetividade é uma constante no processo de construção, ela é o suporte que sustentará o indivíduo durante sua vida. O aspecto afetivo tem muito mais importância do que parece ter. Aspectos como ódio, amor, agressividade, medo, insegurança, tensão, alegria ou tristeza são tidos como os mais comuns, e o educador deverá lidar para encaminhar, apoiar a criança no seu desenvolvimento. Evidencia-se, a motivação é outro fator que influencia o desenvolvimento: se a motivação é grande, a criança irá se esforçar para fazer coisas mais complexas. O jogo, a brincadeira espelha e melhora o desempenho da criança, na préescola, através da afirmação do eu e na idade escolar, ajudando na consolidação do eu. No jogo pode ser observada a importância dos intercâmbios afetivos das crianças, entre elas ou com adultos significativos (os pais e professores). O jogo é uma janela da vida emocional das crianças. Na brincadeira, na atividade lúdica a criança manifesta-se tal e qual ela é, nesse momento o educador tem a chance de percebê-lo de verdade e conduzir suas ações no sentido de facilitar a aprendizagem. O verdadeiro trabalho do educador faz-se quando ele conhece seus alunos, dando-lhes liberdade e condições de se fortalecerem e serem felizes. Ser feliz é o objetivo do educador, fazer felizes e seguros seus alunos é chance de atingir seu objetivo. Na atualidade, o aspecto afetivo ganha realce, em especial na escola. Os pais movidos pela necessidade de manter a família num sistema de tamanha desigualdade econômica são obrigados a deixar seus filhos, muito cedo, nas mãos de outras pessoas, parentes, vizinhos, mais frequentemente em creches e pré-escolar. Nenhum ser humano pode sobreviver sem o sustentáculo afetivo, com a pena de perder-se para um mundo de dissabores e desastres individuais e coletivos. Todo indivíduo, toda criança, tem direito de conhecer as faces diferentes da sociedade, a família, a saúde, a religião, a escola, o trabalho. No caso de apenas conhecer o lado marginal da sociedade, o que é muito comum nos nossos dias, crianças que só conhecem o tráfico, o morro, a fome, o roubo e onde a única parcela da sociedade que sobe o morro é a polícia com tiros e ameaças, onde viver até os 18 anos é sorte, com certeza não darão à sociedade a contribuição que ela espera uma vez que não se tira algo de bom, onde algo de bom não foi colocado. 29 Nesse caso, é imperioso dizer, a afetividade e no momento, um dos requisitos na vida das pessoas, tanto crianças quanto adultos, mas obviamente a criança em formação, receberá com mais proveito os cuidados afetivos. Entre os adultos é comum constatar casos de descontrole emocional, onde há a necessidade da intervenção de psicólogos, psiquiatras, etc. Na escola, quando o professor nota as diferenças muito acentuadas pode tentar trabalhar e nesse caso o tema desse trabalho é primordial ou caso não obtenha sozinho ou com a comunidade escolar, encaminhar ao auxílio de profissional habilitado. No entanto, uma das prioridades deste trabalho é mostrar que muita coisa pode ser feita pela própria escola, na fase pré-escolar em específico, pois os professores e os alunos em troca de afetos, gentilezas, cuidados e atenção uns com os outros solucionam grande parte das dificuldades do grupo e também individuais. Exercícios, brincadeiras em que há o abraço, o segurar as mãos, os olhos nos olhos permitem somar a timidez, a sensação de rejeição e muitos outros. É necessário sentir a si mesmo e aos outros. Pegar nos próprios pezinhos, acariciar o próprio rosto, olhar-se no espelho, fazer caretas para si mesmo, imitar movimentos de animais e depois passar a cuidar dos outros, do coleguinha, ou seja, começar as trocas. Assim, na pré-escola, no jardim de infância, na creche, o estimulo físico e também estimulo afetivo, a criança precisa disso para desenvolver-se física, emocional e psiquicamente. É responsabilidade de educadores nesta fase estar com atenção redobrada aos sinais mostrados pela criança, sinais que são dados muitas vezes, antes mesmo da fala, das palavras. Há ainda a necessidade de ser hábil no respeito aos desejos, às vontades e, sobretudo às exigências naturais de cada um. Aqui convém ressaltar, nos primeiros anos a escola, seja creche, jardim ou pré-escola, deve atentar para sua especificidade habilitando-se para acolher em comodidade as crianças, respeitando faixas etárias, habilidades particulares, incentivando aptidões maiores sem contudo forçar desejos ou aspirações que sejam mais dos pais, das mães ou até dos professores transferindo-as para as crianças. A criança é única, tem direito de sê-lo, tem direito a gostar, a estar apto a coisas completamente distintas daquelas desejadas pelos pais e educadores. No início da vida, as atividades se baseiam na presença de objetos e pessoas. Atividades cognitivas e afetivas se constroem simultaneamente. A criança se estrutura 30 com o objeto, e a mãe ou educador da criança pequena funciona como objetos estruturais e estruturantes. Quando acontece o discernimento, o outro não sou eu, fica marcado o início de uma situação psíquica mais complexa que inclui entre outros aspectos a identidade. Cumpre acrescentar, a identidade é um processo relacional. O bebê se identifica se reconhece, na imagem que vai percebendo do que os outros lhe desenvolvem. Exemplificando, a criança vai aprendendo a sentar, engatinhar, andar, dependendo em parte, de como as pessoas que vivem com ela fazem-na perceber que ela tem já aptidão, prontidão para tais atividades. Nesse caso, a identidade pode ser classificada como reconhecimento de si mesmo, da continuidade, apesar das mudanças. Os processos de semelhanças e diferenças permitem tomar consciência da própria identidade. Quando o sujeito se percebe como semelhante e diferente dos outros, também percebe os outros como semelhantes ou diferentes. Diante da evolução da humanidade, em especial do século XX e agora no avançar do XXI não é difícil constatar a dificuldade do homem em mostrar, em colocar em dinamismo sua afetividade. Muitos são os obstáculos, a pessoa mais afetiva e muitas vezes considerada cheia de trejeitos, fora de época, inconveniente, no entanto pode-se provar que a afetividade nunca fez tanta falta e nunca foi tão necessária, aos resultados da barreira que impõe a ela está presente na violência cada vez mais assombrosa, na falta de paciência, na carreira das pessoas, na força do interesse capital, no materialismo, na frieza. Pior ainda, a falta de atividade está manifesta na solidão, nas doenças decorrentes dela, nos consultórios médicos, psicólogos e clínicas psiquiátricas, cada vez mais frequentadas, nota-se ainda o desacerto doméstico, o grande número de suicídios. É notório que auto-estima, respeito por si mesma, habilidade de lidar com situações de desconforto, lidar com indiferença, contestação não é tarefa de um dia e não se compra em farmácia em forma liquida ou de comprimidos, tudo isso é fruto de uma formação que propicia ao indivíduo conseguir dentro de si a força, o equilíbrio, isso é tarefa da vida toda, mas a base está nos primeiros anos, lá na pré-escola. 31 Nessa linha de pensamento, Piaget constata que a forma mais interessante para promover a cooperação, fator essencial do progresso intelectual, é o trabalho em grupo. Estando em grupo, as brincadeiras seguem regras convencionais, regras arbitrárias que são fixadas por convenção e consenso, são particularmente interessantes. “Os papéis de cada criança são interdependentes, pois, um não pode existir sem o outro; são opostos, pois, o jogo não pode acontecer sem um mútuo acordo dos jogadores nas regras e uma cooperação, seguindo-se e aceitando suas consequências”. (Kami & Dewvries, 1980, p. 2). Destaca-se os jogos constituem sistemas complexos de regras morais e regras criadas espontaneamente pelas crianças. Algumas regras dos jogos são passadas por adultos, depois as crianças tomam conta. Isso comporta a união da cooperação e da autonomia: • A consciência das regras; • A consciência de ser das leis. É prudente lembrar, não se vive sem regrar, sem leis, sem submeter-se a normas no mundo real. Quanto mais a criança cresce e se desenvolve, a mais normas, regras, leis irá tendo pelo caminho, encontrando aos poucos. Não é fácil estabelecer limites para ninguém, nem para si mesmo, no entanto, pais e educadores vêem-se diante da tarefa de educar. Passar os ensinamentos, despertar as aptidões naturais, estabelecer noções de limites é muito mais agradável quando a criança vai aprendendo sem ser agredida, forçada. Está aí, mais uma das vantagens das brincadeiras, possibilita aprendizado sem sofrimento, pelo contrário, sem prazer. Também os educadores e pais, sentem-se muito mais à vontade quando conseguem a motivação, o interesse da criança. 2.1.4 O desenvolvimento físico-motor Consta-se, em relação à psicomotricidade, a necessidade de a criança expandir seus movimentos. O sujeito constrói, assim como o conhecimento, os movimentos, construção esta que depende não somente de “recursos biológicos e 32 psicológicos”, mas também das “condições do meio ambiente no qual ela vive”. (J. Batista Freire, Educação de Corpo Inteiro). Explorar corpo e espaço leva a criança ao desenvolvimento. Piaget considera a ação psicomotora como a precursora do pensamento representativo e do desenvolvimento cognitivo, e afirma que a interação da criança em ações motoras, visuais, táteis e auditivas sobre os objetos do seu meio é essencial para o desenvolvimento integral. A atividade sensório-motora é especialmente importante para o desenvolvimento de conceitos especiais e na habilidade de utilizar termos linguísticos espaciais. A introdução de jogos estruturados para o estímulo ao desempenho físicomotor nunca foi tão importante quanto hoje em dia, em que o tempo para as brincadeiras infantis se vê comprometido por atividades sedentárias, como assistir televisão e ficar no computador. 2.1.5 O desenvolvimento moral Salienta-se, o desenvolvimento moral é igualmente um processo de construção que vem do interior. As regras do exterior são adotadas como regras da criança quando ela as constrói de forma voluntária, sem pressões. A criança constrói sua regra moral quando resolve “sacrificar certos benefícios imediatos em proveito de uma relação recíproca de confiança com o adulto ou com outras crianças”. Essa relação de confiança e respeito é o pano de fundo para o desenvolvimento da autonomia. E só a cooperação leva à autonomia. 33 CAPITULO 3 - O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL O professor é um personagem de fundamental importância em qualquer trabalho que exista relação ensino-aprendizagem. Sua postura frente à turma, os objetivos, a relação que mantém com seus alunos, a metodologia adotada, os princípios pedagógicos utilizados, serão facilitadores ou não deste processo. Cabe, portanto ao professor possibilitar que a criança entenda a assimetria de suas representações dentro das atividades propostas. É a partir de uma relação autentica e de confiança, estabelecida entre professor e aluno, que se poderão propor dinâmicas que auxiliem o desenvolvimento infantil. De acordo com Lapierre e Aucouturier (1988) – autores que dão excelentes contribuições no campo teórico e conceitual da relação entre psicomotricidade e 34 educação – a autenticidade e a cumplicidade das relações no campo educacional favorecem enormemente o desenvolvimento das habilidades psicomotoras de forma motivante e altamente significativa, facilitando assim, a aprendizagem e o desenvolvimento global das crianças. O papel do professor da pré-escola é ao mesmo tempo importante e difícil, pois esse educador lida com a criança no processo inicial do desenvolvimento, em uma etapa básica da formação de sua personalidade. João Batista Freire, um autor de renome na área da Educação Física, em sua obra “Educação de corpo inteiro” (1991) defende a categoria da educação pelo movimento, sendo assim, podemos inferir com base em sua obra e em nossos estudos que quando o professor se conscientizar de que a educação pelo movimento é uma peça mestra do edifício pedagógico, que permite à criança resolver mais facilmente os problemas atuais de sua escolaridade e a prepara, por outro lado, para sua existência futura no mundo adulto, essa atividade não ficará mais relegada ao segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que esse material educativo não verbal, constituído pelo movimento é, por vezes, um meio insubstituível para afirmar certas formas de atenção, por em jogo certos aspectos da inteligência. Transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: seu caráter formador. (FREIRE, 1996, p. 57) 3.1 O professor e suas ações A criança da Educação Infantil esta em uma fase de ampliação do seu universo de informações, sendo assim as ações propostas pelo professor são extremamente importantes. O pensamento da criança pré-escolar é, principalmente, imitativo, isto é, ela entra no universo da ficção, imagina e assim faz correspondências. De acordo com a pedagoga Zilma, professora da USP, em entrevista à Revista Nova Escola (p. 54) “a complexidade da fantasia criada depende das experiências já vividas. Por isso, é fundamental oferecer ambientes ricos em possibilidades”. Nesse sentido, com o intuito de ilustrar o que se buscou mostrar neste trabalho foi realizada, como pesquisa de campo, uma atividade, proposta em duas turmas da Educação Infantil do período vespertino na Escola Municipal Dona Menina, 35 município de Bela Vista de Goiás, onde os objetos de pesquisa foram os 40 alunos destas duas turmas. O que se pretendia com essa atividade era observar então, até que ponto o estímulo, trabalhar corpo e mente indissociavelmente, como foi a proposta deste estudo, leva a criança a ter mais ou menos interesse pela atividade, o nível de atenção e a satisfação em realizar o trabalho, já que foi ressaltado a relevância da motivação no processo ensino-aprendizagem. Essa atividade foi composta por dois momentos distintos, onde, no primeiro momento foi dado às crianças uma folha em branco. Foi pedido a elas que desenhassem nesta folha o que quisessem desenhar. Vale ressaltar que não foram feitos nenhum tipo de preparação, não foi dado nenhum estimulo que direcionasse o pensamento das crianças. Uma vez aplicada a atividade, a folha de desenho foi recolhida e não se comentou mais sobre ela. No segundo momento (num outro dia), foi feita a teatralização da musica: “Rosa Juvenil”, pelas crianças, que atuaram mostrando-se muito interessadas. Logo em seguida repetimos a atividade do desenho livre: foi entregue a folha em branco e pedido que desenhassem que quisessem na folha, nenhum direcionamento foi dado. Mais uma vez, assim que a atividade foi cumprida por todos, foi recolhida e não se comentou mais sobre ela. O que se observou? a) No primeiro momento a atividade foi realizada rapidamente, como se as crianças desfazer-se dela para fazer logo outra coisa. Não mostraram muito interesse pela atividade. Usaram poucas cores nos desenhos e não deram formas aos desenhos, nada muito definido. Poucos foram os alunos que deram forma aos seus desenhos. b) Já no segundo momento as crianças fantasiaram bastante, mostraram-se interessadas ao realizar a atividade proposta. Nos seus desenhos viu-se figuras mais definidas como a rosa, o castelo, o mato que se deitou, enfim, detalhes da movimentação, da motivação ficaram na mente das crianças que as transpôs para o papel. 36 CONCLUSÃO Durante a construção deste trabalho monográfico e, somados aí os mais de dez anos á frente de turmas da Educação Infantil, pode-se arriscar que na pré-escola, embora a criança já tenha desenvoltura para se comunicar verbalmente, o movimento ainda é um meio de expressar o que ela quer, por isso devem ser valorizados nesta faixa etária de educandos. Atividades como danças, teatros, músicas, jogos e brincadeiras da cultura popular aumentam e fazem evoluir as possibilidades das diversas linguagens. Quando o professor se conscientizar que a educação pelo movimento é uma peça mestra do edifício pedagógico, que permite à criança resolver mais facilmente os problemas atuais de sua existência futura no mundo adulto, essa atividade não ficará 37 mais relegada ao segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que esse material educativo não verbal, constituído pelo movimento é, por vezes, um meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver certas formas de atenção, pôr jogo certos aspectos da inteligência. Sendo assim, certifica-se que as brincadeiras e os jogos infantis no processo de ensino-aprendizagem são um meio efetivo de lidar com a educação destes pequenos, uma vez que, como foi mostrado no decorrer do estudo, é uma ferramenta de motivação indispensável, favorecendo uma educação de corpo inteiro, pois é nos faz-de-conta que a criança realiza um esforço de tradução, das suas fantasias para o mundo que a cerca. Através deste estudo percebeu também que a Psicomotricidade, apesar do pouco espaço que tem recebido dentro das Instituições de Educação, é um componente enriquecedor da tarefa árdua, porém sublime de educar pois favorece a aprendizagem ao reconhecer que diferentes fatores de ordem física, psíquica e sociocultural atual em conjunto para que se dê a aprendizagem. Contudo, chega-se ao fim de mais uma jornada na busca do enriquecimento cultural e do conhecimento, afim de que estes possam contribuir para além de nossas vidas pessoal e profissional, para a vida daqueles que temos a oportunidade de ensinar e aprender. Este estudo foi ingrediente indispensável na formação e atuação como professora da Educação Infantil, considerando que atingiu seu objetivo e as expectativas afirmando que as brincadeiras infantis – de um modo geral – têm uma influencia positiva na aprendizagem na Educação Infantil. Fica o desejo de que este estudo possa contribuir para a sociedade na construção de uma educação voltada para atender as expectativas de quem mais interessa, os alunos. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Fátima Maria Oliveira. Módulo VI – A importância da psicomotricidade no processo de aprendizagem. Disciplina: Psicomotricidade – Curso de pós-graduação a Distância. Rio de janeiro: UCM / AVM, 2007, 23p; FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro, teoria e prática da Educação Física. São Paulo, Editora Scipione, 1991; FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996; 39 GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Editora Vozes, São Paulo, 2001; GARRAFIEL, Simone. Psicomotricidade na Escola: garantia de desenvolvimento emocional, físico e ético. Disponível em: www.appai.org.br; LAPIERE E AUCOUTURIER. A simbologia do movimento. Artes Médicas, 1988; LAROSA, Marco Antônio; AYRES, Fernando Arduine. Como produzir uma monografia passo a passo... siga o mapa da mina. 5ª Edição, Wak Editora. Rio de Janeiro, 2005; LOUZEIRO, José. Praça das dores. Rio de Janeiro: Salamandra, 1994; MEUER, A. Psicomotricidade: Educação e reeducação, níveis maternal e infantil. Tradução de Ana Maria Galubar e Setsuko Ono. São Paulo: Manole, 1989; PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Ed. Florense Universitária. Rio de Janeiro, 1991; _______, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975; PIAGET, T. A linguagem e o Pensamento da criança. Rio de Janeiro: Fundo Cultural, 1973; PIRES, Bruno Raphael. A Linguagem Lúdica no Trabalho de Psicomotricidade na Iniciação do Futsal com Crianças de 6 a 10 anos. Trabalho Monográfico, UEG – ESEFEGO, 2007; REGO, Tereza Cristina. Vygotski – uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995; 40 Revista Nova Escola numero 217, reportagem: Educação Infantil o que trabalhar todo dia na creche e na pré-escola (pág. 48 a 57), novembro de 2008; VYGOSTSKI. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994; VON, Cristina. Historia do brinquedo: para as crianças conhecerem e os adultos se lembrarem. São Paulo: ed. Alegro, 2001. 41