Introdução à Psicopatologia e Psicofarmacologia Prof. MSc. Marco A. G. Del’ Aquilla Aspectos gerais Rápida transformação da psiquiatria nos últimos 30 anos: psicanálise psiquiatria biológica Surgimento de novas medicações e novos usos para as já existentes Desafio: integrar abordagens biológicas e psicoterápicas Duas abordagens equivocadas psicofarmacologia como essência da psiquiatria medicamentos simplesmente mascaram doenças, atuam de forma contrária à resolução de conflitos, interferem na terapia, ... Aspectos gerais Uma nova psiquiatria como especialidade médica • teorias psicossociais • psicobiológicas • psicofarmacologia Drogas psicotrópicas • benefícios na cognição, humor comportamento • nem sempre modificam o processo mórbido subjacente • fatores de estresse intrapsíquicos, interpessoais e psicosociais Resultados finais benéficos • redução de sintomas • promoção das capacidades em adaptar-se às exigências de sua vida Saúde mental Saúde em geral O tratamento de diversas doenças clínicas têm incorporado abordagens psicosociais • hipertensão, artrite reumatóide, diabetes juvenil Psiquiatras que imaginam que a psicofarmacologia é o princípio e o fim de tudo • clínico que acredita que tratar hipertensão é prescrever diurético Psicanalistas não devem esperar a cura de sintomas vegetativos em pacientes deprimidos endógenos sem o uso de medicação adequada Conceitos básicos em farmacologia - Dimensões Farmacocinética o que o corpo faz com a droga • • • • absorção distribuição metabolização excreção Farmacodinâmica o que a droga faz com o corpo • mecanismos de receptor • curva dose-resposta • desenvovlimento de tolerância, fenômenos de abstinência Curvas dose-resposta Escolha da medicação Diagnóstico Identificação de sintomas alvo Dentre as drogas apropriadas para um dado diagnóstico história de resposta prévia no paciente história de resposta prévia em familiares perfil de efeitos colaterais experiência clínica Diagnóstico - histórico DSM (1952 - DSM II (1968) – 182 Desordens DSM III (1980) – Robert Spitzer - Amplia leque de Associação Americana de Psiquiatria ) – 106 categorias de Desordens Mentais. Tentativa de unificar estatísticas vindas de Hospitais Psiquiátricos no pós-guerra. diagnósticos psiquiátricos – incorpora conhecimento biológico e sociológico. Passa a servir como base para pesquisas científicas – apresenta 265 categorias diagnósticas. Cada um dos transtornos mentais é concebido como uma síndrome clinicamente significativa, comportamental ou psicológica DSM-III rapidamente se espalhou a nível internacional, sendo usado por muitos profissionais e tendo sido considerado uma revolução da psiquiatria Diagnóstico - histórico DSM-III (1980) • rigor ao diagnóstico e classificação • critérios diagnósticos detalhados • diagnósticos descritivos Versões posteriores refinaram esses critérios diagnósticos e fizeram alterações com base em novos dados empíricos e pesquisas de campo DSM-III-R (1987) – 292 categorias DSM-IV (1994) – 297 transtornos DSM-IV-TR (2000) – informações extras em cada diagnóstico. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder (Assoc. Americana de Psiquiatria) Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais Diagnóstico Sistema Multi-axial O DSM-IV organiza cada diagnóstico psiquiátrico em cinco níveis (eixos) relacionando diferentes aspectos das desordens ou desabilidades: Diagnóstico Eixo I: transtornos clínicos, incluindo principalmente transtornos mentais, bem como problemas do desenvolvimento e aprendizado; Eixo II: transtornos de personalidade ou invasivos, bem como retardo mental; Eixo III: condições médicas agudas ou desordens físicas; Diagnóstico Eixo IV: fatores ambientais ou psicossociais contribuindo para desordens; Eixo V: Avaliação Global das Funções (Global Assessment of Functioning) ou Escala de Avaliação Global para Crianças (Children’s Global Assessment Scale) para jovens abaixo de 18 anos (numa escala de 0 a 100). Diagnóstico É comum o Eixo I incluir transtornos como: depressão, ansiedade, distúrbio bipolar, TDAH e Esquizofrenia. É comum o Eixo II incluir transtornos como: transtornos de personalidade borderline, transtorno de personalidade esquizóide, transtorno de personalidade anti-social, transtorno de personalidade narcisista e leve retardo mental. Diagnóstico Abordagem tradicional = parear um determinado tratamento a um diagnóstico específico Muitos pacientes com transtorno não facilmente classificado numa síndrome específica Alguns pacientes com um transtrono aparentemente clássico podem não responder a uma droga convencional Várias drogas demonstram ter ações mais amplas que o sugerido pelo nome de sua classe DSM-IV Transtornos afetivos • transtronos depressivos • transtornos bipolares Esquizofrenia e outros transtornos do espectro da esquizofrenia Transtornos ansiosos Transtornos somatoformes Transtornos de personalidade Transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas Transtornos da infância e adolescência Transtornos afetivos do DSM-IV Transtornos depressivos Transtorno depressivo maior • individual, recorrente • melancólico, psicótico, atípico, sazonal Transtorno distímico • início precoce, tardio Depressão sem outra especificação Transtornos bipolares Bipolar I • maníaco, misto, depressivo Bipolar II • hipomaníaco, depressivo Transtorno ciclotímico Transtorno bipolar SOE Outros transtornos afetivos Transtornos do espectro da esquizofrenia do DSM-IV Esquizofrenia Paranóide Desorganizada Indiferenciada Catatônica Residual Transtorno esquizofreniforme Transtorno esquizoafetivo Transtornos ansiosos do DSM-IV Transtorno do pânico sem agorafobia Transtorno do pânico com agorafobia Agorafobia sem história de ataques de pânico Fobia específica Fobia social Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) Transtorno de estresse pós-traumático Transtorno de estresse agudo Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) TA devido a uma condição médica geral TA ansioso induzido por drogas TA sem outra especificação Transtornos somatoformes do DSM-IV Queixas físicas sem base orgânica objetiva Transtorno de somatização Transtorno de conversão Transtorno doloroso (somatoforme) Hipocondria Transtorno dismórfico corporal Transtornos de personalidade DSM-IV Diagnóstico feito no Eixo II De modo geral, não responsivos a farmacoterapia Transtorno de personalidade borderline (fronteirço) Transtorno de personalidade paranóide Transtorno de personalidade anti-social Transtornos relacionadas a substâncias DSM-IV Abuso Dependência Outros transtornos do DSM-IV Transtornos alimentares Bulimia Transtornos da infância/adolescência Transtorno de deficit de atenção / hiperatividade Tratamento de transtornos específicos X redução de sintomas FDA Aprovação de medicamentos específicos para determinados transtornos • velafaxina para depressão maior • fluoxetina para TOC Recentemente, início de aprovação de uso de medicamentos para a redução de sintomas de múltiplos transtornos • olanzapina IM para tratamento agudo de agitação • antipsicóticos atípicos para psicoses/desinibição comportamental na doença de Alzheimer Referências Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook of Psychiatry, VII ed. [on CD-ROM]. Baltimore MD, Lippincott Williams & Wilkins Publishers, 2000. Schatzberg AF, Cole JO, DeBattista C. Manual de Psicofarmacologia Clínica. 4a ed. Tradução de Fernando Diniz Mundim, revisão técnica de Marco Antonio Alves Brasil. Rio de Janeiro RJ, Editora Guanabara Koogan, 2004. Org. Eduardo P de Sena et al. Irismar: Psicofarmacologia Clínica. 3ª Ed. Brasil, R.J. Editora MedBook, 2011. Ansiolíticos Drogas ansiolíticas Benzodiazepínicos Barbitúricos Buspirona b-bloqueadores Drogas ansiolíticas Drogas psicotrópicas mais comumente usadas A maioria esmagadora das prescrição não é feita por psiquiatras (< 20%) Grande variedade de pacientes que não apresentam um transtorno primário de ansiedade Barbitúricos primeiro grupo ansiolítico importante introduzidos no início do sec XX sedativos, hipnóticos, anticonvulsivantes menos seguros que os benzodiazepínicos em superdosagem fenobarbital - único no mercado brasileiro, anticonvulsivante Benzodiazepínicos Desenvolvidos originalmente como relaxantes musculares Introduzidos nos anos 1960 Propriedades ansiolítico-hipnóticas, maior segurança em superdosagem, potencial para dependência Indicações ansiedade tensão muscular insônia estado de mal epiléptico epilepsia anestesia pré-operatória abstinência do álcool Benzodiazepínicos Eficácia: Efeitos colaterais sedação, fadiga, dependência / abstinência Segurança em intoxicação transtorno de ansiedade generalizada (FDA) transtorno do pânico (FDA) seguros em intoxicações até 30x a dose diária normal sedação, sonolência, ataxia, fala pastosa depressão respiratória em combinação com outros depressores do SNC Suspensão maximo de 25% da dose total por semana abstinência inclui: insônia, agitação, ansiedade, convulsões (mais raras) Benzodiazepínicos Duração do tratamento ansiedade mais aguda, estresse específico • 1 - 2 semanas quadros ansiosos mais crônicos (6 meses) • 4 - 6 semanas, redução gradual TAG • tratamentos mais prolongados, vale a pena tentar antidepressivo Idealmente, tratamento com duração limitada Mecanismo de ação • facilitam a transmissão GABA (neurotransmissor inibitório) Benzodiazepínicos Drogas de meia-vida curta e início de ação rápido hipnóticos • ex. midazolam Drogas de meia-vida mais longa, início de ação mais lento ansiolíticos • ex. diazepam Drogas de metabolização menos complexa (utilidade em doença hepática, idosos) • ex. lorazepam Buspirona Ansiolítico não BZD, não sedativo Percepção de que seja mais fraca e de início mais lento que os BZds não procede buspirona e BZDs podem levar de 2 - 4 sem Bem tolerada em pacientes idosos e com doenças clínicas Efeitos colaterias cefaléia, náuseas, tonturas e tensão não deprime função respiratória não altera coordenação motora b-bloqueadores Uso não aprovado pelo FDA para ansiedade Úteis no controle de manifestações somáticas de ansiedade hipertensão, profilaxia de angina, arritmias, cefaléias enxaquecosas e estenose hipertrófica subaórtica palpitações, tremores Doses mais baixas que as necessárias para controle de hipertensão Hipnóticos Insônia é um problema comum mais freqüentemente secundário a outra condição apnéia do sono, narcolepsia e síndrome de pernas inquietas • ex. insônia terminal da depressão Recomendação para não se utilizar hipnóticos regularmente BZDs de ação rápida maior potencial para dependência Zolpidem não barbitúrico quase que totalmente excretado antes da manhã seguite Transtornos ansiosos do DSM-IV Transtorno do pânico sem agorafobia Transtorno do pânico com agorafobia Agorafobia sem história de ataques de pânico Fobia específica Fobia social Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) Transtorno de estresse pós-traumático Transtorno de estresse agudo Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) TA devido a uma condição médica geral TA ansioso induzido por drogas TA sem outra especificação Antidepressivos Depressão Por quase 2.500 anos, descrições de um dos problemas de saúde mais freqüentes da humanidade OMS - 4o problema de saúde mundial US Agency for Health Care Policy and Research: • dor, HAS, diabetes, doença coronariana, depressão • incapacidade provocada por depressão: = ou > Afeta cerca de 20% das mulheres e 12% dos homens em algum momento da vida Risco de suicídio: cerca de 15% dos deprimidos 4 das 10 drogas mais vendidas nos EUA são antidepressivos Histórico Antidepressivos clássicos foram descobertos por acaso Antidepressivos tricíclicos - ATC (1958) início da década de 1950: iproniazida - droga usada no tratamento da tuberculose, IMAO MAO - degrada noradrenalina e serotonina imipramina: em investigação para tratamento da esquizofrenia - elevação do humor sem aliviar psicose Pesquisa da indústria farmacêutica por drogas com a eficácia dos ATC, sem muitos efeitos adversos (cardiotoxicidade) droga protótipo - 1972 fluoxetina - 1988 (EUA) - primeiro inibidor seletivo da recaptura de serotonina (ISRS) Histórico Pesquisa por drogas mais seletivas originou a descoberta de novas classes de antidepressivos venlafaxina = inibidor seletivo de recaptura de serotonina e noradrenalina mirtazapina reboxetina = inibidor seletivo de recaptura de noradrenalina Novas drogas segurança e tolerabilidade ainda com latência de resposta (3 semanas ou mais) Critérios diagnósticos para episódio depressivo maior - DSM IV Ao menos 5 dos seguintes por 2 semanas (itens 1 ou 2 obrigatórios) • 1*. Humor deprimido • 2*. Diminuição acentuada do interesse ou do prazer • 3. Perda de peso significativa (5% em 1 mês) sem dieta ou ganho de peso; diminuição ou aumento do apetite • 4. Insônia ou hipersônia • 5. Agitação ou retardo psicomotor • 6. Fadiga ou perda de energia • 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva / inapropriada • 8. Diminuição da capacidade de pensar ou se concentrar • 9. Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida, tentativa de suicídio Tipos de depressão Melancólico • depressão mais severa (anedonia), sintomas vegetativos proeminentes, flutuação circadiana dos sintomas • melhor resposta à medicação Atípico • humor reativo, sintomas vegetativos invertidos (ganho de peso, hipersônia) • melhor resposta a alguns medicamentos Sazonal • períodos do ano com menor incidência de luz (hemisfério norte) • fototerapia Psicótico • alucinações, delírios • tratamento combinado antidepressivos + antipsicóticos • ECT Neurobiologia Aminas biogênicas • reserpina: depleta aminas e provoca depressão em alguns pacientes • antidepressivos: aumentam atividade de diversos sistemas de aminas biogênicas • noradrenalina / serotonina • dopamina Tratamento da depressão Psicoterapias intervenções dirigidas para tratamento de depressão técnicas cognitivas (ou comportamentais) duração limitada Antidepressivos inibidores seletivos de recaptura de serotinina (ISRS) venlafaxina bupropiona mirtazapina tricíclicos outros: IMAOs, antagonistas 5HT2 (…) ISRS Fluoxetina, paroxetina, citalopram (escitalopram), sertralina Efeitos colaterais • • • • gastro-intestinais: náusea, diarréia, azia disfunção sexual: libido, orgasmo retardado cefaléia insônia/sonolência Segurança • geralmente seguros em doses excessivas (convulsões raras) Indicações • depressão, transtornos de ansiedade, bulimia, transtorno disfórico pré-menstrual ISRS Dose e administração Benefícios totais em 4-8 semanas Suspensão abrupta dose inicial já é ou está próxima da dose eficaz avaliar resposta inicial em 3- 4 sem aumentos de dose a cada 2 sem até dose max parestesias, náuseas, cefaléia, sintomas gripais (1 a 7 dias) - menos prováveis com fluoxetina níveis séricos de diversos medicamentos • Paroxetina > Fluoxetina > Sertralina > Citalopram Venlafaxina Inibidor seletivo da recaptura de serotonina e noradrenalina Efeitos colaterais • ~ ISRS (mais insônia, náusea) • hipertensão: 5% com doses até 200mg/d • menor inibição de enzimas microssomais (menos interferência com outros medicamentos) Dose a administração • • • • formulação XR permite dose única iniciar com dose baixa requer ajustes de dose (3/3 dias, semanalmente) meia-vida curta, suspensão deve ser feita gradualmente Venlafaxina Indicações depressão transtorno de ansiedade generalizada condições dolorosas crônicas outras condições: • TDAH • fobia social • transtorno de estresse pós traumático Duloxetina • novo antidepressivo com mecanismo de ação semelhante, recém lançado Bupropiona Mecanismo de ação não é claro, parece envolver DA e NA (antidepressivo “ativador”) Preparação de liberação lenta ainda requer doses divididas acima de um certo patamar - manhã / tarde Efeitos colaterais: • insônia, boca seca, tremor • convulsões: <1% em doses <400mg/d (SR); uso de álcool, cocaína, estimulantes; bulimia/anorexia; antecedentes de convulsões, TCE • não interfere com apetite, não induz disfunção sexual Tratamento do tabagismo Mirtazapina Ação NA/5HT Efeito anti-histamínico sedação, apetite peso em 20% dos casos predomina em doses baixas contrabalançado em doses mais altas por efeito noradrenérgico (ativador) Baixo risco de interação medicamentosa Poucos efeitos sexuais Dosagem e administração • dose única à noite • doses mais baixas: insônia importante, idosos Tricíclicos Imipramina, clomipramina, amitriptilina, nortritpilina, (maprotilina) Efeitos colaterais: • Anticolinérgicos: boca seca, obstipação, retenção urinária, visão turva • Ganho de peso, sedação • Disfunção sexual • Hipotensão ortostática, taquicardia, alterações de condução cardíaca • Risco de crises convulsivas • Sudorese Segurança • letais em doses excessivas (arritimias cardíacas) • atualmente, 2a ou 3a linha Tricíclicos Dose e administração • iniciar com doses baixas • múltiplos ajustes antes de se chegar à dose eficaz (mais 2 semanas para observar resposta) • monitorar ECG • nível sérico - nortriptilina Indicações • • • • • • depressão transtorno do pânico TOC síndromes dolorosas profilaxia da enxaqueca enurese Interação com diversos medicamentos IMAOs IMAOs de primeira geração (tranilcipromina) poucos efeitos sobre recaptação ou bloqueio de receptores inibem a MAO em vários órgãos • MAO-A - NA, 5-HT • MAO-B - outras monoaminas (DA) MAO-A também é encontrada na mucosa do trato gastro-intestinal Inibidores seletivos e reversíveis da MAO • MAO-B: selegilina (l-deprenil) • MAO-A: moclobemida (IMAR) IMAOs Indicações depressão (que não respondeu a outros medicamentos) ansiedade social transtorno do pânico doença de Parkinson Interações medicamentosas opióides: crise hipertensiva (contra-indicado) bupropiona: crise hipertensiva, convulsões ATC: associação possível, mas complicada ISRS: síndrome serotoninérgica carbamazepina: crise hipertensiva simpatomiméticos: crise hipertensiva tiramina = diversos alimentos IMAOs X alimentos Evitar completamente • • • • • Evitar grandes quantidades • • • • cerveja, vinho tinto (chianti) queijos curados (cottage / requeijão permitidos) salsicha seca peixe defumado fígado álcool abacate maduro, banana madura iogurte molho de soja Antes considerados problemáticos • chocolate, figo, amaciente de carne, bebidas com cafeína, passas Escolhendo a medicação Levar em conta efeitos colaterais (desejáveis e indesejáveis) • Considerar uso de outros medicamentos, condição de saúde Eficácia antidepressiva comparável (50-70%) • Critério remissão (ao invés de “melhora”) - drogas de ação mais complexa > ISRS • Depressão melancólica - medicação essencial • Depressão atípica - ISRS, bupropiona; IMAOs • Pacientes geriátricos: citalopram, sertralina, venlafaxina e mirtazapina; se tricíclico, nortriptilina • Homens - drogas mais NA ? • Mulheres - drogas mais 5HT Dose / Duração do tratamento Dose ideal = menor dose eficaz • menos efeitos colaterais Sem melhora após 4 semanas • pequena probabilidade de reposta Resposta parcial em 4 semanas • prediz resposta mais completa em 8 semanas, mesmo sem aumento de dose • aumentos graduais (2 sem) Tratamento de um episódio • duração de 6-12 meses após a remissão Episódiso recorrentes • considerar manutenção (dose mais baixa?) Referências Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook of Psychiatry, VII ed. [on CD-ROM]. Baltimore MD, Lippincott Williams & Wilkins Publishers, 2000. American Psychiatric Association. Practice Guidelines for the Treatment of Psychiatric Disorders. Washington DC, APA, 2000. Schatzberg AF, Cole JO, DeBattista C. Manual de Psicofarmacologia Clínica. 4a ed. Tradução de Fernando Diniz Mundim, revisão técnica de Marco Antonio Alves Brasil. Rio de Janeiro RJ, Editora Guanabara Koogan, 2004. Referências Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook of Psychiatry, VII ed. [on CD-ROM]. Baltimore MD, Lippincott Williams & Wilkins Publishers, 2000. Org. Eduardo P de Sena et al. Irismar: Psicofarmacologia Clínica. 3ª Ed. Brasil, R.J. Editora MedBook, 2011. Schatzberg AF, Cole JO, DeBattista C. Manual de Psicofarmacologia Clínica. 4a ed. Tradução de Fernando Diniz Mundim, revisão técnica de Marco Antonio Alves Brasil. Rio de Janeiro RJ, Editora Guanabara Koogan, 2004. Antipsicóticos Histórico Primeiro antipsicótico: clorpromazina (1950) pesquisa de medicação pré-anestésica indiferença em relação ao ambiente, tranqüilidade 1952: efetividade para tratar mania e esquizofrenia inaugurada a era da psicofarmacologia moderna incontáveis estudos confirmando achados originais Inicialmente chamados de “tranqüilizantes maiores” Drogas mais potentes são menos sedativas ex. haloperidol efeitos colaterais na motricidade (extrapiramidais) “neurolépticos” Histórico Termo “antipsicótico” descreve melhor o efeito Não são exclusivos para o tratamento de psicoses: também são úteis no tratamento da mania, agitação psicomotora e alterações comportamentais na demência. Antipsicóticos atípicos (década de 1990) clozapina (década de 1970) risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona e aripiprazol praticamente tomaram o lugar das drogas “típicas” menor risco de efeitos extrapiramidais possibilidade de atuação em sintomas negativos Mecanismo de ação Bloqueadores razoavelmente potentes dos receptores dopaminérgicos tipo D2 - exceto a clozapina (mais efeitos D1) AP atípicos também bloqueiam receptores para serotonina 5-HT2 Vias dopaminérgicas Bloqueio nigroestriatal: efeito AP e sintomas extrapiramidais. Bloqueio tuberoinfundibu lar: aumento de prolactina Bloqueio mesolímbico e mesocortical: efeito AP Classificação Antipsicóticos Primeira geração ou típicos ou convencionais Segunda geração ou atípicos ou nova geração Antipsicóticos atípicos clozapina aripiprazol risperidona AP atípicos ziprasidona olanzapina quetiapina Eficácia esquizofrenia (todos aprovados pelo FDA) esquizofrenia resistente ao tratamento (clozapina) mania (olanzapina aprovada pelo FDA) depressão, ansiedade, agitação Antipsicóticos atípicos Efeitos colaterias • • • • • • • ganho de peso (menor com ziprasidona?) sedação acatisia hipotensão ortostática tonturas triglicérides sintomas extrapiramidais (menos que drogas típicas) • síndrome neuroléptica maligna (rara) • agranulocitose (clozapina) • convulsões (clozapina) Antipsicóticos atípicos Benefícios integrais 4 semanas a 6 meses Suspensão sintomas físicos desagradávies recidiva rápida reduzir tão gradualmente quanto ocorreu o aumento Antipsicóticos típicos Clorpromazina, flufenazina, trifluoperazina, haloperidol, levomepromazina Eficácia esquizofrenia (sintomas positivos) - FDA Mania (apenas clorpromazina - FDA) Depressão psicótica (+ antidepressivos) Psicose induzida por drogas Agitação, náuseas e soluços Antipsicóticos típicos Efeitos colaterais extrapiramidais - drogas de alta potência boca seca, obstipação, retenção urinária, sedação, ganho de peso mais comuns com drogas de baixa potência endócrinos: prolactina, galactorréia Princípios gerais de uso Eficácia Todos os antipsicóticos disponíveis são mais eficazes que placebo (esquizofrenia aguda e crônica) Natureza e escala temporal da resposta clínica é insatisfatória sob muitos aspectos • 6 semanas: 75% melhoram (25% com placebo) • muitos nunca chegam a obter remissão completa • 30% dos que não respondem a um antipsicótico típico respondem a clozapina em 12 semanas • outros 15-30% respondem entre 6-12 meses Tendem a agir de modo lento e gradativo Efeitos colaterais devido ao bloqueio D2 Efeitos colaterais extrapiramidais Mais prováveis com AP típicos e de alta potência Também são possíveis com AP atípicos ou típicos de baixa potência Distonia Pseudo-parkinsonismo Acinesia Acatisia Discinesia tardia Síndrome neuroléptica maligna • primeiras horas ou dias • 5 dias a 4 semanas • redução de movimentos espontâneos • sensação de inquietude • movimentos involuntários, surge com tempos prolongados • hipertermia, quadro extrapiramidal grave (ex. rigidez muscular), disfunção autonômica Efeitos colaterais histaminérgicos Efeitos colaterais anticolinérgicos Critérios diagnósticos para esquizofrenia - DSM IV Ao menos 2 dos seguintes por pelo menos 1 mês: • • • • • delírios alucinações discurso desorganizado comportamento amplamente desorganizado ou catatônico sintomas negativos: embotamento afetivo, alogia, abulia Disfunção social/ocupacional Duração: 6 meses • pelo menos 1 mês de fase ativa + pródromo/residual Exclusão de transtorno afetivo Exclusão de substância / condição médica geral Apenas 1 sintoma de fase aguda se delírios bizarros, alucinações com vozes que comentam comportamento/pensamento, duas ou mais vozes conversando entre si Tratamento antipsicótico agudo Tarefa mais complexa com as drogas atípicas geralmente, primeira linha = atípicos • eficácia para sintomas positivos e negativos • relativa ausência de sintomas extrapiramidais antipsicóticos típicos • psicose com agitação aguda - necessidade de medicação IM • droga mais sedativa, se ansiedade (clorpromazina) • droga mais potente, se agitação, possibilidade de dose sem hipotensão olanzapina e risperidona - boa ação sobre quadro agudos clozapina e quetiapina - podem requerer mais tempo Ziprasidona e olanzapina - também disponíveis IM Aguardar resposta 2 sem: pacientes acentuadamente psicóticos 5-6 sem: quadros mais leves ou com resposta inicial Tratamento antipsicótico de manutenção Esquizofrenia é doença crônica, com exacerbações e remissões manutenção quase sempre necessária 25-50% de recidiva em 2 anos, mesmo com boa aderência à medicação 85% de recidiva em 2 anos com placebo antipsicóticos atípicos • menor risco de discinesia tardia, efeitos cognitivos • melhora de sintomas negativos • ganho de peso (olanzapina, clozapina) antipsicóticos típicos • melhor resposta em alguns pacientes • freqüentemente dose menor que no episódio agudo • possibilidade de preparações depot Transtorno bipolar Além de lítio e valproato, diversos pacientes requerem antipsicóticos para se manterem estáveis clozapina • t. esquizoafetivo, bipolar resistente ao tratamento risperidona • pode melhorar mania, pode precipitá-la • adicionada a estabilizadores de humor (melhor que placebo) olanzapina • aprovada pelo FDA para mania aguda • dados sobre utilidade na profilaxia (ganho de peso?) Depressão Depressão psicótica antidepressivo + antipsicótico ECT é uma opção antipsicóticos típicos • risco de discinesia tardia antipsicóticos atípicos • uso tem aumentado Transtornos ansiosos Ansiedade generalizada TOC doses baixas 2 a 3x/dia ou o equivalente ao deitar não extensamente estudado antipsicóticos podem ser úteis particularmente se personalidade esquizotípica / esquizofrenia combinação com antidepressivos Menos dados Transtorno do pânico Transtorno do estresse pós-traumático Quadros orgânicos Delirium Outros transtornos com agitação retardo mental demências Estabilizadores do Humor Estabilizadores do humor Termo aplicado inicialmente aos sais de lítio (Carbolitium) tratamento de mania aguda profilaxia de episódios maníacos e depressivos (TAB) Alguns anticonvulsivantes • • • • • • Valproato (Depakene, Depakote) Carbamazepina (Tegretol) Oxcarbazepina (Trileptal) Gabapentina (Neurontin) Lamotrigina (Lamictal, Lamitor) Topiramato (Topamax) Olanzapina (antipsicótico atípico) - Zyprexa Transtorno afetivo bipolar Em 90% dos casos os episódios tendem a se repetir ao longo da vida Mania/hipomania eutimia depressão Critérios diagnósticos para episódio maníaco - DSM IV 3 (ou +) dos seguintes sintomas * por uma semana ou mais ** auto-estima inflada ou grandiosidade redução da necessidade de sono mais falante que o habitual ou pressão para falar fuga de idéias ou experiência subjetiva de aceleração do pensamento distratibilidade ( atenção p/ estímulos irrelevantes) aumento da atividade, agitação psicomotora envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para conseqüências dolorosas * 4+ se humor apenas irritável ** qualquer duração se hospitalização necessária Episódio depressivo Sintomas depressivos por pelo menos 2 semanas Mesmos critérios diagnósticos para o episódio depressivo unipolar Depressão psicótica e depressão puerperal são sugestivas de TAB. Antecedente familiar para TAB Estado Misto Sintomas depressivos e maníacos acentuados ocorrendo simultaneamente Agitação, aceleração e insônia e ao mesmo tempo angústia, desesperança e idéia de suicídio Deprimido de manhã e com o passar do dia eufórico ou vice-versa. Deve durar no mínimo 1 semana. Referências Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook of Psychiatry, VII ed. [on CD-ROM]. Baltimore MD, Lippincott Williams & Wilkins Publishers, 2000. Org. Eduardo P de Sena et al. Irismar: Psicofarmacologia Clínica. 3ª Ed. Brasil, R.J. Editora MedBook, 2011. Schatzberg AF, Cole JO, DeBattista C. Manual de Psicofarmacologia Clínica. 4a ed. Tradução de Fernando Diniz Mundim, revisão técnica de Marco Antonio Alves Brasil. Rio de Janeiro RJ, Editora Guanabara Koogan, 2004. Referências Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook of Psychiatry, VII ed. [on CD-ROM]. Baltimore MD, Lippincott Williams & Wilkins Publishers, 2000. Schatzberg AF, Cole JO, DeBattista C. Manual de Psicofarmacologia Clínica. 4a ed. Tradução de Fernando Diniz Mundim, revisão técnica de Marco Antonio Alves Brasil. Rio de Janeiro RJ, Editora Guanabara Koogan, 2004. Stefan M, Travis M, Murray RM. An Atlas of Schizophrenia. London, The Parthenon Publishing Group, 2002. Obrigado