Casos Clínicos Rossana Pulcineli Vieira Francisco Disciplina de Obstetrícia Departamento de Obstetrícia e Ginecologia Faculdade de Medicina da USP CASO CLÍNICO Identificação - AMS, 18 anos, branca, solteira, natural e procedente de São Paulo, primeiro grau incompleto, estudante. Queixa atual: - Sangramento vaginal em pequena quantidade há 4 horas CASO CLÍNICO Paciente procura pronto-socorro referindo que está apresentando atraso menstrual de três semanas e que há quatro horas passou a ter sangramento vaginal em pequena quantidade. Refere que estava tentando engravidar e que fez teste para confirmar gestação (de farmácia) há uma semana, que deu positivo. Antecedentes Obstétricos 1G 0P 0A CASO CLÍNICO Este teste de gravidez é confiável? Depois do teste positivo há necessidade de repetir o teste com dosagem sérica? Qual é o hormônio que estamos dosando? Vc acha que em uma gestação gemelar a dosagem quantitativa deste hormônio seria diferente que na gestação única? -HCG CASO CLÍNICO Exame físico geral: IG: 7 semanas PA: 100 x 60 TEP: 36,1ºC FC: 80 Peso: 62 kg Exame ginecológico: - Especular: Sangramento vaginal em pequena quantidade exteriorizando-se pelo colo do útero - Toque: Útero aumentado de volume, de consistência amolecida CASO CLÍNICO HD: - Ameaça de aborto - Gestação ectópica - Abortamento completo Exames complementares: - Ultrassonografia CASO CLÍNICO USG: Eco endometrial linear, presença de saco gestacional, regular em região fundica. Não visibilizado embrião. Presença de imagem cistica em região anexial D. Ausência de líquido livre em cavidade abdominal. Qual a hipótese diagnóstica ? CASO CLÍNICO Qual a hipótese mais provável para o cisto no ovário direito? O que poderia acontecer se este cisto fosse removido? Possibilidade 2 USG: Eco endometrial linear, Não visibilizado saco gestacional ou embrião. Região anexial normal Ausência de líquido livre em cavidade abdominal. SUSPEITA DE PE hCG urinária + (S 25mUI/ml) USTV S/ Gestação Tópica Sem Imagem Sugestiva de PE Saco Gestacional Ectópico c/ Embrião c/ Atividade Cardíaca ßhCG Sérica Quantitativa 2000mUI/ml > 2000mUI/ml ßhCG e USTV / 48h ßhCG inferior a 66% S / Saco Gestacional Tópico PRENHEZ ECTÓPICA DIAGNÓSTICO-ULTRA-SONOGRAFIA ANEL TUBÁRIO SG U DIAGNÓSTICO LAPAROSCOPIA 95% Weckstein, 1985 Kim et al., 1987 CASO CLÍNICO Foi solicitado à gestante que repetisse a ultrassonografia em duas semanas para confirmar que a gestação estava evoluindo bem. USG: gestação tópica e única de 6 semanas com embrião com BCF CASO CLÍNICO USG: Eco endometrial linear, presença de saco gestacional, regular em região fundica. Não visibilizado embrião. Presença de imagem cistica em região anexial D. Ausência de líquido livre em cavidade abdominal. Qual a hipótese diagnóstica ? CASO CLÍNICO Com 10 semanas de idade gestacional, a paciente procura pronto-socorro referindo que está apresentando vômitos há uma semana. Consulta atual: IG: 10 semanas PA: 100 x 60 TEP: 36,1ºC Peso: 62 kg Qual a hipótese diagnóstica? FC: 80 CASO CLÍNICO Duas semanas após, a paciente retorna na consulta de rotina referindo que houve melhora do quadro de vômitos. Consulta atual: IG: 12 semanas TEP: 36,1ºC PA: 90 x 50 FC: 88 A gestação seguiu, sem intercorrências. A paciente havia realizado glicemia de jejum no primeiro trimestre com resultado de 86mg/dl. a) Este resultado é normal? b) O que vocês acham que acontece com a glicemia durante a gestação? PRIMEIRA CONSULTA Glicemia de Jejum • Objetivos: - Diagnosticar DM2 e DG • > 126 mg/DL – DM 2 • > 92 e < 125 mg/DL – DG •< 92 – Realizar TTGO 75g (24 a 28 sem) Neste casos, a conduta é realizar o teste de tolerância à glicose entre 26 e 28 semanas de gestação. a) Se o resultado da glicemia era normal, porque precisamos fazer outro teste para diabetes? b) O que vocês acham que está acontecendo durante a gestação? Realizado TTOG 75g (28ª resultado: 93/170/158. Diagnóstico de DG •Glicemia jejum > 92 •Glicemia 1 hora >180 •Glicemia 2 horas >153 UM VALOR sem) com Após o diagnóstico gestacional, a) Quais os riscos para a Mãe? b) Quais os riscos para o feto? de diabetes Riscos • Morbimortalidade Perinatal: Óbito Fetal Hipoglicemia Neonatal Hiperbilirrubinemia Neonatal Macrossomia Fetal • Morbidade filhos: Obesidade, HAC e DM Seguimento da gestante diabética Dieta Exercícios físicos Automonitorização Controle adequado Controle inadequado > 30% de valores anormais Insulinoterapia Tratamento - Exercícios Finalidade afinidade insulina-receptor a resistência à insulina GLUT 4 (músculo) o consumo de glicose até 75% da glicose circulante Com 39 sem paciente procura pronto atendimento em trabalho de parto (6h da manhã), 5cm, cef, BI, AU=37 sem, BCF 144bpm USG realizado com 37 sem: peso 3106g. Ainda não fez uso de insulina hoje. Está utilizando NPH= 16/12/8; R=4UI cedo. O que vocês acham que acontecerá com esta gestante? Ela precisará usar insulina? Mais ou menos do que vem utilizando? Dia do Parto Controle com dieta Controle com insulina CESÁREA SG 5% - 20 gts/min CESÁREA 1/3 da dose de NPH da manhã SG 5% - 20 gts/min INDUÇÃO DO PARTO Recebe desjejum SG 5% - 20 gts/min INDUÇÃO DO PARTO Recebe desjejum 1/3 da dose de NPH da manhã Dose completa de R da manhã SG 5% - 20 gts/min Objetivo: manter glicemia capilar entre 70 e 140mg/dl Parto Vaginal Espontâneo, RN de 3640g , feminino, Apgar 9/9/10. O que vocês acham que acontecerá com esta gestante no puerpério em relação à glicemia? Seguimento pós-parto - 6 semanas - 42 DIAS Paciente apresenta resultado do GTT: 92/138 TTGO – 75 g (0 e 2 hs) 42 dias (6 semanas) Horários Normal Intolerante Diabética 0´ < 100 mg/dL > 105 e < 126 mg/dL > 126 mg/dL 120 ’ < 140 MG/dL > 140 e < 200 mg/dL > 200 mg/dL Avaliação pós-parto: 300 pacientes (até 1 ano) - Intolerantes a glicose: 25% - Diabéticas: 5% HCFMUSP, 2010 RN mãe diabética Repercussões futuras – Intolerância à glicose • Intolerância à glicose: 36% dos filhos de mães diabéticas • Associado com níveis elevados de insulina amniótica (Silverman et al., 1998) RN mãe diabética Repercussões futuras - Obesidade Exposição intra-uterina à hiperglicemia e hiperinsulinemia pode afetar o desenvolvimento do tecido adiposo e células beta pancreáticas, levando à obesidade no futuro e no metabolismo da glicose (Cha, Gelardi, Oh, 1987)