CONFIGURANDO NOVOS ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM: DAS SALAS DE
AULA ÀS COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
FRANCISNAINE PRISCILA MARTINS DE OLIVEIRA1
UEM – Universidade Estadual de Maringá
Introdução
Este artigo se inicia com uma breve análise da produção da escola
contemporânea, com o propósito de esclarecer como se deu a configuração da escola
como hoje se conhece, bem como observar o papel que as tecnologias ocuparam na
organização do trabalho didático, a fim de reunir elementos que permitam refletir sobre
as atuais tecnologias que estão a serviço da educação (em especial computadores e a
internet) e as possibilidades de mudanças que elas ensejam no sistema escolar e no fazer
pedagógico.
A educação sempre se valeu de tecnologias para realizar sua tarefa de conduzir
os indivíduos ao conhecimento. A própria gênese da escola contemporânea foi
impulsionada pela invenção da imprensa no século XV que possibilitou o aumento da
produção de livros e permitiu a fabricação dos manuais didáticos propostos por
Comenius, sendo estes tidos como a primeira tecnologia educacional e possibilitadores
da expansão do acesso à educação. (ALVES, 2006).
No decorrer da história da educação contemporânea inúmeras tecnologias
estiveram presentes na organização do trabalho didático (entendendo tecnologia como
um conjunto que engloba métodos, técnicas e instrumentos que permitem realizar uma
tarefa) e na medida em que estão a serviço de atender aos objetivos do ensino e às
finalidades educativas, o papel que ocupam no processo educativo varia de acordo com
os modelos educativos e as teorias pedagógicas vigentes (tecnicismo, escolanovismo,
construtivismo).
1
Especialista em Tecnologia de Informação. Supervisora de Informática do Município de Rosana. Aluna
não-regular do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá.
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As diversas organizações que o ensino recebeu durante a produção da escola
contemporânea exerceu influência no modo como a tecnologia era colocada a serviço de
atender aos objetivos e às finalidades da educação. Como as tecnologias estão ligadas
mais especificamente a parte do processo educativo que se refere ao como ensinar embora também estejam associadas ao que ensinar e ao para que ensinar - elas podem
ser direcionadas a atender um propósito e não se apresentarem como guiadoras do
ensino (ARAÚJO, 2006).
No contexto da produção da escola pública, vigoraram diferentes modalidades
de ensino (individual, mútuo e simultâneo) e em cada um deles foram adotados variados
métodos de ensino (tradicional, intuitivo, ativo e tecnicismo pedagógico) que
orientavam a organização do trabalho didático. No âmbito destas diferentes
modalidades de educação bem como da adoção dos diferentes métodos de ensino, a
relação professor-aluno assumiu configurações diversas e do mesmo modo o papel que
as tecnologias desempenharam.
A próxima seção traz um breve histórico da produção da escola contemporânea,
para em seguida apresentar uma discussão sobre as tecnologias que foram permeando a
história da educação.
Breve histórico da gênese da escola contemporânea
A primeira organização do ensino foi representada pelo ensino individual que
constituía da relação do preceptor com o aluno, sendo que o primeiro tinha a tarefa de
educar moral e intelectualmente o indivíduo pelo qual era responsável. Este ensino era
oferecido aos filhos da classe média ou alta e geralmente era ministrado na própria casa
do preceptor.
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A relação aluno-professor era favorecida por um atendimento individualizado,
onde o preceptor se valia de todos os meios para atender as necessidades de formação
do aluno, instruindo-o em todos os assuntos tidos como importantes. Em geral, o
professor era um intelectual cujo conhecimento era superior a média dos homens, de
conduta ilibada que tinha a tarefa de transmitir seus conhecimentos e sua postura aos
alunos. A organização do trabalho didático era tarefa exclusiva do professor, que
munido de seu vasto conhecimento, decidia o que ensinar e como ensinar.
Este modelo de ensino prevaleceu até final do século XVIII, quando movidos
pela necessidade de atender rapidamente a demanda por ensino que se intensificou com
a Revolução Industrial, os britânicos Andrew Bell e Joseph Lancaster realizaram
experiências que culminaram com um novo modelo de ensino denominado ensino
mútuo. Constituía da instrução de muitos alunos ao mesmo tempo, por poucos
professores. Os alunos que mais se destacavam eram eleitos monitores e passavam a ser
responsáveis por instruir um grupo de alunos (LUZURIAGA, 2001).
Entretanto, estes modelos de ensino antecedem a organização da escola pública
propriamente dita. Com o propósito de viabilizar a universalização do acesso à
educação, Comenius propõe, ainda no século XVII, a elaboração de manuais didáticos,
com o objetivo de possibilitar a simplificação e objetivação do trabalho didático. Este
novo instrumento de trabalho do professor e primeira tecnologia educacional, tinha por
função facilitar o trabalho do professor e baratear os custos dos serviços escolares, uma
vez que compondo uma síntese dos conhecimentos humanos de uma forma mais
adequada ao desenvolvimento e à assimilação dos educandos, não requeria mais uma
formação intelectual do professor, nem mesmo a utilização dos clássicos, muito caros e
poucos acessíveis até então (ALVES, 2006).
Estava posta as condições para a produção da escola pública contemporânea que
inicialmente aparece com o sentido de ensino coletivo, ministrado através do método
simultâneo, por oposição ao ensino individual, a cargo de preceptores (SAVIANI,
LOMBARDI, NASCIMENTO, 2005). Pode-se dizer que o ensino simultâneo favoreceu
o nascimento das salas de aula que até hoje constituem um dos maiores símbolos da
escola. Neste modelo de ensino, o professor é o centro do processo de ensino e tem
tarefa de transmitir conhecimentos a um grupo de alunos simultaneamente o que o
difere do ensino individual. O trabalho docente assume uma dimensão coletiva e não é
mais focado em um único indivíduo, mas em um grupo de alunos, cada um com suas
individualidades, que deve ser ‘homogeneamente’ instruídos.
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Assim, de um tempo em que todo o trabalho pedagógico estava centrado na
figura do professor (em geral um intelectual), com a incorporação dos manuais didáticos
à educação passa-se a um tempo em que a tecnologia desempenha também um papel
fundamental no processo educativo. Este novo modelo de educação possibilitou novas
configurações do espaço educativo e a criação de um ambiente especialmente
configurado para que o ensino acontecesse. Daí surgem as escolas e os prédios
escolares.
Como não cabe dentro do propósito deste artigo uma discussão aprofundada a
respeito da organização do sistema escolar, passa-se agora à discussão sobre a relação
educação-tecnologia, verificando a presença das tecnologias (métodos e técnicas) nos
diversos modelos de ensino.
As tecnologias no ensino – métodos e técnicas
Para realizar também um breve histórico da tecnologia no ensino, se tomará
como ponto de partida o período em que a escola pública começa a se disseminar pelo
mundo, por volta do final do século XIX. Portanto, não serão considerados aqui os
períodos que equivalem ao ensino individual e ao ensino mútuo, pois se considera que
foi a partir da adoção do ensino simultâneo que a escola pública de fato se configurou.
Neste sentido, fugindo de uma visão atual que entende a tecnologia apenas como
aquelas associadas aos recursos audiovisuais e mais recentemente computacionais, no
período abordado, as tecnologias referem-se também aos métodos de ensino que foram
adotadas para viabilizar os objetivos e as finalidades da educação a partir do final do
século XIX. Neste intuito, se tomará para análise os métodos tradicional, intuitivo,
experimental e o tecnicista.
O método tradicional pode ser caracterizado como aquele fortemente marcado
pela disciplina, pela repetição, pela memorização, pela autoridade, pela transmissão
verbal de conhecimentos onde o professor tem um papel central no processo educativo
(ARAÚJO, 2006). A ênfase é colocada no preservar a contribuição do passado.
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Já o método intuitivo pode ser resumido por meio de dois termos – observar e
trabalhar. Ao aliar observação e trabalho em uma mesma atividade , o “método intuitivo
pretende direcionar o desenvolvimento da criança de modo que a observação gere o
raciocínio e o trabalho prepare o futuro produtor, tornando indissociáveis o pensar e o
construir” (VALDEMARIN, 2006, p. 93). Tinha por objetivo ‘educar o olhar, os
sentidos’. Faz uso de objetos didáticos conhecidos ou semelhantes àqueles conhecidos
pelos alunos para promover a aprendizagem (idem, 2006).
Neste sentido, fica evidente que o método de ensino não é neutro ou isento de
intenções, de finalidades e objetivos. O método de ensino intuitivo, ainda conforme
Valdemarin (2006) é adotado como estratégia na sala de aula na tentativa de adequar a
escola ao projeto modernizador, proposto pelo ideal liberal.
O método experimental teve sua origem com o movimento dos pensadores da
Escola Nova, que buscavam a constituição de um método que colocasse o aluno no
centro do processo de aprendizagem. Este método tem como pressuposto que o
conteúdo a ser ensinado pela escola é determinado pelo problema posto para o aluno por
sua vida cotidiana. Tem papel central a experiência do aluno na resolução de problemas
propostos.
A origem do tecnicismo pedagógico – que não deve ser necessariamente
considerado um método de ensino - pode ser atribuída ao final dos anos 1960, quando o
desenvolvimento das tecnologias audiovisuais começou a exercer influência nos
métodos de ensino adotados.
O século XX assistiu o estreitamento da relação tecnologia-educação, e é a este
respeito que a próxima seção irá tratar.
O século XX
Com as revoluções tecnológicas intensificadas a partir de meados do século XX,
a presença da tecnologia na educação - que antes se resumia aos métodos e técnicas de
ensino adotadas e se constituíam em tecnologias educacionais – passam a receber
influências de tecnologias não necessariamente concebidas para atender a finalidades e
objetivos educativos.
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A educação, como uma das principais instituições sociais, é diretamente
impactada pela evolução das tecnologias de informação e comunicação que
gradativamente vão sendo incorporadas à escola, o que nem sempre significou
mudanças nos processos educativos. O rádio, a TV e mais recentemente o computador e
a internet são tecnologias não necessariamente criadas com propósitos educacionais,
mas que têm sido introduzidas no universo escolar.
Esta nova incorporação da tecnologia na educação representa inúmeros desafios
e possibilidades. Se por um lado, elas podem representar apenas novas ferramentas para
a escola transmitir informações, por outro, podem favorecer novas relações com o saber,
novas organizações do espaço educativo e estender a função da escola para além da
tarefa pedagógica.
Se antes as tecnologias presentes na escola eram apenas aquelas concebidas com
finalidades especificamente educacionais, estando a serviço de atender aos objetivos e
finalidades da educação, agora se vive um momento em que as tecnologias do mundo
secular invadem a escola, redefinindo os modos de se fazer educação, impondo um
repensar dos velhos modelos de educação e colocando desafios e possibilidades aos
sistemas educacionais nunca vistos na história da educação. O próprio modo de se
conceber a educação é que está sofrendo alterações. Por mais que a educação ainda não
tenha conseguido cumprir integralmente sua maior tarefa que é a de universalizar o
acesso aos meios escolares, ela passa a conviver com outros desafios trazidos pelos
avanços tecnológicos.
Diferentemente das outras tecnologias educacionais, as novas tecnologias que
estão adentrando na escola, prometem mexer com a organização do próprio espaço
educativo, onde até então a sala de aula era tida como lócus privilegiado da relação
pedagógica, o ambiente em que o acesso ao conhecimento se processa.
Cada nova tecnologia modifica as formas de ver e interpretar o mundo, as
formas de pensar e de aprender. Entretanto, nenhuma tecnologia representa formas tão
novas de lidar com o universo do conhecimento como a internet. Em todas as outras
formas de tecnologia, o indivíduo era um ser passivo, meramente consumidor das
informações transmitidas.
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Além de se constituir um excelente instrumento de pesquisa, a internet
possibilita novas formas de interação e comunicação, permitindo a configuração de
novos espaços de aprendizagem, que podem representar novas possibilidades para o
ensino escolar presencial. Também representa um espaço em que os indivíduos podem
ultrapassar a posição de meros espectadores, tornando-se produtores de conhecimentos.
Este novo espaço traz inúmeras possibilidades e desafios para a educação escolar.
Segundo Levy (2000) a internet se configura como um espaço onde, de certa
maneira, se realiza o ideal de democracia direta, pois não há a necessidade de delegação
de poder nem de eleger representantes. Ninguém determina de antemão o que deve ser
feito, estudado, aprendido, pensado. As pessoas no ciberespaço se reúnem de acordo
com seus interesses em comum, formando comunidades virtuais que ultrapassam
fronteiras geográficas e onde cada um contribui de acordo com suas competências
individuais para enriquecer a inteligência coletiva.
O uso da internet pela educação escolar pode contribuir para desenvolver nos
alunos o espírito de coletividade e de cooperação na medida em que todos podem falar,
contribuir e produzir, mas também devem ouvir e respeitar o outro. Neste sentido, os
educandos aprendem a ouvir, a dar opiniões e a trabalhar em grupo.
A sociedade contemporânea está fundamentada num novo cenário tecnológico.
As transformações que estão ocorrendo no mundo trazem consigo novas formas de
trabalho, novos meios de produção e de serviço, novas maneiras de viver e conviver que
estão influenciando a economia, a política, a educação, as formas como as sociedades se
organizam, o que vem exigindo um novo posicionamento dos indivíduos e respostas
cada vez mais ágeis e flexíveis.
A Educação é um serviço e, como tal sofre e se adequa às mudanças da
sociedade. Assim, a Educação não é um segmento neutro da sociedade e, portanto,
passa pelas mesmas transformações que os outros setores. Se os sistemas de produção
de bens e serviços têm sofrido bruscas mudanças no decorrer da história da humanidade
em virtude do desenvolvimento tecnológico, pode-se dizer que a Educação, mesmo que
de forma lenta e quase imperceptível, é afetada por tais mudanças e tende a sofrer
alterações por conta disto (VALENTE, 1999).
Faz-se necessário que o papel da Educação seja repensado considerando os
novos desafios do mundo do conhecimento e da cultura. As novas formas de relação
social e os novos hábitos culturais exigem um ensino condizente com as necessidades
dos indivíduos contemporâneos.
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O impacto da tecnologia na vida de cada indivíduo vai exigir
competências que vão além do simples lidar com as máquinas. A
velocidade do surgimento e renovação de saberes e de formas de fazer
em todas as atividades humanas tornará rapidamente ultrapassada a
maior das competências adquiridas por uma pessoa no início de sua
vida profissional. Aprender continuamente em um processo não mais
solitário, que exige um exercício coletivo de memória, imaginação,
percepção e competências para produção e transmissão de
conhecimentos, é uma postura que pode e deve ser iniciada na escola.
(BRASIL, 1998, p. 41).
Embora se saiba das inúmeras deficiências das escolas públicas brasileiras, bem
como da constante falta de recursos, é imprescindível que ela se adapte às
transformações sofridas a sua volta, oferecendo ao seu público uma educação de
qualidade. Antigos e novos desafios da Educação conviverão juntos e exigirão atitudes
bem pensadas dos atores educacionais. Uma das finalidades dos sistemas escolares
consiste em tornar acessível a um segmento cada vez mais amplo da população o
conjunto de saberes e habilidades elaboradas pela humanidade. Uma das missões hoje
atribuídas ao sistema escolar é a de capacitar os alunos para decifrar e interpretar o
mundo em que vivem e poder contribuir com o sistema produtivo, social e cultural, a
partir dos conhecimentos e das habilidades adquiridas. Cabe a educação dotar o
indivíduo contemporâneo das habilidades que a sociedade exige.
Para Alves (2006) os educadores têm hoje uma árdua tarefa que é a constituição
de uma nova instituição educacional pública. A nova escola, que já está emergindo, terá
que realizar funções que vão muito além das pedagógicas. A função pedagógica, razão
de ser da escola, deve ser superada na “perspectiva de uma forma histórica que atenda
necessidades contemporâneas pela incorporação de recursos tecnológicos de nossa
época. Essa é a alternativa que lhe propiciará a possibilidade de incorporar conteúdo
culturalmente significativo, em decorrência, ganhar relevância” (p. 230).
Segundo Pretto (1996)
“as transformações dessa escola, para acompanhar e ser partícipe deste
novo mundo em construção, precisam acontecer e ser gestadas no
processo de vivência deste momento. Não podemos continuar formando
aquele ser humano mercadoria, mão-de-obra barata para uma sociedade
tecnológica. Precisamos, e aí a escola pode ter um importante papel,
formar um ser humano programador da produção, capaz de interagir
com os maquínicos da comunicação, um ser humano participativo que
saiba dialogar com os novos valores tecnológicos e não um ser humano
receptor, passivo” (p.220).
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Este diálogo com as novas tecnologias, entretanto,
não deve ser pautado por
tendências meramente mercadológicas, mas ter o intuito de possibilitar que os
educandos adquiram as linguagens necessárias para ‘ler e escrever’ o mundo, sendo
sujeitos críticos e participantes da construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Novas formas de organizar o ensino... novos espaços para ensinar e aprender
Embora o avanço das tecnologias de informação e comunicação (TIC)
evidenciem a necessidade de mudanças nos sistemas educacionais e nas práticas
educativas conforme Alves (2006) nos estabelecimentos de ensino atuais ainda
prevalece a organização do trabalho didático estabelecida por Comenius no século
XVII, e os instrumentos utilizados são, em geral, os mesmos concedidos pelo autor da
Didática Magna, especialmente o manual didático, que até hoje direciona a prática dos
professores “domina e dá a tônica a atividade de ensino” (p. 231).
Contudo, as tecnologias, em especial aquelas
presentes no contexto do
ciberespaço, podem possibilitar novas formas de organização do trabalho didático, dar
novos sentidos às relações professor-aluno, e permitir a constituição de novos espaços
educativos, ampliando assim o espaço da ação pedagógica, possibilitando, por exemplo,
que alunos e professores realizem atividades de ensino em suas casas e continuem se
comunicando através das ferramentas da internet (CEBRIAN, 1999).
Neste momento em que as tecnologias de informação e comunicação invadem o
cotidiano,
os tradicionais ambientes educativos, como escolas, universidades,
bibliotecas – definidos como espaços para se ensinar e aprender - já não mais figuram
como os lugares privilegiados em que informações socialmente relevantes podem ser
obtidas. O ciberespaço, neste contexto, pode representar novos espaços em que a
aprendizagem significativa pode ocorrer, sendo que está já não mais se restringe aos
muros das escolas, abrindo-se, então, para o mundo, para todas as novas possibilidades
de interação e comunicação que a internet possibilita.
o ciberespaço abre novas possibilidades e configurações para as pessoas
aprenderem. Dispostos, informais, com muita vontade para aprender o
que lhes interessa, sem discriminações físicas, reunidos virtualmente em
comunidades virtuais estas pessoas inauguram uma nova era para a
educação. Um nova pedagogia, novas relações com os saberes, novos
papéis para os participantes, cidadãos. Não mais professores e alunosseparados pelos limites do saber autenticado pelas instituições formais –
mas seres desejosos de ir além da informações e, neste movimento
comum, ir além da aprendizagem (KENSKI, 2006, p.14).
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Para Feres (2005) compreender as novas tecnologias de informação e
comunicação exige transformar a prática pedagógica vigente no sistema de ensino. O
que estas tecnologias trazem de novo para o âmbito educacional “reside, justamente, no
fato do desenvolvimento técnico-científico implicar no rompimento de padrões de
organização e de funcionamento da vida social, bem como dos modelos de
representação dessa realidade” (p.27). Esta realidade irá exigir que os professores
problematizem o seu fazer pedagógico como um todo, o que inclui redimensionar a
concepção e o desenvolvimento do currículo, que deverá passar de uma lógica linear
para se valer das possibilidades oferecidas pela lógica hipertextual, que concebe o
currículo como um hipertexto. Isto irá favorecer um ensino que possibilita aos
educandos trilharem caminhos individuais e coletivos em busca do saber.
Neste sentido, as instituições de educação precisam repensar seus conteúdos a
fim de superar a linearidade e favorecer a heterogneidade de caminhos rumo ao
conhecimento, possibilitando a construção de novos espaços de conhecimento,
“emergentes, abertos, contínuos, em fluxo não lineares, se reorganizando de acordo com
os objetivos ou os contextos nos quais cada um ocupa uma posição evolutiva e singular”
(LEVY, 2000, p.158).
Outro ponto importante do uso da internet como ferramenta educacional reside
nas possibilidades que ela oferece de se passar de um ensino centrado no professor e nos
conteúdos escolares, para um ensino centrado no aluno e em suas necessidades. Para
Cebrian (1999) vive-se um tempo de possibilidades inimagináveis para professores e
para mudanças no fazer pedagógico, constituindo um momento em que a conexão entre
computadores pode favorecer também a interconexão de inteligências humanas. E isto é
claro, representa desafios enormes para a educação, mas também oportunidades
enriquecedoras.
Configurando novos espaços de aprendizagem – as comunidades virtuais
Conforme evidenciado no decorrer deste artigo, a educação sempre contou com
o uso de tecnologias para mediar o processo de aprendizagem. A diferença reside no
fato de que antes as tecnologias utilizadas pela escola eram concebidas especificamente
com propósitos educacionais, e não representavam mudanças tão profundas no processo
educativo e nas relações pedagógicas. A introdução das novas tecnologias na educação,
não necessariamente concebidas com propósitos educacionais, se utilizadas de maneira
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adequada – não como fins em si mesmas, mas como meios -
representam
ferramentas pedagógicas que podem inovar os processos de ensino e modificar as
relações entre os atores educacionais.
Neste sentido, Martin-Barbero (2004) afirma que mesmo que não seja possível
adequar os meios, ou seja, as novas tecnologias, como a TV e a internet, às necessidades
educacionais, pode-se adequar suas funções. Deste modo, o uso das tecnologias na
escola pode representar uma oportunidade de realizar práticas pedagógicas inovadoras
que encontrem nestas tecnologias ferramentas que promovam mudanças nos processos
de ensino e aprendizagem.
Educar no contexto da sociedade da informação é, sobretudo, comunicar e neste
sentido Pretto (1996) afirma que a educação e a comunicação precisam estar mais
integradas, e isto só será possível se as novas tecnologias estiverem presentes como
“fundamento dessa nova educação” (p. 221). Incorporando as tecnologias e
interpretando suas novas linguagens, a educação se põe como participante ativa no
processo de construção desta nova sociedade
O uso da internet na educação escolar pode contribuir para ampliar as
possibilidades de interação e comunicação para além das aulas presenciais, na medida
em que permitem a constituição de comunidades virtuais, em que alunos e professores
podem se encontrar para discutir assuntos de seus interesses e produzir conhecimentos.
Também pode favorecer nos educandos o desenvolvimento do espírito de coletividade e
de cooperação, pois permite a todas falar, contribuir e produzir, mas também implica a
necessidade de ouvir e de respeitar o outro. Neste sentido, os educandos aprendem a
ouvir, a dar opiniões e a trabalhar em grupo.
As comunidades virtuais são formadas a partir de grupos de pessoas que se reúnem no
ciberespaço de acordo com interesses e necessidades comuns. Um dos primeiros a
utilizar o termo comunidade virtual para definir estes grupos que mantinham relações
sociais no ciberespaço foi Rheingold (1996). Para ele, as comunidades virtuais são
“agregados sociais que surgem da Rede [internet], quando uma quantidade suficiente de
pessoas leva adiante discussões públicas durante um tempo suficiente, com suficientes
sentimentos humanos, para formar redes de relações pessoais no espaço cibernético
[ciberespaço]”.
Segundo Levy (1998) o ciberespaço,
encarna um dispositivo de comunicação qualitativamente original, que
se deve bem distinguir das outras formas de comunicação de suporte
técnico. A imprensa, o rádio e a televisão funcionam segundo um
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esquema de estrela, ou ‘um para todos’. (...) O ciberespaço, combina
as vantagens dos sistemas anteriores. De fato, permite ao mesmo
tempo, a reciprocidade na comunicação e a partilha de um contexto.
Trata-se de um a comunicação conforme um dispositivo ‘todos para
todos’ (p.43).
Neste sentido, a configuração de novos espaços de aprendizagem, possibilitada
pela internet, pode contribuir com ensino escolar, pois permite expandir o espaço de
construção coletiva do conhecimento para além das fronteiras da sala de aula. Conforme
Kenski (2002) “as possibilidades dos ambientes digitais garantem a construção de novos
espaços e tempos de interação com a informação/conhecimento e de comunicação
social” (p.257)
Os ambientes virtuais de aprendizagem constituídos como espaços privilegiados
de comunicação entre professores e alunos devem ser percebidos como favorecedores
de atividades colaborativas, promotoras do diálogo entre professor e aluno.
Professores e alunos, reunidos em equipes ou comunidades de
aprendizagem, partilhando informações e saberes, pesquisando e
aprendendo juntos, dialogando com outras realidades, dentro e fora da
escola, este é o novo modelo educacional possibilitado pelas tecnologias
digitais (KENSKI, 2000, p. 32).
As possibilidades oferecidas pela internet, permitindo a constituição de
ambientes virtuais de aprendizagem ou mesmo de comunidades virtuais de
aprendizagem, favorecem um ensino pautado na colaboração, onde cada sujeito
aprendente no mundo virtual assume compromisso e responsabilidade com os outros
sujeitos, com quem divide informações e constrói coletivamente aprendizagem. Tais
organizações do ensino promovem formas mais interessantes e envolventes de
participação para a construção pessoal e social da aprendizagem (KENSKI, 2003).
Ainda conforme a autora, as atividades colaborativas de ensino orientam-se pelo
princípio da “inteligência coletiva” proposta por Levy (1999) ou “inteligência em
conexão” segundo Kerchove (1999) e correspondem “a reunião em sinergia dos saberes,
das imaginações, das energias espirituais ... de um grupo humano constituído como
comunidade virtual” (LEVY, 1999, p. 126).
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A aprendizagem em uma comunidade virtual é impulsionada pelo interesse
em aprender junto, onde cada membro do grupo é responsável não só por sua
aprendizagem, mas também pela aprendizagem do grupo. Em uma comunidade virtual
onde a aprendizagem coletiva é de fato privilegiada, cada membro do grupo preocupase não só em utilizar as informações disponibilizadas, mas também em trazer novas
contribuições e informações, em aprofundar as discussões e questionamentos. Para
Kenski (2001) é
participando, colaborando, reconhecendo e sendo reconhecida pelos
seus pares que a pessoa atua intensamente na comunidade virtual, sente
seu poder, desenvolve suas potencialidades comunicacionais, libera
seus talentos. Mais ainda, socialmente integrada na equipe, a pessoas
dimensiona sua participação de acordo com os valores e regras em jogo,
realiza trocas e aprende muito mais do que o foco de seu interesse.
(p.27).
Estas comunidades virtuais, portanto, podem se constituir em oportunidades
novas do professor estar com seus alunos, de ouvi-los, de entendê-los, de ajudá-los em
seu processo de formação. Formação humana, integral, que leve em conta todas as
dimensões do sujeito aprendente. Podem servir para que o professor conheça melhor
seus alunos, seus interesses e através de suas atitudes e comportamentos tirar conclusões
que o ajude a elaborar novas situações de aprendizagem que possam atender as
necessidades ou dificuldades dos educandos. As comunidades virtuais podem
possibilitar de acordo com Kenski (2003)
momentos criativos de ensino, pontes de diálogos que garantem
aproximações entre as culturas dos jovens e da escola. Entre o
conhecimento racional e contemplativo dos alunos e a ação, a percepção
e a emoção. Condições indispensáveis para se propor a ensinar para/em
uma nova era (p.57).
Num momento em que o ensino escolar se mostra muitas vezes tão aquém das
culturas juvenis, tão distante de seus interesses, de seus desejos, cabe à escola buscar
caminhos que a aproximem do universo dos educandos. E se estes jovens, adolescentes
e mesmo crianças que a escola contemporânea atende, estão cada vez mais inseridos no
ciberespaço, reunidos em comunidades virtuais, em redes de comunicação e interação,
resta à esta escola se aproveitar destes novos espaços para realizar um diálogo mais
efetivo com os educandos, possibilitando que se tornem ambientes onde situações de
aprendizagem significativa sejam criadas.
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Remodelando papéis de professores e alunos ....
Esta
possibilidade de organizar novas modalidades de ensino a partir da
constituição de novos espaços de aprendizagem traz inúmeros desafios à educação e
exige um repensar dos papéis de aluno e professor, requerendo novos posicionamentos
destes frente ao processo de ensinar e aprender. Segundo Kenski (2003) é um momento
em que a educação se depara com
novas formas de se comportar e trabalhar, diferentes de tudo o que
existiu antes em matéria de papéis docente e discente. Para que
possamos colaborar é preciso que deixemos de lado nossa roupagem
como professor e/ou como alunos e que abramos nossa humanidade
para o grupo. Precisamos sair do invólucro determinado socialmente
para alunos e para professores (p. 148)
O uso das possibilidades oferecidas pela internet pode favorecer o
desenvolvimento de metodologias de ensino que ultrapassem uma visão bancária de
educação que marcou quase todas as modalidades de ensino, onde o educador é o
narrador conduzindo os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado,
‘depositando’, ‘transferindo’ e ‘transmitindo’ valores e conhecimentos (FREIRE, 1987).
Para Dias e Silva (2005),
(...) o dialogismo é um dos princípios teóricos fundamentais para se
pensar uma prática educativa que não se pretende mais estática e
bancária (...) A educação online constitui uma interessante oportunidade
para o necessário deslocamento da pedagogia da transmissão para
pedagogia do diálogo. Isso porque a educação online tem na
interatividade o seu fundamento irrecusável (p. 172)
Conforme Valente (2000) é possível através da internet e de suas inúmeras
ferramentas, conceber novos espaços de aprendizagem, ou seja, ambientes ou
comunidades virtuais de ensino, em que o aprendizado é conduzido não pela
transmissão, memorização e reprodução de informações transmitidas pela internet. Estes
ambientes podem proporcionam ao professor “meios de acompanhar e assessorar
constantemente o aprendiz, e assim poder entender o que é feito por ele, bem como
propor desafios quanto ao que está sendo estudado” . Nestes ambientes, o papel do
professor como transmissor de informações e saberes perde lugar para o professor como
facilitador, como mediador, como parceiro dos alunos na construção do conhecimento.
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As comunidades virtuais constituem espaços em que o educando para
aprender e contribuir com o grupo deve expressar seus pensamentos, dialogar, trocar
informações e experiências e colaborando para que a inteligência coletiva se eleve. Os
recursos de interação disponíveis na internet favorecem as trocas individuais e a
formação de grupos interessados em construir conhecimentos coletivamente, tendo a
interação como condição fundamental para uma aprendizagem significativa. Para
Almeida (2003) é assim que se constituem as redes virtuais de aprendizagem “nas quais
cada pessoa busca as informações que lhe são mais pertinentes, internaliza-as, apropriase delas e as transforma em uma nova representação, ao mesmo tempo em que se
transforme e volta a agir no grupo transformado e transformando o grupo (p. 334).
a aprendizagem em um ambiente telemático implica atividades
realizadas pelo próprio sujeito em processos interativos e recorrentes
com o meio, a partir dos quais participam outros sujeitos em processos
coletivos de co-criação. É o indivíduo que, para conhecer, realiza algo,
reconstrói a sua realidade, muda as suas estruturas internas, a partir de
suas interações com os objetos do conhecimento, com os outros, com a
cultura e com o contexto (MORAES, 2005, p. 197).
Deste modo, a aprendizagem ocorre como produto de uma espiral,
proporcionada pela rede de aprendizes mediados pelo computador (VALENTE, 2002).
Assim sendo, o ensino presencial pode se valer do uso de ferramentas de interação e
comunicação presentes na internet, no intuito de expandir as interações da aula para
além do espaço-tempo do encontro presencial, constituindo comunidades virtuais de
aprendizagem em que todos constroem coletivamente o conhecimento. Os ambientes
virtuais podem contribuir para transformar a sala de aula presencial num espaço de
troca, de discussões. (MORAN, 2003, ALMEIDA, 2003).
as tecnologias ampliam as possibilidades de ensino para além do curto e
delimitado espaço da presença física de professores, alunos, pessoas,
objetos e informações que estejam envolvidos no processo de ensino,
redefine toda a dinâmica da aula e cria novos vínculos entre os
participantes. Paradoxalmente, o uso das tecnologias em atividades de
ensino a distância, podem criar laços e aproximações bem mais firmes
do que as interações que ocorrem no breve tempo presencial (KENSKI,
2005, p. 73)
É necessário, portanto, uma cuidadosa reflexão por parte de todos que compõem
a comunidade escolar, para que a internet e os novos espaços de aprendizagem que ela
possibilita possam representar a oportunidade de constituir novas modalidades de
ensino pautadas numa aprendizagem colaborativa e significativa.
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Cabe à escola, como instituição de formalização do saber, repensar seu papel
diante da realidade social que se coloca. Ela não pode simplesmente se fechar em si
mesma, negando as mudanças que ocorrem a sua volta e que certamente adentra seus
muros. Ela deve sim, assumir o papel que lhe cabe neste processo, tendo a tarefa de
preparar o indivíduo para o exercício pleno da cidadania, oferecendo a este o acesso e a
capacitação para o uso dos instrumentos que permeiam a sociedade. Deve favorecer a
formação integral do indivíduo, incentivando a autonomia e a criação de um espírito
crítico que possibilite entender a realidade do mundo e interferir nela.
Portanto, se as novas tecnologias trazem a oportunidade de inovar, de trilhar
caminhos inexplorados, mas que podem representar grandes oportunidades de
mudanças, de construir novos modelos de ensino pautados na colaboração, na
autonomia, na inteligência coletiva , cabe à escola se lançar neste desafio. Não se trata
aqui de negar a importância da presença física, da proximidade, do toque para a
educação escolar, mas sim de reconhecer que é dever da escola explorar as
possibilidades que as novas tecnologias trazem para a constituição de novos ambientes
de aprendizagem.
A constituição de comunidades virtuais de aprendizagem, que permitem a
professores e alunos se comunicarem e interagirem também a distância, não diminui o
valor das aulas realizadas nas salas de aulas convencionais, pois dificilmente as
interações realizadas a distância terão a mesma riqueza daquelas ocorridas no face a
face do ensino presencial (MORAN, 2004). O que se pretende discutir é que o processo
educativo pode ser enriquecido se as ferramentas de interação e comunicação
disponíveis na internet forem utilizadas para criar situações de aprendizagem
significativas, permeadas pelo espírito de cooperação e colaboração.
No que se refere ao professor, o trabalho com estes novos ambientes
representam um desafio para sua formação e para a sua prática, pois conforme Demo
(2005) “qualquer artefato técnico implantado na escola só frutifica sob mediação do
professor. Caso contrário, permanece enfeite ou expressão de projetos excusos” (p. 12).
Portanto, este momento em que se exigem novas tarefas à educação e novos posturas de
professores pode representar também uma oportunidade para questionar as políticas
educacionais, buscando resgatar a importância do professor, de sua autonomia,
encontrando meios de capacitá-lo para realizar uma nova prática educativa que permita
experimentar as possibilidades das novas tecnologias.
Deste modo,
as tecnologias poderão ser sim aliadas na construção de uma nova
educação desde que a formação do professor lhe dê todas as condições para incorporá16
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las em sua prática de forma inovadora. Isto envolve não só saber usá-las enquanto
ferramentas, mas também compreender sua construção, suas linguagens, suas
possibilidades.
Um ponto final provisório...
Os avanços das tecnologias de informação e comunicação, e especialmente das
redes de computadores, vem trazendo inúmeras possibilidades e desafios para educação.
O ensino, que antes estava pautado na transmissão de informações do professor para o
aluno, que muitas vezes se contentava em simplesmente seguir um manual didático
elaborado por especialistas já não pode mais dar conta de formar o cidadão para
conviver num mundo tão complexo, cheio de incertezas e em constante mudança.
A escola já não figura mais como o único espaço privilegiado de acesso a
informação e ao saber, pois novos espaços de aprendizagem se configuram se valendo
das tecnologias disponibilizadas pela internet. Espaços estes que podem representar
grandes possibildidades para a educação formal, na medida em que podem expandir o
espaço em que a ação pedagógica pode acontecer. A internet faz parte do cotidiano das
pessoas na atualidade. Embora dados estatísticos revelem que ainda é pequeno o
número de pessoas que possuem acesso a este recurso, não se pode deixar de considerar
os desafios e as possibilidades que a internet e seus inúmeros espaços e ferramentas
trazem para à educação. Se trata aqui de investigar condições potenciais de uso da
internet na educação e de que implicações isto trará para os sistemas educacionais e para
as práticas educativas.
Neste contexto, as comunidades virtuais de aprendizagem, representando um
agrupamento de pessoas reunidas em torno de interesses comuns, podem constituir
possibilidades interessantes que auxiliem a inovação do ensino tão discutido atualmente
nos meios educacionais. Vale dizer que o objetivo da discussão proposta neste artigo
não encara uso das tecnologias, e mais especificamente da internet, como panacéia
para os males da eduação, mas as percebe como promotoras de mudanças, de um
repensar das práticas instituídas, de um questionamento dos objetivos e das finalidades
da educação neste momento de profundas transformações sociais.
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A aquisição de novas habilidades e a competência para lidar com as novas
tecnologias são indispensáveis a todos os indivíduos que desejam participar ativamente
do mundo. Iniciativa, flexibilidade, conhecimentos atualizados, espírito crítico,
competência técnica e sobretudo a capacidade de gerar soluções inovadoras e buscar as
informações necessárias nas mais diversas fontes de informação são características que
devem compor o perfil do trabalhador da Sociedade da Informação.
Deste modo,
a educação deve assumir um papel de extrema importância,
contribuindo para diminuir as desigualdades ao mesmo em que amplia as possibilidades
de acesso aos recursos tecnológicos, oferecendo uma formação condizente com as
necessidades da vida contemporânea. Se a internet oferece novas possibilidades de
interação e comunicação, permitindo constituir comunidades virtuais e ampliando assim
os espaços em que a aprendizagem significativa pode acontecer, resta à educação e às
escolas atuarem no sentido de se apropriar destas novas ferramentas - mesmo que isto
implique romper com práticas a séculos instituídas - e se lançar na construção de uma
educação que ainda não se pode vislumbrar, mas que mesmo assim já se mostra
necessária. Que a escola na sociedade atual, permeada por tecnologias e por novos
espaços de interação e novos meios de acesso às informações, não perca sua relevância,
mas que a ressignifique ampliando o seu campo de atuação.
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Configurando novos espaços de aprendizagem: das salas