Matemática - 2008/09 - Determinantes 37 Determinantes Determinantes de ordem 2 e 3. O determinante de uma matriz quadrada é um número real obtido a partir da soma de determinados produtos de elementos da matriz. Vamos descrever como se calculam determinantes de matrizes de ordem 2 e 3. Ordem 2: " # a11 a12 Se A = ; então o seu determinante é a21 a22 Exemplo: det " 1 2 3 4 # det A = a11 a22 =1 4 2 3= a12 a21 2 Ordem 3: 2 3 a11 a12 a13 6 7 Se A = 4 a21 a22 a23 5 ; então o seu determinante é a31 a32 a33 det A = a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 a11 a23 a32 a12 a21 a33 a13 a22 a31 : Nota: Como se pode observar, o determinante de ordem três é uma soma de seis parcelas, três afectadas do sinal positivo e três do sinal negativo. Cada parcela é o produto de três entradas da matriz, situadas em linhas e colunas diferentes. Para calcular estes produtos e o sinal de que são afectados, costuma utilizar-se uma regra prática, conhecida como regra de Sarrus1 : 1- Repetem-se as duas primeiras colunas da matriz ao lado da terceira: 2 3 a11 a12 a13 a11 a12 6 7 4 a21 a22 a23 5 a21 a22 a31 a32 a33 a31 a32 2 - Os produtos afectados com o sinal + obtêm-se multiplicando os elementos que se situam ao longo de cada uma das linhas do esquema seguinte: a11 a22 a33 ; a12 a23 a31 e a13 a21 a32 1 Pierre Frederic Sarrus (1798 - 1861) foi professor na universidade francesa de Strasbourg. A regra de Sarrus foi provavelmente escrita no ano de 1833. Matemática - 2008/09 - Determinantes 3 - Os produtos afectados com sinal 38 obtêm-se multiplicando os elementos que se situam ao longo de cada uma das linhas do esquema seguinte: a13 a22 a31 , a11 a23 a32 e a12 a21 a33 2 3 1 2 3 6 7 Exemplo: Cálculo do determinante da matriz 4 4 5 6 5 7 8 9 Parcelas com sinal + : Parcelas com sinal 2 1 2 3 3 6 7 det 4 4 5 6 5 = 1 7 8 9 1 5 9; 2 6 7e3 4 8 3 5 7; 1 6 8e2 4 9 : 5 9+2 6 7+3 4 8 3 5 7 1 6 8 2 4 9=0 Determinantes de ordem maior que 3. O cálculo de determinantes de ordem superior a três não se pode fazer directamente pois envolve o cálculo de muitas parcelas (por exemplo, no caso de ordem 4 são 24 parcelas e no de ordem 5, 120 parcelas). No entanto, quando muitas entradas da matriz são nulas também muitas das parcelas se anulam o que pode facilitar o cálculo do determinante. Em particular, no caso da matriz ser triangular (superior ou inferior), o determinante é apenas o produto das entradas principais. Como a forma de escada de uma matriz quadrada é uma matriz triangular, o método de eliminação de Gauss fornece um método para o cálculo do determinante: Começamos por ver o efeito de cada uma das operações elementares no determinante de uma matriz: Matemática - 2008/09 - Determinantes 39 Tipo I: Se a matriz B foi obtida da matriz A por troca de duas linhas, então det (B) = det (A). 2 0 6 Exemplo: det 4 3 2 1 5 3 7 6 9 5 6 1 2 3 6 9 6 det 4 0 = " L1 $ L 2 3 7 1 5 5 6 1 2 Tipo II: Se multiplicarmos uma linha da matriz por um número real diferente de zero então multiplica-se o determinante pelo inverso desse 2 2 3 1 3 6 9 6 6 7 Exemplo: det 4 0 1 5 5 = 3 det 4 0 " 2 2 6 1 1 L 3 1 número. 3 2 3 7 1 5 5 6 1 Tipo III: Se adicionarmos a uma linha da matriz outra linha multiplicada por um número real o determinante não se altera. 2 3 2 1 1 2 3 6 7 6 Exemplo: det 4 0 = det 4 0 1 5 5 " 2 6 1 0 2L1 + L3 2 1 10 3 3 7 5 5 5 Cálculo do determinante através do método de eliminação Vimos qual o efeito no determinante nas operações elementares nas linhas da matriz. Para calcular o determinante de uma matriz começa-se por reduzir a matriz a uma forma de escada, assinalando as alterações que ocorram no determinante. Como a forma de escada de uma matriz quadrada é uma matriz triangular, o determinante desta obtém-se, como foi referido atrás, multiplicando os elementos da diagonal principal. Este método pode ser usado para matrizes de qualquer ordem, também de ordem dois ou três. Exemplos: 1. 2 0 6 det 4 3 2 = 1 5 7 6 9 5 6 1 2 1 6 3 det 4 0 2 = 3 2 1 6 3 det 4 0 0 2 3 6 9 3 6 7 = det 4 0 = 1 5 5 " " 2 6 1 1 L L1 $ L 2 L1 3 1 3 2 2 3 1 2 7 6 = 3 det 4 0 1 5 5 1 " 6 1 0 10 L3 2L1 + L3 3 2 3 7 1 5 5 = ( 3) ( 55) = 165 0 55 3 3 7 5 5 5 L3 = " 10L2 + L3 Matemática - 2008/09 - Determinantes 40 2. 2 6 6 det 6 6 4 = = 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 3 7 1 1 7 7 1 1 7 5 2 1 L2 = " 2L1 + L2 L3 2 1 6 6 0 det 6 6 0 4 0 2 1 6 6 0 det 6 6 0 4 0 1 1 1 2 3 1 2 3 1 1 1 2 0 7 0 0 2 L1 + L3 6 6 0 det 6 6 0 4 0 L4 L1 + L2 3 1 7 2 7 7 = 1 7 " 5 0 L3 3L2 + L3 1 3 L4 7 2 7 7= 7 7 5 3 1 2L2 + L4 1 1 3 1 1 2 2 3 2 1 6 6 0 det 6 6 0 4 0 1 3 7 1 7 7 = 2 7 " 5 0 L 2 $ L3 1 1 1 2 0 7 0 7 1 3 7 2 7 7 7 7 5 4 L4 21 3. 2 1 2 3 3 7 6 det 4 4 5 6 5 7 8 9 = " L2 4L1 + L2 L3 2 1 6 = det 4 0 0 2 3 0 3 2 1 6 det 4 0 0 2 3 6 3 3 7 6 5 12 L3 = " 2L2 + L3 7L1 + L3 3 7 6 5=1 0 3 0 No exemplo anterior o determinante deu 0; o que era de esperar pois este determinante já tinha sido calculado na página 38. É fácil compreender que sempre que uma matriz tem característica inferior à sua ordem o determinante é nulo, pois a forma de escada da matriz tem, pelo menos, uma linha nula o que vai implicar que o produto dos elementos da diagonal seja 0. Propriedades: Seja A uma matriz de ordem n: 1. det A = det AT : 2. Se carA < n então det A = 0 3. Se A tem uma linha nula então det A = 0 4. Se A tem duas linhas iguais ou proporcionais, então det A = 0: = " L3 + L 4 Matemática - 2008/09 - Determinantes 41 Outra caracterização da invertibilidade de uma matriz. Vimos no capítulo de Sistemas de Equações Lineares que uma matriz quadrada A é invertível se e só se a sua característica é igual à sua ordem. Acabámos de relacionar a característica da matriz com a nulidade, ou não, do seu determinante. Vamos agora enunciar um novo critério, baseado no determinante, para decidir a invertibilidade de uma matriz: Teorema: Seja A uma matriz quadrada. A matriz A é invertível se e só se det (A) 6= 0: Exemplos: 1. A matriz " 2. A matriz " 2 6 3. Seja A = 4 1 1 1 1 # 1 1 1 1 1 0 1 # não é invertível porque det é invertível porque det 3 3 7 3 5; ; " " 1 1 1 1 1 1 1 # 1 # = 0: = 2: 2 R. Pelo teorema anterior esta matriz é invertível 1 2 se e só se o seu determinante é diferente de 0. Como e 2 6 det 4 1 3 3 0 1 1 2 7 3 5= 6 = 0, , concluímos que A é invertível se 6= 0 e 6 , (veri…car) = 0 ou 6= 6: = 6;