TRABALHOS TÉCNICOS
Divisão Econômica
VAREJO FECHA 2010 COM ALTA DE 10,3%
Fabio Bentes
Economista
O índice de atividade do comércio (IAC) calculado pelo Serasa acumulou alta de
10,3% no ano passado, 4,5 pontos percentuais acima do crescimento registrado no ano anterior. Este desempenho das vendas foi o terceiro melhor da década, atrás dos 13,4% de 2007 e
13,9% de 2008. Os dados da pesquisa mensal de comércio (PMC) do IBGE na sua versão
ampliada apontam expansão de 12,1% no acumulado até novembro, 2,1 pontos percentuais
acima da taxa apurada pelo Serasa até aquele mês.
Segundo o IAC, no último ano destacaram-se os ramos especializados na comercialização de bens duráveis, como, por exemplo, materiais de construção (+17,0%), móveis e eletrodomésticos (+14,9%) e comércio automotivo (+10,9%). Mais dependentes da concessão de
crédito do que os demais, as vendas nestes setores reagiram favoravelmente ao aumento na
concessão de recursos ao consumidor. No acumulado do ano até novembro de 2010, a média
diária de recursos tomados pelas pessoas físicas cresceu 23,4%, segundo dados do Banco
Central do Brasil. Na contramão dos demais ramos, as vendas de combustíveis e lubrificantes
encolheram 0,4% segundo o Serasa.
GRÁFICO 1
ATIVIDADE DO VAREJO EM 2010 SEGUNDO O SERASA
Variação % em 12 meses
Materiais de construção
Móveis e eletrodomésticos
Comércio automotivo
Varejo
Tecidos, vestuário e calçados
Hiper e supermercados
Combustíveis e lubrificantes
jan/10
jan/09
a
a
dez/10
dez/09
+17,0%
+14,9%
+10,9%
+10,3%
+8,2%
+6,0%
-0,4%
Apesar da ampliação dos prazos em 59 dias (o equivalente a 12,0%) e da redução da
taxa média em 3,9 pontos nos últimos doze meses levantados pelo BC, não houve pressão
sobre o orçamento das famílias. O nível de inadimplência recuou de 8,0% para 5,9% da carteira em novembro, ajudado pelo aumento médio da renda real de (+5,7%). Para 2011,
entretanto, a necessidade de inverter a tendência de aumento da inflação certamente não permitirá a repetição deste quadro.
Janeiro de 2011
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Além do crédito, a valorização do real foi outro fator importante para explicar a explosão no consumo de bens duráveis. Tomando como referência a média do IPCA em 2010
(5,9%), nota-se que a maior parte dos bens duráveis (que acusaram variação média de 0,9%)
evoluiu abaixo da inflação. Diversos deles, inclusive, acusaram deflação, como, televisores
(-22,2%), microcomputadores (-12,9%) e aparelhos de DVD (-10,9%).
GRÁFICO 2
PREÇOS DOS BENS DURÁVEIS SEGUNDO O IPCA
Segundo o Serasa, no mês de dezembro houve crescimento de 2,9% do varejo, já realizados os ajustes sazonais, taxa mais elevada em nove meses. Os destaques positivos no mês
foram os ramos de móveis e eletrodomésticos (+3,0%) e de materiais de construção (+0,8%).
Em compensação, o resultado fraco de tecidos, vestuário e calçados (-1,0%) conteve uma alta
maior do varejo. Na comparação com o mesmo mês de 2009, o destaque foi o ramo de materiais de construção e de móveis e eletrodomésticos, com variações de +15,0% e +13,0%, respectivamente, movimento contrabalançado pelas vendas do comércio automotivo que
oscilaram -0,7%.
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GRÁFICO 3
VARIAÇÃO MENSAL DO VAREJO SEGUNDO O SERASA E IBGE
Os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), referentes a 2010 serão fechados e
apresentados apenas em meados de fevereiro próximo, contudo, diante dos dados já apurados
pelo Serasa, que incluem uma alta de 15,5% nas vendas de Natal, a aposta é de que o ano
passado não tenha sido, de fato, o de maior crescimento das vendas do varejo em dez anos de
PMC (+11,2%). Para 2011, entretanto, a forte base de comparação e a redução no nível de
atividade econômica deverão desacelerar o ritmo de expansão das vendas, trazendo-o novamente abaixo da casa dos dois dígitos (8,3%, segundo projeção da Divisão Econômica
da CNC).
GRÁFICO 4
VARIAÇÃO ANUAL DO VOLUME DE VENDAS SEGUNDO O IBGE E
PROJEÇÕES DA CNC
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