Juro real supera 5,4% com alta de taxa futura | Valor Econômico Página 1 de 2 04/02/2014 às 00h00 Juro real supera 5,4% com alta de taxa futura Por Antonio Perez | De São Paulo A forte alta dos juros futuros na semana passada, em meio à expectativa de que o Banco Central (BC) possa elevar ainda mais a taxa Selic para mitigar os efeitos da onda de desconfiança em torno dos emergentes, levou o juro real a superar 5%. Esse nível não era visto desde agosto de 2011, justamente o mês em que o BC iniciou o processo de afrouxamento monetário, que levou a taxa básica de 12,50% até o recorde de baixa de 7,25%, em outubro de 2012. Em 31 de dezembro do ano passado, o juro real - medido pela diferença entre o contrato "swap" com prazo de 360 dias e o IPCA projetado doze meses à frente - estava em 4,30%. No último dia de janeiro, a taxa era de 5,44%, ou seja, houve um aumento de 1,44 ponto em apenas um mês. Nesse período, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a meta da Selic em 0,50 ponto percentual, para 10,50% ao ano. Já a expectativa para o IPCA em doze meses quase não se alterou, variando entre 5,98% e 6%. Se a inflação projetada permaneceu praticamente inalterada, o juro real avançou replicando a trajetória dos juros nominais. Como a Selic subiu menos, o avanço da taxa real para 5% foi decorrência, portanto, da própria dinâmica dos juros futuros. Com a recente onda de aversão a risco, investidores passaram a especular com a possibilidade de que o BC estenda o atual ciclo de alta da taxa básica. Isso provocou uma forte elevação dos juros futuros na BM&F, com investidores liquidando posições prefixadas. Apenas em janeiro, a taxa do contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2015 subiu 1,11 ponto percentual, para a 11,69%. Ontem, avançou mais um pouco, para 11,73%. Finanças Últimas Lidas Comentadas Compartilhadas Dólar sobe ante real com atenção à cena externa 10h50 Dado dos EUA e expectativa com pesquisa eleitoral mexem com Ibovespa 10h38 Bolsas da Ásia fecham em alta, acompanhando Wall Street 08h47 Jogo prorrogado 05h00 Ver todas as notícias Vídeos Pode-se dizer que, antecipando-se ao BC, o mercado apertou ainda mais a política monetária. Afinal, a taxa do contrato swap DI/Pré 360 é um dos principais balizadores do custo de capital para os bancos e, por tabela, para as concessões de crédito. "Está em curso sim um aperto monetário mais intenso, porque o que vale, de fato, na hora de definir o custo de dinheiro são as taxas do mercado", afirma Flávio Serrano, economista sênior do BES investimentos. Para Serrano, ao se situar acima de 5%, o juro real já começa a se colocar acima do nível neutro ou de equilíbrio - aquele que permite à economia crescer de acordo com seu potencial sem gerar pressões inflacionárias. Ressaltando que é difícil mensurar o juro neutro - uma variável "não observável", no jargão dos economistas -, Serrano calcula que a taxa de equilíbrio se situe hoje entre 4% e 5% ao ano. Para Eduardo Velho, economista-chefe da butique de investimentos Invx Global Partners, parte do rumo da política monetária local vai ser ditada pelo que acontece nos Estados Unidos. Apesar de alguns dados decepcionantes no curto prazo, a economia americana vai mostrar uma recuperação cada vez mais forte. Isso vai alimentar as expectativas de aceleração da retirada dos estímulos monetários e antecipação do início da alta dos juros nos Estados Unidos. "Como as outras moedas emergentes, o real vai sofrer. E o BC vai ter que continuar subindo os juros para segurar a inflação", afirma Velho, que se diz cético em relação ao anúncio de uma meta de superávit primário para este Top Gestão 2014: Conservadorismo dá o tom 13/06/2014 Compartilhar: Captações externas Operações mais recentes Tomador Valor* Meses Retorno** OAS 400 84 8% Odebrecht 500 180 5,25% Biosev 440 36 - JBS 750 120 5,875% 400 120 4,89% 2.500 - 9% Votorantim BB Veja as tabelas completas no ValorData Fonte: Instituições financeiras e agências internacionais. Elaboração: Valor Data. * Em milhões de dólares ** No lançamento do título http://www.valor.com.br/financas/3418094/juro-real-supera-54-com-alta-de-taxa-futura 02/07/2014 Juro real supera 5,4% com alta de taxa futura | Valor Econômico ano em magnitude suficiente para acalmar os mercados. "O mercado de juros futuros vê Selic perto de 12% este ano. Com o dólar acima de R$ 2,40 e sem grande ajuda da política fiscal, o juro real tende a caminhar para 6%". Para Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da gestora de recursos Simplific Pavarini, as projeções de alta da Selic embutidas nos juros futuros estão em níveis exagerados e refletem mais um momento de estresse dos mercados que uma tendência para a condução da política monetária. Nas estimativas do economista, o juro de equilíbrio estaria hoje em torno de 4%. A política monetária, portanto, já seria restritiva. "O ciclo de alta deve terminar com a Selic em 11%. Não vejo sentido em pôr a taxa em 12%, como a curva a termo está mostrando", diz Espírito Santo, que também é professor do Ibmec-RJ. Página 2 de 2 Juro futuro DI de 1 dia em 01/07/14 Vencimento PU de Taxa Negociados ajuste efetiva ago/14 99.066,95 set/14 98.223,72 18.575 10,82% 36.230 10,81% out/14 97.352,74 76.340 10,79% nov/14 96.455,07 3.400 10,76% jan/15 94.821,65 96.676 10,77% abr/15 92.496,37 29.536 10,78% Veja as tabelas completas no ValorData Fonte: BM&FBovespa e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. 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