A ADOÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE NO BRASIL1 LOPES, Gilberto Gonçalves2 MEZZARI, Luciane3 DAMIAN, Marília Chaves4 KUHN, Simone Machado5 SAVI, Theilor6 PASINI, Adriana Kurtz ZANONI, Simone Angélica CAPELETTO, Júlio Resumo: O presente trabalho desenvolvido é um assunto de extrema importância para os contabilistas e empresas de capital aberto. Refere-se à Adoção das Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil. Sabe-se que as práticas contábeis são utilizadas cada vez mais como uma ferramenta imprescindível nas corporações, e no Brasil, a contabilidade vem se destacando e os profissionais desta área procuram aprofundar seus estudos para aplicá-las e, também, fornecer informações visando sempre melhorias de resultados. Metodologicamente buscou elaborar gráficos comparativos dos últimos 6 anos da empresa do ramo alimentício da região de Marau R/S, destaforma, como contribuição, espera-se trazer esclarecimentos aos profissionais da contabilidade as normas internacionais. Palavras-chave: Adoção das Normas. Ativos intangíveis. IFRS Abstratc: This work is a matter of utmost importance for accountants and public companies. It refers to the adoption of International Accounting Standards in Brazil. It is known that accounting practices are increasingly used as an essential tool in corporations, and Brazil, accounting has been outstanding and professionals in this area seek to deepen their studies to apply them and provide information always seeking improvements results. Methodologically sought to draw comparison charts the last six years the food company from the upper Uruguay region in this way, as a contribution, it is expected to bring clarification accounting professionals to international standards. Keywords: Adoption Standards. Intangible assets.IFRS 1 Trabalho elaborado para fins de apresentação do PROJETO TEÓRICO-PRÁTICO. do Curso de Ciências contábeis, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai - IDEAU, Campus de Passo Fundo/RS. 3 Aluna do Curso de Ciências Contábeis, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai - IDEAU, Campus de Passo Fundo/RS. 4 Aluna do Curso Ciências Contábeis, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai - IDEAU, Campus de Passo Fundo/RS. 5 Aluna do Curso Ciências Contábeis, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai - IDEAU, Campus de Passo Fundo/RS. 6 Aluno do Curso Ciências Contábeis, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai - IDEAU, Campus de Passo Fundo/RS. 2Aluno 2 1 INTRODUÇÃO O presente artigo abordará alguns aspectos sobre a evolução histórica da Contabilidade, assim como, a adoção às Normas Internacionais (IFRS), e por fim, uma breve demonstração e análise – através de gráficos - dos últimos seis anos de existência da Empresa BRF-Brasil Foods, da cidade de MarauR/S. Conforme Lyndon e Johnson, a contabilidadeanalisa e controla os fenômenos ocorridos no patrimônio de uma entidade, através dos registros, da classificação, das demonstrações, da análise, da interpretação dos fatos e nas leis que os regem e entram em vigor. Com essas novas normas que tiveram sua obrigatoriedade integral em 2010 Lei 11.941 de 27 de maio de 2009, a contabilidade brasileira passou a utilizar importantes conceitos internacionais, assim buscando uma harmonização entre as práticas contábeis dos países europeus e dos Estados Unidos da América. Estas normas estão baseadas substancialmente em princípios e não em regras como era a contabilidade brasileira, assim proporcionando uma grande inovação as práticas contábeis, como para as demonstrações, pois o contabilista ira exercer mais a sua capacidade de julgamento na interpretação dos pronunciamentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), do que apenas aplicar a legislação tributária. Com a adoção das novas normas no Brasil foi proporcionando uma melhor qualidade, confiabilidade e comparabilidade das informações contábeis, pois os Stakeholders (contadores, analistas, economistas, empresários, instituições financeiras, investidores, etc.), conseguem ter uma melhor compreensão das informações divulgadas, em qualquer pais que adota a sistemática IFRS. A adoção das International Financial ReportingStandartes (IFRS) propiciou o desenvolvimento de diversos estudos que procuraram fundamentalmente entender as mudanças ocorridas nas informações contábeis. Vamos compreender como foi abordado no Brasil a implementação das Normas Internacionais de Contabilidade, tanto no campo legal, quanto aos órgãos reguladores e os pronunciamentos contábeis a serem seguidos a fim de configurar a implementação e o cumprimento das normas internacionais. A adoção das normas internacionais de contabilidade pelo Brasil pode ser explicada por diversos aspectos. Dentre eles, destacam-se a redução das taxas inflacionárias e a expansão do 3 mercado de capitais, aumentando a importância da informação contábil como subsídio para as decisões de investimentos, créditos, financiamentos, etc. O estudo concretizado tem por objetivo demonstrar as principais alterações ocorridas nas normas práticas brasileiras de contabilidade em relação ao ativo circulante, não circulante intangíveis e patrimônio líquido, com as normas internacionais, os IFRS, e para compreender estas mudanças foi realizado um estudo em cima do balanço patrimonial da empresa BRF Brasil Foods, base 2014/2013/2012/2011/2010/2009, empresa de grande porte, companhia aberta e uma das maiores do setor alimentício. 2 CONSIDERAÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE EVOLUÇÃO Podemos dizer que a contabilidade se iniciou empiricamente com o homem primitivo. Schmidt (2005), dizia que a maneira rudimentar de contar já era um modo de inventário, pois tinha como objetivo o controle do seu patrimônio, como rebanhos, fardos de alimentos, instrumentos de caça e pesca e outros bens quantitativos. O que mostra que o homem da antiguidade já tinha a preocupação com a riqueza e a propriedade (como acontece atualmente). Desde os primórdios o homem teve que ir aperfeiçoando sua maneira de contabilizar, na medida em que as atividades se tornavam mais complexas. De acordo com Martins (2005), (...) o processo de conta era feito na memória dos homens, logo após surgiram as gravuras, no término da Era da Pedra Polida. Nas gravuras continham figuras e numerais. Registravam-se a cara do animal e o número correspondente a quantidade de cabeças. Os primeiros registros completos de contabilidade surgiram com a civilização Sumério-Babilônica, esses povos faziam seus registros em peças de argila. Foi com essa civilização que a contabilidade teve o seu verdadeiro nascimento. A contabilidade tinha como foco principal o controle, posteriormente com a evolução do homem, tornava-se fundamental para o comércio. Com o comércio de troca de bens, a contabilidade continuou quantitativa, tendo uma evolução lenta até o aparecimento da moeda (Martins, 2005) Segundo Lopes (1997), com a criação de sistemas monetários tal ciência evoluiu significativamente. Os Egípcios representaram um papel de extrema importância para essa primeira evolução da contabilidade, pois, assegura-se, que foram os primeiros povos a utilizar 4 um valor monetário em seus registros. As escriturações eram feitas em papiros, e o sistema contábil tornava-se dinâmico com registros diários. Os Gregos evoluíram a forma de contabilizar dos Egípcios, em 2000 a.C. já havia apuração do saldo com a confrontação de contas de Custos e Receitas e estenderam a escrituração contábil para a administração pública e bancária (Lopes, 1997). No Período Medieval, denominado “Era Técnica” devido às grandes invenções, houve o aperfeiçoamento e o crescimento da contabilidade, por causa do advento do capitalismo. (Lopes, 1997). De acordo com Lopes (2006), nesse período iniciava-se o trabalho assalariado, tornando a contabilidade mais complexa, onde surge pela primeira vez a conta “Capital”. O método das Partidas Dobradas teve origem na Itália, surgindo como consequência e necessidade da Contabilidade de Custos. Nessa mesma região surgia uma das principais, talvez a principal, escola de contabilidade, sendo esta a Escola Italiana (Lopes,2006). Hendriksen (1999) analisa que, ... a história da contabilidade mostra que nossa cultura deriva quase que inteiramente de outras culturas e que a contabilidade não foi apenas consequência da evolução do homem, e sim, um alicerce para que tal evolução acontecesse, pois a partir do sistema de contas, que o homem se organizou, dando o passo fundamental para uma evolução mais acelerada, deixando de ser primitivo e passando a raciocinar de maneira organizada, consequentemente com a evolução humana, a contabilidade se tornou o pilar fundamental para um mundo capitalista. Podendo-se afirmar que um sistema de contabilidade não falta nem mesmo na mais rudimentar das organizações. (HENDRIKSEN, 1999). 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Normas Internacionais de Contabilidade A possibilidade de semelhança entre os relatórios contábeis emitidos em diversos países do mundo beneficia os usuários da informação contábil para interpretá-los de maneira adequada, sendo que o processo de convergência contábil tem como objetivo integrar as práticas contábeis entre os países de acordo com a necessidade da informação contábil (OLIVEIRA, 2010). Para Fabiano (2012), as convergências para um padrão internacional de contabilidade são motivadas ao movimento mundial de integração dos mercados de capitais, sendo que estas 5 motivações podem decorrer por imposições legais das indicações institucionais das nações, dos incentivos concedidos para as empresas e das atitudes voluntárias de adoção das normas internacionais. Como principais benefícios na convergência contábil percebem-se a redução da assimetria da informação, a maior eficiência do mercado, o aumento do grau de comparabilidade e a redução dos custos de capital para as empresas que adotam essa prática. Para suprir a necessidade da harmonização das normas internacionais de contabilidade, o Ininternational Accounting Standards Board (IASB) emitiu às Internacional Accouting Statements (IAS), denominadas a partir de 2003 como IFRS. Essas são as normas internacionais de contabilidade que vêm sendo expandidas e aceitas por mais de 100 países, cujo objetivo é unificar a linguagem contábil nas demonstrações financeiras das empresas (Prado, 2013). Conforme Almeida (2012), a União Europeia adotou as normas internacionais com maior abrangência em 2005, sendo que nesta época as empresas passaram a apresentar as demonstrações consolidadas de acordo com as IFRS. Ainda para Prado (2013), um fator que favoreceu a adoção das IFRS pelas empresas europeias foi a exigência de instituições internacionais, como o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio, sendo que, para utilizar os serviços destas instituições como ajuda financeira, as empresas deveriam adotar as IFRS em suas demonstrações financeiras. Calixto (2010) em seu estudo sobre os impactos da adoção no IFRS em países europeus, recomenda análises dos estudos com foco em países da América Latina que implementaram as diretrizes e expectativas de harmonização das IFRS, neste caso o Brasil. Observa-se que no Brasil, pesquisadores apresentam estudos sobre a adequação das empresas brasileiras às normas internacionais de contabilidade visando o atendimento da Lei 11.638/07. Para tanto, faz-se necessário compreender como foi abordado no Brasil a implementação das Normas Internacionais de Contabilidade, tanto no campo legal, quanto aos órgãos reguladores e os pronunciamentos contábeis a serem seguidos a fim de configurar a implementação e o cumprimento das normas internacionais. 4 A ADOÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS NO BRASIL 6 As leis nº 11.638/2007 e nº11.941/2009, que alteraram a Lei nº6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações), criaram as condições necessárias para que o Brasil pudesse participar definitivamente do processo mundial de convergência das normas e práticas contábeis internacionais, foi obrigada a adoção a partir de 2010. A Resolução nº 1.159/2009, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), deixou claro que as normas e práticas contábeis internacionais regidas por esses diplomas legais estendem-se às demais sociedades empresariais e entidades. São quatro as principais entidades que se pronunciam sobre as normas e procedimentos contábeis no Brasil: O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), antigo Instituto Brasileiro de Contadores. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que tem autonomia apenas sobre as companhias abertas, as sociedades por ações listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), atualmente a principal entidade. Até 2007, o CFC era o principal responsável pela edição das normas contábeis e de auditoria, bem como por suas interpretações, válidas para todas as empresas do território nacional, independentemente de sua constituição jurídica e de acordo com as leis brasileiras. Contudo, dada a grande expressão econômica das companhias abertas e a necessidade de harmonização com as práticas internacionais de contabilidade, havia muitas divergências com a regulamentação da CVM e do Ibracon. Dessa maneira, um movimento de todas as entidades interessadas culminou com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão que congrega entidades interessadas, como a Abra, Apimec Nacional, Bovespa, CFC, Fipecafi e Ibracon. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis foi criado em 7 de outubro de 2005, pela Resolução nº 1.055/05 do CFC, para ser único órgão responsável pela emissão dos pronunciamentos contábeis no Brasil, em função das necessidades.Com a Lei 11.638/2007, o Brasil passou a adotar as Normas Internacionais. De Contabilidade, mais conhecidas por IFRS. Essa nova lei colocou importantes conceitos do direito societário, foram adaptados conceitos legais bastante utilizados em economias mais desenvolvidas, alinhando, também, a normatização brasileira às legislações dos Estados Unidos e de países da Europa. 7 Foram introduzidas inovações, tanto para as demonstrações contábeis, quanto para as práticas contábeis, visto que essas normas estão baseadas em princípios mais do que em regras, segundo SAIKI e ANTUNES, 2010 apud ANTUNES. Consequentemente, esta nova abordagem traz impactos substanciais para a profissão contábil, visto que o contador passa a exercer sua capacidade de julgamento mais do que no passado recente, com reflexões positivas sobre o status da profissão no Brasil. As inovações trazidas por essa nova lei também causaram muita inquietação. Especialmente para os contadores, gestores, auditores e para o mercado de Capitais, importante usuário da informação contábil divulgada. Mas, em síntese, pode-se afirmar que as mudanças introduzidas buscam aprimorar a qualidade da informação contábil, tendo como foco principal a sua utilidade para o usuário dessa informação; melhorias visando aprimorar a compreensibilidade, a relevância, a confiabilidade e a comparabilidade das informações divulgadas, que são as características qualitativas da informação contábil e que as tornam úteis. 5 OS IMPACTOS DAS IFRS NO BRASIL Com o objetivo de comparar a relevância da informação contábil no início do processo de convergência às normas internacionais de contabilidade no Brasil, que se deu no exercício de 2008, vários estudos foram realizados por diversos autores á cerca dos impactos dessa adoção das IFRS. Santos e Calixto (2010) pesquisaram os efeitos da primeira fase de transição do IFRS nas empresas listadas na Bovespa, a partir de 2008, e encontraram resultados (lucro) superiores com o IFRS do que com a norma anterior, o que pode ser explicado pelo conservadorismo contábil brasileiro. Lima (2010) investigou, se a adoção parcial das normas internacionais de contabilidade aumentou a importância da informação contábil para o mercado de capitais brasileiro. E, ao se analisar a relevância desses números contábeis associada à divulgação dos ajustes de reconciliação do lucro líquido e do patrimônio líquido no período de transição entre o padrão contábil brasileiro e as normas IFRS, foi constatado que estes foram relevantes para o mercado de capitais brasileiro, indicando que os mesmos eventos quando mensurados por 8 diferentes normas contábeis alteram as expectativas dos investidores acerca do resultado futuro da empresa, consequentemente, modificando os preços das ações. No estudo de Macedo et al (2011) as evidências empíricas encontradas apontaram que o Fluxo de Caixa Operacional (FCOPA) é mais relevante que as Origens de Recursos das Operações (OROPA) para o mercado de capitais, sugerindo que a substituição do DOAR pela DFC, implementada pelas mudanças nas normas contábeis brasileiras, por conta do processo de convergência às normas internacionais de contabilidade (IFRS), foi benéfica para os usuários da informação contábil no Brasil. Watanabe (2009), por exemplo, analisou as demonstrações contábeis de 13 empresas brasileiras da construção civil no exercício de 2007 elaboradas no padrão nacional e em IFRS, com o objetivo de comparar os indicadores econômico-financeiros obtidos nos dois padrões. Os resultados revelaram diferençaexpressiva nos índices Liquidez Geral, Liquidez Corrente, Liquidez Seca, Solvência, Endividamento, Margem Bruta e Mark-up Global. Apenas a Margem Líquida não apresentou diferenças significativas. Embora o padrão contábil utilizado pelas empresas brasileiras ainda se encontrasse em processo de convergência para as normas internacionais, Carvalho (2010) investigou se as mudanças introduzidas até 2008 geraram impactos significativos na representação da situação econômico-financeira de 200 empresas listadas na BMF &Bovespa, ao comparar as demonstrações contábeis de 2007 (antes da vigência das novas normas) com as de 2008 (depois das alterações).Os resultados revelaram diferenças estatisticamente significantes para os indicadores de estrutura de capital e de liquidez. Com relação às instituições financeiras, observa-se um número maior de estudos estrangeiros, já que no Brasil somente a partir de 2010 os bancos passaram a publicar as demonstrações em IFRS. Mello (2007) comparou alguns indicadores econômico-financeiros de três bancos brasileiros com ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), referentes ao exercício de 2005, calculados segundo o padrão contábil brasileiro e segundo o padrão dos EUA (US GAAP). A pesquisa identificou que, no tocante ao Ativo, registraram-se nos três bancos diferenças a maior pelo padrão brasileiro, variando entre 1% e 11%; com relação ao Patrimônio Líquido, verificaram-se, também nos três bancos, diferenças a menor pelo padrão brasileiro, oscilando entre 2% e 20%; no caso do Lucro Líquido, em dois bancos observaramse diferenças a menor de 4% e 61%, e a maior, de 10%, na mesma base de comparação. 9 Considerando que a adoção das IFRS pode afetar atributos de qualidade e utilidade das informações divulgadas, diversos estudiosos investigaram os impactos da adoção das normas internacionais no Patrimônio Líquido e no Lucro Líquido das companhias, procurando subsídios para uma avaliação em relação à prática do conservadorismo. Para tanto, esses pesquisadores utilizaram basicamente o Índice de Comparabilidade de Gray (IC). Para uma análise dos principais impactos no Lucro Líquido e no Patrimônio Líquido decorrentes da aplicação das normas internacionais de contabilidade em detrimento das normas nacionais, foi utilizado o IC. O autor concluiu que o ajustamento da transição das normas nacionais para as IFRS foi relevante em relação ao Lucro Líquido, produzindo um ajuste de 14,1%. Registraram-se impactos positivos no Lucro Líquido, referentes à combinação de negócios e intangíveis; e impactos negativos, alusivos à provisões e instrumentos financeiros. Os efeitos foram menos relevantes no Patrimônio Líquido, acarretando redução média de 4,8%. No Brasil, Grecco, Geron e Formigoni (2009) analisaram o impacto das mudanças na Legislação Societária Brasileira no índice de conservadorismo das companhias abertas brasileiras em 2008. O cálculo do índice mostrou que a adoção das novas práticas contábeis nesse ano trouxe um maior nível de conservadorismo às demonstrações contábeis das companhias abertas brasileiras. Castro (2011) investigou os efeitos no grau de conservadorismo incondicional contido nas demonstrações contábeis das companhias que divulgaram seus resultados no padrão BR GAAP e em IFRS entre 2005 e 2009.Os resultados revelaram que as demonstrações contábeis produzidas segundo o padrão BR GAAP são mais conservadoras do que aquelas elaboradas segundo os padrões internacionais (IFRS e US GAAP). O estudo de Braga et al (2011), que teve como objetivo comparar indicadores econômico-financeiros de empresas brasileiras de capital aberto, listadas na Bovespa, considerando as demonstrações do exercício de 2007 elaboradas com base nas “antigas” e nas “novas” práticas contábeis adotadas no Brasil e verificar a ocorrência de mudanças significativas nesses indicadores como consequência do processo de convergência às normas internacionais de contabilidade, mostrou que houve mudança significativa (aumento) apenas no índice de endividamento com a reapresentação das demonstrações contábeis referentes ao exercício de 2007 de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil. 10 Como objetivo é analisar o impacto do processo de convergência do padrão brasileiro de contabilidade ao IFRS, de maneira geral, os trabalhos relatados até este ponto, mostram, em sua maioria, impactos positivos da adoção do IFRS no Brasil. 6 EMPRESA BRF- BRASIL FOODS S.A. A empresa BRF CNPJ: 01.838.723/0001-27 nasceu a partir da associação da Perdigão com a Sadia em 19 de maio do ano de 2009. Em 2012 a empresa tornou-se uma das maiores do mercado alimentício mundial, sendo a sétima maior empresa de alimentos do mundo em valor de mercado. Seu portfólio soma mais de cinco mil produtos espalhados pelas 47 fabricas no Brasil e onze unidades no Exterior. Proporcionando trabalho a mais de 100 mil pessoas. Marcas consagradas como Sadia, Perdigão, Batavo, Elegê e Qualy, tornam a BRF das maiores produtoras de alimentos resfriados e congelados de proteínas do mundo. Por ser uma Companhia aberta todas as informações da Empresa são divulgadas. Sendo os balanços patrimoniais, as demonstrações de resultados, as demonstrações de resultado abrangentes, as demonstrações das mutações do patrimônio líquido, a demonstração do fluxo de caixa e as demonstrações do valor adicionado. Conforme os contadores José Luiz Ribeiro de Carvalho (CRC SP141128/O-2S-SC) e Charles Krieck (CRC SP-212272/O-22 S-SC) essas demonstrações financeiras foram conduzidas de acordo com as normas de auditoria aplicáveis no Brasil. Representam em todos os aspectos relevantes a posição patrimonial da BRF- Brasil Foods S.A em 31 de dezembro de 2009, significando que os resultados referentes aos exercícios finalizados naquelas datas, são de acordo com as práticas contábeis. Em 2010 a BRF apresenta a diferença entre as demonstrações individuais que, foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. E as demonstrações financeiras separadas conforme IFRS quando se refere à avaliação dos investimentos controladas em conjunto pelo procedimento patrimonial. Para IFRS seria custo ou valor justo. Um método que a empresar tem é realizar oferta pública de ações para aumento de capital social da Companhia. Já em 2011 suas ações encerraram com valorização de 33,2% do Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro. Segundo o diretor e presidente José Antônio Fay: 11 [...] os resultados obtidos até momento nos mostram que estamos na direção certa e preparados para transpor os desafios que seguramente iremos enfrentar para alcançar nossas ambições. Para impulsionar essas conquistas, contamos com uma equipe movida pelo comprometimento com a Companhia e guiada por convicções éticas arraigadas na cultura organizacional. São esses atributos que fazem a diferença na conquista de posições ainda mais relevantes no mercado global de alimentos[...]. Para ele, o trabalho em conjunto do certo desde que todos compartilhem a mesma ideia. Obstáculos sempre vai surgir, dificuldades para resolver problemas vai aparecer, mas jamais desistir. A persistência é o que nos move e nos dá força para continuar crescendo. A BRF em 2012 ficou marcado como avanços na execução de uma das mais complexas fusões de empresas no mundo, Perdigão e Sadia. Decorrência de um trabalho muito alentado e consistente de um processo que envolveu toda a companhia na execução de duas agendas: as operações do dia a dia e os compromissos da fusão. No ano de 2013 as demonstrações financeiras permanecem de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, e das demonstrações financeiras consolidadas em conformidade com a Internacional Financial Reporting Standards (IFRS), bem como para a gestão de controles internos determinada conforme necessário para permitir a preparação das demonstrações financeiras. O balanço patrimonial em 31 de dezembro de 2014 as demonstrações financeiras individuais e consolidadas identifica como controladora e consolidado. Pelos controles internos da IFRS originou necessária para permitir a elaboração dessas demonstrações financeiras livres de distorção relevantes (CVM.). 7 METODOLOGIA Quanto à metodologia foi feito um comparativo da empresa, BRF pesquisada balanços patrimoniais nos últimos seis anos, a partir da aplicação de avaliação de demonstrações financeiras comparativo de contas que definiram os resultados encontrados e proporcionaram a elaboração de Planilhas e gráficos estatísticos da mesma. Bem como através da estrutura conceitual da BRF entender por meio das notas explicativas emitidas pela empresa o entendimento, a leitura das demonstrações financeiras, onde os valores ali demonstrados ou não uma contabilidade transparente a valores reais, em que identificou os ativos, passivos, receitas e despesas assim reflete a contabilidade da empresa, os dados para a realização do 12 estudo foram obtidos na página eletrônica da CVM no período de 19 de maio de 2009 a 31 de dezembro de 2014, este estudo de caso é quantitativo. 8 ATIVOS INTANGÍVEIS (IAS 38) De acordo com Lemes e Carvalho (2010) a IAS 38 determina o tratamento a ser seguido no reconhecimento e mensuração dos ativos intangíveis que não são contemplados especificamente por outras Normas. Ela requer que as entidades reconheçam um ativo intangível somente se determinados critérios forem atendidos. Os principais pontos tratados pela IAS 38 envolvem questões relacionadas à natureza e reconhecimento dos ativos intangíveis, à mensuração dos custos e à contabilização da amortização e das perdas por impairment de tais ativos. (LEMES, CARVALHO, 2010). A IAS 38 é aplicável a gastos com publicidade, treinamento, pré-operacionais, pesquisa e desenvolvimento, patentes, licenças, filmes cinematográficos, software, conhecimento técnico, franquias, fidelidade de clientes, participação no mercado, lista de clientes e itens similares. (LEMES, CARVALHO, 2010). Quando existirem dúvidas se determinado ativo intangível deve ser tratado pela IAS 38 ou por outra norma em função de esse ativo estar contido em elementos tangíveis (por exemplo, um software de um computador, contratos de licença e filmes), a entidade deve usar de julgamentos para avaliar qual é mais significativo. No caso, por exemplo, de um software, a entidade deve tratar o item todo como um imobilizado e seguir a IAS 16 (Imobilizado). Por outro lado, softwares instalados em um computador, como um programa para geração de relatórios ou um programa antivírus, que não são essenciais para o funcionamento do computador, devem ser tratados como um ativo intangível de acordo com a IAS 38. (LEMES e CARVALHO, 2010). A NIC 38 tem como objetivo segundo (DELOITTE, 2011) estabelecer o tratamento contábil para o reconhecimento, a valorização e a divulgação dos ativos intangíveis que não estão contemplados especificamente em outra NIC. Em geral, o custo de um ativo intangível com vida útil definida se amortiza ao longo do dito período, se o ativo intangível tem o seu preço cotado em um mercado ativo, se permite eleger uma prática contábil baseada no modelo de reavaliação. (DELOITTE, 2011). 13 9 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Segundo Iudícibus (2010) Patrimônio Líquido (PL) é a diferença, em determinado momento, entre o valor do ativo e do passivo, atribuindo-se a este último à conotação restritiva de dívidas e obrigações. Diferencia-se do passivo pelo fato de normalmente os direitos de os acionistas serem residuais aos dos credores; os valores a serem recebidos pelos beneficiários são determinados com menor grau de certeza; não há obrigação para pagamento de valores (não exigíveis), salvo nos casos de dividendos obrigatórios ou retirada do sócio da sociedade; e por não haver uma data determinável para vencimento das obrigações para com os sócios. Segundo Niyama e Silva (2010) as teorias do PL influenciam os procedimentos contábeis, sendo uma referência para a apresentação das demonstrações financeiras. Isto ocorre devido ao fato de que cada teoria interpreta a posição econômica de uma entidade de maneira diferente, interferindo em sua evidenciação. Deste modo, surge à necessidade de se optar por uma das teorias para garantir uma consistência na apresentação das demonstrações financeiras. 10 ATIVO CIRCULANTE Marion (2009) aponta o ativo circulante ou corrente como bens e direitos de curto prazo. Os itens que atendem a essa classificação se caracterizam por retratar a situação dos elementos relacionados ao caixa e a outros disponíveis, sendo os recursos identificados com base na obtenção de um resultado financeiro imediato, em dinheiro. Hendriksen e Van Breda (2009, p. 345), revelam que o “Ativo circulante é definido como caixa e outros ativos ou recursos comumente identificados como sendo aqueles que razoavelmente se espera sejam realizados em dinheiro ou vendidos ou consumidos durante o ciclo operacional normal da empresa”. Marion (2009) analisa dois aspectos distintos ao tratar do ativo não circulante: o prazo a ser cumprido, que ocorre após o exercício seguinte, e a classificação de itens como vendas a receber, empréstimos a sociedade coligadas ou controladas. Para Szuster et al. (2010, p. 38) “o ativo representa de forma estática, os bens e os direitos da entidade, ou seja, tudo o que a 14 empresa possui (caixa, máquinas, prédios, terrenos, estoques, material de escritório, etc.) e tudo o que lhe é devido (contas a receber) ”. Segue abaixo o gráfico com os dados coletados na pesquisa realizada juntamente com a empresa BRF da região de Marau R/S. Não Circulante Inatingíveis 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Controladora 1.531.933 1.589.288 1.658.068 4.096.664 4.084.139 3.445.090 Consolidado 4.276.463 4.247.264 4.386.099 4.751.661 4.757.922 4.328.643 Figura 1 : Não Circulante Inatingíveis 5.000.000 4.276.463 4.247.264 4.386.099 4.751.661 4.757.922 4.500.000 4.328.643 4.096.664 4.000.000 4.084.139 3.500.000 3.445.090 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.531.933 1.589.288 1.658.068 1.000.000 500.000 0 2009 Consolidado 2010 2011 2012 Controladora Controladora 2013 2014 Consoli dado FONTE: Dados da pesquisa (2015) Portanto, o gráfico as Demonstrações Contábeis Consolidadas são aquelas resultantes da agregação das demonstrações contábeis, estabelecidas pelas Normas Brasileiras de Contabilidade, de duas ou mais entidades, das quais uma tem o controle sobre a outra. Os ativos não circulantes intangíveis independentemente de estarem contabilizados possuem valor e podem agregar vantagens competitivas, tal como é o caso de uma marca. 15 Segue abaixo o gráfico com os dados coletados na pesquisa realizada juntamente com a empresa BRF da região de MarauR/S. Patrimônio Líquido 2009 Controladora 12.990.938 13.628.967 14.070.340 14.538.528 14.655.071 15.590.477 Consolidado 12.995.659 13.636.518 14.109.917 14.576.040 14.696.154 15.689.943 2010 2011 2012 2013 2014 Figura 2: Patrimônio Líquido 15.689.943 1 4.109.91714.576.04014.696.154 13.636.518 12.995.659 16.000.000 14.000.000 12.000.000 10.000.000 8.000.000 14.070.34014.538.52814.655.07115.590.477 13.628.967 12.990.938 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 2009 Consolidado 2010 2011 2012 Controladora Controladora 2013 2014 Consolidado FONTE: Dados da pesquisa (2015) No Patrimônio Líquido da empresa são computados o capital social, integralizado pelos acionistas por meio de contribuição, os lucros acumulados, as contas de reservas que podem ser constituídas. Também representa o investimento dos proprietários na empresa e as reservas de lucro e caixa que ela possui. Segue abaixo o gráfico com os dados coletados na pesquisa realizada juntamente com a empresa BRF da região de MarauR/S. 16 Ativo Circulante 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Controladora 4.165.558 4.093.850 4.733.378 9.352.151 10.570.290 13.853.499 Consolidado 10.677.939 10.020.699 11.123.751 11.589.980 13.242.523 17.488.245 Figura 3: Ativo Circulante 17.488.245 18.000.000 16.000.000 14.000.000 12.000.000 10.677.939 11.123.751 11.589.980 10.020.699 10.000.000 9.352.151 13.242.523 13.853.499 10.570.290 8.000.000 6.000.000 4.165.558 4.000.000 4.093.850 4.733.378 2.000.000 0 2009 Consolidado 2010 2011 2012 Controladora Controladora 2013 2014 Consolidado FONTE: Dados da pesquisa (2015) O Ativo Circulante podemos analisar as contas contábil que registra as disponibilidades, de caixa, bancos conta movimento e aplicações financeiras, os títulos negociáveis como duplicatas a receber, os estoques e outros créditos de realização a curto prazo, como adiantamento a fornecedores e empregados. A entidade exerce o controle sobre outra é denominada de controladora, e a entidade comandada, de controlada, inclusive quando esta estiver sob controle conjunto. A entidade possui investimento em entidade controlada, incluindo as sob controle conjunto, elaborando as demonstrações contábeis consolidadas. 17 11CONCLUSÃO Esta pesquisa surgiu do interesse do grupo em compreender a visão e a importância da sociedade e dos profissionais da contabilidade. Conseguindo esclarecimentos sobre diversos aspectos que envolva as novas Leis de Adoção das Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil, também conhecidas como Internacional Financial Reporting Standards (IFRS). Com o objetivo principal de comentar as principais mudanças ocorridas recentemente nas suas práticas contábeis, juntamente com os efeitos esperados na qualidade da informação e também focando os mais relevantes em termos do reconhecimento, da mensuração e da divulgação dos eventos econômicos que afetam o patrimônio de uma empresa. Consideramos que, essas importantes alterações visam melhorar a qualidade da informação contábil divulgada, e a consequência mais contundente se dá no âmbito cultural, visto que a contabilidade hoje no Brasil está muito mais focada na interpretação dos pronunciamentos do CPC. O presente trabalho desenvolvido é um assunto de extrema importância para os contabilistas e empresas de capital aberto. Sabemos que as práticas contábeis são utilizadas cada vez mais como uma ferramenta imprescindível nas corporações. E no Brasil, a contabilidade vem se destacando e os profissionais desta área procuram aprofundar seus estudos para aplicá-las e também fornecer informações, visando sempre melhorias de resultados. As normas internacionais de contabilidade, influenciaram diretamente para que a empresa BRF, conquistasse grande valorização na bolsa de valores, bem como para a gestão de controles internos determinada conforme necessário para permitir a preparação das demonstrações financeiras, já que a mesma obteve um dos maiores avanços na execução de uma das mais complexas fusões de empresa do mundo. Por fim, vale salientar que o processo de convergência às normas internacionais iniciado em 2008, com obrigatoriedade de adoção e divulgação a partir das demonstrações contábeis referentes ao exercício de 2010, não se deu de forma tão traumática, como muitos imaginaram, mas podemos assumir que está consumindo bastante energia dos contadores e dos órgãos reguladores, visto que a aplicação dos pronunciamentos requer a adapta. Concluímos que a BRF Brasil Foods uma empresa de grande porte no Brasil e no exterior citada como exemplo no trabalho, tem saldos positivos com as normas de contabilidades internacionais. Desde o seu surgimento em 2009 seus números nas 18 demonstrações só favoreceram ao mercado. A empresa cresce a cada ano proporcionando mais trabalho as pessoas. Contudo sempre mantendo as demonstrações contábeis de acordo com as normas e práticas adotadas no Brasil. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, N. 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