PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA ADAPTAÇÕES CELULARES Após a formação de um tecido as células podem continuar a se dividir continuamente, (células lábeis), eventualmente (células estáveis), ou perdem esta capacidade (células permanentes). Esta capacidade está geralmente associada a diferenciação celular. As células nervosas não se dividem, enquanto que as do epitélio de revestimento e sangüíneas são constantemente renovadas. Fibroblastos e hepatócitos se dividem rapidamente apenas quando são estimulados. As células podem sofrer modificações bioquímicas e morfológicas quando submetidas a estímulos fisiológicos e patológicos, dependendo de sua capacidade de resposta e adaptação. Deve-se também considerar que os cânceres mais freqüentes são oriundos de células lábeis, ou seja, são carcinomas da pele, cervix, boca, pulmão, próstata e mama. Hipertrofia Hipertrofia é o aumento do tamanho das células e consequentemente do tecido ou órgão. A hipertrofia é causada por demanda funcional maior ou estimulação hormonal. As fibras musculares estriadas cardíacas e esqueléticas aumentam de tamanho quando estimuladas por maior demanda. O aumento da massa muscular do halterofilista, ou do coração em hipertensos ou com valvopatias são bons exemplos. Em pacientes hipertensos o coração bombeia o sangue para a aorta com maior força, sofrendo hipertrofia. O peso normal do coração é 350g, podendo atingir até 700-800g no indivíduo hipertenso. Na gravidez, o útero sofre concomitantemente hipertrofia e hiperplasia das células musculares lisas pelos hormônios estrogênicos. A hipertrofia do músculo masseter pode ser confundida clinicamente com aumentos tumorais da glândula parótida. O aumento de volume gengival, causado pela fibromatose gengival hereditária ou pelo tratamento com ciclosporina ou dilantina sódica, não se caracteriza bem como hipertrofia ou hiperplasia. Nestes casos acontece ao mesmo tempo um aumento no número de fibroblastos gengivais e da matriz extracelular que os circunda. Hiperplasia Crescimento de um tecido ou órgão pelo aumento do número de células. Ocorre em células com capacidade de mitose, quando estimuladas para maior atividade. As células lábeis e estáveis, como da epiderme e fibroblastos, podem sofrer intensa hiperplasia. As permanentes como as musculares cardíacas e esqueléticas respondem com hipertrofia. A hiperplasia fibrosa inflamatória é uma das alterações mais freqüentes da mucosa bucal. Deve ser ressaltado que a hiperplasia, ao contrário da neoplasia, regride uma vez cessado o estímulo causador. Hiperplasia hormonal Proliferação do epitélio glandular da mama na puberdade e gravidez. Como citado anteriormente, proliferação e hipertrofia das células musculares lisas ocorrem concomitantemente no útero grávido. Na gravidez também há maior produção de TSH, resultando em hiperplasia da tireóide. No ciclo menstrual há hiperplasia das glândulas do endométrio. Hiperplasia compensatória Como na regeneração hepática que ocorre após a hepatectomia parcial. No rato a regeneração total ocorre em 2 semanas, após remoção de 2/3 da massa hepática. Quando há remoção de um rim, o outro sofre hiperplasia ("Prometeu - roubou o fogo dos deuses e trouxe PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA aos mortais - foi preso a uma montanha, o seu fígado era diariamente devorado por abutres, e se regenerava a cada noite"). Hiperplasia nodular A hiperplasia geralmente afeta o órgão como um todo, entretanto pode ocorrer em nódulos, podendo ser considerado como processo patológico, e se necessário pode ser removido cirurgicamente. Ocorre na próstata, tireóide, adrenal e mama. Metaplasia É a transformação de uma célula ou tecido em outro com características diferentes. A metaplasia pode ser considerada como uma adaptação da célula a estímulos adversos. Ocorre nas vias respiratórias quando por irritação crônica (fumo), o epitélio pseudo-estratificado ciliado se transforma em epitélio escamoso. Cálculos dos ductos excretores das glândulas salivares, pâncreas ou vias biliares podem causar a substituição do epitélio colunar por escamoso. Na bexiga, a presença de cálculo estimula o epitélio de transição (células cuboidais) a se tornarem escamosas. A metaplasia escamosa pode favorecer a formação de carcinomas de células escamosas (neoplasia maligna originada nas células escamosas). A metaplasia é menos comum nas células mesenquimais. Fibroblastos podem transformar-se em osteoblastos e material calcificado pode ser encontrado em tecidos moles como a gengiva (metaplasia óssea). Os fatores que controlam as respostas celulares como hiperplasia, hipertrofia e metaplasia não são bem conhecidos, sendo diferentes em cada tipo de tecido. Provavelmente os fatores de crescimento participam deste processo, como EGF (“epidermal growth factor”), FGF (“fibroblast growth factor”) e TGFβ (“tumor growth factor”). Estes, através de seus respectivos receptores celulares, ativam proto-oncogenes, que por sua vez que têm a capacidade de estimular a proliferação celular. Displasia (formação anormal, mal formado, desenvolvimento desordenado) São alterações citológicas atípicas no tamanho e forma das estruturas celulares. É comum no epitélio do cervix uterino, no carcinoma "in situ". As células basais sofrem hiperplasia, com maturação desorganizada das células nas camadas mais superficiais. Estas alterações são consideradas como precursoras do carcinoma. Displasia também ocorre no epitélio metaplásico das vias respiratórias devido ao tabagismo. As displasias são consideradas como alterações pré-cancerosas. Há perda da arquitetura do tecido epitelial e da uniformidade das células. Anaplasia Reversão da célula a sua forma mais primitiva e indiferenciada. Anaplasia é o termo usado para células cancerosas que não sofreram diferenciação a partir das células que se originaram. Neoplasia (crescimento novo) Crescimento celular desordenado e autônomo, sem finalidade biológica. Agenesia Ausência de formação de um órgão ou tecido. Agenesia dentária. Aplasia PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA Formação rudimentar de um órgão (atrofia congênita). Usado às vezes como sinônimo de agenesia. Hipoplasia Formação deficiente de um órgão ou tecido que pode ou não funcionar. Ex: Hipoplasia de esmalte Distrofia (nutrição difícil) Qualquer desordem causada por falta de nutrição. Ex: Distrofia muscular. Teratoma Formação de tecido por células das três camadas germinativas, a partir de células totipotenciais, como as das gônadas. Formam vários tecidos, como pele, músculo, gordura e dente. É comum o teratoma dermóide cístico do ovário (cisto dermóide) que contém pele com pelos, secreções sebáceas, e estruturas dentárias. 95% dos teratomas ovarianos são benignos, mas 1% sofre transformação maligna de um de seus elementos, geralmente para carcinoma epidermóide. Ocorrem em mulheres jovens. Os teratomas encontrados em crianças são do tipo sólido e imaturo e geralmente malignos. Hamartoma Formação excessiva de células e tecidos normais, com arquitetura diferente do normal. Os hamartomas muitas vezes são considerados neoplasias benignas, mas devem ser considerados como alterações do desenvolvimento, como os hemangiomas e linfagiomas congênitos. Os hemangiomas congênitos podem sofrer regressão espontânea. Coristoma Células e tecidos normais em localizações não habituais (Heterotópico). Resto de tecido pancreático na parede do estômago ou intestino, ou células da supra-renal nos rins, ou ainda formação de tecido ósseo na língua. Raramente causam problemas. Adaptações do epitélio 1 - Ortoqueratina - queratina de aspecto homogêneo, hialino e acelular, normalmente encontrada no epitélio da pele e mucosa mastigatória da boca. Geralmente é simplesmente chamada de queratina. O aumento de espessura da camada de queratina, como ocorre nas leucoplasias e "calos", é chamado de Hiperqueratose. A hiperqueratose também pode ocorrer em epitélios paraqueratinizados. 2 – Paraqueratina - em epitélios de mucosa móvel, como da bochecha, ventre de língua e assoalho bucal, a queratina tem uma maturação menos completa, com presença de núcleos na camada córnea. É então chamada de paraqueratina, e o aumento da espessura de hiperparaqueratose. 3 - Disqueratose ( dis- ruim, difícil) Termo usado, às vezes, para descrever queratinização precoce e atípica das células epiteliais. Ex.: disqueratose focal acantolílica. 4 – Espongiose - Edema intercelular da epiderme. PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA 5 – Acantose (Akantha - espinho - Ake - pontiagudo - acupuntura) - aumento de espessura da camada espinhosa do epitélio. 6 – Acantólise - perda de adesão das células do epitélio, como no pênfigo. 7 – Coilocitose (coil - concêntrico, anel) - células epiteliais vacuolizadas, com núcleo picnótico, hipercromático, citoplasma ligeiramente hialino devido a infecção viral. Ex. condiloma ou verruga devido a infecção viral. 8 – Hiperplasia pseudo-epiteliomatosa - proliferação epitelial acentuada e irregular com projeções profundas no conjuntivo subjacente, lembrando epitelioma. Ex.: paracoccidioidomicose, glossite rombóide. 9 - Exocitose - presença de leucócitos infiltrando o epitélio. 10 - Lentiginoso - proliferação de melanócitos na camada basal do epitélio. ACÚMULO DE PIGMENTOS Os pigmentos são substâncias coradas, de origem endógena ou exógena, que se acumulam dentro e eventualmente fora das células. Carvão Partículas de carvão inaladas, se acumulam nos pulmões (antracose) e são transportadas pelos macrófagos aos nódulos linfáticos da região traqueobrônquica. Os pulmões normalmente são róseos, mas invariavelmente tem coloração escura nos habitantes de cidades com poluição ambiental. Tatuagem A tatuagem é uma pigmentação da pele por pigmentos exógenos. Os pigmentos são fagocitados por macrófagos. Lipofuscina (fuscus - marrom) A lipofuscina é um pigmento marrom associado ao desgaste celular. Representa resíduos de vacúolos autofágicos contendo complexos lipoprotéicos que se acumulam nas regiões perinucleares, onde não há miofibrilas. Ocorre principalmente em células cardíacas e hepáticas devido ao envelhecimento, desnutrição, e câncer. O coração e o fígado podem estar atróficos (atrofia parda). A lipofuscina não prejudica as funções celulares. Melanina (melan - preto) A melanina é um pigmento endógeno formado pela oxidação da tirosina em diidroxifenilanina nos melanócitos. Vitiligo Manchas claras na pele. Ocorre em cerca de 1% da população. Sugere-se que há acúmulo de enzima tetrahidrobiopterina que regula a ação da tirosina. Não há cura para o vitiligo. Para estimular a repigmentação usa-se a luz ultravioleta e esteróides. PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA Hemossiderina Derivada da hemoglobina e de coloração amarelo-marrom. Microscopicamente pode ser corada em azul pela técnica do Azul da Prússia. Em áreas hemorrágicas há acúmulo de hemossiderina dentro ou fora de macrófagos. A área passa por várias tonalidades - VRAVA Vermelho, Roxo, Azul, Verde e Amarelo. A hemoglobina é transformada em biliverdina, bilirrubina e hemossiderina. As hemácias são destruídas no baço, fígado e medula óssea, e hemossiderina pode ser detectada nestes órgãos. A hemossiderina também se acumula na hemossiderose (hemocromatose). Bilirrubina A bilirrubina é encontrada normalmente na bile, não contendo ferro. Em casos de obstrução à saída da bile, a bilirrubina é encontrada nos sinusóides biliares, células de Kupfer e hepatócitos, como um pigmento verde amarronzado. A hiperbilirrubinemia (concentração excessiva de bile no sangue) associada à deposição de bilirrubina na pele, mucosas e esclerótica ocular, resultando em aparência amarelada do paciente, é chamada de icterícia. Se a icterícia for intensa e prolongada, o pigmento pode se depositar inclusive dentina (dentes com coloração esverdeada). Amálgama Partículas de amálgama são freqüentes na mucosa bucal devido as restaurações dentárias. A coloração é preta, e são encontradas em macrófagos e tecidos perivasculares. DEPÓSITOS INTRA E EXTRA CELULARES Lipídeos O termo metamorfose gordurosa (esteatose) significa o acúmulo anormal de gordura (triglicerídeos derivados de ácidos graxos) nas células parenquimatosas. Muitas células normalmente contém gordura no citoplasma: células adiposas, córtex da supra renal, corpo amarelo do ovário, intersticial do testículo. A esteatose ocorre em órgãos que metabolizam gordura, como o fígado, coração e rins. O mais freqüentemente afetado é o rim. Os lipídios, do tecido adiposo na forma de ácidos graxos e da dieta na forma de quilomicrons (triglicerídio, fosfolipídio e proteína), são esterificados em triglicerídios no fígado. O triglicerídio é secretado pelo fígado na forma de lipoproteína. De um modo geral qualquer alteração do metabolismo lipídico pode causar acúmulo intracelular, como nos exemplos abaixo. Dependendo da gravidade a alteração é reversível. Diabete Ac. graxo PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA Jejum esterificação de FFA para triglic. Acúmulo de Triglic. Etanol oxidação de FFA para acetil-CoA Hipóxia Toxinas (CCl4, clorofórmio, etanol) Malnutrição apoproteina (FFA = “free fat acid”; ácido graxo livre) Álcool Altera as funções dos hepatócitos de forma múltipla. É a causa mais comum de esteatose. Ocorre devido a deficiência de proteínas. O álcool é uma hepatotoxina, e as mulheres parecem ser mais suscetíveis. A toxicidade do etanol é devida provavelmente ao acetaldeído formado. Se a ingestão for de grande quantidade pode desenvolver hepatite, com necrose celular e aumento de transaminases, processo também reversível. A esteatose pelo álcool é reversível. Hialinização Hialinização é a transformação de proteínas intra e extracelulares em material homogêneo, vítreo e róseo, nos cortes corados com H E. Hialinização intracelular - gotículas nas células renais em casos de proteinúria - corpúsculo de Russell. São inclusões eosinofílicas dos plasmócitos, dentro de vesículas do RER. São oriundos do acúmulo de anticorpos não secretados. - inclusões citoplasmáticas ou nucleares (corpos esonofílicos envolvidos por halo claro, vistos em infecções virais) - corpúsculo de Mallory – alcoolismo – acúmulo de filamentos de queratina e outras proteínas, observados como inclusões citoplasmáticas eosinofílicas nos hepatócitos. - corpúsculo de Councilman -– corpúsculos arredondados e acidófilos, presentes nos hepatócitos de pacientes portadores de hepatite viral e febre amarela - corpúsculo de Negri - na raiva (causada por um vírus RNA de fita simples com envelope, da famíla Rhabdoviridae) - inclusões citoplasmáticas redondas ou ovais, vistos no citoplasma e às vezes nos prolongamentos celulares de células nervosas (neurônios do tronco cerebral, particularmente no hipocampo, e células de Purkinje do cerebelo). Hialinização extracelular Geralmente consiste na deposição de material fibrilar protéico, em substituição ao parênquima tecidual. São exemplos: - cicatrizes antigas - arterioesclerose, arterioloesclerose PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA - hialinização de glomérulos renais em lesões crônicas - necrose por coagulação - órgãos atróficos - substituição do parênquima por tecido fibroso hialinizado, como no ovário. - fibrina Calcificações Calcificação distrófica Deposição de sais de cálcio em tecidos atrofiados ou necrosados. Macroscopicamente aparecem como grânulos brancos. Histologicamente se coram num tom azulado com a hematoxilina. São comuns na polpa dental e na ateroesclerose. No carcinoma papilar da tiróide formam-se esférulas calcificadas laminadas chamadas de Corpúsculo de Psamoma, devido a semelhança com grãos de areia (Psammos, do grego, significa areia). Na Arteriosclerose de Mönckeberg há calcificação da camada média das artérias musculares. Não tem maior significado clínico. Calcificação Metastática Ocorre em tecidos normais em casos de hipercalcemia, como hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, hipercalcemia idiopática da infância, doença de Addison, aumento do catabolismo ósseo associado a tumores intra-ósseos (ex: mieloma múltiplo, metástases), e leucemia. A calcificação metastática pode ocorrer em qualquer parte do corpo, afetando principalmente vasos sanguíneos, rins, pulmões e mucosa gástrica. Os sais de cálcio precipitados têm aspecto semelhante aos da calcificação distrófica. Normalmente não há conseqüências clínicas graves em decorrência das calcificações metastáticas. Entretanto, um grave envolvimento pulmonar pode causar insuficiência respiratória e nos rins pode haver falha renal. Calcinose – termo usado para descrever a calcificação na pele. Amiloidose O termo amilóide foi usado por Rudolph von Virchow em 1853 quando observou no reino animal uma substância que reagia com o iodo, de forma semelhante ao amido. A substância amilóide é de natureza protéica, homogênea e vítrea. Cora-se em róseo com o vermelho congo, apresentando birrefringência de cor esverdeada. Na microscopia eletrônica tem aspecto fibrilar. A amiloidose pode ser encontrada sem causar manifestações clínicas, ou pode causar a morte. O prognóstico da amiloidose generalizada não é bom. Composição química 90% do amilóide são proteínas fibrilares, e o restante é glicoproteína. Amilóide Leve (AL), Amilóide Associada (AA). A AL é sintetizada por linfócitos B, correspondendo a cadeias leves de imunoglobulinas, como ocorre no mieloma múltiplo. A AL é derivada das cadeias leves circulantes, sendo chamada de proteína de Bence-Jones. A AA consiste de 76 amino ácidos e é sintetizada no fígado. Outras proteínas podem estar presentes no amilóide: - transtiretina - proteína sérica normal que transporta tiroxina e retinol. - β2- microglobulina - componente do MHC - I PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA - Proteína β2 amilóide - na doença de Alzheimer (A5 - amilóide senil) - componente P - constitui 10% do amilóide - proteína prion celular (PrPc) – se deposita na forma de amilóide quando se transforma em prion “scrapie” ou infeccioso (PrPsc), nas doenças neurodegenerativas associadas aos prions. Classificação Amiloidose Sistêmica - envolve vários órgãos Amiloidose Localizada - limita-se a um único órgão A sistêmica pode estar associada a doenças como: Mieloma múltiplo - proteína principal é AL. No soro as cadeias leves da Imunoglobulina são chamadas de Proteína de Bence-Jones, e são excretadas pela urina. Todos os pacientes com mieloma têm proteína Bence-Jones no soro e na urina, mas apenas 10% amiloidose. Amiloidose primária - quando há deposição de amilóide do tipo AL, em vários órgãos, mas aparentemente sem doença associada. Reativa - (ou Amiloidose Secundária) - a proteína principal é AA. É secundária a inflamações crônicas (tuberculose, osteomielite, artrite reumatóide) e cânceres (carcinoma de célula renal e doença de Hodgkin). Vários órgãos são envolvidos, como fígado, baço, rins, gânglios e supra-renais. A amiloidose renal é a principal causa de morte, envolvendo principalmente os glomérulos. Amilóide das doenças causadas por prions - a degeneração e a deposição de material amilóide no sistema nervoso central são características comuns de algumas doenças que atingem o homem (kuru, doença de Creutzfeldt-Jakob - CJD, doença de GerstmannSträussler-Scheinker - GSS e insônia familial fatal - FFI) e animais (scrapie, encefalopatia bovina espongiforme, encefalopatia transmissível do visão e doença debilitante crônica). Destas, CJD, GSS e FFI são os únicos exemplos conhecidos até o momento de doenças humanas hereditárias e ao mesmo tempo infecciosas. Embora a etiologia deste grupo de doenças tenha permanecido obscura durante muitos anos, sendo atribuída à infecção por vírus ou viróides, sabe-se hoje que elas são causadas pelo acúmulo intracerebral progressivo de uma proteína extremamente insolúvel conhecida como prion. O prion infeccioso (PrPsc) é uma isoforma da proteína prion celular (PrPc), expressa normalmente em diversos tecidos, principalmente no tecido nervoso (neurônios e células gliais). É também extremamente insolúvel, com características típicas de amilóide (coloração pelo vermelho Congo e PAS e birrefringência sob microscopia de luz polarizada). A função do PrPc é ainda desconhecida, embora sua participação em processos como interação célulacélula, célula-matriz extracelular ou mesmo na regulação da expressão de receptores para neurotransmissores já tenha sido sugerida. Doenças causadas por prions: Scrapie: O scrapie é uma doença neurodegenerativa causada por prions, conhecida há mais de 200 anos, que afeta cabras e ovelhas. Os animais comprometidos por esta doença apresentam excitabilidade, coceira, ataxia e paralisia, morrendo em pouco tempo. PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA Encefalopatia espongiforme bovina: Também conhecida como “doença da vaca louca”) é uma doença do sistema nervoso central de bovinos provocada por prions, que surgiu no Reino Unido por volta de 1986. Em 1987 foram confirmados 9 casos da doença, enquanto que até o final de 1994 já tinham sido registrados 138.359 casos. A epidemia provavelmente se iniciou no ano de 1981, quando foram introduzidas vísceras de carneiros e ovelhas na ração do gado britânico. A possibilidade de transmissão desta doença do gado para o homem provocou uma grande redução na importação de carne britânica, principalmente pela França e Alemanha, causando sérios problemas econômicos para o Reino Unido. A hipótese mais plausível para a etiologia da BSE é a exposição do gado ao prion proveniente de ovelhas e carneiros portadores de scrapie, embora exista a possibilidade de ocorrência natural da doença. Trabalhos analisando o risco de ocorrência de BSE estão sendo atualmente conduzidos nos EUA, Argentina e Espanha, tendo-se em vista alguns relatos esporádicos da doença fora do Reino Unido. Kuru: Doença neurológica que atingiu, na década de 50, nativos do grupo lingüístico Fore e tribos vizinhas, em Papua Nova Guiné. A palavra kuru significa tremer, no dialeto Fore. A maioria das evidências indica que o kuru se disseminou neste conjunto de tribos devido a prática de rituais canibalísticos, principalmente por mulheres e crianças, que tinham o costume de comer as vísceras (inclusive o cérebro) de seus parentes mortos como demonstração de respeito. Provavelmente, durante os rituais canibalísticos ocorreu a ingestão de vísceras de algum portador de CJD, o que provocou a epidemia. Histologicamente o kuru é semelhante as outras doenças deste grupo, caracterizando-se pela presença de alterações espongiformes, astrogliose e deposição de placas amilóides na maioria dos casos (“kuru plaques”), principalmente no cerebelo. Com a extinção do canibalismo nestas tribos por volta de 1960, houve uma rápida redução na incidência do kuru. Doença de Creutzfeldt-Jakob: Os primeiros casos de uma doença neurodegenerativa humana chamada de doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), foram relatados em 1920 por H.G. Creutzfeldt e em 1921 por A. Jakob. A transmissibilidade da CJD entre seres humanos já foi descrita: uma paciente com 55 anos de idade se infectou através de um transplante de córnea proveniente de um doador com CJD, apresentando dezoito meses depois, letargia, ataxia e rápida deterioração neurológica. Aproximadamente 15% dos casos de CJD têm caráter familial autossômico dominante, sendo os demais casos esporádicos. Portanto, a CJD é, ao mesmo tempo, uma doença hereditária e infecciosa. Insônia familial fatal: A insônia familial fatal foi descrita pela primeira vez em 1986 e está associada a uma mutação no codon 178 do gene que codifica a proteína prion. Clinicamente a FFI é caracterizada por distúrbios do sono e do sistema autônomo. A doença se manifesta em média aos 48 anos de idade e a sua duração é de cerca de 13 meses. Doença de Gerstmann-Sträusller-Scheinker: A doença de Gerstmann-SträusslerScheinker é uma alteração autossômica dominante rara do sistema nervoso central, caracterizada principalmente por anormalidades motoras e intelectuais. Histologicamente se caracteriza pela deposição de uma substância amorfa, com características de amilóide no cérebro. Buracos no córtex cerebral (alteração espongiforme) são também freqüentemente observados. A análise microscópica de material proveniente de pacientes portadores de GSS demonstrou que a deposição de material amilóide é um achado constante, ao contrário da degeneração espongiforme. Estas placas amilóides reagem positivamente com anticorpo antiprion em reações imunohistoquímicas. PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE I, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA Objetivos - Adaptações Celulares 1. Comente e exemplifique células lábeis, estáveis e permanentes. 2. Conceitue e exemplifique hipertrofia. 3. Conceitue hiperplasia. 3. Exemplifique hiperplasia hormonal e compensatória. 4. Discuta hiperplasia nodular de próstata, mama e tireóide. 5. Que é metaplasia? Exemplifique. 6. Que são células displásicas? 7. Conceitue e exemplifique- anaplasia, neoplasia, agenesia, aplasia, hipoplasia, distrofia. 8. Descreva as características de teratoma do ovário. 9. Discuta se hemangioma e linfangioma congênito são hamartomas. 10. Que é coristoma? 11. Explique as principais adaptações do epitélio- ortoqueratina, paraqueratina, disqueratose, espongiose, acantose, acantólise, coilocitose, hiperplasia pseudo-epiteliomatosa, exocitose, lentiginose. 12. Comente as características clínicas e microscópicas e exemplifique - antracose, tatuagem, tatuagem por amálgama, pigmentação melânica na gengiva. 13. Descreva a evolução clínica e microscópica de um hematoma. 14. Dê as principais características do vitiligo. 15. Comente o acúmulo de bilirrubina na icterícia. 16. Conceitue e exemplifique metamorfose gordurosa. 17. Discuta a metamorfose gordurosa no alcoolismo. 17. Conceitue hialinização e descreva os aspectos morfológicos. 18. Exemplifique e explique hialinização intracelular. 19. Exemplifique e explique hialinização extracelular. 20. Descreva como ocorre descalcificação distrófica. 21. Que é calcificação metastática. 22. Conceitue amiloidose. 23. Discuta a formação de amiloidose no mieloma múltiplo. 24. Que é amiloide leve e associada? 25. Que é amiloidose sistêmica, localizada, primária e reativa? 26. Quais as características morfológicas da substância amilóide? 27. Comente hipertrofia do masseter. 28. Discuta se o aumento de volume gengival hereditário ou causado pela ciclosporina ou dilantina é hiperplasia ou hipertrofia. 29. Que é hiperplasia fibrosa da mucosa bucal? 30. Descreva o amilóide encontrado nas doenças causadas por prions.