PAINEL AGRONÔMICO ARGENTINOS TÊM PRODUTIVIDADE RECORDE: 6.376 QUILOS DE SOJA POR HECTARE Um estabelecimento rural de Capitão Sarmento, na Argentina, obteve um rendimento de 6.376 quilos de soja por hectare, em recente concurso realizado pela Cyanamid naquele país. “A chave é o plantio direto, que nos permite acumular água no perfil e melhorar a qualidade do solo”, explicou Andrés Fernández Madero, que administra os 8.000 hectares pertencentes à empresa agropecuária Implante S/A. Segundo ele, a agricultura na propriedade é feita permanentemente na rotação trigo/soja/milho. O lote ganhador teve uma variante nova: foi incluída aveia após a colheita do milho. E nos últimos dias de setembro fez-se uma dessecação com Roundup. O solo é ocupado entre abril e agosto, e ganha melhoria em sua estrutura. A soja foi plantada em fins de outubro, com variedade do grupo 5 curto. Antes do plantio foi aplicado o herbicida Alteza visando obter um controle prolongado das doenças, e mais nenhuma outra aplicação foi necessária. Fernández Madero considera que o recorde também foi favorecido por haver sido obtido num campo que se iniciou no ciclo agrícola depois de muitos anos de atividade leiteira. Ele está convencido de que em lotes utilizados com plantio direto gera, em pouco tempo, uma aspiral ascendente nos índices de produtividade (Revista Batavo, Carambeí, n.93, p.6, 1999). A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA IRRIGADA Segundo Bernard Leslier Kiep, presidente da Valmont, Indústria de Equipamentos de Irrigação e da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação da Abimaq/Sindimaq, “a água se tornará, para as próximas gerações, muito mais imprescindível para a economia do que hoje é o petróleo. A área irrigada no Brasil corresponde a apenas 5% da área total efetivamente cultivada. Entretanto, esses 5% irrigados são responsáveis por 35% de toda a produção agrícola do país. Também nos outros países essa comparação é bastante expressiva. Segundo dados da ONU, em todo o mundo a irrigação é empregada em 15% do total da área cultivada. Contudo, esses 15% irrigados são responsáveis por 40% de toda a produção agrícola do planeta. Desse modo, não vemos a necessidade de se criar novas áreas agrícolas no mundo e, em especial no Brasil, já que podemos otimizar as áreas já existentes, dando conhecimento aos agricultores do potencial da irrigação e permitindo o acesso destes aos financiamentos necessários para possibilitar a modernização das suas propriedades” (Panorama Rural, n.2, abril/1999. p.98). LEITE PODE SUBSTITUIR FUNGICIDA Testada pela Embrapa, uma solução contendo 10% de leite e 90% de água mostrou-se eficaz no combate ao oídio, doença que causa muitos problemas aos produtores de pepinos e de abobrinhas. A descoberta foi feita pelo pesquisador Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, interior de São Paulo. O fungo causador do oídio, Spaerotheca fuliginea, aparece como um pó branco nas folhas de pepinos e de abobrinhas. Ele danifica as plantas, fazendo com que as folhas fiquem enrugadas. 12 Atualmente, apenas fungicidas químicos estão disponíveis no mercado para combater a doença. Bettiol estava buscando maneiras baratas de controlar a doença e observou que subprodutos do processamento do leite acabavam com o oídio em abobrinhas. Decidiu pulverizar leite fresco nas plantas e ficou surpreso ao saber dos resultados. Aplicando a solução duas vezes por semana em plantas altamente infectadas, ele obteve um desempenho ao menos tão bom quanto o obtido por meio de fungicidas químicos. Muitas vezes, o leite se mostrou mais rápido e mais eficiente (Batavo, n.95, p.6, 1999). FEIJÃO IRRIGADO: AS VANTAGENS DE COLHER A TERCEIRA SAFRA O feijão começa a apresentar resultados comerciais significativos em uma nova época de colheita: a terceira safra. Realizada no período da seca em propriedades rurais dotadas de sistemas de rotação de culturas irrigadas, tem alcançado índices de produtividade e lucratividade elevados. Em Goiás, o volume de produção desta última, ou melhor, terceira safra, já responde por metade da produção total do Estado e a área cultivada na estiagem vem crescendo a cada ano. Na média, do total de feijão produzido no Brasil, a primeira safra – plantada entre agosto e dezembro – responde por 45% da produção; a segunda – de janeiro a março –, por 42%; e a terceira – de abril a julho –, 13%. A última parece insignificante, mas é um plantio recentemente implantado no país e este novo período de colheita vem crescendo. Segundo Lídia Pacheco Yokoyama, pesquisadora da área de economia agrária do CNPAF-EMBRAPA, “acredita-se que em cinco ou dez anos ela venha a tornar-se maior do que as outras, ou pelo menos, igualar-se, ficando com 1/3 da produção cada. O custo de produção de um hectare de feijão irrigado é de R$ 1.426,00 (com o dólar a R$ 2,10) e o produtor pode conseguir até 58% de lucro líquido. Já no feijão de sequeiro (1a e 2a safras) o custo cai para R$ 380,00. Mas a expectativa é de 20 sacas por hectare e esta produtividade leva a um rendimento de 42%, inferior ao da terceira”, diz Lídia (Panorama Rural, n.2, abril/1999. p.58). SOJA DOS EUA TERÁ MAIS ESPAÇO NO MERCADO Graças aos preços mínimos garantidos ao produtor, a produção norte-americana deverá crescer, mesmo em uma conjuntura de preços desfavoráveis (os menores dos últimos 20 anos). O desequilíbrio entre oferta e demanda terá impactos diferenciados entre os países produtores: a participação norte-americana no mercado internacional deve crescer, em detrimento dos produtores do Hemisfério Sul. Os sojicultores norte-americanos receberão preços descolados das cotações internacionais, mais isso não prejudicará a indústria, que vai pagar pela matéria-prima o mesmo que seus concorrentes de outros países. De forma perversa, o ajuste se fará à custa dos produtores que respondem eficientemente às mudanças de preços dos produtos e dos insumos. Estima-se que, no Brasil, o custo de produção da soja cresceu 24% após a desvalorização do real. Com queda no preço do produto e elevação no preço dos insumos, é natural a redução da área plantada (Suplemento Agrícola de O Estado de São Paulo, n.2.273, junho de 1999. p.G3). INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 87 – SETEMBRO/99