UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ VASOS COMUNICANTES E MANÔMETROS Considerando um fluido incompressível num tubo em U cujas extremidades estão submetidas a pressão p 1 e p 2 respectivamente. Também neste caso as linhas horizontais são isobáricas e equipotenciais. A pressão em um nível arbitrário a-a é dada por: p a = p1 + γ h 1 p a = p2 + γ h 2 (através do ramo 1) (através do ramo 2) Igualando estas duas equações: p1 + γ h 1 = p 2 + γ h 2 p 1 − p 2 = γ (h 2 − h1 ) = γ h Se p 2 mesmo nível. = p1 ⇒ h = 0, ou seja, ambos os ramos devem se encontrar no Baseados neste princípio funcionam alguns tipos de manômetros. MANÔMETROS Manômetros são dispositivos que utilizam colunas de líquidos para determinar diferenças de pressões. 94 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ PIEZÔMETRO: O mais simples dos manômetros, usualmente chamado de piezômetro, pode medir a pressão sempre que ela for maior que o zero efetivo. Um tubo de vidro é ligado verticalmente ao recipiente. O líquido subirá no tubo até alcançar o equilíbrio. A pressão é expressa em ft, in, cm ou m de líquido do recipiente e será dada pela distância vertical h entre o menisco (superfície livre do líquido) e o ponto onde a pressão está sendo medida. É obvio que o piezômetro não servirá para pressões efetivas negativas, pois haverá através do tubo um fluxo de ar para o recipiente. p A = γ L h = d L γ H 2O h pA = dL h γ H2 O ⇒ hA = dL h sendo hA a pressão de A expressa em termos de altura de coluna de H2O. Para medidas de pressões efetivas pequenas em um líquido, sejam positivas ou negativas, o tubo deverá ter a forma indicada na figura abaixo. Na escala efetiva a pressão no menisco é nula, então: p A = pB − γ h 95 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ Como p B = pC = 0 pA = − γ h p A = − d L γ H 2O h γ H2 O h A = − dL h Dividindo por (em coluna de H 2O) Para maiores pressões efetivas negativas ou positivas é utilizado um segundo líquido de maior peso específico, que deve ser imiscível com o primeiro. PRINCÍPIO DO MANÔMETRO EM “U” p B = pC p B = pA + γ 1 h 2 p C = pD + γ 2 h1 pD = 0 (escala efetiva ) De onde: p A + γ 1 h 2 = γ 2 h1 ∴ p A + γ 1 h 2 − γ 2 h1 = 0 ou p A = γ 2 h1 − γ 1 h 2 p A = d 2 γ H 2O h 1 − d1 γ H 2O h 2 96 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ Dividindo por γ H2 O : h A = d 2 h1 − d1 h 2 (em coluna de água ) Se A contiver um gás, d1 é em geral suficientemente pequeno para que se possa desprezar h2d1, então: h A = d 2 h1 MANÔMETROS DIFERENCIAIS Manômetro I: p I = p II p I = pA − γ 1 h1 − γ 2 h 2 p II = p B − γ 3 h 3 (linha isobárica) De onde: p A − γ 1 h1 − γ 2 h 2 = pB − γ 3 h 3 97 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ p A − γ 1 h1 − γ 2 h 2 + γ 3 h 3 = p B ou p A − p B = γ 1 h1 + γ 2 h 2 − γ 3 h3 Manômetro II: p I = p A + γ 1 h1 p I = p II (linha isobárica) p II = p B + γ 3 h 3 + γ 2 h 2 Igualando: p A − p B = − γ 1 h1 + γ 2 h 2 + γ 3 h 3 Exemplo 2.4 (Streeter, pág 39) Se no Manômetro I temos água em A e B e o líquido manométrico é óleo de densidade 0,80, h1 = 1,0 ft, h2 = 0,50 ft e h3 = 2,0 ft; a) Determinar pA – pB em lbf/in2 b) Se pB = 10 psia e o barômetro indica 29,5 in Hg, determinar a pressão efetiva em A em lbf/ft2 . γ H2 O = 62,4 lbf / ft 3 γ óleo = 0,80 × 62,4 lbf / ft 3 = 49,92 lbf / ft 3 p A − p B = γ 1 h1 + γ 2 h 2 − γ 3 h3 p A − p B = 62,4 × 1,0 + 49,92 × 0,5 − 62,4 × 2,0 p A − p B = − 37,44 lbf ft 2 98 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ p A − p B = − 37,44 b) lbf ft 2 × 1 ft 2 144 in 2 = − 0,26 lbf in 2 = − 0, 26 psi p B abs = 10 psia = p bar + p ef 14,7 psi = 14, 46 psi 30 in Hg = 10 psia − 14, 46 psi = − 4,46 psi (efetiva ) p bar = 29,5 in Hg × pB Então: p A − p B = − 0, 26 psi (item a) p A = − 0,26 psi + p B p A = − 0, 26 psi − 4, 46 = − 4,72 psi p A = − 4,72 lbf in 2 × 144 in 2 1 ft 2 = 679,68 lbf ft 2 Exemplo (Shames, pág 51) Achar a diferença de pressão entre os tanques A e B na figura abaixo, sabendo-se que: h1 = 30 cm, h2 = 15 cm, h3 = 46 cm, h4 = 20 cm e d Hg = 13,6 p I = p A + γ H 2O h1 ( p I = p II p II = p B + γ Hg h 3 + h 4 sen 45 o (linha isobárica) ) 99 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ h4 h’4 h '4 = h 4 sen 45 o 45 De onde: ( (altura vertical) ) p A − p B = γ Hg h 3 + h 4 sen 45 o − γ H2 O h 1 p A − p B = − 1,36 × 10 4 (0,46 + 0,20 × 0,71) − 10 3 × 0,30 p A − p B = 1,36 × 10 4 (0,60 ) − 3,0 × 10 2 ∴ p A − p B = 7,86 × 10 3 kgf m2 Exemplo (Shames, pág 52) Qual a pressão p A na figura abaixo? O peso específico relativo do óleo é 0,8. d = 0,8 γ óleo = 0,8 × 62,4 lbf / ft 3 γ óleo = 49,9 lbf / ft 3 p II = 13,6 × 62, 4 lbf ft 3 × 1 ft p II = 848,6 lbf ft 2 p I = p A + 49,9 lbf ft 3 × 10 ft + 62,4 lbf ft 3 × 5 ft p I = p A + 811,0 lbf ft 2 100 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ Como p I = p II p A + 811,0 lbf ft 2 = 848,6 lbf ft 2 p A = 37,60 lbf ft 2 Exemplo (Giles, pág 22) Um manômetro diferencial é colocado entre as seções A e B em um tubo horizontal, no qual escoa água. A deflexão do mercúrio no manômetro é de 576 mm, o nível mais próximo de A sendo o mais baixo deles. Calcular a diferença de pressão entre a seções A e B em kgf/m2. p I = p C = p D = p A − γ H 2O Z p D = p B − (0,576 + Z) γ H2 O + 0,576 × 13,6 × 103 p A − p B = γ H2 O Z − (0,576 + Z)γ H2 O + 0,576 × 13,6 × 10 3 p A − p B = 0,576 × 13,6 × 103 − 0,576 × 10 3 p A − p B = 7,26 × 10 3 kgf m2 101 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ Pequenas diferenças de pressão são medidas: § § Micromanômetros Manômetro inclinado (geralmente usado para medir pequenas diferenças de pressões em gases) MICROMANÔMETROS Utili zado para a determinação de pequenas diferenças de pressão com precisão. Utilizando-se dois líquidos manométricos, imiscíveis entre si e com o fluido a ser medido, pode-se produzir, com uma pequena diferença de pressão, um grande desnível R. O líquido manométrico mais denso preencherá a parte inferior do tubo em U até 00, enquanto que o menos denso será colocado nos dois lados preenchendo os reservatórios maiores até 1-1. Quando a pressão em C for levemente maior que em D, os meniscos sofrerão o movimento indicado na figura. O volume do líquido deslocado em cada reservatório deverá ser igual ao deslocado no tubo em U. Logo: ∆yA = R a 2 onde A e a são as áreas das seções transversais do reservatório e do tubo em U, respectivamente. 102 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ A equação manométrica poderá ser escrita a partir da superfície isobárica I- I R p C + (k 1 + ∆ y ) γ 1 + k 2 − ∆ y + γ 2 = p D + (k1 − ∆ y) γ 1 2 R + k2 + ∆ y − γ 2 + R γ 3 2 R R p C + (k 1 + ∆ y) γ 1 + k 2 − ∆ y + γ 2 − (k 1 − ∆ y ) γ 1 − k 2 + ∆ y − γ 2 2 2 − R γ 3 = pD p C + 2 ∆ y γ 1 + (R − 2 ∆ y) γ 2 − R γ 3 = p D Mas R a 2 a 2∆y =R A ∆yA = Substituindo vem: pC + R a a γ1 + R − R γ 2 − R γ 3 = pD A A a a p C − p D = R γ 3 − γ 2 1 − − γ 1 A A constante para um dado manômetro e fluidos prefixados; logo a diferença de pressão é diretamente proporcional a R. 103 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ MANÔMETRO INCLINADO O manômetro inclinado é usado freqüentemente para medir pequenas diferenças de pressões em gases. É ajustado para indicar zero, movendo-se a escala inclinada, quando A e B estão abertos. O tubo inclinado, para uma dada diferença de pressão, ocasiona um deslocamento do menisco muito maior que o produzido em um tubo vertical, provindo deste fato uma maior precisão de leitura de escala. TUBO EM U INCLINADO: usado para medir pequenas diferenças de pressão em gases. p1 = p A + γ A k p1 = p 2 + γ m k m 104 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENG 008 – Fenômenos de Transporte I A – Profª Fátima Lopes ________________________________________________________________________________________________ k sen α = m R R ∴ k m = R sen α km a p 1 = p 2 + γ m R sen α = p A + γ A k p A = p 2 + γ m R sen α − γ A k p A ( MAN) = γ m R sen α − γ A k R será sempre maior que km, permitindo leituras mais precisas por ampliação da escala. Quanto menor o α , menor o sen α e maior o R. 105