XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental III-091 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DAS INDUSTRIAS CALÇADISTA DO MUNICÍPIO DE TRÊS COROAS - RS Jacinto José Dariva(1) Engenheiro Químico, UFSM-RS. Especialista em Projetos de Tratamento de Resíduos, PUC-RS. Mestrando IPH/UFRGS, Área Saneamento Ambiental. Responsável Técnico da Empresa Balbinot & Dariva LTDA Operação de aterros sanitários e usinas de compostagem e reciclagem. Diretor Técnico da Empresa JDA Engenharia Ambiental, trabalhando com Projetos técnicos e consultoria em tratamento e disposição final de resíduos sólidos. Sérgio J. de Luca Prof. Titular Ph.D. pesquisador CNPQ IA. Orientador de mestrado e doutorado IPH e CE UFRGS. Giovana Rupental Gerente da Central de Três Coroas. Endereço(1): Rua João F. Eckard, no 23 - Centro - Três Coroas - RS - CEP: 95660-000 - Brasil - Tel/Fax: (0xx51) 546-2012 - e-mail: [email protected] RESUMO Relatamos neste trabalho uma experiência prática de gerenciamento, coleta, tratamento e destino final dos resíduos sólidos industriais produzidos na cidade de Três Coroas, por industrias na maioria de pequeno porte, que produzem especificamente sapatos femininos. Os programas de qualidade (selos de qualidade) nasceram forçando as empresas a se adequarem as exigências de mercado, onde o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos é um fator limitante. Com a preocupação de preservar o Meio Ambiente e também de manter o mercado de exportação de calçados, o Sindicato das Indústrias do Calçado de Três Coroas, reuniu todos seus associados e desenvolveu um programa de gerenciamento e tratamento dos resíduos das empresas associadas. No ano de 1994 elaborou-se o projeto implantado em agosto de 96. O sistema de gerenciamento é diferenciado, pois, se preocupa com o tratamento desde do início do processo de produção. Os funcionários das fábricas são orientados para tratarem os resíduos como matéria prima, que será usada por outras empresas no na fabricação de outros materiais. Basicamente o processo de tratamento funciona da seguinte maneira, a primeira etapa é realizada na fábrica, onde os resíduos industriais, são separados, ensacados e identificados por uma etiquetas com código de barras, previamente fornecidas pelo sistema de gerenciamento. O resíduo é armazenado dentro da fábrica, pelo período máximo de uma semana, e após o coletado por caminhão baú e levado para a Central. Na central cada embalagem (sacos de 40 Kg) etiquetada é colocada sobre uma balança eletrônica onde o leitor ótico faz medida do peso e cadastramento dos materiais. Após os resíduos são separados por tipos enfardados e encaminhado aos respectivos tipos de reciclagem, tratamento ou destino final. PALAVRAS-CHAVE: Gerenciamento, Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais, Resíduos Industriais de Calçado. INTRODUÇÃO Com o aumento da produção de calçados e, conseqüentemente, dos resíduos sólidos produzidos e também, sob a rigorosa fiscalização dos órgãos de controle ambiental, muitas empresas gaúchas precisaram buscar alternativas ecotécnicas e econômicas para resolver os problemas de impacto ambiental. As empresas coureiro calçadista de Três Coroas a fim de encontrar alternativas para diminuir a quantidade de resíduos sólidos produzidos e dar um destino ambientalmente correto aos resíduos gerados, se reuniram através do sindicato das industrias do calçado de Três Coroas, contratando assessoria técnica para a elaboração de projetos Os empresários perceberam a necessidade de se buscar alguma alternativa condizente com a realidade do município (formado por um grande número de empresas de pequeno porte) e com grande diversidade de tipos de resíduos produzidos. O lixo industrial proveniente da fabricação de calçados é muito variável, muito sazonal e depende das tendências da moda. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Este trabalho de gerenciamento vem sendo desenvolvido desde 1994, quando se iniciou o trabalho, decidiu-se então que era necessária uma mudança de atitude. Os resíduos deveriam ser tratados como matéria prima para outras empresas, (recicladoras) e não jogados dentro dos rios ou quaisquer locais totalmente inadequados para tal. Durante e execução do projeto mudou-se a forma de agir, foram adotados mecanismos de cobrança mais ágeis e modernos, mas a concepção básica do gerenciamento sempre foi mesma valorizando os funcionários das fábricas que fazem parte de toda estrutura bem como os funcionários do Sindicato da Indústria do Calçado de Três Coroas que fazem os serviços de coleta e tratamento propriamente dito. Através desta experiência de gerenciamento de resíduos sólidos industriais, pelo período de 5 anos, podemos afirmar que é possível desenvolver sistemas de gerenciamentos eficientes e economicamente viáveis atendendo grupos de empresas com interesses diversos, desenvolvendo um trabalho sério com metodologia específica usando a informática como ferramenta de trabalho. Metodologia de trabalho O trabalho iniciou com uma caracterização do perfil das empresas e a elaboração de um diagnóstico preliminar dos tipos de resíduos produzidos por essas empresas ligadas ao setor calçadista. Através desse diagnóstico e utilizando-se uma metodologia própria, foi elaborado o plano de trabalho a ser seguido pelas empresas, sendo os trabalhos, inicialmente, coordenados pelo sindicato da indústria coureiro calçadista de Três Coroas. Estrutura de treinamento e gerenciamento O primeiro passo para montar o sistema de gerenciamento foi o convencimento dos empresários quanto a forma para se fazer este tratamento dos resíduos e explicar que o custo se justificavam. Portanto, formamos uma comissão que contava com um representante de cada empresa, esses representantes passaram a se reunir mensalmente para serem treinados e discutir como os resíduos seriam tratados, este representante era chamado o gerente do lixo e era o mensageiro, levava as técnicas e a forma de segregação na origem para serem discutidas com os colegas e traziam o resultado das discussões na fábrica na próxima reunião de representantes. Dessa forma, houve uma participação direta das empresas que decidiram como gerenciar internamente seus resíduos, que agora são chamados de matéria prima. As experiências bem sucedidas eram passadas de fábricas para fábrica e experiências mal sucedidas eram descartadas e comentadas no grupo de trabalho. A participação era fator fundamental no grupo de trabalho, era cobrada a participação de todas as empresas. Com 8 meses de troca de experiências elaborou-se o projeto e o cronograma de implantação para o gerenciamento dos resíduos sólidos das industrias de Três Coroas criando assim a central de tratamento de lixo de Três Coroas ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental O caminho seguido pelos resíduos segue o fluxograma abaixo: Fábricas Acondicionam ento e arm azenagem na fábrica Coleta por coletor credenciado Recebim ento Pesagem Acondicionam ento Setor A Setor B Setor C Classe II não inerte Reciclável Perigoso Classe I Arm azenagem Prensagem ou com ercialização Aterro Sanitário Prensagem 10 0 % Arm azenagem ARIP'S ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Cursos de treinamento Além das reuniões mensais com os gerentes do Lixo de cada fábricas de Três Coroas, elaborou-se cursos de treinamento com freqüência bimestral, tratando de assuntos sobre: formas de reaproveitamento dos materiais, reciclagem dos resíduos tipos e métodos, Treinamento dos cortadores (setor que mais produz lixo em fábricas de calçados) Métodos de corte e reaproveitamento de retalhos. Estes cursos propiciaram para o funcionário um incentivo financeiro e desenvolvimento de liderança. Software de controle Como o número de fábricas é grande, mais de 100 com aproximadamente 56 tipos de resíduos desenvolveuse um software que após foi adquirido pelo Sindicato da Indústria do Calçado de Três Coroas. Este software foi quem possibilitou o gerenciamento do todo o sistema através de criação de um cadastro junto a central. Neste cadastro consta todos os dados das empresas, tipo de sapato que a mesma produz, se trabalha com fabricação própria de componentes ou adquire de outras empresas, enfim todas as informações necessárias para o cadastro inicial. A partir do cadastro as empresas associadas começam a recebem mensalmente embalagens plásticas transparentes e etiquetas com código de barras, geradas pelo software que são usadas pela empresa para identificar o seu produto. Portanto toda empresa recebe da central mensalmente as etiquetas que usará na identificação dos produtos (resíduos).O software também cadastra todos os resíduos que são recebidos na unidade e emite bloquetos de cobrança dos fretes e dos serviços de tratamento e disposição final, faz controle das etiquetas emitidas e etiquetas que voltaram identificando os resíduos. Faz o controle das embalagens plásticas fornecidas e as embalagens usadas. Emite mensalmente relatórios qualitativos e quantitativos dos resíduos recebidos das empresas na central. E controla as quantidades qualitativas e quantitativas dos resíduos comercializáveis e ou dispostos no aterro classe II e ou ARIP’S. Quando a empresa mandar os resíduos molhados ou misturados o programa emite uma multa que será cobrada da empresa e ainda esta é chamada para dar explicações do porque que determinada embalagem não estava acondicionada de forma correta Local de armazenamento - Cada fábrica possui um local especificado para armazenar seus resíduos pelo período mínimo de uma semana a espera do caminhão coletor que passa para carregar. O transporte fábrica até a central – O caminhão coletor é do tipo baú tem orientação de carregar única e exclusivamente resíduos separados etiquetados e armazenados dentro do local especificado em cada fábrica. Recebimento na central de reciclagem- O coletor entrega os resíduos na central todos os dias, sendo que este resíduo no momento que é descarregado e colocado diretamente em cima de uma balança onde é feita a leitura ótica da etiqueta, pelo código de barras colada na embalagem plástica (saco) transparente. Após faz-se o controle de qualidade dos resíduos que estão sendo recebidos. Caso tenha algo fora das especificações o peso e não é confirmado. Se tudo está correto a embalagem será colocada no devido setor como mostra o fluxograma apresentado anteriormente. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Classificação dos principais tipos de resíduos encontrados Todos os resíduos produzidos em Três Coroas são classificados segundo a NBR 10004 e nos passamos a usar uma nomenclatura diferente sendo: Perigoso Classe 01, não inerte classe II e Não inerte Comercializável Cada tipo é tratado dentro da central de forma diferenciada e após encaminhado para os respectivos locais e destinos. A seguir apresentamos uma média das quantidades de cada tipo de resíduos segundo sua classificação que foram recebidos na Central durante o período de Agosto de 96 a Outubro 98, sendo as porcentagens em peso. M ATERIAIS REC EBID O S N A C ENTRAL D E TRIAG EM NO PERÍO D O D E 0 8 /9 6 A 1 0 /9 8 (porcentagens em Kg) C om ercializáveis Não Recicláveis Perigosos classe I 27% 52% 21% Importância do controle computadorizado Este sistema nos permite fazer uma série de estudos sobre a produção de resíduos sólidos na indústria calçadista brasileira, visto que não existem trabalhos publicados sobre este assunto. No futuro pretendemos criar índices a partir do banco de dados que estamos levantando. Estes índices deverão ser publicados em trabalhos futuros. Relatórios mensais são encaminhados ao órgão de controle ambiental do estado de todas as entradas de resíduos na central bem como todas as saídas para venda ou para destino final. Também mensalmente cada empresa recebe a leitura das quantidades e tipos de resíduos que a mesma encaminhou durante o período, facilitando dessa forma o gerenciamento. No intuito de auxiliar projetista apresentaremos a seguir alguns dados médios de quantidades de resíduos produzidos a cada 1000 pares de sapatos fabricados. Informamos também que a sazonalidade é muito grande e para poder usar estes dados estes deverão passar por um tratamento estatístico. Esta sazonalidade é função direta das tendências de moda e dos tipos de matéria prima que são usado com o objetivo de baratear o custo final do produto. Identificamos todos os tipos, respectivamente classificados de resíduos produzidos junto às empresas do calçados de Três Coroas. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental PLANILHA RESUMO DAS QUANTIDADES MÉDIAS ANUAIS E DOS TIPOS DE RESÍDUOS PRODUZIDOS EM TRÊS COROAS 10,36 16,19 0,01 2,80 14,28 0,00 0,06 1,67 2,05 0,89 4,13 0,24 0,07 52,75 MÉDIA EM KG POR 1000 PARES ANO 97 9,55 21,85 0,71 9,37 14,99 2,68 0,60 3,58 3,16 6,07 4,90 0,45 0,01 77,91 3,69 3,79 0,06 1,09 6,20 5,77 1,81 0,04 0,04 0,10 0,21 0,00 0,35 23,15 3,11 3,19 0,05 0,92 5,22 4,86 1,53 0,03 0,03 0,09 0,17 0,00 0,29 19,50 TOTAIS VENDIDOS 0,68 4,72 0,23 13,52 0,20 1,58 0,00 0,00 1,46 0,01 0,15 0,09 0,00 1,44 0,02 0,07 8,76 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 32,94 TOTAL GERAL 118,69 PRODUTO P E R I G O S O S COURO ATANADO COURO CROMO SAPATOS COM DEFEITOS PÓ DE COURO VARRIÇÃO DE FÁBRICA RACHADO MIOLO / VIRA / ATANADO MIOLO / VIRA / RECOURO RESTO FACHETE RESTO ATANADO RESTO RECOURO RESTO / FACH. / ATAN. MIOLO / VIRA / COURO TOTAIS PERIGOSOS N A O I N E R T E I I EVA SOLA PU TECIDO PU CONTRAFORTE BORRACHA MAT. NÃO INERTE II PALMILHA ROSA TELAS DE NÃO / TECIDO CURSEL PAPELÃO TIMBO PALMILHA / PAPELÃO / PU DUBLADOS MICRO DURO TOTAIS CLASSE II V E N D I D O S ESPUMAS FORRO SINTÉTICO LATAS NEOLIT PANOS PAPEL / BRANCO SACOS DE RÁFIA PLÁSTICO MOLE PLÁSTICO PAPEL REFORÇO POTES PLÁSTICOS AÇO ALUMÍNIO PVC VIDRO METAL PAPELÃO COLA HOL MELT ELÁSTICO SOLA TR CANUDOS E PAPELÃO FORMA PLÁSTICA MÉDIA EM KG POR 1000 PARES ANO 96 12,30 19,21 0,01 3,33 16,95 0,00 0,08 1,98 2,43 1,06 4,90 0,28 0,09 62,61 6,40 14,65 0,47 6,28 10,05 1,80 0,40 2,40 2,12 4,07 3,28 0,30 0,00 52,22 MÉDIA EM KG POR 1000 PARES ANO 98 2,24 20,69 1,42 7,18 7,15 5,32 0,77 3,29 3,55 6,47 2,85 0,20 0,00 61,19 2,67 5,77 2,82 2,48 2,14 11,50 1,01 0,11 0,39 0,28 0,06 0,70 0,01 29,95 1,79 3,87 1,89 1,66 1,43 7,71 0,68 0,08 0,26 0,19 0,04 0,47 0,01 20,08 1,18 7,97 7,36 2,66 1,58 13,05 13,95 0,09 0,59 0,13 0,01 0,96 0,01 49,58 0,72 4,90 4,52 1,63 0,97 8,02 8,57 0,05 0,36 0,08 0,01 0,59 0,01 30,48 0,57 3,98 0,19 11,39 0,17 1,33 0,00 0,00 1,23 0,00 0,12 0,07 0,00 1,22 0,01 0,06 7,38 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 27,75 2,03 4,82 2,26 21,06 0,44 0,97 0,00 0,00 1,94 0,00 0,22 0,57 0,00 0,30 0,14 0,14 5,71 0,00 0,00 0,06 0,63 0,02 41,33 1,36 3,23 1,52 14,12 0,30 0,65 0,00 0,00 1,30 0,00 0,15 0,38 0,00 0,20 0,09 0,10 3,82 0,00 0,00 0,04 0,42 0,01 27,70 2,79 5,31 2,52 29,60 0,20 0,82 0,07 0,73 1,97 0 0,31 0,28 0,02 0,24 0,23 0,71 4,83 0 0,07 0,01 1,03 0,04 51,88 1,71 3,26 1,55 18,20 0,12 0,50 0,04 0,45 1,21 0,00 0,19 0,17 0,01 0,15 0,14 0,44 2,97 0,00 0,04 0,00 0,63 0,03 31,89 100,00 149,19 100,00 162,66 100,00 % POR ITEM ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental % POR ITEM % POR ITEM 1,37 12,72 0,87 4,41 4,39 3,27 0,47 2,02 2,18 3,98 1,75 0,12 0,00 37,61 6 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Custos de operação A central está instalada em uma área de 900m³ junto ao bairro industrial e os aterro sanitário e os ARIP’S estão distantes 6 Km da Central. A unidade está licenciada pelo Órgão de controle ambiental estadual, desde o inicio do funcionamento. Sendo todo o gerenciamento realizado dentro da mesma. Trabalham 5 funcionários e um responsável técnico. O custo total anual de operação médio de tratamento e destino final, incluindo a construção das valas dos ARIP’S e aterro sanitário é de R$ 300.000,00, Destes R$ 250.000,00 provem das taxas proporcionais as quantidades e tipos de resíduos provindo das indústrias e R$ 50 000,00 provem da comercialização dos materiais vendidos. Anualmente em média se produz 9.272.000 pares de calçados a um custo real de R$185.000,00 ou seja o equivalente a R$ 0,037 (três centavos por par fabricado) ou trinta e sete reais a cada mil pares fabricados. Portanto fazendo-se o rateio proporcional vemos que as empresas para se verem livres dos resíduos têm um custo muito baixo comparado com os preços de mercado. Traçando comparativos Hoje as empresas pagam menos para dar disposição correta, do que pagavam para determinados sucateiros retirarem os resíduos dos pátios de suas fábricas e coloca-lo em locais inadequados. A produção média em toneladas de lixo do período de operação desde Outubro de 96 a outubro de 98 é de 102,5 t por mês ou equivalente a 1230 t ano. CONCLUSÕES Diante desta experiência foi possível avaliar a mudança de comportamento dos empresários e do funcionário com relação a resíduos sólidos industriais Houve uma valorização comercial destes resíduos. O gerenciamento ambiental dentro das empresas passou a ser encarado como prioridade hoje nas industria de Três Coroas resíduos de calçado é matéria prima para outras empresas. A publicação dos relatórios qualitativos e quantitativos dos resíduos produzidos permite uma administração transparente da empresa prestadora dos serviços no o sindicato e uma fácil fiscalização pelos órgãos ambientais e por outras entidades representativas da sociedade civil. O mais importante desta forma de organização e gerenciamento é que todas as empresas podem participar sejam pequenas ou grandes pois estas pagam proporcionalmente a quantidade de resíduos que geram. Portanto qualquer empresa pode ser associada e usar os serviços. Esta forma de gerenciamento coletivo permite maior eficiência de separação e acondicionamento visto que nenhuma empresa gosta de ser chamada a central para pagar as multas dar explicações de porque o lixo veio misturado ou com etiqueta errada, dessa forma todos são fiscais de todos, e todas as resoluções são deliberadas por assembléias dos associados a cada dois meses. O problema resolvido de forma conjunta a nível municipal ou regional é uma prática a ser seguida em se tratando de problemas bastante parecidos, isto possibilita diminuição dos custos e maior eficiência na operação e manutenção. A metodologia empregada é muito importante pois os gerentes dos resíduos se reúnem periodicamente para classificar os novos produtos que chegam no mercado, trocar experiências, falar sobre meio ambiente, preservação dos rios (Três Coroas é a capital nacional da canoagem), descobrir quem atirou lixo tanto doméstico como industrial nos locais inadequados. E traçar o futuro ambiental da cidade de maneira participativa e cooperativa envolvendo funcionários e empresários de maneira igualitária. Todos os resíduos gerados estão armazenados adequadamente dentro de valas cobertas, permanecendo com as características inicias e passíveis de num futuro bem próximo quando se desenvolver tecnologias apropriadas serem reaproveitados. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7 XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. CALDERONI S, Os bilhões perdidos no lixo 2. Ed São Paulo Humanitas Editora /FFLCH/USP, 1998 DAVIS M. L.; CORNWELL D. A.: Introduction to environmental engineering, Second editionMcGraw-hil international editions 1991. CETSB : Resíduos sólidos industriais, 2ª Ed. São Paulo, 1993. TCHOBANOGLOUS, G. , THEISEN, H; VIGIL, S.; Integrated Solid Waste Management Issues, McGraw-Hill 1993. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8