DISCIPLINA: ELEMENTOS DE MATEMÁTICA AVANÇADA UNIDADE 4: FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA OBJETIVOS: Ao final desta unidade você deverá: - saber trabalhar com números complexos; - identificar funções de variável complexa; - calcular integrais reias e complexa usando funções complexas. 1 INTRODUÇÃO Quando um professor entra na sala de aula e diz que iniciará o estudo dos números complexos, os alunos pensam que são números, no mínimo, muito complicados. Ao saber que também existem números chamados de imaginários os alunos dirão que tais números, por serem imaginários, não existem, e portanto, para que estudá-los?(CERRI etal, 2001). Desta forma bem humorada começam as autoras do artigo História dos Números Complexos, C. Cerri e M. S. Monteiro da Universidade de São Paulo (CERRI etal, 2001). Nesse texto vocês vão descobrir que o surgimento de tais números está intimamente ligado à resolução de equações algébricas de grau 3, e não às de grau 2, e que sua aceitação, compreensão e utilização ocorreu de maneira lenta e gradual. Deixaremos esta nobre tarefa de leitura como uma atividade adicional, e começaremos com a álgebra e operações usuais de números complexos. Posteriormente estudaremos as funções de variável complexa e suas aplicações para a física. 2 NÚMEROS COMPLEXOS Como já falamos anteriormente, ao estudarmos as raízes de equações algébricas, em particular, as raízes das equações cúbicas, será conveniente introduzir o conceito de um número, cujo quadrado é igual a -1. Conforme a tradição, este número é representado por , e escrevemos: e 1 Se permitirmos que imaginários (I): seja multiplicado por números reais (R), obtemos os números , onde R. Às vezes as combinações são também chamados de números imaginários puros para diferencia lhos do caso geral de números complexos. Se estendermos a propriedade de multiplicação nos números reais para os números imaginários, concluímos que o produto de números imaginários são números reais, por exemplo: ( Juntando os números imaginários com os números reais, teremos um sistema onde poderemos efetuar multiplicações e divisões (não por zero!). Este conjunto será fechado com respeito a estas operações (pois nenhum número deste conjunto submetido a estas operações foge do conjunto!). Embora este conjunto não seja fechado respeito à adição e à subtração. Para evitar este infortúnio, foram criados os números complexos (Z). Eles podem ser escritos da seguinte forma: Z, onde R. O conjunto de números complexos (Z) é fechado em relação à adição, subtração, multiplicação e divisão, e mais ainda, com a operação de extrair raízes. Assim definido, o conjunto Z é uma extensão do conjunto r. 2.1 Geometria e álgebra básica de números complexos Se escrevermos os números complexos na forma usual ou podemos definir as operações usuais assim: 1. Adição: com Exemplo 1: 2. Multiplicação: Inicio de Atividade 2 R. Mostre a propriedade de multiplicação dos números complexos (item 2. do 2.1) e depois use esta propriedade para obter Nota: Use as propriedades distributiva e associativa da multiplicação e a definição Fim de Atividade A subtração de números complexos pode ser definida como a inversa da adição, formando o negativo do número complexo: e reduzir a subtração à adição. A regra para a divisão pode ser deduzida invertendo-se a multiplicação. Um método mais direto resulta de: O número zero é o único que pode ser escrito como ! INICIO DE BOXE 1. A adição de números complexos obedece às mesmas regras que a adição de vetores no plano, sempre que e sejam reconhecidos como as componentes do vetor. No entanto, a multiplicação de números complexos é completamente diferente do produto interno (produto escalar) e do produto vetorial entre vetores. 2. Usar o símbolo é puramente convencional, correspondente ao binômio , mas é prescindível, ou seja, podemos definir um número complexo como um par ordenado de números reais, , que obedece a certas regras. Assim, a multiplicação deste par ordenado pode ser definida por e devemos entender que a forma é somente uma representação de um número complexo. FIM DE BOXE 3 Os números complexos podem ser representados no chamado plano complexo, ou diagrama de Argand (Figura 1). Se representarmos o número complexo por um único símbolo e escrevermos ponto no plano complexo com abscissa , então a cada corresponderá um e ordenada Dessa maneira também é possível obter uma representação geométrica de um número complexo. Figura 1. Diagrama de Argand para um número complexo. Usando a Fig. 1, podemos obter: onde Nesta representação, é único (raiz quadrada positiva), mas o ângulo não é. Para isso podemos adotar a convenção que: com a regra para os quadrantes, ou seja, representação: vamos definir os seguintes elementos: 4 se . Assim nesta é a parte real de , é a parte imaginária de , também chamado de valor absoluto de , é o módulo de é o argumento de , , também chamado de ângulo polar ou fase. Também é muito útil definir o número conjugado do número complexo, e que é chamado o complexo . Ele é representado por . No plano representam cada um à reflexão de outro em torno do eixo real. INICIO DE BOXE 1. Podemos formar o módulo quadrado do número complexo quantidade , definindo a que será sempre um número real positivo, ou seja: . 2. A quantidade é sempre um número real, igual a: . 3. A operação de conjugação complexa é distributiva e associativa respeito a soma e o produto: ,e . FIM DE BOXE 5 Podemos usar a regra do paralelogramo de vetores no plano para somar dois números complexos associados a esses vetores. Esta propriedade esta representada na Figura 2. 5 Figura 2. Adição de números complexos usando a representação vetorial e a regra do paralelogramo. Do mesmo modo, podemos representar vetores do plano por números complexos. O produto escalar entre estes dois vetores pode ser obtido por: onde fica subentendido que complexos e e são vetores correspondentes aos números ···, respectivamente. De maneira semelhante, o módulo do produto vetorial pode ser obtido como: Inicio de Atividade Verifique as regras de produto escalar e vetorial para os vetores associados aos números complexos. Fim de Atividade 3 FÓRMULA DE DE MOIVRE E O CALCULO DE RAÍZES Enquanto a adição e subtração de números complexos é mais fácil de realizar na representação cartesiana as operações de multiplicação e divisão são mais fáceis de realizar na representação trigonométrica. Se e então cálculos quase elementares mostram que 6 com a condição de que se adicionar ou subtrair , ou , então devemos . Inicio de Atividade Deduza a fórmula anterior, usando identidades trigonométricas para o seno e coseno da soma de dois ângulos. Fim de Atividade Da mesma maneira, podemos obter uma regra geral para calcular a –ésima potência de um número complexo , que se conhece como fórmula de Moivre: (com Se então com o inteiro A regra para calcular =inteiro). onde escolhido, tal que – e . –ésima raiz de um número complexo pode ser escrita assim: é certamente a –ésima raiz de , pois No entanto, esta não é a única – ésima raiz de ; os números onde são também costume chamar o número (uma raiz) e as de um número complexo regular de –ésimas raízes de de raiz principal de raízes , um total de (com raízes de , pois É ). Assim temos com . As –ésimas raízes estão sempre localizadas nos vértices de um polígono lados em um círculo de raio com centro na origem (Figura 3). 7 Figura 3. As n-ésimas raízes de um número complexo. 4 FUNÇÕES COMPLEXAS E A FÓRMULA DE EULER Números complexos ou podem ser considerados como variáveis, se (ou ambos) variarem. Se isso acontecer, então podemos formar funções complexas. Por exemplo, considere a equação . Se escrevermos e , segue-se, em geral que , . Usando o exemplo anterior, vamos a abrir as contas. Se com então: separando parte real e imaginaria de , temos: Na representação gráfica de funções complexas, devemos trabalhar com quatro variáveis reais simultaneamente. Usamos então a ideia de transformação. Dois planos complexos distintos, o plano e o plano 8 , são dispostos lado a lado, e um ponto é transformado no ponto Por exemplo, a fórmula aplica em , em , ... em , ..., etc. Isso está ilustrado na Figura 4, onde também está indicado que a reta horizontal y no plano é transformada na parábola no plano Figura 4. Transformação no plano complexo. Funções algébricas de uma variável complexa são definidas por médio de operações algébricas, que são direitamente aplicáveis aos números complexos (as funções transcendentes podem requerer definições especiais). Por exemplo, a função exponencial (com 1. 2. real). As propriedades básicas são ,e . Desejamos uma propriedades. Escrevamos função exponencial ; então 9 complexa com as mesmas A quantidade do imaginário é de fato um número real, mas como se define a exponencial ? Supondo que pode-se representar por uma série de potências, como a série de Taylor centrada no ponto temos então, reagrupando os termos Assim, podemos definir a função por meio de Esta é a fórmula de Euler, e cumpre as propriedades desejadas: 1. ,e 2. ( inteiro) são consequências das identidades e A definição da função exponencial complexa é dada pela fórmula que tem as propriedades desejadas, e se reduz à função exponencial real se 4.1 Aplicações da fórmula de Euler A fórmula de Euler conduz à compacta representação polar dos números complexos 10 Suponha que um número complexo seja multiplicado por onde é uma constante real. Então Assim, o novo número pode ser obtido, fazendo girar, de um ângulo em torno da origem, o ponto A fórmula de Euler também permite a descrição de quantidades reais que variam de forma senoidal por meio de exponenciais complexas. Uma fórmula geral para tal quantidade é , em que (amplitude), (frequência angular) e (fase) são constantes, e é uma variável real (geralmente o tempo). Considere a função complexa de uma variável real em que é uma constante complexa. Faça Assim, , então . As funções complexas de uma variável real podem ser tratadas pelos métodos do cálculo de variáveis reais. Por exemplo, se funções reais, então etc. A diferenciação de é muito simples: O seguinte exemplo nos ensina o uso das exponenciais complexas. Considere um oscilado harmônico amortecido, sujeito a uma força externa variável. A equação diferencial a ser resolvida é em que as constantes são reais, e ambas variáveis 11 e são reais. Introduzindo agora uma função complexa em que pode ser real, mas possa ser complexa. Seja então Considere a equação diferencial em que é evidentemente complexo. O ponto é que, a parte real desta função complexa é exatamente a solução da equação diferencial original (real). Isso pode ser verificado direitamente por substituição: Suponha que procuramos uma solução de estado constante para nosso problema de oscilador harmônico. Nossa intuição física sugere que deve ser uma função de , ou seja, da forma Isso, por sua vez, sugere que procuramos a solução de nossa equação complexa na forma em que é uma constante complexa. Se substituirmos este valor na equação para obter de maneira que E assim, o problema está essencialmente resolvido. A solução explícita do problema físico (real) será: Assim, podemos escrever 12 Agora, usando a regra nós obtemos Inico de Atividade O resultado anterior pode ser obtido sem usar os números complexos. Assim o desafio consiste em procurar uma solução da equação diferencial original. Hint: , e por substituição direita na equação Proponha como solução . diferencial obtenha as constantes Fim de Atividade 5 FUNÇÕES PLURÍVOCAS E SUPERFÍCIES DE RIEMANN Certas funções complexas são plurívocas, e consideradas formadas por ramos, com cada ramo uma função unívoca de Por exemplo, a função pode ser dividida em dois ramos, segundo a fórmula usual para as raízes ( 1. Ramo principal, 2. Segundo ramo, , . Do ponto de vista estritamente matemático, estas duas funções são funções distintas. Observe que, o ramo principal não aplica o plano o plano , mas somente sobre o semiplano direito ( e sobre todo ), ao qual adicionamos o semieixo imaginário positivo. O semieixo imaginário negativo não está incluído. O 13 segundo ramo aplica o plano sobre o semiplano esquerdo ( com o semieixo imaginário negativo. Com exceção de plano ) juntamente , nenhum outro ponto do (plano imagem) é duplicado para ambas as aplicações. Outra característica importante dos dois ramos é que, cada ramo tomado separadamente é descontínuo no semieixo real negativo. Ou seja, os pontos e , onde é o número positivo menor, estão muito próximos umo de outro. No entanto, suas imagens, pela aplicação do ramo principal, e , estão muito distantes uma de outra. Por outro lado, observe que a imagem de está muito próxima do ponto , pela aplicação Parece que a continuidade da aplicação pode ser conservada se trocamos de ramo, quando atravessarmos o semieixo real negativo. Para dar um significado mais preciso, devemos definir o conceito de uma função contínua de uma variável complexa: seja do ponto e seja sempre que desigualdade | para definida numa vizinhança . Dizemos que, no sentido que, dado é contínua em , se (arbitrariamente pequeno), a se verifique sempre que for verdadeira, suficientemente pequeno. Existe uma representação de ambos os ramos por meio de uma solução proposta por Riemann: imagine dois planos separados, cortados ao longo do semieixo real negativo de ‘menos infinito’ a zero. Imagine que os planos estão superpostos um soube o outro, mas que retêm suas identidades separadas, igual que duas folhas de papel postas uma sobre a outra. Suponha que, o segundo quadrante da folha superior seja colado, ao longo do corte, ao quarto quadrante da folha inferior, para formar uma superfície contínua (Figura 5). Agora, é possível iniciar uma curva C no terceiro quadrante da folha superior, contornar a origem e atravessar o semieixo real negativo, penetrando no terceiro quadrante da folha inferior, em um movimento contínuo (sem sair da superfície). A curva pode continuar na folha inferior em torno da origem, penetrando no segundo quadrante da folha anterior. Imagine agora, o segundo quadrante da folha inferior colado ao terceiro quadrante da folha superior ao longo do mesmo corte (independentemente da primeira colagem). A curva C pode então, prosseguir penetrando na folha superior e pode retornar a seu ponto inicial. Este processo de juntar e colar dois planos conduz à formação de uma superfície de Riemann, que é considerada como uma superfície 14 contínua formada por duas folhas de Riemann (Figura 7). Mas a reta entre o segundo quadrante da folha superior e o terceiro quadrante da folha inferior deve ser considerada distinta da reta entre o segundo quadrante da folha inferior e o terceiro quadrante da folha superior. Aqui é onde o modelo do papel falha. Segundo este modelo, o semieixo real negativo aparece como uma reta onde as quatro bordas se encontram. No entanto, a superfície de Riemann não possui tal propriedade; há dos semieixos reais positivos, e dois semieixos reais negativos. A aplicação pode ajudar a visualizar isso: o ramo principal aplica a folha de Riemann superior (excluindo o semieixo real negativo) sobre a região do plano Tambem, a reta que une o segundo quadrante superior com o terceiro inferior, é também aplicada pelo ramo principal sobre o semieixo imaginário positivo. A folha de Riemann inferior (excluindo o semieixo real negativo) é aplicada pelo segundo ramo sobre a região A reta que une o segundo quadrante inferior com o terceiro quadrante inferior é aplicada (pelo segundo ramo) sobre o semieixo imaginário negativo. Deste modo, toda a superfície de Riemann é aplicada de maneira 1-1, sobre o plano ( é levado em a nenhum dos ramos, pois o ângulo polar , e este caso não a pertence não está definido quando Figura 5. Superfície de Riemann. 15 ). Figura 6. Superfície de Riemann. A divisão de uma função plurívoca em várias ramas é, em grande parte, arbitraria. Por exemplo, existem várias maneiras de dividir a função em dois ramos. No entanto, em todas elas haverá uma linha de ramificação (ou de corte), estendendo de ao infinito. A superfície de Riemann é obtida, unindo-se duas folhas de Riemann através do corte, e esta superfície é única. O ponto em que todas as linhas de corte devem terminar ou principiar, é chamado de um ponto de ramificação. A posição do ponto de ramificação é determinada pela natureza da função plurívoca e, é independente da escolha dos ramos. Esta técnica pode ser expandida a outras funções plurívocas. Algumas exigem mais que duas folhas de Riemann, por exemplo, exige três. Algumas exigem duas folhas e dois pontos de ramificação, como por exemplo etc. Há funções que exigem um número infinito de folhas de Riemann, como por exemplo com irracional, e algumas das funções transcendentes, que estão exemplificadas no livro de Butkov (BUTKOV, 1968). Inicio de Atividade A função logaritmo é definida como sendo a inversa da função exponencial. Resolvendo para achar , obtenha: inteiro. Fim de Atividade 16 com 6 FUNÇÕES ANALÍTICAS. O TEOREMA DE CAUCHY Já foi definido no item anterior 5, o conceito de continuidade de uma função complexa, assim é possível verificar que a soma, o produto e o quociente (exceto a divisão por zero) de duas funções contínuas são contínuos. Ainda mais, uma função contínua de uma função contínua é também contínua. Seja sobre uma curva suave por pedaços no plano complexo. Se for contínua , então a integral complexa poderá ser definida e representada em termos das integrais reais, ficando e isso fornece onde sabemos que existem as integrais reais curva e .A pode ser aberta ou fechada, mas em qualquer caso devemos especificar a direção de integração. Uma mudança na direção de integração, resulta em mudança do sinal da integral. As integrais complexas são, portanto, redutíveis a integrais reais curvilíneas e possuem as seguintes propriedades: com constante complexa, e onde foi decomposta em duas curvas O valor absoluto de uma integral pode ser estimado pela fórmula 17 e . em que, sobre e é o comprimento de Agora definiremos a derivada de uma função complexa: dando a acréscimo (com complexo) obtemos um e podemos escrever Como no caso de funções reais este limite pode ou não existir. Também é importante notar que pode-se aproximar de zero de uma maneira arbitrária, ou seja, pode-se aproximar de ao longo de qualquer curva ou por meio de qualquer sequência. Esta é uma exigência muito forte que acarreta que, a função que ser “bem comportada” no ponto a A função derivada em tem , a fim de ser diferenciável. é analítica (regular, ou holomorfa) no ponto e em todos os pontos de uma vizinhança de , se possui (pequena, mas finita). Esta exigência adicional leva a muitas boas propriedades para as funções analíticas, tais como a existência de derivadas de todas as ordens. A existência da derivada em todos os pontos de uma vizinhança acarreta que, a derivada é contínua (ver Boxe 1). Também, é um problema fácil de verificar (usando as propriedades de funções reais) que as derivadas de funções complexas obedecem às regras usuais: onde com e e, por exemplo, inteiro etc. Assim, as diferenciais de funções complexas são definidas de maneira análoga as diferencias das funções reais. Se então a definição da derivada poderá ser rescrita como 18 O valor limite no lado direito deve ser o mesmo quando arbitrariamente para 0. Em particular, faça tende (ou seja, aproxime-se ao longo do eixo real); então Alternativamente, faça (aproxime-se ao longo do eixo imaginário); então Segue-se que, para uma função diferenciável devemos ter Estas são as equações ou condições de Cauchy-Riemann, que se seguem diretamente da definição da derivada. Se além disso, for analítica, então deve ser contínua, o que implica que as derivadas parciais de O teorema recíproco também vale: Se e e sejam contínuas. possuem derivadas de primeiro ordem, satisfazendo as condições de Cauchy-Riemann em uma vizinhança de , então é analítica em . Uma das mais importantes propriedades das funções analíticas é expressa pelo teorema de Cauchy: se conexo, e é analítica em um domínio uma curva simples fechada em simplesmente (suave por pedaços), então Há uma recíproca do teorema de Cauchy, conhecida como o teorema de Morera: se f(z) é contínua em um domínio D, e se simples fechado em com interior também em para todo caminho , então é analítica em . O teorema de Cauchy vale para domínios multiplamente conexos, desde que o interior do caminho seja simples fechado e esteja dentro do domínio (ou seja, que o domínio não esteja em volta de um buraco. Veja a Figura 7). A anulação de uma integral de contorno (uma integral ao longo de um caminho simples fechado) está estreitamente relacionada com a independência do , para qualquer caminho simples caminho de integração. Agora, se 19 fechado, então a integral é independente do caminho (entre Suponha agora que fixamos o ponto . Se a integral e ). é independente do caminho, então deve representar uma função de . Esta função é uma função primitiva de ), o que se segue do teorema (ou uma integral indefinida de fundamental do cálculo integral: se é analítica em um domínio simplesmente conexo, então a função é também analítica em ,e . Figura 7, Superfície de Riemann Inicio de Atividade a. Usando a referência [1] mostre o teorema anterior. b. Mostre que duas funções primitivas quaisquer devem diferir por uma constante (complexa). Fim de Atividade 20 7 OUTROS TEOREMAS DE INTEGRAIS. A FÓRMULA DA INTEGRAL DE CAUCHY Para o estudo das aplicações, devemos notar que, em todos eles as condições enunciadas no teorema de Cauchy devem ser verificadas. Considere a integral A pergunta que nós fazemos é a seguinte: esta integral é nula ou não? Em geral, é uma função analítica, mas deixa de sê-lo no ponto . A função não é nem definida neste ponto e não pode possuir uma derivada. Suponha que a curva , da definição de , seja uma curva simples fechada. Então, se o ponto está no exterior da curva, o teorema de Cauchy é aplicável, e . Se estiver no interior, o teorema de Cauchy não pode ser aplicado. De fato, a integral não é igual a zero. Se for um círculo de rádio calcular a integral, fazendo com centro em . Neste caso, , então é fácil e Não é muito difícil mostrar que o resultado é verdadeiro para qualquer caminho simples fechado em torno do ponto totalmente contida no interior do circulo constituído pelas curvas e . Suponha que esteja (Figura 8). Então, um estreito canal pode ser construído para ligar o interior de com , e o teorema de Cauchy pode ser aplicado à região sombreada. Pode-se construir um domínio , de maneira tal que a região sombreada esteja no seu interior. A integral ao longo de e longo de é no sentido dos ponteiros do relógio. Se fizermos os lados do canal se aproximarem um de outro, as integrais e ao se cancelarão (no limite), deixando-nos a afirmativa onde a primeira integral é tomada no sentido oposto ao dos ponteiros dos relógios; e o segundo, no sentido dos ponteiros do relógio. Tornando o sentido da segunda integração anti-horário, obtemos 21 (com ambos os sentidos anti-horários). Se de estiver totalmente contida no interior , a demonstração será semelhante, e se e se cortarem a demonstração seria ainda mais simples. Figura 8. Integral de Cauchy. Se a integral for calculada ao longo de um caminho fechado, que não é simples, seu valor pode não ser , onde . Nos casos de interesse prático, seu valor será é o número de vezes que o caminho percorre em torno de sentido anti-horário, menos o número de vezes que percorre em torno de , no no sentido horário. A integral pode-se anular mesmo que o teorema de Cauchy não se aplique. Por exemplo, se calculamos a integral em que raio é um inteiro positivo diferente da unidade e, o contorno é um círculo de em torno de . Usando , obtemos 22 Este resultado é correto para qualquer caminho fechado em torno de A função . do teorema de Cauchy deve ser unívoca. Pode ser o ramo de uma função plurívoca, mas tendo o cuidado que esse ramo seja analítico. Assim, por exemplo, na integral ao longo do círculo de raio unitário e centro na origem, devemos especificar o ramo da função . Suponha que seja o ramo principal, ou seja, Aqui o teorema de Cauchy não se aplica, pois círculo não é analítica no interior do . Os pontos onde a função deixa ser analítica estão no eixo real de a contínua em , ponto em que nem é contínua. Por mais que seja , não é analítica neste ponto. Seja agora a mesma integral tomada em torno do ponto n (Figura 9). Se o ramo principal figura na integração, o teorema de Cauchy não será aplicável. Agora, podemos dividir a nos dos ramos abaixo Ramo A: Ramo B: 23 Aqui o corte está ao longo do semieixo real positivo, e cada ramo é analítico no interior do círculo , e sobre sua circunferência, assim o teorema de Cauchy pode ser aplicado. Figura 9. Integral de Cauchy para a função O teorema de Cauchy pode ser generalizado de várias maneiras. Deixamos este aprofundamento no tema aos alunos interessados que podem revisar a referência do Butkov (BUTKOV, 1968). O teorema de Cauchy pode ser usado para deduzir muitas outras propriedades das integrais, sendo a mais básica a fórmula da integral de Cauchy: se é analítica no interior de uma curva interior de e sobre ela, e se o ponto está no , então Inicio de Atividade Usando a referência do Butkov (BUTKOV, 1968), mostre o teorema anterior. Fim de Atividade 24 8 SEQUÊNCIAS E SÉRIES COMPLEXAS Um estudo sério das funções analíticas precisa saber como representá-las em forma de séries. Analisemos primeiro as sequências de números complexos. Uma seqüência infinita de números complexos converge para o limite (complexo) , se Para valores suficientemente arbitrariamente pequeno. grandes de ; o número é um número A convergência de sequências complexas pode ser reduzida à das sequências reais por meio do seguinte teorema fundamental: a sequência e converge para converge para , se e somente se converge para , . Este teorema, assim como outros a seguir, serão enunciados sem uma demonstração formal. Aqueles alunos com suficiente curiosidade podem revisar as demonstrações do Butkov (BUTKOV, 1968). As sequências convergentes podem ser somadas, subtraídas, multiplicadas e divididas (termo a termo), e os teoremas usuais sobre limites são válidos: etc. Analisemos agora as séries complexas. Uma série infinita de números complexos é convergente se a sequência for uma sequência convergente. Fazendo de suas somas parciais , escrevemos usualmente que Se a sequência das somas parciais não convergir, dizemos então que a série é divergente. É muito importante notar que, sob certas circunstancias, séries divergentes podem ter significado bem definido e que tais séries são muito usadas em aplicações. Uma série é absolutamente convergente se a série (real) dos módulos 25 for uma série convergente. Uma série absolutamente convergente é convergente. Muitas vezes, para mostrar a convergência de uma série complexa, pode-se induzir se ela é absolutamente convergente. A seguir, numeramos os testes mais comuns para analisar a convergência de uma série complexa: Teste da comparação: Se e convergem, então converge absolutamente. , para todo Teste da razão: Se então suficientemente grande e converge absolutamente. Se grande, e , então , para , suficientemente diverge. Teste da raiz: Se , para suficientemente grande, então , para converge absolutamente, e se suficientemente grande, então diverge. A divergência de uma série pode ser mostrada usando o teste do termo: se não tende para zero, então a série -ésimo diverge. Muitas vezes é necessário ‘reduzir’ o problema de convergência de uma série complexa ao de duas séries reais usando o seguinte teorema: a série converge para converge para , se e somente converge para , e . Os termos de uma série complexa podem depender de uma variável complexa . As séries mais comuns são as séries de potências, por exemplo, Muitas destas séries de potências somente convergiram, se o valor da variável z está restrita a uma certa região. A série anterior, por exemplo, converge absolutamente pelo teste da razão se , e pelo mesmo teste diverge se , mas então o teste do -ésimo termo . O teste da razão não é decisivo, se mostra a divergência da série. A série de potências acima converge absolutamente 26 em todos os pontos dentro de um círculo de raio convergência, onde , chamado de círculo de é o raio de convergência. O conceito de raio de convergência pode ser aplicado a toda série de potência. Com efeito, se uma série de potências é convergente em todos os pontos no interior deste círculo. O problema é, então, achar a cota superior de , que será o raio de convergência procurado. Inicio de Atividade a. Mostre que a série . tem raio de convergência igual a b. Mostre que a série tem raio de convergência igual a . Fim de Atividade Estudemos agora a sequencia de funções. A sequência definidas em uma região em ( pertence a de funções ), converge para uma função limite , se para cada em . Por exemplo, as somas parciais da série formam uma sequência de funções (polinômios) e esta seqüência converge para a função Podemos ver isto, fazendo 27 na região aberta . e , para Assim, temos que a função é a soma da série anterior (somente ): para (para ). Existem mais aplicações, teorias e critério de convergência para as series de funções. Vocês podem encontrar estas no livro de Butkov (BUTKOV, 1968). Para finalizar esta seção, é importante conhecer o chamado teorema de Weierstrass: se os termos da série são analíticos no interior de uma curva simples fechada e sobre ela, e a série converge uniformemente sobre uma função analítica (dentro de , e sobre , estão sua soma é ) e a série pode ser diferenciada, ou integrada um número arbitrário de vezes. 9 SÉRIES DE TAYLOR E DE LAURENT Considere uma série de potências , onde é um número complexo fixo: Se esta série converge para algum valor (para , a série sempre converge), então é absolutamente convergente em todos os pontos do interior do círculo com centro no ponto convergente dentro de um círculo de raio . Além disso, será uniformemente , menor do que de potências acima representa, dentro de um círculo . Segue-se que, a série (pelo menos), uma função complexa e segundo o teorema de Weierstrass, esta função é analítica dentro do círculo. 28 Assim podemos afirmar que, toda série de potências com um raio de convergência não nulo representa uma função regular em certa vizinhança do ponto . A afirmação recíproca é também verdadeira: toda função analítica em pode ser desenvolvida numa serie de potências válida em certa vizinhança do ponto única, e os coeficientes Esta série, conhecida como série de Taylor, é podem ser obtidos pela fórmula Inicio de Atividade Usando a Referência (BUTKOV, 1968) mostre o teorema anterior. Fim de Atividade As séries de potências podem ser generalizadas para conter potências negativas de , ou seja, Tais séries podem ser divididas em duas partes: e a série original convergirá desde que ambas as partes convirjam. A série de potências positivas convergirá dentro de um círculo de convergência em com centro . A série das potências negativas convergirá para fora de certo raio centro em , e a série . Podemos deduzir que 29 , com convergira dentro do anel Pode acontecer que , e assim nossa série divergirá em toda parte. Teorema: toda função analítica em um anel pode ser desenvolvida em uma série de potências negativas e positivas de Esta série, conhecida como série de Laurent, é única para um anel dado, e os coeficientes onde , podem ser obtidos de é um círculo de raio , tal que Inicio de Atividade Usando a Referência do Butkov (BUTKOV, 1968) mostre o teorema de Laurent. Fim de Atividade A parte da série de Laurent, consistindo de potências positivas de chamada de parte regular. Em muitas das aplicações eo -ésimo coeficiente da série não pode ser associado a em é não é analítica em , -ésima derivada de porque ela pode não existir. A parte da série de Laurent com potências negativas é chamada de parte principal. Se esta parte principal é idêntica a zero, então é analítica em , e a série de Laurent será idêntica à série de Taylor. 30 Exemplo 1. Uso de séries geométricas. A função com =constante complexa não nula. Sabemos que Portanto . Esta expressão é a série de Taylor em torno do ponto convergência é qual , porque à distância da origem existe o ponto deixa de ser analítica, sendo este o único ponto onde Portanto, deveria possuir uma série de Laurent em torno de ser válida para Se , então . Seu raio de não é analítica. , que deveria . Escreva , e então podemos desenvolver Portanto, E esta é a série de Laurent desejada. A função qualquer ponto pode ser desenvolvida por meio deste método em torno de ; com efeito, escreva Então, ou 31 , no Inicio de Atividade a. Desenvolva em série de Laurent a seguinte função: usando (BUTKOV, 1968) com o método de decomposição racional. b. Desenvolva em série de Laurent: Usando (BUTKOV, 1968) com o método de diferenciação. c. Desenvolva em série de Laurent: usando (BUTKOV, 1968) com o método de integração. Fim de Atividade 10 ZEROS E SINGULARIDADES O ponto Se chama-se de zero (ou raiz) da função for analítica em deverá ter . Se , então sua série de Taylor o ponto ordem um. Também pode ser que Seja ordem , se é chamado de zero simples, ou zero de ou outros coeficientes seguintes sejam nulos. o primeiro coeficiente que não se anula, então dizemos que, o zero é de A ordem de um zero pode ser avaliada, calculando-se 32 para ; o mais baixo valor de , para o qual este limite não se anulara, é igual à ordem do zero. Se uma função exceção do ponto é analítica na vizinhança de um ponto , com , então dizemos que a função possui uma singularidade isolada, ou um ponto singular isolado em . Podemos distinguir as singularidades pelos comportamentos da função no limite de de maneira arbitrária: 1. permanece limitada, ou seja, | 2. não é limitada e ) para para um fixo. se aproxima do infinito, ou seja (qualquer (algum ). 3. Nenhum dos casos acima acontece, e oscila. Alguns exemplos demonstrativos dos casos anteriores são as funções: Caso 1. Caso 2. Caso 1. É importante notar que para função do Caso 1: com esta expressão não define o valor a função em z=0. Usando a seguinte expressão redefine-se a função em , e em os outros pontos. Vamos demonstrar como exercício a afirmativa sobre o Caso 1. Para isto, notemos que é analítica no anel , situado na vizinhança de . Pelo teorema de Cauchy, para um ponto 10), teremos 33 qualquer dentro do anel (Figura Vamos mostrar que a segunda integral deve ser nula para todo Fazendo , e observando que Então, para um fixo A integral deve ser independente de devido à analiticidade do integrando. Ela é menor que um número positivo arbitrário (para deve ser igual a zero. Assim, mostramos que Então: (i) existe, (ii) suficientemente pequeno), e se aproxima ao limite está definida por este limite, e a função , redefinida desta maneira é analítica em Figura 10. Aplicação do teorema de Cauchy no anel Do estudo anterior, temos que as singularidades isoladas do primeiro tipo são chamadas de singularidades removíveis. 34 O segundo tipo de singularidade isolada, quando se , é chamado de um pólo. Como a singularidade é isolada, deve existir uma serie de Laurent (para algum R). Se a parte principal é finita, a série válida para resulta em então se tem um pólo de ordem tem um pólo em acima (para e . A recíproca também é válida, ou seja, , deve possuir uma série de Laurent com a forma ). , possui a seguinte série de Vejamos um exemplo: a função Laurent válida para (com arbitrario) donde se conclui que possui um pólo simples na origem. Podemos achar a ordem de um polo sem precisar conhecer a série de Laurent da função. Isto pode-se fazer calculando para ; o menor valor de , para o qual este limite existe, fornecerá a ordem do pólo. Observe que este limite não pode ser zero! O terceiro tipo de singularidade é conhecido como singularidade essencial. Aqui, a série de Laurent, válida para (com uma parte principal infinita. Por exemplo, a função série de Laurent válida para (com arbitrario), deve ter , possui a seguinte arbitrario): Como a parte principal é infinita, a função possui uma singularidade essencial em 35 Além das singularidades isoladas, as funções complexas podem deixar de ser analíticas por outras causas. Um dos motivos mais comuns é um ponto de ramificação. Analisemos, por exemplo, a função . Para todo ponto, exceto a origem, é possível construir uma vizinhança e achar um ramo de que será analítico nessa vizinhança. É evidente que não pode haver série de Taylor, ou de Laurent, válida na região (para certo ), em torno do ponto de ramificação entanto, são válidas séries de Laurent para o comportamento da função No Por exemplo, vejamos . Ela pode ser desenvolvida na seguinte série de Laurent , e representa um ramo da função Esta série é válida para que é analítica nesta região. A linha de corte une dois pontos de corte , e não se estende até o infinito. Substituindo série de Laurent com centro no ponto de ramificação por e , obtemos uma . Esta última convergirá para Uma função analítica pode também possuir um número infinito de singularidades isoladas, convergindo para um certo ponto limite. Consideremos, por exemplo, a função O denominador possui pólos simples sempre que Assim, nestes pontos a função possui pólos simples e a sequência destes polos converge para a origem. Inicio de Atividade a. Desenvolva em série de Laurent a função usado no item anterior. 36 , para obter o resultado Fim de Atividade 11 O TEOREMA DO RESIDUO E SUAS APLICAÇÕES Seja analítica em uma vizinhança de analítica em , exceto em ou tem uma singularidade isolada). Seja fechada no interior de esta vizinhança e em torno de independe da escolha de (ou é uma curva simples , então a integral e, é chamada de resíduo da função no ponto Logo, se f(z) é analítica em (o ponto é chamado de ponto regular), e o resíduo é zero. Se z=a é uma singularidade isolada, então o resíduo pode ser ou não zero. Vejamos um par de exemplos: 1. o resíduo em é igual à unidade. Usando a definição anterior da integral Podemos calcular a integral fechada em torno da origem usando como curva circunferência de raio fixo , e mudando a variável Pela fórmula para o coeficiente –ésimo da série de Laurent ( vemos que o resíduo é igual ao coeficiente que, é válido para , a (com algum 37 da série de Laurent ). ), Inicio de Atividade 1. Mostre que, o resíduo para em 2. Usando a fórmula para o coeficiente resíduo igual ao coeficiente , é igual a zero. –ésimo da série de Laurent, mostre que o da série de Laurent Fim de Atividade Os resíduos de uma função em suas singularidades isoladas se aplicam ao cálculo de integrais, complexas ou reais, baseado no teorema dos resíduos: se é analítica no interior de um contorno fechado e sobre número finito de singularidades isoladas em , exceto em um todas situadas no interior de C, então A demonstração deste teorema pode ser um bom entretenimento para alunos ousados, usando a técnica de cortar canais entre o contorno círculos , em torno de cada singularidade (Figura 11a). Figura 11. Regiões usadas no teorema dos residuos. Existem vários métodos para o cálculo de resíduos: Método 1: Através da definição 38 , e os pequenos com um contorno , escolhido de forma conveniente. Este método é útil quando conhecemos a função primitiva de , e se esta tem um ponto de ramificação em . Por exemplo, a função qualquer ramo de com primitiva . Aqui, pode ser escolhido, mas preservando a relação o contorno fechado deve ser desconexo e devemos aplicar o processo do cálculo do limite apropriado. Por exemplo, (Figura 11b): Usamos aqui o ramo principal, que possui uma descontinuidade sobre o semieixo real negativo. Pela definição da função: onde corresponde ao ramo da discontinuidade da superficie de Riemann, resulta em , e . Pelo sentido da curva na integral, temos que Método 2: No caso de um pólo simples no ponto , podemos usar a fórmula O cálculo do limite pode-se obter por substituições, ou através do uso de limites já conhecidos. Vejamos isto com um exemplo. Seja . Então , e Porque conhecemos o valor do limite fundamental e usamos a propriedade distributiva do produto para os limites. Método 3: Quando temos um pólo de ordem 39 , em , vale a seguinte fórmula: Usando a fórmula anterior para a função de ordem , onde temos um pólo em zero, assim vemos que Método 4: É utilizado quando temos um pólo simples, e quando tem a forma , em que e tem um zero simples em . Neste caso . Observemos que, se é um zero simples de , então não se pode anular. Vejamos isto com um exemplo. Seja a função um zero em , onde temos Logo Método 5: Aqui desenvolveremos a função em série de Laurent e obtemos daí o resíduo. Este procedimento é muito útil se podemos escrever a como um produto de funções com séries de Laurent já conhecidas. Assim, a série para obtida por multiplicação e o coeficiente pode ser achado por inspeção. Por exemplo, usemos este método com a função procuramos o resíduo em é , onde . Como primeiro passo, faremos uma mudança de variáveis para transferir o pólo para a origem, com as transformações então Agora vamos expandir em séries as funções e : ( ) ( 40 ). No terceiro passo, calculamos (por inspeção) o coeficiente de produto das duas séries (lembremos que ainda temos o fator , formando o na expressão de ): No quarto passo, calcula-se o resíduo O teorema do resíduo pode ser aplicado ao cálculo de uma grande variedade de integrais definidas, sejam integrais no campo real ou no campo complexo. Vejamos alguns exemplos dos métodos mais usados. Exemplo 1. Seja a integral Esta integral pode-se transformar numa integral de linha no plano complexo, usando a substituição . Logo, então, a integral é onde é o círculo unitário e o pólo . Se | no plano , o pólo O integrando possui dois pólos: em está no interior do contorno, enquanto que está fora. Assim que, precisamos somente do resíduo em resulta Portanto, a integral agora é 41 ; que Se , o resíduo será em , é será igual a Portanto, a integral agora é Ambos os resultados podem ser combinados assim enquanto que, a integral não está definida para Este método pode ser usado em que . para integrais do tipo é uma função racional de e Exemplo 2. Consideremos a seguinte integral real Assim, a integral pode ser tratada como parte da integral complexa calculada sobre o contorno maneira (podemos fazer , como se mostra na Figura 12. Dessa sobre o eixo real): Podemos calcular a integral sobre o semicírculo é conveniente escrever 42 quando é muito grande, assim, se é muito grande, então é pequeno e é quase igual, ou muito próximo de um (Figura 13). Observemos, então, que para , e em consequência Isto leva à Usando a estimativa Então Vemos que, a integral quando é em for maior do que é independente do raio ), pois a única singularidade do integrando dentro de , e assim pelo teorema do resíduo (para todas as , tais que (pelo menos ). Logo, se fizermos que se reduz a 43 , teremos Figura 12. Contorno de integração para o Exemplo 2. O processo anterior pode ser aplicado às integrais do tipo em que o grau de e são polinômios em , e: (i) , de pelo menos dois (de outra maneira deve exceder o grau de a integral sobre o semicírculo não deve ter zeros reais, e (ii) talvez não tenda para zero). Para tais integrais se cumpre que onde é a soma dos resíduos do integrando no semiplano superior. Exemplo 3. Considere a integral real Observemos, em primeiro lugar, que 44 Fazendo a substituição de por não funcionará, pois comportada no plano superior; não é limitada. No entanto a função semiplano superior, pois que para todos os , como (para todo não é bem é limitada no real), enquanto não negativos. Assim, a integral complexa é calculada sobre o contorno mostrado na Figura 12. Notemos que, Também, a integral resulta usando o teorema dos resíduos de maneira que, a integral Como o lado direito é real, segue-se que Exemplo 4. Considere a integral real Ao igual que antes, podemos fazer 45 Como não é bem comportada no semiplano superior, tentaremos calcular a integral complexa sobre um caminho (eixo real) que é aberto (por enquanto). Como é contínuo em , podemos deformar o contorno como é mostrado na Figura 13, e dizer que Figura 13. Contorno de integração para o Exemplo 4. Usando agora o problema agora é calcular Para , escolhemos o contorno como usualmente Figura 14(a). É possível mostrar (fica como atividade) que a integral sobre Para se aproxima a zero, ou seja , fecharemos o contorno pelo semiplano inferior como mostra a figura 5.14 (b). Ora, é limitado no semiplano inferior e a integral sobre tende para zero. Por outro lado, observemos que (a) existe uma contribuição dada pelo pólo na 46 origem e (b) a integração no sentido horário introduz uma mudança de sinal. Assim, obtemos Combinando ambos os resultados Figura 14. Contorno de integração para o Exemplo 4. RESUMINDO Apresentamos nesta Unidade aos números complexos. Defimos eles, e aprendimos as suas propriedades fundamentais. Como os números complexos podem ser considerados como variáveis, então, conseguimos formar as funções complexas. Estudamos as condições de continuidade e, as noções de analiticidade destas funções. Pudimos definir as propriedades de derivação e integrabilidade destas funções de variável complexa. Analisamos suas aplicações para resolver algums problemas físicos associados as soluções de equações diferenciais. Finalmente, pudimos calcular integrais reias e complexas usando as funções complexas. Referências CERRI C. e MONTEIRO M. S., CAEM - Centro de Aperfeiçoamento de Ensino de Matemática (2001), http://www.ime.usp.br/~martha/caem/complexos.pdf 47 BUTKOV, E. Mathematical Physics, Addison Wesley Publishing Company Inc., United States of America, 1968. 48