Narcisismo e desenvolvimento da capacidade de amar na
atualidade
Eugênia Chaves*
Resumo
O trabalho propõe algumas reflexões sobre o desenrolar do narcisismo infantil, etapa do
desenvolvimento psicossexual constituinte e estruturante da subjetividade e da
sexualidade humana. A partir da metapsicologia freudiana e mediante referências a
alguns autores contemporâneos como André Green, Laplanche, Hugo Bleichmar e
Nasio, oferecemos uma pequena contribuição sobre o destino e algumas vicissitudes
desse árduo e longo caminho de mudanças subjetivas até se alcançar a capacidade de
amar e ser amado. Nesse percurso, tentamos lançar luz sobre como os modelos de ideal
oferecidos por nossa “cultura do narcisismo” (Lasch, 1984), tem interferido e
modificado os laços dos sujeitos consigo mesmo e com os outros.
Palavras-chave: narcisismo, constituição da subjetividade, capacidade de amar.
*Psicóloga (CRP 17/1103), mestre em Psicologia Clínica/Psicanálise e Psicopatologia
Fundamental pela Universidade Católica de Pernambuco, especialista em Psicopatologia
Psicanalítica Contemporânea pela Universidade Federal da Paraíba, membro do Laboratório de
Psicopatologia Fundamental do EPSI – Espaço Psicanalítico, PB. Fone (84) 3202-2088; (84)
9981-7530; e-mail: [email protected]
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Narcisismo e desenvolvimento da capacidade de amar na
atualidade
Eugênia Chavesi
Considerações iniciais
A prática clínica nos confronta com a complexa debilidade dos vínculos
amorosos, capaz de provocar sentimentos de insegurança e desejos conflitantes.
Reflexos da dualidade inerente ao amor, que, ao mesmo tempo em que nos aproxima da
felicidade, também nos expõe à dor, pela possibilidade de perda do objeto amado.
Escuto adultos jovens, bonitos e bem sucedidos profissionalmente, mas que,
dentro de uma problemática neurótica, apresentam dificuldades para estabelecer e
manter relações amorosas.
Alguns “flashs” da escuta clínica provocam questionamentos para avançarmos
na discussão. Pacientes como João, 33 anos, que diante de características que lhe
desagradam na namorada, parte para outro relacionamento; e, quando outros “defeitos”
são encontrados, termina o novo namoro, colecionando uma série de insucessos
amorosos.
Lucas, 32 anos, aspira ser amado incondicionalmente, o que ele próprio
relaciona com o amor que sempre recebeu dos pais, e, preso a esse amor idealizado, não
consegue arriscar-se nem dedicar-se a conquistar o afeto de alguém.
Gabriela, universitária, 26 anos, ocupa-se com uma superprodução a cada vez
que se apronta para sair à noite. Preocupada porque ainda não encontrou o grande amor,
ela sai com muita frequência e geralmente fica com mais de um homem, na mesma
festa. Encanta-se por aquele que melhor usar as palavras no sentido de conduzi-la a
viver sua fantasia de conquistar uma paixão à primeira vista. Através de sua beleza, sua
imagem? Depois, sofre à espera do telefonema e das melhores intenções desse homem
que geralmente não aparece. Se aparece, ele logo termina por lhe mostrar a faltosa
realidade
e Gabriela desencanta-se rapidamente. Desiludida, ela inicia um
comportamento de excessos no uso de bebida alcoólica.
Recortes clínicos como esses nos remetem a dificuldades remanescentes de um
narcisismo arcaico, dificuldades que comprometem a convivência com as diferenças e a
vivência da castração; intervindo na capacidade de amar e ser amado.
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Autoimagem, angústias, demandas, temores vão se entrelaçando de diferentes
maneiras, segundo as marcas de um modelo básico primordial, a dupla mãe-bebê. Nas
palavras de Renato Mezan: “[...] eu me amo porque – e como – fui (ou não) amado, e
amo (ou odeio) os outros segundo as determinações do campo assim estruturado” (In
FUKS, 2008, p.15).
Como etapa decisiva do desenvolvimento psicossexual,
momento de
constituição do eu e do desejo, o narcisismo sempre terá sua parcela de contribuição no
direcionamento do movimento da libido.
A partir de um tempo primordial – quando, frente ao desamparo, o bebê
alucinava a satisfação e precisava que seu ambiente favorecesse a ilusão de onipotência
e de invulnerabilidade –, há todo um caminho a ser percorrido até a chegada do
reconhecimento da alteridade, quando, se tudo ocorrer suficientemente bem, finalmente
o sujeito estará apto a investir libidinalmente em objetos totais, mantendo a esperança
na relação amorosa.
Nosso interesse aqui é levantar e questionar alguns aspectos facilitadores e
possíveis vicissitudes e percalços dessa trajetória. Ao mesmo tempo, tentaremos lançar
alguma luz sobre como os modelos de ideal oferecidos por nossa “cultura do
narcisismo” (LASCH, 1984), têm interferido e modificado esse percurso e os laços dos
sujeitos consigo mesmo e com os outros.
Narcisismo: um percurso
O narcisismo se inicia quando a criança sente seu corpo estruturado como uma
unidade e se percebe subtraída à relação dual imaginária com a mãe. Tempo de luto pela
perda do objeto primordial, luto pelo “paraíso perdido” (ROCHA, 2008). Uma castração
é operada pela passagem da ilusão à desilusão, do princípio do prazer ao princípio de
realidade, do eu ideal ao ideal do eu.
A criança debate-se, entre as exigências dos ideais e as verdadeiras
possibilidades de realização. A frustração é algo intolerável que lhe provoca cólera, o
que caracteriza o egocentrismo infantil. Ela terá ainda que aprender a conviver com
frustrações e a perceber a diferença entre realidade e ilusão.
A ferida narcísica infligida à onipotência infantil direta ou projetada nos pais é
algo que diz respeito a todos nós, humanos. Mas, alguns nunca se restabelecem: os
narcisistas são pessoas feridas. Frequentemente, a decepção foi sentida em relação a
ambos os pais; restando-lhes a si próprio como objeto para amar.
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O trabalho de desilusão é um processo doloroso, quando se experimenta a falta.
Mas é no interior dessa vivência que o sujeito pode começar a emergir, pode iniciar sua
existência independente. Como afirma Kristeva (1989), a possibilidade da linguagem de
encadear e transpor o traumatismo depende do luto da Coisa – o objeto absoluto. Se não
é possível perder, não é possível imaginar, nomear, pois o ser falante, imerso no
simbólico, exige um abandono, uma ruptura, um mal-estar.
Na travessia do luto pelo objeto primordial, é possível realizar significativas
mudanças subjetivas até atingir a capacidade de amar. Pois, é preciso perder para ser
capaz de amar. O sujeito desejante busca no objeto amado a parte para sempre perdida
de si mesmo. E, como afirma Michèle Benhaïm (2007): “Inicialmente, a criança não
tem o objeto, ela é o objeto, nesse caso, perdido. O objeto perdido é o sujeito”.
As ambições do eu narcisista infantil acabam sendo deslocadas para as
formações ideais. O eu ideal passa a ser alvo do amor de si mesmo desfrutado na
infância. O ideal, por sua vez, pode ser deslocado para um objeto, pelo mecanismo da
idealização, expressão de uma intolerância narcísica à realidade do eu e do objeto. Este
último pode ser aparentemente o outro, mas está, na verdade, substituindo o eu ideal. A
lógica da paixão pode incluir um modelo de relação dual absoluta; por outro lado, todo
enamoramento implica idealização e dependência.
O estádio do espelho é teorizado por Lacan (1966) como a ação psíquica
estruturante fundamental, nos primórdios da constituição do eu, momento em que a
criança, através da identificação com a imagem especular, unifica os elementos de uma
vivência corporal originária, marcada pela não integração.
É fundamental o caráter imaginário e alienante do nascimento do eu, a partir de
uma identificação com algo que vem de fora – a imagem especular. Frente ao espelho,
cada um se contempla buscando decifrar o impacto de sua própria imagem aos olhos
dos outros. O que realça a alienação do desejo ao desejo do outro.
A relação especular é profundamente ambivalente e marcará todas as futuras
relações de objeto. O eu se confunde com o Outro primordial. Como o indivíduo não
pode sustentar-se sozinho sem seu duplo, a inteira dependência a este desperta um
intenso ódio que se mistura ao amor também intenso.
Pela dialética das identificações, diante da perda do objeto, o eu identifica-se
com o objeto perdido e, por um mecanismo de introjeção, passa a ter o mesmo dentro de
si (FREUD,1917). Esse mecanismo caracteriza uma instabilidade básica na constituição
do eu em relação ao objeto, ao outro, à realidade; “realidade sempre parcialmente
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percebida, objeto sempre relativamente investido, outro sempre um pouco eu”
(MIGUELEZ, 2007).
Para estar com o outro, para reencontrar o objeto metonímico, substituto do
objeto primordial perdido, será necessário que o ambiente permita ao sujeito existir,
estar vivo. O júbilo pela descoberta de sua própria imagem precisa ser confirmado pelo
olhar materno. O reconhecimento da mãe é essencial para o desenvolvimento do
sentimento de si mesmo e para a constituição do ideal do eu.
É o olhar materno que contribui para a fundamental função estruturante do
supereu, a função de proteção do eu, de sustento da vida diante do desamparo humano.
Pois, segundo Freud (1923), para o eu, viver significa o mesmo que ser amado – ser
amado pelo supereu. Ou seja, o eu necessita de um mínimo de sua benevolência, sua
paciência com os deslizes e confiança no futuro.
Se tudo transcorrer suficientemente bem, o tempo de desilusão e de separação da
mãe, vivido com pesar, termina por ser superado com sucesso pelo sujeito. Após a
passagem do dual para o triangular, movido pelo desejo, ele poderá desenvolver sua
potência criativa, encontrando compensações para a frustração. E, a partir da entrada do
terceiro e do reconhecimento da alteridade, poderá encontrar substitutos para as fontes
de gratificação perdidas.
Em contraponto, se a criança permanece enredada no lugar de ideal ou de
complemento narcisista da mãe, pode continuar presa ao mundo imaginário da ilusão da
unidade, no registro do eu ideal.
Para Freud (1914), tornar a ser seu próprio ideal, como na infância, isso é o que
as pessoas se esforçam por atingir como sendo sua felicidade. Mas, a condição dessa
felicidade – em sua radicalidade – é, conforme Hugo Freda (1989), eliminar o outro
sexual, o parceiro sexual. No interior dela, esconde-se uma recusa, uma rejeição
fundamental, a não aceitação do outro, enquanto sexualmente diferente, e, desse modo,
a recusa das diferenças e dos limites. Exterioridade e diferença ferem o narcisismo. No
registro da recusa, por impor uma objeção ao sujeito, o objeto será sempre alvo do ódio
narcísico irredutível presente na vida psíquica.
Durante toda a vida, o sujeito passa por várias situações de desilusão, castrações
que se sucedem; oscilando permanentemente entre dois polos, o narcísico e o alteritário.
Entretanto, nessa oscilação estrutural, o desejo apenas é possível se o sujeito
pende para o polo alteritário. A condição de possibilidade do desejo é que o outro se
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apresente como algo sedutor e atraente o bastante, capaz de despertar a possibilidade
de satisfação desejante do sujeito” (BIRMAN, 2003).
O triangular, através da aceitação da falta, permite ao outro ser diferente e
construir o novo em cima dessa diferença. Essa forma de amor parte, assim, da falta e se
abre para a criação.
Cultura e ideais contemporâneos
Vivemos uma época em que o individualismo é exuberante. Nela, encontramos
um declínio da alteridade como valor, e os sujeitos não são dados a intensas paixões,
mostram-se mais indiferentes aos afetos e sustentam um ideal descompromissado da
relação amorosa.
Paradoxalmente, verificam-se também situações muito tumultuadas entre casais,
caóticas até; e, muitas vezes, atravessadas por tensões e agressividade.
Nas relações interpessoais, a possibilidade de dialogar cede espaço à imagem; e
a palavra perde importância como suporte do pensamento, da intersubjetividade e do
vínculo. Instala-se um culto aos corpos cuidados e uniformizados num mesmo padrão
de beleza. A aparência adquire maior relevo social. O indivíduo vale pelo que parece
ser. Vive-se para a exibição, para a exaltação do eu.
De acordo com Zygmunt Bauman (2004), o modelo de ideal oferecido por nossa
cultura está impregnado de um narcisismo defensivo. Ele utiliza a expressão
“centramento na exterioridade” para designar algo relativo a um narcisismo, um
centramento do eu, paradoxalmente vivido na superficialidade e na exterioridade da
imagem e do espetáculo.
O autocentramento prevalece também no registro sexual. A satisfação sexual
máxima é valorada como condição e sinal de bem-estar psicológico e boa saúde.
Tornam-se triviais as diferentes formas de “consumo” do corpo do outro, até mesmo
como meio do indivíduo exaltar o próprio eu.
A liberação da vida sexual parece não haver conduzido a um enriquecimento da
mesma, não promover a satisfação das necessidades de afeto e de autêntico
reconhecimento. Aliado a toda uma tecnologia do prazer, o sexo se desenvolve alheio
às significações e aos jogos do amor e da ternura, impregnando-se de características
adictivas.
Os
efeitos
desse
modelo
de
ideal
contemporâneo
comprometem o
desenvolvimento do autoconhecimento e da capacidade de amar. A supervalorização da
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autonomia pode pressionar o sujeito a tentativas para se tornar independente do mundo
exterior, ou para constituir um objeto controlado onipotentemente, que não entre em
contradição com o desejo do sujeito.
Na tentativa de se evitar a dor, o indivíduo pode ser levado a fugir das relações
afetivas. No entanto, quando a retração libidinal sobre o eu se torna maciça e exclusiva,
impõe-se um sofrimento e uma ameaça talvez maior. Como alerta Lucía Fuks (2008),
existe o risco da convergência entre o narcisismo e a pulsão de morte: a pretensão
narcisista da coincidência absoluta com o ideal implica a morte do sujeito desejante. O
que pode levar ao profundo sentimento de vazio.
Vazio, isolamento, solidão, desassossego crônico, embotamento e tédio são
manifestações da retração narcísica. Retira-se investimento da relação de objeto para
voltar-se sobre o eu e principalmente sobre o corpo como objeto narcísico primário. A
relação com as outras pessoas em geral pode ser sentida como uma ameaça ao equilíbrio
psíquico, gerando uma resposta de hostilidade e retraimento defensivo.
Por outro lado, os ideais inacessíveis desta época provocam frustrações e
sentimentos de impotência crescentes que podem ser descarregados no interior das
relações afetivas. Busca por conseguir algum protagonismo na gestão da própria
existência, como querendo compensar, com isso, também o vazio crescente que afeta o
próprio sentido de existência.
Esse cenário favorece a um confronto especular de semelhantes, sem uma
intersubjetividade que sustente um jogo de diferenças, de matizes e de enigmas. Uma
relação dual narcísica, onde o eu se vê compelido a suprir a falta do outro de forma
total.
Considerações finais
As perturbações do narcisismo, que se apresentam na clínica contemporânea,
certamente contam com o agravante da pressão da realidade atual – com sua
complexidade e suas contradições – se sobrepondo a sintomas e traços neuróticos
preexistentes.
Todos os pacientes, mencionados no início do texto, apresentam contusões em
sua estruturação dos ideais, que se expressam por desproporcional presença do eu ideal
e por tormentoso sentimento de culpa. Marcas de uma remota vivência de maciço
investimento narcisista por parte da figura materna.
Sabemos que algumas mães, movidas por antigas fantasias onipotentes,
demandam de seus bebês que ocupem o lugar de objeto ideal e de complemento
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narcísico delas. Nos casos de João, Gabriela e Lucas, esse tipo de investimento maternal
parece não ter impedido a entrada do terceiro, mas contribuiu para enredar o sujeito em
vínculos de adesividade patológica com os personagens edípicos.
A mãe de João tem diagnóstico de transtorno bipolar, o que nos faz conceber a
hipótese de uma depressão pós-parto. Filho único, ele costumava afirmar o seguinte:
“minha mãe só tem a mim”. Afirmativa que precisou ser delicadamente analisada até
chegar à outra latente: “minha mãe é a mulher perfeita para mim”.
A Gabriela viveu como filha e neta única, guardando na memória cenas da
infância emblemáticas do quanto ocupou o centro das atenções, nas reuniões familiares.
Sua queda desse lugar ocorreu quando já contava seis anos de idade. O nascimento de
sua única irmã foi vivido como um golpe tão forte, que a paciente adoeceu, de tal forma,
que seu pai foi obrigado a hospilalizá-la, horas antes de transportar sua mãe para a
maternidade.
Lucas, por ter sido concebido em uma relação inaceitável socialmente, o que
culminou com o fim do primeiro casamento de seu pai, encontrou um ambiente
permeado
por
culpas
dos
pais,
pressões
sociais
e
rejeições
familiares.
Inconscientemente, ele assume a impossível missão de compensar essa falta parental
que a sua própria existência representa.
Com raízes que tocam em algum tipo de fragilidade do eu, o aprisionamento
desses pacientes na trama edípica se reflete na dificuldade de separação dos primeiros
objetos de amor e na relutância em aceitação da falta. Só quando se pode lidar com a
falta e com a diferença é que se pode investir em uma forma de amor que se abre para
construir, criar o novo. Pois, “não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas
que o amor encontra seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas
coisas” (BAUMAN, 2004, p. 21).
Podemos pensar que muitos elementos da cultura predominante na
contemporaneidade – a instabilidade, a confusão dos valores, a rapidez das mudanças na
relação homem-mulher, o modelo de ideal individualista – são poderosas forças capazes
de dilapidar a capacidade de amar.
Quando se alia o individualismo narcisístico e hedonista ao combate acirrado a
toda forma de dor, o sujeito pode ser levado a renunciar a empreitadas de tão alto risco
como dedicar-se a um amor. Impasse inerente à condição humana, diante do qual,
proponho que fiquemos com as palavras do poeta:
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CANSADO DE SOFRER
Cansado de sofrer do mal de amor,
procurei proteger meu coração
e comecei a grande construção
da minha fortaleza interior.
Fiz vigas de concreto contra a dor,
revesti as paredes de razão,
portas, janelas, piso, elevador,
tudo impermeável à emoção.
Como não tem no mundo quem não falhe,
esqueci, entretanto, de um detalhe,
e meu trabalho não ficou completo.
Meu coração, em paz, adormecido,
acordou, de repente, com um ruído:
Era a saudade entrando pelo teto.
(Ronaldo Cunha Lima)
("http://humorepoesiadorui.blogspot.com.br/")
Referências:
BAUMAN,Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos – trad.Carlos Alberto
Medeiros - RJ:Jorge Zahar Ed., 2004.
BIRMAN, Joel. Mal-estar na atualidade: a psicanálise e as novas formas de subjetivação 4ª Ed. –
RJ:Civilização Brasileira, 2003.
FREDA, F.H. Textos sobre toxicomania e alcoolismo – publicação.do CMT, 1989.
FREUD, S. Sobr e o Na r ci si sm o: um a i n tr oduçã o . (1914) In : O br as Psi c ol ógi c as
Compl e tas de Si g mun d Fr e ud . 2. ed. St a n dar d Br a si l ei r a. Ri o de Ja n ei r o: Im a go,
1986, vol . 14.
_____. O ego e o id. (1923) In: O br as Psi c ol ógi c as C ompl e tas de Si g mund Fr e ud.
2. ed. St a n dar d Bra si l ei ra . Ri o de Ja n ei r o: Im a go, 1986, vol . 19.
FUKS, Lucía B. Narcisismo e vínculos: ensaios reunidos – SP: Casa do Psicólogo, 2008.
GREEN, André. Narcisismo de vida, narcisismo de morte. SP:Escuta, 1988.
KRISTEVA, J. Sol Negro: depressão e melancolia. R. J: Rocco, 1989.
LACAN, J. O estádio do espelho como formador da função do eu, In Escritos – RJ: J. Zahar Ed, 1998.
LASCH, C. A cultura do narcisismo. RJ:Imago, 1983
MIGUELEZ, O.M. Narcisismos.SP: Escuta, 2007.
ROCHA, Z. Freud: novas aproximações – Recife:Ed. Universitária, 2008.
*Psicóloga (CRP 17/1103), mestre em Psicologia Clínica/Psicanálise e Psicopatologia
Fundamental pela Universidade Católica de Pernambuco, especialista em Psicopatologia
Psicanalítica Contemporânea pela Universidade Federal da Paraíba, membro do Laboratório de
Psicopatologia Fundamental do EPSI – Espaço Psicanalítico, PB. Fone (84) 3202-2088; (84)
9981-7530; e-mail: [email protected]
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