HRAS Uso do Curare na UTI Neonatal Uso do Curare na UTI Neonatal Autor: Paulo R. Margotto Unidade de Neonatologia do HRAS/ ESCS//SES/DF Apresentação:Candice Cristina Q. De Araújo Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF 19/10/2007 Introdução • O uso dos bloqueadores neuromusculares revolucionou a prática na medicina redefinindo procedimentos anestésicos; • Eficácia em recém-nascidos que “brigam” com o ventilador e na redução da deiscência de sutura em RN com atresia de esôfago; Introdução • Relaxantes musculares: – Despolarizantes (succinilcolina) – Não despolarizantes (pancurônio, ...) • A reversão do efeito dos relaxantes musculares é importante para se evitar bloqueio residual; – Anticolinesterásicos – Sugammadex Objetivo • Proporcionar ao neonatologista uma base para a compreensão do mecanismo de ação dos diferentes bloqueadores musculares, a fim de otimizar o seu uso e prevenir seus efeitos colaterais. Mecanismo de Ação • Fisiologia da transmissão neuromuscular: – Fibras mielinizadas eferentes tipo alfa; – Corpos celulares : núcleos dos nervos cranianos ou na substância cinzenta do corno anterior da medula; – Placa motora: espaço que separa a terminação nervosa da fibra muscular. Mecanismo de Ação Mecanismo de Ação • Transmissão neuromuscular: estímulo elétrico do nervo para o músculo mediado pela acetilcolina (ACh); • Ligação aos sítios das 2 subunidades alfa dos receptores; • Produção: neurônios colinérgicos/Degradação acetilcolinesterase; • Liberação: abertura da canais de Ca estimula a exocitose de vesículas com ACh; Mecanismo de Ação • Receptores de ACh: – Nicotínicos (ionotrópicos): • Neuromusculares ( placa motora) contração de músculo esquelético; • Neuronais (sinapses) – propagação de estímulo nervoso; • Antagonista: curare; Mecanismo de Ação • Receptores muscarínicos (metabotrópicos): – Antagonista: atropina; – Tipos: M1 a M5; – A ligação da ACh com o receptor provoca uma despolarização do neurônio pós-sináptico • Entrada de Na • Saída de K Curare • Grupo dos alcalóides; • Potente inibidor relaxante sobre o músculo estriado; • Competidor da ACh no recp nicotínico; • Derivado de plantas da família Loganiaceae; Junção neuromuscular no RN • Diferenças estruturais e bioquímicas; • Unidade motora é difusamente larga; • Múltiplas fibras musculares por axônio terminal; • Menor superfície de área/ receptores difusamente distribuídos na PM; • A produção de ACh é menor/ Menor despolarização. • Sensibilidade relativa aos bloqueadores neuromusculares. Mecanismo de Ação • Fisiologia do bloqueio neuromuscular: – Bloqueadores musculares: • Não despolarizantes • Despolarizantes • Bloqueadores não despolarizantes: – Ligação nos sítios da ACh nos receptores pós-juncionais (receptores nicotínicos); – Início de ação: 2 a 3 minutos; – Ligação Reversível: quantidades suficientes de ACh podem conter os efeitos da medicação/antagonistas da acetilcolinesterase; – A junção neuromuscular dos RN é mais susceptível; – Principais: pancurônio, vecurônio, atracúrio, cisatracúrio, pipecurônio, doxacúrio e mivacúrio. • Bloqueadores neuromusculares despolarizantes: – Mimetizam o efeito da ACh na junção neuromuscular levando a uma despolarização prolongada sobre os canais de Ca; – Fasciculações/ paralisia; – Início de ação/ duração: 5 min; – Não reversível com os antagonistas da acetilcolinesterase; • Succinilcolina: não é susceptível a degradação enzimática pela acetilcolinesterase; • Duração de 5-15 min; • Hidrólise pela colinesterase plasmática- succinilcolinesterase; • Crianças apresentam + resistência; • Entubação endotraqueal urgente no pré-operatório/ Laringoespasmo; • Antagonista dos receptores colinérgicos autônomos bradicardia prémedicação com atropina; • Hipercalemia de 0.5 a 1mEq/L; • Quelicin- ampola de 10 ml com 500 mg ampola de 100 ml com 100mg de cloreto de succinilcolina Indicação para a curarização • Controle do relaxamento muscular em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos; • UTI neonatal déc 60: RN em respirador para evitar “briga”; • Década de 70: respirador com fluxo contínuo; • • • • Hipertermia maligna? Aumento da pressão intra-ocular? Hipercalemia; Década de 80: “interesse” a fim de diminuir o barotrauma e a hemorragia intraventricular; • Estudo de Greenough et al, mostrou menor incidência de pneumotórax nos RN que brigavam com o respirador em uso de pancurônio. • Perlman et al: grandes flutuações da VFCS/PA em RN em VM Aumento do risco de hemorragia peri/intraventricular; • Rennie et al: A variabilidade da VFSC foi maior nos RN em assincronia com o respirador; • Perlman et al: menor frequência de hemorragia intraventricular com pancurônio; Antes da paralisia Depois da paralisia • 10 RN não paralisados – 10 hemorragia intraventricular; – 7 hemorragia severa – 14 paralisados • 5 hemorragia intraventricular • O hemorragia severa • Metanálise de Cools e Offringa: – Redução de complicações agudas pulmonares e neurológicas em RN sob ventilação com paralisia muscular; – hemorragia intraventricular; – pneumotórax; – Rn prematuros em assincronia; – Pancurônio dose 0.01 a 0.03 mg/Kg – Uso rotineiro não pode ser indicado; – RN a termo: não há dados disponíveis. Bloqueador neuromuscular X entubação • Kelly et al: RN em uso de pancurônio e atropina X RN em uso de atropina: – não apresentaram queda da FC – menor aumento da PIC; • Ghanta et al: RN em uso de propofol X RN em uso de morfina, atropina e suxamethodium (succinilcolina): – – – – Menor tempo para entubação Maior saturação de O2 Menor trauma nasal/ oral Menor tempo de recuperação • Propofol: – Pré-medicação para entubação não emergencial; – Dose: 2.5mg/ Kg IV – Pré-medicação atenua as respostas fisiológicas dos RN embora sejam necessários mais estudos... Efeitos adversos • Não despolarizantes: – Vasodilatação periférica (bloqueio simpático) – Histamina – Perda auditiva – FC – PA – Fraqueza/ tórax em sino/ edema – Gás intestinal Efeitos adversos • Despolarizantes (succinilcolina): – Miofasciculações – Edema pulmonar – bradicardia Farmacodinâmica/ Farmacocinética • Pancurônio, vecurônio, rocurônio e pipecurônio: não despolarizantes aminosteróides; • Atracúrio, mivacúrio e doxacúrio: não despolarizantes benzilisoquinolinas. Dose Pancurônio Vecurônio Atracúrio Mivacúrio Rocurônio Cisatracúrio 0,15 mg/Kg 0,1 mg/Kg 0,5 mg/Kg 0,2 mg/Kg 0,6 mg/Kg 0,1 mg/Kg Inicio Duração 3 - 4' 60 - 80' 2,5' 35 - 45 ' 2,5' 2,5' 1,5' 5,2' ». 50' 20' 40' 33 - 45' Histamina Efeito CV ↑ FC e PA Sim Sim Não Não Não Pipecurônio 0,1 mg/Kg 3,5' 80 - 120' Doxacúrio 0,05 mg/Kg 6' 85 - 125' Não Succinilcolina 4-5mg IM 0,5-1´ 5-10` Não Eliminação Indicação Duração Total Renal/bile Intervenção cirúrgica de longa duração 120 - 160' Cirurgia Cardíaca 60 - 75' Não hepática (↑ FC↓PA) Múltiplas vias (Eliminação de Hoffmann) Em paciente com insuficiência renal ou hepática/RN 80' (↑ FC↓PA) hidrolise pela colisterase plasmática Intervenção de curta duração 30' 70' 70' Não Hepática Indução em sequência rápida se a succinilcolina estive contraindicada Não Múltiplas vias (Eliminação de Hoffmann) Em paciente com insuficiência renal ou hepática Renal Cirg de longa duração paciente cardiovascula res Não Renal Cirg Cardíaca de longa duração bradicardia Succinilcolinesterase entubação de urgência Não 2 - 3 horas 120 - 200 min Degradação de Hoffman • Processo químico não enzimático; • Ocorre em temperatura e ph fisiológicos; • pH alcalino e hipertermia • Sais de amônio base terciária; • Toxicidade no SNC: laudanosino • Atracúrio e cisatracúrio; Reversão do bloqueio neuromuscular • Bloqueadores não despolarizantes: – Esperar a recuperação espontânea do bloqueio + avaliação clínica; – Reversão farmacológica: anticolinesterases (neostigmina/ edrofônio); • Efeitos colinérgicos adversos: – Cardiovasculares e gastrintestinais – Não efetivos durante bloqueio profundo. • Sugammadex: ligação seletiva com o bloqueador (rocurônio) removendo a droga de seu local de ação; • Suy et al: reverte rapidamente o bloqueio neuromuscular induzido pelo rocurônio e, inclusive, vecurônio; Interação dos bloqueadores neuromusculares com drogas • Mg/aminoglicosídeos: produção de ACh prolongam a ação dos bloqueadores não despolarizantes; • Hipotermia: bloqueio (diminuição de excreção urinária/biliar); • Acidose: bloqueio (diminui a transmissão neuromuscular); • Hipocalemia: bloqueio (diminui a transmissão neuromuscular); Interação dos bloqueadores neuromusculares com drogas • IR: bloqueio (diminuição da FG); • Miastenia gravis: bloqueio (efeito sinérgico com a transmissão neuromuscular defeituosa); • Corticóide: bloqueio (inibição dos receptores de ACh). Novos relaxantes musculares • • • • • • • • • Mecanismo de ação: não despolarizante; Início de ação: rápido; Duração do efeito: curta; Via de eliminação alternativa; Seletividade de ação (efeitos CV); Não interação com outros fármacos; Resposta dose-efeito: previsível; Reversão rápida; Estável em solução aquosa. Novos relaxantes musculares • Nenhum relaxante cumpre todas as exigências; • Todos tendem a substituir a succinilcolina; • Nova classe: clorofumarato (gantracúrio) • início de ação: rápido (54 a 122 seg) • Duração: ultracurta (3.5 a 10 min) • Aumento discreto da FC e diminuição da PA Obrigada!!! Dda Candice Obrigada!!!