ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES: perversidade decorrente das relações interpessoais e das novas configurações do trabalho A VIOLÊNCIA PERVERSA NO COTIDIANO A VIOLÊNCIA PRIVADA: a violência perversa entre casais; a violência perversa nas famílias. O ASSÉDIO MORAL NA EMPRESA É a exposição do trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, repetidas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, levando a uma desestabilização da vítima tanto emocional quanto profissional. Pode gerar a perda da sua identidade, dignidade e saúde. AS DIFERENTES VISÕES DO FENÔMENO BULLYING (to bully tratar com desumanidade, com grosseria; bully pessoa grosseira e tirânica, que ataca os mais fracos) é mais amplo que o termo mobbing. Vai de chacotas e isolamento até condutas abusivas com conotações sexuais ou agressões físicas. Refere-se mais às ofensas individuais do que à violência organizacional; MOBBING (to mob maltratar, atacar, perseguir, sitiar; mob multidão; Mob máfia) relaciona-se mais a perseguições coletivas ou à violência ligada à organização, incluindo desvios que podem acabar em violência física; ASSÉDIO MORAL diz respeito a agressões mais sutis e, portanto, mais difíceis de caracterizar e provar, qualquer que seja sua procedência. Não é assédio moral O estresse por sobrecarga ocorre para aumentar a eficiência da tarefa e da produtividade, mas não existe uma intenção maldosa. Pode anteceder o AM pp dito) É assédio moral Existe uma intencionalidade (consciente ou inconsciente) maldosa em atribuir tarefas além do limite. Pode haver estresse por monotonia quando a vítima é colocada em “quarentena” (isola a pessoa e retira as atividades compatíveis ao seu cargo). As más condições de trabalho trabalhar em espaço exíguo, mal-iluminado e mal-instalado Se um único funcionário for submetido a essas condições com intenção de desmerecê-lo As imposições profissionais como transferências e mudanças de funções, de acordo com o contrato de trabalho. Críticas construtivas. Fixar objetivos impossíveis de serem atingidos. Induzir ao erro para rebaixá-lo e criticá-lo. Não é assedio moral É assédio moral Conflitos as recriminações são explícitas e faladas e são fontes de renovação e reorganização. (há o risco de que os conflitos se estendem de modo velado, e isso pode passar para procedimentos de AM) Nenhum conflito pode ser estabelecido, pois não há possibilidade de comunicação direta. É uma agressão velada (ao não falado, ao oculto) e subtrair-se do diálogo é uma maneira hábil de agravar o conflito. As agressões pontuais são atos de violência que podem ser apenas uma expressão de reatividade e impulsividade. Não existe premeditação. O AM caracteriza-se pela repetição e é constituído por reprimendas constantes, sobretudo acompanhadas de outras injúrias para desqualificar a pessoa. É uma agressão “perpétua”. Não é assédio moral É assédio moral Gestão por injúria (abuso de poder) se constitui uma foram de violência em que o chefe, de forma despótica, tirânica e com total falta de respeito, submete os empregados a uma pressão violenta e intensa, insultando-os. As agressões são dirigidas a uma vítima específica (é a manipulação perversa): A direção do AM: Vertical descendente são condutas abusivas do empregador que utiliza a superioridade hierárquica para constranger o subordinado; Vertical ascendente é praticado pelo subordinado que se julga merecedor do cargo de chefe; Os insultos podem ser caracterizados de três formas: calúnia, difamação e injúria Horizontal é entre os colegas de trabalho do mesmo nível hierárquico, geralmente motivado pela inveja, competição ou por discriminação racial, política ou religiosa; Assédio combinado se dá com a união do(s) chefe(s) e colega(s) para excluir alguém indesejado (por competição ou discriminação) do setor de trabalho. ASSÉDIO MORAL: Processo COMO SE CHEGA A ASSEDIAR ALGUÉM? a recusa da diferença; a inveja, o ciúme, a rivalidade; o medo o inconfessável. COMO FERIR O OUTRO? o isolamento; o trabalho, um pretexto para ataque pessoal sub-reptício; o território do íntimo; a perda de sentido, desestruturação. EM QUE SE É PERVERSO? a intencionalidade; uma inabilidade relacional? manipular para adquirir poder; ESTUDO DE CASO Identificação Sexo: masculino Idade: 51 anos Atividades: trabalhou durante 24 anos em uma empresa privada (14 anos em cargo técnico, coordenador técnico durante 04 anos e 06 anos como gerente). Demitido sem justa causa cerca de 10 meses antes das entrevistas(2006). Queixa principal: formas indiretas de agressões de seu superior imediato. Coleta de informações: entrevistas semi-estruturada (projeto aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo seres Humanos da UEM). (2 entrevistas de 1 hora) Método de análise: Análise do discurso etapas: 1) pré-análise organização do material; 2) descrição analítica estudo aprofundado, orientado pelas hipóteses e referenciais teóricos para codificar, classificar ou categorizar. 3)interpretação inferencial reflexões e intuições, tende como base os materiais empíricos, a fim de buscar relações entre as informações obtidas OS PROTAGONISTAS O AGRESSOR: A VÍTIMA: a perversão narcísica; o narcisismo; a passagem á perversão. a megalomania; a vampirização; a irresponsabilidade; a paranóia. a vítima-objeto; será masoquismo?; seus escrúpulos; sua vitalidade; sua transparência. AS ORIGENS DO ASSÉDIO (1) OS CONTEXTOS QUE FAVORECEM A NOVA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: o lugar do estresse; a má comunicação; a padronização; a falta de reconhecimento. O CINISMO DO SISTEMA: fuga à responsabilidade; a megalomania dos dirigentes. A PERVERSIDADE DO SISTEMA: a destruição das pessoas. sucesso a qualquer custo O PAPEL FACILITADOR DE UMA SOCIEDADE NARCISISTA. AS ORIGENS DO ASSÉDIO (2) AS SITUAÇÕES QUE FAVORECEM Pessoas atípicas; Pessoas excessivamente competentes ou que ocupam espaço demais; Os que resistem à padronização; Os que fizeram as alianças erradas ou não têm a rede de comunicação certa; Os assalariados protegidos; Pessoas menos “produtivas”; Pessoas temporariamente fragilizadas. AS ORIGENS DO ASSÉDIO A organização e condições de trabalho, assim como as relações entre os trabalhadores condicionam em grande parte a qualidade de vida. Pós-modernidade modificação substancial nas relações das pessoas com seu trabalho. As organizações selecionam os trabalhadores mais agressivos e adaptados a concorrer entre si. FENÔMENOS VERTICAL E HORIZONTAL que possibilitam o ASSÉDIO MORAL (1) FENÔMENO VERTICAL Se caracteriza por relações autoritárias, desumanas e aéticas, onde predomina os desmandos, a manipulação do medo, a competitividade, os programas de qualidade total associado à produtividade (*gestão por injúria) A FLEXIBILIZAÇÃO inclui a agilidade das empresas diante do mercado, agora globalizado, sem perder os conteúdos tradicionais e as regras das relações industriais. FENÔMENOS VERTICAL E HORIZONTAL que possibilitam o ASSÉDIO MORAL (1) Para os EMPRESÁRIOS competir significa ‘dobrar-se’ ante as flutuações do mercado. Os TRABALHADORES são obrigados a adaptar-se e aceitar as constantes mudanças e novas exigências das políticas competitivas dos empregadores no mercado global. FENÔMENOS VERTICAL E HORIZONTAL que possibilitam o ASSÉDIO MORAL (2) FENÔMENO HORIZONTAL está relacionado à pressão para produzir com qualidade e baixo custo. A globalização da economia provoca a competição sistemática gerando um clima repleto de agressividade, não somente no mundo do trabalho, mas socialmente. Este fenômeno se caracteriza por algumas variáveis: - Internalização, reprodução, reatualização e disseminação das práticas agressivas nas relações entre os pares, indiferença ao sofrimento do outro e naturalização dos desmandos dos chefes; FENÔMENOS VERTICAL E HORIZONTAL que possibilitam o ASSÉDIO MORAL (2) FENÔMENO HORIZONTAL está relacionado à pressão para produzir com qualidade e baixo custo. - Dificuldade para enfrentar as agressões da organização do trabalho e interagir em equipe; - Rompimento dos laços afetivos entre os pares, relações afetivas frias e endurecidas, aumento do individualismo e instauração do ‘pacto do silêncio’ no coletivo; - Comprometimento da saúde, identidade e dignidade, podendo culminar em morte; - Sentimento de inutilidade e coisificação; Descontentamento e falta de prazer no trabalho; - Aumento do absenteísmo, diminuição da produtividade; - Demissão forçada e desemprego. MÉTODOS DE ASSÉDIO(atitudes hostis) HIRIGOYEN, 2002. DETERIORAÇÃO PROPOSITAL DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO; ISOLAMENTO E RECUSA DE COMUNICAÇÃO; ATENTADO CONTRA A DIGNIDADE; VIOLÊNCIA VERBAL, FÍSICA OU SEXUAL: MÉTODOS DE ASSÉDIO (atitudes hostis) HIRIGOYEN, 2002. 1) DETERIORAÇÃO PROPOSITAL DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO: Retirar da vítima a autonomia. Omitir informações úteis para a realização de tarefas. Contestar sistematicamente todas as suas decisões. Criticar seu trabalho de forma injusta ou exagerada. Dar-lhe permanentemente novas tarefas. Atribuir-lhe proposital e sistematicamente tarefas inferiores às suas competências. MÉTODOS DE ASSÉDIO (atitudes hostis) HIRIGOYEN, 2002. (... cont. 1) DETERIORAÇÃO PROPOSITAL DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO: Pressioná-la para que não faça valer seus direitos (férias, horários, prêmios). Atribuir à vítima, contra a vontade dela, trabalhos perigosos. Atribuir à vítima tarefas incompatíveis com sua saúde. Dar-lhe deliberadamente instruções impossíveis de executar. Induzir a vítima ao erro. MÉTODOS DE ASSÉDIO (atitudes hostis) HIRIGOYEN, 2002. 2) ISOLAMENTO E RECUSA DE COMUNICAÇÃO: A vítima é interrompida constantemente. Superiores hierárquicos ou colegas não dialogam com a vítima. Comunicação unicamente por escrito. Recusam todo contato com ela, mesmo o visual. É posta separada dos outros. Ignoram sua presença, dirigindo-se apenas aos outros. A direção recusa qualquer pedido de entrevista. MÉTODOS DE ASSÉDIO (atitudes hostis) HIRIGOYEN, 2002. 3) ATENTADO CONTRA A DIGNIDADE: Fazem gestos de desprezo diante dela (suspiros, olhares desdenhosos, levantar de ombros...). É desacreditada diante dos colegas, superiores ou subordinados. Atribuem-lhe problemas psicológicos (doente mental). Zombam de suas deficiências físicas ou de seu aspecto físico; é imitado ou caricaturado. MÉTODOS DE ASSÉDIO (atitudes hostis) HIRIGOYEN, 2002. ATENTADO CONTRA A DIGNIDADE: Criticam sua vida privada. Zombam de suas origens ou de sua nacionalidade. Implicam com suas crenças religiosas ou convicções políticas. Atribuem-lhe tarefas humilhantes. Espalham rumores/fofocas e boatos a seu respeito. (cont. 3...) MÉTODOS DE ASSÉDIO (atitudes hostis) HIRIGOYEN, 2002. 4) VIOLÊNCIA VERBAL, FÍSICA OU SEXUAL: Ameaças de violência física. Falam com ela aos gritos. Invadem sua vida privada com ligações telefônicas ou e-mails. Seguem-na na rua, é espionada diante do domicílio. Fazem estragos em automóvel. É assediado ou agredido sexualmente (gestos ou propostas). Não levam em conta seus problemas de saúde. AS CONSEQUENCIAS SOBRE A SAÚDE Conseqüências: desmotivado ou muita ansiedade na hora de ir ao trabalho; perda de autoconfiança e estima; isolamento dos colegas; insônia; depressão; descompensação; dores generalizadas e palpitações; crises de choro (mulheres); idéias de suicídio (homens); inicia ou agrava o uso de drogas ou álcool; sentimento de inutilidade ou de vingança. INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO NA PREVENÇÃO DO AM Promover clima organizacional saudável e bem-estar de seus funcionários; Propiciar comunicação adequada; Atenção à inter-relação trabalho e saúde mental estudos dos fatores subjetivos e psicossociais na ocorrência dos acidentes de trabalho, no absenteísmo, perda da qualidade dos produtos e das relações; Avaliação das satisfações/insatisfações dos trabalhadores Investimento no desenvolvimento humano preparar e qualificar (técnico profissional e relacional); equidade salarial; revisar o processo de seleção; criar uma consciência geral de transparência; rever as condições de trabalho que contribuem para o clima de competição exacerbado; criar código de ética elaborado pela organização; criação de um conselho interno para que seja, discutidos e analisadas as denúncias; Atuar levando informações nos programas de serviço de saúde que integram as atividades de Saúde Mental e as de Saúde do Trabalho. COMO SE PROTEGER DO ASSÉDIO MORAL Observar e analisar bem o processo de assédio moral. Criar um diário pessoal para anotar todas as humilhações sofridas com data, horário, local, testemunhas e conteúdo; Procurar ajuda de pessoas que também já sofreram assédio; Nunca conversar com os agressores a sós; COMO SE PROTEGER DO ASSÉDIO MORAL Solicitar por escrito as ordens que considerar “estranhas”; Procurar todas as informações que possam lhe esclarecer sobre seus direitos (Sindicato, Justiça do Trabalho, CIPA, Comissões de Direitos Humanos, Advogados ou Escritórios de Advocacia) Pedir o apoio dos familiares, amigos e colegas; Manter o equilíbrio!