Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César Tavares de Melo USP/ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1st Secretary Valéria Aparecida Modolo Instituto Agronômico - Campinas 2º Secretário / 2nd Secretary Eunice Oliveira Calvete UPF/FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli Instituto Agronômico - Campinas 2º Tesoureiro / 2nd Treasurer João Bosco Carvalho da Silva Embrapa Hortaliças - Brasília COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190 - 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9051 / 3385 9073 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores / Editors Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA André Luiz Lourenção IAC Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Antônio T. Amaral Júnior UENF Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 ISSN 0102-0536 Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Cláudio José da S. Freire Embrapa Clima Temperado Daniel J.Cantliffe University of Florida Djalma Rogério Guimarães Instituto CEPA Eduardo S. G. Mizubuti UFV Eunice Oliveira Calvete UPF Francisco Bezerra Neto ESAM Francisco Murilo Zerbini Junior UFV Jerônimo Luiz Andriolo UFSM José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q. Luz UFU José Orestes M. Carvalho Embrapa Rondônia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A. Blank UFS Mariane Carvalho Vidal Embrapa Hortaliças Maria do Carmo Vieira UFMS Marie Yamamoto Reghin UEPG Marilene L. A. Bovi IAC Paulo César T. de Melo ESALQ Paulo E. Trani IAC Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge ESALQ Roberval D. Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L. Vieites UNESP - Botucatu Ronessa B. de Souza Embrapa Hortaliças Rovilson José de Souza UFLA A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO e TROPAG. Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hb www.abhorticultura.com.br Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Trimestral Títulos anteriores: V. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. 1-3, 1961-1963, Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Editoração e arte/Composition Luciano Mancuso da Cunha Revisão de inglês/English revision Patrick Kevin Redmond Revisão de espanhol/Spanish revision Marcio de Lima e Moura Tiragem/printing copies 1.000 exemplares 866 Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1998: Semestral de 1999 a 2001: Quadrimestral a partir de 2002: Trimestral ISSN 0102-0536 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de Horticultura. CDD 635.05 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Volume 23 número 4 outubro-dezembro 2005 ISSN 0102-0536 SUMÁRIO/CONTENT * Artigos em inglês com resumo em português Articles in English, with an abstract in Portuguese CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER 869 PESQUISA / RESEARCH Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo Evaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio do Amparo, Brazil J. E. Yuri; R. J. Souza; G. M. Resende; J. H. Mota Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo Quality and health of onion seedlings by adding thermophilic compost P. Boff; J. F. Debarba; E. Silva; H. Werner Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa Damages caused by drop impact on the postharvest quality of arracacha roots G. P. Henz; R. M. Souza; J. R. Peixoto; L. Blumer Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico Evaluation of methods for drying primed onion seeds R. F. Caseiro; J. Marcos Filho Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro Genetic diversity among tomato accessions infested by different tomato leaf miner populations G. R. Moreira; D. J. H. Silva; M. C. Picanço; L. A. Peternelli; F. R. B. Caliman Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface Evaluation of mulch types on lettuce production V. C. Andrade Júnior; J. E. Yuri; U. R. Nunes; F. L. Pimenta; C. S.M. Matos; F. C. A. Florio; D. M. Madeira Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR RT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potato L. N. Fonseca; A. K. Inoue-Nagata; T. Nagata; R. P. Singh; A. C. Ávila Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista Evaluation of sweet potato clones in Vitória da Conquista A. D. Cardoso; A. E. S. Viana; P. A. S. Ramos; S. N. Matsumoto; C. L. F. Amaral; T. Sediyama; O. M. Morais Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus Evaluation of essential oils from Allium sativum and Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of the Aspergillus flavus group E. C. Viegas; A. Soares; M. G. F. Carmo; C. A. V. Rossetto Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita Yield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and potassium in lettuce grown in substrate with zeolite A. C.C. Bernardi; M. R. Verruma-Bernardi; C. G. Werneck; P. G. Haim; M. B.M. Monte Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréia Yield and quality of sweet potato roots fertilized with urea A. P. Oliveira; M. R. T. Oliveira; J. A. Barbosa; G. G. Silva; D. H. Nogueira; M. F. Moura; M. S. S. Braz Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF Colonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in Distrito Federal, Brazil P. A. Melo Filho; A. N. Dusi; C. L. Costa; R. O. Resende *Growth and yield of lettuce plants under salinity *Crescimento e produtividade da alface em condições salinas J. L. Andriolo; G. L. Luz; M. H. Witter; R. S. Godoi; G. T. Barros; O. C. Bortolotto Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas Evaluation of garlic accesses from the collection of the Instituto Agronômico de Campinas P. E. Trani; F. A. Passos; D. E. Foltran; S. W. Tivelli; I. J.A. Ribeiro Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa Evaluation of packing lines and classification standards for fresh market tomatoes in Brazil M.D. Ferreira; M.K. Kumakawa; C. Andreuccetti; S.L. Honório; M. Tavares; M.L. Mathias Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule Response of watermelon cultivars to gummy stem blight G. R. Santos; A. C. Café Filho Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura Tomato plant staking and training systems for fresh fruit production B. G. Marim; D. J. H. Silva; M. A. Guimarães; G. Belfort Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 870 875 881 887 893 899 904 911 915 920 925 929 931 935 940 945 951 Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão Yield and composition of essential oil of lemongrass in different drying and fragmentation conditions L. C. B. Costa; R. M. Corrêa; J. C. W. Cardoso; J. E. B.P. Pinto; S.K.V. Bertolucci; P. H. Ferri *Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars *Rendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de cultivares de milho I. P. C. Almeida; P. S. L. Silva; M. Z. Negreiros; Z. Barbosa Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia Split forms and sources of nitrogen fertilization for the flowering white cabbage production L. A. Zanão Júnior; R. M. Q. Lana; K. A. Sá Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo Determination of the stages of minimum processing of okra M. A. G. Carnelossi; P. Yaguiu; A. C. L. Reinoso; G. R. O. Almeida; M. L. Lira; G. F. Silva; V. R.R. Jalali Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio Yield and postharvest quality of summer growing crisphead lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenum G. M. Resende; M. A. R. Alvarenga; J. E. Yuri; J. H. Mota; R. J. Souza; J. C. Rodrigues Júnior Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa Influence of BAP and GA3 concentration on the in vitro development of arracacha N. R. Madeira; J. B. Teixeira; C. T. Arimura; C. S. Junqueira Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta Yield of tomato under protected environment in relation to spacing and number of branches per plant L. A. Carvalho; J. Tessarioli Neto Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente Overcoming beetroot seeds dormancy through immersion in running water J. B. Silva; R. D. Vieira; A. B. Cecílio Filho Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas Association of modified atmospheres and antioxidants reduce browning of minimally processed potatoes L.L.O. Pineli; C. L. Moretti; G. C. Almeida; A. B.G. Nascimento; A.C. A. Onuki Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro Cluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato accessions M. Karasawa; R. Rodrigues; C. P. Sudré; M. P. Silva; E. M. Riva; A. T. Amaral Júnior 956 960 965 970 976 982 986 990 993 1000 PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm) development in different concentrations of nutritive solution L. L. Haber; J. M. Q. Luz; L. F. A. Dóro; J. E. Santos Produtividade e armazenamento de cebola cv. Alfa Tropical cultivada em diferentes espaçamentos Yield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different planting spacings G. M. Resende; N. D. Costa Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido Performance of tomato genotypes grown under protected cultivation C. R. B. Eklund; L. C. S. Caetano; A. Shimoya; J. M. Ferreira; J. M.R. Gomes Técnicas de colheita para tomate de mesa Harvesting methods for fresh market tomatoes M. D. Ferreira; A. T.O. Franco; M. Tavares 1006 1010 1015 1018 ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL / ECONOMY AND RURAL EXTENSION Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná Prospective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná State, Brazil R. R.B. Negrelle; E. R. S. Elpo; N. G. A. Rücker Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil The challenges and the oportunities for the onion agribusiness N. J. Vilela; N. Makishima; V. R. Oliveira; N. D. Costa; J. C. M. Madail; W. P. Camargo Filho; G. Boeing; P. C. T. Melo 1022 1029 ERRATA / ERRATA 1034 ÍNDICE / CONTENT 1035 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS 1045 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 carta do editor Foram sete anos. Entretanto, parece-me que foi ontem. Foi sem dúvida um grande aprendizado, uma verdadeira escola de convivência e de relacionamento humano, dando-me oportunidade de conhecer vários colegas que de maneira abnegada ajudaram-me na tarefa de conduzir a revista Horticultura Brasileira (HB). Estou falando dos sete anos durante os quais tive a oportunidade de servir a atual Associação Brasileira de Horticultura, ocupando a presidência da Comissão Editorial da HB. A responsabilidade da continuidade dos trabalhos ficará nos ombros de uma equipe de grande capacidade e competência, tendo na Presidência da Comissão Editorial o Dr. Paulo Eduardo de Melo que há exatamente sete anos transferiu-me esta incumbência. Agradeço a todos os Editores e Consultores ad hoc que durante todos estes anos, apesar do cansaço de um dia de aulas, de extenuantes trabalhos de pesquisa, palestras para produtores ou análise de projetos, reuniram forças para revisar mais um trabalho de pesquisa enviado para ser publicado na HB. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro à revista. Muito grato a todos. Meu agradecimento especial à incansável colega Sieglinde Brune por todos estes anos de companheirismo e dedicação. Também agradeço o trabalho sério e competente de nossa secretária Roseli Medeiros Barbosa. Aproveito para desejar à nova diretoria da Associação Brasileira de Horticultura, presidida pelo amigo Paulo César Tavares de Melo, muito sucesso na condução da ABH. Boa sorte a todos! Leonardo de B Giordano Presidente da Comissão Editorial Horticultura Brasileira Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 869 pesquisa YURI, J.E.; SOUZA, R.J.; RESENDE, G.M.; MOTA, J.H. Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.870-874, out-dez 2005. Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo Jony E. Yuri1; Rovilson José de Souza2; Geraldo M. de Resende3; José H. Mota4 1 REFRICON, Rod. Regis Bittencourt s/n km 294, 06850-000 Itapecerica da Serra-SP; E-mail: [email protected]; 2UFLA, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 4UFMS, C. Postal 533, 79.804-970 Dourados-MS RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar o comportamento de cultivares de alface do tipo americana em duas épocas de cultivo, foram conduzidos dois experimentos em Santo Antônio do Amparo (MG), de setembro a dezembro de 1998 e fevereiro a maio de 1999 em condições de túnel. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso com seis cultivares (Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady e Raider) e quatro repetições. As avaliações de massa fresca total e comercial, circunferência e comprimento do caule da cabeça comercial foram realizadas quando as plantas apresentaram cabeça bem formada e compacta. Na primeira época de plantio, sobressaíram-se na característica massa fresca total as cultivares Lady (820,4 g planta-1) e Lucy Brown (790,7 g planta-1) sem, contudo, diferirem da cultivar Lorca (626,6 g planta-1). Para massa fresca comercial destacaram-se as cultivares Lady (620,0 g planta-1) e Lucy Brown (559,3 g planta-1) com maiores rendimentos. A circunferência da cabeça comercial variou de 36,3 a 47,2 cm e o comprimento do caule de 3,3 a 4,5 cm. Para a segunda época de cultivo não observou-se diferenças significativas entre as cultivares para massa fresca total e comercial. No entanto, todas as cultivares apresentaram massa fresca comercial acima de 850 g planta-1. A circunferência da cabeça variou de 45,4 a 53,4 cm e o comprimento de caule de 3,7 a 4,9 cm. Maiores rendimentos em termos de massa fresca foram obtidos na segunda época de plantio. Evaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio do Amparo, Brazil Palavras-chave: Lactuca sativa L., rendimento, competição de cultivares. The behavior of crisphead lettuce cultivars at two planting periods was evaluated in two experiments carried in Santo Antônio do Amparo, Minas Gerais State, Brazil, from September to December 1998 and February to May 1999, under a plastic tunnel conditions. The experimental design was a randomized complete block with six treatments (cv Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady and Raider) with four replications. The evaluations of total and marketable fresh weight, circumference and stem length of the marketable head were carried out when the plants had well formed and compact heads. In the first cultivation period, the cultivars Lady (820,4 g plant-1) and Lucy Brown (790,7 g plant-1) presented higher fresh weight. However, they did not differ from cultivar Lorca (626,6 g plant-1). The cultivars Lady (620.0 g plant-1) and Lucy Brown (559.3 g plant-1) presented the highest yield of marketable fresh weight. The circumference of marketable heads varied from 36.3 to 47.2 cm and the stem length from 3.3 to 4.5 cm. No significant differences were observed among cultivars for total and commercial fresh mass in the second planting time; However, all cultivars presented commercial fresh mass above 850 g plant-1. The marketable head circumference varied from 45.4 to 53.4 cm and the stem length from 3.7 to 4.9 cm. Highest yield of fresh mass was obtained in the second planting time. Keywords: Lactuca sativa L., yield, cultivar competition. (Recebido para publicação em 20 de fevereiro de 2004 e aceito em 13 de junho de 2005) A alface (Lactuca sativa L.) é uma espécie mundialmente conhecida e considerada a mais importante hortaliça folhosa (FERNANDES; MARTINS, 1999). A alface do tipo americana, denominada ‘Crisphead lettuce’ nos Estados Unidos, é considerada a mais importante dentre os vegetais para ser consumido em forma de saladas cruas, tendo um consumo per capita superior a 11,3 kg ano -1 no Brasil (SANDERS, 1999). O grupo da alface americana tem apresentado aumento crescente, na região do sul de Minas Gerais, devido às condições edafoclimáticas favoráveis e 870 também devido à proximidade dos grandes centros consumidores (redes “fast food”). A região possui mais de 30 produtores em diversos municípios do sul de Minas Gerais, cultivando cerca de 1800 ha por ano, com uma produção de 10.500 toneladas desta folhosa (YURI, 2000). De acordo com Thompson (1944), a alface é uma das hortaliças mais sensíveis às altas temperaturas e isto, na maioria das vezes, é o fator mais limitante para o não imbricamento das folhas (formação da cabeça). Com base nos resultados de Lenano (1973), Brunini et al., (1976) e Cásseres (1980), verifica-se que a alface se desenvolve bem em temperaturas entre 15 e 20ºC. Temperaturas acima de 20ºC estimulam e aceleram o pendoamento. Com o aumento da temperatura, a planta emite o pendão floral precocemente, interrompendo a fase vegetativa, tornando o produto impróprio para consumo e comercialização, devido à ocorrência de sabor amargo das folhas, em função do acúmulo de látex (CÁSSERES, 1980). Jackson et al. (1999) relatam que a alface americana requer, como temperatura ideal para o desenvolvimento, 23ºC durante o dia e 7ºC à noite. Temperaturas muito elevadas podem provoHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo car queima das bordas das folhas externas, formar cabeças pouco compactas e também contribuir para a ocorrência de deficiência de cálcio, conhecido como “tip-burn”. Outro fator que afeta a planta é o fotoperíodo, pois a alface exige dias curtos durante a fase vegetativa e dias longos para que ocorra o pendoamento. Para Robinson et al. (1983), o pendoamento em alface é uma característica importante que influencia diretamente o desenvolvimento da cabeça. Dias longos associados a temperaturas elevadas aceleram o processo, o qual é também dependente da cultivar (NAGAI; LISBÃO, 1980; RYDER, 1986; VIGGIANO, 1990). Segundo Conti (1994), o comprimento do dia não é problema para o cultivo da alface no verão brasileiro, pois as cultivares européias importadas já estão adaptadas a dias mais longos do que os que ocorrem no país de origem. Observa-se que a expansão da cultura está ocorrendo para as áreas de latitudes menores e, conseqüentemente, o fotoperíodo não é obstáculo. Entretanto, em condições de menores latitudes, verifica-se o aumento da temperatura no período do verão, havendo necessidade de se escolher áreas de elevadas altitudes. A altitude do local é um fator que deve ser levado em consideração para o cultivo da alface, pois influencia diretamente na temperatura. Portanto, regiões de menores altitudes não são adequadas ao plantio de verão, devido ao excesso de calor. Verifica-se que nas regiões serranas do Rio de Janeiro e no cinturão verde de São Paulo, em altitudes superiores a 800 m é possível cultivar-se ao longo do ano. Já em localidades com altitude inferior a 400 m, de clima quente, desde que se utilize cultivares adaptadas pode-se cultivar a alface na maioria dos meses (FILGUEIRA, 2000). As cultivares americanas têm elevada produção de massa fresca, o que é relatado por Bernardi e Igue (1973) nas cultivares Great Lakes e New York que pesaram, em média, 644,0 e 610,0 gramas, respectivamente. Leal et al. (1974) avaliando o comportamento de cultivares de alface de diferentes grupos na região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, numa época quente, verificaram Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 que a cultivar Mesa 659 foi a que apresentou melhor formação de cabeça em relação às demais cultivares estudadas, com 58% das plantas apresentando massa superior a 400,0 gramas. Bueno (1998), nas condições de Lavras, a uma altitude de 918 metros, apresentou em junho, para a cultivar Lorca, uma massa fresca total e comercial por planta de 801,2 e 461,2 gramas, respectivamente. Utilizando a mesma cultivar, local e época de plantio, Mota (1999) obteve massa fresca total e comercial por planta de 1000 e 695 gramas, respectivamente. Em experimento realizado em Santo Antônio do Amparo (MG), a uma altitute de 1.050 metros, Alvarenga (1999) obteve massa fresca total e comercial por planta de 1011,0 e 677,8 gramas, respectivamente, para a cultivar Raider, avaliadas nos meses de maio e junho. Yuri (2000), em experimento realizado no município de Boa Esperança (MG), obteve para os genótipos Lucy Brown, PSR 5338, PSR 4303, PSR 0110, Empire 2000 e Seeker, produtividade comercial de 266,6; 276,1; 293,8; 301,6; 304,4 e 333,8 g planta-1, respectivamente, porém, não mostraram diferenças significativas comparadas à ‘Raider’ (333,8 g planta-1). O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de cultivares de alface americana em duas épocas de plantio, nas condições do município de Santo Antônio do Amparo. MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos dois experimentos na Estação Experimental da Refricon Mercantil Ltda., no município de Santo Antônio do Amparo (MG), situado a uma altitude de 1.050 metros, em solo classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições, sendo os tratamentos constituídos por seis cultivares de alface americana (Cassino, Legacy, Lucy Brown, Lorca, Lady e Raider). A semeadura foi realizada em bandejas de poliestireno expandido contendo 200 células, utilizando-se o substrato comercial Plantmax HT sendo utilizadas mu- das com 30 dias de idade. O primeiro experimento foi realizado de setembro a dezembro de 1998 (1ª época), com transplante em 26/10/1998, e o segundo de fevereiro a maio de 1999 (2ª época), com transplante em 19/03/1999. Com base nos resultados da análise das amostras de solo, a área experimental utilizada na primeira época foi corrigida com calcário dolomítico seis meses antes do plantio da alface. A adubação de plantio foi feita dois dias antes do transplantio, utilizando-se uma mistura de adubo formulado 4-30-16 com o termofosfato magnesiano Yoorim Master, em que se aplicou 37,5 kg ha-1 de N; 600,0 kg ha-1 de P205 e 150,0 kg ha-1 de K20. Na segunda época foi aplicado 400,0 kg ha-1 de P205 e as mesmas doses de N e K20 utilizados anteriormente baseados nos dados de Raij et al. (1996). Os canteiros foram construídos com 45,0 m de comprimento e 1,2 m de largura. A cada dois canteiros foi instalada uma estrutura de proteção, constituída de túnel alto, com 3,0 m de largura e 1,7 m de altura, coberto com filme plástico transparente de baixa densidade, aditivado com anti-UV, de 75 micras de espessura. O túnel teve a função de proteger as plantas do excesso de chuva (efeito guarda chuva), sendo que o mesmo ficava semi-aberto durante a condução do experimento. Na área central de cada canteiro foram demarcadas três parcelas, ou seja, seis em cada estrutura de túnel alto, onde os tratamentos foram distribuídos de modo aleatório. Cada parcela mediu 4,0 m de comprimento por 1,2 m de largura, onde foram plantadas quatro linhas de alface espaçadas entre si de 0,35 m. Em cada parcela, constaram 44 plantas. A área útil da parcela foi formada por 20 plantas das duas linhas centrais do canteiro. O sistema de irrigação utilizado durante a primeira semana nas duas épocas foi por aspersão convencional e posteriormente por gotejamento. Este consistiu de duas linhas de tubo gotejador “Streamline 6000”, com vazão de 1,2 L h-1 por emissor. Após a instalação dos tubos gotejadores, os canteiros foram cobertos por um filme plástico preto (mulching), com a finalidade de evitar a infestação de plantas daninhas e o contato das folhas da alface com o solo. 871 J. E. Yuri et al. Tabela 1. Massa fresca total e comercial de cultivares de alface americana em função das épocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/19991. Cultivar Massa fresca total (g planta-1) 1ª epoca* Massa fresca comercial (g planta -1) 2ª epoca* * 1ª epoca 2ª epoca Cassino 485,6 c B 1226,2 a A 332,8 b B Legacy 505,4 c B 1235,6 a A 376,9 b B Lucy Brown 790,7 ab B 1278,8 a A 559,3 a B Lorca 626,6 bc B 1199,7 a A 406,0 b B 926,3 a A Lady 820,4 a B 1210,0 a A 620,0 a B 970,0 a A Raider 609,4 c B 1248,5 a A 415,0 b B 996,3 a A 10,1 9,7 C.V. (%) 8,5 858,2 a A 929,1 a A 1037,2 a A 11,3 1 Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada característica não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período de setembro a dezembro; **período de fevereiro a maio. Uma semana após o transplantio, teve início a adubação de cobertura realizada por fertirrigação, utilizando-se os adubos solúveis nitrato de potássio, nitrato de cálcio, sulfato de magnésio e cloreto de potássio, na dose de 40,0 kg ha-1 de N, 80,0 kg ha-1 de K20 e 50,0 kg ha-1 de Ca, aplicados diariamente . A fertirrigação foi feita até dois dias antes da colheita. O controle de doenças e pragas na primeira época foi realizado com pulverizações semanais com produtos à base de cobre e com inseticida piretróide. Na segunda época, as pulverizações foram realizadas, com os mesmos produtos a cada 15 dias, pois as condições climáticas foram menos favoráveis às pragas e doenças, devido à menor precipitação. Para o controle das plantas daninhas, utilizou-se, a capina manual em torno das covas e o herbicida de contato paraquat entre os canteiros, utilizando protetor para evitar a deriva (Chapéu de Napoleão). As colheitas foram realizadas aos 67 e 78 dias para os plantios nos anos de 1998 e 1999, respectivamente, quando as plantas apresentaram cabeça bem formada e compacta, sendo avaliadas a massa fresca total e comercial, circunferência da cabeça comercial e comprimento do caule. Para a obtenção da massa fresca total a planta foi cortada rente ao solo, com as folhas externas e internas e com a cabeça compacta. A massa fresca comercial foi obtida removendo-se as folhas externas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância conjunta, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 872 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados evidenciaram efeitos significativos para cultivares, épocas de plantio e a interação entre estes fatores (Tabelas 1 e 2). Para a primeira época de plantio, maiores rendimentos de massa fresca total foram obtidos com as cultivares Lady (820,4 g planta-1) e Lucy Brown (790,7 g planta-1) que não mostraram diferenças significativas entre si (Tabela 1). Mota et al. (2003) em condições de verão em Lavras; sob cultivo em túnel alto, obtiveram massa fresca de 650,0 g planta -1, para a cultivar Raider, assim como Yuri et al. (2002), nas mesmas condições, no município de Boa Esperança, obtiveram para a cultivar Lucy Brown, 972,0 g planta-1, resultados estes semelhantes aos obtidos no experimento. No entanto, sob condições de casa de vegetação, Salatiel et al. (2001) utilizando a cultivar Lorca, nas condições de Jaboticabal, no verão e outono obtiveram 308,5 g planta-1, resultado bem inferior ao obtidos no presente experimento. Na segunda época de cultivo, as cultivares não apresentaram diferenças significativas entre si para massa fresca total que oscilou entre 1119,7 g planta-1 (cultivar Lorca) a 1278,8 g planta-1 (cultivar Lucy Brown). Nas mesmas condições de cultivo, no município de Santana da Vargem, Yuri et al. (2004), obtiveram massa fresca total de 1075,2 g planta-1 para a cultivar Raider. As cultivares Lady e Lucy Brown apresentaram massa fresca total de 620,0 e 559,3 g planta-1, respectivamen- te, com os melhores desempenhos na primeira época de plantio (Tabela 1). Em condições de verão, Mota et al. (2003) em sistema de cultivo de túnel alto, em Santana da Vargem, encontraram variações para as cultivares Raider e Lucy Brown entre 333,8 a 266,6 g planta-1, valores bem inferiores aos obtidos por estas cultivares no presente experimento (415,0 e 559,3 g planta-1, respectivamente). Para a segunda época de cultivo não se verificaram diferenças significativas entre as cultivares, com massa fresca comercial entre 858,2 e 1037,2 g planta-1. Estes resultados são superiores aos observados por Mota (1999) e Bueno (1998) em condições de cultivo semelhante em Lavras, utilizando a cultivar Lorca, assim como aos alcançados por Gadum et al. (2002) em Botucatu, para as cultivares Raider e Lucy Brown. Todavia, Yuri et al. (2002) obtiveram resultados similares com a cultivar Raider em Boa Esperança (972,0 g planta-1). A cultivar Lady apresentou uma circunferência de cabeça de 47,2 cm na primeira época e de 52,0 cm na segunda. É uma cultivar que apresenta como destaque o tamanho da cabeça comercial, o qual determina o melhor rendimento industrial. Na primeira época, as cultivares Lady, Lucy Brown e Lorca apresentaram os melhores desempenhos com 47,2; 45,9 e 43,0 cm, respectivamente, de circunferência de cabeça, sem, no entanto diferirem entre si. As cultivares Legacy, com 36,3 cm e Cassino, com 40,6 cm, foram as que apresentaram os menores tamanhos de cabeça (Tabela 2). Resultados semelhantes foram observados por Mota et al. (2003) que em condições de verão encontraram variações entre 34,7 a 41,5 cm. Na segunda época de plantio, a cultivar Lucy Brown apresentou a maior circunferência com 53,4 cm, não diferindo das cultivares Lady (52,0 cm), Lorca (51,6 cm) e Raider (49,1 cm) (Tabela 2). Estes resultados foram superiores aos obtidos por Bueno (1998) onde a cultivar Lorca apresentou uma circunferência da cabeça de 45,0 cm, e por Mota (1999) que verificou uma circunferência de 46,5 cm na mesma cultivar. Na Tabela 2 observa-se diferença significativa no comprimento de caule Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo entre as cultivares. No entanto, essa diferença, não afetou a formação da cabeça comercial. Na primeira época de plantio, a cultivar Legacy apresentou o menor comprimento com 3,3 cm; no entanto, estatisticamente sem diferenciar das cultivares Cassino, Lucy Brown, Lady e Raider. O maior valor foi apresentado pela cultivar Lorca com 4,5 cm (Tabela 2). Resultados semelhantes foram observados para a segunda época, onde a cultivar Lady mostrou o menor comprimento (3,7 cm), seguida pelas cultivares Cassino, Raider e Lucy Brown, sem diferirem estatisticamente. O comprimento foi inferior ao apresentado por Bueno (1998), com a cultivar Lorca, de 6,8 cm. Mota et al. (2003) em cultivo de alface sob túnel alto, verificaram para as cultivares Raider e Lucy Brown comprimentos de caule de 7,1 e 5,3 cm, respectivamente. Menores comprimentos de caule são desejáveis para a alface do tipo americana, principalmente quando destinada à indústria de beneficiamento, uma vez que proporcionam menores perdas durante o processamento. Por outro lado, o caule excessivamente comprido acarreta uma menor compacidade da cabeça e dificulta o beneficiamento, afetando a qualidade final do produto (YURI et al., 2002; RESENDE et al., 2003). Nas duas épocas avaliadas observaram-se diferenças significativas na massa fresca total e comercial para todas as cultivares testadas, sendo a segunda época a mais produtiva. Assim como para circunferência da cabeça comercial, com exceção para a cultivar Lady. No comprimento do caule somente as cultivares Legacy e Raider apresentaram os menores valores na primeira época de cultivo. Entretanto, para as duas épocas, todos os materiais apresentaram o comprimento de caule reduzido e dentro de um patamar considerado aceitável de acordo com Resende (2004) que relata caules até 6,0 cm como os mais adequados, sendo aceitáveis até o patamar de 9,0 cm e inaceitáveis ou menos recomendados para processamento aqueles acima deste valor. A melhor performance do cultivo observada na segunda época de plantio pode ser explicada pela melhor adaptação da cultura às condições de temperaturas mais amenas, tendo como ótima a Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 2. Circunferência de cabeça e comprimento de caule de cultivares de alface americana em função das épocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/1999. Cultivar Circunferência da cabeça (cm) 1ª epoca* 2ª epoca* * Cassino 40,6 cd B Legacy 36,3 d B Lucy Brown 45,9 ab Lorca Lady Raider C.V. (%) 1ª epoca 2ª epoca c A 4,1 ab A 47,3 bc A 3,3 b B 4,9 a 53,4 a A 4,2 ab A 4,8 ab A 43,0 abc B 51,6 ab A 4,5 a 4,9 a 47,2 a A 52,0 ab A 3,6 ab A 3,7 b A 42,4 bc B 49,1 abc A 3,7 ab B 4,6 ab A B 3,7 45,4 Comprimento do caule (cm) 5,9 10,4 A 4,1 ab A A A 12,0 Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada característica não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período de setembro a dezembro; **Período de fevereiro a maio. faixa de 15,5 a 18,3ºC, conforme relata Sanders (1999), podendo tolerar alguns dias com temperaturas de 26,6 a 29,4ºC, desde que as temperaturas noturnas sejam baixas. Em função dos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir, para as condições do município de Santo Antônio do Amparo que a produção de alface do tipo americana é viável nas duas épocas de cultivo testadas, sendo a segunda época, a mais favorável para a obtenção de melhores rendimentos. As cultivar Lady e Lucy Brown destacaram-se como as mais recomendadas para o cultivo na primeira época, considerando a massa fresca comercial. Para a segunda época de cultivo todas as cultivares mostraram-se produtivas no que se refere à massa fresca comercial, não diferindo entre si; no entanto, levandose em consideração a maior circunferência de cabeça comercial e menor comprimento de caule, sugere-se as cultivares Lucy Brown, Lady e Raider como as mais promissoras. LITERATURA CITADA ALVARENGA, M.A.R. Crescimento, teor e acúmulo de nutrientes em alface americana (Lactuca sativa L.) sob doses de nitrogênio aplicadas no solo e de níveis de cálcio aplicados via foliar. 1999. 117 f. (Tese doutorado) - UFLA, Lavras. BERNARDI, J.B.; IGUE, T. Comportamento de cultivares de alface na região de Campinas. VI. Cultura de Setembro a Novembro de 1972. Revista de Olericultura: Campinas, v.13, p.29-31, 1973. BRUNINI, O.; LISBÃO, R.S.; BERNARDINI, J.B.; FORNASIER, J.B.; PEDRO JUNIOR, M.J. 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Postal 121, 88400-000 Ituporanga-SC RESUMO ABSTRACT Avaliou-se, em condições de campo, a influência de composto termófilo como adubação de base e em cobertura de canteiros, na sanidade e na qualidade de mudas de cebola. A semeadura foi realizada em maio e junho de 1993 e de 1994. Três experimentos foram delineados em blocos ao acaso, com seis repetições, tendo como tratamentos as adubações de base por composto termófilo, incluindo descarte de cebola; por formulação comercial organo-mineral; e por composição NPK. Em outro experimento, a adubação mineral e o composto termófilo foram combinadas em esquema fatorial com seis densidades de semeadura, tendo três repetições. Para a cobertura das sementes no leito de canteiros, foram avaliados num quinto experimento, o pó-de-serra de Pinus novo, pó-de-serra de Pinus com um ano, solo e composto termófilo, em delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições. A adubação por composto apresentou maior emergência e sobrevivência de mudas do que a adubação organo-mineral e mineral, nos três experimentos estudados. Independentemente da densidade de semeadura, o composto termófilo, como adubação de base, proporcionou maior sobrevivência de mudas (101,4 pl/m2) e menor intensidade de ataque de Botrytis squamosa (51,7%), em comparação com adubação mineral (85,7 pl/m 2 e 56,8%). Quando usado em cobertura das sementes, o composto propiciou maior emergência (146,1 pl/m2) e sobrevivência de mudas (134,8 pl/m2) do que a cobertura com terra (90,2 e 77,5 pl/m2, respectivamente). Não houve influência, entre os tipos de adubação de base e/ou de cobertura, na ocorrência do tombamento de plântulas de cebola. Quality and health of onion seedlings by adding thermophilic compost The effect of thermophilic compost on onion diseases and seedling quality used as basic fertiliser or bed cover was evaluated. The research was carried out in 1993 and 1994 in Ituporanga, Santa Catarina State, Brazil. Three experiments were conducted in randomised blocks with six replicates. The treatments were thermophilic compost, mineral fertilizer and organic-mineral fertilisers. In another experiment, the compost and the mineral fertiliser were combined with six plant densities in a factorial design experiment. For the seed bed coverage, new and one-year-old Pinus sawdust, soil, and thermophilic compost were evaluated using a randomised block design with four replicates. Thermophilic compost showed higher emergence and survival of onion transplants than organic-mineral and mineral fertiliser. The thermophilic compost increased the survival of onion transplants (101.4 pl/m2) and reduced Botrytis squamosa intensity (51.7%) when compared with the mineral fertiliser (87.7 pl/m2 and 56.8%) regardless of plant density. Onion seedlings grown on seedbeds covered with compost presented higher emergence (146.1 pl/m2) and survival of seedlings (134.8 pl/m2) than those grown using only soil as coverage (90.2 and 77.5 pl/m2, respectively). The occurrence of damping-off did not differ between treatments with fertilisers alone or treatments in which coverage was used in the seedbed. Palavras-chave: Allium cepa, Botrytis squamosa, tombamento, adubo orgânico, produção de mudas. Keywords: Allium cepa, Botrytis squamosa, damping-off, organic fertiliser, transplants. (Recebido para publicação em 12 de maio de 2004 e aceito em 5 de julho de 2005) A cultura da cebola (Allium cepa L), nas principais regiões de cultivo no Brasil, tem se caracterizado pelo uso intensivo do solo, emprego crescente de agroquímicos e poucas práticas culturais que possam oferecer sustentabilidade ao sistema produtivo (EPAGRI, 2000). Em Santa Catarina por exemplo, o controle das principais doenças da cebola, que vinha sendo feito com duas a três aplicações de fungicidas, passou a receber nos últimos 10 anos, mais de 15 intervenções no mesmo ciclo de cultivo (dados não publicados). Este aumento no uso de agrotóxicos é decorrente, em grande parte, da expansão da cultura em monocultivo, do Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 estreitamento genético das cultivars comerciais e do próprio efeito negativo que estes agrotóxicos e a abusiva adubação mineral de alta solubilidade causam à flora e fauna local (GONÇALVES, 2001). A supressão de doenças e pragas em plantios comerciais, pode ser vista como manifestação da estabilidade e saúde do agroecossistema (THURSTON, 1992). Portanto, o restabelecimento da saúde solo-planta, em termos de conferir resiliência ao agroecossistema em resposta a distúrbios, é de fundamental importância na redução da necessidade de uso de agroquímicos (VAN BRUGGEN; SEMENOV, 2000). No sul do Brasil, as principais doenças na cultura da cebola são a queimaacinzentada (Botrytis squamosa) e o míldio (Peronospora destructor) na fase de muda, ao passo que na fase pós-transplante, as mais freqüentes são o próprio míldio e a mancha-púrpura (Alternaria porri) (BOFF, 1996). A sanidade da muda de cebola durante o período de canteiro afeta diretamente o desenvolvimento da cultura no pós-transplante, visto que a necrose e morte de folhas nesta fase, reduz o tamanho de bulbo e enfraquece a qualidade de película dos mesmos para o armazenamento (BOFF, 1994). Tem-se verificado que solos enriquecidos com matéria orgânica, via adubo 875 P. Boff et al. verde, propiciam plantas de cebola tolerantes ao ataque de doenças e pragas, conferindo maior resistência de bulbos durante o armazenamento. A influência da adubação na ocorrência de doenças em plantas tem sido amplamente discutida e particularmente estudada por alguns autores na adição de compostos orgânicos (HOITINK; FAHY, 1986; PAULITZ; BAKER, 1987; HUBER, 1994; ELAD; SHTIENBERG, 1994). Huelsman e Edwards (1998) observaram que a adição de esterco compostado de gado reduziu, significativamente, a incidência de bacterioses (Pseudomonas syringae pv. lachrymans e Erwinia tracheiphila) em pepino e da antracnose (Colletotrichum piperatum) em pimentão, quando comparado à adição de adubo mineral nas proporções equivalentes de macronutrientes. Mecanismos envolvidos na promoção de saúde de plantas, via adição de composto, incluem o estímulo da atividade antagonista local ou adicionada pelo composto, a indução de resistência e o efeito trófico na planta (HOITINK; FAHY, 1986; ZHANG et al., 1996; RAUPP, 1999). McQuilken et al. (1994) estudando a ação do extrato aquoso de esterco de gado com palha na atividade de Botrytis cinerea em alface, observaram redução da severidade desta doença, sugerindo estarem envolvidos mecanismos de antibiose e indução de resistência. O efeito de resistência sistêmica adquirida, definida como aquela capaz de expressar-se distante do sitio inicial quando exposto ao indutor ou agente externo, sem afetar o DNA gemônico da planta, é de particular interesse no controle de doenças da parte aérea de plantas, via manejo de adubação (VAN LOON et al., 1998; MÉTRAUX et al., 2000). Os agentes de indução por sua vez, podem ser microorganismos, agentes físicos ou substâncias químicas capazes de despertar resistência do hospedeiro a uma larga gama de patógenos. Por outro lado, o potencial supressivo e a indução de resistência por compostos orgânicos é influenciado pelo processo de compostagem e pelo nível de maturação (HOITINK; FAHY, 1986). No Estado de Santa Catarina, o sistema de cultivo de cebola utiliza-se de mu876 das transplantadas. O ciclo de cultivo é relativamente longo e a colheita coincidente com a entrada de cebola da Argentina, obrigando o armazenamento dos bulbos por um período de até quatro meses (EPAGRI, 2000). A ocorrência de períodos chuvosos na época de colheita obriga o armazenamento dos bulbos, muitas vezes em condições precárias, resultando em grandes perdas (BOFF, 1996). O material advindo do descarte e da subseqüente toalete na comercialização dos bulbos é composto de escamas, raízes, folhas secas e bulbos deteriorados. É hábito do produtor de cebola, depositar este material em barrancas de rios, beiras de estradas ou outros locais longe de lavouras, pelo tradicional argumento de que restos culturais trariam doenças aos próximos cultivos de cebola. Não obstante esta prática possa ser justificada, a reciclagem local dos restos de descarte de cebola pelo processo de compostagem poderia oferecer uma melhor alternativa, não só em temos econômicos mas também sob ponto de vista ambiental. Quando o processo de compostagem for do tipo termófilo, alcançando temperaturas de até 70 ou 80ºC, há uma redução substancial de estruturas de patógenos e insetos-praga presentes nos restos culturais (GALUEKE, 1972; HOITINK; FAHY, 1986). Por outro lado, o composto oriundo do processo termófilo possibilita enriquecimento biológico, pela colonização de micro-organismos benéficos nos sucessivos revolvimentos da pilha. Do ponto de vista nutricional, o uso de composto orgânico para adubação de plantas propicia disponibilização gradativa e contínua de nutrientes sem haver excesso e/ou consumo de luxo, favorecendo o metabolismo da proteossíntese e minimizando com isto o ataque de doenças e pragas (CHABOUSSOU, 1980; SCHELLER, 2001). O objetivo do presente trabalho foi estudar o efeito do composto termófilo resultante do descarte de bulbos na adubação de base e em cobertura de sementeiras e os possíveis efeitos desta técnica na sanidade e na qualidade de mudas de cebola. MATERIAL E MÉTODOS Conduziram-se cinco experimentos de campo na Estação Experimental da Epagri, Ituporanga, durante a fase de muda da cebola, nos anos de 1993 e 1994, em Cambissolo álico. Foram instalados três experimentos em épocas distintas de semeadura (maio/ 93, junho/93 e junho/94) utilizando-se blocos ao acaso com seis repetições. Nos três experimentos, os tratamentos constaram de três tipos de adubação de base nas seguintes modalidades: a) Adubação mineral, na dosagem de 300 g/m2 de NPK (fórmula 5-20-10), incorporada ao solo 10 dias antes da semeadura; b) Adubação organo-mineral, formulação comercial “Prochnov”, Trombudo Central (SC), na dosagem de 3 L/m2 incorporada 10 dias antes da semeadura. Nesta formulação utiliza-se cama de aviário e 20% de complemento mineral de NPK (2-2-2); c) Adubação com composto (10 L/m 2 ) oriundo da compostagem termófila. Este composto foi elaborado com capim Cameroon (Pennisetum purpureum) triturado, esterco bovino e descarte de cebola triturado (1:1:1, base em volume), intermediada por finas camadas de cinza-de-arroz (combustão incompleta da casca de arroz), na proporção de 5% do total do composto e de calcário dolomítico, sendo este último espalhado na quantidade de 100 g/m², em duas secções horizontais da pilha. O composto foi revolvido aos 35 e 70 dias, sendo utilizado após 120 dias a partir da formação da pilha. Para o ano de 1993, utilizou-se a cultivar de cebola “Bola precoce”, na semeadura de maio, e a população “Crioula”, na semeadura de junho. No ano de 1994, com semeadura em junho, utilizou-se a população “Crioula”. Outro experimento com semeadura em junho de 1994, foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso, com três repetições e em arranjo fatorial, utilizando-se a população “Crioula”. Os fatores principais foram densidade e tipo de adubação. O fator densidade teve os níveis de 1,0; 2,0; 2,5; 3,0; 4,0 e 5,0 gramas de semente por metro quadrado e o fator adubação, em duas formas de adubação de base: composto e adubação mineral, nas mesmas proporções dos experimentos acima descritos. Não houve aplicação de fungicida para possibilitar avaliação da intensidade de queima-acinzentada. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo Tabela 1. Número de plantas emergidas (EM), tombadas (TO), remanescentes após tombamento (ES), sobreviventes até a época de transplante (SO) e peso fresco em gramas por planta (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentes tipos de adubação de base. Ituporanga, EPAGRI, 1993/94. Época de semeadura Maio/93 Adubação base SO 4/ PF5/ 203,1 a 194,2 a 194,0 a 3,2 a 179,1 b 11,9 177,6 a 177,5 a 2,6 b Mineral 171,4 b 2,4 116,9 b 116,7 b 12,4 9,5 ns ES3/ Organo-min. 131, 15,4 16,5 2,4 b 23,7 Composto 222,6 a 0,8 ns 218, a 221,4 a Organo-min. 197,4 ab 2,6 194, a 189,5 ab 5,6 ab Mineral 191,5 b 1,2 184, a 166,8 b 5,7 a C.V. Junho/94 TO 2/ Composto C.V. Junho/93 EM 1/ 16,2 24,8 Composto 138,7 a 2,3 ns 134, a 124, a 3,5 b Organo-min. 119,1 b 1,8 118, a 111, ab 4,4 a Mineral 122,9 b 4,3 114, b 99, b 59,3 12,2 C.V. 14,5 10,1 100, 4,1 b 17,1 25,1 3,7 ab 25,4 *Médias seguidas pela mesma letra, na vertical, dentro de cada época de semeadura, não diferem entre si (Tukey, 0,05).; ns = diferenças não significativas. Um quinto experimento foi conduzido em blocos ao acaso com quatro repetições, utilizando-se a cultivar “Bola Precoce”, com semeadura em maio de 1994. Os tratamentos constaram de quatro coberturas sobre o leito dos canteiros, na espessura de 2 cm, onde as sementes eram previamente semeadas, que foram: a) composto, já descrito acima; b) solo, do próprio local; c) pó-de-serra de Pinus, do ano; d) pó-de-serra de Pinus, com um ano de idade. Utilizou-se, como adubação de base, 300 g/m2 de adubo mineral NPK, fórmula 5-20-10. A profundidade de semeadura foi de 2 cm, utilizando-se como cobertura da semente o pó-de-serra de Pinus, exceto no quinto experimento, onde o objeto de estudo foi o tipo de cobertura. O controle de plantas daninhas foi manual. A irrigação foi feita conforme necessidade da cultura, sendo, no máximo, uma vez por semana. As parcelas constaram de 3 m2, tendo como área útil 1 m2. Avaliou-se o número de plantas emergidas, número de plantas tombadas, número de folhas cotiledonares (chicote) tombadas e número de plantas remanescentes após tombamento (estande). Por ocasião do transplante, avaliou-se também o número de plantas sobreviventes, o peso fresco e seco de plantas. A queimaacinzentada foi avaliada, semanalmente, até 15 dias antes do arranquio das mudas, estimando-se a proporção de área foliar necrosada pela doença conHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 forme metodologia modificada de Stuker e Boff (1998). A ocorrência da queima-acinzentada foi estimada considerando-se o número de folhas totais, a altura média de folhas e a proporção de área foliar necrosadas devido aos sintomas da doença, em quatro sub-amostras não destrutiva de 0,25 m2 por parcela. As sub-amostras eram delimitadas com auxílio de um quadriculado de madeira (0,5 x 0,5 m) lançado aleatoriamente em cada avaliação. Dados coletados de todos os experimentos foram submetidos à análise de variância para cada tipo de delineamento, blocos ao acaso ou fatorial, com auxílio do pacote estatístico SAS® , seguido de teste de médias Tukey (0,05), quando o valor de F fosse menor ou igual a 0,05. A não interação entre adubação e densidade no experimento em arranjo fatorial permitiu análise independente desses fatores. Os dados das características avaliadas em função da densidade foram submetidos à regressão múltipla e modelos de equação foram selecionados pelo seu maior coeficiente de determinação encontrado. RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação do composto termófilo proporcionou maior emergência e sobrevivência de mudas até o transplante, em comparação com adubação mineral, nas três épocas de semeadura da cebola estu- dadas (Tabela 1). A adubação organomineral não diferiu da adubação mineral, em todas as características consideradas, exceto no número de mudas remanescentes após o tombamento nos experimentos com semeadura em maio de 1993 e junho de 1994 e no número de mudas sobreviventes até o transplante, no experimento com semeadura em maio de 1993. Shiau et al. (1999) relataram que certos compostos orgânicos, formulação comercial FBN-5A â por exemplo, quando adicionada a substratos promoveram melhor desenvolvimento de plantas de repolho, tanto em casa de vegetação como em plantios comerciais, além de serem efetivos no controle de Rhizoctonia solani. No quarto experimento com semeadura em junho de 1994 não houve interação, entre o tipo de adubação e a densidade de semeadura da cebola. No fator adubação, observou-se que a adubação mineral e o composto termófilo não diferiram na emergência de plantas, no peso da massa fresca ou seca produzida e no tombamento (Tabela 2). Entretanto, canteiros enriquecidos pelo composto apresentaram maior sobrevivência de plantas até o transplante. Em contraste, canteiros adubados organicamente, mesmo apresentando maior densidade de plantas sobreviventes, foram menos atacados por B. squamosa. Sabe-se que o fungo B. squamosa tem sua principal forma de sobrevivência como escleródios 877 P. Boff et al. Figura 1. Massa seca (MSE), severidade por Botrytis squamosa (SEV), peso médio por planta (PME), Emergência (EME), sobrevivência (SOB), tombamento de plântulas (TOM) de mudas de cebola submetidas a diferentes densidades de semeadura. Ituporanga, EPAGRI, 1994. Tabela 2. Emergência (EM), sobrevivência (SO), peso fresco (PF), massa seca (MS), severidade da queima-acinzentada (SE) e tombamento (TO) de mudas de cebola submetidas a aplicação de composto termófilo e adubação mineral. Ituporanga, EPAGRI, 1994. EM 1/ SO 2/ Composto 170,9 ns 101,4 a * 4,61 ns 14,9 ns 51,7 b* 1,3 ns Mineral 174,3 ns 85,7 b 4,12 ns 12,9 ns 56,8 a 2,9 ns 53,0 16,8 Adubação¹ CV 20,1 28,10 PF3/ 60,1 MS4/ SE5/ TO 6/ 124,7 *Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si (F = 0,05); ns = diferenças não significativas. em restos culturais, sendo também a fonte primária de inóculo entre ciclos de cultivo (BOFF, 1994). A adição de composto que possivelmente possibilitou o aumento da atividade antagonista na rizosfera pôde ter reduzido a viabilidade das estruturas de resistência deste fungo (PEREIRA et al., 1996). De fato, Walker e Maude (1975) observaram que os escleródios de Botrytis spp sofrem naturalmente antagonismo por Gliocladium roseum, especialmente em solos ricos em matéria orgânica. O aumento da densidade de semeadura de 1 para 5 g/m 2 reduziu gradativamente a sobrevivência e o peso médio de mudas, independentemente do tipo de adubação utilizada (Figura 1). Os produtores de cebola, no sistema corrente de transplante, utilizam altas densidades, acima de 3 g/m2, com o propósito de melhor aproveitamento da área 878 de canteiros. Isto, no entanto, favorece a ocorrência de doenças, principalmente da queima-acinzentada, cuja severidade em épocas úmidas de inverno, causam morte das mudas atacadas (BOFF, 1994). Resultados semelhantes foram obtidos no adensamento de plantas de cebola em pós-transplante, onde populações adensadas, acima de 300.000 pl/ ha, aumentou a incidência de Alternaria porri e reduziu a produção comercial de bulbos (BOFF et al., 1998). A cobertura da semente com composto termófilo proporcionou maior emergência, maior número de mudas remanescentes após tombamento e maior número de mudas sobreviventes até o transplante, em comparação com a cobertura por solo (Tabela 3). Estudos feitos em repolho por Shiau et al. (1999) mostraram que a adição de composto no substrato de mudas não só teve efeito supressivo nas doenças, mas também melhorou substancialmente a qualidade de mudas para plantios comerciais. No presente trabalho, o tombamento de plântulas não diferiu entre as coberturas, embora o tombamento da folha chicote foi maior na cobertura por pó-deserra de ano e por composto. A análise de amostras de plântulas e folhas tombadas não apresentou presença de fitopatógenos, indicando ser o problema de origem abiótica. Sua ocorrência esteve relacionada com altas precipitações nos dias anteriores à avaliação (Dados não apresentados). Provavelmente, a alta umidade no leito do canteiro favoreceu o enfraquecimento da axila foliar, facilitando o tombamento da lâmina foliar (chicote). Houve tendência da cobertura por composto ser melhor que o pó-de-serra de ano e este melhor que o pó-de-serra novo, quanto à emergência, estande e sobrevivência de mudas. O composto termófilo pode ter proporcionado maior estabilidade biológica por não demandar suprimento de nutrientes, principalmente, nitrogênio, como estaria acontecendo com a cobertura por pó-de-serra, cujo material necessita passar por um processo de estabilização biológica (GALUEKE, 1972). Nesta cobertura por pó-de-serra, a atividade microbiana requer suprimento extra de nutrientes, a fim de iniciar a decomposição da matéria orgânica, o que vem a desequilibrar o desenvolvimento inicial da plântula de cebola (SCHELLER, 2001). O maior teor de massa seca e maior sobrevivência de plantas (Tabelas 2 e 3) e a menor intensidade da queimaacinzentada (Tabela 2) proporcionado pela adubação de base ou cobertura por composto pode estar relacionado, no seu conjunto, com os mecanismos de suprimento equilibrado de nutrientes e de resistência induzida à patógenos (PEREIRA et al.,1996; SCHELLER, 2001; RAUPP, 1999). Segundo Chaboussou (1987), adubos com fontes nitrogenadas de alta solubilidade, como os formulados minerais N-P-K, deixam a planta em estado de proteólise dominante, aumentando as substâncias solúveis, principalmente aminoácidos, que favorecem o parasitismo por fungos. A qualidade de mudas pode ainda ser influenciada pela Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo Tabela 3. Emergência (EM), tombamento de plântulas (TOp), tombamento da folha cotiledonar (TOfc), estande após tombamento (ES), sobrevivência de plantas por ocasião do transplante (SO), massa seca (MS) e peso fresco (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentes coberturas de conteiros. Ituporanga, EPAGRI, 1994. Cobertura EM 1/ TOp2/ TOfc3/ ES4/ SO 5/ Composto 146,1 a 4,3 50,4 a 135,3 a 134,8 a 11,7 ns 5,1 ns 90,2 b 6,6 17,6 b 77,8 b 77,5 b 10,8 3,4 Pó-de-serra novo 135,2 a 7,1 34,2 b 109,3 ab 101,8 ab 10,1 4,1 Pó-de-serra de ano 141,1 a 9,2 36,8 ab 108,3 ab 106,1 ab 9,7 3,6 C.V. 7,1 34,8 14,5 11,8 8,5 17,5 Dias após semeadura 30 33 35 40 Terra 15,6 transplante MS6/ = PF7/ = * Médias seguidas pela mesma letra, na vertical não diferem entre si (Tukey, 0,05); ns = diferenças não significativas. micorrização, cuja adição de compostos orgânicos facilita o estabelecimento desta associação simbiótica, com rápida resposta na cultura da cebola (LINDERMAN, 1989). De modo geral, conclui-se que o composto termófilo utilizado, incluindo descarte de cebola, utilizado como adubação de base ou em cobertura de canteiro, propiciou mudas de cebola mais resistentes/tolerantes ao ataque de Botrytis squamosa e maior sobrevivência de plantas para o transplante. É possível que os produtores de cebola possam obter mudas de melhor qualidade e que respondam a melhores produções de bulbo, pelo uso da adubação orgânica, oriunda do processo de compostagem termófila. Além disso, o maior teor de massa seca das mudas produzidas em solos enriquecidos por compostagem, pode influir na melhor conservação de bulbos, visto estar relacionado com o teor de sólidos solúveis que é o principal parâmetro utilizado na avaliação de conservação dos mesmos (EPAGRI, 2000). Não se verificou, neste trabalho, a transmissão de patógenos da cebola através do composto, que pudesse inviabilizar a inclusão de palha e bulbos descartados no processo da compostagem termófila. Assim, o emprego do processo termófilo de compostagem pode viabilizar a reciclagem adequada de descarte de cebola em vista de dar maior sustentabilidade ao sistema de cultivo, pois propicia destino adequado deste descarte, reduz os riscos da fonte de inóculo de patógenos oriundos dos restos culturais e possibilita o aumento da matéria orgânica favorecendo o enriquecimento da biodiversidade do solo. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a colaboração de Adriana Campos e de Marcelo Pitz nas atividades de laboratório e de campo, respectivamente. LITERATURA CITADA BOFF, P. O complexo Botrytis spp, causando doenças em cebola. Revista Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.7, n.13, p.14-16, 1994. BOFF, P. Levantamento de doenças na cultura da cebola, em Santa Catarina. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.21, n.1, p.110-114, 1996. BOFF, P.; STUKER, H.; GONÇALVES, P.A.S. 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RESUMO ABSTRACT Como as raízes de mandioquinha-salsa são frágeis e muito suscetíveis a ferimentos, avaliou-se os danos físicos que ocorrem nas raízes devido ao impacto de queda no manuseio pós-colheita e suas conseqüências na durabilidade do produto. As raízes foram soltas de duas alturas (45 e 90 cm) e três posições de queda: horizontal; vertical com “ombro” para baixo (=distal) e para cima (=proximal), simulando-se uma situação comum no beneficiamento e na comercialização. O experimento foi conduzido em delineamento casualizado com três repetições de 40 raízes por parcela. Após a queda, as raízes foram examinadas individualmente, determinandose os tipos de ferimentos (quebradas, rachaduras, rupturas, lesões superficiais) em relação àquelas aparentemente intactas. A altura de queda afetou diretamente a incidência de injúrias mais graves, como quebras e rupturas. Na queda de 90 cm, a posição de soltura proximal causou 40,7% de rachaduras, 19,2% de rupturas e 22,3% de lesões superficiais; na posição distal causou 45,8% de rupturas e 23,3% de quebra nas raízes. Em outro experimento, avaliou-se a respiração, perda de matéria fresca e a deterioração em raízes submetidas à injúria por impacto de queda (90 cm) e armazenadas a 5oC e 24oC, comparadas com testemunhas não injuriadas, em três repetições (1,5 kg raízes/parcela) distribuídas ao acaso. As raízes submetidas à injúria por queda apresentaram taxas respiratórias superiores em comparação com aquelas intactas quando mantidas na mesma temperatura, e a 24oC variou de 15,3 ml CO2 kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO2 kg-1 h-1 (injuriadas). As raízes injuriadas mantidas a 24oC apresentaram 84% de deterioração após quatro dias, enquanto aquelas a 5oC não apresentaram deterioração. Damages caused by drop impact on the postharvest quality of arracacha roots Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, danos mecânicos, lesões, respiração, deterioração. Arracacha roots are very fragile and susceptible to mechanical damage. The postharvest handling system may cause many lesions, mainly by impacts and drops. The effect of drop impact on arracacha roots was simulated in two drop heights (45 and 90 cm) and three release positions of the roots (horizontal, vertical distal and vertical proximal). The experiment was carried out in a randomized block design, with three replicates (40 roots per and three release positions of the roots (horizontal, vertical distal and vertical proximal). The experiment was carried out in a randomized block design, with three replicates (40 roots per parcel). After the drop, roots were examined individually and the resulting mechanical damage was categorized in four types of lesions (broken, fracture, rupture and abrasion) compared to those apparently undamaged. Drop height affected directly the incidence of more serious mechanical damage, such as broken roots and ruptures. The root position also affected the resulting mechanical damage: roots released from the proximal position at 90cm drop height had significantly higher fractures incidence (40.7%), ruptures (19.2%) and superficial lesions (22.3%) than other treatments. At the 90 cm drop height, roots released from the proximal position had 40.7% of fractures, 19.2% of ruptures and 22.3% of superficial lesions; roots released from the distal position caused 45.8% of ruptures and 23.3% of broken roots. The respiration rates and deterioration of arracacha roots submitted to mechanical damage (90 cm height fall impact) and storage (5oC and 24oC) during four days showed that at the same temperature, mechanically damaged roots had higher respiration rates when compared to sound roots, ranging from 15.3 ml CO2 kg-1 h-1 (unbruised) to 34.4 ml CO2 kg-1 h-1 (damaged) at 24oC. Injured roots kept at 24oC had 84% of deterioration after four days, while those kept at 5oC were completely sound. Keywords: Arracacia xanthorrhiza, mechanical damage, lesions, respiration, deterioration. (Recebido para publicação em 17 de Janeiro de 2005 e aceito em 27 de setembro de 2005) O s produtos hortícolas estão sujeitos a diversos tipos de danos após a colheita, ocasionados por condições inadequadas de manuseio e armazenagem, doenças e injúrias mecânicas. A respiração é o principal processo fisiológico em órgãos vegetais depois da colheita, sendo afetada por diversos fatores, tais como temperatura, composição da atmosfera e estresses químicos, biológicos e físicos (KAYS, 1991; KADER et al.,1992; MORETTI et al., 1 2000). No Brasil, não existe uma preocupação muito evidente com a incidência de injúrias mecânicas nos sistemas de manuseio pós-colheita adotados para hortaliças. Entretanto, as conseqüências dos danos mecânicos podem ser uma causa primária de perdas nas etapas subseqüentes porque aceleram a taxa de perda de água, levando a um acréscimo na taxa respiratória e diminuição da matéria seca dos produtos (WILLS et al., 1998). A mandioquinha-salsa é uma hortaliça que apresenta vários problemas pós-colheita, que reduzem substancialmente sua durabilidade e seu valor comercial. Os principais problemas já identificados são a rápida perda de matéria fresca, a ocorrência de podridões e a grande incidência de danos mecânicos (THOMPSON, 1980; AVELAR FILHO, 1989; HENZ, 2001; SOUZA, 2001; SOUZA et al., 2003). Quando comercializadas sem embalagem e/ou Parte da dissertação de mestrado em Agronomia apresentada pelo primeiro autor à Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 881 G. P. Henz et al. refrigeração, as raízes da mandioquinhasalsa têm duração de apenas um a três dias, dependendo da época do ano e do sistema de manuseio pós-colheita. Quando a perda de matéria fresca ultrapassa 10%, as raízes de mandioquinhasalsa tornam-se murchas e enrugadas, sem valor comercial (AVELAR FILHO, 1989). De acordo com Finger e Casali (1988), a taxa respiratória de raízes de mandioquinha-salsa variou de 3,4 ml CO2 kg-1 h-1 após a colheita e alcançou 32,1 ml CO2 kg-1 h-1 após 60 h, possivelmente provocada pela perda de água das raízes. Assim como ocorre para os demais produtos hortícolas, o armazenamento refrigerado também reduz os principais processos fisiológicos das raízes de mandioquinha-salsa, como a respiração, perda de matéria fresca e deterioração (AVELAR FILHO, 1989; HENZ, 1995). As conseqüências de injúrias mecânicas na fisiologia e vida-de-prateleira de algumas hortaliças já estão bem caracterizadas. O manuseio e a queda de embalagens e frenagens bruscas de caminhões que transportam produtos hortícolas podem ocasionar diferentes tipos de lesões por impacto ou compressão (FAO, 1993; SARGENT et al., 1989a; SARGENT et al., 1989b). Os órgãos vegetais submetidos a vibrações e danos mecânicos em geral aumentam suas taxas respiratórias em comparação com testemunhas sem injúrias (PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT et al., 1982; MAO et al., 1995). A severidade e a extensão dos danos mecânicos podem ser afetadas por diversos fatores, sendo os principais (1) a maturidade e o potencial de água; (2) a orientação celular e do tecido no local do impacto; (3) o formato do objeto causador do impacto; (4) a energia com a qual o órgão chocase com o objeto e o respectivo ângulo; e (5) a temperatura da hortaliça no momento da injúria (SARGENT et al., 1992; MILLER, 2003). A simulação do impacto de queda de raízes de cenoura de quatro cultivares (‘Imperator’, ‘Dominator’, ‘Cellobunch’ e ‘Nantes’) de quatro alturas (60; 90; 120 e 150 cm) demonstrou que as rachaduras e quebras resultantes variaram de acordo com a cultivar, altura da queda e também da tem882 peratura das raízes (CANTWELL et al., 1991). As raízes de cenoura mantidas a 0oC apresentaram 70% de rachaduras em relação àquelas mantidas a 20oC, que apresentaram somente 15% (CANTWELL et al., 1991). O efeito de temperaturas mais baixas no aumento dos danos mecânicos também foi comprovado em frutos de morango submetidos à força de impacto, em uma simulação de três alturas de queda (13; 20 e 38 cm) nas cultivares ‘Chandler’, ‘Oso Grande’ e ‘Sweet Charlie’ (FERREIRA et al., 1995). No mesmo trabalho, constatou-se que as forças de compressão causaram maior incidência de injúrias nos frutos (FERREIRA et al., 1995). Os danos mecânicos em hortaliças têm sido mais extensivamente estudados para a cultura da batata, principalmente devido à mecanização dos processos de colheita, transporte e beneficiamento, que acarretam problemas de perdas no armazenamento. A incidência de injúrias mecânicas em batata aumentou a taxa respiratória em mais de 100% em todas as cultivares mantidas a 25oC (SCHIPPERS, 1977). À medida que os tubérculos passam pelas diferentes etapas do manuseio foi constatado que houve aumento na respiração dos tubérculos (PISARCZYK, 1982). No Brasil, Silva et al. (1993a e 1993b) estudaram o efeito de danos mecânicos de impactos na colheita sobre a taxa respiratória de tubérculos de batata, e as cultivares mais suscetíveis ao impacto aumentaram suas taxas respiratórias significativamente de 10 a 18 ml CO2 kg-1 h-1 para 26 a 35 ml CO2. kg-1 h-1. O principal sistema de manuseio pós-colheita da mandioquinha-salsa no Brasil envolve basicamente quatro etapas até alcançar o consumidor, dividindo-se em colheita (1), beneficiamento (2), comercialização no atacado (3) e no varejo (4) (HENZ, 2001). Durante a movimentação do produto nestas diferentes etapas da cadeia de pós-colheita, as raízes de mandioquinha-salsa sofrem vários tipos de danos mecânicos, categorizados como abrasão, ruptura parcial, rachadura e quebra em um trabalho anterior (SOUZA et al., 2003). Neste estudo, o tipo de injúria mais freqüente foi abrasão, na forma de lesões superficiais, alcançando 78,9% das raízes no varejo, e a etapa em que ocorreu a maior incidência de outros tipos de injúrias mecânicas foi no atacado, onde 7,6% das raízes apresentaram rupturas, 4,2% com rachaduras e 10,6% estavam quebradas (SOUZA, 2001; SOUZA et al., 2003). As principais causas de injúrias mecânicas identificadas no sistema de manuseio pós-colheita da mandioquinha-salsa adotado em São Paulo foram impacto de queda, abrasão e compressão das raízes (SOUZA, 2001; SOUZA et al., 2003). O impacto de queda ocorre principalmente durante a movimentação das raízes no galpão de beneficiamento, como na operação de descarga das caixas dos caminhões, colocação das raízes nas redes de lavação e sua transferência para a mesa de seleção e na operação de embalagem. Nos estabelecimentos do varejo, as raízes são transferidas das caixas para as gôndolas, onde também podem ocorrer danos mecânicos por quedas de até 1 m de altura. A injúria mecânica por abrasão ocorre principalmente pelo atrito das raízes com a superfície das caixas de madeira ou de plástico ocasionada pela vibração durante o transporte por caminhões. A injúria por compressão pode ocorrer pelo empilhamento das caixas de madeira nos galpões de beneficiamento, durante o transporte por caminhões ou nos atacadistas, ocasionado principalmente pelo excesso de raízes nas caixas do tipo “K.” A mandioquinha-salsa é uma hortaliça de preço elevado ao consumidor e a manutenção da integridade física das raízes é importante para a valorização desta hortaliça como mercadoria. O objetivo do presente trabalho foi avaliar as conseqüências físicas e fisiológicas nas raízes de mandioquinha-salsa submetidas a simulações de injúria mecânica por impacto de queda que ocorrem durante o beneficiamento e a comercialização. MATERIAL E MÉTODOS Simulação do impacto de queda Os experimentos foram realizados no Laboratório de Pós-Colheita da Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF. O efeito do impacto por queda em raízes de mandioquinha foi avaliado através de Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa uma simulação, combinando-se a altura da queda com a posição de soltura das raízes. As alturas de queda utilizadas neste experimento foram definidas de acordo com as alturas do contentor plástico de 34 kg de capacidade, da mesa de seleção e das gôndolas de exposição da mandioquinha-salsa em supermercados e sacolões. Nestes locais a ocorrência de quedas de raízes é relativamente freqüente e uma das causas mais relevantes de perdas pós-colheita. Raízes de mandioquinha-salsa cv. Amarela Comum das classes 2A e 3A foram adquiridas na CEASA-DF, selecionando-se para a execução do experimento somente aquelas de tamanho pequeno a médio, com 8-12 cm de comprimento e diâmetro de 2-4 cm, isentas de danos mecânicos e outros defeitos graves (CEAGESP, 2002). O experimento foi conduzido em um delineamento em esquema fatorial 2 x 3 (altura x posição de queda), com três repetições por tratamento (40 raízes/parcela). As raízes foram soltas de duas alturas (45 e 90 cm) e em três posições de queda: (1) horizontal; (2) vertical proximal, com o “ombro” para cima; (3) vertical distal, com o “ombro” da raiz voltado para baixo. As raízes foram mantidas nas respectivas alturas e posições e deixadas cair livremente sobre um piso plano de cimento rígido e liso. Após a queda, cada raiz foi examinada individualmente, determinando-se os tipos de danos sofridos como rachaduras, quebra, rupturas e lesões superficiais, definidos em um trabalho anterior (SOUZA et al., 2003), e considerando-se também aquelas intactas exteriormente, sem dano aparente. Avaliação da respiração e da deterioração das raízes As raízes da cv. Amarela Comum foram adquiridas de um produtor no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em Brazlândia-DF, e transportadas para o laboratório de Pós-Colheita da Embrapa Hortaliças. O experimento foi composto por quatro tratamentos, comparandose raízes intactas com outras submetidas à injúria mecânica por impacto de queda de 90 cm de altura em uma superfície plana e rígida, e armazenamento posterior em duas temperaturas. Cada tratamento teve três repetições com 1,5 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Significância (teste F) e graus de liberdade (GL) para injúrias resultantes da interação das alturas de queda e posição de soltura das raízes de mandioquinha-salsa. Fator de variação Teste F GL Grave Leve Intacta 2 108,55* * 117,76* * 168,65* * Altura de queda (A) 1 288,37* * 12,46* * 251,53* * PxA 2 11,39* * 36,09* * 127,63* * Posição (P) Posição (Altura) 4 59,97* * 76,92* * 148,14* * Posição (45 cm) 2 92,45* * 129,37* * 294,00* * Posição (90 cm) 2 27,49* * 24,48* * 52,36 29,44 18,06 9,21 20,41 21,40 Média (%) CV (%) 2,28 ns ** significativo a 1% de significância; ns = não significativo kg de raízes em média por parcela, distribuídas ao acaso. As raízes (intactas e injuriadas) foram colocadas em frascos de vidro de 5 litros, e armazenadas às temperaturas de 24 ± 2ºC (75% UR) e a 5 ± 2ºC (90% UR). A cada hora foram retiradas amostras das atmosferas internas de cada frasco com seringas e injetadas em um cromatógrafo a gás para leitura da concentração de CO2. Depois de retiradas as amostras os recipientes foram abertos para renovação da atmosfera. Repetiu-se esse procedimento a cada hora, fazendo-se quatro leituras diárias, durante quatro dias. Como padrão utilizou-se CO2 na concentração 1.000 ml/L. Acompanhou-se também a perda de matéria fresca, através de pesagens diárias do material e uma avaliação diária da incidência de deterioração causada por Erwinia sp., considerando-se como deterioradas as raízes que apresentavam uma ou mais lesões de podridão-mole. RESULTADOS E DISCUSSÃO Incidência de injúrias mecânicas causadas por impacto de queda A simulação do impacto por queda das raízes de duas alturas em uma superfície rígida e plana produziu tipos distintos de injúrias mecânicas. As lesões provocadas pelo impacto de queda foram categorizadas em quatro tipos principais (rachaduras, quebras, lesões superficiais e rupturas) para tornar as avaliações mais rápidas e fáceis de serem executadas. Estes danos mecânicos em raízes de mandioquinha-salsa foram descritos com mais detalhes no trabalho de Souza et al. (2003). As lesões observadas também foram ser separadas pela extensão do dano e importância na aparência do produto em defeitos graves (rachaduras, rupturas e quebras) e leves (lesões superficiais causadas por abrasão), de acordo com a norma de classificação da mandioquinha-salsa proposta pela CEAGESP (2002). As rachaduras caracterizaram-se pelo rompimento parcial da raiz; as quebradas pela separação completa em duas ou mais partes; as rupturas pelo rompimento superficial do tecido, sem destacar-se da raiz; e as lesões superficiais apresentaram remoção parcial da periderme. (SOUZA, 2001; SOUZA et al., 2003). As raízes sem nenhum dano visível externamente foram consideradas como intactas. Houve interação significativa entre as alturas e as posições de solturas das raízes, que definiu a incidência e a predominância de determinados tipos de injúrias mecânicas (Tabela 1). A altura da queda afetou a incidência dos distintos tipos de danos mecânicos, sendo que as raízes soltas a 90 cm apresentaram uma predominância de lesões mais graves, como rachaduras, quebras e rupturas. Para todas as posições de soltura das raízes, a porcentagem de raízes com danos mecânicos após a queda foi sempre maior na altura de 90 cm (Figura 1), situação também observada em raízes de cenoura (CANTWELL et al., 1991) e frutos de morango (FERREIRA et al., 1995). Na posição de soltura distal (ponta da raiz para baixo), predominaram as lesões mais graves (rachaduras, quebras e rupturas) nas duas alturas (Figura 1), provavelmente devido à força do cho883 G. P. Henz et al. Figura 1. Incidência de injúrias mecânicas leves e graves em raízes de mandioquinha-salsa submetidas a impacto de queda de duas alturas (45 e 90cm) em três posições de soltura (distal, proximal e horizontal). Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001. que ocasionado pelo impacto de queda na porção apical da raiz, uma área bem menor que a porção proximal (“ombro”). Para esta mesma posição, nas raízes soltas a 45 cm de altura predominaram as rachaduras e as rupturas, enquanto a 90 cm houve maior incidência de rupturas, quebras e rachaduras. Na posição proximal (ou com o “ombro” da raiz voltado para baixo), constatouse a menor incidência de injúrias mecânicas nas raízes soltas a 45 cm, classificadas como intactas, enquanto a 90 cm de queda observou-se uma grande incidência de raízes com rachaduras. Na posição de soltura horizontal, as raízes com queda a 45 cm apresentaram grande incidência de lesões superficiais, consideradas como menos graves, e as raízes soltas a 90 cm apresentaram uma tendência de quebra (Figura 1). De acordo com o trabalho executado em cenoura por Cantwell et al. (1991), a temperatura das raízes apresentou um grande efeito na incidência de rachaduras ocasionadas por impacto de queda, sendo maior nas raízes mantidas a 0oC em comparação com àquelas mantidas a 20oC. Efeito semelhante também foi observado em frutos de três cultivares de morango submetidos a três alturas de queda (FERREIRA et al., 1995). No presente trabalho, a simulação de impacto de queda foi executado em condição ambiental, com a temperatura das raízes variando entre 884 21oC a 23oC. Nos galpões de beneficiamento da mandioquinha-salsa do estado de São Paulo, as temperaturas das raízes e do ambiente são mais baixas, variando de 15oC a 21oC, dependendo da época do ano (HENZ, 2001). Todo o beneficiamento é executado à noite, geralmente após as 21 h, estendendo-se pela madrugada até o amanhecer. A água de córregos da região é geralmente fria, e mantêm a temperatura das raízes mais baixa. Em tese, é provável que as conseqüências de quedas das raízes nesta condição pode provocar danos maiores, principalmente rachaduras. Por outro lado, o armazenamento em baixas temperaturas ainda não é utilizado regularmente para mandioquinha-salsa no Brasil. Caso for necessário, estudos adicionais poderão ser executados com as raízes da mandioquinha-salsa levando-se em consideração alguns fatores importantes que afetam a extensão e a severidade dos danos mecânicos, como o potencial de água, a energia com a qual as raízes chocam-se contra o chão e o respectivo ângulo do impacto, e a temperatura das raízes no momento da injúria (SARGENT et al., 1992; MILLER, 2003). Respiração de raízes de mandioquinha-salsa A temperatura mais baixa (5oC) reduziu significativamente a respiração das raízes de mandioquinha-salsa em comparação àquelas mantidas a 24oC, e nestas duas temperaturas as raízes injuriadas apresentaram taxas respiratórias mais elevadas em relação às intactas. As raízes mantidas a 5 oC apresentaram menores taxas de respiração, variando de 3,8 ml CO2 kg-1 h-1 (intactas) a 8,3 ml CO 2 kg -1 h -1(injuriadas), e as raízes mantidas a 24oC apresentaram taxas respiratórias que variaram de 15,3 ml CO2 kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO2 kg-1 h-1 (injuriadas) (Figura 2). Temperaturas mais baixas reduzem as taxas respiratórias e de deterioração (WILLS et al., 1998; KAYS, 1991). Finger e Casali (1988) determinaram a taxa respiratória de raízes de mandioquinha que variou de 13,4 ml CO2 kg-1 h-1 após a colheita até 32,1 ml CO2 kg-1 h-1, valores próximos aos determinados neste trabalho para a temperatura de 24oC. As taxas respiratórias foram ajustadas, observando-se uma tendência de redução nas raízes mantidas a 5oC, com um decréscimo linear naquelas submetidas à injúria por queda (Y= 12,325 – 1,645X, R2= 0,88), enquanto as raízes mantidas a 24oC (Y= 9,000 + 4,910X, R2=0,84), observou-se um aumento linear na taxa respiratória (Figura 2). Os órgãos vegetais submetidos a vibrações e danos mecânicos em geral aumentam suas taxas respiratórias em comparação com testemunhas sem injúrias (PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT et al., 1982; MAO et al., 1995). As raízes de mandioquinha-salsa apresentaram reação semelhante aos de outros produtos hortícolas submetidos a injúrias mecânicas, como tubérculos de batata (SCHIPPERS et al., 1977; PISARCZYK et al., 1982; SILVA et al., 1993a e 1993b), e também aumentaram a respiração quando submetidas ao impacto por queda ou quando armazenadas em temperaturas mais altas. Este aumento na respiração pode estar envolvido no processo de deterioração das raízes assim como na reparação dos tecidos pela suberização de partes superficiais. As condições ideais para acelerar o processo de cicatrização de ferimentos causados por injúrias mecânicas em raízes de mandioquinha-salsa ainda não foram determinadas. Perda de matéria fresca e deterioração em raízes com injúrias mecânicas Perda de matéria fresca As raízes injuriadas mecanicamente apresentaram maiores taxas diárias de Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa perda de matéria fresca (PMF) até quatro dias de armazenamento em relação às raízes intactas nas duas temperaturas avaliadas (24oC e 5oC). As raízes injuriadas mantidas a 24oC apresentaram 8,3% de PMF após quatro dias (taxa diária de 2,07%), e 6,1% de PMF para as raízes mantidas a 5oC, com uma taxa diária de 1,52%. Já as raízes intactas apresentaram as menores perdas de matéria fresca, variando de 4,1% para aquelas mantidas a 24oC a 1,39% para raízes conservadas a 5oC, com taxas diárias de 1,02% e 0,34%, respectivamente. A exposição dos tecidos injuriados provavelmente acelerou a perda de matéria fresca, principalmente porque as umidades relativas dos ambientes eram relativamente baixas para o armazenamento de produtos hortícolas (78% UR a 24oC e 72% UR a 5oC). Os dados obtidos no presente trabalho em relação à perda de matéria fresca das raízes estão de acordo com observações empíricas sobre a manutenção da integridade e valor comercial da mandioquinha-salsa quando expostos a granel no varejo. Nesta condição, considera-se que as raízes durem de um a três dias, dependendo da época do ano. Para as raízes de cenoura, considera-se que o máximo de perda de matéria permissível para a manutenção do valor comercial das raízes é de 8%, sendo de apenas 4% para as raízes mantidas com as folhas (ROBINSON et al., 1975). Dependendo da extensão do dano mecânico nas raízes, a aparência da mandioquinha-salsa pode ficar comprometida depois de apenas dois dias, período em que as lesões tornam-se mais visíveis e facilmente detectáveis. É provável que o limite máximo de perda de matéria fresca para as raízes de mandioquinha-salsa manterem seu valor comercial situe-se em torno de 6-8%, como já determinado para a cenoura. Acima de 10% de perda de matéria fresca, as raízes já apresentam danos visíveis de murchamento e perdem seu valor comercial (AVELAR FILHO, 1989). Deterioração As raízes de mandioquinha-salsa tiveram sua conservação pós-colheita comprometida a 24oC, independente da incidência de injúrias mecânicas. As Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 2. Respiração de raízes de mandioquinha-salsa submetidas a impacto de queda (“qda”) em comparação com raízes intactas (“int”) armazenadas em duas temperaturas (5oC e 24oC) durante quatro dias. Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001. raízes lesionadas e as intactas mantidas a 24oC apresentaram deterioração após quatro dias, alcançando 66% nas raízes intactas e 84% nas raízes com ferimentos. Já as raízes intactas e com ferimentos mantidas a 5oC não apresentaram problemas com deterioração após quatro dias de armazenamento. O efeito benéfico da refrigeração e de embalagens apropriadas para as raízes de mandioquinha-salsa já foi demonstrado anteriormente por outros autores (AVELAR FILHO, 1989; HENZ, 2001), sendo uma excelente tecnologia para a manutenção da qualidade e integridade do produto. A maior incidência de deterioração nas raízes injuriadas mecanicamente era esperada, uma vez que muitos patógenos pós-colheita são dependentes de portas de entrada para iniciar a infecção, principalmente doenças causadas por fungos. No caso da mandioquinha-salsa, é provável que a bactéria responsável pela podridão-mole permaneça latente nas lenticelas das raízes, iniciando a doença sob condição favorável, como temperaturas acima de 20oC e umidade relativa acima de 75%. De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, a incidência de injúrias mecânicas causadas por impacto de queda em raízes de mandioquinha-salsa deve ser reduzida no manuseio pós-colheita porque afeta a qualidade e a conservação do produto, de modo semelhante ao que já foi observado para outros produtos hortícolas (KAYS, 1991; KADER et al., 1992; WILLS et al., 1998). O tipo predominante de injúria mecânica causada pela simulação do impacto de queda nas raízes de mandioquinha-salsa variou de acordo com a altura da queda, sendo quebra (48,3%) para raízes soltas a 90 cm e lesões superficiais (84%) para raízes soltas a 45 cm. A incidência de injúrias mecânicas afetou a respiração das raízes de mandioquinha-salsa em relação às raízes intactas a 24oC e 5oC, com tendência a ser mais alta na maior parte do tempo. A perda de matéria fresca foi maior nas raízes injuriadas mecanicamente em relação às raízes intactas a 24oC e 5oC. O uso de embalagens e de refrigeração pode reduzir substancialmente os efeitos negativos da incidência de injúrias mecânicas nas raízes, sendo uma tecnologia simples e apropriada para aqueles produtos com maior valor agregado, como a mandioquinhasalsa produzida no sistema orgânico ou raízes com maior valor de mercado, como as das classes ‘3A’ e ‘B’. 885 G. P. Henz et al. LITERATURA CITADA AVELAR FILHO, J.A. Estudo da conservação pós-colheita da mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft). 1989. 62 f. (Tese mestrado) - UFV, Viçosa. CANTWELL, M.; MORDEN, G.; RUBATZKY, V.; CHEN, P. Tests to monitor carrot cracking and breaking susceptibility. 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Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; Bolsista CNPq; 2Pós-graduanda da USP/ESALQ; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Há controvérsias quanto à possível reversão de efeitos benéficos do condicionamento fisiológico quando as sementes são desidratadas imediatamente após esse tratamento. A presente pesquisa foi conduzida para avaliar a eficiência de diferentes procedimentos de secagem de sementes de cebola após o condicionamento. Amostras de quatro lotes da cultivar Petroline foram hidrocondicionadas entre duas folhas de papel toalha umedecidas com água a 15ºC, por 48 horas, com posterior secagem rápida em estufa com circulação de ar, a 35-40ºC, por aproximadamente 24 horas; secagem lenta a 20ºC e umidade relativa de 75%, durante 72 h; incubação das sementes em soluções de polietilenoglicol 8000 (340 g/L de água) a 8ºC, durante 24; 72 ou 120 horas; incubação das sementes em banho-Maria a 40ºC, durante 1; 3 e 5 h; incubação das sementes a 35ºC por 24 e 48 h. Após a secagem lenta e os procedimentos de incubação, as sementes foram secadas rapidamente, até atingirem teor de água em torno de 6,0 a 8,0%. O potencial fisiológico das sementes foi avaliado por meio dos testes de germinação, índice de velocidade de germinação, envelhecimento acelerado e condutividade elétrica. Adotou-se delineamento experimental inteiramente casualizado, com doze tratamentos e quatro repetições para cada teste. Verificou-se que a incubação em PEG 8000 reduziu drasticamente a germinação e o vigor das sementes condicionadas. Não ocorreram variações acentuadas entre os resultados dos processos de secagem rápida, secagem lenta, incubação em banho-Maria e incubação a 35ºC. No entanto, o processo de secagem rápida foi considerado como o mais adequado após o condicionamento das sementes de cebola, pois além de rápido (o período gasto foi de aproximadamente 24 h), é o procedimento de execução mais simples e objetivo. Palavras-chave: Allium cepa, priming, incubação, germinação, vigor. Evaluation of methods for drying primed onion seeds This work was carried out to evaluate drying procedures of primed onion seeds. Samples of four seed lots (cultivar Petroline) were primed between two moistened sheets of germination paper towel, at 15ºC, during 48 h, and then submitted to the following drying processes: fast drying (in oven with air circulation, under 3540ºC, during approximately 24 h); slow drying (seeds kept in a chamber under 20ºC and 50-60% relative humidity during 72 h); incubation in PEG 8000 solution (340 g/L water), under 8ºC, during 24; 72 and 120 h; incubation in a water bath under 40ºC, during 1; 3 and 5 h; and incubation in a chamber under 35ºC, during 24 and 48 h. After the slow drying and the incubation processes, seeds were submitted to fast drying to complete seed desiccation to obtain the moisture content around 6-8% (fresh weight basis). The physiological potential was evaluated through germination, speed of germination, accelerated aging and electrical conductivity tests. The experiment was carried out in a completely randomized design, with 12 treatments and four replicates for each test. Results showed that the incubation in PEG 8000 solution drastically reduced seed germination and vigor of primed seeds. In addition, there were no wide differences among the process of fast drying, slow drying, incubation in water bath and incubation under 35ºC. The fast drying was considered the best procedure to reduce moisture content of primed onion seeds, with the advantage of being faster (the period required was about 24 h) and more practical. Keywords: Allium cepa, priming, incubation, germination, vigor. (Recebido para publicação em 20 de maio de 2004 e aceito em 3 de julho de 2005 O condicionamento fisiológico (“priming”) das sementes pode beneficiar diretamente o desempenho de lotes de sementes, ao promover redução do período de germinação e emergência das plântulas ou, indiretamente, ao favorecer a tolerância a condições de estresse após a semeadura como, por exemplo, a baixa disponibilidade de água (FINCH-SAVAGE, 1995). Segundo Pill (1995), esse tratamento consiste na hidratação controlada das sementes, ativando os processos metabólicos necessários para a germinação sem no entanto permitir a protrusão da raiz primária. ApeHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 sar de sua influência sobre a velocidade, a sincronização e a percentagem de germinação, a utilização comercial do condicionamento fisiológico ainda é relativamente baixa (NASCIMENTO, 1998). Um dos aspectos fundamentais para possibilitar a comercialização das sementes condicionadas é a redução cuidadosa do teor de água após o tratamento até atingir nível adequado para o armazenamento. Dependendo do procedimento utilizado, pode haver reversão dos benefícios alcançados durante o tratamento. Estudos realizados por Heydecker et al. (1975) e Furutani et al. (1986) mostraram que se- mentes de cebola poderiam ser tratadas e posteriormente secadas até atingir o teor de água inicial, sem reversão dos efeitos benéficos do tratamento. Por outro lado, Haigh et al. (1986) verificaram, para a mesma espécie, que após a secagem ao ar por 24 h em ambiente de laboratório a 15°C, houve redução da percentagem de emergência das plântulas em campo; no entanto, para tomate e cenoura, a secagem e o armazenamento das suas sementes por 28 dias não provocaram efeitos prejudiciais. Essa controvérsia persiste quando são consideradas informações obtidas com outras espécies. Assim, para toma887 R. F. Caseiro e J. Marcos Filho te (ARGERICH et al., 1989) e com alhoporró (ROWSE, 1996), a secagem das sementes após o condicionamento promoveu reversão dos efeitos vantajosos obtidos durante o tratamento. Em tomate verificou-se, inclusive, a perda completa da viabilidade das suas sementes. Da mesma forma, a secagem de sementes de alface, realizada a 21ºC e 45% de umidade relativa do ar, não influenciou a velocidade e a percentagem de germinação (GUEDES; CANTLIFFE, 1980); porém, quando a secagem foi conduzida em estufa, a 32ºC, houve reversão dos efeitos proporcionados pelo tratamento. Por outro lado, Eira e Marcos Filho (1990), trabalhando com alface, verificaram que tanto a secagem das sementes em ambiente de laboratório, durante 48 h, como a conduzida em estufa, a 32ºC, por 12 h, não foram prejudiciais para os dois lotes de sementes avaliados. Desta maneira, verifica-se que os efeitos da secagem pós-condicionamento das sementes dependem do procedimento adotado para a secagem, da espécie considerada e do potencial fisiológico dos lotes utilizados. Visando solucionar essa questão, trabalhos mais recentes têm incluído alternativas para tornar as sementes condicionadas mais resistentes à dessecação. Por exemplo, Bruggink e Van der Toorn (1995) constataram que a tolerância à dessecação de sementes germinadas de pepino pôde ser induzida pela incubação das mesmas em soluções de polietilenoglicol. Procedimentos semelhantes foram utilizados por Bruggink et al. (1999), com redução do período de germinação e manutenção da longevidade similar à das sementes não condicionadas. Neste caso, alguns métodos foram utilizados após o condicionamento fisiológico, incluindo a incubação das sementes em polietilenoglicol, a secagem lenta, a secagem rápida e o choque térmico. A similaridade entre o método para induzir a tolerância das sementes à dessecação durante a germinação e aquele utilizado para prevenir a redução da longevidade de sementes condicionadas indica o envolvimento dos mesmos mecanismos fisiológicos e que a tolerância à dessecação e a longevidade das sementes são realmente características relacionadas. 888 A disponibilidade de um método prático de secagem sem provocar reversão significativa dos benefícios obtidos durante o condicionamento fisiológico deve apresentar contribuição relevante para a evolução do conhecimento científico e abrir novos caminhos para a pesquisa; além disso, poderia acelerar o aprimoramento da tecnologia adotada por empresas produtoras de sementes e, conseqüentemente, permitir o armazenamento seguro e o aumento da oferta de sementes condicionadas aos produtores de hortaliças. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo verificar a eficiência de diferentes procedimentos para a secagem de sementes de cebola condicionadas fisiologicamente. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes da ESALQ. As sementes foram hidrocondicionadas de acordo com procedimento adotado por Caseiro et al. (2004). Foram constituídos doze tratamentos (testemunha e onze procedimentos para a secagem), arranjados em delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições. Amostras de 5,0 g de quatro lotes de sementes de cebola, cv. Petroline, com potencial fisiológico diferente, foram embebidas entre duas folhas de papel toalha, durante 48 horas a 15ºC. Após o condicionamento fisiológico efetuou-se a secagem direta das sementes, mediante os procedimentos: a) secagem rápida em estufa com circulação de ar a 35-40ºC, por aproximadamente 24 h; b) secagem lenta, em câmara a 20ºC e umidade relativa de 75%, durante 72 h; c) incubação pré-secagem das sementes, em solução de polietilenoglicol 8000 (340 g/L de água) a 8ºC, durante 24; 72 ou 120 h; d) incubação das sementes em banho-Maria a 40ºC (choque térmico), lacrando-se as sementes em envelopes de alumínio durante uma, três e cinco h; e) secagem rápida por curto período, até que houvesse decréscimo de aproximadamente 6 a 8 pontos percentuais no teor de água, seguida por acondicionamento em recipientes plásticos e incubação a 35ºC por 24 e 48 h. Após a secagem lenta e os três procedimentos de incubação, as sementes foram secadas rapidamente, da maneira já descrita, até atingirem teor de água em torno de 6,0 a 8,0%. O potencial fisiológico das sementes submetidas aos diferentes tratamentos foi avaliado com a utilização dos seguintes testes: Grau de umidade Determinado antes e após os tratamentos, de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992), utilizando-se o método da estufa a 105ºC±3ºC, por 24 h, com duas repetições de 1,0 g de sementes para cada lote. Germinação Testes de germinação foram conduzidos com quatro repetições de 50 sementes para cada lote, distribuídas sobre papel chupão (Germibox) e colocadas para germinar a 20ºC. O substrato foi umedecido com volume de água equivalente a 2,5 vezes a sua massa. As contagens foram realizadas diariamente até o 12o dia após a semeadura, computando-se o número de plântulas normais, sendo os resultados expressos em percentagem média por tratamento e lote. Velocidade de germinação Teste realizado conjuntamente com o de germinação. As avaliações foram realizadas diariamente, à mesma hora, a partir do dia em que foram identificadas as primeiras plântulas normais, que foram computadas e retiradas do substrato. Ao final, com os dados diários do número de plântulas normais foi calculado o índice de velocidade de germinação (IVG), de acordo com a fórmula proposta por Maguire (1962). Os dados foram expressos em índices médios de velocidade de germinação para cada lote. Envelhecimento acelerado Foram utilizadas caixas plásticas (11,0 x 11,0 x 3,5 cm) adaptadas, funcionando como compartimento individual ou mini-câmara. Em cada uma, foram colocados 40 ml de solução saturada de NaCl, conforme Jianhua e McDonald (1996). As sementes foram distribuídas uniformemente sobre a tela de alumínio colocada no interior de cada caixa, formando uma camada única. As caixas Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico Tabela 1. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 1, submetidas à diferentes processos de secagem após o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002. CE mmho/cm -1g-1 Tratamentos G (%) IVG EA (%) Testemunha 86 a 7,60 cde 61, cdef Condicionamento sem secagem 85 a 65, bcde 74,75 ab Secagem rápida 86 a 8,90 bcd 79, a 92,05 bcd Secagem lenta 83 a 9,23 bc 70, abcd 114,19 d 7,2 9,52 bc 76, ab 104,32 bcd 7,4 80, a 107,54 cd 7,5 102,60 bcd 7,8 12,07 a 202,78 e GU (%) 5,6 44,9 7,9 Banho maria 1 hora 88 a Banho maria 3 horas 90 a Banho maria 5 horas 89 a 9,71 bc 79, ab Incubação PEG 24 horas 81 a 7,26 efg 58, def 81,08 abcd 7,2 Incubação PEG 72 horas 79 a 6,69 fg 49, f 65,66 a 6,9 Incubação PEG 120 horas 80 a 6,16 g 50, ef 69,61 a 7,2 Incubação 35ºC 24 horas 86 a 7,67 def 74, abc 104,82 bcd 6,6 Incubação 35ºC 48 horas 87 a 8,69 cde 78, ab 107,33 cd 6,9 C.V (%) 5,73 6,82 plásticas foram tampadas e mantidas em uma câmara de envelhecimento (tipo B.O.D.) regulada a 41ºC±0,3ºC, onde permaneceram por 72 h. Após esse período, foram colocadas para germinar a 20ºC e avaliadas aos seis dias após a semeadura. Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas normais para cada lote. Avaliações do grau de umidade, antes e após o período de envelhecimento, permitiram verificar a precisão dos resultados. Condutividade elétrica O método utilizado foi o de condutividade de massa, de acordo com Vieira (1994). Foram avaliadas quatro repetições de 50 sementes para cada lote. Cada repetição foi pesada com precisão de duas casas decimais e, a seguir, colocada em um copo plástico com capacidade para 200 ml, contendo 50 ml de água deionizada (2mho cm-1 de condutividade) e mantida em germinador a 20ºC, durante 24 h. Após esse período efetuaram-se as leituras da condutividade elétrica da solução de embebição, em condutivímetro Digimed-CD-20 e os dados foram expressos em mmho cm-1 g-1 de sementes. Os dados obtidos nesses testes foram submetidos à analise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p£0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO O teste de germinação (Tabelas 1 a 4) não foi suficientemente sensível para Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 10,33 b 6,51 detectar variações no potencial fisiológico das sementes submetidas aos diferentes procedimentos para a secagem, com ou sem incubação prévia; as diferenças existentes foram identificadas por todos os testes de vigor conduzidos nesta pesquisa, normalmente mais rigorosos que o de germinação. As sementes apenas condicionadas apresentaram índice de velocidade de germinação (IVG) sempre significativamente superior ao das sementes submetidas ao hidrocondicionamento e secagem, para todos os lotes avaliados (Tabelas 1 a 4). Essa ocorrência pode ser atribuída à necessidade de um período adicional para que as sementes com menor grau de umidade atingissem níveis semelhantes aos das mais úmidas, durante a etapa inicial do processo de germinação. Verificou-se que as sementes não submetidas à secagem apresentaram grau de umidade em torno de 45%, enquanto, após a secagem, esses valores atingiram aproximadamente 7%. Sabe-se que a velocidade de germinação está diretamente relacionada ao grau de umidade da semente (ROSSETTO et al., 1997). No entanto, mesmo após a secagem, os valores do IVG foram superiores aos obtidos para a testemunha, indicando que a secagem não promoveu a reversão dos efeitos benéficos do condicionamento, quando avaliados pela velocidade de germinação. A incubação em polietilenoglicol durante 24; 72 e 120 h e a conduzida a 35ºC, durante 24 e 48 h, para todos os 12,63 lotes avaliados, foram os tratamentos que conduziram aos menores IVG, quando comparados aos demais métodos (Tabelas 1 a 4). Em contrapartida, os IVG mais elevados foram observados após a incubação em banho-Maria, durante 3 e 5 h. Entretanto, neste caso, não foi detectada diferença significativa em relação ao processo de secagem rápida, que foi considerado o método mais rápido e prático. Considerando o comportamento das sementes condicionadas e não secadas, no teste de envelhecimento acelerado (Tabelas 1 a 4), verificou-se que, em presença de solução saturada de NaCl, as que inicialmente apresentavam grau de umidade em torno de 45,1% (média dos quatro lotes), foram cedendo água para o ambiente durante o teste e, no final, o seu teor de água permaneceu ao redor de 12,7% (média dos quatro lotes). Desta maneira, as sementes não permaneceram com grau de umidade elevado durante todo o teste, o que contribuiu para amenizar os efeitos do envelhecimento acelerado. De acordo com Marcos Filho (1999), as sementes mais úmidas geralmente são mais sensíveis às condições desse teste. Bruggink et al. (1999) observaram que, após o teste de deterioração controlada, houve redução da porcentagem de germinação das não secadas após o condicionamento; vale destacar que os princípios dos testes de envelhecimento acelerado e de deterioração controlada são equivalentes. De maneira geral, foi constatado que as sementes condicionadas e secadas 889 R. F. Caseiro e J. Marcos Filho Tabela 2. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 2, submetidas à diferentes processos de secagem após o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002. Tratamentos G (%) IVG Testemunha 85 a 8,02 de Condicionamento sem secagem 85 a 13,75 a EA (%) CE mmho/cm -1g-1 GU (%) 73, ab 179,18 d 6,6 76, a 66,74 a 44,2 Secagem rápida 87 a 10,29 bc 81, a 88,77 c 7,7 Secagem lenta 87 a 10,28 bc 58, bc 90,21 c 7,3 Banho maria 1 hora 80 a Banho maria 3 horas 81 a 10,73 b 9,10 cd 78, a 95,58 c 7,1 73, ab 95,14 c 7,6 Banho maria 5 horas 84 a 10,29 bc 79, a 90,60 c 7,7 Incubação PEG 24 horas 80 a 8,11 de 52, c 73,11 ab 6,6 Incubação PEG 72 horas 82 a 7,49 de 58, bc 60,45 a 6,9 6,8 Incubação PEG 120 horas 76 a 7,05 e 48, c 64,65 a Incubação 35ºC 24 horas 80 a 7,86 de 74, ab 93,58 c 6,1 Incubação 35ºC 48 horas 82 a 8,37 de 76, a 87,65 bc 6,9 C.V (%) 5,97 7,03 7,45 6,97 Tabela 3.. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 3, submetidas à diferentes processos de secagem após o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002. CE mmho/cm -1g-1 Tratamentos G (%) IVG EA (%) Testemunha 89 a 9,02 fg 77, bcde 185,26 e GU (%) 5,3 Condicionamento sem secagem 92 a 14,24 a 85, abcd 61,58 a 45,8 Secagem rápida 89 a 10,71 bcd 87, abc 81,60 bc 7,6 Secagem lenta 90 a 10,54 cd 80, abcde 83,28 bc 7,3 Banho maria 1 hora 92 a 10,37 cde 83, abcd 90,46 cd 7,1 Banho maria 3 horas 93 a 11,93 b 87, ab 92,42 cd 7,6 Banho maria 5 horas 93 a 11,52 bc Incubação PEG 24 horas 88 a 8,90 fg 75, cde 89, a 100,60 d 73,92 ab 6,8 7,9 Incubação PEG 72 horas 91 a 8,93 fg 67, e 64,55 a 6,9 Incubação PEG 120 horas 83 a 7,76 g 73, de 69,38 ab 7,0 Incubação 35ºC 24 horas 94 a 9,86 def 84, abcd 95,35 cd 6,6 Incubação 35ºC 48 horas 90 a 9,15 ed 85, abcd 84,46 bc 6,9 C.V (%) 5,78 5,33 foram mais resistentes às condições de estresse de alta temperatura e alta umidade relativa do ar, as quais foram impostas pelo teste de envelhecimento acelerado. As sementes submetidas aos procedimentos de secagem rápida e à incubação em banho-Maria por 1; 3 e 5 h ou em estufa a 35ºC por 48 h (Tabela 1) e as sementes submetidas ao banho-maria por 5 h (Tabela 3), apresentaram germinação significativamente superiores à testemunha. Na presente pesquisa, os procedimentos utilizados para a secagem das sementes de cebola, foram baseados nos por Bruggink et al. (1999), que obtiveram resultados semelhantes com a secagem lenta, banho-Maria (ou choque 890 5,75 térmico) e incubação das sementes a 35ºC; todos esses procedimentos beneficiaram o potencial fisiológico das sementes. Ao contrário do verificado no presente trabalho, Bruggink et al. (1999) verificaram que a incubação das sementes de Impatiens walleriana Hook em PEG 8000 foi eficiente para prevenir a redução do potencial de armazenamento. Esse mesmo procedimento, utilizado por Bruggink e Van der Toorn (1995), havia induzido a tolerância à dessecação de sementes germinadas de pepino. Por outro lado, Bruggink et al. (1999) mencionaram que as sementes de amor-perfeito e de pimentão submetidas à secagem rápida, foram 7,18 mais sensíveis ao teste de deterioração controlada em relação às submetidas à secagem lenta e à incubação a 35ºC, respectivamente. Conseqüentemente, verifica-se que a eficiência dos métodos para induzir tolerância à dessecação e/ou melhor desempenho das sementes durante o armazenamento das sementes também é influenciada pela espécie utilizada. Quando a eficiência dos procedimentos de secagem foi avaliada pelo teste de condutividade elétrica, todos os métodos provocaram redução significativa na exudação de solutos quando comparados à testemunha. Vários autores têm sugerido que o condicionamento fisiológico pode exercer efeito benéfiHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico Tabela 4. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 4, submetidas à diferentes processos de secagem após o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002. CE mmho/cm -1g-1 Tratamentos G (%) IVG Testemunha 93 a 9,62 ef Condicionamento sem secagem 94 a 16,08 a 87, ab 63,53 ab 45,4 Secagem rápida 94 a 11,66 bc 88, ab 76,55 cd 7,6 Secagem lenta 92 a 11,14 cd 88, ab 84,55 de 7,2 Banho maria 1 hora 92 a 10,89 cde 91, a 89,68 e 7,1 Banho maria 3 horas 94 a 12,86 b 78, bc 91,81 e 7,4 Banho maria 5 horas 92 a 12,02 bc 86, ab 91,94 e 7,5 Incubação PEG 24 horas 93 a 9,74 ef 76, bc 71,80 bc 6,4 Incubação PEG 72 horas 86 a 8,70 f 70, c 62,07 a 6,6 Incubação PEG 120 horas 88 a 8,80 f 76, bc 61,56 a 6,5 Incubação 35ºC 24 horas 92 a 10,24 de 87, ab 87,94 e 6,1 Incubação 35ºC 48 horas 93 a 9,93 def 89, ab 78,13 cd 6,4 C.V (%) 6,24 4,77 co sobre a integridade das membranas celulares (WOODSTOK; TAO, 1981; ARMSTRONG; MCDONALD, 1992). Porém, em outros trabalhos, foi ressaltado que a redução na lixiviação de solutos após o condicionamento fisiológico pode ocorrer principalmente em função da perda de eletrólitos durante esse tratamento e talvez não esteja relacionada à reorganização das membranas (DEARMAN et al., 1986; CHOJNOWSKI et al., 1997). No entanto, conforme destacaram Woodstock e Tao (1981), durante o processo de condicionamento fisiológico, a hidratação ocorre de maneira mais lenta, aumentando a disponibilidade de tempo para o reparo ou reorganização gradual das membranas. Os valores da condutividade elétrica obtidos após a execução de todos os métodos de secagem (Tabelas 1 a 4), exceto incubação em PEG 8000, foram superiores aos observados para as sementes não secadas. Neste caso, a secagem provavelmente provocou desorganização do sistema de membranas, permitindo maior lixiviação de eletrólitos. Porém, observa-se que após todos os procedimentos de secagem houve redução significativa na lixiviação de solutos, quando comparados à testemunha, indicando a ocorrência de reparo no sistema de membranas durante o condicionamento fisiológico e que, mesmo após a secagem, pelo menos parte desse reparo e/ou reorganização foi mantida. No caso da incubação das sementes em PEG 8000, ressalta-se que, Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 EA (%) 82, abc GU (%) 156,90 f 6,21 6,2 4,49 Tabela 5. Grau de umidade (%) após o período de incubação pré- secagem, após o condicionamento fisiológico de quatro lotes de sementes de cebola, cultivar Petroline. Piracicaba, ESALQ, 2002. Tratamentos Lotes 1 2 3 4 Secagem lenta 10,1 10,5 10,0 10,0 10,2 Banho maria 1 hora 39,3 38,9 38,3 38,9 38,9 Banho maria 3 horas 40,3 39,3 41,1 39,7 40,1 Banho maria 5 horas 34,7 35,0 39,1 35,7 36,1 Incubação PEG 24 horas 47,6 47,3 48,2 48,0 47,8 Incubação PEG 72 horas 48,1 49,5 48,7 49,1 48,9 Incubação PEG 120 horas 48,4 48,9 49,3 48,8 48,9 Incubação 35ºC 24 horas 39,2 38,1 40,2 39,7 39,3 Incubação 35ºC 48 horas 33,6 32,4 34,6 29,2 32,5 ao contrário dos demais métodos, as sementes ficaram imersas em solução e, por isso, novamente pode ter ocorrido perda de eletrólitos no momento da incubação, diminuindo ainda mais a quantidade de lixiviados durante o teste de condutividade elétrica. No teste de condutividade elétrica para todos os lotes avaliados,com exceção do tratamento de incubação em PEG 8000 (Tabelas 1 a 4), a secagem rápida foi o método que provocou as menores perdas de solutos durante o teste; destaca-se ainda que as sementes submetidas ao banho-maria por cinco horas (Tabela 3) e as submetidas ao banho-Maria por 1; 3 e 5 h e à incubação a 35ºC, por 24 h (Tabela 4), apresentaram maiores índices de lixiviação em relação às secadas rapidamente. De maneira geral, a incubação das sementes em PEG 8000, Média durante 24; 72 e 120 h, foi o procedimento menos favorável à manifestação do potencial fisiológico das sementes, não promovendo a tolerância à dessecação. Com exceção da incubação em PEG 8000 (Tabela 5), os demais procedimentos provocaram decréscimo no grau de umidade das sementes condicionadas, que apresentavam em torno de 45,1% de água (média dos quatro lotes) antes do início da incubação. No entanto, esses valores permaneceram elevados quando foi efetuada a incubação em solução de PEG 8000. Isto justifica o desempenho inferior das sementes expostas a essa modalidade de incubação antes da secagem definitiva, pois as sementes mais úmidas apresentam atividade metabólica mais intensa, predispondo-as à deterioração. 891 R. F. Caseiro e J. Marcos Filho Desta maneira, as sementes de cebola foram sensíveis à desidratação após o condicionamento fisiológico, apenas quando foram mantidas com grau de umidade acima de 47,3%, por período superior a 24 h, antes da secagem. No método de incubação em solução de PEG 8000, as sementes que já haviam iniciado as atividades metabólicas mais intensas durante o condicionamento fisiológico, foram ainda incubadas por períodos de 24; 72 e 120 h, sem que houvesse condições para a continuidade do processo de germinação ou o início da secagem, permanecendo por mais tempo com teores elevados de água. De acordo com Vertucci e Farrant (1995), as células naturalmente tolerantes à dessecação, quando mantidas com graus de umidade associados à ocorrência de atividades catabólicas, podem sofrer danos mais severos se permanecerem nessas condições durante período prolongado, quando comparadas às secadas rapidamente. Assim, segundo aquelas autoras, a capacidade de tolerância das sementes à dessecação também depende da maneira como a secagem é realizada. Os dados obtidos no presente trabalho demonstraram que é possível efetuar a secagem após o condicionamento fisiológico de sementes de cebola, sem provocar reversão significativa dos efeitos favoráveis ao potencial fisiológico. Como não foram verificadas variações acentuadas entre os processos de secagem rápida, secagem lenta, incubação em banho-Maria e incubação a 35ºC, o uso da secagem rápida é mais conveniente para a redução do grau de umidade das sementes condicionadas de cebola pois, além de rápido, esse procedimento é mais prático que os demais métodos que envolvem incubação. 892 LITERATURA CITADA ARMSTRONG, H.; McDONALD, M.B. Effects of osmoconditioning on water uptake and electrical conductivity in soybean seeds. Seed Science & Technology, v.20, p.391-400, 1992. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365 p. BROCKLEHURST, P.A.; DEARMAN, J. Interactions between seed priming treatments and nine seed lots of carrot, celery and onion. I. Laboratory germination. Annals of Applied Biology, v.102, p.577-584, 1983. BRUGGINK, G.T.; OOMS, J.J.J.; Van der TOORN, P. Induction of longevity in primed seeds. 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Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.893-898, out-dez 2005. Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro Gisele R. Moreira1; Derly José H. da Silva2; Marcelo C. Picanço3; Luiz Alexandre Peternelli4; Fabiano Ricardo B. Caliman2 1 UFV, Genética e Melhoramento, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: [email protected]; 2UFV, Depto. Fitotecnia, 36571-000 Viçosa– MG;. E-mail: [email protected]; [email protected]; 3UFV, Depto. Biologia Animal, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: [email protected]; 4 UFV, Depto Informática, 36571-000 Viçosa– MG; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Neste trabalho estudou-se a divergência genética entre acessos de Lycopersicon spp. com relação à resistência a populações da traça-do-tomateiro, Tuta absoluta, e verificou-se a importância relativa dos caracteres da traça-do-tomateiro para a divergência. Foi conduzido experimento envolvendo quatro populações do inseto procedentes de Uberlândia (MG), Viçosa (MG), Camocim de São Félix (PE) e Santa Teresa (ES) e cinco acessos de tomateiro, ‘Santa Clara’, ‘Moneymaker’, TOM-601, PI 126445 (L. hirsutum f. typicum) e PI 134417 (L. hirsutum f. glabratum). Foram realizados testes de médias de Tukey e método de agrupamento de Tocher, e verificada a importância relativa dos caracteres da traça-do-tomateiro para a divergência entre acessos por meio do método de Singh. Verificou-se a existência de variabilidade genética entre os acessos de tomateiro quando infestados pelas populações da traça-do-tomateiro provenientes das diferentes regiões do Brasil. O acesso Santa Clara foi o mais suscetível à população de Santa Teresa. ‘Moneymaker’ e ‘TOM601’ foram mais resistentes às populações provenientes de Camocim de São Félix e Santa Teresa, respectivamente. PI 126445 foi mais resistente às populações de Santa Teresa e Viçosa. PI 134417 foi mais resistente à população de Viçosa. ‘Moneymaker’ e TOM-601 mostraram-se boas fontes a serem utilizadas em programas de melhoramento que visem à obtenção de cultivars de tomate resistentes à traça-do-tomateiro. Os caracteres que mais contribuíram para a divergência entre os acessos de tomateiro foram mortalidade larval, número de pupas fêmea e número de pupas macho. Os caracteres período larval e peso de pupas macho não podem ser eliminados em futuras avaliações de resistência à população da traça-do-tomateiro proveniente de Uberlândia. Genetic diversity among tomato accessions infested by different tomato leaf miner populations The genetic diversity among Lycopersicon spp. accesses was studied, concerning the resistance to various Tuta absoluta populations. An experiment was carried out using four populations of the insect originally from Uberlândia, Viçosa, Camocim de São Félix and Santa Teresa and five tomato accessions, ‘Santa Clara’, ‘Moneymaker’, TOM-601, ‘PI 126445’ (L. hirsutum f. typicum) and ‘PI 134417’ (L. hirsutum f. glabratum). Tukey mean comparing test and Tocher grouping were accomplished and the relative importance of T. absoluta characters to the genetic divergence among tomato accessions was evaluated by Singh method. There was genetic variability among tomato accessions when infested by tomato leaf miner populations collected from different regions of Brazil. The ‘Santa Clara’ accession was most susceptible to Santa Teresa population. ‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ were most resistant to Camocim de São Félix and Santa Teresa populations, respectively. ‘PI 126445’ was most resistant to Santa Teresa and Viçosa populations. ‘PI 134417’ was most resistance to Viçosa population. ‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ can be utilized in breeding programs aiming to obtain tomato plants resistant to the tomato leaf miner. The characteristics that most contributed to the genetic divergence among tomato accessions were larval mortality, female pupae number and male pupae number. The characters larval period and male pupae weight cannot be eliminated in future resistance evaluations to the population tomato leaf miner from Uberlândia. Palavras-chave: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, recursos genéticos, variabilidade genética, melhoramento de plantas. Keywords: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, genetic divergence, genetic variability, plant breeding. (Recebido para publicação em 27 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) é uma das mais importantes hortaliças cultivadas no mundo. A China e os Estados Unidos são os principais produtores com 25.851 t e 12.275 t, respectivamente (FAO, 2004). O Brasil é o maior produtor da América Latina, com aproximadamente, 3,5 milhões de t, sendo os maiores estados produtores Goiás, São Paulo e Minas Gerais (AGRIANUAL, 2005). Maior parte das produções brasileira e chinesa é destinada ao consumo in Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 natura (62% e 95%, respectivamente), enquanto apenas 21% da produção americana é destinada a este fim, sendo o restante processado pelas indústrias de alimento (FONTES; SILVA, 2002). Em ambos os casos, há grande exigência em relação à qualidade e aparência dos frutos. Isto impõe constante atenção por parte dos produtores devido ao grande número pragas e doenças que ocorre durante o ciclo da cultura, que é, portanto, exigente em tratamentos fitossanitários. No contexto das pragas, a traça-dotomateiro, Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae), tem sido de grande importância em praticamente todas as regiões onde o tomate é cultivado. Os danos são caracterizados por galerias produzidas pelas lagartas nas gemas, brotos terminais, flores, inserção dos ramos e frutos e, especialmente às folhas (SOUZA; REIS, 1992). O controle da traça-do-tomateiro é baseado na aplicação intensiva de inseticidas, o que tem acarretado, além do 893 G. R. Moreira et al. aumento no custo de produção, a redução da população de inimigos naturais (MELO; CAMPOS, 2000) e o aparecimento de populações da praga resistentes aos inseticidas (SIQUEIRA et al., 2001). Uma alternativa para atenuar os problemas citados é a utilização da resistência presente em espécies silvestres e a incorporação desta no tomateiro cultivado. Dentre estas se destacam os acessos PI 134417 de L. hirsutum f. glabratum e PI 126445 de L. hirsutum f. typicum, os quais contêm as metilcetonas, trideca-2-ona (2-TD) e undeca-2-ona (2-UD), e o sesquiterpeno-zingibereno nos exudatos dos tricomas glandulares tipo VI das folhas, respectivamente, que promovem efeitos negativos na biologia e comportamento da praga (RAHIMI; CARTER, 1993; THOMAZINI et al., 2001; LEITE et al., 1999). Além das espécies citadas a cultivar Moneymaker e a linhagem TOM-601 têm se mostrado promissoras em programas de melhoramento que visam à obtenção de plantas de tomate resistentes às pragas, por possuírem teores de 2-TD nos tricomas glandulares tipo VI das folhas relacionados com a resistência à T. urticae (CHATZIVASILEIADIS et al., 1999; ARAGÃO et al., 2002). Além do conhecimento de fontes promissoras de resistência à traça-dotomateiro outro fator importante no melhoramento visando à obtenção de cultivar resistente a este inseto, é a divergência genética. Segundo Cruz e Regazzi (1997), com base na divergência genética, pode-se selecionar, dentre vários genitores, aquelas combinações híbridas de maior efeito heterótico na progênie e maior probabilidade de recuperar genótipos superiores nas gerações segregantes. Vários métodos podem ser utilizados para avaliar a divergência genética entre genitores, dentre eles os multivariados, como os aglomerativos (métodos hierárquico e de otimização) baseados em medidas de dissimilaridade (distância generalizada de Mahalanobis, distância euclidiana e distância euclidiana média) têm sido bastante utilizados. Pesquisadores têm constatado a viabilidade da utilização da distância 894 generalizada de Mahalanobis, e os métodos nela baseados, como ferramenta orientadora na escolha de genitores em diversas culturas como milho (CRUZ et al., 1994), feijão (MACHADO et al., 2002), Capsicum spp. (SUDRÉ et al., 2005) e tomate (SUINAGA et al., 2003). Outro fator que deve ser considerado na seleção dos genitores é o número de caracteres avaliados durante a seleção. É necessário avaliar a importância de cada caractere para a diversidade, identificando-se aqueles que menos contribuem, sendo recomendável o descarte em estudos futuros. Neste aspecto, tem-se o método proposto por Singh (1981) o qual divide a distância de Mahalanobis em partes referentes a cada variável, e o método de descarte de variáveis proposto por Garcia (1998) o qual se baseia no método de Singh (1981) e no posterior agrupamento pelo método de otimização de Tocher. Ou seja, se na ausência do caráter com pouca contribuição para a divergência houver alteração no agrupamento original, tal caráter não pode ser descartado. O objetivo deste trabalho foi estudar a divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por populações de T. absoluta, provenientes de diferentes regiões do Brasil, e verificar a importância relativa dos caracteres da traça-do-tomateiro para a divergência genética. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado nos meses de março e abril de 2001, em condições de casa de vegetação, na Horta da UFV, segundo esquema fatorial 4 x 5, sendo os fatores, respectivamente, populações de Tuta absoluta e acessos de Lycopersicon spp. As populações do inseto foram provenientes de Uberlândia (MG), Viçosa (MG), Camocim de São Félix (PE) e Santa Teresa (ES), e os acessos de tomateiro utilizados foram ‘Santa Clara’ (padrão de suscetibilidade à traça-do-tomateiro), ‘Moneymaker’, ‘TOM-601’, ‘PI 126445’ (L. hirsutum f. typicum) e ‘PI 134417’ (L. hirsutum f. glabratum). Os tratamentos foram dispostos no delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. Cada parcela expe- rimental foi constituída por um vaso de polietileno com capacidade para quinze litros de substrato contendo uma planta de tomateiro com 101 dias de idade no início das avaliações. Na constituição das repetições, folhas contendo larvas no segundo estádio de desenvolvimento, de cada população da traça-do-tomateiro devidamente identificada, foram coletadas das criações em laboratório da UFV, depositadas em bandejas e levadas até a horta da UFV. A infestação das plantas foi feita depositando-se dez larvas de T. absoluta em duas folhas totalmente expandidas (cinco larvas por folha) do terço superior de cada uma das plantas a serem avaliadas. A seguir as folhas foram envolvidas por sacolas de organza de 20 x 28 cm. Uma semana após a infestação iniciaram-se as seguintes avaliações: número de minas grandes (comprimento ≥ 0,5cm), número de minas pequenas (comprimento < 0,5cm), mortalidade larval em porcentagem e período larval em dias (2º ao 4º estádio de desenvolvimento), as quais foram realizadas duas vezes por semana até a fase de pupação. Após a pupação, foram avaliados o sexo, por meio da avaliação da porção terminal do abdome pupal (COELHO; FRANÇA, 1987), a razão sexual [número de pupas fêmea/(número de pupas fêmea + número de pupas macho)] e os pesos das pupas fêmea e macho em miligramas. Os caracteres avaliados foram inicialmente submetidos a análises gráficas dos resíduos, para testar a normalidade e homogeneidade das variâncias. A confirmação da normalidade foi feita por meio dos testes de Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov (P<0,05), enquanto que para homogeneidade foi usado o teste de Bartllet (P<0,05) (STEEL et al., 1997). Estas análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SAS. Foi realizada análise de variância (a = 5%) e análises univariada (teste de comparação de médias de Tukey) e multivariada (método de otimização de Tocher, baseado na dissimilaridade expressa pela distância generalizada de Mahalanobis) (CRUZ; REGAZZI, Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro Tabela 1. Médias de oito caracteres de Tuta absoluta em função da população da praga e do acesso de tomateiro. Viçosa, UFV, 2001. População de T. absoluta Número de minas grandes (1) Número de pupas fêmea Acessos de tomateiro Uberlândia 'Santa Clara' 1,11 bAB 1,23 ab A 1,18 b A 1,49 a A 2,33 b B 2,67 b A 4,33 b AB 7,67 a A 'Moneymaker' 0,90 a AB 1,03 a A 0,92 a A 1,01 a B 6,33 a A 2,33 b A 2,67 b B 4,00 ab B Camocim deSão Félix Viçosa Santa Teresa Uberlândia Viçosa Camocim deSão Félix Santa Teresa TOM-601 0,87 a B 0,98 a A 0,94 a A 0,82 a B 4,33 a AB 4,00 a A 4,33 a AB 3,00 a BC PI 126445 1,11 ab AB 1,17 a A 1,11 ab A 0,92 b B 4,00 ab AB 2,33 bc A 7,00 a A 0,67 c C PI 134417 1,20 a A 1,16 a A 1,05 a A 1,09 a B 3,33 a AB 2,33 a A 4,67 a AB 3,67 a BC CV (%) 13,09 CV (%) Número de minas pequenas 36,27 Número de pupas macho 'Santa Clara' 6,33 a B 11,67 a B 14,00 a AB 8,67 a C 2,67 a AB 2,00 a AB 3,33 a A 2,00 a AB 'Moneymaker' 12,67 a AB 9,67 a B 5,67 a B 3,00 a C 1,33 b AB 3,67 a A 0,67 B B 4,00 a A TOM-601 6,67 b B 10,33 ab B 25,00 a A 5,67 b C 1,33 ab AB 3,00 a A 0,67 b B 0,33 b B PI 126445 27,67 b A 53,00 a A 19,67 b AB 54,33 a A 3,00 a A 0,67 b B 0,67 b B 0,00 b B PI 134417 18,00 ab AB 23,00 ab B 12,33 b AB 33,67 a B 0,67 a B 0,33 a B 0,67 a B 2,00 a AB CV (%) 40,46 CV (%) Mortalidade larval (%) 54,70 Peso de pupas fêmea (mg) 'Santa Clara' 50,00 a AB 53,33 a AB 23,33 b B 3,33 b D 3,43 a AB 3,16 a A 4,70 a A 4,56 a A 'Moneymaker' 23,33 b B 40,00 b B 66,67 a A 20,00 b CD 3,14 a AB 2,92 a A 2,17 a B 3,83 a A TOM-601 43,33 ab AB 30,00 b B 50,00 ab AB 66,67 a AB 4,37 a A 3,45 ab A 3,46 ab AB 1,84 b BC PI 126445 30,00 b B 70,00 a A 23,33 b B 93,33 a A 3,45 a AB 1,83 ab A 2,73 a B 0,80 b C PI 134417 60,00 ab A 73,33 a A 46,67 b AB 43,33 b BC 1,79 a B 3,46 a A 2,78 a B 3,24 a AB CV (%) 26,00 CV (%) Período larval (dias) 'Santa Clara' 8,75 a A 'Moneymaker' 6,15 b A 12,94 a A 9,92 ab A 25,93 Peso de pupas macho (mg) 10,26 a A 15,08 a A 3,11 a A 1,97 a AB 3,57 a A 2,89 a A 5,50 b A 15,39 a A 1,70 a AB 2,79 a A 0,87 a B 2,24 a AB TOM-601 9,44 a A 8,04 a A 10,33 a A 14,61 a A 3,43 a A 2,49 ab AB 0,94 b B 0,41 b B PI 126445 8,94 a A 10,22 a A 12,86 a A 13,00 a A 2,63 a AB 0,37 b B 0,50 ab B 0,00 b B PI 134417 8,27 b A 7,00 b A 8,40 b A 16,55 a A 0,50 a B 0,80 a AB 1,28 a AB 2,17 a AB CV (%) 35,18 CV (%) 56,59 (1) Dados transformados: log (x). As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha ou maiúscula na coluna não diferem significativamente, pelo teste de comparação de médias de Tukey, a 5% de probabilidade. 1997). A importância relativa dos caracteres da T. absoluta para a divergência genética foi avaliada como proposto por Singh (1981) e o estudo do descarte de variáveis foi feito como proposto por Garcia (1998). Estas análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico GENES, versão Windows (CRUZ, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve significância do efeito de população de T. absoluta para os caracteres número de minas pequenas, mortalidade larval, período larval e número de pupas fêmea. O efeito de acessos de tomateiro não foi significativo apenas nos caracteres período larval, número de pupas fêmea e razão sexual. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Para a interação entre os efeitos de população de T. absoluta e acessos de tomateiro, houve significância para todos os caracteres, com exceção do período larval e razão sexual (dados não mostrados). Estes resultados evidenciam variabilidade tanto entre as populações da traça-do-tomateiro quanto entre os acessos de tomateiro, porém a utilização dos acessos de tomateiro em programas de melhoramento que visam à obtenção de cultivars resistentes à T. absoluta, depende da população da praga que está sendo analisada. Os maiores coeficientes de variação foram obtidos para os caracteres número de pupas macho e peso de pupas macho (54,70% e 56,59%, respectivamente) (Tabela 1). No entanto, esses níveis são aceitáveis em termos de precisão experimental para experimentos de resistência a insetos. A cultivar Santa Clara apresentou variação de suscetibilidade em relação às diferentes populações de T. absoluta. A população da traça-do-tomateiro oriunda de Santa Teresa causou o maior número de minas grandes (1,49), teve menor mortalidade larval (3,33) e apresentou maior número de pupas fêmea (7,67) (Tabela 1). Segundo Suinaga et al. (1999) a cultivar Santa Clara constitui substrato alimentar adequado para lagartas da traça-do-tomateiro, provavelmente devido às baixas concentrações de substâncias tóxicas ou inibidores de origem morfológica. Na cultivar Moneymaker, a população de Camocim de São Félix teve a maior mortalidade larval (66,67) e um 895 G. R. Moreira et al. Tabela 2. Medidas de dissimilaridade genética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absoluta, a partir da distância generalizada de Mahalanobis (Dii’2) de nove caracteres de T. absoluta. Viçosa, UFV, 2001. População de T. absoluta Uberlândia Acesso de tomateiro 'Moneymaker' TOM-601 PI 126445 'Santa Clara' 162,803 83,286 101,487 49,409 'Moneymaker' - 51,615 31,461 48,998 - 39,066 126,233 - 92,703 TOM-601 PI 126445 Viçosa 'Santa Clara' 123,758 'Moneymaker' - TOM-601 123,290 81,895 46,117 5,683 196,330 164,677 - 178,158 141,370 PI 126445 Camocim de São Félix 23,632 403,444 528,470 543,611 'Moneymaker' - 38,847 59,884 24,642 - 46,821 63,813 PI 126445 - 104,291 'Santa Clara' 203,792 404,198 878,206 221,504 'Moneymaker' - 136,740 357,703 35,369 118,197 68,920 - 236,061 TOM-601 - PI 126445 dos menores números de pupas fêmea e macho (2,67 e 0,67, respectivamente). Por outro lado, teve pequeno período larval (5,50) (Tabela 1). De acordo com Lara (1991) diferenças quanto à duração do período larval são importantes quando se visa a resistência de plantas às pragas, visto que, quanto maior esta fase, maior número de ínstares (estádios de desenvolvimento) serão necessários para que se complete o desenvolvimento do inseto e, consequentemente, haverá menor número gerações do inseto. Deste modo, apesar da vantagem adaptativa desta população, a população de insetos possivelmente não aumentará, devido à alta mortalidade. Na linhagem TOM-601 observou-se que a população de Santa Teresa causou baixo número de minas pequenas (5,67), apresentou alta mortalidade larval (66,67), pequeno número de pupas macho (0,33) e baixos pesos de pupas fêmea e macho (1,84 e 0,41, respectivamente) (Tabela 1). A resistência de ‘Moneymaker’ e ‘TOM-601’ às populações de Camocim de São Félix e Santa Teresa, respectivamente, pode estar relacionada com a presença da 2-TD e 2-UD nos tricomas glandulares tipo VI das folhas, as quais já foram relacionadas com a resistência desses acessos à T. urticae (CHATZIVASILEIADIS et al., 1999; ARAGÃO et al., 2002). 896 793,998 'Santa Clara' TOM-601 Santa Teresa PI 134417 A população de Santa Teresa causou elevado número de minas pequenas (54,33) em PI 126445, entretanto, este acesso pode ser considerado resistente a esta população devido ao pequeno número de minas grandes (0,92), alta mortalidade larval (93,33), pequenos números de pupas fêmea e macho (0,67 e 0,00, respectivamente) e baixos pesos de pupas fêmea e macho (0,80 e 0,00, respectivamente) (Tabelas 1). Este acesso silvestre também manifestou maior resistência à população de Viçosa, visto que, apesar de ter causado elevados números de minas grandes (1,17) e pequenas (53,00), esta população apresentou elevada mortalidade larval (70,00), número e peso relativamente baixos de pupas fêmea (2,33 e 1,83, respectivamente) e pequenos número e peso de pupas macho (0,67 e 0,37, respectivamente) (Tabela 1). Em PI 134417, elevado número de minas grandes (1,16), número relativamente alto de minas pequenas (23,00) e pequeno período larval (7,00) foram observados quanto a população de Viçosa (MG), entretanto, apresentou alta mortalidade larval (73,33) e pequeno número de pupas fêmea (2,33) (Tabelas 1). Apesar do elevado número de minas grandes causado pela população de Viçosa em PI 126445 e PI 134417, observaram-se altas mortalidades larvais, possivelmente devido aos aleloquímicos presentes nos exudatos dos tricomas glandulares tipo VI das folhas dessas espécies (EIGENBRODE et al., 1996; LEITE et al., 1999) e/ou à presença de componentes lamelares (EIGENBRODE et al., 1996). Segundo Lara (1991) o inseto poder se alimentar de grande quantidade de determinado substrato, mas este não lhe ser favorável, provocando distúrbios no desenvolvimento e podendo causar até a morte. O elevado número de minas pequenas em PI 126445 e PI 134417 pode se devido às lagartas caminhando, sobre a superfície foliar, à procura de substrato adequado, uma vez que os aleloquímicos sesquiterpeno-zingibereno e metilcetonas (2-TD e 2-UD), presentes nesses acessos, são voláteis (FREITAS et al., 1998; LEITE et al., 1999), ou à existência de substâncias deterrentes à alimentação de T. absoluta no mesófilo foliar dessas espécies (LIN; TRUMBLE, 1986). A dissimilaridade entre os acessos de tomateiro variou de acordo com a população da praga com as quais foram infestados. Na população de Uberlândia, o par mais similar foi ‘Moneymaker’ e PI 126445 (31,46) e o mais dissimilar foi ‘Santa Clara’ e ‘Moneymaker’ (162,80). Na população de Viçosa, ‘Moneymaker’ e TOM-601 foram os mais similares (5,68), enquanto ‘Moneymaker’ e PI 126445 foram os Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro mais dissimilares (196,33). Nas populações de Camocim de São Félix e Santa Teresa, observou-se maior similaridade entre Moneymaker’ e PI 134417 (24,64 e 35,37, respectivamente) e maior dissimilaridade entre ‘Santa Clara’ e PI 126445 (793,99 e 878,21, respectivamente) (Tabela 2). A identificação de genitores com máxima divergência genética tem sido estudada por muitos autores em programas de melhoramento (SUINAGA et al., 2003; MACHADO et al., 2002; SUDRÉ et al., 2005) de modo a maximizar a heterose manifestada nos híbridos e aumentar a probabilidade de ocorrência de genótipos superiores nas gerações segregantes. De acordo com Cruz et al. (1994) recomenda-se evitar cruzamentos entre indivíduos de mesmo padrão de similaridade para que a variabilidade não seja restrita a inviabilizar os ganhos a serem obtidos com a seleção. Outro fato importante que deve ser considerado na escolha dos genitores a serem cruzados é se os mesmos pertencem a grupos diferentes, evitando-se o cruzamento entre genitores de mesmo agrupamento (CARPENTIERIPIPOLO et al., 2000). Com base no método de otimização de Tocher foram formados 2; 3; 2 e 3 grupos, quando os acessos de tomateiro foram infestados pelas populações de Uberlândia, Viçosa, Camocim de São Félix e Santa Teresa, respectivamente. Quando infestadas pela população de Uberlândia, foram alocados em um grupo ‘Moneymaker’, TOM-601 e PI 126445 e em outro grupo a cultivar Santa Clara e PI 134417. Quando infestadas pela população de Viçosa, ‘Moneymaker’ e TOM-601 ficaram em um grupo distinto das espécies silvestres PI 126445 e PI 134417, e em outro grupo distinto a cultivar Santa Clara. Quando a infestação foi feita com a população de Camocim de São Félix, observou-se mais uma vez que a cultivar Santa Clara teve comportamento diferencial entre os acessos de tomateiro, ficando em grupo isolado. Quando infestadas pela população de Santa Teresa, ‘Moneymaker’ e TOM-601 e o acesso silvestre PI 134417 constituíram mesmo grupo, ficando em grupos distintos ‘Santa Clara’ e PI 126445 (TabeHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 3. Agrupamento dos acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absoluta pelo método de Tocher, com base na dissimilaridade expressa pela distância generalizada de Mahalanobis. Viçosa, UFV, 2001. População de T. absoluta Uberlândia Viçosa Grupo Acessos de tomateiro I 'Moneymaker', PI 126445, TOM-601 II 'Santa Clara', PI 134417 I 'Moneymaker', TOM-601 II PI 126445, PI 134417 III 'Santa Clara' Camocim de São Félix I 'Moneymaker', PI 134417, TOM-601, PI 126445 II 'Santa Clara' Santa Teresa I 'Moneymaker', PI 134417, TOM-601 II PI 126445 III 'Santa Clara' la 3). Pode-se concluir, com esses resultados, que a cultivar Santa Clara foi a mais divergente em relação aos demais acessos de tomateiro, ficando em grupo isolado quando infestada por três das quatro populações de T. absoluta. Apesar de ter sido observada dissimilaridade genética intra e inter grupos, no presente trabalho não foi possível recomendar cruzamentos promissores entre os acessos de Lycopersicon estudados, devido ao fato destes não terem apresentado resistência simultânea às distintas populações da traça-do-tomateiro. Num programa de melhoramento é interessante que se leve em consideração a variabilidade do inseto, porém a obtenção da cultivar de tomate não pode ser resistente à traçado-tomateiro oriunda de apenas uma localidade específica. Todavia, pode-se inferir que ‘Moneymaker’ e TOM-601 podem ser utilizadas em programas de melhoramento que objetivam a obtenção de plantas de tomate resistentes à T. absoluta, pois foram, em geral, mais próximas geneticamente de PI 126445 e/ou PI 134417, portanto, menos suscetíveis às populações da praga que a cultivar Santa Clara. Com relação à importância relativa dos caracteres para a divergência genética entre Lycopersicon spp., segundo o método de Singh (1981), os caracteres com maior influência na distância generalizada de Mahalanobis foram mortalidade larval e número de pupas fêmea, quando estes foram infestados pelas populações de Uberlândia e Santa Teresa (47,06% e 44,38% e, 45,57% e 33,32%, respectivamente). Quando infestados pelas populações de Viçosa e Camocim de São Félix as maiores contribuições foram do número de pupas macho e mortalidade larval (40,19% e 23,29% e, 42,76% e 26,41% respectivamente) (Tabela 4). Quando os acessos de tomateiro foram infestados pela população da traçado-tomateiro proveniente de Uberlândia, os caracteres menos importantes para a divergência foram período larval e peso de pupas macho (0,14% e 0,26%, repetitivamente). Quando infestados pela população de Viçosa, os caracteres menos importantes foram peso de pupas macho e peso de pupas fêmea (0,20% e 0,56%). Em relação à população de Camocim de São Félix os caracteres menos importantes foram número de minas pequenas e período larval (0,12% e 0,66%) e, em relação à população de Santa Teresa os caracteres menos importantes foram período larval e razão sexual (0,12% e 0,19%) (Tabela 4). O número de caracteres avaliados na seleção de genótipos é de suma importância em programa de melhoramento. Caracteres que contribuem pouco para a divergência podem ser eliminados aumentando a eficiência da seleção. Com base no método de descarte de variáveis proposto por Garcia (1998) constatouse que os caracteres período larval e peso de pupas macho não podem ser eliminados em futuras avaliações de resistência à população da traça-do-tomateiro proveniente de Uberlândia, devido a mudança no agrupamento original. Todavia, o período larval pode ser elimi897 G. R. Moreira et al. Tabela 4. Contribuição relativa (%) de nove caracteres de Tuta absoluta para a divergência genética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absoluta, utilizando-se a metodologia de Singh. Viçosa, UFV, 2001. Caracteres de T. absoluta MG (1) População de T. absoluta Uberlândia Viçosa Camocim de São Félix Santa Teresa 0,92 1,34 1,89 2,87 MP 0,96 1,64 0,12 1,16 ML 47,06 23,29 26,41 45,57 PL 0,14 3,98 0,66 0,12 NPF 44,38 6,46 14,35 33,32 NPM 3,35 40,19 42,76 13,50 RS 1,00 21,79 1,04 0,19 PPF 1,51 0,56 7,34 3,67 PPM 0,26 0,20 4,45 1,55 MG = logaritmo do número de minas grandes (comprimento ≥ 0,5cm); MP = número de minas pequenas (comprimento < 0,5cm); ML = mortalidade larval (%); PL = período larval (2º ao 4º estádio de desenvolvimento) (dias); NPF = número de pupas fêmea; NPM =número de pupas macho; RS = razão sexual (número de fêmeas/ total de indivíduos); PPF = peso de pupas fêmea (mg); PPM = peso de pupas macho (mg) (1) nado em avaliações de resistência às populações de Camocim de São Félix e Santa Teresa, e o peso de pupas macho pode ser eliminado quando as plantas forem avaliadas quanto à resistência a população de Viçosa. Em avaliações envolvendo as populações de Viçosa, Camocim de São Félix e Santa Teresa também podem ser eliminados os caracteres peso de pupas fêmea, número de minas pequenas e razão sexual, respectivamente. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudo à primeira autora e à Universidade Federal de Viçosa, pela disponibilização da estrutura física e profissional. LITERATURA CITADA AGRIANUAL. Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, 2005.544 p. ARAGÃO, C.A.; DANTAS, B.F.; BENITES, F.R.G. Efeito de aleloquímicos em tricomas foliares de tomateiro na repelência a ácaro (Tetranychus urticae Koch.) em genótipos com teores contrastantes de 2-tridecanona. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v.16, n.1, p.83-88, 2002. CARPENTIERI PIPOLO, V.; DESTRO, D.; PRETE, C.E.C.; GONZALES, M.G.N.; POPPER, I.; ZANATTA, S.; SILVA, F.A.M. Seleção de genótipos parentais de acerola com base na divergência genética multivariada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.8, p.1613-1619, 2000. 898 CHATZIVASILEIADIS, E.A.; BOON, J.J.; SABELIS, M.W. Accumulation and turnover of 2-tridecanone in Tetranychus urticae and consequences for resistance of wild and cultivated tomatoes. Experimental and Applied Acarology, v.23, p.1011-1021, 1999. COELHO, M.C.F.; FRANÇA, F.H. Biologia, quetotaxia das larvas e descrição da pupa e adulto da traça do tomateiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.129-135, 1987. CRUZ, C.D. Programa Genes: aplicativo computacional em genética e estatística: (versão Windows). Viçosa, MG: UFV, 2001. 648 p. CRUZ, C.D.; CARVALHO, S.P.; VENCOVSKY, R. Estudos sobre a divergência genética. II. Eficiência da predição do comportamento de híbridos com base na divergência genética de progenitores. Revista Ceres, Viçosa, v.41, n.234, p.183190, 1994. CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. 2. ed. Viçosa, MG: UFV, 1997. 390 p. 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Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface Valter C. de Andrade Júnior1,4; Jony E. Yuri2; Ubirajara R. Nunes1; Fernando L. Pimenta3; Christiano de S.M. de Matos3; Francisco C. de A. Florio3; Dermival M. Madeira3 1 Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FCA, Depto. Agronomia, R. da Glória, 187, Centro, 39100-000 Diamantina-MG; UFLA, DAG, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Universidade Vale do Rio Verde, UNINCOR, Av. Castelo Branco, 82, Centro, 37410-000Três Corações-MG; 4E-mail: [email protected] 2 RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes coberturas de canteiro sobre as características agronômicas de cultivares de alface (Lactuca sativa L.) tipo lisa, foi realizado um experimento na Universidade Vale do Rio Verde em Três Corações (MG). O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em esquema fatorial 5 x 2, proveniente da combinação de cinco tipos de cobertura (plástico preto, capim braquiária seco, casca de arroz, casca de café e solo nu) e duas cultivares de alface tipo lisa (Regina e Elisa), com 3 repetições. A colheita foi realizada 42 dias após o transplantio, sendo avaliados a produção total (t ha-1), produção comercial, massa média por planta, diâmetro médio de cabeça, diâmetro médio de caule, número médio de folhas e massa média de raiz. Foi observada interação significativa entre tipos de cobertura x cultivares somente para a característica massa média de raiz, tendo a cultivar Elisa apresentado maior massa média de raiz quando utilizadas as coberturas com casca de café e casca de arroz. A cobertura com casca de café foi a que proporcionou os melhores resultados, superando os demais tipos de cobertura para todas as características avaliadas. A cultivar Regina foi superior à Elisa em quase todas as características estudadas, exceto para diâmetro médio de caule onde não foi observada diferença significativa entre as cultivares. ‘Elisa’ também apresentou maior massa média de raiz que a cultivar Regina. Evaluation of mulch types on lettuce production An experiment was carried out at Universidade Vale do Rio Verde, Minas Gerais State, Brazil, to evaluate the effect of bed coverages on the agronomic characteristics of lettuce cultivars. The experimental design was of randomized complete blocks in a 5 x 2 factorial scheme with five types of mulch (black plastic; dry braquiaria grass; rice husk; coffee husk and nude soil), two leaf lettuce cultivars (Regina and Elisa) and three replications. Plants were harvested 42 days after the transplanting date. The total and commercial yield, average fresh plant plant weight, head average diameter, stem average diameter, leave average number and the root fresh weight were evaluated. Only for the root average weight was observed significant interaction between coverage types and cultivars. The cv. Elisa presented the highest root average weight when the coffee or rice husk were used. The coffee husk proportioned the best results. This coverage exceeded all others in all the evaluated characteristics. The cv Regina was superior to Elisa in almost all studied characteristics, except in stem average diameter where no significant difference was detected between cultivars. ‘Elisa’ presented higher root weight than ‘Regina’. Palavras-chave: Lactuca sativa L., coberturas de solo, produção. Keywords: Lactuca sativa L., soil coverages, yield. (Recebido para publicação em 22 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) N a região sul de Minas concentrase grande número de produtores de alface, os quais, em sua maioria, utilizam algum tipo de material como cobertura de canteiro. Entretanto, existe pouca informação sobre os materiais disponíveis na região e que podem ser utilizados como cobertura de solo. Tanto a cobertura com plástico quanto com restos vegetais têm sido exploradas com os objetivos de reduzir a evaporação da água na superfície do solo; diminuir as oscilações de temperatura do solo (ARAÚJO et al., 1993); permitir o controle de plantas invasoras; oferecer proteção aos frutos, evitando seu contato direto com o solo; obter maior precocidade da colheita e capacidade de influir diretamente, de maneira positiva, sobre a incidência de pragas e doenças (CASTELLANE, 1995). Os restos Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 vegetais contribuem ainda como reserva considerável de nutrientes, cuja disponibilização pode ser rápida e intensa, dependendo, dentre outros fatores, do regime de chuvas (ROSOLEM et al. 2003); da relação C/N (ROBINSON, 1988) além de reduzir a lixiviação dos nutrientes e a compactação do solo. Avaliando a utilização de materiais como cobertura morta do solo no cultivo de pimentão, Queiroga et al. (2002) verificaram que o diâmetro, número, massa de fruto e a produção foram afetados pela cobertura morta, sendo a palha de carnaúba superior aos demais materiais usados como cobertura. Segundo os autores, este fato deve-se à melhor conservação da umidade do solo, menor incidência de plantas daninhas, redução da temperatura do solo e ao for- necimento de nutrientes às plantas, devido a sua rápida decomposição. Ao avaliar o efeito da cobertura morta sobre o comportamento de cultivares de alface no município de Mossoró, Maia Neto (1988) verificou que a cobertura morta proporcionou aumentos na produção e na massa média de plantas das cultivares Brasil 221, Babá de Verão e Vitória, e também reduziu a massa de matéria fresca das plantas invasoras. De acordo com Reghin et al. (2002), o uso da cobertura com agrotextil preto proporcionou maior produção de alface (cv. Veneza Roxa) quando comparado à cobertura com palha de arroz, (153,68 g e 127,71 g, respectivamente). A palha de arroz picada não apresentou resposta favorável como cobertura de canteiro, pois permitiu o desenvolvimento de 899 V. C. Andrade Júnior et al. várias espécies de plantas daninhas. Já o agrotextil preto foi eficiente no controle de plantas daninhas, promovendo melhor desenvolvimento e produção de plantas com maior massa. Tanto o uso da palha de arroz quanto solo nu resultaram em decréscimo na massa fresca da cabeça de 18,12 e 13,62%, respectivamente, em relação ao agrotextil preto. Provavelmente, a presença de plantas daninhas interferiu na formação e na massa fresca da cabeça de alface. No cultivo da alface, Andreani Júnior e Galbiati Neto (2003) avaliaram a influência de vários tipos de cobertura de solo sobre a produtividade e verificaram que as coberturas com bagaço de cana e palha de arroz proporcionaram maiores ganhos de peso das plantas, 710,0 e 669,5 gramas, respectivamente, quando comparada ao tratamento terra nua sem capina (355,6 g) e ao tratamento em que se utilizou plástico transparente (280,4 g). A utilização da cobertura de solo no cultivo da alface tem se mostrado fator determinante no aumento da produção e na qualidade do produto. No entanto, para que a utilização da cobertura seja viável é preciso que novas alternativas de cobertura, disponíveis na região de cultivo, sejam avaliadas. Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos de diferentes tipos de cobertura de canteiro sobre a produção e qualidade de duas cultivares de alface tipo lisa. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Setor de Olericultura da Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR), Três Corações, MG, de 24/09 a 05/12/2003. O clima, de acordo com a classificação de Koppen, é Cwb, ou seja, temperado chuvoso, com temperatura média do mês mais quente inferior a 22° C. O solo predominante na área é classificado como Latossolo Vermelho distroférrico, textura argilosa com características: pH H2O: 5,5; P disponível = 1,2 mg/dm3; K disponível = 22 mg/dm3; H+Al3+ = 5,0 mg/dm3; Al3+ = 0,2 cmolc/dm3; Ca2+ = 2,9 cmolc/dm3; Mg2+ = 1,9 cmolc/dm3; SB= 4,9 cmolc/dm3; CTC = 9,9 cmolc/ dm3; MO = 2,4g/dm3. 900 O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 5 x 2, proveniente da combinação de cinco tipos de coberturas de canteiro: [Brachiaria decumbens (capim braquiária seco); Oryza sativa L. (casca de arroz); Coffea arabica L. (casca de café); plástico preto com densidade de 50 micra e testemunha (sem cobertura)] e duas cultivares de alface tipo lisa (Regina e Elisa), com 3 repetições. As mudas foram produzidas sob estufa plástica em bandejas de isopor de 128 células contendo substrato artificial Plantimax e transplantadas 30 dias após a semeadura, em canteiros com 1,25 m de largura e 20 cm de altura, espaçados 30 cm um do outro. Foram utilizadas 5 fileiras por canteiro, sendo as parcelas compostas por 25 plantas, espaçadas 0,25 m, totalizando 1,56 m2 por parcela. Foi utilizada como área útil as nove plantas centrais de cada parcela, ocupando área de 0,56 m2. Antes do transplante os canteiros receberam as coberturas orgânicas que apresentavam espessura de aproximadamente 5 cm e a cobertura com plástico preto. Os canteiros foram preparados manualmente e durante o preparo foram aplicados 200 g m-2 de calcário dolomítico. A adubação de plantio foi com composto orgânico na dose de 40 t ha-1, não sendo utilizada nenhuma formulação química. Aos 25 dias após o transplantio foi realizada adubação em cobertura com a formulação 20-00-20, na dose de 60 kg ha-1. Foram realizadas capinas manuais nas parcelas onde ocorreram infestações com plantas daninhas e a irrigação foi feita diariamente. A irrigação foi realizada por aspersão elevando-se o teor de água no solo próximo à capacidade de campo, durante todo o ciclo da cultura. Não houve necessidade de aplicação de defensivos para o controle de pragas e doenças. A colheita foi realizada 42 dias após o transplantio, sendo avaliadas características de produção e de qualidade das plantas. A produção total foi obtida pela soma da massa total da parte aérea de todas as plantas da área útil de cada parcela, sendo expressa em t ha-1. A produção comercial foi determinada após a retirada das folhas externas que apresentavam coloração amarela ou algum tipo de injúria. Depois procedeu-se a soma da massa comercial de todas as plantas da área útil de cada parcela, sendo também expressa em t ha-1. A massa média por planta foi obtida dividindo-se a massa total das plantas pelo número total de plantas da área útil da parcela, e os resultados expressos em g. O diâmetro médio de cabeça foi obtido por medição da parte mais compacta da cabeça, não considerando as folhas externas das plantas. O diâmetro médio do caule foi determinado após a colheita das plantas com raízes, sendo a medida feita logo abaixo das primeiras folhas, utilizandose um paquímetro. O número médio de folhas foi obtido após a obtenção de todos os dados referentes às outras avaliações. Foram retiradas todas as folhas comerciais de cada planta da parcela útil e obtido o número médio de folhas. A massa média de raiz foi obtida por pesagem do sistema radicular de todas as plantas da área útil. Foi considerado nos resultados, para todas as características avaliadas, a média das nove plantas centrais, correspondente a área útil de cada parcela. A análise de variância foi utilizada na avaliação dos tipos de cobertura e de cultivares para as características estudadas aplicando-se o teste Scott e Knott a 5% de probabilidade para a comparação das médias. Os dados de número médio de folhas foram transformados em √x antes da análise, sendo apresentados nos resultados os valores das médias. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 1999). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observados efeitos significativos do tipo de cobertura do canteiro e de cultivares sobre todas as características analisadas, exceto para a característica diâmetro médio de caule, onde não foi observada diferença significativa entre as cultivares. Os resultados não evidenciaram efeitos significativos da interação tipo de cobertura x cultivar para as características avaliadas, com exceção da massa média de raiz (Tabela 1). As produções total e comercial variaram, respectivamente, de 35,63 a 30,71 t ha-1 e de 70,67 a 61,59 t ha-1. A Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface cobertura de canteiro com casca de café superou os demais tipos de cobertura em todas as características estudadas, proporcionando às cultivares produção total e comercial, massa média por planta e número médio de folhas, 77,43%, 77,19%, 77,51% e 29,68% superiores às médias dos demais tipos de cobertura. Andreani Júnior e Galbiati Neto (2003), trabalhando com alface, não observaram diferenças significativas entre o efeito da cobertura com palha de café e plástico preto para as características peso das plantas e número de folhas. Ao avaliar diferentes tipos de coberturas de solo no desenvolvimento da alface, Verdial et al. (2001) observaram que a utilização de cobertura plástica do tipo dupla face proporcionou os maiores valores médios de produção. No presente estudo, o material orgânico “casca de café” superou o material sintético “plástico preto” em todas as características avaliadas. Esse resultado é importante, principalmente para a região do sul de Minas, pois nesta área além de existir grande disponibilidade de casca de café também concentra-se grande número de pequenos produtores de alface. Não foram observadas diferenças significativas entre os efeitos dos demais tipos de cobertura (capim braquiária seco, casca de arroz, plástico preto e solo sem cobertura) sobre as características estudadas, exceto para massa média por planta onde a cobertura com casca de arroz proporcionou um acúmulo de massa na planta significativamente maior que o tratamento com capim braquiária seco, plástico preto e solo sem cobertura. Para as demais características, as coberturas com capim braquiária seco, casca de arroz e plástico preto apresentaram efeitos semelhantes aos observados para o cultivo em solo sem cobertura. Portanto, no presente trabalho estes tratamentos não resultaram em benefícios para a produção. Zizas et al. (2002b) observaram que o uso de casca de arroz reduziu o peso médio das plantas da cultivar Regina. Neste mesmo trabalho o número de folhas/planta no tratamento solo sem cobertura foi significativamente menor que o verificado nas coberturas com plástico vermelho e branco, porém, não diferiu estatisticaHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Produção total, produção comercial, massa média por planta, diâmetro médio de cabeça, diâmetro médio de caule, número médio de folhas e massa média de raiz de duas cultivares de alface tipo lisa cultivadas em diferentes tipos de cobertura de canteiro. Três Corações, UNINCOR, 2003. Cultivares Tipos de cobertura* * Regina Elisa Média¹ Produção total (t ha-1)* * - CV= 10,29% Casca de café 73,59 67,75 70,67 a Casca de arroz 47,96 41,32 44,64 b Capim braquiária seco 43,69 35,73 39,71 b Plástico preto 47,77 30,86 39,32 b Solo sem cobertura 42,78 28,49 35,63 b Média¹ 51,16 A 40,83 B Produção comercial (t ha-1) * * - CV= 12,13% Casca de café 65,46 57,71 61,59 a Casca de arroz 42,28 35,52 38,90 b Capim braquiária seco 38,83 30,91 34,87 b Plástico preto 42,22 26,90 34,56 b Solo sem cobertura 36,92 24,50 30,71 b Média¹ 45,14 A 35,11 B Massa média por planta (g)* * - CV= 10,25% Casca de café 0,460 0,423 0,442 a Casca de arroz 0,300 0,258 0,279 b Capim braquiária seco 0,273 0,223 0,248 c Plástico preto 0,299 0,193 0,246 c Solo sem cobertura 0,267 0,178 0,223 c Média¹ 0,320 A 0,255 B Diâmetro médio de cabeça (cm) * * - CV= 9,66% Casca de café 23,85 20,37 22,11 a Casca de arroz 20,41 16,44 18,43 b Capim braquiária seco 19,93 15,70 17,82 b Plástico preto 20,93 16,85 18,89 b Solo sem cobertura 20,63 15,41 18,02 b Média¹ 21,15 A 16,96 B Diâmetro médio de caule (cm) ns - CV= 10,90% Casca de café 2,54 2,74 Casca de arroz 2,03 2,16 2,64 a 2,09 b Capim braquiária seco 1,91 1,87 1,90 b Plástico preto 2,16 2,00 2,08 b Solo sem cobertura 2,04 1,69 1,87 b Média¹ 2,13 A 2,09 A Número médio de folhas * * - CV= 4,91% Casca de café 32,93 27,89 30,41 a Casca de arroz 26,70 22,37 24,54 b Capim braquiária seco 24,04 19,26 21,65 b Plástico preto 27,85 20,45 24,15 b Solo sem cobertura 26,07 20,82 23,45 b Média¹ 27,52 A 22,16 B Massa média de raiz (g) * * - CV= 16,45% Casca de café 15,44 aB 21,63 aA 18,54 a Casca de arroz 11,15 aB 15,55 bA 13,35 b Capim braquiária seco 9,00 aA 12,51 bA 10,76 b Plástico preto 12,52 aA 12,15 bA 12,34 b Solo sem cobertura 12,48 aA 10,22 bA 11,35 b Média¹ 12,12 B 14,41 A **Significativo a 1% pelo teste F; nsnão significativo; 1Médias seguidas por letras minúsculas nas colunas e por letras maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott.(α=0,05). 901 V. C. Andrade Júnior et al. mente dos tratamentos com plástico preto e casca de arroz. Os autores observaram que a temperatura média do solo coberto com casca de arroz foi igual a do solo sem cobertura, 23,9oC, e as coberturas com plástico vermelho e preto foram as que propiciaram maiores temperaturas média do solo, 25,3 oC e 25,0oC, respectivamente. Avaliando as cultivares de alface Brisa, Simpson, Verônica, Regina 579, Vera e Tainá, em diferentes coberturas de solo, (ZIZAS et al., 2002a), verificaram que a cultivar Regina 579 apresentou maior diâmetro do caule e maior número de folhas e que o uso de plásticos preto e vermelho resultou em menor massa média e produtividade por planta. Os autores relatam que estes resultados podem estar associados às ocorrências de maiores temperaturas do solo provocadas pela cobertura com estes plásticos em relação aos demais tipos de cobertura. Resultados semelhantes foram encontrados por Chaves et al. (2003) os quais relataram o efeito do plástico em aumentar a temperatura do solo a níveis de afetar o metabolismo da planta, interferindo no seu crescimento e desenvolvimento. Segundo Goto (1998), o uso de cobertura com plástico em alface deve ser avaliado para cada região de cultivo, uma vez que o aumento da temperatura do solo pode afetar o desenvolvimento de raízes e, por conseguinte, a absorção de nutrientes. Verdial et al. (2001) verificaram que a temperatura do solo coberto com plástico preto foi 25,12oC, 1,56oC e 1,72oC, respectivamente, maior que as temperaturas observadas para os tratamentos sem cobertura, sem capina e sem cobertura com capina quinzenal. Um fator que deve ser considerado, embora não tenha sido avaliado, é a concentração e liberação de K da casca de café para o solo. Conforme relatam Guimarães et al. (2002), a casca de café contém alto teor de K, em média 3,75 dag. g-1 de K2O, sendo um resíduo da cafeicultura utilizado na adubação dos cafezais com o objetivo de repor o K extraído pelas plantas. Segundo Rosolem et al. (2003) as espécies que acumularam K foram as que liberaram este elemento em maior quantidade. Sendo a casca de café rica em K pode-se afirmar que a superiori902 dade da cobertura de canteiro com casca de café em relação aos demais tipos de cobertura pode estar relacionada à maior disponibilização de K para as plantas, contribuindo, conseqüentemente, para o melhor desenvolvimento das mesmas. Malavolta (1980) relata que mais de 80% do K encontra-se na forma solúvel na planta, sendo, portanto, passível de lixiviação. A cultivar Regina foi superior à Elisa em produção total e comercial, massa média por planta, diâmetro médio de cabeça e número médio de folhas. Em média, a cultivar Regina apresentou produção total e produção comercial, 25,30% e 28,57%, maiores que a cultivar Elisa (Tabela 1). A massa média por planta e o diâmetro médio de cabeça da cultivar Regina foram 25,5% e 24,71%, respectivamente, superior ao da cultivar Elisa. O número médio de folhas da cultivar Regina (27,52) foi significativamente maior (24,19%) que o da cultivar Elisa (22,16 folhas). Esses dados corroboram com os obtidos por Zizas et al. (2002b), em que a cultivar Regina apresentou maior número de folhas/planta e diâmetro de caule em relação à Elisa. Não foi observada diferença significativa entre as cultivares para a característica diâmetro médio de caule (Tabela 1). Já a cultivar Elisa apresentou maior massa média de raiz, (14,41 g), em relação à Regina, (12,12 g), uma diferença de 18,89%. A interação significativa dos tipos de cobertura x cultivares para a característica massa média de raiz (Tabela 1) mostra que para a cultivar Regina não foi observada diferença significativa entre os efeitos dos diferentes tipos de cobertura de canteiro. Já para a cultivar Elisa, a cobertura com casca de café foi superior às médias dos demais tratamentos, em 71,53%, tendo a mesma proporcionado 21,63 g de massa média de raiz. Observou-se que a cultivar Elisa apresentou maior massa média de raiz quando foram utilizadas as coberturas com casca de café e casca de arroz, respectivamente, 40,09% e 39,46%. Não foram observadas diferenças significativas entre cultivares para os demais tipos de cobertura de canteiro. A diferença significativa do fator cultivar é esperada, pois a produção de uma cultivar é função de seu genótipo e da interação genótipo x ambiente (QUEIROGA et al., 2001; SILVA et al., 2000). Conclui-se que a cobertura de canteiro com casca de café proporcionou o melhor crescimento e desenvolvimento da alface. Entre as cultivares, a Regina foi superior à Elisa quanto às características de produção total, produção comercial, massa média por planta, diâmetro médio de cabeça e número médio de folhas. Entretanto, a cultivar Elisa apresentou maior massa média de raiz em relação à Regina. A maior massa média de raiz da cultivar Elisa não influenciou as demais características avaliadas, baseando-se na hipótese de que uma maior massa média de raiz proporcionaria maiores produção total e comercial, massa média por planta, diâmetro médio de cabeça e do caule e maior número médio de folhas, por explorar melhor o solo, e consequentemente, absorver mais água e nutrientes. Este fato pode estar relacionado a maior eficiência da cultivar Regina em absorver água e nutrientes, pois esta foi superior à Elisa para a maioria das características avaliadas. Em termos de massa média de raiz, a cultivar Elisa apresentou melhores resultados quando as coberturas de canteiros utilizadas foram casca de café e casca de arroz. LITERATURA CITADA ANDREANI JÚNIOR, R.; GALBIATI NETO, P. Avaliação da influência de coberturas mortas sobre o desenvolvimento da cultura da alface na região de Fernandópolis-SP. Horticultura Brasileira, Brasília, v.21, n.2, Julho, 2003. Suplemento 2, CD-ROM. Trabalho apresentado no 43o Congresso Brasileiro de Olericultura, 2003. ARAÚJO, R.C.; SOUZA, R.J.; SILVA, A.M.; ALVARENGA, M.A.R. Efeitos da cobertura morta do solo sobre a cultura do alho (Allium sativum L.). Ciência e Prática, Lavras, v.17, n.3, p.228233, 1993. CASTELLANE, P.D.; SOUZA, A.F.; MESQUITA FILHO, M.D. Culturas olerícolas. In: FERREIRA, M.E. CRUZ, M.C.P. (eds). Micronutrientes na agricultura. Piracicaba: POTAFOS/ CNPq, 1995, p.549-584. CHAVES, S.W.P.; MEDEIROS, J.F.; NEGREIROS, M.Z.; NAGÃO, E.O. 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Singh4; Antonio Carlos de Ávila2 1 Universidade Vale do Rio Doce, Av. Israel Pinheiro 2000, 35100-000 Governador Valadares-MG; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF ; 3Universidade Católica de Brasília, 70790-160 Brasília-DF; 4Potato Research Centre, Agriculture and Agri-Food Canada, P.O. Box 20280, Fredericton, NB, Canada E3B 4Z7 RESUMO ABSTRACT O Potato virus Y (PVY) tornou-se o maior problema nas áreas de produção de batata semente do Brasil. Somente as estirpes comum (PVYO) e necrótica (PVYN) eram detectadas infectando batata no Brasil. Esta situação mudou drasticamente a partir de 1997 quando um surto epidêmico de uma variante da estirpe necrótica de PVY causando arcos e anéis necróticos na superfície do tubérculo (PVYNTN) foi observado no país. Este estudo visou avaliar e validar uma metodologia de diferenciação de estirpes que causam necrose em tubérculos, proposta por Weilguny e Singh (1998). Vinte e oito isolados de PVY originários de tubérculos infectados de batata, provenientes de quatro estados brasileiros, foram analisados em sua reação em plantas de fumo, por Elisa, utilizando anti-soro policlonal e pelo método 3-primer RT-PCR. Quatro isolados induziram clareamento de nervuras e manchas peroladas em folhas de Nicotiana tabacum conforme esperado para a estirpe comum. Os 24 isolados restantes induziram necrose de nervuras neste hospedeiro portanto, classificados como da estirpe necrótica. Todos os 28 isolados de PVY reagiram positivamente contra o anti-soro policlonal de PVY por Elisa. Três métodos de extração de RNA foram testados, sendo que o método de hidrocloreto de guanidina mostrou-se o mais eficiente e de menor custo. Dos 28 isolados submetidos ao RT-PCR, um isolado de Santa Catarina e três do Rio Grande do Sul foram diferenciados como PVYO, confirmando os resultados do teste biológico. Um isolado de PVYN foi detectado no Estado de Santa Catarina e quatro no Rio Grande do Sul. O PVYNTN foi detectado em Minas Gerais (seis isolados), Santa Catarina (três isolados) e São Paulo (dez isolados). Estes resultados confirmam a presença dessa variante necrótica, PVYNTN, nas principais regiões produtoras de batata do Brasil. Palavras-chave: Solanum tuberosum, vírus Y da batata, reação em cadeia da polimerase, potyvírus. RT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potato The Potato virus Y (PVY) has become the major virus problem in seed potato growing areas of Brazil. Only necrotic and ordinary PVY strains were found infecting potatoes in Brazil. This situation drastically changed around 1997 when an epidemic of a PVY necrotic variant causing necrotic rings on the potato tuber surface was observed in the country. This study aimed to test the tuber necrotic strain differentiation method proposed by Weilguny & Singh (1998). Twenty eight PVY isolates originated from infected tubers and leaves from four Brazilian States were analyzed by host reaction after inoculation in tobacco, by ELISA using polyclonal antiserum and by the 3-primer RT-PCR method. The ordinary strain type isolates induced vein clearing and chlorotic pearl spots on Nicotiana tabacum leaves. All 24 remaining isolates inducing vein necrosis in leaves were classified as necrotic strains. All 28 PVY isolates positively reacted to PVY polyclonal antiserum by Elisa. Three RNA extraction methods were compared and the guanidine hydrochloride method was the most efficient and of the lowest cost. One isolate from Santa Catarina State and three from Rio Grande do Sul out of 28 PVY isolates submitted to RT-PCR method were differentiated as PVYO, confirming the biological test. One isolate of PVYN was detected from Santa Catarina and four from Rio Grande do Sul State. The PVYNTN was detected in Minas Gerais (six isolates), Santa Catarina (three isolates) and São Paulo (ten isolates). These results confirmed the presence of this new variant, PVYNTN in the main potato growing areas of Brazil. Keywords: Solanum tuberosum, Potato virus Y, virus, polymerase chain reaction, potyvirus. (Recebido para publicação em 30 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005) A batata é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil. Em 2003 a produção brasileira foi de aproximadamente três milhões de toneladas em uma área de 149.000 ha (FAO, 2004). Dentre os problemas fitossanitários da cultura ressaltam-se as viroses, notadamente aquelas causadas pelo Potato virus Y (PVY), da família Potyviridae (VAN REGENMORTEL et al., 2000). No Brasil, na última década, o PVY vem acarretando infecções que variam de 30 a 100% do campo, dependendo das estirpes presentes nas plantas, da cultivar envolvida, da idade da 904 planta infectada, bem como das condições ambientais (SOUZA-DIAS, 2001). Três estirpes de PVY são conhecidas: PVYC, PVYO e PVYN (DE BOKX; HUTTINGA, 1981) entretanto, mais recentemente surtos epidêmicos de uma nova variante necrótica, o PVYNTN, vêm sendo relatados em vários países como Alemanha, Hungria, Tchecoslovaquia, Áustria, Iugoslávia, França, Bélgica, Estados Unidos e Brasil (BECZNER et al. 1984; WEILGUNY; SINGH, 1998; SOUZA-DIAS et al. 2004). A nova variante necrótica, o PVYNTN, foi descrita primeiramente na Hungria por Beczner et al. (1984) e no Brasil foi notificada oficialmente ao Ministério da Agricultura em novembro de 1997 pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). As estirpes de PVYO e PVYN foram relatadas no Brasil por volta de 1939 por Silberschmidt et al. (1941). Tradicionalmente, a diagnose de PVY em nível de espécie é feita utilizando testes sorológicos como Elisa (Enzyme linked immunosorbent assay) com anticorpos policlonais ou monoclonais (CLARK; ADAMS, 1977, SINGH et al. 1993). Para diferenciação fenotípica de estirpes de PVY, utiliza-se principalmenHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR te a planta indicadora Nicotiana tabacum que manifesta sintomas que vão desde mosaico e necrose até a morte foliar (WEIDEMANN, 1988; SINGH, 1992). A estirpe PVYO causa em plantas de N. tabacum clareamento das nervuras e, posteriormente, manchas peroladas no limbo foliar. A estirpe PVYN e sua variante PVYNTN causam necrose na mesma hospedeira. A variante PVYNTN pode também induzir em tubérculos de batata arcos e anéis necróticos, sintomas esses ausentes em tubérculos de plantas infectadas com a estirpe PVYN (BECZNER et al., 1984; LE ROMANCER; NEDLLEC, 1997; SOUZA-DIAS, 2001). Em folhas de batata, sintomas de infecção por PVY variam de mosaico leve a severo, podendo causar necrose nas hastes, limbo ou nervuras das folhas. Com a finalidade de distinguir as estirpes PVYN e PVYNTN, Weilguny e Singh (1998) propuseram uma metodologia baseada no método de transcrição reversa (RT) e amplificação por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR) do genoma viral, no qual utiliza-se uma combinação de três oligonucleotídeos. Esta metodologia denominada de 3-primerRT-PCR permite diferenciar a estirpe necrótica (PVYN) da sua variante (PVYNTN). Outros autores, como Nie e Singh (2002), propuseram um sistema uniplex e multiplex de distinção de estirpes e variantes de PVY e Rosner e Maslenin (1999) propuseram a diferenciação de variantes de PVY por meio de RT-PCR. Um outro estudo feito para distinção das estirpes PVYN e PVYNTN foi proposto por Glais et al. (1996) baseado em padrões de restrição. Atualmente encontra-se disponível no mercado um sistema de detecção de PVYNTN através de RT-PCR produzido pela empresa Adgen. Este sistema é oneroso e ainda não foi suficientemente validado para os isolados de PVY no Brasil. Uma vez que os anti-soros policlonais contra PVY hoje amplamente utilizados nos sistemas de certificação de batata no Brasil não permitem distinguir as estirpes, há uma demanda urgente em disponibilizar uma metodologia confiável e de baixo custo para identificar as estirpes PVYO, PVYN Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 e PVYNTN que ocorrem no Brasil. Embora a legislação de batata-semente no Brasil não diferencie as várias estirpes de PVY, torna-se necessário um monitoramento dessa estirpe necrótica devido à indução do sintoma de necrose em tubérculo, o que inviabiliza a sua comercialização. Este trabalho tem como objetivo avaliar e validar metodologia de 3-primer RT-PCR proposta por Weilguny e Singh (1998) com os isolados coletados no Brasil. A escolha desse método baseou-se no fato de o mesmo já estar sendo utilizado em sistemas de produção de batata na América do Norte e Peru. MATERIAL E MÉTODOS Manutenção e identificação dos isolados de PVY Cada isolado de PVY foi identificado e mantido na planta indicadora N. tabacum por meio de inoculação mecânica. Os isolados foram recebidos na Embrapa Hortaliças de janeiro de 2001 a setembro de 2002. Foram selecionados 28 tubérculos de batata infectados com e sem sintomas nos tubérculos das variedades Monalisa, Atlantic, Achat, Panda e Bintje, oriundas de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e dois isolados, PVYO e PVYN, caracterizados por Inoue-Nagata et al. (2001), totalizando-se 30 isolados (Tabela 1). Os isolados foram agrupados e nomeados por sigla do estado de origem, número do isolado seguido do nome abreviado da cidade onde foi coletado o tubérculo. Teste biológico e sorológico Foi realizado com a inoculação de extrato foliar em tampão fosfato a 0,01M, pH 7,0, em plantas de Nicotiana tabacum TNN e Samsun previamente polvilhadas com carborundum 600 mesh. As plantas inoculadas foram avaliadas por sorologia pelo método DASElisa (CLARK; ADAMS, 1977) utilizando anti-soro policlonal contra PVY produzido na Embrapa Hortaliças. Extração de RNA total Foram avaliados três métodos a partir de plantas de fumo infectadas: 1) método proposto por Weilguny e Singh (1998) em que 100 mg de extrato foliar foi adicionado ao tampão Tris–HCl a 0,1M e Na2SO3 a 0,02M, pH 8,3, e o RNA total foi extraído por tratamento com fenol/clorofórmio seguido de precipitação com etanol; 2) método Trizol Reagent (Invitrogen), composto por um tampão de isotiocianato de guanidina e fenol. A solução foi misturada a 100 mg de extrato foliar e o RNA total foi precipitado após a adição de clorofórmio para a separação das fases. 3) método de hidrocloreto de guanidina (LOGEMANN et al., 1987) com a adição de quatro gotas de extrato de folha em 200 µl de tampão hidrocloreto de guanidina a 8,0 M. O RNA total foi extraído com fenol/clorofórmio, precipitado com etanol, seguido de lavagens com acetato de sódio a 3 M, pH 5,2, e etanol 70%. Após a secagem do precipitado nos três métodos, o RNA total foi ressuspendido com 50 µl de água e alíquotas de 10 µl foram armazenadas a –20oC. Síntese do cDNA e PCR Para a avaliação do método de extração, o RNA total foi submetido à transcrição reversa utilizando-se MMLV reverse transcriptase (Amersham Biosciences). As combinações de 3primer RT-PCR utilizados foram PVYO anti-senso para transcrição reversa e os oligonucleotídeos PVYO anti-senso e PVYO senso para PCR (Tabela 2) de acordo com Singh et al. (1996) gerando um produto amplificado de 479 pb. Neste experimento foram feitas doze repetições do método Weilguny e Singh (1998) de extração e cinco repetições de cada um dos outros dois métodos. Para o experimento de diferenciação das estirpes de PVY, foram utilizados os 28 isolados selecionados e controles de PVYO BR e PVYNBR (Tabela 1). Não se utilizou um controle positivo de PVYNTN devido à impossibilidade legal de importação de um isolado de PVYNTN caracterizado no exterior. Para assegurar a confiabilidade do teste, todas as reações foram realizadas com o mesmo lote de primers que foram utilizados do laboratório do Dr. Rudra P. Singh (Potato Research Centre, Agriculture and Agri-Food, Canada). Três combinações de primers foram utilizadas nos 905 L. N. Fonseca et al. Tabela 1. Diferenciação de isolados de PVY em de quatro estados brasileiros. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. RT-PCR4* PY2/ PY1, PY2 PVYO/PVYN/ PVYNTN Estirpe de PVY detectada5 + + PVYN + + PVYN - + + PVYN NN - + + PVYN - NN - + + PVYN RS-09(Pe) - MP - - + PVYO RS-09A(Pe) - MP - - + PVYO SC-01A(Ca) - MP - - + PVYO RS-05(Pe) - MP - - + PVYO SC-02(Ca) + NN + + + PVYNTN SC-02A(Ca) + NN + + + PVYNTN SC-14(Ca) + NN + + + PVYNTN SP-06(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-07(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-08(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-11(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-12(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-13(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-15(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-16(Vg) + NN + + + PVYNTN SP-01(Cp) + NN + + + PVYNTN SP-02(Cp) + NN + + + PVYNTN MG-01(Ib) + NN + + + PVYNTN MG-01(PA) + NN + + + PVYNTN MG-02(PA) + NN + + + PVYNTN MG-03(PA) + NN + + + PVYNTN MG-04(PA) + NN + + + PVYNTN MG-05(PA) + NN + + + PVYNTN PVYOBR - MP - - + PVYO PVYNBR - NN - + + PVYN Planta sadia - SS - - - - Sintomas de anéis necróticos em tubérculos Sintomas em Nicotiana tabacum6 SC-01(Ca) - NN6 - RS-03(Pe) - NN - RS-06(Pe) - NN RS-07(Pe) - RS-08(Pe) Isolado/local¹ RT-PCR²* 1A/ 2A, RT-PCR³* 2A/ 2A, 2S PVYNTN 2S PVYN/ PVYNTN 1 Estado, número do isolado e cidade brasileira de origem (Cidades de origem: Pe=Pelotas, Ca=Canoinhas, Cp=Campinas, Vg=Vargem Grande do Sul, Ib=Ibiá, Pa=Pouso Alegre); PVYOBR e PVYNBR são isolados utilizados como controles positivos para as estirpes PVYO e PVYN respectivamente. Em algumas localidades, foram colhidos dois tubérculos de uma mesma planta, de modo que para distinguir um isolado do outro adicionou-se uma letra ao lado; 2Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/ PCR), seguido da representação da estirpe amplificada (PVYNTN); 3Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/PCR), seguido da representação da estirpe amplificada (PVYN e PVYNTN); 4Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/ PCR), seguido da representação da estirpe a ser amplificada (PVY (PVYO, PVYN e PVYNTN); 5Resultado indicando a estirpe diagnosticada (PVYO, PVYN e PVYNTN ); O sinal (+) representa presença de banda no gel de eletroforese para a combinação dos oligonucleotídeos nas reações de RT, PCR e presença de necrose anelar nos tubérculos; O sinal (-) significa ausência de banda ou ausência de necrose anelar nos tubérculos; 6Sintomas em Nicotiana tabacum mecância. NN : necrose de nervura ; MP : mancha perolada ; SS : sem sintomas. testes (Tabela 2): para a detecção de todas as estirpes, a RT foi realizada com o oligonucleotídeo PY2 e PY1/PY2 para PCR amplificando um fragmento de DNA de 1,3 Kb. Para a detecção da estirpe necrótica PVYN e da sua variante necrótica PVY NTN foram usados os oligonucleotídeos 2A para RT e 2A/2S para PCR (WEILGUNY; SINGH, 1998), resultando em um fragmento de 906 394 pb; para a detecção somente da variante PVY NTN foram usados os oligonucleotídeos 1A para RT e 2A/2S para PCR (WEILGUNY; SINGH, 1998; SINGH et al, 1998). O tamanho esperado do fragmento foi também de 394 pb (Tabela 2). Para cada reação de transcrição reversa do RNA viral foi utilizado 2 µl de RNA total na concentração de 10 mg/µl juntamente com 2 µl de tampão para transcrição reversa (5x Amersham), 0,75 µl de PBS-tween 1X, 2 µl de dNTPs a 2,5 mM, 0,5 µl de primer antisenso (0,1 mg/µl), 0,125 µl de inibidor de RNase (20 unidades/µl Amersham) e 0,5 µl (100 unidades) de Maloney murine leukemia virus reverse transcriptase (USB) para um volume final de 10 µl. O RNA e o primer reverso foram previamente incubados a 65oC por Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR 5 minutos e subseqüentemente adicionados à mistura que foi incubada por 90 minutos a 37oC para a síntese do cDNA. Após a obtenção da fita de cDNA, 2 µl da mesma foi adicionado a uma mistura contendo 2,5 µl de tampão com Tris-HCl, pH 8,3 na concentração de 1,0 mM, 5,32 mM de KCl e 1,6 mM de MgCl2. Adicionou-se 1 µl de dNTPs (2,5 mM) 0,5 µl de cada primer na concentração de 0,1 µg e 0,125 µl de Taq polimerase (1,7 unidades - Invitrogen) para um total de 25 µl de reação. A amplificação ocorreu nas seguintes condições: 95oC por 5 minutos, 30 ciclos com desnaturação da fita dupla a 95 o C, anelamento do primer de 55oC (combinação PY1/PY2) ou 63oC (combinação 2A/2S) e extensão a 72oC, todos os passos com duração de 1 minuto. O produto de amplificação por PCR foi aplicado em gel de agarose e observado sob luz ultra-violeta após tratamento com solução de 0,5 mg/ml de brometo de etídeo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sorologia e reação dos isolados de PVY em plantas indicadoras de N. tabacum Vinte e oito isolados de PVY foram inoculados em N. tabacum para determinação da estirpe a que pertencem. Isolados caracterizados de PVY (PVYOBR e PVYNBR) foram utilizados como controles. Os isolados SC-1A(Ca), RS-05(Pe), RS-08(Pe), RS-09(Pe), RS-09A(Pe) e PVYOBR causaram em plantas de N. tabacum Samsun e TNN clareamento de nervuras a partir de cinco dias pós inoculação, avançando para manchas peroladas até 12 dias pós inoculação (Tabela 1). Estes sintomas são típicos da estirpe comum PVYO. Os isolados RS-03(Pe), RS-06(Pe), RS-07(Pe), RS-08(Pe) PVYNBR, SC01(Ca), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC14(Ca), SP-06(Vg), SP-07(Vg), SP08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP02(Cp), SP-01(Cp), MG-01(Ib), MG01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG04(PA) e MG-05(PA) causaram necrose de nervuras até 12 dias pós inoculação ocorrendo perda foliar até 20 dias após Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 2. Seqüências dos primers utilizados e sua localização no genoma viral de PVY. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. Primers Localização¹ (nt) Proteína² 1A- Antisenso 5'-GGTTGACATAATTTTGCTT - 3' 669-652 P1 2A- Antisenso 5'- GCGTGCGATATGTTTTTGC - 3' 607-589 P1 2S- Senso 5'- CAGATTGGTTCCATTGAATGC - 3' 214-234 P1 8362- 8377 NIb PY2- Antisenso 5'- GGGGGATCCAAATCAGGAGATTC -3' 9704 -9691 3' UTR PVYO Senso 5'-TGGTGTTCGTGATGTGACCT- 3' 8717- 8736 CP PVYO- Antisenso 5'-ACGTCCAAAATGAGAATGCC-3' 9196 -9177 CP PY1- Senso 5'-CCCGGATCCGTCTCCTGATTGAAG - 3' P1= proteína P1; NIb= Nuclear Inclusion body; 3’ UTR = região 3’ não traduzida; CP = capa protéica;. 1Localização em relação ao genoma de PVY, acesso U09509; 2Região genômica de anelamento do primer; Sítio de restrição BamHI encontra-se sublinhado. inoculação. Estes sintomas são causados por estirpes necróticas de PVYN ou PVYNTN. Plantas inoculadas apenas com tampão permaneceram sem sintomas. O teste DAS-Elisa realizado nas plantas inoculadas mostrou que todas estavam infectadas com PVY (dados não mostrados). Além disso, procedeuse à inoculação mecânica de cada isolado em Datura stramonium com a finalidade de verificar possíveis infecções mistas com outros vírus. Para todos os isolados avaliados, as plantas de D. stramonium não mostraram sintomas. Escolha do método de extração de RNA total Com a finalidade de otimizar o sistema de extração de RNA, três métodos foram avaliados: Trizol, hidrocloreto de guanidina e o proposto por Weilguny e Singh (1998). Seis isolados de PVY (RS-05, SC-14, SP-11, MG-01(Ib), PVYO e PVYN) foram selecionados para esta avaliação. Os isolados foram multiplicados em plantas de Nicotiana tabacum Samsun para extração do RNA total. Após a extração do RNA total, o RNA foi submetido à transcrição reversa com o primer PVYO anti-senso e subseqüentemente à PCR utilizando o conjunto de primers que amplifica a região do genoma que codifica a capa protéica (PVYO anti-senso e PVYO senso) do vírus (Tabela 2). A comparação da eficiência do método de extração foi feita individualmente pela avaliação do produto de PCR em gel de agarose (Figura 1). Em todas as cinco repetições realizadas, o método de hidrocloreto de guanidina e o Trizol apresentaram amplificações efetivas e consistentes (Figura 1). Entretanto, o método de Weilguny e Singh (1998) apresentou em geral amplificações erráticas e de baixa quantidade. Doze repetições foram realizadas e o resultado manteve-se invariável. A partir desse ponto, o método com o hidrocloreto de guanidina foi considerado como padrão para os experimentos posteriores. RT-PCR para diferenciação das estirpes de PVYO, PVYN e a variante necrótica PVYNTN A inoculação mecânica de plantas de fumo não é suficiente para permitir a distinção entre PVYN e PVYNTN. Com o intuito de se determinar a presença do PVYNTN no Brasil, avaliou-se o método de 3-primer RT-PCR. O método foi adaptado para diferenciar as estirpes PVYO, PVYN e a variante PVYNTN. A detecção universal de PVY foi realizada com a combinação de oligonucleotídeo PY2 para RT e PY1 e PY2 para PCR. Amplificação de todos os isolados foi confirmada com a presença do fragmento de DNA de 1,3 kb no gel de agarose (Tabela 1, Figura 2). Este resultado demonstrou que as plantas estavam de fato infectadas com PVY. A utilização do oligonucleotídeo 2A para RT e 2A e 2S para PCR resultou na amplificação do DNA (394 pb) de 25 isolados (Tabela 1, Figura 2). Isso indicou que os isolados SC-01(Ca), RS03(Pe), RS-06(Pe), RS-07(Pe), RS08(Pe), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC14(Ca), SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP01(Cp), SP-02(Cp), MG-01(Ib), MG01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG04(PA), MG-05(PA) e PVYNBR, pertencem às estirpes PVYN ou PVYNTN. 907 L. N. Fonseca et al. Figura 1. Teste do método de extração de RNA total. Nas colunas 1 a 8 (A) foi utilizado o método de extração de RNA total proposto por Weilguny & Singh (1998). Nas colunas 9 a 16 (B) foi utilizado o método Trizol e nas colunas 1 a 12 (C), foi utilizado o método do hidrocloreto de guanidina. Foram utilizadas as mesmas amostras para os três métodos. Nas colunas 1A, 2A, 9B, 10 B, 1C e 2C, foram utilizadas plantas sadias; colunas 3A, 11B e 3C: amostra RS-05 (Pe);colunas 4A, 12B e 4C: isolado SC-14 (Pe); colunas 5A, 13B e 5C: SP11 (Vg); colunas 6A, 14B e 6C: isolado MG-01 (Ib); colunas 7A, 15B, e 7C: isolado PVYNBR; e colunas 8A, 16B, e 8C: isolado PVYOBR. A combinação de primers utilizada foi PVYO antisenso/ PVYO senso e antisenso para RT-PCR, respectivamente. A coluna 9C refere-se ao branco da RT e a 10C refere-se ao controle positivo da RT (isolado SP-16(Vg)), colunas 11C e 12C são os controles negativo e positivo (isolado SP-16(Vg) da PCR. O tamanho da banda esperada foi de 479pb (indicado pelas setas). Foi utilizado como marcador de peso molecular, o 1Kb Ladder (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. O grupo dos isolados necróticos possivelmente continham isolados de PVYNTN devido à observação de sintomas no tubérculo original (Tabela 1). Para a detecção do PVYNTN combinouse o oligonucleotídeo 1A para RT e 2A e 2S para PCR conforme descrito por Weilguny e Singh (1998). A reação é realizada a alta temperatura de anelamento (630C), que é necessária para uma correta diferenciação (WEILGUNY; SINGH, 1998). De um total de 25 isolados necróticos, 19 exibiram amplificação específica de DNA: SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC-14(Ca), SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP-08(Vg), SP11(Vg), SP-12(Vg), SP-13(Vg), SP15(Vg), SP-16(Vg), SP-01(Cp), SP02(Cp), MG-01(Ib), MG-01(PA), MG02(PA), MG-03(PA), MG-04(PA), MG908 05(PA). Estas 19 amostras foram isoladas de tubérculos de batata exibindo sintomas de anéis e arcos necróticos na sua superfície. Não houve amplificação de DNA dos demais isolados necróticos e comuns (Tabela 1). Até a década de 80, o vírus de batata considerado mais importante no Brasil era o Potato leafroll virus (PLRV). Este quadro modificou-se no final da década de 90 com o surgimento de uma nova variante necrótica de PVY, o PVY NTN (FIGUEIRA; PINTO, 1995; SOUZA-DIAS, 2001; SOUZA-DIAS, 2004). A primeira notificação oficial da possível ocorrência da variante PVYNTN no Brasil foi feita em 1997 pelo Dr. José A.C. de Souza Dias ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Para exemplificar a ameaça desta nova variante necrótica, em 1998, na Eslovênia, um surto epidêmico de PVYNTN infectou a quase totalidade das batatas da cultivar Igor (WEILGUNY; SINGH, 1998). O sistema de diferenciação de estirpes de PVY pelo método 3-primer RTPCR (WEILGUNY; SINGH, 1998) explora a característica de alta variabilidade da proteína P1. Este estudo comparou isolados eslovênios de PVYNTN e norte americanos de PVYN e PVYC. Testes biológicos e sorológicos utilizando anticorpos policlonais e monoclonais não permitiram a diferenciação das estirpes/variantes necróticas. Contudo, utilizando o sistema 3-primer RT-PCR foi possível diferenciar o PVYNTN de nove isolados de PVYN, 13 isolados de PVYO, um isolado de PVYC além de seis vírus e um viróide que comumente ocorrem na batata. Em condições brasileiras, resultados similares foram obtidos através da combinação do 3-primer RTPCR com DAS-Elisa e/ou PCR universal. O sistema mostrou-se efetivo para diferenciar as duas estirpes PVYO e PVYN e a variante necrótica PVYNTN em 28 isolados de PVY originários de distintos estados produtores de batata do Brasil (Tabela 1). Entretanto, a substituição do método de extração de RNA total como proposto por Weilguny e Singh (1998) pelo método de hidrocloreto de guanidina (LOGEMANN et al. 1987) foi essencial para a reprodutibilidade e confiabilidade dos resultados. Vale ressaltar que o sistema foi testado com folhas infectadas de fumo e não foram feitos ensaios com folhas e tubérculos de batata. A presença de arcos ou anéis superficiais nos tubérculos é indicativo da presença da variante necrótica PVYNTN, porém o vírus pode estar presente em tubérculos assintomáticos. Sob condições de casade-vegetação, progênie de tubérculos obtidos a partir de tubérculos-mãe com sintomas de anéis quase sempre são assintomáticos (dados não mostrados). Segundo Le Romancer e Bedekkec (1997), a presença de anéis nos tubérculos está em função do genótipo de batata, virulência do isolado e condições ambientais e de armazenamento dos tubérculos. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR Outros sistemas também têm sido testados para diferenciação de espécies virais e estirpes ou variantes de PVY como métodos de análise de restrição (GLAIS et al., 1996, ROSNER; MASLENIN, 1999) e o sistema de RTPCR multiplex (KLERKS et al., 2001, NIE; SINGH, 2002). Todavia esses sistemas precisam ser avaliados em condições brasileiras. Um outro fator peculiar ao sistema 3-primer RT-PCR é que, diferentemente do sistema taxonômico de diferenciação de espécies virais proposto por Shukla et al. (1994), que preconiza o uso da similaridade da seqüência de aminoácidos da capa protéica para distinção das espécies virais, o sistema 3primer RT-PCR utiliza a proteína P1 para a distinção de estirpes ou variantes dentro da espécie PVY (WEILGUNY; SINGH 1998). Foi possível verificar a detecção da variante necrótica de PVYN e PVYNTN em três dos quatro estados brasileiros pesquisados (MG, SP e SC) porém, isso não significa que o mesmo não esteja presente em outros estados produtores no Brasil. O trabalho de Souza-Dias et. al. (2004) confirma a presença da variante PVYNTN nos estados de MG, SP e acrescenta outros estados como GO e BA. As estirpes PVYO e PVYN têm sido rotineiramente detectadas em todos os estados brasileiros (FIGUEIRA et al.,1996). Um estudo realizado por Moraes (1997) relatou uma maior incidência da estirpe necrótica PVYN (83%) em relação à estirpe comum PVY O (16,4%) nos estados de MG, SP e SC. O sistema 3-primer RT-PCR com as modificações propostas, demonstrou boa capacidade de distinção das estirpes ou variantes de PVY no Brasil. O mesmo possui vantagens como, menos oneroso e razoável rapidez na execução. Esta metodologia possui um excelente potencial para ser adotada para o estudo da detecção e abrangência de PVYNTN no Brasil. Ações futuras serão realizadas em nível principalmente de detecção de estirpes de PVY a partir de folhas e tubérculos de batata. LITERATURA CITADA BECZNER, L.; HORVATH, H.; ROMHANY, I.; FORSTER, H. Studies on the etiology of tuber necrotic ringspot disease in potato. Potato Research, v.27, p.339-352, 1984. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 2. Gel demonstrativo do teste de diferenciação de estirpes em agarose 2%. A combinação de primer utilizada para A, foi PY2/ PY1, PY2 (RT/ PCR). A combinação dos primers em B, foi 2A/ 2A, 2S (RT-PCR). A combinação dos primers em C foi 1A/ 2A, 2S (RT/ PCR). Colunas 1A, 1B e 1C, representam as amostras sadias (controles negativos). Colunas 2, 3, e 4 (A, B, C) são isolados de PVYO: PVYOBR, SC-01 (Ca) e RS-05 (Pe) respectivamente. Colunas 5 e 6 (A, B e C) são estirpes de PVYN, dos isolados: RS-03 (Pe) e PVYNBR. Colunas 7, 8 e 9 são estirpes de PVYNTN dos isolados SC-14 (Ca), MG-01 (Ib) e SP-11 (Vg). Colunas 11A, 10B e 10C representam os brancos da RT. As colunas 10A, 11B e 11C representam os controles positivos da RT [isolado SP-16(Vg)]. Colunas 13A, 12B e 12C representam os brancos da PCR. Coluna 12A, 13B e 13C representam os controles positivos da PCR [isolado SP16(Vg)]. A seta em A indica fragmento amplificado de 1,3 Kbp e em B e C, de 394 pb. Todas as amostras testadas estão representadas na tabela 2. Foi utilizado como marcador de peso molecular, o 1Kb plus (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. CLARK, M.F.; ADAMS, A.N. Characteristics of the microplate method of enzyme linked immunosorbent assay for the detection of plant viruses. Journal of General Virology, v.34, p.475483, 1977. FAO. FAOSTAT Data base Results. Agriculture. Crops primary. Brazil, production and area, 2003. Disponível em: <http://apps.fao.org>. FIGUEIRA, A.R.; PINTO, A.C.S. 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Postal 95, 45083-900 Vitória da Conquista–BA; Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa-MG; 2Bolsista PIBIC/CNPq; E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 RESUMO ABSTRACT Clones de batata-doce foram avaliados em Vitória da Conquista, em experimento, composto por 16 clones oriundos de Janaúba (MG), de Viçosa (MG), Bom Jardim de Minas (MG), Gurupi (TO), Santo Antônio da Platina (PR), Holambra II (SP), Vitória da Conquista (BA) e Condeúba (BA). Os clones avaliados foram: 1; 2; 7; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 25; 29; 30; 36; 38; 44 e 100. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, com 16 tratamentos e 3 repetições. Foram avaliadas as características das raízes tuberosas: produtividade total, peso médio total, produtividade comercial, peso médio comercial, comprimento, diâmetro e formato. Ainda avaliou-se: resistência a insetos de solo e peso de ramas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott–Knott a 5% de probabilidade. Os clones 1; 7; 25; 29 e 38 destacaram-se em produtividade de raízes tuberosas e os clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 em peso de ramas. Os clones 1; 25 e 36 apresentaram melhor comportamento para o comprimento de raízes tuberosas. Palavras-chave: Ipomoea batatas, produtividade, formato de raiz, insetos de solo. Evaluation of sweet potato clones in Vitória da Conquista Sweet potato clones were evaluated in Vitória da Conquista, Bahia State, Brazil. Sixteen clones (1; 2; 7; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 25; 29; 30; 36; 38; 44 and 100), originating from Janaúba, Viçosa, Bom Jardim de Minas, Gurupi, Santo Antônio da Platina, Holambra II, Vitória da Conquista and Condeúba were analyzed. Random plots were utilized with 16 treatments and three repetitions. The following characteristics were evaluated: total root yield, average root weight; commercial root yield; average commercial root weight; length, diameter and form of the roots; resistance to soil insects and branch weight. The data were submitted to variance analysis and Scott– Knott test with 5% probability. Clones 1; 7; 25; 29 and 38 stood out in root yield and the clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29 and 36 stood out in branch weight. Clones 1; 25 and 36 presented the best results concerning the length of roots. Keywords: Ipomoea batatas, yield, root shape, soil insects. (Recebido para publicação em 27 de outubro de 2004 e aceito em 9 de maio de 2005) A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.) é a única espécie da família Concolvulaceae cultivada para fins alimentícios. Outras espécies da mesma família, no entanto, são cultivadas para fins ornamentais na Ásia, África e Austrália (HALL; PHATAK, 1993). No Brasil, a batata-doce é uma cultura antiga, bastante disseminada e de forma geral, cultivada, principalmente, por pequenos produtores rurais, em sistemas agrícolas com reduzida entrada de insumos (SOUZA, 2000). Segundo Figueiredo (1995), em virtude dessa hortaliça apresentar elevada rusticidade e amplo espectro de potencialidade de uso, a batata-doce apresenta-se como espécie de interesse econômico, principalmente, para países em desenvolvimento e com escassez de alimentos para a população. O potencial de produção da batatadoce é alto, por ser uma das plantas com maior capacidade de produzir energia Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 por unidade de área e tempo (Kcal/ha/ dia). As ramas e raízes tuberosas são largamente utilizadas na alimentação humana, animal e como matéria-prima nas indústrias de alimento, tecido, papel, cosmético, preparação de adesivos e álcool carburante. Seu consumo per capita é bastante variado, desde 2 kg/ hab/ano, nos Estados Unidos a 114 kg/ hab/ano no Burundi (CIP, 2001). O Brasil ocupa o décimo lugar na produção de batata-doce, produzindo em torno de 498.046 t/ano, com área plantada de 43.959 ha e produtividade média de 11,5 t/ha (IBGE, 2002). Dentre os motivos para essa baixa produtividade destacam-se o uso de variedades pouco produtivas e o baixo nível tecnológico empregado (CNPH, 2001). O cultivo relativamente simples e pouco dispendioso, torna-a uma hortaliça muito popular e bastante consumida. A região Sul é a maior produtora de batata-doce, com cerca de 251.219 t/ano, seguida da região Nordeste, com produção média de 158.474 t/ano. O Estado da Bahia produz 19.072 t/ano, sendo que apenas 108 t são produzidas no município de Vitória da Conquista (IBGE, 2002). Segundo Murilo (1990), a batatadoce é a quarta hortaliça mais consumida pela população brasileira, com média de 3,6 kg/hab/ano, superada apenas pela batata, tomate e abóbora. Conforme Miranda et al. (1989), nas regiões Sul e Nordeste, o consumo médio é estimado em cerca de 5,6 e 6,8 kg, respectivamente. A batata-doce é excelente fonte de nutrientes e de energia devido aos teores de carboidratos, açúcares, sais minerais, vitaminas A, C e complexo B. Além disso, contém também grande quantidade de metionina, que é um dos aminoácidos essenciais para o bem estar dos seres humanos (MIRANDA et al., 1989). 911 A. D. Cardoso et al. A batata-doce apresenta grande diversidade fenotípica e genotípica. A maioria dos produtores utiliza variedades regionais, sendo que grande parte delas é pouco produtiva e suscetível a pragas e doenças (MIRANDA et al., 1984). A base do melhoramento de uma cultura está em sua variabilidade genética, ou seja, na diversidade de resposta às melhores práticas agronômicas, resistência a pragas e doenças, tolerância à seca e muitas outras características. A utilização eficiente dessa variabilidade depende, em primeiro lugar, de uma coleção bem mantida e significativa das variações intra e interespecífica disponíveis; em segundo lugar, de uma completa avaliação dos caracteres de cada acesso; em terceiro lugar, de um programa de ensaios avançados avaliando os melhores materiais sob condições representativas e de um programa de hibridação para combinar as características de genótipos distintos (HERSEY; AMAYA, 1982). Apesar da importância da batatadoce no Brasil, são poucos os trabalhos de pesquisa visando selecionar e indicar cultivares para as diferentes regiões do país, sendo este um dos principais problemas enfrentados pelos produtores (CNPH, 1995). Existe no Brasil um número elevado de cultivares, com enorme diversidade genética entre elas. Como praticamente em todos os municípios brasileiros existem cultivares locais, é comum encontrar uma mesma cultivar com nomes diferentes ou diferentes cultivares com o mesmo nome. Segundo Silveira (1993) e Jones et al. (1986), o Brasil possui um vasto germoplasma de batata-doce, mantido por pequenos agricultores, comunidades indígenas e, até mesmo, em hortas domésticas que pode ser avaliado, selecionando-se os mais adequados. O presente trabalho teve como objetivo avaliar características agronômicas de clones de batata-doce provenientes de diferentes locais cultivados em Vitória da Conquista. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em área experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitó912 ria da Conquista (BA), a 14º53’51" latitude sul e 40º48’23" longitude oeste, à altitude média de 900m. A precipitação média anual está em torno de 700 a 1200 mm/ano. O solo da área experimental foi classificado como Cambissolo Háplico Tb, Distrófico, com textura média, topografia suavemente ondulada e plana e boa drenagem. Foram utilizados clones de batatadoce, provenientes do Banco de Germoplasma da EPAMIG e da UFV e coletados junto a agricultores da região. Os clones são citados e classificados pelo local de origem, segundo Oliveira (2002): Clones 1; 2; 7; 9; 14; 15 e 17 de Janaúba (MG); Clone 19 de Viçosa (MG); Clones 23 e 25 de Bom Jardim de Minas (MG); Clones 29 e 30 de Gurupi (TO); Clone 36 de Santo Antônio da Platina do (PR); Clone 38 de Holambra II (SP); Clone 44 de Vitória da Conquista (BA) e Clone 100 de Condeúba BA). O preparo do solo foi feito como recomendado para a cultura da batatadoce. O solo foi arado, gradeado e, em seguida, enleirado. Não foram feitas calagem e adubação, objetivando simular ambiente que prevalece nas áreas de cultivo dessa cultura nas pequenas e médias propriedades agrícolas da região. As ramas foram selecionadas, padronizadas e cortadas com 50 cm de comprimento antes do plantio. Por ocasião do plantio (23/03/2003) utilizou-se leiras, com 30 cm de altura e espaçamento de 1,5 m x 0,25 m. No decorrer do experimento, os tratos culturais foram restritos às capinas e irrigações, feitos sempre que necessário. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com 16 tratamentos (clones) e três repetições, sendo a parcela experimental composta por 6 plantas úteis. Após a colheita, feita em outubro de 2003, foram avaliadas as características a) Produtividade de raízes tuberosas, obtida pela pesagem de todas as raízes tuberosas da parcela; b) Peso médio das raízes tuberosas obtido pela divisão da produção total de raiz tuberosa pelo número total de raízes tuberosas da parcela; c) Produtividade comercial selecionando-se todas as raízes tuberosas com peso >80 g da parcela; d) Peso médio das raízes comerciáveis obtido pela divisão da produção comercial pelo número total de raízes comerciáveis da parcela; e) Peso de ramas frescas obtido pela pesagem de toda parte aérea da parcela; f) Comprimento de raízes tuberosas medindo-se individualmente o seu comprimento com o auxílio de uma régua; g) Diâmetro de raízes tuberosas determinado na porção central da raiz com auxílio de um paquímetro; h) Formato de raízes tuberosas determinado por meio de uma escala de notas estabelecida por França et al. (1983), citados por Azevedo et al. (2000), sendo a nota 1 atribuída para raízes com formato fusiforme, regular, sem veias ou qualquer rachaduras; nota 2 para raízes com formato considerado bom, próximo de fusiforme, com algumas veias; nota 3 para raízes com formato desuniforme, com veias e bastante irregular; nota 4 para raízes muito grandes, com veias e rachaduras (indesejável comercialmente) e nota 5 para raízes totalmente fora dos padrões comerciais, muito irregulares e deformadas, com muitas veias e rachaduras. A atribuição das notas foi feita em raízes comerciáveis, tomadas ao acaso em cada parcela; i) Danos causados por insetos de solo utilizando-se escala de notas estabelecida por França et al. (1983) citados por Azevedo et al. (2000), sendo a nota 1 atribuída para raízes livres de danos, com aspecto comercial desejável; nota 2 para raízes com poucos danos, perdendo um pouco com relação ao aspecto comercial (presença de algumas galerias e furos nas raízes); nota 3 para raízes com danos verificados sem muito esforço visual (presença de galerias e furos nas raízes em maior intensidade), com aspecto comercial prejudicado; nota 4 para raízes com muitos danos, praticamente imprestáveis para comercialização (presença de muitas galerias, furos e início de apodrecimento) e nota 5 para raízes totalmente imprestáveis para fins comerciais (repletas de galerias, furos e apodrecimento mais avançado). A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa SAEG, versão 8.0, procedendo-se à análise de variância e, posteriormente, as médias dos tratamentos foram agrupadas através do teste de Scott-Knott (1974), a 5% de probabilidade. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a produtividade de raízes tuberosas, foi possível separar os clones avaliados em 2 grupos (Tabela 1). O primeiro composto pelos clones 1; 7; 25; 29 e 38, apresentou a maior produtividade que o segundo grupo composto pelos clones 2; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 30; 36; 44 e 100. Somente quatro clones (14; 19; 30 e 44) apresentaram produtividade inferior à média nacional que é de 8,7 t ha-1 (EMBRAPA, 2003). Azevedo et al. (2000) avaliando o desempenho de clones de batata-doce verificaram produção total máxima de 33,5 t ha-1 com o clone 92762 e mínima com 8,2 t ha-1com o clone 92676. O valor obtido para peso médio das raízes tuberosas variou de 91 a 212,7 g sem diferença entre os clones. Pode-se constatar que os clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 destacaram-se apresentando maior peso de ramas, com valor máximo de 14,1 t ha-1 (Tabela 1). Os clones 14; 15; 19; 23; 30; 38; 44 e 100 apresentaram os mais baixos valores de peso de ramas. Não houve diferença estatística entre os clones avaliados para peso médio de raízes comerciáveis, sendo que os dados obtidos variaram de 102 a 286 g. Azevedo et al. (2000) avaliando clones de batata-doce também não encontraram diferença significativa entre clones para esta característica. Na Tabela 1, observou-se que os clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29; 36 e 38 apresentaram maior produtividade comercial, com valor máximo de 21,3 t ha-1. Peixoto et al. (1999) avaliando clones de batata-doce em Uberlândia, encontraram produtividade variando entre 28,0 t ha-1 e 0,7 t ha-1. O clone 1, oriundo de Janaúba (MG), foi o que mais se aproximou do valor encontrado por esses autores, com produtividade comercial de 21,2 t ha-1. Houve diferença significativa entre os clones para a característica comprimento de raízes tuberosas, sendo os clones 1; 36 e 25 os que apresentaram maiores valores, com 20,69 cm, 18,85 cm e 17,03 cm de comprimento, respectivamente (Tabela 1). Figueiredo (1993) Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Médias de produtividade de raízes tuberosas (PRT), peso de ramas (PR), produtividade comercial (PC) e comprimento das raízes tuberosas (CRT) em clones de batata-doce, 2004. Vitória da Conquista, UESB, 2004. PRT (t ha-1) PR (t ha-1) PC (t ha-1) CRT (cm) 1 (Janaúba - MG) 28,5 a 14,1 a 21,3 a 20,69 a 7 (Janaúba - MG) 23,9 a 8,6 a 11,0 a 17,03 a 25 (Bom Jardim de Minas - MG) 27,7 a 10,5 a 17,1 a 18,85 a Clone 29 (Gurupi - TO) 23,2 a 9,9 a 12,3 a 15,00 b 38 (Holambra II - SP) 20,2 a 3,4 b 11,5 a 15,05 b 2 (Janaúba - MG) 13,5 b 6,7 a 19,4 a 16,17 b 9 (Janaúba - MG) 16,7 b 6,3 a 19,2 a 13,47 b 14 (Janaúba - MG) 4,1 b 2,1 b 11,6 a 15,43 b 15 (Janaúba - MG) 12,2 b 4,1 b 13,5 a 13,56 b 17 (Janaúba - MG) 15,4 b 7,5 a 2,9 b 14,72 b 19 (Viçosa - MG) 7,5 b 2,8 b 6,0 b 15,19 b 23 (Bom Jardim de Minas - MG) 8,8 b 3,0 b 4,6 b 15,40 b 30 (Gurupi - TO) 7,8 b 2,6 b 5,9 b 12,31 b 36 (St. Antônio de Platina - PR) 15,7 b 11,5 a 5,5 b 15,22 b 44 (Vitória da Conquista - BA) 8,4 b 1,4 b 4,4 b 13,64 b 100 (Condeúba - BA) 9,9 b 2,6 b 7,0 b 13,18 b 59,02 13,92 C.V. (%) 46,64 52,72 *Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. obteve valores próximos nas cultivares Paulista e Uberlândia, com 21,5 cm e 18,0 cm, respectivamente. Os demais clones analisados apresentaram comportamento inferior em relação a esta característica. Não houve diferença significativa para formato de raiz tuberosa entre os clones avaliados. Todos os clones apresentaram nota de formato de raiz inferior a 3,0, variando de 1,63 a 2,27. Segundo Azevedo et al. (2000), os clones que mais se aproximaram do formato ideal fusiforme (menores notas) são os mais promissores, pois o formato é considerado uma importante característica comercial da batata-doce. Peixoto et al. (1999) encontraram formato de clones próximos ao ideal, mas também diversos clones com nota superior a 3,0. Assim, os clones analisados em Vitória da Conquista apresentaram bom desempenho em relação a essa característica, sendo considerados bastante promissores. Não foi encontrada diferença significativa entre os clones avaliados para diâmetro de raízes tuberosa, que variou de 2,98 a 5,63 cm. A média geral do experimento foi de 4,36 cm. Figueiredo (1993) encontrou valores médios de diâmetro de 5,3 cm na cultivar Paulista e 4,8 cm na cultivar Uberlândia, valores estes também próximos à média de diâmetro encontrado neste trabalho. Segundo Miranda et al. (1995), as raízes tuberosas de batata-doce de melhor classificação (extra A) devem apresentar diâmetro entre 5 e 8 cm e comprimento variando entre 12 e 16 cm. Não houve diferença significativa entre os clones em relação à resistência aos insetos de solo. Os clones 25; 29; 36; 38; 44 e 100 apresentaram notas inferiores a 2,0, com alta ou moderada resistência a insetos de solo. Os clones 1; 2; 7; 9; 14; 15; 17; 19; 23 e 30 alcançaram notas entre 2,0 e 2,6, sendo estes clones os mais resistentes a danos causados pelos insetos, em relação aos demais. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e à Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES). LITERATURA CITADA AZEVEDO, S.M.; FREITAS, J.A.; MALUF, W.R.; SILVEIRA, M.A. Desempenho de clones e métodos de plantio de batata-doce. Acta Scientiarum, v.22, n.4, p.901-905, 2000. 913 A. D. Cardoso et al. CENTRO INTERNACIONAL DE LA PAPA (CIP). La batata em cifras: producción, utilización, consumo e alimentación. Disponível em: <http// :www.cipotato.org>. Acesso em: 3 jul. 2001. CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE HORTALIÇAS. Cultivo da batata-doce. Brasília: EMBRAPA/CNPH, v.7, 1995, 18 p. (Instruções técnicas do CNP Hortaliças) EMBRAPA. Cultivares desenvolvidas pela Embrapa hortaliças. Disponível em: <http:// www.cnpmf.embrapa.br>. Acesso em: 20 nov. 2003. 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Postal 74511, 23890-000 Seropédica-RJ; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Diante da propriedade inibitória de óleos essenciais vegetais sobre o desenvolvimento micelial de fungos e da importância das espécies do grupo Aspergillus flavus, que apresentam potencial para síntese de aflatoxina, este trabalho teve como objetivo avaliar in vitro a toxicidade de óleos essenciais vegetais contra fungos do grupo A. flavus, isolados a partir da cultura do amendoim. Inicialmente, foi avaliada a toxicidade de oito óleos essenciais vegetais no desenvolvimento micelial de dois isolados do grupo A. flavus, em comparação ao fungicida sintético benomyl. Em seguida, foi avaliada a toxicidade dos óleos de casca de canela (Cinnamomum zeilanicum Breym.) e de bulbilho de alho (Allium sativum L.) contra 37 isolados do grupo A. flavus, durante 12 meses. A maior inibição do desenvolvimento micelial de A. flavus foi obtida com o emprego dos óleos essenciais de casca de canela e de bulbilho de alho, e o efeito inibitório variou com o isolado testado. Evaluation of essential oils from Allium sativum and Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of the Aspergillus flavus group Palavras-chave: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativum L., Arachis hypogaea L. Keywords: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativum L., Arachis hypogaea L. Considering the inhibitory property of essential plant oils on the mycelial development of fungi, and the importance of Aspergillus flavus-like fungi which may produce aflatoxins, this research was designed to evaluate the toxicity of essential oils against fungi belonging to the group A. flavus isolated from peanut crops. The toxicity of eight essential oils against two isolates of A. Flavus–like fungi was evaluated in comparison to the synthetic fungicide benomyl. The toxicity of Cinnamomum zeilanicum Breym. and Allium sativum L. essential oils was also evaluated against 37 fungal isolates for a period of 12 months. The highest inhibition of the mycelial development of A. flavus was obtained with cinnamon and garlic essential oils. The inhibitory effect on growth was variable according to the fungal isolate. (Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) A lguns fungos dos gêneros Aspergillus, Fusarium e Penicillium podem causar problemas no consumo de grãos de amendoim, tanto in natura ou quando submetidos à extração de óleos, diminuindo o valor nutricional e podendo produzir micotoxinas, dentre elas as aflatoxinas, sintetizadas principalmente por fungos do grupo Aspergillus flavus e que apresentam potencial para causar doenças em animais e em seres humanos (ANGLE et al., 1982; DHINGRA; COELHO NETO, 1998) . Em amendoim, a prevenção da contaminação com aflatoxina tem sido obtida com uso de cultivares resistentes (BASHRA et al., 1994), com a adoção de algumas práticas que controlam a colonização de fungos com potencial aflatoxigênico, tais como calagem (ROSSETTO et al., 2003), secagem (FERNANDEZ et al., 1997) e escolha 1 do tipo de solo (ANGLE et al., 1982) ou que interferem na biossíntese de aflatoxina (REDING; HARRINSON, 1994), e com procedimentos para a remoção dos grãos contaminados com base em cor e flutuação (DICKENS; WHITAKER, 1975), ou ainda utilizando peróxido de hidrogênio (CLAVERO et al., 1993). O potencial para controle pós-colheita de fungos do grupo Aspergillus flavus tem sido demonstrado empregando-se produtos com propriedades fungitóxicas, principalmente o benomyl (MAEDA et al., 1995; VANZOLINI et al., 2000). A literatura também relata a ação de extratos de alho (Allium sativum L.) (BILGRAMI et al. 1992) e de óleos essenciais de capim limão (Cymbopogon citratus Stapf) a 3000 ppm em meio BDA (MISHRA; DUKEY, 1994), de manjericão (Ocimum basilicum L.) a 6,0 ml L-1 em meio Czapek-dox ágar (DUBE et al., 1989), de sementes de cenoura (Daucus carota L.) a 3000 ppm (DWIVEDI et al., 1991) e de rizomas de Nardostachys jatamansi DC a 1000 ppm em Czapekdox agar, como eficientes no controle de A.flavus. Além destes, Mahmoud (1994) observou que citral, citronela e ulgenol impediram o crescimento de A. flavus e a produção de aflatoxina até os oito dias de incubação. Entretanto, após 15 dias, houve incremento da produção de toxinas. Em relação a outros fungos, Mishra e Dubey (1994) constataram atividade fungitóxica do óleo essencial de capim limão a 1500 ppm em meio BDA sobre fungos dos gêneros Penicillium, Alternaria, Fusarium e Botrytis. Mishra et al. (1995) verificaram que Fusarium oxysporum apresentou inibição de seu crescimento micelial quando submetido ao óleo essencial de rizomas de Parte da Tese de Doutorado apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-graduação em Fitotecnia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 915 E. C. Viegas et al. Nardostachys jatamansi na concentração de 1000 ppm em meio Czapek-dox ágar. O objetivo deste trabalho foi avaliar in vitro a toxicidade de óleos essenciais vegetais contra fungos do grupo A. flavus isolados a partir da cultura do amendoim. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos em laboratórios da UFRRJ em 2003, empregando óleos essenciais de diversas plantas, solubilizados em dimetil sulfóxido (DMSO) e em metanol (MeOH), que foram fornecidos pela EMBRAPA/CTAA, após extração pelo método do arraste do vapor, (LANGANAU, 1979) e armazenados em congelador, no período de 1986 a 2001. Para avaliar a toxicidade dos óleos essenciais no desenvolvimento de fungos do grupo Aspergillus flavus, foi utilizado o método da escavação em placas de Petri (MORAIS, 2000) contendo meio BDA (DHINGRA; SINCLAIR, 1995). Primeiramente, foram selecionados dois isolados de fungos do grupo A. flavus (T52 e T63), obtidos de sementes de amendoim, no cultivo da seca de 2001, e que estavam armazenados em óleo mineral por seis meses em câmara fria. Para o preparo do inóculo, estes isolados foram incubados em meio BDA a 20°C por sete dias e fotoperíodo de 12 horas. Em seguida foram feitas suspensões de conídios em água esterilizada e a concentração ajustada para 10 7 conídios ml -1 , com auxílio de hemacitômetro, conforme testes preliminares. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, empregando-se 10 tratamentos, sendo 8 óleos essenciais na dosagem de 2,0 mg ml-1 de solvente, e duas testemunhas, o solvente DMSO na dosagem de 1,0 mg ml-1 de metanol e benomyl na dosagem de 0,2 mg 20 ml-1 de água destilada. As dosagens dos óleos essenciais e do fungicida foram selecionadas em testes preliminares. Assim, para cada um dos dois isolados do fungo, foi adicionado 0,1 ml de suspensão de conídios em cada placa de Petri contendo meio 916 BDA. Em seguida foram realizados três orifícios de 7 mm com auxílio de cilindro de cobre. Nestes orifícios foram aplicados com auxílio de pipeta automática o óleo essencial, o solvente ou o fungicida sintético, conforme o tratamento. A incubação foi realizada a 20oC e fotoperíodo de 12 horas por sete dias. Após este período a avaliação foi realizada com a medição do diâmetro dos halos de inibição. Para confirmar os resultados foi repetido o experimento anterior, porém apenas com o isolado T52. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com três repetições, empregando-se seis tratamentos, sendo quatro óleos essenciais na dosagem de 2,0 mg ml-1 de solvente, e duas testemunhas, o solvente DMSO na dosagem de 1,0 mg ml-1 de metanol e benomyl na dosagem de 0,2 mg 20 ml-1 de água destilada. A ação dos tratamentos sobre o isolado T52 foi avaliada após incubação a 20oC e fotoperíodo de 12 horas por sete dias. Os demais procedimentos foram idênticos ao anterior. A partir dos resultados observados nos dois ensaios anteriores foi realizado o terceiro ensaio, seguindo-se os mesmos procedimentos, a fim de se confirmar a toxicidade dos óleos de canela (Cinnamomum zeilanicum Breym) e de alho (Allium sativum L.) em relação a diferentes isolados do grupo Aspergillus flavus. Para tanto, foi testada a ação dos óleos contra 32 diferentes isolados do fungo, obtidos no cultivo de amendoim no período das águas de 2001. Adotouse o delineamento em blocos ao acaso, em esquema fatorial 2x32 (duas substâncias e 32 isolados), e três repetições. Por placa, foi adicionado 0,1 ml de suspensão na concentração de 5.107 conídios ml-1 de água destilada. Em seguida, foram realizados três orifícios de 7 mm com auxílio de cilindro de cobre. Nestes orifícios foram aplicados com auxílio de pipeta automática, 2,0 mg de óleo essencial solubilizado em 1,0 ml de solvente (DMSO + metanol). Após sete dias de incubação a 20oC e fotoperíodo de 12 horas foi realizada a medição do diâmetro dos halos de inibição. Após 12 meses de armazenamento dos extratos foi repetido o experimento anterior, adotando-se delineamento in- teiramente casualizado em esquema fatorial 2x5 (dois óleos essenciais, de alho e de canela, e cinco isolados fúngicos obtidos da cultura do amendoim, no cultivo da seca de 2001), com três repetições. Os demais procedimentos foram idênticos ao experimento anterior. Da região central e periférica dos halos de inibição foram retiradas, com auxilio de estilete estéril, três amostras de meio de cultura, que foram repicados para placas de Petri contendo meio BDA. Após sete dias de incubação a 20oC e fotoperíodo de 12 horas foi realizada a avaliação visual do crescimento do fungo. O efeito do óleo essencial foi considerado “fungistático” quando se observou crescimento do fungo após a repicagem, e “fungicida” quando não houve qualquer crescimento. Os dados foram submetidos aos testes de normalidade (Lilliefors) e de homocedasticidade (BARTLEY; COCHRAN) (RIBEIRO JÚNIOR, 2001). Quando não foi observada a homogeneidade da variância, os dados foram transformados para log (x). Em seguida foram realizadas as análises de variância e teste de Tukey ou ScottKnott, para comparação das médias, ambos a 5% de probabilidade (PIMENTEL GOMES, 1966). Nas tabelas são apresentadas as médias originais, sem transformação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre os óleos essenciais testados no primeiro teste, constatou-se com base nos diâmetros dos halos de inibição formados que o isolado T63 teve o seu desenvolvimento micelial reduzido de maneira mais acentuada pelos óleos de bulbilho de alho e de casca de canela. Para o isolado T52 constatou-se maior inibição pelos óleos de folhas de sálvia e de casca de canela. No entanto, estes óleos sempre apresentaram eficiência significativamente menor que o padrão fungicida. O óleo de pimenta do reino não inibiu o crescimento micelial de nenhum dos dois isolados, enquanto que os de capim limão e de pimenta longa apresentaram pequena inibição apenas do isolado T52 (Tabela 1). No segundo teste, quando foram avaliados apenas os óleos de sálvia, alho Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus Tabela 1. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo Aspergillus flavus, isolados de sementes de amendoim no cultivo da seca, em resposta ao emprego de óleos essenciais vegetais, do solvente DMSO+metanol (50% v/v) e do fungicida Benomyl. Seropédica, UFRRJ, 2003. Cultura/origem Nome vulgar Parte utilizada Nome científico 1o teste T52/semente 2o teste T63/semente T52/semente Sálvia Salvia officinalis L. Folha Alho Allium sativum L. bulbilho Canela Cinnamomum zeilanicum Breym. Folha fresca Canela Cinnamomum zeilanicum Breym. Casca Capim limão Cymbopogon citratus Stapf. Folha 3,7c 0,0c - Pimenta da Jamaica Pimenta officinalis Fruto 3,3c 0,0c - 11,7b* 4,3bc 7,3bc 10,3bc 0,0c 5,2cd 11,7bc 8,8bc 5,0bc 13,0b 4,0cd 13,3b Pimenta do Reino Piper nigrum L. Fruto 0,0c 0,0c Gengibre Zingiber officinale Rox. Rizoma 3,7bc 3,3bc Solvente - - 0,0c 0,0c 0,0d Benomyl - - 35,0a 20,3a 40,0a 46,41 37,12 37,05 C.V.(%) - *Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade. e canela, foram confirmados os resultados relacionados à inibição do crescimento do isolado T52 pelos óleos essenciais de casca de canela e de bulbilho de alho (Tabela 1). Os óleos essenciais de alho e de canela possivelmente possuem um princípio ativo com ação fungicida conforme constatado também por Bolkan et al. (1981), avaliando a toxicidade de extrato de alho sobre Fusarium monilforme e Rhizoctonia solani. Além disso foi constatada toxicidade de extrato de óleo contra Aspergillus flavus (BILGRAMI et al., 1992), Crinipellis perniciosa, Phytophthora palmivora (BASTOS, 1992), Curvularia spp., Alternaria spp. (BARROS et al., 1995) e Colletotrichum gloeosporiodes (RIBEIRO; BEDENDO, 1999). Utilizando óleo essencial de alho, Chalfoun e Carvalho (1987) também constataram inibição do crescimento micelial de Gibberella zeae (Schw.), Alternaria zinniae Pape e Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid. Foi constatada maior toxicidade do óleo essencial de casca de canela que do de bulbilhos de alho, expressa pelos maiores halos de inibição promovidos pelo primeiro em relação ao segundo para a maioria dos isolados testados (Tabela 2). Foi observada ainda resposta diferencial dos isolados quando à sensibilidade aos dois óleos essenciais testados, detectada pelo teste de ScottKnott. O óleo essencial de alho promoveu halos de inibição que variaram enHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 2. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo Aspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo das águas, em resposta ao emprego de óleos essenciais de alho e de casca de canela. Seropédica, UFRRJ, 2003. Culturas Origem Y27 Y82 Y62 Y75 Y11 Y5 Y48 Y10 Y19 Y8 Y43 Y36 Y100 Y67 Y29 Y52 Y59 Y13 Y113 Y12 Y54 Y128 Y66 Y88 Y50 Y65 Y111 Y80 Y73 Y99 Y104 Y130 C.V.(%) Semente Semente Solo Vagem Solo Solo Vagem Solo Solo Solo Semente Vagem Vagem Solo Semente Semente Solo Solo Solo Solo Vagem Semente Solo Vagem Vagem Solo Solo Semente Vagem Semente Solo Semente Extratos Bulbilho de alho Casca de canela 12,0Bc* 22,0Aa 12,0Bc 20,0Aa 10,0Bd 20,0Aa 9,0Bd 20,0Aa 7,0Be 20,0Aa 13,0Bb 19,0Aa 12,0Bc 18,0Ab 12,0Bc 17,0Ab 12,0Bc 17,0Ab 11,0Bc 17,0Ab 10,0Bd 17,0Ab 10,0Bd 17,0Ab 15,0Aa 16,0Ab 12,0Bc 15,0Ac 11,0Bc 15,0Ac 11,0Bc 15,0Ac 11,0Bc 15,0Ac 10,0Bd 15,0Ac 10,0Bd 15,0Ac 10,0Bd 15,0Ac 10,0Bd 15,0Ac 7,0Be 15,0Ac 12,0Bc 14,0Ac 10,0Bd 14,0Ac 10,0Bd 13,0Ac 10,0Bd 13,0Ac 12,0Ac 12,0Ad 12,0Ac 12,0Ad 11,0Ac 11,0Ad 10,0Ad 10,0Ae 10,0Ad 10,0Ae 7,0Be 10,0Ae 2,13 *Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferem entre si a 5% de probabilidade. 917 E. C. Viegas et al. Tabela 3. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo Aspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca, em resposta ao emprego de óleo de alho e de canela, após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003. Culturas Origem Bulbilho de alho Casca de canela T2 Solo 8,0Ba* 20,0Aa T20 Semente 8,3Ba 15,8Aab T24 Semente 9,5Aa 9,5Ab T35 Pericarpo do fruto 12,0Aa 14,6Aab T55 Pericarpo do fruto 8,0Ba 15,0Aab C.V.(%) 13,865 *Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferem entre si a 5% de probabilidade. Tabela 4. Avaliação da atividade dos óleos de alho e de casca de canela sobre isolados de fungos do grupo Aspergillus flavus, isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca, após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003. Culturas Origem T2 Bulbilho de alho Casca de canela Centro halo Periferia halo Centro halo Periferia halo Solo Fungistática Fungistática Fungicida Fungistática T20 Semente Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática T24 Semente Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática T35 Vagem Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática T55 Vagem Fungistática Fungistática Fungistática Fungistática tre 7,0 e 15,0 mm. Porém para 34% dos isolados testados, estes halos foram maiores do que 12,0 mm, valor considerado por Gunatilaka et al. (1994) como ideal para testes in vitro. O óleo essencial de canela proporcionou halos de inibição que variaram entre 10,0 e 22,0 mm, com valores maiores que 12,0 mm para 87% dos isolados testados. Wilson et al. (1997) constataram que o extrato do gênero Allium e o óleo essencial de Cinnamomum zeilanicum demonstraram a maior atividade antifúngica sobre Botrytis cinerea, em relação aos demais extratos e óleos essenciais testados. Em geral, os óleos foram ativos contra todos os isolados do grupo A. flavus testados, conformando ainda dos resultados de Morais (2000) que cita grande variação quanto à sensibilidade de fungos a óleos essenciais. Após 12 meses de armazenamento dos óleos, foi constatado maior diâmetro dos halos de inibição quando se empregou o óleo de casca de canela em comparação ao óleo de bulbilho de alho (Tabela 3). Além disso, quando foi aplicado o óleo de casca de canela, observou-se maior diâmetro de halo de inibição para T2, isolado do solo, que para o 918 T24, isolado de semente. Já quando foi empregado o óleo de alho não foi constatada diferença entre os isolados quanto à sensibilidade, com base nos diâmetros dos halos de inibição formados. Quando foi realizada a repicagem a partir da região dos halos de inibição foi observado que, dos pontos retirados próximos ao centro, somente não houve crescimento do isolado T2 quando foi empregado o óleo de casca de canela (Tabela 4). Para os demais isolados houve crescimento micelial, inclusive das amostras retiradas a partir do centro dos halos (Tabela 4). Para Mishra e Dubey (1994), o potencial antifúngico por longa duração facilita o isolamento futuro dos componentes dos óleos. Pode-se concluir que a maior inibição relativa, in vitro, do desenvolvimento micelial de A. flavus foi obtida com o emprego dos óleos essenciais de bulbilho de alho e principalmente, de casca de canela. Existe variabilidade na população do fungo quanto à sensibilidade aos óleos. Novos estudos são necessários a fim de se comprovar a eficiência destas substâncias no controle de Aspergillus flavus em sementes destinadas ao consumo ou à semeadura. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao CNPq pela bolsa de PQ concedida aos dois últimos autores. LITERATURA CITADA ANGLE, J.S.; DUNN, K.A.; WAGNER, G.H. Effect of cultural practices on the soil populations of Aspergillus flavus and Aspergillus parasiticus. 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Tecnologia Agroindustrial e Sócio-Economia Rural, Araras-SP; E-mail: [email protected]; 3 UFRRJ, Engenharia Agronômica, Seropédica-RJ; 4CETEM/MCT, Rio de Janeiro-RJ RESUMO ABSTRACT Neste trabalho foi avaliado e relaciondar a produção, teores de N, P e K e a aparência de alface cultivada em substrato com zeólita enriquecida com N, P e K. Os tratamentos utilizados foram quatro níveis (20; 40; 80 e 160 g/vaso) de zeólitas enriquecidas com H3PO4/ apatita, KNO3 e KH2PO4, além de uma testemunha cultivada em solução nutritiva. Avaliou-se a produção da alface e os teores de N, P e K no tecido da parte aérea. O teste de ordenação foi utilizado para comparar a aparência das amostras. A alface cultivada em meio com zeólita enriquecido com fontes de fósforo apresentou maior produção e qualidade visual equivalente à alface testemunha, cultivada em solução nutritiva. Houve correlações significativas entre os teores de N e os atributos sensoriais cor e tamanho, e entre os teores de P e o tamanho das plantas. A análise sensorial foi uma ferramenta adequada para avaliar a qualidade da alface. Yield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and potassium in lettuce grown in substrate with zeolite Palavras-chave: Lactuca sativa, estilbita, análise sensorial, teste de ordenação. In this research we evaluated and related yield and tissue levels of N, P and K in shoot tissues and appearance of lettuce plants grown in a substrate with N, P and K enriched with zeolite. Treatments comprised of four levels (20; 40; 80 and 160 g/pot) of zeolite enriched with H3PO4/apatite, KNO3 and KH2PO4, and a control grown in a nutrient solution. Lettuce yield and N, P and K levels in the shoot tissues were evaluated. Ordering test was carried out to compare the appearance of the samples. Lettuces grown in substrate with zeolite enriched with phosphorus sources showed higher yield, and equivalent visual quality in comparison with the control. There were significant correlations between N level in tissues and the sensory attributes of plant color and size, and between the P levels and the size of the plant. The sensory analysis of the appearance was an adequate tool to identify the quality of lettuce. Keywords: Lactuca sativa, stilbite, sensory analysis, preference test. (Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005) A alface é a mais popular das hortaliças folhosas e seu consumo ocorre principalmente na forma natural. Assim, o aumento da produção dessa hortaliça é necessário devido ao aumento do consumo, função da crescente elevação populacional e da mudança no hábito alimentar do consumidor, em razão da conscientização sobre a importância nutricional das hortaliças (CORTEZ et al., 2002). É importante alimento para a saúde humanas, por ser fonte de vitaminas e de sais minerais, além de apresentar baixo valor calórico. Com a tendência de crescimento do mercado hortícola, os produtores têm adotado novos sistemas de cultivo, como os protegidos (túneis e estufas) e o hidropônico, em alternativa ao sistema tradicional a campo. Existe ainda uma nova possibilidade que é o cultivo zeopônico, no qual plantas são cultivadas em substrato artificial composto 920 pelo mineral zeólita misturados a rochas fosfáticas, e que funciona como um sistema de liberação controlada e renovável de nutrientes para as plantas. Este mineral apresenta três propriedades principais, que conferem grande interesse para uso na agricultura pela alta capacidade de troca de cátions, alta capacidade de retenção de água livre nos canais e alta habilidade na adsorção. Assim, a zeólita pode atuar na melhoria da eficiência do uso de nutrientes por meio do aumento da disponibilidade de P da rocha fosfática, na melhora do aproveitamento do N (NH4+ e NO3-) e redução das perdas por lixiviação dos cátions trocáveis, especialmente K+ e também como um fertilizante de liberação lenta (ALLEN et al., 1995; NOTARIO-DEL-PINO et al., 1994; BARBARICK et al., 1990). No entanto, não bastam alternativas viáveis para o aumento quantitativo da produção e a manutenção do fornecimento o ano todo, pois o consumidor de hortaliças tem se tornado mais exigente, havendo necessidade de se obter principalmente produtos de qualidade. A qualidade final de um produto agrícola é resultado de diversos fatores, entre estes os níveis de fornecimento de nutrientes. A qualidade é a soma de todas características combinadas que produzam uma hortaliça com valor nutritivo, aceitável e desejável como alimento humano. A aparência externa das hortaliças é de grande importância, uma vez que o consumidor somente adquire o produto mais atrativo. A análise sensorial pode ser uma ferramenta adequada para avaliar a qualidade ou aparência externa das hortaliças. Esta técnica é utilizada para medir, analisar e interpretar de forma rápida e criteriosa os atributos físicos e químicos dos alimentos através da percepção Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita pelos sentidos da visão, olfato, tato, audição e gustação (MATTHHEIS; FELLMAN, 1999; MEILGAARD et al., 1988; AMERINE et al., 1965). Esta avaliação baseia-se em técnicas que são fundamentais na percepção psicológica e fisiológica, sendo que o grau de apreciação de um produto alimentício está ligado a um processo subjetivo. O sentido da visão se antecipa na percepção a todas as outras informações, e possibilita aquisição de informações sobre aspectos do alimento como estado, tamanho, forma, textura e cor (DUTCOSKY, 1996). Resultados obtidos por Siomos et al. (2001) mostraram que com a avaliação da qualidade visual foi possível a diferenciação de alfaces produzidas em diferentes substratos de cultivo. O objetivo deste trabalho foi avaliar e relacionar a produção, teores de N, P e K e a aparência de alface cultivada em substrato com zeólita enriquecida com N, P e K. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, em vasos com 3 kg de substrato inerte, composto de areia lavada com água destilada e ácido clorídrico diluído (3:1 v:v). A zeólita utilizada foi coletada na Bacia do Parnaíba, no Maranhão, onde se localiza o principal depósito de zeólita natural do País, com grande potencial de aproveitamento econômico (REZENDE; ANGÉLICA, 1991). O material coletado foi concentrado em mesa vibratória, resultando em um produto com 84% de zeólita estilbita e com capacidade de troca de cátions de 2,5 cmolc g-1. A fórmula química determinada da zeólita foi: (CaO)0,82 (Na2O)0,19 (K2O)0,15 (MgO)0,56 (Fe2O3)0,30 (TiO2)0,11 (Al2O3)1,85 (SiO2)16 (H 2O) 4,7. A zeólita concentrada foi enriquecida por meio da incubação com soluções contendo H3PO4 1 mol L-1 (ZP), KNO3 0,5 mol L-1 (ZNK) e K2HPO4 1 mol L-1 (ZPK). A relação utilizada foi de 1:40 por 24 horas, com temperatura e agitação constantes. Após a incubação, a suspensão foi filtrada e o material sólido desidratado a 100 oC. A zeólita enriquecida com H3PO4 recebeu, ainda, a adição de fosfato natural (34% de P2O5) na proporção de 2:1 na base de massa. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com três repetições. Utilizaram-se 11 tratamentos: Z20, Z40, ZP20, ZP40, ZP80, ZP160, ZNK40, ZNK80, ZPK20, ZPK40, e a testemunha (sem adição de zeólita). As doses e concentrações de nutrientes em cada tratamento estão na Tabela 1. A zeólita apresentava traços de outros elementos, entre eles o fósforo, razão pela qual o material concentrado apresentou uma pequena porcentagem de P disponível. A testemunha recebeu todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas por meio de uma solução nutritiva, com a composição (mg L-1): N = 210; P = 31; K = 234; Ca = 200; Mg = 48; S = 65; B = 0,5; Cu = 0,02; Fe = 5,0; Mn = 0,5; Zn = 0,2, e Mo = 0,02. O preparo dessa solução foi feito segundo Sarruge (1975). O fornecimento foi realizado em quatorze aplicações de 150 ml de solução nutritiva por vaso com duas plantas, totalizando 2,1 L por vaso. As aplicações ocorreram ao longo de todo ciclo de cultivo, sendo que na primeira semana de cultivo o intervalo de fornecimento foi de três dias, e nas seguintes o intervalo foi de 1 dia. Nos dias em que não se forneceu solução, as plantas receberam água da irrigação. Quando a zeólita utilizada não possuía um dos macronutrientes em teste, N, P ou K, este era adicionado na forma de solução, na mesma concentração fornecida à testemunha. Desse modo todos os tratamentos receberam as mesmas quantidades de Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn. Os tratamentos foram iniciados em 26/06/2003, com o transplante para os vasos de cultivo, de duas mudas da alface cv. Regina, aos 30 dias após a germinação. Ao final de 30 dias de cultivo, ambas plantas de cada vaso foram avaliadas com relação à aparência, produção e teores de nutrientes na parte aérea. A análise da aparência foi realizada pelo teste de ordenação de preferência (ABNT, 1994), utilizando-se 53 provadores não treinados. O teste foi aplicado para os atributos de cor, tamanho e presença de lesões e para a preferência de compra. Os provadores atribuíram notas de 1 a 11, de modo que o tratamento que apresentasse cor mais intensa, maior tamanho, menos lesões e fosse o preferido para ser comprado, receberia as menores notas. Em seguida foram realizadas avaliações da produção e dos teores dos macronutrientes N, P e K na parte aérea das alfaces. A parte aérea das plantas foi colhida e pesada e, em seguida seca a 65oC em estufa de circulação forçada de ar. Foram realizadas determinações, na matéria seca, dos teores totais de N, no extrato da digestão sulfúrica e determinados pelo método semi-micro Kjeldhal. Também foram feitas determinações de P e K, no extrato da digestão nitro-perclórica e determinados por espectrometria de plasma induzido (ICP-OES) e fotometria de chama, respectivamente, de acordo com a metodologia de Carmo et al. (2000). A interpretação dos resultados dos atributos (cor, tamanho, presença de lesões, e preferência de compra) foi realizada por meio do teste de Friedman, utilizando-se a tabela de Newel e MacFarlane, conforme ABNT (1994). Os resultados de produção e teores de N, P e K foram analisados estatisticamente utilizando-se a análise de variância e teste de Tukey (5%). Estabeleceuse o coeficiente de correlação de Pearson (r), entre as médias de produção e teores de nutrientes e a somatória das notas dos atributos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os melhores tratamentos para produção das alfaces (peso fresco) foram ZP40, ZP20, ZP80 e ZPK20, não havendo diferenças significativas entre eles (Tabela 2). Porém, foram significativamente maiores que a produção obtida com a testemunha, que recebeu todos os nutrientes de forma balanceada por meio de solução nutritiva, sendo que estes valores representam aumentos de 56; 46; 39 e 30%, respectivamente. Os resultados indicam o potencial, para o cultivo desta hortaliça, da utilização da zeólita acidificada e em mistura com apatita (tratamentos ZP) nas doses de 20; 40 e 80 g do material por vaso. Outro aspecto interessante é que as produções obtidas com a zeólita acidificada em mistura com a apatita foram equivalentes à obtida com a zeólita enriquecida com uma fonte solúvel de fósforo (KH2PO4). 921 A. C. C. Bernardi et al. Tabela 1. Tratamentos utilizados em função dos nutrientes adicionados à zeólita, dose de zeólita por vaso e quantidade de nutrientes fornecidas. São Carlos, Embrapa Solos, 2004. Z 20 zeólita concentrada Z 40 zeólita concentrada ZP 20 zeólita + H3PO4 + apatita ZP 40 zeólita + H3PO4 + apatita Quantidade fornecida pela zeólita (mg/vaso) N (N-NO 3) P K Zeólita (g por vaso) N (N-NO 3) P 2O 5 K2O 0,1 17 3,9 20 0,002 0,78 0,09 0,1 17 3,9 40 0,004 1,56 0,19 0,2 130 3,9 20 0,004 327 0,09 0,2 7130 3,9 40 0,008 653 0,19 Concentração* (mg kg-1) Tratamentos Enriquecimento ZP 80 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 80 0,016 1306 0,38 ZP 160 zeólita + H3PO4 + apatita 0,2 7130 3,9 160 0,032 2612 0,75 ZNK 40 zeólita + KNO3 93796 17 15210 40 3752 1,56 733 ZNK 80 zeólita + KNO3 93796 17 15210 80 7504 3,11 1466 ZPK 20 zeólita + KH2PO4 0,1 11289 41925 20 0,002 517 1010 ZPK 40 zeólita + KH2PO4 0,1 11289 41925 40 0,004 1034 2021 * Extraídos em pasta de saturação (Embrapa, 1997). Tabela 2. Produção (peso fresco) e teores de N, de P e de K de alfaces cultivadas em substrato com zeólitas. Média de três repetições. São Carlos, Embrapa Solos, 2004. Teores (g kg-1) Produção (g por vaso) N P K Z 20 190,90 def 24,69 de 2,30 d 34,97 Z 40 162,83 26,65 bcde 2,37 d 33,70 ZP 20 296,74a 30,19abcd 4,52 bc 37,17 ZP 40 315,89a 32,15abc 5,70ab 35,47 Tratamentos f ZP 80 283,30ab 32,06abc 6,02ab 33,90 ZP 160 220,83 cde 31,17abc 5,80ab 35,47 ZNK 40 160,14 f 21,28 2,97 cd 33,00 ZNK 80 180,91 ef 26,93 bcde 2,83 cd 34,50 ZPK 20 263,55abc 33,55a 6,07ab 32,33 ZPK 40 239,25 bcd 32,67ab 7,13a 36,27 Testemunha 202,61 def 26,09 cde 2,55 d 35,13 Teste F 24,38* * * (1) 8,40 DMS(2) 56,11 CV% e 24,66* * * 0,69N.S. 7,30 14,44 8,52 6,15 1,85 - 10,54* * * Médias seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5%. (1) CV% = coeficiente de variação; (2)DMS = diferença mínima significativa. *, **, *** indicam significância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica não significativo. Estes resultados estão em concordância com os de Allen et al. (1995) que concluíram que uma mistura adequada da zeólita clinoptilolita e rocha fosfática da Carolina do Norte foi eficiente para o cultivo intensivo de trigo (Tritticum aestivum cv. Coker). Barbarick et al. (1990) também verificaram que a combinação de zeólita e rocha fosfática pode ser um eficiente fornecedor de fósforo para as plantas, desde que outros elementos essenciais não sejam limitantes. Os resultados da Tabela 2 também indicam que os demais tratamentos (ZPK40; ZP160; Z20; ZNK80; Z40 e 922 ZNK40) apresentaram produções (peso fresco) estatisticamente equivalentes à testemunha. Estes resultados demonstram, assim, o potencial para utilização do mineral zeólita enriquecida, como fonte de nutrientes para esta hortaliça folhosa. Confirmando os resultados obtidos por Notario-Del-Pino et al. (1994) e Williams e Nelson (1997) com alfafa e crisântemo, respectivamente. A análise de tecidos vegetais é uma medida direta da disponibilidade de nutrientes no substrato de cultivo, pois os resultados correspondem à quantidade de nutriente absorvida pelas plantas. Desta forma, o teor de nutrientes nos tecidos vegetais reflete sua real disponibilidade, pois existe uma relação entre o fornecimento de um nutriente pelo substrato de cultivo ou por um fertilizante e a concentração nas folhas, e uma relação entre essa concentração e a produção da cultura. Tal técnica pode estar sujeita a algumas limitações tais como épocas de amostragem, interpretação, contaminação da amostra, deficiências e excessos de nutrientes (MALAVOLTA et al. 1997). Os teores de nitrogênio na parte aérea da alface (Tabela 2) foram significativamente maiores, nos tratamentos ZPK40 e ZPK20, aos quais foram adicionados o KH 2PO 4. Provavelmente houve uma interação positiva entre o fornecimento de fósforo no substrato de cultivo, e a absorção de nitrogênio pelas plantas de alface. Estes teores, assim como os dos tratamentos ZP40; ZP80 e ZP160, podem ser considerados adequados, adotando-se a faixa de 31 a 40 g kg -1 , proposta por Reuter e Robinson (1997). Nos demais tratamentos não foram observadas diferenças significativas em relação à testemunha, cultivada com solução nutritiva, e estão todos abaixo da faixa adequada (REUTER; ROBINSON, 1997). Challinor et al. (1995) também haviam observado baixos teores de nitrogênio em cravo cultivado em substrato com zeólita. Os teores de nitrogênio na parte aérea observados neste estudo foram inferiores aos de Fernandes et al. (2002), que encontraram o valor médio de 47 g Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita kg-1 para a cultivar Regina cultivada em sistema hidropônico. Observa-se na Tabela 2 que os teores de fósforo na parte aérea das plantas de alface foram significativamente maiores que a testemunha, nos tratamentos ao qual foi adicionado à zeólita uma fonte do nutriente, na forma de KH2PO4 (ZPK40; ZPK20) ou na forma de apatita (ZP80; ZP160; ZP40; ZP20). Nestes tratamentos, as concentrações encontradas na parte aérea estão dentro da faixa (4 a 6 g kg-1) considerada como adequada para a cultura (REUTER; ROBINSON, 1997). No entanto são inferiores aos teores estabelecidos por Fernandes et al. (2002), que encontraram valores de 8,5 g kg-1. Estes valores evidenciam a maior disponibilidade do macronutriente fósforo no substrato que recebeu o mineral zeólita enriquecida com apatita. Notario-Del-Pino et al. (1994), em um experimento em casa-de-vegetação com alfafa, compararam o fornecimento de fósforo e potássio, através da zeólita (phillipsita) com o KH2PO4, e confirmaram o aumento dos teores deste nutriente na planta. Os resultados do presente estudo indicaram que os teores de potássio não diferiram significativamente em função dos tratamentos utilizados (Tabela 2). Esta ausência de diferenças entre as fontes de fornecimento do nutriente também foi observada por Challinor et al. (1995) em cravo. Diferentemente, Williams e Nelson (1997) observaram em crisântemo, que as plantas cultivadas em substrato com zeólita enriquecida com potássio, apresentaram maiores teores que as testemunhas que receberam fertilizantes na forma solúvel. Os resultados da concentração de potássio, nos tecidos da parte aérea, foram menores que o valor médio de 71 g kg-1 encontrado por Fernandes et al. (2002) para a mesma cultivar de alface utilizada neste estudo. Também estão abaixo da faixa adequada (50 a 80 g kg-1) proposta por Reuter e Robinson (1997). A aparência é o atributo que mais causa impacto na escolha por parte do consumidor e dentro desta, a cor é a característica mais relevante. Isto porque a cor caracteriza sobremaneira o produto, constituindo-se no primeiro critério para sua aceitação ou rejeição. A apaHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 3. Somatório das notas das alfaces pelos 53 provadores não treinados. São Carlos, Embrapa Solos, 2004. Cor Tamanho Lesões Preferência Z 20 Tratamentos 304,ab 489, c 277, b 354, b Z 40 367, b 445, c 316, b 367, b ZP 20 307,ab 253,ab 302, b 321,ab ZP 40 276,ab 195,a 341, b 295,ab ZP 80 255,ab 203,a 296, b 234,a ZP 160 243,a 183,a 322, b 282,ab ZNK 40 436, b 513, c 436, c 504, c ZNK 80 296,ab 321, b 239,ab 250,ab ZPK 20 272,ab 272,ab 192,ab 267,ab ZPK 40 310,ab 290,ab 374, b 383, b Testemunha 356, b 319, b 162,a 222,a Valores seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Friedman. Diferença mínima = 112. Tabela 4. Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre as médias dos pesos fresco, teores de N, P e K e o somatório das notas dos atributos de cor, tamanho, presença de lesões e preferência de compra. São Carlos, Embrapa Solos, 2004. Cor Peso fresco Teor N Teor P Teor K -0,539N.S. -0,803* * -0,624* -0,252 N.S. Tamanho -0,789* * -0,860* * * -0,752* * -0,370 N.S. Lesões Preferência -0,062N.S. -0,416N.S. -0,168 N.S. -0,519N.S. 0,191 N.S. -0,188N.S. 0,116 N.S. -0,112N.S. * ** *** , , indicam significância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica não significativo. rência geral e a cor estão relacionadas com a qualidade, índice de maturação e deterioração do produto. O consumidor espera uma determinada cor para cada alimento e qualquer alteração nesta, pode diminuir sua aceitabilidade (DELLA-MODESTA, 1994). Na Tabela 3 estão a soma das notas atribuídas às alfaces pelos 53 provadores que participaram do teste de preferência. Observou-se que o atributo cor foi o que apresentou menores variações entre os tratamentos. As maiores diferenças observadas foram no tamanho e na presença (ou ausência) de lesões. O teste de preferência pode ser considerado como uma das mais importantes etapas da análise sensorial, pois representa o somatório de todas as percepções sensoriais e expressa o julgamento, por parte do consumidor, sobre a qualidade do produto (DUTCOSKY, 1996). Os resultados deste teste indicaram que a alface preferida foi a testemunha, cujos nutrientes foram fornecidos em quantidades adequadas através de solução nutritiva, e a alface obtida no substrato com o tratamento ZP80 (zeólita + apatita, na dose de 80 g por vaso). Os outros tratamentos ZP (160; 40 e 20), ZNK80 e ZPK20 também obtiveram alta preferência de compra pelos provadores. Os resultados de Siomos et al. (2001) também mostraram que a avaliação visual da aparência foi adequada para diferenciar alface obtida em diferentes substratos. Os coeficientes de correlação de Pearson (r) entre as médias dos pesos fresco, teores de N, P e K e o somatório das notas dos atributos de cor, tamanho, presença de lesões e preferência de compra estão na Tabela 4. Observaram-se correlações significativas (r = -0,79**) entre a média peso fresco da alface e o somatório das notas dadas pelos provadores para o atributo tamanho. O coeficiente negativo justifica-se pelo fato de que o tratamento que aparentava ser o de maior tamanho recebeu a menor nota, estabelecendo-se assim a correlação negativa. 923 A. C. C. Bernardi et al. Houve também correlações significativas e negativas entre os teores de nitrogênio na parte aérea das plantas e as notas dos atributos cor (r = -0,80**) e tamanho (r = -0,86***). Isso é justificável em função das funções fundamentais que este nutriente exerce no metabolismo vegetal. O nitrogênio é constituinte de todas as proteínas e ácidos nucleícos da planta e também o teor deste macronutriente nas folhas é um dos fatores que determina o conteúdo de clorofila (MENGEL; KIRKBY, 1982; MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA et al., 1997). Por isso, nos tratamentos onde houve maior disponibilidade de nutriente, as plantas apresentaram cor mais verde, mais intensa e maior tamanho. O teor de fósforo das folhas da parte aérea da alface correlacionou-se significativamente (r = -0,75**) com o atributo sensorial de tamanho avaliado pelos provadores. A explicação é que o P, nos vegetais, é um componente dos fosfolipídeos da membrana, dos açúcares fosforilados e das proteínas, é também parte integrante do DNA (acido desoxiribonucleíco), RNA (ácido ribonucleico), ATP (adenosina 5trifosfato); PEP (fosfoenolpiruvato), NADPH (nicotinamida adeninadinucleotídeo difosfato) e outros compostos bioquímicos que utilizam o fosfato como armazenamento de energia (MENGEL; KIRKBY, 1982; MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA et al., 1997). Como vários processos metabólicos vitais dependem desse suprimento de energia, a nutrição adequada deste nutriente vai interferir diretamente sobre a síntese de proteínas e de ácidos nucleícos, e conseqüentemente influenciar o crescimento das plantas, como mostraram os resultados. Não houve correlações significativas entre os teores de K os atributos sensoriais avaliados. Os resultados mostraram que o uso das zeólita pode ser uma fonte eficiente 924 de nutrientes N, P e K. A alface cultivada em meio com zeólita apresentaram maior produção e qualidade visual equivalente à alface testemunha, cultivada em solução nutritiva. Houve correlações significativas entre os teores de N e os atributos sensoriais cor e tamanho, e entre os teores de P e o tamanho. A análise sensorial foi uma ferramenta adequada para avaliar a qualidade da alface. AGRADECIMENTOS À FINEP através do CT Mineral, pelo financiamento do trabalho. Aos Drs. Nélio G.A.M. Rezende, da CPRM; Hélio Salim de Amorim e Fernando de Souza Barros, da UFRJ; e Paulo Renato Perdigão Paiva, do CETEM. LITERATURA CITADA ALLEN, E.; MING, D.; HOSSNER, L.; HENNINGER, D.; GALINDO, C. Growth and nutrient uptake of wheat in a clinoptilolitephosphate rock substrate. Agronomy Journal, Madison, v.87, n.6, p.1052-1059, 1995. AMERINE, M.A.; PANGBORN, R.M.; ROESSLER, E.B. Principles of sensory evaluation of food. New York: Academic Press, 1965. 802 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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Postal 02, 58397-000 Areia-PB; Bolsista produtividade em pesquisa CNPq; E-mail: [email protected], 2UFPB, Progr. Pós-graduação, 58397-000 Areia-PB RESUMO ABSTRACT Estudos que visem o aumento do rendimento e da qualidade de raízes da batata-doce, podem se constituir em importantes ferramentas para melhorar a condição sócio-econômica da região Nordeste, pelo fato desta ser uma das hortaliças de grande importância nessa região. Com o objetivo de avaliar o efeito de níveis de uréia no rendimento e qualidade de raízes comerciais de batata-doce, cultivar Rainha Branca, instalou-se um experimento de julho a novembro/ 2003, na UFPB, em Areia. O delineamento experimental foi blocos casualizados com cinco tratamentos (0; 115; 230; 345 e 460 kg ha-1) de uréia, em adubação de cobertura aos 30 e 60 dias após o plantio, em quatro repetições. Utilizaram-se parcelas úteis com 28 plantas, espaçadas de 0,80 x 0,30 m. A produção de raízes comerciais em função dos níveis de uréia, atingiu valor máximo estimado de 18,8 t ha-1, no nível de 339 kg ha-1 de uréia, superando a produtividade média nacional de raízes comerciais, em 8,8 t ha-1. O teor de glicose (açúcares redutores), nas raízes da batata-doce, aumentou em função dos níveis de uréia, até o nível de 187 kg ha-1, com teor máximo de 8,7%. O teor de amido foi reduzido com a elevação dos níveis de uréia, com percentual mínimo de 57% no nível de 460 kg ha-1. Contudo, o teor mínimo de amido situou-se dentro da faixa definida para a espécie. Yield and quality of sweet potato roots fertilized with urea Studies with the objective of increasing yield and quality of sweet potato roots, could be an important tool to improve the socio economic condition in the northeastern area of Brazil, due to the importance of this vegetable in that area. The present work was done to evaluate the effect of urea levels on yield and quality of sweet potato cultivar Rainha Branca. The experiment was conduced from July to November/2003, in Paraíba State, Brazil. The experimental design was of randomized blocks with five treatments (0; 115; 230; 345 and 460 kg ha-1 of urea), in cover fertilization at 30 and 60 days after planting date, in four replications. Plots with 28 plants, spaced 0,80 x 0,30 m apart were used. Commercial root yield of 18.8 t ha-1 was obtained when 339 kg ha-1of urea were employed, a much better result compared to the national average of 8.8 t ha-1of commercial roots The glucose level (reducing sugars) on the sweet potato roots, increased with the increase of the urea levels, up to 187 kg ha-1of urea with a maximum of 8.7% of glucose. Starch level was reduced with increasing urea levels, with minimum percent of 57% at the level of 460 kg ha-1. However, the starch minimum level was within the range defined for this species. Palavras-chave: Ipomoea batatas, nutrição mineral, produção, glicose, amido. Keywords: Ipomoea batatas, mineral nutrition, yield, glucose, starch. (Recebido para publicação em 8 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) A batata-doce é uma cultura de grande importância econômico-social, participando no suprimento de calorias, vitaminas e minerais à alimentação humana. É a quarta hortaliça mais consumida no Brasil e destaca-se de outras culturas por apresentar alto rendimento por área. Produz raízes tuberosas que apresentam na sua composição, Ca, K e carboidratos variando entre 25 e 30%, dos quais 98% são facilmente digestíveis, além de vitaminas A, do complexo B, e C, ferro, cálcio e fósforo (MIRANDA, 2003). No Brasil, a batata-doce é cultivada em praticamente todos os estados, principalmente nas regiões sul e nordeste, onde se constitui em uma das mais importantes fontes de alimento. Na Paraíba é mais cultivada e difundida nas regiões Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 próximas aos grandes centros consumidores, sendo considerado o estado maior produtor nordestino e o quarto em nível nacional (SOARES et al., 2002). Apesar deste destaque, é paradoxalmente a nível nacional, um dos estados que possui uma das mais baixas produtividades, em torno de 6,8 t ha-1. A falta de um programa de nutrição mineral para a cultura, é um dos principais fatores responsáveis por esta baixa produtividade (SILVA et al., 2002). O nitrogênio é o segundo nutriente mais exigido pela batata-doce (FILGUEIRA, 2000). Seu fornecimento via adubação funciona como complementação à capacidade de seu suprimento nos solos, a partir da mineralização de seus estoques de matéria orgânica, geralmente baixa em re- lação às necessidades das plantas (MALAVOLTA, 1990). Na batata-doce, a utilização do nitrogênio merece atenção especial. Em solos com alta disponibilidade desse elemento ocorre um intenso crescimento da parte aérea, em detrimento da formação de raízes tuberosas, e naqueles com deficiência, inicialmente ocorre clorose nas folhas mais velhas, seguido das mais novas, sendo que com o agravamento da deficiência surgem manchas necróticas internevais, podendo ocorrer abscisão das folhas, ocorrendo igualmente redução significativa na qualidade (CHAVES; PEREIRA, 1985). O amido é considerado o principal componente da raiz da batata-doce, seguido dos açucares mais simples, sacarose, glicose, frutose, maltose. Na 925 A. P. Oliveira et al. indústria de alimentos é utilizado para melhorar as propriedades funcionais, sendo empregado em sopas, molhos de carne, como formador de gel em balas e pudins, estabilizante em molhos de salada, na elaboração de compostos farmacêuticos, na produção de resinas naturais e na elaboração de materiais termoplásticos biodegradáveis (CEREDA et al., 2001). Os teores de amido nas raízes das plantas podem variar, entre outros aspectos, em função da adubação. Portanto, o estudo e conhecimento sobre a influência desse fator na acumulação de amido nas raízes das plantas, proporcionará melhoria na qualidade e no rendimento industrial do produto. A nutrição equilibrada, tanto em macro como em micronutrientes, aumenta a produção e melhora a qualidade do produto em vários aspectos (MALAVOLTA, 1987). Alguns autores relatam efeitos da nutrição orgânica e mineral na qualidade de algumas hortaliças produtoras de raízes comerciais. No inhame, Souto (1989), detectou resposta positiva em termos de produção à aplicação de fertilizantes nitrogenados, mas verificou baixo conteúdo de gordura, fibra bruta e proteína bruta nas túberas. Oliveira et al. (2002) verificaram redução da matéria seca e aumento nos teores de amido e cinzas, em função do emprego de esterco bovino e de galinha. O teor de amido é também influenciado pela adubação com NPK (KAYODE, 1985). Na batata-doce, Silva (2004), observou elevação do teor de amido, em função do emprego de fósforo. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da adubação nitrogenada no rendimento e qualidade das raízes comerciais de batata-doce. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na Universidade Federal da Paraíba, em Areia, entre julho e novembro/2003, em delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco tratamentos, compostos pelos níveis de 0; 115; 230; 345 e 460 kg ha-1 de uréia, em quatro repetições. O solo da área foi classificado como NEOSSOLO REGOLÍTICO Psamítico Típico, textura franca, cuja 926 análise química na camada de 0-20 cm, resultou em: pH (H2O) = 6,5; P = 36,84 mg dm-3; K = 119,88 mg dm-3; Al+3 = 0,00 cmolc dm-3; Ca+2 = 2,55 cmolc dm-3; Mg+2 = 0,55 molc dm-3 e matéria orgânica = 8,11 g dm-3. A adubação de plantio foi realizada conforme recomendações do Laboratório de Química e Fertilidade do Solo da UFPB e constou da aplicação de 20 t ha-1 de esterco bovino, 200 kg ha-1 de superfosfato simples e 68 kg ha-1 de cloreto de potássio. Na adubação de cobertura, aplicaram-se os níveis de uréia, definidas no delineamento experimental, a metade aos 30 dias e a outra metade aos 60 dias após o plantio. O preparo do solo constou de aração, gradagem e confecção de leirões. No plantio, foram utilizadas duas ramas por cova, da cultivar Rainha Branca, retiradas de plantio jovem, cortadas com um dia de antecedência, para facilitar o manejo, sendo secionadas em pedaços de aproximadamente 40 cm de comprimento, contendo em média oito entrenós. As ramas foram enterradas pela base com auxílio de um pequeno gancho, numa profundidade aproximada de 10 cm. Foram utilizadas parcelas constituídas por seis leirões de sete plantas, no espaçamento de 0,80 m entre leirões e 0,30 m entre plantas, e ocupou uma área de 14 m2 com 54 plantas. Utilizaram-se os quatro leirões centrais como área útil, excluindo-se a primeira e a última planta de cada leirão, resultando em 28 plantas avaliadas. Durante a condução do experimento foram realizadas irrigações pelo sistema de aspersão convencional nos períodos de ausência de precipitação, com turno de rega de três dias; capinas com auxílio de enxadas com o objetivo de manter a cultura livre da competição com plantas daninhas; amontoas para proteger as raízes contra raios solares e manter a formação dos leirões. Não efetuou-se aplicações de agrotóxicos em decorrência da ausência de pragas e/ou doenças. A colheita foi realizada aos 120 dias após o plantio, onde foram obtidos os dados de produção comercial, a qual correspondeu ao peso das raízes de formato uniforme, lisas com peso igual ou superior a 80 g, conforme Embrapa (1995). Amostras de aproximadamente um quilograma de cada tratamento e repetição foram levadas ao laboratório da UFPB, para determinação dos teores de glicose (açúcares redutores) e de amido, conforme metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1985). Os resultados obtidos foram submetidos à análises de variância e de regressão polinomial, utilizando-se o “software” SAEG 8.0 (2001). Dentro das doses de N, foram testados em cada característica avaliada, os modelos polinomiais (linear, quadrático e cúbico). O critério para a escolha do modelo foi definido através da significância pelo teste F a 5% de probabilidade e do maior valor de coeficiente de determinação (R2). RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises de variância e de regressão revelaram efeitos significativos dos níveis de uréia (P<0,05), sobre a produção de raízes comerciais e sobre os teores de glicose e amido nas raízes. A produção de raízes comerciais de batata-doce em função das doses de N, atingiu valor máximo estimado de 18,8 t ha-1 no nível de 339 kg ha-1 de uréia (Figura 1), demonstrando uma boa produção nas condições do município de Areia. Esse resultado evidencia que essa hortaliça responde ao fornecimento de uréia. Esta produtividade superou em 10 t ha-1 a produtividade média nacional de raízes comerciais de batata-doce que é de 8,8 t ha-1 (Embrapa, 1995). Mendonça e Peixoto (1991) obtiveram respostas significativas para a produtividade, produção por planta e peso médio de raízes comerciais na batata-doce, avaliando níveis de adubação com N, P e K. Nas condições edafoclimáticas do Estado de Virgínia (USA), Phillips et al. (2005), observaram elevação do rendimento de raízes comerciais da batatadoce, em função do emprego de N, até o nível de 84 kg ha-1 Provavelmente, o nível de uréia responsável pela máxima produção de raízes comerciais, juntamente com os nutrientes contidos no solo, supriu de forma equilibrada a batata-doce. O equilíbrio entre os elementos nutritivos proporciona maiores produções do que Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréia maiores quantidades de macro-nutrientes isoladamente (PRIMAVESI, 1985). Embora os teores de P (36,84 mg dm-3) e K (111,88 mg dm-3), originalmente presentes no solo fossem respectivamente, baixo e alto, os resultados obtidos para o rendimento em função do fornecimento de uréia devem-se, em parte, ao baixo teor de matéria orgânica (0,81%). De acordo com Pottker e Roman (1994), o teor de matéria orgânica tem sido classicamente utilizado para estimar a disponibilidade de nitrogênio e, consequentemente, a necessidade de adubação. Teixeira et al. (1994) enfatizaram que em solos degradados, os baixos teores de matéria orgânica podem determinar menor disponibilidade de nitrogênio para culturas, resultando numa das principais limitações à produtividade agrícola. A redução na produção de raízes comerciais verificada nos níveis acima de 339 kg ha-1 de uréia, pode indicar que o excesso deste nutriente foi prejudicial à formação de raízes comerciais na batata-doce, possivelmente em função da elevada produção de massa verde e formação de raízes adventícias (EMBRAPA, 1995). Em solos com alta disponibilidade de nitrogênio ocorre intenso crescimento da parte aérea, em detrimento da formação de raízes tuberosas, decorrente do crescimento vegetativo exuberante (CHAVES; PEREIRA, 1985). Também, pode ter ocorrido efeito indireto do amônio, reduzindo a absorção de outros cátions, de forma que a absorção destes seria reduzida pela planta (CARNICELLI et al., 2000). Huett (1989) verificou redução de produtividade em varias hortaliças, em função de doses elevadas de N. O teor de glicose (açúcares redutores) nas raízes da batata-doce aumentou em função da elevação dos níveis de uréia, até o nível de 187 kg ha-1de uréia, com teor máximo de glicose de 8,7%, quando então, começou a decrescer (Figura 2). Esse teor foi semelhante ao obtido, por Cereda et al. (2001), para a espécie, (8,5 a 9%) em raízes originadas de plantio com adubação balanceada. A presença de glicose acentua o sabor da batata-doce, favorecendo suas características de mesa e de processamento (PICHA, 1986). PortanHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 1. Produção comercial de raízes de batata-doce, em função de níveis de uréia. Areia, CCA-UFPB, 2004. Figura 2. Teor de glicose em raízes comerciais de batata-doce, em função de níveis de uréia. Areia, CCA-UFPB, 2004. to, doses acima daquela responsável pelo máximo teor de glicose nas raízes comerciais podem reduzir sua qualidade, não reduzindo seu rendimento, isso porque para a obtenção do rendimento máximo foi necessário o fornecimento de 359 kg ha-1 de uréia. O teor de amido foi reduzido com a elevação dos níveis de uréia, com percentual mínimo de 57% no nível de 460 kg ha-1 (Figura 3). Contudo, o teor mínimo de amido encontra-se dentro da faixa definida para a espécie que é de 13,4% (CEREDA et al., 2001) e superou o teor de amido em raízes de batatadoce de 16%, obtido por Silva (2004), em função de doses de fósforo, também nas condições de clima e solo da presente pesquisa. Em batata, Magalhães (1985) e Pimpini et al. (1992), relatam que o excesso de nitrogênio proporciona redução no teor de amido. Em inhame, Oliveira et al. (2002), observou redução no teor de amido em rizóforos colhidos aos noves de idade, em função da adubação organo mineral. A cultura estava bem suprida de K pelo emprego do esterco bovino que continha na sua composição química concentração 9,75 g kg-1, pela alta concentração no solo fornecida pelas adubações orgânica e mineral, aliadas a quantidade deste nutriente, originalmente no solo. O potássio em altas doses 927 A. P. Oliveira et al. Figura 3. Teor de amido em raízes comerciais de batata-doce, em função de níveis de uréia. Areia, CCA-UFPB, 2004. reduz o amido, em decorrência do aumento da absorção e acúmulo desse nutriente na planta, acarretando redução do potencial osmótico e aumento da absorção de água, o que causa diluição dos teores de amido nos tubérculos (REIS JUNIOR, 1995). No inhame Dioscorea cayennensis (OLIVEIRA et al., 2002), observaram relação direta do K com o teor de amido nos rizóforos. Também, a redução no teor de glicose, em níveis acima de 198 kg ha-1, pode ter contribuído para a redução do teor amido, isso porque a glicose nas raízes é polimerizada em amido (CEREDA et al., 2001). LITERATURA CITADA CARNICELLI, J.H.A.; PEREIRA, P.R.G.; SEDIYAMA, M.A.N.; CAMARGOS, M.I. Qualidade de cenoura em função de doses de nitrogênio. Horticultura Brasileira, Brasília, v.18, Suplemento, p.834-835, 2000. CEREDA, M.P.; FRANCO, C.M.L.; DAIUTO, E.R.; DEMIATE, J.M.; CARVALHO, L.J.C.B.; LEONEL, M.; VILPOUX, D.F.; SARMENTO, S.B.S. Propriedades gerais do amido. Campinas, Fundação Cargill, 2001. CHAVES, L.H.G.; PEREIRA, H.H.G. Nutrição e adubação de tubérculos. Campinas: Cargill, 1985. p.46-86. 928 EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças. Cultivo da batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam). 3. ed. Brasília: Ministério da Agricultura, do Abastecimento e Reforma Agrária, 1995. (EMBRAPA-CNPH. Instruções Técnicas, 7). FILGUEIRA, F.A.R. 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Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF Péricles de A. Melo Filho1; André N. Dusi2; Cláudio Lúcio Costa3; Renato de O. Resende3 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Depto Agronomia, Dom Manoel de Medeiros s/n 52171-900 Recife-PE; E-mail: [email protected]; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 3Universidade de Brasília, Instit. Biologia, 70919-970 Brasília-DF RESUMO ABSTRACT Plantas de alho da cv. Amarante, cultivadas em casa de vegetação para detecção da ocorrência de viroses, foram naturalmente infestadas por afídeos de coloração escura durante a primavera de 2001. Com o objetivo de identificar a espécie em questão foram coletados indivíduos alados, capturados com armadilha constituída por bandeja amarela com água, além de formas ápteras. A identificação da espécie foi feita segundo a chave descritiva elaborada por Blackman & Eastop (1984) e por comparação com espécimes de Neotoxoptera formosana e N. oliveri da coleção do Depto. Fitopatologia da Universidade de Brasília. O afídeo encontrado em alho pertence à espécie Neotoxoptera formosana Takahashi, 1921. Colonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in Distrito Federal, Brazil Palavras-chave: Allium sativum, afídeos. Garlic plants (cv. Amarante) cultivated during the spring in the greenhouse for detection of viruses, were found to be naturally colonized by a dark aphid. For species identification, specimens of the few alatae individuals collected by pan yellow water traps and many apterae individuals were compared to the species descriptions in Blackman & Eastop (1984). The specimens were also compared with Neotoxoptera formosana and N. oliveri from the aphid collection of the Phytopathology Department of the University of Brasília. The aphid found in the garlic plants belongs to the species Neotoxoptera formosana Takahashi, 1921. Keywords: Allium sativum, aphid. (Recebido para publicação em 26 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) O alho (Allium sativum L.) é uma das hortaliças mais cultivadas no mundo e largamente empregado na culinária brasileira. No Brasil, a cultura destaca-se como uma das cinco hortaliças de maior relevância (RESENDE, 1997). Vários agentes fitopatogênicos, especialmente os vírus, provocam redução na produtividade de bulbos. Entre os vírus de maior importância encontramse os potyvírus Onion yellow dwarf virus (OYDV) e Leek yellow stripe virus (LYsV), o carlavírus Garlic common latent virus (GarCLV) e várias espécies de allexivírus, todos transmitidos por afídeos (CONCI et al., 1999), com exceção dos allexivírus que são transmitidos por ácaros. Desses, apenas OYDV isoladamente chega a causar perdas na produção de bulbos de até 50 % (WALKEY; ANTILL, 1989). Plantas de alho são constantemente visitadas por diversas espécies de afídeos e entre eles são encontrados: Lipaphis sp. (Mordvilko), Rhopaloshiphum sp. (Koch), Aphis sp. (L.), Geopenphigus sp. (Hille), Myzus sp. (Passerini), Hyperomyzus sp. (Börner) e Neotoxoptera sp. (Theobald) (MELO FILHO et al., 2000; MELO FILHO et al., 2002). Mais de oitenta e seis Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 espécies de vírus são transmitidas por afídeos (PAIVA; KITAJIMA, 1985). Blackman e Eastop (1984) relataram a ocorrência de Neotoxoptera formosana em plantas do gênero Allium no Japão, China, Taiwan, Coréia, Austrália, Nova Zelândia, Hawai e América do Norte. No Brasil não há relato de sua ocorrência em A. sativum. O presente trabalho teve como objetivo a detecção da ocorrência de viroses em plantas de alho naturalmente infestadas por afídeos. MATERIAL E MÉTODOS Plantas de alho da cv. Amarante foram cultivadas durante a primavera, em casa de vegetação na Embrapa Hortaliças, para estudos de viroses. Durante o cultivo ocorreu infestação natural por uma espécie de afídeo de coloração escura. As plantas colonizadas foram transportadas para insetário com tela anti-afídeo para manutenção das populações e posterior captura de adultos com uso de armadilha constituída por bandeja amarela com água e detergente. Foram preparadas lâminas semipermanentes para observação da morfologia dos espécimes com auxílio de microscópio composto. Os espécimes foram comparados com as descrições encontradas em Blackman e Eastop (1984) e Costa et al. (1993), com espécimes encontrados na coleção de afídeos do Departamento de Fitopatologia da Universidade de Brasília, além de registros fotográficos das principais características morfológicas dos espécimes através do uso de microscópio esteroescópio Zeiss, quer sejam: N. formosana (adultos ápteros de coloração magenta, vermelha a preto, antena escura da base ao ápice, sifúnculo escuro ou pálido só em formas jovens, forma alada vermelho escura ou preta, com bordado em toda extensão das nervuras das asas); N. oliveri (adultos ápteros de coloração vermelha escura, antena com base clara e segmentos terminais negros, sifúnculo pálido em adultos, forma alada vermelho escura a preta, com bordados estreitos na base e no ápice) (Blackman; Eastop, 1984). RESULTADOS E DISCUSSÃO As colônias de afídeos detectadas sobre as plantas de alho eram de colo929 P. A. Melo Filho et al. chave de classificação de famílias e subfamílias descrita em Costa et al. (1993) e em Blackman e Eastop (1984), pode-se concluir que se trata da ocorrência de N. formosana sobre alho no Brasil. Este é o primeiro relato da colonização de N. formosana sobre plantas de alho no Brasil. LITERATURA CITADA Figura 1. Colonização por Neotoxoptera formosana sobre plantas de alho no Brasil: A) Agrupamento dos espécimes na porção mediano-basal das folhas; B) Forma aptera apresentando forma ovalada, coloração negra e sifúnculo* escuro e clavado; C) Antena apresentando longo processo terminalis*; D) Forma alada apresentando decoração ao longo de todo o comprimento das nervuras das asas**. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2001. ração escura e com a maioria dos espécimes localizados da porção mediana para a basal das folhas (Figura 1A). Os espécimes ápteros, quando observados ao microscópio estereoscópio, apresentaram forma ovalada e de coloração negra a magenta, com sifúnculo clavado também de coloração escura (Figura 1B), porém pálido nas formas jovens. Estas características concordam com aquelas descritas por Blackman e Eastop (1984) a respeito das espécies de afídeos que colonizam plantas de alho. A antena é de coloração escura desde a base até o ápice. Essa característica permite a separação entre Neotoxoptera formosana e N. oliveri (Blackman; Eastop, 1984). Há na antena a presença de longo processo 930 terminalis (Figura 1C). As asas apresentam as nervuras uniformemente bordadas em toda a sua extensão (Figura 1D), sendo esta outra importante característica que separa Neotoxoptera formosana de N. oliveri (Blackman; Eastop, 1984). Isto reforçou a hipótese de se tratar da espécie Neotoxoptera formosana. De acordo com Sako et al. (1990), N. formosana é comprovadamente transmissor de Garlic latente vírus (GarLV). No trabalho os autores comprovaram transmissão desse vírus para plantas de Allium chinese. Isso torna esse afídeo potencialmente transmissor dessa espécie de vírus para outras espécies do gênero Allium. Com base nas observações registradas e descrições encontradas na BLACKMAN, R.L.; EASTOP, V.F. Aphids on the world’s crops: an identification guide. New York: John Wiley & Sons, 1984. 466 p. CONCI, V.C.; CANAVELLI, A.E.; LUNELLO, P.A.; CAFRUNE E.E. Mosaico del ajo. In: Projecto de investigaciones en fitovirologia. Instituto de Fitopatologia y Fisiologia Vegetal – IFFIVE y Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária – INTA. Argentina, 1999. p.1-6. COSTA, C.L.; EASTOP, V.F.; BLACKMAN, R.L. Brazilian Aphidoidea: I. Key to families, subfamilies and account of the phylloxeridae. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.28, n.2, p.197-215, 1993. MELO FILHO, P.A.; TANABE, C.M.N.; DUSI, A.N.; TORRES, A.C.; ÁVILA, A.C.; BUSO, J.A.; RESENDE, R.O. Degeneration of garlic (Allium sativum L.) plants caused by virus infection after four sequential field generations. Virus Reviews & Research. v.5, n.2, p.198, 2000. 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The five salinity levels compared as treatments were obtained by varying the concentration of the standard nutrient solution, reaching average electrical conductivities (EC) of 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dS m-1, for T1, T2, T3, T4 and T5, respectively. The nutrient solution at each salinity level was supplied from a reservoir by means of a flooded-type electrical pump, for 15 minutes, at intervals of 90 minutes during the day and 420 minutes during the night. A completely randomised experimental design was used with four replications and 20 plants per plot. Four plants of each plot were harvested at 32 days after planting, to determine shoot and root dry mass, shoot fresh weight, leaf area and number of leaves per plant. Number of leaves was 18 per plant and was not affected by treatments. Dry mass of leaves increased 24,4% from T1 to T3. No relationships were found on data from stem and root dry mass. A positive effect of EC was recorded on shoot fresh mass, which increased 28.5% from T1 to T2, and decreased 16.5% from T2 to T5. Maximum LAI estimated value was 4.3 m2 m-2 for an EC of 2.6 dS m-1. Salinity levels above 2.0 and 2.6 dS m-1 reduce fresh yield and plant growth, respectively. Keywords: Lactuca sativa, fertigation, hydroponics, salinity. Crescimento e produtividade da alface em condições salinas Plantas de alface, cv. Vera, foram cultivadas em cinco níveis de salinidade em um dispositivo experimental composto por uma camada de areia de 0,15 m de profundidade. Foi empregada uma solução nutritiva padrão, com a seguinte composição, em mmol/L: 16,9 de NO3-; 2,0 de H2PO4-; 1,0 de SO4—; 4,0 de Ca++; 10,9 de K+ e 1,0 de Mg++, e, em mg L 1, 0,42 de Mn; 0,26 de Zn; 0,05 de Cu; 0,50 de B; 0,04 de Mo, e 4,82 de Fe quelatizado. Os cinco níveis de salinidade foram obtidos por variações na concentração da solução nutritiva padrão, atingindo valores médios de condutividade elétrica (CE) de 0,80; 1,93; 2,81; 3,73 e 4,72 para T1, T2, T3, T4 e T5, respectivamente. A solução nutritiva em cada nível de salinidade foi fornecida a partir de um reservatório através de uma bomba submersa, durante 15 min, em intervalos diurnos de 90 min e noturnos de 420 min. Um dispositivo experimental inteiramente casualizado foi empregado, com quatro repetições e 20 plantas por parcela. Quatro plantas de cada tratamento foram coletadas aos 32 dias após o plantio para determinar a massa seca da parte aérea e das raízes, a massa fresca da parte aérea, a área foliar e o número de folhas. O número de folhas por planta foi igual a 18, sem diferença significativa entre os tratamentos. A massa seca de folhas aumentou 24,4% de T1 para T3. A massa seca do caule foi reduzida nos níveis salinos mais elevados, porém não foi observada relação dos tratamentos com a massa seca do caule e das raízes. Foi observado efeito positivo na massa fresca da parte aérea, a qual aumentou 28,5% de T1 para T2, decrescendo 16,5% de T2 para T5. O valor máximo estimado do índice de área foliar foi de 4,3 m2 m-2 para uma EC de 2,6 dS m 1. Concluiu-se que níveis salinos acima de 2,0 e 2,6 dS m 1 reduzem o crescimento e a massa fresca das plantas, respectivamente. Palavras-chave: Lactuca sativa, fertirrigação, hidroponia, salinidade. (Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005) L ettuce (Lactuca sativa) is the most important horticultural NFT-grown crop in Brazil. Standard nutrient solutions are prepared using high quality water and electrical conductivity is monitored daily to fit values between 1.4 and 2.0 dS m-1 (FAQUIN; FURLANI, 1999). This is so to prevent plant saline stress in periods of high transpiration demand, or reduction in growth rate due to low availability of mineral nutrients. The use of nutrient solutions prepared from low quality water or by re-using nutrient solutions has hardly been Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 considered a possibility for this crop. The main reason is the high sensitivity of lettuce plants to salinity (SHANNON; GRIEVE, 1999). As a consequence, the remaining volumes of nutrient solution at the end of the cropping period are discharged in the environment. This practice is nowadays criticisable in a worldwide context searching for sustainable agricultural production systems. One of the possibilities to reduce environmental pollution from hydroponical horticultural production systems is recycling and re-using the nutrient solution. The ionic concentration of the nutrient solutions used to grow horticultural crops is higher than that at which nutrients are absorbed by plants. Hence, the growth of the crop is followed by an increasing imbalance of the ionic concentration of the nutrient solution. In order to adjust periodically the ionic balance to the original level, it is necessary to do laboratory mineral analysis or electrodecomputing measurements. Both methods are difficult to carry out in the 931 J. L. Andriolo et al. nowadays social and economic context of commercial production. For re-using a recycled nutrient solution without previous mineral nutrient analysis, a fraction of it is added to the standard nutrient solution being prepared, disregarding its mineral composition. This practice would lead to high salinity levels in the nutrient solution. The initial effect of salinity at cellular level is due to its osmotic effects. Shoot and root growth rate is reduced, resulting in smaller and fewer leaves and shorter plant stature. The effects of salinity depends on interactions with environmental variables such as water vapour deficit, temperature and solar radiation (YEO,1999). Lettuce has been considered as a moderately salt sensitive crop, with a threshold electrical conductivity (EC) of 1.3 dS m-1, and a negative slope of 13.0 for each unit of added salinity above this threshold value (AYERS et al., 1951). Nevertheless, the root growing media may affect the response of plants to salinity. Pasternak et al. (1986) reported that yield and quality of soil grown lettuce was not affected by sprinkling with water at 4.4 dS m-1. Positive effects of salinity in fruit quality has been reported for horticultural soilless growing crops such as tomato (CUARTERO; MUÑOZ, 1999; LI; STANGUELLINI, 2001; BOLARIN et al., 2001) and muskmelon (MAVROGIANOPOULOS et al., 1999). For hidroponically grown lettuce crops, results are scarce in the literature. The goal of this work was to determine the effect of salinity on growth, development and yield of hydroponically grown lettuce plants. MATERIAL AND METHODS An experimental set-up was made inside a polyethylene tunnel, at the Universidade Federal de Santa Maria. The soil surface was dug up in order to make a 1.3 m length, 1.2 m width and 0.25 m depth tank into the soil, which was covered with a 200 mµ black polyethylene sheet. A fibber cement tile (3.05 m length and 1.10 m width) was placed over the tank with a slope of 3% and covered with a 200 mµ black 932 polyethylene sheet. The tile gullies were filled with 0.015-0. 025 m particle size gravel and covered with a 1,5 × 10-3 m polyethylene screen. Sand of 0.00150.003 m particle size was used to make up a 0.15 m depth growing bed over the tile. (For more details, see ANDRIOLO et al., 2004). A flooded-type electrical pump was placed at the bottom of the upper end of the tank, and connected to a pipe to drive the nutrient solution up to the surface of the sand bed. The pump was put to work by means of a timer until the nutrient solution started to flow away from the lower side of the growing bed. After the pump was switched off, the nutrient solution drained off from the growing bed across the polyethylene screen and the tile gullies. Finally, the set-up was covered by a white polyethylene sheet. On June 18, 2004, six-leaved lettuce plantlets, cv. Vera, were transferred to the sand bed through cuttings made in the polyethylene sheet. Plant density was 25 plants m-2. Water and nutrients were supplied by means of a standard nutrient solution with the following composition, in mmol L -1 (CASTELLANE; ARAÚJO, 1995): 16.9 NO3-; 2.0 H2PO4-; 1.0 SO4—; 4.0 Ca++; 10.9 K+ and 1.0 Mg++, and, in mg L-1, 0.42 Mn; 0.26 Zn; 0.05 Cu; 0.50 B; 0.04 Mo, and 4.82 chelate Fe. The pH and electrical conductivity (EC) was 5.8 and 2.9 dS m-1, respectively. The pump delivered the nutrient solution for 15 minutes, at intervals of 90 minutes during the day and 420 minutes during the night. The tunnel was ventilated on sunny days by opening the lateral sides, to reach similar values of maximum air temperatures inside and outside of it. Five salinity levels were compared as treatments, obtained by varying the concentration of the standard nutrient solution. The target EC values of treatments were 0.8; 1.85; 3.0; 4.0 and 5.0 dS m-1, for T1, T2, T3, T4 and T5, respectively. The actual EC values averaged over the experimental period were 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dS m-1, respectively. Electrical conductivity and pH were measured daily. A volume of water or an aliquot of nutrient solution at the required concentration was added every time the measured EC value was 10% above or below the original value, respectively. The volumes to be added were estimated by a proportionality coefficient of the volume of nutrient solution contained into the reservoir, estimated by the depth of the liquid inside it. The pH was maintained in the range between 5.0 e 6.0 by additions of H3PO4 or KOH, from a titration curve previously determined in the laboratory. A completely randomised experimental design was used, with four replications and an experimental set-up for each plot. Four plants of each plot were harvested at 32 days after planting (DAP), when fully expanded older leaves began to senesce. The number of leaves longer than 0.01 m were counted. Specific leaf area (SLA) was determined on the basis of dry mass of 100 leaf disks (5 ´ 10-4 m2), sampled on all leaves. Leaf area index (LAI) was estimated by extrapolating the SLA to the plant leaf dry mass. Shoot fresh weight was determined and roots were carefully removed out from the sand and washed in water. Dry mass of leaves, stem and roots were determined after drying at 60ºC until constant dry weight was reached. Statistical models were fitted by regression analysis. RESULTS AND DISCUSSION The number of leaves was 18 per plant and was not affected by treatments. Dry mass of leaves increased 24,4% from T1 to T3 (Figure 1a). Treatments T4 and T5 maintained this value and the data fitted a polynomial model (Figure 1a). Stem dry mass was slightly reduced, root dry mass was not affected by treatments, and no relationship was found on data from both variables (Figure 1a). Dry mass fractions did not differ among treatments, and average values were 0.93 for leaves, 0.02 for stem and 0.05 for roots. A positive effect of EC levels was recorded on shoot fresh mass, which increased 28.5% from T1 to T2, fitting a polynomial model with a maximum estimated value of 170.7 g/plant for an EC of 2.0 dS m-1 (Figure 1b). A 16.5% linear decrease was found from T2 to T5. Leaf area data fitted a polynomial model, with a maximum LAI estimated Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Growth and yield of lettuce plants under salinity value of 4.3 m2/m2 for an EC of 2.6 dS m-1 (Figure 2). Lettuce growth was affected by low concentrations of the nutrient solution, probably due to low availability of mineral nutrients. Nevertheless, dry mass accumulation was not reduced at concentrations of the nutrient solution higher than 2.8 dS m-1. This implies uptake of carbon by leaves and mineral nutrients by roots were not affected. Effects of salinity on plant growth and yield have been attributed to simultaneous reduction in leaf area and root growth, affecting photosynthesis and water and mineral uptake (SHANON; GRIEVE, 1999). Salinity has been measured as the total salt concentration in the root media, disregarding ions in solution. Nevertheless, when salinity is due to NaCl, its effects are associated with accumulation of Na+ and Cl- in cells and/ or to ionic imbalance leading to physiological disturbances (BOLARIN et al., 2001). This was not the case in the present experiment, as a balanced nutrient solution was prepared from high quality water. When dealing with salinity, it should be advisable to separate the effects from water with NaCl from those arising from the concentration of the nutrient solution. This conclusion should be considered while growing fruiting horticultural crops commercially at high EC levels to improve physiological quality (CUARTERO; FERNADEZ-MUÑOZ, 1999; LI; STANGUELLINI, 2001). Although plant dry mass was not affected by high nutrient solution concentrations, fresh weight and leaf area were reduced. This effect might be attributed to its influence on water uptake by plants. The estimated upper threshold value of 2.0 dS m-1 and the linear slope of –14.9 (Figure 1b) were higher than those of 1.3 dS m-1 and – 13.0 respectively, reported by Ayers et al. (1951). These discrepancies might be associated to genotype differences and to environmental conditions influencing plant water demand. The effect on fresh weight was more pronounced than on leaf area, suggesting leaves had some degree of plasticity at low water deficit. Nevertheless, when water deficit rises Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figure 1. Dry mass of shoot organs (a) and shoot fresh weight (b) of lettuce plants grown hydroponically at five concentrations of the nutrient solution. Santa Maria, UFSM, 2004. by effect of high nutrient solution concentration, its influence on leaf area was similar to that on fresh weight. Present results were obtained in winter, when daily maximum air temperatures did not exceed 29ºC and average global solar radiation was about 8.4 MJ m-2 day-1 (BURIOL et al., 2000). This environmental condition was near the optimal 15-25ºC range for the lettuce crop (GOTO, 1998). Thus, relationships showed in this paper could be interpreted as a preponderant effect of the nutrient solution concentration. These effects might be enhanced by environmental conditions stimulating water uptake by plants (YEO, 1999), such as high temperatures and solar radiation during spring and summer. In this way, a second variable estimating the effect of environment on growth under saline conditions should be determined and considered when dealing with mechanistical models for the lettuce crop. The time intervals of fertigation should also be considered. Short time intervals between fertigations might be used to prevent the rising in salinity in the rooting media as a consequence of plant transpiration. In this case, growing in sand or other substrates would be similar to doing it in NFT facilities. On the other hand, if long time intervals between fertigations are used, EC values may increase, reducing plant fresh weight and leaf area. Marketable quality of lettuce is determined mainly by plant size, which depends on fresh weight. For 933 J. L. Andriolo et al. Figure 2. Leaf area index (LAI) of lettuce plants grown hydroponically at five concentrations of the nutrient solution. Santa Maria, UFSM, 2004. commercial purposes, results showed that salinity levels above 2.0 and 2.6 dS m-1 reduce fresh yield and plant growth, respectively. On the other hand, the fact that, plants were able to grow shoot and roots with a nutrient solution conductivity of about 4.7 dS m-1 suggests that water uptake is the key variable controlling lettuce plant size at concentrations of the nutrient solution above the threshold value. In this way, recycling and re-using nutrient solutions is a practice that could be taken in account. This might be done by adding 934 successive aliquots of recycled nutrient solutions during the growth of the crop, every time the measured EC values of the nutrient solution had to be raised to its original threshold. This hypothesis should be tested by more experiments. CITED LITERATURE ANDRIOLO, J.L.; LUZ, G.L.; GIRALDI, C.; GODOI, R.S.; BARROS, G.T. Cultivo hidropônico da alface empregando substratos: uma alternativa a NFT?. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.4, p.794-798, 2004. AYERS, A.D.; WADLEIGH, C.H.; BERNSTEIN, L. Salt tolerance of six varieties of lettuce. Proceedings of the American Society for Horticultural Science, v.57, p.237-242, 1951. BOLARIN, M.C.; ESTAN, M.T.; CARO, M.; ROMERO-ARANDA, R.; CUARTERO, J. Relationship between tomato fruit growth and fruit osmotic potential under salinity. Plant Science, v.160, p.1153-1159, 2001. BURIOL. 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Trani1; Francisco A. Passos1; Dulcinéia E. Foltran2; Sebastião W. Tivelli1; Ivan J.A. Ribeiro3 1 Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; E-mail: [email protected]; 2APTA-UPD de Tietê, C. Postal 18, 18530-970 Tietê-SP; E-mail: [email protected]; 3Instituto Agronômico, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP RESUMO ABSTRACT Cinqüenta acessos de alho pertencentes ao banco de germoplasma do Instituto Agronômico de Campinas foram avaliados em campo, nos municípios de Tietê e Jundiaí (SP), Brasil, em 2003, em blocos ao acaso, com três repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Skott-Knott, em nível de 5% de probabilidade. Os acessos Piedade e Gigante de Curitibanos apresentaram excelente desempenho para produtividade e qualidade do bulbo, nos dois locais. Por outro lado, os acessos Bulbilho Aéreo 2 e Andradas Manoel Lopes 2 apresentaram interação com o ambiente, o primeiro para o tamanho do bulbo e o segundo para a produtividade. Comparando-se os resultados de Jundiaí com os obtidos em Tietê, nota-se que em Jundiaí houve maior variabilidade genética para a produtividade e para o diâmetro do bulbo, devido ao menor efeito ambiental. Evaluation of garlic accesses from the collection of the Instituto Agronômico de Campinas Palavras-chave: Allium sativum L., banco de germoplasma, produtividade. Keywords: Allium sativum L., germplasm bank, yield. Fifty accesses from the garlic germplasm bank of Instituto Agronômico de Campinas were evaluated in Tietê and Jundiaí, São Paulo State, Brazil. The field trials were carried out in 2003, and the experimental design was randomized blocks with three replicates. The data were subjected to an ANOVA and the means compared using the Skott-Knott test at a 5% probability level. The access Piedade and Gigante de Curitibanos showed excellent performance for yield and bulb quality in both locations. On the other hand, environmental interaction occurred for access Bulbilho Aéreo 2 and Andradas Manoel Lopes 2. For the first one, the bulb size was different and for the second the yield changed. A greater genetic diversity on yield and bulb diameter was observed in Jundiaí, due to lower environmental effects. (Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) O Brasil produziu 114.436 t de alho em 15.715 ha em 2002 (IBGE, 2002), para um consumo estimado em 140 mil toneladas neste mesmo ano (DELLAMARIA, 2003). Segundo Camargo Filho (2003) a produtividade de alho no estado de São Paulo foi de aproximadamente 6,4 t ha-1 em 2003. Os acessos do banco de germoplasma do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) têm revelado produtividades superiores a esta média. O Centro de Horticultura do IAC mantém um banco de germoplasma de alho com 50 acessos e realiza experimentos regionais com esse germoplasma desde a década de 40. Dentre os acessos mantidos nessa coleção, encontram-se germoplasmas seminobres que podem ser utilizados por produtores em substituição aos alhos nobres. Os alhos semi-nobres são recomendados para o plantio em São Paulo pois são mais adaptados às condições Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 de fotoperíodo e temperatura, dispensam o tratamento de vernalização, são produtivos e de boa qualidade comercial. Os bulbos e bulbilhos desses acessos são arroxeados, porém, são mais claros do que os do alho nobre. O número de bulbilhos por bulbo é de 15 em média e não produzem palitos (CAMARGO FILHO et al., 1996; SIQUEIRA et al., 1996). São indicados para plantio em São Paulo as cvs. Amarante, Chinês, Gigante de Curitibanos, Lavínia e Roxinho (TAVARES et al., 1998). A expansão da área cultivada com alhos nobres e roxos ocorrida na década de 80 e 90 no Brasil em áreas novas ou que tradicionalmente cultivavam os alhos comuns e brancos, aumentou o custo de produção da cultura especialmente para a aquisição de semente. O custo de produção por hectare, de alho vernalizado, para São Paulo, foi de US$6.070,00 (março/1995: R$1,00 = US$0,90) (TRANI et al., 1997). Este alto custo foi semelhante ao valor observado em Santa Catarina, de US$6.946,00 (CARMARGO FILHO et al., 1996). Nos coeficientes técnicos para a cultura do alho vernalizado, o custo da semente representou 51% do valor dos insumos ou 33% do custo total, enquanto o custo de vernalização foi de cerca de 16% do preço da semente ou 5% do custo total (TRANI et al., 1997). Esse custo elevado dificulta o cultivo de alhos nobres para os pequenos produtores e produtores familiares de diversas regiões brasileiras. A cultura do alho é uma atividade econômica importante no sistema de agricultura familiar. Além de empregar mão-de-obra desde o plantio até a colheita, permite a utilização da mão-deobra num período que essa estaria ociosa. Com isto, favorece a fixação do homem ao campo e proporciona uma renda extra para a família. As mutações somáticas e a seleção cuidadosa dos produtores deram origem 935 P. E. Trani et al. a um grande número de cultivares de alhos semi nobres e comuns com características agronômicas distintas. Estas cultivares são exploradas economicamente no sistema de agricultura familiar nas distintas regiões produtoras de São Paulo, as quais apresentam características edafoclimáticas diferentes. Em 1987, Lisbão et al. (1993) avaliaram o comportamento de acessos de alho em três municípios paulistas (Monte Alegre do Sul, Pariquera-Açu e Guatapará). Os acessos estudados apresentaram comportamento diferente em cada município. Em Monte Alegre do Sul, os acessos IAC Lavínia 1632 (9,2 t ha-1), Roxinho I-5063 (6,3 t ha-1) e Peruano (5,6 t ha-1) foram superiores aos demais, enquanto em Pariquera-Açu os mais produtivos foram Santa Catarina Roxo (4,9 t ha-1); Cajuru I-2315 (4,9 t ha-1); São José 4999 (4,5 t ha-1) e Areal nº2 I-3978 (4,4 t ha-1). Nenhum dos acessos avaliados em Pariquera-Açu obteve produtividade superior a 5,0 t ha-1 devido às condições climáticas locais. Por outro lado, os acessos mais produtivos em Guatapará foram o Peruano (7,2 t ha-1) e o Chinês (4,8 t ha-1). No município paulista de Tietê, Lisbão et al. (1991) avaliaram o comportamento de dez acessos de alho, em 1988. O acesso Lavínia foi o mais produtivo entre os dez testados, com produtividade de 12,8 t ha-1. Os demais acessos revelaram produtividades superiores à cultivar tradicionalmente cultivada na região (Roxinho de Goiânia), que produziu apenas 1,7 t ha-1. Dentre os outros acessos merecem ser destacados os genótipos Chinês, Mineiro e Roxinho, com produtividades de 8,1; 7,9 e 7,7 t ha-1, respectivamente. Como parte do programa de pesquisa e adaptação de tecnologias regionais, o IAC, em conjunto com a CATI, estudaram o comportamento varietal do alho em Guatapará em 1988 e em Ribeirão Preto no ano seguinte. Os resultados de 1989 em Ribeirão Preto confirmaram os dados do ano anterior obtidos em Guatapará. As médias de produtividade e peso médio dos bulbos nos dois anos de estudo, demostraram que os acessos Lavínia (12,3 t ha-1 e 28,8 g), Cateto Roxo (10,7 t ha-1 e 27,5 g), Roxinho (10,7 t ha-1 e 25,0 g) e Chinês (9,1 t ha-1 936 e 24,1 g) foram superiores aos demais acessos avaliados (LISBÃO et al., 1991; LISBÃO et al., 1993). Segundo Siqueira et al. (1996), o acesso Assaí (IAC-3702) foi identificado no banco de germoplasma do IAC, como sendo muito semelhante ao acesso Cateto Roxo. Portanto, ele pode substituir o acesso Cateto Roxo com vantagens, pois seus bulbos apresentam em média 10 dentes ou bulbilhos, enquanto no Cateto Roxo ocorrem mais de 30 dentes. Além disso, as plantas do acesso Assaí são tolerantes ao pseudoperfilhamento. Diante disto, os pequenos produtores que cultivam Cateto Roxo para consumo próprio e vendas locais, podem passar a utilizá-lo em plantios comerciais ou experimentais. Os resultados obtidos indicam que as produtividades dos acessos de alho são muito variáveis de região para região, de acordo com as condições edafoclimáticas e os tratos culturais empregados. O objetivo deste trabalho foi avaliar o número de bulbos por hectare, a produtividade, o peso médio e o diâmetro dos bulbos, que são relacionados à qualidade comercial de genótipos do banco de germoplasma de alho do Centro de Horticultura do IAC. MATERIAL E MÉTODOS Dois experimentos de campo foram instalados em duas localidades do estado de São Paulo, em 2003, para avaliação de 50 acessos de alho, pertencentes ao banco de germoplasma do Centro de Horticultura do Instituto Agronômico de Campinas. O primeiro experimento foi instalado em 03/04/2003 em Tietê, enquanto o segundo ocorreu em 10/04/2003 em Jundiaí. Os bulbilhos de cada acesso utilizado no plantio foram selecionados em peneira nº2 (peso 1,5-2,0 g). O alho foi plantado em linhas simples transversais aos canteiros, os quais tinham um metro de largura. O espaçamento entre as linhas foi de 0,25 m e, entre plantas, de 0,1 m. Cada parcela conteve 0,5 m2 de área total e foi composta de duas linhas transversais. No experimento de Tietê cada linha foi plantada com sete bulbilhos, num total de 14 bulbilhos por parcela, ou 0,35 m2 de área cultivada. Em Jundiaí por sua vez, cada linha de plantio nos canteiros conteve 6 bulbilhos, num total de 12 bulbilhos por parcela, ou 0,30 m2 de área cultivada. Em ambos os locais os tratos culturais (calagem, adubação, irrigação, tratos fitossanitários, e etc.) foram realizados de acordo com Trani et al. (1997). Independentemente do ciclo, todos os acessos foram colhidos no mesmo dia em cada local. Em Tietê a colheita ocorreu em 08/09/2003, e no dia seguinte, 09/09/2003, foi colhido o experimento em Jundiaí. Em ambas as localidades, foram avaliados quatro caracteres: número de bulbos por parcela, produtividade (t ha-1), peso médio do bulbo (g) e diâmetro médio do bulbo (mm). O diâmetro médio do bulbo foi obtido por meio da média aritmética de três bulbos por parcela escolhidos ao acaso. Para efeito de comparação dos acessos quanto à produtividade em 2003 com os resultados obtidos em experimentos anteriores, os dados de peso total de bulbos em g parcela-1 no experimento de Tietê/SP foram convertidos para t ha -1 por meio da equação ProdutividadeTietê (t ha-1) = (2,857 * peso total de bulbos (g parcela-1) * 0,007. Por motivos idênticos, os dados de peso total de bulbos em g parcela-1 no experimento de Jundiaí/SP foram convertidos para t ha-1 por meio da equação ProdutividadeJundiaí (t ha-1) = (3,333 * peso total de bulbos (g parcela-1) * 0,007. Considerou-se que um hectare de cultivo de alho corresponde a 7.000 m2 de canteiros, o que origina o fator 0,007. Os experimentos foram conduzidos em blocos ao acaso com três repetições. Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Hartley, em nível de 5% de probabilidade, para verificar a homogeneidade de variâncias. Em ambos os experimentos os dados originais foram submetidos à análise de variância, e tiveram as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott, em nível de 5% de probabilidade (FERREIRA, 2005). RESULTADOS E DISCUSSÃO Devido à heterogeneidade dos quadrados médios residuais (GOMES, 1970), os resultados dos experimentos são apresentados separadamente. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas Para a variável número de bulbos por hectare não houve efeito significativo de acessos no experimento de Tietê em razão da uniformidade de emergência dos bulbilhos, ocorrendo reduzido número de falhas (Tabela 1). Tanto na análise de variância quanto no teste de ScottKnott não houve diferenças significativas em Tietê. Por outro lado, na análise de variância, para o experimento em Tietê observou-se que houve efeito altamente significativo de acessos para os caracteres produtividade, peso médio do bulbo e diâmetro médio do bulbo. O peso médio do bulbo, que está relacionado ao tamanho ou volume do mesmo, foi o principal fator a influenciar a produtividade. Os coeficientes de variação para a produtividade, peso médio do bulbo e diâmetro médio do bulbo, foram 18,4%, 16,6% e 8,0%, respectivamente (Tabela 1). Em Tietê foram detectadas cinco classes para a produtividade. O acesso Bulbilho Aéreo 2 com produtividade de 14,9 t ha-1, e o acesso Piedade com produtividade de 13,4 t ha-1, superaram estatisticamente os demais. Na segunda classe ficaram os acessos Gigante de Curitibanos e Andradas Manoel Lopes 2, que produziram 10,9 t ha-1 e 10,1 t ha-1, respectivamente. O acesso Gigante de Curitibanos foi o padrão de referência neste experimento devido a sua expressão no cultivo comercial. Comparando a produtividade de acessos do experimento em Tietê com os obtidos por Lisbão et al. (1991) no mesmo local, duas considerações merecem ser destacadas. Primeiro, a maior produtividade obtida no ano de 1988 pelos autores com o acesso Lavínia foi de 12,8 t ha-1, o que não é muito diferente das produtividades expressas no presente experimento para os acessos Bulbilho Aéreo 2 e Piedade. Segundo, os acessos de melhor produtividade no trabalho de Lisbão et al. (1991) revelaram uma produtividade bem abaixo no experimento atual, com exceção de Mineiro que havia produzido 7,9 t ha-1 e agora produziu 7,6 t ha-1. Este resultado pode ser explicado pela interação entre genótipo e ambiente. Resultados semelhantes às produtividades dos acessos foram obtidos para Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo (g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasma do IAC em Tietê, IAC, 2003. Acesso Bulbilho Aéreo 2 Piedade Gigante de Curitibanos Andradas Manoel Lopes 2 BGH 5952 Mendonça 5062 Roxo Capim Catetinho do Paraná Mineiro Tatuí 3705 Canela de Ema BGH 5935 BGH 5947 Bom Repouso Santa Catarina Roxo Gigante Tietê Cateto Precoce I-99 Cateto Roxo São José 4999 BGH 5963 Peruano Bisão BGH 4842 Santa Catarina Branco Lavínia 3208 BGH 5936 Areal nº2 3978 BGH 6394 Cará Sacaia Goiânia BGH 4823 Chinês Esalq Vera Cruz 5004 Do Reino de Araras Formosa 4713 Andradas Manoel Lopes 1 Roxo Araras Chinês 4653 Mexicano Lavínia 1632 Gravataí Assaí 3702 BGH 0525 Roxinho 5063 Alho Preto Roxo Mineiro Mossoró BGH 4814 Amarante Embrapa Roxo de Araras 2 Cajuru 2315 C.V. (%) F Número de bulbos (mil ha-1) 1 266,0 a 280,0 a 266,0 a 274,0 a 300,0 a 280,0 a 280,0 a 274,0 a 280,0 a 266,0 a 280,0 a 280,0 a 294,0 a 266,0 a 266,0 a 280,0 a 274,0 a 294,0 a 274,0 a 266,0 a 280,0 a 266,0 a 280,0 a 280,0 a 280,0 a 260,0 a 246,0 a 266,0 a 294,0 a 266,0 a 286,0 a 280,0 a 274,0 a 274,0 a 274,0 a 274,0 a 286,0 a 266,0 a 274,0 a 266,0 a 254,0 a 286,0 a 280,0 a 280,0 a 260,0 a 266,0 a 260,0 a 274,0 a 266,0 a 260,0 a 7,1 0,9ns Produtividade Peso médio (t ha) 1 do bulbo (g) 1 14,9 a 13,4 a 10,9 b 10,1 b 8,6 c 8,4 c 8,2 c 7,9 c 7,6 c 7,6 c 7,2 d 6,8 d 6,4 d 6,4 d 6,3 d 6,2 d 6,2 d 6,0 d 5,8 d 5,8 d 5,7 d 5,6 d 5,6 d 5,4 d 5,3 d 5,3 d 5,1 d 5,0 e 5,0 e 4,8 e 4,7 e 4,7 e 4,7 e 4,7 e 4,6 e 4,6 e 4,6 e 4,5 e 4,2 e 4,2 e 4,1 e 4,0 e 3,9 e 3,9 e 3,8 e 3,8 e 3,5 e 3,3 e 2,9 e 2,5 e 18,4 18,4* * 55,8 a 47,9 b 40,8 c 36,9 c 28,9 d 30,1 d 29,1 d 28,8 d 27,3 d 28,3 d 25,7 d 23,7 e 21,7 e 23,8 e 23,5 e 22,3 e 22,7 e 20,3 e 21,3 e 21,9 e 20,3 e 21,3 e 20,2 e 19,3 f 19,2 f 20,5 e 20,8 e 18,8 f 16,9 f 18,1 f 16,5 f 16,9 f 17,3 f 17,3 f 16,8 f 16,8 f 16,0 f 16,8 f 15,6 f 15,8 f 16,3 f 14,2 f 13,8 f 13,8 f 14,5 f 14,1 f 13,6 f 11,9 f 10,6 f 9,8 f 16,6 15,1* * Diâmetro médio do bulbo (mm) 1, 2 48,9 a 49,3 a 44,6 b 42,3 b 39,8 b 37,9 c 37,5 c 36,1 c 36,2 c 37,5 c 35,4 c 34,0 d 35,0 c 36,5 c 36,4 c 35,2 c 36,2 c 32,3 d 33,8 d 33,3 d 32,4 d 32,5 d 33,3 d 32,7 d 32,2 d 31,5 e 33,3 d 33,1 d 33,0 d 32,2 d 30,4 e 33,0 d 31,0 e 31,0 e 32,7 d 30,6 e 30,2 e 32,3 d 29,2 e 31,2 e 29,4 e 27,5 f 28,3 f 28,5 f 25,0 f 30,8 e 27,8 f 27,0 f 26,8 f 26,3 f 8,0 10,9* * 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott, 5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,35 m2), escolhidos ao acaso; ** Efeito de acessos (P < 0,01); nsAusência de efeito de acessos. 937 P. E. Trani et al. Tabela 2. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo (g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasma do IAC em Jundiaí, IAC, 2003. Acesso Bulbilho Aéreo 2 Piedade Gigante de Curitibanos BGH 5952 Lavínia 1632 Roxo Capim Andradas Manoel Lopes 2 BGH 5935 Mineiro Tatuí 3705 Gigante Tietê BGH 4842 Peruano Bisão Mendonça 5062 Chinês Esalq BGH 5947 Cateto Roxo Areal nº2 3978 Bom Repouso Santa Catarina Roxo Lavínia 3208 São José 4999 Catetinho do Paraná Cateto Precoce I-99 Mexicano Sacaia Goiânia 24 Chinês 4653 BGH 6394 BGH 0525 Cará BGH 5963 Vera Cruz 5004 Roxo Mineiro BGH 5936 Cajuru 2315 Formosa 4713 Roxinho 5063 BGH 4814 Amarante Embrapa Santa Catarina Branco Andradas Manoel Lopes 1 Roxo Araras Roxo de Araras 2 Do Reino de Araras Alho Preto Mossoró Assaí 3702 Canela de Ema Gravataí C.V. (%) F Número de bulbos (mil ha-1) 1 273,0 a 287,0 a 273,0 a 287,0 a 273,0 a 287,0 a 280,0 a 280,0 a 287,0 a 280,0 a 287,0 a 273,0 a 296,3 a 287,0 a 296,3 a 280,0 a 326,7 a 287,0 a 263,7 a 310,3 a 280,0 a 287,0 a 287,0 a 296,3 a 287,0 a 273,0 a 343,0 a 256,7 a 296,3 a 263,7 a 273,0 a 287,0 a 280,0 a 303,3 a 256,7 a 287,0 a 280,0 a 263,7 a 287,0 a 310,3 a 280,0 a 280,0 a 240,3 a 296,3 a 296,3 a 303,3 a 287,0 a 233,3 a 263,7 a 280,0 a 8,6 1,7* Produtividade Peso médio (t ha) 1 do bulbo (g) 1 13,1 a 11,6 b 11,4 b 9,8 c 9,6 c 9,3 c 9,0 c 8,7 d 8,6 d 8,3 d 8,1 d 8,1 d 7,5 e 7,4 e 7,2 e 7,1 e 7,1 e 7,0 e 7,0 e 7,0 e 6,9 e 6,7 f 6,5 f 6,5 f 6,5 f 6,5 f 6,3 f 6,3 f 5,9 f 5,7 g 5,6 g 5,6 g 5,6 g 5,5 g 5,4 g 5,4 g 5,4 g 5,3 g 5,2 g 5,2 g 5,1 g 5,1 g 5,1 g 5,0 g 4,9 g 4,5 h 4,5 h 4,4 h 3,4 i 3,1 i 7,8 42,9* * 48,0 a 40,5 b 41,7 b 34,3 c 35,3 c 32,4 c 32,2 c 31,0 d 29,9 d 29,8 d 28,3 d 29,8 d 25,3 e 25,7 e 24,3 e 25,3 e 21,7 f 24,5 e 26,7 e 22,6 f 24,6 e 23,3 f 22,8 f 21,9 f 22,5 f 23,6 e 18,5 g 24,4 e 20,1 g 21,5 f 20,7 f 19,7 g 19,9 g 18,1 g 21,2 f 18,8 g 19,3 g 20,1 g 18,0 g 16,7 g 18,3 g 18,3 g 21,0 f 16,8 g 16,7 g 14,7 h 15,5 h 18,7 g 12,8 i 11,0 i 8,2 46,1* * Diâmetro médio do bulbo (mm) 1, 2 39,3 c 47,3 a 45,3 a 38,3 c 39,3 c 38,7 c 40,7 b 35,0 d 32,3 e 35,3 d 41,7 b 36,0 d 32,7 e 37,0 d 32,3 e 33,0 e 30,3 e 33,7 e 33,0 e 36,3 d 32,0 e 35,3 d 33,3 e 34,7 d 32,7 e 31,0 e 30,3 e 31,7 e 31,7 e 29,7 e 32,0 e 32,0 e 31,0 e 23,7 g 31,0 e 31,0 e 29,0 f 27,7 f 28,7 f 27,0 f 28,7 f 32,3 e 29,7 e 28,7 f 28,0 f 26,3 f 41,7 b 24,0 g 20,7 h 26,7 f 5,1 30,6* * 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott, 5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,3 m2), obtidos ao acaso; *Efeito de acessos (P < 0,05); ** Efeito de acessos (P < 0,01) 938 o peso médio do bulbo no experimento em Tietê, no qual seis classes foram detectadas. O acesso Bulbilho Aéreo 2, com média de 55,8 g por bulbo, superou os demais. Na segunda classe destacou-se o acesso Piedade com média de 47,9 g por bulbo. O acesso Gigante de Curitibanos e Andradas Manoel Lopes 2, que produziram pesos médios de bulbo de 40,8 e 36,9 g, respectivamente, ocuparam a terceira classe (Tabela 1). No experimento em Tietê foram obtidas seis classes para o diâmetro médio do bulbo, variável relacionada ao tamanho de bulbos selecionados. Os acessos Piedade, com 49,3 mm e Bulbilho Aéreo 2, com 48,9 mm, superaram os demais. Os acessos Gigante de Curitibanos, Andradas Manoel Lopes 2 e BGH 5952, com 44,6 mm, 42,3 mm e 39,8 mm respectivamente, situaram-se em segundo lugar. As médias referentes ao número de bulbos por hectare, produtividade (t ha-1), peso médio do bulbo (g) e diâmetro médio do bulbo (mm) referentes aos 50 acessos avaliados em Jundiaí, bem como o valor de F da análise de variância e a comparação pelo teste de Skott-Knott encontram-se na Tabela 2. A análise de variância para o número de bulbos por hectare mostrou-se estatisticamente significativa para o experimento em Jundiaí. O teste de SkottKnott para esta variável detectou apenas uma classe, demonstrando não haver diferença entre o número de bulbos por hectare de cada acesso avaliado. A semelhança entre o número de bulbos por hectare era esperada em função da metodologia adotada no experimento e a uniformidade de brotação. Para o experimento em Jundiaí foram detectadas 9 classes de produtividade. O acesso Bulbilho Aéreo 2 foi o mais produtivo com 13,1 t ha-1 superando os demais. Na classe seguinte estão os acessos Piedade e Gigante de Curitibanos, com magnitudes respectivas de 11,6 t ha-1 e 11,4 t ha-1 (Tabela 2). Estes acessos superam Lavinia 1632, que nos experimentos de Lisbão et al. (1991) e Lisbão et al. (1993), foi o mais produtiva em São Paulo, e que neste ensaio posicionou-se na terceira classe de produtividade, com 9,6 t ha-1, juntamente com outros acessos. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas O teste Skott-Knott detectou 9 classes para o peso médio do bulbo para os acessos cultivados em Jundiaí. O acesso Bulbilho Aéreo 2 superou os demais com média de 48,0 g por bulbo. Por sua vez, Piedade e Gigante de Curitibanos expressaram pesos médios de bulbo semelhantes na segunda classe, com valores de 40,5 g e 41,7 g, respectivamente (Tabela 2). Para o diâmetro médio do bulbo, o maior valor em magnitude foi verificado para o acesso Piedade, com 47,3 mm, que não diferiu do acesso Gigante de Curitibanos, que expressou 45,3 mm de diâmetro. Estes acessos foram superiores em diâmetro aos acessos Mossoró e Andradas Manoel Lopes 2, que produziram diâmetro médio de bulbo de 41,7 mm e 40,7 mm, respectivamente. Houve semelhança de resultados entre os dois locais quando se comparam o peso médio do bulbo com a produtividade e com o diâmetro do bulbo. A exceção no experimento em Jundiaí (Tabela 2) foi o acesso Mossoró que apresentou baixa produtividade (4,5 t ha-1) e cabeça grande (41,7 mm). Portanto, os melhores tamanhos de bulbo aliados à boa produtividade em Jundiaí foram alcançados pelos acessos Piedade e Gigante de Curitibanos. As produtividades foram maiores do que a produtividade normal para o alho em São Paulo, que é de 4 a 8 t/ha (LISBÃO et al., 1993; TAVARES et al., 1998). Apesar da produtividade do acesso Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Bulbilho Aéreo 2 ter sido de 13,1 t ha-1, comercialmente o diâmetro médio do seu bulbo classifica o acesso em categoria inferior à dos acessos Piedade e Gigante de Curitibanos, em razão de variações de 36 a 45 mm do diâmetro serem classificadas como tamanho 4, ao passo que variações de 46 a 55 mm classificam o genótipo como tamanho 5 (TRANI et al., 1997), o que é um fator importante no valor monetário para o alho. Os acessos Piedade e Gigante de Curitibanos exibiram excelente desempenho para produtividade e qualidade do bulbo, nos dois locais avaliados. Em contraposição, os acessos Bulbilho Aéreo 2 e Andradas Manoel Lopes 2 apresentaram interação com o ambiente, o primeiro para o tamanho do bulbo e o segundo para a produtividade. Aos agricultores, recomenda-se o plantio experimental destes quatro acessos de alho, porque revelaram produtividade e qualidade superior em relação às cultivares tradicionalmente plantadas. LITERATURA CITADA CAMARGO FILHO, W.P. Área e produçãodos principais produtos da agropecária do estado de São Paulo: levantamento subjetiva estado de São Paulo. São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/ ibcoiea.php >. Acesso em: 27 ago. 2004. CAMARGO FILHO, W.P.; TRANI, P.E.; SIQUEIRA, W.; BERNHARDT, L.W.; MAZZEI, A.R.; SILVA, C.G.; URYU, E.N.; CABRERA FILHO, J. Repensando a agricultura paulista – cadeias produtivas do alho, da cebola e condimentos. São Paulo, 86 p., 1996. (não publicado) DALLAMARIA, G.C.M. A cultura do alho no Brasil. Batata Show, ano 3, n.6, p.32-33, 2003. FERREIRA, D.F. Programa Sisvar versão 4.3 (Build 45). DEX/UFLA, Lavras (MG). Disponível em :<http://www.dex.ufla.br/danielff/ dff02.htm>. Acesso em: 15 mar. 2005. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. 4a. ed. São Paulo: Livraria Nobel, 1970, 430 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA Produção Agrícola Municipal: Alho. Brasília, 2002. Disponível em: <http:// w w w. s i d r a . i b g e . g o v. b r / b d a / t a b e l a / protabl.asp?z=t&o=1&i=P>. Acesso em 27 ago. 2004. LISBÃO, R.S.; FORNASIER, J.B.; GROPPO, G.A.; NEVES, J.P.S.; BARBOSA, L.A.V.; INADA, I.; RODRIGUES, A.; VERAGUAS, S.; FERNANDES, S.C.S. Avaliação de cultivares de alho. Campinas, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Programa de Pesquisa e Adaptação de Tecnologias Regionais, n.22, mai. 1991. LISBÃO, R.S.; SIQUEIRA, W.J.; FORNASIER, J.B.; TRANI, P.E. Alho. In: FURLANI, A.M.C.; VIEGAS, G.P., Ed. O melhoramento de plantas no Instituto Agronômico. Campinas, Instituto Agronômico, 1993. p.222-253. 524 p. SIQUEIRA, W.J.; TAVARES, M.; TRANI, P.E. Variedades de alho para o estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômico, 1996. 26 p ( Boletim Técnico, 165) TAVARES, M.; TRANI, P.E.; SIQUEIRA, W.J. Alho. In: Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas, editado por Joel Irineu Fahl, Marcelo Bento Paes de Camargo, Maria Angélica Pizzinatto, Juarez Antonio Betti, Arlete Marchi Tavares de Melo, Isabela Clerici Demaria e Angela Maria Cangiani Furlani. 6. ed. rev. atual. Campinas, Instituto Agronômico, 1998. p.175-176. (Boletim IAC, 200). TRANI, P.E.; TAVARES, M.; SIQUEIRA, W.J.; SANTOS, R.R.; BISÃO, L.G.; LISBÃO, R.S. Cultura do alho: recomendações para seu cultivo no estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômico, 1997. 39 p (Boletim Técnico, 170) 939 FERREIRA, M.D.; KUMAKAWA, M.K.; ANDREUCCETTI, C.; HONÓRIO, S.L.; TAVARES, M.; MATHIAS, M.L. Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.940-944, out-dez 2005. Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa M.D. Ferreira1; M.K. Kumakawa2; C. Andreuccetti1; S.L. Honório1; M. Tavares3; M.L. Mathias2 1 UNICAMP, Fac. Eng. Agrícola, Conselho Integrado de Tecnologias de Processos, Distrito Barão Geraldo, C. Postal 6011, 13083-875 Campinas-SP; E-mail: [email protected], 2UNICAMP, Fac. Eng. Mecânica, Campinas-SP; 3Universidade Federal de Uberlândia, Fac. Matemática, Av. João Naves de Ávila, 2121, 38408-100 Uberlândia-MG. RESUMO ABSTRACT Atualmente, existem disponíveis no mercado brasileiro alternativas quanto a equipamentos de beneficiamento e classificação para tomate de mesa, sendo os mais comuns aqueles que realizam a padronização através dos parâmetros tamanho e peso do produto. Neste trabalho realizou-se um levantamento em cinco unidades de beneficiamento e classificação para tomate de mesa, localizadas na região de Campinas (SP), caracterizando o tipo de equipamento, seu funcionamento, as etapas envolvidas no processo e aferindo a classificação utilizada pelos galpões, comparando-a com aquela determinada pelo Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura, desenvolvido pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, Ceagesp. A classificação dos tomates foi realizada medindo-se os diâmetros transversais dos frutos por meio de um paquímetro digital. Na avaliação das linhas de beneficiamento e classificação, observou-se grande variação nas etapas do processo: quanto às dimensões, determinou-se aproximadamente 99% de diferença entre os comprimentos aferidos; quanto ao número e ao tipo de escovas, na etapa de lavagem encontrou-se o mínimo de 4 escovas e o máximo de 19 escovas nylon, na etapa de secagem o mínimo de 5 e o máximo de 15 escovas espuma (poliuretanopoliéter), e na etapa da segunda secagem, incluindo o polimento, o mínimo de 6 e o máximo de 64 escovas, preferencialmente de origem animal, crina. Observou-se ainda para os padrões de classificação maiores o não cumprimento das normas nos galpões de beneficiamento avaliados. Das 14 amostragens realizadas nas 5 unidades de beneficiamento, 57,2% enquadraram-se às normas de classificação recomendadas. Evaluation of packing lines and classification standards for fresh market tomatoes in Brazil Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, escovas, galpões, normas, diâmetros de frutos. Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, brushes, packing houses, standards. Currently, are available in the Brazilian market some alternatives of packing and standardization equipment for fresh market tomatoes. The most common ones classify the fruits through their size and weight. Five packing line units for classifying fresh market tomatoes, located in the Campinas region, Brazil, were evaluated. The type of equipment was characterized; the involved steps in the process, and the working functions were analysed. A comparison was done between the classification recommended by the Brazilian Program for the Modernization of the Horticulture (developed by the CEAGESP), and those used in the different packing houses evalkuated. The classification was carried out measuring the transversal diameter of the fruits with a digital paquimeter. A large variation was observed (99%) in the length of the packing lines. In the washing step the number of brushes varied from 4 to 19 nylon brushes. In the drying step, the number of foam brushes (polyurethane-polyether) ranged from 5 to 15, and from 6 to 64 brushes of animal origin (horse poil mainly) in the second drying and polishing step. For bigger classification standards a lack of fulfillment of the norms was observed. From the 14 samples taken in the 5 packing houses, only 57.2% worked accordingly to the recommended norms. (Recebido para publicação em 15 de agosto de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) S egundo Cançado Jr. et al. (2003), o tomateiro é a segunda hortaliça cultivada no mundo, sendo que em quantidade produzida é superada apenas pela batata. Das 108.499.056 t métricas de produção mundial de tomate em 2002, 3.518.163 foram produzidas pelo Brasil, colocandoo como oitavo produtor mundial, correspondendo a uma área colhida de 62.291 ha. O volume comercializado na Ceagesp (SP) neste mesmo ano foi de 243.794 t, sendo o tomate salada responsável por 189.405 t, com preço médio de R$0,85/kg baseado no volume comercializado na Ceagesp (FNP CONSULTORIA 940 & AGROINFORMATIVOS, 2004). Os mesmos autores afirmaram que uma boa alternativa para aumentar a lucratividade dos produtores é otimizar a logística de produção, colheita e distribuição do tomate, o que acarretaria numa melhora de qualidade do produto e numa diminuição das perdas pós-colheita. As perdas na pós-colheita podem ser causadas por danos mecânicos, armazenamento impróprio, manuseio excessivo, transportes inadequados e grande tempo de exposição no varejo. Danos mecânicos devido a impactos, compressão, vibração, cortes e ra- chaduras estão relacionados com alterações fisiológicas, metabólicas, de aroma, sabor e qualidade em diversos produtos hortícolas (MORETTI et al., 1998). Danos mecânicos podem ser ocasionados por uma pequena força, por impacto com outro fruto ou em uma superfície dura, sendo cumulativos durante as práticas de manuseio pós-colheita (MOHSENIN, 1986; SARGENT et al., 1992). Portanto, as etapas de manuseio do produto, desde o campo até o consumidor, devem ser cuidadosamente coordenadas e integradas para maximizar a qualidade final do produto Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa (SARGENT et al, 1992). Hyde e Zhang (1992) relatam que as escovas utilizadas em uma linha de beneficiamento e classificação possuem diferentes velocidades de acordo com a sua finalidade. Porém, a velocidade excessiva das escovas e/ou a excessiva exposição a elas, também podem causar danos aos frutos, em especial se as escovas utilizadas possuírem superfícies pontiagudas e rígidas. Uma linha de beneficiamento e classificação de frutas e hortaliças é composta por etapas como recebimento, préseleção, lavagem, secagem, classificação e embalagem (MILLER et al., 2001). Segundo Ferreira et al. (2004), os frutos são avaliados, dentre outros parâmetros, pelo tamanho que, por sua vez, é medido através da circunferência ou diâmetro transversal. Para Belém (2003), a classificação garante um padrão único para os produtores, atacadistas e consumidores finais, promove maior facilidade na comercialização, possibilitando que os melhores agricultores possam ter seus produtos valorizados, diminuindo as perdas, além de garantir ao consumidor um elevado padrão de qualidade de frutas e hortaliças. A classificação do tomate de mesa também interfere na qualidade final, uma vez que este é suscetível a danos provocados pelo manuseio incorreto, seja da classificação manual ou da mecânica. Produtos com características de tamanho e peso padronizados são mais fáceis de ser manuseados em grandes quantidades, pois apresentam menores perdas, produção mais rápida e melhor qualidade (CHITARRA; CHITARRA, 1990). Objetivou-se com este trabalho caracterizar os equipamentos (nacionais e importados) de beneficiamento e classificação para tomate de mesa em cinco unidades localizadas na região de Campinas (SP), identificando as etapas envolvidas no processo e os parâmetros de funcionamento tais como material utilizado, tipo de classificadora, escovas empregadas na etapa de limpeza e lavagem. Estabeleceu-se também o relacionamento entre a classificação utilizada pelas unidades referidas com a recomendada pelo Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 (CEAGESP, 2000), verificando se as normas preconizadas estavam sendo cumpridas. MATERIAL E MÉTODOS A caracterização dos equipamentos de beneficiamento e classificação foi realizada pela identificação dos materiais utilizados na construção do classificador, das medidas de rotação de operação das esteiras de lavagem, secagem e polimento. Dimensionou-se o tipo de máquinas beneficiadoras empregadas por meio de medidas feitas com o auxílio de uma trena profissional. Foi mensurado o tamanho de cada etapa do equipamento, aferindo-se tanto o comprimento quanto as larguras interna e externa. Na etapa de limpeza, polimento e secagem, identificaram-se a quantidade e qualidade das escovas utilizadas, classificando o material das escovas de acordo com sua origem em vegetal, animal e sintético. Para avaliação das condições das escovas foi utilizada uma escala de notas de 1 a 5, correspondente ao nível de conservação das escovas (1=escovas em péssimo estado de conservação, com ausência no número de cerdas; 2=estado de conservação ruim, mas sem falhas na escova; 3=intermediário, escovas em uso, com cerdas eretas, mas apresentando algum desgaste por uso; 4=escovas novas com pouco uso; 5=escovas recém instaladas). Foram avaliadas as escovas nas etapas referentes à lavagem, secagem e polimento. Aferiu-se a rotação de operação das escovas (rpm) nas etapas já mencionadas através da determinação de um ponto de referência, utilizando-se um cronômetro de precisão, considerando um minuto como tempo padrão. Realizaram-se cinco repetições para cada grupo de escovas, considerando-se como resultado final a média das repetições. A eficiência do processo de classificação foi avaliada por medições do diâmetro transversal dos frutos. Verificouse sua adequação dentro das normas de padrão e classificação indicadas pelo Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura (CEAGESP, 2000), determinando-se a eficiência dos equipamentos utilizados nas unidades pesquisadas. A metodologia baseou-se em recomendações de Sargent et al. (1991) e Lopez Camelo et al. (2003). Amostras foram coletadas nos padrões de classe (diâmetros) 3A, 2A e 1A, conforme disponibilidade nos galpões, respectivamente equivalente às classes Grande, Médio e Pequeno (CEAGESP, 2000), denominações mais usadas após embalamento, em um número de 100 frutos para cada padrão de classificação. A análise dos resultados foi feita pelo Teste t, para um intervalo de confiança de 90%. A confiabilidade de 90% para o método foi adotada segundo o limite de tolerância para mistura de tomates pertencentes a classes diferentes, que não deve ultrapassar 10% de frutos que pertençam à classe imediatamente superior e/ou inferior, conforme descreve o Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura (CEAGESP, 2000) e Ferreira et al. (2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO As cinco unidades de beneficiamento e classificação estudadas foram nomeadas de Galpões 1 a 5, sendo que todos trabalhavam com capacidade inferior à máxima. Galpões 1, 2 e 3 eram compostos de equipamentos mistos, etapa de recebimento e limpeza (lavagem, secagem e polimento) de origem nacional, e classificação com maquinário importado. Galpões 1 e 3 utilizavam-se da classificação por diâmetro e cor; Galpão 2, classificação por peso e cor. Galpão 4 possuía linha de beneficiamento e classificação por peso importada, sendo a classificação por cor realizada manualmente. Galpão 5, beneficiamento e classificação por diâmetro em equipamento nacional através da esteira de lona. Os Galpões 1, 2 e 5 classificavam, no período da pesquisa, frutos com formato redondo e os Galpões 3 e 4, tomates oblongos (CEAGESP, 2000). Quanto à caracterização das etapas das linhas de beneficiamento e classificação observa-se, na Tabela 1, um diferencial entre os comprimentos das etapas constituintes do equipamento de beneficiamento, bem como no comprimento total desta, que neste caso variou de 18,84 m a 37,49 m. Constatou-se que somente em um galpão o recebimento 941 M. D. Ferreira et al. Tabela 1. Caracterização dimensional (comprimento, m) em cinco unidades de beneficiamento e classificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003. Dimensões dos galpões de beneficiamento (m) Etapas Galpão 1 Galpão 2 Galpão 3 Galpão 4 Tanque Recebimento EI* EI* EI* 4,57 Galpão 5 EI* Recebimento 3,47 2,24 2 3,1 3,4 Lavagem 1,92 2,45 2,45 1,43 2,1 Esteira EI* EI* 1,55 EI* EI* Secagem 1,75 0,75 0,93 1,43 1,65 Secagem 2/Polimento 3,8 2,4 0,93 3,86 3,8 Seleção EI* 4,8 EI* EI* 2,5 Saída Seleção EI* 2,45 EI* EI* EI* Etapa Alimentação 6,28 EI* 1,62 5,7 EI* Entrada Colorimetro EI* 2,85 EI* EI* EI* Colorimetro 1,8 1 1,7 EI* EI* Saída Colorimetro EI* 1,85 EI* EI* EI* Linha Classificação Total 6,44 16,7 25,46 37,49 9,52 9 20,7 29,09 5,39 18,84 *EI = etapa inexistente. Tabela 2. Classificação das escovas em cinco galpões de beneficiamento e classificação para tomates de mesa, quanto ao número e material utilizado nas etapas de lavagem, secagem e polimento. Campinas, UNICAMP, 2003. Etapas Lavagem Galpões Secagem Secagem2/Polimento Nº Escovas Material Nº Escovas Material Nº Escovas Material 1 15 Nylon 15 Espuma 30 Crina 2 19 Crina 5 Espuma 64 PVC 3 10 Nylon 9 Espuma 16 Crina 4 4 Nylon 6 Espuma 6 Nylon 5 16 Nylon 14 Espuma 30 Crina Tabela 3. Rotações das escovas nas diferentes etapas em cinco galpões de beneficiamento e classificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003. Galpões Etapas (rotação rpm) Lavagem Lavagem 2 Secagem Secagem 2 Polimento 1 162 EI* 118 EI* 118 2 76 EI* 119 EI* 11 3 102 77 26 26 26 4 46 EI* 46 EI* 46 5 168 EI* 115 148 131 *EI = etapa inexistente. ocorreu em tanques de água. Importante salientar que essas diferenças de comprimento encontradas podem estar relacionadas ao tipo de classificador utilizado e ao volume diário de produção. Outro aspecto observado refere-se às dimensões da etapa de limpeza (lavagem, secagem e polimento) que diferiram entre as unidades pesquisadas. To942 davia, não eram proporcionais ao comprimento máximo de cada linha, ocorrendo, portanto, equipamentos com menores dimensões totais, mas proporcionalmente com maiores dimensões nas etapas de limpeza. O Galpão 4 apresenta o menor número de escovas nas três etapas (Tabela 2). Enquanto que na etapa de Secagem2/ Polimento o Galpão 2 apresentou o maior número. Esta máquina de classificação não utilizava escovas no polimento, somente realizando secagem. Observa-se portanto uma grande diferença no número e tipos de escovas nas linhas de beneficiamento avaliadas. Miller et al. (2001) relatam que a utilização de escovas transversais para limpeza é praticamente universal para frutas e hortaliças, juntamente com a aplicação de algum detergente ou desinfetante. O fruto deve ser localizado imediatamente sobre o espaço entre a primeira e segunda escova, mas não sobre a escova, porque cada linha de frutas passará entre as escovas. As escovas da maioria dos galpões estavam em condições razoáveis, nota 3 na escala proposta. Pode-se destacar os Galpões 2 e 3 por terem apresentados as escovas em melhores condições, notas 4 e 5. A etapa de polimento apresentou escovas em melhores condições de funcionamento enquanto que as da etapa de secagem estavam em condições mais comprometedoras (nota 2). Para que o processo de limpeza seja efetivo e para o adequado funcionamento das escovas, estas devem ser continuadamente verificadas, pois ocorre desgaste por uso, com o acúmulo de impurezas, as quais prejudicam o seu apropriado funcionamento. Para tanto, revisões periódicas são recomendadas (SARDI, 2001). Observa-se na rotação das escovas das etapas de lavagem, secagem e polimento, diferenças entre os galpões (Tabela 3). Nota-se que o Galpão 4 apresentou uma rotação baixa em todas as etapas, enquanto que os Galpões 1 e 5 se destacaram pela elevada rotação. Hyde e Zhang (1992) relatam que uma redução na velocidade das escovas reduz a intensidade das injúrias causadas pelas escovas e pela abrasão de um fruto contra o outro. Com a redução da velocidade das escovas, ocorre uma conseqüente redução no número de impactos por segundo, porém, com a redução do fluxo do produto, o impacto total pelo choque de fruta contra fruta pode continuar o mesmo. Assim, recomenda-se para cultivares de maior sensibilidade uma redução na velocidade das escovas, mas com um fluxo normal de operação dos frutos. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa Tabela 4. Resultados das classificações dadas pelos diferentes Galpões conforme formato dos tomates. Campinas, UNICAMP, 2003. Galpões 1 2 3 4 5 Formato fruto Variável n1 Média (mm) Desvio Intervalo Intervalo padrão (mm) amostra (mm) padrão* (mm) Redondo 1A 100 59,38 2,96 58,89-59,87 50-65 Redondo 2A 100 69,22 3,43 68,65-69,79 65-80 Adequado Redondo 3A 100 77,35 5,22 76,48-78,22 Acima de 80 Inadequado Redondo 2A Méd* 100 53,17 2,82 52,71-53,64 65-80 Inadequado Redondo 2A 100 56,22 2,48 55,80-56,63 65-80 Inadequado Condição Adequado Redondo 3A 100 61,67 4,43 60,94-62,41 Acima de 80 Inadequado Oblongo 1A 100 52,86 3,35 52,31-53,42 40-50 Inadequado Oblongo 2A 100 58,52 3,18 57,99-59,05 50-60 Adequado Oblongo 1A* * (Extrinha) 100 45,19 2,98 44,70-45,69 40-50 Adequado Oblongo 1A 100 46,03 2,88 45,55-46,51 40-50 Adequado Oblongo 2A 100 54,25 4,30 53,53-54,96 50-60 Adequado Oblongo 1A 100 58,99 2,58 58,56-59,42 50-65 Adequado Oblongo 2A 100 69,57 3,47 68,99-70,15 65-80 Adequado Oblongo 3A 100 76,26 2,95 75,77-76,75 Acima de 80 Inadequado *Esta unidade não utilizava classificação 1A, mas considerava esta como a de menor diâmetro. **Unidade 4 considerava o menor diâmetro como extrinha (1A), não existindo a classificação 3A. Quanto aos padrões de classificação, observa-se na tabela 4 os resultados referentes à verificação ou não da adequação dentro das normas para todos os galpões pesquisados. Os parâmetros indicados nas tabelas são: “Variável” (classificação adotada pelos Galpões pesquisados); “n1” (tamanho da amostra por padrão de classe); “Média” (média dos diâmetros amostrados, mm); “DP” (Desvio Padrão da amostra, mm); “Intervalo da amostra” (intervalo calculado a partir do Teste t com intervalo de confiança de 90%, conforme metodologia); e “Intervalo padrão”, intervalo de diâmetros indicados pela CEAGESP (2000) para diferentes padrões de classe. No Galpão 1, observa-se que, para as classes de diâmetros 1A e 2A, as normas foram atendidas, admitindo-se tolerância de mistura de 10%, conforme indica CEAGESP (2000). Ou seja, diante das análises, determinou-se que o “Intervalo da amostra” está contido no “Intervalo padrão”. Para tomate 1A, dentro da amostragem de 100 frutos, 98 deles enquadravam-se nas normas de padrão e classificação da CEAGESP. Para tomate 2A, 96 frutos atenderam a classificação conforme norma. Enquanto que para os tomates classificados como 3A, 27 frutos estavam de acordo com a legislação, isto significa que o “Intervalo da amostra” não pertence ao Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 “Intervalo padrão”, o primeiro estando abaixo do segundo. Logo, tomates que foram classificados como Grande (3A) estavam sendo supervalorizados, sendo mais adequada a classificação tamanho Médio (2A). Todavia para Galpão 2, observa-se diferença entre a classificação dada por essa unidade de beneficiamento e a classificação indicada pela Ceagesp, para todos os níveis de classe analisados. Os intervalos das amostras não estão contidos nos intervalos padrões de classificação, sendo aqueles inferiores a esses. Neste caso, todos os tomates dessa unidade, durante a época da pesquisa, estavam sendo supervalorizados. Os tomates classificados como Médio (2A) e Grande (3A) são, conforme norma Ceagesp (2000), tomates de tamanho Pequeno, com diâmetros variando de 50 a 65 mm. Já no Galpão 3, o tomate classificado como 1A, está sendo desvalorizado, uma vez que o “Intervalo da amostra” está acima do “Intervalo padrão”, ou seja, o adequado seria denominar o tomate como 2A (tamanho Médio) e não como 1A (Pequeno). Para a outra classe analisada (2A), determinou-se que a norma estava sendo atendida, com 71 frutos correspondendo a classificação conforme Ceagesp (2000). O “Intervalo da amostra” está contido no “Intervalo padrão”. No caso do Galpão 4, levantou-se que, para todos os níveis de classes pesquisados (1A, 1A Extrinha e 2A), as normas foram atendidas de maneira satisfatória segundo os padrões de classificação da Ceagesp (2000). Os intervalos das amostras estão contidos nos intervalos padrões indicados pela legislação. Encontraram-se 94 frutos enquadrados na norma para as classificações 1A e 1A Extrinha e para tomate 2A, obtiveram-se 80 frutos com diâmetros de acordo com a norma. Dentre os tomates classificados pelo Galpão 5, aqueles denominados como 1A e 2A encontram-se dentro das normas sugeridas pela Ceagesp (2000), com 98 e 91 frutos, respectivamente, atendendo a legislação. Já para o tomate classificado como 3A o “Intervalo da amostra” não está contido no “Intervalo padrão”. O tomate, nesse caso, estava sendo supervalorizado, uma vez que deveria ter sido classificado como 2A (tamanho Médio). A partir dessa análise, observa-se que o tipo de equipamento utilizado nas diferentes unidades pesquisadas, bem como sua devida calibração, afetaram os resultados de classificação para tomate de mesa. Os resultados mostram diferenças entre os galpões para beneficiamento de tomate quanto ao equipamento utilizado, dimensões externas, número e tipo de escovas e rotações das escovas. Ob943 M. D. Ferreira et al. serva-se através dessas informações um potencial para pesquisas futuras, com a criação de parâmetros para melhor funcionamento e eficiência nas etapas de uma linha de beneficiamento e classificação. Para a avaliação das normas de classificação, os menores padrões (frutos com menores diâmetros transversais) são coincidentes para o Padrão Ceagesp (2000), enquanto as encontradas para os maiores padrões não o são, na sua maioria, discordando dos resultados encontrados por Sargent et al. (1991). Os equipamentos que realizam classificação utilizando como padrão o diâmetro do fruto (Galpões 1, 3 e 5) atenderam em sua maioria (62,5%) as normas preconizadas pela Ceagesp (2000). Dos 37,5% equipamentos restantes que não estavam atendendo as normas nessas unidades, 25% estavam supervalorizando e 12,5% subvalorizando o produto. Os outros dois galpões (2 e 4) classificam os frutos por peso, porém, não foi possível comparar as unidades, uma vez que em uma delas as normas não foram atendidas em nenhuma classificação realizada, enquanto que na outra unidade as classificações dos frutos se adequaram às normas. Todas as unidades de classificação falharam em pelo menos uma classe, não atendendo os limites pré-estabelecidos e somente uma delas atingiu as normas da CEAGESP (2000) nas categorias classificadas. O melhor resultado obtido, nesse caso, contou com equipamento importado para a classificação através da aferição do peso dos frutos (Galpão 4). Porém, o tipo de equipamento, seja ele importado ou nacional, por si só, não é satisfatório para avaliar a eficiência das operações de classificação. Deve-se atentar para outros quesitos, de acordo com Sargent et al. (1991), tais como a calibração do equipamento (a freqüência e o rigor com que essa tarefa é realizada) e a velocidade das esteiras transportadoras. No caso do não cumprimento da norma, segundo Lopez et al. (2003), as atribuições podem ser dadas à seqüência de operações e à ve- 944 locidade das correias de transporte. Logo, a calibração dos equipamentos deve ser feita freqüentemente, com o intuito de evitar a desvalorização ou a supervalorização do produto, rotulandose o produto de acordo com a legislação, não prejudicando os consumidores finais. Faz-se necessário a realização de treinamento dos operadores, a fim de que esses possam efetuar a adequação dos equipamentos às classificações, conforme os diferentes diâmetros e variedades existentes, comparando-se o diâmetro classificado com aquele indicado pela norma. No caso da classificação obtida não se adequar às normas, como encontrado na maioria dos galpões estudados nessa pesquisa, Gayet et al. (1995) afirmaram que é indispensável proceder à eliminação manual dos frutos considerados fora de calibre e a sua inclusão nos lotes correspondentes. Para a garantia de um produto de qualidade é necessário que as normas estabelecidas, nesse caso para tomate de mesa, se adaptem, de acordo com Ferreira et al. (2004), à realidade agrícola com vistas as cultivares de diferentes formatos, tamanhos e cores. Por isso, é relevante a formação de recursos humanos que possam dar apoio a essa realidade, a existência de cursos e treinamentos para os trabalhadores e o compromisso dos produtores diante desses fatores. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP (O presente trabalho faz parte do Projeto UNIMAC). LITERATURA CITADA BELÉM, M.Q. Padronização das frutas. Revista Agroamazônica. Disponível em: <http:// www.revistaagroamazonia.com.br/12fruticultura04.htm>. Acesso em: out. 2003. CANÇADO JÚNIOR, F.L.; CAMARGO FILHO; W.P.; ESTANISLAU, M.L.L.; PAIVA, B.M.; MAZZEI, A.R.; ALVES, H.S. Aspectos econômicos da produção e comercialização do tomate para mesa. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 2003, v.24, n.219, p.7-18. CEAGESP. Programa Brasileiro para Modernização da Horticultura. Normas de Classificação do Tomate. Centro de Qualidade em Horticultura. CQH/CEAGESP. 2000. São Paulo (CQH. Documentos 26). CHITARRA, M.I.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320 p. FERREIRA, S.M.R., FREITAS, R.J.S., LAZZARI, E.N. Padrão de identidade e qualidade do tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) de mesa. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.1, p.329335, 2004. FNP Consultoria & Agroinformativos. Anuário da Agricultura Brasileira – Agrianual 2004. São Paulo: FNP, 2003, 496 p. GAYET, J.P.; BLEINROTH, E.W.; MATALLO, M.; GARCIA, E.E.C.; GARCIA, A.E.; ARDITO, E.F.G.; BORDIN, M.R. 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No campo, estudou-se o nível de infecção nas folhas em delineamento de blocos ao acaso com nove cultivares de melancia e quatro repetições, com inoculação de duas plantas por parcela aos 43 dias após o plantio (DAP). Foram avaliadas as cultivares Crimson Sweet, Onix, Rubi, Safira, Eureka, Georgia, Sheila, Savana e Riviera. Em casa de vegetação, estudou-se a infecção no caule em vasos, com delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, em esquema fatorial de 9 x 3, sendo o fator “a” = cultivares e o fator “b” = isolados. Foram avaliadas as mesmas cultivares do ensaio de campo, com inoculação artificial com disco de micélio aos 15 dias após a semeadura, quando do surgimento da primeira folha definitiva. Os isolados de D. bryoniae utilizados na inoculação das plântulas foram: UnB 76 (Melão-DF), UnB 75 (Melancia-PE) e UnB 81 (Abóbora-DF). Dentre as cultivares avaliadas no campo, Riviera mostrou-se mais resistente e apresentou menores (P<0,05) índices de infecção foliar aos 74 e 79 dias após plantio (DAP), e também menor valor da área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD). Foram altamente suscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onix e Safira, que apresentaram os mais altos níveis de infecção nas folhas aos 74 DAP e também altos valores de AACPD. Na avaliação da doença no caule, em casa de vegetação, Riviera também apresentou a menor AACPD (P<0,05). Foi significativa a correlação (r=0,77) entre a resposta das cultivares em campo (resistência das folhas) e em casa de vegetação (resistência no caule). Response of watermelon cultivars to gummy stem blight Gummy stem blight, caused by Didymella bryoniae, is one of the most important watermelon diseases. Nevertheless, there are relatively few published studies on the response of watermelon genotypes to the disease. This paper reports results of studies on the response of commercially available watermelon cultivars to gummy stem blight. Leaf infection was studied in a randomized complete block field experiment with nine watermelon genotypes and four replicates. Two plants per experimental plot were inoculated 43 days after planting. Cultivars Crimson Sweet, Onix, Rubi, Safira, Eureka, Georgia, Sheila, Savana and Riviera were evaluated. Stem infection was studied in the greenhouse, in a completely randomized design, with three replicates, in a 9 X 3 factorial, where plant cultivars corresponded to factor “a” and pathogen isolates corresponded to factor “b”. The same nine cultivars were examined following artificial inoculation with mycelial disks inserted into stems, 15 days after planting date, when plants were at the first adult leaf stage. The D. bryoniae isolates were UnB 76 (Melon-DF), UnB 75 (WatermelonPE) and UnB 81 (Pumpkin-DF). In the field experiment, Riviera was the most resistant genotype, with significantly (P<0.05) lower values of leaf infection at 74 and 79 DAP and the smallest area under disease progress curve (AUDPC). Crimson Sweet, Rubi, Onix and Safira were the most susceptible genotypes based on foliar disease levels 74 days after planting and also based on the AUDPCs. In the greenhouse, Riviera also presented the smallest (P<0.05) AUDPC in stems. A significant correlation (r=0.77) was detected between disease measurements in the greenhouse (stem response) and in the field (foliar response). Palavras-chave: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae. Keywords: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae. (Recebido para publicação em 2 de dezembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005) D entre as doenças da melancia (Citrullus lanatus) o crestamento gomoso do caule, ou cancro da haste, é uma das principais devido aos seus efeitos na redução da produtividade e qualidade dos frutos (SANTOS et al., 2005b). Os sintomas incluem cancro no caule, queima das folhas e também apodrecimento de frutos (SCHENCK, 1968). A doença vem despertando preocupação nos perímetros irrigados da região nordeste do Brasil (DIAS et al. 1996), e em outros países, como nos Estados Unidos (EVERTS, 1999; KEINATH; DUTHIE, 1 1998; SITTERLY; KEINATH, 1996; SCHENCK, 1960) e no Caribe (BALA; HOSEIN, 1986). O agente causal é o fungo Didymella bryoniae (Auersw) Rehm (=Mycosphaerella citrullina (C.O. Sm.) Gross.), anamorfo Ascochyta cucumis Fautrey & Roum (=Phoma cucurbitacearum (Fr.) Sacc.), que tem como hospedeiras diversas espécies de Citrullus, Cucumis, Cucurbita, e outros gêneros da família Cucurbitaceae (KEINATH, 1995). Figueiredo e Cardoso (1964) registraram a doença pela primeira vez no Brasil, com o patógeno em sua forma assexuada. Recentemente, Café-Filho e Santos (2004) registraram e descreveram a forma perfeita de Didymella bryoniae no Brasil. Em área de cultivo comercial, o controle químico aumentou a produção em até 16,9 t por ha (SANTOS et al., 2005a). Em um estudo específico para estimativa de perdas de produção, verificou-se redução de até 19,2% na produtividade devido ao crestamento gomoso (SANTOS et al., 2005b). Entretanto, o controle químico do crestamento gomoso é dificultado devi- Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à Universidade de Brasília, UnB, Brasília, DF. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 945 G. R. Santos e A. C. Café Filho do à rápida infecção das folhas pelo patógeno (ARNY; ROWE, 1991; VAN STEEKELENBURG, 1985), necessitando várias aplicações de fungicidas. Além disso, existem relatos de resistência do patógeno a determinados princípios ativos (EVERTS, 1999; MALATHRAKIS; VAKALOUNAKIS, 1983; SANTOS et al., 2004). Até o momento, ainda há escassez de informação sobre a reação de genótipos de cucurbitáceas, com boa aceitação comercial, resistentes à doença, e diversos trabalhos relatam a busca de fontes de resistência para o melhoramento (DIAS et al., 1996; DUSI et al., 1994; MCGRATH et al., 1993; SUMNER; HALL, 1993; WEHNER; AMAND, 1993). Uma outra abordagem é a avaliação da resposta dos genótipos comerciais disponíveis ao crestamento gomoso. O conhecimento da resposta das cultivares à infecção por D. bryoniae, é importante para capacitar os produtores quanto à tomada de decisões agronômicas, e pode ter impacto imediato no manejo da doença. O controle via resistência genética, mesmo parcial, pode ser usado em conjunto com outras medidas e reduzir o uso de agrotóxicos, reduzindo o custo de produção e contribuindo para a melhor conservação do ecossistema. Segundo Cohen et al. (1993), além da preocupação com a saúde pública, os produtores rurais são motivados a otimizar as práticas culturais utilizando menos defensivos químicos e optando pela utilização de cultivares resistentes a doenças. Sowell e Pointer (1962) identificaram o genótipo PI 189225 como fonte de resistência ao crestamento gomoso. Norton e Cosper (1985) confirmaram a resistência de PI 189225 e comentaram que este genótipo, além do PI 271778, possibilitaram retrocruzamentos que resultaram no lançamento de cultivares de melancia resistentes ao crestamento e outras doenças. No Brasil, Dias et al. (1996) examinaram 70 acessos de melancia quanto à resistência a D. bryoniae, incluindo PI 189225, o qual apresentou reação variável (suscetível a resistente) em diferentes ensaios. A cultivar Crimson Sweet, uma das mais plantadas no Brasil, foi utilizada como padrão de susceptibilidade. Esses auto946 res encontraram seis fontes de resistência para uso em futuros trabalhos de melhoramento, sendo PI 189255 uma delas. Exceto pelo estudo de Dias et al. (1996), são poucos os trabalhos envolvendo a identificação de fontes de resistência a D. bryoniae em melancia no Brasil. Nenhum trabalho foi encontrado comparando genótipos comerciais. Este trabalho teve por objetivo quantificar a resposta de genótipos comerciais de melancia ao crestamento gomoso do caule. Essa informação poderá ser útil para o manejo integrado da doença. MATERIAL E MÉTODOS Avaliação da resistência nas folhas O estudo foi realizado de 9/12/2003 a 8/03/2004, em condições de campo na Estação Biológica da Universidade de Brasília, em Brasília, DF. O experimento foi instalado em local não cultivado nos dois anos anteriores e sem histórico de plantio de cucurbitáceas. Após aração e gradagem, a área foi adubada com 800 kg/ha da fórmula N-P-K 4-14-8. A semeadura foi feita em covas, no espaçamento de 2 x 2 m, colocando-se 5 sementes/cova a 2 cm de profundidade. Cada parcela foi composta por quatro covas semeadas com a mesma cultivar. Decorridos 30 dias após o plantio (DAP) foi feito o desbaste, deixando-se duas plantas por cova e em seguida foi realizada adubação de cobertura com 200 kg/ha da fórmula N-P-K 20-00-20. Durante todo o ensaio foram feitas três capinas de forma manual aos 15; 30 e 40 DAP e foi conduzido o direcionamento das ramas para o interior da parcela, visando-se evitar a mistura de ramas entre cultivares diferentes. O suprimento de água para as plantas foi conforme a distribuição das chuvas no local do ensaio. Foram feitas aplicações do inseticida Metamidofós na dose de 0,24 kg/ha, aos 20, 30 e 45 DAP, visando-se diminuir o nível de infestação de pragas. Não foram utilizados fungicidas durante a condução do trabalho. Aos 43 DAP duas plantas de cada parcela foram inoculadas utilizando-se um pedaço de caule de 10 cm de comprimento/planta, naturalmente infectado e obtido em cultivo comercial afetado pelo crestamento gomoso do caule. Após ferimento do colo por fricção com o fragmento infectado, este foi depositado ao lado da planta inoculada. Devido às condições do clima favoráveis à doença (chuvas, temperatura amena e alta umidade do solo e do ar, Figura 3) não foi feita câmara úmida nas plantas inoculadas. Estas serviram de foco inicial de inóculo. Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso com nove tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram dos genótipos de melancia atualmente mais plantados no país: Crimson Sweet (cultivar) e dos híbridos Onix, Rubi, Safira, Eureka, Georgia, Sheila, Savana e Riviera. Quando os primeiros sintomas da doença foram observados nas folhas, iniciou-se o monitoramento da doença, utilizando-se uma escala de notas de 0 a 9 onde: 0-planta sadia; 1-menos de 1% da área foliar afetada; 3-entre 1 e 5% da área foliar afetada; 5-entre 6 e 25% da área foliar doente; 7-entre 26-50% da folha doente; 9-mais que 50% da área foliar afetada (SANTOS et al., 2005a). Para obtenção das curvas de progresso da doença, converteram-se as notas para porcentagens de área foliar doente pelo ponto médio de cada nota, em cada uma das parcelas estudadas aos 44; 49; 54; 59; 64; 69; 74; 79; 84 e 89 DAP. A cada avaliação, foram coletadas folhas infectadas visando-se comprovar a presença de D. bryoniae nas plantas, por meio de exame em microscópio estereoscópico e ótico. A Área Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD) de cada tratamento foi calculada segundo Shaner e Finney (1977) e a análise de variância e teste de média foram executados utilizando-se o programa SigmaStat v.2 (Jandel Scientific Software). Os materiais foram separados em classes de resistência com base nas AACPDs e nas porcentagens de área foliar atacadas em cada época de avaliação no campo, considerando-se Crimson Sweet como padrão de suscetibilidade (DIAS et al., 1996). Avaliação da resistência no caule Para o exame da resistência no caule foi conduzido um experimento em casa de vegetação, de maio a julho de 2004, em vasos de polietileno, capaciHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule dade de 3,0 kg, contendo uma mistura de terra vegetal + esterco, na proporção de 3:1. O substrato foi previamente desinfestado com brometo de metila e utilizado após 4 dias. Foram semeadas quatro sementes por vaso de cada cultivar e após a germinação das sementes e emergência das plântulas, foram mantidas duas plântulas em cada vaso. A unidade experimental foi constituída por três vasos com um total de seis plantas por cada repetição. A irrigação foi realizada diariamente com regador molhando-se toda a planta. O experimento foi repetido para confirmação dos resultados. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com três repetições e em esquema fatorial de 9 x 3, sendo o fator “a” = cultivares e o fator “b” = isolados. As mesmas cultivares estudadas em campo foram estudados neste ensaio. Foram utilizados os seguintes isolados de D. bryoniae para inoculação no caule: UnB 81 (Abóbora-DF), UnB 76 (Melão-DF) e UnB 75 (Melancia-PE). A inoculação foi feita em plântulas com 15 dias decorridos da semeadura, quando do surgimento da primeira folha definitiva. Utilizou-se disco de micélio que ficou preso ao caule por meio de um alfinete estéril. Plântulas tratadas apenas com alfinete estéril representaram a testemunha. Após a inoculação, as plântulas ficaram sob câmara úmida por 24 h e em sala de incubação com fotoperíodo de 12 h e temperatura de 23+4oC. Decorridas 24 h da inoculação iniciou-se diariamente a avaliação da doença nas plântulas por um período de oito dias. Utilizou-se uma escala de notas adaptada para doença no caule, onde: 0=ausência de doença; 1=presença de lesão no caule e 2=presença de lesão no caule e tombamento e morte das plântulas. Para avaliação da resistência à infecção no caule, considerou-se o progresso da doença nas seis plântulas de cada repetição durante os oito dias consecutivos. Para análise estatística foi calculada a AACPD. A análise de variância, teste de médias e correlação dos dados de AACPD de campo e casa de vegetação foram executadas utilizando-se o programa SigmaStat v.2 (Jandel Scientific Software). Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Avaliação da resistência nas folhas de cultivares de melancia, em duas épocas, ao crestamento gomoso em condições de campo. Brasília, UnB, 2004. Area foliar infectada (%)* Cultivar 74 DAP* * 79 DAP Crimson Sweet 26,5 a 41,5 ab Onix 26,5 a 35,8 ab Rubi 26,5 a 47,3 Safira 26,5 a 41,5 ab a Sheila 17,8 ab 41,5 ab Georgia 15,0 ab 47,3 Eureka 12,0 ab 32,3 ab Savana 6,0 ab Riviera 3,0 b a 20,8 ab 9,0 b *Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. **DAP: dias após plantio. a a ab ab ab ab ab ab b Figura 1. Reação de cultivares de melancia ao crestamento gomoso nas folhas, pela Área Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD), em condições de campo. Brasília, UnB, 2004. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Brasília, UnB, 2004. RESULTADOS E DISCUSSÃO No ensaio desenvolvido em campo, os sintomas foram detectados nas folhas aos seis dias após a inoculação do patógeno no caule em todos as cultivares. Esse fato demonstrou que ocorre rápida infecção do patógeno quando existem fontes de inóculo no plantio sob condições climáticas favoráveis (Figura 3). A cv. Riviera mostrou-se mais resistente à infecção de D. bryoniae nas folhas, diferindo estatisticamente de vários genótipos aos 74 e 79 DAP (Tabela 1) e apresentando menor valor de AACPD quando comparado com Rubi e Crimson Sweet (Figura 1). As curvas de progresso da doença indicam visualmente as diferenças das dinâmicas de progresso em cada classe de resistência (Figura 2). Aos 74 DAP, foram mais suscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onix e Safira, as quais apresentaram os mais altos níveis de infecção nas folhas e (Tabela 1). Crimson Sweet e Rubi também apresentaram os mais altos valores de AACPD, diferindo significativamente de Riviera (Figura 1). As cvs. Sheila, Geórgia, Eureka e Savana, apresentaram resposta intermediária, pois não se separaram de Crimson Sweet ou de 947 G. R. Santos e A. C. Café Filho Figura 2. Curvas de progresso do crestamento gomoso do caule em cultivares de melancia representativas de diferentes níveis de resistência. ‘Riviera’ e ‘Crimson Sweet’ representam as cultivares mais resistente e suscetível respectivamente. Brasília, UnB, 2004. Tabela 2. Áreas Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD) de cultivares de melancia inoculados no caule com isolados de D. bryoniae, em casa de vegetação. Brasília, UnB, 2004. Genótipo AACPD* Georgia 11,2 a Safira 11,1 a Crimson Sweet 10,9 a Onix 10,4 a Sheila 10,2 a Eureka 9,5 ab Rubi 9,4 ab Savana 9,0 ab Riviera 7,8 b *Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. Os dados representam a média de 3 isolados. Riviera, nem pela área foliar atacada aos 74 DAP, nem pela AACPD (Tabela 1, Figura 1). De um modo geral, até os 64 DAP, a maioria das cultivares apresentou um nível semelhante de infecção nas folhas. Esse período coincidiu com a formação e crescimento dos frutos. A partir dos 64 DAP houve aumento brusco na percentagem de área foliar infectada (Figura 2) nos genótipos mais suscetíveis (Rubi e Crimson Sweet) em relação àqueles intermediários ou resistentes (Riviera e Savana). As plantas deste grupo, principalmente Riviera, em condições de campo, mantiveram baixa percentagem de área foliar infectada até 948 os 74 DAP, o qual coincide com o período da primeira colheita. Esta informação é importante para o produtor, pois pode exigir um menor número de aplicações de fungicidas até a primeira colheita, sem prejuízo à produção de frutos saudáveis a um custo mais baixo, quando comparado com genótipos mais suscetíveis. O aumento da doença nesse estádio da cultura já foi observado anteriormente em ‘Crimson Sweet’ por Santos et al. (2005b), que registraram que a curva de progresso da doença nas folhas aumentou bruscamente, de forma exponencial, a partir de 75 DAP. Segundo os autores, o aumento progressivo da doença nesta fase relacionou-se com o início da colheita dos frutos, quando normalmente ocorrem injúrias nos ramos e nas folhas que são portas de entrada para o patógeno. De acordo com Svedelius e Unestan (1978), quando o tecido é mecanicamente afetado, ocorre exsudação de nutrientes importantes para o processo de infecção de D. bryoniae. Chiu e Walker (1949) verificaram que a germinação dos esporos de D. bryoniae foi estimulada pelos extratos das plantas. Van Steekelenburg (1985) anotou que o maior progresso da doença está associado com o maior desenvolvimento vegetativo da cultura devido à densa cobertura das folhas inferiores que reduz a evaporação e prolonga o período de molhamento foliar. Corroborando essa observação, Arny e Rowe (1991) constataram que a infecção em folhas e pecíolos de pepino por D. bryoniae foi mais influenciada pela duração do molhamento foliar do que pela temperatura. Além da influência desses fatores, também acredita-se que a movimentação de pessoas na colheita dentro da área plantada favorece a disseminação do patógeno e, assim, aumenta rapidamente a taxa de progresso da doença. A cv. Riviera manteve menores níveis de doença nas folhas quando comparada com outros genótipos até no último dia da avaliação, aos 89 DAP (Figura 2). Mesmo com nível de resistência incompleto, vale salientar que ‘Riviera’ retardou o início da fase exponencial da doença (mas não o início do aparecimento dos sintomas) e a manteve em níveis baixos em épocas importantes como a fase de formação e crescimento de frutos. Contudo, após a primeira colheita dos frutos (74 DAP), o crestamento também aumentou consideravelmente nesta cultivar. Portanto, apesar desta cultivar ter mostrado maior nível de resistência que as demais, a resistência é parcial, e a doença pode alcançar índices elevados ao final do ciclo. Esse resultado concorda com outros autores que comentaram sobre a dificuldade no controle por resistência, e que nenhum genótipo de melancia comercializado atualmente tem alta resistência ao patógeno (PUNITHALINGAM; HOLLIDAY, 1972; BLANCARD et al., 1996; SITTERLY; KEINATH, 1996). Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule Assim, o controle químico deve continuar como importante componente do manejo da doença em cultivares mais suscetíveis e bem aceitos comercialmente. Santos et al. (2005a), estudando o controle químico da doença em área de cultivo comercial, iniciaram as aplicações em Crimson Sweet aos 17 DAP e anotaram aumento da produção em até 16,9 t/ha. Os resultados deste trabalho indicam que o controle poderia ser iniciado mais tardiamente, especialmente nos genótipos mais resistentes (Figura 2), permitindo a redução do número de aplicações químicas. Com relação às linhagens estudadas por outros autores, Sowell e Pointer (1962) identificaram o genótipo PI 189225 como fonte de resistência, embora tenham registrado 38,1% de plantas mortas em um dos ensaios. Posteriormente, Norton e Cosper (1985) confirmaram a resistência de PI 189225 e comentaram que este genótipo, além do PI 271778, possibilitaram retrocruzamentos que resultaram no lançamento de genótipos resistentes ao patógeno e à antracnose. No Brasil, em um dos ensaios de Dias et al. (1996), o acesso PI 189225 apresentou apenas 16,6% e 41,7% de plantas respectivamente resistentes e medianamente resistentes. Mesmo assim, PI 189225 diferiu significativamente de ‘Crimson Sweet’, que foi classificada como altamente suscetível, mesma classificação encontrada neste trabalho. Desta forma, observa-se falta de estabilidade na resistência de PI 189225 a D. bryoniae indicando que o material estaria segregando para esta característica. Nos ensaios desenvolvidos em casa de vegetação, com relação à infecção média de três isolados de D. bryoniae no caule, apenas a cv. Riviera diferiu estatisticamente de ‘Crimson Sweet’ (Tabela 2). As cvs. Eureka, Rubi e Savana não se separaram de Riviera. Esses resultados foram semelhantes aos encontrados em campo, com exceção da cv. Rubi, que no ensaio de campo demonstrou alto grau da doença nas folhas (Tabela 2). Todos os isolados foram patogênicos a todas cultivares e não houve interação significativa entre cultivares x isolados, demonstrando dessa forma a falta de especificidade entre os Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 3.Temperaturas máxima e mínima (oC), umidade relativa do ar (%) e chuvas (mm) a partir de 37 dias após o plantio. Brasília, UnB, 2003/2004. isolados testados. Falta de especificidade entre isolados de D. bryoniae foi relatada por Keinath et al. (1995), quando compararam isolados do patógeno de cucurbitáceas obtidos na Carolina do Sul, Flórida e Nova York, e verificaram que dos 19 isolados testados 17 foram patogênicos à melancia e ao melão Cantaloupe (Cucumis melo). De modo geral esses autores relataram pouca diversidade quanto à virulência. Foi encontrada correlação significativa (r=0,77) entre as AACPDs do ensaio de campo (resistência das folhas) e de casa de vegetação (resistência no caule), sugerindo que a metodologia utilizada em condição controlada pode ter valor auxiliar na avaliação de grande número de plantas em programas de melhoramento. Entretanto, a seleção final de cultivares resistentes deve ser feita a campo. Os resultados deste trabalho poderão ser aplicados imediatamente para o manejo integrado do crestamento gomoso do caule da melancia. AGRADECIMENTOS O primeiro autor foi bolsista de doutorado e o segundo é bolsista de pesquisa do CNPq. O trabalho também recebeu apoio financeiro adicional através do Processo CNPq no. 474194/2003-5. LITERATURA CITADA ARNY, C.J.; ROWE, R.C. Effects of temperature and duration of surface wetness on spore production and infection of cucumbers by Didymella bryoniae. Phytopathology. v.81, p.206209, 1991. BALA, G.; HOSEIN, F. Studies on gummy stem blight disease of cucurbits in Trinidad. Tropical Agriculture (Trinidad) v.63, p.195-197, 1986. BLANCARD, D.; LECOQ, H.; PITRAT, M. Enfermedades de las cucurbitáceas. INRA, John Wiley & Sons, 301 p, 1996, p.210-211. CAFÉ FILHO, A.C.; SANTOS, G.R. Ocorrência do crestamento gomoso do caule em melancia no Estado do Tocantins, descrição e ilustração do agente causal, Didymella bryoniae. Fitopatologia Brasileira, v.29 (Suplemento), p.57, 2004. (Resumo) CHIU, W.F.; WALKER, J.C. Physiology and pathogenicity of the cucurbit black-rot fungus. 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Para avaliar a influência de três sistemas de tutoramento e dois de condução da planta do tomateiro na produção classificada de frutos comercializáveis, foram conduzidos dois experimentos, de agosto a dezembro/1999 (exp. 1) e de 2000 (exp. 2) em Viçosa (MG). O delineamento foi em blocos ao acaso com três repetições, no esquema fatorial 3x2, tutoramento e condução, respectivamente. Avaliaramse os seguintes métodos de tutoramento: T1, tradicional (V invertido), T2, triangular e T3, vertical e duas formas de condução, com uma e duas hastes por planta. Independentemente do tratamento, as plantas foram podadas acima do sexto cacho. Observaram-se diferenças entre os sistemas de tutoramento, condução e entre os anos de cultivo em relação às características avaliadas, sendo que ocorreu interação entre estes efeitos apenas para as características produção de frutos comercializáveis e produção total. O tutoramento vertical proporcionou aumento na produção de frutos de tamanho grande e diminuição na produção de frutos de tamanho médio e frutos não comercializáveis, quando comparado com os outros métodos de tutoramento. Independentemente do sistema de tutoramento, o tomateiro cultivado com uma haste produziu mais frutos de tamanho grande, de maior valor comercial, enquanto as plantas conduzidas com duas hastes produziram mais frutos de tamanho médio e pequeno. Tomato plant staking and training systems for fresh fruit production Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., tratos culturais, produção classificada, eficiência fotossintética, rentabilidade. Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., cultural treatments, classified production, efficient use of assimilates, profitability. The main reason for staking and training tomato plants is to keep plants and fruits off the ground to reduce losses and to improve the quality of the production. To evaluate the influence of three plant staking and two training systems of the tomato production for fresh market, two experiments were conducted during the period of August 1999 (exp.1) and 2000 (exp.2) in Viçosa, Brazil. The experimental design was a randomized complete block design with three blocks, in a 3 x 2 factorial plant staking and 2 conduction systems. The following staking methods were tested: T1, traditional (two bamboo stakes as an inverted V frame); T2, triangular staking or; T3, vertical staking with polypropylene cord. Plants were conducted with one or two stems per plant. Independent of the treatment, the plants were pruned above the sixth flower cluster. Differences were observed among staking and conduction systems and among the years in relation to the appraised characteristics. There was interaction among training, conduction systems and years for marketable fruits and total fruit production. The vertical staking up provided increase in production of fruits of big size and decrease in production of fruits of medium size and production of not marketable fruits, when compared with the other staking methods. Independently of the conduction system (for two stems), the tomato cultivated with only one stem produced bigger fruits with higher commercial value, while the plants conduced with two stems produced more fruits of medium and small size. (Recebido para publicação em 28 de maio de 2004 e aceito em 4 agosto de 2005) A cultura do tomateiro é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil. Sua produção anual é de aproximadamente 3,6 milhões de toneladas destinados ao mercado de tomate fresco e para processamento, cultivados em mais de 60 mil ha (AGRIANUAL, 2004). Estão envolvidos, na cultura do tomateiro no Brasil, mais de 10.000 produtores, com aproximadamente 200.000 pessoas trabalhando diretamente na produção desta hortaliça (TAVARES, 2003). Segundo pesquisa realizada pelo MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL (2003) o consumidor brasileiro prioriza, na compra dos produHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 tos hortícolas, a qualidade e a aparência do produto. No caso do tomate, aspectos como cor, brilho e principalmente o tamanho do fruto têm especial relevância. Tal fato é confirmado pelos preços mais elevados pagos aos frutos de maior tamanho nas Centrais de Abastecimento (CEASAs) espalhadas por todo o Brasil. Uma das formas de melhoria da qualidade e aparência do tomate produzido é a adoção de técnicas adequadas de manejo da cultura. As principais formas de manejo empregadas na cultura do tomateiro são: tipo de tutoramento, forma de condução e espaçamento. O tipo de tutoramento utilizado, bem como a forma de condução, pode alterar a distribuição da radiação solar e a ventilação em torno das plantas (ANDRIOLO, 1999), influenciando a umidade relativa e a concentração de gás carbônico atmosférico entre e dentro das fileiras (GEISENBERG; STEWART, 1986). O tipo de tratamento também pode influenciar na maior ou menor eficiência de controle de pragas (PICANÇO et al., 1998) e doenças (BOFF et al., 1992). O tutoramento mais freqüentemente utilizado pelos agricultores brasileiros é o método tradicional ou “V” invertido (MAKISHIMA; MIRANDA, 1992; FONTES; SILVA, 2002). Nesse 951 B. G. Marim et al. Figura 1. Esquema ilustrativo dos sistemas de tutoramento tradicional (T1), triangular (T2) e vertical com fitilho (T3). tutoramento ocorre a formação de uma câmara úmida e aquecida sob o “V” invertido, sendo esta, um ambiente favorável ao desenvolvimento de fungos, que ainda ficam livres da ação dos agrotóxicos que são aplicados na parte externa das plantas (REBELO, 1993). Tentando solucionar este problema, propôs-se o tutoramento triangular. Este sistema teoricamente reune as vantagens do método tradicional (estabilidade e não dependência de mão-de-obra especializada) e evita a formação da câmara úmida e aquecida sob o “V” invertido. Outro método utilizado na cultura do tomateiro é o tutoramento vertical, que permite melhorar a distribuição da radiação solar e a ventilação, reduzindo o período de molhamento foliar e, por conseguinte, a severidade das doenças (ZAMBOLIM et al., 1989). Além de tutoramento, a planta do tomateiro necessita de condução, podendo, desta forma, maximizar a produção e a qualidade do tomate destinado ao mercado de mesa. Como método de condução considera-se qualquer prática que altere a arquitetura da planta ao longo de seu desenvolvimento, como por exemplo, a poda apical, retirada de brotações laterais, raleio de frutos, entre outros. A condução da planta com uma haste, sem poda apical ou com poda a 1,80 m acima do solo, é o método de condução mais utilizado no país (OLIVEIRA et al., 1995; LOPES; STRIPARI, 1998; SILVA et al., 1997). No entanto vários autores têm sugerido a condução das plantas com duas hastes associado à poda apical, devido ao aumento na 952 produtividade proporcionado por estes (FONTES et al., 1987; OLIVEIRA et al., 1995; POERSCHKE et al., 1995;) A poda apical, deixando-se menor número de cachos por planta, traz benefícios à cultura do tomateiro, tais como: redução do ciclo, facilidade de execução dos tratos culturais, aumento no peso médio dos frutos, redução e maior segurança na aplicação de agrotóxicos (CAMPOS et al., 1987; OLIVEIRA et al., 1995; POERSCHKE et al., 1995). Além disso, a limitação do número de cachos por planta é uma prática recomendada principalmente nos cultivos cujas condições ambientais limitem o crescimento da planta do tomateiro e em conseqüência o número de cachos produtivos (OLIVEIRA et al., 1995). Apesar de existirem vários trabalhos avaliando a influência dos métodos de tutoramento (FONTES et al., 1987; SILVA et al., 1997; SANTOS et al., 1999) e de condução (CAMPOS et al., 1987; OLIVEIRA et al., 1995; 1996; POERSCHKE et al., 1995) na produção do tomateiro, alguns resultados são bastante contraditórios. Além disso, poucos são os trabalhos relacionando estes fatores simultaneamente. O presente trabalho teve como objetivo avaliar três métodos de tutoramento e dois métodos de condução do tomateiro, podado acima do sexto cacho, quanto à produção classificada de frutos em dois anos consecutivos de cultivo. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados em campo, na Horta da Universidade Federal de Viçosa, de agosto a dezembro de 1999 e 2000, em solo Podzolossolo Vermelho-Amarelo, textura argilosa e topografia plana. A recomendação de adubação foi baseada na 5ª Aproximação (Ribeiro et al., 1999). Os experimentos foram conduzidos em delineamento em blocos ao acaso com três repetições num esquema fatorial 3x2. Os fatores foram constituídos de três métodos de tutoramento e dois de condução da planta do tomateiro e as parcelas constituídas por quatro fileiras de dez plantas, considerando-se úteis as doze plantas centrais, sendo seis plantas de cada uma das duas fileiras internas da parcela. Foi utilizada a cultivar Santa Clara, tipo Santa Cruz, cujas mudas foram produzidas em bandejas com 128 células preenchidas com substrato comercial. O espaçamento utilizado foi de 1,0x0,5 m entre e dentro das fileiras, respectivamente. Na condução dos experimentos foram utilizadas as técnicas recomendadas para o cultivo do tomateiro (MAKISHIMA; MIRANDA, 1992; FILGUEIRA, 2000). Os métodos de tutoramento (Figura 1) foram: T1 - Tutoramento tradicional ou V invertido ou cerca cruzada (FILGUEIRA, 2000). T2 - Tutoramento triangular; para se obter este tratamento as fileiras ímpares foram iniciadas imediatamente após os mourões, enquanto as fileiras pares iniciaram a 0,25m destes. De forma, que havia distância horizontal de 0,25 m entre fileiras adjacentes, dando assim a Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura conformação de um triângulo entre plantas de fileiras contíguas. T3 - Tutoramento vertical com fitilho; neste sistema a planta é tutorada por fitilho preso a dois fios de arame horizontais e paralelos, o primeiro a 0,10 m e o segundo a 1,8 m em relação ao solo (LOPES; STRIPARI, 1998; FONTES; SILVA, 2002). Os métodos de condução avaliados foram uma e duas hastes por planta. Independentemente do sistema de tutoramento e do número de hastes por planta; estas foram despontadas mantendo-se seis racimos. O desponte foi efetuado deixando-se três folhas acima do sexto racimo de cada planta. As colheitas foram feitas em intervalos de sete dias cada, de 30/11 a 29/ 12/1999 e de 21/11 a 27/12/2000, nas quais se avaliaram as seguintes características: a) produção de frutos de tamanho grande, PFG (t ha-1); b) produção de frutos de tamanho médio, PFM (t ha-1); c) produção de frutos de tamanho pequeno, PFP (t ha-1); d) produção precoce de frutos de tamanho grande, PPFG (t ha-1), obtida pela soma dos pesos dos frutos desta classe colhidos na primeira e segunda colheita; e) produção precoce de frutos de tamanho médio, PPFM (t ha-1), obtida soma dos pesos de frutos desta classe colhidos na primeira e segunda colheita; f) produção de frutos comercializáveis, PC (t ha-1), obtida pela soma dos pesos dos frutos de tamanho grande, médio e pequeno; g) produção de frutos não comercializáveis, PNC (t ha-1), obtida pela soma dos pesos dos frutos sem classificação comercial; h) produção de frutos com defeitos, PFD (t ha-1), obtida pela soma dos pesos de todos os frutos com defeitos causados por insetos, pássaros, roedores, doenças, danos mecânicos e fisiológicos e h) produção total, PT (t ha-1), obtida pela soma dos pesos de todos os frutos produzidos. A classificação de frutos de tamanho grande, médio e pequeno seguiu as normas do MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (2002). Foram realizadas análises de variância individuais e conjuntas dos experimentos para cada característica (STEEL et al., 1997). Aplicou-se o teste Tukey a Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Análise conjunta1 dos dados relativos aos anos de 1999 e 2000 de seis características agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em três sistemas de tutoramento. Viçosa, UFV. 2004. Tutor² PFG³ PFM PFP PPFG PNC PFD T1 41,0 ab 18,7 a 8,4 a 7,1 a 3,6 a 12,6 a T2 35,8 b 20,5 a 9,1 a 6,0 a 4,1 a 15,2 a T3 43,6 a 17,1 a 8,2 a 6,6 a 2,8 a 14,4 a C = 2T3(T1+ T2) 10,5* -4,9* -1,0 ns 0,1 ns -2,1* 1,2 ns 1 Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste Tukey; *,nsContraste significativo e não significativo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scheffé; 2T1: tutoramento tradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho; 3PFG, PFM e PFP: produção de frutos de tamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG: produção precoce de frutos de tamanho grande; PNC: produção de frutos não comercializáveis e PFD: produção de frutos com defeitos. 5% de probabilidade para comparação entre médias. Seguiu-se o método de Scheffé para comparação de contraste. Utilizou-se, para todas as análises, o programa computacional SAEG (RIBEIRO JÚNIOR, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para todas as características, com exceção de PPFM, a relação entre os quadrados médios do resíduo das análises de variâncias individuais dos experimentos, foi inferior a quatro, permitindo que se procedesse à análise conjunta dos experimentos, como citado por Gomes (1970). Para a característica PPFM, utilizou-se o método proposto por Cochran (1954), visando o ajuste dos graus de liberdade, viabilizando a análise conjunta dos experimentos. A partir da análise de variância conjunta dos experimentos verificou-se que houve interação tripla do tipo Tutoramentos*Conduções*Anos significativa para as características PC e PT e interação Tutoramentos*Anos para PPFM. Para as demais características não houve interação, sendo assim, as comparações entre métodos de tutoramento e condução, na análise conjunta dos experimentos, foram realizadas a partir dos valores médios dos dois anos. Considerando-se apenas os efeitos do fator tutoramento verificou-se, na análise conjunta dos experimentos, que o método de tutoramento vertical foi o mais produtivo para a característica PFG, não diferindo do método tradicional (Tabela 1). O tutoramento vertical proporcionou aumento de 6,34% e 21,78% em relação ao tutoramento tradicional e triangular, respectivamente. Tal resultado tem elevada importância para o produtor, pois os frutos de maior tamanho são aqueles que alcançam maiores preços no mercado para consumo in natura. Com o intuito de comparar o tutoramento vertical frente aos demais métodos avaliados, realizou-se o contraste = 2T3 – (T1+T2). A partir deste, verificou-se que o sistema vertical proporcionou aumento na produção de frutos de tamanho grande, diminuição na produção de frutos de tamanho médio e de frutos não comerciais (Tabela 1). Além disso, não houve diferença quanto à produção de frutos de tamanho pequeno, produção precoce de frutos de tamanho grande e frutos com defeitos. Estes resultados são concordantes com os encontrados por Santos et al. (1999) que verificaram não haver efeito do método de tutoramento sobre a incidência de doenças no tomateiro e conseqüentemente sobre a produção de frutos com defeitos. A maior insolação e ventilação propiciada à cultura do tomateiro pelo método vertical, como relatado por Zambolim et al. (1989), resultou, neste trabalho, em maior produção de frutos grandes. Tal fato pode ser explicado, pois maior insolação possibilita maior interceptação da radiação solar fotossinteticamente ativa pela planta e 953 B. G. Marim et al. Tabela 2. Estimativas1 (t.ha-1) da produção de frutos comercializáveis (PC) e produção total (PT) avaliadas em tomateiro cultivado em três sistemas de tutoramento e duas formas de condução, nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004. PC Tutor² PT 1999 2000 1999 2000 1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes 1 haste 2 hastes T1 73,4 a A 61,1 a B 70,4 a A 67,3 a A 90,5 a A 78,3 a B 86,8 a A 81,4 a A T2 59,9 b B 69,4 a A 71,0 a A 60,9 a A 80,9 a A 91,2 a A 86,9 a A 79,4 a A T3 69,3 ab A 65,0 a A 71,3 a A 70,2 a A 92,5 a A 81,3 a B 86,1 a A 84,9 a A 1 Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, na vertical, e maiúsculas, na horizontal, não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste Tukey; 2T1: tutoramento tradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho. Tabela 3. Análise conjunta dos dados relativos a sete1 características agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em duas formas de condução nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004. Nº hastes PFG* PFM* PFP* PPFG* PPFMns PNCns PFDns 1 45,8 16,4 7,0 8,0 4,0 3,0 15,0 2 34,4 21,2 10,1 5,2 4,6 4,0 13,1 ,ns 1 * Significativo e não significativo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; PFG, PFM e PFP: produção de frutos de tamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG e PPFM: produção precoce de frutos de tamanho grande e médio, respectivamente; PNC: produção de frutos não comercializáveis e PFD: produção de frutos com defeitos. maior ventilação reduz a umidade relativa do ar e renova a concentração de gás carbônico na atmosfera adjacente às folhas, resultando, desta forma, em maior eficiência fotossintética (LOOMIS; AMTHOR, 1999). Esta hipótese é reforçada observando-se a característica PNC (Tabela 1), na qual o tutoramento vertical possibilitou diminuição na sua produção, ou seja, possivelmente uma maior eficiência fotossintética pode ter proporcionado maior disponibilização de fotoassimilados que, direcionados aos frutos, aumentaram o tamanho destes. Para as características PC e PT foram realizadas as análises individuais dos experimentos, sendo estas avaliadas dentro de cada nível do fator condução (Tabela 2). Verificou-se diferença entre os métodos de tutoramento apenas para a característica PC, no ano de 1999 e em plantas conduzidas com uma haste. Neste caso, as maiores médias foram observadas nas parcelas com os tutoramentos tradicional e vertical (Tabela 2). Em relação aos métodos de condução (Tabela 3), observou-se que plantas conduzidas com uma haste produziram mais frutos de tamanho grande e com maior precocidade. Já as plantas conduzidas com duas hastes foram mais produtivas para as características PFM e PFP. Não houve diferença entre os dois 954 métodos de condução quanto às características PPFM, PNC e PFD. Para a característica PC no ano de 1999 e nas parcelas com o tutoramento tradicional, plantas conduzidas com uma haste produziram mais, quando comparadas com aquelas conduzidas com duas hastes. Já naquelas com o método triangular, observou-se maiores médias para plantas conduzidas com duas hastes (Tabela 2). Para PT, plantas conduzidas com uma haste foram mais produtivas nas parcelas tutoradas com os métodos tradicional e vertical (Tabela 3) e não diferiram daquelas conduzidas com duas hastes nas parcelas com o método triangular. Em 2000, não houve efeito de condução em nenhum nível do fator tutoramento. Estes resultados discordam dos encontrados por Oliveira et al. (1995) que em trabalho realizado em condições (período, cultivar, local) bastante semelhantes ao deste, verificaram que não houve efeito para produção de frutos grandes (diâmetro maior que 60 mm). Além disso, verificaram efeito significativo para PC e PT, com menor produção para plantas conduzidas com uma haste. Isso pode ter ocorrido, pois Oliveira et al. (1995) utilizaram espaçamento de 1,0x0,6m, enquanto neste trabalho o espaçamento adotado foi de 1,0x0,5 m. Possivelmente, no espaçamento 0,5 m entre plantas a condução das plantas com duas hastes tenha resultado em maior competição por fotoassimilados, com conseqüente redução no peso médio dos frutos. No tomateiro, o aumento da densidade de plantas resulta em ganhos quantitativos e, principalmente, qualitativos na produção quando associada com práticas de condução que reduzam a competição por radiação (BORRAZ et al., 1991; STRECK et al., 1998). Diante dos resultados do presente trabalho, conclui-se que o método de tutoramento triangular não proporcionou vantagens produtivas para a cultura do tomateiro. Enquanto isso, o tutoramento vertical, dentre os avaliados, é o mais adequado para a produção de frutos para o consumo in natura. Com relação à forma de condução, o cultivo com uma haste, independentemente do método de tutoramento utilizado, proporcionou aumento na produção de frutos grandes. Desta forma, pode-se unir as duas recomendações, ou seja, utilizar, no espaçamento 1,0x0,5 m e plantas conduzidas com seis cachos, o tutoramento vertical com uma haste, pois, estes proporcionam aumento na produção de frutos grandes sem alteração na produção comercial e total, promovendo assim aumento na receita desta cultura. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura LITERATURA CITADA ANDRIOLO, J.L. Fisiologia das culturas protegidas. 1. ed. 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Foram estabelecidos 6 tratamentos com 2 tipos de secagem (estufa de ventilação forçada a 40ºC e sala com desumidificador) e 3 tamanhos de fragmentos das folhas secas (pulverização em moinho, fragmentos com 1 e com 20 cm de comprimento), com 4 repetições. O óleo essencial foi extraído por hidrodestilação durante 2 horas. O maior rendimento de óleo essencial foi obtido com o material seco na sala com desumidificador, não havendo diferenças significativas para os tamanhos da folha. O componente mais abundante no óleo essencial foi o citral que também apresentou as maiores concentrações nas folhas secas em desumidificador. Yield and composition of essential oil of lemongrass in different drying and fragmentation conditions Palavras-chave: Cymbopogon citratus, planta medicinal, pós-colheita, secagem, moagem. Keywords: Cymbopogon citratus, medicinal plant, post-harvest, drying, miller. In this study the drying and fragmentation conditions of lemongrass leaves were determined, to increase the essential oil yield. Four replications of six treatments were studied with 2 drying methodologies (oven-drying at 40ºC and room temperature using moisture dryer) and 3 fragmentation sizes (powder obtained in mill, 1 cm and 20 cm fragments). The essential oil was extracted in Clevenger’s modified apparatus during 2 hours. The higher essential oil yield and citral content was obtained with the leaves dried under room temperature using moisture dryer, with no significant differences in the fragmentation sizes. (Recebido para publicação em 17 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005) C ymbopogon citratus (D.C.) Stapf é uma espécie originária da Índia e largamente distribuída por vários países tropicais, entre eles o Brasil, onde assume diferentes sinonímias conforme a região onde se encontra: capim-limão (MG), capim-santo (BA), erva-cidreira (SP) e outros como capim-catinga, capim-de-cheiro, capim-cidrão, capimcidrilho, capim-cidró e capim-ciri. Pertence à família Poaceae e se constitui em uma erva perene, que forma touceiras compactas e robustas de até 1,2 m de altura, com rizoma semi-subterrâneo. O chá das folhas da espécie tem larga utilização popular para nervosismo, febre, tosse, dores diversas (dor de cabeça, abdominais, reumáticas) e alterações digestivas como dispepsia e flatulência. Também é aproveitada com finalidades agronômicas para composição de cercas-vivas e na contenção de encostas para evitar a erosão, mas a sua maior importância econômica reside na produção do seu óleo essencial, rico em citral e largamente utilizado na indústria de alimentos e cosméticos. 956 Em órgãos isolados o citral apresentou efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal, entretanto não mostrou atividade sobre a musculatura esquelética e cardíaca (FERREIRA, 1984). Estudos sugerem que a atividade antibacteriana de C. citratus reside principalmente nos componentes α- e β-citral presentes no óleo (ONAWUNMI et al., 1984). Suas atividades antimicrobianas e antifúngicas foram comprovadas em 22 espécies de microrganismos, além da propriedade inseticida, principalmente larvicida, bem como, repelente de insetos (SOUZA et al., 1991). Rocha et al. (2000) estudando o efeito da temperatura de secagem sobre o rendimento e a composição química do óleo essencial de Cymbopogon winterianus, encontraram os melhores resultados para o tempo de secagem e rendimento de óleo na temperatura de 60ºC e grande variação quantitativa do neral em função das diferentes temperaturas testadas (30; 40; 50; 60 e 70ºC). Em Mentha piperita, observou-se que a elevação da temperatura de secagem de 40 para 60ºC e depois para 80ºC provocou uma grande redução no conteúdo de óleo essencial, além de afetar também a sua composição, diminuindo o conteúdo de 1,8 cineol e citronelal até 80ºC e aumentando os conteúdos de mentol e neomentol até 60ºC (BLANCO et al., 2002a). Comportamento semelhante de redução do teor de óleo essencial com o aumento da temperatura de secagem também foi observado em Rosmarinus officinalis, verificando-se alteração da composição química entre 60 e 80ºC (BLANCO et al., 2002b). Martins (1998) relata que temperaturas superiores a 45ºC danificam os órgãos vegetais e seu conteúdo, pois causam uma “cocção” das plantas e não uma secagem. A secagem das plantas aromáticas e medicinais visa minimizar a perda de princípios ativos e retardar a sua deterioração em decorrência da redução da atividade enzimática, permitindo a conservação das plantas por um período maior para a sua posterior Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão comercialização e uso. Além disso, os processos de secagem afetam sobremaneira o rendimento e a composição química das espécies, especialmente as aromáticas por possuírem substâncias muito voláteis (VON HERTWIG, 1991). Corrêa et al. (2004), estudando rendimento de óleo essencial sob diferentes métodos de secagem, observaram que a secagem à sobra mista (sol e sombra) e secador solar proporcionaram maior rendimento de óleo em comparação à secagem em estufa a 35ºC. Em contrapartida, Rosal et al. (2004) estudando o efeito de diferentes métodos de secagem no teor de óleo essencial de folhas e inflorescências de basilicão (Ocimum basilicum), verificaram que a secagem em estufa a 35º C permitiu maior teor de óleo essencial nesta espécie, em comparação com a secagem em desumidificador. O estado de fragmentação do material vegetal também tem sua importância para a otimização extrativa, pois quanto maior a divisão, mais expostos estarão os princípios ativos. Como os óleos essenciais localizam-se em estruturas internas e/ou externas diversas, a fragmentação do material vegetal pode influenciar diretamente no rendimento extrativo. Silva et al. (2004), estudando os teores de óleos essenciais de folhas de cidrão (Aloysia triphylla), frescas e secas em diferentes tamanhos de fragmentos verificaram que folhas inteiras secas, frescas inteiras e frescas processadas em liquidificador não apresentaram diferenças no teor de óleo essencial. Porém as folhas secas trituradas em moinho apresentaram o menor rendimento no ensaio. Os teores e a composição química dos constituintes voláteis das plantas aromáticas sofrem influência de diversos fatores, dentre os quais destacam-se o método de secagem e o processo extrativo empregado. Desde que toda a comercialização e armazenamento do capim-limão só podem ser realizados com o material seco, elaborou-se este estudo, com o objetivo de determinar o rendimento de óleo essencial das folhas de capimlimão submetidas a dois métodos de secagem e fragmentadas em três tamanhos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido de 29/ 03 a 29/04/2004 em área experimental Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 localizada no município de ItumirimMG. Plantas de capim-limão com cerca de 12 meses de idade tiveram suas folhas colhidas pela manhã, sendo então levadas imediatamente ao laboratório da UFLA para seleção e pesagem. Em seguida, as folhas inteiras foram colocadas em sacos de papel Kraft e levadas aos respectivos tratamentos de secagem: em estufa de circulação forçada mantida a 40°C e em sala com desumidificador, até peso constante. Após o período de secagem, a matéria seca foi fragmentada em três níveis: pulverização em moinho de facas utilizando tamis com malha de 20 mesh e cortada em fragmentos com 1 centímetro e com 20 centímetros de comprimento, para a imediata extração do óleo essencial. A extração do óleo essencial das folhas de capim-limão foi realizada pelo processo de hidrodestilação durante 2 horas em aparelho de Clevenger modificado com 40 g de matéria seca. Em seguida, o hidrolato foi submetido à partição líquido-líquido, em funil de separação, utilizandose 30 ml de diclorometano. Este procedimento foi realizado por três vezes. A fração orgânica foi reunida e adicionou-se 3 g de sulfato de magnésio anidro para retirar possíveis resíduos de água. Após 30 min de repouso, a solução foi filtrada por meio de filtração simples e armazenada à temperatura ambiente em vidros escuros parcialmente tampados para permitir a evaporação do solvente à temperatura ambiente sob capela de exaustão de gases. Em seguida foram determinadas as massas dos óleos, a fim de obter os rendimentos extrativos. Amostras do óleo foram analisadas em cromatógrafo de gás acoplado a espectrômetro de massa (GC-MS) Shimadzu QP5050A nas seguintes condições: coluna CBP-5 (Shimadzu) preenchida com coluna capilar de sílica (30 m x 0,25 mm diâmetro interno x 0,25 µm, filme composto de fenilmetilpolisiloxano 5%) conectado a um detetor quadrupólo operando em modo EI a 70 eV com intervalo de massa entre 40-400 µ, a razão de 0,5 scan/s; gás carreador: He (1 ml/min); injetor e temperatura de interface a 220ºC e 240ºC, respectivamente, com razão de fluxo 1:20. O volume de injeção foi de 0,2 µl (20% em CH2Cl2) em fluxo e temperatura de 60ºC a 246ºC, com um aumento de 3ºC/min, após 10ºC/min para 270ºC, mantendo a temperatura final por 5 min. Os componentes foram identificados por comparação com dados de espectro de massa da literatura (ADAMS, 2001) e por base de dados computadorizada usando biblioteca NIST (1998). As concentrações dos compostos foram calculadas a partir das áreas dos picos e expressos com valores aferidos em três análises. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados com 4 repetições, em esquema fatorial 2x3. Os resultados de rendimento foram expressos em g kg-1 de matéria seca e analisados pelo software SISVAR para comparação de médias através do teste de Tukey a 5%. A composição química dos óleos não pôde ser comparada estatisticamente pelo teste de Tukey, pois foi analisada somente uma amostra composta formada pelo agrupamento das repetições de cada tratamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO O processo de secagem da biomassa de capim-limão reduziu cerca de 5 vezes o peso da matéria fresca. A secagem dos fragmentos de 1 e 20 cm em desumidificador proporcionou maior rendimento de óleo essencial do que em estufa, ao passo que no estado de pó não houve efeito significativo do método de secagem (Tabela 1). Embora outros trabalhos com secagem de capim-limão recomendem o uso de secagem em estufa com temperaturas variando entre 30 e 50ºC para o maior rendimento e composição química do óleo (BUGGLE et al., 1999), no presente trabalho, a secagem das folhas em desumidificador, proporcionou maiores rendimentos na quantidade e composição do óleo em comparação com o uso da estufa mantida a 40ºC. O rendimento de óleo variou em função dos diferentes tamanhos de fragmentos da matéria seca, apenas quando secos em estufa. De acordo com a Tabela 1, observou-se que a matéria seca 957 L. C. B. Costa et al. Tabela 1. Rendimento médio de óleo essencial (g kg-1 de matéria seca) de C. citratus em função de métodos de secagem e tamanho dos fragmentos da matéria seca. Lavras, UFLA, 2004. Secagem Estufa Desumidificador Tamanho do Fragmento 20 cm 1 cm pó * 9,267 bB 8,148 bB 13,393 aA 13,605 aA 14,525 aA 13,540 aA *Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey. Figura 1. Cromatograma do óleo essencial de C. citratus. Tabela 2. Composição química média (%) dos óleos essenciais de C. citratus em função de métodos de secagem e fragmentação da matéria seca. Goiás, UFG, 2004. Componente 6-metil-5-hepten-2-ona Estufa 20 cm 1 cm t t Desumidificador pó 20 cm 1 cm 1,37 t 1,09 pó T linalol 1,42 1,14 1,49 1,37 1,74 1,37 neral 36,66 30,01 34,55 39,25 38,36 38,57 geraniol t 1,46 1,74 1,55 1,65 geranial 39,59 44,50 43,80 46,06 45,44 epóxido linaloolóxido 12,39 4,97 0,63 t 9,49 1,40 1,23 1,20 1,17 1,09 0,87 t 2-undecanona tridecanona não identificados (citral = neral + geranial t 3,61 1,79 1,87 2,74 8,04 9,39 10,57 10,12 5,21 69,60 79,05 83,05 84,42 84,01 82,36 reduzida a pó proporcionou maior rendimento de óleo do que os fragmentos com 1 e 20 cm de comprimento. A localização dos óleos essenciais nas plantas varia de acordo com a família botânica a qual pertence, podendo ocorrer em estruturas secretoras especializadas, tais como pêlos ou tricomas glandulares (Lamiaceae), corpos oleíferos (Apiaceae), bolsas lisígenas ou esquizolisígenas (Pinaceae, Rutaceae) ou células parenquimáticas diferenciadas (Lauraceae, Piperaceae e Poaceae), como é o caso do capim-limão (SIMÕES; SPITZER, 2000; LEWINSOHN et al., 1998). No presente trabalho, provavelmente o desumidificador reduziu a perda de óleo destas células parenquimáticas, 958 t 1,39 1,52 45,7 contribuindo para um maior rendimento de óleo essencial. Possivelmente a menor temperatura no desumidificador e a secagem do material em função da desidratação do ambiente preservou essas células parenquimáticas, em comparação com a estufa, que mantém temperatura relativamente alta (40ºC). A análise qualitativa do óleo essencial de C. citratus, mostra que os componentes majoritários presentes no óleo foram o neral e o geranial (Figura 1). A mistura destes dois isômeros forma o citral, principal constituinte do óleo essencial de C. citratus (SOUSA et al., 1991). A composição química do óleo essencial de C. citratus em função dos métodos de secagem e fragmentação da matéria seca encontra-se na Tabela 2. Observa-se que houve variação no conteúdo de citral em função do método de secagem e fragmentação da matéria seca. Na secagem em desumidificador o conteúdo de citral foi maior em relação à secagem em estufa. Temperaturas menores no desumidificador contribuíram para uma menor degradação das células oleíferas e conseqüentemente, preservando os componentes químicos do óleo. No tocante à fragmentação, observou-se que na secagem em desumidificador, o conteúdo de citral foi em média 8,25% superior do que na secagem em estufa (Tabela 2). Na secagem em estufa, o conteúdo de citral variou em função da fragmentação, sendo que na forma de pó, o conteúdo de citral foi em média 19,3% maior que na fragmentação de 20 cm e 5,06% maior em relação ao corte de 1 cm. Porém, para a secagem em desumidificador, o efeito da fragmentação foi menor. A diferença no conteúdo de citral entre o corte de 20 cm e a redução a pó foi de apenas 2,5%, em comparação às diferenças obtidas na secagem em estufa. Conforme Lewinsohn et al. (1998), o acúmulo de citral em C. citratus ocorre em células oleíferas com paredes celulares lignificadas existentes no mesofilo próximo aos feixes vasculares. A pulverização do material permitiu um aumento da superfície de contato do material vegetal no processo de hidrodestilação e portanto uma maior extração dos óleos essenciais contidos nestas estruturas mais profundas. Os compostos voláteis são muito sensíveis ao processo de secagem. Alterações na concentração de compostos voláteis durante a secagem podem ser afetadas por vários fatores como o método de secagem e as características do produto submetido à secagem (VENSKUTONIS, 1997). Na secagem em desumidificador ocorreu a desidratação do material vegetal apenas pela redução da umidade do ar sem elevação da temperatura do ambiente preservando desta forma, as características originais da planta. Diante do exposto, pode-se verificar que o desumidificador é um aparelho eficienHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão te, de custo reduzido e econômico no uso da energia elétrica em comparação à estufa, representando desta forma, uma vantagem do ponto de vista prático. Várias pesquisas em pós-colheita de plantas medicinais normalmente preocupam-se apenas com o efeito da temperatura de secagem no rendimento e qualidade do óleo essencial (BLANCO et al., 2002a, BLANCO et al., 2002b, MARTINS, 2000, RADÜNZ et al., 2002, ROCHA et al., 2000, VENSKUTONIS, 1997). Neste estudo, pôde-se perceber que o tamanho do fragmento do material vegetal submetido à extração de óleos essenciais também influencia o rendimento extrativo. Assim, considerando-se a variabilidade da localização dos óleos essenciais nas diferentes famílias de plantas sugere-se a realização de novos trabalhos levandose em consideração também a importante contribuição do tamanho do fragmento de matéria seca no rendimento extrativo do óleo essencial das plantas medicinais. LITERATURA CITADA ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatography/quadrupole mass sprestroscopy. Allured: Illinois, 2001. 421 p. BLANCO, M.C.S.G.; MING, L.C.; MARQUES, M.O.M.; BOVI, O.A. 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Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.960-964, out-dez 2005. Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars Itala Paula de C. Almeida1;2; Paulo Sérgio L. e Silva1;3; Maria Z. de Negreiros1; Zenaide Barbosa4 1 ESAM, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; E-mail: [email protected]. 4Faculdade Vale do Jaguaribe. Rua Cel. Alexandrino, 563, Centro, 62800-000 Aracati-CE; E-mail: [email protected]; 3bolsista do CNPq (autor correspondente); 2Estudante mestrado da ESAM. ABSTRACT RESUMO Most maize cultivars have been developed for grain production. Because superior cultivars may differ in their exploiting purposes, interest has been demonstrated for the evaluation of corn cultivars with regard to their baby corn, green ear, and grain yields production ability. In the present work ten corn cultivars (AG 405, AG 1051, AG 2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435, DKB 350 and DKB 747) were evaluated in the yield of baby corn, green ears and dry grains. Two experiments were carried out in the same season, in neighboring areas and managed in a similar way, in Mossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil, in a randomized blocks design with five replicates. Baby corn yield (178,571 plants ha-1) was evaluated in one of the experiments. The other experiment (50,000 plants ha-1) was set to evaluate green ear and dry grain yield. Cultivars DKB 350 and AG 8080 were the most productive in number and weight of marketable unhusked, and husked baby corn ears. Cultivars DKB 435 and AG 8080 were the most productive in number and weight of marketable, unhusked, and husked ears. There were no differences between cultivars for grain yield. Rendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de cultivares de milho Keywords: Zea mays L., green corn. Desde que a maioria das cultivares de milho foi desenvolvida para produção de grãos, existe interesse em se avaliá-las quanto à produção de minimilho e espigas verder pois as cultivares superiores podem diferir, dependendo da finalidade de exploração da cultura. O objetivo do trabalho foi avaliar as produções de minimilho, espigas verdes e de grãos de dez cultivares (AG 405, AG 1051, AG 2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435, DKB 350 e DKB 747) de milho. Dois experimentos, conduzidos na mesma época, em áreas vizinhas e manejados de forma semelhante, foram realizados em Mossoró-RN, no delineamento de blocos ao acaso com cinco repetições. Em um deles (178.571 plantas ha-1) avaliou-se a produção de minimilho. No outro (50.000 plantas ha-1), avaliaram-se as produções de espigas verdes e de grãos. As cultivares DKB 350 e AG 8080 mostraram-se as mais produtivas em número e peso de espigas de minimilho comercializáveis, empalhadas e despalhadas. As cultivares DKB 435 e AG 8080 mostraram-se as mais produtivas quanto aos números e pesos de espigas verdes comercializáveis, empalhadas e despalhadas. Não houve diferença entre cultivares quanto ao rendimento de grãos. Palavras-chave: Zea mays L., milho verde. (Recebido para publicação em 18 de fevereiro de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005) T he cultivation of corn (Zea mays L.) for “green corn” and grain production is one of the most important activities of the Brazilian Northeastern agriculture. Corn ears harvested with a moisture content of the grains between 70 and 80% is called “green corn”. In the first semester of the year, fruit producing companies without other cropping options successfully explore corn in the areas previously occupied with melon plants, in order to produce green ears, grains, and stubble (aboveground plant parts, without ears), under dryland conditions, and where irrigation is possible. Under these conditions, another option to explore corn would be the production of “baby corn”. “Baby corn” consists of the husked ear, harvested two or three days after silk emergence. “Baby corn” is a profitable crop that allows a diversification of production, aggregation of value, and 960 increased income (PANDEY et al., 2002). As a product, it is only important in Thailand and a few other countries (PEREIRA FILHO et al., 1998). Because of globalization, other countries have become interested in this crop. Brazil has a promising market because the demand for baby corn is rising and production almost does not exist. There is also a perspective of exportation to other markets, especially those that already import a variety of Brazilian vegetable products. In addition to supplying the growing domestic demand, this product could be included in the export list of agricultural companies, taking advantage of the existing export chain used for fruits, ornamental plants, and other products. Therefore, the evaluation of baby corn production under the conditions of the Brazilian Northeast should be interesting. There are three reasons to evaluate corn cultivars introduced into the Brazilian Northeast, with regard to their baby corn, green ear, and grain yields. These cultivars are frequently used by growers without being previously evaluated for the Northeastern conditions. Second, these cultivars differ in their green ear and grain yield, and not always the best cultivars for green corn yield are also the best for grain yield (SILVA; PATERNIANI, 1986; SILVA; SILVA, 1991; SILVA et al., 1997; SILVA et al.,1998). Last, specific cultivars for the production of baby corn still do not exist in Brazil, but research works involving cultivars developed for other purposes indicate differences between them (PEREIRA FILHO et al., 1998; CARVALHO, 2002). Apparently, the data upon which the present work was based are pioneer on this subject in the Brazilian Northeast. The objective Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars of this work was to evaluate the ability of production of baby corn, green ear, and grain yields of ten corn cultivars. MATERIAL AND METHODS Corn cultivars produced by the Monsanto company, were evaluated in two experiments carried out under dryland conditions, irrigated by sprinkling as needed: DKB 333B and AG 7575 (single-cross hybrids); DKB 350, AG 8080 and AG 6690 (three-way cross hybrids); DKB 435, DKB 747, AG 2060, AG 405 and AG 1051 (doublecross hybrids). The experiment was sprinkler-irrigated with a 5.6 mm water depth and a one-day watering schedule. The water depth required was calculated considering an effective depth of the root system of 0.40 m. Irrigation time was based on the water retained by the soil at a tension of 0.04 Mpa. Experiment 1: Baby corn yield and other traits The research was carried out at the Rafael Fernandes Experimental Farm, located 20 km away from Mossoró, Rio Grande do Norte State (5°11’S latitude, 37°20’W longitude, and 18 m altitude), from December 2002 to April 2003. The experimental soil was classified as a Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico. Analysis of this soil presented the following results: pH = 6.7, Ca + Mg = 4.00 cmolc dm-³, K = 0.27 cmolc dm-³, Na = 0.09 cmolc dm-³, Al = 0.04 cmolc dm-³, and organic matter = 11.42 g kg-1. The soil was tilled by means of two harrowings and received, at sowing, 30 kg ha-1 N (urea), 60 kg ha-1 P2O5 (single superphosphate), and 30 kg ha-1 K2O (potassium chloride). Half of the nitrogen, all phosphorus, and all potassium were applied as planting fertilization, in furrows located beside and below the seeding furrows. The rest of the nitrogen (30 kg ha-1) was applied, as sidedressing, after weeding. Seeds were planted on 12/20/2002 using two seeds per pit, at 0.80 m × 0.07 m row spacing. Thinning was performed 22 days after seeding, leaving one plant per pit (178,571 plants ha-1). Pest control was done by means of three deltamethrin sprays (250 ml ha-1), performed 7; 14 and 24 days after sowing; weed control Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 was performed by hoeing 35 days after sowing. A randomized blocks design with five replicates was used. Plots consisted of five plant rows with six meters in length. The usable area consisted of the three central rows eliminating six plants of each end. The evaluated traits were total number and weight of ears; number and weight of marketable unhusked ears; number, weight, length, and diameter of husked ears to be sold fresh or preserved; fresh and dry mass of the above-ground part of the plant, tassels, and roots; leaf area, stalk diameter, plant height, and ear insertion height. The total number and weight of ears were estimated based on the total number of ears harvested from the usable area of the plot. Unhusked ears, free of damage caused by pests or diseases were considered marketable. Husked ears that presented good health, a color varying from pearly white to light yellow, cylindrical shape with a diameter ranging from 0.8 to 1.8 cm and length ranging from 4 to 12 cm were considered marketable. The number of ears to be sold as preserves was also determined (diameter between 1.0 cm and 1.5 cm, and length ranging from 5 to 10 cm). Marketable ear diameter and length were evaluated using a caliper rule. The fresh and dry matter weight of ears, the above-ground part, root system, and tassels were estimated based on 10 ears, five crushed plants, the crushed roots of two plants, and ten tassels, respectively. Leaf area was determined using one plant from each plot, by means of a LICOR 3100 Leaf Area Integrator. Stalk diameter was determined in two plants, by measuring the section located below the ear insertion node with a caliper rule. Plant height (distance from the soil level to the insertion point of the highest leaf) and ear insertion height (distance from the soil level to the ear insertion node), and tassel characteristics were evaluated in the same ten plants selected at random from the usable area of each plot. Experiment 2: Green ear yield, grain yield and other traits This experiment was planted on the same date, in a neighboring area, and managed in a similar way. Differently from experiment 1, each plot of this experiment consisted of four 6.0 m long rows of plants. The usable area was considered as the space occupied by the two central rows, with the elimination of plants from one pit at each end. One of the usable rows was chosen at random for green ear yield assessment, and the other was used for grain yield assessment. A total of 26 plants per usable row was grown, at a row spacing of 1.0 m x 0.4 m, with two plants per pit (50,000 plants ha-1). The evaluated traits were total number and mass of green ears; number and mass of marketable green ears, either unhusked or husked; fresh and dry mass of the above-ground part of the plant, tassels, and roots; leaf area, stalk diameter, plant height, and ear insertion height; grain yield and its components. The total number and mass of ears were estimated based on the total number of ears harvested from the usable area of the plot. The marketable unhusked ears considered were those free from damage caused by pests or diseases and with a length of 24 cm or longer, and marketable husked ears were those with good health and grain set, presenting a length of 18 cm or longer. The fresh and dry masses of the above-ground part of the plant, tassels, and roots; leaf area, and stalk diameter were evaluated after green ear harvesting. Plant height and ear insertion height were measured after dry ear harvesting. The number of dry ears was estimated based on the ears harvested from the usable area; the number of kernels per ear was obtained from 10 ears selected at random, and the 100-grain weight was estimated based on five samples of 100 kernels. Grain yield was corrected for a moisture content of 15.5% (wet basis). RESULTS AND DISCUSSION Experiment 1: Baby corn yield and other traits The baby corn was harvested from 48 to 62 days after sowing, in seven harvest operations. Cultivars AG 405, AG 1051, and AG 2060 showed the most pronounced late behavior. Cultivar DKB 333 B showed the greatest plant height and the greatest fresh mass of the above-ground part, 961 I. P. C. Almeida et al. Table 1. Means for plant height, ear insertion height, fresh matter of the above-ground part, number of tassel branchings, tassel fresh weight and tassel dry weight of corn cultivars evaluated for baby corn yield. Mossoró, ESAM, 2002/20031 Cultivars Plant height (cm) Fresh weight of Number of tassel Ear height (cm) the above-ground branchings part (kg ha-1) Tassel fresh weight (mg) Tassel dry weight (mg) DKB 333B 191, a 106, ab 49,250 a 12, abc 430, ab 210, abc AG 405 186, ab 109, ab 45,036 ab 14, a 440, ab 210, ab AG 1051 184, ab 112, a 40,536 ab 11, abc AG 6690 176, ab 88, bc 43,000 ab 9, c 390, bc 190, bcd 370, bcd 180, cde AG 8080 176, ab 82, c 39,928 ab 10, bc 310, cd 160, de DKB 747 160, ab 77, c 29,429 b 13, ab 490, a 210, abc 12, abc AG 2060 174, ab 88, bc 38,857 ab AG 7575 167, ab 73, c 32,821 ab 8, c 490, a 240, a 290, d 140, e DKB 435 176, ab 92, abc 33,893 ab 11, bc 380, bc 180, bcd DKB 350 153, b 73, c 30,893 ab 11, bc 360, bcd 180, cde 24 8 C.V. % 9 11 15 10 Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05) 1 Table 2. Means for the number and weight of marketable unhusked and husked baby corn ears of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031 Cultivars Unhusked ears Husked ears Number ha-1 kg ha-1 Number ha-1 kg ha-1 DKB 333B 91,505 bcd AG 405 80,695 d 3,627 bc 46,718 bc 457, b 2,936 c 24,324 c AG 1051 87,066 cd 186, b 3,384 bc 30,309 c 323, b AG 6690 133,691 abc 4,599 abc 39,044 bc 371, b AG 8080 107,529 bcd 5,672 a 53,475 abc 526, ab DKB 747 140,723 ab 4,844 abc 56,564 abc 482, b AG 2060 76,448 d 3,233 bc 22,973 c 293, b AG 7575 139,189 ab 4,719 abc 43,243 bc 403, b DKB 435 141,119 ab 5,008 ab 68,146 ab 498, ab DKB 350 172,393 a 6,100 a 83,765 a 877, a C.V. % 21 22 37 41 Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05) only differing from cultivar DKB 350, which had the shortest height, and from cultivar DKB 747, with respect to fresh mass of the above-ground part (Table 1). The greatest ear insertion height was shown by cultivar AG 1051, which exceeded all cultivars except of cultivars DKB 333 B, AG 405, and DKB 435 (Table 2). High plant densities may cause lodging in some cultivars, in certain environments (BAVEC; BAVEC, 2002), especially with increasing planting density it causes plant height and ear insertion height to increase as well (MODARRES et al., 1998). Since baby corn is generally produced under high planting densities, preference should be given to smallersized cultivars, in order to decrease yield losses, which might happen if lodging 962 occurs before flowering. Cultivars AG 7575 and AG 6690 showed the tassels with the smallest number of branchings and AG 7575 had the smallest fresh and dry masses (Table 1). The tassel functions as a strong sink organ, and may demand an expressive amount of photoassimilates (CHINWUBA et al., 1961). The competition effect for nutrients and carbohydrates between ear and tassel will be so much more severe as will the environment’s adverse conditions (MAGALHÃES et al., 1993; GERALDI et al., 1985). In addition, large tassels cause leaf shading (HUNTER et al., 1969). On the other hand, there exist a negative correlation between tassel size and prolificacy (SOUZA JÚNIOR et al., 1985), which is a very important trait in cultivars intended for baby corn production. Thus, cultivars with smaller tassels seem to be important for both baby corn and grain production. It is interesting to point out that detasseling provides an increase in the productivity of commercial baby corn ears, regardless of sowing season (CARVALHO et al., 2002) or phosphorus rate applied (SAHOO; PANDA, 2001). However, the effect caused by tassel removal on forage yield varied with cropping season (SAHOO; PANDA, 2001). There were no differences between cultivars with regard to leaf area, stalk diameter, dry mass of the above-ground part of the plant, and fresh and dry masses of the root system. Cultivars DKB 350 and AG 8080 were the most productive with respect to the number and mass of marketable unhusked, and husked baby corn ears (Table 2). It becomes evident, therefore, that depending on the criterion used for yield assessment in baby corn (number or mass of unhusked or husked ears, and so on), cultivars can be different. Yields with a similar magnitude as those observed in the present work for mass of unhusked ears were observed by other authors (CARVALHO, 2002). In relation to husked ears, yields had a similar magnitude as those observed in other experiments (AEKATASNAWAN, 2001), but were lower than those verified in other researches (PEREIRA FILHO et al., Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars Table 3. Means for diameter and length of marketable baby corn ears, fresh and preserved, of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031 1998; CARVALHO et al., 2002). Cultivar AG 2060 showed ears with the largest mean diameter, to be sold either fresh or preserved (Table 3). With regard to ear length, the same cultivar and also cultivar AG 6690 yielded the largest ears to be sold fresh. In the case of ears to be sold as preserves, cultivar AG 7575 had high ear length. There were no differences between cultivars with regard to fresh and dry baby corn ear weight. The moisture content for baby corn ears varied from 88% (cultivar AG 405) to 91% (cultivar DKB 350). Other authors obtained a mean value of 89% (YODPET,1979) or a variation from 90% to 95% (CARVALHO, 2002). Experiment 2: Green ear yield, grain yield, and other traits The green ears were harvested from 68 to 76 days after planting date, in four harvesting operations. Cultivars AG 405, AG 1051, AG 8080, DKB 333B, and DKB 435 showed the most pronounced late behavior. There were no differences between cultivars with regard to the total number and weight of green ears. Therefore, the cultivars differed only with respect to their number and weight of marketable ears, either unhusked or husked (Table 4). For these traits, cultivar DKB 747 and AG 8080 proved to be the most productive for number of unhusked marketable ears. Differences between cultivars with regard to traits for green Ears to be sold fresh Cultivars Diameter (cm) Ears to be sold as preserves Length (cm) Diameter (cm) Length (cm) DKB 333B 1.31, bc 9.02, abcd 1.24, bc 8.76, bc AG 405 1.37, abc 9.34, abc 1.30, abc 8.88, ab AG 1051 1.39, abc 9.31, abc 1.32, ab 8.96, ab AG 6690 1.38, abc 9.88, a 1.28, abc 9.20, ab AG 8080 1.33, bc 8.26, d 1.26, bc 7.92, de DKB 747 1.31, bc 8.75, bcd 1.24, bc 8.34, de AG 2060 1.50, a 9.90, a 1.36, a 9.10, ab AG 7575 1.29, bc 9.70, ab 1.26, bc 9.36, a DKB 435 1.26, c 8.42, d 1.22, c 8.06, cd DKB 350 1.42, ab 8.42, cd 1.30, abc 7.76, e 5 3 3 6 C.V., % Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05) corn yield evaluation were also observed by other authors (SILVA et al., 1997; SILVA et al., 1998). There were no differences between cultivars with regard to leaf area, stalk diameter, fresh and dry masses of the above-ground part of the plant, tassel, and root system, evaluated after the final harvesting of green ears. Among the evaluated traits after harvesting mature ears, there were differences between cultivars only with regard to plant height and ear insertion height, and with regard to weight of 100 grains (Table 4). Cultivars DKB 435 and DKB 747 showed the smallest means for both heights. The greatest mass of 100 grains was shown by cultivar AG 7575. The fact that cultivars differed with respect to green ear yield but showed the same grain yield could be due to several factors. Cultivars may differ with regard to their green ear cob and straw weights, but their grain at the “green corn stage” can still show different moisture contents (SILVA; PATERNIANI, 1986). Besides, at the time when green ears are harvested, grain filling is obviously not complete and cultivars may differ with regard to their grain filling rate and duration of the grain filling period (PONELEIT; EGLI, 1979). Finally, ears considered unsuitable for green corn production can be perfectly used for grain production. Cultivar DKB 350 and AG 8080 were the most productive with respect to the number and weight of marketable Table 4. Means for the number and mass of marketable, unhusked and husked green ears, plant height, and ear insertion height, and 100dry-grain weight of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031 Marketable green ears Cultivars Unhusked Heights Husked Plant Ear 100-grain weight (g) No. ha-1 kg ha-1 No. ha-1 kg ha-1 DKB 333B 26,682 bc 6,932 c 17,430 ab 2,951 b 202, a AG 8080 39,066 a 10,958 ab 17,902 ab 3,508 b 195, ab 90, ab 33, bc AG 6690 37,675 ab 10,659 abc 27,227 ab 4,998 ab 188, ab 96, ab 35, abc AG 405 35,817 ab 9,874 abc 20,876 ab 4,098 ab 188, ab 84, ab 40, ab DKB 350 33,878 abc 8,945 abc 27,596 ab 5,232 ab 186, ab 89, ab 35, abc AG 1051 24,113 c 6,998 c 15,496 b 3,105 b 184, ab 90, ab 38, abc AG 2060 32,052 abc 9,317 abc 23,613 ab 4,957 ab 183, ab 88, ab 37, abc AG 7575 32,104 abc 7,680 bc 23,415 ab 3,629 b 182, ab 94, ab 41, a DKB 435 36,026 ab 8,709 abc 25,000 ab 3,798 ab 164, b 78, b 32, c DKB 747 39,961 a 11,630 a 32,194 a 6,430 a 164, b 74, b 36, abc 18 30 9 15 C.V., % 16 cm 29 108, a 36, abc 10 Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05). Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 963 I. P. C. Almeida et al. unhusked, and husked baby corn ears. Cultivar DKB 747 and AG 8080 were the most productive with respect to the number and weight of marketable, unhusked, and husked ears. There were no differences between cultivars with respect to grain yield. Therefore, the best cultivars can be different when different corn exploiting purposes are taken into account. LITERATURE CITED AEKATASANAWAN, C. Baby corn. In: HALLAUER, A.R. Specialty Corns. 2 ed. Madison, CRC Press LLC, 2001, v.2, cap.9, p.275–293. BAVEC, F.; BAVEC, M. Effects of plant population on leaf area index, cob characteristics and grain yield of early maturing maize cultivars. European Journal of Agronomy, v.6, n.2, p.151-159, 2002. CARVALHO, G.S. Caracterização agronômica e nutricional de milho sob diferentes condições de cultivo para produção de minimilho. 2002. 70 f. (Dissertação de Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras. CARVALHO, G.S.; VON PINHO, R.G.; PEREIRA FILHO, I.A. 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O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de fontes e parcelamento do nitrogênio na produtividade e teores de macro e micronutrientes na parte aérea desta hortaliça. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, em vasos de 5 dm3 de volume com 4,8 kg de solo. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em fatorial 2 x 6, com três repetições. As fontes nitrogenadas, uréia e nitrato de cálcio, foram avaliadas em diferentes parcelamentos da dose de 105 mg dm-3 de N em três aplicações (na semeadura, 15 e 30 dias após a semeadura), nas seguintes proporções: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%-0%, 25%75%-0%, 25%-50%-25% e 33%-33%-33%. As plantas foram colhidas aos 40 dias após a semeadura. A melhor fonte de nitrogênio foi a nítrica (nitrato de cálcio), proporcionando maiores produções de massa fresca e seca da parte aérea, massa seca de raízes, produção de folhas por planta e maiores teores de N, Ca e Mn na parte aérea. Quanto ao parcelamento, os melhores resultados foram obtidos quando se realizou adubação na semeadura seguida de duas coberturas, uma aos 15 e outra aos 30 dias após a semeadura, nas proporções 33%-33%-33% e 25%-50%-25%, para as duas fontes avaliadas. Split forms and sources of nitrogen fertilization for the flowering white cabbage production Palavras-chave: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey) Sinskaja, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo de nutrientes. The flowering white cabbage plant, Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey) Sinskaja is often cultivated in China, Australia and other southeastern Asian countries and introduced in Brazil in 1992. There is little information regarding the mineral nutrition of this Brassica in the Brazilian conditions. The effect of sources and splitting of nitrogen in the productivity and ratio of macro and micronutrients in the shoot of this vegetable were evaluated. The experiment was carried out in a greenhouse in pots with capacity for 5 dm3. The experimental design was a randomized block design, in a 2 x 6 factorial scheme with three replications. The nitrogen, calcium nitrate and urea sources were evaluated in different splitting for the 105 mg dm-3 of N dose, in the sowing, 15 and 30 days after sowing, in the following ratios: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%0%, 25%-75%-0%, 25%-50%-25% and 33%-33%-33%. The plants were harvested 40 days after sowing. The biggest productions of fresh and dry weight of the shoot, dry matter of root, leaf number and the biggest ratio of N, Ca and Mn in the shoot were reached with the nitric source (calcium nitrate). The best results concerning the splitting were obtained when fertilization took place during the sowing followed by two side dressing applications, one 15 days and another 30 days after sowing, in the proporcions 33%-33%-33% and 25%-50%-25%, for the sources evaluated. Keywords: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey) Sinskaja, urea, calcium nitrate, nutrients accumulation. (Recebido para publicação em 23 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005) A couve-da-Malásia foi introduzida no Brasil, em 1992, por possuir altos teores de vitamina A, a partir de sementes trazidas da Malásia por Dr. Warwick E. Kerr, que adotou esta nomenclatura. Além disso, é de fácil cultivo e de ciclo curto (LEE, 1982; FERREIRA et al., 2002), podendo ser facilmente cultivada em hortas domésticas o ano inteiro, tornando-se uma fonte acessível de vitamina A. Na literatura existem poucas informações referentes à nutrição mineral de brássicas. Segundo Hori (1965), estas variedades botânicas são grandes extratoras de nutrientes do solo e respondem com alta produtividade em espaço de tempo relativamente curto. Para Trani et al. (1994), elas apresentam grande capacidade de resposta ao nitrogêHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 nio, verificando-se aumento na produtividade com aplicações da ordem de até 300 kg ha-1. No entanto, é necessário, entre outros fatores, conhecer as exigências nutricionais de cada cultivar para se fornecer nutrientes em quantidades adequadas e equilibradas. Sabe-se que a couve-da-Malásia é altamente sensível à falta de nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre (SOUSA, 1997) e boro (MOTA, 2001). Trabalhos realizados com a couve-da-Málasia na China e Austrália demonstraram a importância do nitrogênio para a sua produtividade. No Brasil, Zanão Jr. et al. (2005) verificaram que a melhor dose de N para a couve-da-Malásia foi de 210 kg ha-1. Segundo More e Morgan (1998), para o cultivo da couve-da-Malásia na Aus- trália, recomenda-se a aplicação, no plantio, de 50 m3 ha-1 de esterco bovino; 1,25 a 2,0 t ha-1 de superfosfato simples; 150300 kg ha-1 de nitrato de amônio e cloreto de potássio. Na adubação de cobertura é recomendada a aplicação de 150-300 kg ha-1 de nitrato de amônio e cloreto de potássio, uma a três semanas após a emergência. A variação da quantidade é verificada em função da textura do solo. Para Malavolta (1974), quando se estudam aspectos relacionados à nutrição das hortaliças, deve-se atentar para o fato de que sendo o ciclo delas geralmente curto, essas culturas estão muito sujeitas a distúrbios nutricionais, pelo rápido crescimento, intensa produção, alta necessidade de nutrientes e intensa lixiviação de nutrientes no solo. 965 L. A. Zanão Júnior et al. No Brasil, pouco se conhece sobre as exigências nutricionais da couve-daMálasia. Até o momento, as recomendações de adubação para seu cultivo são feitas, com base naquilo que se conhece para hortaliças folhosas como a alface. Como é uma folhosa, a adubação nitrogenada e seu manejo são extremamente importantes para o sucesso da cultura, devendo-se ter informações específicas claras sobre a melhor fonte de nitrogênio e o parcelamento mais adequado desta adubação. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de fontes e formas de parcelamento da adubação nitrogenada sobre a produtividade e teores foliares de macro e micronutrientes na parte aérea das plantas de couve-da-Malásia. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado de maio a julho de 2004, conduzido em casa de vegetação, na Universidade Federal de Uberlândia (MG). As temperaturas média mínima e máxima na casa de vegetação, durante o período em que o experimento foi conduzido foram, respectivamente, 17ºC e 26°C. A semeadura foi realizada em 09/06/ 2004, diretamente em vasos de 5 dm3, com 4,8 kg de solo mantidos em espaçamento de 20 x 20 cm. Foi utilizado solo da camada superficial (0 a 20 cm) de um Latossolo Vermelho distrófico típico, textura média (273 g kg-1 de argila). A análise do solo apresentou as seguintes características: pH H 2O (1:2,5) = 4,6; P (Mehlich-1) = 0,2 mg dm-3; K+ (Mehlich1) = 5,4 mg dm-3; Al+3, Ca+2, Mg+2, H+Al, = 6,0; 1,0; 1,0 e 40,0 mmolc dm-3, respectivamente; saturação por bases = 4,22 %, matéria orgânica = 12 g kg-1; B, Cu, Fe, Mn, Zn e S-SO4-2 = 0,31; 0,9; 36; 0,3; 0,2 e 6,0 mg dm-3, respectivamente. O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados, distribuindo-se os tratamentos em esquema fatorial 2 x 6, com três repetições. O primeiro fator foram as fontes de nitrogênio, sendo nítrica e amídica e o segundo fator constituiu-se dos parcelamentos da aplicação da dose de 105 mg dm-3 de N, o que corresponde a 210 kg ha-1, em diferentes proporções, sendo: A) 50% na semeadura, 50% aos 966 15 dias após a semeadura (DAS) e 0% aos 30 DAS; B) 0% na semeadura, 50% aos 15 DAS e 50% aos 30 DAS; C) 75% na semeadura, 25% aos 15 DAS e 0% aos 30 DAS; D) 25% na semeadura, 75% aos 15 DAS e 0% aos 30 DAS; E) 25% na semeadura, 50% aos 15 DAS e 25% aos 30 DAS e F) 33% na semeadura, 33% aos 15 DAS e 33% aos 30 DAS. Como fonte nitrogenada nítrica utilizou-se o nitrato de cálcio e como fonte amídica, a uréia. A uréia possui 44% de N na forma amídica (NH2), que quando é aplicada ao solo, é rapidamente hidrolisada e se converte na forma amoniacal e o nitrato de cálcio possui 14% de N na forma nítrica e até 1,5 % na forma amoniacal, além de possuir 1819% de Ca e 0,5-1,5 % de magnésio. O preparo do solo foi feito para cada vaso. A calagem foi realizada para elevar a saturação por bases a 70%, conforme recomendação feita por Ribeiro et al. (1999) para a cultura da alface, aplicando-se uma dose correspondente a 2,0 t ha -1 de calcário dolomítico calcinado (PRNT 100%). O solo dos vasos foi incubado por 30 dias. A semeadura foi realizada a 1 cm de profundidade, distribuindo-se cinco sementes por vaso. Após a emergência, foi realizado o desbaste, deixando-se uma planta por vaso, a mais vigorosa e centralizada. A rega foi feita duas vezes ao dia, utilizando-se 100 ml de água por rega em cada vaso. Na semeadura, foram aplicados 200 mg dm-3 de P2O5, 30 mg dm-3 de K2O e 1 mg dm-3 de FTE BR-8, com 7% Zn, 2,5% B, 1% Cu, 5% Fe, 10% Mn e 0,1% Mo. Foram realizadas duas coberturas com 25 mg dm-3 de K2O, uma aos 15 e outra aos 30 DAS. A fonte de P2O5 foi o superfosfato triplo e a de K2O o cloreto de potássio. As doses seguiram as recomendações feitas para a cultura da alface (RIBEIRO et al., 1999). A colheita foi realizada 40 dias após a semeadura, para avaliação da massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea (MSPA), produção de folhas por planta (PF), massa seca de raízes (MSR), diâmetro do caule (DC), teores dos macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn) na parte aérea das plantas. Na colheita, o sistema radicular foi separado da parte aérea. A produção de folhas foi obtida fazendo-se a contagem das mesmas no momento da avaliação da massa fresca da parte aérea. O diâmetro do caule foi medido com o auxílio de um paquímetro. As raízes foram lavadas cuidadosamente até a retirada do solo aderido às mesmas. O excesso de água foi retirado com o auxílio de papel toalha e em seguida o material (parte aérea e raízes) foi encaminhado para secar em estufa de circulação forçada de ar a 70°C, até massa constante. A análise química da parte aérea das plantas, para determinação dos teores de macro e micronutrientes, foi realizada segundo Bataglia et al. (1983). Após a colheita, foi retirada uma amostra de solo dos vasos, para determinação do pH em água e teores de Mn e Zn disponíveis, segundo metodologia descrita por Silva et al. (1999). Os dados obtidos foram inicialmente submetidos aos testes de normalidade (SHAPIRO-WILK) e homogeneidade (LEVENE), para se determinar, caso necessário, a transformação a ser adotada. Como as variâncias foram homogêneas entre os tratamentos e os resíduos da análise da variância apresentaram distribuição normal, nenhum deles foi transformado. O teste de Tukey a 5% de probabilidade foi utilizado para comparação entre as médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando os fatores estudados, foi observada interação significativa e efeito significativo independente (P≤0,05) do parcelamento, apenas para a massa fresca da parte aérea. No que se refere às fontes, houve efeito significativo para a MSPA; MFPA; MSR; NF; teores foliares de N, Ca, Mn e Zn; pH em água e teores de Mn e Zn disponíveis no solo (Tabelas 1-4). A produção de massa fresca da parte aérea foi superior quando a dose de 105 mg dm-3 de N foi parcelada nas três épocas, sendo semeadura, 15 DAS e 30 DAS, nas proporções de 25%-50%-25% e 33%-33%-33%. A produção de massa fresca da parte aérea (produtividade agronômica) Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia alcançada neste experimento foi inferior à máxima produção obtida por Zanão Júnior et al. (2005) (114,55 g planta-1) com a utilização de 210 kg ha-1 de N, 30% na semeadura, 35% aos 15 e 35% aos 30 dias e por Ferreira et al. (2002), quando estudaram a mesma variedade em Uberlândia, em condições de campo, com adubação orgânica e mineral em diferentes espaçamentos (93 g planta-1), utilizando 70 kg ha-1 de N (42% no plantio e 58% em cobertura, aos 15 DAS). A produção de massa fresca em alguns tratamentos foi semelhante à obtida por Dantas (1997), com aplicação de metanol e 80 kg ha-1 de N em vasos mantidos em casa de vegetação (52 g planta-1) e superior à produção registrada por Hill (1990), em espaçamento 10 x 10 cm, com aplicação de 200 kg ha-1 de N (46 g planta-1), em cultivo realizado em campo na Austrália. A menor produção de massa fresca da parte aérea alcançada no presente trabalho, em relação à registrada por Zanão Júnior, et al. (2005), pode ser explicada pela época do ano em que os experimentos foram conduzidos. As plantas produzidas neste trabalho foram colhidas cinco dias antecipados, em relação ao trabalho daqueles autores, desenvolvido durante o verão, com temperatura mínima de 21ºC e máxima de 29ºC, superiores às ocorridas durante a execução deste trabalho. Estes resultados indicam o maior desenvolvimento da parte aérea das plantas em temperaturas mais elevadas e o encurtamento do ciclo em temperaturas mais baixas. Dantas e Aragão (2000) verificaram que plantas desta variedade, semeadas em dezembro e agosto, foram fisiologicamente mais eficientes que aquelas produzidas nos outros meses e que plantas produzidas no mês de junho foram as que apresentaram menor crescimento. Pelo que pôde ser observado, há necessidade de se realizar uma cobertura nitrogenada aos 15 e uma aos 30 dias após a semeadura. Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Ferreira (2001), que verificou que aos 37 dias após a semeadura, a ausência da maioria dos nutrientes na solução nutritiva, utilizando a técnica do elemento faltante, reduziu significativamente a produtividade agronômica da couve-daHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Produção de massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca de raízes (MSR), produção de folhas por planta (FP) e diâmetro de caule (DC), obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004. Fonte Nítrica MFPA Parcelamento de N (%) MSPA MSR PF (n.º) (g planta-1) DC (mm) 50 50 0 64,45 b 4,69 0,53 12,00 11,6 0 50 50 64,30 b 4,91 0,32 11,67 11,7 75 25 0 61,21 c 4,19 0,54 12,00 12,2 25 75 0 70,96 b 5,17 0,50 12,00 14,9 25 50 25 78,02 a 5,48 0,73 12,33 15,6 33 33 33 80,21 a 7,83 0,62 12,67 16,9 69,85 A 4,88 A 0,54 A 12,11 A 13,8 A Média 50 50 0 45,06 c 3,61 0,20 10,00 10,4 0 50 50 49,95 c 3,72 0,35 10,33 12,3 75 25 0 56,21 b 3,88 0,41 11,00 13,1 25 75 0 56,50 b 4,58 0,42 11,33 13,4 25 50 25 65,50 a 4,60 0,53 11,33 15,7 33 33 33 68,03 a 5,26 0,43 12,00 16,2 Média 56,83 B 4,28 B 0,39 B 11,00 B 13,5 A C.V.% 14 Amídica 15 17 10 9 Letras minúsculas comparam médias do parcelamento dentro de cada fonte. Letras maiúsculas comparam médias entre as fontes. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 2. Teores de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) na parte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004. Fonte Macronutriente (g kg-1) N P K Ca Mg S Nítrica 52,29 A 6,25 A 17,11 A 30,82 A 8,30 A 6,38 A Amídica 40,95 B 5,62 A 17,97 A 23,72 B 7,43 A 6,29 A 14 22 17 13 16 10 C.V.% Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 3. Teores de boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e Zinco (Zn) na parte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004. Fonte Micronutriente (mg kg-1) B Cu Fe Mn Zn Nítrica 128,26 A 7,26 A 161,89 A 119,60 A 79,47 B Amídica 126,17 A 7,66 A 175,91 A 78,01 B 90,40 A 17 12 9 10 14 C.V.% Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 4. Valores de pH em água e teores de Mn e Zn no solo, após a execução do experimento, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004. Fonte pH em água (1:2,5) Mn (mg dm-3) Zn (mg dm-3) Nítrica 5,92 A 1,20 B 0,83 B Amídica 5,42 B 1,86 A 1,13 A 4 13 9 C.V.% Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 967 L. A. Zanão Júnior et al. Malásia. Estas são as mesmas épocas de parcelamento recomendadas para a alface, segundo Ribeiro et al. (1999). Isso ocorreu porque o nutriente estava disponível no solo para a planta no período e na quantidade em que ela necessitava, em concentrações não tão altas para ocorrer lixiviação excessiva ou causar efeito negativo. O maior valor de massa seca de raízes foi registrado para o parcelamento da dose de N com aplicação de 25% do N na semeadura e 50% aos 15 DAS e 25% aos 30 DAS para as duas fontes (Tabela 1). Esta produção foi inferior à obtida por Sousa (1997) e por Mota (2001), que foram de 2,84 g planta-1 e 0,93 g planta-1, respectivamente. A fonte de maior eficiência na produção de massa seca e fresca da parte aérea das plantas e de raízes foi a nítrica (nitrato de cálcio), que propiciou aumento de 23% em relação à fonte amídica (uréia), indicando, possivelmente, a preferência da couve-da-Malásia pela absorção do N na forma nítrica (Tabela 1). Segundo Larcher (2000), dentre outros fatores, a espécie/cultivar tem implicações nos ajustamentos metabólicos à absorção do amônio e do nitrato. A absorção do íon amônio causa grande demanda de esqueletos carbônicos, pois pode servir imediatamente para síntese de aminoácidos e compostos que contêm N reduzido. Grande consumo dos carboidratos pode ocorrer, se a fotossíntese for insuficiente, utilizando o carbono que estaria disponível para a planta converter em biomassa. Por outro lado, o nitrato quando absorvido é reduzido antes de sua assimilação, mas a demanda imediata por carboidratos é menor que a do amônio (EPSTEIN, 1975; FERREIRA et al., 1993; LARCHER, 2000). A produção de folhas por planta foi muito semelhante, não influenciado significativamente pelo parcelamento, mas havendo efeito das fontes (Tabela 1). As plantas que receberam aplicação da fonte nítrica produziram 10% a mais de folhas do que as que as que receberam a fonte amídica. O diâmetro do caule é uma característica avaliada para aceitação da couve-da-Malásia no mercado de hortaliças. Segundo Gallacher (1999), um produto 968 de qualidade elevada tem diâmetro de caule entre 15 mm e 25 mm. Os resultados obtidos no presente trabalho mostram que as plantas que ficaram incluídas dentro dessa amplitude foram as que receberam aplicação de N na semeadura e duas coberturas. Não houve diferença significativa em relação às fontes. A maior absorção de Ca com aplicação da fonte nítrica é explicada pelo fato do nitrato de cálcio possuir 18-19% de cálcio (Tabela 2). Além disso, plantas que recebem o N na forma nítrica aumentam a síntese de ácidos orgânicos, com conseqüente aumento na absorção de cátions, como Ca2+, Mg2+ e K+, para atingir o balanço interno de cargas (KIRKYB; KNIGHT, 1977). Não existem dados na literatura sobre teores foliares adequados dos nutrientes para couve-da-Malásia. No entanto, os teores foliares de N e Ca obtidos neste trabalho são considerados adequados, segundo Ribeiro et al. (1999), para alface e para Brássicas (repolho e couve-flor). Os maiores teores foliares de zinco obtidos com a fonte amídica podem estar relacionados à maior absorção e translocação deste nutriente, em relação aos demais, provavelmente devido à acidificação da rizosfera que adubação nitrogenada pode causar, provocada pela absorção do íon amônio, formado pela aplicação da uréia (FERREIRA et al., 1993). Este fato ficou comprovado com a análise do solo das parcelas que receberam adubação nitrogenada amídica, onde o pH em água se encontrava em torno de 5,4 em relação a 5,9, conseguido com a fonte nítrica (Tabela 4). A acidificação da rizosfera, segundo Moraghan e Mascani Júnior (1991), aumenta a eficiência na absorção de micronutrientes metálicos Zn, Mn, Cu e Fe, cuja disponibilidade é influenciada pelo pH. Os teores de Zn e Mn no solo, significativamente maiores nas parcelas que receberam a aplicação da uréia, comprovam sua maior disponibilidade com o pH baixo (Tabela 4). Os teores foliares de Zn com a aplicação da fonte amídica foram significativamente maiores que a aplicação da fonte nítrica. Os teores foliares de Mn foram maiores com a aplicação da fonte nítrica, apesar deste elemento estar disponível em maior quantidade no solo, com a fonte amídica. Isto pode ser explicado em parte, pela competição entre estes cátions NH4+ e Mn2+, pois a presença do amônio na solução diminuiu a absorção do Mn. Este fato também foi verificado por Fernandes et al. (2002) trabalhando com alface e diferentes fontes de nutrientes em cultivo hidropônico. As maiores produções de massa fresca e massa seca da parte aérea, massa seca de raízes e os maiores teores foliares de N e Ca e Mn na parte aérea foram alcançadas com a fonte nítrica. Os maiores teores foliares de Zn, menores teores disponíveis de Mn e Zn no solo e menores valores de pH do solo em água foram obtidos com a fonte amídica. O nitrato de cálcio mostrou ser uma fonte nitrogenada mais viável em relação a uréia, apesar do custo relativo maior, pois proporcionou efeito alcalino no substrato e forneceu maiores quantidades de N às plantas, proporcionando maior produção de massa fresca e seca da parte aérea, massa seca de raízes e produção de folhas por planta. Quanto ao parcelamento, melhores resultados para produção foram obtidos com as proporções 33%-33%-33% e 25%-50%-25%, para nitrato de cálcio e uréia, parcelados na semeadura, 15 e 30 dias após a semeadura. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Prof.ª Dr.ª Marli A. Ranal pela revisão crítica e pelas valiosas sugestões, importantes na elaboração deste artigo. LITERATURA CITADA BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A.M.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R.; GALLO, J.R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. 48 p. (Boletim Técnico, 78). DANTAS, B.F.; ARAGÃO, C.A. Efeito de épocas de semeadura na produção de mudas de couve-da-Malásia (Brassica chinensis var. parachinensis). Cultura Agronômica, Ilha Solteira, v.9, n.1, p.91-100, 2000. EPSTEIN, E. Nutrição mineral das plantas: princípios e perspectivas. São Paulo:USP, 1975. 344 p. FERNANDES, A.A.; MARTINEZ, H.E.P.; PEREIRA, P.R.G.; FONSECA, M.C.M. 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Lira; Gabriel Francisco da Silva; Vahideh R.R. Jalali UFS, Depto. Eng. Química, Av. Marechal Rondon, s/n, Campus Universitário, Jardim Rosa Elze, 49100-000 São Cristóvão-SE; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Este trabalho teve como objetivo estabelecer um fluxograma operacional para o processamento mínimo de quiabo, produto muito consumido e produzido em diversos estados brasileiros. Para isso, foram avaliados dois modelos de fluxograma. Os procedimentos ideais para cada etapa do processamento mínimo foram determinados utilizando os seguintes parâmetros: tipos de corte, concentração do sanitizante, enxágüe (tratamento com ácido), tempo de centrifugação e tipo de embalagem (PEAD a vácuo e bandejas de poliestireno recobertas com filme de PVC, armazenadas em câmara fria (5±2ºC) por oito dias). Com base na análise sensorial, quiabo cortado em rodelas com aproximadamente 2 cm de espessura mostrou-se o mais aceito. Dentre as concentrações de sanitizantes avaliadas, o tratamento com concentrações de 100 mg L-1 de cloro ativo durante 10 minutos, mostrou eficiência significativa na redução de coliformes totais, aeróbios mesófilos e fungos e leveduras. A utilização do ácido cítrico (1%) durante o enxágüe mostrou-se eficiente na retirada da mucilagem do produto e verificou-se ainda que o tempo para centrifugação de quiabo deve ser de 10 minutos. A embalagem de PEAD a vácuo foi a que melhor preservou a qualidade dos produtos. Para o processamento mínimo de quiabo deve ser utilizado o seguinte fluxograma: recepção, seleção, lavagem, corte, sanitização, enxágüe com ácido, centrifugação, embalagem e armazenamento. Determination of the stages of minimum processing of okra This work aimed to establish an operational flowchart for the minimum processing of okra, a product much consumed and produced in diverse Brazilian States. In this work two models of flowchart were evaluated. The ideal procedures for each stage of the minimum processing were determined by utilization of the following parameters: types of cut, concentration of the rinse (treatment with acid), time of centrifugation and type of the packing (PEAD the recovered polystyrene vacuum and trays with film of PVC, stored in cold chamber (5±2ºC) during eight days). On the basis of the sensorial evaluation, okra cuts with approximately 2 cm of thickness were more accepted. Among the concentrations of sanitization products, the treatment with concentrations of 100 mg L-1 of active chlorine during 10 minutes showed significant efficiency in the reduction of total coliforms, mesophiles aerobic, molds and yeast. The citric acid (1%) used during rinses, revealed themselves efficient in the withdrawal of the mucilaginous juice of immature pods. The time for okra centrifugation must be of 10 minutes. The PEAD packing with vacuum preserved the better quality of the minimum processing product. For the minimum processing of okra the following flowchart must be used: reception, selection, washing, cut, sanitization, rinse with acid, centrifugation, packing and storage. Palavras-Chave: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitização, centrifugação, embalagens, conservação. Keywords: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitization, centrifugation, packaging, storage. (Recebido para publicação em 1 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005) O quiabo (Abelmoschus esculentus (L.) Moench), originário da África, pertencente à família Malvaceae é tradicionalmente cultivado em regiões tropicais. O cultivo dessa hortaliça é bastante difundido na região nordeste do Brasil, por possuir um clima bastante favorável para o seu desenvolvimento (SILVA, 2004). A comercialização de quiabo é feita, geralmente utilizando-se frutos in natura. Alguns trabalhos têm sido realizados de forma a desenvolver processos de secagem e determinar as propriedades físicas do quiabo (ADOM et al., 1996; AKAR; AYDIN, 2005). No entanto, pesquisas relativas ao processamento mínimo dessa hortaliça ainda são inexistentes, o que faz desse trabalho um marco no desenvolvimento de tecnologia, apresentando uma 970 nova forma de comercialização e agregação de valor a esses produtos. Em geral, hortaliças minimamente processadas, segundo Moretti (2004), são tecidos vegetais que foram danificados de maneira proposital e que devem ser mantidos na forma fresca e com qualidade por períodos prolongados de tempo, pois esse processo acarreta várias alterações físicas e fisiológicas que afetam a viabilidade e a qualidade dos produtos. Vários aspectos devem ser considerados quando se trabalha com produtos minimamente processados. Os processos metabólicos relacionados aos estresses sofridos pelos tecidos vegetais como a indução do metabolismo de compostos fenólicos, o escurecimento enzimático e a formação de anaerobiose conduzem, na maioria das vezes, a alterações sensoriais importantes (MORETTI, 2004). Cantwell (1992) e Vitti et al. (2003) citam que a injúria mecânica causada pelo corte ou descascamento é um dos maiores obstáculos para a conservação dos produtos minimamente processados, apresentando aumento da taxa respiratória na ordem de 3 a 5 vezes, quando comparado aos órgãos intactos. Assim, o armazenamento do produto em baixas temperaturas torna-se imprescindível, desde o preparo até a comercialização, visando a redução da respiração e preservação da qualidade e da vida de prateleira do produto pré-processado (VITTI et al., 2003). A utilização de embalagens e de temperaturas adequadas pode manter o proHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo duto livre de microorganismos patogênicos, com maior manutenção da sua qualidade e uma maior vida de prateleira. As embalagens atuam como barreira protetora, minimizando a perda de água, reduzindo a taxa respiratória durante o armazenamento, bem como facilitando o transporte, manipulação e a venda dos mesmos (CARNELOSSI et al., 2002). A escolha da embalagem para os minimamente processados depende de fatores como a permeabilidade da embalagem a gases, o tipo de produto e sua taxa respiratória, temperatura de armazenamento dentre outros, visando o aumento do tempo de vida de prateleira (SCHLIMME; ROONEY, 1994). O objetivo do trabalho foi estabelecer o fluxograma para o processamento mínimo do quiabo, levando-se em consideração o tipo de corte, a concentração do sanitizante, tratamento com ácido para a redução da mucilagem, tempo de centrifugação, tipo de embalagem e temperatura de armazenamento. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no laboratório de tecnologia de alimentos da UFS. O quiabo utilizado foi adquirido na Associação de Produtores Orgânicos do Agreste (ASPOAGRE), localizada no município de Itabaiana (SE), onde foram transportados em sacolas plásticas para o laboratório e mantidos em temperatura ambiente (±25ºC). Os fluxogramas avaliados foram a) Recepção – Seleção – Lavagem – Sanitização – Corte – Embalagem e b) Recepção – Seleção – Lavagem – Corte – Sanitização – Enxágüe – Centrifugação – Embalagem. Tendo em vista a semelhança das etapas inicias entre os dois fluxogramas, a recepção, a seleção e lavagem foram realizadas da mesma forma para todo material. A recepção do quiabo foi realizada colocando-se os frutos em caixas plásticas em ambiente refrigerado (12ºC) por aproximadamente duas horas. Após esse período os frutos foram retirados da refrigeração e submetidos à seleção e lavagem. Durante a seleção foram escolhidos os frutos que se apresentavam íntegros e sem injurias mecânicas. A lavagem foi realizada utilizanHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 do-se água corrente para retirada da sujidade. Após a lavagem, para o fluxograma A, os frutos foram submetidos à sanitização e posteriormente aos cortes, e para o fluxograma B, os frutos foram submetidos ao corte. O corte dos frutos foi realizado manualmente com o auxílio de facas de aço inox, afiadas e previamente higienizadas em solução de cloro (100 mg L-1). Os quiabos foram cortados de três formas, rodelas de aproximadamente 2 cm, picados em cubos com ±0,5 cm3 e cortados longitudinalmente em ±10 cm. Para a etapa da sanitização, amostras de quiabo, tanto inteiras quanto cortadas, foram imersas em soluções de cloro ativo de marca comercial Sumaveg (Diversey-Lever), com concentrações de 50 mg L-1, 100 mg L-1 e 150 mg L-1, por 10 min. Durante as etapas de sanitização e corte, nove amostras de 25 g foram retiradas para serem submetidas à análise microbiológica, de forma a determinar bactérias aeróbias mesófilas, coliformes totais, bolores e leveduras. Para o fluxograma A, após a sanitização, o produto foi cortado e embalado em bandejas de poliestireno recobertas com filme PVC. Para o fluxograma B, após a etapa da sanitização, os quiabos cortados foram enxaguados em soluções contendo quatro níveis de ácido cítrico (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%) por 10 minutos. Enxágüe sem ácido foi utilizado como controle (3 mg L-1 de cloro ativo), visando a retirada do excesso de mucilagem aderido no quiabo. Testes de centrifugação foram realizados em centrífuga industrial, com velocidade angular de 1290xg, por períodos de 2; 3; 5; 7 e 10 min. Amostras de 200 g foram armazenadas em dois tipos de embalagem: bandejas de poliestireno recobertas com PVC e em embalagens de polietileno de alta densidade (PEAD) a vácuo, e armazenadas a temperatura de 5ºC±2oC, por oito dias. A cada dois dias, foram realizadas análises dos teores de vitamina C, acidez total, pH e coloração (intensidade de escurecimento) do produto armazenado. Os teores de vitamina C foram determinados utilizando a metodologia proposta pela American Official Analysis of Chemistry (AOAC, 39.051) (CARNELOSSI et al., 2002). O pH foi determinado em pHmetro digital da marca Schott em 50 ml de solução obtida pela homogeneização e filtragem de 5,0 g da amostra em água destilada. A acidez total (AT) foi determinada utilizando-se 10 ml da solução utilizada para a determinação do pH, adicionando-se o indicador fenolftaleína a 1%, e titulado com NaOH (0,1 N). A AT foi expressa em % de ácido cítrico. O índice de escurecimento do produto foi acompanhado utilizando-se um colorímetro (Minolta CR-10), calibrado com a cor branca. Para as medições, foram retiradas 3 rodelas de quiabo de cada repetição, e as leituras foram realizadas na parte interna e externa do produto. Os parâmetros obtidos, L, que indica luminosidade (claro/escuro); a, que indica a cromaticidade no eixo da cor verde (-) para vermelha (+); e b, que indica a cromaticidade no eixo da cor azul (-) para amarela (+), foram utilizados para calcular o índice de escurecimento (IE) de acordo com Palou et al. (1999): IE= [I100(x-0,31)I/0,172], em que, x=(a + 1,75L)/(5,645L+a3,012b). A análise sensorial foi realizada utilizando o Teste de Aceitabilidade, com escala hedônica de 9 pontos (9 = gostei extremamente, 5 = indiferente e 1 = desgostei extremamente). Foram entrevistadas 30 pessoas não treinadas que avaliaram o produto quanto à preferência em relação ao tipo de corte apresentado. A microbiota contaminante dos produtos foi avaliada por meio da determinação da contagem padrão de bactérias aeróbias mesófilas, bolores e leveduras e a presença de coliformes totais, segundo a metodologia proposta por Vanderzant e Splittstoesser (1992). As análises foram efetuadas em porções de 25 g do material vegetal homogeneizado com 225 ml de água peptonada a 0,1%. A contagem padrão de aeróbios mesófilos foi feita em Ágar Padrão para Contagem (PCA), após incubação a 3032ºC por 24 a 48 h. Coliformes totais foram determinados pela técnica do Número Mais Provável (NMP), utilizando-se Caldo Lauril Sulfato Triptose para 971 M. A. G. Carnelossi et al. Tabela 1. Análises microbiológicas do quiabo minimamente processado submetida a diferentes tratamentos de corte e sanitização. São Cristóvão (SE), UFS, 2004. Amostra Bactérias aeróbias mesófilas¹ Bolores e leveduras Coliformes totais Matéria prima 6.5X10 4 1.9X10³ > 110 Inteiro s/sanit. 6.4X104 4.3X104 > 110 Inteiro 50ppm 3.3X104 8.1X10² 15 Inteiro 100ppm 3X10³ 4.4X10² 2.8 Inteiro 150ppm 3X104 * 3.5 Cortado s/sanit. 4.9X10² 5.1X10² 5.3 Cortado 50ppm 3X10³ * 5.3 Cortado 100ppm * * 9.3 4.3X10² * 9.3 Cortado 150ppm 1 4 valores na ordem de 10² a 10 UFC/g na contagem padrão. *inferior ao limite (<2,5x10²) Figura 1. Diferença de peso (A) de quiabo minimamente processado tratado com diferentes concentrações de ácido cítrico no enxágüe e centrifugados por 10 minutos, e teores de vitamina C (B) do quiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C por 8 dias. As barras representam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004. o teste presuntivo e Caldo Bile Verde Brilhante, para o confirmativo. A contagem de bolores e leveduras, foi realizada inoculando-se 0,1 ml de cada amostra em 15 a 20ml do meio de cul972 tura Ágar Batata Dextrose Acidificado (PDA). As placas foram incubadas em estufa a 25ºC por 5 dias. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 2x5 (dois tipos de embalagem e 5 períodos de avaliação). Foram utilizadas 3 repetições com aproximadamente 200 g do produto em cada embalagem. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e comparação de médias pelo teste Tukey (5%), com o auxílio do software Assistat (Assistência Estatística), versão 7.2 beta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio de análises microbiológicas, observou-se que a concentração de 50 mg L-1 mostrou-se eficiente no controle dos coliformes totais, reduzindo-se os valores de 120 NMP g-1 ml-1 da matéria-prima para 5,3 NMP g-1 ml-1 no produto cortado e sanitizado (Tabela 1). Para o controle dos fungos, leveduras, bactérias aeróbias e mesófilas, a concentração de 100 mg L-1 foi mais eficiente, apresentando valores abaixo do limite de contagem. Nas amostras sanitizadas inteiras e depois cortadas (fluxograma A), observou-se que, apesar da concentração de 50 a 100 mg L-1 de cloro ter apresentado eficiência no controle dos microorganismos, a manipulação (corte) do produto após a sanitização ocasionou uma recontaminação da amostra, inviabilizando, dessa forma, a utilização desse fluxograma. De acordo com Pilon (2003), a lavagem de hortaliças com 50 mg L-1 de cloro livre na água reduz significativamente a contagem total de aeróbios mesófilos, enquanto que os coliformes fecais mostraram-se mais sensíveis ao cloro não sendo detectados após lavagem com 10, 20 e 50 mg L-1. Os resultados obtidos por meio do teste de aceitabilidade determinaram que o corte no formato de rodelas (2 cm) foi o mais aceito, apresentando nota média de 6,9, correspondente ao termo da escala hedônica “gostei moderadamente”. Os cortes no formato longitudinal e picado não diferiram estatisticamente entre si, apresentando notas 5,7 (indiferente) e 6,1 (gostei ligeiramente), respectivamente. A utilização de 1% de ácido cítrico na etapa de enxágüe (Figura 1A), associado à centrifugação por 10 min, mostrou-se ideal para a retirada do excesso de água e de mucilagem. Observou-se também que, para o tratamento controHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo le, a diferença de peso foi menor do que a da concentração de 0,5% (Figura 1A). Isso se deve ao fato de que o tempo de centrifugação utilizado para essa amostra, 20 min, não foi suficiente para a retirada do excesso de água e mucilagem aderida ao produto. A mucilagem encontrada no quiabo é classificada como polissacarídica-ácida associada com proteínas (AMAYAFARFAN et al., 2003), podendo, se não removida, servir de substrato para o crescimento de microrganismos durante o armazenamento, causando a depreciação do produto. Pineli (2004) cita que o ácido cítrico é o principal ácido orgânico de frutas e vegetais, atuando sinergisticamente com ácidos ascórbico e eritórbico e seus sais neutros. É capaz de complexar prooxidantes, como o cobre do centro ativo da polifenoloxidase, inativando-os. Após o segundo dia de armazenamento, observou-se que os teores de vitamina C (Figura 1B) apresentaram redução de aproximadamente 45%, quando comparados ao quiabo antes do processamento, nas duas embalagens testadas. Esse acentuado decréscimo pode ter sido ocasionado pelo aumento na taxa do metabolismo, causado pela injúria mecânica (corte) da hortaliça, que provoca a oxidação de vários compostos, dentre eles, a vitamina C. (CARNELOSSI et al., 2002). Após esse período, verificou-se estabilização dos teores de vitamina C. Isso pode ser explicado devido à redução do metabolismo, influenciado pela utilização da embalagem e pelo armazenamento em baixa temperatura (5oC), como ocorre em diversos produtos minimamente processados (CARNELOSSI et al., 2002). Quando embalados com PVC, verificou-se um decréscimo do teor de vitamina C, comparado com a embalagem a vácuo o que pode, provavelmente, estar associado à alta permeabilidade do filme, que não é capaz de reter o metabolismo do produto. De acordo com Pilon (2003), a vitamina C é a mais instável das vitaminas por ser sensível aos agentes físico-químicos como a luz, oxigênio e o calor. Klein (1987) cita que a perda de sua estabilidade pode ser conseqüência de vários fatores, como o rompimento ceHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 2. Teores de Acidez Titulável (A) e variação do pH (B) do quiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C. As barras representam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004. lular por dano ao tecido, corte ou moedura. Em todos os tratamentos, verificouse uma queda brusca no segundo dia de armazenamento no teor de acidez titulável (AT) (Figura 2A), após o qual manteve-se constante até o final do experimento, para as duas embalagens testadas. O controle da atmosfera através da utilização de embalagens e a diminuição da temperatura de armazenamento podem, possivelmente, ter ocasionado a diminuição na taxa de degradação do substrato (açúcares) e, consequentemente, uma provável redução do valor da acidez. Quanto aos valores do pH (Figura 2B), observados durante o período de armazenamento, notou-se comportamento inversamente proporcional à acidez, apresentando aumento acentuado no tempo 2 e estabilização até o oitavo dia. Esse resultado pode estar relacionado, com a estabilização metabólica do produto, em virtude da utilização da embalagem e do armazenamento em baixa temperatura. A intensidade de escurecimento (IE) indicou que a embalagem a vácuo foi eficiente em evitar o escurecimento, tanto na parte interna quanto na parte externa do quiabo (Figuras 3A e 3B). Para a embalagem de PVC, observou-se que a maior permeabilidade da mesma ao oxigênio pode ter provocado o escurecimento do produto, pois o mesmo é utilizado pela enzima polifenoloxidase (PPO) para oxidação de compostos fenólicos (WHITAKER; LEE, 1995). Em couve minimamente processada, Carnelossi et al. (2002) mostraram que o escurecimento pode estar diretamente relacionado com a atividade da enzima polifenoloxidase, que oxida 973 M. A. G. Carnelossi et al. xograma: Recepção – Seleção – Lavagem – Corte (rodelas de 2 cm) – Sanitização (100 mg L-1 de cloro ativo) – Enxágüe (ácido cítrico 1%) – Centrifugação (10 min) – Embalagem (PEAD a vácuo) – Armazenamento (5ºC). AGRADECIMENTOS Os autores expressam seus agradecimentos ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pelo auxílio financeiro concedido para a realização do trabalho, à EMDAGRO e a ASPOAGRE pelo fornecimento do material utilizado nos experimentos. LITERATURA CITADA Figura 3. Intensidade de escurecimento (IE) da parte interna (A) e da parte externa (B), de quiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C. As barras representam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004. compostos fenólicos produzindo uma coloração escura nos tecidos minimamente processados tais como observado em alface e repolho (COUTURE et al., 1993; HOWARD et al., 1994). Moretti et al. (2002) citam que os danos mecânicos (corte) causados durante o processamento podem aumentar a concentração de dióxido de carbono, etileno e de água livre, causar alterações no sabor e aroma, além de aumentar a atividade de enzimas relacionadas ao escurecimento enzimático, como a fenilalanina amônia liase (PAL) e a polifenoloxidase (PPO). Para Goupy et al. (1995), a intensidade do escurecimento enzimático depende de 974 vários fatores, principalmente do conteúdo de compostos fenólicos e do tipo de PPO presente na célula, ou ambos. Couture et al. (1993) observaram, em alface minimamente processada, que o aumento da intensidade de escurecimento com o tempo de armazenamento, pode ser devido ao aumento na atividade da enzima fenilalanina amônia liase (PAL), responsável pela síntese de compostos fenólicos, e também pelo aumento na síntese de etileno, o qual estimula a atividade da PAL e PPO. De acordo com os resultados obtidos, determinou-se que o processamento mínimo do quiabo deve seguir o seguinte flu- ADOM, K.K.; DZOGBEFIA, V.P.; ELLIS, W.O.; SIMPSON, B.K. Solar drying of okra – effects of selected package materials on storage stability. Food Research International, v.29, n.7, p.589-593. 1996. AKAR, R.; AYDIN, C. Some physical properties of gumbo fruit varieties. Journal of Food Engineering, n.66, p.387-393, 2005. AMAYA-FARFAN, J.; SILVA, V.S.N.; SOUZA, A.S.; PACHECO, M.T.B. Caracterização química parcial da mucilagem do quiabo (Hibiscus esculentus L.) In: SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIA DE ALIMENTOS, 5, 2003, Campinas. 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Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Centro Universitário de Dourados, Depto. Ciências Agrárias, C. Postal 533, 79804-970, Dourados-MS; 4Agromax, R. Tiradentes, 12, 37750-000 Machado-MG RESUMO ABSTRACT O trabalho foi conduzido no município de Três Pontas (MG), de outubro a dezembro de 2002, para avaliar a influência de doses de nitrogênio e molibdênio nas características produtivas e qualidade pós-colheita da alface americana (Lactuca sativa L.). Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso em arranjo fatorial 4 x 5, compreendendo quatro doses de nitrogênio em cobertura adicionais à dose aplicada pelo produtor de 60 kg/ha de N (0; 60; 120 e 180 kg/ha) e cinco doses de molibdênio via foliar (0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 g/ha) e três repetições. O maior peso fresco total foi obtido com a dose de 86,9 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 87,4 g/ha de molibdênio. Com relação ao peso fresco comercial a dose de 89,1 kg/ha de nitrogênio em cobertura propiciou a maior resposta, sendo para molibdênio a máxima produtividade alcançada com a dose de 94,2 g/ha. As doses de 85,3 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 72,9 g/ha de molibdênio proporcionaram a maior circunferência de cabeça comercial. Não se observou efeito significativo dos tratamentos para comprimento do caule e na conservação pós-colheita. As doses de 89,9 kg/ha de N em cobertura e 77,2 g/ha de Mo em pulverização foliar propiciaram a maior porcentagem de matéria seca. Yield and postharvest quality of summer growing crisphead lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenum Palavras-chave: Lactuca sativa L., massa fresca, nutrição, armazenamento. Keywords: Lactuca sativa L., fresh weight, nutrition, storage. The influence of nitrogen and molybdenum doses was evaluated on the productive characteristics and postharvest quality of crisphead lettuce (Lactuca sativa L.), at Três Pontas, Minas Gerais State, Brazil, from October to December 2002. A randomized complete block design in a 4 x 5 factorial arrangement with three replications was used. The factorial consisted of four doses of nitrogen (0; 60; 120 and 180 kg/ha) in top dressing, in addition to the usual farmers doses (60 kg/ha), and five doses of molybdenum in foliar application (0.0; 35.1; 70.2; 105.3, and 140.4 g/ha). The highest total fresh weight was obtained with the doses of 86.9 kg/ha of nitrogen in top dressing and 87.4 g/ha of molybdenum. Highest commercial fresh weight was obtained using the doses of 89.1 g/ha of nitrogen in top dressing, while the doses of 94.2 g/ha of molybdenum resulted in the highest yield. The doses of 85.3 kg/ha of nitrogen in top dressing and 72.9 g/ha of molybdenum were the best for highest commercial head circumference. There was no significant effect of the treatments on stem length and post-harvest conservation. The highest percentage of dry matter was obtained with the doses of 89.9 kg/ha of N in top dressing and 77.2 g/ha of Mo in foliar spray. (Recebido para publicação em 21 de março de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005) A alface americana, tipo repolhuda “Crisphead lettuce”, vem adquirindo importância crescente, principalmente, na região de Lavras. O plantio deste tipo de alface visa, principalmente, atender as redes fast food, como a MacDonald’s, com mais de 30 produtores em diversos municípios do sul de Minas Gerais, cultivando cerca de 1800 ha por ano, totalizando aproximadamente 10500 toneladas desta folhosa (YURI, 2000). Sua larga adaptação às condições climáticas diversas, a possibilidade de cultivos sucessivos no mesmo ano, a baixa suscetibilidade a pragas e doenças e a comercialização segura, fazem desta cultura a preferida pelos olericultores (RICCI, 1993), que a cultivam em condições de campo a céu 976 aberto, em cultivo protegido (estufas) ou em hidroponia (solução nutritiva). A adubação constitui uma das práticas agrícolas mais caras e de maior retorno econômico, resultando em maiores rendimentos e em produtos mais uniformes e de maior valor comercial (RICCI et al., 1995). Sendo a alface uma cultura composta basicamente por folhas, esta responde muito à adubação nitrogenada. A deficiência de nitrogênio retarda o crescimento da planta e induz ausência ou má formação da cabeça, as folhas mais velhas tornam-se amareladas e desprendem-se com facilidade. Entretanto, quando aplicado em demasia, em adubação de cobertura, no último terço do ciclo, as cultivares que formam cabeça apresentam menor firmeza, o que poderá ser prejudicial à comercialização (GARCIA et al., 1982). Nos sistemas biológicos o molibdênio é constituinte de pelo menos cinco enzimas catalisadoras de reações. Três destas enzimas (redutase do nitrato, nitrogenase e oxidase do sulfito) são encontradas em plantas (GUPTA; LIPSETT, 1981). A função mais importante do molibdênio nas plantas está relacionada com o metabolismo do nitrogênio. A redutase do nitrato ou nitratoredutase é uma flavoproteína que possui Mo como grupo prostético e cuja síntese é induzida pela presença de Mo e NO3- no meio (MALAVOLTA, 1980). Esta enzima catalisa a redução biológica do NO-3 a NO-2, que é o primeiro pasHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio so para a incorporação do nitrogênio, como NH2, em proteínas (DECHEN et al., 1991). Por outro lado, evita o acúmulo de NO-3 em plantas alimentícias e forragens, impedindo a combinação do mesmo com a hemoglobina do sangue e a produção de metahemoglobina que, por não funcionar como transportadora de O2, causa deficiência de oxigênio em pessoas e animais (MALAVOLTA, 1980; OLIVEIRA, 1980). A deficiência de molibdênio em brássicas também está associada a uma acumulação de nitratos nas folhas (NOGUEIRA et al., 1983). No Brasil observa-se a necessidade de maiores pesquisas sobre doses de fertilizantes a serem utilizadas, adequadas às diferentes cultivares, regiões e épocas de plantio. Além disto, na ansiedade de obter maior produtividade, o olericultor aplica em excesso, elementos minerais, resultando muitas vezes em distúrbios nutricionais nas plantas, além de acarretar aumento do custo de produtividade. A aplicação de nitrogênio via solo aliada à aplicação de molibdênio via foliar, pode ser uma prática que venha a melhorar a fertilização desta cultura, com o uso mais racional do nitrogênio, e por uma maior atividade da enzima redutase do nitrato, através do uso da adubação molíbdica. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de doses de nitrogênio em cobertura e molibdênio via foliar nas características produtivas e qualidade pós-colheita no comportamento da alface americana em cultivo de verão. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no município de Três Pontas, sul de Minas Gerais, na Fazenda Carapuça II do produtor José Cláudio Nogueira, à altitude de 870 m, situado a 21º22’00" de longitude sul e 45º30’45'’ de longitude oeste, em um Latossolo Vermelho Distroférrico de textura argilosa. O clima da região é caracterizado por temperatura média anual variando de 15,8°C no mês mais frio, a 22,1°C no mês mais quente; a precipitação média anual é de 1.529,7 mm e a umidade relativa do ar é de 76,2%. A análise do solo Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 onde foi instalado o experimento apresentou as seguintes características químicas: K = 70,0 mg dm-3; P = 78,0 mg dm-3; Ca = 4,1 cmolc dm-3; Mg = 0,8 cmolc dm-3; Al = 0,0 cmolc dm-3; H+Al = 2,3 cmolc dm-3; Zn = 0,8 mg dm-3; Fe = 25,0 mg dm-3; Mn = 14,2 mg dm-3; Cu = 1,0 mg dm-3; B = 0,3 mg dm-3; pH em H2 0 = 6,0 e matéria orgânica = 2,4 dag kg-1. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso no esquema fatorial 4 x 5, compreendendo quatro doses de nitrogênio em cobertura adicionais a dose aplicada pelo produtor de 60 kg/ha de nitrogênio (0; 60; 120 e 180 kg/ha) e cinco doses de molibdênio via foliar (0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 g/ha) e três repetições, perfazendo um total de 20 tratamentos. A uréia foi utilizado como adubo nitrogenado e como fonte de molibdênio o molibdato de sódio. A uréia foi aplicada em cobertura aos 10; 20 e 30 dias após o transplante em 40, 30 e 30%, respectivamente, da dose avaliada. As doses em cobertura de uréia por parcela por planta foram previamente diluídas em água pura, aplicando-se 10 ml da solução, lateralmente a cada planta. O molibdato de sódio foi aplicado aos 21 dias após o transplante através de pulverizador costal manual capacidade de 4 L em máxima pressão, gastando-se 300 L de calda/ha. O preparo do solo constou de aração, gradagem e levantamento dos canteiros a 0,20 m de altura. As mudas foram obtidas em bandejas multicelulares de 288 células cada uma, preenchidas com substrato comercial (Plantmax), sendo o transplante feito aos 25 dias após o semeio, utilizando-se a cultivar Raider que apresenta um ciclo de 48 a 50 dias após o transplante, com peso médio de planta entre 700 e 1200 g, folhas de coloração verde-clara mais duras e boa tolerância ao pendoamento (YURI, 2000). As parcelas experimentais constituíram-se de canteiros com quatro linhas de 2,1 m de comprimento espaçadas de 0,30 m, sendo entre plantas de 0,35 m. As linhas centrais formaram a área útil, retirando-se duas plantas em cada extremidade. Foi instalada, em toda a área, uma estrutura de proteção, constituída de túneis altos com 2,0 m de altura, cobrindo dois canteiros por túnel, constituído de tubos de ferro galvanizados, coberta com filme plástico transparente de baixa densidade, aditivado com antiUV, de 100 micras de espessura, sendo os canteiros revestidos com filme plástico preto “mulching”, de 4 m de largura e 35 micras de espessura. A adubação básica de plantio, de acordo com análise do solo, foi de 1500 kg/ha de formulado 02-16-08 e 1000 kg/ ha de superfosfato simples. Após os adubos serem incorporados ao solo, instalou-se em cada canteiro duas linhas de tubo gotejador, com emissores espaçados a cada 30 cm e com vazão de 1,5 L/ h. As adubações de cobertura foram realizadas através de fertirrigações diárias, totalizando 30 kg/ha de N e 60 kg de K, utilizando como fontes uréia e cloreto de potássio (COMISSÃO..., 1999). A cultura foi mantida no limpo por meio de capinas manuais, quando necessárias, e o controle fitossanitário adotado foi o método padrão utilizado pelo produtor, com pulverizações semanais com produtos à base de oxicloreto de cobre, iprodione, procimidone e piretróides. O transplante das mudas foi realizado em 28/10/2002. A colheita foi feita em 09/12/2002, quando as plantas apresentaram-se completamente desenvolvidas sendo avaliadas a massa fresca total e comercial (g/planta); circunferência e comprimento do caule da parte comercial em cm (cabeça), percentagem de matéria seca da parte comercial. Para o peso da matéria seca da parte comercial, as amostras (± 300 g) foram lavadas em água corrente e destilada e secas em estufa com circulação forçada de ar, a 6570°C, até peso constante. Os dados de percentagem de matéria seca foram transformados em arco-seno P / 100 . A conservação pós-colheita foi avaliada utilizando-se amostra de duas cabeças comerciais de alface, avaliadas aos 7; 14; 21 e 28 dias, em câmara frigorífica a 5 ± 2°C e umidade relativa em torno de 90%, através de notas (nota 1= cabeças comerciais extremamente deterioradas; nota 2= cabeças comerciais deterioradas; nota 3= cabeças comerciais moderadamente deterioradas; nota 4= cabeças comerciais levemente deterioradas e nota 5= cabeças comerciais sem deterioração), sendo utilizados três avaliadores e obtida a média das notas. 977 G. M. Resende et al. Figura 1. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função de doses de nitrogênio em cobertura. Três Pontas (MG), UFLA, 2002. Figura 2. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função de doses de molibdênio. Três Pontas (MG), UFLA, 2002. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e regressão com base no modelo polinomial ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo e independente para doses de nitrogênio e de molibdênio para peso da massa fresca total e comercial da parte aérea. Com relação ao peso fresco total, os dados relativos a doses de nitrogênio foram ajustados a um modelo quadrático, no qual a dose de 86,9 kg/ha de nitrogênio em cobertura propiciou o maior rendimento, com 763,2 g/planta de massa 978 fresca (Figura 1). Levando-se em consideração que o produtor utilizou 30,0 e 30,0 kg/ha de N, respectivamente, no plantio e em fertirrigações diárias, totalizando 60,0 kg/ha, durante o ciclo da cultura, pode-se inferir serem estas doses, em função dos resultados obtidos, insuficientes para se alcançar a máxima produtividade de massa fresca total por planta, que foi alcançada na sua totalidade com 146,9 kg/ha de nitrogênio, ou seja, 144,8% superior à dose utilizada pelo produtor. Estes resultados estão próximos aos encontrados por Thompson e Doerge (1996a) que encontraram para alface lisa, a máxima produtividade quando utilizaram 165,0 kg/ ha de nitrogênio. Furtado (2001), em plantio de agosto, não encontrou diferenças significativas entre tratamentos, avaliando doses acima de 148,0 kg/ha de nitrogênio. Comparando os dados obtidos no presente experimento com trabalhos realizados por McPharlin et al. (1995) na Austrália, utilizando 0,0 a 550,0 kg/ha de N, verifica-se que a dose correspondente à máxima produção de massa fresca foi inferior a dose de 288,0 e 344 kg/ha de N encontrada por estes autores, em dois anos de estudo. Deve-se salientar ainda que, o médio teor de matéria orgânica, 2,1 dag/kg, do solo utilizado no presente experimento provavelmente contribuiu para uma menor resposta à adubação nitrogenada. Segundo Thompson e Doerge (1996b), nos Estados Unidos, os agricultores utilizam doses que variam de 224,0 a 370,0 kg/ha. Quanto à aplicação de molibdênio também ajustou-se um modelo quadrático, no qual a dose de 87,4 g/ha de molibdênio promoveu o maior ganho em termos de rendimento de massa fresca total com 768,4 g/planta (Figura 2). Também em plantio de verão, Yuri et al. (2004a), constataram efeito quadrático no qual a dose de 235,0 g/ha de molibdênio proporcionou a maior produtividade total por planta, 15,2% superior à testemunha sem aplicação. Com relação à massa fresca comercial, os dados relativos a doses de nitrogênio foram ajustados a um modelo quadrático, no qual a dose de 89,1 kg/ ha de nitrogênio em cobertura propiciou a maior resposta, com 450,1 g/planta de massa fresca comercial (Figura 1). Levando-se em consideração que o produtor utilizou um total 60,0 kg/ha de N, a necessidade para se obter a máxima produtividade comercial foi de 149,1 kg/ ha de nitrogênio. Furtado (2001) não encontrou diferenças significativas, avaliando doses acima 148,0 kg/ha de nitrogênio. Este resultado é inferior à dose de 168,0 kg/ha de N para máxima produtividade de alface americana, informado por Mcpharlin et al. (1995), relatando diferentes autores, para as condições do Arizona, tanto em cultivos na primavera como no outono. Assim como está próximo à dose de 155 kg/ha de N, encontrados por Tei et al. (2000), para alface tipo lisa e “Butterhead”. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio Pela Figura 2 observa-se para doses de molibdênio, um efeito quadrático com ponto de máxima produtividade de massa fresca comercial na dose de 94,2 g/ha (445,8 g/planta). Com o incremento das doses de molibdênio em função das épocas de aplicação, Yuri et al. (2004a), verificaram efeitos quadráticos para peso fresco comercial, tendo a dose de 212,0 g/ha de molibdênio proporcionado o maior rendimento quando aplicado aos 21 dias após o transplante. Resultados positivos da aplicação de molibdênio na cultura da alface são relatados por Fontes et al. (1982) e Zito et al. (1994), que observaram aumento médio de 31,0% e 24,1%, na produção comercial de alface com a aplicação de molibdênio. A circunferência da parte comercial (cabeça) é uma das principais características para a alface americana, considerando a preferência do consumidor para a aquisição do produto (BUENO, 1998). Assim como para as características anteriores, para a circunferência da cabeça comercial, os fatores estudados apresentaram efeitos independentes. Ajustou-se um modelo quadrático com ponto de máxima circunferência para a dose de 85,3 kg/ha de nitrogênio em cobertura (Figura 3), que proporcionou uma circunferência de 37,5 cm, pouco inferior à variação encontrada por Yuri (2000) sob condições de verão, para diferentes cultivares, entre 40,1 a 42,9 cm. Resultados estes similares aos relatados por Kalil (1992), Alves (1996) e Bueno (1998), que observaram significativo incremento da circunferência da cabeça comercial com aumento das doses de nitrogênio. Quando se refere a doses de molibdênio, constata-se um efeito significativo no qual a dose de 72,9 g/ha (Figura 4), proporcionada pelo modelo quadrático ajustado à equação de regressão, alcançou a maior circunferência da cabeça. Yuri et al. (2004a), relatam a dose de 220,0 g/ha de molibdênio como a que promoveu a maior circunferência da cabeça comercial, sendo as melhores épocas de aplicação aos 14 e 21 dias, que não mostraram diferenças significativas entre si. Uma resposta diferencial entre espécies à disponibilidade de molibdênio tem sido relatada por Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Equações de regressão para circunferência da cabeça comercial (cm) e teor de matéria seca (%) em função das doses de nitrogênio (N) adicionais em cobertura e de molibdênio (Mo). Três Pontas (MG), UFLA, 2002. Características Equações de regressão (N) Y = 36,5163 + 0,022827X - 0,0001338* * X² Circunferência da cabeça (Mo) Y = 36,2340 + 0,033387X - 0,0002290* * X² R² = 0,98 R² = 0,98 (N) Y = 10,2509 + 0,007765X - 0,0000432* * X² (Mo) Y = 10,1054 + 0,013418X - 0,0000869* * X² R² = 0,80 R² = 0,68 Teor de matéria seca1¹ 1 Dados transformados em arco-seno P / 100 . ** Significativo ao nível de 1% pelo teste de F. Malavolta e Kliemann (1985), sendo que há uma alta resposta em alface, assim como em brócolos, beterraba, couve-flor, espinafre e repolho. Não se observou efeitos significativos dos tratamentos para comprimento do caule. Menores comprimentos de caule são desejáveis para a alface americana, principalmente quando destinada à indústria de beneficiamento, devendo ser bastante reduzido, proporcionando menores perdas durante o processamento. O caule excessivamente comprido acarreta menor compacidade da cabeça e dificulta o beneficiamento, afetando a qualidade final do produto (YURI et al., 2002; RESENDE et al., 2003b). Na prática, caules até 6,0 cm seriam os mais adequados, sendo aceitáveis até o patamar de 9,0 cm e inaceitáveis ou menos recomendados para processamento acima disto. Neste contexto, as doses de nitrogênio apresentaram uma variação entre 7,2 e 7,4 cm e as doses de molibdênio entre 7,0 e 7,4 cm, próximos ao nível adequado e dentro do limite aceitável. Salienta-se que há uma tendência da alface americana em condições de cultivo de verão apresentar maiores comprimentos de caule comparativamente ao cultivo de inverno onde esta se mostra perfeitamente adaptada. Resultados semelhantes para doses de molibdênio foram encontrados por Yuri et al. (2004a), que não constataram efeitos significativos para comprimento do caule. Dados não concordantes foram obtidos por Bueno (1998) que verificou um aumento linear no comprimento do caule com o incremento das doses de nitrogênio. Para o teor de matéria seca da parte comercial, a análise de variância reve- lou diferenças significativas, tanto para doses de nitrogênio como para doses de molibdênio, agindo de forma independente (Tabela 1). Estimou-se que a dose de 89,9 kg/ha de N em cobertura adicional a dose aplicada pelo produtor de 60,0 kg/ha, propiciaria o maior retorno em termos de porcentagem de matéria seca da planta (Tabela 1). Este resultado é similar aos encontrados por Alves (1996) e Fontes et al. (1997), que obtiveram efeito positivo para a matéria seca da alface cultivar Regina 440 e Brasil 202, em resposta à adição de nitrogênio. Todavia, Furtado (2001), utilizando a mesma cultivar, obteve um efeito linear negativo como o incremento das doses de nitrogênio. A conservação pós-colheita das cabeças comerciais avaliada em câmara frigorífica aos 7, 14; 21 e 28 dias após a colheita, não evidenciaram diferenças significativas entre doses de nitrogênio e molibdênio. Aos sete dias após a colheita as cabeças comerciais apresentavam-se perfeitas, sem deterioração (nota 5,0). Já aos 14 dias verificaram-se para doses de nitrogênio em cobertura e molibdênio notas médias de 3,7 e 3,8, notas estas próximas a 4,0 que caracterizam cabeças comerciais levemente deterioradas. Obteve-se aos 21 dias após a colheita, notas de e 3,1 e 3,0 (moderadamente deterioradas), respectivamente, para nitrogênio e molibdênio. Cerca de 28 dias após a colheita as cabeças já se apresentavam deterioradas, obtendo notas médias de 2,0 e 2,1, respectivamente, para doses de nitrogênio em cobertura e molibdênio. Está é uma característica de grande importância em alface americana visto que o produto final é processado e armazenado em câmaras frigoríficas para posterior distri979 G. M. Resende et al. buição. Portanto, uma maior conservação do produto após sua colheita é desejável e de considerável relevância. Não foram encontrados relatos na literatura de uma possível contribuição do nitrogênio e do molibdênio em aumentar a conservação da alface americana. No entanto, há relatos de pequeno efeito na perda de peso pela adição de nitrogênio (POULSEN et al., 1994), assim como efeitos não significativos (SANCHEZ et al., 1988) e de melhor conservação pós-colheita com a utilização de adubação com outros nutrientes como silício e boro (RESENDE et al. 2003a; YURI et al., 2003 e 2004b). A duração do ciclo vegetativo da semeadura à colheita, correspondeu a 67 dias, enquanto Furtado (2001) encontrou para o transplante no final de agosto, 73 dias de ciclo cultural. Segundo Whitaker e Ryder (1974), a temperatura é o fator ambiental que mais influencia na formação de cabeça uma vez que está relacionada com o pendoamento. A origem Mediterrânea da alface explica este comportamento, já que nesta região as temperaturas médias oscilam entre 10 e 20ºC (LINDQUIVIST, 1960 ). Segundo Jackson et al. (1996), a alface americana requer, como temperatura ideal para o desenvolvimento, 23ºC durante o dia e 7ºC à noite. Temperaturas muito elevadas podem provocar queima das bordas, formar cabeças pouco compactas, e também contribuir para ocorrer deficiência de cálcio, conhecido como tip-burn. No presente experimento não se observou qualquer ocorrência de tipturn. No entanto, a maior precocidade que ocorre no verão, contribuiu para a formação de cabeças menos compactas, o que foi visualmente detectado, assim como pode-se verificar um maior comprimento do caule, comparativamente a época de melhor adaptação da cultura que é no inverno. Pelos resultados obtidos pode-se concluir que as doses de nitrogênio em cobertura e de molibdênio foliar influenciaram positivamente o peso fresco total, comercial e a circunferência da cabeça comercial, não sendo observado efeito significativo sobre o comprimento do caule e a conservação pós-colheita da alface americana. 980 LITERATURA CITADA ALVES, D.R.B.A. Efeito de adubação nitrogenada via fertirrigação e aplicação de forma convencional na produção de alface (Lactuca sativa L.) em estufa. 1996. 76 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP. BUENO, C.R. Efeito da adubação nitrogenada em cobertura via fertirrigação por gotejamento para a cultura da alface tipo americana em ambiente protegido. 1998. 54 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. 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Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.982-985, out-dez 2005. Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa Nuno R. Madeira1; João B. Teixeira2; Célia T. Arimura3; Cristina S. Junqueira2 1 Embrapa Hortaliças, C.Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Parque Estação Biológica, 70770-900 Brasília-DF; 3UEMG - Campus Ituiutaba, C..Postal 431, 38302-192 Ituiutaba-MG RESUMO ABSTRACT Foram realizados dois experimentos com o objetivo de avaliar o efeito das concentrações de BAP e de AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa. Foram avaliadas as concentrações de 0,0; 0,2 e 0,4 mg L-1 de BAP e de 0,0; 0,125 e 0,250 mg L-1 de AG3 no desenvolvimento de ápices caulinares com cerca de 2 mm das cultivares Amarela de Senador Amaral e Amarela Comum. A interação cultivares x concentração de BAP não foi significativa para nenhuma das características avaliadas (P>0,0617). O aumento na concentração de BAP reduziu a formação de calos; entretanto, promoveu proporcionalmente redução no desenvolvimento da parte aérea. A concentração de BAP que apresentou os melhores resultados foi em torno de 0,3 mg L-1 de BAP, conciliando diâmetro de calo relativamente reduzido e bom desenvolvimento da parte aérea, cerca de 4,5 brotos com altura média de 43 mm. A interação cultivares x concentração de AG3 não foi significativa para nenhuma das características avaliadas (P>0,4310). O aumento na concentração de AG3 promoveu elevação significativa na altura média e máxima das brotações e aumento no tamanho de calos. Nos dois experimentos, observou-se maior número de brotações na cultivar Amarela Comum. Influence of BAP and GA3 concentration on the in vitro development of arracacha Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, benzilaminopurina, ácido giberélico. Keywords: Arracacia xanthorrhiza, 6-benzilaminopurine, gibberellic acid. Two experiments were carried out to evaluate the effect of BAP and GA3 concentrations on the in vitro arracacha development. The concentrations tested were 0.0; 0.2 and 0.4 mg L-1 of BAP and 0.0; 0.125 and 0.250 mg L-1 of GA3 in the shoot tips with about 2 mm of arracacha, cultivars Amarela de Senador Amaral and Amarela Comum. The interaction of cultivars x BAP concentration was not significant for any one of the evaluated variables (P>0,0617). The increase in the BAP concentration reduced the callus formation; however, promoted larger reduction in the shoot development. The best BAP concentration was around 0.3 mg L-1, with relatively reduced callus diameter and good development of shoot, with a mean of 4.5 shoots and a height of 43 mm. The interaction of cultivars x GA3 concentration was not significant for any one of the studied variables (P>0,4310). The increase in the GA3 concentration promoted the improvement in the mean and maximum height of the shoots and in callus size. More shoots were observed for Amarela Comum cultivar in both trials. (Recebido para publicação em 7 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005) A micropropagação in vitro pode ser útil na produção de plantas com alta qualidade sanitária, isentas de vírus, além de ser uma ferramenta importante para a manutenção e o intercâmbio de germoplasma (HERMANN, 1997; ASSIS, 1999; FLETCHER; FLETCHER, 2001). Alguns trabalhos já foram realizados na área de micropropagação de mandioquinha-salsa no Brasil e no exterior (PESSOA et al., 1994; LUZ et al., 1997). Castillo (1991), Cevallos e Castillo (1991) e Duque (1993) recomendam para o cultivo in vitro de mandioquinhasalsa o meio básico MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) adicionado de 3% de sacarose e de 0,25 mg L-1 de AG3. Castillo (1991) verificou rápida formação de calos durante a micropropagação de ápices caulinares, 982 aspecto não desejado por ser promotor de modificações genéticas e por exaurir os nutrientes em detrimento da formação de folhas e raízes (GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1990). Para minimizar este problema, recomenda subcultivos in vitro, formando plântulas normais. Senna Neto (1990), trabalhando com o clone BGH 5746, comumente chamado de ‘Amarela de Carandaí’ ou ‘Amarela Comum’, avaliou diferentes meios de cultivo e concentrações de fitorreguladores com a finalidade de induzir a diferenciação de ápices caulinares com dois primórdios foliares de mandioquinha-salsa. Concluiu que os meios MS, Knudson e White não foram eficientes, havendo paralisação do crescimento e desenvolvimento de plantas. Nos meios MS e White o crescimento foi muito lento e irregular, com ausência de folhas expandidas e presença de folhas afiladas (pontiagudas). 0,01 e 0,02 mg L-1 de ácido naftaleno acético (ANA) e 0,6, 1,0 e 1,4 mg L-1 de 6benzilaminopurina (BAP) no meio de Gamborg promoveram desenvolvimento lento e irregular. Os melhores resultados para o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea foram obtidos com o meio de Gamborg suplementado de 0,02 mg L-1 de ANA + 0,1- 0,2 mg L-1 de BAP. Luz (1993), visando obter plantas de mandioquinha-salsa a partir da cultura de meristemas e de sua micropropagação, obteve melhor desenvolvimento com a combinação de 0,1 mg L-1 de ANA + 0,2 mg L-1 de BAP acrescido ao meio de cultivo B5 (GAMBORG, 1968). Na fase de multiplicação, os melhores resultados foram obtidos em meio de cultura B5 acrescido de 0,1 e 0,2 mg L-1 de BAP. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa Este trabalho objetivou avaliar o efeito das concentrações de BAP e de AG3, de modo a tornar mais eficiente o protocolo de micropropagação in vitro de mandioquinha-salsa. MATERIAL E MÉTODOS Foram realizados dois experimentos relativos à cultura de tecidos de mandioquinha-salsa. No primeiro, realizado no laboratório de cultura de tecidos da Embrapa Recursos Genéticos e Bioteconologia (Cenargen) em marçoabril de 2002, estudaram-se diferentes concentrações de 6-benzilaminopurina (BAP); no segundo, realizado no laboratório de cultura de tecidos da Embrapa Hortaliças em setembro-outubro de 2002, foram avaliadas diferentes concentrações de ácido giberélico (AG3). O meio de cultura utilizado foi o B5 (GAMBORG, 1968), acrescido de 0,1 mg L-1 de ácido naftalenoacético (ANA), com base nos resultados positivos obtidos por Senna Neto (1990) e Luz (1993). No primeiro experimento, foram avaliadas as concentrações de 0; 0,2 e 0,4 mg L-1 de BAP. No segundo, a partir dos resultados obtidos no primeiro experimento, fixando-se a concentração de BAP em 0,3 mg L-1, foram avaliadas as concentrações de 0; 0,125 e 0,250 mg L-1 de AG3. Para todos os meios, adicionaram-se sacarose a 3% e ágar a 0,7%. Os experimentos foram implantados em um fatorial 2 x 3, representando duas cultivares (Amarela de Senador Amaral e Amarela Comum) e três concentrações de BAP no primeiro experimento e de AG3 no segundo experimento, dispostos no delineamento experimental inteiramente casualizado com quatro repetições. A desinfestação do material oriundo do campo foi feita inicialmente na sala de preparo, por imersão em álcool 70% e água destilada. Em seguida, na sala de transferência em capela de fluxo laminar, realizou-se a imersão em solução de hipoclorito de sódio a 1,25% por 10 minutos, seguida por três enxágües em água autoclavada. Os explantes utilizados foram ápices caulinares com cerca de 2 mm extraídos de plantas matrizes vigorosas com seis meses, sem sintomas visuais de doenças e cultivados individualmente em tubos de ensaio, utilizando-se cerca de 15 ml de meio autoclavado por tubo. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 1. Altura média e máxima das brotações ( A ) e número de brotos e diâmetro de calos ( B ) em função da concentração de BAP. Brasília, Embrapa RecursosGenéticos e Biotecnologia, 2002. Estes foram mantidos em salas de crescimento a 25±2ºC com 14 horas de fotoperíodo e iluminação fluorescente com intensidade luminosa de 110 µmol m-2 s-1. As taxas de contaminação e de regeneração, o número e altura de brotos, o número de raízes e o diâmetro dos calos foram avaliados após quatro semanas. Efetuaram-se análises de variância e testes de média Tukey para cultivares e análises de regressão para concentrações de BAP e AG3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A interação cultivares x concentração de BAP não foi significativa para nenhuma das características avaliadas (P>0,0617). Não foram observadas diferenças significativas com relação à taxa de contaminação, cujo valor médio neste experimento foi de 8,4%. A ausência de BAP levou à formação de plantas estioladas, com poucas brotações. À medida que se elevou a concentração de BAP, observou-se a formação de plantas com menor altura (Figura 1A), porém com maior número de brotações (Figura 1B). Na cultivar Amarela Comum (AC), foram obtidos 4,1 brotos, significativamente superior aos 3,2 brotos obtidos com a cultivar Amarela de Senador Amaral (ASA). O comportamento das 983 N. R. Madeira et al. Figura 2. Altura média e máxima das brotações em função da concentração de AG3. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2002. duas cultivares foi semelhante nas demais características avaliadas: taxa de sobrevivência (96,7% em AC e 99,0% em ASA), diâmetro de calos (19,9 mm em AC e 18,9 mm em ASA), altura média de brotos (55,4 mm em AC e 54,8 mm em ASA), altura máxima de brotos (78,8 mm em AC e 73,2 mm em ASA) e número de raízes (0,2 em AC e 0,3 em ASA). O aumento na concentração de BAP reduziu o tamanho dos calos formados na parte basal das plantas (Figura 1B). Um calo basal de tamanho excessivo é indesejável por ser potencial promotor de modificações genéticas e por exaurir os nutrientes do meio de cultura em detrimento da formação de folhas e raízes (CASTILLO, 1991). As concentrações de BAP utilizadas, recomendadas por Senna Neto (1990) e Luz (1993), levaram à produção de plantas com elevado tamanho de calo na parte basal. Aumentando-se a concentração de BAP, reduziu-se este efeito. Por outro lado, não se pode elevar muito sua concentração, por inibir o desenvolvimento da parte aérea (Figura 1A). Portanto, buscou-se o balanço ideal para concentração de BAP, isto é, um ponto intermediário que combinasse o bom desenvolvimento da parte aérea, em tamanho e número de brotos, com menor tamanho do calo basal. Concentrações em torno de 0,3 mg L-1 de BAP foram as que proporcionaram o melhor desenvolvimento para as três características consideradas. O modelo 984 linear ajustado, considerando o intervalo estudado, apresentou elevado coeficiente de determinação para as três características morfológicas avaliadas (tamanho do calo basal, r2>0,997; número de brotos, r2>0,950; e tamanho de brotos, r2>0,940). No segundo experimento, a interação cultivares x concentração de AG3 não foi significativa para nenhuma das características avaliadas (P>0,4310). A taxa de contaminação média foi de 7,3% neste segundo experimento, não havendo diferenças significativas entre os tratamentos. O aumento na concentração de AG3 promoveu elevação na altura média e máxima das brotações (Figura 2), sem aumentar o tamanho do calo basal, demonstrando o efeito benéfico promovido por este regulador de crescimento no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa, em concordância com Castillo (1991), Cevallos e Castillo (1991) e Duque (1993) que trabalharam com o meio MS. Por outro lado, Senna Neto (1991) e Luz (1993) concluíram que o meio B5 era superior ao meio MS, possivelmente pela menor concentração de sais. No entanto, Senna Neto (1991) e Luz (1993) não avaliaram o uso de ácido giberélico adicionado ao meio B5. Este trabalho vem, portanto, confirmar o efeito benéfico do AG3 adicionado ao meio B5, considerando o intervalo que vai de 0 a 0,25 mg L-1, à semelhança do que foi verificado no meio MS. A cultivar Amarela Comum apresentou tamanho de calo basal de 7,6 mm e 3,5 brotos, significativamente maior que na cv. Amarela de Senador Amaral, onde o tamanho médio de calo foi de 6,3 mm e o número médio de brotos foi de 2,7. Quanto às demais características avaliadas, o comportamento foi semelhante nas duas cultivares: taxa de sobrevivência (90,0% em AC e 84,2% em ASA), altura média de brotos (17,1 mm em AC e 17,2 mm em ASA) e altura máxima de brotos (26,0 mm em AC e 25,9 mm em ASA). Não foi observada formação de raízes em nenhuma planta. Com a avaliação conjunta dos dois experimentos, concluiu-se que os melhores resultados foram obtidos com concentrações em torno de 0,3 mg L-1 de BAP e com 0,25 mg L-1 de AG3 adicionado ao meio B5. O estabelecimento de um protocolo eficiente de produção de mudas de mandioquinha-salsa com alta qualidade sanitária e fisiológica a partir da cultura de tecidos será útil na obtenção de plantas com elevado potencial produtivo. Esta técnica pode minimizar problemas decorrentes da perda de vigor que vem ocorrendo no campo após ciclos sucessivos de cultivo dos materiais tradicionalmente cultivados nas principais regiões produtoras, provavelmente pelo acúmulo de patógenos degenerativos, especialmente vírus. LITERATURA CITADA ASSIS, M. Novas tecnologias na propagação de batata. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.197, p.30-33, 1999b. CASTILLO, R. Manejo e conservação de germoplasma de tuberosas andinas. Informe final de consultoria para el Centro Internacional de la Papa (CIP). CIP: Quito, 1991. 7 p. CEVALLOS, A.; CASTILLO, R. Respuesta de ocho lineas de zanahoria blanca (Arracacia xanthorrhiza B.) a la introduccion in vitro. In: REUNION NACIONAL SOBRE RECURSOS FITOGENETICOS, 1., 1991, Quito. Memorias... Quito: INIAP, 1991. p.109-115. DUQUE, L.M Compilacion de los medios de cultivo in vitro de raices y tuberculos andinos en el CIP. [Zanahoria blanca]. Quito: CIP, 1993. 2 p. 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Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, em esquema fatorial 4X2X2, sendo quatro híbridos (Andréa, Débora Max, Carmen e Diana), dois espaçamentos entre plantas (0,30 e 0,45 m) e duas conduções (um e dois ramos por planta), com quatro repetições. Foram determinados o número de frutos comercializáveis (frutos planta-1), produção total comercializável (t ha-1), massa média do fruto comercializável (g fruto), produção de frutos grande, médios e pequenos (t ha-1). Os resultados mostraram que o manejo mais indicado foi o espaçamento de 0,30 m entre plantas conduzidas com uma haste, sendo que o híbrido ‘Débora Max’ apresentou o maior potencial produtivo. Yield of tomato under protected environment in relation to spacing and number of branches per plant Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., rendimento, condução, densidade populacional. The effects of plant spacing and number of branches per plant were investigated in the production of tomatoes when different hybrids were grown in a substratum under protected environment. The work was conducted from March to October. High tomato yield under protected environment depends on the proper management. The experiment followed a randomized blocks design, in a factorial arrangement of 4x2x2, with four hybrids (Andréa, Debora Max, Carmen and Diana), two spacings between plants (0.30 and 0.45m) and two conduction systems (1 and 2 branches per plant). The treatments were replicated four times. The following parameters were studied: marketable yield (fruits plant-1), total marketable yield (t ha-1), average weight of marketable fruit (g) and yield of big, medium, and small fruits (t ha-1). According to the results the spacing of 0.30 m between plants and one branch per plant were the best combinations with the hybrid ‘Debora Max’ showing the highest potential yield. Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., yield, conduction, plant density. (Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 31 de agosto de 2005) O cultivo em ambiente protegido de tomate tem se expandido nos últimos anos, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e esta técnica propicia ao tomateiro um incremento na produção, podendo ser de 4 a 15 vezes superiores àquelas obtidas em campo (MARTINS, 1992). O uso intensivo do solo com uma espécie e a sua salinização em ambiente protegido, vem gradativamente sinalizando para o cultivo sem solo, especialmente em sacos plásticos, contendo substrato apropriado. Este sistema permite um manejo mais adequado tanto da água como de nutrientes. Segundo Andriolo et al. (1997), as plantas cultivadas em substrato proporcionalmente fixam mais matéria seca nos frutos, sendo, portanto mais eficientes em termos de rendimento, obtendo-se inclusive a mesma pro1 dução com menor área foliar, o que possibilita a utilização de maior densidade de plantas, com melhor arejamento e menor risco de moléstias. A elevada produtividade obtida em plantios adensados ocorre devido ao aumento da interceptação da luz fotossinteticamente ativa e da fotossíntese no dossel, que estimula o crescimento da cultura e aumenta o total de assimilados disponíveis para os frutos ( P A P A D O P O U L O S ; PARARAJASINGHAM, 1997). No tomateiro, além do adensamento, o número de plantas por unidade de área, o número de frutos colhidos por plantas e a massa média dos frutos estão diretamente relacionados à produtividade ( P A P A D O P O U L O S ; PARARAJASINGHAM, 1997; STRECK et al., 1998). Apesar de ocorrer um aumento na produção do tomateiro com o adensamento de plantas, a massa média do fruto decresce (STRECK et al., 1996; PAPADOPOULOS; PARARAJASINGHAM, 1997; CAMARGOS, 1998; STRECK et al. 1998; CAMARGOS et al., 2000), e depende da época do ano (MARTINS, 1992; STRECK et al., 1996) e do híbrido utilizado (SCHMIDT et al., 2000; LOGENDRA et al., 2001). A produção e a massa média de tomate comercial, também são influenciadas pela densidade de plantas e pelo número de ramos por planta. Quanto maior o adensamento e o número de ramos por planta menor será a produção total comercial, a produção de frutos grandes e a massa média dos frutos grande e médio, e maior será a produção de frutos médio e pequeno (OLIVEIRA et Parte da tese de doutorado do primeiro autor 986 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta al., 1995; CAMARGOS, 1998). Já Seleguini et al. (2002) verificaram que apenas na produção de frutos médios houve um aumento linear da produtividade com o aumento da densidade. Este efeito da densidade de plantas na produção e massa média de tomate classificado ocorre porque em condições de adensamento as plantas competem mais por luz e direcionam um maior gasto de energia aos processos de crescimento celular e menor translocação de açúcares para os frutos, resultando numa diminuição do diâmetro do fruto (BORRAZ et al., 1991). Além da exigência do mercado consumidor quanto à massa média dos frutos para o consumo in natura, que segundo Martins (1992) e Fayad et al. (2001) é do tipo grande para o tipo Santa Cruz e do tipo médio para o tipo Salada. Campos et al. (1987) e Oliveira (1993) reportaram que existe uma correlação positiva entre o maior tamanho do fruto e a ocorrência de rachadura, o que torna o fruto muito grande não comerciável. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a produção comercial total e em diversas classes, de quatro híbridos de tomate, quando submetidos a dois espaçamentos e conduzidos com um ou dois ramos, no cultivo em ambiente protegido e substrato. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em ambiente protegido de março a outubro, em área experimental da ESALQ, em Piracicaba (SP). A casa de vegetação seguiu o modelo arco, com área de 196 m2 (7 x 28), coberta com plástico transparente de 150 µ e as partes frontais e laterais com telado tipo clarite. Os híbridos Andréa, Débora Max, Carmen e Diana, foram semeados em 08/03/2001, em bandejas de poliestireno expandido contendo 128 células e preenchida com o substrato Plantmax. Adubou-se semanalmente com 1 g L-1 de Plant Prod 2020-20. Após 28 dias as mudas, apresentando 4-5 folhas definitivas foram transplantadas. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, em um esquema fatorial 4x2x2, onde o Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Cronograma de fertirrigação com Kristalon do tomateiro estaqueado. Piracicaba, ESALQ, 2002. Kristalon (N-P-K) Dose (g L-1) Período (dias) Estádio da planta 1-15 Estabelecimento Amarelo (13-40-13) 16-45 Crescimento Branco (15-5-30) 0,5-0,7 Nitrato de Cálcio 0,3 Nitrato de Magnésio líquido 46-75 Até a 1ª Floração Produção 0,2 Laranja (6-12-36) 0,3-0,5 Nitrato de Cálcio 0,6-0,8 Nitrato de Magnésio líquido 76-Final 0,3 0,2 Laranja (6-12-36) 0,9-1,1 Nitrato de Cálcio 0,2-0,4 primeiro fator foi constituído por quatro híbridos (Andréa, Carmen, Débora Max e Diana), o segundo pelo número de ramos (um e dois) e o terceiro por dois espaçamentos (0,30 e 0,45 cm entre plantas). Cada parcela experimental foi composta por oito e doze plantas, de acordo com o espaçamento, dispostas em fileira dupla numa área de 3,06 m2, sendo que todas as plantas foram consideradas úteis. A condução foi feita em fileiras duplas, sendo as plantas distribuídas sobre canteiros distanciados de 1,10 m entre si. O espaçamento entre as duas linhas dentro do canteiro foi de 0,60 m e entre as plantas nas linhas de 0,30 e 0,45 m. O cultivo foi realizado em sacos contendo 15 L de substrato comercial (Rendmax Estufa), na densidade de duas e três plantas por saco. Na casa de vegetação os sacos foram colocados sobre os canteiros que foram revestidos com filme de polietileno preto de baixa densidade. O sistema de irrigação utilizado foi, o de gotejamento e as fertirrigações diárias foram feitas com Kristalon, segundo as recomendações da Hydro Fertilizantes para a cultura do tomate (Tabela 1). A poda apical foi feita acima da terceira folha emitida após o sexto e quinto rácimos da haste principal e secundária, respectivamente. Em todos os híbridos, o desbaste dos frutos foi feito deixando-se quatro frutos por rácimo ao longo das hastes e nos racimos das extremidades apenas três. O controle fitossanitário foi curativo, à medida que apareciam os primeiros sintomas das doenças e pragas, segundo as recomendações para a cultura do tomate descritas por Lopes e Santos (1994). Para o controle da larva minadora (Liriomyza sp.), broca pequena (Neuleucinodes elegantalis) e traça (Tuta absoluta e/ou Phthorimaea operculella), aplicou-se semanalmente Decis 25. Para o controle das doenças fúngicas, aplicou-se Oxicloreto de cobre e o Benomil, em intervalos de quinze dias. Aos 100 dias após o transplante (DAT), ocorreu o aparecimento de sintomas típicos de oídio (Erysiphe cichoracearum), isto é, pó branco e fino na superfície de cima e de baixo das folhas mais velhas (FILGUEIRA, 2000; LOPES; SANTOS,1994). Os frutos foram colhidos a partir do momento em que apresentaram o ápice com coloração avermelhada até totalmente vermelhos, porém firmes. As colheitas foram realizadas a intervalos médios de cinco dias, no período de 19/ 06 a 02/10, dependendo dos tratamentos. As plantas conduzidas com um ramo e espaçadas a 0,30 e 0,45 m tiveram o ciclo de 167 e 158 dias, respectivamente, enquanto que as plantas com dois ramos, independente do espaçamento, tiveram o ciclo de 180 dias. Os frutos foram classificados segundo o diâmetro transversal, em: oblongos; grandes (>60 mm); médios (<60mm e >50 mm) e pequenos (<50 mm e >40); redondo–achatados; Para Carmen e Diana foram classificados em: grande (>80 mm); médio (<80 mm e >65 mm) e pequeno (<65 mm e >50 mm) e miúdos (>50 mm). Frutos com defeitos não foram considerados comercializáveis (CEAGESP, 1998). Como não existe recomendação para os frutos do híbrido Andréa (tipo Italiano), os mesmos foram classificados, devido ao seu formato, como frutos oblongos (tipo Santa Cruz). 987 L. A. Carvalho e J. Tessarioli Neto Tabela 2. Características do produto comercial de quatro híbridos de tomate cultivado em túnel de polietileno e substrato, em função do espaçamento e número de ramos por planta. Piracicaba, ESALQ, 2002. Híbridos Espaçamento (m) 0,30 Nº de Ramos 0,45 1 Nº de frutos (frutos.planta-1) Andréa 2 Média CV(%) 10,33 22,08 Ba 22,36 Ba 16,39 Bb 28,06 Ba 22,22 C Débora Max 28,01 Aa 28,61 Aa 21,12 Ab 35,50 Aa 28,31 A Carmen 25,00 ABa 26,46 Aa 20,33 ABb 31,13 Ba 25,73 B 25,53 B Diana 24,38 ABa 26,67 Aa 19,88 ABb 31,17 Ba Média 24,87 a 26,03 a 14,43 b 31,47 a Produtividade (t ha-1) C.V. (%) 14,08 Andréa 65,11 Ba 47,10 Bb 44,51 Cb 67,70 Ba 56,10 C Débora Max 98,78 Aa 65,06 Bb 71,73 Bb 95,15 Aa 81,94 B Carmen 115,03 Aa 89,52 Ab 97,78 Aa 106,77 Aa 102,28 A Diana 110,63 Aa 89,36 Ab 89,85 ABb 110,15 Aa 100,00 A Média 97,39 a 72,77 b 75,96 b Massa média (g.fruto) 94,19 a C.V. (%) 6,51 Andréa 75,92 Ca 81,17 Ba 83,52 Ca 73,57 Bb Débora Max 92,64 Ba 89,05 Ba 101,68 Ba 80,00 Bb 78,55 C 90,84 B Carmen 120,78 Ab 134,27 Aa 149,24 Aa 105,81 Ab 127,52 A Diana 118,20 Ab 132,37 Aa 140,61 Aa 109,96 Ab 125,29 A Média 101,88 b 109,22 a 118,76 a 92,33 b Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, para cada característica, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P). Tabela 3. Produtividade classificada (t ha-1) do tomateiro cultivado em túnel de polietileno e substrato, em função de híbrido, espaçamento e número de ramos por planta. Piracicaba, ESALQ, 2002. Híbridos Espaçamento (m) 0,30 Grande Andréa Nº de Ramos 0,45 1 2 Média C.V.(%) 69,83 0,00 Ba 1,02 Ba 1,02 Ba 0,00 Ba 0,51 B 28,47 Aa 14,38 Ab 30,31 Aa 12,55 Ab 24,43 A Carmen 1,77 Ba 5,98 Ba 7,75 Ba 0,00 Bb 3,88 B Diana 0,75 Ba 2,27 Ba 2,54 Ba 0,48 Ba 1,51 B Média 7,75 a 5,91 a Andréa 20,44 Ba 20,86 Ba 21,92 Ba 19,38 Ca 20,65 B Débora Max 54,63 Aa 39,12 Ab 36,23 Bb 57,54 Aa 46,88 A Carmen 58,17 Aa 50,72 Aa 69,63 Aa 39,26 ABb 54,45 A Diana 43,27 Ba 49,79 Aa 58,01 Aa 35,05 Bb 46,53 A Média 44,13 a 40,12 a 46,45 a 37,81 b Andréa 44,67 Ca 25,22 Bb 21,57 ABb 48,32 Ba Débora Max 15,65 Da 11,60 Ca 5,19 Cb 22,06 Ca 13,63 D Carmen 55,08 Ba 32,83 ABb 20,39 Bb 67,52 Aa 43,95 B 51,96 A Débora Max Médio 10,40 a 3,26 b C.V. (%) 28,00 Pequeno C.V. (%)14,02 Diana 66,61 Aa 37,31 Ab 29,30 Ab 74,62 Aa Média 45,51 a 26,74 b 19,11 b 53,13 a 34,95 C Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha para cada classe, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P). Avaliou-se o número de frutos comercializável (frutos planta-1), produção total comercializável (t ha-1), massa 988 média de fruto comercializável (g fruto), produção de frutos grande, médios e pequenos (t ha-1). Os efeitos e interações foram avaliados pelo teste F. Havendo diferença significativa para um determinado fator estudado, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância para os híbridos estudados mostrou não haver interação entre o espaçamento e o número de ramos por planta para número de frutos por planta, produção e massa média comercial. O espaçamento não afetou o número de frutos e devido ao aumento na produção de biomassa ocasionado pelo maior número de plantas por área, maiores produções (97,39 t ha-1) foram obtidas na maior densidade (Tabela 2). Com a ocorrência da maior produção de biomassa é provável que a interceptação de luz fotossinteticamente ativa e da fotossíntese no dossel tenha aumentado a produção de fotoassimilados que foram disponibilizados para os frutos ( P A P A D O P O U L O S ; PARARAJASINGHAM, 1997). Os resultados do presente trabalho concordam com os obtidos por vários autores (STRECK et al., 1996; P A P A D O P O U L O S ; PARARAJASINGHAM, 1997; STRECK et al. 1998; CAMARGOS, 1998; CAMARGOS et al., 2000). O peso médio do fruto foi grandemente influenciado pelo híbrido utilizado. As cultivares híbridas Carmen e Diana apresentaram maior massa média comercial na menor densidade e ‘Andréa’ e ‘Débora Max’ não foram afetados, provavelmente, devido à melhor arquitetura da planta que proporcionou uma menor competição interplanta pela luz e intraplanta pelos fotoassimilados ( P A P A D O P O U L O S ; PARARAJASINGHAM, 1997). O numero de ramos por planta afetou o número de frutos por planta, a massa média e a produção comercial. Independentemente dos híbridos as plantas conduzidas com dois ramos apresentaram maior número de frutos por planta e a menor massa média comercial de frutos (Tabela 2). Com exceção de ‘Carmen’ que não diferiu quanto Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta à produção comercial os demais híbridos diferiram e apresentaram valores médios superiores nas plantas conduzidas com dois ramos. O aumento no número de frutos e na produção comercial e a redução na massa média das plantas com dois ramos foram devido ao maior número de inflorescências produtivas e à maior competição entre inflorescências pelos fotoassimilados, respectivamente. Tais resultados foram também relatados por Oliveira (1993) e Oliveira et al. (1995) em campo e Poerschke et al. (1995) em estufa de polietileno. Houve interação entre híbridos, espaçamento e número de ramos por planta para a produção de fruto grande (Tabela 3). O híbrido ‘Débora Max’ apresentou maior produção de fruto grande nas plantas conduzidas com um ramo e espaçadas a 0,30 m e ‘Carmen’, apesar de não ter diferido de ‘Andréa’ e ‘Diana’ apresentou maiores produções nas plantas com um ramo. Quanto à produção de fruto médio, a cultivar Débora Max apresentou maior produção na maior densidade e nas plantas conduzidas com dois ramos, porém não diferiu significativamente de ‘Carmen’ e ‘Diana’. Apesar dos híbridos do tipo salada não apresentarem diferenças com relação ao espaçamento, a cultivar Carmen apresentou maior produção de frutos médios quando o espaçamento adotado foi de 30 cm. O aumento da produção de frutos médios com a diminuição do espaçamento entre plantas observado no híbrido Débora Max já foi observado em outros híbridos por vários autores (CAMARGOS, 1998; STRECK et al. 1998; CAMARGOS et al., 2000). O número de ramos por planta não afetou a produção de frutos médios de ‘Andréa’. ‘Carmen’ e ‘Diana’, que apresentaram valores médios superiores nas plantas conduzidas com um ramo, provavelmente devido a menor competição intraplanta pelos fotoassimilados. À exceção do espaçamento para ‘Débora Max’, maior produção de fruto pequeno foi obtida na maior densidade e nas plantas conduzidas com dois ramos (Tabela 3). Esse efeito pode ter sido ocasionado pelo maior gasto de energia em processos de crescimento celular Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 pela planta e menor translocação de açúcares para os frutos, resultando num menor diâmetro do fruto, conforme citação de Borraz et al. (1991). Na maior densidade e nas plantas conduzidas com um ramo os híbridos do tipo Salada diferiram ente si, sendo que o híbrido ‘Diana’ apresentou maior produção de fruto pequeno. A menor produção de frutos pequenos na maior densidade e nas plantas conduzidas com dois ramos no híbrido ‘Carmen’, confirma a sua superioridade em relação ao Diana. Nas condições que em que foi realizado o experimento, conclui-se que o espaçamento entre plantas de 0,30 m e a condução com uma haste é o mais indicado para o cultivo do tomate em ambiente protegido e em substrato; sendo o híbrido ‘Débora Max’ o que apresentou o maior potencial produtivo. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. João Tessarioli Neto (In memoriam), pela orientação e amizade. Á EUCATEX, pela doação do Rendmax-Estufa e a TOOPSEED, pela doação das sementes. LITERATURA CITADA ANDRIOLO, J.L.; DUARTE, T.S.; LUDKE, L.; SKREBSKY, E.C. Crescimento e desenvolvimento do tomateiro cultivado em substrato com fertirrigação. Horticultura Brasileira, Brasília, v.15, n.1, p.28-32, 1997. BORRAZ, C.J.; CASTILHO, S.F.; ROBELES, E.P. 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Para tanto, sementes da cultivar Top Tall Early Wonder foram submetidas à ação de água corrente durante 0 (testemunha), 1; 1,5; 2; 3; 4; 5 e 6 horas, secadas e avaliadas pelo teste de germinação. A lavagem por duas horas foi suficiente para aumentar a germinação das sementes. Overcoming beetroot seeds dormancy through immersion in running water Palavras-chave: Beta vulgaris L., inibidores, germinação. Keywords: Beta vulgaris L., inhibitors, germination. The presence of germination inhibitors in the fruit of beetroot can reduce the stand of crop. The present work aimed to evaluate the interference of immersion period in running water in the physiological performance of the beetroot seeds. Seeds from cultivar Top Tall Early Wonder were submitted to the action of running water during 0 (control), 1; 1,5; 2; 3; 4; 5 and 6 hours, dried and physiologically evaluated using germination test. Washing the seeds during two hours was enough to increase the germination. (Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 16 de setembro de 2005) N a beterraba (Beta vulgaris L.), a estrutura tecnologicamente denominada de semente, é normalmente multigérmica, apresentando de dois a cinco aquênios formados pela junção de várias unidades florais, constituindo um espesso pericarpo corticoso. Cada aquênio contém um óvulo que originará uma semente botânica. Quando semeado, cada aquênio origina de três a cinco plântulas (MCDONALD; COPELAND, 1997; GEORGE, 1999; FILGUEIRA, 2000). A germinação deficiente resulta em estandes inadequados no campo (DURRANT; PAYNE, 1983). A má germinação, além de ser resultante da restrição mecânica do pericarpo (MORRIS et al., 1985), tem sido também atribuída à ação de substâncias inibidoras da germinação (SLIWINSKA et al., 1999) que, segundo Lexander (1978), são os ácidos abscísico, oxálico, vanílico, sinápico, ferúlico, poxibenzóico, p-oxinamico, p-cumárico e phidroxibenzóico (denominados compostos fenólicos), amônia, sais inorgânicos e cis4-ciclohexano-1,2-dicarboximida. Esses compostos competem com o embrião por oxigênio (HEYDECKER et al., 1971; RICHARD et al., 1989) e podem promover, ainda, limitações na absorção de água por meio da redução do potencial hídrico (KHAN et al., 1983). 990 Os efeitos positivos da remoção do pericarpo sobre a geminação das sementes, utilizando técnicas de fricção e polimento (MORRIS et al., 1984; MORRIS et al. 1985), não foram confirmados por Richard et al. (1989) e Duan e Burris (1997), pois, segundo esses autores, esse procedimento não elimina completamente a membrana presente na superfície das sementes, capaz de dificultar a lixiviação de compostos fenólicos envolvidos com restrições na quantidade de oxigênio disponível ao embrião. O uso de ácidos em baixa concentração e de reguladores de crescimento também têm sido usados com o propósito de melhorar a germinação de sementes de beterraba. Entretanto, estas metodologias tornam-se impraticáveis quando se trabalha com grandes volumes de sementes. A imersão das sementes em água corrente é outro método que, além de mais simples, tem apresentado bons resultados. Silva et al. (2002) verificaram aumento na taxa e na velocidade de germinação de sementes de beterraba por meio da utilização desta técnica. A técnica de lavagem das sementes pode, de acordo com Khan et al. (1983), anular os efeitos dos inibidores ou reduzir a concentração destes na semente (SLIWINSKA et al., 1999), favorecendo o estabelecimento da cultura em campo (DURRANT et al., 1988). O período de lavagem das sementes é um fator de grande importância na germinação das sementes de beterraba (SOBRAL et al., 1987). Embora existam trabalhos que recomendam duas horas (BRASIL, 1992) de lavagem, esta metodologia requer a execução de novos trabalhos, pois os dados obtidos na literatura (CUDDY, 1958; KLITGARD, 1978; BASU; DHAR, 1979; KHAN et al., 1983; LONDGEN, citado por Lexander, 1983) são conflitantes. Assim, o trabalho objetivou verificar a interferência do período de imersão em água corrente, no desempenho fisiológico das sementes de beterraba. MATERIAL E MÉTODOS A experimentação, realizada em laboratório da UNESP (Câmpus de Jaboticabal, SP), utilizou sete lotes de sementes de beterraba, cultivar Top Tall Early Wonder mantidos hermeticamente embalados até o início da condução dos testes. Uma vez abertas as embalagens, amostras de sementes de cada lote foram submetidas à imersão em água Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente corrente, durante 0 (testemunha), 1; 1,5; 2; 3; 4; 5 e 6 horas, tratadas com fungicida Thiram (0,2%) e postas a secar em temperatura não controlada do ambiente. Os tratamentos foram avaliados pelo teste de germinação a 20oC (BRASIL, 1992), com 50 sementes por repetição, em caixas plásticas contendo duas folhas sobrepostas de papel de filtro umedecido com água deionizada na proporção de três vezes o peso do papel não hidratado. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, e as médias dos períodos comparadas pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Procedeu-se ao estudo da regressão polinomial para períodos de imersão das sementes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa entre lotes para a porcentagem de germinação de sementes de beterraba, retratando que as condições diferenciadas do cultivo (fatores ambientais e de manejo cultural) possam modificar a concentração de inibidores e/ou outras características do pericarpo que influenciam a germinação. A quantidade de inibidores pode ser reduzida quando a planta-mãe é submetida a chuvas e irrigações freqüentes por aspersão (BATTLE; WHITTINGTON, 1969) ou quando a colheita é efetuada quando as sementes estão em plena maturidade fisiológica (SLIWINSKA et al., 1999). Houve efeito significativo do período de imersão das sementes sobre o percentual de germinação. Entretanto, não foi possível obter ajuste das médias à equação polinomial. Com exceção dos períodos de zero, cinco e seis horas de imersão, todos os tratamentos proporcionaram germinação de sementes considerada mínima esperada para a cultura da beterraba (Tabela 1), que, segundo Filgueira (2000), é de 80%. A maior porcentagem de germinação (92%) foi obtida quando se procedeu à imersão das sementes por duas horas, sem, contudo, diferir-se do percentual obtido com três horas de imersão (85%). O período de duas horas aumentou o percentual de germinação da semente de beterraba em relação à ausência de imersão, em aproximadamente 16%. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Tabela 1. Valores médios de germinação (%) de sementes de beterraba após diferentes períodos de imersão em água corrente. Jaboticabal, UNESP, 2004. Período de imersão (horas) Germinação (%) 0,0 79bc 1,0 81bc 1,5 83bc 2,0 92a 3,0 85ab 4,0 80bc 5,0 77bc 6,0 75c Teste F 4,94* * DMS Tukey (5%) 8,97 CV (%) 6,88 Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo Teste de Tukey. ** p < 0,01 Não obstante Cuddy (1958) e Klitgard (1978) terem citado o período de quatro horas como o mais adequado para esse procedimento, Khan et al. (1983) também observaram que o período de duas horas, em relação aos de 0; 8 e 24 horas, foi o que permitiu aumento no percentual de germinação das sementes, resultado compartilhado por Londgen, citado por Lexander (1983). Embora Basu e Dhar (1979) não tenham encontrado diferença com o prolongamento do período de duas para até 24 horas de imersão, os resultados da Tabela 1 evidenciaram que a continuidade da imersão, procedimento que aumentou o percentual de germinação das sementes no trabalho de Khan et al. (1983), não possibilitou resultado semelhante nessa pesquisa, mas trouxe prejuízos fisiológicos, principalmente a partir de quatro horas, reduzindo significativamente a porcentagem de germinação. É provável que a melhora no desempenho das sementes após os tratamentos tenha sido conseqüência do menor teor de inibidores no tecido que envolve as sementes, apesar de não ter sido feita a quantificação desses compostos. Na pesquisa de Morris et al. (1984), a ausência de diferença entre a testemunha (sementes não imersas) e os períodos de 1; 6; 18 e 24 horas de imersão ocorreu porque os autores trabalharam com sementes descorticadas e, portanto, sem inibidores ou com quantidade mínima. Esses resultados deixam claro que as sementes dessa espécie e cultivar respondem à imersão em água corrente e que é de relevante importância fazê-la em adequado período, sob pena de prejudicar a germinação. LITERATURA CITADA BASU, R.N.; DHAR, N. 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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 PINELI, L.L.O.; MORETTI,C.L.; ALMEIDA, G.C.; NASCIMENTO, A.B.G.; ONUKI, A.C.A. Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.993-999, out-dez 2005. Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas Lívia L.O. Pineli1; Celso L. Moretti2; Gustavo C. Almeida3; Aline B.G. Nascimento4; Ana Cecília A. Onuki4 2 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; E mail: [email protected]; 3UFLA, 37200-000 Lavras-MG; 4Faculdade da Terra de Brasília, 72610-300 Brasília-DF; 1Programa de Mestrado do Depto. Nutrição da UnB, 70910-900 Brasília-DF RESUMO ABSTRACT O escurecimento enzimático da batata minimamente processada reduz o valor comercial do produto. O objetivo deste trabalho foi avaliar alterações químicas e físicas em batatas ‘Ágata’ minimamente processadas embaladas sob atmosfera modificada em associação com antioxidantes. Batatas ‘Ágata’ foram minimamente processadas como mini batatas e tratadas por imersão em soluções antioxidantes de ácido cítrico a 2%, ácido eritórbico a 3%, combinação de ácido cítrico a 2% e ácido eritórbico a 3%, e combinação de ácido cítrico a 3% e ácido eritórbico a 5% embaladas em filmes de nylon multicamadas. Os três primeiros tratamentos foram embalados sob atmosfera modificada passiva enquanto no último tratamento aplicou-se atmosfera modificada ativa com 10% CO2, 2% O2, 88% N2. Observou-se que o tratamento com aplicação de antioxidantes em associação com atmosfera modificada ativa apresentou índice de escurecimento 24% menor e atividade enzimática da PPO e da POD 92% e 73% menor, respectivamente, que a média dos demais tratamentos no nono dia de observação. Houve elevação nos teores de vitamina C total, observado principalmente em tratamentos que utilizaram ácido eritrórbico. Observou-se uma correlação entre a degradação do amido e o aumento nos teores de açúcares solúveis totais e da vitamina C total em alguns tratamentos. O tratamento com aplicação de antioxidantes em associação com atmosfera modificada ativa foi o mais efetivo na manutenção dos atributos de qualidade de batatas minimamente processadas. Association of modified atmospheres and antioxidants reduce browning of minimally processed potatoes Enzymatic browning of minimally processed potatoes reduces the final price of the product. The present work was carried out aiming to evaluate chemical and physical characteristics in fresh-cut ‘Ágata’ potatoes stored under modified atmospheres and treated with antioxidants. Potatoes ‘Ágata’ were minimally processed as baby potatoes and treated with antioxidants solutions as follows: citric acid (2%), eritrorbic acid (3%), combination of citric acid (2%) and eritrorbic acid (3%), and stored under passive modified atmosphere. A fourth treatment consisting of the combination of citric acid (3%) and eritrorbic acid (5%), in association with active modified atmosphere (10% CO2, 2% O2, 88% N2) was set up. Baby potatoes treated with citric acid (3%) and eritrorbic acid (5%), in association with active modified atmosphere, had a browning index that was 24% lower than the average of the other 3 treatments at the end of the experiment. Similarly, polyphenoloxidase and peroxidase activity were 92 and 73% lower, respectively, in the treatment where antioxidants and active modified atmosphere were combined than the average of the other three treatments at the ninth day of storage. There was an increase in total vitamin C content, mainly in treatments where eritrorbic acid was applied. Combination of antioxidants and active modified atmosphere showed the best maintenance of quality attributes for fresh-cut potatoes. Palavras-chave: Solanum tuberosum L., processamento mínimo, alterações metabólicas. Keywords: Solanum tuberosum L., minimal processing, metabolic changes. (Recebido para publicação em 17 de julho de 2004 e aceito em 30 de agosto de 2005) U m dos desafios ao processamento mínimo de batatas é a suscetibilidade dos tubérculos ao escurecimento enzimático oriundo de reações catalisadas por enzimas sendo a polifenoloxidase (PPO) a mais importante. Tais reações ocorrem quando há ruptura da célula, embora possam também ocorrer no tecido intacto de frutas e hortaliças (ARAÚJO, 2003). Os fatores mais importantes na evolução da taxa do escurecimento enzimático provocado são a concentração de PPO ativa e de compostos fenólicos, o pH, a temperatura e o oxigênio disponível no tecido. O pH ótimo da PPO varia com a fonte da enzima e com o substrato. Na maioria dos casos situa-se entre 6 e 7 e Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 seu ajuste para valores inferiores a 4 possibilita o controle do escurecimento enzimático, desde que se considerem os aspectos sensoriais do produto (LAURILA et al, 1998a, 1998b). A peroxidase (POD) também pode causar o escurecimento em hortaliças minimamente processadas. A POD contém um grupo heme e está relacionada com processos de cicatrização como, por exemplo, a lignificação (CANTOS et al., 2002). Em condições ideais, batatas inteiras descascadas podem ser estocadas sem agentes inibidores de escurecimento por sete dias (AHVENAINEN et al., 1998), o que não é possível para batatas em fatias (LAURILA et al., 1998a). Vários méto- dos para prevenir o escurecimento enzimático podem ser aplicados em batatas. Muitos inibidores de escurecimento são conhecidos, mas apenas alguns são potencialmente alternativos ao uso de sulfito. Os sulfitos, apesar de possuírem diversas vantagens técnicas, provocam a corrosão de equipamentos, a diminuição do valor nutricional, a perda de firmeza e a formação de sabores e odores desagradáveis (off-flavors) nos produtos aos quais é aplicado. Adicionalmente, o uso de sulfitos está cada mais associado a diversos malefícios à saúde (MCEVILY et al., 1991). Dentre os antioxidantes mais pesquisados destacam-se os ácidos cí993 L. L. O. Pineli et al. Figura 1. Índice de escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. trico, ascórbico e eritrórbico. Sua acessibilidade no mercado, como ingredientes já em amplo uso na indústria alimentícia, aponta-os como opções para a indústria de batatas minimamente processadas. O custo do ácido eritrórbico, cinco vezes inferior ao de seu isômero, ácido ascórbico, justifica seu uso neste trabalho, de forma isolada ou em combinação com o ácido cítrico. A aplicação de atmosfera modificada ativa ou passiva, com baixas concentrações de O2 e altas de CO2 também contribui para o controle do escurecimento e outros processos degradativos, uma vez que reduz a velocidade dos processos aeróbicos e implica baixa disponibilidade de O2 para a atividade da PPO. Apesar da existência de diversos estudos enfocando o controle de escurecimento enzimático em produtos hortícolas, existe uma lacuna na literatura no que diz respeito à adoção de técnicas combinadas para redução dessa desordem em cultivares de hortaliças nacionais com potencial de aproveitamento para o processamento mínimo. O objetivo deste trabalho foi caracterizar física e quimicamente batatas ‘Ágata’ minimamente processadas submetidas a diferentes tratamentos com antioxidantes e atmosfera modificada. 994 MATERIAL E MÉTODOS Material vegetal Batatas (Solanum tuberosum L.) ‘Ágata’ da classificação “primeirinha” (diâmetro entre 40 e 60 mm) foram adquiridas na Ceasa de Brasília, levadas ao Laboratório de Pós-Colheita da Embrapa Hortaliças, selecionadas, classificadas e lavadas em água potável; Processamento mínimo Tubérculos foram descascados por abrasão em máquina processadora (modelo PCED, Siemsem Ltda.) por 180 segundos em tambor revestido com lixa de 60 mesh e 36 segundos no segundo tambor revestido com lixa de 100 mesh. As batatas descascadas foram enxaguadas em água potável, sanitizadas em água com 150 ppm de cloro ativo por 5 minutos, imersas em soluções antioxidantes por 3 minutos e centrifugadas, por 7 minutos, a 800 g. Tratamento com antioxidantes As soluções antioxidantes usadas foram 2% de ácido cítrico; 3% de ácido eritórbico; 2% de ácido cítrico + 3% de ácido eritórbico; e 5% de ácido eritórbico + 3% de ácido cítrico. Embalagem e armazenamento O material foi posteriormente embalado em filme plástico de nylon multicamadas em seladora industrial (Selovac 200B, São Paulo, SP) em porções de 200 gramas, e armazenado sob refrigeração a 5ºC por 9 dias. Os três primeiros tratamentos foram embalados sob atmosfera modificada passiva enquanto o último tratamento foi embalado sob atmosfera modificada ativa, pela utilização da mistura 10% CO2, 2% O2, 88% N2. Análises químicas e físicas A cada 3 dias os tubérculos minimamente processados foram avaliados quanto às seguintes variáveis: Índice de escurecimento. O índice de escurecimento foi determinado por meio de um colorímetro Minolta Color Reader CR 200b (sistema L*a*b*), e calculado a partir da fórmula: IE = [100 (X - 0,31)] / 0,172; X = (a + 1,75.L) / (5,645.L+ a - 3,021.b) Atividade enzimática da polifenoloxidase e peroxidase. A atividade das enzimas polifenoloxidase e peroxidase foi determinada segundo o método descrito por Flurkey e Jen (1978), sendo o extrato lido a 395 nm para POP e a 470 nm para POD. Açúcares solúveis totais. Determinados pelo método fenol-sulfúrico descrito por Dubois et al. (1956). Teor de amido. Determinação feita a partir de adaptação realizada no método de Ranganna (1986), com extração de açúcares por solução de etanol (80%) a quente, em 3 estágios, e hidrólise ácida do resíduo, também em 3 estágios, com ácido perclórico (52%), com posterior determinação dos açúcares pelo método fenol-sulfúrico. Teor de vitamina C total. A vitamina C total foi quantificada de acordo com metodologia descrita por Terada et al. (1978), modificado por Nunes et al. (1995). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 16 tratamentos provenientes de um fatorial 4x4 (4 combinações de antioxidantes e 4 tempos de armazenagem), com 3 repetições. A unidade experimental considerada correspondeu a uma embalagem de 200 gramas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas foram comparadas pelo teste da diferença mínima significativa (p≤0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Índice de escurecimento (IE) O tratamento com ácido cítrico a 2% combinado com ácido eritrórbico a 3% apresentou melhor controle do escurecimento do que os tratamentos aplicados isoladamente até o terceiro dia de armazenamento (Figura 1). No nono dia, os IE dos tratamentos sob atmosfera modificada passiva estavam muito próximos e mostravam aumento do escurecimento das batatas de aproximadamente 10,5% em relação aos valores iniciais. O tratamento com atmosfera modificada ativa, em associação aos antioxidantes combinados, apresentou índice de escurecimento 6,2% menor do que a média dos IE dos demais tratamentos logo após o processamento mínimo, indicando uma diferença significativa no controle do escurecimento nas primeiras horas após a injúria aos tubérculos. Não se observou elevação do IE para o tratamento sob atmosfera modificada ativa e ao final do experimento, verificou-se que o IE desse tratamento era aproximadamente 24% menor do que os demais tratamentos (Figura 1). Diversos trabalhos avaliaram os efeitos das embalagens e de diferentes atmosferas no escurecimento de batatas minimamente processadas (GUNES; LEE, 1997; LAURILA et al., 1998a), e na composição nutricional (AHVENAINEN et al., 1998; TUDELA et al., 2002, 2003). Gunes & Lee (1997) demonstraram que modificação ativa da atmosfera na embalagem foi necessária para estender a vida de prateleira de batatas, porém, a atmosfera modificada por si só não foi capaz de evitar o escurecimento. Os resultados confirmam a necessidade do tratamento por imersão com solução de agentes inibidores do escurecimento em batatas minimamente processadas. Quando se estudou a modificação da atmosfera, observou-se que a de 100% N2, em sacos de poliolefina multicamada, com alta permeabilidade, foi a mais eficaz. Soluções de N-acetil-L-cisteína (1%), ácido pentacético dietilenotriamina (DTPA) (1%), e ácido eritrórbico (5%) Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 2. Atividade enzimática da polifenoloxidase (PPO) (a) e peroxidase (POD) (b) de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. + ácido cítrico (1%) usadas para tratamento de batatas em palitos, seguindose estocagem em atmosfera modificada a 1 e 6°C, foram eficazes no retardamento do escurecimento enzimático. Os resultados obtidos no presente experimento para o tratamento com atmosfera mo- dificada ativa associada aos ácidos cítrico e eritrórbico estão em concordância com Cacace et al. (2002), que observaram que todos os tratamentos foram fortemente afetados pela temperatura de armazenamento. Segundo os autores, o tratamento com ácido cítrico e eritrórbico 995 L. L. O. Pineli et al. Figura 3: Teores de açúcares solúveis totais (a) e amido (b) de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. foi o único a ser comparado favoravelmente com batatas frescas preparadas, após 14 dias a 1°C ou 7 dias a 6°C. Atividade enzimática Não foi verificada diferença significativa na atividade da PPO para os tratamentos sob atmosfera modificada passiva logo após o processamento mínimo (Figura 2a). Os tratamentos armazenados sob atmosfera modificada passiva não apresentavam diferenças estatísticas quanto à ati996 vidade da PPO logo após o processamento mínimo e assim permaneceram durante o período experimental. A combinação de ácido cítrico a 2% e ácido eritrórbico a 3% teve a atividade da enzima ampliada em 18,6%, do terceiro para o sexto dia, apresentando a maior atividade da PPO no nono dia de armazenamento (39,6 UE.g-1 min-1). Por outro lado, o tratamento que reunia a combinação de dois antioxidantes sob atmosfera modificada ativa foi o mais eficaz na inibição da atividade da PPO, que se apresentava 2,3 e 1,9 vezes menor do que a média dos demais tratamentos, no dia do processamento e após 9 dias de armazenamento, respectivamente (Figura 2a). A atividade da POD no dia do processamento foi maior em batatas tratadas com 3% de ácido eritrórbico (365,04 UE .g-1 min-1), e menor em batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa (111,14 UE g-1 min-1) (Figura 2b). O tratamento com 2% de ácido cítrico e o tratamento com 3% de ácido eritrórbico apresentaram aumento na atividade da POD até o sexto dia de armazenagem com posterior redução. Batatas tratadas com antioxidantes combinados em atmosfera modificada passiva ou ativa apresentaram controle da atividade da POD já a partir do terceiro dia (Figura 2b). Observou-se ainda, que a atividade da POD era 2,8 e 1,7 vezes menor no tratamento sob atmosfera ativa em relação à media dos demais tratamentos no dia do processamento e após 9 dias de armazenamento, respectivamente. Cantos et al. (2002) avaliaram o efeito do processamento mínimo sobre a atividade das enzimas PPO, POD e fenilalanina amônia liase (PAL) e nos compostos fenólicos, em cinco cultivares de batatas. Não encontraram correlação significativa entre o grau ou taxa de escurecimento e quaisquer das variáveis investigadas. Entretanto, o aumento da atividade da POD, verificada pela síntese de isoperoxidases identificadas por eletroforese, confirmou a indução da atividade desta enzima como fenômeno comum no reino vegetal em resposta a situações de estresse, como injúrias mecânicas. Os autores sugerem que para melhor compreensão dos fatores limitantes do desenvolvimento do escurecimento em batatas minimamente processadas, estudos adicionais de outros aspectos importantes (estabilidade de membrana, composição lipídica, teor de cálcio, atividade de proteases, práticas agronômicas) são necessários. Semelhante ausência de correlação foi encontrada entre grau de escurecimento e atividade enzimática de maçãs durante o armazenamento a 0ºC (COSETENG; LEE, 1987). Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas Os resultados observados nas Figuras 1 e 2 mostram que o tratamento onde houve combinação de antioxidantes em atmosfera modificada ativa foi o mais eficaz no controle do escurecimento e da atividade das enzimas PPO e POD, o que se traduziu em manutenção da cor original do produto. A combinação dos antioxidantes ácidos pode ter contribuído para o abaixamento do pH do meio, reduzindo a atividade das enzimas associadas com o escurecimento enzimático. Esses resultados permitem inferir que tais tratamentos podem tornar viável a produção e comercialização de batatas minimamente processadas quando o aspecto visual é colocado em perspectiva. Açúcares Solúveis Totais e Amido Batatas tratadas com 2% de ácido cítrico apresentaram, ao final de nove dias, aumento de 12,5% no conteúdo de açúcares solúveis totais, enquanto nos tubérculos tratados com 3% de ácido eritrórbico foi verificada uma redução de 12,7% no nono dia em comparação com os valores iniciais. Observou-se, ainda, em batatas tratadas com combinação de antioxidantes sob atmosfera modificada passiva um aumento de aproximadamente 17,0% no sexto dia, com subseqüente retorno aos patamares iniciais (Figura 3a). A maior concentração de açúcares solúveis totais foi encontrada nas batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa, com valor inicial de 14,84g kg-1 MF, que se reduziu, até o último dia de avaliação, em aproximadamente 40,0%, igualando-se aos demais tratamentos. No nono dia de armazenamento observou-se que batatas tratadas com 2% de ácido cítrico possuíam o maior teor de açúcares solúveis totais, único que não sofreu imersão em ácido eritrórbico. O teor de amido avaliado nas batatas minimamente processadas sofreu aumento ou manutenção de seus valores dependendo do tratamento em questão (Figura 3b). Segundo Borgstrom (1946), os teores de amido encontrados na matéria fresca de batata variam de 90 a 180 g kg-1 MF sendo influenciados por variáveis como cultivar, época do ano, temperatura e tempo de armazenamento, entre outros (NOURIAN et al., 2003). Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 4. Vitamina C total de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004. Os valores encontrados no dia do processamento são semelhantes aos valores citados pelo autor. A conversão de amido em açúcares parece ser reversível (ISHERWOOD, 1973). Entretanto, o aumento nos teores de amido encontrados no presente experimento parece estar mais relacionado com a perda d’água sofrida pelos tubérculos, constatada pela umidade superficial crescente do produto após a centrifugação e durante o armazenamento. De acordo com Nourian et al. (2003), a degradação do amido ocorre rapidamente com a diminuição da temperatura, enquanto a variação dos açúcares totais e redutores está diretamente relacionada com o tempo de armazenamento. As condições de baixa temperatura resultam em acúmulo de ATP no tecido de batata e acarretam a ativação da via alternativa, conhecida como alternativa oxidse, que diminui os níveis de ATP e, simultaneamente, incrementa as concentrações de sacarose, provavelmente via fosforilase (ISHERWOOD, 1973). A sacarose torna-se o substrato da invertase ácida vacuolar, que originará o acúmulo de açúcares redutores (DUPLESSIS et al., 1996). A indução do acúmulo de açúcares pelo frio estaria ainda relacionada com a deterioração das membranas dos amiloplastos (OHAD et al., 1971), favorecendo a ação da enzima amidofosforilase sobre o amido (FONTES; FINGER, 2000). A inibição da conversão do amido em açúcares pela presença de CO2 já foi observada, assim como o aumento na síntese de amido e mudanças na atividade metabólica após a injúria aos tubérculos (SMITH, 1977). Isto poderia explicar, parcialmente, o maior teor de amido em batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa, com 10% de CO 2 e 2% de O 2 no dia do processamento, em comparação aos demais tratamentos, embalados sob atmosfera modificada passiva. De acordo com Pressey (1969), a atividade da sacarose sintetase, importante enzima envolvida na síntese do amido, é maior em tubérculos jovens de batata, em que se incluem fisiologicamente tubérculos da classificação “primeirinha”. Apesar da provável distorção provocada pela perda de água, pode-se perceber um processo de degradação do amido nas batatas submetidas ao tratamento com 2% de áci997 L. L. O. Pineli et al. do cítrico, evidenciando após o terceiro dia uma degradação aparente de 21,0%. O tratamento sob atmosfera modificada ativa indicou redução nos teores de amido do sexto ao nono dia, com alteração de 20,7%. Os demais tratamentos não apresentaram degradação de amido, mas estabilização ou acúmulo, podendo estar relacionado com ocorrência de maior perda d’água, ou menor degradação do amido nestas condições, de forma que não seja capaz de sobrepor o efeito da desidratação em nenhum dos tempos avaliados ou com processos de síntese de amido, conforme discutido. A maior degradação do amido em batatas tratadas com ácido cítrico está em consonância com o crescimento do teor de açúcares solúveis totais verificado para este tratamento, sendo possível estabelecer correlações similares entre os resultados das Figuras 3a e 3b para o tratamento com ácido eritrórbico 3%. Batatas submetidas ao armazenamento sob atmosfera modificada ativa tiveram aumento no teor de amido até o sexto dia, a partir do qual se observou redução de 20,2% até o nono dia. Sugere-se para melhor avaliação desta variável a determinação do teor de amido sobre a matéria seca ao longo do armazenamento, ou, alternativamente, o acompanhamento da matéria seca do produto, ou determinação da perda d’água por métodos gravimétricos, o que possibilitaria uma associação com os resultados indicados na Figura 3b. Vitamina C Total O teor de vitamina C total também foi influenciado pela adição de antioxidantes aos tubérculos (Figura 4). O ácido eritrórbico é isômero do ácido ascórbico e pode ter causado alguma distorção na análise de vitamina C total. Observa-se que a curva com menor concentração de vitamina C total é a dos tubérculos tratados com 2% de ácido cítrico, única que não sofreu imersão em ácido eritrórbico. Além disso, a adição de antioxidantes pode prevenir a oxidação da vitamina C presente naturalmente na batata. De acordo com Davey et al. (2000), batatas apresentam teores de vitamina C que variam entre 100 e 300 mg kg-1 MF. Estes valores podem variar de acor998 do com a cultivar, com as práticas agrícolas, colheita e condições de armazenamento. O teor de vitamina C encontrado neste experimento em batatas intactas da cultivar Ágata, classificação “primeirinha”, foi de 220,9 mg kg-1 MF, dentro do intervalo proposto pelo autor. Os valores encontrados em batatas minimamente processadas, tratadas com antioxidantes, situaram-se acima deste intervalo. Verificou-se que no dia do processamento todos os tratamentos diferiam entre si, sendo que batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa apresentavam o maior teor de vitamina C (587,14 mg Kg-1 MF), seguindo-se o tratamento com combinação de antioxidantes armazenado sob atmosfera passiva (524,07 mg kg-1 MF), tratamento com 3% de ácido eritrórbico (437,76 mg kg-1 MF) e 2% de ácido cítrico (323,55 mg kg-1 MF). Batatas tratadas com a combinação de antioxidantes e armazenadas sob atmosfera modificada ativa sofreram redução nos teores de vitamina C total ao terceiro dia de armazenamento, com posterior acúmulo até o nono dia. Os tratamentos com antioxidantes isolados, 2% de ácido cítrico e 3% de ácido eritrórbico, também apresentaram acúmulo de vitamina C com o tempo, com aumento de até 16,0% em seus teores (Figura 4). O tratamento onde se combinou os antioxidantes sob atmosfera modificada passiva foi o único que apresentou diminuição da vitamina C total (14,5%), mas ainda assim permaneceu com valor 2,3 vezes superior ao das batatas intactas. Batatas minimamente processadas são capazes de reter, total ou parcialmente, seu teor inicial de vitamina C, considerando que as perdas decorrentes de processos de oxidação são compensadas pelo aumento na biossíntese de ácido ascórbico (TUDELA et al., 2002). Esse aumento pode estar correlacionado com a maior atividade da enzima Lgalactono-g-lactona dehidrogenase (GLDH) em tecidos de batata injuriados, a qual catalisa o passo final da biossíntese de ácido ascórbico (OBA et al., 1994) e poderia ser resultado da maior necessidade de poder antioxidante em nível celular para fazer frente ao estresse provocado pelo processamento mínimo (TUDELA et al., 2003). Além disso, o aumento da atividade respiratória provocado pelo processamento mínimo leva à degradação do amido, com acúmulo de glicose, substrato requerido no processo de síntese de ascorbato (NOCTOR; FOYER, 1998). Prasanna et al. (2000) observaram que o pico respiratório ou climatérico em maçãs durante o amadurecimento coincide com seu teor máximo de ácido ascórbico, o que reforça uma possível correlação entre degradação do amido, aumento dos açúcares totais e síntese de ascorbato. Comportamento semelhante foi observado para tubérculos tratados com 2% de ácido cítrico, que a partir do terceiro dia de armazenamento apresentou redução nos teores de amido e aumento nos teores de açúcares solúveis totais e na vitamina C total, simultaneamente (Figuras 3 e 4). O teor de vitamina C em um alimento deve incluir os teores de ácido ascórbico e deidroascórbico, uma vez esta última forma pode ser facilmente convertida na primeira no organismo humano. O ácido deidroascórbico pode ser oxidado irreversivelmente a ácido dicetogulônico, sem qualquer atividade de vitamina C (PARVIAINEN; NYYSSONEN, 1992), o que significaria na prática a perda de valor nutricional. A oxidação do ascorbato pela ascorbato oxidase aumenta em condições de estresse, exposição a patógenos, altas temperaturas, íons metálicos e agentes químicos (LEE; KADER, 2000). Portanto, o teor de vitamina C em batatas minimamente processadas é resultante de processos biossintéticos e degradativos que ocorrem simultaneamente. No estudo apresentado, deve-se considerar a possibilidade da ocorrência de síntese de ascorbato em resposta ao estresse oxidativo e ao efeito da aplicação de antioxidantes na determinação da vitamina C total. Vale ressaltar que o método empregado para análise desta variável refere-se a materiais com teores baixos de vitamina C (50-400 mg kg-1 MF), não sendo adequado para fontes mais ricas do nutriente. Como alguns tratamentos ultrapassaram os valores recomendados, outros métodos devem Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas ser utilizados para confirmação dos resultados mais elevados. A utilização da técnica de cromatrografia líquida de alto eficiência (TUDELA et al., 2002) para determinação de ácido ascórbico e ácido deidroascórbico seria interessante para elucidação das possíveis interferências causadas pelos antioxidantes e para acompanhamento mais rigoroso dos processos biossintéticos e degradativos que envolvem o ascorbato nos tubérculos de batata. Tudela et al. (2003) estudaram o efeito do processamento mínimo, com subseqüente armazenamento sob refrigeração, a 4°C, de batatas da cultivar Manon, sob diferentes atmosferas (ar, ar + 20% de CO2, 100% N2, e embalagem a vácuo), na atividade da enzima L-galactono- g-lactona dehidrogenase e no teor de Vitamina C. A embalagem a vácuo provou ser a melhor condição de embalagem, tendo evitado o escurecimento e retido 89,0% da Vitamina C, seguido das atmosferas 100% N2 (78,0% retenção) e 20% CO2 + ar (63,0% de retenção). Em outra série de experimentos conduzida com batatas ‘Ágata’ e ‘Monalisa’ minimamente processadas sob vácuo parcial e diferentes temperaturas de armazenamento (dados não publicados), verificou-se a eficácia deste tipo de embalagem na retenção da vitamina C, tendo sido observado acúmulo entre 49,0 e 58,4% deste nutriente ao fim dos nove dias de avaliação. Todavia, a perda de firmeza, o encharcamento da embalagem e o desenvolvimento de processos anaeróbios levando a odores desagradáveis comprometeram a aceitação do produto, o que levou à rejeição da utilização de vácuo nas embalagens. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro recebido do projeto PRODETAB (ACORDO BIRD / EMBRAPA - Projeto 019) e à ADF Agropecuária do Distrito Federal. LITERATURA CITADA AHVENAINEN, R.T.; HURME. E.U., HÄGG, M.; SKYTTÄ, E.H., LAURILA. E.K. Shelf life of pre-peeled potato cultivated, stored, processed by various methods. Journal of Food Protection, v.61, p.591-600, 1998. 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Alberto Lamego, 2000, Parque Califórnia, 28013-600, Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT A quantificação da divergência genética entre acessos de bancos de germoplasma baseada em descritores permite a indicação de potenciais genitores a serem utilizados em programas de melhoramento, entre outros resultados de interesse para o melhorista. Para estudos de divergência genética, a análise multivariada, incluindo os métodos de aglomeração, tem sido amplamente empregada. Este trabalho teve como objetivos caracterizar e quantificar a divergência genética entre acessos de tomateiro, por meio de métodos de agrupamento. O experimento foi conduzido em 2001, em Campos dos Goytacazes, RJ., em condições de campo. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com 70 acessos, três repetições e 16 plantas por parcela. Vinte descritores de caracterização e cinco de avaliação foram considerados. Houve diferença significativa entre os acessos para número total, peso total, número médio, e peso médio de frutos; comprimento e diâmetro do fruto; número de dias para germinação; número de dias para frutificação; número de flores por inflorescência; teor de sólidos solúveis; número de lóculos e número de dias para florescimento, indicando a presença de variabilidade entre os acessos. O agrupamento pelo Método Hierárquico do Vizinho Mais Próximo, detectou a formação de dois grupos, baseado no número de dias para germinação. O grupo 1 reuniu os acessos com germinação em 10 dias e o grupo 2 foi composto pelos acessos que germinaram em sete dias. O subagrupamento dos grupos 1 e 2 permitiu a detecção de sete subgrupos no grupo 1 e cinco subgrupos no grupo 2. O Método de Otimização de Tocher possibilitou a formação de dez grupos, concordantes com os subgrupos obtidos pelo método do Vizinho mais Próximo. Cluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato accessions Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, análise multivariada, caracterização de germoplasma, recursos genéticos, pré-melhoramento. Keywords: Lycopersicon esculentum, multivariate analysis, germplasm characterization, genetic resources, pre-breeding. The quantification of the genetic divergence among accessions in a germplasm bank, based on descriptors for characterization, allows us to indicate promising parentals that can be used in breeding programs. In order to study the genetic divergence, multivariate analysis, including cluster methods has been used. The genetic divergence among tomato accessions was characterized and quantified, using cluster analysis. The experiment was carried out in 2001, in Rio de Janeiro State, Brazil, in field conditions. A randomized block design was used, with 70 accessions, three replications and 16 plants per plot. Twenty characterization and five evaluation descriptors were considered. There was significant difference among accessions for total number of fruits, total weight of fruits, mean number of fruits, mean weight of fruits, fruit length, fruit diameter, number of days for germination, days for fruit set, number of flowers per inflorescence, solid solubles, number of locules and days for flowering indicating the presence of genetic variability among accessions. Nearest neighbor method detected two groups, based on number of days for germination. Group 1 was formed by accessions with germination in 10 days while group 2 included accessions that germinated in seven days. Subgrouping from groups 1 and 2 detected seven and five subgroups for each group, respectively. Based on Tocher Method, ten groups were formed with agreement between Tocher and Nearest Neighbor. (Recebido para publicação em 1 de abril de 2005 e aceito em 16 de setembro de 2005) O estudo da diversidade genética entre acessos de bancos de germoplasma fornece informações de potenciais genitores a serem utilizados em programas de melhoramento, além do fato de que a própria caracterização dos acessos possibilita a identificação de duplicatas e o intercâmbio de germoplasma entre pesquisadores. A forma preditiva de determinar a divergência genética apresenta como principal vantagem o fato de não ser necessária a obtenção prévia de combinações 1 híbridas, como ocorre em dialelos (COIMBRA et al., 2001). O conhecimento do grau de variabilidade genética, por meio dos estudos de divergência, torna-se vantajosa no processo de identificação de novas fontes de genes de interesse (AMARAL JÚNIOR; THIÉBAUT, 1999). Outra vantgem é o fato de que, por meio da diversidade genética, pode-se indicar progenitores geneticamente distantes para cruzamentos onde se procure obter o efeito heterótico na geração híbri- da e maior probabilidade de recuperação de segregantes superiores em gerações avançadas (AMARAL JÚNIOR; THIÉBAUT, 1999; CRUZ; REGAZZI, 2001). Para estudos de divergência genética, a técnica de análise multivariada (componentes principais, variáveis canônicas e métodos de aglomeração) tem sido empregada tanto para características expressas por variáveis quantitativas quanto qualitativas, as quais são comumente utilizadas em caracteriza- Parte da tese apresentada pela primeira autora para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal na UENF em 2005 1000 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro ções/avaliações em bancos de germoplasma. O critério utilizado para a escolha do método multivariado depende do conjunto de dados, da análise a ser realizada e qual a precisão requerida (CRUZ; REGAZZI, 2001). A variabilidade genética existente no gênero Lycopersicon tem possibilitado o desenvolvimento de cultivares que atendem às mais diversas demandas do mercado de tomate para processamento e para consumo in natura (AGRIANUAL, 2002). No entanto, anos de cultivo e seleção por melhoristas têm reduzido os níveis de variação nos germoplamas elite. Esta premissa é verdadeira para plantas autógamas, as quais possuem base genética mais estreita. Por exemplo, um estudo do polimorfismo de diversas variedades de tomate demonstrou que existem menos de 5% de variação genética disponível em cruzamentos compatíveis com variedades locais e espécies silvestres (MILLER; TANKSLEY, 1990). A maioria das variedades elite são mais semelhantes do que as novas fontes de germoplasmas que estão sendo exploradas (FULTON et al., 1997). Estudos com tomate (Lycopersicum esculentum L.) e pimentão (Capsicum annuum L.), utilizando as técnicas de análise multivariada para quantificar a divergência genética, apresentaram concordância satisfatória entre as combinações divergentes e os híbridos superiores (MALUF et al., 1983; MIRANDA et al., 1988). Trabalhando com Capsicum spp., Sudré et al. (2005) demonstraram ser possível quantificar a divergência genética com base em caracteres morfoagronômicos. Estudos da dissimilaridade de 34 acessos de tomateiro, utilizando as características da fase vegetativa e de produção permitiram, pelo método de Tocher, verificar a consistência dos grupos formados, gerando 12 classes diferentes. Os dois primeiros componentes principais foram suficientes para explicar cerca de 86% da variação total disponível entre os acessos. As características menos importantes foram número de folhas definitivas e diâmetro do hipocótilo (MARIM et al., 2002). No Brasil, a caracterização morfológica de Lycopersicon spp. foi Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 realizada pela Embrapa Hortaliças por meio de 38 descritores do IPGRI, contemplando caracteres da planta e do fruto. As informações provenientes da caracterização foram lançadas em bancos de dados computadorizados (“Professional File System”), os quais têm permitido a recuperação de qualquer conjunto de informações de modo simples e eficiente (CARVALHO et al., 1999). Este trabalho teve como objetivos caracterizar 70 acessos que compõem o Banco de Germoplasma de Lycopersicon esculentum da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, utilizando 27 descritores do IPGRI (International Plant Genetic Resources Institute), e quantificar a divergência genética entre os mesmos, por meio de métodos de agrupamento. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida na UENF, localizada a 21º 45’ de latitude sul, 41º 18’ de longitude oeste e 11 metros de altitude, no município de Campos dos Goytacazes, norte do Estado do Rio de Janeiro, durante o ano de 2001. Os acessos de tomateiro (Lycopersicon esculentum L.) do Banco de Germoplasma da UENF, utilizados neste trabalho, foram cedidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRORIO), como parte do Banco Ativo de Germoplama (BAG) de tomateiro mantido pela referida instituição na Estação Experimental de Itaguaí. A semeadura foi realizada em bandejas de plástico, e, após a germinação, as plântulas foram transferidas para bandejas de poliestireno com 128 células, contendo substrato para a produção de mudas. As plantas no estádio de três a quatro folhas verdadeiras, foram transplantadas para o campo. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados contendo 70 acessos, três repetições e 16 plantas por parcela. O plantio foi estabelecido em fileiras duplas, espaçadas de 1,2 m entre linhas e 0,50 m entre plantas. Tratos culturais recomendados para a cultura foram realizados de acordo com Filgueira (2000). Com base na recomendação do IPGRI (1996), os descritores de caracterização utilizados foram peso total e peso médio dos frutos; número total e número médio de frutos; diâmetro e comprimento dos frutos, e número de lóculos por fruto. O descritor número de dias para germinação, apesar de não constar na lista do IPGRI, foi incluído na caracterização. Como descritores de avaliação foram considerados: número de dias para o florescimento; número de dias para frutificação; número de flores por inflorescência; e teor de sólidos solúveis (medido em ºBrix, com auxílio de refratômetro). Realizou-se a análise de variância univariada e, para o estudo da divergência genética entre os acessos, foram empregadas as Análises Multivariadas por meio de Métodos de Agrupamento. Para tanto, foi utilizada a Distância Generalizada de Mahalanobis como medida de dissimilaridade e, para a obtenção dos grupos, utilizou-se o Método Hierárquico do Vizinho Mais Próximo e o Método de Otimização de Tocher. As análises foram conduzidas utilizando-se os recursos computacionais do programa GENES (CRUZ, 2001), seguindo-se os modelos descritos por Cruz e Regazzi (2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises de variâncias univariadas revelaram diferenças significativas entre as médias dos acessos em nível de 1% de probabilidade, pelo teste F, para número total de frutos (NTF), peso total de frutos (PTF), número médio de frutos (NMF), peso médio de frutos (PMF), comprimento do fruto (COM), diâmetro do fruto (DIA), número de dias para germinação (DGE), número de dias para frutificação (DFR), número de flores por inflorescência (NFI), teor de sólidos solúveis (TSS) e número de lóculos por fruto (LOC). Número de dias para o florescimento (DFL) apresentou diferença significativa em nível de 5% de probabilidade pelo teste F. Estes resultados indicam, para todas as características, a presença de variabilidade entre os acessos. A análise de agrupamento pelo Método Hierárquico do Vizinho Mais Pró1001 M. Karasawa et al. Figura 1. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 70 genótipos de tomateiro, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com base em 12 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001. ximo, baseada na distância generalizada de Mahalanobis, é subjetiva e pode gerar alguma dificuldade na tomada de decisão quanto ao número de grupos gerados, pois não há um critério definido para determiná-los, e qualquer inferência rígida sobre este número pode não ser produtiva. Por outro lado, a fácil interpretação e simplicidade são importantes nas análises dos dados. Alguns pesquisadores sugerem o estabelecimento de um exame visual de pontos onde ocorram altas mudanças de níveis, possibilitando a delimitação dos grupos (CRUZ, 1990). Realizando-se o corte do dendrograma (Figura 1) considerando 55% de dissimilaridade, detectou-se a formação de dois grupos. No grupo 1, estão os acessos com germinação em 10 dias e, no grupo 2, os acessos com sete dias para germinar. A técnica de agrupamento minimiza a variabilidade dentro do grupo. Entretanto, se a estimativa de distância entre pares de indivíduos dentro do grupo é 1002 de elevada magnitude, justifica-se o subagrupamento (ABREU et al., 2004). Com a finalidade de se obter maiores informações a respeito dos acessos, distribuídos conforme o número de dias para germinação, realizaram-se novas análises de agrupamento dentro de cada grupo, com corte aproximado de 55%, proporcionando a obtenção de novos subgrupos (Figuras 2 e 3). Observa-se no dendrograma obtido para o grupo 1 (Figura 2), a formação de sete subgrupos (1.1, 1.2, 1.3, 1.4, 1.5, 1.6 e 1.7). O subgrupo 1.1 registrou o maior número de acessos, perfazendo um total de 34 genótipos, os quais produziram frutos de tamanho pequeno a intermediário, bi e multiloculados, com variação entre 06 e 52 frutos, peso médio de 11 a 65 g, diâmetro de 25 a 56 mm e 61 a 114 dias para frutificação. O subgrupo 1.2 foi representado apenas pelo acesso UENF211, que produziu uma média de 08 frutos multiloculados, com tamanho de 31 mm de comprimento e 51 de diâmetro, com peso médio aproximado de 45 g e diâmetro de 51,16 mm. O acesso UENF154 formou o subgrupo 1.3, produzindo uma média de 44 frutos triloculados, redondos, de tamanho pequeno, com peso médio de 24,38 g, 46,52 mm de diâmetro e frutificação em 107 dias. Apenas o acesso UENF196 constituiu o subgrupo 1.4, com média de 06 frutos de tamanho intermediário, multiloculados, peso médio de 75,03 g, diâmetro de 57,69 mm e frutificação em 102 dias. O subgrupo 1.5 constituiu-se pelo acesso UENF197, que produziu frutos multiloculados, de tamanho intermediário, com peso médio de 89 g, e diâmetro de 60,84 mm. O subgrupo 1.6 foi composto pelo acesso UENF157, o qual produziu em média 21 frutos biloculados, de tamanho pequeno, apresentando peso médio de 27,40 g, diâmetro de 36,90 mm e 97 dias para frutificação. O acesso UENF165 ficou isolado no subgrupo 1.7, revelando elevada produção média de frutos (70 frutos), biloculados, de tamanho pequeno, com baixo peso médio (9,86 g), diâmetro de 29,66 mm e frutificação em 98 dias. No grupo 2 (Figura 3), formaram-se cinco subgrupos (2.1, 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5). O subgrupo 2.1 constituiu-se pelo maior número de acessos, totalizando 26 genótipos, os quais apresentaram uma ampla faixa na produção média de frutos, compreendendo valores entre 13 a 75 frutos bi e multiloculados, de tamanho pequeno, com diâmetro variando de 26 a 49 mm e frutificação entre 91 a 107 dias. Dentro do subgrupo 2.2, o acesso UENF161, único representante, produziu frutos multiloculares, de tamanho intermediário, com 50,8 mm de diâmetro e frutificação em 105 dias. O acesso UENF210, presente no subgrupo 2.3, produziu 107 frutos de tamanho pequeno, multiloculados, com diâmetro médio de 46,61 mm e 103 dias para frutificação. Representado pelo acesso UENF155, o subgrupo 2.4 teve produção de frutos pequenos, triloculados, com diâmetro de 25,72 mm e 92 dias para frutificação. No subgrupo 2.5, comHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro posto pelo acesso UENF208, registrouse a produção de frutos pequenos, multiloculados, com diâmetro chegando a 47 mm e frutificação em 108 dias. Conforme Abreu et al. (2002), acessos alocados nos últimos grupos, quando comparados com os primeiros grupos, revelam maior divergência, sendo possível sua utilização em programas de cruzamentos entre grupos mais produtivos. A análise de agrupamentos pelo Método de Otimização de Tocher possibilitou a formação de onze grupos. O grupo I englobou o maior número de genótipos, totalizando 30 acessos, com germinação em 10 dias, produção entre 09 e 52 frutos bi e multiloculados, peso médio de 11 a 53 g e diâmetro de 25 a 55 mm. O grupo II foi representado por 22 acessos, os quais tiveram germinação com sete dias, número total de frutos variando entre 13 e 74 frutos, bi, tri e multiloculados, peso médio de 13 a 41 g e 36 a 49 mm de diâmetro. O grupo III foi composto pelos acessos UENF201, UENF202 e UENF160, que germinaram com sete dias, produziram de 44 a 61 frutos com fenótipo biloculado, com 10 a 13 g de peso médio e diâmetro de 26 a 33 mm. Os acessos UENF178, UENF180, UENF197 e UENF196, do grupo IV, germinaram com 10 dias, produziram frutos com peso médio variando entre 37 a 89 g, multiloculados e com 47 a 61 mm de diâmetro. O grupo V foi composto pelos acessos UENF161, UENF210 e UENF208, que apresentaram sete dias para germinação, frutos multiloculados, com peso médio de 25 a 52 g e diâmetro variando entre 47,40 e 52,63 mm. O grupo VI constituiu-se pelos acessos UENF211 e UENF224, representando os genótipos que germinaram com 10 dias, de frutos multiloculados e que produziram, respectivamente, 08 e 11 frutos por planta, com peso de 44,88 e 64,62 g e diâmetro de 51,16 e 55,98 mm. Os acessos UENF154 e UENF179, que compõem o grupo VII, germinaram com 10 dias, produziram 44 e 17 frutos biloculados com peso médio de 24,38 e 34,17 g e 46,52 e 42,38 mm de diâmetro, respectivamente. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 2. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 40 genótipos de tomateiro com 10 dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com base em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001. Figura 3. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 30 genótipos de tomateiro com sete dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com base em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001. O acesso UENF157 único componente do grupo VIII germinou com 10 dias, produziu em média 21 frutos triloculados por planta, com peso médio de 27,40 g e 36,90 mm de diâmetro. O acesso UENF165 apresentou-se no grupo IX, expressando germinação com 10 dias, produção média de 70 frutos biloculares, com peso médio de 9,86 g e diâmetro de 26,96 mm. O grupo X, composto pelo acesso UENF215, germinou com oito dias, produziu em média 22 frutos por planta, com 39 mm de comprimento, 47 mm de diâmetro e quatro lóculos. O acesso UENF155, representante do grupo XI, teve germinação com sete dias, produção média de 90 frutos biloculados, com peso médio de 7,56 g e diâmetro de 25,72 mm. Comparando-se a formação dos grupos pelos métodos Vizinho Mais Próximo (Figura 1) e Tocher (Tabela 1), observa-se que o grupo I do Vizinho Mais Próximo, obtido pelo agrupamento dos acessos que apresentaram 10 dias para germinação, envolve os grupos I, IV, VI, VII, VIII e IX, gerados pelo método de Tocher. Por outro lado, o grupo II, referente aos acessos com germinação obtida em sete dias, envolve os demais grupos obtidos pelo método de Tocher, quais sejam: II, III, V e X. Analisando-se os subgrupos obtidos pelo método do Vizinho Mais Próximo, 1003 M. Karasawa et al. Tabela 1. Grupos estabelecidos pelo Método de Otimização de Tocher, com base em 12 características quantitativas avaliadas em 70 genótipos de tomateiro. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001. Grupos Acessos I UENF104, UENF168, UENF188, UENF221, UENF174, UENF182, UENF222, UENF159, UENF166, UENF206, UENF175, UENF216, UENF156, UENF140, UENF187, UENF217, UENF209, UENF218, UENF200, UENF225, UENF163, UENF223, UENF181, UENF191, UENF170, UENF184, UENF213, UENF190, UENF210b, UENF198 II UENF172, UENF219, UENF158, UENF204, UENF176, UENF205, UENF199, UENF214, UENF203, UENF193, UENF164, UENF167, UENF171, UENF186, UENF212, UENF162, UENF185, UENF195, UENF194, UENF169, UENF173, UENF177 III UENF201, UENF202, UENF160 IV UENF178, UENF180, UENF197, UENF196 V UENF161,UENF210, UENF208 VI UENF211, UENF224 VII UENF154, UENF179 VIII UENF157 IX UENF165 X UENF215 XI UENF155 formados de acordo com 10 ou sete dias para germinação, e o método de Tocher, observa-se elevada semelhança na formação de grupos. Visualiza-se, pela Figura 2 e Tabela 1, que o subgrupo 1.1 compreende os grupos I e VI de Tocher, envolvendo também os acessos UENF178 e UENF180 do grupo IV. Os subgrupos 1.2 e 1.4 correspondem, respectivamente, aos acessos UENF197 e UENF196 (Figura 2), remanescentes do grupo IV (Tabela 1). Já os acessos UENF154 e UENF157 do grupo VII de Tocher (Tabela 1) foram configurados nos subgrupos 1.3 e 1.5, respectivamente. Completando os resultados envolvendo acessos com 10 dias para germinação, verificou-se que os subgrupos 1.6 e 1.7, do Vizinho Mais Próximo (Figura 2), compreendem os respectivos grupos VIII e IX, presentes no método de Tocher (Tabela 1). Com relação ao subgrupo envolvendo acessos que apresentaram sete dias para germinação (Figura 3), registrouse elevada similaridade em relação aos dados obtidos por Tocher (Tabela 1), sendo que o subgrupo 2.1 envolveu os grupos II e III, enquanto o grupo X foi representado pelo subgrupo 2.4. Os acessos UENF161, UENF210 e UENF208, presentes no grupo V (Tabela 1), apresentaram-se isolados nos 1004 resultados expressos pela análise do Vizinho Mais Próximo, conferindo a formação dos respectivos subgrupos 2.2, 2.3 e 2.5 (Figura 2). Os dados obtidos revelaram elevada concordância na formação de grupos entre os acessos estudados, tanto pelo método de Tocher quanto pelo Vizinho Mais Próximo. Concordância entre métodos de agrupamento foi verificada para pimentas e pimentões (SUDRÉ et al., 2005), e feijão de vagem (ABREU et al., 2004). O método do Vizinho Mais Próximo possibilitou a formação de grupos, de acordo com o número de dias para germinação. Considerando-se que a análise multivariada possibilita a predição da heterose, alguns cruzamentos podem ser sugeridos, seguindo-se o princípio de se cruzar os acessos mais distantes e com melhores características agronômicas (SUDRÉ et al., 2005). Com base nos resultados obtidos neste trabalho, recomendam-se os cruzamentos entre os acessos UENF155 x UENF175 e UENF 155 x UENF222. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Dra. Maria Luíza de Araújo da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO) pela cessão das sementes dos acessos utilizados neste trabalho e à FAPERJ pela concessão da bolsa para a primeira autora do trabalho. LITERATURA CITADA ABREU, F.B.; MARIM, B.G.; MANDELLI, M.S.; GUIMARÃES, M.A.; BELFORT, G.; SILVA, D.J.H. Divergência genética entre acessos de tomateiro do Banco de Germoplasma de Hortaliças da UFV, baseada em descritores de fruto. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.2, jul.2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresentado no 42º Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002. ABREU, F.B. LEAL, N.R.; RODRIGUES, R.; AMARAL JR., A.T; SILVA, D.J.H. Divergência genética entre acessos de feijão-de-vagem de crescimento indeterminado. 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Postal 593, 38400-902 Uberlândia-MG; E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; 2ILES, ULBRA, Itumbiara-GO RESUMO ABSTRACT Avaliou-se o desenvolvimento das espécies de plantas medicinais, aromáticas e condimentares Mentha piperita (hortelã-pimenta) e Melissa officinalis (melissa) em diversas concentrações de solução nutritiva em sistema hidropônico NFT. Os experimentos foram implementados em ambiente protegido sendo as espécies semeadas em espuma fenólica com dimensões de 2,5x2,5x3 cm, com 3 sementes por cubo, irrigadas diariamente com água até a germinação e, posteriormente com solução nutritiva diluída em 50%. Após 15 dias para a melissa e 16 dias para a hortelã-pimenta, as mudas foram transferidas para as bancadas de desenvolvimento onde receberam solução nutritiva diluída em 75% por 12 dias, sendo as mudas posteriormente transplantadas para as bancadas de cultivo onde foram submetidas às concentrações da solução nutritiva até o momento da colheita. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema de parcelas subdivididas. As concentrações da solução nutritiva (I – 50%, II – 75%, III – 100%, IV – 125%) foram sorteadas nas parcelas e nas subparcelas avaliando-se o efeito da posição das plantas nos perfis hidropônicos (I - inicial, II - intermediária e III - final), totalizando 12 tratamentos, para cada espécie. Cada posição continha 5 conjuntos de plantas sendo utilizadas 3 repetições por tratamento. Foram avaliados a altura das plantas, número de folhas e brotos, peso fresco e seco, tanto da parte aérea quanto de raiz. Com relação à posição das plantas nos perfis, foi observada interação significativa entre os tratamentos para número de folhas e peso seco para menta e melissa, respectivamente, onde a posição inicial revelou ser o melhor tratamento. Ainda para melissa foi observada diferença significativa entre as posições para altura das plantas, peso fresco de raiz e peso fresco e seco de folhas, com a posição inicial tendo os maiores valores, apesar de não diferir significativamente da posição mediana. Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm) development in different concentrations of nutritive solution Palavras-chave: Mentha piperita, Melissa officinalis, nutrição de plantas, hidroponia. Keywords: Mentha piperita, Melissa officinalis, plants nutrion, hidropony. The development of two medicinal, aromatic and condimentar species, Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm) was evaluated in different concentrations of nutritive solution in a NFT hidroponic system of cultivation. Three seeds of these two species were sowed on a fenolical spume (2,5x2,5x3 cm), and irrigated daily with water up to the germination and later with a nutrient solution diluted to 50%. After a period of 15 and 16 days for balm and peppermint, respectively, seedlings were transferred to the development workbenches made with polypropylene channels and received the nutrient solution diluted to 75% during 12 days. After this period, plants were transferred to cultivation on workbenches with different concentrations of nutritive solution until the harvest. The experimental design was conducted completely randomized on split-splot scheme, the concentration of nutrient solution being (I - 50%, II - 75%, III 100%, IV - 125%) located on the plot and the position of plants in the channels (I - initial, II - intermediary, III - final) on the subplot with a total of three replications per treatment. A total of five plants was used in each position. The evaluated variables were plant height, number of leaves and buds, fresh and dry weight of leaves and roots. Analyzing the position of plants in the channels it was possible to observe significant interaction between treatments and in the number and leaves dry weight of balm and peppermint, respectively, the initial position being the best treatment in terms of plant growth. For balm were observed significant differences between the positions of plants in the channels in relation to plant height, root fresh weight and leaves fresh and dry weight, with the initial position having the higher values, despite of having no significant differences when compared with the intermediary position. (Recebido para publicação em 14 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005) O cultivo hidropônico de plantas no Brasil tem crescido nos últimos anos. No entanto, esta técnica ainda é pouco conhecida por parte dos agricultores tradicionais, dificultando a adoção deste sistema de produção. Entretanto, sabe-se que a técnica de cultivo hidropônico é bastante promissora (JESUS FILHO, 2000) e deverá se expandir nos próximos anos. 1006 Os produtores de cultivos hidropônicos vêm buscando novas alternativas para uso em hidroponia, sendo as hortaliças folhosas e as espécies condimentares, aromáticas e medicinais boa opção, principalmente em função da demanda do mercado consumidor por produtos livres de agrotóxicos. O cultivo hidropônico sob cultivo protegido reduz muito o uso de agrotóxico oferecendo um produto de melhor qualidade para o público consumidor. A crescente exigência dos principais mercados por produtos de boa qualidade e de origem certificada, produzidos sem agressões ao ambiente, vêm oferecendo vantagens adicionais para o uso de hidroponia, principalmente quando se cultivam plantas de interesse farmacêutico. Segundo Maranca (1986) o gênero Mentha, comumente conhecido como Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis hortelãs, compreende espécies com ação medicinal, sendo conhecidas, principalmente, pelo sabor característico e aroma refrescante. Mentha piperita Linn., conhecida popularmente por hortelã-pimenta é uma erva vivaz ou perene, com caule ramificado, contendo folhas opostas pecioladas ovais e com margem serrilhada, apresentando cor verde mais escura na face superior da folha e mais pálida na inferior. Matos (1998) cita essa espécie como produtora de óleo essencial rico em mentol, mentona e mentofurano, sendo estes compostos mais abundantes nas folhas. O óleo tem propriedades antiespasmódica, antiinflamatória, antiúlcera e antiviral, sendo de grande importância econômica na indústria farmacêutica. Além do uso farmacêutico, que exige matéria prima de boa qualidade (SCHILCHER, 1988), o mentol destaca-se como matéria prima importante na indústria de tabaco e de produtos destinados à higiene bucal e confeito. Plantas cultivadas em solução nutritiva poderão apresentar rendimento de óleo essencial até cinco vezes superior aos encontrados em plantas conduzidas em cultivos convencionais. O teor de mentol encontrado nas plantas oriundas do cultivo hidropônico é superior ao encontrado em plantas cultivadas em solo, evidenciando que a maior ou menor disponibilidade de determinados nutrientes pode alterar rotas bioquímicas específicas, que, por sua vez, irão produzir componentes do óleo essencial em proporções diferentes, resultando em óleos com qualidades distintas (MAIA, 1998). Mairapetyan (1984 apud MAIA, 1998) mostrou que é possível a produção de até cinco vezes mais óleo essencial em cultivos com solução nutritiva do que na mesma área de solo, obtendo-se óleo com até 60% de mentol, enquanto as plantas cultivadas em solo produziram óleo com apenas 49% de mentol. Conhecida popularmente por melissa e/ou erva-cidreira verdadeira, Melissa officinalis L., é uma planta herbácea anual, de caule ramificado a partir da base, formando touceiras de 40 a 60 cm de diâmetro. As folhas grandes (5 a 8 cm) são pecioladas, de forma oval, serrilhadas nas pontas, com nervura saHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 1. Posição das plantas no perfil hidropônico. Uberlândia, UFU, 2002. liente e reticuladas na face inferior (CORRÊA JUNIOR et al., 1991). De acordo com Tekel et al. (1997), as folhas secas de melissa são utilizadas para chá e condimento. O óleo essencial das folhas é largamente utilizado pela indústria farmacêutica, por possuir atividade antioxidativa, antibiótica, antifúngica, antibacteriana e sedativa. Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o desenvolvimento da hortelãpimenta e da melissa em diferentes concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram instalados na Universidade Federal de Uberlândia, de 21/08/20 a 01/11/2002, em um túnel de vegetação de 5,5x21x3,5 m, com cobertura superior de filme plástico agrícola com espessura de 150 micras. Lateralmente o túnel era fechado com tela de sombreamento de 50%. O delineamento utilizado para cada experimento foi o inteiramente casualizado em esquema em parcelas subdivididas. Avaliou-se nas parcelas o efeito das concentrações da solução nutritiva (I - 50%; II - 75%; III - 100%; IV - 125%) utilizadas durante a fase de crescimento e nas sub-parcelas o efeito da posição da planta no perfil hidropônico (I - inicial; II - intermediária e III – final). A posição inicial do canal correspondia a parte mais próxima da entrada da solução nutritiva (Figura 1). Foram utilizadas três repetições e cinco plantas em cada posição com um total de 12 parcelas e 36 sub-parcelas. Utilizou-se a solução nutritiva (g/ 1000 L de solução), proposta por Furlani et al. (1999): nitrato de cálcio, 750; nitrato de potássio, 500; fosfato monoamônio (MAP), 150; sulfato de magnésio, 400; sulfato de cobre, 0,15; sulfato de zinco, 0,50; sulfato de manganês, 1,50; ácido bórico, 1,50; molibdato de sódio, 0,15 e tenso-Fe® (FeEDDHMA-6% Fe.), 30. As duas espécies foram semeadas em placas de espuma fenólica e irrigadas com a solução nutritiva diluída em 50%. Aos 26 dias após a semeadura, as mudas foram transferidas para a bancada de desenvolvimento sendo utilizada, nesta fase, solução nutritiva diluída em 75%. As mudas permaneceram na bancada de desenvolvimento por um período de 12 dias, quando foram transferidas para as bancadas de crescimento, e submetidas à irrigação com as quatro concentrações de solução nutritiva. O ponto de colheita das plantas foi determinado em função do tamanho comercial. Neste estádio foram avaliadas as características de altura de plantas, número de folhas, número de brotos, massa fresca e seca da parte aérea e raiz. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística de variância e poste1007 L. L. Haber et al. Figura 2. Crescimento das plantas de Mentha piperita nas diferentes concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002. Tabela 1. Médias das características avaliadas para a M. officinalis, submetidas a diferentes concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002. Altura (cm) PFR (g) PFPA (g) PSPA (g) Inicial 31,66 a 81,12 a 84,73 a 3,66 a Intermediária 31,43 a 76,58 a 71,87 ab 3,36 ab Final 27,64 b 59,73 b 62,50 b 2,81 b Média 30,24 72,48 73,03 3,28 16,292 16,900 16,395 CV (%) 8,138 PFR – Peso fresco da raiz; PFPA – Peso fresco da parte aérea; PSPA – Peso seco da parte aérea; *Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 2. Interação entre concentração da solução nutritiva e posição das plantas nos canais, para peso seco da raiz de plantas de melissa. Uberlândia, UFU, 2002. Posição Concentração (%) 50 75 100 125 Inicial 12,69 a 14,78 a 13,11 a 11,76 a Intermediária 10,56 ab 8,63 b 11,96 ab 9,97 a 7,67 b 13,91 a Final Média (g) 10,30 27,32 8,50 b 11,19 8,83 a 10,19 *Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (Pd” 0,05). riormente análise de regressão para as concentrações da solução nutritiva e teste de Tukey para as posições nos canais, com auxílio do programa SANEST (ZONTA; MACHADO, 1984). RESULTADOS E DISCUSSÃO Hortelã-pimenta Foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre as concentrações da solução nutritiva no que se refere à altura das plantas (Figura 2), com aumento significativo da altura 1008 quando utilizaram-se concentrações de 75 e 100% (máximo em 85,61%), decrescendo a partir deste ponto. A concentração de 125% resultou em menor altura. Para alfavaca e cebolinha, nas mesmas concentrações da solução nutritiva utilizada neste trabalho, Santos et al. (2002a; 2002b) observaram que as concentrações de 50 e 125% proporcionaram a menor altura de plantas e a menor produção de matéria fresca de folhas, respectivamente, com concentrações extremas interferindo de maneira negativa. Resultados semelhantes a estes foram observados também na cultura da alface, onde constatou-se que o peso fresco da alface foi menor nos extremos de condutividade elétrica (PEREIRA, 2002). Estes resultados evidenciam que concentrações extremas (maior e menor concentração) influenciam negativamente o desenvolvimento, possivelmente pela variação da pressão osmótica da solução, que influencia na absorção de nutrientes. Somente para número de folhas foi observada interação significativa entre a posição das plantas nos canais de cultivo e as concentrações da solução, com diferença significativa apenas na concentração de 50%, com a posição mediana apresentando plantas com menor número médio de folhas. Estes resultados ocorreram, provavelmente devido a um sombreamento ocasionado pelas plantas de Melissa officinalis, afetando as plantas de hortelã-pimenta. Para as demais características (peso fresco e seco de raiz, peso fresco e seco de folhas, e número de brotos) não foi observada diferença estatística significativa entre os tratamentos. Melissa Para as características altura de plantas, peso fresco e seco da parte aérea e da raiz, houve influência da posição no canal de cultivo. Em nenhuma das características avaliadas ocorreu influência das concentrações da solução nutritiva, entretanto houve interação dessa com a posição da planta no canal de cultivo para peso seco da raiz. Analisando as características altura de plantas, peso fresco de raiz e peso fresco e seco da parte aérea, observouse diferença significativa entre as posições das plantas nos canais de cultivo (Tabela 1), com melhor desempenho das plantas cultivadas na posição inicial, as quais diferiram significativamente das plantas cultivadas na posição final. Esses resultados refletem uma melhor absorção de nutrientes da solução nutritiva, pelas plantas localizadas no início dos canais. Quanto à interação entre as concentrações da solução nutritiva e a posição das plantas nos canais de cultivo para a matéria seca da raiz (Tabela 2), foram observadas nas concentrações de 50 e Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis 100%, diferenças significativas entre as posições inicial e final, com maior produção de matéria seca na posição inicial, sendo que na concentração de 75% a posição intermediária apresentou a menor produção de matéria seca, diferindo significativamente das demais. Na concentração 125% não houve diferença entre as posições, provavelmente pelo fato desse tratamento possuir maior concentração de nutrientes, reduzindo a competição entre plantas ao longo dos canais. Estes resultados podem ser explicados de maneira semelhante aos observados para as características altura de plantas, peso fresco e seco da parte aérea, e peso fresco de raiz. Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre as diferentes concentrações para a variável desenvolvimento das plantas. Schmidt et al. (2001), avaliando o desempenho de diferentes concentrações de soluções nutritivas para o cultivo da alface, verificaram que não ocorreram diferenças significativas entre as concentrações de 50 e 100% das soluções de Castellane e Araújo (1995) e Furlani (1995) no cultivo da alface. No cultivo da alfavaca, realizado nas mesmas condições deste trabalho, Santos et al. (2002b) observaram diferença entre as concentrações da solução nutritiva, sendo que a melhor concentração para altura de plantas foi de 100%. Maior número de folhas foi obtido na concentração de 75%, sendo que o maior peso seco de folhas foi observado na concentração de 125%, concluindo que as plantas tiveram um bom Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 desenvolvimento em todas as concentrações. Baseando-se nos resultados encontrados conclui-se que o cultivo de Melissa officinalis em sistema hidropônico - NFT pode ser feito com a solução de Furlani et al. (1999), na concentração de 100% com ponto de colheita antecipado em relação ao campo, porém com a altura da planta reduzida a 30 cm. O cultivo de Mentha piperita pode ser feito com a solução de Furlani et al. (1999), na concentração reduzida a 85%, com redução do ciclo da cultura em 20 dias, quando comparado às condições de campo. Concentrações extremas, como 50 e 125% da referida solução interferem negativamente no crescimento de plantas de Mentha piperita, não sendo recomendadas para o seu cultivo. LITERATURA CITADA CORRÊA JUNIOR, C.; MING, L.C.; SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. Curitiba: EMATERPARANA, 1991. 151 p. FURLANI, P.R.; SILVEIRA, L.C.P.; BOLONHEZI, D.; FAQUIM, V. Cultivo hidropônico de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1999. 52 p. (Boletim técnico 180). JESUS FILHO, J.D. Hidroponia de plantas aromáticas, condimentares e medicinais. São Paulo: Vídeo Par, 2000. 27 p. (Manual técnico). MAIA, N.B. Produção e qualidade do óleo essencial de duas espécies de menta cultivadas em soluções nutritivas. 1998. 105 f. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz, Universidade Estadual de São Paulo, Piracicaba. MARANCA, G. Plantas aromáticas na alimentação. São Paulo: Nobel, 1986. MATOS, F.J.A. Farmácias vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. 3ed. Fortaleza: EUFC, 1998. 2201 p. PEREIRA, C. Incidência de queima de bordos em alface cultivada em sistema hidropônico - NFT. 2002. 88 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília. SANTOS, J.E.; LUZ, J.M.Q.; HABER, L.L.; FURLANI, P.R.; BATISTA, A.M.; MARTINS, S.T. Diferentes concentrações de solução nutritiva para a cultura da cebolinha (Allium fistulosum) em sistema de cultivo hidropônico. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.2, Suplemento 1, p. 300, Julho, 2002a. SANTOS, J.E.; LUZ, J.M.Q.; HABER, L.L.; FURLANI, P.R.; BATISTA, A.M.; MARTINS, S.T.; SILVA, A.P.P. Diferentes concentrações de solução nutritiva para a cultura de alfavaca (Ocimum basilicum) em sistema de cultivo hidropônico. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.2, Suplemento 1, p.358, Julho, 2002b. SCHMIDT, D.; SANTOS, O.S.; BONNECARRÈRE, R.A.G., MARIANI, O.A. MANFRON, P.A. Desempenho de soluções nutritivas e cultivares de alface em hidroponia. Horticultura Brasileira, Brasília, v.19, n.2, p.122126, Julho, 2001. SCHILCHER, H. Quality requirements and quality standards for medicinal, aromatic and spices plants. In: International Symposium on heavy metals and pesticides residues in medicinal, aromatic and spice plants, Novi Sad, 1985. 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Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes espaçamentos entrelinhas e entre plantas sobre as características produtivas e o armazenamento de bulbos de cebola, conduziu-se um experimento de setembro de 1999 a março de 2000, em Petrolina. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, no esquema fatorial 2x3, compreendendo dois espaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15 m) e três espaçamentos entre plantas (0,10, 0,20 e 0,30 m), sendo utilizada a cultivar Alfa Tropical com quatro repetições. Foram encontradas reduções lineares na produtividade comercial com o aumento do espaçamento entre plantas, tendo o espaçamento com 0,10 m propiciado os maiores rendimentos. Uma redução gradativa na produção de bulbos não comerciais foi verificada à medida que se aumentou o espaçamento entrelinhas e plantas. A massa fresca dos bulbos aumentou linearmente à medida que se aumentaram os espaçamentos entrelinhas e entre plantas. Foi verificada maior porcentagem de bulbos pequenos e médios nos menores espaçamentos. À medida que se incrementou o espaçamento entre plantas ocorreu maior perda de massa fresca dos bulbos de cebola até 60 dias de armazenamento. Pelos resultados obtidos em função das diferentes características avaliadas, recomenda-se os espaçamentos de 0,10 ou 0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plantas como os mais adequados para o cultivo da cebola cultivar Alfa Tropical, nas condições do Vale do São Francisco, para plantio no segundo semestre do ano. Yield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different planting spacings Palavras-chave: Allium cepa, rendimento, densidade de plantio, perda de massa fresca de bulbos. Keywords: Allium cepa, yield, fresh mass of bulb, planting density, bulb mass fresh loss. The effect of different plant spacing was evaluated on yield and storage characteristics of onion bulbs. The experiment was carried out from September 1999 to March 2000, in Pernambuco State, Brazil, in a randomized complete block design, in a 2 x 3 factorial scheme, with four replications. The cultivar Alfa Tropical was planted at 0.10 and 0.15 m row spacing and at 0.10; 0.15 and 0.30 m plant spacing. A linear reduction was found for commercial yield when plant spacing increased, the highest yield being obtained with 0.10 m spacing. A linear reduction in noncommercial bulbs was found as the spacing between rows and between plants was increased. Bulbs fresh weight increased linearly as the spacing between rows and between plants increased. Larger percentage of small and medium bulbs was obtained in the narrowest spacing. As spacing between plants increased, a larger lose of onion bulb weight was found up to 60 days of storage. According to the results, the spacing 0.10 x 0.10 m or 0,15 x 0.10 m are recommended as the more adapted for the cultivation of onion cultivar Alfa Tropical, in the São Francisco Valley conditions, for the summer season planting. (Recebido para publicação em 11 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005) A produção mundial de cebola (Allium cepa L.), em 2004, foi de 53,59 milhões de t, cultivadas em uma área 3,07 milhões de ha, o que proporcionou uma produtividade média de 17,46 t ha-1 (FAO, 2005). No Brasil, a cebola ocupa o terceiro lugar em importância econômica entre as hortaliças (SOUZA; RESENDE, 2002). A produtividade média foi de 17,88 t ha-1 em 2004, sendo que nos estados de PE e BA, maiores produtores do Nordeste, a produtividade média foi de 21,16 e 24,25 t ha-1, respectivamente (IBGE, 2005). A cebola é planta de dias longos quanto à formação de bulbos, e as cultivares designadas de dias curtos não são, particularmente, plantas de dias curtos; simplesmente exigem menos horas de luz para bulbificarem (MELO; RIBEI1010 RO, 1990). A formação de bulbos está relacionada com a interação entre a temperatura e o fotoperíodo. Nesta interação o fator mais importante é o fotoperíodo e o mesmo determina os limites de adaptação de cultivares (GALMARINI, 1997). Em plantas conduzidas sob condições ideais, a bulbificação é acelerada com alta densidade de plantas (RABINOWITCH; BREWSTER, 1990). Estudando os espaçamentos de 10 x 15 cm e 20 x 15 cm, Viegas D’Abreu (1996), verificou que a maior produtividade foi obtida no menor espaçamento (10 x 15 cm), e que a maior massa fresca do bulbo (145,7 g bulbo-1) foi verificada no maior espaçamento comparado aos 118 g bulbo-1 obtido com 10 x 15 cm. A produtividade comercial aumentou e a massa fresca do bulbo diminuiu quando o número de linhas por canteiro passou de duas para quatro e o espaçamento entre plantas reduziu de 21,9 para 7,6 cm. A maior porcentagem de bulbos pequenos e médios foi verificada nos menores espaçamentos (STOFFELLA, 1996). Kanton et al. (2002) observaram aumento na produtividade com o incremento da densidade de plantio (37,04 para 156,25 plantas/m2), assim como menor altura de planta e massa fresca do bulbo, relatando que densidades acima de 76,92 plantas por metro quadrado como as que proporcionam maiores produtividades de bulbos comerciais. Lopes et al. (2004), avaliando a influência da densidade de plantas sobre a produtividade Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos em três espaçamentos (0,20; 0,30 e 0,40 m x 0,08 m), constataram que no menor espaçamento (0,20 x 0,08 m) foi obtida a maior produtividade comercial e menor diâmetro do bulbo. O incremento na densidade de plantio proporcionando aumento na produtividade total e redução do tamanho do bulbo é também relatado por outros autores (BREWSTER; SALTER, 1980; HARTRIDGE-ESH; BENNET, 1980; MCGEARY, 1985). Por outro lado, Sabota e Downes (1981) não observaram diferenças significativas na produtividade quando compararam duas populações de plantas (192.940 e 257.320 plantas ha-1), na cultivar Texas Grano. Da mesma forma, avaliando duas densidades de plantio (7,5 cm entre plantas e 12,5 e 15,0 cm entrelinhas), Aujla e Madan (1992) não encontraram diferenças na produtividade e na altura da planta. Entretanto, o maior espaçamento aumentou o número de folhas e o diâmetro transversal do bulbo. A região Nordeste, representada pelos estados de Pernambuco e Bahia, privilegiada pelas suas condições climáticas, pratica a semeadura de janeiro a dezembro, com maior concentração de plantio nos meses de janeiro a março, possibilitando escalonamento de plantio e produção com oferta em diferentes períodos. No entanto, comparativamente ao primeiro semestre ocorrem menores produtividades no segundo semestre. Todavia, com o lançamento da cultivar Alfa Tropical recomendada para plantio de verão e no segundo semestre na região, sob condições de temperatura elevada e fotoperíodo crescente (COSTA et al., 2002), vislumbra-se uma nova era para a cebolicultura no Nordeste, pela possibilidade de maior produção na entressafra, e possivelmente viabilizando a substituição da importação do produto (MENDONÇA, 2001). Procurando fornecer maiores informações técnicas sobre o cultivo da cebola Alfa Tropical no segundo semestre do ano, no presente trabalho avaliou-se o efeito de diferentes espaçamentos sobre as características produtivas e de armazenamento dos bulbos, nas condições do Vale do São Francisco. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido de setembro de 1999 a março de 2000, na Embrapa Semi-Árido em Petrolina, a 9o Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 24' de latitude Sul e 40o 29' de longitude Oeste, e 365,5 m de altitude. O solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico apresentou pH (H2O) = 6,1; Ca = 2,1 cmolc/dm3; Mg = 0,7 cmolc/dm3; Na = 0,01 cmolc dm-3; K = 0,28 cmolc dm-3; Al = 0,05 cmolc dm-3, P(Mehlich) = 7,2 mg dm-3 e M.O. = 6,9 g kg-1. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2x3, compreendendo dois espaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15 m) e três espaçamentos entre plantas (0,10; 0,20 e 0,30 m) com quatro repetições. A unidade experimental constituiu-se de um canteiro de 3,0 m de comprimento por 1,2 m de largura, sendo utilizada como área útil 1,8 m2 (3,0 x 0,6 m). A adubação de plantio foi realizada com 600 kg ha-1 da fórmula NPK 6-24-12, baseada no resultado da análise do solo. Foram aplicados em cobertura 200 kg ha-1 de uréia e 50 kg ha-1 de cloreto de potássio, parcelados aos 15 e 30 dias após o transplante. Foi utilizada a cultivar Alfa Tropical, desenvolvida pela Embrapa Hortaliças, recomendada para plantio de verão, sendo a semeadura feita em 24/09/ 1999 e o transplante efetuado 30 dias após. O preparo do solo constou de aração, gradagem e levantamento dos canteiros a 0,20 m de altura. A cultura foi mantida no limpo através de capinas manuais. A irrigação por microaspersão foi realizada três vezes por semana, com lâminas em torno de 10 mm, baseada na evaporação do tanque classe A, e suspensas 20 dias antes da colheita. Os demais tratos fitossanitários foram realizados de acordo com as recomendações para a cultura da cebola. A colheita foi realizada em 100 dias após a semeadura quando 70% das plantas estavam estaladas, com sinais avançados de senescência, como amarelecimento e seca das folhas. A cura foi realizada ao sol por três dias e 12 dias à sombra em galpão ventilado. Foram avaliadas a produtividade comercial de bulbos (bulbos perfeitos e com diâmetro transversal >35 mm) e refugos (bulbos com diâmetro <35 mm) expressos em t ha-1, aos 15 dias após a cura. A massa fresca de bulbo (g bulbo-1) foi determinada dividindo-se o peso de bulbos comerciais após a cura pelo número de bulbos. Após o período de cura, os bulbos foram armazenados à temperatura ambiente e realizadas pesagens aos 20; 40 e 60 dias (temperatura e umidade relativa médias no período de 27,2°C e 74%, respectivamente), sendo os valores comparados àqueles obtidos ao final da cura (15 dias após colheita). Os valores foram transformados em porcentagem de perda de massa fresca. A classificação de bulbos comerciais segundo o diâmetro transversal (mm) foi feita de acordo com Brasil (1995) em classe 2 (>35 até 50 mm de diâmetro); classe 3 (>50 até 70 mm); classe 4 (>70 ate 90 mm) e classe 5 (>90 mm);, sendo os resultados expressos em porcentagem. Segundo a metodologia descrita por Pimentel Gomes (2000), os dados coletados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, e regressão polinomial. Os dados de porcentagem foram transformados em arco-seno P / 100 para efeitos de análise, sendo apresentados nos resultados as médias originais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Efeitos significativos para espaçamentos entrelinhas e entre plantas, assim como para a interação foram obtidos para produtividade comercial. Verificou-se reduções lineares na produtividade dos espaçamentos entre linhas com o aumento do espaçamento entre plantas (Figura 1). Desdobrandose a interação em função do espaçamento entre linhas observou-se maior produtividade média (47,05 t ha-1) do espaçamento 0,10 m entrelinhas comparativamente ao espaçamento de 0,15 m (41,11 t ha-1) nos diferentes espaçamentos entre plantas. A população de plantas ideal a ser empregada é aquela suficiente para atingir o índice de área foliar ótimo a fim de interceptar o máximo de radiação solar útil à fotossíntese e ao mesmo tempo maximizar a fração da matéria seca alocada às partes vegetativas e produtivas (HAO; PAPADOPOULOS, 1999), diminuindo as pressões de competição 1011 G. M. Resende e N. D. Costa Figura 1. Produtividade comercial de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000. Figura 2. Refugos (produtividade não comercial) de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000. interplantas. Os resultados obtidos confirmam as observações de que as cebolas respondem especialmente à variação no espaçamento entre plantas (FILGUEIRA, 1982; MELO et al., 1988). A produtividade da cebola também aumentou à medida que se diminuiu à distância entrelinhas, fato também relatado por diversos autores em diferentes épocas (MANGUAL-CRESPO et al., 1979; LOPES, 1987; STOFFELLA, 1996; BOFF et al., 1998). Resultados similares foram obtidos no que se refere à produção de refugo (bulbos não comerciais), ou seja, verificou-se uma redução linear gradativa na produção de bulbos não comerciais à medida que se aumentou o 1012 espaçamento entre plantas (Figura 2). Desdobrando-se a interação em função do espaçamento entre linhas observouse que o espaçamento de 0,10 m entrelinhas apresentou maior produção média de refugos (2,52 t ha-1) comparativamente ao espaçamento de 0,15 m (1,40 t ha-1). Estes resultados mostram relação inversa entre o aumento ou redução do espaçamento entrelinhas e entre plantas na produtividade de bulbos de cebola. Em baixas populações se produz, geralmente, baixos rendimentos e alta porcentagem de bulbos médios e grandes. Em cultivos com densidades maiores que a ótima, apesar de maior produtividade tem-se bulbos pequenos e desuniformes de menor qualidade comercial (refugos), comparativamente ao cultivo em densidade adequada. Notou-se para massa fresca do bulbo efeito significativo da interação dos fatores. Foi verificado que a massa fresca do bulbo aumentou linearmente à medida que se aumentaram os espaçamentos entre plantas. Este incremento foi da ordem de 34,9% e 55,91%, respectivamente, para os espaçamentos de 0,10 e 0,15 m entrelinhas (Figura 3). No que se refere aos espaçamentos entrelinhas constatou-se bulbos com maiores médias de massa fresca no espaçamento de 0,15 m (102,57 g bulbo-1) comparativamente ao espaçamento de 0,10 m (85,88 g bulbo-1), dentro dos espaçamentos entre plantas. Salienta-se que a maior massa fresca do bulbo foi obtida tanto com o aumento do espaçamento entre plantas quanto com o espaçamento entrelinhas, o que, está relacionado à maior área de exploração das raízes e menor competição interplantas por água, luz e nutrientes. O incremento da densidade, reduzindo o diâmetro e a massa fresca do bulbo é relatada por Lopes (1987) e Lopes et al. (2004). A diminuição da massa fresca do bulbo com o incremento da densidade de plantio foi também observada por outros autores (GALMARINI; GASPERA, 1995; STOFFELLA, 1996; LIPINSKI et al., 2002; KANTON et al., 2002). Segundo Souza e Resende (2002), o mercado consumidor nacional prefere bulbos de tamanho médio com pesos de 80 a 100 gramas e diâmetro transversal de 40 a 80 mm, que se enquadram perfeitamente dentro das faixas de tamanho de bulbo obtidas no presente estudo. A classificação de bulbos de cebola foi influenciada pela interação entre os fatores (Tabela 1). No que se refere à classificação de bulbos classe 2, constatou-se para os espaçamentos de 0,10 e 0,15 m entrelinhas reduções lineares deste tipo de bulbo com o aumento do espaçamento entre plantas, que são menores comparativamente às demais classes. Com relação ao desdobramento da interação no sentido do espaçamento entrelinhas verificou-se que o espaçamento de 0,10 apresentou maior número de bulbos médios nesta classe dentro dos diferentes espaçamentos Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos (33,45%) quando comparado ao espaçamento de 0,15 m (23,12%). Resultados inversos foram verificados para a classe 3 (bulbos de tamanho intermediário), pois, ocorreram aumentos lineares com o incremento do espaçamentos entre plantas. Desdobrando-se a interação, não se observou para os maiores espaçamentos entre plantas (0,20 e 0,30 m) diferenças significativas dentro dos espaçamentos de 0,10 e 0,15 m entrelinhas; fato este que só foi verificado quando da utilização do menor espaçamento entre plantas (0,10 m), que proporcionou maior percentagem de bulbos desta classe no espaçamento de 0,10 m entre linhas (54,43%) comparativamente a 0,15 m entrelinhas (49,20%). Para a classe 4, composta de bulbos de maior tamanho, registrou-se efeitos semelhantes (Tabela 1) aos anteriores ocorrendo aumentos lineares com o incremento do espaçamentos entre plantas. No entanto, desdobrando-se em função dos espaçamentos entrelinhas as maiores percentagens médias de bulbos desta classe foram obtidas no espaçamento de 0,15 m entrelinhas (24,14%) comparado ao espaçamento de 0,10 m (10,82%). Estes resultados demonstram o efeito da densidade de plantio como fator determinante na produção de cebola ao mesmo tempo que corroboram com os obtidos por Viegas D’Abreu (1996), que obteve maior tamanho de bulbo no maior espaçamento, assim como os obtidos por Stoffella (1996) que verificou maior porcentagem de bulbos pequenos e médios nos menores espaçamentos, e Rumpel e Felczynski (2000) que encontraram redução na produção de bulbos maiores com o incremento da densidade de plantio. As pressões exercidas pela população de plantas afetam de modo marcante o desenvolvimento da cebola. Os resultados obtidos no presente trabalho evidenciaram uma relação inversa entre a densidade de plantio e o tamanho do bulbo. De forma geral, altas densidades produzem maior número bulbos por área, mas com menor massa fresca e consequentemente menor produtividade comercial; fato este atribuído principalmente às pressões de competição interplantas. Quando a densidade de Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 3. Massa fresca do bulbo de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa SemiÁrido, 1999/2000. Tabela 1. Equações de regressão para classificação de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical, em classes (%), segundo o diâmetro transversal nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos 0,10; 020 e 0,30 m entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa SemiÁrido, 1999/2000. Classes¹ classe 2 classe 3 classe 4 Equações de regressão Y (0,10 m) = 49,9067 - 72,8530* * X R² = 0,95 Y (0,15 m) = 59,9518 - 156,0420* * X R² = 0,95 Y (0,10 m) = 41,2463 + 31,4903* * X R² = 0,90 Y (0,15 m) = 32,0498 + 62,4829* * X R² = 0,85 Y (0,10 m) = 5,8051 + 67,0393* * X R² = 0,94 Y (0,15 m) = 11,4103 + 90,1114* * X R² = 0,93 ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F.; 1classe 2: >35 até 50 mm de diâmetro; classe 3: >50 até 70 mm e classe 4: >70 ate 90 mm. plantas aumenta por unidade de área, atinge-se um ponto no qual as plantas competem por fatores essenciais de crescimento, como nutrientes, luz e água. A perda de peso aos 20; 40 e 60 dias após cura (DAC) apresentou efeitos significativos apenas para o espaçamento entre plantas, não se constatando efeito significativo para o espaçamento entrelinhas e nem para a interação dos fatores. Para perda de peso aos 20 (Y = 7,5386 + 12,8168**X; R2 = 0,99), 40 (Y =17,7093 + 10,8710**X; R2 = 0,92) e 60 (Y = 16,0176+ 32,4786**X; R2 = 0,99) dias após cura, verificou-se aumentos lineares evidenciando maiores perdas de peso com o incremento dos espaçamentos. Pelos coeficientes angulares das equações de regressão, estimase esta perda de massa em 1,28, 1,09 e 3,25% para cada aumento do espaçamento entre plantas (0,10 m) para 20, 40 e 60 DAC. Inferiu-se por estes resultados, que a maior perda ocorreu em espaçamentos maiores, que determinaram maior tamanho de bulbos, com conseqüente maior teor de água nos bulbos. Calbo et al. (1980) observaram perdas de 30% a 100% em bulbos de cebola Baia Periforme armazenadas até 70 dias, a granel e réstias em diferentes recipientes, assim como Resende et al. (2004) informam para a cultivar Texas Grano 502 PPR que o espaçamento de 0,30 x 0,15 m foi o que promoveu maior percentagem de perda de peso de bulbos (43,16%), sob as condições do Vale do São Francisco, armazenadas até 60 dias após a cura. Pelos resultados obtidos em função das diferentes características avaliadas, recomenda-se os espaçamentos de 0,10 x 0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plantas como os mais adequados para o cul1013 G. M. Resende e N. D. Costa tivo da cebola cultivar Alfa Tropical, nas condições do Vale do São Francisco, para plantio no segundo semestre do ano. LITERATURA CITADA AUJLA, T.S.; MADAN, P.S. Response of onion (Allium cepa) to irrigation, nitrogen fertilizer and row spacing on deep sandy-loam in subtropical monsoon region. Indian Journal of Agricultural Science, v.62, n.2, p.129-134, 1992. BOFF, P., HENRI, S.; GONÇALVES, P.A.S. Influência da densidade de plantas na ocorrência de doenças foliares e produção de bulbos de cebola. 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Postal 114331, 28080-000 Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar o desempenho dos genótipos de tomate cultivados sob cultivo protegido nas condições do Norte Fluminense, foi conduzido um experimento na Estação Experimental de Campos, Pesagro-Rio, de maio a setembro de 2001. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com sete tratamentos (cinco cultivares híbridas: Bonus, Cronos, Erika, Pegasus, Vitara e duas cultivares de polinização aberta: Santa Clara e Santa Cruz), com quatro repetições. Vitara se destacou por apresentar frutos com maior número de lóculos (5,25), comprimento (53,67 mm), diâmetro (69,79 mm) e peso médio (147,35 g). Performance of tomato genotypes grown under protected cultivation Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, produtividade, qualidade de fruto, estufa. Keywords: Lycopersicon esculentum, yield, fruit quality, greenhouse. The performance of seven tomato genotypes was evaluated under protected cultivation in an experiment conducted in the North Fluminense region, Rio de Janeiro State, Brazil, from May to September 2001. The experimental design was a randomized complete block with seven treatments (five hybrids: Bonus, Cronos, Erika, Pegasus, Vitara and two cultivars: Santa Clara and Santa Cruz), with four replications. Vitara hybrid produced fruits with highest number of locules (5,25), length (53,67), diameter (69,75 mm) and average weight (147,35 g). (Recebido para publicação em 8 de setembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005) A produção do tomate, bem como de outras hortaliças, não apresenta abastecimento regular ao longo do ano devido à diminuição na oferta do produto durante os períodos em que as condições climáticas são menos favoráveis, principalmente alta temperatura e umidade (AMBRÓSIO; NAGAI, 1991; MARTINS, 1991). Quando o tomateiro é exposto a temperaturas extremas, ocorrem baixa produtividade e qualidade dos frutos (MINAMI; HAAG, 1989; GOTO, 1995; REGHIN, 1996). A umidade do solo é outro fator limitante para sua produção, pois a umidade relativa do ar depende em parte da evaporação da água do solo, a qual associada à presença de água livre nos órgãos aéreos da planta, provoca o aparecimento de doenças, cujo controle fica muito mais difícil de ser alcançado (GOTO, 1995). Uma das alternativas para se superar as limitações de origem ambiental é a produção sob cultivo protegido, produzindo frutos de melhor qualidade. O cultivo protegido permite total ou parcial controle da velocidade do vento, umidade relativa, temperatura ambiente, proteção contra chuvas pesadas (MARTINS, 2000); reduz o uso de agrotóxicos, além de fortalecer os conceitos de qualidade total, Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 competitividade por melhores produtos no mercado, oferta programada e produtos diferenciados (FONTES,1999). O tomateiro apresenta pleno desenvolvimento nesta modalidade de cultivo, com incrementos de produção que variam de 17 a 77% ou até 5 a 8 vezes superior àqueles obtidos em campo aberto (MARTINS et al., 1992). Quando se associa genótipos com alto potencial produtivo e manejo de condições ambientais favoráveis obtêmse elevados índices de produtividade, proporcionando aumentos de produção de 25 a 40% devido à maturação precoce, melhor uniformidade, maior vigor inicial e desenvolvimento, melhor qualidade de frutos, resistência a doenças e capacidade de adaptação mais ampla (MELLO et al., 1988). O objetivo do experimento foi avaliar o desempenho de sete genótipos de tomate, conduzidos sob cultivo protegido na região de Campos dos Goytacazes, norte do Estado do Rio de Janeiro. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho constituiu-se de um experimento conduzido em ambiente protegido (casa-de-vegetação) na Estação Experimental da Pesagro-Rio, em Campos dos Goytacazes, RJ entre maio e setembro de 2001, em solo classificado como Cambissolo. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com quatro repetições e sete tratamentos representados por cinco híbridos de tomate (Lycopersicum esculentum L.), Bonus, Cronos, Erika, Pegasus, Vitara e duas cultivares Santa Clara e Santa Cruz. Os genótipos apresentam crescimento indeterminado, com exceções do Vitara e Pegasus e fruto tipo caqui, com exceções dos híbridos Cronos e Érika, que são do tipo salada. A semeadura foi feita em 20/04/2001 em bandejas de isopor com 128 células, empregando-se como substrato o Plantmax e transplantadas em 14/05/ 2001, no espaçamento de 0,8 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas, sendo cada parcela experimental composta por uma linha de 6,0 m de comprimento totalizando 12 plantas, sendo oito plantas centrais utilizadas como úteis. O solo onde foi conduzido o experimento apresentou as seguintes características químicas e físicas: pH(água) = 6,3; S-SO4 = 105 mg/dm3; P = 231 mg/dm3; K = 13,0 mmolc/dm3; Ca = 63,1 mmolc/ dm3; Mg = 41,1 mmol c/dm 3; Al = 0 mmolc/dm3; H+Al = 15,3 mmolc/dm3; 1015 C. R. B. Eklund et al. Tabela 1. Médias das características número de lóculos (NDL), espessura da polpa (EDP), comprimento dos frutos (CFR), diâmetro do frutos (DFR), relação comprimento/diâmetro de fruto (RCD), produção total de frutos (PTF), número total de frutos por ha (NTF), número de frutos comerciais por ha (NFC), peso médio de frutos comerciais (PFC) e produção de frutos comerciais (PCO) obtidas de dados de sete genótipos de tomate. Campos dos Goytacazes, PESAGRO, 2001. Genótipo NDL PFC (g) PCO (t/ha) Bonus 2,25c 0,625a 51,43ab 51,04f 1,01a 56,98a 843750,a 574219,a 74,57c 42,81 a Cronos 4,00ab 0,575a 44,44c 57,69cd 0,77c 45,79a 543750,c 371094,bc 86,83c 32,24 a Erika 3,25bc 0,625a 48,69bc 63,45b 0,76c 58,12a 559375,bc 339844,bc 111,32 b 38,14 a Pegasus 3,25bc 0,650a 45,77c 59,06c 0,77c 68,58a 775781,ab 487500,ab 92,53 bc 45,16 a Sta Clara 2,25c 0,675a 50,63ab 54,9de 0,92b 54,63a 709375,abc 420313,ab 87,46 c 36,63 a Sta Cruz 2,50c 0,625a 54,42 a 53,23ef 1,02a 54,88a 772656,ab 439844,ab 84,48 c 35,77 a Vitara 5,25a 0,600a 53,67a 69,79a 0,76c 65,55a 497656,c 247656,c 3,9 2,7 2,0 18,7 14,5 17,9 C.V. (%) 19,5 EDP (mm) CFR (mm) DFR (mm) 10,7 RCD PTF (t/ha) NTF NFC 147,35 a 10,4 36,81 a 20,4 ¹ Médias seguidas pela mesma letra na mesma coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na = 1,5 mmolc/dm3; C = 32,9 g/dm3; MO = 56,7 g/dm3; CTC = 134,0 mmolc/ dm3; SB = 118,7 mmolc/dm3; V = 89 %; Saturação Al = 0%; Saturação de Na = 1%; Fe = 270,0 mg/dm3; Cu = 2,8 mg/ dm3; Zn = 19,4 mg/dm3; Mn = 49,0 mg/ dm3; B = 0,54 mg/dm3; Areia = 56%; Argila = 16%; e Silte = 28%. A adubação de plantio foi realizada com 15 t/ha de esterco de curral curtido, 200 kg/ha de K2O, 500 kg/ha de P2O5. Em cobertura aplicaram-se 679 kg/ha de uréia, parcelada em cinco vezes, de 20 em 20 dias a partir de 28/05/2001, via água de irrigação por gotejamento. O tutoramento foi feito com fitilho amarrado no colo das plantas, enrolado ao redor das mesmas e a outra extremidade da fita amarrada ao arame disposto na horizontal a 1,80 m de altura. As plantas foram conduzidas com uma haste principal, eliminando-se todas as brotações laterais. Estas sofreram poda apical após a emissão do oitavo cacho. Os parâmetros de produção avaliados a partir da primeira colheita, que se iniciou dois meses após o transplantio, foram: comprimento do fruto (mm), diâmetro do fruto (mm), relação comprimento/diâmetro do fruto, produção total de frutos (t/ha), número total de frutos por hectare, número de frutos comerciais por hectare, peso médio de frutos (g), produção de frutos comerciais (t/ ha), espessura da polpa (mm) e número de lóculos. Para espessura e número de lóculos foram amostradas ao acaso, cinco frutos por parcela, onde estes foram seccionados na parte mediana para avaliações. Para comprimento (C), diâmetro (D) e relação comprimento/diâme1016 tro do fruto (C/D), retirou-se ao acaso 10 frutos por parcela, medindo-se com um paquímetro o comprimento e o diâmetro destes frutos (mm). Pela relação comprimento/diâmetro avaliou-se o formato dos frutos produzidos: C/D<1; C/ D=1 e C/D>1 correspondendo, respectivamente, às formas achatada, redonda e oblonga (ARAÚJO,1997). Os dados coletados foram submetidos à analise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentadas as 10 características do tomate avaliadas no presente trabalho. Com exceção da espessura da polpa, produção total de frutos e produção de frutos comerciais, os genótipos de tomate apresentaram diferenças significativas para as outras características estudadas. Para a relação comprimento/diâmetro do fruto (RCD), apenas os genótipos Bonus e Santa Cruz apresentaram médias superiores a 1, indicando formato oblongo. Para os demais genótipos, os frutos foram de formato achatado (C/D<1). O híbrido Vitara se destacou por apresentar os maiores valores para as médias das seguintes características: número de lóculos (NDL), comprimento do fruto (CFR), diâmetro do fruto (DFR) e peso médio de frutos comerciais (PFC), contudo, foi o genótipo que apresentou o menor número total de frutos produzidos (NTF) e número de frutos comerciais (NFC) com cerca de 50% de frutos não comerciais. Embora os genótipos não tenham apresentado diferenças significativas para produtividade total de frutos e produtivi- dade de frutos comerciais, deve-se destacar os genótipos Pegasus e Bonus por apresentarem médias superiores a 56,9 t/ ha (produtividade total de frutos) e 42,8 t/ ha (produtividade de frutos comerciais). O genótipo Bonus apresentou a menor média de peso médio de frutos comerciais, podendo este resultado ser atribuído ao alto número de frutos produzidos. Em complemento, o mesmo híbrido apresentou elevada produção de frutos comerciais e, conseqüentemente, menor número de frutos não comerciais. Já o genótipo Pegasus, em relação ao Bonus, apresentou uma capacidade inferior de produzir unidades de frutos totais e comerciais, entretanto, esta foi compensada pela alta produção total de frutos (PTF). Comparando-se os resultados de produtividade com os níveis de produtividade (90 a 150 t/ha) de frutos utilizando as novas cultivares híbridas de crescimento indeterminado, em cultura tutorada e acima de 150 t/ha em estufa, relatadas por Filgueira (2000), deduz-se que as produtividades dos genótipos no presente trabalho foram baixas. Isso se atribui à deficiência de irrigação causada por problemas mecânicos, que impediu a manifestação do potencial produtivo, principalmente dos híbridos. Os resultados são, entretanto, um importante indicativo para o cultivo protegido do tomateiro na região onde foi conduzido o experimento LITERATURA CITADA AMBRÓSIO, L.A.; NAGAI, H. Sazonalização dos preços das classes de tomate, no atacado, em São Paulo, nos períodos de 1983/1986 e 1987/1990. In CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 31, 1991, Belo Horizonte. Anais... SOB. Horticultura Brasileira, v.9, n.1, p.30, 1991. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido ARAÚJO, M.L. Interações intra-loco e inter-locos alcobaça, crinson e high pigment sobre características de qualidade e de produção de frutos do tomateiro. 1997. 131 f. (Tese doutorado) - UFLA, Lavras FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. 402 p. FONTES, P.C.R. Produção de hortaliças em ambiente protegido: uma técnica a ser aprendida. 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Mônica, 38408-100 Uberlândia-MG RESUMO ABSTRACT Comparou-se a qualidade de frutos provenientes de colheita utilizando cestas de bambu e sacolas de lona plástica em campos de produção na região de Mogi-Guaçu, SP. Utilizou-se como testemunha frutos não submetidos ao manuseio. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial (sistemas de colheita x dias após a colheita) com três repetições. Foram observados o tempo de colheita, incidência de danos físicos (%) originados no campo e/ou no processo de colheita, perda de masa (%) durante o armazenamento, e a qualidade visual após armazenamento por 21 dias a temperatura ambiente (23oC). O tempo necessário para realizar a colheita no mesmo número de plantas utilizando-se cesta de bambu foi superior em 20%, em relação à sacola plástica. A incidência de danos físicos (%) e perda de massa (%), apesar de maiores nos frutos colhidos com sacola, não foram significativamente diferentes dos colhidos com cestas de bambus. Observou-se maior perda de massa (%) durante o armazenamento nos frutos colhidos utilizando-se sacolas de lonas plásticas. Após armazenamento por 21 dias, frutos colhidos com sacola plástica apresentavam maiores perdas do que aqueles colhidos utilizando-se cestas de bambu, principalmente devido a danos físicos e podridões. Harvesting methods for fresh market tomatoes Quality of tomato fruits harvested using traditional bamboo baskets was compared to fruits harvested using harvest bags in the Mogi Guaçu region, São Paulo State, Brazil. Fruits not submitted to handling were used as control. The trial was totally randomized (harvest system x days after harvest) in a factorial design. The observed data were time spent for each harvest operation, mechanical injury (%) caused either in the field or/and in the process of harvesting, weight loss (%) during storage and final quality of fruits after storage for 21 days at room temperature (23°C). The time necessary for the harvest with bamboo baskets was 20% higher than using plastic bags. The results showed that weight loss (%) and injury incidence (%) using harvesting bags were higher than the harvest using bamboo baskets. Weight loss (%) was higher in fruits harvested with plastic bags during storage. After storage during 21 days, tomatoes harvested using plastic bag showed higher losses than fruits picked using bamboo baskets due to mainly mechanical injury and diseases. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, cestas de bambu, sacolas plásticas, danos físicos, qualidade dos frutos. Keywords: Lycopersicon esculentum, bamboo basket, harvesting bags, mechanical injury, fruit quality. (Recebido para publicação em 25 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005) A produção anual brasileira de tomate representa 3% de toda a produção mundial, colocando o país em nono lugar em toneladas produzidas (FNP CONSULTORIA & COMÉRCIO, 2001). Em 2001, de acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), o volume comercializado de tomate para consumo foi de 152 mil t, com preço médio de US$ 0,28/kg (FNP CONSULTORIA & COMÉRCIO, 2001). Após a colheita, o tomate apresenta-se como um fruto altamente perecível. O fruto maduro possui vida média de prateleira de uma semana, com perdas variando entre 25 e 50%, enquanto o fruto parcialmente maduro apresenta vida útil de até duas semanas, com 20 a 40% de perdas pós-colheita (BARRET REINA, 1990). Mukai e Kimura (1986) também observaram em estudo que as perdas em tomate varia1 ram de 0 a 50% dependendo do tipo de varejo e da época do ano. As perdas são maiores na época chuvosa. Por sua vez, Tsunechiro et al., (1994) relatam que no mercado varejista em São Paulo as perdas variaram de 14% em 1976 para 11,8% em 1991. Lana et al. (1999) relatam que as perdas de tomates ocorridas em uma rede de supermercados variam de 5 a 25%. A grande maioria deve-se a perdas por dano mecânico (55,6%) e também por dano fisiológico (4,6%). As perdas pós-colheita em frutas e hortaliças são causadas principalmente por injúrias mecânicas, como, manuseio e transportes inadequados, armazenamento impróprio, e grande tempo de exposição no varejo (CEAGESP, 2002). Injúria mecânica pode ser causada por mais de um tipo de força: impacto, compressão e vibração (BRUSEWITZ et al., 1991; VERGANO et al., 1991). Os impactos ocorrem na queda do fruto (GARCIA et al., 1988). A compressão ocorre no contato entre frutos, por exemplo, embalagens lotadas de frutos (BANKS et al., 1991) ou também durante a colheita, devido à pressão dos dedos. A vibração decorre de repetitivos impactos em baixa freqüência entre frutos (MANESS et al., 1992), ocorrendo geralmente durante o transporte, causando alta porcentagem de perdas (JONES et al., 1991). Hortaliças e frutas reagem diferentemente aos danos físicos (DELWICHE et al., 1989). Sommer et al., (1960) relatam que peras são muito mais sensíveis ao impacto do que às vibrações. Outros frutos como morangos e maçãs, são mais sensíveis à compressão (HOLT; SCHOORL, 1976; HOLT; SCHOORL, 1982). Danos fisiológicos e patológicos se dão principalmente, na fase de produ- Parte do projeto de pesquisa UNIMAC (Unidade Mecânica de Auxílio à Colheita) financiado pela FAPESP. 1018 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Técnicas de colheita para tomate de mesa ção, transporte e armazenamento. As injúrias causadas por impactos, compressões, vibrações, cortes e rachaduras estão relacionadas com alterações fisiológicas, metabólicas, de aroma, sabor e qualidade em diferentes produtos hortícolas, tais como, maçãs, pepinos, batatas e tomates (MORETTI; SARGENT, 2000). A grande incidência de danos físicos em tomate acontece durante a colheita, aumentando durante o transporte e beneficiamento (FERREIRA et al., 2003). Silva e Calbo (1991) avaliaram a colheita de tomate empregando diversos acessórios e concluíram que a sacola de colheita usada em outros países (Estados Unidos e Canadá) possibilitou maior rendimento e menores danos aos frutos, com menor impacto. No entanto, no Brasil, a colheita de tomates para consumo in natura é realizada utilizando-se cestas de bambu e transferindo os frutos para caixas plásticas. Alguns produtores, em busca de uma maior rapidez para o processo de colheita utilizam sacolas de colheita confeccionadas com lona plástica originalmente usada para laranja, podendo ser uma alternativa para colheita do tomate. Porém, o efeito desta modificação no processo na qualidade final dos frutos de tomate nas nossas condições de cultivo ainda é desconhecido. O objetivo deste trabalho foi avaliar técnicas de colheita utilizando-se cesta de bambu e sacola de lona plástica, na qualidade de tomate cv. Débora. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados frutos de tomate, cultivar Débora (Sakata seeds) colhidos em propriedade rural, situada no município de Estiva Gerbi (SP), coordenadas geográficas 46o 53’ W e 22o 19’ S, com temperatura média anual de 19,6oC e precipitação anual de 1565 mm. O cultivo foi em Latossolo Vermelho Amarelo em sistema tradicional de plantio, conduzida em estaca de bambu, com o uso de irrigação por sulcos, utilizando-se espaçamento entre linhas de 1,00 m e entre plantas de 0,50 m. Frutos foram colhidos primeiramente em cesta de bambu, com dimensões externas de 40 cm de comprimento, 25 cm Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 de altura e 20 cm de largura e após seu enchimento foram transferidos para caixa plástica com dimensões de 55 cm de comprimento, 30 cm de altura e 35 cm de largura, posicionada no carreador principal de plantio. Em outra situação, a colheita foi realizada utilizando-se sacolas de lona plástica (utilizadas para colheita de laranja), com dimensões externas de 65 cm de comprimento e 55 cm de largura. Em seguida, os frutos foram transferidos para caixas plásticas, semelhante às do sistema de colheita em cestas de bambu. O tempo gasto para colheita foi mensurado nas duas situações utilizando-se cronômetros de precisão. Em cada caixa nos dois sistemas mencionados foi retirada amostra de 40 frutos no estádio salada (CEAGESP, 2000). A testemunha correspondia a frutos (40) retirados diretamente da planta, sem passar pelo manuseio descrito anteriormente. Foram retiradas amostras de 3 caixas, sendo cada caixa uma repetição em um total de 120 frutos por tratamento. Estes frutos foram transportados cuidadosamente em embalagens de papelão, envoltos individualmente em espuma para o laboratório da UNICAMP e armazenados à temperatura ambiente (23oC) por 21 dias. Foram avaliados os danos físicos (%) baseando-se nas Normas e Padrões de Classificação (CEAGESP, 2000) identificando os em duas categorias: antes e durante a colheita. As injúrias mecânicas anteriores à colheita foram caracterizadas como: derivadas de abrasão com as estacas de bambu e fios de amarrio, ataque de insetos e distúrbios fisiológicos e nutricionais; as injúrias mecânicas causadas na colheita foram identificadas como: derivadas de compressão do fruto contra a cesta de colheita e/ou caixa plástica, impacto do fruto quando em queda na caixa plástica e/ou cesta de colheita, marcas de unhas ou dedos e compressão do pedúnculo do fruto contra superfície externa de outro fruto. O diâmetro transversal do fruto foi mensurado utilizandose paquímetro digital. Para mensuração da área externa referente ao dano físico, estas foram delimitadas utilizando-se caneta marcador para retroprojetor de cor pre- ta. Após a delimitação das áreas referentes a danos físicos, as marcações foram transferidas para papel de seda e individualizadas por fruto. Para mensurar estas áreas utilizou um planímetro (KEUFFEL & ESSER Co). As áreas mensuradas foram comparadas à superfície total do fruto, considerando este com uma esfera (MOHSENIN, 1986) e utilizando-se a seguinte fórmula: Área Externa do fruto = 4 x 3,1415 x R2 (R=raio) sendo o resultado expresso em porcentagem. Utilizou-se a mesma metodologia em duas categorias (antes e durante a colheita) em todos os tratamentos. A perda de massa (%) foi avaliada a cada quatro dias utilizando a relação entre a diferença da massa inicial e final. Após 21 dias de armazenamento, os frutos foram avaliados quanto à aparência encontrada, baseando-se em uma escala de 0-5, considerando (0) fruto apropriado para consumo; (1) descarte por dano físico externo superficial; (2) descarte por dano físico externo grave; (3) descarte por dano físico e podridão associada (4) descarte por podridão; (5) descarte por perda de água (seco) ou por queima do sol. Considerou-se frutos apropriados para consumo aqueles que não apresentavam nenhum dano externo e/ou podridões ou danos físicos externos leves inferiores a 10%. Tomates foram descartados devido a danos físicos externos leves e graves, quando a incidência foi superior a 10%, sendo que a presença de injúrias graves era fator de exclusão principal. Considerou-se podridões causadas por fungos e/ou bactérias em qualquer nível. Tomates secos e/ou queimados de sol, eram aqueles que demonstravam queimaduras e/ou perda de água excessiva. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial (sistemas de colheitas x dias após a colheita). O teste estatístico realizado para avaliação da qualidade após armazenamento foi o da diferença de proporções (BUSSAB; MORETTIN, 2002), em nível de 5% de probabilidade. Os resultados médios obtidos para danos físicos foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade e para perda de massa foram realizadas análises de regressão no desdobramento da interação dentro de cada sistema de colheita. 1019 M. D. Ferreira et al. Tabela 1. Avaliação para danos físicos (%) em frutos de tomate cultivar ‘Débora’, em diferentes técnicas de colheita (cesta e sacola plástica) comparadas a testemunha. Campinas, UNICAMP, 2003. Técnica de colheita Dano físico (%) Testemunha 1,27 b Cesta 3,55* a Sacola 3,99 a * Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Tabela 2. Avaliação de descarte de frutos após 21 dias de armazenamento, baseado em escala 0-5, considerando (0) fruto apropriado para consumo; (1) descarte por dano físico externo superficial; (2) descarte por dano físico externo grave (3) descarte por dano físico e podridão associadas (4) descarte por podridão; (5) descarte por perda de água (seco) ou por queima do sol. Campinas, UNICAMP, 2003. Técnica de colheita Escala de notas (%) 0 1 2 3 4 5 Total descarte (%) Testemunha 62,50 0 5,00 7,50 20,00 5,00 37,50 Cesta 28,34 5 42,50 3,33 15,00 5,83 71,66 Sacola 82,50 17,50 5 40,00 8,33 26,67 2,50 Test. x Cest. s* s s. n.s. n.s. n.s. s Test. x Sac. s s s n.s. n.s n.s. s Cesta x Sac. s n.s n.s. n.s. s n.s. n.s Figura 1. Modelos ajustados para a perda de massa, em porcentagem, (y) em função dos períodos de armazenamento, em dias, (x) dentro de cada sistema de colheita. Campinas, UNICAMP, 2003. RESULTADOS E DISCUSSÃO O tempo necessário para realizar a colheita no mesmo número de plantas utilizando-se cesta de bambu foi de 1020 20’13", superior em 20%, em relação a sacola plástica (15’51"). Porém, este menor tempo de colheita não interferiu positivamente na qualidade final do fruto. Silva e Calbo (1991) em avaliação de diferentes métodos de colheita para tomate de mesa, também encontraram maior rendimento com o uso da sacola de colheita, todavia com menores danos físicos aos frutos. Observou-se maior incidência de danos físicos, ainda que não significativo, em tomates colhidos com sacola de lona plástica (3,99%), quando comparados àqueles colhidos com cestas de bambu (3,55%) (Tabela 1). Os tomates colhidos sem esse manuseio (testemunha) apresentaram 1,27% de danos físicos. Esses frutos apresentavam danos físicos relacionados ao ataque de insetos, e estacas de bambu, demonstrando que as perdas já iniciam no campo e aumentam na etapa de colheita, como também foi observado por Sanches (2002) em bananas. Hung e Prussia (1989) também relatam que a incidência de danos físicos está relacionada ao tipo e intensidade do manuseio utilizado. De acordo com Schoorl e Holt, (1982), os danos físicos causados por impacto e compressão são os que mais influenciam na qualidade dos frutos de tomate. Na colheita de tomates, o ponto crítico para incidência em danos físicos ocorreu principalmente quando do impacto do fruto em queda na caixa plástica e/ou cesta de colheita e a compressão do fruto contra a superfície externa da cesta ou sacola plástica. Altura e velocidade de queda, enchimento das caixas, cestas e sacolas plásticas, são fatores que ocasionaram danos aos frutos. Treinamento de funcionários e utilização de equipamento adequado podem modificar a situação encontrada. Observa-se perda de massa (Figura 1) crescente durante o armazenamento, porém significativamente maior em tomates colhidos com sacola e cesta de bambu em relação à testemunha. A qualidade dos frutos no final de 21 dias de armazenamento foi comprometida principalmente em frutos colhidos com sacola (82,5% de descarte) quando comparada com colheita utilizando cesta de bambu (71,66%), provavelmente devido a maiores danos físicos associados a podridões. A testemunha apresentou 37,5% de frutos descartados após armazenamento. Os danos físicos graves provenientes da etapa de colheita foram as principais cauHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Técnicas de colheita para tomate de mesa sas de descarte, principalmente para frutos colhidos com cesta (42,5%) e sacola (40%) (Tabela 2). Silva e Calbo (1991) relataram que frutos colhidos com sacola plástica apresentaram menores danos quando comparados a outros métodos, como por exemplo, a colheita com a utilização de cestas. Uma razão para isto deve-se ao uso de sacolas de colheita com estrutura de sustentação, o que proporciona menor força de compressão, pois maiores forças de compressão causam maiores perdas (BANKS et al., 1991). A colheita utilizando-se sacolas plásticas foi realizada em menor tempo, todavia com maiores perdas e redução na qualidade final do produto. A colheita utilizandose sacolas plásticas sem sustentação não se mostrou adequada, influenciando negativamente na qualidade final dos frutos após o armazenamento. Essas maiores perdas podem estar relacionadas a uma maior força de compressão entre os frutos. Observa-se que métodos alternativos de colheita devem ser estudados visto que neste experimento causaram grande redução na qualidade final do produto, além disso, deve haver maior preocupação com os frutos antes da colheita, o que também é responsável por elevadas perdas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPESP e ao proprietário e funcionários da empresa MALLMANN, Mogi-Guaçu (SP). LITERATURA CITADA BARRETT REINA, L.C. Conservação Pós-colheita de Tomate (Lycopersicon esculentum. Mill) da Cultivar Gigante Kada Submetido a Choque a Frio e Armazenamento com Filme de PVC. 1990. 114 f. Dissertação (mestrado em Ciência dos Alimentos) - Faculdade de Ciência dos Alimentos, Escola Superior de Agricultura de Lavras, Lavras. BUSSAB, W.O.; MORETTIN, P. Estatística básica. 5a edição, São Paulo. Saraiva, 2002. 321 p. BRUSEWITZ, G.H.; McCOLLUM; T.G.; ZHANG, X. Impact bruise resistance of peaches. Transactions of the ASAE, v.34, n.3, p.962-965, 1991. CEAGESP. Classificação de Tomate. 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Postal 19023, 81531-970 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]; 3UFPR, R. Padre Camargo, 280, 7º andar, Alto da Glória, 80060-240 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]; 4Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, R. dos Funcionários, 1559, Cabral, 80035-050 Curitiba-PR; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Apresentam-se resultados de estudo prospectivo da cadeia produtiva do gengibre no estado do Paraná (Brasil), englobando panorama mundial, brasileiro e paranaense de produção e comercialização; caracterização da comunidade produtora agrícola paranaense; identificação, caracterização e detecção dos principais pontos de estrangulamento de outros níveis da cadeia produtiva. Prospective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná State, Brazil Palavras-chave: Zingiber officinale Roscoe, cadeia de produção, comercialização. Keywords: Zingiber officinale Roscoe, production chain, marketing. A prospective analysis of the ginger trade chain in Paraná State (Brazil) is presented, including an overview of the production and commercialization at both international and national levels as well as the characterization of the agricultural community and of the others levels of the trade chain in Paraná State, and the main strangulation points at these levels. (Recebido para publicação em 5 de outubro de 2004 e aceito em 2 de setembro de 2005) O rizoma de gengibre é amplamente comercializado em função de seu emprego na medicina popular (excitante, estomacal e carminativo), na alimentação, industrial, especialmente como matéria-prima para fabricação de bebidas, perfumes e produtos de confeitaria como pães, bolos, biscoitos e geléias (CORRÊA JUNIOR et al., 1994; TROPICAL, 2000; INFORMAÇÕES, 2002). Várias propriedades do gengibre foram comprovadas em experimentos científicos, citando-se as atividades antiinflamatória, antiemética e antinausea, antimutagênica, antiúlcera, hipoglicêmica, antibacteriana, entre outras (YOSHIKAWA et al., 1994; ONTENGCO et al., 1995; LONIEWSKI et al., 1998; WHO, 1999; UTPALENDU et al., 1999). Incluído no grupo “especiarias”, o gengibre representa atualmente o 3º lugar das plantas medicinais, aromáticas e condimentares mais produzidas no Paraná (PARANÁ, 2003). Apesar desta importância econômica no contexto regional, há carência de informações sistematizadas sobre esta cadeia produti- va, em especial, no que se refere ao sistema operacional de comercialização, que de acordo com as queixas dos produtores, tem causado prejuízos ao agronegócio gengibre. As rápidas mudanças que estão ocorrendo em todos os setores da sociedade, em especial nos âmbitos político, econômico e tecnológico, impõem crescente complexidade ao processo de planejamento das organizações que atuam no agronegócio. Por outro lado, a abertura econômica e o acesso à informação e a produtos de todas as partes do mundo tornam o consumidor mais exigente. O estabelecimento de estratégias que atendam aos interesses dos consumidores requer que os (demais) agentes das cadeias produtivas apresentem eficiência, qualidade e que se coordenem entre si para garantir, também, menor preço, uma vez que a competitividade dos produtos de origem agropecuária está sendo definida pelas instâncias “fora da porteira”. O estudo das cadeias produtivas procura levantar os pontos críticos, atuais e potenciais, que impedem o alcance desses objetivos, assim como identificar oportunidades e nichos de mercado para os produtos da cadeia (IAPAR, 2003). Realizou-se o estudo prospectivo da cadeia produtiva do gengibre no estado do Paraná, aqui apresentado e que engloba: a) Panorama do volume de produção agrícola mundial, brasileira e paranaense de gengibre; b) Caracterização da comunidade produtora agrícola do litoral paranaense de gengibre; c) Identificação e caracterização de outros níveis da cadeia produtiva do gengibre do litoral paranaense; Detecção dos principais pontos de estrangulamento nos diferentes níveis da cadeia produtiva no litoral do Paraná. MATERIAL E MÉTODOS Realizou-se pesquisa exploratóriodescritiva baseada em levantamento bibliográfico e documental, além de visitas técnicas e entrevistas abertas (2000 a 2002). Neste processo, várias instituições foram contatadas, citando-se especialmente a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná 1 Parte da tese de Doutorado em Agronomia, Produção Vegetal PELA UFPR do segundo autor. 1022 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná (SEAB/PR), que disponibilizou informações estatísticas referentes aos municípios produtores, área, produção e valor bruto da produção; a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER/PR) e o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR/ PR), onde se obteve informações complementares relativas aos diversos segmentos e agentes econômicos que compõem esta cadeia produtiva. O universo de técnicos entrevistados nestas instituições correspondeu a 10 pessoas, representando 6 Núcleos Regionais da SEAB/PR e englobando 32 municípios paranaenses. Adicionalmente, foram efetuadas visitas técnicas e entrevistas abertas a 9 produtores de Morretes, principal região produtora de gengibre no Paraná. Estes produtores foram selecionados aleatoriamente a partir de cadastro junto à EMATER, buscando-se representantes de cada uma das três classes de propriedades (pequenas, médias e grandes) agrícolas, segundo critérios desse cadastro. Neste processo, buscou-se identificar junto aos produtores, o fluxo de comercialização do produto agrícola gengibre in natura. Paralelamente, procedeu-se entrevistas com 3 representantes de pequenas indústrias familiares em Morretes, aleatoriamente selecionados dentre os 34 registrados em cadastro existente na EMATER. Foram também entrevistados 3 representantes do setor gerencial da comercialização de produtos in natura na região metropolitana de Curitiba, vinculados à Central de Abastecimento do Paraná (CEASA-PR). Neste mesmo local, foram entrevistados locatários de boxes de comercialização de produtos in natura (n=3) e produtores que comercializam seus produtos no pátio (“pedras”) (n= 3). De forma complementar, procedeuse entrevistas com representantes de distintos setores referendados pela CEASA (2002), como receptores do produto por ela comercializado em Curitiba, a saber: supermercados (n= 4), feiras-livres (n= 2) e Mercado Municipal (n= 2). O setor supermercadista foi representado pelos seguintes estabelecimentos: Carrefour (n= 1), Companhia BraHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 sileira de Distribuição (CBD) (n= 1) e Sonae Distribuição Brasil (n=2). A seleção destes foi efetuada com base nos dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) (2000), dados que representam as três maiores empresas deste setor, por faturamento bruto em nível nacional. Todas as principais feiras-livres, promovidas semanalmente em Curitiba, foram visitadas, identificando-se e selecionando-se as bancas que procediam as vendas de gengibre in natura, para avaliação no contexto desta pesquisa (n=2). Igualmente, todas as bancas inseridas no Mercado Municipal que comercializavam o gengibre in natura foram também identificadas e avaliadas (n=2). As informações estatísticas referente ao comportamento do comércio exterior do gengibre, disponibilizadas em Brasil (2004), foram consideradas como parâmetros comprobatórios dos indicadores, US$ FOB e Peso Líquido (kg) na análise da exportação e importação brasileira da mercadoria gengibre. RESULTADOS E DISCUSSÃO Cenário mundial O gengibre tem sido utilizado no oriente há mais de 2.000 anos, havendo referências de que nos séculos XII a XIV era tão popular na Europa quanto a pimentado-reino. Antes do descobrimento da América já era largamente utilizado pelos árabes, como expectorante e afrodisíaco, sendo difundido por toda a Ásia tropical, da China à Índia. Foi introduzido na América logo após o descobrimento, sendo que os primeiros relatos comentam que inicialmente foi cultivado no México, sendo em seguida levado às Antilhas, principalmente à Jamaica, a qual em 1.547, chegou a exportar cerca de 1.100 t para a Europa (LISSA, 1996). De acordo com a FAO, citada nos estudos de Herbs e Spices (2003), o prognóstico do agronegócio gengibre é promissor, em função do aumento da área, produção e produtividade nos principais países produtores. Neste contexto está incluso o Brasil, sem contudo ter sido nominada a sua participação nas informações estatísticas disponibilizadas. Com referência aos indicadores econômicos, a área mundial ocupada com gengibre apresentou variação de 3,7% entre 1999 e 2001, passando de 310.100 ha para 321.732 ha. Já o volume ofertado nesse período mostrou variação positiva maior que a da área (7,7%), com média de 800.775 t. A Nigéria destacase em nível mundial pela extensão da área cultivada com gengibre, embora em termos de volume produzido seja superada pela Índia e China. O aumento de área ocorrido entre 1999 e 2001 deveuse, principalmente, à alta demanda doméstica como dos mercados internacionais (HERBS; SPICES, 2003). O comércio internacional dos rizomas de gengibre é feito sob 3 formas básicas: gengibre in natura, em conserva ou cristalizado e seco. Do rizoma imaturo, tenro e menos pungente, colhido em torno de 6 meses, é preparada a conserva (em salmoura ou xarope de açúcar) ou o gengibre cristalizado. O gengibre seco é preparado a partir do rizoma colhido após completado o seu estágio de maturação. Este gengibre seco é comercializado em peças íntegras, laminado ou ainda em pó. Esta última forma é utilizada em menor volume dado que o processo de moagem é geralmente realizado no país importador (TAVEIRA MAGALHÃES et al., 1997). Registra-se também a comercialização de produtos derivados do gengibre, como o óleo essencial e oleoresina. O óleo essencial é produzido, principalmente, na Índia e na China e, em menor escala, na Austrália, Jamaica e Indonésia (INTERNATIONAL TRADE CENTRE, 1986; PURSEGLOVE et al., 1981). O valor mundial do comércio de gengibre chega a cerca de US$ 185 milhões, excluindo-se o óleo e a oleoresina. Apesar de maior produtor, a participação da Índia neste mercado mundial é pequena, correspondendo a apenas 6%. A China, por sua vez, tem liderado este mercado. Entretanto, no que tange ao comércio de oleoresina e óleo, aproximadamente 50% é proveniente da Índia. Os preços do gengibre no mercado mundial variam grandemente de acordo à sua origem e limpeza. O preço de importação do gengibre seco geralmente 1023 R. R. B. Negrelle et al. Figura 1. Evolução da exportação brasileira de gengibre, 1999 a 2003. Fonte de dados: Brasil (2003). Figura 2. Evolução da importação brasileira de gengibre, 1999 a 2003. Fonte de dados: Brasil (2003). está entre US$ 700 e US$ 1350/t. O gengibre jamaicano tem um nicho particular, sendo vendido no mercado europeu a preços que variam entre US$ 5000 e US$ 6000/t. O preço do óleo varia de acordo com sua concentração e pureza. O óleo de origem chinesa é vendido por US$ 22 a US$ 30/kg, o de origem chinesa a US$ 40 a US$ 50/kg e o proveniente de Sri Lanka chega a US$ 70/kg, preço que tem se elevado ultimamente. A oleoresina é cotada entre US$ 40 e US$ 50/kg (CROP PROFILE, 2003). Cenário nacional No Brasil, acredita-se que a introdução do gengibre deu-se durante a invasão holandesa, em função da permuta de plantas econômicas existentes entre os dois países naquela época (LISSA, 1996). Esta cultura iniciou-se no Rio de Janeiro, espalhando-se para São Paulo, Paraná e, mais recentemente, para Santa Catarina (SANTOS, 2000), principalmente nas regiões litorâneas. 1024 Embora o Brasil seja considerado, um dos grandes fornecedores mundiais de gengibre, sua produção é pequena comparativamente a outras culturas, envolvendo relativamente um conjunto pequeno de agricultores (SANTOS, 2000). A produtividade média brasileira tem sido registrada em torno de 20 t/ ha, cifra bastante inferior à obtida nos principais produtores mundiais (60 t/ha) (RÜCKER, 1993). Esta diferença, segundo a autora, estaria atrelada à variabilidade das condições de solo e clima de cada região produtora, tratos culturais, diversificação e rotação de culturas, tecnologia apropriada, mão-de-obra treinada e organização do setor produtivo. Há carência de informações no tocante à evolução da produção brasileira. Segundo Rücker (2002), a produção de gengibre no Brasil em 1999 esteve em torno de 10 mil t. Não foram encontrados registros das produções dos anos subseqüentes. O gengibre brasileiro é geralmente comercializado no estado in natura e se destina essencialmente à exportação (70% a 80%), principalmente para Estados Unidos, Reino Unido, Holanda e Canadá.Os rizomas que não atingem a qualidade tipo exportação são destinados ao mercado regional. De 73 t em 1972, a exportação de gengibre alcançou 3.800 t em 1985, estabilizando-se e voltando a crescer a partir de 1993 (6.721 t em 1994), com o preço médio a US$ 1,04/kg em 1995 (TAVEIRA MAGALHÃES et al., 1997). Registra-se, em 1998, cifra recorde de exportação ultrapassando US$ FOB 7.0 milhões, mas seguido por um expressivo decréscimo, em 2002, cujo valor correspondeu à quase metade do comercializado em 1998 (vide NURIN/BANCO DO BRASIL, 2003; BRASIL, 2004). O aumento de 31,3% no volume exportado de gengibre de 1995 a 1998 pode ser justificado pela maior demanda no mercado importador, além de melhor preço oferecido ao produto brasileiro em detrimento ao oferecido pelos outros países produtores, muito embora, no período seguinte a queda ao redor de 17% está relacionada à falta de qualidade do produto brasileiro frente aos oferecidos por outros países, segundo informações de produtores do litoral paranaense e de técnicos da SEAB–PR (Figura 1). A evolução da importação brasileira de gengibre apresenta um movimento pendular, na medida em que as forças de mercado determinam a oferta e a demanda. Durante o período de 1996 a 2003, o menor volume importado foi de 2000, que correspondeu a 22,0 mil kg. A partir de 2001, os preços médios negociados no comércio exterior tendem a diminuir, competindo com os preços médios praticados no mercado interno brasileiro. Com esta mudança, mesmo penalizando a Balança Comercial Brasileira, a importação de gengibre, em 2003, atingiu um volume de 56,7 mil kg líquido (Figura 2). Cenário estadual A cultura de gengibre foi introduzida por famílias de japoneses no litoral paranaense há aproximadamente 25 anos (EPAGRI, 1998). Entretanto, torHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná nou-se efetivamente comercial somente na última década, após introdução de variedade de rizomas gigantes (TAVEIRA MAGALHÃES et al., 1997). Atualmente, o Estado do Paraná desponta como o maior produtor nacional de gengibre (rizomas in natura) totalizando 3.945 t/ano, em uma área aproximada de 201 ha, distribuída em 26 municípios. A safra 2001/02 contabilizou R$ 3.3 milhões, correspondendo a 19,14% do Valor Bruto da Produção (VBP) do Grupo “Especiarias” e 0,017% do VBP estadual (PARANÁ, 2003). A maior parte da área produtora de gengibre no Paraná (97%) está concentrada no litoral paranaense, restrita aos municípios de Morretes, Guaraqueçaba, Antonina, Paranaguá e Guaratuba, todos pertencentes ao Núcleo Regional (NR) de Paranaguá (PARANÁ, 2003). Os cinco municípios produtores de gengibre que pertencem ao Núcleo Regional de Paranaguá ocuparam uma área aproximada de 194 ha, com produção média de 3.880 t na safra 2001/02. Morretes, principal município paranaense produtor de gengibre, ocupa aproximadamente 60% da área cultivada e participa com 54% do total da produção do Núcleo Regional (PARANÁ, 2003). A análise das informações estatísticas referentes a área ocupada e volume de produção de gengibre, safras 1990/ 91 a 2001/02, indicam um comportamento sazonal atrelado às variações da oferta e demanda do mercado externo (PARANÁ, 2003) (Figura 3/A-B). A safra 1997/98 foi recorde em termos de produção de gengibre, principalmente em função do que foi produzido no núcleo regional de Paranaguá. Assim como citado para o comércio brasileiro de gengibre, vários fatores podem estar associados a este recorde estadual como, por exemplo, a demanda do mercado importador, além do melhor preço pago ao produto em relação a outros países produtores. As safras subseqüentes não mantiveram este patamar de produção. Como já anteriormente mencionado, entre os fatores apontados pelos produtores, cita-se o desestímulo em função da dependência de “atravessadores” que, por sua vez, Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Figura 3. Evolução da área (A) e da produção (B) de gengibre, Estado do Paraná, Safras 1990/91 a 2001/02. Fonte de dados: Paraná (2003). tendem a forçar a venda do produto por preços mais reduzidos. Outro agravante seria a inaceitabilidade deste produto frente a um mercado mais exigente em termos de aparência e ausência de fungos, substâncias químicas tóxicas e acompanhamento de laudo fitossanitário comprobatório desta qualidade. Desta forma, atualmente, há um número bem menor de produtores devido ao prejuízo na comercialização da safra 2001/02, face ao cumprimento de contratos de exportação e, segundo Rücker (2002), a produção agrícola do gengibre ainda pode ser considerada uma atividade lucrativa, desde que seja implementado um sistema agro-industrial de manejo e beneficiamento adequado deste produto, sem uso abusivo de insumos agrícolas e sem uso de agrotóxicos. Assim, potencializar-se-ia a aceitação do gengibre paranaense pelo mercado consumidor regional e terceiros países. Segundo Santos (2000), a comercialização para o mercado externo do gengibre produzido em Morretes foi iniciada há cerca de 20 anos, mediante a Cooperativa Agrícola de Cotia. Este mercado externo é realizado por empresas exportadoras localizadas no Paraná (Antonina, Morretes e Curitiba), São Paulo (São Paulo, Santos, Indaiatuba, Atibaia e Jales), Minas Gerais (Belo Horizonte) e Santa Catarina (Itajaí). A maioria destas empresas que exportam o gengibre do município de Morretes tem um funcionário que inspeciona a embalagem do produto nas propriedades de produção. As empresas de maior porte possuem, geralmente, um representante que acompanha a carga no porto de destino. Comunidade produtora agrícola O sistema de produção paranaense de gengibre, em especial no município de Morretes, é realizado por pequenos (área da cultura de 0,2 a 0,3 ha), médios 1025 R. R. B. Negrelle et al. Figura 4. Distribuição da Comercialização do Gengibre, Morretes, 2001. Fonte: Pesquisa de campo, 2001. (área da cultura de 0,3 a 1 ha) e grandes produtores (até no máximo 10 ha). Essas propriedades, em sua maioria, possuem atividade olerícola, englobando a cultura de gengibre e de outras hortaliças, como chuchu, berinjela, alface, pepino, abobrinha, entre outras; caracterizando este município como um importante fornecedor de hortaliças para a Região Metropolitana de Curitiba. Em Morretes foram observadas três situações quanto ao custeio do cultivo: o produtor arca com os custos, os produtores são financiados pelas empresas exportadoras, tendo o produtor venda garantida do produto, e o cultivo é realizado com financiamento bancário. Mão-de-obra empregada Santos (2000) salienta que no município de Morretes, o setor agrícola é o grande gerador de empregos, principalmente nas atividades de colheita, preparo e limpeza, classificação e embalagem do produto in natura. Salienta, ainda, que entre dois mil e quinhentos a três mil empregos (a grande maioria temporários) são gerados durante o período que envolve a colheita do gengibre. Fora o período da colheita, cerca de mil e quinhentas pessoas trabalham durante todo o ciclo da lavoura, que é de um ano. Nas pequenas propriedades, toda a família trabalha no cultivo. Porém, durante a colheita, estes pequenos produtores contratam entre quinze e vinte empre1026 gados. As propriedades maiores têm entre doze e quinze empregados registrados e durante a colheita são temporariamente contratados entre sessenta e oitenta pessoas. Estes trabalhadores recebem uma diária, em média, de R$10, podendo chegar até a R$ 15, no caso de mão-de-obra mais especializada. A renda dos trabalhadores é gasta praticamente toda no município, determinando que os resultados das safras de gengibre sejam refletidos no comércio local. Terminada a colheita do gengibre, parte dos trabalhadores continua no preparo do novo plantio, o restante vai para a colheita e o plantio de hortaliças. Isso mantém a grande maioria dos trabalhadores rurais empregados, praticamente, o ano todo (IAPAR, 2000/01). Tecnologia empregada Observou-se em Morretes um modelo tecnológico em transformação, onde coexistem as agriculturas tradicionais da banana e da mandioca, de baixa produtividade, e sistemas de produção tecnificados, visando o mercado, com médio e alto níveis tecnológicos e alta produtividade, conforme detalhado em Marchioro (2002). Entre os tecnificados, cita particularmente o cultivo do gengibre. De acordo com EPAGRI (1998), os produtores de gengibre possuem equipamentos agrícolas como cultivador motorizado, trator equipado com arado e grade de disco, escarificador, carreta, pulverizador, conjunto de irrigação, pulverizadores costais, lavadores de gengibre, contentores de plástico para transporte e colheita da produção, entre outros. Evidenciou-se que os processos de beneficiamento do gengibre pós-colheita no município de Morretes estão afetos ao tipo de produto final comercializado, a saber: rizomas in natura. Desta forma, após a colheita o rizoma é geralmente submetida à lavagem e limpeza manual, secagem natural, classificação, acondicionamento (embalagem) e transporte. Origem e destino da produção agrícola Cerca de 70% a 90 % da produção de Morretes destina-se à exportação do produto in natura. Do restante desta produção, parte é utilizada localmente, em forma de rizomas-semente ou encaminhada para processamento industrial, e parte é encaminhada à CEASA-PR, com sede em Curitiba, para comercialização in natura tanto nos boxes, por comerciantes locais, como nas “pedras”. Pequenas indústrias familiares No Paraná não há registro de processamento do gengibre em nível industrial, exceto o realizado por pequenas indústrias familiares localizadas em Morretes. Segundo técnico da EMATER, em 2003, registraram-se 34 indústrias caseiras que processavam parte da colheita de gengibre neste município. Estas indústrias produzem principalmente balas, conservas e geléia de gengibre. Estes produtos são vendidos localmente, em outras cidades do litoral e, também, em feiras-livres e alguns supermercados de Curitiba. Segundo Santos (2000), o número destas indústrias em anos passados chegou a 150. Esta diminuição em relação ao observado atualmente pode ser um reflexo da própria diminuição da produção local. A Resolução n.23, de 15/03/2000 da Secretaria de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2000), que regulamenta o registro de produtos alimentícios, dispensa da obrigatoriedade de registro as indústrias que processam balas, doces e conservas. Entretanto, a Resolução RDC n.275, de 21/10/2002, da Secretaria de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002) recomenda aos estabelecimentos produHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná tores de alimentos a aplicação do regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados e verificação das boas práticas de fabricação. A pesquisa de campo realizada em Morretes revelou total ausência de controle de qualidade nestas pequenas indústrias processadoras, tanto por parte da ANVISA local quanto de órgãos extensionistas rurais e dos próprios proprietários. Comercialização do gengibre in natura A CEASA-PR é o principal polo receptor e de comercialização de gengibre in natura na Região Metropolitana de Curitiba. Conforme dados obtidos da Divisão Técnica Econômica da CEASA-PR (2002), a comercialização do gengibre in natura pela CEASA de Curitiba correspondeu a um volume aproximado de 200 t, no período de 2000 a 2001, com preço médio por kg de R$ 0,90 a R$ 0,67, respectivamente. Deste volume comercializado neste período, 79,1% a 79,5% referiam-se ao produto procedente do município de Morretes. Os principais receptores do produto ofertado na CEASA-PR são supermercadistas, feirantes e comerciantes do Mercado Municipal de Curitiba (Figura 4). Segundo a Secretaria Municipal de Abastecimento de Curitiba (SMAB), no período de 2000 a 2001, as feiras-livres movimentaram cerca de 42,8% da comercialização anual do gengibre in natura e o Mercado Municipal de Curitiba 20,0% (PARANÁ, 2002). Limitações e pontos de estrangulamento da cadeia produtiva de gengibre de Morretes Produção agrícola Geralmente o cultivo de gengibre está inserido na região de ocorrência da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), com severas restrições de uso e ocupação impostas pelo IBAMA e Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Portanto, antes de iniciar o plantio, o produtor deve entrar em contato com estas instituições para obter o devido licenciamento ambiental. A cultura do gengibre tradicional no município de Morretes é caracterizada pelo uso excessivo de agrotóxicos, o que Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 potencializa o risco de dano ambiental próximo a regiões de preservação ambiental e rios. Há uma tendência do mercado mundial, grande alvo da produção do município de Morretes, dar preferência ao gengibre orgânico (SANTOS, 2000), visto que o uso inadequado de agrotóxicos na agricultura poder trazer sérios prejuízos à segurança do trabalhador rural envolvido em sua aplicação, à saúde do consumidor e ao equilíbrio do meio ambiente. A incidência de pragas (principalmente lagarta-rosca, nematóides e doenças Phyllosticta sp, Rhizoctonia solani, Fusarium oxysporum) compromete seriamente a produção de gengibre. O controle destas ou a redução de seus efeitos tem sido conseguido, em parte, com a rotação de culturas e o emprego de rizomas-semente sadios. Outra grande dificuldade da cultura no município, segundo Santos (2000), é a descapitalização do produtor, que contraiu muitas dívidas com os bancos no início da década de 90 e, em torno de 70 produtores, securitizaram suas dívidas. Com isso, há o impedimento ao acesso a novos créditos e, desta forma, comprometendo a produção, bem como a qualidade do produto. Comercialização De modo geral, os produtores de gengibre de Morretes se mostram insatisfeitos com o mercado externo. Não há garantia de preço, nem existência de um contrato estabelecido entre o agricultor e o comprador, determinando em muitos casos atraso ou mesmo a falta de pagamento pelo produto. Esta situação passa a configurar-se em desestimulo à continuidade do plantio desta cultura, reforçada pelo alto custo de produção (em média R$ 18.000,00/ha). Outro entrave relativo à comercialização, considerado por alguns produtores como principal problema, é a excessiva produção de gengibre no Brasil, dificultando a venda. Entretanto, as cifras de importação de gengibre desmentem este fato. Alguns outros produtores consideram como fator negativo na comercialização do produto brasileiro os baixos preços ofertados pela China, um dos grandes produtores mundiais. Entre outros fatores também apontados pelos produtores foi a alegação dos “atravessadores” de que o produto paranaense deixa a desejar no aspecto qualidade com a presença de fungos e ausência de controle sanitário comprobatório. É imprescindível que se diga que a comercialização está diretamente relacionada com a qualidade e preço. O produtor busca minimizar custos e obter o melhor preço para o seu produto, para potencializar a inserção do produto no mercado e aumentar sua lucratividade, enquanto que o comprador espera obter a melhor qualidade possível aliada a menores preços. É um ciclo vicioso, que nem sempre considera o consumidor final como dependente direto do resultado deste processo. Controle de qualidade Observou-se uma grande carência quanto ao controle higiênico-sanitário do sistema de produção como um todo, especialmente no beneficiamento póscolheita, por parte dos produtores. Conseqüentemente, o produto final apresenta sério comprometimento de qualidade frente ao mercado consumidor regional e terceiros países, especialmente no que concerne aos padrões microbiológicos referenciados como adequado em Brasil, 2001. A falta de qualidade que muitas vezes se iniciou na produção acaba persistindo no setor secundário. A maioria das pequenas indústrias não aplica controle de qualidade ao produto, operando em situação bastante precária, bem como o descumprimento da Resolução RDC n.275 (BRASIL, 2002), por parte da fiscalização. Este tipo de situação demonstra descaso com a saúde da população consumidora destes produtos. Os comerciantes e produtores que comercializam na CEASA-PR consideram como critérios de avaliação de qualidade do rizoma de gengibre: tamanho, brilho, ausência de terra aderida à superfície do rizoma, ausência de brotamento e quebra. Entretanto, não fazem exigência quanto à certificação ou laudo técnico que identifique a qualidade sanitária do produto comercializado. A grande maioria destes comerciantes mostrou desconhecer as orientações e normatizações legais sobre este aspecto e as implicações da falta de qualidade na saúde do consu1027 R. R. B. Negrelle et al. midor. Estes apenas mencionam, ocasionalmente, as conseqüências do uso de agrotóxicos. Também o consumidor é pouco exigente, dado que compra produtos sem qualquer garantia de procedência qualificada, mantendo assim a problemática. Nos estabelecimentos de comercialização foram identificados problemas, na qualidade do produto comercializado, como os de origem nos manipuladores e na inexistência de laudo laboratorial atestando o controle de qualidade do produto in natura adquirido do setor primário, associados à falta de qualidade sanitária evidenciada em algumas amostras comercializadas de gengibre in natura. AGRADECIMENTOS Aos agentes econômicos (produtores agrícolas, donos e funcionários de empresas e demais envolvidos), que integram a cadeia produtiva do gengibre em Morretes, pelas informações prestadas. Aos técnicos da SEAB/PR, em especial a Srª. Gilka Andretta, ao Sr. Baltazar Henrique dos Santos e ao Sr. Rodrigo Aquino de Paula, pelas contribuições prestadas. LITERATURA CITADA BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior - SECEX. Sistema Alice. Gengibre. Disponível em: <http://www. aliceweb.desenvolvimentogovbr/consulta_nova/ resultadoConsulta.asp>. Acesso em: 30 jan. 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução n.23, de 15 mar. 2000. Dispõe sobre o Manual de Procedimentos Básicos para Registro e Dispensa da Obrigatoriedade de Registro de Produtos Pertinentes à Área de Alimentos. Diário Oficial da União, 16 mar. 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC n.12, de 02 jan. 2001. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial, 10 jan. 2001. 1028 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC n.275, de 21 out. 2002. Regulamento técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/ Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União, 06 nov. 2002. CEASA/PR. CENTRAL DE ABASTECIMENTO DO PARANÁ S/A. Divisão Técnica Econômica. Dados referentes à evolução da comercialização e procedência do gengibre na CEASA de Curitiba - ano 2000/2001, Curitiba, 2002. CORRÊA JUNIOR; MING, L.C.; SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. 2.ed. Jaboticabal: FUNEP, 1994. 151 p. CROP PROFILE. Ginger. Disponível em: <http:/ /www.spicestat.org/ginger.html>. Acesso em: 20 nov. 2003. EPAGRI. 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Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil Nirlene J. Vilela1; Nozomu Makishima1; Valter R. Oliveira1; Nivaldo D. Costa2; João Carlos M. Madail3; Waldemar P. Camargo Filho4; Guido Boeing5; Paulo César T. de Melo6 1 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Semi Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 3Embrapa Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas-RS; 4Instituto de Economia Agrícola, Av. Miguel Stefano, 3.900, 04301-903 São Paulo-SP; 5Instituto CEPA, C. Postal 1587, 88034-001 Florianópolis-SC; 6USP-ESALQ, Depto. de Produção Vegetal, C.Postal 9, 13418900 Piracicaba-SP; E-mails:[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Este trabalho teve por objetivo descrever alguns aspectos socioeconômicos relacionados à cebola no Brasil e detectar os principais desafios e oportunidades que o produto apresenta para o agronegócio. A cultura, de caráter tipicamente “familiar” (88%), gera cerca de 250 mil empregos somente no setor de produção. O consumo é estável em 85 mil t por mês. A consolidação do Mercosul e a conseqüente importação de cebola da Argentina somada à produção nacional tem causado excesso de oferta em alguns meses, gerando perdas e conseqüentes prejuízos para os produtores. O setor produtivo brasileiro necessita elevar o nível tecnológico para alcançar maior eficiência técnica e econômica. No entanto, é necessário que as regiões produtoras do Brasil e da Argentina tenham estabilidade de produção e que a quantidade ofertada seja suficiente para atender às necessidades de abastecimento em determinados períodos do ano, sem causar desequilíbio no mercado. The challenges and the oportunities for the onion agribusiness The main objective of this work was to describe some socieconomic aspects of the onion production in Brazil and to detect the principal challenges and opportunities for the onion agribusiness. The onion cultivation in Brazil is a family activity (88%), generating about 250 thousand jobs directly involved in the production. The onion consumption in Brazil is nearly 85 thousand t per month. With the consolidation of the MERCOSUL, the onion import from Argentina and the national production has caused excess of supply in some months, generating losses and consequent damages for the producers. The Brazilian productive sector needs to improve the technological level of the onion production to reach greater technical and economic efficiency. However, it is necessary that Brazilian and Argentinian producers look for a better production forecast to avoid excess of supply during some periods of the year. Palavras-chave: Alium cepa, agronegócio, competitividade, mercado, produção, importação. Keywords: Allium cepa, agribusiness, competitiveness, commercialization, production, importation. (Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005) N o Brasil, como geradora de empregos e renda na agricultura, a cultura da cebola é uma atividade de elevada importância socioeconômica. Em razão de não existir uma política comercial restritiva entre os países do MERCOSUL, as entradas livres e intempestivas do produto estrangeiro, em detrimento das atividades produtivas do Brasil transferem-se para uma preocupação social mais ampla. Neste aspecto, a realização de estudos de natureza exploratória sobre a situação do mercado da cebola no Brasil nos últimos anos pode ser útil e necessária para subsidiar políticas setoriais e novas estratégias de produção e comercialização. As informações obtidas poderão auxiliar os agentes do agronegócio, instituições de pesquisa e desenvolvimento e formuladores de política setorial nas tomadas de decisão para redirecionar a cebolicultura brasileira, com vistas a elevar as condições de competitividade do produto. Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 O objetivo deste trabalho foi elaborar uma análise descritiva da situação de mercado da cebola no Brasil nos últimos três anos e, especificamente, detectar desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi elaborado com base na sistematização e análises das informações obtidas em reuniões técnicas para identificação de sistemas de produção predominantes nas principais regiões produtoras do País, realizadas com a participação dos agentes do agronegócio de cebola em SC, SP e PEBA, (VILELA et al., 2002). Adicionalmente, utilizaram-se os relatórios dos encontros intitulados “Seminário Nacional de Cebola – Seminário de Cebola do MERCOSUL”, promovidos pelo agronegócio de cebola do Brasil e do MERCOSUL para escalonamento de oferta dos anos de 1999-2003 e as informações obtidas de fontes oficiais (IBGE e MDIC) e de outros trabalhos publicados. Os resultados foram descritos com base na sistematização e análise das informações, acerca da situação estrutural da produção e do comportamento de mercado (KING, 1967; KERBY, 1992). RESULTADOS E DISCUSSÃO No âmbito da agricultura brasileira, a cebola destaca-se como uma cultura de elevada importância socioeconômica. No aspecto de geração de emprego e renda, estima-se que a cadeia produtiva gere mais de 250 mil empregos diretos só no setor da produção (SAASP, 1997). De acordo com censo agropecuário de 1996 (IBGE, 2002), são mais de 102 mil produtores envolvidos na exploração econômica da cebola. A cultura de caráter tipicamente familiar (88%) é res1029 N. J. Vilela et al. Tabela 1. Calendário de colheita e comercialização de cebola no Brasil, 2003. Estados/indicações Meses 1 2 3 4 5 6 X X X X X 7 8 9 10 11 12 X X X X X X X X X X X X X X X Santa Catarina Colheita X Comercialização X Rio Grande do Sul Colheita Comercialização X X X X X X X X X Paraná Colheita Comercialização X São Paulo Colheita X X X X X X Comercialização X X X X X X X X Pernambuco e Bahia Colheita X X X X X X X X X X X X Comercialização X X X X X X X X X X X X Colheita X X X X X Comercialização X X X X X Minas Gerais X Fonte: ANACE,2003 ponsável pela sobrevivência no campo de um grande número de pequenos produtores que têm a cebola como única fonte de renda (VILELA et al., 2002). Uma das características marcantes do setor produtivo é que, mesmo nas médias e grandes propriedades, o sistema de produção é em parceria, ou seja, o empresário fornece a terra, capital, máquinas e insumos, enquanto as famílias parceiras entram com mão-de-obra para o cultivo, tratos culturais e colheita. Maior parte (65,8%) dos produtores de cebola está concentrada nos extratos de área menores que 20 ha e são responsáveis por 51,7% da produção nacional (IBGE, 2002). Direções da cadeia produtiva No âmbito da cadeia produtiva, foram observados dois cenários. No segmento da produção, a preocupação com a competição externa colocou o atendimento às exigências do mercado como o principal centro de atenção do agronegócio da cebola. Neste aspecto, os produtores procuram por produto com maior competitividade em qualidade, custos e preços, optando por cultivares que garantam maior produtividade, apresentem maior grau de resistência às doenças e forneçam produtos comerciais com alto padrão de qualidade 1030 e maior produtividade. Estas preferências incluem cultivares de polinização aberta ou híbridas que proporcionem uma colheita uniforme, exatamente dentro da época programada. Adicionalmente, estas cultivares ou híbridos devem exibir padrão comercial similar ao do produto importado, especialmente quanto à uniformidade no tamanho do bulbo, cor, retenção de escamas e sabor. Ademais, percebe-se clara avidez por tecnologias para produção de cultivares de cebola menos pungentes (tipos doces ou suaves), mais adequadas para consumo fresco em saladas e tipos mais apropriados à industrialização (flocos e pó) e, também, cultivares adequadas para cultivo em sistemas orgânicos, como forma de agregar maior valor ao produto nacional (VILELA et al., 2002). No segmento dos consumidores, observam-se preferências pela ótima qualidade do produto, diversificação de tipos varietais (tipos mais e tipos menos pungentes), produtos diferenciados (produção em sistemas orgânicos e agroecológicos), disposição dos produtos classificados e com melhor conservação pós-colheita. Nas observações de Boeing (2002), os consumidores preferem cebolas com bulbos globulares com casca de coloração avermelhada semelhante à cor do pinhão. Diante destas exigências, as instituições de pesquisa públicas e privadas vêm ajustando suas atividades para atender às demandas dos produtores e dos consumidores, procurando desenvolver cultivares com as características que atendam às tendências atuais do mercado. Distribuição das safras e preços de mercado Em decorrência das exigências da cultura quanto ao fotoperíodo e temperatura, as cultivares regionais são diferenciadas. Na BA e PE, as cultivares predominantes são as importadas claras precoces e as da série IPA, com resistência à conservação de 30 a 45 dias após a colheita. Em SP, na safra do cedo, as cebolas produzidas são as claras precoces e, nas semeaduras tardias, as baias periformes. Em MG, GO e DF, predominam cultivares claras precoces e a baia periforme. Em SC, as cultivares mais plantadas são as crioulas de casca escura, pungentes e com armazenamento pós-colheita, que pode se estender por até 6 meses, e as cultivares baias periformes precoces. No RS, os produtores cultivam tradicionalmente cebolas do grupo baia periforme, cuja semente é produzida no próprio estado. Desta forma, a oferta de cebola se distribui durante o ano todo (Tabela 1). Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil Tabela 2. Programação da oferta de cebola em mil toneladas, 2003. Mês RS SC PR JAN 16,50 39,60 18,00 FEV 15,00 SP MG BA/PE 3,45 3,50 GO Brasil ARG 81,05 4,00 MERCOSUL 85,05 55,00 19,20 2,40 3,00 94,60 9,00 103,60 MAR 55,00 6,00 3,30 4,50 68,80 16,50 85,30 ABR 39,60 1,47 19,09 2,00 62,60 28,50 90,66 MAI 8,35 2,18 25,32 6,00 51,10 34,50 85,60 9,25 JUN 26,84 5,45 23,34 13,00 68,63 27,00 95,63 JUL 26,23 9,22 20,15 11,40 66,90 19,50 86,40 AGO 54,64 10,40 16,00 81,04 7,50 88,54 SET 45,79 10,25 14,10 70,14 3,50 37,05 5,69 16,50 59,70 59,69 60,76 OUT 0,45 NOV 1,00 4,40 6,40 30,52 4,44 14,00 60,76 DEZ 17,50 17,60 16,00 9,09 4,10 12,00 76,22 Total 50,00 220,00 65,60 239,24 62,36 171,50 32,40 841,09 73,64 76,22 150,000 991,09 Fonte: ANACE, 2003. Desde 1989, com o objetivo de organizar a produção e a comercialização da cebola no Brasil, os agentes do agronegócio do Brasil e da Argentina (Associações Regionais de Produtores, Associação Nacional de Produtores de Cebola-ANACE, comerciantes de cebola e de insumos para a cultura, pesquisadores, extensionistas) vêm realizando, anualmente, o Seminário Nacional da Cebola, quando registra-se um acordo para a consolidação de safras e a oferta anual dos dois países para o mercado brasileiro. Para 2003 foi programada a oferta de 841 mil t de cebola brasileira e de 150 mil t de cebola argentina (Tabela 2). Entretanto, de acordo com o IBGE (2004) a produção naquele ano foi de, aproximadamente, 1.187mil t, superando a oferta interna (841.099 t) em aproximadamente 346 mil t. Os grandes Estados produtores como SC, SP e BA aumentaram a área plantada e a produção em relação ao ano anterior. Além disso, outros Estados de menor expressão econômica na cebolicultura, como é o caso de GO e MG vêm investindo na cultura e formando novos pólos ceboleiros. Por outro lado, é elevada a elasticidade-preço da oferta da cebola, característica econômica determinante no processo de produção e comercialização que expressa a sensibilidade da produção às variações de preços. As variações de preços são estacionais e ocorrem com certa freqüência, o que pode ser resultado do Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 efeito da “teoria da teia de aranha”: em determinada época do ano, o preço é alto e a produção é baixa, e no ano seguinte, o produtor, estimulado pela alta do preço, aumenta a produção; o aumento da oferta tende a gerar queda dos preços. Isso pode ser observado no período de 1998 a 2003, o preço médio de cebola no mercado atacadista foi de R$ 479,22 por tonelada. A variação bianual dos preços mostrou pouca diferença entre os anos pares e ímpares. Os preços maiores ocorreram em anos com final par (de março a julho, ficaram acima da média), enquanto nos anos ímpares, a ocorrência de preços acima da média foi menor. A diferença da média entre anos pares e ímpares foi de 25%. O principal mercado atacadista no Brasil é a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de SP), que comercializou em 2003, um volume de 92.379 t de cebola nacional (76%) e importada (24%). Situação do consumo O consumo da cebola no Brasil apresentou tendência de aumento de produtos processados ao final da década de 1990 e início do século 21. Em razão do aumento da população urbana e da maior participação da mulher no mercado de trabalho, as famílias passaram a fazer maior número de refeições fora do domicílio. Apesar da redução do consumo domiciliar de bulbos de 6,5 kg/ hab/ano em 1987 para 3,5 kg/hab/ano em 2003 (IBGE, 2004), vem aumentando o consumo de cebola processada com pasta de alho e sal, purês e catchup e cebolas desidratadas. O consumo institucional (setor de refeições coletivas) evoluiu no período de 1998/2002 em 37% (BRASIL, 2002) e, em levantamento recente realizado por Cabrera Filho (2004) relata que o consumo médio de cebola no Brasil situa-se em torno de 85 e 90 mil t/mês. É importante ressaltar que o IBGE pesquisa o consumo familiar no âmbito dos domicilios. Para formar uma ideia sobre a quantidade consumida em todos os segmentos do consumo, além das unidades familiares deve-se pesquisar o consumo das agroindústrias e o chamado consumo institucional (setores de refeições coletivas representados pelas lojas de comidas prontas, restaurantes, merenda escolar, hospitais e outros). Importações brasileiras para o abastecimento nacional As importações brasileiras aumentaram nos últimos anos. Uma das razões que pode explicar este crescimento é a boa aparência da cebola argentina, associada a sua boa conservação pós-colheita. Isto contribui para que os consumidores optem pelo produto importado, o que implica na transferência de valor agregado para o país vizinho (CAMARGO FILHO, 1999). De acordo com Porter (1993) a principal vantagem competitiva entre as nações consiste em aumentar sucessivamente a produtividade dos fatores e diferenciar os produtos em excelência de qualidade. 1031 N. J. Vilela et al. Tabela 3. Comportamento do mercado de cebolas frescas em 2003. * Oferta A Importação B Estoque C= A+ B * * Consumo D Suficiência estoques E= D - C Exportação F Suprimento do mercado = å (E - F) JAN 81.050, 3.925, 84.975, 85.000, -25, 30,7 -55,7 FEV 94.600, 9.285, 103.885, 85.000, 18.885, 0,6 18.828,7 MAR 68.800, 37.757, 106.557, 85.000, 21.557, 0 40.385,7 ABR 62.160, 45.922, 108.082, 85.000, 23.082, 0,3 63.467,4 MAI 51.100, 44.662, 95.762, 85.000, 10.762, 0,5 74.228,9 JUN 68.632, 12.879, 81.511, 85.000, -3.489, 0,3 70.739,6 JUL 66.905, 10.810, 77.715, 85.000, -7.285, 0 63.454,6 AGO 81.038, 5.345, 86.383, 85.000, 1.383, 194,5 64.643,1 SET 70.145, 1.335, 71.480, 85.000, -13.520, 422 50.701,1 OUT 59.691, 344, 60.035, 85.000, -24.965, 248,7 25.487,4 NOV 60.760, 111, 60.871, 85.000, -24.129, 1,1 1.357,3 DEZ 76.218, 302, 76.520, 85.000, -8.480, 1,7 -7.124,4 841.099, 172.677, 1.013.776, 1.020.000, -6.224, 900,4 TOTAL Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (2004a, 2004b); ANACE (2003) *Programada; **estimado Tabela 4. Sistemas predominantes e custos de produção de cebola no Brasil. Principais produtores Santa Catarina Sistemas de produção predominantes Custos de produção (R$) - Cultivo mínimo com microtrator (15.000 t/ha) 3.981,12 - Cultivo mínimo com trator (25.000 t/ha) 6.475,36 - Cultivo mínimo com trator (35.000 t/ha) 8.194,94 - Sistema agroecológico (10 t/ha) 3.256,00 São Paulo Plantio direto (36 t/ha) 7.754,38 Petrolina-PE Juazeiro-BA Transplante (25 t/ha) 4.519,96 Rio Grande do Sul Transplante (20tha) 3.699,00 Fonte: Vilela et al., 2002. A cebola fresca ou refrigerada foi o principal tipo importado pelo Brasil (99%). Nos últimos anos, as importações de alguns tipos, como cebola seca, foram reduzidas. Outras, tais como echalotes e conservas não estão constando da pauta de importações de cebolas. A proposta da Argentina de lançar 150 mil t de cebola fresca no mercado brasileiro em 2003 realizou-se com um acréscimo de 21,4 mil t. Em adição às excessivas importações da Argentina (171,4 mil t) o Brasil ainda importou mais de 1,2 mil t de outros países. Em 2003, o Brasil importou cebola fresca desnecessária e intempestivamente durante o ano inteiro, não somente da Argentina como planejado, mas também de outros países. A excessiva quantidade importada, somada aos estoques de SC, RS e PR, que são comercializados na mesma época de 1032 maior entrada do produto estrangeiro, ultrapassam as reais necessidades de abastecimento do mercado, resultando em perdas para a cebolicultura brasileira. A ocorrência deste fato pode ser explicada pela falta de um planejamento sistemático da produção: planta-se demais e perde-se muito, seja por deficiência de armazenagem, seja pelo comportamento de mercado no processo de expurgo da carga excedente. Subtraindo da produção interna de 1.187 mil t (IBGE,2004) as necessidades de consumo de 1.020 mil t conforme tabela 3 e as exportações de 900,4 t, o resultado é um excedente de produção equivalente a 166,2 t. Este resultado evidencia que a importação de cebola fresca é desncessária, uma vez que a safra brasileira foi mais do que suficiente para suprir o mercado nacional. Entretanto, por força de acor- do com o MERCOSUL, foi planejado um espaço de 150 mil t no mercado brasileiro para a produção argentina, porém a Argentina destinou ao Brasil 171.436 t que, somadas às importações de outros países, totalizaram 172.677 t importadas. Considerando a oferta programada do Brasil (841.099 t) mais as importações realizadas (172.677 t) menos as exportações (900,4 t), observa-se um déficit operacional no mercado (-7.124 t). Quando se correlaciona o excedente da produção à oferta programada, consumo e exportações, verifica-se que as importações representaram uma parcela de 51% no total excedente. No Brasil ocorrem situações em que a cebola, como única fonte de renda dos produtores, precisa ser comercializada imediatamente após a colheita, até mesmo sem cura, para recuperar o escasso capital de giro e sustentar a sobrevivência da família. Sem cura, a cebola, além da aparência não-atrativa, fica mais exposta às deteriorações. Além dos bulbos mal curados, verifica-se ainda o apodrecimento por falta de ambiente adequado ao armazenamento, bulbos atacados por pragas e doenças, manuseio e transporte feito sem cuidados, má aparência visual dos bulbos (desuniformes, descascados ou com cascas muito finas). Em algumas regiões, como NE e SE são utilizadas cultivares inadequadas que não apresentam resistência ao armazenamento. Pelo fato desHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil tas cultivares de cebola possuírem baixo teor de sólidos solúveis totais na sua composição, imediatamente após serem colhidas e curadas, necessitam ser comercializadas, gerando um grande fluxo de cebola de baixa qualidade no comércio. Esta situação traz, consequentemente, quedas de preços, reduzindo a rentabilidade da cultura e elevando os níveis de perdas. Assim, no segundo semestre, observam-se quedas de preço por excesso de oferta, em razão da impossibilidade de armazenamento. No primeiro semestre, o escoamento dos estoques armazenados da cebola de ciclo tardio confrontase com os da cebola importada. No Brasil, a característica marcante da oferta de cebola é a estacionalidade da produção. Levando-se em conta o nível da tecnologia adotado pelos produtores e as condições de clima, muitas vezes desfavoráveis à cultura, as médias de produtividade são baixas, variando de 15 a 17 t/ha. De acordo com Vilela et al. (2002), os custos médios operacionais da cebola variam de acordo com o nível tecnológico da cultura (Tabela 4). De acordo com Tosi (2003), na Argentina, o custo médio operacional total da cebola, em 2003, foi de U$ 1.465,02, ou seja, R$ 2.809,59, para o nível de produtividade de 1200 bolsas de 25 kg. A produtividade média da cebola Argentina, confirmada por Galmarini (2004) varia entre de 26 a 28 t/ha, levando-se em conta as cultivares de dia curto, intemediário e longo. Para o caso das cultivares de dia longo tipo Valencianas, que ocupam 80% da área plantada a produtividade média situa-se em torno de 33 t/ha. Diante das condições produtivas do Brasil, é factível esperar um cenário favorável para a Argentina (BARBERO; CASTELLANO; LUCARENA, 2000). Na Argentina existe maior integração dos setores produtivos com o governo. Além disso, o solo fértil necessita de pouca adubação, principalmente de fósforo e potássio, o que contribui para a redução dos custos operacionais. Na produção de cebola, outro fator que explica as vantagens da Argentina em relação ao Brasil é o clima que favorece os ganhos de produtividade e a qualidade dos bulbos (CAMARGO FILHO, 2000). As situações de produção e comercialização permitem a conclusão de que a permanência da cebola do BraHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 sil ou da Argentina no mercado brasileiro passa pela questão da competitividade. Apesar da produtividade média da cebola brasileira ser mais baixa ,quando comparada à da Argentina e os custos de produção mais elevados, novas fronteiras de produção estão surgindo em São Gotardo (MG), Cristalina (GO) e Chapada Diamantina (BA). Nesses novos polos predominam lavouras de grande extensão, mecanizadas, operando com elevado nível tecnológico. A produtividade média desses locais tem sido superior a 50 t/ha e qualidade comparável à do similar importado. Na região de Irecê (BA), a cultura da cebola vem evoluindo de forma considerável nos últimos anos. Os produtores de Irecê vêm adotando tecnologia de produção superior à da tradicional zona do submédio São Francisco (PEBA). Conseqüentemente, as médias de produtividade obtidas têm sido superiores a 25 t/ha. Estas novas fronteiras de produção têm contribuído, de forma significativa, para as mudanças no cenário da comercialização de cebola do país e, diretamente, são também responsáveis pela fragilidade dos pequenos produtores tecnologicamente menos eficientes. Na situação de desarticulação apresentada pelo mercado da cebola fresca, em razão de excesso de produção e excesso de importações, torna-se necessária a racionalização da produção (redução de área média plantada nas regiões e elevação do nível tecnológico dos sistemas) para que sejam gerados ganhos de produtividade com capacidade de diluir custos e, ao mesmo tempo, elevar a qualidade da cebola nacional. A vantagem competitiva do produto da Argentina no mercado brasileiro deve se manter enquanto o país vizinho cuidar da qualidade e da apresentação da cebola que exporta, a menos que o Brasil, e em particular os estados do Sul, invistam mais em tecnologias, com vistas a alcançar maior eficiência técnica e econômica dos atuais sistemas produtivos. Outra alternativa é diversificar a oferta de variedades, procurando diferenciar o produto em relação ao concorrente, como a produção de cebola tipo doce ou em sistemas orgânicos ou agroecológicos. Nos estados do NE, onde o clima apresenta condições favoráveis, a produção de cebola tipo salada (cebola doce) com vistas às exportações para os Estados Unidos e Europa, pode tornar-se uma alternativa rentável para os produtores. LITERATURA CITADA ANACE. Escalonamento mensal da oferta de cebola para 2003: em toneladas. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE CEBOLA, 15; SEMINÁRIO DE CEBOLA DO MERCOSUL, 16, 2003, Petrolina. Anais... Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2003. BARBERO, A.; CASTELLANO, A.; LUCANERA, G. Situação actual y perpectivas del cultivo de cebolla en el Valle Bonaerense del Rio Colorado. In: REUNIÓN ANUAL DE LA AAEA, 29., 1998, La Plata. Trabajos y comunicaciones... Buenos Aires: AEEA, 2000. BOEING, G. Fatores que afetam a qualidade da cebola na agricultura familiar catarinense. Florianópolis: Instituto Cepa, 2002. 88 p. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio. Importação brasileira, 07031019: outras cebolas frescas ou refrigeradas. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 22 jan. 2004a. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio. Exportação brasileira, 07031019: outras cebolas frescas ou refrigeradas. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 22 jan. 2004b. BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Refeições coletivas: um segmento que apresenta oportunidades para o produtor. Frutifatos, Brasília, DF. Edição 3. p.2-10, 2002. CABRERA FILHO, J. Relatório da produção de cebola no Brasil: 2004. São Paulo: Secretaria da Agricultura e Abastecimento. 2004. 5 p. (Documento). CAMARGO FILHO, W.P. Produção e mercado de cebola no MERCOSUL: 1990-98. Informações Econômicas, São Paulo, v.29, n.4, p.19-30, 1999. CAMARGO FILHO, W.P. Alterações no mercado de cebola com o MERCOSUL: Informações Econômicas, São Paulo, v.32, n.14, p.41-49, 2000. GALMARINI, C. Rendimiento da cebolla en Argentina. INTA. [email protected] (comunicação via E-mail em 03/11/2004). 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VILELA, N.J.; MAKISHIMA, N.; VIEIRA, R.C.M.T.; CAMARGO FILHO, W.P.; MADAIL, J.C.M.; COSTA, N.D.; BOEING, G.; VIVALDI, L.F.; WERNER, H. Identificação de sistemas de produção de cebola nos principais Estados produtores: relatório final de pesquisa - subprojeto 13.2001.86507. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2002. 1033 Errata No artigo “Efeito da sacarose, cinetina, isopentenil adenina e zeatina no desenvolvimento de embriões de Heliconia rostrata in vitro”, publicado no v.23, n.3, julho a setembro de 2005, p. 789-792, retifica-se o nome de um dos autores, constante da página 789. Onde se lê: Fernanda D. Duval, leia-se: Fernanda G. Duval. 1034 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Índice dos autores do v.23, 2005 (O numero da página em negrito indica o primeiro autor) Abboud, A.C.S. ...................... 117, 281 Almeida, D.L. ................................ 184 Almeida, G.C. ................................. 993 Almeida, G.R.O. ............................. 970 Almeida, I.P.C. ............................... 960 Alvarenga, A.A. ............................. 846 Alvarenga, M.A.R. ......................... 976 Alves, A.U. ....................................... 19 Alves, D.S. ....................................... 28 Alves, R.E. ..................................... 793 Amaral Júnior, A.T. ....... 22, 123, 1000 Amaral, C.L.F. ................................ 911 Amaro Filho, J. .............................. 718 Andrade Júnior, V.C. ...................... 899 Andrade, F.V. .................................... 90 Andreuccetti, C. ............ 148, 324, 940 Andriolo, J.L. ................................. 931 Anti, G.R. ........................................ 271 Aquino, L.A. ......................... 100, 266 Aragão, F.A.D. ............................... 789 Araújo, J.S.P .................................... 05 Araújo, M.G.................................... 143 Arie F. Blank .................................. 780 Arimura, C.T. ................................. 982 Arrigoni-Blank, M.F. ..................... 780 Ávila, A.C. ..................................... 904 Bacarin, M.A. ................................. 799 Banzatto, D.A. ................................ 743 Baptista, G.C. ................................... 38 Barbieri, V.H.B. .............................. 826 Barbosa, J.C. ............................ 51, 311 Barbosa, J.A. .................................. 925 Barbosa, L.J.N. ...................... 128, 768 Barbosa, Z. ..................................... 960 Barros Júnior, A.P. ... 233, 285, 290, 712 Barros, A.F.F. ................................. 789 Barros, G.T. .................................... 931 Baptista, G.C. ................................... 38 Batista, J.A. .................................... 841 Belfort, G. ....................................... 960 Beraldo, M.R.B.S. .......................... 143 Bergamin, L.G. ............................... 311 Bernardi, A.C.C. ............................. 920 Bertolucci, S.K.V. ................. 735, 956 Bervald, C.M.P. .............................. 799 Bezerra Neto, F. ........ 90, 133, 189, 233, 285, 290, 712, 754, 773 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Biscegli, C.I. ................................... 793 Blat, S.F. ........................................... 72 Blumer, L. ...................................... 881 Boeing, G. ..................................... 1029 Boff, P. ............................................ 875 Boiteux, L.S. ................. 105, 815, 819 Bordallo, P.N. ................................. 123 Bortolotto, O.C. .............................. 931 Botelho, R. ..................................... 805 Botrel, T.A. ..................................... 316 Braz, L.T. ........................................ 743 Braz, M.S.S. ................................... 915 Brito, C.H. ...................................... 826 Caetano, L.C.S. ............................ 1015 Café Filho, A.C. .................... 228, 945 Caliman, F.R.B. ..................... 255, 893 Câmara, M.J.T. ...................... 233, 712 Camargo Filho, W.P. .................... 1029 Camargo, M.S. ............................... 271 Campos, R.S. .................................. 215 Cañizares, K.A.L. ............................ 09 Cantarella, H. ................................. 726 Cardoso, A.A. ................................. 255 Cardoso, A.D. ................................. 911 Cardoso, A.I.I. ............... 198,.785, 837 Cardoso, F.B. .................................. 138 Cardoso, J.C. .................................. 169 Cardoso, J.C.W. .............................. 956 Cardoso, M.O. ................................ 128 Cardoso, A.I.I. ....................... 198, 731 Carmello, Q.A.C. ........................... 271 Carmo, M.G.F. ............... 117, 281, 915 Carneiro, C.R. ................................ 754 Carnelossi, M.A.G. ................ 215, 970 Carrijo, O.A. ........................... 57, 105 Carvalho, A.M. .............. 250, 805, 851 Carvalho, J.G. ................................. 174 Carvalho, L.A. ................................ 986 Carvalho, W. .................................. 819 Caseiro, R.F. ................................... 887 Castro, A.C.R. ................................ 699 Castro, E.M. ................................... 846 Castro, M.R.S. ....................... 100, 266 Catelan, F. ....................................... 853 Cecílio Filho, A.B. .. 763, 831, 853, 990 César, M. ........................................ 228 Charchar, J.M. ................................ 851 Corrêa, P.C. .................................... 722 Corrêa, R.M. ................................... 956 Costa, A.S. ...................................... 699 Costa, C.A. ....................................... 28 Costa, C.L. ..................................... 929 Costa, C.P. ............................... 72, 158 Costa, F.A. ...................................... 773 Costa, F.B. ...................................... 112 Costa, L.C.B. .................................. 956 Costa, M.R. .................................... 221 Costa, N.D. ................ 707, 1010, 1029 Cruz, C.D. ........................................ 44 Cruz, M.C.P. .................... 51, 311, 758 Dantas, A.C.M. ................................. 86 Debarba, J.F. ................................... 875 Deleito, C.S.R. ....................... 117, 281 Derbyshire, M.T.V.C. ..................... 221 Deuner, S. ....................................... 799 Dias, E.N. ................................ 94, 275 Dias, R.C.S ..................................... 179 Domingues, R.J. ............................. 749 Dóro, L.F.A. ................................. 1006 Duarte, J.M. .................................... 826 Duarte, R.P.F. ................................. 299 Dusi, A.N. ....................................... 929 Duval, F.D. ..................................... 789 Eklund, C.R.B. ............................. 1015 Elpo, E.R.S. .................................. 1022 Espínola Sobrinho, J. ............ 133, 773 Fabbrin, E.G. .................................... 48 Faquin, V. ....................................... 735 Farias, M.F. .................................... 740 Fernandes, L.A. ................................ 28 Fernandes, L.E. .............................. 228 Fernandes, M.C.A. ................. 117, 281 Ferreira, J.M. ................................ 1015 Ferreira, L.S. .................................. 799 Ferreira, M.D. ..... 148, 324, 1018, 940 Ferreira, M.E. .................. 51, 311, 758 Ferreira, M.R. ................................. 749 Ferri, P.H. ....................................... 956 Filgueiras, H.A.C. .......................... 793 Finger, F.L. .............................. 81, 722 Fiorini, C.V.A. ................................ 299 Fiorini, I.V.A. ................................. 299 1035 Firme, L.P. ...................................... 722 Florio, F.C.A. ................................. 899 Foltran, D.E. ................................... 935 Fonseca, L.N. ................................. 904 Fonseca, M.E.N. ........... 815, 819, 851 Fontes, P.C.R. .................. 94,.255, 275 Fontes, S.M. ................................... 780 Fortes, G.R.L. ................................... 86 França, R.B. ..................................... 86 Franco, A.T.O. .............................. 1018 Franzin, S.M. .................................. 193 Freitas, D.F. .................................... 112 Freitas, K.K.C. ...................... 285, 290 Furtado, E.L. .................................. 198 Gabriel, A.P.C. ............................... 123 Gaia, J.M.D. ................................... 221 Galvão, H.L. ..................................... 81 Garcia Júnior, O. ............................ 749 Garcia, D.C. ................................... 193 Giordano, L.B. .............. 105, 815, 819 Godoi, R.S. ..................................... 931 Godoy, A.R. .................................... 785 Godoy, M.C. ................................... 837 Gois, V.A .......................................... 15 Gomes Júnior, J. ............................. 112 Gomes, A.M.A. .............................. 108 Gomes, J.M.R. ............................. 1015 Gomes, L.A.A. ............................... 299 Gomes, L.S. .................................... 826 Gomes, T.M. ................................... 316 Gonçalves, K.S. ............................... 05 Goto, R. ............................................ 09 Graça, R.N. ..................................... 275 Grangeiro. L.C. .............................. 763 Grosso, C.R.F. ................................ 841 Guerra, J.G.M. ................................ 184 Guimarães, M.A. ............................ 951 Gutierrez, A.S.D. ............................ 324 Haber, L.L. ................................... 1006 Haim, P.G. ....................................... 920 Henz, G.P. ........................ 61, 138, 881 Honório, S.L. .................................. 940 Inoue-Nagata, A.K. ............... 815, 904 Israel, M. ........................................ 169 Ito, S.C.S. ....................................... 718 Jacoby, C.F.S. ................................. 294 Jalali, V.R.R. ................................... 970 Junqueira, A.M.R. ......... 250,.805, 810 Junqueira, C.S. ............................... 982 1036 Junqueira, R.M. .............................. 184 Karasawa, M. ........................ 22, 1000 Kumakawa, M.K. ........................... 940 Ladeira, I.R. .......................... 100, 266 Lana, R.M.Q. ........................... 76, 965 Leão, F.F. ........................................ 228 Leitão, M.M.V.B.R. .............. 133, 773 Leite, G.L.D. ..................................... 28 Levien, S.L.A. ................................ 242 Licursi, V. ....................................... 299 Lima Júnior, E.C. ........................... 846 Lima Sobrinho, R.R. ...................... 735 Lima, J.S.S. ........................... 285, 290 Lima, M.A.C. ................................. 793 Lira, M.L. ....................................... 970 Loges, V. ......................................... 699 Lopes, C.A. .................................... 320 Lopes, J.C. ...................................... 143 Lopes, N.F. ..................................... 799 Luz, G.L. ......................................... 931 Luz, J.M.Q. ......................... 826, 1006 Machado, C.M.M. .......................... 851 Madail, J.C.M. ............................. 1029 Madeira, D.M. ................................ 899 Madeira, N.R. ................................. 982 Makishima, N. .............................. 1029 Maluf, W.R. .................................... 299 Mantovani, J.R. .............................. 758 Mapeli, N.C. ..................................... 32 Marcos Filho, J. ............................. 887 Mariano, R.L.R. ............................. 108 Marim, B.G. .................................... 951 Marouelli, W.A. ...................... 57, 320 Martins, C.S. .................................. 221 Martins, E.R. .................................... 28 Martins, M.I.E.G. ........................... 853 Mathias, M.L. ................................. 940 Matos, C.S.M. ................................ 899 Matsumoto, S.N. ............................ 911 Medeiros, J.F. ................ 202, 260, 773 Medeiros, P.H. ................................ 112 Medeiros, S.L.P. ............................... 48 Mello, S.C. ..................................... 271 Melo Filho, P.A. ............................. 929 Melo, H.C. ...................................... 846 Melo, P.C.T. ......................... 154, 1029 Mendonça Júnior, C.F ...................... 15 Mendonça, F.V.S .............................. 15 Mendonça, M.C. ............................ 780 Menezes, J.B. ............ 15, 90, 112, 754 Menezes, N.L. ................................ 193 Mesquita Filho, M.V. ....................... 68 Miranda, J.E.C. ................................ 44 Miranda, N.O. ....................... 242, 260 Mizobutsi, G.P .................................. 81 Modolo, V.A. .................................. 316 Monte, M.B.M. .............................. 920 Morais, M.S. .................................. 128 Morais, O.M. .................................. 911 Moreira, G.R. ......................... 255, 893 Moretti, C.L. ................................... 993 Mota, J.H. .............. 174, 238, 870, 976 Mota, M.G.C. .................................. 221 Mota, W.F. ...................................... 722 Moura, M.C.C.L. ............................ 206 Moura, M.F..................................... 915 Moura, M.L. ..................................... 81 Muniz, M.F.B. ................................ 703 Nagata, T. ....................................... 904 Napoleão, R.L. ................................. 28 Nascimento, A.B.G......................... 993 Nascimento, J.T ............................... 19 Nascimento, W.M. ...........44, 211, 703 Negreiros, M.Z. .... 133, 189, 202, 233, 285, 290, 712,754,773 960 Negrelle, R.R.B. ........................... 1022 Neves, L.L.M. ................................ 722 Noce, R. .......................................... 238 Nogueira, D.H. ............................... 915 Nunes , G.H.S .... 15, 90, 112, 133, 718 Nunes, U.R. .................................... 899 Olinik, J.R. ..................................... 294 Oliveira Júnior, A.C. ...................... 735 Oliveira, A.P. ......... 19, 128, 768, 915 227 Oliveira, A.S. .................................. 780 Oliveira, B.C. ................................... 05 Oliveira, C.D. ................................. 743 Oliveira, E.Q. ........ 233, 285, 290, 712 Oliveira, F.L. .................................. 184 Oliveira, M.R.T. ............................. 915 Oliveira, R.F. .................................. 316 Oliveira, R.P. .................................. 294 Oliveira, S.A. ................................. 810 Oliveira, T.S. ......................... 242, 260 Oliveira, V.R. ....................... 221, 1029 Onuki, A.C.A. ................................ 993 Otto, R.F. ........................................ 294 Oviedo, V.R.S. ................................ 785 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Padovan, M.P. ................................ 184 Papa, G. ............................................. 38 Passos, F.A. ........................... 841, 935 Paulus, D. ......................................... 48 Paulus, E. .......................................... 48 Peixoto, J.R. ................................... 881 Pereira, C. ....................................... 810 Pereira, E.W.L. ................................. 90 Pereira, F.H.F. ....................... 100, 266 Pereira, J.E.S. ................................... 86 Pereira, M.G. .................................. 123 Pereira, P.R.G. ....................... 100, 266 Pereira, R.S. ................................... 703 Pereira, W.E. .................................. 768 Peternelli, L.A. ............................... 893 Picanço, M.C. ................................. 893 Pimenta, F.L. .................................. 899 Pineli, L.L.O. ................................. 993 Pinto, J.E.B.P. ................ 735, 846, 956 Pizetta, L.C. ...................................... 51 Polidoro, J.C. .................................... 05 Poltronieri, M.C. ............................ 221 Puiatti, M. .............................. 100, 266 Purquerio, L.F.V. ............................ 831 Puschmann, R. ............................... 215 Queiroga, R.C.F. ........... 133, 189, 754 Queiróz, M.A. ....................... 179, 206 Ramos, P.A.S. ................................. 911 Ramos, S.J. ....................................... 28 Ranal, M.A. ...................................... 76 Reghin, M.Y. .................................. 294 Reifschneider, F.J.B. ........................ 61 Reinoso, A.C.L. .............................. 970 Reis, A. ........................................... 250 Resende, F.V. .................................. 851 Resende, G.M. ...... 174, 238, 707, 976, 1010, 870 Resende, R.O. ................................ 929 Rezende, B.L.A. ............................. 853 Ribas, R.G.T. .................................. 184 Ribeiro, D.G. .................................. 789 Ribeiro, I.J.A. ................................. 935 Ribeiro, L.G. ................................... 143 Ribeiro, R.L.D. ........................ 05, 184 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Riffel. C. ........................................... 48 Riva, E.M. ............................. 22, 1000 Rocha, J.M.M. ................................ 718 Rocha, R.C.C. ....................... 133, 189 Rocha, R.H.C. ....................... 133, 189 Rodrigues Júnior, J.C. ........... 174, 976 Rodrigues, J.D .................................. 09 Rodrigues, R.......................... 22, 1000 Rossetto, C.A.V. ............................. 915 Rücker, N.G.A. ............................. 1022 Sá, K.A. .......................................... 965 Saad, J.C.C. .................................... 740 Sala, F.C. ................................. 72, 158 Sales Júnior, R. ............................... 718 Salviano, A.M. ............................... 718 Santana, D.G. .................................. 826 Santos Júnior, J.J. ............................. 90 Santos, G.R. ........................... 228, 945 Santos, J.E. ................................... 1006 Santos, O.S. ............................. 48, 193 Sedyama, T. .................................... 911 Shimoya, A. .................................. 1015 Silva, C.A. ...................................... 260 Silva, D.J.H. ................ 94, 206, 255, 893, 722, 951 Silva, E. .......................................... 875 Silva, E.O. ............................. 215, 290 Silva, G.F. ....................................... 970 Silva, G.G. ....................................... 915 Silva, H.R. ............................... 68, 819 Silva, I.F. .......................................... 19 Silva, J.B. ....................................... 990 Silva, J.B.C............ 105, 250, 815, 851 Silva, J.E.L. ........................... 128, 768 Silva, M.C.C. ................................. 202 Silva, M.P. .................................... 1000 Silva, P.S.L. .................................... 960 Silva, W.L.C. .................................. 320 Silva-Mann, R. ............................... 780 Silveira, E.B. .................................. 108 Silveira, L.M. ........ 233, 285, 290, 712 Simões, A.N. .................................. 112 Singh, R.P. ...................................... 904 Siqueira, J.M. ................................... 32 Soares, A. ....................................... 915 Soares, A.M. ................................... 846 Sousa, V.F. ...................................... 202 Souza, A.F. ....................................... 68 Souza, A.P. ....................................... 19 Souza, E.R. ..................................... 242 Souza, F.F. ...................................... 179 Souza, G.L.F.M. ............................. 754 Souza, P.A ............................... 15, 754 Souza, R.J. ............ 174, 238, 976, 870, Souza, R.M. .................................... 881 Stringheta, P.C. ............................... 255 Sudré, C.P. ............................. 22, 1000 Tanada-Palmu, P.S. ........................ 841 Tavares, M. .......... 148, 324, 1018, 940 Teixeira, J.B. .................................. 982 Teixeira, M.C.F. ............................. 699 Tessarioli Neto, J. ........................... 986 Tivelli, S.W. .......................... 726, 935 Töfoli, J.G. ...................................... 749 Torres, A.C. .................................... 789 Torres, S.B. ............................ 303, 307 Trani, P.E. ...................... 726, 841, 935 Trevizan, L.R.P. ................................ 38 Vencovsky, R. ................................... 72 Verruma-Bernardi, M.R. ................ 920 Viana, A.E.S. .................................. 911 Viegas, E.C. .................................... 915 Vieira, J.V. ............... 44, 250, 805, 851 Vieira, M.C. ...................................... 32 Vieira, R.D ..................................... 990 Vilas Bôas, R.L. ............................... 09 Vilela, N.J. ........................... 154, 1029 Werneck, C.G. ................................ 920 Werner, H. ...................................... 875 Witter, M.H. ................................... 931 Yaguiu, P. ........................................ 970 Yuri, J.E. ........ 174, 238, 976, 870, 899 Zanão Júnior, L.A. .................. 76, 965 Zanatta, E.R. ................................... 799 Zarate, N.A.H. .................................. 32 Zatarim, M. .................................... 198 Zerbini, F.M. .................................. 206 Zolnier, S. ......................................... 57 1037 Índice analítico dos artigos publicados no volume 23, 2005 Abóbora (Cucurbita moschata) Sphaerotheca fuliginea, produto lácteo fermentado, doença, oídio .................................................................... 198 ZYMV, resistência ........................................................... 206 Flores, qualidade de sementes, polinização manual ....... 731 Alface (Lactuca sativa) Produção de folhas, taxa de crescimento, sombreamento, temperatura ambiente, luminosidade .............................. 133 Biossólidos, resíduos, metais pesados, lodo de esgoto ... 143 Bremia lactucae, Thielaviopsis basicola, mosaico da alface, resistência genética, alface crespa vermelha ....... 158 Rendimento, nutrição, qualidade, dose de potássio, época de aplicação ...................................................................... 174 Sombreamento, taxa de crescimento, indicadores econômicos, temperatura, luminosidade ....................................... 189 Qualidade fisiológica, sementes, mudas ......................... 193 Produção, qualidade de raízes, densidade populacional, consórcio .......................................................................... 233 Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285 Composição química, consórcio, densidade populacional 290 Melhoramento, linhagens, nematóide das galhas, florescimento precoce ...................................................... 299 Dióxido de carbono, fertirrigação, matéria seca ............. 316 Desempenho agronômico, consorcio, densidade populacional ..................................................................... 712 Pós-colheita, fertilizantes minerais, fertilizante orgânico 754 Nitrogênio, crescimento ................................................... 758 DRIS, análise foliar de nutrientes, balanço nutricional, produção, queima de bordos, hidroponia ........................ 810 Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853 Rendimento, competição de cultivares ........................... 870 Coberturas de solo, produção .......................................... 899 Massa fresca, nutrição, armazenamento, nitrogênio, molibdênio ....................................................................... 976 Estilbita, análise sensorial, teste de ordenação, zeólita .. 920 Fertirrigação, hidroponia, salinidade ............................... 931 Alho (Allium sativum) Tendência, produção, preços ........................................... 238 Afídeos, Neotoxoptera formosana .................................. 929 Banco de germoplasma, produtividade ........................... 935 Cinnamomum zeilanicum Breym, Arachis hypogaea L . 915 Agronegócio, competitividade, mercado, produção, importação ...................................................................... 1029 Batata (Solanum tuberosum) Micropropagação, crescimento, tipo de explante, multiplicação in vitro, número de gemas ....................................... 86 Controle químico, indutor de resistência, BTH, requeima .... 749 Refrigeração, açúcares, temperatura de armazenamento .... 799 1038 Vírus Y da batata, reação em cadeia da polimerase, potyvírus, RT-PCR .......................................................... 904 Processamento mínimo, alterações metabólicas, antioxidante ..................................................................... 993 Batata-doce(Ipomoea batatas) Sulfato de amonio, produtividade, teor de N .................. 726 Adubação fosfatada, ramas por cova, produção de raízes ..... 768 Produtividade, formato de raiz, insetos de solo .............. 911 Nutrição mineral, produção, glicose, uréia amido .......... 925 Beterraba (Beta vulgaris) Inibidores, germinação .................................................... 990 Brócolos (Brassica oleracea L. var. italica) Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo arenoso ............................................................................... 51 Recobrimento, biofilme, pectina, gelatina, vigor de sementes ........................................................................... 841 Cebola (Allium cepa) Frigorificação de bulbos, produção de sementes, rendimento, potencial de sementes ................................................. 294 Rendimento, densidade de plantio, perda de peso de bulbos ............................................................................... 707 Rendimento, densidade de plantio, armazenamento, massa fresca de bulbos .................................................. 1010 Botrytis squamosa, tombamento, adubo orgânico, produção de mudas, composto termófilo ........................ 875 Priming, incubação, germinação, vigor, secagem de sementes ........................................................................... 887 Cenoura (Daucus carota) Melhoramento, qualidade fisiológica, germinação, característica de semente ............................................................... 44 Oxisolo, micronutriente, boro ........................................... 68 Produção, qualidade de raízes, densidade populacional, consórcio .......................................................................... 233 Resistência a doenças, produtividade, cultivo orgânico, cultivo convencional florescimento, queima das folhas . 250 Composição química, consórcio, densidade populacional .... 290 Desempenho agronômico, sistemas consorciados .......... 712 Interação genótipo x ambiente, estabilidade fenotípica . 743 Sistemas de cultivo, teste de comparação pareada, teste de ordenação, preferência do consumidor, análise sensorial 805 Cultivar, cenourete, processamento mínimo ................... 851 Coentro (Coriandrum sativum) Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285 Germinação, sementes, vigor, pureza, microrganismos, termo-inibição, cultivares ................................................ 703 Couve (Brassica oleraceae cv. Acephala) Taxa respiratória, etileno, polifenol oxidase, vitamina C, conservação, processamento mínimo .............................. 215 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Couve-da-Malásia (Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey) “Tsoi sum”, adubação nitrogenada .................................... 76 Parcelamento, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo de nutrientes .......................................................................... 965 Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo arenoso ............................................................................... 51 Bandeja, volume de célula, idade de transplantio ........... 837 Feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris) Nutrição, rendimento, qualidade, solo arenoso, teor de fósforo .............................................................................. 128 Hortaliças Caixa “K”, transporte, pós-colheita, absorção de água, fungos, embalagem .......................................................... 138 Citrullus lanatus, Cucumis melo, Lycopersicon esculentum, Solanum melongena, estabelecimento de plântulas, termoinibição, condicionamento osmótico, germinação, temperatura baixa, sementes ......................................................... 211 Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza) Embalagens, preços, comercialização ............................... 61 Danos mecânicos, lesões, respiração, deterioração ........ 881 benzilaminopurina, ácido giberélico ............................... 982 Maxixe (Cucumis anguria) Cyclanthera pedata, hortaliça não-convencional, sistema de condução, tutoramento, espaçamento ........................... 28 Potencial fisiológico, vigor, deterioração de sementes ... 307 Melancia (Citrullus lanatus) Análise multivariada, agrupamento, variáveis canônicas, divergência genética ........................................................ 179 Epidemiologia, controle, crestamento gomoso ............... 228 Nutrição de plantas, crescimento, macronutriente .......... 763 Didymella bryoniae, crestamento gomoso do caule ....... 945 Melão (Cucumis melo) Pós-colheita, qualidade, armazenamento, refrigeração .... 15 Qualidade, produtividade, armazenamento ....................... 90 Conservação, injúria pelo frio, qualidade pós-colheita, armazenamento, refrigeração, época de colheita ............ 112 Plasticultura, salinidade, irrigação, cobertura do solo .... 202 Variabilidade espacial, sólidos solúveis totais, firmeza de polpa, qualidade de fruto ............................................ 242 Geoestatística, manejo localizado ................................... 260 Sólidos solúveis totais, firmeza de polpa, fertilizantes orgânicos, análise de custo .............................................. 718 Filme de polietileno, manejo de irrigação, produtividade, sólidos solúveis totais ...................................................... 773 Abscisão peduncular, comportamento respiratório, firmeza, tomografia de ressonância magnética, 1-metilciclopropeno .. 793 Nutrição de plantas, hidroponia, nitrogênio, qualidade de frutos ................................................................................. 831 Milho (Zea mays) Capacidade combinatória, efeito recíproco, análise dialélica, caracteres agronômicos, proteína total ............ 123 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Comprimento e diâmetro de espiga, profundidade de grãos, espaçamento .......................................................... 826 Milho verde, minimilho ................................................... 960 Pepino (Cucumis sativus) Nutrição, CO2, irrigação, enxertia ..................................... 09 Potencial fisiológico, vigor, solução salina, envelhecimento de sementes ........................................................ 303 Endogamia, produção, melhoramento ............................. 785 Pimenta (Capsicum spp.) Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher, projeção das distâncias no plano, recursos genéticos, técnica multivariada ........................................................... 22 Resistência genética, oídio ................................................ 72 Pimenta-do-reino ((Piper nigrum L..) Germoplasma, isozimas, melhoramento genético .......... 221 Pimentão (Capsicum annuum) Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher, projeção das distâncias no plano, recursos genéticos, técnica multivariada ........................................................... 22 Estufa, análise de crescimento, matéria seca, ambiente protegido ............................................................................ 94 Resistência genética, oídio ................................................ 72 Xanthomonas axonopodis, antibiose, epidemiologia, controle, biofertilizante, mancha bacteriana ................... 117 Absorção, ambiente protegido, nitrogênio, potássio, fertirrigação, nutrição de plantas ..................................... 275 Xanthomonas euvesicatoria, antibiose, biofertilizante ... 281 Planta Medicinais Chamomilla recutita, Asteraceae, planta medicinal, óleo essencial, biomassa, nitrogênio, fósforo, capítulo floral .. 32 Mentha x villosa, plantas medicinais, hidroponia, substrato ... 48 Lychnophora pimaster, nutrição mineral, nutrição orgânica, planta medicinal, óleo essencial, arnica, calagem .......... 735 Melissa officinalis, substrato, intervalo de colheita, altura de corte ............................................................................. 780 Mikania glomerata, guaco, fotoperíodo, clorofila, condutância estomática, anatomia foliar ......................... 846 Zingiber officinale, cadeia de produção, comercialização, gengibre .......................................................................... 1022 Cinnamomum zeilanicum, Arachis hypogaea, toxicidade de óleos essenciais ................................................................ 915 Mentha piperita, nutrição de plantas, hidroponia, concentração de solução nutritiva ............................................. 1006 Melissa officinalis, nutrição de plantas, hidroponia, concentração de solução nutritiva ................................. 1006 Cymbopogon citratus, pós-colheita, secagem, moagem, óleo essencial, capim limão ............................................. 956 Plantas ornamentais (Orchidaceae) espécies, levantamento, nativas, biodiversidade, cultivo ..................................................... 169 (Aster ericoides), nutrição, estufa ................................... 271 (Zingiberales, Araceae), flores de corte, classificação de inflorescências, ponto de colheita, embalagem .............. 699 1039 Dendranthema grandiflora, análise de crescimento, tensão de água no substrato, crisântemo ......................... 740 Heliconia rostrata, cultura de embriões, micropropagação, cultura de tecidos, sacarose, cinetina, isopentenil adenina, zeatina .............................................................................. 789 Pupunha (Bactris gasipaes) Adubação orgânica, adubação mineral, esterco bovino, palmito ................................................................................ 19 Quiabo (Abelmoschus esculentus) Carboidratos, vitamina C ................................................. 722 Sanitização, centrifugação, embalagem, conservação, processamento mínimo .................................................... 970 Rabanete (Raphanus sativus) Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184 Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853 Repolho (Brassica oleracea var. capitata) Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo arenoso ............................................................................... 51 População, nitrato, qualidade, espaçamento, característica qualitativa ......................................................................... 100 Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184 População, fertilização nitrogenada, produção, espaçamento ............................................................................ 266 Vermicomposto de esterco de bovino, boro, adubo orgânico ............................................................................ 311 Tomate (Lycopersicon esculentum) Ralstonia solanacearum, resistência sistêmica adquirida, murcha bacteriana, acibenzolar S-methyl ......................... 05 Resíduos de pesticidas, metabolismo, cultivo protegido, acefato, metamidofós ......................................................... 38 1040 Condutividade elétrica, potencial matricial, potencial osmótico, tensiômetro, sistema radicular, substrato, cultivo sem solo .............................................................................. 57 Etileno, respiração, açúcares solúveis, oxidase do ACC, poligalacturonase, amadurecimento do fruto .................... 81 Coloração, firmeza, pegamento de fruto, sólidos solúveis, tolerância ao calor ............................................................ 105 Pectobacterium carotovorum, controle biológico, controle integrado, Rhodotorula sp., Pseudomonas sp., fluorescente, cálcio, podridão mole ....................................................... 108 Danos físicos, padrões de qualidade, custo do tomate, consumo in natura, consumidor ...................................... 148 Cultivar, manejo cultural, qualidades nutracêuticas, processamento .................................................................. 154 Temperatura, umidade relativa do ar, luminosidade, rendimento ....................................................................... 255 Ralstonia solanacearum, patógeno de solo, turno de rega .... 320 Comercialização, classificação, perdas pós-colheita, embalagem ....................................................................... 324 Mosca-branca, geminivírus ............................................. 815 Colorímetro, pigmentos, carotenóides ............................ 819 Tuta absoluta, recursos genéticos, variabilidade genética, melhoramento de plantas ................................................. 893 Escovas, beneficiamento, classificação, normas, diâmetros de frutos ............................................................................ 940 Tratos culturais, produção classificada, eficiência fotossintética, rentabilidade, tutoramento ....................... 951 Produtividade, qualidade de fruto, estufa ...................... 1015 Análise multivariada, caracterização de germoplasma, recursos genéticos, pré-melhoramento .......................... 1000 Rendimento, condução, densidade populacional ............ 986 Cestas de bambu, sacolas plásticas, danos físicos, qualidade dos frutos, técnica de colheita ....................................... 1018 Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Agradecimento aos revisores ad hocs que colaboraram com a revista de janeiro de 2004 a outubro de 2005 Adailson Pereira de Souza ................................... UFPB - PB Adalberto Café Filho ............................................. UnB - DF Adão de Siqueira Ferreira .................................. UFOP - MG Ademar Pereira de Oliveira ................................. UFPB - PB Aderson Soares de Andrade Jr. ..... Embrapa Meio Norte - PI Adilson Tonietto ........................................... FEPAGRO - RS Adriana Antonieta N. Rizzo .......... UNESP Araraquara – SP Adriana Ramos .................................................... Ilhéus - BA Adriano do Nascimento Simões ....................... Viçosa - MG Agostinho Dirceu Didonet ..... Embrapa Arroz e Feijão - GO Aike A. Kretzschmar ........................................ UDESC - SC Ailton Reis .................................... Embrapa Hortaliças - DF Alberto C. de Campos Bernardi .. Embrapa Pecuária Sudeste - SP Aldi Fernando França de Souza ........................... UFG - GO Alexandre Augusto Nienow ...................................UPF - RS Alexandre Couto RodriguesEmbrapa Clima Temperado - RS Alexandre Pio Viana ............................................ UENF - RJ Alice Maria Quezado Soares Durval .. Embrapa Hortaliças - DF Aloisio Costa Sampaio .......................... UNESP Bauru – SP Álvaro Luiz Mafra ............................................ UDESC - SC Amauri Alves de Alvarenga ............................... UFLA - MG Amauri Bogo ..................................................... UDESC - SC Ana Cristina P. P. de Carvalho ... Embrapa Agroind. Tropical - CE Ana Maria Conte e Castro ......................... UNIOESTE - PR Ancélio Ricardo de Oliveira Gondim .............. Viçosa - MG André Nunes Loula Tôrres .............................. EPAGRI - SC Andréa Maria André Gomes ................................ UFPE - PE Angela Maria Ladeira .................. Instituto de Botânica - SP Angela Maria Soares .......................................... UFLA - MG Ângelo Pedro Jacomino ......................... ESALQ - USP - SP Antonieta Nassif SalomãoEmbrapa Recursos Genéticos - DF Antônio Carlos Gomes ................... Embrapa Cerrados - DF Antônio Hélio J. ..... Hórtica Consultoria e Treinamento - SP Antônio Ismael Inácio Cardoso ......... UNESP Botucatu - SP Antonio Nolla ....................................................... Toledo -PR Antonio Rafael Teixeira Filho ............... Embrapa Sede - DF Arione da Silva Pereira ..... Embrapa Clima Temperado - RS Arlindo Leal Boica Junior ............. UNESP Jaboticabal - SP Artur Ferreira Lima Neto .............. Embrapa Hortalicas - DF Auri Brackmam ................................................... UFSM - RS Barbara Janet Teruel de Medeiros ............... UNICAMP - SP Beatriz Marti Emygdio ......................... Embrapa Trigo - RS Bernard A. L. Nicolaud ..................................... UFRGS - RS Bernardo Ueno .................. Embrapa Clima Temperado - RS Carlos Alberto Aragão ....................................... UNEB - BA Carlos Alberto da Silva Oliveira ........................... UnB - DF Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Carlos Alberto Escapim ........................................ UEM - PR Carlos Alberto Simões do Carmo ................. INCAPER - ES Carlos Machado dos Santos ................................. UFU - MG Carlos R. F. Grosso ...................................... UNICAMP - SP Carlos Roberto Bueno .......................................... INPA - AM Carmen Ilse Pinheiro Jobim ........................ FEPAGRO - RS Carmen Silvia Vieira Janeiro Neves ...................... UEL - PR Carolina Fernandes ........................ UNESP Jaboticabal - SP Cassandro Vidal T. do Amarante ...................... UDESC - SC Cecília Helena S. P. Ritzinger .. Embrapa Mandioca e Frut. - BA Célia Regina Álvares Maltha .............................. UFV - MG Celma Domingos de Azevedo ..................... PESAGRO - RJ Celso Trindade ................................. São João Del Rei - MG Charles de Araujo ................................................. UFV - MG Charles Martins de Oliveira ............ Embrapa Cerrados - DF Cirino Corrêa Júnior ...................................... EMATER - PR Clara Oliveira Goedert ... Embrapa Recursos Genéticos - DF Cláudia Araújo Marco ..................................... Fortaleza - CE Claudia Petry ........................................................... UPF - RS Cláudia Pombo Sudré .......................................... UENF - RJ Cláudia Renata F. Martins ..................................... UnB - DF Cláudia Silva da Costa Ribeiro .... Embrapa Hortaliças - DF Cleber D. de G. Maciel ...................... UNESP Botucatu - SP Cosme Damião Cruz .............................................. UFV - DF Dalmo Lopes de Siqueira .................................... UFV - MG Daniela Biaggioni Lopes ............ Embrapa Semi-Árido - PE Davi Teodoro Junghans ..... Embrapa Mandioca e Frut. - BA Débora Cristina Santiago ....................................... UEL - PR Demóstenes M. P. de Azevedo ........ Embrapa Algodão - PB Denise Viani Caser ................................................... IEA - SP Derly J. H. da Silva .............................................. UFV - MG Dilermando Perecin ....................... UNESP Jaboticabal - SP Domingos Fornasier Filho ............. UNESP Jaboticabal - SP Douglas Lau ......................................................... UFV - MG Eduardo Euclydes de Lima e Borges .................. UFV - MG Egon J. Meurer .......................................... Porto Alegre - RS Eliemar Campostrine ........................................... UENF - RJ Ernani L. Agnes ................................................... UFV - MG Fernanda A. Londero Backes ...................... Canoinhas – SC Fernando Aragão ....... Embrapa Agroindústria Tropical - CE Fernando Campos MendonçaEmbrapa Pecuária Sudeste - SP Fernando César Sala .............................. ESALQ - USP - SP Fernando Cezar Juliatti ........................................ UFU - MG Fernando França de Souza .................................... UFG - GO Fernando Luiz Finger .......................................... UFV - MG Fernando Mesquita Lara ................ UNESP Jaboticabal - SP 1041 Flávia R. A. Patricio ......................... Instituto Biológico - SP Flávio de França Souza .................. Embrapa Rondônia - RO Francisco A. Passos ................................................ IAC - SP Francisco C. Maia Chaves ... Embrapa Amazonia Ocidental - AM Francisco Carlos Krzyzanowski ............. Embrapa Soja - PR Francisco Ferraz Laranjeira ..... Embrapa Mandioca e Frut. - BA Francisco Hevilásio Freire Pereira ...................... UFV - MG Francisco L. A. Câmara ..................... UNESP Botucatu - SP Francisco Vilela Resende .............. Embrapa Hortaliças - DF Frederico Dimas Fleig ...................................... UDESC - SC Geni L. Villas Boas ....................... Embrapa Hortaliças - DF Geraldo Milanez de Resende ...... Embrapa Semi-Árido - PE Germano Leão Demolin Leite .......................... UFMG - MG Gerson R. L. Fortes .... Embrapa Rec. Gen.e Biotecnologia - DF Gilberto Martins ..................................................... UEL - PR Gilmar Paulo Henz ....................... Embrapa Hortaliças - DF Gilmar Schafer .................. Embrapa Clima Temperado - RS Glauber Henrique de Souza Nunes ................... ESAM - RN Glauco E. P. CortezCentro Universítario Moura Lacerda - SP Haydeé Siqueira Santos ..................... UNESP Botucatu - SP Helcio Costa .................................................. INCAPER - ES Hélio Grassi Filho .............................. UNESP Botucatu - SP Heloisa Filgueiras ..... Embrapa Agroindustria Tropical - CE Herminia E. Prieto Martinez ............................... UFV - MG Hideaki W. Takahashi ........................................... UEL - MG Humberto Silva Santos ......................................... UEM - PR Iniberto amerschmidt ..................................... EMATER - PR Isabel Cristina Bezerra .................. Embrapa Hortaliças - DF Itamar Ferreira de Souza .................................... UFLA- MG Itamar Rosa Teixeira ........................................ Ipameri - GO Ivo Ribeiro da Silva ............................................. UFV - MG Jairo Augusto Campos Araújo ....... UNESP Jaboticabal - SP Jairo Vidal Vieira .......................... Embrapa Hortaliças - DF Jean Carlos Cardoso . Fund. Shunji Nishimura de Tecnologia - SP Jean Kleber Mattos ................................................ UnB - DF Jesus G. Töfoli ................................... Instituto Biológico -SP João A. Wordell Filho ...................................... EPAGRI - SC João Bosco Carvalho da Silva ...... Embrapa Hortaliças - DF João Carlos Bespalhok Filho ............................... UFPR - PR João Carlos Soares de Mello ...... Univ. Federal Fluminense - RJ João Ito Bergonci .............................................. UFRGS - RS João Tavares Filho ................................................. UEL - PR Joaquim Gonçalves de Pádua ........... EPAMIG Caldas - MG Jony Eishi Yuri ................................................... UFLA - MG Jorge Luiz Martins ............................................... UFPel - RS José Abramo Marchese ...................... UNESP Botucatu - SP José Alberto Caram de Souza Dias ........................ IAC - SP José Antônio Azevedo EspindolaEmbrapa Agrobiologia - RJ José Biasi .......................................................... EPAGRI - PR José Cambraia ...................................................... UFV - MG 1042 José de Barros. de França Neto .............. Embrapa Soja - PR José Eduardo B. P. Pinto .................................... UFLA - MG José Ernani Schwemgber .. Embrapa Clima Temperado - RS José Fernando Durigan .................. UNESP Jaboticabal - SP José Ferreira da Silva ........................................ UFAM - AM José Flávio Lopes .......................... Embrapa Hortalicas - DF José Francismar de Medeiros ............................ ESAM - RN José Garcia ............................................................ UFG - GO José Geraldo Baumgartner ............ UNESP Jaboticabal - SP José Guilherme Marinho GuerraEmbrapa Agrobiologia - RJ José Maria D. Gaia .. Univ. Federal Rural da Amazônia - PA José Maria Pinto .......................... Embrapa Semi Árido - PE José Orestes M. Carvalho .............. Embrapa Rondônia - RO José Polese Soares Novo ........................................ IAC - SP José Ricardo Peixoto .............................................. UnB - DF José Roberto de Oliveira ...................................... UFV - MG José Roberto Pinto de Souza ................................. UEL - PR José Roberto Vicente ............................................... IEA - SP José Ronaldo Magalhães ....... Embrapa Gado de Leite - MG José Tadeu Jorge .......................................... UNICAMP - SP José Wellington dos Santos ............. Embrapa Algodão - PB Josivan Barbosa Menezes .................................. ESAM - RN Jozeneida Lúcia Pimenta de Aguiar Embrapa Cerrados - DF Julio Marcos Filho ................................. ESALQ - USP - SP Jurandi Gonçalves de Oliveira ............................ UENF - RJ Juscelino Antônio Azevedo ............ Embrapa Cerrados - DF Juvenil Enrique Cares ............................................ UnB - DF Keigo Minami ........................................ ESALQ - USP - SP Laércio Antonio Gonçalves Jacovine .................. UFV - MG Lázaro Eustáquio Pereira Peres ............. ESALQ - USP - SP Leo Pires Ferreira.................................... Embrapa Soja - PR Leonardo Collier ............................................ UNITINS -TO Lúcia Sadayo Assiri Takahashi .............................. UEL - PR Luciana M. de Carvalho Embrapa Tabuleiros Costeiros - SE Ludwig H. Pfennig ............................................. UFLA - MG Luis Vitor Silva do Sacramento ..... UNESP Araraquara – SP Luiz Antonio Augusto Gomes ........................... UFLA - MG Luiz Antônio Biasi ............................................... UFPR - PR Luiz Carlos Prezotti ...................................... INCAPER - ES Luiz Carlos S. Caetano ................................ PESAGRO - RJ Luiz Eduardo Bassau Blum ................................... UnB - DF Luiz Eduardo Corrêa Antunes .. Embrapa Clima Temperado - RS Luiz Pedro Barrueto Cid Embrapa Recursos Genéticos - DF Madelaine Venson ............................ EPAMIG Viçosa – MG Magali Ferreira Grando .......................................... UPF - RS Magno A. Patto Ramalho................................... UFLA - MG Manoel Teixeira de Castro Neto . Embrapa Mandioca e Frut.- BA Manoel Vicente Mesquita Filho ... Embrapa Hortaliças - DF Manoel Xavier dos Santos .... Embrapa Milho e Sorgo - MG Marcelo Antoniol Fontes ............ Alellyx Applied Genomics Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Marcelo Carnier Dorneles ..................... ESALQ - USP - SP Marcelo Murad Magalhães ................................ UFLA - MG Marcelo Tavares ................................................... UFU - MG Márcia Maria Castro .......................... UNESP Botucatu - SP Marco Eustáquio de Sá ................ UNESP Ilha Solteira - SP Marcos Antonio Bacarin ...................................... UFPel - RS Marcos David Ferreira ................................. UNICAMP - SP Marcos Eduardo Paron ...................... UNESP Botucatu - SP Marcus Vinícius de Miranda Martins ................. Brasília-DF Maria Aico Watanabe ............ Embrapa Meio Ambiente - SP Maria Amélia Gava Ferão ............................ INCAPER - ES Maria Anita G. da Silva ............................. Porto Alegre - RS Maria Auxiliadora Coêlho de Lima .. Embrapa Semi-Árido - PE Maria de Fátima Arrigoni Blank ............................. UFS -SE Maria do Carmo de Salvo Soares Novo .................. IAC -SP Maria do Carmo M. D. Pavani ...... UNESP Jaboticabal - SP Maria Helena T. Mascarenhas . EPAMIG Sete Lagoas - MG Maria Urbana C. Nunes ...... Embrapa Tabuleiros Costeiros - SE Maria Zuleide de Negreiros ............................... ESAM - RN Mariana Zatarim ................................ UNESP Botucatu - SP Mariane Carvalho Vidal ................ Embrapa Hortaliças - DF Marina Castelo Branco ................. Embrapa Hortaliças - DF Marinalva Woods Pedrosa ................................... UFV - MG Mário César Lopes ..................................... UNIOESTE - PR Mario Puiatti ........................................................ UFV - MG Marley Marico Utumi .................... Embrapa Rondônia - RO Marli Ranal .......................................................... UFU - MG Marta Simone Mendonça Freitas ........................ UENF - RJ Martin Homechin ................................................... UEL - PR Maurício Ventura ................................................... UEL - PR Max José de A. Faria Júnior ........ UNESP Ilha Solteira - SP Messias Gonzaga Pereira ..................................... UENF - RJ Mirían Josefina Baptista ............... Embrapa Hortaliças - DF Moacil Alves de Souza ........................................ UFV - MG Mônica Sartori de Camargo ....... Santa Bárbara d’Óeste - SP Monique Ines Segeren ................................... Holambra - SP Nand Kumar Fageria .............. Embrapa Arroz e Feijão - GO Natan Fontoura da Silva ....................................... UFG - GO Nei Peixoto .............................................. UEG Ipameri - GO Nerinéia Dalfollo Ribeiro ................................... UFSM - RS Nilson Borlina Maia ............................................... IAC - SP Nilton Luiz de Souza ......................... UNESP Botucatu - SP Nilton Nélio Cometti .... Escola Agrotécnica Fed.de Colatina - ES Nirlene J. Vilela ............................ Embrapa Hortaliças - DF Nivaldo Duarte da Costa ............. Embrapa Semi-Árido - PE Nuno Rodrigo Madeira ................. Embrapa Hortaliças - DF Og de Souza ......................................................... UFV - MG Omar Cruz Rocha ........................... Embrapa Cerrados - DF Onkar Dev Dhingra .............................................. UFV - MG Orivaldo José Saggin Jr.Embrapa Microbiologia do Solo - RJ Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Osmar Alves Lameira ..... Embrapa Amazônia Oriental - PA Osmar Carrijo ................................ Embrapa Hortaliças - DF Ossami Furumoto .......................... Embrapa Hortaliças - DF Paulo R. R. Chagas ...... Centro de Pesquisa Mokiti Okada - SP Paulo Antônio de Souza Gonçalves ................ EPAGRI - SC Paulo Ernesto Meissner Filho ... Embrapa Mandioca e Frut.- BA Paulo Roberto Beskow ...................................UFSCAR - SP Paulo Sérgio Koch .............................. Sementes Sakata - SP Paulo Sérgio Rabelo de Oliveira ................... UNIMAR - SP Pedro Boff ........................................................ EPAGRI - SC Pedro Henrique Monnerat ................................... UENF - RJ Pedro Milanez de Rezende ................................ UFLA - MG Raimundo Nonato Távora Costa ........................... UFC - CE Raquel R. B. Negrelle .......................................... UFPR - PR Ravi Dalt Charma ........................... Embrapa Cerrados - DF Regina Maria Quintão Lana ................................ UFU - MG Ricardo Enrique B. Smith .................................... UENF - RJ Ricardo Henrique Silva Santos ............................ UFV - MG Ricardo Tadeu de Faria .......................................... UEL - PR Rita de Cássia S. Dias ................. Embrapa Semi-Árido - PE Roberto Cleiton F. de Queiroga ......................... ESAM - RN Roberto Ferreira da Silva ..................................... UENF - RJ Roberto Lyra Villas Bôas ................... UNESP Botucatu - SP Roberto Pedroso de Oliveira ... Embrapa Clima Temperado - RS Roberval Dailton. Vieira .................... UNESP Botucatu - SP Robinson Luiz Contiero .................................. Cascavel - PR Rogério Lopes Vieites ........................ UNESP Botucatu - SP Ronaldo do Nascimento ....................................... UFPel - RS Ronan Gualberto ............................................ UNIMAR - SP Ronessa Bartolomeu de Souza ..... Embrapa Hortaliças - DF Rosana Fernandes Otto ....................................... UEPG - PR Rosana Rodrigues ................................................ UENF - RJ Rovilson J. de Souza .......................................... UFLA - MG Rubens Alves de Oliveira .................................... UFV - MG Rui Pereira Leite Jr. ........................................... IAPAR - PR Rui Sales Júnior ................................................. ESAM - RN Rui Scaramella Furiatti ....................................... UEPG - PR Rumy Goto ......................................... UNESP Botucatu - SP Sally Ferreira Blat .................................. ESALQ - USP - SP Salvador Barros Torres ................................. EMPARN - RN Sebastião Alberto de Oliveira ................................ UnB - DF Sebastião Wilson Tivelli ......................................... IAC - SP Sérgio Werne Paulino Chaves ........................ Mossoró - RN Shizuo Seno .................................. UNESP Ilha Solteira - SP Sieglinde Brune ............................. Embrapa Hortalicas - DF Silvaldo Felipe da Silveira ................................... UENF - RJ Silvano Bianco ............................... UNESP Jaboticabal - SP Silvio Lopes Teixeira ........................................... UENF - RJ Silvio Luís Rafaeli Neto ................................... UDESC - SC Silvio Moure Cícero .............................. ESALQ - USP - SP 1043 Silvio Tavares ......................................... ESALQ - USP - SP Simon Swen Cheng ......... Embrapa Amazônia Oriental - PA Sissi Kawai Marcos ............................................ Franca - SP Solange G. Canniati Brazaca ................. ESALQ - USP - SP Suzana Lucy Nixdorf ............................................. UEL - PR Sylvio Luis Honório .................................... UNICAMP - SP Tânia Beatriz G.A. Morselli ................................ UFPel – RS Telma Nair Santana Pereira ................................. UENF - RJ Valdivina Lúcia Vidal ................... AGENCIARURAL - GO Valéria Aparecida Modolo ...................................... IAC - SP Valesca Pandolfi ..................................... ESALQ - USP - SP Valter Rodrigues Oliveira ............. Embrapa Hortaliças - DF 1044 Vera Lucia Bobrowski ......................................... UFPel - RS Vicente Wagner Dias Casali ................................ UFV - MG Vivian Loges .......................... Jaboatão dos Guararapes - PE Wagner Bettiol ...................... Embrapa Meio Ambiente - SP Wagner Ferreira da Mota ..................... UNIMONTES - MG Waldelice Oliveira Paiva ... Embrapa Agroindústria Tropical - CE Waldemar Pires de Camargo Filho .......................... IEA - SP Waldir Aparecido Marouelli ......... Embrapa Hortaliças - DF Walkyria B. Scivittaro ...... Embrapa Clima Temperado - RS Walter Rodrigues da Silva ..................... ESALQ - USP - SP Warley M. do Nascimento ............ Embrapa Hortaliças - DF Wellington Marota Barbosa .......................... Vila Velha - ES Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 normas NORMAS PARA PREPARO E SUBMISSÃO DE MANUSCRITOS GUIDELINES FOR THE PREPARATION AND SUBMISSION OF MANUSCRIPTS Submissão de manuscritos para publicação: Encaminhar para o endereço abaixo: • Texto, original e duas cópias, digitado em espaço duplo, paginado e com numeração de linhas; • Disquete com texto original contendo gráficos, desenhos, tabelas, fotografias e microfotografias; • Carta de encaminhamento com a ciência de todos os autores; • Cheque referente à taxa de tramitação no valor de R$ 50,00 para todas as seções. Endereço para submissão: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70359-970 - Brasília-DF Tipos de trabalho O periódico Horticultura Brasileira (HB) é a revista oficial da Associação Brasileira de Horticultura. HB destina-se à publicação de artigos técnico-científicos que descrevem trabalhos originais sobre hortaliças, plantas medicinais e ornamentais que venham contribuir, significativamente, para o desenvolvimento destes setores. A Comissão Editorial necessita da anuência de todos autores do(s) trabalho(s), que devem assinar a carta de encaminhamento ou a primeira página do trabalho original. Caso um ou mais autores não possa(m) assinar, a razão deve ser mencionada na carta de encaminhamento. Neste caso, o autor correspondente deverá se responsabilizar pela anuência do(s) faltante(s). Os artigos submetidos são revisados por dois consultores ad hocs, sendo ainda analisados pelo Editor Associado especializado da área a que se refere o artigo. Cabe à Comissão Editorial tomar a decisão final de aceite, alteração ou rejeição do trabalho. Alterações só serão realizadas com a anuência do(s) autor(es). O autor correspondente receberá a versão gráfica do trabalho para análise e eventual correção. Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ou estilo. A HB não adota política de distribuição de separatas. O periódico Horticultura Brasileira aceita artigos técnico-científicos escritos em português, inglês ou espanhol. É composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 1, Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; e 8. Comunicações. 1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial; 2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral. Será publicada a critério da Comissão Editorial; 3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramente demonstrada; 4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na área de economia aplicada ou extensão rural; 5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ou nota científica contendo dados e/ou informações passíveis de Submission of manuscripts fpr publication: Send the manuscript with the following to the address bellow: • Text, original and two copies, in double-space with lines and pages numbered; • Disket containing the manuscript and ots graphics, drawings, tables, photographs or micrographs; • A letter accompanying the manuscript, providing authorization by all the authors; • Processing fee of US$ 50.00 Submit the manuscript to: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70359-970 - Brasília-DF Subject Matter Horticultura Brasileira (HB) is the official journal published quarterly by the Brazilian Association for Horticultural Science. HB publishes original papers which contribute to the scientific and technologic development of horticultural crops. The journal covers basic and applied researches on vegetable crops, medicinal herbs and ornamental plants. The Editorial Board requires the signature of all authors on the first page of the original paper or on the submission letter. If one or more authors could not sign, the submission letter must contain the reason(s). In this case, the corresponding author will take the responsibility for the submitted paper. The manuscripts are examined by two reviewers of the specific research area. The Editorial Board makes the final decision on acceptance, changes or rejection. No changes will be made without the approval of the author(s). The corresponding author will receive the galley proof which should be corrected and returned to the publisher; changes in content and style should not be made. No offprint will be supplied. Horticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishing technical and scientific articles written in Portuguese, English or Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article; 2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and Rural Extension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers in Test; 7. New Cultivar; and 8. Communications. 1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouse interest. Only invited articles are accepted in this section; 2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of general interest. It will be accepted for publication after being submitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board; 3. RESEARCH: manuscript describing a complete and original study in which the replication of the results has clearly been established; 4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION: manuscript dealing with applied economy and rural extension; 5. GROWER’S PAGE: communications or short notes with information that could be quickly usable by farmers; Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 1045 utilização imediata pelo horticultor; 6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos, fertilizantes ou cultivares; 7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registro de novas cultivares e germoplasma, sua descrição e disponibilidade, com dados comparativos; 8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicação entre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado em duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de disquete e indicação de que o texto se destina à seção Comunicações. Por questões de espaço, nem todas as comunicações recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas apenas parcialmente. O periódico HB é publicado a cada três meses, de acordo com a quantidade de trabalhos aceitos. Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, ainda não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implícito que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos e respeito à legislação vigente do copyright foram também observados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normas não serão considerados. Após aceitação do manuscrito para publicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright para todas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização por escrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira. Para publicar na HB, é necessário que o primeiro autor do trabalho seja membro da Associação Brasileira de Horticultura e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cada artigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à publicação de todos os autores, e será avaliado pela Comissão Editorial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, de acordo com a seção a que se destina. Submissão dos trabalhos Os originais deverão ser submetidos em três vias, em programa Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fonte arial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá ser incluído. Todas as fotos deverão ser enviadas no original. Figuras e/ou quadros deverão ser de boa qualidade. Devido aos altos custos de impressão gráfica da revista, solicita-se aos autores que sejam sucintos na redação. Dessa forma os trabalhos deverão ter 15 - 20 páginas digitadas,não mais que 30 referências bibliográficas e quatro figuras, tabelas ou quadros. O resumo deverá ter no máximo 250 palavras. Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, 17 palavras no máximo, que não deve incluir nomes científicos, a menos que não haja nome comum no idioma em que foi redigido. Ao título deve seguir o nome, endereço postal e eletrônico completo dos autores (veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes da Horticultura Brasileira). A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Resumo em Português ou Espanhol com palavras-chave ao final. As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) 1046 6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST: communications or scientific notes describing tests with pesticides, fertilizers and cultivars; 7. NEW CULTIVAR: this section contains recent releases of new cultivars and germplasm and includes information on origin, description, avaliability, and comparative data; 8. COMMUNICATIONS: these have the objective of promoting communication among readers and the Editorial Board as short communications, suggestions and criticism, in a more informal way. They should be concise, not exceeding 300 words or 1,200 characters. These should be signed by author(s) and submitted in duplicate (original and one copy), along with a diskette that contains a copy of the text. The journal HB is issued every three months, depending on the amount of material accepted for publication. HB publishes original manuscripts that have not been submitted elsewhere. With the acceptance of a manuscript for publication, the publishers acquire full and exclusive copyright for all languages and countries. Unless special permission has been granted by the publishers, no photographic reproductions, microform and other reproduction of a similar nature may be made of the journal, of individual contributions contained therein or of extracts therefrom. Membership in the Associação Brasileira de Horticultura is required for publication. For the paper to be eligible for publication the first author must be a Association member and the manuscripts should be accompanied by the agreement for publication signed by the authors. All manuscripts will be evaluated by the Editorial Board, Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordance with their respective sections. Manuscript submission Manuscripts should be submitted in triplicate (original and two copies) typed double-spaced (everything must be double spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12, is required. Include a copy of the manuscript on computer diskette at submission. The Editorial Board will only accept 3.5 inch diskette which have the files copied on them using the program Word 6.0 or superior. It is recommended that the authors observe the following format: 15 to 20 typed pages, including up to 30 bibliographic references, four figures, graphics or tables. The title page should include: title of the paper (scientific names should be avoided); name(s) of author(s) and address(es). Please refer to a recent issue of HB for format. The structure of the manuscript should include: 1. Abstract and Keywords. Keywords should start with scientific names and it should not repeat words that are already in the title; 2. Summary in Portuguese (a translation of the abstract will be provided by the Journal for non-Portuguese-speaking authors) and Keywords (Palavras-chave). 3.Introduction; 4. Material and Methods; 5. Results and Discussion; 6.Acknowledgements; 7. Cited Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em Inglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o título em Inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em Português ou Espanhol; 3. Introdução; 4. Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser utilizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes da Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consultar a home page da ABH: www.abhorticultura.com.br ou www.sobhortalica.com.br As citações de artigos no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Esaú e Hoeffert (1970) ou (ESAÚ; HOEFFERT, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), como segue: De Duve et al. (1951) ou (DE DUVE et al., 1951). Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b. Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), em anos diferentes, separar os anos por vírgula, como segue: (FARRAR; KENNEDY, 1987, 1997) ou: ...segundo Farrar e Kennedy (1987, 1991)... Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenas os trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética do sobrenome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou mais autores devem ser listados na ordem cronológica, depois de todos os trabalhos do primeiro autor. As referências bibliográficas deverão obedecer as normas da ABNT (NBR 6023, de 2002) Exemplos: a) Periódico: BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heat production of vegetables during refrigerated storage. Journal of the American Society for Horticulture Science, Mount vermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972. b) Livro: ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. New York: John Willey, 1979. 632 p. c) Capítulo de livro: ULLSTRUP, A. J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. (Ed.). Corn and corn improvement. New York: Academic Press, 1955. cap.3, p. 465-536. d) Tese: SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. Dissertação, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. e) Trabalhos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos): HIROCE, R.; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.; FURLANI, P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO, J. R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364. f) Trabalhos apresentados em congresso, publicados em revista/CD-ROM: Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Literature and 8. Figures and Tables. This structure will be used for the Research section. For other sections please refer to a recent issue of HB for format. You can also visit ABH home page in the following addresses: www.abhorticultura.com.br or www.sobhortalica.com.br. Bibliographic references within the text should have the following format: Esaú & Hoeffert (1970) or (ESAÚ; HOEFFERT, 1970). When there are more than two authors, use a reduced form, like the following: De Duve et al. (1951) or (DE DUVE et al., 1951). References to studies done by the same author in the same year should be noted in the text and in the list of the Cited Literature by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a, 1997b. In citations involving more than one article from the same author(s), published in different years, the years will be separeted with comma, as follows: (Farrar & Kennedy, 1987, 1991) or: ...accordingly to Farrar & Kennedy (1987, 1991)... In the Cited Literature, references from the text should be listed in alphabetical order by last name, without numbering them. Papers that have two or more authors should be listed in chronological order, following all the papers of the first author, second author and so on. Please refer to a recent issue of HB for more details. The bibliographic references should be done accordingly to the ABNT norms (NBR 6023, from 2002). Examples: a) Journal: BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heat production of vegetables during refrigerated storage. Journal of the American Society for Horticultural Science, Mount vermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972. b) Book: ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. New York: John Willey, 1979. 632 p. c) Chapter: ULLSTRUP, A. J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J., (Ed.). Corn and corn improvement. New York: Academic Press, 1955. cap3, p. 465-536. d) Thesis: SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. (Master thesis), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. e) Articles from Scientific Events (when not published in journals): HIROCE, R; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.; FURLANI, P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO, J. R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364. f) Articles from scientific events, published in referred jornals: REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com três modelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, 1047 REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com três modelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresentado no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002. g) Trabalhos apresentados em meio eletrônico: g1) Periódico: KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>. Acesso em: 25 nov. 1998. g2) Trabalhos apresentados em congresso: SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em: <http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997. Uma cópia da prova tipográfica do manuscrito será enviada eletronicamente para o autor principal, que deverá fazer as possíveis e necessárias correções e devolvê-la em 48 horas. Correções extensivas do texto do manuscrito, cujo formato e conteúdo já foram aprovados para publicação, não são aceitáveis. Alterações, adições, deleções e edições implicarão novo exame do manuscrito pela Comissão Editorial. Erros e omissões presentes no texto da prova tipográfica corrigido e devolvido à Comissão Editorial são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ou verifique os padrões de publicação dos últimos volumes da Horticultura Brasileira. Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9051 / 3385 9073 / 3385 9088 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Assuntos relacionados a mudanças de endereço, filiação à Associação, pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à Diretoria da Associação Brasileira de Horticultura, no seguinte endereço: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] 1048 n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresentado no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002. g) Articles publised by electronic means: g1) Journal: KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>. Acesso em: 25 nov. 1998. g2) Articles from scientific events: SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em: <http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997. A copy of the galley proof of the manuscript will be sent to the first author who should make any necessary corrections and send it back within 48 hours. Extensive corrections of the text of the manuscript, whose format and content have already been approved for publication, will not be accepted. Alterations, additions, deletions and editing implies that a new examination of the manuscript must be made by the Editorial Board. Errors and omissions which are present in the text of the corrected galley proof that has been returned to the Editorial Board are entirely the responsability of the author. Orientation about any situations not foreseen in this list will be given by the Editorial Board or refer to a recent issue of Horticultura Brasileira. Manuscripts should be addressed to: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9051 / 3385 9073 / 3385 9088 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Change in address, membership in the Association and payment of fees should be addressed to: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005 Foto: PauloEduardodeMelo O quanto pode a olericultura urbana? Cultivar hortaliças em áreas urbanas não é novidade. Na Europa medieval os castelos, as urbes naquele tempo, já possuíam seus jardins de ervas. Em países densamente povoados, a sobrevivência de todos sempre foi garantida através do cultivo de qualquer área agricultável, incluindo áreas urbanas. No Brasil de outrora, as hortaliças se sucediam no fundo dos quintais (de casas e de aldeias, também estas, urbes, a seu tempo e história), diversificadas em uma constelação de espécies, muitas hoje esquecidas, cada qual com seu sabor peculiar, seu valor nutritivo, seu poder terapêutico. O que há de novo então no cultivo de hortaliças em espaços urbanos? A inovação está no potencial dessa atividade como auxiliar na solução de dois dos mais siameses problemas da humanidade: a fome (oculta ou evidente) e a pobreza. Mas, o que pode a olericultura urbana contra esses males? Falemos do Brasil, ainda que nesse retrato quase todo o Mundo se pareça. Aqui, o acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequadas (Segurança Alimentar), é crítico em regiões menos desenvolvidas e nas periferias das grandes cidades, inchadas por milhões de brasileiros vindos da zona rural. Males causados pela desnutrição ou pela má-nutrição, de tão generalizados já consti- tuem problemas de saúde pública. E não deixemos de atribuir à fome, a sua parcela de responsabilidade na mortalidade infantil, nos neonatos de baixo peso, na suscetibilidade a doenças, na dificuldade de aprendizado e repetência escolar, na baixa eficiência do trabalho, etc., etc. e etc. Dando nome e endereço a esse retrato, encontra-se, no Entorno de Brasília, o município de Santo Antônio do Descoberto (GO). Santo Antônio contribui com 50 mil habitantes (95% na zona urbana), para os quase três milhões de pessoas que hoje vivem na região geoeconômica da capital federal. A maioria da população de Santo Antônio está abaixo da linha de pobreza (menos de 0,5 salário mínimo per capita). Os indicadores sociais da cidade sugerem uma comunidade carente de ações de cidadania, incluindo aquelas relativas à segurança alimentar. Em face a essa realidade, iniciou-se um projeto de produção de hortaliças em uma horta urbana comunitária. O projeto envolve atualmente 25 famílias, a cada uma tocando um talhão de cerca de 300 m2. Um ano após o início do projeto, o quanto pôde a olericultura urbana em favor dessas famílias? Em relação ao hábito alimentar, as famílias envolvidas no projeto incorporaram à dieta o consumo diário de duas ou três diferentes hortaliças! Mas, quais hortaliças? No início do projeto, o interesse das famílias, seja para consumo, seja para venda, se concentrava em nada além de seis hortaliças: alface crespa, couve-comum, cebolinha e coentro (cheiro-verde), jiló e quiabo. Um ano após, Dna. Francisca Souza, uma das hortelãs envolvidas no projeto cultiva, consome e vende abobrinha, alface crespa e americana, alho, berinjela, cenoura, cebolinha e coentro, couvebrócolos, couve-comum, couveflor, erva-doce, espinafre, jiló, maxixe, pepino, pimentão, quiabo, rabanete e repolho. Além da diversidade, merecem nota também a qualidade das hortaliças e a produtividade alcançada. A horta urbana alterou também o consumo de outros alimentos, em vir- tude do aumento de até 35% na renda familiar proporcionado pela comercialização dos excedentes. Foi o que aconteceu com o hortelão Marcelo Duarte, que ao lado da esposa e dos dois filhos, passou a consumir mais carne, mais arroz e mais feijão. Segundo ele, “os meninos, agora, estão muito mais bonitinhos”. Os resultados alcançados na curta vida do projeto até aqui não devem porém criar a ilusão da facilidade. Cultivar hortaliças não é uma atividade leve. Muito ao contrário, demanda dedicação, talento e vocação. Por isso, boa parte do sucesso dos novos hortelãos de Santo Antônio do Descoberto se deve à sua enorme disposição em trabalhar com as hortaliças. Até chegarmos ao grupo de hoje, foram várias as desistências e as substituições. Quando não há inclinação para a olericultura, tudo parecerá lento, trabalhoso e difícil. Esse aspecto não deve ser menosprezado. Somam-se aos desafios inerentes ao cultivo de hortaliças, algumas outras dificuldades específicas do ambiente urbano. Os furtos são comuns em hortas urbanas. Seus maiores prejuízos? O sentimento de violação da horta (uma extensão do lar) e o desaânimo causado pela impossibilidade de colher o que foi cultivado, ainda que um único pé de alface! Além disso, por descuido ou de propósito, os ladrões sempre danificam, por pisoteio ou simples destruição, um volume de hortaliças muito maior do que o que levam. O acesso a água de qualidade e com custo reduzido (inclusive para irrigação) é outra grande dificuldade das hortas urbanas. Nenhuma horta deveria ser instalada antes que esse aspecto fosse cuidadosamente considerado. É preciso ter em vista também a sustentabilidade econômica e ambiental da horta urbana (um espaço limitado e intensamente explorado) no longo prazo. Para tanto, é necessário manejar adequadamente os recursos naturais, em especial o solo e a água, e garantir recursos, que podem advir da comercialização da produção, para a continuidade da atividade. Nesse contexto, a adubação deve ser utilizada também com o objetivo de construir a fertilidade do solo. Isto permitirá a redução gradativa do uso de fertilizantes (orgânicos ou não), em geral tão intenso e dispendioso na produção de hortaliças, e promoverá a independência dos produtores de recursos externos. Também é fundamental conservar o solo. Para tanto, os hortelãos de Santo Antônio adotaram práticas de manejo que ao mesmo tempo melhoram a qualidade do solo e propiciam rendimento econômico, como, por exemplo, a adubação verde em consórcio com hortaliças. Um último aspecto a ser considerado é o fato de muitas hortas urbanas serem também comunitárias. Isso significa que pessoas diferentes, com comportamentos e expectativas distintas, irão compartilhar seu tempo em um espaço físico restrito. Ali, as afinidades irão aproximar alguns em detrimento de outros. Haverá solidariedade, mas haverá também competição. Nascerá um sentimento de associativismo, mas não para com todos. Administrar esses sentimentos, além dos nossos (já que também somos humanos) é sempre mais difícil que parece e é um ponto-chave para o sucesso da empreitada. Não se deve esquecer que, sobretudo, a horta urbana é feita por gente! (O projeto Horta Urbana de Santo Antônio do Descoberto é financiado pelo CNPq). (Paulo Eduardo de Melo, Marina Castelo Branco, Flávia A. de Alcântara, Henoque Ribeiro da Silva, Embrapa Hortaliças, E-mail: [email protected])