Volume 23 número 4
outubro-dezembro 2005
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
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Programa de apoio a publicações científicas
Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983
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anteriores:
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866
Periodicidade até 1981: Anual.
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ISSN 0102-0536
1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de
Horticultura.
CDD 635.05
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Volume 23 número 4
outubro-dezembro 2005
ISSN 0102-0536
SUMÁRIO/CONTENT
* Artigos em inglês com resumo em português
Articles in English, with an abstract in Portuguese
CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER
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PESQUISA / RESEARCH
Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo
Evaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio do Amparo, Brazil
J. E. Yuri; R. J. Souza; G. M. Resende; J. H. Mota
Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo
Quality and health of onion seedlings by adding thermophilic compost
P. Boff; J. F. Debarba; E. Silva; H. Werner
Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa
Damages caused by drop impact on the postharvest quality of arracacha roots
G. P. Henz; R. M. Souza; J. R. Peixoto; L. Blumer
Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico
Evaluation of methods for drying primed onion seeds
R. F. Caseiro; J. Marcos Filho
Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro
Genetic diversity among tomato accessions infested by different tomato leaf miner populations
G. R. Moreira; D. J. H. Silva; M. C. Picanço; L. A. Peternelli; F. R. B. Caliman
Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface
Evaluation of mulch types on lettuce production
V. C. Andrade Júnior; J. E. Yuri; U. R. Nunes; F. L. Pimenta; C. S.M. Matos; F. C. A. Florio; D. M. Madeira
Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR
RT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potato
L. N. Fonseca; A. K. Inoue-Nagata; T. Nagata; R. P. Singh; A. C. Ávila
Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista
Evaluation of sweet potato clones in Vitória da Conquista
A. D. Cardoso; A. E. S. Viana; P. A. S. Ramos; S. N. Matsumoto; C. L. F. Amaral; T. Sediyama; O. M. Morais
Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus
Evaluation of essential oils from Allium sativum and Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of the Aspergillus flavus group
E. C. Viegas; A. Soares; M. G. F. Carmo; C. A. V. Rossetto
Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita
Yield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and potassium in lettuce grown in substrate with zeolite
A. C.C. Bernardi; M. R. Verruma-Bernardi; C. G. Werneck; P. G. Haim; M. B.M. Monte
Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréia
Yield and quality of sweet potato roots fertilized with urea
A. P. Oliveira; M. R. T. Oliveira; J. A. Barbosa; G. G. Silva; D. H. Nogueira; M. F. Moura; M. S. S. Braz
Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF
Colonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in Distrito Federal, Brazil
P. A. Melo Filho; A. N. Dusi; C. L. Costa; R. O. Resende
*Growth and yield of lettuce plants under salinity
*Crescimento e produtividade da alface em condições salinas
J. L. Andriolo; G. L. Luz; M. H. Witter; R. S. Godoi; G. T. Barros; O. C. Bortolotto
Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas
Evaluation of garlic accesses from the collection of the Instituto Agronômico de Campinas
P. E. Trani; F. A. Passos; D. E. Foltran; S. W. Tivelli; I. J.A. Ribeiro
Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa
Evaluation of packing lines and classification standards for fresh market tomatoes in Brazil
M.D. Ferreira; M.K. Kumakawa; C. Andreuccetti; S.L. Honório; M. Tavares; M.L. Mathias
Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule
Response of watermelon cultivars to gummy stem blight
G. R. Santos; A. C. Café Filho
Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura
Tomato plant staking and training systems for fresh fruit production
B. G. Marim; D. J. H. Silva; M. A. Guimarães; G. Belfort
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Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão
Yield and composition of essential oil of lemongrass in different drying and fragmentation conditions
L. C. B. Costa; R. M. Corrêa; J. C. W. Cardoso; J. E. B.P. Pinto; S.K.V. Bertolucci; P. H. Ferri
*Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars
*Rendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de cultivares de milho
I. P. C. Almeida; P. S. L. Silva; M. Z. Negreiros; Z. Barbosa
Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia
Split forms and sources of nitrogen fertilization for the flowering white cabbage production
L. A. Zanão Júnior; R. M. Q. Lana; K. A. Sá
Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo
Determination of the stages of minimum processing of okra
M. A. G. Carnelossi; P. Yaguiu; A. C. L. Reinoso; G. R. O. Almeida; M. L. Lira; G. F. Silva; V. R.R. Jalali
Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio
Yield and postharvest quality of summer growing crisphead lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenum
G. M. Resende; M. A. R. Alvarenga; J. E. Yuri; J. H. Mota; R. J. Souza; J. C. Rodrigues Júnior
Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa
Influence of BAP and GA3 concentration on the in vitro development of arracacha
N. R. Madeira; J. B. Teixeira; C. T. Arimura; C. S. Junqueira
Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta
Yield of tomato under protected environment in relation to spacing and number of branches per plant
L. A. Carvalho; J. Tessarioli Neto
Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente
Overcoming beetroot seeds dormancy through immersion in running water
J. B. Silva; R. D. Vieira; A. B. Cecílio Filho
Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas
Association of modified atmospheres and antioxidants reduce browning of minimally processed potatoes
L.L.O. Pineli; C. L. Moretti; G. C. Almeida; A. B.G. Nascimento; A.C. A. Onuki
Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro
Cluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato accessions
M. Karasawa; R. Rodrigues; C. P. Sudré; M. P. Silva; E. M. Riva; A. T. Amaral Júnior
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PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE
Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis
Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm) development in different concentrations of nutritive solution
L. L. Haber; J. M. Q. Luz; L. F. A. Dóro; J. E. Santos
Produtividade e armazenamento de cebola cv. Alfa Tropical cultivada em diferentes espaçamentos
Yield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different planting spacings
G. M. Resende; N. D. Costa
Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido
Performance of tomato genotypes grown under protected cultivation
C. R. B. Eklund; L. C. S. Caetano; A. Shimoya; J. M. Ferreira; J. M.R. Gomes
Técnicas de colheita para tomate de mesa
Harvesting methods for fresh market tomatoes
M. D. Ferreira; A. T.O. Franco; M. Tavares
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ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL / ECONOMY AND RURAL EXTENSION
Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná
Prospective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná State, Brazil
R. R.B. Negrelle; E. R. S. Elpo; N. G. A. Rücker
Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil
The challenges and the oportunities for the onion agribusiness
N. J. Vilela; N. Makishima; V. R. Oliveira; N. D. Costa; J. C. M. Madail; W. P. Camargo Filho; G. Boeing; P. C. T. Melo
1022
1029
ERRATA / ERRATA
1034
ÍNDICE / CONTENT
1035
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
carta do editor
Foram sete anos. Entretanto, parece-me que foi ontem. Foi sem dúvida um grande aprendizado, uma verdadeira escola de convivência e de relacionamento humano, dando-me oportunidade
de conhecer vários colegas que de maneira abnegada ajudaram-me na tarefa de conduzir a revista
Horticultura Brasileira (HB). Estou falando dos sete anos durante os quais tive a oportunidade de
servir a atual Associação Brasileira de Horticultura, ocupando a presidência da Comissão Editorial da HB. A responsabilidade da continuidade dos trabalhos ficará nos ombros de uma equipe de
grande capacidade e competência, tendo na Presidência da Comissão Editorial o Dr. Paulo Eduardo
de Melo que há exatamente sete anos transferiu-me esta incumbência. Agradeço a todos os Editores e Consultores ad hoc que durante todos estes anos, apesar do cansaço de um dia de aulas, de
extenuantes trabalhos de pesquisa, palestras para produtores ou análise de projetos, reuniram
forças para revisar mais um trabalho de pesquisa enviado para ser publicado na HB. Ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro à revista.
Muito grato a todos. Meu agradecimento especial à incansável colega Sieglinde Brune por todos
estes anos de companheirismo e dedicação. Também agradeço o trabalho sério e competente de
nossa secretária Roseli Medeiros Barbosa. Aproveito para desejar à nova diretoria da Associação
Brasileira de Horticultura, presidida pelo amigo Paulo César Tavares de Melo, muito sucesso na
condução da ABH. Boa sorte a todos!
Leonardo de B Giordano
Presidente da Comissão Editorial
Horticultura Brasileira
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
869
pesquisa
YURI, J.E.; SOUZA, R.J.; RESENDE, G.M.; MOTA, J.H. Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo. Horticultura
Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.870-874, out-dez 2005.
Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do
Amparo
Jony E. Yuri1; Rovilson José de Souza2; Geraldo M. de Resende3; José H. Mota4
1
REFRICON, Rod. Regis Bittencourt s/n km 294, 06850-000 Itapecerica da Serra-SP; E-mail: [email protected]; 2UFLA, C. Postal 37,
37200-000 Lavras-MG; 3Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 4UFMS, C. Postal 533, 79.804-970 Dourados-MS
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o comportamento de cultivares de
alface do tipo americana em duas épocas de cultivo, foram conduzidos dois experimentos em Santo Antônio do Amparo (MG), de setembro a dezembro de 1998 e fevereiro a maio de 1999 em condições de túnel. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso com
seis cultivares (Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady e Raider)
e quatro repetições. As avaliações de massa fresca total e comercial,
circunferência e comprimento do caule da cabeça comercial foram
realizadas quando as plantas apresentaram cabeça bem formada e
compacta. Na primeira época de plantio, sobressaíram-se na característica massa fresca total as cultivares Lady (820,4 g planta-1) e
Lucy Brown (790,7 g planta-1) sem, contudo, diferirem da cultivar
Lorca (626,6 g planta-1). Para massa fresca comercial destacaram-se
as cultivares Lady (620,0 g planta-1) e Lucy Brown (559,3 g planta-1)
com maiores rendimentos. A circunferência da cabeça comercial variou de 36,3 a 47,2 cm e o comprimento do caule de 3,3 a 4,5 cm.
Para a segunda época de cultivo não observou-se diferenças significativas entre as cultivares para massa fresca total e comercial. No
entanto, todas as cultivares apresentaram massa fresca comercial
acima de 850 g planta-1. A circunferência da cabeça variou de 45,4 a
53,4 cm e o comprimento de caule de 3,7 a 4,9 cm. Maiores rendimentos em termos de massa fresca foram obtidos na segunda época
de plantio.
Evaluation of crisphead lettuce cultivars in Santo Antônio
do Amparo, Brazil
Palavras-chave: Lactuca sativa L., rendimento, competição de cultivares.
The behavior of crisphead lettuce cultivars at two planting periods
was evaluated in two experiments carried in Santo Antônio do Amparo,
Minas Gerais State, Brazil, from September to December 1998 and
February to May 1999, under a plastic tunnel conditions. The
experimental design was a randomized complete block with six
treatments (cv Cassino; Legacy; Lucy Brown; Lorca; Lady and Raider)
with four replications. The evaluations of total and marketable fresh
weight, circumference and stem length of the marketable head were
carried out when the plants had well formed and compact heads. In
the first cultivation period, the cultivars Lady (820,4 g plant-1) and
Lucy Brown (790,7 g plant-1) presented higher fresh weight. However,
they did not differ from cultivar Lorca (626,6 g plant-1). The cultivars
Lady (620.0 g plant-1) and Lucy Brown (559.3 g plant-1) presented the
highest yield of marketable fresh weight. The circumference of
marketable heads varied from 36.3 to 47.2 cm and the stem length
from 3.3 to 4.5 cm. No significant differences were observed among
cultivars for total and commercial fresh mass in the second planting
time; However, all cultivars presented commercial fresh mass above
850 g plant-1. The marketable head circumference varied from 45.4
to 53.4 cm and the stem length from 3.7 to 4.9 cm. Highest yield of
fresh mass was obtained in the second planting time.
Keywords: Lactuca sativa L., yield, cultivar competition.
(Recebido para publicação em 20 de fevereiro de 2004 e aceito em 13 de junho de 2005)
A
alface (Lactuca sativa L.) é uma
espécie mundialmente conhecida e
considerada a mais importante hortaliça
folhosa (FERNANDES; MARTINS,
1999). A alface do tipo americana, denominada ‘Crisphead lettuce’ nos Estados Unidos, é considerada a mais importante dentre os vegetais para ser consumido em forma de saladas cruas, tendo um consumo per capita superior a
11,3 kg ano -1 no Brasil (SANDERS,
1999).
O grupo da alface americana tem
apresentado aumento crescente, na região do sul de Minas Gerais, devido às
condições edafoclimáticas favoráveis e
870
também devido à proximidade dos grandes centros consumidores (redes “fast
food”). A região possui mais de 30 produtores em diversos municípios do sul
de Minas Gerais, cultivando cerca de
1800 ha por ano, com uma produção de
10.500 toneladas desta folhosa (YURI,
2000).
De acordo com Thompson (1944), a
alface é uma das hortaliças mais sensíveis às altas temperaturas e isto, na
maioria das vezes, é o fator mais
limitante para o não imbricamento das
folhas (formação da cabeça). Com base
nos resultados de Lenano (1973),
Brunini et al., (1976) e Cásseres (1980),
verifica-se que a alface se desenvolve
bem em temperaturas entre 15 e 20ºC.
Temperaturas acima de 20ºC estimulam e aceleram o pendoamento. Com o
aumento da temperatura, a planta emite
o pendão floral precocemente, interrompendo a fase vegetativa, tornando o produto impróprio para consumo e
comercialização, devido à ocorrência de
sabor amargo das folhas, em função do
acúmulo de látex (CÁSSERES, 1980).
Jackson et al. (1999) relatam que a
alface americana requer, como temperatura ideal para o desenvolvimento,
23ºC durante o dia e 7ºC à noite. Temperaturas muito elevadas podem provoHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo
car queima das bordas das folhas externas, formar cabeças pouco compactas e
também contribuir para a ocorrência de
deficiência de cálcio, conhecido como
“tip-burn”.
Outro fator que afeta a planta é o
fotoperíodo, pois a alface exige dias
curtos durante a fase vegetativa e dias
longos para que ocorra o pendoamento.
Para Robinson et al. (1983), o
pendoamento em alface é uma característica importante que influencia diretamente o desenvolvimento da cabeça.
Dias longos associados a temperaturas
elevadas aceleram o processo, o qual é
também dependente da cultivar
(NAGAI; LISBÃO, 1980; RYDER,
1986; VIGGIANO, 1990).
Segundo Conti (1994), o comprimento do dia não é problema para o cultivo da alface no verão brasileiro, pois
as cultivares européias importadas já
estão adaptadas a dias mais longos do
que os que ocorrem no país de origem.
Observa-se que a expansão da cultura está
ocorrendo para as áreas de latitudes menores e, conseqüentemente, o fotoperíodo
não é obstáculo. Entretanto, em condições
de menores latitudes, verifica-se o aumento da temperatura no período do verão,
havendo necessidade de se escolher áreas
de elevadas altitudes.
A altitude do local é um fator que
deve ser levado em consideração para o
cultivo da alface, pois influencia diretamente na temperatura. Portanto, regiões
de menores altitudes não são adequadas
ao plantio de verão, devido ao excesso
de calor. Verifica-se que nas regiões serranas do Rio de Janeiro e no cinturão
verde de São Paulo, em altitudes superiores a 800 m é possível cultivar-se ao
longo do ano. Já em localidades com altitude inferior a 400 m, de clima quente,
desde que se utilize cultivares adaptadas
pode-se cultivar a alface na maioria dos
meses (FILGUEIRA, 2000).
As cultivares americanas têm elevada produção de massa fresca, o que é
relatado por Bernardi e Igue (1973) nas
cultivares Great Lakes e New York que
pesaram, em média, 644,0 e 610,0 gramas, respectivamente. Leal et al. (1974)
avaliando o comportamento de cultivares de alface de diferentes grupos na
região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, numa época quente, verificaram
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
que a cultivar Mesa 659 foi a que apresentou melhor formação de cabeça em
relação às demais cultivares estudadas,
com 58% das plantas apresentando massa superior a 400,0 gramas.
Bueno (1998), nas condições de Lavras, a uma altitude de 918 metros, apresentou em junho, para a cultivar Lorca,
uma massa fresca total e comercial por
planta de 801,2 e 461,2 gramas, respectivamente. Utilizando a mesma cultivar,
local e época de plantio, Mota (1999)
obteve massa fresca total e comercial
por planta de 1000 e 695 gramas, respectivamente. Em experimento realizado em Santo Antônio do Amparo (MG),
a uma altitute de 1.050 metros,
Alvarenga (1999) obteve massa fresca
total e comercial por planta de 1011,0 e
677,8 gramas, respectivamente, para a
cultivar Raider, avaliadas nos meses de
maio e junho.
Yuri (2000), em experimento realizado no município de Boa Esperança
(MG), obteve para os genótipos Lucy
Brown, PSR 5338, PSR 4303, PSR
0110, Empire 2000 e Seeker, produtividade comercial de 266,6; 276,1; 293,8;
301,6; 304,4 e 333,8 g planta-1, respectivamente, porém, não mostraram diferenças significativas comparadas à
‘Raider’ (333,8 g planta-1).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de cultivares de alface americana em duas épocas de plantio, nas condições do município de Santo Antônio do Amparo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram conduzidos dois experimentos na Estação Experimental da Refricon
Mercantil Ltda., no município de Santo
Antônio do Amparo (MG), situado a
uma altitude de 1.050 metros, em solo
classificado como Latossolo Vermelho
Distroférrico.
Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições, sendo os tratamentos
constituídos por seis cultivares de alface americana (Cassino, Legacy, Lucy
Brown, Lorca, Lady e Raider). A semeadura foi realizada em bandejas de
poliestireno expandido contendo 200
células, utilizando-se o substrato comercial Plantmax HT sendo utilizadas mu-
das com 30 dias de idade. O primeiro
experimento foi realizado de setembro
a dezembro de 1998 (1ª época), com
transplante em 26/10/1998, e o segundo de fevereiro a maio de 1999 (2ª época), com transplante em 19/03/1999.
Com base nos resultados da análise
das amostras de solo, a área experimental utilizada na primeira época foi
corrigida com calcário dolomítico seis
meses antes do plantio da alface. A adubação de plantio foi feita dois dias antes
do transplantio, utilizando-se uma mistura de adubo formulado 4-30-16 com o
termofosfato magnesiano Yoorim
Master, em que se aplicou 37,5 kg ha-1
de N; 600,0 kg ha-1 de P205 e 150,0 kg ha-1
de K20. Na segunda época foi aplicado
400,0 kg ha-1 de P205 e as mesmas doses
de N e K20 utilizados anteriormente baseados nos dados de Raij et al. (1996).
Os canteiros foram construídos com
45,0 m de comprimento e 1,2 m de largura. A cada dois canteiros foi instalada
uma estrutura de proteção, constituída
de túnel alto, com 3,0 m de largura e 1,7
m de altura, coberto com filme plástico
transparente de baixa densidade,
aditivado com anti-UV, de 75 micras de
espessura. O túnel teve a função de proteger as plantas do excesso de chuva
(efeito guarda chuva), sendo que o mesmo ficava semi-aberto durante a condução do experimento. Na área central de
cada canteiro foram demarcadas três
parcelas, ou seja, seis em cada estrutura
de túnel alto, onde os tratamentos foram distribuídos de modo aleatório.
Cada parcela mediu 4,0 m de comprimento por 1,2 m de largura, onde foram
plantadas quatro linhas de alface espaçadas entre si de 0,35 m. Em cada parcela, constaram 44 plantas. A área útil
da parcela foi formada por 20 plantas
das duas linhas centrais do canteiro.
O sistema de irrigação utilizado durante a primeira semana nas duas épocas foi por aspersão convencional e posteriormente por gotejamento. Este consistiu de duas linhas de tubo gotejador
“Streamline 6000”, com vazão de 1,2 L
h-1 por emissor. Após a instalação dos
tubos gotejadores, os canteiros foram
cobertos por um filme plástico preto
(mulching), com a finalidade de evitar
a infestação de plantas daninhas e o contato das folhas da alface com o solo.
871
J. E. Yuri et al.
Tabela 1. Massa fresca total e comercial de cultivares de alface americana em função das
épocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/19991.
Cultivar
Massa fresca total (g planta-1)
1ª epoca*
Massa fresca comercial (g planta -1)
2ª epoca* *
1ª epoca
2ª epoca
Cassino
485,6
c B
1226,2 a A
332,8 b B
Legacy
505,4
c B
1235,6 a A
376,9 b B
Lucy Brown
790,7 ab
B
1278,8 a A
559,3 a
B
Lorca
626,6 bc B
1199,7 a A
406,0 b B
926,3
a A
Lady
820,4 a
B
1210,0 a A
620,0 a
B
970,0
a A
Raider
609,4
c B
1248,5 a A
415,0 b B
996,3
a A
10,1
9,7
C.V. (%)
8,5
858,2
a A
929,1
a A
1037,2
a A
11,3
1
Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada
característica não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período de
setembro a dezembro; **período de fevereiro a maio.
Uma semana após o transplantio,
teve início a adubação de cobertura realizada por fertirrigação, utilizando-se os
adubos solúveis nitrato de potássio, nitrato de cálcio, sulfato de magnésio e
cloreto de potássio, na dose de 40,0 kg
ha-1 de N, 80,0 kg ha-1 de K20 e 50,0 kg
ha-1 de Ca, aplicados diariamente . A
fertirrigação foi feita até dois dias antes
da colheita.
O controle de doenças e pragas na primeira época foi realizado com pulverizações semanais com produtos à base de
cobre e com inseticida piretróide. Na segunda época, as pulverizações foram realizadas, com os mesmos produtos a cada
15 dias, pois as condições climáticas foram menos favoráveis às pragas e doenças, devido à menor precipitação. Para o
controle das plantas daninhas, utilizou-se,
a capina manual em torno das covas e o
herbicida de contato paraquat entre os canteiros, utilizando protetor para evitar a
deriva (Chapéu de Napoleão).
As colheitas foram realizadas aos 67
e 78 dias para os plantios nos anos de
1998 e 1999, respectivamente, quando
as plantas apresentaram cabeça bem formada e compacta, sendo avaliadas a
massa fresca total e comercial, circunferência da cabeça comercial e comprimento do caule. Para a obtenção da
massa fresca total a planta foi cortada
rente ao solo, com as folhas externas e
internas e com a cabeça compacta. A
massa fresca comercial foi obtida removendo-se as folhas externas.
Os dados obtidos foram submetidos
à análise de variância conjunta, sendo
as médias comparadas pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
872
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados evidenciaram efeitos
significativos para cultivares, épocas de
plantio e a interação entre estes fatores
(Tabelas 1 e 2). Para a primeira época
de plantio, maiores rendimentos de massa fresca total foram obtidos com as
cultivares Lady (820,4 g planta-1) e Lucy
Brown (790,7 g planta-1) que não mostraram diferenças significativas entre si
(Tabela 1). Mota et al. (2003) em condições de verão em Lavras; sob cultivo
em túnel alto, obtiveram massa fresca
de 650,0 g planta -1, para a cultivar
Raider, assim como Yuri et al. (2002),
nas mesmas condições, no município de
Boa Esperança, obtiveram para a cultivar Lucy Brown, 972,0 g planta-1, resultados estes semelhantes aos obtidos
no experimento. No entanto, sob condições de casa de vegetação, Salatiel et
al. (2001) utilizando a cultivar Lorca,
nas condições de Jaboticabal, no verão
e outono obtiveram 308,5 g planta-1, resultado bem inferior ao obtidos no presente experimento.
Na segunda época de cultivo, as cultivares não apresentaram diferenças significativas entre si para massa fresca
total que oscilou entre 1119,7 g planta-1
(cultivar Lorca) a 1278,8 g planta-1 (cultivar Lucy Brown). Nas mesmas condições de cultivo, no município de Santana
da Vargem, Yuri et al. (2004), obtiveram massa fresca total de 1075,2 g planta-1 para a cultivar Raider.
As cultivares Lady e Lucy Brown
apresentaram massa fresca total de
620,0 e 559,3 g planta-1, respectivamen-
te, com os melhores desempenhos na
primeira época de plantio (Tabela 1). Em
condições de verão, Mota et al. (2003)
em sistema de cultivo de túnel alto, em
Santana da Vargem, encontraram variações para as cultivares Raider e Lucy
Brown entre 333,8 a 266,6 g planta-1,
valores bem inferiores aos obtidos por
estas cultivares no presente experimento (415,0 e 559,3 g planta-1, respectivamente).
Para a segunda época de cultivo não
se verificaram diferenças significativas
entre as cultivares, com massa fresca
comercial entre 858,2 e 1037,2 g planta-1. Estes resultados são superiores aos
observados por Mota (1999) e Bueno
(1998) em condições de cultivo semelhante em Lavras, utilizando a cultivar
Lorca, assim como aos alcançados por
Gadum et al. (2002) em Botucatu, para
as cultivares Raider e Lucy Brown. Todavia, Yuri et al. (2002) obtiveram resultados similares com a cultivar Raider
em Boa Esperança (972,0 g planta-1).
A cultivar Lady apresentou uma circunferência de cabeça de 47,2 cm na
primeira época e de 52,0 cm na segunda. É uma cultivar que apresenta como
destaque o tamanho da cabeça comercial, o qual determina o melhor rendimento industrial. Na primeira época, as
cultivares Lady, Lucy Brown e Lorca
apresentaram os melhores desempenhos
com 47,2; 45,9 e 43,0 cm, respectivamente, de circunferência de cabeça, sem,
no entanto diferirem entre si. As cultivares Legacy, com 36,3 cm e Cassino,
com 40,6 cm, foram as que apresentaram os menores tamanhos de cabeça
(Tabela 2). Resultados semelhantes foram observados por Mota et al. (2003)
que em condições de verão encontraram
variações entre 34,7 a 41,5 cm.
Na segunda época de plantio, a cultivar Lucy Brown apresentou a maior
circunferência com 53,4 cm, não diferindo das cultivares Lady (52,0 cm),
Lorca (51,6 cm) e Raider (49,1 cm) (Tabela 2). Estes resultados foram superiores aos obtidos por Bueno (1998) onde
a cultivar Lorca apresentou uma circunferência da cabeça de 45,0 cm, e por
Mota (1999) que verificou uma circunferência de 46,5 cm na mesma cultivar.
Na Tabela 2 observa-se diferença
significativa no comprimento de caule
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Comportamento de cultivares de alface americana em Santo Antônio do Amparo
entre as cultivares. No entanto, essa diferença, não afetou a formação da cabeça comercial. Na primeira época de
plantio, a cultivar Legacy apresentou o
menor comprimento com 3,3 cm; no
entanto, estatisticamente sem diferenciar das cultivares Cassino, Lucy
Brown, Lady e Raider. O maior valor
foi apresentado pela cultivar Lorca com
4,5 cm (Tabela 2). Resultados semelhantes foram observados para a segunda
época, onde a cultivar Lady mostrou o
menor comprimento (3,7 cm), seguida
pelas cultivares Cassino, Raider e Lucy
Brown, sem diferirem estatisticamente.
O comprimento foi inferior ao apresentado por Bueno (1998), com a cultivar
Lorca, de 6,8 cm. Mota et al. (2003) em
cultivo de alface sob túnel alto, verificaram para as cultivares Raider e Lucy
Brown comprimentos de caule de 7,1 e
5,3 cm, respectivamente. Menores comprimentos de caule são desejáveis para
a alface do tipo americana, principalmente quando destinada à indústria de
beneficiamento, uma vez que proporcionam menores perdas durante o
processamento. Por outro lado, o caule
excessivamente comprido acarreta uma
menor compacidade da cabeça e dificulta o beneficiamento, afetando a qualidade final do produto (YURI et al.,
2002; RESENDE et al., 2003).
Nas duas épocas avaliadas observaram-se diferenças significativas na massa
fresca total e comercial para todas as cultivares testadas, sendo a segunda época a
mais produtiva. Assim como para circunferência da cabeça comercial, com exceção para a cultivar Lady. No comprimento do caule somente as cultivares Legacy
e Raider apresentaram os menores valores na primeira época de cultivo. Entretanto, para as duas épocas, todos os materiais apresentaram o comprimento de caule
reduzido e dentro de um patamar considerado aceitável de acordo com Resende
(2004) que relata caules até 6,0 cm como
os mais adequados, sendo aceitáveis até o
patamar de 9,0 cm e inaceitáveis ou menos recomendados para processamento
aqueles acima deste valor.
A melhor performance do cultivo
observada na segunda época de plantio
pode ser explicada pela melhor adaptação da cultura às condições de temperaturas mais amenas, tendo como ótima a
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 2. Circunferência de cabeça e comprimento de caule de cultivares de alface americana em função das épocas de plantio. Santo Antônio do Amparo (MG), UFLA, 1998/1999.
Cultivar
Circunferência da cabeça (cm)
1ª epoca*
2ª epoca* *
Cassino
40,6
cd B
Legacy
36,3
d B
Lucy Brown
45,9 ab
Lorca
Lady
Raider
C.V. (%)
1ª epoca
2ª epoca
c A
4,1 ab A
47,3 bc A
3,3 b B
4,9 a
53,4 a
A
4,2 ab A
4,8 ab A
43,0 abc B
51,6 ab
A
4,5 a
4,9 a
47,2 a
A
52,0 ab
A
3,6 ab A
3,7 b A
42,4 bc
B
49,1 abc A
3,7 ab B
4,6 ab A
B
3,7
45,4
Comprimento do caule (cm)
5,9
10,4
A
4,1 ab A
A
A
12,0
Médias seguidas por letras minúsculas iguais nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada
característica não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey; *Período de
setembro a dezembro; **Período de fevereiro a maio.
faixa de 15,5 a 18,3ºC, conforme relata
Sanders (1999), podendo tolerar alguns
dias com temperaturas de 26,6 a 29,4ºC,
desde que as temperaturas noturnas sejam baixas.
Em função dos resultados obtidos no
presente estudo, pode-se concluir, para
as condições do município de Santo
Antônio do Amparo que a produção de
alface do tipo americana é viável nas
duas épocas de cultivo testadas, sendo
a segunda época, a mais favorável para
a obtenção de melhores rendimentos. As
cultivar Lady e Lucy Brown destacaram-se como as mais recomendadas
para o cultivo na primeira época, considerando a massa fresca comercial. Para
a segunda época de cultivo todas as cultivares mostraram-se produtivas no que
se refere à massa fresca comercial, não
diferindo entre si; no entanto, levandose em consideração a maior circunferência de cabeça comercial e menor comprimento de caule, sugere-se as cultivares Lucy Brown, Lady e Raider como
as mais promissoras.
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
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Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.875-880, out-dez 2005.
Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo
Pedro Boff1; João F. Debarba2; Edson Silva2; Hernandes Werner2
1
EPAGRI - Est. Exp. de Lages, C. Postal 181 88502-970 Lages-SC; E-mail: [email protected];2EPAGRI - Est. Exp. de Ituporanga,
C. Postal 121, 88400-000 Ituporanga-SC
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se, em condições de campo, a influência de composto
termófilo como adubação de base e em cobertura de canteiros, na
sanidade e na qualidade de mudas de cebola. A semeadura foi realizada em maio e junho de 1993 e de 1994. Três experimentos foram
delineados em blocos ao acaso, com seis repetições, tendo como
tratamentos as adubações de base por composto termófilo, incluindo descarte de cebola; por formulação comercial organo-mineral; e
por composição NPK. Em outro experimento, a adubação mineral e
o composto termófilo foram combinadas em esquema fatorial com
seis densidades de semeadura, tendo três repetições. Para a cobertura das sementes no leito de canteiros, foram avaliados num quinto
experimento, o pó-de-serra de Pinus novo, pó-de-serra de Pinus com
um ano, solo e composto termófilo, em delineamento de blocos ao
acaso, com quatro repetições. A adubação por composto apresentou
maior emergência e sobrevivência de mudas do que a adubação
organo-mineral e mineral, nos três experimentos estudados. Independentemente da densidade de semeadura, o composto termófilo,
como adubação de base, proporcionou maior sobrevivência de mudas (101,4 pl/m2) e menor intensidade de ataque de Botrytis squamosa
(51,7%), em comparação com adubação mineral (85,7 pl/m 2 e
56,8%). Quando usado em cobertura das sementes, o composto propiciou maior emergência (146,1 pl/m2) e sobrevivência de mudas
(134,8 pl/m2) do que a cobertura com terra (90,2 e 77,5 pl/m2, respectivamente). Não houve influência, entre os tipos de adubação de
base e/ou de cobertura, na ocorrência do tombamento de plântulas
de cebola.
Quality and health of onion seedlings by adding thermophilic
compost
The effect of thermophilic compost on onion diseases and
seedling quality used as basic fertiliser or bed cover was evaluated.
The research was carried out in 1993 and 1994 in Ituporanga, Santa
Catarina State, Brazil. Three experiments were conducted in
randomised blocks with six replicates. The treatments were
thermophilic compost, mineral fertilizer and organic-mineral
fertilisers. In another experiment, the compost and the mineral
fertiliser were combined with six plant densities in a factorial design
experiment. For the seed bed coverage, new and one-year-old Pinus
sawdust, soil, and thermophilic compost were evaluated using a
randomised block design with four replicates. Thermophilic compost
showed higher emergence and survival of onion transplants than
organic-mineral and mineral fertiliser. The thermophilic compost
increased the survival of onion transplants (101.4 pl/m2) and reduced
Botrytis squamosa intensity (51.7%) when compared with the mineral
fertiliser (87.7 pl/m2 and 56.8%) regardless of plant density. Onion
seedlings grown on seedbeds covered with compost presented higher
emergence (146.1 pl/m2) and survival of seedlings (134.8 pl/m2) than
those grown using only soil as coverage (90.2 and 77.5 pl/m2,
respectively). The occurrence of damping-off did not differ between
treatments with fertilisers alone or treatments in which coverage was
used in the seedbed.
Palavras-chave: Allium cepa, Botrytis squamosa, tombamento, adubo orgânico, produção de mudas.
Keywords: Allium cepa, Botrytis squamosa, damping-off, organic
fertiliser, transplants.
(Recebido para publicação em 12 de maio de 2004 e aceito em 5 de julho de 2005)
A
cultura da cebola (Allium cepa L),
nas principais regiões de cultivo no
Brasil, tem se caracterizado pelo uso intensivo do solo, emprego crescente de
agroquímicos e poucas práticas culturais
que
possam
oferecer
sustentabilidade ao sistema produtivo
(EPAGRI, 2000). Em Santa Catarina por
exemplo, o controle das principais doenças da cebola, que vinha sendo feito com
duas a três aplicações de fungicidas,
passou a receber nos últimos 10 anos,
mais de 15 intervenções no mesmo ciclo de cultivo (dados não publicados).
Este aumento no uso de agrotóxicos é
decorrente, em grande parte, da expansão da cultura em monocultivo, do
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
estreitamento genético das cultivars comerciais e do próprio efeito negativo que
estes agrotóxicos e a abusiva adubação
mineral de alta solubilidade causam à
flora e fauna local (GONÇALVES,
2001). A supressão de doenças e pragas
em plantios comerciais, pode ser vista
como manifestação da estabilidade e
saúde
do
agroecossistema
(THURSTON, 1992). Portanto, o
restabelecimento da saúde solo-planta,
em termos de conferir resiliência ao
agroecossistema em resposta a distúrbios, é de fundamental importância na
redução da necessidade de uso de
agroquímicos (VAN BRUGGEN;
SEMENOV, 2000).
No sul do Brasil, as principais doenças na cultura da cebola são a queimaacinzentada (Botrytis squamosa) e o
míldio (Peronospora destructor) na fase
de muda, ao passo que na fase pós-transplante, as mais freqüentes são o próprio
míldio e a mancha-púrpura (Alternaria
porri) (BOFF, 1996). A sanidade da
muda de cebola durante o período de
canteiro afeta diretamente o desenvolvimento da cultura no pós-transplante, visto
que a necrose e morte de folhas nesta fase,
reduz o tamanho de bulbo e enfraquece
a qualidade de película dos mesmos para
o armazenamento (BOFF, 1994).
Tem-se verificado que solos enriquecidos com matéria orgânica, via adubo
875
P. Boff et al.
verde, propiciam plantas de cebola tolerantes ao ataque de doenças e pragas,
conferindo maior resistência de bulbos
durante o armazenamento. A influência
da adubação na ocorrência de doenças
em plantas tem sido amplamente discutida e particularmente estudada por alguns autores na adição de compostos
orgânicos (HOITINK; FAHY, 1986;
PAULITZ; BAKER, 1987; HUBER,
1994; ELAD; SHTIENBERG, 1994).
Huelsman e Edwards (1998) observaram que a adição de esterco compostado
de gado reduziu, significativamente, a
incidência de bacterioses (Pseudomonas
syringae pv. lachrymans e Erwinia
tracheiphila) em pepino e da antracnose
(Colletotrichum piperatum) em pimentão, quando comparado à adição de adubo mineral nas proporções equivalentes
de macronutrientes.
Mecanismos envolvidos na promoção de saúde de plantas, via adição de
composto, incluem o estímulo da atividade antagonista local ou adicionada
pelo composto, a indução de resistência
e o efeito trófico na planta (HOITINK;
FAHY, 1986; ZHANG et al., 1996;
RAUPP, 1999). McQuilken et al. (1994)
estudando a ação do extrato aquoso de
esterco de gado com palha na atividade
de Botrytis cinerea em alface, observaram redução da severidade desta doença, sugerindo estarem envolvidos mecanismos de antibiose e indução de resistência.
O efeito de resistência sistêmica adquirida, definida como aquela capaz de
expressar-se distante do sitio inicial
quando exposto ao indutor ou agente
externo, sem afetar o DNA gemônico
da planta, é de particular interesse no
controle de doenças da parte aérea de
plantas, via manejo de adubação (VAN
LOON et al., 1998; MÉTRAUX et al.,
2000). Os agentes de indução por sua
vez, podem ser microorganismos, agentes físicos ou substâncias químicas capazes de despertar resistência do hospedeiro a uma larga gama de patógenos.
Por outro lado, o potencial supressivo e
a indução de resistência por compostos
orgânicos é influenciado pelo processo
de compostagem e pelo nível de
maturação (HOITINK; FAHY, 1986).
No Estado de Santa Catarina, o sistema de cultivo de cebola utiliza-se de mu876
das transplantadas. O ciclo de cultivo é relativamente longo e a colheita coincidente
com a entrada de cebola da Argentina, obrigando o armazenamento dos bulbos por um
período de até quatro meses (EPAGRI,
2000). A ocorrência de períodos chuvosos
na época de colheita obriga o
armazenamento dos bulbos, muitas vezes
em condições precárias, resultando em
grandes perdas (BOFF, 1996). O material
advindo do descarte e da subseqüente toalete na comercialização dos bulbos é composto de escamas, raízes, folhas secas e
bulbos deteriorados. É hábito do produtor
de cebola, depositar este material em
barrancas de rios, beiras de estradas ou
outros locais longe de lavouras, pelo tradicional argumento de que restos culturais
trariam doenças aos próximos cultivos de
cebola. Não obstante esta prática possa ser
justificada, a reciclagem local dos restos
de descarte de cebola pelo processo de
compostagem poderia oferecer uma melhor alternativa, não só em temos econômicos mas também sob ponto de vista
ambiental. Quando o processo de
compostagem for do tipo termófilo, alcançando temperaturas de até 70 ou 80ºC, há
uma redução substancial de estruturas de
patógenos e insetos-praga presentes nos
restos culturais (GALUEKE, 1972;
HOITINK; FAHY, 1986). Por outro lado,
o composto oriundo do processo termófilo
possibilita enriquecimento biológico, pela
colonização de micro-organismos benéficos nos sucessivos revolvimentos da pilha.
Do ponto de vista nutricional, o uso de composto orgânico para adubação de plantas
propicia disponibilização gradativa e contínua de nutrientes sem haver excesso e/ou
consumo de luxo, favorecendo o metabolismo da proteossíntese e minimizando com
isto o ataque de doenças e pragas
(CHABOUSSOU, 1980; SCHELLER,
2001).
O objetivo do presente trabalho foi
estudar o efeito do composto termófilo
resultante do descarte de bulbos na adubação de base e em cobertura de sementeiras e os possíveis efeitos desta técnica na sanidade e na qualidade de mudas
de cebola.
MATERIAL E MÉTODOS
Conduziram-se cinco experimentos
de campo na Estação Experimental da
Epagri, Ituporanga, durante a fase de
muda da cebola, nos anos de 1993 e
1994, em Cambissolo álico.
Foram instalados três experimentos
em épocas distintas de semeadura (maio/
93, junho/93 e junho/94) utilizando-se
blocos ao acaso com seis repetições. Nos
três experimentos, os tratamentos constaram de três tipos de adubação de base
nas seguintes modalidades: a) Adubação mineral, na dosagem de 300 g/m2
de NPK (fórmula 5-20-10), incorporada ao solo 10 dias antes da semeadura;
b) Adubação organo-mineral, formulação comercial “Prochnov”, Trombudo
Central (SC), na dosagem de 3 L/m2 incorporada 10 dias antes da semeadura.
Nesta formulação utiliza-se cama de
aviário e 20% de complemento mineral
de NPK (2-2-2); c) Adubação com composto (10 L/m 2 ) oriundo da
compostagem termófila. Este composto foi elaborado com capim Cameroon
(Pennisetum purpureum) triturado, esterco bovino e descarte de cebola triturado (1:1:1, base em volume),
intermediada por finas camadas de cinza-de-arroz (combustão incompleta da
casca de arroz), na proporção de 5% do
total do composto e de calcário
dolomítico, sendo este último espalhado
na quantidade de 100 g/m², em duas
secções horizontais da pilha. O composto foi revolvido aos 35 e 70 dias, sendo
utilizado após 120 dias a partir da formação da pilha. Para o ano de 1993, utilizou-se a cultivar de cebola “Bola precoce”, na semeadura de maio, e a população “Crioula”, na semeadura de junho.
No ano de 1994, com semeadura em junho, utilizou-se a população “Crioula”.
Outro experimento com semeadura
em junho de 1994, foi conduzido em
delineamento de blocos ao acaso, com
três repetições e em arranjo fatorial, utilizando-se a população “Crioula”. Os
fatores principais foram densidade e tipo
de adubação. O fator densidade teve os
níveis de 1,0; 2,0; 2,5; 3,0; 4,0 e 5,0 gramas de semente por metro quadrado e o
fator adubação, em duas formas de adubação de base: composto e adubação
mineral, nas mesmas proporções dos
experimentos acima descritos. Não houve aplicação de fungicida para possibilitar avaliação da intensidade de queima-acinzentada.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo
Tabela 1. Número de plantas emergidas (EM), tombadas (TO), remanescentes após tombamento (ES), sobreviventes até a época de transplante (SO) e peso fresco em gramas por planta (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentes tipos de adubação de base. Ituporanga,
EPAGRI, 1993/94.
Época de
semeadura
Maio/93
Adubação base
SO 4/
PF5/
203,1 a
194,2 a
194,0 a
3,2 a
179,1 b
11,9
177,6 a
177,5 a
2,6 b
Mineral
171,4 b
2,4
116,9 b
116,7 b
12,4
9,5 ns
ES3/
Organo-min.
131,
15,4
16,5
2,4 b
23,7
Composto
222,6 a
0,8 ns
218, a
221,4 a
Organo-min.
197,4 ab
2,6
194, a
189,5 ab
5,6 ab
Mineral
191,5 b
1,2
184, a
166,8 b
5,7 a
C.V.
Junho/94
TO 2/
Composto
C.V.
Junho/93
EM 1/
16,2
24,8
Composto
138,7 a
2,3 ns
134, a
124, a
3,5 b
Organo-min.
119,1 b
1,8
118, a
111, ab
4,4 a
Mineral
122,9 b
4,3
114, b
99, b
59,3
12,2
C.V.
14,5
10,1
100,
4,1 b
17,1
25,1
3,7 ab
25,4
*Médias seguidas pela mesma letra, na vertical, dentro de cada época de semeadura, não diferem entre si (Tukey, 0,05).; ns = diferenças não
significativas.
Um quinto experimento foi conduzido em blocos ao acaso com quatro repetições, utilizando-se a cultivar “Bola
Precoce”, com semeadura em maio de
1994. Os tratamentos constaram de quatro coberturas sobre o leito dos canteiros, na espessura de 2 cm, onde as sementes eram previamente semeadas, que
foram: a) composto, já descrito acima;
b) solo, do próprio local; c) pó-de-serra
de Pinus, do ano; d) pó-de-serra de Pinus,
com um ano de idade. Utilizou-se, como
adubação de base, 300 g/m2 de adubo
mineral NPK, fórmula 5-20-10.
A profundidade de semeadura foi de
2 cm, utilizando-se como cobertura da
semente o pó-de-serra de Pinus, exceto
no quinto experimento, onde o objeto
de estudo foi o tipo de cobertura. O controle de plantas daninhas foi manual. A
irrigação foi feita conforme necessidade da cultura, sendo, no máximo, uma
vez por semana. As parcelas constaram
de 3 m2, tendo como área útil 1 m2. Avaliou-se o número de plantas emergidas,
número de plantas tombadas, número de
folhas cotiledonares (chicote) tombadas
e número de plantas remanescentes após
tombamento (estande). Por ocasião do
transplante, avaliou-se também o número de plantas sobreviventes, o peso fresco e seco de plantas. A queimaacinzentada foi avaliada, semanalmente, até 15 dias antes do arranquio das
mudas, estimando-se a proporção de
área foliar necrosada pela doença conHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
forme metodologia modificada de
Stuker e Boff (1998). A ocorrência da
queima-acinzentada foi estimada considerando-se o número de folhas totais,
a altura média de folhas e a proporção
de área foliar necrosadas devido aos sintomas da doença, em quatro sub-amostras não destrutiva de 0,25 m2 por parcela. As sub-amostras eram delimitadas
com auxílio de um quadriculado de
madeira (0,5 x 0,5 m) lançado aleatoriamente em cada avaliação. Dados
coletados de todos os experimentos foram submetidos à análise de variância
para cada tipo de delineamento, blocos
ao acaso ou fatorial, com auxílio do pacote estatístico SAS® , seguido de teste
de médias Tukey (0,05), quando o valor
de F fosse menor ou igual a 0,05. A não
interação entre adubação e densidade no
experimento em arranjo fatorial permitiu análise independente desses fatores.
Os dados das características avaliadas
em função da densidade foram submetidos à regressão múltipla e modelos de
equação foram selecionados pelo seu
maior coeficiente de determinação encontrado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação do composto termófilo
proporcionou maior emergência e sobrevivência de mudas até o transplante, em
comparação com adubação mineral, nas
três épocas de semeadura da cebola estu-
dadas (Tabela 1). A adubação organomineral não diferiu da adubação mineral, em todas as características consideradas, exceto no número de mudas remanescentes após o tombamento nos
experimentos com semeadura em maio
de 1993 e junho de 1994 e no número
de mudas sobreviventes até o transplante, no experimento com semeadura em
maio de 1993. Shiau et al. (1999) relataram que certos compostos orgânicos,
formulação comercial FBN-5A â por
exemplo, quando adicionada a
substratos promoveram melhor desenvolvimento de plantas de repolho, tanto
em casa de vegetação como em plantios comerciais, além de serem efetivos
no controle de Rhizoctonia solani. No
quarto experimento com semeadura em
junho de 1994 não houve interação, entre o tipo de adubação e a densidade de
semeadura da cebola. No fator adubação, observou-se que a adubação mineral e o composto termófilo não diferiram na emergência de plantas, no peso
da massa fresca ou seca produzida e no
tombamento (Tabela 2). Entretanto, canteiros enriquecidos pelo composto apresentaram maior sobrevivência de plantas até o transplante. Em contraste, canteiros adubados organicamente, mesmo
apresentando maior densidade de plantas sobreviventes, foram menos atacados por B. squamosa. Sabe-se que o fungo B. squamosa tem sua principal forma de sobrevivência como escleródios
877
P. Boff et al.
Figura 1. Massa seca (MSE), severidade por Botrytis squamosa (SEV), peso médio por planta
(PME), Emergência (EME), sobrevivência (SOB), tombamento de plântulas (TOM) de mudas
de cebola submetidas a diferentes densidades de semeadura. Ituporanga, EPAGRI, 1994.
Tabela 2. Emergência (EM), sobrevivência (SO), peso fresco (PF), massa seca (MS), severidade da queima-acinzentada (SE) e tombamento (TO) de mudas de cebola submetidas a
aplicação de composto termófilo e adubação mineral. Ituporanga, EPAGRI, 1994.
EM 1/
SO 2/
Composto
170,9 ns
101,4 a *
4,61 ns
14,9 ns
51,7 b*
1,3 ns
Mineral
174,3 ns
85,7 b
4,12 ns
12,9 ns
56,8 a
2,9 ns
53,0
16,8
Adubação¹
CV
20,1
28,10
PF3/
60,1
MS4/
SE5/
TO 6/
124,7
*Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si (F = 0,05); ns = diferenças não significativas.
em restos culturais, sendo também a
fonte primária de inóculo entre ciclos
de cultivo (BOFF, 1994). A adição de
composto que possivelmente possibilitou o aumento da atividade antagonista
na rizosfera pôde ter reduzido a viabilidade das estruturas de resistência deste
fungo (PEREIRA et al., 1996). De fato,
Walker e Maude (1975) observaram que
os escleródios de Botrytis spp sofrem
naturalmente antagonismo por
Gliocladium roseum, especialmente em
solos ricos em matéria orgânica.
O aumento da densidade de semeadura de 1 para 5 g/m 2 reduziu
gradativamente a sobrevivência e o peso
médio de mudas, independentemente do
tipo de adubação utilizada (Figura 1).
Os produtores de cebola, no sistema
corrente de transplante, utilizam altas
densidades, acima de 3 g/m2, com o propósito de melhor aproveitamento da área
878
de canteiros. Isto, no entanto, favorece
a ocorrência de doenças, principalmente da queima-acinzentada, cuja severidade em épocas úmidas de inverno, causam morte das mudas atacadas (BOFF,
1994). Resultados semelhantes foram
obtidos no adensamento de plantas de
cebola em pós-transplante, onde populações adensadas, acima de 300.000 pl/
ha, aumentou a incidência de Alternaria porri e reduziu a produção comercial de bulbos (BOFF et al., 1998).
A cobertura da semente com composto termófilo proporcionou maior
emergência, maior número de mudas
remanescentes após tombamento e
maior número de mudas sobreviventes
até o transplante, em comparação com
a cobertura por solo (Tabela 3). Estudos
feitos em repolho por Shiau et al. (1999)
mostraram que a adição de composto no
substrato de mudas não só teve efeito
supressivo nas doenças, mas também
melhorou substancialmente a qualidade de mudas para plantios comerciais.
No presente trabalho, o tombamento de
plântulas não diferiu entre as coberturas, embora o tombamento da folha chicote foi maior na cobertura por pó-deserra de ano e por composto. A análise
de amostras de plântulas e folhas tombadas não apresentou presença de
fitopatógenos, indicando ser o problema de origem abiótica. Sua ocorrência
esteve relacionada com altas precipitações nos dias anteriores à avaliação (Dados não apresentados). Provavelmente,
a alta umidade no leito do canteiro favoreceu o enfraquecimento da axila
foliar, facilitando o tombamento da lâmina foliar (chicote).
Houve tendência da cobertura por
composto ser melhor que o pó-de-serra
de ano e este melhor que o pó-de-serra
novo, quanto à emergência, estande e
sobrevivência de mudas. O composto
termófilo pode ter proporcionado maior
estabilidade biológica por não demandar suprimento de nutrientes, principalmente, nitrogênio, como estaria acontecendo com a cobertura por pó-de-serra, cujo material necessita passar por um
processo de estabilização biológica
(GALUEKE, 1972). Nesta cobertura
por pó-de-serra, a atividade microbiana
requer suprimento extra de nutrientes, a
fim de iniciar a decomposição da matéria orgânica, o que vem a desequilibrar
o desenvolvimento inicial da plântula de
cebola (SCHELLER, 2001).
O maior teor de massa seca e maior
sobrevivência de plantas (Tabelas 2 e 3)
e a menor intensidade da queimaacinzentada (Tabela 2) proporcionado
pela adubação de base ou cobertura por
composto pode estar relacionado, no seu
conjunto, com os mecanismos de suprimento equilibrado de nutrientes e de
resistência induzida à patógenos (PEREIRA et al.,1996; SCHELLER, 2001;
RAUPP, 1999). Segundo Chaboussou
(1987), adubos com fontes nitrogenadas
de alta solubilidade, como os formulados minerais N-P-K, deixam a planta em
estado de proteólise dominante, aumentando as substâncias solúveis, principalmente aminoácidos, que favorecem o
parasitismo por fungos. A qualidade de
mudas pode ainda ser influenciada pela
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Qualidade e sanidade de mudas de cebola em função da adição de composto termófilo
Tabela 3. Emergência (EM), tombamento de plântulas (TOp), tombamento da folha cotiledonar (TOfc), estande após tombamento (ES),
sobrevivência de plantas por ocasião do transplante (SO), massa seca (MS) e peso fresco (PF) de mudas de cebola submetidas a diferentes
coberturas de conteiros. Ituporanga, EPAGRI, 1994.
Cobertura
EM 1/
TOp2/
TOfc3/
ES4/
SO 5/
Composto
146,1 a
4,3
50,4 a
135,3 a
134,8 a
11,7 ns
5,1 ns
90,2 b
6,6
17,6 b
77,8 b
77,5 b
10,8
3,4
Pó-de-serra novo
135,2 a
7,1
34,2 b
109,3 ab
101,8 ab
10,1
4,1
Pó-de-serra de ano
141,1 a
9,2
36,8 ab
108,3 ab
106,1 ab
9,7
3,6
C.V.
7,1
34,8
14,5
11,8
8,5
17,5
Dias após semeadura
30
33
35
40
Terra
15,6
transplante
MS6/
=
PF7/
=
* Médias seguidas pela mesma letra, na vertical não diferem entre si (Tukey, 0,05); ns = diferenças não significativas.
micorrização, cuja adição de compostos orgânicos facilita o estabelecimento
desta associação simbiótica, com rápida resposta na cultura da cebola
(LINDERMAN, 1989).
De modo geral, conclui-se que o
composto termófilo utilizado, incluindo descarte de cebola, utilizado como
adubação de base ou em cobertura de
canteiro, propiciou mudas de cebola
mais resistentes/tolerantes ao ataque de
Botrytis squamosa e maior sobrevivência de plantas para o transplante. É possível que os produtores de cebola possam obter mudas de melhor qualidade e
que respondam a melhores produções de
bulbo, pelo uso da adubação orgânica,
oriunda do processo de compostagem
termófila. Além disso, o maior teor de
massa seca das mudas produzidas em
solos enriquecidos por compostagem,
pode influir na melhor conservação de
bulbos, visto estar relacionado com o
teor de sólidos solúveis que é o principal parâmetro utilizado na avaliação de
conservação dos mesmos (EPAGRI,
2000). Não se verificou, neste trabalho,
a transmissão de patógenos da cebola
através do composto, que pudesse
inviabilizar a inclusão de palha e bulbos descartados no processo da
compostagem termófila. Assim, o emprego do processo termófilo de
compostagem pode viabilizar a
reciclagem adequada de descarte de cebola em vista de dar maior
sustentabilidade ao sistema de cultivo,
pois propicia destino adequado deste
descarte, reduz os riscos da fonte de
inóculo de patógenos oriundos dos restos culturais e possibilita o aumento da
matéria orgânica favorecendo o enriquecimento da biodiversidade do solo.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a colaboração
de Adriana Campos e de Marcelo Pitz
nas atividades de laboratório e de campo, respectivamente.
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Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de
raízes de mandioquinha-salsa1
Gilmar Paulo Henz²; Roberto M. Souza³;José Ricardo Peixoto³; Lucimara Blumer4
2
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF, E-mail: [email protected]; 3FAV - Universidade de Brasília,
70910-970 Brasília-DF; 4Consultora Estatística, Prodetab/Embrapa.
RESUMO
ABSTRACT
Como as raízes de mandioquinha-salsa são frágeis e muito suscetíveis a ferimentos, avaliou-se os danos físicos que ocorrem nas
raízes devido ao impacto de queda no manuseio pós-colheita e suas
conseqüências na durabilidade do produto. As raízes foram soltas
de duas alturas (45 e 90 cm) e três posições de queda: horizontal;
vertical com “ombro” para baixo (=distal) e para cima (=proximal),
simulando-se uma situação comum no beneficiamento e na
comercialização. O experimento foi conduzido em delineamento
casualizado com três repetições de 40 raízes por parcela. Após a
queda, as raízes foram examinadas individualmente, determinandose os tipos de ferimentos (quebradas, rachaduras, rupturas, lesões
superficiais) em relação àquelas aparentemente intactas. A altura de
queda afetou diretamente a incidência de injúrias mais graves, como
quebras e rupturas. Na queda de 90 cm, a posição de soltura proximal
causou 40,7% de rachaduras, 19,2% de rupturas e 22,3% de lesões
superficiais; na posição distal causou 45,8% de rupturas e 23,3% de
quebra nas raízes. Em outro experimento, avaliou-se a respiração,
perda de matéria fresca e a deterioração em raízes submetidas à injúria por impacto de queda (90 cm) e armazenadas a 5oC e 24oC,
comparadas com testemunhas não injuriadas, em três repetições (1,5
kg raízes/parcela) distribuídas ao acaso. As raízes submetidas à injúria por queda apresentaram taxas respiratórias superiores em comparação com aquelas intactas quando mantidas na mesma temperatura, e a 24oC variou de 15,3 ml CO2 kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO2
kg-1 h-1 (injuriadas). As raízes injuriadas mantidas a 24oC apresentaram 84% de deterioração após quatro dias, enquanto aquelas a 5oC
não apresentaram deterioração.
Damages caused by drop impact on the postharvest quality
of arracacha roots
Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, danos mecânicos, lesões,
respiração, deterioração.
Arracacha roots are very fragile and susceptible to mechanical
damage. The postharvest handling system may cause many lesions,
mainly by impacts and drops. The effect of drop impact on arracacha
roots was simulated in two drop heights (45 and 90 cm) and three release
positions of the roots (horizontal, vertical distal and vertical proximal).
The experiment was carried out in a randomized block design, with
three replicates (40 roots per and three release positions of the roots
(horizontal, vertical distal and vertical proximal). The experiment was
carried out in a randomized block design, with three replicates (40 roots
per parcel). After the drop, roots were examined individually and the
resulting mechanical damage was categorized in four types of lesions
(broken, fracture, rupture and abrasion) compared to those apparently
undamaged. Drop height affected directly the incidence of more serious
mechanical damage, such as broken roots and ruptures. The root position
also affected the resulting mechanical damage: roots released from the
proximal position at 90cm drop height had significantly higher fractures
incidence (40.7%), ruptures (19.2%) and superficial lesions (22.3%)
than other treatments. At the 90 cm drop height, roots released from the
proximal position had 40.7% of fractures, 19.2% of ruptures and 22.3%
of superficial lesions; roots released from the distal position caused 45.8%
of ruptures and 23.3% of broken roots. The respiration rates and
deterioration of arracacha roots submitted to mechanical damage (90
cm height fall impact) and storage (5oC and 24oC) during four days
showed that at the same temperature, mechanically damaged roots had
higher respiration rates when compared to sound roots, ranging from
15.3 ml CO2 kg-1 h-1 (unbruised) to 34.4 ml CO2 kg-1 h-1 (damaged) at
24oC. Injured roots kept at 24oC had 84% of deterioration after four
days, while those kept at 5oC were completely sound.
Keywords: Arracacia xanthorrhiza, mechanical damage, lesions,
respiration, deterioration.
(Recebido para publicação em 17 de Janeiro de 2005 e aceito em 27 de setembro de 2005)
O
s produtos hortícolas estão sujeitos a diversos tipos de danos após
a colheita, ocasionados por condições
inadequadas de manuseio e armazenagem, doenças e injúrias mecânicas. A
respiração é o principal processo fisiológico em órgãos vegetais depois da
colheita, sendo afetada por diversos fatores, tais como temperatura, composição da atmosfera e estresses químicos,
biológicos e físicos (KAYS, 1991;
KADER et al.,1992; MORETTI et al.,
1
2000). No Brasil, não existe uma preocupação muito evidente com a incidência de injúrias mecânicas nos sistemas
de manuseio pós-colheita adotados para
hortaliças. Entretanto, as conseqüências
dos danos mecânicos podem ser uma
causa primária de perdas nas etapas subseqüentes porque aceleram a taxa de perda de água, levando a um acréscimo na
taxa respiratória e diminuição da matéria seca dos produtos (WILLS et al.,
1998).
A mandioquinha-salsa é uma
hortaliça que apresenta vários problemas
pós-colheita, que reduzem substancialmente sua durabilidade e seu valor comercial. Os principais problemas já
identificados são a rápida perda de matéria fresca, a ocorrência de podridões e
a grande incidência de danos mecânicos (THOMPSON, 1980; AVELAR FILHO, 1989; HENZ, 2001; SOUZA,
2001; SOUZA et al., 2003). Quando
comercializadas sem embalagem e/ou
Parte da dissertação de mestrado em Agronomia apresentada pelo primeiro autor à Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
881
G. P. Henz et al.
refrigeração, as raízes da mandioquinhasalsa têm duração de apenas um a três
dias, dependendo da época do ano e do
sistema de manuseio pós-colheita.
Quando a perda de matéria fresca ultrapassa 10%, as raízes de mandioquinhasalsa tornam-se murchas e enrugadas,
sem valor comercial (AVELAR FILHO,
1989). De acordo com Finger e Casali
(1988), a taxa respiratória de raízes de
mandioquinha-salsa variou de 3,4 ml
CO2 kg-1 h-1 após a colheita e alcançou
32,1 ml CO2 kg-1 h-1 após 60 h, possivelmente provocada pela perda de água
das raízes. Assim como ocorre para os
demais produtos hortícolas, o
armazenamento refrigerado também reduz os principais processos fisiológicos
das raízes de mandioquinha-salsa, como
a respiração, perda de matéria fresca e
deterioração (AVELAR FILHO, 1989;
HENZ, 1995).
As conseqüências de injúrias mecânicas na fisiologia e vida-de-prateleira
de algumas hortaliças já estão bem caracterizadas. O manuseio e a queda de
embalagens e frenagens bruscas de caminhões que transportam produtos
hortícolas podem ocasionar diferentes
tipos de lesões por impacto ou compressão (FAO, 1993; SARGENT et al.,
1989a; SARGENT et al., 1989b). Os
órgãos vegetais submetidos a vibrações
e danos mecânicos em geral aumentam
suas taxas respiratórias em comparação
com testemunhas sem injúrias
(PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT et
al., 1982; MAO et al., 1995). A severidade e a extensão dos danos mecânicos
podem ser afetadas por diversos fatores,
sendo os principais (1) a maturidade e o
potencial de água; (2) a orientação celular e do tecido no local do impacto; (3) o
formato do objeto causador do impacto;
(4) a energia com a qual o órgão chocase com o objeto e o respectivo ângulo; e
(5) a temperatura da hortaliça no momento da injúria (SARGENT et al., 1992;
MILLER, 2003).
A simulação do impacto de queda de
raízes de cenoura de quatro cultivares
(‘Imperator’,
‘Dominator’,
‘Cellobunch’ e ‘Nantes’) de quatro alturas (60; 90; 120 e 150 cm) demonstrou que as rachaduras e quebras resultantes variaram de acordo com a cultivar, altura da queda e também da tem882
peratura das raízes (CANTWELL et al.,
1991). As raízes de cenoura mantidas a
0oC apresentaram 70% de rachaduras
em relação àquelas mantidas a 20oC, que
apresentaram
somente
15%
(CANTWELL et al., 1991). O efeito de
temperaturas mais baixas no aumento
dos danos mecânicos também foi comprovado em frutos de morango submetidos à força de impacto, em uma simulação de três alturas de queda (13; 20 e
38 cm) nas cultivares ‘Chandler’, ‘Oso
Grande’ e ‘Sweet Charlie’ (FERREIRA
et al., 1995). No mesmo trabalho, constatou-se que as forças de compressão
causaram maior incidência de injúrias
nos frutos (FERREIRA et al., 1995).
Os danos mecânicos em hortaliças
têm sido mais extensivamente estudados para a cultura da batata, principalmente devido à mecanização dos processos de colheita, transporte e beneficiamento, que acarretam problemas de
perdas no armazenamento. A incidência de injúrias mecânicas em batata aumentou a taxa respiratória em mais de
100% em todas as cultivares mantidas a
25oC (SCHIPPERS, 1977). À medida
que os tubérculos passam pelas diferentes etapas do manuseio foi constatado que
houve aumento na respiração dos tubérculos (PISARCZYK, 1982). No Brasil,
Silva et al. (1993a e 1993b) estudaram o
efeito de danos mecânicos de impactos
na colheita sobre a taxa respiratória de
tubérculos de batata, e as cultivares mais
suscetíveis ao impacto aumentaram suas
taxas respiratórias significativamente de
10 a 18 ml CO2 kg-1 h-1 para 26 a 35 ml
CO2. kg-1 h-1.
O principal sistema de manuseio
pós-colheita da mandioquinha-salsa no
Brasil envolve basicamente quatro etapas até alcançar o consumidor, dividindo-se em colheita (1), beneficiamento
(2), comercialização no atacado (3) e no
varejo (4) (HENZ, 2001). Durante a movimentação do produto nestas diferentes etapas da cadeia de pós-colheita, as
raízes de mandioquinha-salsa sofrem
vários tipos de danos mecânicos,
categorizados como abrasão, ruptura
parcial, rachadura e quebra em um trabalho anterior (SOUZA et al., 2003).
Neste estudo, o tipo de injúria mais freqüente foi abrasão, na forma de lesões
superficiais, alcançando 78,9% das
raízes no varejo, e a etapa em que ocorreu a maior incidência de outros tipos
de injúrias mecânicas foi no atacado,
onde 7,6% das raízes apresentaram rupturas, 4,2% com rachaduras e 10,6%
estavam quebradas (SOUZA, 2001;
SOUZA et al., 2003). As principais causas de injúrias mecânicas identificadas
no sistema de manuseio pós-colheita da
mandioquinha-salsa adotado em São
Paulo foram impacto de queda, abrasão
e compressão das raízes (SOUZA, 2001;
SOUZA et al., 2003).
O impacto de queda ocorre principalmente durante a movimentação das
raízes no galpão de beneficiamento,
como na operação de descarga das caixas dos caminhões, colocação das raízes
nas redes de lavação e sua transferência
para a mesa de seleção e na operação de
embalagem. Nos estabelecimentos do
varejo, as raízes são transferidas das
caixas para as gôndolas, onde também
podem ocorrer danos mecânicos por
quedas de até 1 m de altura. A injúria
mecânica por abrasão ocorre principalmente pelo atrito das raízes com a superfície das caixas de madeira ou de
plástico ocasionada pela vibração durante o transporte por caminhões. A injúria
por compressão pode ocorrer pelo
empilhamento das caixas de madeira
nos galpões de beneficiamento, durante
o transporte por caminhões ou nos atacadistas, ocasionado principalmente
pelo excesso de raízes nas caixas do tipo
“K.” A mandioquinha-salsa é uma
hortaliça de preço elevado ao consumidor e a manutenção da integridade física das raízes é importante para a valorização desta hortaliça como mercadoria.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar as conseqüências físicas e fisiológicas nas raízes de mandioquinha-salsa
submetidas a simulações de injúria mecânica por impacto de queda que ocorrem durante o beneficiamento e a
comercialização.
MATERIAL E MÉTODOS
Simulação do impacto de queda
Os experimentos foram realizados
no Laboratório de Pós-Colheita da
Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF. O
efeito do impacto por queda em raízes
de mandioquinha foi avaliado através de
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa
uma simulação, combinando-se a altura da queda com a posição de soltura
das raízes. As alturas de queda utilizadas neste experimento foram definidas
de acordo com as alturas do contentor
plástico de 34 kg de capacidade, da mesa
de seleção e das gôndolas de exposição
da mandioquinha-salsa em supermercados e sacolões. Nestes locais a ocorrência de quedas de raízes é relativamente
freqüente e uma das causas mais relevantes de perdas pós-colheita. Raízes de
mandioquinha-salsa cv. Amarela Comum das classes 2A e 3A foram adquiridas na CEASA-DF, selecionando-se
para a execução do experimento somente aquelas de tamanho pequeno a médio, com 8-12 cm de comprimento e diâmetro de 2-4 cm, isentas de danos mecânicos e outros defeitos graves
(CEAGESP, 2002). O experimento foi
conduzido em um delineamento em esquema fatorial 2 x 3 (altura x posição
de queda), com três repetições por tratamento (40 raízes/parcela). As raízes
foram soltas de duas alturas (45 e 90 cm)
e em três posições de queda: (1) horizontal; (2) vertical proximal, com o
“ombro” para cima; (3) vertical distal,
com o “ombro” da raiz voltado para
baixo. As raízes foram mantidas nas respectivas alturas e posições e deixadas
cair livremente sobre um piso plano de
cimento rígido e liso. Após a queda, cada
raiz foi examinada individualmente,
determinando-se os tipos de danos sofridos como rachaduras, quebra, rupturas e lesões superficiais, definidos em
um trabalho anterior (SOUZA et al.,
2003), e considerando-se também aquelas intactas exteriormente, sem dano
aparente.
Avaliação da respiração e da deterioração das raízes
As raízes da cv. Amarela Comum
foram adquiridas de um produtor no
Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em
Brazlândia-DF, e transportadas para o
laboratório de Pós-Colheita da Embrapa
Hortaliças. O experimento foi composto por quatro tratamentos, comparandose raízes intactas com outras submetidas à injúria mecânica por impacto de
queda de 90 cm de altura em uma superfície plana e rígida, e armazenamento
posterior em duas temperaturas. Cada
tratamento teve três repetições com 1,5
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Significância (teste F) e graus de liberdade (GL) para injúrias resultantes da
interação das alturas de queda e posição de soltura das raízes de mandioquinha-salsa.
Fator de
variação
Teste F
GL
Grave
Leve
Intacta
2
108,55* *
117,76* *
168,65* *
Altura de queda (A)
1
288,37* *
12,46* *
251,53* *
PxA
2
11,39* *
36,09* *
127,63* *
Posição (P)
Posição (Altura)
4
59,97* *
76,92* *
148,14* *
Posição (45 cm)
2
92,45* *
129,37* *
294,00* *
Posição (90 cm)
2
27,49* *
24,48* *
52,36
29,44
18,06
9,21
20,41
21,40
Média (%)
CV (%)
2,28 ns
** significativo a 1% de significância; ns = não significativo
kg de raízes em média por parcela, distribuídas ao acaso. As raízes (intactas e
injuriadas) foram colocadas em frascos
de vidro de 5 litros, e armazenadas às
temperaturas de 24 ± 2ºC (75% UR) e a
5 ± 2ºC (90% UR). A cada hora foram
retiradas amostras das atmosferas internas de cada frasco com seringas e injetadas em um cromatógrafo a gás para
leitura da concentração de CO2. Depois
de retiradas as amostras os recipientes
foram abertos para renovação da atmosfera. Repetiu-se esse procedimento a
cada hora, fazendo-se quatro leituras
diárias, durante quatro dias. Como padrão utilizou-se CO2 na concentração
1.000 ml/L. Acompanhou-se também a
perda de matéria fresca, através de pesagens diárias do material e uma avaliação diária da incidência de deterioração causada por Erwinia sp., considerando-se como deterioradas as raízes
que apresentavam uma ou mais lesões
de podridão-mole.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Incidência de injúrias mecânicas
causadas por impacto de queda
A simulação do impacto por queda
das raízes de duas alturas em uma superfície rígida e plana produziu tipos
distintos de injúrias mecânicas. As lesões provocadas pelo impacto de queda
foram categorizadas em quatro tipos
principais (rachaduras, quebras, lesões
superficiais e rupturas) para tornar as
avaliações mais rápidas e fáceis de serem executadas. Estes danos mecânicos
em raízes de mandioquinha-salsa foram
descritos com mais detalhes no trabalho de Souza et al. (2003). As lesões
observadas também foram ser separadas pela extensão do dano e importância na aparência do produto em defeitos
graves (rachaduras, rupturas e quebras)
e leves (lesões superficiais causadas por
abrasão), de acordo com a norma de
classificação da mandioquinha-salsa
proposta pela CEAGESP (2002). As rachaduras caracterizaram-se pelo rompimento parcial da raiz; as quebradas pela
separação completa em duas ou mais
partes; as rupturas pelo rompimento superficial do tecido, sem destacar-se da
raiz; e as lesões superficiais apresentaram remoção parcial da periderme.
(SOUZA, 2001; SOUZA et al., 2003).
As raízes sem nenhum dano visível externamente foram consideradas como
intactas.
Houve interação significativa entre
as alturas e as posições de solturas das
raízes, que definiu a incidência e a predominância de determinados tipos de
injúrias mecânicas (Tabela 1). A altura
da queda afetou a incidência dos distintos tipos de danos mecânicos, sendo que
as raízes soltas a 90 cm apresentaram
uma predominância de lesões mais graves, como rachaduras, quebras e rupturas. Para todas as posições de soltura das
raízes, a porcentagem de raízes com
danos mecânicos após a queda foi sempre maior na altura de 90 cm (Figura 1),
situação também observada em raízes
de cenoura (CANTWELL et al., 1991)
e frutos de morango (FERREIRA et al.,
1995).
Na posição de soltura distal (ponta
da raiz para baixo), predominaram as
lesões mais graves (rachaduras, quebras
e rupturas) nas duas alturas (Figura 1),
provavelmente devido à força do cho883
G. P. Henz et al.
Figura 1. Incidência de injúrias mecânicas leves e graves em raízes de mandioquinha-salsa
submetidas a impacto de queda de duas alturas (45 e 90cm) em três posições de soltura
(distal, proximal e horizontal). Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001.
que ocasionado pelo impacto de queda
na porção apical da raiz, uma área bem
menor que a porção proximal (“ombro”). Para esta mesma posição, nas
raízes soltas a 45 cm de altura predominaram as rachaduras e as rupturas, enquanto a 90 cm houve maior incidência
de rupturas, quebras e rachaduras. Na
posição proximal (ou com o “ombro”
da raiz voltado para baixo), constatouse a menor incidência de injúrias mecânicas nas raízes soltas a 45 cm, classificadas como intactas, enquanto a 90 cm
de queda observou-se uma grande incidência de raízes com rachaduras. Na
posição de soltura horizontal, as raízes
com queda a 45 cm apresentaram grande incidência de lesões superficiais, consideradas como menos graves, e as
raízes soltas a 90 cm apresentaram uma
tendência de quebra (Figura 1).
De acordo com o trabalho executado em cenoura por Cantwell et al.
(1991), a temperatura das raízes apresentou um grande efeito na incidência
de rachaduras ocasionadas por impacto
de queda, sendo maior nas raízes
mantidas a 0oC em comparação com
àquelas mantidas a 20oC. Efeito semelhante também foi observado em frutos
de três cultivares de morango submetidos a três alturas de queda (FERREIRA
et al., 1995). No presente trabalho, a simulação de impacto de queda foi executado em condição ambiental, com a
temperatura das raízes variando entre
884
21oC a 23oC. Nos galpões de beneficiamento da mandioquinha-salsa do estado de São Paulo, as temperaturas das
raízes e do ambiente são mais baixas,
variando de 15oC a 21oC, dependendo
da época do ano (HENZ, 2001). Todo o
beneficiamento é executado à noite, geralmente após as 21 h, estendendo-se
pela madrugada até o amanhecer. A água
de córregos da região é geralmente fria,
e mantêm a temperatura das raízes mais
baixa. Em tese, é provável que as conseqüências de quedas das raízes nesta
condição pode provocar danos maiores,
principalmente rachaduras. Por outro
lado, o armazenamento em baixas temperaturas ainda não é utilizado regularmente para mandioquinha-salsa no Brasil. Caso for necessário, estudos adicionais poderão ser executados com as raízes
da mandioquinha-salsa levando-se em
consideração alguns fatores importantes
que afetam a extensão e a severidade dos
danos mecânicos, como o potencial de
água, a energia com a qual as raízes chocam-se contra o chão e o respectivo ângulo do impacto, e a temperatura das
raízes no momento da injúria
(SARGENT et al., 1992; MILLER,
2003).
Respiração de raízes de
mandioquinha-salsa
A temperatura mais baixa (5oC) reduziu significativamente a respiração
das raízes de mandioquinha-salsa em
comparação àquelas mantidas a 24oC, e
nestas duas temperaturas as raízes injuriadas apresentaram taxas respiratórias
mais elevadas em relação às intactas. As
raízes mantidas a 5 oC apresentaram
menores taxas de respiração, variando
de 3,8 ml CO2 kg-1 h-1 (intactas) a 8,3 ml
CO 2 kg -1 h -1(injuriadas), e as raízes
mantidas a 24oC apresentaram taxas respiratórias que variaram de 15,3 ml CO2
kg-1 h-1 (intactas) a 34,4 ml CO2 kg-1 h-1
(injuriadas) (Figura 2). Temperaturas
mais baixas reduzem as taxas respiratórias e de deterioração (WILLS et al.,
1998; KAYS, 1991). Finger e Casali
(1988) determinaram a taxa respiratória de raízes de mandioquinha que variou de 13,4 ml CO2 kg-1 h-1 após a colheita até 32,1 ml CO2 kg-1 h-1, valores
próximos aos determinados neste trabalho para a temperatura de 24oC. As taxas respiratórias foram ajustadas, observando-se uma tendência de redução nas
raízes mantidas a 5oC, com um decréscimo linear naquelas submetidas à injúria por queda (Y= 12,325 – 1,645X, R2=
0,88), enquanto as raízes mantidas a
24oC (Y= 9,000 + 4,910X, R2=0,84),
observou-se um aumento linear na taxa
respiratória (Figura 2).
Os órgãos vegetais submetidos a vibrações e danos mecânicos em geral aumentam suas taxas respiratórias em comparação com testemunhas sem injúrias
(PISARCZYK et al., 1982; SALVEIT et
al., 1982; MAO et al., 1995). As raízes
de mandioquinha-salsa apresentaram reação semelhante aos de outros produtos
hortícolas submetidos a injúrias mecânicas, como tubérculos de batata
(SCHIPPERS et al., 1977; PISARCZYK
et al., 1982; SILVA et al., 1993a e 1993b),
e também aumentaram a respiração quando submetidas ao impacto por queda ou
quando armazenadas em temperaturas
mais altas. Este aumento na respiração
pode estar envolvido no processo de deterioração das raízes assim como na reparação dos tecidos pela suberização de
partes superficiais. As condições ideais
para acelerar o processo de cicatrização
de ferimentos causados por injúrias mecânicas em raízes de mandioquinha-salsa ainda não foram determinadas.
Perda de matéria fresca e deterioração em raízes com injúrias mecânicas
Perda de matéria fresca
As raízes injuriadas mecanicamente apresentaram maiores taxas diárias de
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Danos causados pelo impacto de queda na qualidade pós-colheita de raízes de mandioquinha-salsa
perda de matéria fresca (PMF) até quatro dias de armazenamento em relação
às raízes intactas nas duas temperaturas
avaliadas (24oC e 5oC). As raízes injuriadas mantidas a 24oC apresentaram 8,3%
de PMF após quatro dias (taxa diária de
2,07%), e 6,1% de PMF para as raízes
mantidas a 5oC, com uma taxa diária de
1,52%. Já as raízes intactas apresentaram as menores perdas de matéria fresca, variando de 4,1% para aquelas
mantidas a 24oC a 1,39% para raízes
conservadas a 5oC, com taxas diárias de
1,02% e 0,34%, respectivamente. A exposição dos tecidos injuriados provavelmente acelerou a perda de matéria fresca, principalmente porque as umidades
relativas dos ambientes eram relativamente baixas para o armazenamento de
produtos hortícolas (78% UR a 24oC e
72% UR a 5oC).
Os dados obtidos no presente trabalho em relação à perda de matéria fresca das raízes estão de acordo com observações empíricas sobre a manutenção da integridade e valor comercial da
mandioquinha-salsa quando expostos a
granel no varejo. Nesta condição, considera-se que as raízes durem de um a
três dias, dependendo da época do ano.
Para as raízes de cenoura, considera-se
que o máximo de perda de matéria permissível para a manutenção do valor
comercial das raízes é de 8%, sendo de
apenas 4% para as raízes mantidas com
as folhas (ROBINSON et al., 1975).
Dependendo da extensão do dano mecânico nas raízes, a aparência da
mandioquinha-salsa pode ficar comprometida depois de apenas dois dias, período em que as lesões tornam-se mais
visíveis e facilmente detectáveis. É provável que o limite máximo de perda de
matéria fresca para as raízes de
mandioquinha-salsa manterem seu valor comercial situe-se em torno de 6-8%,
como já determinado para a cenoura.
Acima de 10% de perda de matéria fresca, as raízes já apresentam danos visíveis de murchamento e perdem seu valor comercial (AVELAR FILHO, 1989).
Deterioração
As raízes de mandioquinha-salsa tiveram sua conservação pós-colheita
comprometida a 24oC, independente da
incidência de injúrias mecânicas. As
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 2. Respiração de raízes de mandioquinha-salsa submetidas a impacto de queda (“qda”)
em comparação com raízes intactas (“int”) armazenadas em duas temperaturas (5oC e 24oC)
durante quatro dias. Brasília, Embrapa Hortaliças/FAV-UnB, 2001.
raízes lesionadas e as intactas mantidas
a 24oC apresentaram deterioração após
quatro dias, alcançando 66% nas raízes
intactas e 84% nas raízes com
ferimentos. Já as raízes intactas e com
ferimentos mantidas a 5oC não apresentaram problemas com deterioração após
quatro dias de armazenamento. O efeito benéfico da refrigeração e de embalagens apropriadas para as raízes de
mandioquinha-salsa já foi demonstrado
anteriormente por outros autores
(AVELAR FILHO, 1989; HENZ, 2001),
sendo uma excelente tecnologia para a
manutenção da qualidade e integridade
do produto.
A maior incidência de deterioração
nas raízes injuriadas mecanicamente era
esperada, uma vez que muitos patógenos
pós-colheita são dependentes de portas
de entrada para iniciar a infecção,
principalmente doenças causadas por
fungos. No caso da mandioquinha-salsa, é provável que a bactéria responsável pela podridão-mole permaneça latente nas lenticelas das raízes, iniciando a doença sob condição favorável,
como temperaturas acima de 20oC e
umidade relativa acima de 75%.
De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, a incidência
de injúrias mecânicas causadas por
impacto de queda em raízes de
mandioquinha-salsa deve ser reduzida
no manuseio pós-colheita porque afeta
a qualidade e a conservação do produto, de modo semelhante ao que já foi
observado para outros produtos
hortícolas (KAYS, 1991; KADER et al.,
1992; WILLS et al., 1998). O tipo predominante de injúria mecânica causada
pela simulação do impacto de queda nas
raízes de mandioquinha-salsa variou de
acordo com a altura da queda, sendo
quebra (48,3%) para raízes soltas a 90
cm e lesões superficiais (84%) para
raízes soltas a 45 cm. A incidência de
injúrias mecânicas afetou a respiração
das raízes de mandioquinha-salsa em
relação às raízes intactas a 24oC e 5oC,
com tendência a ser mais alta na maior
parte do tempo. A perda de matéria fresca foi maior nas raízes injuriadas mecanicamente em relação às raízes intactas
a 24oC e 5oC. O uso de embalagens e de
refrigeração pode reduzir substancialmente os efeitos negativos da incidência de injúrias mecânicas nas raízes, sendo uma tecnologia simples e apropriada para aqueles produtos com maior
valor agregado, como a mandioquinhasalsa produzida no sistema orgânico ou
raízes com maior valor de mercado,
como as das classes ‘3A’ e ‘B’.
885
G. P. Henz et al.
LITERATURA CITADA
AVELAR FILHO, J.A. Estudo da conservação
pós-colheita da mandioquinha-salsa (Arracacia
xanthorrhiza Bancroft). 1989. 62 f. (Tese
mestrado) - UFV, Viçosa.
CANTWELL, M.; MORDEN, G.; RUBATZKY,
V.; CHEN, P. Tests to monitor carrot cracking and
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Brasília, v.23, n.4, p.887-892, out-dez 2005.
Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico
Roseli Fátima Caseiro2; Julio Marcos Filho1
1
USP/ESALQ, Depto. Produção Vegetal, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; Bolsista CNPq; 2Pós-graduanda da USP/ESALQ;
E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Há controvérsias quanto à possível reversão de efeitos benéficos do condicionamento fisiológico quando as sementes são desidratadas imediatamente após esse tratamento. A presente pesquisa
foi conduzida para avaliar a eficiência de diferentes procedimentos
de secagem de sementes de cebola após o condicionamento. Amostras de quatro lotes da cultivar Petroline foram hidrocondicionadas
entre duas folhas de papel toalha umedecidas com água a 15ºC, por
48 horas, com posterior secagem rápida em estufa com circulação
de ar, a 35-40ºC, por aproximadamente 24 horas; secagem lenta a
20ºC e umidade relativa de 75%, durante 72 h; incubação das sementes em soluções de polietilenoglicol 8000 (340 g/L de água) a
8ºC, durante 24; 72 ou 120 horas; incubação das sementes em banho-Maria a 40ºC, durante 1; 3 e 5 h; incubação das sementes a
35ºC por 24 e 48 h. Após a secagem lenta e os procedimentos de
incubação, as sementes foram secadas rapidamente, até atingirem
teor de água em torno de 6,0 a 8,0%. O potencial fisiológico das
sementes foi avaliado por meio dos testes de germinação, índice de
velocidade de germinação, envelhecimento acelerado e
condutividade elétrica. Adotou-se delineamento experimental inteiramente casualizado, com doze tratamentos e quatro repetições para
cada teste. Verificou-se que a incubação em PEG 8000 reduziu drasticamente a germinação e o vigor das sementes condicionadas. Não
ocorreram variações acentuadas entre os resultados dos processos
de secagem rápida, secagem lenta, incubação em banho-Maria e incubação a 35ºC. No entanto, o processo de secagem rápida foi considerado como o mais adequado após o condicionamento das sementes de cebola, pois além de rápido (o período gasto foi de aproximadamente 24 h), é o procedimento de execução mais simples e
objetivo.
Palavras-chave: Allium cepa, priming, incubação, germinação, vigor.
Evaluation of methods for drying primed onion seeds
This work was carried out to evaluate drying procedures of
primed onion seeds. Samples of four seed lots (cultivar Petroline)
were primed between two moistened sheets of germination paper
towel, at 15ºC, during 48 h, and then submitted to the following
drying processes: fast drying (in oven with air circulation, under 3540ºC, during approximately 24 h); slow drying (seeds kept in a
chamber under 20ºC and 50-60% relative humidity during 72 h);
incubation in PEG 8000 solution (340 g/L water), under 8ºC, during
24; 72 and 120 h; incubation in a water bath under 40ºC, during 1; 3
and 5 h; and incubation in a chamber under 35ºC, during 24 and 48
h. After the slow drying and the incubation processes, seeds were
submitted to fast drying to complete seed desiccation to obtain the
moisture content around 6-8% (fresh weight basis). The physiological
potential was evaluated through germination, speed of germination,
accelerated aging and electrical conductivity tests. The experiment
was carried out in a completely randomized design, with 12
treatments and four replicates for each test. Results showed that the
incubation in PEG 8000 solution drastically reduced seed germination
and vigor of primed seeds. In addition, there were no wide differences
among the process of fast drying, slow drying, incubation in water
bath and incubation under 35ºC. The fast drying was considered the
best procedure to reduce moisture content of primed onion seeds,
with the advantage of being faster (the period required was about 24
h) and more practical.
Keywords: Allium cepa, priming, incubation, germination, vigor.
(Recebido para publicação em 20 de maio de 2004 e aceito em 3 de julho de 2005
O
condicionamento fisiológico
(“priming”) das sementes pode beneficiar diretamente o desempenho de
lotes de sementes, ao promover redução do período de germinação e emergência das plântulas ou, indiretamente,
ao favorecer a tolerância a condições de
estresse após a semeadura como, por
exemplo, a baixa disponibilidade de
água (FINCH-SAVAGE, 1995). Segundo Pill (1995), esse tratamento consiste
na hidratação controlada das sementes,
ativando os processos metabólicos necessários para a germinação sem no entanto
permitir a protrusão da raiz primária. ApeHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
sar de sua influência sobre a velocidade, a
sincronização e a percentagem de germinação, a utilização comercial do condicionamento fisiológico ainda é relativamente baixa (NASCIMENTO, 1998).
Um dos aspectos fundamentais para
possibilitar a comercialização das sementes condicionadas é a redução cuidadosa
do teor de água após o tratamento até atingir nível adequado para o armazenamento.
Dependendo do procedimento utilizado,
pode haver reversão dos benefícios alcançados durante o tratamento. Estudos realizados por Heydecker et al. (1975) e
Furutani et al. (1986) mostraram que se-
mentes de cebola poderiam ser tratadas e
posteriormente secadas até atingir o teor
de água inicial, sem reversão dos efeitos
benéficos do tratamento. Por outro lado,
Haigh et al. (1986) verificaram, para a
mesma espécie, que após a secagem ao ar
por 24 h em ambiente de laboratório a 15°C,
houve redução da percentagem de emergência das plântulas em campo; no entanto, para tomate e cenoura, a secagem e o
armazenamento das suas sementes por 28
dias não provocaram efeitos prejudiciais.
Essa controvérsia persiste quando
são consideradas informações obtidas
com outras espécies. Assim, para toma887
R. F. Caseiro e J. Marcos Filho
te (ARGERICH et al., 1989) e com alhoporró (ROWSE, 1996), a secagem das
sementes após o condicionamento promoveu reversão dos efeitos vantajosos
obtidos durante o tratamento. Em tomate
verificou-se, inclusive, a perda completa
da viabilidade das suas sementes. Da
mesma forma, a secagem de sementes
de alface, realizada a 21ºC e 45% de
umidade relativa do ar, não influenciou
a velocidade e a percentagem de germinação (GUEDES; CANTLIFFE, 1980);
porém, quando a secagem foi conduzida
em estufa, a 32ºC, houve reversão dos
efeitos proporcionados pelo tratamento.
Por outro lado, Eira e Marcos Filho
(1990), trabalhando com alface, verificaram que tanto a secagem das sementes
em ambiente de laboratório, durante 48
h, como a conduzida em estufa, a 32ºC,
por 12 h, não foram prejudiciais para os
dois lotes de sementes avaliados.
Desta maneira, verifica-se que os
efeitos da secagem pós-condicionamento das sementes dependem do procedimento adotado para a secagem, da espécie considerada e do potencial fisiológico dos lotes utilizados. Visando solucionar essa questão, trabalhos mais
recentes têm incluído alternativas para
tornar as sementes condicionadas mais
resistentes à dessecação. Por exemplo,
Bruggink e Van der Toorn (1995) constataram que a tolerância à dessecação
de sementes germinadas de pepino pôde
ser induzida pela incubação das mesmas
em soluções de polietilenoglicol. Procedimentos semelhantes foram utilizados por Bruggink et al. (1999), com redução do período de germinação e manutenção da longevidade similar à das
sementes não condicionadas. Neste
caso, alguns métodos foram utilizados
após o condicionamento fisiológico, incluindo a incubação das sementes em
polietilenoglicol, a secagem lenta, a secagem rápida e o choque térmico. A similaridade entre o método para induzir
a tolerância das sementes à dessecação
durante a germinação e aquele utilizado para prevenir a redução da
longevidade de sementes condicionadas
indica o envolvimento dos mesmos
mecanismos fisiológicos e que a tolerância à dessecação e a longevidade das
sementes são realmente características
relacionadas.
888
A disponibilidade de um método prático de secagem sem provocar reversão
significativa dos benefícios obtidos durante o condicionamento fisiológico
deve apresentar contribuição relevante
para a evolução do conhecimento científico e abrir novos caminhos para a pesquisa; além disso, poderia acelerar o
aprimoramento da tecnologia adotada
por empresas produtoras de sementes e,
conseqüentemente, permitir o
armazenamento seguro e o aumento da
oferta de sementes condicionadas aos
produtores de hortaliças. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo verificar a eficiência de diferentes procedimentos para a secagem de
sementes de cebola condicionadas fisiologicamente.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no
Laboratório de Análise de Sementes da
ESALQ. As sementes foram
hidrocondicionadas de acordo com procedimento adotado por Caseiro et al.
(2004). Foram constituídos doze tratamentos (testemunha e onze procedimentos para a secagem), arranjados em delineamento experimental inteiramente
casualizado, com quatro repetições.
Amostras de 5,0 g de quatro lotes de
sementes de cebola, cv. Petroline, com
potencial fisiológico diferente, foram
embebidas entre duas folhas de papel
toalha, durante 48 horas a 15ºC. Após o
condicionamento fisiológico efetuou-se
a secagem direta das sementes, mediante os procedimentos: a) secagem rápida em estufa com circulação de ar a
35-40ºC, por aproximadamente 24 h; b)
secagem lenta, em câmara a 20ºC e
umidade relativa de 75%, durante 72 h;
c) incubação pré-secagem das sementes, em solução de polietilenoglicol 8000
(340 g/L de água) a 8ºC, durante 24; 72
ou 120 h; d) incubação das sementes em
banho-Maria a 40ºC (choque térmico),
lacrando-se as sementes em envelopes
de alumínio durante uma, três e cinco
h; e) secagem rápida por curto período,
até que houvesse decréscimo de aproximadamente 6 a 8 pontos percentuais
no teor de água, seguida por acondicionamento em recipientes plásticos e incubação a 35ºC por 24 e 48 h. Após a
secagem lenta e os três procedimentos
de incubação, as sementes foram
secadas rapidamente, da maneira já descrita, até atingirem teor de água em torno de 6,0 a 8,0%.
O potencial fisiológico das sementes submetidas aos diferentes tratamentos foi avaliado com a utilização dos
seguintes testes:
Grau de umidade
Determinado antes e após os tratamentos, de acordo com as Regras para
Análise de Sementes (BRASIL, 1992),
utilizando-se o método da estufa a
105ºC±3ºC, por 24 h, com duas repetições de 1,0 g de sementes para cada lote.
Germinação
Testes de germinação foram conduzidos com quatro repetições de 50 sementes para cada lote, distribuídas sobre papel chupão (Germibox) e colocadas para germinar a 20ºC. O substrato
foi umedecido com volume de água
equivalente a 2,5 vezes a sua massa. As
contagens foram realizadas diariamente até o 12o dia após a semeadura, computando-se o número de plântulas normais, sendo os resultados expressos em
percentagem média por tratamento e
lote.
Velocidade de germinação
Teste realizado conjuntamente com
o de germinação. As avaliações foram
realizadas diariamente, à mesma hora,
a partir do dia em que foram
identificadas as primeiras plântulas normais, que foram computadas e retiradas
do substrato. Ao final, com os dados
diários do número de plântulas normais
foi calculado o índice de velocidade de
germinação (IVG), de acordo com a fórmula proposta por Maguire (1962). Os
dados foram expressos em índices médios de velocidade de germinação para
cada lote.
Envelhecimento acelerado
Foram utilizadas caixas plásticas
(11,0 x 11,0 x 3,5 cm) adaptadas, funcionando como compartimento individual
ou mini-câmara. Em cada uma, foram
colocados 40 ml de solução saturada de
NaCl, conforme Jianhua e McDonald
(1996). As sementes foram distribuídas
uniformemente sobre a tela de alumínio colocada no interior de cada caixa,
formando uma camada única. As caixas
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico
Tabela 1. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 1, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
CE mmho/cm -1g-1
Tratamentos
G (%)
IVG
EA (%)
Testemunha
86 a
7,60 cde
61, cdef
Condicionamento sem secagem
85 a
65, bcde
74,75 ab
Secagem rápida
86 a
8,90 bcd
79, a
92,05 bcd
Secagem lenta
83 a
9,23 bc
70, abcd
114,19 d
7,2
9,52 bc
76, ab
104,32 bcd
7,4
80, a
107,54 cd
7,5
102,60 bcd
7,8
12,07 a
202,78 e
GU (%)
5,6
44,9
7,9
Banho maria 1 hora
88 a
Banho maria 3 horas
90 a
Banho maria 5 horas
89 a
9,71 bc
79, ab
Incubação PEG 24 horas
81 a
7,26 efg
58, def
81,08 abcd
7,2
Incubação PEG 72 horas
79 a
6,69 fg
49, f
65,66 a
6,9
Incubação PEG 120 horas
80 a
6,16 g
50, ef
69,61 a
7,2
Incubação 35ºC 24 horas
86 a
7,67 def
74, abc
104,82 bcd
6,6
Incubação 35ºC 48 horas
87 a
8,69 cde
78, ab
107,33 cd
6,9
C.V (%)
5,73
6,82
plásticas foram tampadas e mantidas em
uma câmara de envelhecimento (tipo
B.O.D.) regulada a 41ºC±0,3ºC, onde
permaneceram por 72 h. Após esse período, foram colocadas para germinar a
20ºC e avaliadas aos seis dias após a
semeadura. Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas normais para cada lote. Avaliações do grau
de umidade, antes e após o período de
envelhecimento, permitiram verificar a
precisão dos resultados.
Condutividade elétrica
O método utilizado foi o de
condutividade de massa, de acordo com
Vieira (1994). Foram avaliadas quatro repetições de 50 sementes para cada lote.
Cada repetição foi pesada com precisão
de duas casas decimais e, a seguir, colocada em um copo plástico com capacidade para 200 ml, contendo 50 ml de água
deionizada (2mho cm-1 de condutividade)
e mantida em germinador a 20ºC, durante
24 h. Após esse período efetuaram-se as
leituras da condutividade elétrica da solução de embebição, em condutivímetro
Digimed-CD-20 e os dados foram expressos em mmho cm-1 g-1 de sementes.
Os dados obtidos nesses testes foram
submetidos à analise de variância e as
médias comparadas pelo teste de Tukey
(p£0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teste de germinação (Tabelas 1 a
4) não foi suficientemente sensível para
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
10,33 b
6,51
detectar variações no potencial fisiológico das sementes submetidas aos diferentes procedimentos para a secagem,
com ou sem incubação prévia; as diferenças existentes foram identificadas por
todos os testes de vigor conduzidos nesta
pesquisa, normalmente mais rigorosos
que o de germinação.
As sementes apenas condicionadas
apresentaram índice de velocidade de
germinação (IVG) sempre significativamente superior ao das sementes submetidas ao hidrocondicionamento e secagem, para todos os lotes avaliados (Tabelas 1 a 4). Essa ocorrência pode ser
atribuída à necessidade de um período
adicional para que as sementes com
menor grau de umidade atingissem níveis semelhantes aos das mais úmidas,
durante a etapa inicial do processo de
germinação. Verificou-se que as sementes não submetidas à secagem apresentaram grau de umidade em torno de
45%, enquanto, após a secagem, esses
valores atingiram aproximadamente 7%.
Sabe-se que a velocidade de germinação está diretamente relacionada ao grau
de umidade da semente (ROSSETTO et
al., 1997). No entanto, mesmo após a
secagem, os valores do IVG foram superiores aos obtidos para a testemunha,
indicando que a secagem não promoveu
a reversão dos efeitos benéficos do condicionamento, quando avaliados pela
velocidade de germinação.
A incubação em polietilenoglicol
durante 24; 72 e 120 h e a conduzida a
35ºC, durante 24 e 48 h, para todos os
12,63
lotes avaliados, foram os tratamentos que
conduziram aos menores IVG, quando
comparados aos demais métodos (Tabelas 1 a 4). Em contrapartida, os IVG mais
elevados foram observados após a incubação em banho-Maria, durante 3 e 5 h.
Entretanto, neste caso, não foi detectada
diferença significativa em relação ao processo de secagem rápida, que foi considerado o método mais rápido e prático.
Considerando o comportamento das
sementes condicionadas e não secadas,
no teste de envelhecimento acelerado
(Tabelas 1 a 4), verificou-se que, em
presença de solução saturada de NaCl,
as que inicialmente apresentavam grau
de umidade em torno de 45,1% (média
dos quatro lotes), foram cedendo água
para o ambiente durante o teste e, no final, o seu teor de água permaneceu ao
redor de 12,7% (média dos quatro lotes). Desta maneira, as sementes não
permaneceram com grau de umidade
elevado durante todo o teste, o que contribuiu para amenizar os efeitos do envelhecimento acelerado. De acordo com
Marcos Filho (1999), as sementes mais
úmidas geralmente são mais sensíveis
às condições desse teste. Bruggink et al.
(1999) observaram que, após o teste de
deterioração controlada, houve redução
da porcentagem de germinação das não
secadas após o condicionamento; vale
destacar que os princípios dos testes de
envelhecimento acelerado e de deterioração controlada são equivalentes.
De maneira geral, foi constatado que
as sementes condicionadas e secadas
889
R. F. Caseiro e J. Marcos Filho
Tabela 2. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 2, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
Tratamentos
G (%)
IVG
Testemunha
85 a
8,02 de
Condicionamento sem secagem
85 a
13,75 a
EA (%)
CE mmho/cm -1g-1
GU (%)
73, ab
179,18 d
6,6
76, a
66,74 a
44,2
Secagem rápida
87 a
10,29 bc
81, a
88,77 c
7,7
Secagem lenta
87 a
10,28 bc
58, bc
90,21 c
7,3
Banho maria 1 hora
80 a
Banho maria 3 horas
81 a
10,73 b
9,10 cd
78, a
95,58 c
7,1
73, ab
95,14 c
7,6
Banho maria 5 horas
84 a
10,29 bc
79, a
90,60 c
7,7
Incubação PEG 24 horas
80 a
8,11 de
52, c
73,11 ab
6,6
Incubação PEG 72 horas
82 a
7,49 de
58, bc
60,45 a
6,9
6,8
Incubação PEG 120 horas
76 a
7,05 e
48, c
64,65 a
Incubação 35ºC 24 horas
80 a
7,86 de
74, ab
93,58 c
6,1
Incubação 35ºC 48 horas
82 a
8,37 de
76, a
87,65 bc
6,9
C.V (%)
5,97
7,03
7,45
6,97
Tabela 3.. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 3, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
CE mmho/cm -1g-1
Tratamentos
G (%)
IVG
EA (%)
Testemunha
89 a
9,02 fg
77, bcde
185,26 e
GU (%)
5,3
Condicionamento sem secagem
92 a
14,24 a
85, abcd
61,58 a
45,8
Secagem rápida
89 a
10,71 bcd
87, abc
81,60 bc
7,6
Secagem lenta
90 a
10,54 cd
80, abcde
83,28 bc
7,3
Banho maria 1 hora
92 a
10,37 cde
83, abcd
90,46 cd
7,1
Banho maria 3 horas
93 a
11,93 b
87, ab
92,42 cd
7,6
Banho maria 5 horas
93 a
11,52 bc
Incubação PEG 24 horas
88 a
8,90 fg
75, cde
89, a
100,60 d
73,92 ab
6,8
7,9
Incubação PEG 72 horas
91 a
8,93 fg
67, e
64,55 a
6,9
Incubação PEG 120 horas
83 a
7,76 g
73, de
69,38 ab
7,0
Incubação 35ºC 24 horas
94 a
9,86 def
84, abcd
95,35 cd
6,6
Incubação 35ºC 48 horas
90 a
9,15 ed
85, abcd
84,46 bc
6,9
C.V (%)
5,78
5,33
foram mais resistentes às condições de
estresse de alta temperatura e alta umidade relativa do ar, as quais foram impostas pelo teste de envelhecimento acelerado. As sementes submetidas aos procedimentos de secagem rápida e à incubação em banho-Maria por 1; 3 e 5 h ou
em estufa a 35ºC por 48 h (Tabela 1) e
as sementes submetidas ao banho-maria
por 5 h (Tabela 3), apresentaram germinação significativamente superiores à
testemunha.
Na presente pesquisa, os procedimentos utilizados para a secagem das
sementes de cebola, foram baseados nos
por Bruggink et al. (1999), que obtiveram resultados semelhantes com a secagem lenta, banho-Maria (ou choque
890
5,75
térmico) e incubação das sementes a
35ºC; todos esses procedimentos beneficiaram o potencial fisiológico das sementes.
Ao contrário do verificado no presente trabalho, Bruggink et al. (1999)
verificaram que a incubação das sementes de Impatiens walleriana Hook em
PEG 8000 foi eficiente para prevenir a
redução
do
potencial
de
armazenamento. Esse mesmo procedimento, utilizado por Bruggink e Van der
Toorn (1995), havia induzido a tolerância à dessecação de sementes germinadas de pepino. Por outro lado, Bruggink
et al. (1999) mencionaram que as sementes de amor-perfeito e de pimentão
submetidas à secagem rápida, foram
7,18
mais sensíveis ao teste de deterioração
controlada em relação às submetidas à
secagem lenta e à incubação a 35ºC, respectivamente. Conseqüentemente, verifica-se que a eficiência dos métodos para
induzir tolerância à dessecação e/ou
melhor desempenho das sementes durante o armazenamento das sementes
também é influenciada pela espécie utilizada.
Quando a eficiência dos procedimentos de secagem foi avaliada pelo
teste de condutividade elétrica, todos os
métodos provocaram redução significativa na exudação de solutos quando
comparados à testemunha. Vários autores têm sugerido que o condicionamento fisiológico pode exercer efeito benéfiHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Métodos para a secagem de sementes de cebola submetidas ao condicionamento fisiológico
Tabela 4. Porcentagem de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), envelhecimento acelerado (EA), condutividade
elétrica (CE) e grau de umidade (GU) de sementes de cebola, cultivar Petroline, lote 4, submetidas à diferentes processos de secagem após
o condicionamento fisiológico. Piracicaba, ESALQ, 2002.
CE mmho/cm -1g-1
Tratamentos
G (%)
IVG
Testemunha
93 a
9,62 ef
Condicionamento sem secagem
94 a
16,08 a
87, ab
63,53 ab
45,4
Secagem rápida
94 a
11,66 bc
88, ab
76,55 cd
7,6
Secagem lenta
92 a
11,14 cd
88, ab
84,55 de
7,2
Banho maria 1 hora
92 a
10,89 cde
91, a
89,68 e
7,1
Banho maria 3 horas
94 a
12,86 b
78, bc
91,81 e
7,4
Banho maria 5 horas
92 a
12,02 bc
86, ab
91,94 e
7,5
Incubação PEG 24 horas
93 a
9,74 ef
76, bc
71,80 bc
6,4
Incubação PEG 72 horas
86 a
8,70 f
70, c
62,07 a
6,6
Incubação PEG 120 horas
88 a
8,80 f
76, bc
61,56 a
6,5
Incubação 35ºC 24 horas
92 a
10,24 de
87, ab
87,94 e
6,1
Incubação 35ºC 48 horas
93 a
9,93 def
89, ab
78,13 cd
6,4
C.V (%)
6,24
4,77
co sobre a integridade das membranas
celulares (WOODSTOK; TAO, 1981;
ARMSTRONG; MCDONALD, 1992).
Porém, em outros trabalhos, foi ressaltado que a redução na lixiviação de solutos
após o condicionamento fisiológico pode
ocorrer principalmente em função da perda de eletrólitos durante esse tratamento e
talvez não esteja relacionada à reorganização das membranas (DEARMAN et al.,
1986; CHOJNOWSKI et al., 1997). No
entanto, conforme destacaram Woodstock
e Tao (1981), durante o processo de condicionamento fisiológico, a hidratação
ocorre de maneira mais lenta, aumentando a disponibilidade de tempo para o reparo ou reorganização gradual das membranas.
Os valores da condutividade elétrica obtidos após a execução de todos os
métodos de secagem (Tabelas 1 a 4),
exceto incubação em PEG 8000, foram
superiores aos observados para as sementes não secadas. Neste caso, a secagem provavelmente provocou desorganização do sistema de membranas, permitindo maior lixiviação de eletrólitos.
Porém, observa-se que após todos os
procedimentos de secagem houve redução significativa na lixiviação de
solutos, quando comparados à testemunha, indicando a ocorrência de reparo
no sistema de membranas durante o condicionamento fisiológico e que, mesmo
após a secagem, pelo menos parte desse reparo e/ou reorganização foi
mantida. No caso da incubação das sementes em PEG 8000, ressalta-se que,
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
EA (%)
82, abc
GU (%)
156,90 f
6,21
6,2
4,49
Tabela 5. Grau de umidade (%) após o período de incubação pré- secagem, após o condicionamento fisiológico de quatro lotes de sementes de cebola, cultivar Petroline. Piracicaba,
ESALQ, 2002.
Tratamentos
Lotes
1
2
3
4
Secagem lenta
10,1
10,5
10,0
10,0
10,2
Banho maria 1 hora
39,3
38,9
38,3
38,9
38,9
Banho maria 3 horas
40,3
39,3
41,1
39,7
40,1
Banho maria 5 horas
34,7
35,0
39,1
35,7
36,1
Incubação PEG 24 horas
47,6
47,3
48,2
48,0
47,8
Incubação PEG 72 horas
48,1
49,5
48,7
49,1
48,9
Incubação PEG 120 horas
48,4
48,9
49,3
48,8
48,9
Incubação 35ºC 24 horas
39,2
38,1
40,2
39,7
39,3
Incubação 35ºC 48 horas
33,6
32,4
34,6
29,2
32,5
ao contrário dos demais métodos, as
sementes ficaram imersas em solução
e, por isso, novamente pode ter ocorrido perda de eletrólitos no momento da
incubação, diminuindo ainda mais a
quantidade de lixiviados durante o teste
de condutividade elétrica.
No teste de condutividade elétrica
para todos os lotes avaliados,com exceção do tratamento de incubação em PEG
8000 (Tabelas 1 a 4), a secagem rápida
foi o método que provocou as menores
perdas de solutos durante o teste; destaca-se ainda que as sementes submetidas
ao banho-maria por cinco horas (Tabela 3) e as submetidas ao banho-Maria
por 1; 3 e 5 h e à incubação a 35ºC, por
24 h (Tabela 4), apresentaram maiores
índices de lixiviação em relação às
secadas rapidamente. De maneira geral,
a incubação das sementes em PEG 8000,
Média
durante 24; 72 e 120 h, foi o procedimento menos favorável à manifestação
do potencial fisiológico das sementes,
não promovendo a tolerância à
dessecação.
Com exceção da incubação em PEG
8000 (Tabela 5), os demais procedimentos provocaram decréscimo no grau de
umidade das sementes condicionadas,
que apresentavam em torno de 45,1%
de água (média dos quatro lotes) antes
do início da incubação. No entanto, esses valores permaneceram elevados
quando foi efetuada a incubação em solução de PEG 8000. Isto justifica o desempenho inferior das sementes expostas a essa modalidade de incubação antes da secagem definitiva, pois as sementes mais úmidas apresentam atividade metabólica mais intensa, predispondo-as à deterioração.
891
R. F. Caseiro e J. Marcos Filho
Desta maneira, as sementes de cebola foram sensíveis à desidratação após
o condicionamento fisiológico, apenas
quando foram mantidas com grau de
umidade acima de 47,3%, por período
superior a 24 h, antes da secagem. No
método de incubação em solução de
PEG 8000, as sementes que já haviam
iniciado as atividades metabólicas mais
intensas durante o condicionamento fisiológico, foram ainda incubadas por
períodos de 24; 72 e 120 h, sem que
houvesse condições para a continuidade do processo de germinação ou o início da secagem, permanecendo por mais
tempo com teores elevados de água. De
acordo com Vertucci e Farrant (1995),
as células naturalmente tolerantes à
dessecação, quando mantidas com graus
de umidade associados à ocorrência de
atividades catabólicas, podem sofrer
danos mais severos se permanecerem
nessas condições durante período prolongado, quando comparadas às secadas
rapidamente. Assim, segundo aquelas
autoras, a capacidade de tolerância das
sementes à dessecação também depende da maneira como a secagem é realizada.
Os dados obtidos no presente trabalho demonstraram que é possível efetuar a secagem após o condicionamento fisiológico de sementes de cebola,
sem provocar reversão significativa dos
efeitos favoráveis ao potencial fisiológico. Como não foram verificadas variações acentuadas entre os processos de
secagem rápida, secagem lenta, incubação em banho-Maria e incubação a
35ºC, o uso da secagem rápida é mais
conveniente para a redução do grau de
umidade das sementes condicionadas de
cebola pois, além de rápido, esse procedimento é mais prático que os demais
métodos que envolvem incubação.
892
LITERATURA CITADA
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Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes
populações da traça-do-tomateiro
Gisele R. Moreira1; Derly José H. da Silva2; Marcelo C. Picanço3; Luiz Alexandre Peternelli4; Fabiano
Ricardo B. Caliman2
1
UFV, Genética e Melhoramento, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: [email protected]; 2UFV, Depto. Fitotecnia, 36571-000 Viçosa–
MG;. E-mail: [email protected]; [email protected]; 3UFV, Depto. Biologia Animal, 36571-000 Viçosa–MG; E-mail: [email protected];
4
UFV, Depto Informática, 36571-000 Viçosa– MG; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Neste trabalho estudou-se a divergência genética entre acessos
de Lycopersicon spp. com relação à resistência a populações da traça-do-tomateiro, Tuta absoluta, e verificou-se a importância relativa dos caracteres da traça-do-tomateiro para a divergência. Foi conduzido experimento envolvendo quatro populações do inseto procedentes de Uberlândia (MG), Viçosa (MG), Camocim de São Félix
(PE) e Santa Teresa (ES) e cinco acessos de tomateiro, ‘Santa Clara’, ‘Moneymaker’, TOM-601, PI 126445 (L. hirsutum f. typicum) e
PI 134417 (L. hirsutum f. glabratum). Foram realizados testes de
médias de Tukey e método de agrupamento de Tocher, e verificada a
importância relativa dos caracteres da traça-do-tomateiro para a divergência entre acessos por meio do método de Singh. Verificou-se
a existência de variabilidade genética entre os acessos de tomateiro
quando infestados pelas populações da traça-do-tomateiro provenientes das diferentes regiões do Brasil. O acesso Santa Clara foi o
mais suscetível à população de Santa Teresa. ‘Moneymaker’ e ‘TOM601’ foram mais resistentes às populações provenientes de Camocim
de São Félix e Santa Teresa, respectivamente. PI 126445 foi mais
resistente às populações de Santa Teresa e Viçosa. PI 134417 foi
mais resistente à população de Viçosa. ‘Moneymaker’ e TOM-601
mostraram-se boas fontes a serem utilizadas em programas de melhoramento que visem à obtenção de cultivars de tomate resistentes
à traça-do-tomateiro. Os caracteres que mais contribuíram para a
divergência entre os acessos de tomateiro foram mortalidade larval,
número de pupas fêmea e número de pupas macho. Os caracteres
período larval e peso de pupas macho não podem ser eliminados em
futuras avaliações de resistência à população da traça-do-tomateiro
proveniente de Uberlândia.
Genetic diversity among tomato accessions infested by
different tomato leaf miner populations
The genetic diversity among Lycopersicon spp. accesses was
studied, concerning the resistance to various Tuta absoluta
populations. An experiment was carried out using four populations
of the insect originally from Uberlândia, Viçosa, Camocim de São
Félix and Santa Teresa and five tomato accessions, ‘Santa Clara’,
‘Moneymaker’, TOM-601, ‘PI 126445’ (L. hirsutum f. typicum) and
‘PI 134417’ (L. hirsutum f. glabratum). Tukey mean comparing test
and Tocher grouping were accomplished and the relative importance
of T. absoluta characters to the genetic divergence among tomato
accessions was evaluated by Singh method. There was genetic
variability among tomato accessions when infested by tomato leaf
miner populations collected from different regions of Brazil. The
‘Santa Clara’ accession was most susceptible to Santa Teresa
population. ‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ were most resistant to
Camocim de São Félix and Santa Teresa populations, respectively.
‘PI 126445’ was most resistant to Santa Teresa and Viçosa
populations. ‘PI 134417’ was most resistance to Viçosa population.
‘Moneymaker’ and ‘TOM-601’ can be utilized in breeding programs
aiming to obtain tomato plants resistant to the tomato leaf miner.
The characteristics that most contributed to the genetic divergence
among tomato accessions were larval mortality, female pupae number
and male pupae number. The characters larval period and male pupae
weight cannot be eliminated in future resistance evaluations to the
population tomato leaf miner from Uberlândia.
Palavras-chave: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, recursos genéticos, variabilidade genética, melhoramento de plantas.
Keywords: Lycopersicon spp., Tuta absoluta, genetic divergence,
genetic variability, plant breeding.
(Recebido para publicação em 27 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
O
tomate (Lycopersicon esculentum
Mill.) é uma das mais importantes
hortaliças cultivadas no mundo. A China e os Estados Unidos são os principais produtores com 25.851 t e 12.275
t, respectivamente (FAO, 2004). O Brasil é o maior produtor da América Latina, com aproximadamente, 3,5 milhões
de t, sendo os maiores estados produtores Goiás, São Paulo e Minas Gerais
(AGRIANUAL, 2005).
Maior parte das produções brasileira e chinesa é destinada ao consumo in
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
natura (62% e 95%, respectivamente),
enquanto apenas 21% da produção americana é destinada a este fim, sendo o
restante processado pelas indústrias de
alimento (FONTES; SILVA, 2002). Em
ambos os casos, há grande exigência em
relação à qualidade e aparência dos frutos. Isto impõe constante atenção por
parte dos produtores devido ao grande
número pragas e doenças que ocorre
durante o ciclo da cultura, que é, portanto, exigente em tratamentos
fitossanitários.
No contexto das pragas, a traça-dotomateiro, Tuta absoluta (Lepidoptera:
Gelechiidae), tem sido de grande importância em praticamente todas as regiões
onde o tomate é cultivado. Os danos são
caracterizados por galerias produzidas
pelas lagartas nas gemas, brotos terminais, flores, inserção dos ramos e frutos
e, especialmente às folhas (SOUZA;
REIS, 1992).
O controle da traça-do-tomateiro é
baseado na aplicação intensiva de inseticidas, o que tem acarretado, além do
893
G. R. Moreira et al.
aumento no custo de produção, a redução da população de inimigos naturais
(MELO; CAMPOS, 2000) e o aparecimento de populações da praga resistentes aos inseticidas (SIQUEIRA et al.,
2001).
Uma alternativa para atenuar os problemas citados é a utilização da resistência presente em espécies silvestres e
a incorporação desta no tomateiro cultivado. Dentre estas se destacam os acessos PI 134417 de L. hirsutum f.
glabratum e PI 126445 de L. hirsutum
f. typicum, os quais contêm as
metilcetonas, trideca-2-ona (2-TD) e
undeca-2-ona
(2-UD),
e
o
sesquiterpeno-zingibereno nos exudatos
dos tricomas glandulares tipo VI das
folhas, respectivamente, que promovem
efeitos negativos na biologia e comportamento da praga (RAHIMI; CARTER,
1993; THOMAZINI et al., 2001; LEITE et al., 1999).
Além das espécies citadas a cultivar
Moneymaker e a linhagem TOM-601
têm se mostrado promissoras em programas de melhoramento que visam à
obtenção de plantas de tomate resistentes às pragas, por possuírem teores de
2-TD nos tricomas glandulares tipo VI
das folhas relacionados com a resistência à T. urticae (CHATZIVASILEIADIS
et al., 1999; ARAGÃO et al., 2002).
Além do conhecimento de fontes
promissoras de resistência à traça-dotomateiro outro fator importante no
melhoramento visando à obtenção de
cultivar resistente a este inseto, é a divergência genética. Segundo Cruz e
Regazzi (1997), com base na divergência genética, pode-se selecionar, dentre
vários genitores, aquelas combinações
híbridas de maior efeito heterótico na
progênie e maior probabilidade de recuperar genótipos superiores nas gerações segregantes.
Vários métodos podem ser utilizados para avaliar a divergência genética
entre genitores, dentre eles os
multivariados, como os aglomerativos
(métodos hierárquico e de otimização)
baseados em medidas de dissimilaridade
(distância generalizada de Mahalanobis,
distância euclidiana e distância
euclidiana média) têm sido bastante utilizados. Pesquisadores têm constatado
a viabilidade da utilização da distância
894
generalizada de Mahalanobis, e os métodos nela baseados, como ferramenta
orientadora na escolha de genitores em
diversas culturas como milho (CRUZ et
al., 1994), feijão (MACHADO et al.,
2002), Capsicum spp. (SUDRÉ et al.,
2005) e tomate (SUINAGA et al., 2003).
Outro fator que deve ser considerado na seleção dos genitores é o número
de caracteres avaliados durante a seleção. É necessário avaliar a importância
de cada caractere para a diversidade,
identificando-se aqueles que menos contribuem, sendo recomendável o descarte em estudos futuros. Neste aspecto,
tem-se o método proposto por Singh
(1981) o qual divide a distância de
Mahalanobis em partes referentes a cada
variável, e o método de descarte de variáveis proposto por Garcia (1998) o
qual se baseia no método de Singh
(1981) e no posterior agrupamento pelo
método de otimização de Tocher. Ou
seja, se na ausência do caráter com pouca contribuição para a divergência houver alteração no agrupamento original,
tal caráter não pode ser descartado.
O objetivo deste trabalho foi estudar a divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por populações de T. absoluta, provenientes de diferentes regiões do Brasil, e verificar a
importância relativa dos caracteres da
traça-do-tomateiro para a divergência
genética.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nos
meses de março e abril de 2001, em condições de casa de vegetação, na Horta
da UFV, segundo esquema fatorial 4 x
5, sendo os fatores, respectivamente,
populações de Tuta absoluta e acessos
de Lycopersicon spp. As populações do
inseto foram provenientes de Uberlândia
(MG), Viçosa (MG), Camocim de São
Félix (PE) e Santa Teresa (ES), e os
acessos de tomateiro utilizados foram
‘Santa Clara’ (padrão de suscetibilidade
à traça-do-tomateiro), ‘Moneymaker’,
‘TOM-601’, ‘PI 126445’ (L. hirsutum
f. typicum) e ‘PI 134417’ (L. hirsutum
f. glabratum).
Os tratamentos foram dispostos no
delineamento inteiramente casualizado,
com três repetições. Cada parcela expe-
rimental foi constituída por um vaso de
polietileno com capacidade para quinze litros de substrato contendo uma planta de tomateiro com 101 dias de idade
no início das avaliações.
Na constituição das repetições, folhas contendo larvas no segundo estádio de desenvolvimento, de cada população da traça-do-tomateiro devidamente identificada, foram coletadas das criações em laboratório da UFV, depositadas em bandejas e levadas até a horta
da UFV.
A infestação das plantas foi feita
depositando-se dez larvas de T. absoluta em duas folhas totalmente expandidas (cinco larvas por folha) do terço
superior de cada uma das plantas a serem avaliadas. A seguir as folhas foram
envolvidas por sacolas de organza de 20
x 28 cm.
Uma semana após a infestação iniciaram-se as seguintes avaliações: número de minas grandes (comprimento
≥ 0,5cm), número de minas pequenas
(comprimento < 0,5cm), mortalidade
larval em porcentagem e período larval
em dias (2º ao 4º estádio de desenvolvimento), as quais foram realizadas duas
vezes por semana até a fase de pupação.
Após a pupação, foram avaliados o sexo,
por meio da avaliação da porção terminal do abdome pupal (COELHO;
FRANÇA, 1987), a razão sexual [número de pupas fêmea/(número de pupas
fêmea + número de pupas macho)] e os
pesos das pupas fêmea e macho em miligramas.
Os caracteres avaliados foram inicialmente submetidos a análises gráficas dos resíduos, para testar a normalidade e homogeneidade das variâncias.
A confirmação da normalidade foi feita
por meio dos testes de Shapiro-Wilk e
Kolmogorov-Smirnov (P<0,05), enquanto que para homogeneidade foi usado o teste de Bartllet (P<0,05) (STEEL
et al., 1997). Estas análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SAS.
Foi realizada análise de variância (a
= 5%) e análises univariada (teste de
comparação de médias de Tukey) e
multivariada (método de otimização de
Tocher, baseado na dissimilaridade expressa pela distância generalizada de
Mahalanobis) (CRUZ; REGAZZI,
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro
Tabela 1. Médias de oito caracteres de Tuta absoluta em função da população da praga e do acesso de tomateiro. Viçosa, UFV, 2001.
População de T. absoluta
Número de minas grandes
(1)
Número de pupas fêmea
Acessos de
tomateiro
Uberlândia
'Santa Clara'
1,11 bAB
1,23 ab A
1,18 b A
1,49 a A
2,33 b B
2,67 b A
4,33 b AB
7,67 a A
'Moneymaker'
0,90 a AB
1,03 a A
0,92 a A
1,01 a B
6,33 a A
2,33 b A
2,67 b B
4,00 ab B
Camocim
deSão Félix
Viçosa
Santa
Teresa
Uberlândia
Viçosa
Camocim
deSão Félix
Santa
Teresa
TOM-601
0,87 a B
0,98 a A
0,94 a A
0,82 a B
4,33 a AB
4,00 a A
4,33 a AB
3,00 a BC
PI 126445
1,11 ab AB
1,17 a A
1,11 ab A
0,92 b B
4,00 ab AB
2,33 bc A
7,00 a A
0,67 c C
PI 134417
1,20 a A
1,16 a A
1,05 a A
1,09 a B
3,33 a AB
2,33 a A
4,67 a AB
3,67 a BC
CV (%)
13,09
CV (%)
Número de minas pequenas
36,27
Número de pupas macho
'Santa Clara'
6,33 a B
11,67 a B
14,00 a AB
8,67 a C
2,67 a AB
2,00 a AB
3,33 a A
2,00 a AB
'Moneymaker'
12,67 a AB
9,67 a B
5,67 a B
3,00 a C
1,33 b AB
3,67 a A
0,67 B B
4,00 a A
TOM-601
6,67 b B
10,33 ab B
25,00 a A
5,67 b C
1,33 ab AB
3,00 a A
0,67 b B
0,33 b B
PI 126445
27,67 b A
53,00 a A
19,67 b AB
54,33 a A
3,00 a A
0,67 b B
0,67 b B
0,00 b B
PI 134417
18,00 ab AB 23,00 ab B
12,33 b AB
33,67 a B
0,67 a B
0,33 a B
0,67 a B
2,00 a AB
CV (%)
40,46
CV (%)
Mortalidade larval (%)
54,70
Peso de pupas fêmea (mg)
'Santa Clara'
50,00 a AB
53,33 a AB
23,33 b B
3,33 b D
3,43 a AB
3,16 a A
4,70 a A
4,56 a A
'Moneymaker'
23,33 b B
40,00 b B
66,67 a A
20,00 b CD
3,14 a AB
2,92 a A
2,17 a B
3,83 a A
TOM-601
43,33 ab AB 30,00 b B
50,00 ab AB 66,67 a AB
4,37 a A
3,45 ab A
3,46 ab AB
1,84 b BC
PI 126445
30,00 b B
70,00 a A
23,33 b B
93,33 a A
3,45 a AB
1,83 ab A
2,73 a B
0,80 b C
PI 134417
60,00 ab A
73,33 a A
46,67 b AB
43,33 b BC
1,79 a B
3,46 a A
2,78 a B
3,24 a AB
CV (%)
26,00
CV (%)
Período larval (dias)
'Santa Clara'
8,75 a A
'Moneymaker'
6,15 b A
12,94 a A
9,92 ab A
25,93
Peso de pupas macho (mg)
10,26 a A
15,08 a A
3,11 a A
1,97 a AB
3,57 a A
2,89 a A
5,50 b A
15,39 a A
1,70 a AB
2,79 a A
0,87 a B
2,24 a AB
TOM-601
9,44 a A
8,04 a A
10,33 a A
14,61 a A
3,43 a A
2,49 ab AB
0,94 b B
0,41 b B
PI 126445
8,94 a A
10,22 a A
12,86 a A
13,00 a A
2,63 a AB
0,37 b B
0,50 ab B
0,00 b B
PI 134417
8,27 b A
7,00 b A
8,40 b A
16,55 a A
0,50 a B
0,80 a AB
1,28 a AB
2,17 a AB
CV (%)
35,18
CV (%)
56,59
(1)
Dados transformados: log (x). As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha ou maiúscula na coluna não diferem significativamente, pelo teste de comparação de médias de Tukey, a 5% de probabilidade.
1997). A importância relativa dos
caracteres da T. absoluta para a divergência genética foi avaliada como proposto por Singh (1981) e o estudo do
descarte de variáveis foi feito como proposto por Garcia (1998). Estas análises
foram realizadas com o auxílio do programa estatístico GENES, versão
Windows (CRUZ, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve significância do efeito de
população de T. absoluta para os
caracteres número de minas pequenas,
mortalidade larval, período larval e número de pupas fêmea. O efeito de acessos de tomateiro não foi significativo
apenas nos caracteres período larval,
número de pupas fêmea e razão sexual.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Para a interação entre os efeitos de população de T. absoluta e acessos de tomateiro, houve significância para todos
os caracteres, com exceção do período
larval e razão sexual (dados não mostrados). Estes resultados evidenciam
variabilidade tanto entre as populações
da traça-do-tomateiro quanto entre os
acessos de tomateiro, porém a utilização dos acessos de tomateiro em programas de melhoramento que visam à
obtenção de cultivars resistentes à T.
absoluta, depende da população da praga que está sendo analisada.
Os maiores coeficientes de variação
foram obtidos para os caracteres número de pupas macho e peso de pupas macho (54,70% e 56,59%, respectivamente) (Tabela 1). No entanto, esses níveis
são aceitáveis em termos de precisão
experimental para experimentos de resistência a insetos.
A cultivar Santa Clara apresentou
variação de suscetibilidade em relação
às diferentes populações de T. absoluta. A população da traça-do-tomateiro
oriunda de Santa Teresa causou o maior
número de minas grandes (1,49), teve
menor mortalidade larval (3,33) e apresentou maior número de pupas fêmea
(7,67) (Tabela 1). Segundo Suinaga et
al. (1999) a cultivar Santa Clara constitui substrato alimentar adequado para
lagartas da traça-do-tomateiro, provavelmente devido às baixas concentrações de substâncias tóxicas ou inibidores
de origem morfológica.
Na cultivar Moneymaker, a população de Camocim de São Félix teve a
maior mortalidade larval (66,67) e um
895
G. R. Moreira et al.
Tabela 2. Medidas de dissimilaridade genética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absoluta, a partir
da distância generalizada de Mahalanobis (Dii’2) de nove caracteres de T. absoluta. Viçosa, UFV, 2001.
População de T.
absoluta
Uberlândia
Acesso de tomateiro
'Moneymaker'
TOM-601
PI 126445
'Santa Clara'
162,803
83,286
101,487
49,409
'Moneymaker'
-
51,615
31,461
48,998
-
39,066
126,233
-
92,703
TOM-601
PI 126445
Viçosa
'Santa Clara'
123,758
'Moneymaker'
-
TOM-601
123,290
81,895
46,117
5,683
196,330
164,677
-
178,158
141,370
PI 126445
Camocim de São
Félix
23,632
403,444
528,470
543,611
'Moneymaker'
-
38,847
59,884
24,642
-
46,821
63,813
PI 126445
-
104,291
'Santa Clara'
203,792
404,198
878,206
221,504
'Moneymaker'
-
136,740
357,703
35,369
118,197
68,920
-
236,061
TOM-601
-
PI 126445
dos menores números de pupas fêmea e
macho (2,67 e 0,67, respectivamente).
Por outro lado, teve pequeno período
larval (5,50) (Tabela 1). De acordo com
Lara (1991) diferenças quanto à duração do período larval são importantes
quando se visa a resistência de plantas
às pragas, visto que, quanto maior esta
fase, maior número de ínstares (estádios
de desenvolvimento) serão necessários
para que se complete o desenvolvimento do inseto e, consequentemente, haverá menor número gerações do inseto.
Deste modo, apesar da vantagem
adaptativa desta população, a população
de insetos possivelmente não aumentará, devido à alta mortalidade.
Na linhagem TOM-601 observou-se
que a população de Santa Teresa causou baixo número de minas pequenas
(5,67), apresentou alta mortalidade
larval (66,67), pequeno número de
pupas macho (0,33) e baixos pesos de
pupas fêmea e macho (1,84 e 0,41, respectivamente) (Tabela 1).
A resistência de ‘Moneymaker’ e
‘TOM-601’ às populações de Camocim
de São Félix e Santa Teresa, respectivamente, pode estar relacionada com a
presença da 2-TD e 2-UD nos tricomas
glandulares tipo VI das folhas, as quais
já foram relacionadas com a resistência
desses acessos à T. urticae
(CHATZIVASILEIADIS et al., 1999;
ARAGÃO et al., 2002).
896
793,998
'Santa Clara'
TOM-601
Santa Teresa
PI 134417
A população de Santa Teresa causou
elevado número de minas pequenas
(54,33) em PI 126445, entretanto, este
acesso pode ser considerado resistente
a esta população devido ao pequeno
número de minas grandes (0,92), alta
mortalidade larval (93,33), pequenos
números de pupas fêmea e macho (0,67
e 0,00, respectivamente) e baixos pesos
de pupas fêmea e macho (0,80 e 0,00,
respectivamente) (Tabelas 1). Este acesso silvestre também manifestou maior
resistência à população de Viçosa, visto
que, apesar de ter causado elevados números de minas grandes (1,17) e pequenas (53,00), esta população apresentou
elevada mortalidade larval (70,00), número e peso relativamente baixos de
pupas fêmea (2,33 e 1,83, respectivamente) e pequenos número e peso de
pupas macho (0,67 e 0,37, respectivamente) (Tabela 1).
Em PI 134417, elevado número de
minas grandes (1,16), número relativamente alto de minas pequenas (23,00) e
pequeno período larval (7,00) foram observados quanto a população de Viçosa
(MG), entretanto, apresentou alta mortalidade larval (73,33) e pequeno número de pupas fêmea (2,33) (Tabelas 1).
Apesar do elevado número de minas grandes causado pela população de
Viçosa em PI 126445 e PI 134417, observaram-se altas mortalidades larvais,
possivelmente devido aos aleloquímicos
presentes nos exudatos dos tricomas
glandulares tipo VI das folhas dessas
espécies (EIGENBRODE et al., 1996;
LEITE et al., 1999) e/ou à presença de
componentes lamelares (EIGENBRODE et al., 1996). Segundo Lara
(1991) o inseto poder se alimentar de
grande quantidade de determinado
substrato, mas este não lhe ser favorável, provocando distúrbios no desenvolvimento e podendo causar até a morte.
O elevado número de minas pequenas em PI 126445 e PI 134417 pode se
devido às lagartas caminhando, sobre a
superfície foliar, à procura de substrato
adequado, uma vez que os aleloquímicos
sesquiterpeno-zingibereno e metilcetonas (2-TD e 2-UD), presentes nesses acessos, são voláteis (FREITAS et
al., 1998; LEITE et al., 1999), ou à existência de substâncias deterrentes à alimentação de T. absoluta no mesófilo
foliar dessas espécies (LIN;
TRUMBLE, 1986).
A dissimilaridade entre os acessos
de tomateiro variou de acordo com a
população da praga com as quais foram
infestados. Na população de Uberlândia,
o par mais similar foi ‘Moneymaker’ e
PI 126445 (31,46) e o mais dissimilar
foi ‘Santa Clara’ e ‘Moneymaker’
(162,80). Na população de Viçosa,
‘Moneymaker’ e TOM-601 foram os
mais similares (5,68), enquanto
‘Moneymaker’ e PI 126445 foram os
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Divergência genética entre acessos de tomateiro infestados por diferentes populações da traça-do-tomateiro
mais dissimilares (196,33). Nas populações de Camocim de São Félix e Santa Teresa, observou-se maior similaridade entre Moneymaker’ e PI 134417
(24,64 e 35,37, respectivamente) e
maior dissimilaridade entre ‘Santa Clara’ e PI 126445 (793,99 e 878,21, respectivamente) (Tabela 2).
A identificação de genitores com
máxima divergência genética tem sido
estudada por muitos autores em programas de melhoramento (SUINAGA et al.,
2003; MACHADO et al., 2002; SUDRÉ
et al., 2005) de modo a maximizar a
heterose manifestada nos híbridos e aumentar a probabilidade de ocorrência de
genótipos superiores nas gerações
segregantes. De acordo com Cruz et al.
(1994) recomenda-se evitar cruzamentos entre indivíduos de mesmo padrão
de similaridade para que a variabilidade não seja restrita a inviabilizar os
ganhos a serem obtidos com a seleção.
Outro fato importante que deve ser
considerado na escolha dos genitores a
serem cruzados é se os mesmos pertencem a grupos diferentes, evitando-se o
cruzamento entre genitores de mesmo
agrupamento
(CARPENTIERIPIPOLO et al., 2000). Com base no
método de otimização de Tocher foram
formados 2; 3; 2 e 3 grupos, quando os
acessos de tomateiro foram infestados
pelas populações de Uberlândia, Viçosa, Camocim de São Félix e Santa Teresa, respectivamente.
Quando infestadas pela população
de Uberlândia, foram alocados em um
grupo ‘Moneymaker’, TOM-601 e PI
126445 e em outro grupo a cultivar Santa Clara e PI 134417. Quando infestadas pela população de Viçosa,
‘Moneymaker’ e TOM-601 ficaram em
um grupo distinto das espécies silvestres PI 126445 e PI 134417, e em outro
grupo distinto a cultivar Santa Clara.
Quando a infestação foi feita com a população de Camocim de São Félix, observou-se mais uma vez que a cultivar
Santa Clara teve comportamento diferencial entre os acessos de tomateiro,
ficando em grupo isolado. Quando infestadas pela população de Santa Teresa, ‘Moneymaker’ e TOM-601 e o acesso silvestre PI 134417 constituíram
mesmo grupo, ficando em grupos distintos ‘Santa Clara’ e PI 126445 (TabeHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 3. Agrupamento dos acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações
de Tuta absoluta pelo método de Tocher, com base na dissimilaridade expressa pela distância generalizada de Mahalanobis. Viçosa, UFV, 2001.
População de T.
absoluta
Uberlândia
Viçosa
Grupo
Acessos de tomateiro
I
'Moneymaker', PI 126445, TOM-601
II
'Santa Clara', PI 134417
I
'Moneymaker', TOM-601
II
PI 126445, PI 134417
III
'Santa Clara'
Camocim de São
Félix
I
'Moneymaker', PI 134417, TOM-601, PI 126445
II
'Santa Clara'
Santa Teresa
I
'Moneymaker', PI 134417, TOM-601
II
PI 126445
III
'Santa Clara'
la 3). Pode-se concluir, com esses resultados, que a cultivar Santa Clara foi
a mais divergente em relação aos demais
acessos de tomateiro, ficando em grupo
isolado quando infestada por três das
quatro populações de T. absoluta.
Apesar de ter sido observada
dissimilaridade genética intra e inter
grupos, no presente trabalho não foi
possível recomendar cruzamentos promissores entre os acessos de
Lycopersicon estudados, devido ao fato
destes não terem apresentado resistência simultânea às distintas populações
da traça-do-tomateiro. Num programa
de melhoramento é interessante que se
leve em consideração a variabilidade do
inseto, porém a obtenção da cultivar de
tomate não pode ser resistente à traçado-tomateiro oriunda de apenas uma
localidade específica. Todavia, pode-se
inferir que ‘Moneymaker’ e TOM-601
podem ser utilizadas em programas de
melhoramento que objetivam a obtenção de plantas de tomate resistentes à T.
absoluta, pois foram, em geral, mais
próximas geneticamente de PI 126445
e/ou PI 134417, portanto, menos suscetíveis às populações da praga que a cultivar Santa Clara.
Com relação à importância relativa
dos caracteres para a divergência genética entre Lycopersicon spp., segundo o
método de Singh (1981), os caracteres
com maior influência na distância generalizada de Mahalanobis foram mortalidade larval e número de pupas fêmea, quando estes foram infestados pelas populações de Uberlândia e Santa
Teresa (47,06% e 44,38% e, 45,57% e
33,32%, respectivamente). Quando infestados pelas populações de Viçosa e
Camocim de São Félix as maiores contribuições foram do número de pupas
macho e mortalidade larval (40,19% e
23,29% e, 42,76% e 26,41% respectivamente) (Tabela 4).
Quando os acessos de tomateiro foram infestados pela população da traçado-tomateiro
proveniente
de
Uberlândia, os caracteres menos importantes para a divergência foram período
larval e peso de pupas macho (0,14% e
0,26%, repetitivamente). Quando infestados pela população de Viçosa, os
caracteres menos importantes foram
peso de pupas macho e peso de pupas
fêmea (0,20% e 0,56%). Em relação à
população de Camocim de São Félix os
caracteres menos importantes foram número de minas pequenas e período larval
(0,12% e 0,66%) e, em relação à população de Santa Teresa os caracteres menos
importantes foram período larval e razão
sexual (0,12% e 0,19%) (Tabela 4).
O número de caracteres avaliados na
seleção de genótipos é de suma importância em programa de melhoramento.
Caracteres que contribuem pouco para
a divergência podem ser eliminados aumentando a eficiência da seleção. Com
base no método de descarte de variáveis
proposto por Garcia (1998) constatouse que os caracteres período larval e peso
de pupas macho não podem ser eliminados em futuras avaliações de resistência à população da traça-do-tomateiro
proveniente de Uberlândia, devido a
mudança no agrupamento original. Todavia, o período larval pode ser elimi897
G. R. Moreira et al.
Tabela 4. Contribuição relativa (%) de nove caracteres de Tuta absoluta para a divergência
genética entre acessos de tomateiro sob infestação de diferentes populações de Tuta absoluta, utilizando-se a metodologia de Singh. Viçosa, UFV, 2001.
Caracteres de T.
absoluta
MG
(1)
População de T. absoluta
Uberlândia
Viçosa
Camocim de
São Félix
Santa Teresa
0,92
1,34
1,89
2,87
MP
0,96
1,64
0,12
1,16
ML
47,06
23,29
26,41
45,57
PL
0,14
3,98
0,66
0,12
NPF
44,38
6,46
14,35
33,32
NPM
3,35
40,19
42,76
13,50
RS
1,00
21,79
1,04
0,19
PPF
1,51
0,56
7,34
3,67
PPM
0,26
0,20
4,45
1,55
MG = logaritmo do número de minas grandes (comprimento ≥ 0,5cm); MP = número de
minas pequenas (comprimento < 0,5cm); ML = mortalidade larval (%); PL = período larval
(2º ao 4º estádio de desenvolvimento) (dias); NPF = número de pupas fêmea; NPM =número
de pupas macho; RS = razão sexual (número de fêmeas/ total de indivíduos); PPF = peso de
pupas fêmea (mg); PPM = peso de pupas macho (mg)
(1)
nado em avaliações de resistência às populações de Camocim de São Félix e Santa
Teresa, e o peso de pupas macho pode ser
eliminado quando as plantas forem avaliadas quanto à resistência a população de
Viçosa. Em avaliações envolvendo as populações de Viçosa, Camocim de São
Félix e Santa Teresa também podem ser
eliminados os caracteres peso de pupas
fêmea, número de minas pequenas e razão sexual, respectivamente.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela concessão da bolsa
de estudo à primeira autora e à Universidade Federal de Viçosa, pela
disponibilização da estrutura física e
profissional.
LITERATURA CITADA
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2005.544 p.
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cobertura de canteiro no cultivo da alface. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.899-903, out-dez 2005.
Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface
Valter C. de Andrade Júnior1,4; Jony E. Yuri2; Ubirajara R. Nunes1; Fernando L. Pimenta3; Christiano de
S.M. de Matos3; Francisco C. de A. Florio3; Dermival M. Madeira3
1
Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FCA, Depto. Agronomia, R. da Glória, 187, Centro, 39100-000 Diamantina-MG;
UFLA, DAG, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Universidade Vale do Rio Verde, UNINCOR, Av. Castelo Branco, 82, Centro,
37410-000Três Corações-MG; 4E-mail: [email protected]
2
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes coberturas de
canteiro sobre as características agronômicas de cultivares de alface
(Lactuca sativa L.) tipo lisa, foi realizado um experimento na Universidade Vale do Rio Verde em Três Corações (MG). O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em esquema
fatorial 5 x 2, proveniente da combinação de cinco tipos de cobertura (plástico preto, capim braquiária seco, casca de arroz, casca de café
e solo nu) e duas cultivares de alface tipo lisa (Regina e Elisa), com 3
repetições. A colheita foi realizada 42 dias após o transplantio, sendo
avaliados a produção total (t ha-1), produção comercial, massa média
por planta, diâmetro médio de cabeça, diâmetro médio de caule, número médio de folhas e massa média de raiz. Foi observada interação
significativa entre tipos de cobertura x cultivares somente para a característica massa média de raiz, tendo a cultivar Elisa apresentado
maior massa média de raiz quando utilizadas as coberturas com casca
de café e casca de arroz. A cobertura com casca de café foi a que
proporcionou os melhores resultados, superando os demais tipos de
cobertura para todas as características avaliadas. A cultivar Regina foi
superior à Elisa em quase todas as características estudadas, exceto
para diâmetro médio de caule onde não foi observada diferença significativa entre as cultivares. ‘Elisa’ também apresentou maior massa
média de raiz que a cultivar Regina.
Evaluation of mulch types on lettuce production
An experiment was carried out at Universidade Vale do Rio
Verde, Minas Gerais State, Brazil, to evaluate the effect of bed
coverages on the agronomic characteristics of lettuce cultivars. The
experimental design was of randomized complete blocks in a 5 x 2
factorial scheme with five types of mulch (black plastic; dry
braquiaria grass; rice husk; coffee husk and nude soil), two leaf lettuce
cultivars (Regina and Elisa) and three replications. Plants were
harvested 42 days after the transplanting date. The total and
commercial yield, average fresh plant plant weight, head average
diameter, stem average diameter, leave average number and the root
fresh weight were evaluated. Only for the root average weight was
observed significant interaction between coverage types and cultivars.
The cv. Elisa presented the highest root average weight when the
coffee or rice husk were used. The coffee husk proportioned the best
results. This coverage exceeded all others in all the evaluated
characteristics. The cv Regina was superior to Elisa in almost all
studied characteristics, except in stem average diameter where no
significant difference was detected between cultivars. ‘Elisa’
presented higher root weight than ‘Regina’.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., coberturas de solo, produção.
Keywords: Lactuca sativa L., soil coverages, yield.
(Recebido para publicação em 22 de julho de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
N
a região sul de Minas concentrase grande número de produtores de
alface, os quais, em sua maioria, utilizam algum tipo de material como cobertura de canteiro. Entretanto, existe
pouca informação sobre os materiais
disponíveis na região e que podem ser
utilizados como cobertura de solo.
Tanto a cobertura com plástico quanto com restos vegetais têm sido exploradas com os objetivos de reduzir a evaporação da água na superfície do solo;
diminuir as oscilações de temperatura
do solo (ARAÚJO et al., 1993); permitir o controle de plantas invasoras; oferecer proteção aos frutos, evitando seu
contato direto com o solo; obter maior
precocidade da colheita e capacidade de
influir diretamente, de maneira positiva, sobre a incidência de pragas e doenças (CASTELLANE, 1995). Os restos
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
vegetais contribuem ainda como reserva considerável de nutrientes, cuja
disponibilização pode ser rápida e intensa, dependendo, dentre outros fatores, do regime de chuvas (ROSOLEM
et al. 2003); da relação C/N
(ROBINSON, 1988) além de reduzir a
lixiviação dos nutrientes e a
compactação do solo.
Avaliando a utilização de materiais
como cobertura morta do solo no cultivo de pimentão, Queiroga et al. (2002)
verificaram que o diâmetro, número,
massa de fruto e a produção foram afetados pela cobertura morta, sendo a palha de carnaúba superior aos demais
materiais usados como cobertura. Segundo os autores, este fato deve-se à
melhor conservação da umidade do solo,
menor incidência de plantas daninhas,
redução da temperatura do solo e ao for-
necimento de nutrientes às plantas, devido a sua rápida decomposição.
Ao avaliar o efeito da cobertura
morta sobre o comportamento de cultivares de alface no município de
Mossoró, Maia Neto (1988) verificou
que a cobertura morta proporcionou
aumentos na produção e na massa média de plantas das cultivares Brasil 221,
Babá de Verão e Vitória, e também reduziu a massa de matéria fresca das
plantas invasoras.
De acordo com Reghin et al. (2002),
o uso da cobertura com agrotextil preto
proporcionou maior produção de alface
(cv. Veneza Roxa) quando comparado à
cobertura com palha de arroz, (153,68
g e 127,71 g, respectivamente). A palha
de arroz picada não apresentou resposta favorável como cobertura de canteiro, pois permitiu o desenvolvimento de
899
V. C. Andrade Júnior et al.
várias espécies de plantas daninhas. Já
o agrotextil preto foi eficiente no controle de plantas daninhas, promovendo
melhor desenvolvimento e produção de
plantas com maior massa. Tanto o uso
da palha de arroz quanto solo nu resultaram em decréscimo na massa fresca
da cabeça de 18,12 e 13,62%, respectivamente, em relação ao agrotextil preto. Provavelmente, a presença de plantas daninhas interferiu na formação e na
massa fresca da cabeça de alface.
No cultivo da alface, Andreani
Júnior e Galbiati Neto (2003) avaliaram
a influência de vários tipos de cobertura de solo sobre a produtividade e verificaram que as coberturas com bagaço
de cana e palha de arroz proporcionaram maiores ganhos de peso das plantas, 710,0 e 669,5 gramas, respectivamente, quando comparada ao tratamento terra nua sem capina (355,6 g) e ao
tratamento em que se utilizou plástico
transparente (280,4 g).
A utilização da cobertura de solo no
cultivo da alface tem se mostrado fator
determinante no aumento da produção
e na qualidade do produto. No entanto,
para que a utilização da cobertura seja
viável é preciso que novas alternativas
de cobertura, disponíveis na região de
cultivo, sejam avaliadas.
Este trabalho teve como objetivo
avaliar os efeitos de diferentes tipos de
cobertura de canteiro sobre a produção
e qualidade de duas cultivares de alface
tipo lisa.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Olericultura da Universidade Vale
do Rio Verde (UNINCOR), Três Corações, MG, de 24/09 a 05/12/2003. O clima, de acordo com a classificação de
Koppen, é Cwb, ou seja, temperado chuvoso, com temperatura média do mês
mais quente inferior a 22° C. O solo predominante na área é classificado como
Latossolo Vermelho distroférrico, textura argilosa com características: pH
H2O: 5,5; P disponível = 1,2 mg/dm3; K
disponível = 22 mg/dm3; H+Al3+ = 5,0
mg/dm3; Al3+ = 0,2 cmolc/dm3; Ca2+ =
2,9 cmolc/dm3; Mg2+ = 1,9 cmolc/dm3;
SB= 4,9 cmolc/dm3; CTC = 9,9 cmolc/
dm3; MO = 2,4g/dm3.
900
O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 5 x 2, proveniente da combinação de cinco tipos de coberturas de
canteiro: [Brachiaria decumbens (capim
braquiária seco); Oryza sativa L. (casca de arroz); Coffea arabica L. (casca
de café); plástico preto com densidade
de 50 micra e testemunha (sem cobertura)] e duas cultivares de alface tipo lisa
(Regina e Elisa), com 3 repetições.
As mudas foram produzidas sob estufa plástica em bandejas de isopor de
128 células contendo substrato artificial
Plantimax e transplantadas 30 dias
após a semeadura, em canteiros com
1,25 m de largura e 20 cm de altura, espaçados 30 cm um do outro. Foram utilizadas 5 fileiras por canteiro, sendo as
parcelas compostas por 25 plantas, espaçadas 0,25 m, totalizando 1,56 m2 por
parcela. Foi utilizada como área útil as
nove plantas centrais de cada parcela,
ocupando área de 0,56 m2. Antes do
transplante os canteiros receberam as
coberturas orgânicas que apresentavam
espessura de aproximadamente 5 cm e
a cobertura com plástico preto. Os canteiros foram preparados manualmente e
durante o preparo foram aplicados 200
g m-2 de calcário dolomítico. A adubação de plantio foi com composto orgânico na dose de 40 t ha-1, não sendo utilizada nenhuma formulação química.
Aos 25 dias após o transplantio foi
realizada adubação em cobertura com a
formulação 20-00-20, na dose de 60 kg
ha-1. Foram realizadas capinas manuais
nas parcelas onde ocorreram infestações
com plantas daninhas e a irrigação foi
feita diariamente. A irrigação foi realizada por aspersão elevando-se o teor de
água no solo próximo à capacidade de
campo, durante todo o ciclo da cultura.
Não houve necessidade de aplicação de
defensivos para o controle de pragas e
doenças.
A colheita foi realizada 42 dias após
o transplantio, sendo avaliadas características de produção e de qualidade das
plantas. A produção total foi obtida pela
soma da massa total da parte aérea de
todas as plantas da área útil de cada parcela, sendo expressa em t ha-1. A produção comercial foi determinada após a
retirada das folhas externas que apresentavam coloração amarela ou algum tipo
de injúria. Depois procedeu-se a soma
da massa comercial de todas as plantas
da área útil de cada parcela, sendo também expressa em t ha-1. A massa média
por planta foi obtida dividindo-se a massa total das plantas pelo número total
de plantas da área útil da parcela, e os
resultados expressos em g. O diâmetro
médio de cabeça foi obtido por medição da parte mais compacta da cabeça,
não considerando as folhas externas das
plantas. O diâmetro médio do caule foi
determinado após a colheita das plantas
com raízes, sendo a medida feita logo
abaixo das primeiras folhas, utilizandose um paquímetro. O número médio de
folhas foi obtido após a obtenção de todos os dados referentes às outras avaliações. Foram retiradas todas as folhas
comerciais de cada planta da parcela útil
e obtido o número médio de folhas. A
massa média de raiz foi obtida por pesagem do sistema radicular de todas as
plantas da área útil. Foi considerado nos
resultados, para todas as características
avaliadas, a média das nove plantas centrais, correspondente a área útil de cada
parcela.
A análise de variância foi utilizada
na avaliação dos tipos de cobertura e de
cultivares para as características estudadas aplicando-se o teste Scott e Knott
a 5% de probabilidade para a comparação das médias. Os dados de número
médio de folhas foram transformados
em √x antes da análise, sendo apresentados nos resultados os valores das médias. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram observados efeitos significativos do tipo de cobertura do canteiro e
de cultivares sobre todas as características analisadas, exceto para a característica diâmetro médio de caule, onde não
foi observada diferença significativa entre as cultivares. Os resultados não evidenciaram efeitos significativos da
interação tipo de cobertura x cultivar para
as características avaliadas, com exceção
da massa média de raiz (Tabela 1).
As produções total e comercial variaram, respectivamente, de 35,63 a
30,71 t ha-1 e de 70,67 a 61,59 t ha-1. A
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Emprego de tipos de cobertura de canteiro no cultivo da alface
cobertura de canteiro com casca de café
superou os demais tipos de cobertura em
todas as características estudadas, proporcionando às cultivares produção total e comercial, massa média por planta
e número médio de folhas, 77,43%,
77,19%, 77,51% e 29,68% superiores às
médias dos demais tipos de cobertura.
Andreani Júnior e Galbiati Neto (2003),
trabalhando com alface, não observaram
diferenças significativas entre o efeito
da cobertura com palha de café e plástico preto para as características peso das
plantas e número de folhas. Ao avaliar
diferentes tipos de coberturas de solo no
desenvolvimento da alface, Verdial et al.
(2001) observaram que a utilização de
cobertura plástica do tipo dupla face
proporcionou os maiores valores médios
de produção.
No presente estudo, o material orgânico “casca de café” superou o material sintético “plástico preto” em todas
as características avaliadas. Esse resultado é importante, principalmente para
a região do sul de Minas, pois nesta área
além de existir grande disponibilidade
de casca de café também concentra-se
grande número de pequenos produtores
de alface.
Não foram observadas diferenças
significativas entre os efeitos dos demais
tipos de cobertura (capim braquiária
seco, casca de arroz, plástico preto e solo
sem cobertura) sobre as características
estudadas, exceto para massa média por
planta onde a cobertura com casca de
arroz proporcionou um acúmulo de
massa na planta significativamente
maior que o tratamento com capim
braquiária seco, plástico preto e solo sem
cobertura. Para as demais características, as coberturas com capim braquiária
seco, casca de arroz e plástico preto
apresentaram efeitos semelhantes aos
observados para o cultivo em solo sem
cobertura. Portanto, no presente trabalho estes tratamentos não resultaram em
benefícios para a produção. Zizas et al.
(2002b) observaram que o uso de casca
de arroz reduziu o peso médio das plantas da cultivar Regina. Neste mesmo trabalho o número de folhas/planta no tratamento solo sem cobertura foi significativamente menor que o verificado nas
coberturas com plástico vermelho e
branco, porém, não diferiu estatisticaHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Produção total, produção comercial, massa média por planta, diâmetro médio de
cabeça, diâmetro médio de caule, número médio de folhas e massa média de raiz de duas
cultivares de alface tipo lisa cultivadas em diferentes tipos de cobertura de canteiro. Três
Corações, UNINCOR, 2003.
Cultivares
Tipos de cobertura* *
Regina
Elisa
Média¹
Produção total (t ha-1)* * - CV= 10,29%
Casca de café
73,59
67,75
70,67 a
Casca de arroz
47,96
41,32
44,64 b
Capim braquiária seco
43,69
35,73
39,71 b
Plástico preto
47,77
30,86
39,32 b
Solo sem cobertura
42,78
28,49
35,63 b
Média¹
51,16 A
40,83 B
Produção comercial (t ha-1) * * - CV= 12,13%
Casca de café
65,46
57,71
61,59 a
Casca de arroz
42,28
35,52
38,90 b
Capim braquiária seco
38,83
30,91
34,87 b
Plástico preto
42,22
26,90
34,56 b
Solo sem cobertura
36,92
24,50
30,71 b
Média¹
45,14 A
35,11 B
Massa média por planta (g)* * - CV= 10,25%
Casca de café
0,460
0,423
0,442 a
Casca de arroz
0,300
0,258
0,279 b
Capim braquiária seco
0,273
0,223
0,248 c
Plástico preto
0,299
0,193
0,246 c
Solo sem cobertura
0,267
0,178
0,223 c
Média¹
0,320 A
0,255 B
Diâmetro médio de cabeça (cm) * * - CV= 9,66%
Casca de café
23,85
20,37
22,11 a
Casca de arroz
20,41
16,44
18,43 b
Capim braquiária seco
19,93
15,70
17,82 b
Plástico preto
20,93
16,85
18,89 b
Solo sem cobertura
20,63
15,41
18,02 b
Média¹
21,15 A
16,96 B
Diâmetro médio de caule (cm) ns - CV= 10,90%
Casca de café
2,54
2,74
Casca de arroz
2,03
2,16
2,64 a
2,09 b
Capim braquiária seco
1,91
1,87
1,90 b
Plástico preto
2,16
2,00
2,08 b
Solo sem cobertura
2,04
1,69
1,87 b
Média¹
2,13 A
2,09 A
Número médio de folhas * * - CV= 4,91%
Casca de café
32,93
27,89
30,41 a
Casca de arroz
26,70
22,37
24,54 b
Capim braquiária seco
24,04
19,26
21,65 b
Plástico preto
27,85
20,45
24,15 b
Solo sem cobertura
26,07
20,82
23,45 b
Média¹
27,52 A
22,16 B
Massa média de raiz (g) * * - CV= 16,45%
Casca de café
15,44 aB
21,63 aA
18,54 a
Casca de arroz
11,15 aB
15,55 bA
13,35 b
Capim braquiária seco
9,00 aA
12,51 bA
10,76 b
Plástico preto
12,52 aA
12,15 bA
12,34 b
Solo sem cobertura
12,48 aA
10,22 bA
11,35 b
Média¹
12,12 B
14,41 A
**Significativo a 1% pelo teste F; nsnão significativo; 1Médias seguidas por letras minúsculas nas colunas e por letras maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Scott e
Knott.(α=0,05).
901
V. C. Andrade Júnior et al.
mente dos tratamentos com plástico preto e casca de arroz. Os autores observaram que a temperatura média do solo
coberto com casca de arroz foi igual a
do solo sem cobertura, 23,9oC, e as coberturas com plástico vermelho e preto
foram as que propiciaram maiores temperaturas média do solo, 25,3 oC e
25,0oC, respectivamente. Avaliando as
cultivares de alface Brisa, Simpson,
Verônica, Regina 579, Vera e Tainá, em
diferentes coberturas de solo, (ZIZAS
et al., 2002a), verificaram que a cultivar Regina 579 apresentou maior diâmetro do caule e maior número de folhas e que o uso de plásticos preto e vermelho resultou em menor massa média
e produtividade por planta. Os autores
relatam que estes resultados podem estar associados às ocorrências de maiores temperaturas do solo provocadas
pela cobertura com estes plásticos em
relação aos demais tipos de cobertura.
Resultados semelhantes foram encontrados por Chaves et al. (2003) os quais
relataram o efeito do plástico em aumentar a temperatura do solo a níveis de afetar o metabolismo da planta, interferindo no seu crescimento e desenvolvimento. Segundo Goto (1998), o uso de cobertura com plástico em alface deve ser
avaliado para cada região de cultivo,
uma vez que o aumento da temperatura
do solo pode afetar o desenvolvimento
de raízes e, por conseguinte, a absorção
de nutrientes. Verdial et al. (2001) verificaram que a temperatura do solo coberto com plástico preto foi 25,12oC,
1,56oC e 1,72oC, respectivamente, maior
que as temperaturas observadas para os
tratamentos sem cobertura, sem capina
e sem cobertura com capina quinzenal.
Um fator que deve ser considerado,
embora não tenha sido avaliado, é a concentração e liberação de K da casca de
café para o solo. Conforme relatam
Guimarães et al. (2002), a casca de café
contém alto teor de K, em média 3,75
dag. g-1 de K2O, sendo um resíduo da
cafeicultura utilizado na adubação dos
cafezais com o objetivo de repor o K
extraído pelas plantas.
Segundo Rosolem et al. (2003) as
espécies que acumularam K foram as
que liberaram este elemento em maior
quantidade. Sendo a casca de café rica
em K pode-se afirmar que a superiori902
dade da cobertura de canteiro com casca de café em relação aos demais tipos
de cobertura pode estar relacionada à
maior disponibilização de K para as
plantas, contribuindo, conseqüentemente, para o melhor desenvolvimento das
mesmas. Malavolta (1980) relata que
mais de 80% do K encontra-se na forma solúvel na planta, sendo, portanto,
passível de lixiviação.
A cultivar Regina foi superior à Elisa
em produção total e comercial, massa
média por planta, diâmetro médio de cabeça e número médio de folhas. Em média, a cultivar Regina apresentou produção total e produção comercial, 25,30%
e 28,57%, maiores que a cultivar Elisa
(Tabela 1). A massa média por planta e o
diâmetro médio de cabeça da cultivar
Regina foram 25,5% e 24,71%, respectivamente, superior ao da cultivar Elisa.
O número médio de folhas da cultivar
Regina (27,52) foi significativamente
maior (24,19%) que o da cultivar Elisa
(22,16 folhas). Esses dados corroboram
com os obtidos por Zizas et al. (2002b),
em que a cultivar Regina apresentou
maior número de folhas/planta e diâmetro de caule em relação à Elisa.
Não foi observada diferença significativa entre as cultivares para a característica diâmetro médio de caule (Tabela 1). Já a cultivar Elisa apresentou
maior massa média de raiz, (14,41 g),
em relação à Regina, (12,12 g), uma diferença de 18,89%.
A interação significativa dos tipos de
cobertura x cultivares para a característica massa média de raiz (Tabela 1)
mostra que para a cultivar Regina não
foi observada diferença significativa
entre os efeitos dos diferentes tipos de
cobertura de canteiro. Já para a cultivar
Elisa, a cobertura com casca de café foi
superior às médias dos demais tratamentos, em 71,53%, tendo a mesma proporcionado 21,63 g de massa média de raiz.
Observou-se que a cultivar Elisa apresentou maior massa média de raiz quando foram utilizadas as coberturas com
casca de café e casca de arroz, respectivamente, 40,09% e 39,46%. Não foram observadas diferenças significativas entre cultivares para os demais tipos de cobertura de canteiro.
A diferença significativa do fator
cultivar é esperada, pois a produção de
uma cultivar é função de seu genótipo e
da interação genótipo x ambiente
(QUEIROGA et al., 2001; SILVA et al.,
2000).
Conclui-se que a cobertura de canteiro com casca de café proporcionou o
melhor crescimento e desenvolvimento
da alface. Entre as cultivares, a Regina
foi superior à Elisa quanto às características de produção total, produção comercial, massa média por planta, diâmetro médio de cabeça e número médio de folhas. Entretanto, a cultivar Elisa
apresentou maior massa média de raiz
em relação à Regina. A maior massa
média de raiz da cultivar Elisa não influenciou as demais características avaliadas, baseando-se na hipótese de que
uma maior massa média de raiz proporcionaria maiores produção total e comercial, massa média por planta, diâmetro
médio de cabeça e do caule e maior número médio de folhas, por explorar
melhor o solo, e consequentemente, absorver mais água e nutrientes. Este fato
pode estar relacionado a maior eficiência da cultivar Regina em absorver água
e nutrientes, pois esta foi superior à Elisa
para a maioria das características avaliadas. Em termos de massa média de
raiz, a cultivar Elisa apresentou melhores resultados quando as coberturas de
canteiros utilizadas foram casca de café
e casca de arroz.
LITERATURA CITADA
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903
FONSECA, L.N.; INOUE-NAGATA, A.K.; NAGATA, T.; SINGH, R.P.; ÁVILA, A.C. Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR.
Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.904-910, out-dez 2005.
Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR
Leonardo N. Fonseca1; Alice K. Inoue-Nagata2; Tatsuya Nagata3; Rudra P. Singh4; Antonio Carlos de Ávila2
1
Universidade Vale do Rio Doce, Av. Israel Pinheiro 2000, 35100-000 Governador Valadares-MG; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218,
70359-970 Brasília-DF ; 3Universidade Católica de Brasília, 70790-160 Brasília-DF; 4Potato Research Centre, Agriculture and Agri-Food
Canada, P.O. Box 20280, Fredericton, NB, Canada E3B 4Z7
RESUMO
ABSTRACT
O Potato virus Y (PVY) tornou-se o maior problema nas áreas
de produção de batata semente do Brasil. Somente as estirpes comum (PVYO) e necrótica (PVYN) eram detectadas infectando batata
no Brasil. Esta situação mudou drasticamente a partir de 1997 quando um surto epidêmico de uma variante da estirpe necrótica de PVY
causando arcos e anéis necróticos na superfície do tubérculo
(PVYNTN) foi observado no país. Este estudo visou avaliar e validar
uma metodologia de diferenciação de estirpes que causam necrose
em tubérculos, proposta por Weilguny e Singh (1998). Vinte e oito
isolados de PVY originários de tubérculos infectados de batata, provenientes de quatro estados brasileiros, foram analisados em sua
reação em plantas de fumo, por Elisa, utilizando anti-soro policlonal
e pelo método 3-primer RT-PCR. Quatro isolados induziram
clareamento de nervuras e manchas peroladas em folhas de Nicotiana
tabacum conforme esperado para a estirpe comum. Os 24 isolados
restantes induziram necrose de nervuras neste hospedeiro portanto,
classificados como da estirpe necrótica. Todos os 28 isolados de
PVY reagiram positivamente contra o anti-soro policlonal de PVY
por Elisa. Três métodos de extração de RNA foram testados, sendo
que o método de hidrocloreto de guanidina mostrou-se o mais eficiente e de menor custo. Dos 28 isolados submetidos ao RT-PCR,
um isolado de Santa Catarina e três do Rio Grande do Sul foram
diferenciados como PVYO, confirmando os resultados do teste biológico. Um isolado de PVYN foi detectado no Estado de Santa
Catarina e quatro no Rio Grande do Sul. O PVYNTN foi detectado em
Minas Gerais (seis isolados), Santa Catarina (três isolados) e São
Paulo (dez isolados). Estes resultados confirmam a presença dessa
variante necrótica, PVYNTN, nas principais regiões produtoras de
batata do Brasil.
Palavras-chave: Solanum tuberosum, vírus Y da batata, reação em
cadeia da polimerase, potyvírus.
RT-PCR For differentiation of Potato virus Y strains in potato
The Potato virus Y (PVY) has become the major virus problem
in seed potato growing areas of Brazil. Only necrotic and ordinary
PVY strains were found infecting potatoes in Brazil. This situation
drastically changed around 1997 when an epidemic of a PVY necrotic
variant causing necrotic rings on the potato tuber surface was
observed in the country. This study aimed to test the tuber necrotic
strain differentiation method proposed by Weilguny & Singh (1998).
Twenty eight PVY isolates originated from infected tubers and leaves
from four Brazilian States were analyzed by host reaction after
inoculation in tobacco, by ELISA using polyclonal antiserum and
by the 3-primer RT-PCR method. The ordinary strain type isolates
induced vein clearing and chlorotic pearl spots on Nicotiana tabacum
leaves. All 24 remaining isolates inducing vein necrosis in leaves
were classified as necrotic strains. All 28 PVY isolates positively
reacted to PVY polyclonal antiserum by Elisa. Three RNA extraction
methods were compared and the guanidine hydrochloride method
was the most efficient and of the lowest cost. One isolate from Santa
Catarina State and three from Rio Grande do Sul out of 28 PVY
isolates submitted to RT-PCR method were differentiated as PVYO,
confirming the biological test. One isolate of PVYN was detected
from Santa Catarina and four from Rio Grande do Sul State. The
PVYNTN was detected in Minas Gerais (six isolates), Santa Catarina
(three isolates) and São Paulo (ten isolates). These results confirmed
the presence of this new variant, PVYNTN in the main potato growing
areas of Brazil.
Keywords: Solanum tuberosum, Potato virus Y, virus, polymerase
chain reaction, potyvirus.
(Recebido para publicação em 30 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005)
A
batata é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil. Em 2003
a produção brasileira foi de aproximadamente três milhões de toneladas em
uma área de 149.000 ha (FAO, 2004).
Dentre os problemas fitossanitários da
cultura ressaltam-se as viroses,
notadamente aquelas causadas pelo
Potato virus Y (PVY), da família
Potyviridae (VAN REGENMORTEL et
al., 2000). No Brasil, na última década,
o PVY vem acarretando infecções que
variam de 30 a 100% do campo, dependendo das estirpes presentes nas plantas, da cultivar envolvida, da idade da
904
planta infectada, bem como das condições ambientais (SOUZA-DIAS, 2001).
Três estirpes de PVY são conhecidas: PVYC, PVYO e PVYN (DE BOKX;
HUTTINGA, 1981) entretanto, mais
recentemente surtos epidêmicos de uma
nova variante necrótica, o PVYNTN, vêm
sendo relatados em vários países como
Alemanha, Hungria, Tchecoslovaquia,
Áustria, Iugoslávia, França, Bélgica,
Estados Unidos e Brasil (BECZNER et
al. 1984; WEILGUNY; SINGH, 1998;
SOUZA-DIAS et al. 2004). A nova variante necrótica, o PVYNTN, foi descrita
primeiramente na Hungria por Beczner
et al. (1984) e no Brasil foi notificada
oficialmente ao Ministério da Agricultura em novembro de 1997 pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). As
estirpes de PVYO e PVYN foram relatadas no Brasil por volta de 1939 por
Silberschmidt et al. (1941).
Tradicionalmente, a diagnose de PVY
em nível de espécie é feita utilizando testes
sorológicos como Elisa (Enzyme linked
immunosorbent assay) com anticorpos
policlonais ou monoclonais (CLARK;
ADAMS, 1977, SINGH et al. 1993).
Para diferenciação fenotípica de estirpes de PVY, utiliza-se principalmenHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR
te a planta indicadora Nicotiana
tabacum que manifesta sintomas que
vão desde mosaico e necrose até a morte foliar (WEIDEMANN, 1988;
SINGH, 1992). A estirpe PVYO causa
em plantas de N. tabacum clareamento
das nervuras e, posteriormente, manchas
peroladas no limbo foliar. A estirpe
PVYN e sua variante PVYNTN causam
necrose na mesma hospedeira. A variante PVYNTN pode também induzir em tubérculos de batata arcos e anéis
necróticos, sintomas esses ausentes em
tubérculos de plantas infectadas com a
estirpe PVYN (BECZNER et al., 1984;
LE ROMANCER; NEDLLEC, 1997;
SOUZA-DIAS, 2001). Em folhas de
batata, sintomas de infecção por PVY
variam de mosaico leve a severo, podendo causar necrose nas hastes, limbo
ou nervuras das folhas.
Com a finalidade de distinguir as
estirpes PVYN e PVYNTN, Weilguny e
Singh (1998) propuseram uma
metodologia baseada no método de
transcrição reversa (RT) e amplificação
por meio da reação em cadeia da
polimerase (PCR) do genoma viral, no
qual utiliza-se uma combinação de três
oligonucleotídeos. Esta metodologia
denominada de 3-primerRT-PCR permite diferenciar a estirpe necrótica (PVYN)
da sua variante (PVYNTN). Outros autores, como Nie e Singh (2002), propuseram um sistema uniplex e multiplex de
distinção de estirpes e variantes de PVY
e Rosner e Maslenin (1999) propuseram
a diferenciação de variantes de PVY por
meio de RT-PCR. Um outro estudo feito para distinção das estirpes PVYN e
PVYNTN foi proposto por Glais et al.
(1996) baseado em padrões de restrição.
Atualmente encontra-se disponível
no mercado um sistema de detecção de
PVYNTN através de RT-PCR produzido
pela empresa Adgen. Este sistema é oneroso e ainda não foi suficientemente
validado para os isolados de PVY no
Brasil.
Uma vez que os anti-soros
policlonais contra PVY hoje amplamente utilizados nos sistemas de certificação
de batata no Brasil não permitem distinguir as estirpes, há uma demanda urgente em disponibilizar uma
metodologia confiável e de baixo custo
para identificar as estirpes PVYO, PVYN
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
e PVYNTN que ocorrem no Brasil. Embora a legislação de batata-semente no
Brasil não diferencie as várias estirpes
de PVY, torna-se necessário um
monitoramento dessa estirpe necrótica
devido à indução do sintoma de necrose
em tubérculo, o que inviabiliza a sua
comercialização. Este trabalho tem
como objetivo avaliar e validar
metodologia de 3-primer RT-PCR proposta por Weilguny e Singh (1998) com
os isolados coletados no Brasil. A escolha desse método baseou-se no fato de
o mesmo já estar sendo utilizado em sistemas de produção de batata na América do Norte e Peru.
MATERIAL E MÉTODOS
Manutenção e identificação
dos isolados de PVY
Cada isolado de PVY foi identificado e mantido na planta indicadora N.
tabacum por meio de inoculação mecânica. Os isolados foram recebidos na
Embrapa Hortaliças de janeiro de 2001
a setembro de 2002. Foram selecionados 28 tubérculos de batata infectados
com e sem sintomas nos tubérculos das
variedades Monalisa, Atlantic, Achat,
Panda e Bintje, oriundas de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul e dois isolados, PVYO e
PVYN, caracterizados por Inoue-Nagata
et al. (2001), totalizando-se 30 isolados
(Tabela 1).
Os isolados foram agrupados e nomeados por sigla do estado de origem,
número do isolado seguido do nome
abreviado da cidade onde foi coletado o
tubérculo.
Teste biológico e sorológico
Foi realizado com a inoculação de
extrato foliar em tampão fosfato a
0,01M, pH 7,0, em plantas de Nicotiana
tabacum TNN e Samsun previamente
polvilhadas com carborundum 600
mesh.
As plantas inoculadas foram avaliadas por sorologia pelo método DASElisa (CLARK; ADAMS, 1977) utilizando anti-soro policlonal contra PVY
produzido na Embrapa Hortaliças.
Extração de RNA total
Foram avaliados três métodos a partir de plantas de fumo infectadas: 1)
método proposto por Weilguny e Singh
(1998) em que 100 mg de extrato foliar
foi adicionado ao tampão Tris–HCl a
0,1M e Na2SO3 a 0,02M, pH 8,3, e o
RNA total foi extraído por tratamento
com fenol/clorofórmio seguido de precipitação com etanol; 2) método Trizol
Reagent (Invitrogen), composto por um
tampão de isotiocianato de guanidina e
fenol. A solução foi misturada a 100 mg
de extrato foliar e o RNA total foi precipitado após a adição de clorofórmio
para a separação das fases. 3) método
de hidrocloreto de guanidina
(LOGEMANN et al., 1987) com a adição de quatro gotas de extrato de folha
em 200 µl de tampão hidrocloreto de
guanidina a 8,0 M. O RNA total foi extraído com fenol/clorofórmio, precipitado com etanol, seguido de lavagens
com acetato de sódio a 3 M, pH 5,2, e
etanol 70%. Após a secagem do precipitado nos três métodos, o RNA total foi
ressuspendido com 50 µl de água e
alíquotas de 10 µl foram armazenadas a
–20oC.
Síntese do cDNA e PCR
Para a avaliação do método de extração, o RNA total foi submetido à
transcrição reversa utilizando-se MMLV
reverse transcriptase (Amersham
Biosciences). As combinações de 3primer RT-PCR utilizados foram PVYO
anti-senso para transcrição reversa e os
oligonucleotídeos PVYO anti-senso e
PVYO senso para PCR (Tabela 2) de
acordo com Singh et al. (1996) gerando
um produto amplificado de 479 pb. Neste experimento foram feitas doze repetições do método Weilguny e Singh
(1998) de extração e cinco repetições de
cada um dos outros dois métodos.
Para o experimento de diferenciação
das estirpes de PVY, foram utilizados
os 28 isolados selecionados e controles
de PVYO BR e PVYNBR (Tabela 1). Não
se utilizou um controle positivo de
PVYNTN devido à impossibilidade legal
de importação de um isolado de PVYNTN
caracterizado no exterior. Para assegurar a confiabilidade do teste, todas as
reações foram realizadas com o mesmo
lote de primers que foram utilizados do
laboratório do Dr. Rudra P. Singh
(Potato Research Centre, Agriculture
and Agri-Food, Canada). Três combinações de primers foram utilizadas nos
905
L. N. Fonseca et al.
Tabela 1. Diferenciação de isolados de PVY em de quatro estados brasileiros. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
RT-PCR4* PY2/
PY1, PY2
PVYO/PVYN/
PVYNTN
Estirpe de PVY
detectada5
+
+
PVYN
+
+
PVYN
-
+
+
PVYN
NN
-
+
+
PVYN
-
NN
-
+
+
PVYN
RS-09(Pe)
-
MP
-
-
+
PVYO
RS-09A(Pe)
-
MP
-
-
+
PVYO
SC-01A(Ca)
-
MP
-
-
+
PVYO
RS-05(Pe)
-
MP
-
-
+
PVYO
SC-02(Ca)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SC-02A(Ca)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SC-14(Ca)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-06(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-07(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-08(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-11(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-12(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-13(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-15(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-16(Vg)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-01(Cp)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
SP-02(Cp)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
MG-01(Ib)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
MG-01(PA)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
MG-02(PA)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
MG-03(PA)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
MG-04(PA)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
MG-05(PA)
+
NN
+
+
+
PVYNTN
PVYOBR
-
MP
-
-
+
PVYO
PVYNBR
-
NN
-
+
+
PVYN
Planta sadia
-
SS
-
-
-
-
Sintomas de
anéis necróticos
em tubérculos
Sintomas em
Nicotiana
tabacum6
SC-01(Ca)
-
NN6
-
RS-03(Pe)
-
NN
-
RS-06(Pe)
-
NN
RS-07(Pe)
-
RS-08(Pe)
Isolado/local¹
RT-PCR²* 1A/ 2A, RT-PCR³* 2A/ 2A,
2S PVYNTN
2S PVYN/ PVYNTN
1
Estado, número do isolado e cidade brasileira de origem (Cidades de origem: Pe=Pelotas, Ca=Canoinhas, Cp=Campinas, Vg=Vargem
Grande do Sul, Ib=Ibiá, Pa=Pouso Alegre); PVYOBR e PVYNBR são isolados utilizados como controles positivos para as estirpes PVYO e
PVYN respectivamente. Em algumas localidades, foram colhidos dois tubérculos de uma mesma planta, de modo que para distinguir um
isolado do outro adicionou-se uma letra ao lado; 2Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/ PCR), seguido
da representação da estirpe amplificada (PVYNTN); 3Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/PCR), seguido da representação da estirpe amplificada (PVYN e PVYNTN); 4Oligonucleotídeos utilizados para a transcrição reversa e amplificação (RT/
PCR), seguido da representação da estirpe a ser amplificada (PVY (PVYO, PVYN e PVYNTN); 5Resultado indicando a estirpe diagnosticada
(PVYO, PVYN e PVYNTN ); O sinal (+) representa presença de banda no gel de eletroforese para a combinação dos oligonucleotídeos nas
reações de RT, PCR e presença de necrose anelar nos tubérculos; O sinal (-) significa ausência de banda ou ausência de necrose anelar nos
tubérculos; 6Sintomas em Nicotiana tabacum mecância. NN : necrose de nervura ; MP : mancha perolada ; SS : sem sintomas.
testes (Tabela 2): para a detecção de todas as estirpes, a RT foi realizada com o
oligonucleotídeo PY2 e PY1/PY2 para
PCR amplificando um fragmento de
DNA de 1,3 Kb. Para a detecção da estirpe necrótica PVYN e da sua variante
necrótica PVY NTN foram usados os
oligonucleotídeos 2A para RT e 2A/2S
para PCR (WEILGUNY; SINGH,
1998), resultando em um fragmento de
906
394 pb; para a detecção somente da variante PVY NTN foram usados os
oligonucleotídeos 1A para RT e 2A/2S
para PCR (WEILGUNY; SINGH, 1998;
SINGH et al, 1998). O tamanho esperado do fragmento foi também de 394 pb
(Tabela 2). Para cada reação de transcrição reversa do RNA viral foi utilizado 2 µl de RNA total na concentração
de 10 mg/µl juntamente com 2 µl de
tampão para transcrição reversa (5x
Amersham), 0,75 µl de PBS-tween 1X,
2 µl de dNTPs a 2,5 mM, 0,5 µl de
primer antisenso (0,1 mg/µl), 0,125 µl
de inibidor de RNase (20 unidades/µl Amersham) e 0,5 µl (100 unidades) de
Maloney murine leukemia virus reverse
transcriptase (USB) para um volume final de 10 µl. O RNA e o primer reverso
foram previamente incubados a 65oC por
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR
5 minutos e subseqüentemente adicionados à mistura que foi incubada por 90
minutos a 37oC para a síntese do cDNA.
Após a obtenção da fita de cDNA,
2 µl da mesma foi adicionado a uma mistura contendo 2,5 µl de tampão com
Tris-HCl, pH 8,3 na concentração de 1,0
mM, 5,32 mM de KCl e 1,6 mM de
MgCl2. Adicionou-se 1 µl de dNTPs (2,5
mM) 0,5 µl de cada primer na concentração de 0,1 µg e 0,125 µl de Taq
polimerase (1,7 unidades - Invitrogen)
para um total de 25 µl de reação. A amplificação ocorreu nas seguintes condições: 95oC por 5 minutos, 30 ciclos com
desnaturação da fita dupla a 95 o C,
anelamento do primer de 55oC (combinação PY1/PY2) ou 63oC (combinação
2A/2S) e extensão a 72oC, todos os passos com duração de 1 minuto. O produto de amplificação por PCR foi aplicado em gel de agarose e observado sob
luz ultra-violeta após tratamento com
solução de 0,5 mg/ml de brometo de
etídeo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sorologia e reação dos isolados de
PVY em plantas indicadoras de N.
tabacum
Vinte e oito isolados de PVY foram
inoculados em N. tabacum para determinação da estirpe a que pertencem. Isolados caracterizados de PVY (PVYOBR
e PVYNBR) foram utilizados como controles.
Os isolados SC-1A(Ca), RS-05(Pe),
RS-08(Pe), RS-09(Pe), RS-09A(Pe) e
PVYOBR causaram em plantas de N.
tabacum Samsun e TNN clareamento de
nervuras a partir de cinco dias pós
inoculação, avançando para manchas
peroladas até 12 dias pós inoculação
(Tabela 1). Estes sintomas são típicos
da estirpe comum PVYO.
Os isolados RS-03(Pe), RS-06(Pe),
RS-07(Pe), RS-08(Pe) PVYNBR, SC01(Ca), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC14(Ca), SP-06(Vg), SP-07(Vg), SP08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP02(Cp), SP-01(Cp), MG-01(Ib), MG01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG04(PA) e MG-05(PA) causaram necrose
de nervuras até 12 dias pós inoculação
ocorrendo perda foliar até 20 dias após
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 2. Seqüências dos primers utilizados e sua localização no genoma viral de PVY.
Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
Primers
Localização¹ (nt) Proteína²
1A- Antisenso 5'-GGTTGACATAATTTTGCTT - 3'
669-652
P1
2A- Antisenso 5'- GCGTGCGATATGTTTTTGC - 3'
607-589
P1
2S- Senso 5'- CAGATTGGTTCCATTGAATGC - 3'
214-234
P1
8362- 8377
NIb
PY2- Antisenso 5'- GGGGGATCCAAATCAGGAGATTC -3'
9704 -9691
3' UTR
PVYO Senso 5'-TGGTGTTCGTGATGTGACCT- 3'
8717- 8736
CP
PVYO- Antisenso 5'-ACGTCCAAAATGAGAATGCC-3'
9196 -9177
CP
PY1- Senso 5'-CCCGGATCCGTCTCCTGATTGAAG - 3'
P1= proteína P1; NIb= Nuclear Inclusion body; 3’ UTR = região 3’ não traduzida; CP = capa
protéica;. 1Localização em relação ao genoma de PVY, acesso U09509; 2Região genômica
de anelamento do primer; Sítio de restrição BamHI encontra-se sublinhado.
inoculação. Estes sintomas são causados por estirpes necróticas de PVYN ou
PVYNTN. Plantas inoculadas apenas com
tampão permaneceram sem sintomas.
O teste DAS-Elisa realizado nas
plantas inoculadas mostrou que todas
estavam infectadas com PVY (dados
não mostrados). Além disso, procedeuse à inoculação mecânica de cada isolado em Datura stramonium com a finalidade de verificar possíveis infecções
mistas com outros vírus. Para todos os
isolados avaliados, as plantas de D.
stramonium não mostraram sintomas.
Escolha do método de extração de
RNA total
Com a finalidade de otimizar o sistema de extração de RNA, três métodos
foram avaliados: Trizol, hidrocloreto de
guanidina e o proposto por Weilguny e
Singh (1998). Seis isolados de PVY
(RS-05, SC-14, SP-11, MG-01(Ib),
PVYO e PVYN) foram selecionados para
esta avaliação. Os isolados foram multiplicados em plantas de Nicotiana
tabacum Samsun para extração do RNA
total. Após a extração do RNA total, o
RNA foi submetido à transcrição reversa
com o primer PVYO anti-senso e subseqüentemente à PCR utilizando o conjunto de primers que amplifica a região
do genoma que codifica a capa protéica
(PVYO anti-senso e PVYO senso) do vírus (Tabela 2).
A comparação da eficiência do método de extração foi feita individualmente pela avaliação do produto de PCR em
gel de agarose (Figura 1). Em todas as
cinco repetições realizadas, o método de
hidrocloreto de guanidina e o Trizol
apresentaram amplificações efetivas e
consistentes (Figura 1). Entretanto, o
método de Weilguny e Singh (1998)
apresentou em geral amplificações
erráticas e de baixa quantidade. Doze
repetições foram realizadas e o resultado manteve-se invariável. A partir desse ponto, o método com o hidrocloreto
de guanidina foi considerado como padrão para os experimentos posteriores.
RT-PCR para diferenciação das
estirpes de PVYO, PVYN e a variante
necrótica PVYNTN
A inoculação mecânica de plantas de
fumo não é suficiente para permitir a
distinção entre PVYN e PVYNTN. Com o
intuito de se determinar a presença do
PVYNTN no Brasil, avaliou-se o método
de 3-primer RT-PCR. O método foi
adaptado para diferenciar as estirpes
PVYO, PVYN e a variante PVYNTN.
A detecção universal de PVY foi realizada com a combinação de
oligonucleotídeo PY2 para RT e PY1 e
PY2 para PCR. Amplificação de todos
os isolados foi confirmada com a presença do fragmento de DNA de 1,3 kb
no gel de agarose (Tabela 1, Figura 2).
Este resultado demonstrou que as plantas estavam de fato infectadas com PVY.
A utilização do oligonucleotídeo 2A
para RT e 2A e 2S para PCR resultou na
amplificação do DNA (394 pb) de 25
isolados (Tabela 1, Figura 2). Isso indicou que os isolados SC-01(Ca), RS03(Pe), RS-06(Pe), RS-07(Pe), RS08(Pe), SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC14(Ca), SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP08(Vg), SP-11(Vg), SP-12(Vg), SP13(Vg), SP-15(Vg), SP-16(Vg), SP01(Cp), SP-02(Cp), MG-01(Ib), MG01(PA), MG-02(PA), MG-03(PA), MG04(PA), MG-05(PA) e PVYNBR, pertencem às estirpes PVYN ou PVYNTN.
907
L. N. Fonseca et al.
Figura 1. Teste do método de extração de RNA total. Nas colunas 1 a 8 (A) foi utilizado o
método de extração de RNA total proposto por Weilguny & Singh (1998). Nas colunas 9 a
16 (B) foi utilizado o método Trizol e nas colunas 1 a 12 (C), foi utilizado o método do
hidrocloreto de guanidina. Foram utilizadas as mesmas amostras para os três métodos. Nas
colunas 1A, 2A, 9B, 10 B, 1C e 2C, foram utilizadas plantas sadias; colunas 3A, 11B e 3C:
amostra RS-05 (Pe);colunas 4A, 12B e 4C: isolado SC-14 (Pe); colunas 5A, 13B e 5C: SP11 (Vg); colunas 6A, 14B e 6C: isolado MG-01 (Ib); colunas 7A, 15B, e 7C: isolado PVYNBR;
e colunas 8A, 16B, e 8C: isolado PVYOBR. A combinação de primers utilizada foi PVYO
antisenso/ PVYO senso e antisenso para RT-PCR, respectivamente. A coluna 9C refere-se ao
branco da RT e a 10C refere-se ao controle positivo da RT (isolado SP-16(Vg)), colunas 11C
e 12C são os controles negativo e positivo (isolado SP-16(Vg) da PCR. O tamanho da banda
esperada foi de 479pb (indicado pelas setas). Foi utilizado como marcador de peso molecular,
o 1Kb Ladder (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
O grupo dos isolados necróticos possivelmente continham isolados de
PVYNTN devido à observação de sintomas no tubérculo original (Tabela 1).
Para a detecção do PVYNTN combinouse o oligonucleotídeo 1A para RT e 2A
e 2S para PCR conforme descrito por
Weilguny e Singh (1998). A reação é
realizada a alta temperatura de
anelamento (630C), que é necessária
para uma correta diferenciação
(WEILGUNY; SINGH, 1998). De um
total de 25 isolados necróticos, 19 exibiram amplificação específica de DNA:
SC-02(Ca), SC-02A(Ca), SC-14(Ca),
SP-06(Vg), Sp-07(Vg), SP-08(Vg), SP11(Vg), SP-12(Vg), SP-13(Vg), SP15(Vg), SP-16(Vg), SP-01(Cp), SP02(Cp), MG-01(Ib), MG-01(PA), MG02(PA), MG-03(PA), MG-04(PA), MG908
05(PA). Estas 19 amostras foram isoladas de tubérculos de batata exibindo sintomas de anéis e arcos necróticos na sua
superfície. Não houve amplificação de
DNA dos demais isolados necróticos e
comuns (Tabela 1).
Até a década de 80, o vírus de batata considerado mais importante no Brasil era o Potato leafroll virus (PLRV).
Este quadro modificou-se no final da
década de 90 com o surgimento de uma
nova variante necrótica de PVY, o
PVY NTN (FIGUEIRA; PINTO, 1995;
SOUZA-DIAS, 2001; SOUZA-DIAS,
2004).
A primeira notificação oficial da
possível ocorrência da variante PVYNTN
no Brasil foi feita em 1997 pelo Dr. José
A.C. de Souza Dias ao Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Para exemplificar a ameaça desta nova
variante necrótica, em 1998, na
Eslovênia, um surto epidêmico de
PVYNTN infectou a quase totalidade das
batatas da cultivar Igor (WEILGUNY;
SINGH, 1998).
O sistema de diferenciação de estirpes de PVY pelo método 3-primer RTPCR (WEILGUNY; SINGH, 1998)
explora a característica de alta variabilidade da proteína P1. Este estudo comparou isolados eslovênios de PVYNTN e
norte americanos de PVYN e PVYC. Testes biológicos e sorológicos utilizando
anticorpos policlonais e monoclonais
não permitiram a diferenciação das estirpes/variantes necróticas. Contudo,
utilizando o sistema 3-primer RT-PCR
foi possível diferenciar o PVYNTN de
nove isolados de PVYN, 13 isolados de
PVYO, um isolado de PVYC além de seis
vírus e um viróide que comumente ocorrem na batata. Em condições brasileiras, resultados similares foram obtidos
através da combinação do 3-primer RTPCR com DAS-Elisa e/ou PCR universal. O sistema mostrou-se efetivo para
diferenciar as duas estirpes PVYO e
PVYN e a variante necrótica PVYNTN em
28 isolados de PVY originários de distintos estados produtores de batata do
Brasil (Tabela 1). Entretanto, a substituição do método de extração de RNA
total como proposto por Weilguny e
Singh (1998) pelo método de
hidrocloreto
de
guanidina
(LOGEMANN et al. 1987) foi essencial para a reprodutibilidade e
confiabilidade dos resultados.
Vale ressaltar que o sistema foi testado com folhas infectadas de fumo e
não foram feitos ensaios com folhas e
tubérculos de batata. A presença de arcos ou anéis superficiais nos tubérculos
é indicativo da presença da variante
necrótica PVYNTN, porém o vírus pode
estar presente em tubérculos
assintomáticos. Sob condições de casade-vegetação, progênie de tubérculos
obtidos a partir de tubérculos-mãe com
sintomas de anéis quase sempre são
assintomáticos (dados não mostrados).
Segundo Le Romancer e Bedekkec
(1997), a presença de anéis nos tubérculos está em função do genótipo de
batata, virulência do isolado e condições
ambientais e de armazenamento dos tubérculos.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Diferenciação de estirpes de Potato virus Y (PVY) por RT-PCR
Outros sistemas também têm sido
testados para diferenciação de espécies
virais e estirpes ou variantes de PVY
como métodos de análise de restrição
(GLAIS et al., 1996, ROSNER;
MASLENIN, 1999) e o sistema de RTPCR multiplex (KLERKS et al., 2001,
NIE; SINGH, 2002). Todavia esses sistemas precisam ser avaliados em condições brasileiras.
Um outro fator peculiar ao sistema
3-primer RT-PCR é que, diferentemente do sistema taxonômico de diferenciação de espécies virais proposto por
Shukla et al. (1994), que preconiza o uso
da similaridade da seqüência de
aminoácidos da capa protéica para distinção das espécies virais, o sistema 3primer RT-PCR utiliza a proteína P1
para a distinção de estirpes ou variantes
dentro da espécie PVY (WEILGUNY;
SINGH 1998).
Foi possível verificar a detecção da
variante necrótica de PVYN e PVYNTN
em três dos quatro estados brasileiros
pesquisados (MG, SP e SC) porém, isso
não significa que o mesmo não esteja
presente em outros estados produtores
no Brasil. O trabalho de Souza-Dias et.
al. (2004) confirma a presença da variante PVYNTN nos estados de MG, SP e
acrescenta outros estados como GO e
BA. As estirpes PVYO e PVYN têm sido
rotineiramente detectadas em todos os
estados brasileiros (FIGUEIRA et
al.,1996). Um estudo realizado por
Moraes (1997) relatou uma maior incidência da estirpe necrótica PVYN (83%)
em relação à estirpe comum PVY O
(16,4%) nos estados de MG, SP e SC. O
sistema 3-primer RT-PCR com as modificações propostas, demonstrou boa
capacidade de distinção das estirpes ou
variantes de PVY no Brasil. O mesmo
possui vantagens como, menos oneroso
e razoável rapidez na execução. Esta
metodologia possui um excelente potencial para ser adotada para o estudo da
detecção e abrangência de PVYNTN no
Brasil. Ações futuras serão realizadas
em nível principalmente de detecção de
estirpes de PVY a partir de folhas e tubérculos de batata.
LITERATURA CITADA
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 2. Gel demonstrativo do teste de diferenciação de estirpes em agarose 2%. A combinação de primer utilizada para A, foi PY2/ PY1, PY2 (RT/ PCR). A combinação dos primers em
B, foi 2A/ 2A, 2S (RT-PCR). A combinação dos primers em C foi 1A/ 2A, 2S (RT/ PCR).
Colunas 1A, 1B e 1C, representam as amostras sadias (controles negativos). Colunas 2, 3, e 4
(A, B, C) são isolados de PVYO: PVYOBR, SC-01 (Ca) e RS-05 (Pe) respectivamente.
Colunas 5 e 6 (A, B e C) são estirpes de PVYN, dos isolados: RS-03 (Pe) e PVYNBR. Colunas
7, 8 e 9 são estirpes de PVYNTN dos isolados SC-14 (Ca), MG-01 (Ib) e SP-11 (Vg). Colunas
11A, 10B e 10C representam os brancos da RT. As colunas 10A, 11B e 11C representam os
controles positivos da RT [isolado SP-16(Vg)]. Colunas 13A, 12B e 12C representam os brancos da PCR. Coluna 12A, 13B e 13C representam os controles positivos da PCR [isolado SP16(Vg)]. A seta em A indica fragmento amplificado de 1,3 Kbp e em B e C, de 394 pb. Todas
as amostras testadas estão representadas na tabela 2. Foi utilizado como marcador de peso
molecular, o 1Kb plus (Invitrogen) (M). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
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Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista
Adriana D. Cardoso1; Anselmo Eloy S. Viana1; Paula Acácia S. Ramos2; Sylvana N. Matsumoto1; Cláudio
Lúcio F. Amaral1; Tocio Sediyama3; Otoniel M. Morais1
1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Depto. Fitotecnia e Zootecnia, C. Postal 95, 45083-900 Vitória da Conquista–BA;
Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa-MG; 2Bolsista PIBIC/CNPq; E-mail: [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]
3
RESUMO
ABSTRACT
Clones de batata-doce foram avaliados em Vitória da Conquista, em experimento, composto por 16 clones oriundos de Janaúba
(MG), de Viçosa (MG), Bom Jardim de Minas (MG), Gurupi (TO),
Santo Antônio da Platina (PR), Holambra II (SP), Vitória da Conquista (BA) e Condeúba (BA). Os clones avaliados foram: 1; 2; 7; 9;
14; 15; 17; 19; 23; 25; 29; 30; 36; 38; 44 e 100. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, com 16 tratamentos e 3 repetições. Foram avaliadas as características das raízes tuberosas: produtividade total, peso médio total, produtividade comercial, peso médio comercial, comprimento, diâmetro e formato. Ainda avaliou-se:
resistência a insetos de solo e peso de ramas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
Scott–Knott a 5% de probabilidade. Os clones 1; 7; 25; 29 e 38
destacaram-se em produtividade de raízes tuberosas e os clones 1;
2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 em peso de ramas. Os clones 1; 25 e 36
apresentaram melhor comportamento para o comprimento de raízes
tuberosas.
Palavras-chave: Ipomoea batatas, produtividade, formato de raiz,
insetos de solo.
Evaluation of sweet potato clones in Vitória da Conquista
Sweet potato clones were evaluated in Vitória da Conquista,
Bahia State, Brazil. Sixteen clones (1; 2; 7; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 25;
29; 30; 36; 38; 44 and 100), originating from Janaúba, Viçosa, Bom
Jardim de Minas, Gurupi, Santo Antônio da Platina, Holambra II,
Vitória da Conquista and Condeúba were analyzed. Random plots
were utilized with 16 treatments and three repetitions. The following
characteristics were evaluated: total root yield, average root weight;
commercial root yield; average commercial root weight; length,
diameter and form of the roots; resistance to soil insects and branch
weight. The data were submitted to variance analysis and Scott–
Knott test with 5% probability. Clones 1; 7; 25; 29 and 38 stood out
in root yield and the clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29 and 36 stood out in
branch weight. Clones 1; 25 and 36 presented the best results
concerning the length of roots.
Keywords: Ipomoea batatas, yield, root shape, soil insects.
(Recebido para publicação em 27 de outubro de 2004 e aceito em 9 de maio de 2005)
A
batata-doce (Ipomoea batatas (L.)
Lam.) é a única espécie da família
Concolvulaceae cultivada para fins alimentícios. Outras espécies da mesma
família, no entanto, são cultivadas para
fins ornamentais na Ásia, África e Austrália (HALL; PHATAK, 1993).
No Brasil, a batata-doce é uma cultura antiga, bastante disseminada e de
forma geral, cultivada, principalmente,
por pequenos produtores rurais, em sistemas agrícolas com reduzida entrada de
insumos (SOUZA, 2000).
Segundo Figueiredo (1995), em virtude dessa hortaliça apresentar elevada
rusticidade e amplo espectro de
potencialidade de uso, a batata-doce
apresenta-se como espécie de interesse
econômico, principalmente, para países
em desenvolvimento e com escassez de
alimentos para a população.
O potencial de produção da batatadoce é alto, por ser uma das plantas com
maior capacidade de produzir energia
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
por unidade de área e tempo (Kcal/ha/
dia). As ramas e raízes tuberosas são
largamente utilizadas na alimentação
humana, animal e como matéria-prima
nas indústrias de alimento, tecido, papel, cosmético, preparação de adesivos
e álcool carburante. Seu consumo per
capita é bastante variado, desde 2 kg/
hab/ano, nos Estados Unidos a 114 kg/
hab/ano no Burundi (CIP, 2001).
O Brasil ocupa o décimo lugar na
produção de batata-doce, produzindo em
torno de 498.046 t/ano, com área plantada de 43.959 ha e produtividade média de 11,5 t/ha (IBGE, 2002). Dentre
os motivos para essa baixa produtividade destacam-se o uso de variedades pouco produtivas e o baixo nível
tecnológico empregado (CNPH, 2001).
O cultivo relativamente simples e pouco dispendioso, torna-a uma hortaliça
muito popular e bastante consumida.
A região Sul é a maior produtora de
batata-doce, com cerca de 251.219 t/ano,
seguida da região Nordeste, com produção média de 158.474 t/ano. O Estado da Bahia produz 19.072 t/ano, sendo
que apenas 108 t são produzidas no
município de Vitória da Conquista
(IBGE, 2002).
Segundo Murilo (1990), a batatadoce é a quarta hortaliça mais
consumida pela população brasileira,
com média de 3,6 kg/hab/ano, superada
apenas pela batata, tomate e abóbora.
Conforme Miranda et al. (1989), nas
regiões Sul e Nordeste, o consumo médio é estimado em cerca de 5,6 e 6,8 kg,
respectivamente.
A batata-doce é excelente fonte de
nutrientes e de energia devido aos teores de carboidratos, açúcares, sais minerais, vitaminas A, C e complexo B.
Além disso, contém também grande
quantidade de metionina, que é um dos
aminoácidos essenciais para o bem estar dos seres humanos (MIRANDA et
al., 1989).
911
A. D. Cardoso et al.
A batata-doce apresenta grande diversidade fenotípica e genotípica. A maioria dos produtores utiliza variedades regionais, sendo que grande parte delas é
pouco produtiva e suscetível a pragas e
doenças (MIRANDA et al., 1984).
A base do melhoramento de uma
cultura está em sua variabilidade genética, ou seja, na diversidade de resposta
às melhores práticas agronômicas, resistência a pragas e doenças, tolerância
à seca e muitas outras características. A
utilização eficiente dessa variabilidade
depende, em primeiro lugar, de uma
coleção bem mantida e significativa das
variações intra e interespecífica disponíveis; em segundo lugar, de uma completa avaliação dos caracteres de cada
acesso; em terceiro lugar, de um programa de ensaios avançados avaliando
os melhores materiais sob condições
representativas e de um programa de
hibridação para combinar as características de genótipos distintos (HERSEY;
AMAYA, 1982).
Apesar da importância da batatadoce no Brasil, são poucos os trabalhos
de pesquisa visando selecionar e indicar cultivares para as diferentes regiões
do país, sendo este um dos principais
problemas enfrentados pelos produtores
(CNPH, 1995). Existe no Brasil um número elevado de cultivares, com enorme diversidade genética entre elas.
Como praticamente em todos os municípios brasileiros existem cultivares locais, é comum encontrar uma mesma
cultivar com nomes diferentes ou diferentes cultivares com o mesmo nome.
Segundo Silveira (1993) e Jones et
al. (1986), o Brasil possui um vasto
germoplasma de batata-doce, mantido
por pequenos agricultores, comunidades
indígenas e, até mesmo, em hortas domésticas que pode ser avaliado, selecionando-se os mais adequados.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar características agronômicas de clones de batata-doce provenientes de diferentes locais cultivados em
Vitória da Conquista.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
área experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitó912
ria da Conquista (BA), a 14º53’51" latitude sul e 40º48’23" longitude oeste, à
altitude média de 900m. A precipitação
média anual está em torno de 700 a 1200
mm/ano. O solo da área experimental
foi classificado como Cambissolo
Háplico Tb, Distrófico, com textura
média, topografia suavemente ondulada e plana e boa drenagem.
Foram utilizados clones de batatadoce, provenientes do Banco de
Germoplasma da EPAMIG e da UFV e
coletados junto a agricultores da região.
Os clones são citados e classificados
pelo local de origem, segundo Oliveira
(2002): Clones 1; 2; 7; 9; 14; 15 e 17 de
Janaúba (MG); Clone 19 de Viçosa
(MG); Clones 23 e 25 de Bom Jardim
de Minas (MG); Clones 29 e 30 de
Gurupi (TO); Clone 36 de Santo Antônio da Platina do (PR); Clone 38 de
Holambra II (SP); Clone 44 de Vitória
da Conquista (BA) e Clone 100 de
Condeúba BA).
O preparo do solo foi feito como recomendado para a cultura da batatadoce. O solo foi arado, gradeado e, em
seguida, enleirado. Não foram feitas
calagem e adubação, objetivando simular ambiente que prevalece nas áreas de
cultivo dessa cultura nas pequenas e
médias propriedades agrícolas da região.
As ramas foram selecionadas, padronizadas e cortadas com 50 cm de comprimento antes do plantio. Por ocasião
do plantio (23/03/2003) utilizou-se
leiras, com 30 cm de altura e
espaçamento de 1,5 m x 0,25 m. No
decorrer do experimento, os tratos culturais foram restritos às capinas e irrigações, feitos sempre que necessário.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com
16 tratamentos (clones) e três repetições,
sendo a parcela experimental composta
por 6 plantas úteis.
Após a colheita, feita em outubro de
2003, foram avaliadas as características
a) Produtividade de raízes tuberosas,
obtida pela pesagem de todas as raízes
tuberosas da parcela; b) Peso médio das
raízes tuberosas obtido pela divisão da
produção total de raiz tuberosa pelo número total de raízes tuberosas da parcela; c) Produtividade comercial selecionando-se todas as raízes tuberosas com
peso >80 g da parcela; d) Peso médio
das raízes comerciáveis obtido pela divisão da produção comercial pelo número total de raízes comerciáveis da
parcela; e) Peso de ramas frescas obtido pela pesagem de toda parte aérea da
parcela; f) Comprimento de raízes
tuberosas medindo-se individualmente
o seu comprimento com o auxílio de
uma régua; g) Diâmetro de raízes
tuberosas determinado na porção central da raiz com auxílio de um
paquímetro; h) Formato de raízes
tuberosas determinado por meio de uma
escala de notas estabelecida por França
et al. (1983), citados por Azevedo et al.
(2000), sendo a nota 1 atribuída para
raízes com formato fusiforme, regular,
sem veias ou qualquer rachaduras; nota
2 para raízes com formato considerado
bom, próximo de fusiforme, com algumas veias; nota 3 para raízes com formato desuniforme, com veias e bastante
irregular; nota 4 para raízes muito grandes, com veias e rachaduras (indesejável
comercialmente) e nota 5 para raízes totalmente fora dos padrões comerciais,
muito irregulares e deformadas, com
muitas veias e rachaduras. A atribuição
das notas foi feita em raízes comerciáveis,
tomadas ao acaso em cada parcela; i)
Danos causados por insetos de solo utilizando-se escala de notas estabelecida por
França et al. (1983) citados por Azevedo
et al. (2000), sendo a nota 1 atribuída para
raízes livres de danos, com aspecto comercial desejável; nota 2 para raízes com
poucos danos, perdendo um pouco com
relação ao aspecto comercial (presença
de algumas galerias e furos nas raízes);
nota 3 para raízes com danos verificados sem muito esforço visual (presença
de galerias e furos nas raízes em maior
intensidade), com aspecto comercial
prejudicado; nota 4 para raízes com
muitos
danos,
praticamente
imprestáveis para comercialização (presença de muitas galerias, furos e início
de apodrecimento) e nota 5 para raízes
totalmente imprestáveis para fins comerciais (repletas de galerias, furos e apodrecimento mais avançado).
A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa SAEG, versão
8.0, procedendo-se à análise de variância e, posteriormente, as médias dos tratamentos foram agrupadas através do
teste de Scott-Knott (1974), a 5% de
probabilidade.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Avaliação de clones de batata-doce em Vitória da Conquista
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a produtividade de raízes
tuberosas, foi possível separar os clones
avaliados em 2 grupos (Tabela 1). O
primeiro composto pelos clones 1; 7; 25;
29 e 38, apresentou a maior produtividade que o segundo grupo composto
pelos clones 2; 9; 14; 15; 17; 19; 23; 30;
36; 44 e 100. Somente quatro clones (14;
19; 30 e 44) apresentaram produtividade inferior à média nacional que é de
8,7 t ha-1 (EMBRAPA, 2003). Azevedo
et al. (2000) avaliando o desempenho
de clones de batata-doce verificaram
produção total máxima de 33,5 t ha-1 com
o clone 92762 e mínima com 8,2 t ha-1com
o clone 92676.
O valor obtido para peso médio das
raízes tuberosas variou de 91 a 212,7 g
sem diferença entre os clones.
Pode-se constatar que os clones 1;
2; 7; 9; 17; 25; 29 e 36 destacaram-se
apresentando maior peso de ramas, com
valor máximo de 14,1 t ha-1 (Tabela 1).
Os clones 14; 15; 19; 23; 30; 38; 44 e
100 apresentaram os mais baixos valores de peso de ramas.
Não houve diferença estatística entre os clones avaliados para peso médio
de raízes comerciáveis, sendo que os
dados obtidos variaram de 102 a 286 g.
Azevedo et al. (2000) avaliando clones
de batata-doce também não encontraram
diferença significativa entre clones para
esta característica.
Na Tabela 1, observou-se que os
clones 1; 2; 7; 9; 17; 25; 29; 36 e 38
apresentaram maior produtividade comercial, com valor máximo de 21,3 t ha-1.
Peixoto et al. (1999) avaliando clones
de batata-doce em Uberlândia, encontraram produtividade variando entre
28,0 t ha-1 e 0,7 t ha-1. O clone 1, oriundo de Janaúba (MG), foi o que mais se
aproximou do valor encontrado por esses autores, com produtividade comercial de 21,2 t ha-1.
Houve diferença significativa entre
os clones para a característica comprimento de raízes tuberosas, sendo os
clones 1; 36 e 25 os que apresentaram
maiores valores, com 20,69 cm, 18,85
cm e 17,03 cm de comprimento, respectivamente (Tabela 1). Figueiredo (1993)
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Médias de produtividade de raízes tuberosas (PRT), peso de ramas (PR), produtividade comercial (PC) e comprimento das raízes tuberosas (CRT) em clones de batata-doce,
2004. Vitória da Conquista, UESB, 2004.
PRT (t ha-1)
PR (t ha-1)
PC (t ha-1)
CRT (cm)
1 (Janaúba - MG)
28,5 a
14,1 a
21,3 a
20,69 a
7 (Janaúba - MG)
23,9 a
8,6 a
11,0 a
17,03 a
25 (Bom Jardim de Minas - MG)
27,7 a
10,5 a
17,1 a
18,85 a
Clone
29 (Gurupi - TO)
23,2 a
9,9 a
12,3 a
15,00 b
38 (Holambra II - SP)
20,2 a
3,4 b
11,5 a
15,05 b
2 (Janaúba - MG)
13,5 b
6,7 a
19,4 a
16,17 b
9 (Janaúba - MG)
16,7 b
6,3 a
19,2 a
13,47 b
14 (Janaúba - MG)
4,1 b
2,1 b
11,6 a
15,43 b
15 (Janaúba - MG)
12,2 b
4,1 b
13,5 a
13,56 b
17 (Janaúba - MG)
15,4 b
7,5 a
2,9 b
14,72 b
19 (Viçosa - MG)
7,5 b
2,8 b
6,0 b
15,19 b
23 (Bom Jardim de Minas - MG)
8,8 b
3,0 b
4,6 b
15,40 b
30 (Gurupi - TO)
7,8 b
2,6 b
5,9 b
12,31 b
36 (St. Antônio de Platina - PR)
15,7 b
11,5 a
5,5 b
15,22 b
44 (Vitória da Conquista - BA)
8,4 b
1,4 b
4,4 b
13,64 b
100 (Condeúba - BA)
9,9 b
2,6 b
7,0 b
13,18 b
59,02
13,92
C.V. (%)
46,64
52,72
*Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade
pelo teste de Scott-Knott.
obteve valores próximos nas cultivares
Paulista e Uberlândia, com 21,5 cm e
18,0 cm, respectivamente. Os demais
clones analisados apresentaram comportamento inferior em relação a esta característica.
Não houve diferença significativa
para formato de raiz tuberosa entre os
clones avaliados. Todos os clones apresentaram nota de formato de raiz inferior a 3,0, variando de 1,63 a 2,27. Segundo Azevedo et al. (2000), os clones
que mais se aproximaram do formato
ideal fusiforme (menores notas) são os
mais promissores, pois o formato é considerado uma importante característica
comercial da batata-doce. Peixoto et al.
(1999) encontraram formato de clones
próximos ao ideal, mas também diversos clones com nota superior a 3,0. Assim, os clones analisados em Vitória da
Conquista apresentaram bom desempenho em relação a essa característica, sendo considerados bastante promissores.
Não foi encontrada diferença significativa entre os clones avaliados para
diâmetro de raízes tuberosa, que variou
de 2,98 a 5,63 cm. A média geral do
experimento foi de 4,36 cm. Figueiredo
(1993) encontrou valores médios de diâmetro de 5,3 cm na cultivar Paulista e
4,8 cm na cultivar Uberlândia, valores
estes também próximos à média de diâmetro encontrado neste trabalho. Segundo Miranda et al. (1995), as raízes
tuberosas de batata-doce de melhor classificação (extra A) devem apresentar
diâmetro entre 5 e 8 cm e comprimento
variando entre 12 e 16 cm.
Não houve diferença significativa
entre os clones em relação à resistência
aos insetos de solo. Os clones 25; 29; 36;
38; 44 e 100 apresentaram notas inferiores a 2,0, com alta ou moderada resistência a insetos de solo. Os clones 1; 2; 7; 9;
14; 15; 17; 19; 23 e 30 alcançaram notas
entre 2,0 e 2,6, sendo estes clones os mais
resistentes a danos causados pelos insetos, em relação aos demais.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e à
Coordenação de Aperfeiçoamento do
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
LITERATURA CITADA
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Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do
grupo Aspergillus flavus1
Elson de C. Viegas; Andréa Soares; Margarida Gorete F. do Carmo; Claudia Antonia V. Rossetto
UFRRJ, Depto. Fitotecnia, C. Postal 74511, 23890-000 Seropédica-RJ; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Diante da propriedade inibitória de óleos essenciais vegetais
sobre o desenvolvimento micelial de fungos e da importância das
espécies do grupo Aspergillus flavus, que apresentam potencial para
síntese de aflatoxina, este trabalho teve como objetivo avaliar in
vitro a toxicidade de óleos essenciais vegetais contra fungos do grupo A. flavus, isolados a partir da cultura do amendoim. Inicialmente,
foi avaliada a toxicidade de oito óleos essenciais vegetais no desenvolvimento micelial de dois isolados do grupo A. flavus, em comparação ao fungicida sintético benomyl. Em seguida, foi avaliada a
toxicidade dos óleos de casca de canela (Cinnamomum zeilanicum
Breym.) e de bulbilho de alho (Allium sativum L.) contra 37 isolados do grupo A. flavus, durante 12 meses. A maior inibição do desenvolvimento micelial de A. flavus foi obtida com o emprego dos
óleos essenciais de casca de canela e de bulbilho de alho, e o efeito
inibitório variou com o isolado testado.
Evaluation of essential oils from Allium sativum and
Cinnamomum zeilanicum and their toxicity against fungi of the
Aspergillus flavus group
Palavras-chave: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativum
L., Arachis hypogaea L.
Keywords: Cinnamomum zeilanicum Breym., Allium sativum L.,
Arachis hypogaea L.
Considering the inhibitory property of essential plant oils on the
mycelial development of fungi, and the importance of Aspergillus
flavus-like fungi which may produce aflatoxins, this research was
designed to evaluate the toxicity of essential oils against fungi
belonging to the group A. flavus isolated from peanut crops. The
toxicity of eight essential oils against two isolates of A. Flavus–like
fungi was evaluated in comparison to the synthetic fungicide
benomyl. The toxicity of Cinnamomum zeilanicum Breym. and
Allium sativum L. essential oils was also evaluated against 37 fungal
isolates for a period of 12 months. The highest inhibition of the
mycelial development of A. flavus was obtained with cinnamon and
garlic essential oils. The inhibitory effect on growth was variable
according to the fungal isolate.
(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
A
lguns fungos dos gêneros
Aspergillus,
Fusarium
e
Penicillium podem causar problemas no
consumo de grãos de amendoim, tanto
in natura ou quando submetidos à extração de óleos, diminuindo o valor
nutricional e podendo produzir
micotoxinas, dentre elas as aflatoxinas,
sintetizadas principalmente por fungos
do grupo Aspergillus flavus e que apresentam potencial para causar doenças
em animais e em seres humanos
(ANGLE et al., 1982; DHINGRA;
COELHO NETO, 1998) .
Em amendoim, a prevenção da contaminação com aflatoxina tem sido obtida com uso de cultivares resistentes
(BASHRA et al., 1994), com a adoção
de algumas práticas que controlam a
colonização de fungos com potencial
aflatoxigênico, tais como calagem
(ROSSETTO et al., 2003), secagem
(FERNANDEZ et al., 1997) e escolha
1
do tipo de solo (ANGLE et al., 1982)
ou que interferem na biossíntese de
aflatoxina (REDING; HARRINSON,
1994), e com procedimentos para a remoção dos grãos contaminados com
base em cor e flutuação (DICKENS;
WHITAKER, 1975), ou ainda utilizando peróxido de hidrogênio (CLAVERO
et al., 1993).
O potencial para controle pós-colheita de fungos do grupo Aspergillus
flavus tem sido demonstrado empregando-se produtos com propriedades
fungitóxicas, principalmente o benomyl
(MAEDA et al., 1995; VANZOLINI et
al., 2000). A literatura também relata a
ação de extratos de alho (Allium sativum
L.) (BILGRAMI et al. 1992) e de óleos
essenciais
de
capim
limão
(Cymbopogon citratus Stapf) a 3000
ppm em meio BDA (MISHRA;
DUKEY, 1994), de manjericão
(Ocimum basilicum L.) a 6,0 ml L-1 em
meio Czapek-dox ágar (DUBE et al.,
1989), de sementes de cenoura (Daucus
carota L.) a 3000 ppm (DWIVEDI et
al., 1991) e de rizomas de Nardostachys
jatamansi DC a 1000 ppm em Czapekdox agar, como eficientes no controle
de A.flavus. Além destes, Mahmoud
(1994) observou que citral, citronela e
ulgenol impediram o crescimento de A.
flavus e a produção de aflatoxina até os
oito dias de incubação. Entretanto, após
15 dias, houve incremento da produção
de toxinas.
Em relação a outros fungos, Mishra
e Dubey (1994) constataram atividade
fungitóxica do óleo essencial de capim
limão a 1500 ppm em meio BDA sobre
fungos dos gêneros Penicillium, Alternaria, Fusarium e Botrytis. Mishra et
al. (1995) verificaram que Fusarium
oxysporum apresentou inibição de seu
crescimento micelial quando submetido ao óleo essencial de rizomas de
Parte da Tese de Doutorado apresentada pelo primeiro autor ao Curso de Pós-graduação em Fitotecnia, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
915
E. C. Viegas et al.
Nardostachys jatamansi na concentração de 1000 ppm em meio Czapek-dox
ágar.
O objetivo deste trabalho foi avaliar
in vitro a toxicidade de óleos essenciais
vegetais contra fungos do grupo A.
flavus isolados a partir da cultura do
amendoim.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos
em laboratórios da UFRRJ em 2003,
empregando óleos essenciais de diversas plantas, solubilizados em dimetil
sulfóxido (DMSO) e em metanol
(MeOH), que foram fornecidos pela
EMBRAPA/CTAA, após extração pelo
método do arraste do vapor,
(LANGANAU, 1979) e armazenados
em congelador, no período de 1986 a
2001.
Para avaliar a toxicidade dos óleos
essenciais no desenvolvimento de fungos do grupo Aspergillus flavus, foi utilizado o método da escavação em placas de Petri (MORAIS, 2000) contendo
meio BDA (DHINGRA; SINCLAIR,
1995). Primeiramente, foram selecionados dois isolados de fungos do grupo A.
flavus (T52 e T63), obtidos de sementes de amendoim, no cultivo da seca de
2001, e que estavam armazenados em
óleo mineral por seis meses em câmara
fria. Para o preparo do inóculo, estes
isolados foram incubados em meio BDA
a 20°C por sete dias e fotoperíodo de 12
horas. Em seguida foram feitas suspensões de conídios em água esterilizada e
a concentração ajustada para 10 7
conídios ml -1 , com auxílio de
hemacitômetro, conforme testes preliminares.
Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, empregando-se 10 tratamentos,
sendo 8 óleos essenciais na dosagem de
2,0 mg ml-1 de solvente, e duas testemunhas, o solvente DMSO na dosagem
de 1,0 mg ml-1 de metanol e benomyl na
dosagem de 0,2 mg 20 ml-1 de água destilada. As dosagens dos óleos essenciais e do fungicida foram selecionadas
em testes preliminares. Assim, para cada
um dos dois isolados do fungo, foi adicionado 0,1 ml de suspensão de conídios
em cada placa de Petri contendo meio
916
BDA. Em seguida foram realizados três
orifícios de 7 mm com auxílio de cilindro de cobre. Nestes orifícios foram
aplicados com auxílio de pipeta automática o óleo essencial, o solvente ou o
fungicida sintético, conforme o tratamento. A incubação foi realizada a 20oC
e fotoperíodo de 12 horas por sete dias.
Após este período a avaliação foi realizada com a medição do diâmetro dos
halos de inibição.
Para confirmar os resultados foi repetido o experimento anterior, porém
apenas com o isolado T52. Adotou-se o
delineamento experimental inteiramente
casualizado com três repetições, empregando-se seis tratamentos, sendo quatro óleos essenciais na dosagem de 2,0
mg ml-1 de solvente, e duas testemunhas,
o solvente DMSO na dosagem de 1,0
mg ml-1 de metanol e benomyl na dosagem de 0,2 mg 20 ml-1 de água destilada. A ação dos tratamentos sobre o isolado T52 foi avaliada após incubação a
20oC e fotoperíodo de 12 horas por sete
dias. Os demais procedimentos foram
idênticos ao anterior.
A partir dos resultados observados
nos dois ensaios anteriores foi realizado o terceiro ensaio, seguindo-se os
mesmos procedimentos, a fim de se confirmar a toxicidade dos óleos de canela
(Cinnamomum zeilanicum Breym) e de
alho (Allium sativum L.) em relação a
diferentes isolados do grupo Aspergillus
flavus. Para tanto, foi testada a ação dos
óleos contra 32 diferentes isolados do
fungo, obtidos no cultivo de amendoim
no período das águas de 2001. Adotouse o delineamento em blocos ao acaso,
em esquema fatorial 2x32 (duas substâncias e 32 isolados), e três repetições. Por
placa, foi adicionado 0,1 ml de suspensão na concentração de 5.107 conídios ml-1
de água destilada. Em seguida, foram
realizados três orifícios de 7 mm com
auxílio de cilindro de cobre. Nestes orifícios foram aplicados com auxílio de
pipeta automática, 2,0 mg de óleo essencial solubilizado em 1,0 ml de solvente
(DMSO + metanol). Após sete dias de
incubação a 20oC e fotoperíodo de 12
horas foi realizada a medição do diâmetro dos halos de inibição.
Após 12 meses de armazenamento
dos extratos foi repetido o experimento
anterior, adotando-se delineamento in-
teiramente casualizado em esquema
fatorial 2x5 (dois óleos essenciais, de
alho e de canela, e cinco isolados
fúngicos obtidos da cultura do amendoim, no cultivo da seca de 2001), com
três repetições. Os demais procedimentos foram idênticos ao experimento anterior. Da região central e periférica dos
halos de inibição foram retiradas, com
auxilio de estilete estéril, três amostras
de meio de cultura, que foram repicados para placas de Petri contendo meio
BDA. Após sete dias de incubação a
20oC e fotoperíodo de 12 horas foi realizada a avaliação visual do crescimento do fungo. O efeito do óleo essencial
foi considerado “fungistático” quando
se observou crescimento do fungo após
a repicagem, e “fungicida” quando não
houve qualquer crescimento.
Os dados foram submetidos aos testes de normalidade (Lilliefors) e de
homocedasticidade
(BARTLEY;
COCHRAN) (RIBEIRO JÚNIOR,
2001). Quando não foi observada a
homogeneidade da variância, os dados
foram transformados para log (x). Em
seguida foram realizadas as análises de
variância e teste de Tukey ou ScottKnott, para comparação das médias,
ambos a 5% de probabilidade
(PIMENTEL GOMES, 1966). Nas tabelas são apresentadas as médias originais, sem transformação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os óleos essenciais testados no
primeiro teste, constatou-se com base
nos diâmetros dos halos de inibição formados que o isolado T63 teve o seu desenvolvimento micelial reduzido de
maneira mais acentuada pelos óleos de
bulbilho de alho e de casca de canela.
Para o isolado T52 constatou-se maior
inibição pelos óleos de folhas de sálvia
e de casca de canela. No entanto, estes
óleos sempre apresentaram eficiência
significativamente menor que o padrão
fungicida. O óleo de pimenta do reino
não inibiu o crescimento micelial de
nenhum dos dois isolados, enquanto que
os de capim limão e de pimenta longa
apresentaram pequena inibição apenas
do isolado T52 (Tabela 1).
No segundo teste, quando foram
avaliados apenas os óleos de sálvia, alho
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus
Tabela 1. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo Aspergillus flavus, isolados de sementes de
amendoim no cultivo da seca, em resposta ao emprego de óleos essenciais vegetais, do solvente DMSO+metanol (50% v/v) e do fungicida
Benomyl. Seropédica, UFRRJ, 2003.
Cultura/origem
Nome vulgar
Parte
utilizada
Nome científico
1o teste
T52/semente
2o teste
T63/semente
T52/semente
Sálvia
Salvia officinalis L.
Folha
Alho
Allium sativum L.
bulbilho
Canela
Cinnamomum zeilanicum Breym.
Folha fresca
Canela
Cinnamomum zeilanicum Breym.
Casca
Capim limão
Cymbopogon citratus Stapf.
Folha
3,7c
0,0c
-
Pimenta da Jamaica
Pimenta officinalis
Fruto
3,3c
0,0c
-
11,7b*
4,3bc
7,3bc
10,3bc
0,0c
5,2cd
11,7bc
8,8bc
5,0bc
13,0b
4,0cd
13,3b
Pimenta do Reino
Piper nigrum L.
Fruto
0,0c
0,0c
Gengibre
Zingiber officinale Rox.
Rizoma
3,7bc
3,3bc
Solvente
-
-
0,0c
0,0c
0,0d
Benomyl
-
-
35,0a
20,3a
40,0a
46,41
37,12
37,05
C.V.(%)
-
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade.
e canela, foram confirmados os resultados relacionados à inibição do crescimento do isolado T52 pelos óleos essenciais de casca de canela e de bulbilho
de alho (Tabela 1). Os óleos essenciais
de alho e de canela possivelmente possuem um princípio ativo com ação
fungicida conforme constatado também
por Bolkan et al. (1981), avaliando a
toxicidade de extrato de alho sobre
Fusarium monilforme e Rhizoctonia
solani. Além disso foi constatada
toxicidade de extrato de óleo contra
Aspergillus flavus (BILGRAMI et al.,
1992), Crinipellis perniciosa,
Phytophthora palmivora (BASTOS,
1992), Curvularia spp., Alternaria spp.
(BARROS et al., 1995) e Colletotrichum
gloeosporiodes
(RIBEIRO;
BEDENDO, 1999). Utilizando óleo essencial de alho, Chalfoun e Carvalho
(1987) também constataram inibição do
crescimento micelial de Gibberella zeae
(Schw.), Alternaria zinniae Pape e
Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid.
Foi constatada maior toxicidade do
óleo essencial de casca de canela que
do de bulbilhos de alho, expressa pelos
maiores halos de inibição promovidos
pelo primeiro em relação ao segundo
para a maioria dos isolados testados (Tabela 2). Foi observada ainda resposta
diferencial dos isolados quando à sensibilidade aos dois óleos essenciais testados, detectada pelo teste de ScottKnott. O óleo essencial de alho promoveu halos de inibição que variaram enHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 2. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo
Aspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo das águas, em resposta ao
emprego de óleos essenciais de alho e de casca de canela. Seropédica, UFRRJ, 2003.
Culturas
Origem
Y27
Y82
Y62
Y75
Y11
Y5
Y48
Y10
Y19
Y8
Y43
Y36
Y100
Y67
Y29
Y52
Y59
Y13
Y113
Y12
Y54
Y128
Y66
Y88
Y50
Y65
Y111
Y80
Y73
Y99
Y104
Y130
C.V.(%)
Semente
Semente
Solo
Vagem
Solo
Solo
Vagem
Solo
Solo
Solo
Semente
Vagem
Vagem
Solo
Semente
Semente
Solo
Solo
Solo
Solo
Vagem
Semente
Solo
Vagem
Vagem
Solo
Solo
Semente
Vagem
Semente
Solo
Semente
Extratos
Bulbilho de alho
Casca de canela
12,0Bc*
22,0Aa
12,0Bc
20,0Aa
10,0Bd
20,0Aa
9,0Bd
20,0Aa
7,0Be
20,0Aa
13,0Bb
19,0Aa
12,0Bc
18,0Ab
12,0Bc
17,0Ab
12,0Bc
17,0Ab
11,0Bc
17,0Ab
10,0Bd
17,0Ab
10,0Bd
17,0Ab
15,0Aa
16,0Ab
12,0Bc
15,0Ac
11,0Bc
15,0Ac
11,0Bc
15,0Ac
11,0Bc
15,0Ac
10,0Bd
15,0Ac
10,0Bd
15,0Ac
10,0Bd
15,0Ac
10,0Bd
15,0Ac
7,0Be
15,0Ac
12,0Bc
14,0Ac
10,0Bd
14,0Ac
10,0Bd
13,0Ac
10,0Bd
13,0Ac
12,0Ac
12,0Ad
12,0Ac
12,0Ad
11,0Ac
11,0Ad
10,0Ad
10,0Ae
10,0Ad
10,0Ae
7,0Be
10,0Ae
2,13
*Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferem
entre si a 5% de probabilidade.
917
E. C. Viegas et al.
Tabela 3. Diâmetros dos halos de inibição (mm) formados em culturas de fungos do grupo
Aspergillus flavus isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca, em resposta ao emprego de óleo de alho e de canela, após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003.
Culturas
Origem
Bulbilho de alho
Casca de canela
T2
Solo
8,0Ba*
20,0Aa
T20
Semente
8,3Ba
15,8Aab
T24
Semente
9,5Aa
9,5Ab
T35
Pericarpo do fruto
12,0Aa
14,6Aab
T55
Pericarpo do fruto
8,0Ba
15,0Aab
C.V.(%)
13,865
*Médias seguidas da mesma letra (maiúscula na linha e minúscula na coluna) não diferem
entre si a 5% de probabilidade.
Tabela 4. Avaliação da atividade dos óleos de alho e de casca de canela sobre isolados de
fungos do grupo Aspergillus flavus, isolados da cultura do amendoim no cultivo da seca,
após 12 meses de armazenamento. Seropédica, UFRRJ, 2003.
Culturas
Origem
T2
Bulbilho de alho
Casca de canela
Centro halo Periferia halo
Centro halo
Periferia halo
Solo
Fungistática Fungistática
Fungicida
Fungistática
T20
Semente
Fungistática Fungistática
Fungistática
Fungistática
T24
Semente
Fungistática Fungistática
Fungistática
Fungistática
T35
Vagem
Fungistática Fungistática
Fungistática
Fungistática
T55
Vagem
Fungistática Fungistática
Fungistática
Fungistática
tre 7,0 e 15,0 mm. Porém para 34% dos
isolados testados, estes halos foram
maiores do que 12,0 mm, valor considerado por Gunatilaka et al. (1994)
como ideal para testes in vitro. O óleo
essencial de canela proporcionou halos
de inibição que variaram entre 10,0 e
22,0 mm, com valores maiores que 12,0
mm para 87% dos isolados testados.
Wilson et al. (1997) constataram que o
extrato do gênero Allium e o óleo essencial de Cinnamomum zeilanicum
demonstraram a maior atividade
antifúngica sobre Botrytis cinerea, em
relação aos demais extratos e óleos essenciais testados. Em geral, os óleos
foram ativos contra todos os isolados do
grupo A. flavus testados, conformando
ainda dos resultados de Morais (2000)
que cita grande variação quanto à sensibilidade de fungos a óleos essenciais.
Após 12 meses de armazenamento
dos óleos, foi constatado maior diâmetro dos halos de inibição quando se empregou o óleo de casca de canela em
comparação ao óleo de bulbilho de alho
(Tabela 3). Além disso, quando foi aplicado o óleo de casca de canela, observou-se maior diâmetro de halo de inibição para T2, isolado do solo, que para o
918
T24, isolado de semente. Já quando foi
empregado o óleo de alho não foi constatada diferença entre os isolados quanto à sensibilidade, com base nos diâmetros dos halos de inibição formados.
Quando foi realizada a repicagem a
partir da região dos halos de inibição foi
observado que, dos pontos retirados próximos ao centro, somente não houve
crescimento do isolado T2 quando foi
empregado o óleo de casca de canela
(Tabela 4). Para os demais isolados houve crescimento micelial, inclusive das
amostras retiradas a partir do centro dos
halos (Tabela 4). Para Mishra e Dubey
(1994), o potencial antifúngico por longa duração facilita o isolamento futuro
dos componentes dos óleos.
Pode-se concluir que a maior inibição relativa, in vitro, do desenvolvimento micelial de A. flavus foi obtida com o
emprego dos óleos essenciais de
bulbilho de alho e principalmente, de
casca de canela. Existe variabilidade na
população do fungo quanto à sensibilidade aos óleos. Novos estudos são necessários a fim de se comprovar a eficiência destas substâncias no controle
de Aspergillus flavus em sementes destinadas ao consumo ou à semeadura.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq pela bolsa
de PQ concedida aos dois últimos autores.
LITERATURA CITADA
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919
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Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface
cultivada em substrato com zeólita
Alberto C.C. Bernardi1; Marta R. Verruma-Bernardi2; Carlos G. Werneck3; Patrick G. Haim3; Marisa
B.M. Monte4
1
Embrapa Solos/Embrapa Pecuária Sudeste, C.Postal 339, 13560-970 São Carlos-SP; E-mail: [email protected]; 2UFF, Depto.
Nutrição e Dietética e UFSCar, Depto. Tecnologia Agroindustrial e Sócio-Economia Rural, Araras-SP; E-mail: [email protected];
3
UFRRJ, Engenharia Agronômica, Seropédica-RJ; 4CETEM/MCT, Rio de Janeiro-RJ
RESUMO
ABSTRACT
Neste trabalho foi avaliado e relaciondar a produção, teores de
N, P e K e a aparência de alface cultivada em substrato com zeólita
enriquecida com N, P e K. Os tratamentos utilizados foram quatro
níveis (20; 40; 80 e 160 g/vaso) de zeólitas enriquecidas com H3PO4/
apatita, KNO3 e KH2PO4, além de uma testemunha cultivada em
solução nutritiva. Avaliou-se a produção da alface e os teores de N,
P e K no tecido da parte aérea. O teste de ordenação foi utilizado
para comparar a aparência das amostras. A alface cultivada em meio
com zeólita enriquecido com fontes de fósforo apresentou maior
produção e qualidade visual equivalente à alface testemunha, cultivada em solução nutritiva. Houve correlações significativas entre os
teores de N e os atributos sensoriais cor e tamanho, e entre os teores
de P e o tamanho das plantas. A análise sensorial foi uma ferramenta
adequada para avaliar a qualidade da alface.
Yield, appearance and content of nitrogen, phosphorus and
potassium in lettuce grown in substrate with zeolite
Palavras-chave: Lactuca sativa, estilbita, análise sensorial, teste
de ordenação.
In this research we evaluated and related yield and tissue levels
of N, P and K in shoot tissues and appearance of lettuce plants grown
in a substrate with N, P and K enriched with zeolite. Treatments
comprised of four levels (20; 40; 80 and 160 g/pot) of zeolite enriched
with H3PO4/apatite, KNO3 and KH2PO4, and a control grown in a
nutrient solution. Lettuce yield and N, P and K levels in the shoot
tissues were evaluated. Ordering test was carried out to compare the
appearance of the samples. Lettuces grown in substrate with zeolite
enriched with phosphorus sources showed higher yield, and
equivalent visual quality in comparison with the control. There were
significant correlations between N level in tissues and the sensory
attributes of plant color and size, and between the P levels and the
size of the plant. The sensory analysis of the appearance was an
adequate tool to identify the quality of lettuce.
Keywords: Lactuca sativa, stilbite, sensory analysis, preference test.
(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005)
A
alface é a mais popular das hortaliças folhosas e seu consumo ocorre principalmente na forma natural. Assim, o aumento da produção dessa
hortaliça é necessário devido ao aumento do consumo, função da crescente elevação populacional e da mudança no
hábito alimentar do consumidor, em razão da conscientização sobre a importância nutricional das hortaliças
(CORTEZ et al., 2002). É importante
alimento para a saúde humanas, por ser
fonte de vitaminas e de sais minerais,
além de apresentar baixo valor calórico.
Com a tendência de crescimento do
mercado hortícola, os produtores têm
adotado novos sistemas de cultivo, como
os protegidos (túneis e estufas) e o
hidropônico, em alternativa ao sistema
tradicional a campo. Existe ainda uma
nova possibilidade que é o cultivo
zeopônico, no qual plantas são cultivadas em substrato artificial composto
920
pelo mineral zeólita misturados a rochas
fosfáticas, e que funciona como um sistema de liberação controlada e
renovável de nutrientes para as plantas.
Este mineral apresenta três propriedades principais, que conferem grande interesse para uso na agricultura pela alta
capacidade de troca de cátions, alta capacidade de retenção de água livre nos
canais e alta habilidade na adsorção.
Assim, a zeólita pode atuar na melhoria
da eficiência do uso de nutrientes por
meio do aumento da disponibilidade de
P da rocha fosfática, na melhora do aproveitamento do N (NH4+ e NO3-) e redução das perdas por lixiviação dos
cátions trocáveis, especialmente K+ e
também como um fertilizante de liberação lenta (ALLEN et al., 1995;
NOTARIO-DEL-PINO et al., 1994;
BARBARICK et al., 1990).
No entanto, não bastam alternativas
viáveis para o aumento quantitativo da
produção e a manutenção do fornecimento o ano todo, pois o consumidor
de hortaliças tem se tornado mais exigente, havendo necessidade de se obter
principalmente produtos de qualidade.
A qualidade final de um produto agrícola é resultado de diversos fatores, entre estes os níveis de fornecimento de
nutrientes. A qualidade é a soma de todas características combinadas que produzam uma hortaliça com valor nutritivo, aceitável e desejável como alimento humano. A aparência externa das hortaliças é de grande importância, uma vez
que o consumidor somente adquire o
produto mais atrativo.
A análise sensorial pode ser uma ferramenta adequada para avaliar a qualidade ou aparência externa das hortaliças. Esta técnica é utilizada para medir,
analisar e interpretar de forma rápida e
criteriosa os atributos físicos e químicos dos alimentos através da percepção
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita
pelos sentidos da visão, olfato, tato, audição e gustação (MATTHHEIS;
FELLMAN, 1999; MEILGAARD et al.,
1988; AMERINE et al., 1965). Esta avaliação baseia-se em técnicas que são
fundamentais na percepção psicológica
e fisiológica, sendo que o grau de apreciação de um produto alimentício está
ligado a um processo subjetivo. O sentido da visão se antecipa na percepção a
todas as outras informações, e possibilita aquisição de informações sobre aspectos do alimento como estado, tamanho, forma, textura e cor (DUTCOSKY,
1996). Resultados obtidos por Siomos
et al. (2001) mostraram que com a avaliação da qualidade visual foi possível a
diferenciação de alfaces produzidas em
diferentes substratos de cultivo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar
e relacionar a produção, teores de N, P
e K e a aparência de alface cultivada em
substrato com zeólita enriquecida com
N, P e K.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
casa-de-vegetação, em vasos com 3 kg
de substrato inerte, composto de areia
lavada com água destilada e ácido clorídrico diluído (3:1 v:v).
A zeólita utilizada foi coletada na
Bacia do Parnaíba, no Maranhão, onde
se localiza o principal depósito de zeólita
natural do País, com grande potencial de
aproveitamento econômico (REZENDE;
ANGÉLICA, 1991). O material coletado foi concentrado em mesa vibratória,
resultando em um produto com 84% de
zeólita estilbita e com capacidade de troca de cátions de 2,5 cmolc g-1. A fórmula
química determinada da zeólita foi:
(CaO)0,82 (Na2O)0,19 (K2O)0,15 (MgO)0,56
(Fe2O3)0,30 (TiO2)0,11 (Al2O3)1,85 (SiO2)16
(H 2O) 4,7. A zeólita concentrada foi
enriquecida por meio da incubação com
soluções contendo H3PO4 1 mol L-1 (ZP),
KNO3 0,5 mol L-1 (ZNK) e K2HPO4 1
mol L-1 (ZPK). A relação utilizada foi de
1:40 por 24 horas, com temperatura e
agitação constantes. Após a incubação, a
suspensão foi filtrada e o material sólido
desidratado a 100 oC. A zeólita
enriquecida com H3PO4 recebeu, ainda,
a adição de fosfato natural (34% de P2O5)
na proporção de 2:1 na base de massa.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
O delineamento experimental foi em
blocos ao acaso, com três repetições.
Utilizaram-se 11 tratamentos: Z20, Z40,
ZP20, ZP40, ZP80, ZP160, ZNK40,
ZNK80, ZPK20, ZPK40, e a testemunha (sem adição de zeólita). As doses e
concentrações de nutrientes em cada tratamento estão na Tabela 1. A zeólita
apresentava traços de outros elementos,
entre eles o fósforo, razão pela qual o
material concentrado apresentou uma
pequena porcentagem de P disponível.
A testemunha recebeu todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas por meio de uma solução nutritiva, com a composição (mg
L-1): N = 210; P = 31; K = 234; Ca =
200; Mg = 48; S = 65; B = 0,5; Cu =
0,02; Fe = 5,0; Mn = 0,5; Zn = 0,2, e
Mo = 0,02. O preparo dessa solução foi
feito segundo Sarruge (1975). O fornecimento foi realizado em quatorze aplicações de 150 ml de solução nutritiva
por vaso com duas plantas, totalizando
2,1 L por vaso. As aplicações ocorreram ao longo de todo ciclo de cultivo,
sendo que na primeira semana de cultivo o intervalo de fornecimento foi de
três dias, e nas seguintes o intervalo foi
de 1 dia. Nos dias em que não se forneceu solução, as plantas receberam água
da irrigação. Quando a zeólita utilizada
não possuía um dos macronutrientes em
teste, N, P ou K, este era adicionado na
forma de solução, na mesma concentração fornecida à testemunha. Desse modo
todos os tratamentos receberam as mesmas quantidades de Ca, Mg, S, B, Cu,
Fe, Mn, Mo e Zn.
Os tratamentos foram iniciados em
26/06/2003, com o transplante para os
vasos de cultivo, de duas mudas da alface cv. Regina, aos 30 dias após a germinação. Ao final de 30 dias de cultivo,
ambas plantas de cada vaso foram avaliadas com relação à aparência, produção e teores de nutrientes na parte aérea.
A análise da aparência foi realizada
pelo teste de ordenação de preferência
(ABNT, 1994), utilizando-se 53
provadores não treinados. O teste foi
aplicado para os atributos de cor, tamanho e presença de lesões e para a preferência de compra. Os provadores atribuíram notas de 1 a 11, de modo que o
tratamento que apresentasse cor mais
intensa, maior tamanho, menos lesões e
fosse o preferido para ser comprado,
receberia as menores notas.
Em seguida foram realizadas avaliações da produção e dos teores dos
macronutrientes N, P e K na parte aérea
das alfaces. A parte aérea das plantas foi
colhida e pesada e, em seguida seca a
65oC em estufa de circulação forçada de
ar. Foram realizadas determinações, na
matéria seca, dos teores totais de N, no
extrato da digestão sulfúrica e determinados pelo método semi-micro
Kjeldhal. Também foram feitas determinações de P e K, no extrato da digestão
nitro-perclórica e determinados por
espectrometria de plasma induzido
(ICP-OES) e fotometria de chama, respectivamente, de acordo com a
metodologia de Carmo et al. (2000).
A interpretação dos resultados dos
atributos (cor, tamanho, presença de lesões, e preferência de compra) foi realizada por meio do teste de Friedman, utilizando-se a tabela de Newel e
MacFarlane, conforme ABNT (1994).
Os resultados de produção e teores de
N, P e K foram analisados estatisticamente utilizando-se a análise de variância e teste de Tukey (5%). Estabeleceuse o coeficiente de correlação de Pearson
(r), entre as médias de produção e teores de nutrientes e a somatória das notas dos atributos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os melhores tratamentos para produção das alfaces (peso fresco) foram
ZP40, ZP20, ZP80 e ZPK20, não havendo diferenças significativas entre eles
(Tabela 2). Porém, foram significativamente maiores que a produção obtida
com a testemunha, que recebeu todos os
nutrientes de forma balanceada por meio
de solução nutritiva, sendo que estes
valores representam aumentos de 56; 46;
39 e 30%, respectivamente. Os resultados indicam o potencial, para o cultivo
desta hortaliça, da utilização da zeólita
acidificada e em mistura com apatita
(tratamentos ZP) nas doses de 20; 40 e
80 g do material por vaso. Outro aspecto interessante é que as produções obtidas com a zeólita acidificada em mistura com a apatita foram equivalentes à
obtida com a zeólita enriquecida com
uma fonte solúvel de fósforo (KH2PO4).
921
A. C. C. Bernardi et al.
Tabela 1. Tratamentos utilizados em função dos nutrientes adicionados à zeólita, dose de zeólita por vaso e quantidade de nutrientes
fornecidas. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.
Z 20
zeólita concentrada
Z 40
zeólita concentrada
ZP 20
zeólita + H3PO4 + apatita
ZP 40
zeólita + H3PO4 + apatita
Quantidade fornecida pela zeólita
(mg/vaso)
N (N-NO 3)
P
K
Zeólita
(g por
vaso)
N (N-NO 3)
P 2O 5
K2O
0,1
17
3,9
20
0,002
0,78
0,09
0,1
17
3,9
40
0,004
1,56
0,19
0,2
130
3,9
20
0,004
327
0,09
0,2
7130
3,9
40
0,008
653
0,19
Concentração* (mg kg-1)
Tratamentos Enriquecimento
ZP 80
zeólita + H3PO4 + apatita
0,2
7130
3,9
80
0,016
1306
0,38
ZP 160
zeólita + H3PO4 + apatita
0,2
7130
3,9
160
0,032
2612
0,75
ZNK 40
zeólita + KNO3
93796
17
15210
40
3752
1,56
733
ZNK 80
zeólita + KNO3
93796
17
15210
80
7504
3,11
1466
ZPK 20
zeólita + KH2PO4
0,1
11289
41925
20
0,002
517
1010
ZPK 40
zeólita + KH2PO4
0,1
11289
41925
40
0,004
1034
2021
* Extraídos em pasta de saturação (Embrapa, 1997).
Tabela 2. Produção (peso fresco) e teores de N, de P e de K de alfaces cultivadas em substrato
com zeólitas. Média de três repetições. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.
Teores (g kg-1)
Produção
(g por vaso)
N
P
K
Z 20
190,90 def
24,69 de
2,30 d
34,97
Z 40
162,83
26,65 bcde
2,37 d
33,70
ZP 20
296,74a
30,19abcd
4,52 bc
37,17
ZP 40
315,89a
32,15abc
5,70ab
35,47
Tratamentos
f
ZP 80
283,30ab
32,06abc
6,02ab
33,90
ZP 160
220,83 cde
31,17abc
5,80ab
35,47
ZNK 40
160,14
f
21,28
2,97 cd
33,00
ZNK 80
180,91
ef
26,93 bcde
2,83 cd
34,50
ZPK 20
263,55abc
33,55a
6,07ab
32,33
ZPK 40
239,25 bcd
32,67ab
7,13a
36,27
Testemunha
202,61 def
26,09 cde
2,55 d
35,13
Teste F
24,38* * *
(1)
8,40
DMS(2)
56,11
CV%
e
24,66* * *
0,69N.S.
7,30
14,44
8,52
6,15
1,85
-
10,54* * *
Médias seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5%.
(1)
CV% = coeficiente de variação; (2)DMS = diferença mínima significativa. *, **, *** indicam
significância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica não significativo.
Estes resultados estão em concordância
com os de Allen et al. (1995) que concluíram que uma mistura adequada da
zeólita clinoptilolita e rocha fosfática da
Carolina do Norte foi eficiente para o
cultivo intensivo de trigo (Tritticum
aestivum cv. Coker). Barbarick et al.
(1990) também verificaram que a combinação de zeólita e rocha fosfática pode
ser um eficiente fornecedor de fósforo
para as plantas, desde que outros elementos essenciais não sejam limitantes.
Os resultados da Tabela 2 também
indicam que os demais tratamentos
(ZPK40; ZP160; Z20; ZNK80; Z40 e
922
ZNK40) apresentaram produções (peso
fresco) estatisticamente equivalentes à
testemunha. Estes resultados demonstram, assim, o potencial para utilização
do mineral zeólita enriquecida, como
fonte de nutrientes para esta hortaliça
folhosa. Confirmando os resultados obtidos por Notario-Del-Pino et al. (1994)
e Williams e Nelson (1997) com alfafa
e crisântemo, respectivamente.
A análise de tecidos vegetais é uma
medida direta da disponibilidade de nutrientes no substrato de cultivo, pois os
resultados correspondem à quantidade
de nutriente absorvida pelas plantas.
Desta forma, o teor de nutrientes nos
tecidos vegetais reflete sua real disponibilidade, pois existe uma relação entre o fornecimento de um nutriente pelo
substrato de cultivo ou por um fertilizante e a concentração nas folhas, e uma
relação entre essa concentração e a produção da cultura. Tal técnica pode estar
sujeita a algumas limitações tais como
épocas de amostragem, interpretação,
contaminação da amostra, deficiências
e excessos de nutrientes (MALAVOLTA
et al. 1997).
Os teores de nitrogênio na parte aérea da alface (Tabela 2) foram significativamente maiores, nos tratamentos
ZPK40 e ZPK20, aos quais foram adicionados o KH 2PO 4. Provavelmente
houve uma interação positiva entre o
fornecimento de fósforo no substrato de
cultivo, e a absorção de nitrogênio pelas plantas de alface. Estes teores, assim como os dos tratamentos ZP40;
ZP80 e ZP160, podem ser considerados
adequados, adotando-se a faixa de 31 a
40 g kg -1 , proposta por Reuter e
Robinson (1997). Nos demais tratamentos não foram observadas diferenças significativas em relação à testemunha,
cultivada com solução nutritiva, e estão
todos abaixo da faixa adequada
(REUTER; ROBINSON, 1997).
Challinor et al. (1995) também haviam
observado baixos teores de nitrogênio
em cravo cultivado em substrato com
zeólita. Os teores de nitrogênio na parte
aérea observados neste estudo foram
inferiores aos de Fernandes et al. (2002),
que encontraram o valor médio de 47 g
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produção, aparência e teores de nitrogênio, fósforo e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita
kg-1 para a cultivar Regina cultivada em
sistema hidropônico.
Observa-se na Tabela 2 que os teores de fósforo na parte aérea das plantas
de alface foram significativamente
maiores que a testemunha, nos tratamentos ao qual foi adicionado à zeólita uma
fonte do nutriente, na forma de KH2PO4
(ZPK40; ZPK20) ou na forma de apatita
(ZP80; ZP160; ZP40; ZP20). Nestes tratamentos, as concentrações encontradas
na parte aérea estão dentro da faixa (4 a 6
g kg-1) considerada como adequada para
a cultura (REUTER; ROBINSON, 1997).
No entanto são inferiores aos teores estabelecidos por Fernandes et al. (2002), que
encontraram valores de 8,5 g kg-1.
Estes valores evidenciam a maior
disponibilidade do macronutriente fósforo no substrato que recebeu o mineral
zeólita enriquecida com apatita.
Notario-Del-Pino et al. (1994), em um
experimento em casa-de-vegetação com
alfafa, compararam o fornecimento de
fósforo e potássio, através da zeólita
(phillipsita) com o KH2PO4, e confirmaram o aumento dos teores deste nutriente
na planta.
Os resultados do presente estudo indicaram que os teores de potássio não
diferiram significativamente em função
dos tratamentos utilizados (Tabela 2).
Esta ausência de diferenças entre as fontes de fornecimento do nutriente também
foi observada por Challinor et al. (1995)
em cravo. Diferentemente, Williams e
Nelson (1997) observaram em crisântemo, que as plantas cultivadas em
substrato com zeólita enriquecida com
potássio, apresentaram maiores teores
que as testemunhas que receberam fertilizantes na forma solúvel. Os resultados
da concentração de potássio, nos tecidos
da parte aérea, foram menores que o valor médio de 71 g kg-1 encontrado por
Fernandes et al. (2002) para a mesma
cultivar de alface utilizada neste estudo.
Também estão abaixo da faixa adequada
(50 a 80 g kg-1) proposta por Reuter e
Robinson (1997).
A aparência é o atributo que mais
causa impacto na escolha por parte do
consumidor e dentro desta, a cor é a característica mais relevante. Isto porque
a cor caracteriza sobremaneira o produto, constituindo-se no primeiro critério
para sua aceitação ou rejeição. A apaHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 3. Somatório das notas das alfaces pelos 53 provadores não treinados. São Carlos,
Embrapa Solos, 2004.
Cor
Tamanho
Lesões
Preferência
Z 20
Tratamentos
304,ab
489, c
277, b
354, b
Z 40
367, b
445, c
316, b
367, b
ZP 20
307,ab
253,ab
302, b
321,ab
ZP 40
276,ab
195,a
341, b
295,ab
ZP 80
255,ab
203,a
296, b
234,a
ZP 160
243,a
183,a
322, b
282,ab
ZNK 40
436, b
513, c
436, c
504, c
ZNK 80
296,ab
321, b
239,ab
250,ab
ZPK 20
272,ab
272,ab
192,ab
267,ab
ZPK 40
310,ab
290,ab
374, b
383, b
Testemunha
356, b
319, b
162,a
222,a
Valores seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Friedman. Diferença mínima = 112.
Tabela 4. Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre as médias dos pesos fresco, teores
de N, P e K e o somatório das notas dos atributos de cor, tamanho, presença de lesões e
preferência de compra. São Carlos, Embrapa Solos, 2004.
Cor
Peso fresco
Teor N
Teor P
Teor K
-0,539N.S.
-0,803* *
-0,624*
-0,252
N.S.
Tamanho
-0,789* *
-0,860* * *
-0,752* *
-0,370
N.S.
Lesões
Preferência
-0,062N.S.
-0,416N.S.
-0,168
N.S.
-0,519N.S.
0,191
N.S.
-0,188N.S.
0,116
N.S.
-0,112N.S.
* ** ***
, , indicam significância para p < 0,05; 0,01; e 0,001, respectivamente. N.S. indica não
significativo.
rência geral e a cor estão relacionadas
com a qualidade, índice de maturação e
deterioração do produto. O consumidor
espera uma determinada cor para cada
alimento e qualquer alteração nesta,
pode diminuir sua aceitabilidade
(DELLA-MODESTA, 1994).
Na Tabela 3 estão a soma das notas
atribuídas às alfaces pelos 53 provadores
que participaram do teste de preferência. Observou-se que o atributo cor foi
o que apresentou menores variações
entre os tratamentos. As maiores diferenças observadas foram no tamanho e
na presença (ou ausência) de lesões.
O teste de preferência pode ser considerado como uma das mais importantes etapas da análise sensorial, pois representa o somatório de todas as percepções sensoriais e expressa o julgamento, por parte do consumidor, sobre
a qualidade do produto (DUTCOSKY,
1996). Os resultados deste teste indicaram que a alface preferida foi a testemunha, cujos nutrientes foram fornecidos em quantidades adequadas através
de solução nutritiva, e a alface obtida
no substrato com o tratamento ZP80
(zeólita + apatita, na dose de 80 g por
vaso). Os outros tratamentos ZP (160;
40 e 20), ZNK80 e ZPK20 também obtiveram alta preferência de compra pelos provadores. Os resultados de Siomos
et al. (2001) também mostraram que a
avaliação visual da aparência foi adequada para diferenciar alface obtida em
diferentes substratos.
Os coeficientes de correlação de
Pearson (r) entre as médias dos pesos
fresco, teores de N, P e K e o somatório
das notas dos atributos de cor, tamanho,
presença de lesões e preferência de compra estão na Tabela 4. Observaram-se
correlações significativas (r = -0,79**)
entre a média peso fresco da alface e o
somatório das notas dadas pelos
provadores para o atributo tamanho. O
coeficiente negativo justifica-se pelo
fato de que o tratamento que aparentava ser o de maior tamanho recebeu a
menor nota, estabelecendo-se assim a
correlação negativa.
923
A. C. C. Bernardi et al.
Houve também correlações significativas e negativas entre os teores de
nitrogênio na parte aérea das plantas e
as notas dos atributos cor (r = -0,80**)
e tamanho (r = -0,86***). Isso é justificável em função das funções fundamentais que este nutriente exerce no metabolismo vegetal. O nitrogênio é constituinte de todas as proteínas e ácidos
nucleícos da planta e também o teor
deste macronutriente nas folhas é um
dos fatores que determina o conteúdo
de clorofila (MENGEL; KIRKBY,
1982;
MARSCHNER,
1995;
MALAVOLTA et al., 1997). Por isso,
nos tratamentos onde houve maior disponibilidade de nutriente, as plantas
apresentaram cor mais verde, mais intensa e maior tamanho.
O teor de fósforo das folhas da parte
aérea da alface correlacionou-se significativamente (r = -0,75**) com o atributo sensorial de tamanho avaliado pelos provadores. A explicação é que o P,
nos vegetais, é um componente dos
fosfolipídeos da membrana, dos açúcares fosforilados e das proteínas, é também parte integrante do DNA (acido
desoxiribonucleíco), RNA (ácido
ribonucleico), ATP (adenosina 5trifosfato); PEP (fosfoenolpiruvato),
NADPH
(nicotinamida
adeninadinucleotídeo difosfato) e outros
compostos bioquímicos que utilizam o
fosfato como armazenamento de energia (MENGEL; KIRKBY, 1982;
MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA
et al., 1997). Como vários processos
metabólicos vitais dependem desse suprimento de energia, a nutrição adequada deste nutriente vai interferir diretamente sobre a síntese de proteínas e de
ácidos nucleícos, e conseqüentemente
influenciar o crescimento das plantas,
como mostraram os resultados. Não
houve correlações significativas entre os
teores de K os atributos sensoriais avaliados.
Os resultados mostraram que o uso
das zeólita pode ser uma fonte eficiente
924
de nutrientes N, P e K. A alface cultivada
em meio com zeólita apresentaram maior
produção e qualidade visual equivalente
à alface testemunha, cultivada em solução nutritiva. Houve correlações significativas entre os teores de N e os atributos sensoriais cor e tamanho, e entre os
teores de P e o tamanho. A análise sensorial foi uma ferramenta adequada para
avaliar a qualidade da alface.
AGRADECIMENTOS
À FINEP através do CT Mineral,
pelo financiamento do trabalho. Aos
Drs. Nélio G.A.M. Rezende, da CPRM;
Hélio Salim de Amorim e Fernando de
Souza Barros, da UFRJ; e Paulo Renato Perdigão Paiva, do CETEM.
LITERATURA CITADA
ALLEN, E.; MING, D.; HOSSNER, L.;
HENNINGER, D.; GALINDO, C. Growth and
nutrient uptake of wheat in a clinoptilolitephosphate rock substrate. Agronomy Journal,
Madison, v.87, n.6, p.1052-1059, 1995.
AMERINE, M.A.; PANGBORN, R.M.;
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Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com
níveis de uréia
Ademar P. de Oliveira1; Márcia Roseane T. de Oliveira2; José A. Barbosa2; Geomar G. da Silva2; Dijauma
H. Nogueira2; Mácio F. de Moura2; Maria do Socorro S. Braz2
1
UFPB, CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; Bolsista produtividade em pesquisa CNPq; E-mail: [email protected], 2UFPB,
Progr. Pós-graduação, 58397-000 Areia-PB
RESUMO
ABSTRACT
Estudos que visem o aumento do rendimento e da qualidade de
raízes da batata-doce, podem se constituir em importantes ferramentas para melhorar a condição sócio-econômica da região Nordeste,
pelo fato desta ser uma das hortaliças de grande importância nessa
região. Com o objetivo de avaliar o efeito de níveis de uréia no rendimento e qualidade de raízes comerciais de batata-doce, cultivar
Rainha Branca, instalou-se um experimento de julho a novembro/
2003, na UFPB, em Areia. O delineamento experimental foi blocos
casualizados com cinco tratamentos (0; 115; 230; 345 e 460 kg ha-1)
de uréia, em adubação de cobertura aos 30 e 60 dias após o plantio,
em quatro repetições. Utilizaram-se parcelas úteis com 28 plantas,
espaçadas de 0,80 x 0,30 m. A produção de raízes comerciais em
função dos níveis de uréia, atingiu valor máximo estimado de 18,8 t
ha-1, no nível de 339 kg ha-1 de uréia, superando a produtividade
média nacional de raízes comerciais, em 8,8 t ha-1. O teor de glicose
(açúcares redutores), nas raízes da batata-doce, aumentou em função dos níveis de uréia, até o nível de 187 kg ha-1, com teor máximo
de 8,7%. O teor de amido foi reduzido com a elevação dos níveis de
uréia, com percentual mínimo de 57% no nível de 460 kg ha-1. Contudo, o teor mínimo de amido situou-se dentro da faixa definida
para a espécie.
Yield and quality of sweet potato roots fertilized with urea
Studies with the objective of increasing yield and quality of sweet
potato roots, could be an important tool to improve the socio
economic condition in the northeastern area of Brazil, due to the
importance of this vegetable in that area. The present work was done
to evaluate the effect of urea levels on yield and quality of sweet
potato cultivar Rainha Branca. The experiment was conduced from
July to November/2003, in Paraíba State, Brazil. The experimental
design was of randomized blocks with five treatments (0; 115; 230;
345 and 460 kg ha-1 of urea), in cover fertilization at 30 and 60 days
after planting date, in four replications. Plots with 28 plants, spaced
0,80 x 0,30 m apart were used. Commercial root yield of 18.8 t ha-1
was obtained when 339 kg ha-1of urea were employed, a much better
result compared to the national average of 8.8 t ha-1of commercial
roots The glucose level (reducing sugars) on the sweet potato roots,
increased with the increase of the urea levels, up to 187 kg ha-1of
urea with a maximum of 8.7% of glucose. Starch level was reduced
with increasing urea levels, with minimum percent of 57% at the
level of 460 kg ha-1. However, the starch minimum level was within
the range defined for this species.
Palavras-chave: Ipomoea batatas, nutrição mineral, produção,
glicose, amido.
Keywords: Ipomoea batatas, mineral nutrition, yield, glucose,
starch.
(Recebido para publicação em 8 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
A
batata-doce é uma cultura de grande importância econômico-social,
participando no suprimento de calorias,
vitaminas e minerais à alimentação humana. É a quarta hortaliça mais
consumida no Brasil e destaca-se de
outras culturas por apresentar alto rendimento por área. Produz raízes
tuberosas que apresentam na sua composição, Ca, K e carboidratos variando
entre 25 e 30%, dos quais 98% são facilmente digestíveis, além de vitaminas
A, do complexo B, e C, ferro, cálcio e
fósforo (MIRANDA, 2003).
No Brasil, a batata-doce é cultivada
em praticamente todos os estados, principalmente nas regiões sul e nordeste,
onde se constitui em uma das mais importantes fontes de alimento. Na Paraíba
é mais cultivada e difundida nas regiões
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
próximas aos grandes centros consumidores, sendo considerado o estado maior
produtor nordestino e o quarto em nível
nacional (SOARES et al., 2002). Apesar deste destaque, é paradoxalmente a
nível nacional, um dos estados que possui uma das mais baixas produtividades,
em torno de 6,8 t ha-1. A falta de um programa de nutrição mineral para a cultura, é um dos principais fatores responsáveis por esta baixa produtividade
(SILVA et al., 2002).
O nitrogênio é o segundo nutriente
mais exigido pela batata-doce
(FILGUEIRA, 2000). Seu fornecimento via adubação funciona como
complementação à capacidade de seu
suprimento nos solos, a partir da
mineralização de seus estoques de matéria orgânica, geralmente baixa em re-
lação às necessidades das plantas
(MALAVOLTA, 1990).
Na batata-doce, a utilização do nitrogênio merece atenção especial. Em
solos com alta disponibilidade desse elemento ocorre um intenso crescimento da
parte aérea, em detrimento da formação
de raízes tuberosas, e naqueles com deficiência, inicialmente ocorre clorose
nas folhas mais velhas, seguido das mais
novas, sendo que com o agravamento
da deficiência surgem manchas
necróticas internevais, podendo ocorrer
abscisão das folhas, ocorrendo igualmente redução significativa na qualidade (CHAVES; PEREIRA, 1985).
O amido é considerado o principal
componente da raiz da batata-doce, seguido dos açucares mais simples,
sacarose, glicose, frutose, maltose. Na
925
A. P. Oliveira et al.
indústria de alimentos é utilizado para
melhorar as propriedades funcionais,
sendo empregado em sopas, molhos de
carne, como formador de gel em balas e
pudins, estabilizante em molhos de salada, na elaboração de compostos farmacêuticos, na produção de resinas naturais e na elaboração de materiais
termoplásticos
biodegradáveis
(CEREDA et al., 2001).
Os teores de amido nas raízes das
plantas podem variar, entre outros aspectos, em função da adubação. Portanto, o estudo e conhecimento sobre a influência desse fator na acumulação de
amido nas raízes das plantas, proporcionará melhoria na qualidade e no rendimento industrial do produto. A nutrição
equilibrada, tanto em macro como em
micronutrientes, aumenta a produção e
melhora a qualidade do produto em vários aspectos (MALAVOLTA, 1987).
Alguns autores relatam efeitos da
nutrição orgânica e mineral na qualidade de algumas hortaliças produtoras de
raízes comerciais. No inhame, Souto
(1989), detectou resposta positiva em
termos de produção à aplicação de fertilizantes nitrogenados, mas verificou
baixo conteúdo de gordura, fibra bruta
e proteína bruta nas túberas. Oliveira et
al. (2002) verificaram redução da matéria seca e aumento nos teores de amido
e cinzas, em função do emprego de esterco bovino e de galinha. O teor de
amido é também influenciado pela adubação com NPK (KAYODE, 1985). Na
batata-doce, Silva (2004), observou elevação do teor de amido, em função do
emprego de fósforo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar
a influência da adubação nitrogenada no
rendimento e qualidade das raízes comerciais de batata-doce.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na Universidade Federal da Paraíba, em Areia,
entre julho e novembro/2003, em delineamento experimental de blocos
casualizados, com cinco tratamentos,
compostos pelos níveis de 0; 115; 230;
345 e 460 kg ha-1 de uréia, em quatro
repetições. O solo da área foi classificado como NEOSSOLO REGOLÍTICO
Psamítico Típico, textura franca, cuja
926
análise química na camada de 0-20 cm,
resultou em: pH (H2O) = 6,5; P = 36,84
mg dm-3; K = 119,88 mg dm-3; Al+3 =
0,00 cmolc dm-3; Ca+2 = 2,55 cmolc dm-3;
Mg+2 = 0,55 molc dm-3 e matéria orgânica = 8,11 g dm-3.
A adubação de plantio foi realizada
conforme recomendações do Laboratório de Química e Fertilidade do Solo da
UFPB e constou da aplicação de 20 t
ha-1 de esterco bovino, 200 kg ha-1 de
superfosfato simples e 68 kg ha-1 de
cloreto de potássio. Na adubação de
cobertura, aplicaram-se os níveis de
uréia, definidas no delineamento experimental, a metade aos 30 dias e a outra
metade aos 60 dias após o plantio.
O preparo do solo constou de aração,
gradagem e confecção de leirões. No
plantio, foram utilizadas duas ramas por
cova, da cultivar Rainha Branca, retiradas de plantio jovem, cortadas com um
dia de antecedência, para facilitar o
manejo, sendo secionadas em pedaços
de aproximadamente 40 cm de comprimento, contendo em média oito
entrenós. As ramas foram enterradas
pela base com auxílio de um pequeno
gancho, numa profundidade aproximada de 10 cm. Foram utilizadas parcelas
constituídas por seis leirões de sete plantas, no espaçamento de 0,80 m entre
leirões e 0,30 m entre plantas, e ocupou
uma área de 14 m2 com 54 plantas. Utilizaram-se os quatro leirões centrais
como área útil, excluindo-se a primeira
e a última planta de cada leirão, resultando em 28 plantas avaliadas.
Durante a condução do experimento foram realizadas irrigações pelo sistema de aspersão convencional nos períodos de ausência de precipitação, com
turno de rega de três dias; capinas com
auxílio de enxadas com o objetivo de
manter a cultura livre da competição
com plantas daninhas; amontoas para
proteger as raízes contra raios solares e
manter a formação dos leirões. Não efetuou-se aplicações de agrotóxicos em
decorrência da ausência de pragas e/ou
doenças.
A colheita foi realizada aos 120 dias
após o plantio, onde foram obtidos os
dados de produção comercial, a qual
correspondeu ao peso das raízes de formato uniforme, lisas com peso igual ou
superior a 80 g, conforme Embrapa
(1995). Amostras de aproximadamente
um quilograma de cada tratamento e repetição foram levadas ao laboratório da
UFPB, para determinação dos teores de
glicose (açúcares redutores) e de amido, conforme metodologia do Instituto
Adolfo Lutz (1985).
Os resultados obtidos foram submetidos à análises de variância e de regressão polinomial, utilizando-se o
“software” SAEG 8.0 (2001). Dentro
das doses de N, foram testados em cada
característica avaliada, os modelos
polinomiais (linear, quadrático e cúbico). O critério para a escolha do modelo foi definido através da significância
pelo teste F a 5% de probabilidade e do
maior valor de coeficiente de determinação (R2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises de variância e de regressão revelaram efeitos significativos dos
níveis de uréia (P<0,05), sobre a produção de raízes comerciais e sobre os teores de glicose e amido nas raízes.
A produção de raízes comerciais de
batata-doce em função das doses de N,
atingiu valor máximo estimado de 18,8
t ha-1 no nível de 339 kg ha-1 de uréia
(Figura 1), demonstrando uma boa produção nas condições do município de
Areia. Esse resultado evidencia que essa
hortaliça responde ao fornecimento de
uréia. Esta produtividade superou em 10
t ha-1 a produtividade média nacional de
raízes comerciais de batata-doce que é
de 8,8 t ha-1 (Embrapa, 1995). Mendonça e Peixoto (1991) obtiveram respostas significativas para a produtividade,
produção por planta e peso médio de
raízes comerciais na batata-doce, avaliando níveis de adubação com N, P e
K. Nas condições edafoclimáticas do
Estado de Virgínia (USA), Phillips et al.
(2005), observaram elevação do rendimento de raízes comerciais da batatadoce, em função do emprego de N, até
o nível de 84 kg ha-1
Provavelmente, o nível de uréia responsável pela máxima produção de
raízes comerciais, juntamente com os
nutrientes contidos no solo, supriu de
forma equilibrada a batata-doce. O equilíbrio entre os elementos nutritivos proporciona maiores produções do que
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Rendimento e qualidade de raízes de batata-doce adubada com níveis de uréia
maiores quantidades de macro-nutrientes isoladamente (PRIMAVESI, 1985).
Embora os teores de P (36,84 mg
dm-3) e K (111,88 mg dm-3), originalmente presentes no solo fossem respectivamente, baixo e alto, os resultados
obtidos para o rendimento em função do
fornecimento de uréia devem-se, em
parte, ao baixo teor de matéria orgânica
(0,81%). De acordo com Pottker e
Roman (1994), o teor de matéria orgânica tem sido classicamente utilizado
para estimar a disponibilidade de nitrogênio e, consequentemente, a necessidade de adubação. Teixeira et al. (1994)
enfatizaram que em solos degradados,
os baixos teores de matéria orgânica
podem determinar menor disponibilidade de nitrogênio para culturas, resultando numa das principais limitações à produtividade agrícola.
A redução na produção de raízes
comerciais verificada nos níveis acima
de 339 kg ha-1 de uréia, pode indicar que
o excesso deste nutriente foi prejudicial
à formação de raízes comerciais na batata-doce, possivelmente em função da
elevada produção de massa verde e formação de raízes adventícias
(EMBRAPA, 1995). Em solos com alta
disponibilidade de nitrogênio ocorre intenso crescimento da parte aérea, em
detrimento da formação de raízes
tuberosas, decorrente do crescimento
vegetativo exuberante (CHAVES; PEREIRA, 1985). Também, pode ter ocorrido efeito indireto do amônio, reduzindo a absorção de outros cátions, de forma que a absorção destes seria reduzida
pela planta (CARNICELLI et al., 2000).
Huett (1989) verificou redução de produtividade em varias hortaliças, em função de doses elevadas de N.
O teor de glicose (açúcares redutores) nas raízes da batata-doce aumentou
em função da elevação dos níveis de
uréia, até o nível de 187 kg ha-1de uréia,
com teor máximo de glicose de 8,7%,
quando então, começou a decrescer (Figura 2). Esse teor foi semelhante ao obtido, por Cereda et al. (2001), para a espécie, (8,5 a 9%) em raízes originadas
de plantio com adubação balanceada.
A presença de glicose acentua o sabor da batata-doce, favorecendo suas
características de mesa e de
processamento (PICHA, 1986). PortanHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 1. Produção comercial de raízes de batata-doce, em função de níveis de uréia. Areia,
CCA-UFPB, 2004.
Figura 2. Teor de glicose em raízes comerciais de batata-doce, em função de níveis de uréia.
Areia, CCA-UFPB, 2004.
to, doses acima daquela responsável
pelo máximo teor de glicose nas raízes
comerciais podem reduzir sua qualidade, não reduzindo seu rendimento, isso
porque para a obtenção do rendimento
máximo foi necessário o fornecimento
de 359 kg ha-1 de uréia.
O teor de amido foi reduzido com a
elevação dos níveis de uréia, com
percentual mínimo de 57% no nível de
460 kg ha-1 (Figura 3). Contudo, o teor
mínimo de amido encontra-se dentro da
faixa definida para a espécie que é de
13,4% (CEREDA et al., 2001) e superou o teor de amido em raízes de batatadoce de 16%, obtido por Silva (2004),
em função de doses de fósforo, também
nas condições de clima e solo da presente pesquisa. Em batata, Magalhães
(1985) e Pimpini et al. (1992), relatam
que o excesso de nitrogênio proporciona redução no teor de amido. Em
inhame, Oliveira et al. (2002), observou
redução no teor de amido em rizóforos
colhidos aos noves de idade, em função
da adubação organo mineral.
A cultura estava bem suprida de K
pelo emprego do esterco bovino que
continha na sua composição química
concentração 9,75 g kg-1, pela alta concentração no solo fornecida pelas adubações orgânica e mineral, aliadas a
quantidade deste nutriente, originalmente no solo. O potássio em altas doses
927
A. P. Oliveira et al.
Figura 3. Teor de amido em raízes comerciais de batata-doce, em função de níveis de uréia.
Areia, CCA-UFPB, 2004.
reduz o amido, em decorrência do aumento da absorção e acúmulo desse nutriente na planta, acarretando redução do
potencial osmótico e aumento da absorção de água, o que causa diluição dos
teores de amido nos tubérculos (REIS
JUNIOR, 1995). No inhame Dioscorea
cayennensis (OLIVEIRA et al., 2002),
observaram relação direta do K com o
teor de amido nos rizóforos. Também, a
redução no teor de glicose, em níveis
acima de 198 kg ha-1, pode ter contribuído para a redução do teor amido, isso
porque a glicose nas raízes é
polimerizada em amido (CEREDA et
al., 2001).
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Colonização de plantas de alho por Neotoxoptera formosana no DF
Péricles de A. Melo Filho1; André N. Dusi2; Cláudio Lúcio Costa3; Renato de O. Resende3
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Depto Agronomia, Dom Manoel de Medeiros s/n 52171-900 Recife-PE; E-mail:
[email protected]; 2Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 3Universidade de Brasília, Instit. Biologia, 70919-970
Brasília-DF
RESUMO
ABSTRACT
Plantas de alho da cv. Amarante, cultivadas em casa de vegetação para detecção da ocorrência de viroses, foram naturalmente infestadas por afídeos de coloração escura durante a primavera de 2001.
Com o objetivo de identificar a espécie em questão foram coletados
indivíduos alados, capturados com armadilha constituída por bandeja amarela com água, além de formas ápteras. A identificação da
espécie foi feita segundo a chave descritiva elaborada por Blackman
& Eastop (1984) e por comparação com espécimes de Neotoxoptera
formosana e N. oliveri da coleção do Depto. Fitopatologia da Universidade de Brasília. O afídeo encontrado em alho pertence à espécie Neotoxoptera formosana Takahashi, 1921.
Colonization of garlic plants by Neotoxoptera formosana in
Distrito Federal, Brazil
Palavras-chave: Allium sativum, afídeos.
Garlic plants (cv. Amarante) cultivated during the spring in the
greenhouse for detection of viruses, were found to be naturally
colonized by a dark aphid. For species identification, specimens of
the few alatae individuals collected by pan yellow water traps and
many apterae individuals were compared to the species descriptions
in Blackman & Eastop (1984). The specimens were also compared
with Neotoxoptera formosana and N. oliveri from the aphid collection
of the Phytopathology Department of the University of Brasília. The
aphid found in the garlic plants belongs to the species Neotoxoptera
formosana Takahashi, 1921.
Keywords: Allium sativum, aphid.
(Recebido para publicação em 26 de outubro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
O
alho (Allium sativum L.) é uma das
hortaliças mais cultivadas no mundo e largamente empregado na culinária brasileira. No Brasil, a cultura destaca-se como uma das cinco hortaliças
de maior relevância (RESENDE, 1997).
Vários agentes fitopatogênicos, especialmente os vírus, provocam redução
na produtividade de bulbos. Entre os
vírus de maior importância encontramse os potyvírus Onion yellow dwarf virus
(OYDV) e Leek yellow stripe virus
(LYsV), o carlavírus Garlic common
latent virus (GarCLV) e várias espécies
de allexivírus, todos transmitidos por
afídeos (CONCI et al., 1999), com exceção dos allexivírus que são transmitidos por ácaros. Desses, apenas OYDV
isoladamente chega a causar perdas na
produção de bulbos de até 50 %
(WALKEY; ANTILL, 1989).
Plantas de alho são constantemente
visitadas por diversas espécies de
afídeos e entre eles são encontrados:
Lipaphis
sp.
(Mordvilko),
Rhopaloshiphum sp. (Koch), Aphis sp.
(L.), Geopenphigus sp. (Hille), Myzus
sp. (Passerini), Hyperomyzus sp.
(Börner) e Neotoxoptera sp. (Theobald)
(MELO FILHO et al., 2000; MELO FILHO et al., 2002). Mais de oitenta e seis
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
espécies de vírus são transmitidas por
afídeos (PAIVA; KITAJIMA, 1985).
Blackman e Eastop (1984) relataram
a ocorrência de Neotoxoptera
formosana em plantas do gênero Allium
no Japão, China, Taiwan, Coréia, Austrália, Nova Zelândia, Hawai e América do Norte. No Brasil não há relato de
sua ocorrência em A. sativum. O presente trabalho teve como objetivo a
detecção da ocorrência de viroses em
plantas de alho naturalmente infestadas
por afídeos.
MATERIAL E MÉTODOS
Plantas de alho da cv. Amarante foram cultivadas durante a primavera, em
casa de vegetação na Embrapa Hortaliças, para estudos de viroses. Durante o
cultivo ocorreu infestação natural por
uma espécie de afídeo de coloração escura. As plantas colonizadas foram
transportadas para insetário com tela
anti-afídeo para manutenção das populações e posterior captura de adultos
com uso de armadilha constituída por
bandeja amarela com água e detergente. Foram preparadas lâminas
semipermanentes para observação da
morfologia dos espécimes com auxílio
de microscópio composto. Os espécimes
foram comparados com as descrições
encontradas em Blackman e Eastop
(1984) e Costa et al. (1993), com espécimes encontrados na coleção de afídeos
do Departamento de Fitopatologia da
Universidade de Brasília, além de registros fotográficos das principais características morfológicas dos espécimes
através do uso de microscópio
esteroescópio Zeiss, quer sejam: N.
formosana (adultos ápteros de coloração magenta, vermelha a preto, antena
escura da base ao ápice, sifúnculo escuro ou pálido só em formas jovens, forma alada vermelho escura ou preta, com
bordado em toda extensão das nervuras
das asas); N. oliveri (adultos ápteros de
coloração vermelha escura, antena com
base clara e segmentos terminais negros,
sifúnculo pálido em adultos, forma alada vermelho escura a preta, com bordados estreitos na base e no ápice)
(Blackman; Eastop, 1984).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As colônias de afídeos detectadas
sobre as plantas de alho eram de colo929
P. A. Melo Filho et al.
chave de classificação de famílias e
subfamílias descrita em Costa et al.
(1993) e em Blackman e Eastop (1984),
pode-se concluir que se trata da ocorrência de N. formosana sobre alho no
Brasil. Este é o primeiro relato da colonização de N. formosana sobre plantas
de alho no Brasil.
LITERATURA CITADA
Figura 1. Colonização por Neotoxoptera formosana sobre plantas de alho no Brasil: A)
Agrupamento dos espécimes na porção mediano-basal das folhas; B) Forma aptera apresentando forma ovalada, coloração negra e sifúnculo* escuro e clavado; C) Antena apresentando longo processo terminalis*; D) Forma alada apresentando decoração ao longo de todo o
comprimento das nervuras das asas**. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2001.
ração escura e com a maioria dos espécimes localizados da porção mediana
para a basal das folhas (Figura 1A). Os
espécimes ápteros, quando observados
ao microscópio estereoscópio, apresentaram forma ovalada e de coloração negra a magenta, com sifúnculo clavado
também de coloração escura (Figura
1B), porém pálido nas formas jovens.
Estas características concordam com
aquelas descritas por Blackman e Eastop
(1984) a respeito das espécies de afídeos
que colonizam plantas de alho.
A antena é de coloração escura desde a base até o ápice. Essa característica permite a separação entre
Neotoxoptera formosana e N. oliveri
(Blackman; Eastop, 1984). Há na antena a presença de longo processo
930
terminalis (Figura 1C). As asas apresentam as nervuras uniformemente bordadas em toda a sua extensão (Figura 1D),
sendo esta outra importante característica que separa Neotoxoptera formosana
de N. oliveri (Blackman; Eastop, 1984).
Isto reforçou a hipótese de se tratar da
espécie Neotoxoptera formosana.
De acordo com Sako et al. (1990),
N. formosana é comprovadamente
transmissor de Garlic latente vírus
(GarLV). No trabalho os autores comprovaram transmissão desse vírus para
plantas de Allium chinese. Isso torna
esse afídeo potencialmente transmissor
dessa espécie de vírus para outras espécies do gênero Allium.
Com base nas observações
registradas e descrições encontradas na
BLACKMAN, R.L.; EASTOP, V.F. Aphids on the
world’s crops: an identification guide. New York:
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Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.931-934, out-dez 2005.
Growth and yield of lettuce plants under salinity
Jerônimo L. Andriolo1; Gean L. da Luz2; Maiquel H. Witter3; Rodrigo dos S. Godoi1; Gisele T. Barros1;
Orcial C. Bortolotto4
1
UFSM, CCR, Depto. Fitotecnia, 97105-900 Santa Maria-RS; E-mail: [email protected]; 2Acadêmico do curso de agronomia,
UFSM; 3Bolsista PIBIC-CNPq; 4Bolsista FAPERGS
ABSTRACT
RESUMO
Lettuce plants, cv. Vera, were grown under five salinity levels in
a hydroponical experimental set-up using a 0.15 m deep sand growing
bed. A standard nutrient solution was used, with the following
composition, in mmol L-1: 16.9 NO3-; 2.0 H2PO4-; 1.0 SO4— 4.0 Ca++;
10.9 K+ e 1.0 Mg++, and, in mg L-1, 0.42 Mn; 0.26 Zn; 0,05 Cu;
0,50 B; 0,04 Mo, and 4.82 chelated Fe. The five salinity levels
compared as treatments were obtained by varying the concentration
of the standard nutrient solution, reaching average electrical
conductivities (EC) of 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dS m-1, for T1,
T2, T3, T4 and T5, respectively. The nutrient solution at each salinity
level was supplied from a reservoir by means of a flooded-type
electrical pump, for 15 minutes, at intervals of 90 minutes during
the day and 420 minutes during the night. A completely randomised
experimental design was used with four replications and 20 plants
per plot. Four plants of each plot were harvested at 32 days after
planting, to determine shoot and root dry mass, shoot fresh weight,
leaf area and number of leaves per plant. Number of leaves was 18
per plant and was not affected by treatments. Dry mass of leaves
increased 24,4% from T1 to T3. No relationships were found on
data from stem and root dry mass. A positive effect of EC was
recorded on shoot fresh mass, which increased 28.5% from T1 to
T2, and decreased 16.5% from T2 to T5. Maximum LAI estimated
value was 4.3 m2 m-2 for an EC of 2.6 dS m-1. Salinity levels above
2.0 and 2.6 dS m-1 reduce fresh yield and plant growth, respectively.
Keywords: Lactuca sativa, fertigation, hydroponics, salinity.
Crescimento e produtividade da alface em condições salinas
Plantas de alface, cv. Vera, foram cultivadas em cinco níveis de
salinidade em um dispositivo experimental composto por uma camada de areia de 0,15 m de profundidade. Foi empregada uma solução nutritiva padrão, com a seguinte composição, em mmol/L: 16,9
de NO3-; 2,0 de H2PO4-; 1,0 de SO4—; 4,0 de Ca++; 10,9 de K+ e 1,0
de Mg++, e, em mg L 1, 0,42 de Mn; 0,26 de Zn; 0,05 de Cu; 0,50 de
B; 0,04 de Mo, e 4,82 de Fe quelatizado. Os cinco níveis de salinidade
foram obtidos por variações na concentração da solução nutritiva
padrão, atingindo valores médios de condutividade elétrica (CE) de
0,80; 1,93; 2,81; 3,73 e 4,72 para T1, T2, T3, T4 e T5, respectivamente. A solução nutritiva em cada nível de salinidade foi fornecida
a partir de um reservatório através de uma bomba submersa, durante
15 min, em intervalos diurnos de 90 min e noturnos de 420 min. Um
dispositivo experimental inteiramente casualizado foi empregado,
com quatro repetições e 20 plantas por parcela. Quatro plantas de
cada tratamento foram coletadas aos 32 dias após o plantio para
determinar a massa seca da parte aérea e das raízes, a massa fresca
da parte aérea, a área foliar e o número de folhas. O número de
folhas por planta foi igual a 18, sem diferença significativa entre os
tratamentos. A massa seca de folhas aumentou 24,4% de T1 para
T3. A massa seca do caule foi reduzida nos níveis salinos mais elevados, porém não foi observada relação dos tratamentos com a massa seca do caule e das raízes. Foi observado efeito positivo na massa
fresca da parte aérea, a qual aumentou 28,5% de T1 para T2, decrescendo 16,5% de T2 para T5. O valor máximo estimado do índice de
área foliar foi de 4,3 m2 m-2 para uma EC de 2,6 dS m 1. Concluiu-se
que níveis salinos acima de 2,0 e 2,6 dS m 1 reduzem o crescimento
e a massa fresca das plantas, respectivamente.
Palavras-chave: Lactuca sativa, fertirrigação, hidroponia,
salinidade.
(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 5 de agosto de 2005)
L
ettuce (Lactuca sativa) is the most
important horticultural NFT-grown
crop in Brazil. Standard nutrient
solutions are prepared using high quality
water and electrical conductivity is
monitored daily to fit values between 1.4
and 2.0 dS m-1 (FAQUIN; FURLANI,
1999). This is so to prevent plant saline
stress in periods of high transpiration
demand, or reduction in growth rate due
to low availability of mineral nutrients.
The use of nutrient solutions prepared
from low quality water or by re-using
nutrient solutions has hardly been
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
considered a possibility for this crop.
The main reason is the high sensitivity
of lettuce plants to salinity
(SHANNON; GRIEVE, 1999). As a
consequence, the remaining volumes of
nutrient solution at the end of the
cropping period are discharged in the
environment. This practice is nowadays
criticisable in a worldwide context
searching for sustainable agricultural
production systems.
One of the possibilities to reduce
environmental pollution from
hydroponical horticultural production
systems is recycling and re-using the
nutrient solution. The ionic
concentration of the nutrient solutions
used to grow horticultural crops is
higher than that at which nutrients are
absorbed by plants. Hence, the growth
of the crop is followed by an increasing
imbalance of the ionic concentration of
the nutrient solution. In order to adjust
periodically the ionic balance to the
original level, it is necessary to do
laboratory mineral analysis or electrodecomputing measurements. Both
methods are difficult to carry out in the
931
J. L. Andriolo et al.
nowadays social and economic context
of commercial production. For re-using
a recycled nutrient solution without
previous mineral nutrient analysis, a
fraction of it is added to the standard
nutrient solution being prepared,
disregarding its mineral composition.
This practice would lead to high salinity
levels in the nutrient solution.
The initial effect of salinity at
cellular level is due to its osmotic
effects. Shoot and root growth rate is
reduced, resulting in smaller and fewer
leaves and shorter plant stature. The
effects of salinity depends on
interactions with environmental
variables such as water vapour deficit,
temperature and solar radiation
(YEO,1999). Lettuce has been
considered as a moderately salt sensitive
crop, with a threshold electrical
conductivity (EC) of 1.3 dS m-1, and a
negative slope of 13.0 for each unit of
added salinity above this threshold value
(AYERS et al., 1951). Nevertheless, the
root growing media may affect the
response of plants to salinity. Pasternak
et al. (1986) reported that yield and
quality of soil grown lettuce was not
affected by sprinkling with water at 4.4
dS m-1. Positive effects of salinity in fruit
quality has been reported for
horticultural soilless growing crops such
as tomato (CUARTERO; MUÑOZ,
1999; LI; STANGUELLINI, 2001;
BOLARIN et al., 2001) and muskmelon
(MAVROGIANOPOULOS et al.,
1999). For hidroponically grown lettuce
crops, results are scarce in the literature.
The goal of this work was to
determine the effect of salinity on
growth, development and yield of
hydroponically grown lettuce plants.
MATERIAL AND METHODS
An experimental set-up was made
inside a polyethylene tunnel, at the
Universidade Federal de Santa Maria.
The soil surface was dug up in order to
make a 1.3 m length, 1.2 m width and
0.25 m depth tank into the soil, which
was covered with a 200 mµ black
polyethylene sheet. A fibber cement tile
(3.05 m length and 1.10 m width) was
placed over the tank with a slope of 3%
and covered with a 200 mµ black
932
polyethylene sheet. The tile gullies were
filled with 0.015-0. 025 m particle size
gravel and covered with a 1,5 × 10-3 m
polyethylene screen. Sand of 0.00150.003 m particle size was used to make
up a 0.15 m depth growing bed over the
tile. (For more details, see ANDRIOLO
et al., 2004). A flooded-type electrical
pump was placed at the bottom of the
upper end of the tank, and connected to
a pipe to drive the nutrient solution up
to the surface of the sand bed. The pump
was put to work by means of a timer
until the nutrient solution started to flow
away from the lower side of the growing
bed. After the pump was switched off,
the nutrient solution drained off from the
growing bed across the polyethylene
screen and the tile gullies. Finally, the
set-up was covered by a white
polyethylene sheet.
On June 18, 2004, six-leaved lettuce
plantlets, cv. Vera, were transferred to
the sand bed through cuttings made in
the polyethylene sheet. Plant density
was 25 plants m-2. Water and nutrients
were supplied by means of a standard
nutrient solution with the following
composition,
in
mmol
L -1
(CASTELLANE; ARAÚJO, 1995):
16.9 NO3-; 2.0 H2PO4-; 1.0 SO4—; 4.0
Ca++; 10.9 K+ and 1.0 Mg++, and, in
mg L-1, 0.42 Mn; 0.26 Zn; 0.05 Cu; 0.50
B; 0.04 Mo, and 4.82 chelate Fe. The
pH and electrical conductivity (EC) was
5.8 and 2.9 dS m-1, respectively. The
pump delivered the nutrient solution for
15 minutes, at intervals of 90 minutes
during the day and 420 minutes during
the night. The tunnel was ventilated on
sunny days by opening the lateral sides,
to reach similar values of maximum air
temperatures inside and outside of it.
Five salinity levels were compared
as treatments, obtained by varying the
concentration of the standard nutrient
solution. The target EC values of
treatments were 0.8; 1.85; 3.0; 4.0 and
5.0 dS m-1, for T1, T2, T3, T4 and T5,
respectively. The actual EC values
averaged over the experimental period
were 0.80; 1.93; 2.81; 3.73 and 4.72 dS
m-1, respectively. Electrical conductivity
and pH were measured daily. A volume
of water or an aliquot of nutrient solution
at the required concentration was added
every time the measured EC value was
10% above or below the original value,
respectively. The volumes to be added
were estimated by a proportionality
coefficient of the volume of nutrient
solution contained into the reservoir,
estimated by the depth of the liquid
inside it. The pH was maintained in the
range between 5.0 e 6.0 by additions of
H3PO4 or KOH, from a titration curve
previously determined in the laboratory.
A completely randomised experimental
design was used, with four replications
and an experimental set-up for each plot.
Four plants of each plot were
harvested at 32 days after planting
(DAP), when fully expanded older
leaves began to senesce. The number of
leaves longer than 0.01 m were counted.
Specific leaf area (SLA) was determined
on the basis of dry mass of 100 leaf disks
(5 ´ 10-4 m2), sampled on all leaves. Leaf
area index (LAI) was estimated by
extrapolating the SLA to the plant leaf
dry mass. Shoot fresh weight was
determined and roots were carefully
removed out from the sand and washed
in water. Dry mass of leaves, stem and
roots were determined after drying at
60ºC until constant dry weight was
reached. Statistical models were fitted
by regression analysis.
RESULTS AND DISCUSSION
The number of leaves was 18 per
plant and was not affected by treatments.
Dry mass of leaves increased 24,4%
from T1 to T3 (Figure 1a). Treatments
T4 and T5 maintained this value and the
data fitted a polynomial model (Figure
1a). Stem dry mass was slightly reduced,
root dry mass was not affected by
treatments, and no relationship was
found on data from both variables
(Figure 1a). Dry mass fractions did not
differ among treatments, and average
values were 0.93 for leaves, 0.02 for
stem and 0.05 for roots.
A positive effect of EC levels was
recorded on shoot fresh mass, which
increased 28.5% from T1 to T2, fitting
a polynomial model with a maximum
estimated value of 170.7 g/plant for an
EC of 2.0 dS m-1 (Figure 1b). A 16.5%
linear decrease was found from T2 to
T5. Leaf area data fitted a polynomial
model, with a maximum LAI estimated
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Growth and yield of lettuce plants under salinity
value of 4.3 m2/m2 for an EC of 2.6 dS
m-1 (Figure 2).
Lettuce growth was affected by low
concentrations of the nutrient solution,
probably due to low availability of
mineral nutrients. Nevertheless, dry
mass accumulation was not reduced at
concentrations of the nutrient solution
higher than 2.8 dS m-1. This implies
uptake of carbon by leaves and mineral
nutrients by roots were not affected.
Effects of salinity on plant growth and
yield have been attributed to
simultaneous reduction in leaf area and
root growth, affecting photosynthesis
and water and mineral uptake
(SHANON; GRIEVE, 1999). Salinity
has been measured as the total salt
concentration in the root media,
disregarding ions in solution.
Nevertheless, when salinity is due to
NaCl, its effects are associated with
accumulation of Na+ and Cl- in cells and/
or to ionic imbalance leading to
physiological disturbances (BOLARIN
et al., 2001). This was not the case in
the present experiment, as a balanced
nutrient solution was prepared from high
quality water. When dealing with
salinity, it should be advisable to
separate the effects from water with
NaCl from those arising from the
concentration of the nutrient solution.
This conclusion should be considered
while growing fruiting horticultural
crops commercially at high EC levels
to improve physiological quality
(CUARTERO; FERNADEZ-MUÑOZ,
1999; LI; STANGUELLINI, 2001).
Although plant dry mass was not
affected by high nutrient solution
concentrations, fresh weight and leaf
area were reduced. This effect might be
attributed to its influence on water
uptake by plants. The estimated upper
threshold value of 2.0 dS m-1 and the
linear slope of –14.9 (Figure 1b) were
higher than those of 1.3 dS m-1 and –
13.0 respectively, reported by Ayers et
al. (1951). These discrepancies might be
associated to genotype differences and
to environmental conditions influencing
plant water demand. The effect on fresh
weight was more pronounced than on
leaf area, suggesting leaves had some
degree of plasticity at low water deficit.
Nevertheless, when water deficit rises
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figure 1. Dry mass of shoot organs (a) and shoot fresh weight (b) of lettuce plants grown
hydroponically at five concentrations of the nutrient solution. Santa Maria, UFSM, 2004.
by effect of high nutrient solution
concentration, its influence on leaf area
was similar to that on fresh weight.
Present results were obtained in
winter, when daily maximum air
temperatures did not exceed 29ºC and
average global solar radiation was about
8.4 MJ m-2 day-1 (BURIOL et al., 2000).
This environmental condition was near
the optimal 15-25ºC range for the lettuce
crop (GOTO, 1998). Thus, relationships
showed in this paper could be
interpreted as a preponderant effect of
the nutrient solution concentration.
These effects might be enhanced by
environmental conditions stimulating
water uptake by plants (YEO, 1999),
such as high temperatures and solar
radiation during spring and summer. In
this way, a second variable estimating
the effect of environment on growth
under saline conditions should be
determined and considered when
dealing with mechanistical models for
the lettuce crop. The time intervals of
fertigation should also be considered.
Short time intervals between fertigations
might be used to prevent the rising in
salinity in the rooting media as a
consequence of plant transpiration. In
this case, growing in sand or other
substrates would be similar to doing it
in NFT facilities. On the other hand, if
long time intervals between fertigations
are used, EC values may increase,
reducing plant fresh weight and leaf
area.
Marketable quality of lettuce is
determined mainly by plant size, which
depends on fresh weight. For
933
J. L. Andriolo et al.
Figure 2. Leaf area index (LAI) of lettuce plants grown hydroponically at five concentrations
of the nutrient solution. Santa Maria, UFSM, 2004.
commercial purposes, results showed
that salinity levels above 2.0 and 2.6 dS
m-1 reduce fresh yield and plant growth,
respectively. On the other hand, the fact
that, plants were able to grow shoot and
roots with a nutrient solution
conductivity of about 4.7 dS m-1 suggests
that water uptake is the key variable
controlling lettuce plant size at
concentrations of the nutrient solution
above the threshold value. In this way,
recycling and re-using nutrient solutions
is a practice that could be taken in
account. This might be done by adding
934
successive aliquots of recycled nutrient
solutions during the growth of the crop,
every time the measured EC values of
the nutrient solution had to be raised to
its original threshold. This hypothesis
should be tested by more experiments.
CITED LITERATURE
ANDRIOLO, J.L.; LUZ, G.L.; GIRALDI, C.;
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Avaliação dos acessos de alho coleção do Instituto Agronômico
de Campinas
Paulo E. Trani1; Francisco A. Passos1; Dulcinéia E. Foltran2; Sebastião W. Tivelli1; Ivan J.A. Ribeiro3
1
Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; E-mail: [email protected]; 2APTA-UPD de
Tietê, C. Postal 18, 18530-970 Tietê-SP; E-mail: [email protected]; 3Instituto Agronômico, C. Postal 28, 13012-970
Campinas-SP
RESUMO
ABSTRACT
Cinqüenta acessos de alho pertencentes ao banco de
germoplasma do Instituto Agronômico de Campinas foram avaliados em campo, nos municípios de Tietê e Jundiaí (SP), Brasil,
em 2003, em blocos ao acaso, com três repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias
comparadas pelo teste de Skott-Knott, em nível de 5% de probabilidade. Os acessos Piedade e Gigante de Curitibanos apresentaram excelente desempenho para produtividade e qualidade do
bulbo, nos dois locais. Por outro lado, os acessos Bulbilho Aéreo
2 e Andradas Manoel Lopes 2 apresentaram interação com o ambiente, o primeiro para o tamanho do bulbo e o segundo para a
produtividade. Comparando-se os resultados de Jundiaí com os
obtidos em Tietê, nota-se que em Jundiaí houve maior variabilidade genética para a produtividade e para o diâmetro do bulbo,
devido ao menor efeito ambiental.
Evaluation of garlic accesses from the collection of the
Instituto Agronômico de Campinas
Palavras-chave: Allium sativum L., banco de germoplasma, produtividade.
Keywords: Allium sativum L., germplasm bank, yield.
Fifty accesses from the garlic germplasm bank of Instituto
Agronômico de Campinas were evaluated in Tietê and Jundiaí, São
Paulo State, Brazil. The field trials were carried out in 2003, and the
experimental design was randomized blocks with three replicates.
The data were subjected to an ANOVA and the means compared
using the Skott-Knott test at a 5% probability level. The access
Piedade and Gigante de Curitibanos showed excellent performance
for yield and bulb quality in both locations. On the other hand,
environmental interaction occurred for access Bulbilho Aéreo 2 and
Andradas Manoel Lopes 2. For the first one, the bulb size was
different and for the second the yield changed. A greater genetic
diversity on yield and bulb diameter was observed in Jundiaí, due to
lower environmental effects.
(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
O
Brasil produziu 114.436 t de alho
em 15.715 ha em 2002 (IBGE,
2002), para um consumo estimado em
140 mil toneladas neste mesmo ano
(DELLAMARIA, 2003). Segundo
Camargo Filho (2003) a produtividade
de alho no estado de São Paulo foi de
aproximadamente 6,4 t ha-1 em 2003. Os
acessos do banco de germoplasma do
Instituto Agronômico de Campinas
(IAC) têm revelado produtividades superiores a esta média.
O Centro de Horticultura do IAC
mantém um banco de germoplasma de
alho com 50 acessos e realiza experimentos
regionais
com
esse
germoplasma desde a década de 40.
Dentre os acessos mantidos nessa coleção, encontram-se germoplasmas seminobres que podem ser utilizados por produtores em substituição aos alhos nobres. Os alhos semi-nobres são recomendados para o plantio em São Paulo
pois são mais adaptados às condições
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
de fotoperíodo e temperatura, dispensam o tratamento de vernalização, são
produtivos e de boa qualidade comercial. Os bulbos e bulbilhos desses acessos são arroxeados, porém, são mais claros do que os do alho nobre. O número
de bulbilhos por bulbo é de 15 em média e não produzem palitos
(CAMARGO FILHO et al., 1996;
SIQUEIRA et al., 1996).
São indicados para plantio em São
Paulo as cvs. Amarante, Chinês, Gigante
de Curitibanos, Lavínia e Roxinho
(TAVARES et al., 1998).
A expansão da área cultivada com
alhos nobres e roxos ocorrida na década de 80 e 90 no Brasil em áreas novas
ou que tradicionalmente cultivavam os
alhos comuns e brancos, aumentou o
custo de produção da cultura especialmente para a aquisição de semente. O
custo de produção por hectare, de alho
vernalizado, para São Paulo, foi de
US$6.070,00 (março/1995: R$1,00 =
US$0,90) (TRANI et al., 1997). Este
alto custo foi semelhante ao valor observado em Santa Catarina, de
US$6.946,00 (CARMARGO FILHO et
al., 1996). Nos coeficientes técnicos
para a cultura do alho vernalizado, o
custo da semente representou 51% do
valor dos insumos ou 33% do custo total, enquanto o custo de vernalização foi
de cerca de 16% do preço da semente
ou 5% do custo total (TRANI et al.,
1997). Esse custo elevado dificulta o
cultivo de alhos nobres para os pequenos produtores e produtores familiares
de diversas regiões brasileiras.
A cultura do alho é uma atividade
econômica importante no sistema de
agricultura familiar. Além de empregar
mão-de-obra desde o plantio até a colheita, permite a utilização da mão-deobra num período que essa estaria ociosa. Com isto, favorece a fixação do homem ao campo e proporciona uma renda extra para a família.
As mutações somáticas e a seleção
cuidadosa dos produtores deram origem
935
P. E. Trani et al.
a um grande número de cultivares de
alhos semi nobres e comuns com características agronômicas distintas. Estas
cultivares são exploradas economicamente no sistema de agricultura familiar nas distintas regiões produtoras de
São Paulo, as quais apresentam características edafoclimáticas diferentes.
Em 1987, Lisbão et al. (1993) avaliaram o comportamento de acessos de alho
em três municípios paulistas (Monte
Alegre do Sul, Pariquera-Açu e
Guatapará). Os acessos estudados apresentaram comportamento diferente em
cada município. Em Monte Alegre do
Sul, os acessos IAC Lavínia 1632 (9,2 t
ha-1), Roxinho I-5063 (6,3 t ha-1) e Peruano (5,6 t ha-1) foram superiores aos
demais, enquanto em Pariquera-Açu os
mais produtivos foram Santa Catarina
Roxo (4,9 t ha-1); Cajuru I-2315 (4,9 t ha-1);
São José 4999 (4,5 t ha-1) e Areal nº2
I-3978 (4,4 t ha-1). Nenhum dos acessos
avaliados em Pariquera-Açu obteve produtividade superior a 5,0 t ha-1 devido
às condições climáticas locais. Por outro lado, os acessos mais produtivos em
Guatapará foram o Peruano (7,2 t ha-1)
e o Chinês (4,8 t ha-1).
No município paulista de Tietê,
Lisbão et al. (1991) avaliaram o comportamento de dez acessos de alho, em
1988. O acesso Lavínia foi o mais produtivo entre os dez testados, com produtividade de 12,8 t ha-1. Os demais
acessos revelaram produtividades superiores à cultivar tradicionalmente cultivada na região (Roxinho de Goiânia),
que produziu apenas 1,7 t ha-1. Dentre
os outros acessos merecem ser destacados os genótipos Chinês, Mineiro e
Roxinho, com produtividades de 8,1; 7,9
e 7,7 t ha-1, respectivamente.
Como parte do programa de pesquisa e adaptação de tecnologias regionais,
o IAC, em conjunto com a CATI, estudaram o comportamento varietal do alho
em Guatapará em 1988 e em Ribeirão
Preto no ano seguinte. Os resultados de
1989 em Ribeirão Preto confirmaram os
dados do ano anterior obtidos em
Guatapará. As médias de produtividade
e peso médio dos bulbos nos dois anos
de estudo, demostraram que os acessos
Lavínia (12,3 t ha-1 e 28,8 g), Cateto
Roxo (10,7 t ha-1 e 27,5 g), Roxinho
(10,7 t ha-1 e 25,0 g) e Chinês (9,1 t ha-1
936
e 24,1 g) foram superiores aos demais
acessos avaliados (LISBÃO et al., 1991;
LISBÃO et al., 1993).
Segundo Siqueira et al. (1996), o
acesso Assaí (IAC-3702) foi identificado no banco de germoplasma do IAC,
como sendo muito semelhante ao acesso Cateto Roxo. Portanto, ele pode substituir o acesso Cateto Roxo com vantagens, pois seus bulbos apresentam em
média 10 dentes ou bulbilhos, enquanto
no Cateto Roxo ocorrem mais de 30 dentes. Além disso, as plantas do acesso
Assaí
são
tolerantes
ao
pseudoperfilhamento. Diante disto, os
pequenos produtores que cultivam Cateto
Roxo para consumo próprio e vendas
locais, podem passar a utilizá-lo em plantios comerciais ou experimentais.
Os resultados obtidos indicam que
as produtividades dos acessos de alho
são muito variáveis de região para região, de acordo com as condições
edafoclimáticas e os tratos culturais
empregados. O objetivo deste trabalho
foi avaliar o número de bulbos por hectare, a produtividade, o peso médio e o
diâmetro dos bulbos, que são relacionados à qualidade comercial de genótipos
do banco de germoplasma de alho do
Centro de Horticultura do IAC.
MATERIAL E MÉTODOS
Dois experimentos de campo foram
instalados em duas localidades do estado de São Paulo, em 2003, para avaliação de 50 acessos de alho, pertencentes
ao banco de germoplasma do Centro de
Horticultura do Instituto Agronômico de
Campinas.
O primeiro experimento foi instalado em 03/04/2003 em Tietê, enquanto o
segundo ocorreu em 10/04/2003 em
Jundiaí. Os bulbilhos de cada acesso
utilizado no plantio foram selecionados
em peneira nº2 (peso 1,5-2,0 g). O alho
foi plantado em linhas simples transversais aos canteiros, os quais tinham um
metro de largura. O espaçamento entre
as linhas foi de 0,25 m e, entre plantas,
de 0,1 m. Cada parcela conteve 0,5 m2
de área total e foi composta de duas linhas transversais. No experimento de
Tietê cada linha foi plantada com sete
bulbilhos, num total de 14 bulbilhos por
parcela, ou 0,35 m2 de área cultivada.
Em Jundiaí por sua vez, cada linha de
plantio nos canteiros conteve 6
bulbilhos, num total de 12 bulbilhos por
parcela, ou 0,30 m2 de área cultivada.
Em ambos os locais os tratos culturais
(calagem, adubação, irrigação, tratos
fitossanitários, e etc.) foram realizados
de acordo com Trani et al. (1997).
Independentemente do ciclo, todos
os acessos foram colhidos no mesmo dia
em cada local. Em Tietê a colheita ocorreu em 08/09/2003, e no dia seguinte,
09/09/2003, foi colhido o experimento
em Jundiaí. Em ambas as localidades,
foram avaliados quatro caracteres: número de bulbos por parcela, produtividade (t ha-1), peso médio do bulbo (g) e
diâmetro médio do bulbo (mm). O diâmetro médio do bulbo foi obtido por
meio da média aritmética de três bulbos
por parcela escolhidos ao acaso.
Para efeito de comparação dos acessos quanto à produtividade em 2003
com os resultados obtidos em experimentos anteriores, os dados de peso total de bulbos em g parcela-1 no experimento de Tietê/SP foram convertidos
para t ha -1 por meio da equação
ProdutividadeTietê (t ha-1) = (2,857 *
peso total de bulbos (g parcela-1) *
0,007. Por motivos idênticos, os dados
de peso total de bulbos em g parcela-1
no experimento de Jundiaí/SP foram
convertidos para t ha-1 por meio da equação ProdutividadeJundiaí (t ha-1) = (3,333
* peso total de bulbos (g parcela-1) *
0,007. Considerou-se que um hectare de
cultivo de alho corresponde a 7.000 m2
de canteiros, o que origina o fator 0,007.
Os experimentos foram conduzidos
em blocos ao acaso com três repetições.
Os dados obtidos foram submetidos ao
teste de Hartley, em nível de 5% de probabilidade,
para
verificar
a
homogeneidade de variâncias. Em ambos os experimentos os dados originais
foram submetidos à análise de variância,
e tiveram as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott, em nível de 5% de probabilidade (FERREIRA, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Devido à heterogeneidade dos quadrados médios residuais (GOMES,
1970), os resultados dos experimentos
são apresentados separadamente.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas
Para a variável número de bulbos por
hectare não houve efeito significativo de
acessos no experimento de Tietê em razão da uniformidade de emergência dos
bulbilhos, ocorrendo reduzido número
de falhas (Tabela 1). Tanto na análise
de variância quanto no teste de ScottKnott não houve diferenças significativas em Tietê.
Por outro lado, na análise de variância, para o experimento em Tietê observou-se que houve efeito altamente significativo de acessos para os caracteres
produtividade, peso médio do bulbo e
diâmetro médio do bulbo. O peso médio do bulbo, que está relacionado ao
tamanho ou volume do mesmo, foi o
principal fator a influenciar a produtividade. Os coeficientes de variação para
a produtividade, peso médio do bulbo e
diâmetro médio do bulbo, foram 18,4%,
16,6% e 8,0%, respectivamente (Tabela 1).
Em Tietê foram detectadas cinco
classes para a produtividade. O acesso
Bulbilho Aéreo 2 com produtividade de
14,9 t ha-1, e o acesso Piedade com produtividade de 13,4 t ha-1, superaram estatisticamente os demais. Na segunda
classe ficaram os acessos Gigante de
Curitibanos e Andradas Manoel Lopes
2, que produziram 10,9 t ha-1 e 10,1 t ha-1,
respectivamente. O acesso Gigante de
Curitibanos foi o padrão de referência
neste experimento devido a sua expressão no cultivo comercial.
Comparando a produtividade de
acessos do experimento em Tietê com
os obtidos por Lisbão et al. (1991) no
mesmo local, duas considerações merecem ser destacadas. Primeiro, a maior
produtividade obtida no ano de 1988
pelos autores com o acesso Lavínia foi
de 12,8 t ha-1, o que não é muito diferente das produtividades expressas no
presente experimento para os acessos
Bulbilho Aéreo 2 e Piedade. Segundo,
os acessos de melhor produtividade no
trabalho de Lisbão et al. (1991) revelaram uma produtividade bem abaixo no
experimento atual, com exceção de Mineiro que havia produzido 7,9 t ha-1 e
agora produziu 7,6 t ha-1. Este resultado
pode ser explicado pela interação entre
genótipo e ambiente.
Resultados semelhantes às produtividades dos acessos foram obtidos para
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo
(g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasma
do IAC em Tietê, IAC, 2003.
Acesso
Bulbilho Aéreo 2
Piedade
Gigante de Curitibanos
Andradas Manoel Lopes 2
BGH 5952
Mendonça 5062
Roxo Capim
Catetinho do Paraná
Mineiro
Tatuí 3705
Canela de Ema
BGH 5935
BGH 5947
Bom Repouso
Santa Catarina Roxo
Gigante Tietê
Cateto Precoce I-99
Cateto Roxo
São José 4999
BGH 5963
Peruano Bisão
BGH 4842
Santa Catarina Branco
Lavínia 3208
BGH 5936
Areal nº2 3978
BGH 6394
Cará
Sacaia Goiânia
BGH 4823
Chinês Esalq
Vera Cruz 5004
Do Reino de Araras
Formosa 4713
Andradas Manoel Lopes 1
Roxo Araras
Chinês 4653
Mexicano
Lavínia 1632
Gravataí
Assaí 3702
BGH 0525
Roxinho 5063
Alho Preto
Roxo Mineiro
Mossoró
BGH 4814
Amarante Embrapa
Roxo de Araras 2
Cajuru 2315
C.V. (%)
F
Número de
bulbos
(mil ha-1) 1
266,0 a
280,0 a
266,0 a
274,0 a
300,0 a
280,0 a
280,0 a
274,0 a
280,0 a
266,0 a
280,0 a
280,0 a
294,0 a
266,0 a
266,0 a
280,0 a
274,0 a
294,0 a
274,0 a
266,0 a
280,0 a
266,0 a
280,0 a
280,0 a
280,0 a
260,0 a
246,0 a
266,0 a
294,0 a
266,0 a
286,0 a
280,0 a
274,0 a
274,0 a
274,0 a
274,0 a
286,0 a
266,0 a
274,0 a
266,0 a
254,0 a
286,0 a
280,0 a
280,0 a
260,0 a
266,0 a
260,0 a
274,0 a
266,0 a
260,0 a
7,1
0,9ns
Produtividade Peso médio
(t ha) 1
do bulbo (g) 1
14,9 a
13,4 a
10,9 b
10,1 b
8,6 c
8,4 c
8,2 c
7,9 c
7,6 c
7,6 c
7,2 d
6,8 d
6,4 d
6,4 d
6,3 d
6,2 d
6,2 d
6,0 d
5,8 d
5,8 d
5,7 d
5,6 d
5,6 d
5,4 d
5,3 d
5,3 d
5,1 d
5,0 e
5,0 e
4,8 e
4,7 e
4,7 e
4,7 e
4,7 e
4,6 e
4,6 e
4,6 e
4,5 e
4,2 e
4,2 e
4,1 e
4,0 e
3,9 e
3,9 e
3,8 e
3,8 e
3,5 e
3,3 e
2,9 e
2,5 e
18,4
18,4* *
55,8 a
47,9 b
40,8 c
36,9 c
28,9 d
30,1 d
29,1 d
28,8 d
27,3 d
28,3 d
25,7 d
23,7 e
21,7 e
23,8 e
23,5 e
22,3 e
22,7 e
20,3 e
21,3 e
21,9 e
20,3 e
21,3 e
20,2 e
19,3 f
19,2 f
20,5 e
20,8 e
18,8 f
16,9 f
18,1 f
16,5 f
16,9 f
17,3 f
17,3 f
16,8 f
16,8 f
16,0 f
16,8 f
15,6 f
15,8 f
16,3 f
14,2 f
13,8 f
13,8 f
14,5 f
14,1 f
13,6 f
11,9 f
10,6 f
9,8 f
16,6
15,1* *
Diâmetro
médio do
bulbo (mm) 1, 2
48,9 a
49,3 a
44,6 b
42,3 b
39,8 b
37,9 c
37,5 c
36,1 c
36,2 c
37,5 c
35,4 c
34,0 d
35,0 c
36,5 c
36,4 c
35,2 c
36,2 c
32,3 d
33,8 d
33,3 d
32,4 d
32,5 d
33,3 d
32,7 d
32,2 d
31,5 e
33,3 d
33,1 d
33,0 d
32,2 d
30,4 e
33,0 d
31,0 e
31,0 e
32,7 d
30,6 e
30,2 e
32,3 d
29,2 e
31,2 e
29,4 e
27,5 f
28,3 f
28,5 f
25,0 f
30,8 e
27,8 f
27,0 f
26,8 f
26,3 f
8,0
10,9* *
1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott,
5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,35 m2), escolhidos ao acaso; **
Efeito de acessos (P < 0,01); nsAusência de efeito de acessos.
937
P. E. Trani et al.
Tabela 2. Médias do número de bulbos (mil ha-1), produtividade (t ha), peso médio do bulbo
(g), e diâmetro médio do bulbo (mm) de 50 acessos de alho do banco ativo de Germoplasma
do IAC em Jundiaí, IAC, 2003.
Acesso
Bulbilho Aéreo 2
Piedade
Gigante de Curitibanos
BGH 5952
Lavínia 1632
Roxo Capim
Andradas Manoel Lopes 2
BGH 5935
Mineiro
Tatuí 3705
Gigante Tietê
BGH 4842
Peruano Bisão
Mendonça 5062
Chinês Esalq
BGH 5947
Cateto Roxo
Areal nº2 3978
Bom Repouso
Santa Catarina Roxo
Lavínia 3208
São José 4999
Catetinho do Paraná
Cateto Precoce I-99
Mexicano
Sacaia Goiânia
24
Chinês 4653
BGH 6394
BGH 0525
Cará
BGH 5963
Vera Cruz 5004
Roxo Mineiro
BGH 5936
Cajuru 2315
Formosa 4713
Roxinho 5063
BGH 4814
Amarante Embrapa
Santa Catarina Branco
Andradas Manoel Lopes 1
Roxo Araras
Roxo de Araras 2
Do Reino de Araras
Alho Preto
Mossoró
Assaí 3702
Canela de Ema
Gravataí
C.V. (%)
F
Número de
bulbos
(mil ha-1) 1
273,0 a
287,0 a
273,0 a
287,0 a
273,0 a
287,0 a
280,0 a
280,0 a
287,0 a
280,0 a
287,0 a
273,0 a
296,3 a
287,0 a
296,3 a
280,0 a
326,7 a
287,0 a
263,7 a
310,3 a
280,0 a
287,0 a
287,0 a
296,3 a
287,0 a
273,0 a
343,0 a
256,7 a
296,3 a
263,7 a
273,0 a
287,0 a
280,0 a
303,3 a
256,7 a
287,0 a
280,0 a
263,7 a
287,0 a
310,3 a
280,0 a
280,0 a
240,3 a
296,3 a
296,3 a
303,3 a
287,0 a
233,3 a
263,7 a
280,0 a
8,6
1,7*
Produtividade Peso médio
(t ha) 1
do bulbo (g) 1
13,1 a
11,6 b
11,4 b
9,8 c
9,6 c
9,3 c
9,0 c
8,7 d
8,6 d
8,3 d
8,1 d
8,1 d
7,5 e
7,4 e
7,2 e
7,1 e
7,1 e
7,0 e
7,0 e
7,0 e
6,9 e
6,7 f
6,5 f
6,5 f
6,5 f
6,5 f
6,3 f
6,3 f
5,9 f
5,7 g
5,6 g
5,6 g
5,6 g
5,5 g
5,4 g
5,4 g
5,4 g
5,3 g
5,2 g
5,2 g
5,1 g
5,1 g
5,1 g
5,0 g
4,9 g
4,5 h
4,5 h
4,4 h
3,4 i
3,1 i
7,8
42,9* *
48,0 a
40,5 b
41,7 b
34,3 c
35,3 c
32,4 c
32,2 c
31,0 d
29,9 d
29,8 d
28,3 d
29,8 d
25,3 e
25,7 e
24,3 e
25,3 e
21,7 f
24,5 e
26,7 e
22,6 f
24,6 e
23,3 f
22,8 f
21,9 f
22,5 f
23,6 e
18,5 g
24,4 e
20,1 g
21,5 f
20,7 f
19,7 g
19,9 g
18,1 g
21,2 f
18,8 g
19,3 g
20,1 g
18,0 g
16,7 g
18,3 g
18,3 g
21,0 f
16,8 g
16,7 g
14,7 h
15,5 h
18,7 g
12,8 i
11,0 i
8,2
46,1* *
Diâmetro
médio do
bulbo (mm) 1, 2
39,3 c
47,3 a
45,3 a
38,3 c
39,3 c
38,7 c
40,7 b
35,0 d
32,3 e
35,3 d
41,7 b
36,0 d
32,7 e
37,0 d
32,3 e
33,0 e
30,3 e
33,7 e
33,0 e
36,3 d
32,0 e
35,3 d
33,3 e
34,7 d
32,7 e
31,0 e
30,3 e
31,7 e
31,7 e
29,7 e
32,0 e
32,0 e
31,0 e
23,7 g
31,0 e
31,0 e
29,0 f
27,7 f
28,7 f
27,0 f
28,7 f
32,3 e
29,7 e
28,7 f
28,0 f
26,3 f
41,7 b
24,0 g
20,7 h
26,7 f
5,1
30,6* *
1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si (teste de Scott-Knott,
5%); 2Baseado na média aritmética de 3 bulbos/parcela (0,3 m2), obtidos ao acaso; *Efeito
de acessos (P < 0,05); ** Efeito de acessos (P < 0,01)
938
o peso médio do bulbo no experimento
em Tietê, no qual seis classes foram detectadas. O acesso Bulbilho Aéreo 2, com
média de 55,8 g por bulbo, superou os
demais. Na segunda classe destacou-se
o acesso Piedade com média de 47,9 g
por bulbo. O acesso Gigante de
Curitibanos e Andradas Manoel Lopes 2,
que produziram pesos médios de bulbo
de 40,8 e 36,9 g, respectivamente, ocuparam a terceira classe (Tabela 1).
No experimento em Tietê foram obtidas seis classes para o diâmetro médio
do bulbo, variável relacionada ao tamanho de bulbos selecionados. Os acessos
Piedade, com 49,3 mm e Bulbilho Aéreo 2, com 48,9 mm, superaram os demais. Os acessos Gigante de
Curitibanos, Andradas Manoel Lopes 2
e BGH 5952, com 44,6 mm, 42,3 mm e
39,8 mm respectivamente, situaram-se
em segundo lugar.
As médias referentes ao número de
bulbos por hectare, produtividade (t ha-1),
peso médio do bulbo (g) e diâmetro
médio do bulbo (mm) referentes aos 50
acessos avaliados em Jundiaí, bem como
o valor de F da análise de variância e a
comparação pelo teste de Skott-Knott
encontram-se na Tabela 2.
A análise de variância para o número de bulbos por hectare mostrou-se estatisticamente significativa para o experimento em Jundiaí. O teste de SkottKnott para esta variável detectou apenas uma classe, demonstrando não haver diferença entre o número de bulbos
por hectare de cada acesso avaliado. A
semelhança entre o número de bulbos
por hectare era esperada em função da
metodologia adotada no experimento e
a uniformidade de brotação.
Para o experimento em Jundiaí foram detectadas 9 classes de produtividade. O acesso Bulbilho Aéreo 2 foi o
mais produtivo com 13,1 t ha-1 superando os demais. Na classe seguinte estão
os acessos Piedade e Gigante de
Curitibanos, com magnitudes respectivas de 11,6 t ha-1 e 11,4 t ha-1 (Tabela 2).
Estes acessos superam Lavinia 1632,
que nos experimentos de Lisbão et al.
(1991) e Lisbão et al. (1993), foi o mais
produtiva em São Paulo, e que neste
ensaio posicionou-se na terceira classe
de produtividade, com 9,6 t ha-1, juntamente com outros acessos.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Avaliação dos acessos de alho pertencentes à coleção do Instituto Agronômico de Campinas
O teste Skott-Knott detectou 9 classes para o peso médio do bulbo para os
acessos cultivados em Jundiaí. O acesso Bulbilho Aéreo 2 superou os demais
com média de 48,0 g por bulbo. Por sua
vez, Piedade e Gigante de Curitibanos
expressaram pesos médios de bulbo semelhantes na segunda classe, com valores de 40,5 g e 41,7 g, respectivamente (Tabela 2).
Para o diâmetro médio do bulbo, o
maior valor em magnitude foi verificado para o acesso Piedade, com 47,3 mm,
que não diferiu do acesso Gigante de
Curitibanos, que expressou 45,3 mm de
diâmetro. Estes acessos foram superiores em diâmetro aos acessos Mossoró e
Andradas Manoel Lopes 2, que produziram diâmetro médio de bulbo de 41,7
mm e 40,7 mm, respectivamente.
Houve semelhança de resultados
entre os dois locais quando se comparam o peso médio do bulbo com a produtividade e com o diâmetro do bulbo.
A exceção no experimento em Jundiaí
(Tabela 2) foi o acesso Mossoró que
apresentou baixa produtividade (4,5 t ha-1)
e cabeça grande (41,7 mm).
Portanto, os melhores tamanhos de
bulbo aliados à boa produtividade em
Jundiaí foram alcançados pelos acessos
Piedade e Gigante de Curitibanos. As
produtividades foram maiores do que a
produtividade normal para o alho em
São Paulo, que é de 4 a 8 t/ha (LISBÃO
et al., 1993; TAVARES et al., 1998).
Apesar da produtividade do acesso
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Bulbilho Aéreo 2 ter sido de 13,1 t ha-1,
comercialmente o diâmetro médio do seu
bulbo classifica o acesso em categoria
inferior à dos acessos Piedade e Gigante
de Curitibanos, em razão de variações de
36 a 45 mm do diâmetro serem classificadas como tamanho 4, ao passo que
variações de 46 a 55 mm classificam o
genótipo como tamanho 5 (TRANI et al.,
1997), o que é um fator importante no
valor monetário para o alho.
Os acessos Piedade e Gigante de
Curitibanos exibiram excelente desempenho para produtividade e qualidade do
bulbo, nos dois locais avaliados. Em
contraposição, os acessos Bulbilho Aéreo 2 e Andradas Manoel Lopes 2 apresentaram interação com o ambiente, o
primeiro para o tamanho do bulbo e o
segundo para a produtividade. Aos agricultores, recomenda-se o plantio experimental destes quatro acessos de alho,
porque revelaram produtividade e qualidade superior em relação às cultivares
tradicionalmente plantadas.
LITERATURA CITADA
CAMARGO FILHO, W.P. Área e produçãodos principais produtos da agropecária do estado de São Paulo:
levantamento subjetiva estado de São Paulo. São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/
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CAMARGO FILHO, W.P.; TRANI, P.E.;
SIQUEIRA, W.; BERNHARDT, L.W.; MAZZEI,
A.R.; SILVA, C.G.; URYU, E.N.; CABRERA FILHO, J. Repensando a agricultura paulista – cadeias produtivas do alho, da cebola e condimentos. São Paulo, 86 p., 1996. (não publicado)
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FERREIRA, D.F. Programa Sisvar versão 4.3
(Build 45). DEX/UFLA, Lavras (MG). Disponível em :<http://www.dex.ufla.br/danielff/
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protabl.asp?z=t&o=1&i=P>. Acesso em 27 ago.
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LISBÃO, R.S.; FORNASIER, J.B.; GROPPO,
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SIQUEIRA, W.J.; TAVARES, M.; TRANI, P.E.
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Campinas, Instituto Agronômico, 1996. 26 p (
Boletim Técnico, 165)
TAVARES, M.; TRANI, P.E.; SIQUEIRA, W.J.
Alho. In: Instruções agrícolas para as principais
culturas econômicas, editado por Joel Irineu Fahl,
Marcelo Bento Paes de Camargo, Maria Angélica
Pizzinatto, Juarez Antonio Betti, Arlete Marchi
Tavares de Melo, Isabela Clerici Demaria e Angela
Maria Cangiani Furlani. 6. ed. rev. atual. Campinas, Instituto Agronômico, 1998. p.175-176. (Boletim IAC, 200).
TRANI, P.E.; TAVARES, M.; SIQUEIRA, W.J.;
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Cultura do alho: recomendações para seu cultivo
no estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômico, 1997. 39 p (Boletim Técnico, 170)
939
FERREIRA, M.D.; KUMAKAWA, M.K.; ANDREUCCETTI, C.; HONÓRIO, S.L.; TAVARES, M.; MATHIAS, M.L. Avaliação de linhas de beneficiamento
e padrões de classificação para tomate de mesa. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.940-944, out-dez 2005.
Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para
tomate de mesa
M.D. Ferreira1; M.K. Kumakawa2; C. Andreuccetti1; S.L. Honório1; M. Tavares3; M.L. Mathias2
1
UNICAMP, Fac. Eng. Agrícola, Conselho Integrado de Tecnologias de Processos, Distrito Barão Geraldo, C. Postal 6011, 13083-875
Campinas-SP; E-mail: [email protected], 2UNICAMP, Fac. Eng. Mecânica, Campinas-SP; 3Universidade Federal de
Uberlândia, Fac. Matemática, Av. João Naves de Ávila, 2121, 38408-100 Uberlândia-MG.
RESUMO
ABSTRACT
Atualmente, existem disponíveis no mercado brasileiro alternativas quanto a equipamentos de beneficiamento e classificação para
tomate de mesa, sendo os mais comuns aqueles que realizam a padronização através dos parâmetros tamanho e peso do produto. Neste trabalho realizou-se um levantamento em cinco unidades de beneficiamento e classificação para tomate de mesa, localizadas na
região de Campinas (SP), caracterizando o tipo de equipamento, seu
funcionamento, as etapas envolvidas no processo e aferindo a classificação utilizada pelos galpões, comparando-a com aquela determinada pelo Programa Brasileiro para a Modernização da
Horticultura, desenvolvido pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, Ceagesp. A classificação dos tomates foi
realizada medindo-se os diâmetros transversais dos frutos por meio
de um paquímetro digital. Na avaliação das linhas de beneficiamento e classificação, observou-se grande variação nas etapas do processo: quanto às dimensões, determinou-se aproximadamente 99%
de diferença entre os comprimentos aferidos; quanto ao número e
ao tipo de escovas, na etapa de lavagem encontrou-se o mínimo de 4
escovas e o máximo de 19 escovas nylon, na etapa de secagem o
mínimo de 5 e o máximo de 15 escovas espuma (poliuretanopoliéter), e na etapa da segunda secagem, incluindo o polimento, o
mínimo de 6 e o máximo de 64 escovas, preferencialmente de origem animal, crina. Observou-se ainda para os padrões de classificação maiores o não cumprimento das normas nos galpões de beneficiamento avaliados. Das 14 amostragens realizadas nas 5 unidades
de beneficiamento, 57,2% enquadraram-se às normas de classificação recomendadas.
Evaluation of packing lines and classification standards for
fresh market tomatoes in Brazil
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, escovas, galpões,
normas, diâmetros de frutos.
Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, brushes, packing houses,
standards.
Currently, are available in the Brazilian market some alternatives
of packing and standardization equipment for fresh market tomatoes.
The most common ones classify the fruits through their size and
weight. Five packing line units for classifying fresh market tomatoes,
located in the Campinas region, Brazil, were evaluated. The type of
equipment was characterized; the involved steps in the process, and
the working functions were analysed. A comparison was done
between the classification recommended by the Brazilian Program
for the Modernization of the Horticulture (developed by the
CEAGESP), and those used in the different packing houses
evalkuated. The classification was carried out measuring the
transversal diameter of the fruits with a digital paquimeter. A large
variation was observed (99%) in the length of the packing lines. In
the washing step the number of brushes varied from 4 to 19 nylon
brushes. In the drying step, the number of foam brushes
(polyurethane-polyether) ranged from 5 to 15, and from 6 to 64
brushes of animal origin (horse poil mainly) in the second drying
and polishing step. For bigger classification standards a lack of
fulfillment of the norms was observed. From the 14 samples taken
in the 5 packing houses, only 57.2% worked accordingly to the
recommended norms.
(Recebido para publicação em 15 de agosto de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
S
egundo Cançado Jr. et al. (2003), o
tomateiro é a segunda hortaliça cultivada no mundo, sendo que em quantidade
produzida é superada apenas pela batata.
Das 108.499.056 t métricas de produção
mundial de tomate em 2002, 3.518.163
foram produzidas pelo Brasil, colocandoo como oitavo produtor mundial,
correspondendo a uma área colhida de
62.291 ha. O volume comercializado na
Ceagesp (SP) neste mesmo ano foi de
243.794 t, sendo o tomate salada responsável por 189.405 t, com preço médio de
R$0,85/kg baseado no volume comercializado na Ceagesp (FNP CONSULTORIA
940
& AGROINFORMATIVOS, 2004). Os
mesmos autores afirmaram que uma boa
alternativa para aumentar a lucratividade
dos produtores é otimizar a logística de produção, colheita e distribuição do tomate, o
que acarretaria numa melhora de qualidade do produto e numa diminuição das perdas pós-colheita.
As perdas na pós-colheita podem ser
causadas por danos mecânicos,
armazenamento impróprio, manuseio
excessivo, transportes inadequados e
grande tempo de exposição no varejo.
Danos mecânicos devido a impactos, compressão, vibração, cortes e ra-
chaduras estão relacionados com alterações fisiológicas, metabólicas, de aroma, sabor e qualidade em diversos produtos hortícolas (MORETTI et al.,
1998). Danos mecânicos podem ser ocasionados por uma pequena força, por
impacto com outro fruto ou em uma
superfície dura, sendo cumulativos durante as práticas de manuseio pós-colheita (MOHSENIN, 1986; SARGENT
et al., 1992). Portanto, as etapas de manuseio do produto, desde o campo até o
consumidor, devem ser cuidadosamente coordenadas e integradas para
maximizar a qualidade final do produto
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa
(SARGENT et al, 1992). Hyde e Zhang
(1992) relatam que as escovas utilizadas em uma linha de beneficiamento e
classificação possuem diferentes velocidades de acordo com a sua finalidade.
Porém, a velocidade excessiva das escovas e/ou a excessiva exposição a elas,
também podem causar danos aos frutos,
em especial se as escovas utilizadas possuírem superfícies pontiagudas e rígidas.
Uma linha de beneficiamento e classificação de frutas e hortaliças é composta por etapas como recebimento, préseleção, lavagem, secagem, classificação e embalagem (MILLER et al.,
2001).
Segundo Ferreira et al. (2004), os
frutos são avaliados, dentre outros
parâmetros, pelo tamanho que, por sua
vez, é medido através da circunferência
ou diâmetro transversal. Para Belém
(2003), a classificação garante um padrão único para os produtores, atacadistas e consumidores finais, promove
maior facilidade na comercialização,
possibilitando que os melhores agricultores possam ter seus produtos valorizados, diminuindo as perdas, além de
garantir ao consumidor um elevado padrão de qualidade de frutas e hortaliças.
A classificação do tomate de mesa também interfere na qualidade final, uma
vez que este é suscetível a danos provocados pelo manuseio incorreto, seja da
classificação manual ou da mecânica.
Produtos com características de tamanho e peso padronizados são mais
fáceis de ser manuseados em grandes
quantidades, pois apresentam menores
perdas, produção mais rápida e melhor
qualidade (CHITARRA; CHITARRA,
1990).
Objetivou-se com este trabalho caracterizar os equipamentos (nacionais e
importados) de beneficiamento e classificação para tomate de mesa em cinco
unidades localizadas na região de Campinas (SP), identificando as etapas envolvidas no processo e os parâmetros de
funcionamento tais como material utilizado, tipo de classificadora, escovas
empregadas na etapa de limpeza e lavagem. Estabeleceu-se também o relacionamento entre a classificação utilizada
pelas unidades referidas com a recomendada pelo Programa Brasileiro para a
Modernização da Horticultura
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
(CEAGESP, 2000), verificando se as
normas preconizadas estavam sendo
cumpridas.
MATERIAL E MÉTODOS
A caracterização dos equipamentos
de beneficiamento e classificação foi
realizada pela identificação dos materiais utilizados na construção do classificador, das medidas de rotação de operação das esteiras de lavagem, secagem
e polimento. Dimensionou-se o tipo de
máquinas beneficiadoras empregadas
por meio de medidas feitas com o auxílio de uma trena profissional. Foi
mensurado o tamanho de cada etapa do
equipamento, aferindo-se tanto o comprimento quanto as larguras interna e
externa. Na etapa de limpeza, polimento e secagem, identificaram-se a quantidade e qualidade das escovas utilizadas, classificando o material das escovas de acordo com sua origem em vegetal, animal e sintético. Para avaliação
das condições das escovas foi utilizada
uma escala de notas de 1 a 5, correspondente ao nível de conservação das
escovas (1=escovas em péssimo estado
de conservação, com ausência no número de cerdas; 2=estado de conservação
ruim, mas sem falhas na escova; 3=intermediário, escovas em uso, com cerdas
eretas, mas apresentando algum desgaste por uso; 4=escovas novas com pouco
uso; 5=escovas recém instaladas). Foram avaliadas as escovas nas etapas referentes à lavagem, secagem e polimento. Aferiu-se a rotação de operação das
escovas (rpm) nas etapas já mencionadas através da determinação de um ponto de referência, utilizando-se um cronômetro de precisão, considerando um
minuto como tempo padrão. Realizaram-se cinco repetições para cada grupo de escovas, considerando-se como
resultado final a média das repetições.
A eficiência do processo de classificação foi avaliada por medições do diâmetro transversal dos frutos. Verificouse sua adequação dentro das normas de
padrão e classificação indicadas pelo
Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura (CEAGESP, 2000),
determinando-se a eficiência dos equipamentos utilizados nas unidades
pesquisadas. A metodologia baseou-se
em recomendações de Sargent et al.
(1991) e Lopez Camelo et al. (2003).
Amostras foram coletadas nos padrões
de classe (diâmetros) 3A, 2A e 1A, conforme disponibilidade nos galpões, respectivamente equivalente às classes
Grande, Médio e Pequeno (CEAGESP,
2000), denominações mais usadas após
embalamento, em um número de 100
frutos para cada padrão de classificação.
A análise dos resultados foi feita pelo
Teste t, para um intervalo de confiança
de 90%. A confiabilidade de 90% para
o método foi adotada segundo o limite
de tolerância para mistura de tomates
pertencentes a classes diferentes, que
não deve ultrapassar 10% de frutos que
pertençam à classe imediatamente superior e/ou inferior, conforme descreve
o Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura (CEAGESP,
2000) e Ferreira et al. (2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As cinco unidades de beneficiamento e classificação estudadas foram
nomeadas de Galpões 1 a 5, sendo que
todos trabalhavam com capacidade inferior à máxima. Galpões 1, 2 e 3 eram
compostos de equipamentos mistos, etapa de recebimento e limpeza (lavagem,
secagem e polimento) de origem nacional, e classificação com maquinário
importado. Galpões 1 e 3 utilizavam-se
da classificação por diâmetro e cor;
Galpão 2, classificação por peso e cor.
Galpão 4 possuía linha de beneficiamento e classificação por peso importada, sendo a classificação por cor realizada manualmente. Galpão 5, beneficiamento e classificação por diâmetro
em equipamento nacional através da
esteira de lona. Os Galpões 1, 2 e 5 classificavam, no período da pesquisa, frutos com formato redondo e os Galpões
3 e 4, tomates oblongos (CEAGESP,
2000).
Quanto à caracterização das etapas
das linhas de beneficiamento e classificação observa-se, na Tabela 1, um diferencial entre os comprimentos das etapas constituintes do equipamento de
beneficiamento, bem como no comprimento total desta, que neste caso variou
de 18,84 m a 37,49 m. Constatou-se que
somente em um galpão o recebimento
941
M. D. Ferreira et al.
Tabela 1. Caracterização dimensional (comprimento, m) em cinco unidades de beneficiamento e classificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003.
Dimensões dos galpões de beneficiamento (m)
Etapas
Galpão 1
Galpão 2
Galpão 3
Galpão 4
Tanque Recebimento
EI*
EI*
EI*
4,57
Galpão 5
EI*
Recebimento
3,47
2,24
2
3,1
3,4
Lavagem
1,92
2,45
2,45
1,43
2,1
Esteira
EI*
EI*
1,55
EI*
EI*
Secagem
1,75
0,75
0,93
1,43
1,65
Secagem 2/Polimento
3,8
2,4
0,93
3,86
3,8
Seleção
EI*
4,8
EI*
EI*
2,5
Saída Seleção
EI*
2,45
EI*
EI*
EI*
Etapa Alimentação
6,28
EI*
1,62
5,7
EI*
Entrada Colorimetro
EI*
2,85
EI*
EI*
EI*
Colorimetro
1,8
1
1,7
EI*
EI*
Saída Colorimetro
EI*
1,85
EI*
EI*
EI*
Linha Classificação
Total
6,44
16,7
25,46
37,49
9,52
9
20,7
29,09
5,39
18,84
*EI = etapa inexistente.
Tabela 2. Classificação das escovas em cinco galpões de beneficiamento e classificação
para tomates de mesa, quanto ao número e material utilizado nas etapas de lavagem, secagem e polimento. Campinas, UNICAMP, 2003.
Etapas
Lavagem
Galpões
Secagem
Secagem2/Polimento
Nº
Escovas
Material
Nº
Escovas
Material
Nº
Escovas
Material
1
15
Nylon
15
Espuma
30
Crina
2
19
Crina
5
Espuma
64
PVC
3
10
Nylon
9
Espuma
16
Crina
4
4
Nylon
6
Espuma
6
Nylon
5
16
Nylon
14
Espuma
30
Crina
Tabela 3. Rotações das escovas nas diferentes etapas em cinco galpões de beneficiamento e
classificação para tomate de mesa. Campinas, UNICAMP, 2003.
Galpões
Etapas (rotação rpm)
Lavagem
Lavagem 2
Secagem
Secagem 2
Polimento
1
162
EI*
118
EI*
118
2
76
EI*
119
EI*
11
3
102
77
26
26
26
4
46
EI*
46
EI*
46
5
168
EI*
115
148
131
*EI = etapa inexistente.
ocorreu em tanques de água. Importante salientar que essas diferenças de comprimento encontradas podem estar relacionadas ao tipo de classificador utilizado e ao volume diário de produção.
Outro aspecto observado refere-se às
dimensões da etapa de limpeza (lavagem, secagem e polimento) que diferiram entre as unidades pesquisadas. To942
davia, não eram proporcionais ao comprimento máximo de cada linha, ocorrendo, portanto, equipamentos com
menores dimensões totais, mas proporcionalmente com maiores dimensões
nas etapas de limpeza.
O Galpão 4 apresenta o menor número de escovas nas três etapas (Tabela
2). Enquanto que na etapa de Secagem2/
Polimento o Galpão 2 apresentou o
maior número. Esta máquina de classificação não utilizava escovas no polimento, somente realizando secagem.
Observa-se portanto uma grande diferença no número e tipos de escovas nas
linhas de beneficiamento avaliadas.
Miller et al. (2001) relatam que a utilização de escovas transversais para limpeza é praticamente universal para frutas e hortaliças, juntamente com a aplicação de algum detergente ou desinfetante. O fruto deve ser localizado imediatamente sobre o espaço entre a primeira e segunda escova, mas não sobre
a escova, porque cada linha de frutas
passará entre as escovas.
As escovas da maioria dos galpões
estavam em condições razoáveis, nota
3 na escala proposta. Pode-se destacar
os Galpões 2 e 3 por terem apresentados as escovas em melhores condições,
notas 4 e 5. A etapa de polimento apresentou escovas em melhores condições
de funcionamento enquanto que as da
etapa de secagem estavam em condições
mais comprometedoras (nota 2). Para
que o processo de limpeza seja efetivo
e para o adequado funcionamento das
escovas,
estas
devem
ser
continuadamente verificadas, pois ocorre desgaste por uso, com o acúmulo de
impurezas, as quais prejudicam o seu
apropriado funcionamento. Para tanto,
revisões periódicas são recomendadas
(SARDI, 2001).
Observa-se na rotação das escovas
das etapas de lavagem, secagem e polimento, diferenças entre os galpões (Tabela 3). Nota-se que o Galpão 4 apresentou uma rotação baixa em todas as etapas, enquanto que os Galpões 1 e 5 se
destacaram pela elevada rotação. Hyde
e Zhang (1992) relatam que uma redução na velocidade das escovas reduz a
intensidade das injúrias causadas pelas
escovas e pela abrasão de um fruto contra o outro. Com a redução da velocidade das escovas, ocorre uma conseqüente
redução no número de impactos por segundo, porém, com a redução do fluxo
do produto, o impacto total pelo choque
de fruta contra fruta pode continuar o
mesmo. Assim, recomenda-se para cultivares de maior sensibilidade uma redução na velocidade das escovas, mas com
um fluxo normal de operação dos frutos.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Avaliação de linhas de beneficiamento e padrões de classificação para tomate de mesa
Tabela 4. Resultados das classificações dadas pelos diferentes Galpões conforme formato dos tomates. Campinas, UNICAMP, 2003.
Galpões
1
2
3
4
5
Formato fruto
Variável
n1
Média
(mm)
Desvio
Intervalo
Intervalo
padrão (mm) amostra (mm) padrão* (mm)
Redondo
1A
100
59,38
2,96
58,89-59,87
50-65
Redondo
2A
100
69,22
3,43
68,65-69,79
65-80
Adequado
Redondo
3A
100
77,35
5,22
76,48-78,22
Acima de 80
Inadequado
Redondo
2A Méd*
100
53,17
2,82
52,71-53,64
65-80
Inadequado
Redondo
2A
100
56,22
2,48
55,80-56,63
65-80
Inadequado
Condição
Adequado
Redondo
3A
100
61,67
4,43
60,94-62,41
Acima de 80
Inadequado
Oblongo
1A
100
52,86
3,35
52,31-53,42
40-50
Inadequado
Oblongo
2A
100
58,52
3,18
57,99-59,05
50-60
Adequado
Oblongo
1A* * (Extrinha)
100
45,19
2,98
44,70-45,69
40-50
Adequado
Oblongo
1A
100
46,03
2,88
45,55-46,51
40-50
Adequado
Oblongo
2A
100
54,25
4,30
53,53-54,96
50-60
Adequado
Oblongo
1A
100
58,99
2,58
58,56-59,42
50-65
Adequado
Oblongo
2A
100
69,57
3,47
68,99-70,15
65-80
Adequado
Oblongo
3A
100
76,26
2,95
75,77-76,75
Acima de 80
Inadequado
*Esta unidade não utilizava classificação 1A, mas considerava esta como a de menor diâmetro.
**Unidade 4 considerava o menor diâmetro como extrinha (1A), não existindo a classificação 3A.
Quanto aos padrões de classificação,
observa-se na tabela 4 os resultados referentes à verificação ou não da adequação dentro das normas para todos os
galpões pesquisados. Os parâmetros indicados nas tabelas são: “Variável”
(classificação adotada pelos Galpões
pesquisados); “n1” (tamanho da amostra por padrão de classe); “Média” (média dos diâmetros amostrados, mm);
“DP” (Desvio Padrão da amostra, mm);
“Intervalo da amostra” (intervalo calculado a partir do Teste t com intervalo de
confiança de 90%, conforme
metodologia); e “Intervalo padrão”, intervalo de diâmetros indicados pela
CEAGESP (2000) para diferentes padrões de classe.
No Galpão 1, observa-se que, para
as classes de diâmetros 1A e 2A, as normas foram atendidas, admitindo-se tolerância de mistura de 10%, conforme
indica CEAGESP (2000). Ou seja, diante das análises, determinou-se que o “Intervalo da amostra” está contido no “Intervalo padrão”. Para tomate 1A, dentro da amostragem de 100 frutos, 98
deles enquadravam-se nas normas de
padrão e classificação da CEAGESP.
Para tomate 2A, 96 frutos atenderam a
classificação conforme norma. Enquanto que para os tomates classificados
como 3A, 27 frutos estavam de acordo
com a legislação, isto significa que o
“Intervalo da amostra” não pertence ao
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
“Intervalo padrão”, o primeiro estando
abaixo do segundo. Logo, tomates que
foram classificados como Grande (3A)
estavam sendo supervalorizados, sendo
mais adequada a classificação tamanho
Médio (2A).
Todavia para Galpão 2, observa-se
diferença entre a classificação dada por
essa unidade de beneficiamento e a classificação indicada pela Ceagesp, para
todos os níveis de classe analisados. Os
intervalos das amostras não estão contidos nos intervalos padrões de classificação, sendo aqueles inferiores a esses.
Neste caso, todos os tomates dessa unidade, durante a época da pesquisa, estavam sendo supervalorizados. Os tomates classificados como Médio (2A) e
Grande (3A) são, conforme norma
Ceagesp (2000), tomates de tamanho
Pequeno, com diâmetros variando de 50
a 65 mm.
Já no Galpão 3, o tomate classificado como 1A, está sendo desvalorizado,
uma vez que o “Intervalo da amostra”
está acima do “Intervalo padrão”, ou
seja, o adequado seria denominar o tomate como 2A (tamanho Médio) e não
como 1A (Pequeno). Para a outra classe
analisada (2A), determinou-se que a
norma estava sendo atendida, com 71
frutos correspondendo a classificação
conforme Ceagesp (2000). O “Intervalo da amostra” está contido no “Intervalo padrão”.
No caso do Galpão 4, levantou-se
que, para todos os níveis de classes
pesquisados (1A, 1A Extrinha e 2A), as
normas foram atendidas de maneira
satisfatória segundo os padrões de classificação da Ceagesp (2000). Os intervalos das amostras estão contidos nos
intervalos padrões indicados pela legislação. Encontraram-se 94 frutos enquadrados na norma para as classificações
1A e 1A Extrinha e para tomate 2A,
obtiveram-se 80 frutos com diâmetros
de acordo com a norma.
Dentre os tomates classificados pelo
Galpão 5, aqueles denominados como
1A e 2A encontram-se dentro das normas sugeridas pela Ceagesp (2000), com
98 e 91 frutos, respectivamente, atendendo a legislação. Já para o tomate classificado como 3A o “Intervalo da amostra” não está contido no “Intervalo padrão”. O tomate, nesse caso, estava sendo supervalorizado, uma vez que deveria ter sido classificado como 2A (tamanho Médio). A partir dessa análise, observa-se que o tipo de equipamento utilizado nas diferentes unidades
pesquisadas, bem como sua devida
calibração, afetaram os resultados de
classificação para tomate de mesa.
Os resultados mostram diferenças
entre os galpões para beneficiamento de
tomate quanto ao equipamento utilizado, dimensões externas, número e tipo
de escovas e rotações das escovas. Ob943
M. D. Ferreira et al.
serva-se através dessas informações um
potencial para pesquisas futuras, com a
criação de parâmetros para melhor funcionamento e eficiência nas etapas de
uma linha de beneficiamento e classificação. Para a avaliação das normas de
classificação, os menores padrões (frutos com menores diâmetros transversais)
são coincidentes para o Padrão Ceagesp
(2000), enquanto as encontradas para os
maiores padrões não o são, na sua maioria, discordando dos resultados encontrados por Sargent et al. (1991). Os equipamentos que realizam classificação
utilizando como padrão o diâmetro do
fruto (Galpões 1, 3 e 5) atenderam em
sua maioria (62,5%) as normas preconizadas pela Ceagesp (2000). Dos
37,5% equipamentos restantes que não
estavam atendendo as normas nessas
unidades,
25%
estavam
supervalorizando
e
12,5%
subvalorizando o produto. Os outros
dois galpões (2 e 4) classificam os frutos por peso, porém, não foi possível
comparar as unidades, uma vez que em
uma delas as normas não foram atendidas em nenhuma classificação realizada, enquanto que na outra unidade as
classificações dos frutos se adequaram
às normas.
Todas as unidades de classificação
falharam em pelo menos uma classe,
não atendendo os limites pré-estabelecidos e somente uma delas atingiu as
normas da CEAGESP (2000) nas categorias classificadas. O melhor resultado obtido, nesse caso, contou com equipamento importado para a classificação
através da aferição do peso dos frutos
(Galpão 4). Porém, o tipo de equipamento, seja ele importado ou nacional, por
si só, não é satisfatório para avaliar a
eficiência das operações de classificação. Deve-se atentar para outros quesitos, de acordo com Sargent et al. (1991),
tais como a calibração do equipamento
(a freqüência e o rigor com que essa tarefa é realizada) e a velocidade das esteiras transportadoras. No caso do não
cumprimento da norma, segundo Lopez
et al. (2003), as atribuições podem ser
dadas à seqüência de operações e à ve-
944
locidade das correias de transporte.
Logo, a calibração dos equipamentos
deve ser feita freqüentemente, com o
intuito de evitar a desvalorização ou a
supervalorização do produto, rotulandose o produto de acordo com a legislação, não prejudicando os consumidores
finais. Faz-se necessário a realização de
treinamento dos operadores, a fim de
que esses possam efetuar a adequação
dos equipamentos às classificações, conforme os diferentes diâmetros e variedades existentes, comparando-se o diâmetro classificado com aquele indicado pela norma.
No caso da classificação obtida não
se adequar às normas, como encontrado na maioria dos galpões estudados
nessa pesquisa, Gayet et al. (1995) afirmaram que é indispensável proceder à
eliminação manual dos frutos considerados fora de calibre e a sua inclusão
nos lotes correspondentes. Para a garantia de um produto de qualidade é necessário que as normas estabelecidas, nesse caso para tomate de mesa, se adaptem, de acordo com Ferreira et al.
(2004), à realidade agrícola com vistas
as cultivares de diferentes formatos, tamanhos e cores. Por isso, é relevante a
formação de recursos humanos que possam dar apoio a essa realidade, a existência de cursos e treinamentos para os
trabalhadores e o compromisso dos produtores diante desses fatores.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação
de Amparo a Pesquisa do Estado de São
Paulo, FAPESP (O presente trabalho faz
parte do Projeto UNIMAC).
LITERATURA CITADA
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
SANTOS, G.R.; CAFÉ FILHO, A.C. Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.945950, out-dez 2005.
Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule1
Gil Rodrigues dos Santos2; Adalberto C. Café Filho3
2
Universidade Federal de Tocantins, Campus de Gurupi, C. Postal 66, 77400-000 Gurupi-TO; 3Universidade de Brasília, Depto.
Fitopatologia, 70910-900 Brasília-DF; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Face à importância do crestamento gomoso do caule e à escassez de relatos da reação de genótipos de melancia na literatura nacional e internacional, este trabalho teve por objetivo avaliar a resposta de genótipos comerciais de melancia ao crestamento gomoso.
No campo, estudou-se o nível de infecção nas folhas em delineamento de blocos ao acaso com nove cultivares de melancia e quatro
repetições, com inoculação de duas plantas por parcela aos 43 dias
após o plantio (DAP). Foram avaliadas as cultivares Crimson Sweet,
Onix, Rubi, Safira, Eureka, Georgia, Sheila, Savana e Riviera. Em
casa de vegetação, estudou-se a infecção no caule em vasos, com
delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, em esquema fatorial de 9 x 3, sendo o fator “a” = cultivares e o fator “b” =
isolados. Foram avaliadas as mesmas cultivares do ensaio de campo, com inoculação artificial com disco de micélio aos 15 dias após
a semeadura, quando do surgimento da primeira folha definitiva. Os
isolados de D. bryoniae utilizados na inoculação das plântulas foram: UnB 76 (Melão-DF), UnB 75 (Melancia-PE) e UnB 81 (Abóbora-DF). Dentre as cultivares avaliadas no campo, Riviera mostrou-se mais resistente e apresentou menores (P<0,05) índices de
infecção foliar aos 74 e 79 dias após plantio (DAP), e também menor valor da área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD).
Foram altamente suscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onix e Safira,
que apresentaram os mais altos níveis de infecção nas folhas aos 74
DAP e também altos valores de AACPD. Na avaliação da doença no
caule, em casa de vegetação, Riviera também apresentou a menor
AACPD (P<0,05). Foi significativa a correlação (r=0,77) entre a
resposta das cultivares em campo (resistência das folhas) e em casa
de vegetação (resistência no caule).
Response of watermelon cultivars to gummy stem blight
Gummy stem blight, caused by Didymella bryoniae, is one of
the most important watermelon diseases. Nevertheless, there are
relatively few published studies on the response of watermelon
genotypes to the disease. This paper reports results of studies on the
response of commercially available watermelon cultivars to gummy
stem blight. Leaf infection was studied in a randomized complete
block field experiment with nine watermelon genotypes and four
replicates. Two plants per experimental plot were inoculated 43 days
after planting. Cultivars Crimson Sweet, Onix, Rubi, Safira, Eureka,
Georgia, Sheila, Savana and Riviera were evaluated. Stem infection
was studied in the greenhouse, in a completely randomized design,
with three replicates, in a 9 X 3 factorial, where plant cultivars
corresponded to factor “a” and pathogen isolates corresponded to
factor “b”. The same nine cultivars were examined following artificial
inoculation with mycelial disks inserted into stems, 15 days after
planting date, when plants were at the first adult leaf stage. The D.
bryoniae isolates were UnB 76 (Melon-DF), UnB 75 (WatermelonPE) and UnB 81 (Pumpkin-DF). In the field experiment, Riviera
was the most resistant genotype, with significantly (P<0.05) lower
values of leaf infection at 74 and 79 DAP and the smallest area under
disease progress curve (AUDPC). Crimson Sweet, Rubi, Onix and
Safira were the most susceptible genotypes based on foliar disease
levels 74 days after planting and also based on the AUDPCs. In the
greenhouse, Riviera also presented the smallest (P<0.05) AUDPC
in stems. A significant correlation (r=0.77) was detected between
disease measurements in the greenhouse (stem response) and in the
field (foliar response).
Palavras-chave: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae.
Keywords: Citrullus lanatus, Didymella bryoniae.
(Recebido para publicação em 2 de dezembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005)
D
entre as doenças da melancia
(Citrullus lanatus) o crestamento
gomoso do caule, ou cancro da haste, é
uma das principais devido aos seus efeitos na redução da produtividade e qualidade dos frutos (SANTOS et al.,
2005b). Os sintomas incluem cancro no
caule, queima das folhas e também apodrecimento de frutos (SCHENCK, 1968).
A doença vem despertando preocupação
nos perímetros irrigados da região nordeste do Brasil (DIAS et al. 1996), e em
outros países, como nos Estados Unidos
(EVERTS, 1999; KEINATH; DUTHIE,
1
1998; SITTERLY; KEINATH, 1996;
SCHENCK, 1960) e no Caribe (BALA;
HOSEIN, 1986). O agente causal é o fungo Didymella bryoniae (Auersw) Rehm
(=Mycosphaerella citrullina (C.O. Sm.)
Gross.), anamorfo Ascochyta cucumis
Fautrey
&
Roum
(=Phoma
cucurbitacearum (Fr.) Sacc.), que tem
como hospedeiras diversas espécies de
Citrullus, Cucumis, Cucurbita, e outros
gêneros da família Cucurbitaceae
(KEINATH, 1995). Figueiredo e Cardoso (1964) registraram a doença pela primeira vez no Brasil, com o patógeno em
sua forma assexuada. Recentemente,
Café-Filho e Santos (2004) registraram
e descreveram a forma perfeita de
Didymella bryoniae no Brasil.
Em área de cultivo comercial, o controle químico aumentou a produção em
até 16,9 t por ha (SANTOS et al.,
2005a). Em um estudo específico para
estimativa de perdas de produção, verificou-se redução de até 19,2% na produtividade devido ao crestamento
gomoso (SANTOS et al., 2005b). Entretanto, o controle químico do
crestamento gomoso é dificultado devi-
Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à Universidade de Brasília, UnB, Brasília, DF.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
945
G. R. Santos e A. C. Café Filho
do à rápida infecção das folhas pelo
patógeno (ARNY; ROWE, 1991; VAN
STEEKELENBURG, 1985), necessitando várias aplicações de fungicidas. Além
disso, existem relatos de resistência do
patógeno a determinados princípios ativos
(EVERTS,
1999;
MALATHRAKIS; VAKALOUNAKIS,
1983; SANTOS et al., 2004).
Até o momento, ainda há escassez
de informação sobre a reação de
genótipos de cucurbitáceas, com boa
aceitação comercial, resistentes à doença, e diversos trabalhos relatam a busca
de fontes de resistência para o melhoramento (DIAS et al., 1996; DUSI et al.,
1994; MCGRATH et al., 1993;
SUMNER; HALL, 1993; WEHNER;
AMAND, 1993). Uma outra abordagem
é a avaliação da resposta dos genótipos
comerciais disponíveis ao crestamento
gomoso. O conhecimento da resposta
das cultivares à infecção por D.
bryoniae, é importante para capacitar os
produtores quanto à tomada de decisões
agronômicas, e pode ter impacto imediato no manejo da doença. O controle via
resistência genética, mesmo parcial,
pode ser usado em conjunto com outras
medidas e reduzir o uso de agrotóxicos,
reduzindo o custo de produção e contribuindo para a melhor conservação do
ecossistema. Segundo Cohen et al.
(1993), além da preocupação com a saúde pública, os produtores rurais são
motivados a otimizar as práticas culturais utilizando menos defensivos químicos e optando pela utilização de cultivares resistentes a doenças.
Sowell e Pointer (1962) identificaram o genótipo PI 189225 como fonte
de resistência ao crestamento gomoso.
Norton e Cosper (1985) confirmaram a
resistência de PI 189225 e comentaram
que este genótipo, além do PI 271778,
possibilitaram retrocruzamentos que
resultaram no lançamento de cultivares
de melancia resistentes ao crestamento
e outras doenças. No Brasil, Dias et al.
(1996) examinaram 70 acessos de melancia quanto à resistência a D.
bryoniae, incluindo PI 189225, o qual
apresentou reação variável (suscetível
a resistente) em diferentes ensaios. A
cultivar Crimson Sweet, uma das mais
plantadas no Brasil, foi utilizada como
padrão de susceptibilidade. Esses auto946
res encontraram seis fontes de resistência para uso em futuros trabalhos de
melhoramento, sendo PI 189255 uma
delas.
Exceto pelo estudo de Dias et al.
(1996), são poucos os trabalhos envolvendo a identificação de fontes de resistência a D. bryoniae em melancia no
Brasil. Nenhum trabalho foi encontrado comparando genótipos comerciais.
Este trabalho teve por objetivo
quantificar a resposta de genótipos comerciais de melancia ao crestamento
gomoso do caule. Essa informação poderá ser útil para o manejo integrado da
doença.
MATERIAL E MÉTODOS
Avaliação da resistência nas folhas
O estudo foi realizado de 9/12/2003
a 8/03/2004, em condições de campo na
Estação Biológica da Universidade de
Brasília, em Brasília, DF. O experimento
foi instalado em local não cultivado nos
dois anos anteriores e sem histórico de
plantio de cucurbitáceas. Após aração e
gradagem, a área foi adubada com 800
kg/ha da fórmula N-P-K 4-14-8. A semeadura foi feita em covas, no
espaçamento de 2 x 2 m, colocando-se
5 sementes/cova a 2 cm de profundidade. Cada parcela foi composta por quatro covas semeadas com a mesma cultivar. Decorridos 30 dias após o plantio
(DAP) foi feito o desbaste, deixando-se
duas plantas por cova e em seguida foi
realizada adubação de cobertura com
200 kg/ha da fórmula N-P-K 20-00-20.
Durante todo o ensaio foram feitas três
capinas de forma manual aos 15; 30 e
40 DAP e foi conduzido o
direcionamento das ramas para o interior da parcela, visando-se evitar a mistura de ramas entre cultivares diferentes. O suprimento de água para as plantas foi conforme a distribuição das chuvas no local do ensaio. Foram feitas aplicações do inseticida Metamidofós na
dose de 0,24 kg/ha, aos 20, 30 e 45 DAP,
visando-se diminuir o nível de
infestação de pragas. Não foram utilizados fungicidas durante a condução do
trabalho. Aos 43 DAP duas plantas de
cada parcela foram inoculadas utilizando-se um pedaço de caule de 10 cm de
comprimento/planta, naturalmente
infectado e obtido em cultivo comercial
afetado pelo crestamento gomoso do
caule. Após ferimento do colo por fricção com o fragmento infectado, este foi
depositado ao lado da planta inoculada.
Devido às condições do clima favoráveis à doença (chuvas, temperatura amena e alta umidade do solo e do ar, Figura 3) não foi feita câmara úmida nas
plantas inoculadas. Estas serviram de
foco inicial de inóculo. Foi utilizado o
delineamento em blocos ao acaso com
nove tratamentos e quatro repetições. Os
tratamentos constaram dos genótipos de
melancia atualmente mais plantados no
país: Crimson Sweet (cultivar) e dos
híbridos Onix, Rubi, Safira, Eureka,
Georgia, Sheila, Savana e Riviera.
Quando os primeiros sintomas da
doença foram observados nas folhas,
iniciou-se o monitoramento da doença,
utilizando-se uma escala de notas de 0
a 9 onde: 0-planta sadia; 1-menos de 1%
da área foliar afetada; 3-entre 1 e 5% da
área foliar afetada; 5-entre 6 e 25% da
área foliar doente; 7-entre 26-50% da
folha doente; 9-mais que 50% da área
foliar afetada (SANTOS et al., 2005a).
Para obtenção das curvas de progresso
da doença, converteram-se as notas para
porcentagens de área foliar doente pelo
ponto médio de cada nota, em cada uma
das parcelas estudadas aos 44; 49; 54;
59; 64; 69; 74; 79; 84 e 89 DAP. A cada
avaliação, foram coletadas folhas
infectadas visando-se comprovar a presença de D. bryoniae nas plantas, por
meio de exame em microscópio
estereoscópico e ótico. A Área Abaixo
da Curva de Progresso de Doença
(AACPD) de cada tratamento foi calculada segundo Shaner e Finney (1977)
e a análise de variância e teste de média
foram executados utilizando-se o programa SigmaStat v.2 (Jandel Scientific
Software). Os materiais foram separados em classes de resistência com base
nas AACPDs e nas porcentagens de área
foliar atacadas em cada época de avaliação no campo, considerando-se
Crimson Sweet como padrão de
suscetibilidade (DIAS et al., 1996).
Avaliação da resistência no caule
Para o exame da resistência no caule foi conduzido um experimento em
casa de vegetação, de maio a julho de
2004, em vasos de polietileno, capaciHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule
dade de 3,0 kg, contendo uma mistura
de terra vegetal + esterco, na proporção
de 3:1. O substrato foi previamente
desinfestado com brometo de metila e
utilizado após 4 dias. Foram semeadas
quatro sementes por vaso de cada cultivar e após a germinação das sementes e
emergência das plântulas, foram
mantidas duas plântulas em cada vaso.
A unidade experimental foi constituída
por três vasos com um total de seis plantas por cada repetição. A irrigação foi
realizada diariamente com regador molhando-se toda a planta. O experimento
foi repetido para confirmação dos resultados.
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com três repetições
e em esquema fatorial de 9 x 3, sendo o
fator “a” = cultivares e o fator “b” = isolados. As mesmas cultivares estudadas
em campo foram estudados neste ensaio.
Foram utilizados os seguintes isolados
de D. bryoniae para inoculação no caule: UnB 81 (Abóbora-DF), UnB 76 (Melão-DF) e UnB 75 (Melancia-PE). A
inoculação foi feita em plântulas com
15 dias decorridos da semeadura, quando do surgimento da primeira folha definitiva. Utilizou-se disco de micélio que
ficou preso ao caule por meio de um alfinete estéril. Plântulas tratadas apenas
com alfinete estéril representaram a testemunha. Após a inoculação, as
plântulas ficaram sob câmara úmida por
24 h e em sala de incubação com
fotoperíodo de 12 h e temperatura de
23+4oC. Decorridas 24 h da inoculação
iniciou-se diariamente a avaliação da
doença nas plântulas por um período de
oito dias. Utilizou-se uma escala de notas adaptada para doença no caule, onde:
0=ausência de doença; 1=presença de
lesão no caule e 2=presença de lesão no
caule e tombamento e morte das
plântulas. Para avaliação da resistência
à infecção no caule, considerou-se o
progresso da doença nas seis plântulas
de cada repetição durante os oito dias
consecutivos.
Para análise estatística foi calculada
a AACPD. A análise de variância, teste
de médias e correlação dos dados de
AACPD de campo e casa de vegetação
foram executadas utilizando-se o programa SigmaStat v.2 (Jandel Scientific
Software).
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Avaliação da resistência nas folhas de cultivares de melancia, em duas épocas, ao
crestamento gomoso em condições de campo. Brasília, UnB, 2004.
Area foliar infectada (%)*
Cultivar
74 DAP* *
79 DAP
Crimson Sweet
26,5 a
41,5 ab
Onix
26,5 a
35,8 ab
Rubi
26,5 a
47,3
Safira
26,5 a
41,5 ab
a
Sheila
17,8 ab
41,5 ab
Georgia
15,0 ab
47,3
Eureka
12,0 ab
32,3 ab
Savana
6,0
ab
Riviera
3,0
b
a
20,8 ab
9,0
b
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%
de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. **DAP: dias após plantio.
a
a
ab
ab
ab
ab
ab
ab
b
Figura 1. Reação de cultivares de melancia ao crestamento gomoso nas folhas, pela Área
Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD), em condições de campo. Brasília,
UnB, 2004. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%
de probabilidade. Brasília, UnB, 2004.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No ensaio desenvolvido em campo,
os sintomas foram detectados nas folhas
aos seis dias após a inoculação do
patógeno no caule em todos as cultivares. Esse fato demonstrou que ocorre
rápida infecção do patógeno quando
existem fontes de inóculo no plantio sob
condições climáticas favoráveis (Figura 3). A cv. Riviera mostrou-se mais resistente à infecção de D. bryoniae nas
folhas, diferindo estatisticamente de
vários genótipos aos 74 e 79 DAP (Tabela 1) e apresentando menor valor de
AACPD quando comparado com Rubi
e Crimson Sweet (Figura 1). As curvas
de progresso da doença indicam visualmente as diferenças das dinâmicas de
progresso em cada classe de resistência
(Figura 2). Aos 74 DAP, foram mais
suscetíveis Crimson Sweet, Rubi, Onix
e Safira, as quais apresentaram os mais
altos níveis de infecção nas folhas e (Tabela 1). Crimson Sweet e Rubi também
apresentaram os mais altos valores de
AACPD, diferindo significativamente
de Riviera (Figura 1). As cvs. Sheila,
Geórgia, Eureka e Savana, apresentaram
resposta intermediária, pois não se separaram de Crimson Sweet ou de
947
G. R. Santos e A. C. Café Filho
Figura 2. Curvas de progresso do crestamento gomoso do caule em cultivares de melancia
representativas de diferentes níveis de resistência. ‘Riviera’ e ‘Crimson Sweet’ representam
as cultivares mais resistente e suscetível respectivamente. Brasília, UnB, 2004.
Tabela 2. Áreas Abaixo da Curva de Progresso de Doença (AACPD) de cultivares de melancia inoculados no caule com isolados de D. bryoniae, em casa de vegetação. Brasília,
UnB, 2004.
Genótipo
AACPD*
Georgia
11,2 a
Safira
11,1 a
Crimson Sweet
10,9 a
Onix
10,4 a
Sheila
10,2 a
Eureka
9,5 ab
Rubi
9,4 ab
Savana
9,0 ab
Riviera
7,8 b
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%
de probabilidade. Os dados originais foram transformados para √x. Os dados representam a
média de 3 isolados.
Riviera, nem pela área foliar atacada aos
74 DAP, nem pela AACPD (Tabela 1,
Figura 1). De um modo geral, até os 64
DAP, a maioria das cultivares apresentou um nível semelhante de infecção nas
folhas. Esse período coincidiu com a
formação e crescimento dos frutos. A
partir dos 64 DAP houve aumento brusco na percentagem de área foliar
infectada (Figura 2) nos genótipos mais
suscetíveis (Rubi e Crimson Sweet) em
relação àqueles intermediários ou resistentes (Riviera e Savana). As plantas
deste grupo, principalmente Riviera, em
condições de campo, mantiveram baixa
percentagem de área foliar infectada até
948
os 74 DAP, o qual coincide com o período da primeira colheita. Esta informação é importante para o produtor, pois
pode exigir um menor número de aplicações de fungicidas até a primeira colheita, sem prejuízo à produção de frutos saudáveis a um custo mais baixo,
quando comparado com genótipos mais
suscetíveis.
O aumento da doença nesse estádio
da cultura já foi observado anteriormente em ‘Crimson Sweet’ por Santos et al.
(2005b), que registraram que a curva de
progresso da doença nas folhas aumentou bruscamente, de forma exponencial,
a partir de 75 DAP. Segundo os autores,
o aumento progressivo da doença nesta
fase relacionou-se com o início da colheita dos frutos, quando normalmente
ocorrem injúrias nos ramos e nas folhas
que são portas de entrada para o
patógeno. De acordo com Svedelius e
Unestan (1978), quando o tecido é
mecanicamente afetado, ocorre
exsudação de nutrientes importantes
para o processo de infecção de D.
bryoniae. Chiu e Walker (1949) verificaram que a germinação dos esporos de
D. bryoniae foi estimulada pelos extratos das plantas. Van Steekelenburg
(1985) anotou que o maior progresso da
doença está associado com o maior desenvolvimento vegetativo da cultura
devido à densa cobertura das folhas inferiores que reduz a evaporação e prolonga o período de molhamento foliar.
Corroborando essa observação, Arny e
Rowe (1991) constataram que a infecção em folhas e pecíolos de pepino por
D. bryoniae foi mais influenciada pela
duração do molhamento foliar do que
pela temperatura. Além da influência
desses fatores, também acredita-se que a
movimentação de pessoas na colheita dentro da área plantada favorece a disseminação do patógeno e, assim, aumenta rapidamente a taxa de progresso da doença.
A cv. Riviera manteve menores níveis de
doença nas folhas quando comparada com
outros genótipos até no último dia da avaliação, aos 89 DAP (Figura 2).
Mesmo com nível de resistência incompleto, vale salientar que ‘Riviera’
retardou o início da fase exponencial da
doença (mas não o início do aparecimento dos sintomas) e a manteve em níveis
baixos em épocas importantes como a
fase de formação e crescimento de frutos. Contudo, após a primeira colheita
dos frutos (74 DAP), o crestamento também aumentou consideravelmente nesta cultivar. Portanto, apesar desta cultivar ter mostrado maior nível de resistência que as demais, a resistência é parcial, e a doença pode alcançar índices
elevados ao final do ciclo. Esse resultado concorda com outros autores que
comentaram sobre a dificuldade no controle por resistência, e que nenhum
genótipo de melancia comercializado
atualmente tem alta resistência ao
patógeno
(PUNITHALINGAM;
HOLLIDAY, 1972; BLANCARD et al.,
1996; SITTERLY; KEINATH, 1996).
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Reação de genótipos de melancia ao crestamento gomoso do caule
Assim, o controle químico deve continuar como importante componente do
manejo da doença em cultivares mais
suscetíveis e bem aceitos comercialmente. Santos et al. (2005a), estudando o
controle químico da doença em área de
cultivo comercial, iniciaram as aplicações em Crimson Sweet aos 17 DAP e
anotaram aumento da produção em até
16,9 t/ha. Os resultados deste trabalho
indicam que o controle poderia ser iniciado mais tardiamente, especialmente
nos genótipos mais resistentes (Figura
2), permitindo a redução do número de
aplicações químicas.
Com relação às linhagens estudadas
por outros autores, Sowell e Pointer
(1962) identificaram o genótipo PI
189225 como fonte de resistência, embora tenham registrado 38,1% de plantas mortas em um dos ensaios. Posteriormente, Norton e Cosper (1985) confirmaram a resistência de PI 189225 e
comentaram que este genótipo, além do
PI
271778,
possibilitaram
retrocruzamentos que resultaram no lançamento de genótipos resistentes ao
patógeno e à antracnose. No Brasil, em
um dos ensaios de Dias et al. (1996), o
acesso PI 189225 apresentou apenas
16,6% e 41,7% de plantas respectivamente resistentes e medianamente resistentes. Mesmo assim, PI 189225 diferiu significativamente de ‘Crimson
Sweet’, que foi classificada como altamente suscetível, mesma classificação
encontrada neste trabalho. Desta forma,
observa-se falta de estabilidade na resistência de PI 189225 a D. bryoniae
indicando que o material estaria segregando para esta característica.
Nos ensaios desenvolvidos em casa
de vegetação, com relação à infecção
média de três isolados de D. bryoniae
no caule, apenas a cv. Riviera diferiu
estatisticamente de ‘Crimson Sweet’
(Tabela 2). As cvs. Eureka, Rubi e
Savana não se separaram de Riviera.
Esses resultados foram semelhantes aos
encontrados em campo, com exceção da
cv. Rubi, que no ensaio de campo demonstrou alto grau da doença nas folhas (Tabela 2). Todos os isolados foram patogênicos a todas cultivares e não
houve interação significativa entre cultivares x isolados, demonstrando dessa
forma a falta de especificidade entre os
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 3.Temperaturas máxima e mínima (oC), umidade relativa do ar (%) e chuvas (mm)
a partir de 37 dias após o plantio. Brasília, UnB, 2003/2004.
isolados
testados.
Falta
de
especificidade entre isolados de D.
bryoniae foi relatada por Keinath et al.
(1995), quando compararam isolados do
patógeno de cucurbitáceas obtidos na
Carolina do Sul, Flórida e Nova York, e
verificaram que dos 19 isolados testados 17 foram patogênicos à melancia e
ao melão Cantaloupe (Cucumis melo).
De modo geral esses autores relataram
pouca diversidade quanto à virulência.
Foi encontrada correlação significativa (r=0,77) entre as AACPDs do ensaio
de campo (resistência das folhas) e de
casa de vegetação (resistência no caule),
sugerindo que a metodologia utilizada em
condição controlada pode ter valor auxiliar na avaliação de grande número de
plantas em programas de melhoramento. Entretanto, a seleção final de cultivares resistentes deve ser feita a campo. Os
resultados deste trabalho poderão ser
aplicados imediatamente para o manejo
integrado do crestamento gomoso do caule da melancia.
AGRADECIMENTOS
O primeiro autor foi bolsista de doutorado e o segundo é bolsista de pesquisa do CNPq. O trabalho também recebeu apoio financeiro adicional através
do Processo CNPq no. 474194/2003-5.
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consumo in natura. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.951-955, out-dez 2005.
Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de
frutos para consumo in natura
1
Bruno G. Marim; 2Derly José H. da Silva; 2Marcelo de A. Guimarães; 3Gabriel Belfort
1
UFV, Genética e Melhoramento, 36571-000 Viçosa–MG; 2UFV, Depto. Fitotecnia; 3UFLA, Genética e Melhoramento, 37200-000
Lavras-MG; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Os sistemas de tutoramento e condução influem no desenvolvimento da planta do tomateiro e na qualidade do fruto produzido.
Para avaliar a influência de três sistemas de tutoramento e dois de
condução da planta do tomateiro na produção classificada de frutos
comercializáveis, foram conduzidos dois experimentos, de agosto a
dezembro/1999 (exp. 1) e de 2000 (exp. 2) em Viçosa (MG). O delineamento foi em blocos ao acaso com três repetições, no esquema
fatorial 3x2, tutoramento e condução, respectivamente. Avaliaramse os seguintes métodos de tutoramento: T1, tradicional (V invertido), T2, triangular e T3, vertical e duas formas de condução, com
uma e duas hastes por planta. Independentemente do tratamento, as
plantas foram podadas acima do sexto cacho. Observaram-se diferenças entre os sistemas de tutoramento, condução e entre os anos
de cultivo em relação às características avaliadas, sendo que ocorreu interação entre estes efeitos apenas para as características produção de frutos comercializáveis e produção total. O tutoramento
vertical proporcionou aumento na produção de frutos de tamanho
grande e diminuição na produção de frutos de tamanho médio e frutos não comercializáveis, quando comparado com os outros métodos de tutoramento. Independentemente do sistema de tutoramento,
o tomateiro cultivado com uma haste produziu mais frutos de tamanho grande, de maior valor comercial, enquanto as plantas conduzidas
com duas hastes produziram mais frutos de tamanho médio e pequeno.
Tomato plant staking and training systems for fresh fruit
production
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., tratos culturais, produção classificada, eficiência fotossintética, rentabilidade.
Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., cultural treatments,
classified production, efficient use of assimilates, profitability.
The main reason for staking and training tomato plants is to keep
plants and fruits off the ground to reduce losses and to improve the
quality of the production. To evaluate the influence of three plant
staking and two training systems of the tomato production for fresh
market, two experiments were conducted during the period of August
1999 (exp.1) and 2000 (exp.2) in Viçosa, Brazil. The experimental
design was a randomized complete block design with three blocks,
in a 3 x 2 factorial plant staking and 2 conduction systems. The
following staking methods were tested: T1, traditional (two bamboo
stakes as an inverted V frame); T2, triangular staking or; T3, vertical
staking with polypropylene cord. Plants were conducted with one or
two stems per plant. Independent of the treatment, the plants were
pruned above the sixth flower cluster. Differences were observed
among staking and conduction systems and among the years in
relation to the appraised characteristics. There was interaction among
training, conduction systems and years for marketable fruits and total
fruit production. The vertical staking up provided increase in
production of fruits of big size and decrease in production of fruits
of medium size and production of not marketable fruits, when
compared with the other staking methods. Independently of the
conduction system (for two stems), the tomato cultivated with only
one stem produced bigger fruits with higher commercial value, while
the plants conduced with two stems produced more fruits of medium
and small size.
(Recebido para publicação em 28 de maio de 2004 e aceito em 4 agosto de 2005)
A
cultura do tomateiro é uma das
principais hortaliças cultivadas no
Brasil. Sua produção anual é de aproximadamente 3,6 milhões de toneladas
destinados ao mercado de tomate fresco
e para processamento, cultivados em
mais de 60 mil ha (AGRIANUAL, 2004).
Estão envolvidos, na cultura do tomateiro no Brasil, mais de 10.000 produtores,
com aproximadamente 200.000 pessoas
trabalhando diretamente na produção
desta hortaliça (TAVARES, 2003).
Segundo pesquisa realizada pelo
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO
NACIONAL (2003) o consumidor brasileiro prioriza, na compra dos produHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
tos hortícolas, a qualidade e a aparência
do produto. No caso do tomate, aspectos
como cor, brilho e principalmente o tamanho do fruto têm especial relevância.
Tal fato é confirmado pelos preços mais
elevados pagos aos frutos de maior tamanho nas Centrais de Abastecimento
(CEASAs) espalhadas por todo o Brasil.
Uma das formas de melhoria da qualidade e aparência do tomate produzido
é a adoção de técnicas adequadas de
manejo da cultura. As principais formas
de manejo empregadas na cultura do
tomateiro são: tipo de tutoramento, forma de condução e espaçamento. O tipo
de tutoramento utilizado, bem como a
forma de condução, pode alterar a distribuição da radiação solar e a ventilação em torno das plantas (ANDRIOLO,
1999), influenciando a umidade relativa e a concentração de gás carbônico
atmosférico entre e dentro das fileiras
(GEISENBERG; STEWART, 1986). O
tipo de tratamento também pode influenciar na maior ou menor eficiência de
controle de pragas (PICANÇO et al.,
1998) e doenças (BOFF et al., 1992).
O tutoramento mais freqüentemente
utilizado pelos agricultores brasileiros
é o método tradicional ou “V” invertido
(MAKISHIMA; MIRANDA, 1992;
FONTES; SILVA, 2002). Nesse
951
B. G. Marim et al.
Figura 1. Esquema ilustrativo dos sistemas de tutoramento tradicional (T1), triangular (T2) e vertical com fitilho (T3).
tutoramento ocorre a formação de uma
câmara úmida e aquecida sob o “V” invertido, sendo esta, um ambiente favorável ao desenvolvimento de fungos, que
ainda ficam livres da ação dos
agrotóxicos que são aplicados na parte
externa das plantas (REBELO, 1993).
Tentando solucionar este problema, propôs-se o tutoramento triangular. Este
sistema teoricamente reune as vantagens
do método tradicional (estabilidade e
não dependência de mão-de-obra especializada) e evita a formação da câmara
úmida e aquecida sob o “V” invertido.
Outro método utilizado na cultura do
tomateiro é o tutoramento vertical, que
permite melhorar a distribuição da radiação solar e a ventilação, reduzindo o
período de molhamento foliar e, por
conseguinte, a severidade das doenças
(ZAMBOLIM et al., 1989).
Além de tutoramento, a planta do tomateiro necessita de condução, podendo, desta forma, maximizar a produção e
a qualidade do tomate destinado ao mercado de mesa. Como método de condução considera-se qualquer prática que
altere a arquitetura da planta ao longo de
seu desenvolvimento, como por exemplo, a poda apical, retirada de brotações
laterais, raleio de frutos, entre outros.
A condução da planta com uma haste, sem poda apical ou com poda a 1,80
m acima do solo, é o método de condução mais utilizado no país (OLIVEIRA
et al., 1995; LOPES; STRIPARI, 1998;
SILVA et al., 1997). No entanto vários
autores têm sugerido a condução das
plantas com duas hastes associado à
poda apical, devido ao aumento na
952
produtividade proporcionado por estes
(FONTES et al., 1987; OLIVEIRA et
al., 1995; POERSCHKE et al., 1995;)
A poda apical, deixando-se menor
número de cachos por planta, traz benefícios à cultura do tomateiro, tais como:
redução do ciclo, facilidade de execução
dos tratos culturais, aumento no peso
médio dos frutos, redução e maior segurança na aplicação de agrotóxicos (CAMPOS et al., 1987; OLIVEIRA et al., 1995;
POERSCHKE et al., 1995). Além disso,
a limitação do número de cachos por
planta é uma prática recomendada principalmente nos cultivos cujas condições
ambientais limitem o crescimento da
planta do tomateiro e em conseqüência o
número de cachos produtivos (OLIVEIRA et al., 1995).
Apesar de existirem vários trabalhos
avaliando a influência dos métodos de
tutoramento (FONTES et al., 1987; SILVA et al., 1997; SANTOS et al., 1999) e
de condução (CAMPOS et al., 1987;
OLIVEIRA et al., 1995; 1996;
POERSCHKE et al., 1995) na produção do tomateiro, alguns resultados são
bastante contraditórios. Além disso,
poucos são os trabalhos relacionando
estes fatores simultaneamente.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar três métodos de tutoramento
e dois métodos de condução do tomateiro, podado acima do sexto cacho, quanto
à produção classificada de frutos em dois
anos consecutivos de cultivo.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram realizados
em campo, na Horta da Universidade
Federal de Viçosa, de agosto a dezembro de 1999 e 2000, em solo
Podzolossolo Vermelho-Amarelo, textura argilosa e topografia plana. A recomendação de adubação foi baseada na
5ª Aproximação (Ribeiro et al., 1999).
Os experimentos foram conduzidos
em delineamento em blocos ao acaso
com três repetições num esquema
fatorial 3x2. Os fatores foram constituídos de três métodos de tutoramento e
dois de condução da planta do tomateiro e as parcelas constituídas por quatro
fileiras de dez plantas, considerando-se
úteis as doze plantas centrais, sendo seis
plantas de cada uma das duas fileiras
internas da parcela. Foi utilizada a cultivar Santa Clara, tipo Santa Cruz, cujas
mudas foram produzidas em bandejas
com 128 células preenchidas com
substrato comercial.
O espaçamento utilizado foi de
1,0x0,5 m entre e dentro das fileiras,
respectivamente. Na condução dos experimentos foram utilizadas as técnicas
recomendadas para o cultivo do tomateiro (MAKISHIMA; MIRANDA,
1992; FILGUEIRA, 2000).
Os métodos de tutoramento (Figura
1) foram:
T1 - Tutoramento tradicional ou V
invertido
ou
cerca
cruzada
(FILGUEIRA, 2000).
T2 - Tutoramento triangular; para se
obter este tratamento as fileiras ímpares foram iniciadas imediatamente após
os mourões, enquanto as fileiras pares
iniciaram a 0,25m destes. De forma, que
havia distância horizontal de 0,25 m
entre fileiras adjacentes, dando assim a
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura
conformação de um triângulo entre plantas de fileiras contíguas.
T3 - Tutoramento vertical com
fitilho; neste sistema a planta é tutorada
por fitilho preso a dois fios de arame
horizontais e paralelos, o primeiro a 0,10
m e o segundo a 1,8 m em relação ao
solo (LOPES; STRIPARI, 1998; FONTES; SILVA, 2002).
Os métodos de condução avaliados
foram uma e duas hastes por planta. Independentemente do sistema de
tutoramento e do número de hastes por
planta; estas foram despontadas mantendo-se seis racimos. O desponte foi efetuado deixando-se três folhas acima do
sexto racimo de cada planta.
As colheitas foram feitas em intervalos de sete dias cada, de 30/11 a 29/
12/1999 e de 21/11 a 27/12/2000, nas
quais se avaliaram as seguintes características:
a) produção de frutos de tamanho
grande, PFG (t ha-1); b) produção de frutos de tamanho médio, PFM (t ha-1); c)
produção de frutos de tamanho pequeno, PFP (t ha-1); d) produção precoce de
frutos de tamanho grande, PPFG (t ha-1),
obtida pela soma dos pesos dos frutos
desta classe colhidos na primeira e segunda colheita; e) produção precoce de
frutos de tamanho médio, PPFM (t ha-1),
obtida soma dos pesos de frutos desta
classe colhidos na primeira e segunda
colheita; f) produção de frutos
comercializáveis, PC (t ha-1), obtida pela
soma dos pesos dos frutos de tamanho
grande, médio e pequeno; g) produção
de frutos não comercializáveis, PNC (t
ha-1), obtida pela soma dos pesos dos
frutos sem classificação comercial; h)
produção de frutos com defeitos, PFD
(t ha-1), obtida pela soma dos pesos de
todos os frutos com defeitos causados
por insetos, pássaros, roedores, doenças,
danos mecânicos e fisiológicos e h) produção total, PT (t ha-1), obtida pela soma
dos pesos de todos os frutos produzidos. A classificação de frutos de tamanho grande, médio e pequeno seguiu as
normas do MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (2002).
Foram realizadas análises de variância individuais e conjuntas dos experimentos para cada característica (STEEL
et al., 1997). Aplicou-se o teste Tukey a
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Análise conjunta1 dos dados relativos aos anos de 1999 e 2000 de seis características agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em três sistemas de tutoramento. Viçosa, UFV. 2004.
Tutor²
PFG³
PFM
PFP
PPFG
PNC
PFD
T1
41,0 ab
18,7 a
8,4 a
7,1 a
3,6 a
12,6 a
T2
35,8 b
20,5 a
9,1 a
6,0 a
4,1 a
15,2 a
T3
43,6 a
17,1 a
8,2 a
6,6 a
2,8 a
14,4 a
C = 2T3(T1+ T2)
10,5*
-4,9*
-1,0
ns
0,1
ns
-2,1*
1,2
ns
1
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si, ao
nível de 5% de probabilidade, pelo teste Tukey; *,nsContraste significativo e não significativo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scheffé; 2T1: tutoramento
tradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho; 3PFG, PFM e
PFP: produção de frutos de tamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG:
produção precoce de frutos de tamanho grande; PNC: produção de frutos não comercializáveis
e PFD: produção de frutos com defeitos.
5% de probabilidade para comparação
entre médias. Seguiu-se o método de
Scheffé para comparação de contraste.
Utilizou-se, para todas as análises, o
programa computacional SAEG (RIBEIRO JÚNIOR, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para todas as características, com
exceção de PPFM, a relação entre os
quadrados médios do resíduo das análises de variâncias individuais dos experimentos, foi inferior a quatro, permitindo que se procedesse à análise conjunta dos experimentos, como citado por
Gomes (1970). Para a característica
PPFM, utilizou-se o método proposto
por Cochran (1954), visando o ajuste dos
graus de liberdade, viabilizando a análise conjunta dos experimentos.
A partir da análise de variância conjunta dos experimentos verificou-se que
houve interação tripla do tipo
Tutoramentos*Conduções*Anos significativa para as características PC e PT
e interação Tutoramentos*Anos para
PPFM. Para as demais características
não houve interação, sendo assim, as
comparações entre métodos de
tutoramento e condução, na análise conjunta dos experimentos, foram realizadas a partir dos valores médios dos dois
anos.
Considerando-se apenas os efeitos
do fator tutoramento verificou-se, na
análise conjunta dos experimentos, que
o método de tutoramento vertical foi o
mais produtivo para a característica
PFG, não diferindo do método tradicional (Tabela 1). O tutoramento vertical
proporcionou aumento de 6,34% e
21,78% em relação ao tutoramento tradicional e triangular, respectivamente.
Tal resultado tem elevada importância
para o produtor, pois os frutos de maior
tamanho são aqueles que alcançam
maiores preços no mercado para consumo in natura.
Com o intuito de comparar o
tutoramento vertical frente aos demais
métodos avaliados, realizou-se o contraste = 2T3 – (T1+T2). A partir deste,
verificou-se que o sistema vertical proporcionou aumento na produção de frutos de tamanho grande, diminuição na
produção de frutos de tamanho médio e
de frutos não comerciais (Tabela 1).
Além disso, não houve diferença quanto à produção de frutos de tamanho pequeno, produção precoce de frutos de
tamanho grande e frutos com defeitos.
Estes resultados são concordantes com
os encontrados por Santos et al. (1999)
que verificaram não haver efeito do
método de tutoramento sobre a incidência de doenças no tomateiro e conseqüentemente sobre a produção de frutos com defeitos.
A maior insolação e ventilação propiciada à cultura do tomateiro pelo método vertical, como relatado por
Zambolim et al. (1989), resultou, neste
trabalho, em maior produção de frutos
grandes. Tal fato pode ser explicado,
pois maior insolação possibilita maior
interceptação da radiação solar
fotossinteticamente ativa pela planta e
953
B. G. Marim et al.
Tabela 2. Estimativas1 (t.ha-1) da produção de frutos comercializáveis (PC) e produção total (PT) avaliadas em tomateiro cultivado em três
sistemas de tutoramento e duas formas de condução, nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004.
PC
Tutor²
PT
1999
2000
1999
2000
1 haste
2 hastes
1 haste
2 hastes
1 haste
2 hastes
1 haste
2 hastes
T1
73,4 a A
61,1 a B
70,4 a A
67,3 a A
90,5 a A
78,3 a B
86,8 a A
81,4 a A
T2
59,9 b B
69,4 a A
71,0 a A
60,9 a A
80,9 a A
91,2 a A
86,9 a A
79,4 a A
T3
69,3 ab A
65,0 a A
71,3 a A
70,2 a A
92,5 a A
81,3 a B
86,1 a A
84,9 a A
1
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra minúscula, na vertical, e maiúsculas, na horizontal, não diferem entre si, ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste Tukey; 2T1: tutoramento tradicional; T2: tutoramento triangular; T3: tutoramento vertical com fitilho.
Tabela 3. Análise conjunta dos dados relativos a sete1 características agronômicas avaliadas em tomateiro cultivado em duas formas de
condução nos anos de 1999 e 2000. Viçosa, UFV. 2004.
Nº hastes
PFG*
PFM*
PFP*
PPFG*
PPFMns
PNCns
PFDns
1
45,8
16,4
7,0
8,0
4,0
3,0
15,0
2
34,4
21,2
10,1
5,2
4,6
4,0
13,1
,ns
1
* Significativo e não significativo, respectivamente, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F; PFG, PFM e PFP: produção de frutos de
tamanho grande, médio e pequeno, respectivamente; PPFG e PPFM: produção precoce de frutos de tamanho grande e médio, respectivamente; PNC: produção de frutos não comercializáveis e PFD: produção de frutos com defeitos.
maior ventilação reduz a umidade relativa do ar e renova a concentração de
gás carbônico na atmosfera adjacente às
folhas, resultando, desta forma, em
maior eficiência fotossintética
(LOOMIS; AMTHOR, 1999). Esta hipótese é reforçada observando-se a característica PNC (Tabela 1), na qual o
tutoramento vertical possibilitou diminuição na sua produção, ou seja, possivelmente uma maior eficiência
fotossintética pode ter proporcionado
maior
disponibilização
de
fotoassimilados que, direcionados aos
frutos, aumentaram o tamanho destes.
Para as características PC e PT foram realizadas as análises individuais dos
experimentos, sendo estas avaliadas dentro de cada nível do fator condução (Tabela 2). Verificou-se diferença entre os
métodos de tutoramento apenas para a
característica PC, no ano de 1999 e em
plantas conduzidas com uma haste. Neste caso, as maiores médias foram observadas nas parcelas com os tutoramentos
tradicional e vertical (Tabela 2).
Em relação aos métodos de condução (Tabela 3), observou-se que plantas
conduzidas com uma haste produziram
mais frutos de tamanho grande e com
maior precocidade. Já as plantas
conduzidas com duas hastes foram mais
produtivas para as características PFM
e PFP. Não houve diferença entre os dois
954
métodos de condução quanto às características PPFM, PNC e PFD.
Para a característica PC no ano de
1999 e nas parcelas com o tutoramento
tradicional, plantas conduzidas com uma
haste produziram mais, quando comparadas com aquelas conduzidas com duas
hastes. Já naquelas com o método triangular, observou-se maiores médias para
plantas conduzidas com duas hastes (Tabela 2). Para PT, plantas conduzidas com
uma haste foram mais produtivas nas
parcelas tutoradas com os métodos tradicional e vertical (Tabela 3) e não diferiram daquelas conduzidas com duas
hastes nas parcelas com o método triangular. Em 2000, não houve efeito de
condução em nenhum nível do fator
tutoramento.
Estes resultados discordam dos encontrados por Oliveira et al. (1995) que
em trabalho realizado em condições (período, cultivar, local) bastante semelhantes ao deste, verificaram que não houve
efeito para produção de frutos grandes
(diâmetro maior que 60 mm). Além disso, verificaram efeito significativo para
PC e PT, com menor produção para
plantas conduzidas com uma haste. Isso
pode ter ocorrido, pois Oliveira et al.
(1995) utilizaram espaçamento de
1,0x0,6m, enquanto neste trabalho o
espaçamento adotado foi de 1,0x0,5 m.
Possivelmente, no espaçamento 0,5 m
entre plantas a condução das plantas
com duas hastes tenha resultado em
maior competição por fotoassimilados,
com conseqüente redução no peso médio dos frutos. No tomateiro, o aumento da densidade de plantas resulta em
ganhos quantitativos e, principalmente,
qualitativos na produção quando associada com práticas de condução que reduzam a competição por radiação
(BORRAZ et al., 1991; STRECK et al.,
1998).
Diante dos resultados do presente
trabalho, conclui-se que o método de
tutoramento triangular não proporcionou vantagens produtivas para a cultura do tomateiro. Enquanto isso, o
tutoramento vertical, dentre os avaliados, é o mais adequado para a produção
de frutos para o consumo in natura.
Com relação à forma de condução,
o cultivo com uma haste, independentemente do método de tutoramento utilizado, proporcionou aumento na produção de frutos grandes. Desta forma,
pode-se unir as duas recomendações, ou
seja, utilizar, no espaçamento 1,0x0,5 m
e plantas conduzidas com seis cachos,
o tutoramento vertical com uma haste,
pois, estes proporcionam aumento na
produção de frutos grandes sem alteração na produção comercial e total, promovendo assim aumento na receita desta
cultura.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Sistemas de tutoramento e condução do tomateiro visando produção de frutos para consumo in natura
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rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.956-959, out-dez 2005.
Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição
do óleo essencial de capim-limão
Larissa C. do B. Costa1; Ricardo M. Corrêa2; Júlio César W. Cardoso2; José Eduardo B.P. Pinto2; Suzan
K.V. Bertolucci2; Pedro H. Ferri3
1
UESC, Depto. Ciências Biológicas, 45650-000 Ilhéus-BA; 2UFLA, Depto. Agricultura, 37200-000 Lavras-MG; 3UFG, Instituto de
Química, Goiânia-GO
RESUMO
ABSTRACT
Este estudo foi conduzido com objetivo de determinar o tipo de
secagem e a fragmentação das folhas de capim-limão para otimizar
o rendimento extrativo do óleo essencial. Foram estabelecidos 6 tratamentos com 2 tipos de secagem (estufa de ventilação forçada a
40ºC e sala com desumidificador) e 3 tamanhos de fragmentos das
folhas secas (pulverização em moinho, fragmentos com 1 e com 20
cm de comprimento), com 4 repetições. O óleo essencial foi extraído por hidrodestilação durante 2 horas. O maior rendimento de óleo
essencial foi obtido com o material seco na sala com desumidificador,
não havendo diferenças significativas para os tamanhos da folha. O
componente mais abundante no óleo essencial foi o citral que também apresentou as maiores concentrações nas folhas secas em
desumidificador.
Yield and composition of essential oil of lemongrass in
different drying and fragmentation conditions
Palavras-chave: Cymbopogon citratus, planta medicinal, pós-colheita, secagem, moagem.
Keywords: Cymbopogon citratus, medicinal plant, post-harvest,
drying, miller.
In this study the drying and fragmentation conditions of
lemongrass leaves were determined, to increase the essential oil yield.
Four replications of six treatments were studied with 2 drying
methodologies (oven-drying at 40ºC and room temperature using
moisture dryer) and 3 fragmentation sizes (powder obtained in mill,
1 cm and 20 cm fragments). The essential oil was extracted in
Clevenger’s modified apparatus during 2 hours. The higher essential
oil yield and citral content was obtained with the leaves dried under
room temperature using moisture dryer, with no significant
differences in the fragmentation sizes.
(Recebido para publicação em 17 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)
C
ymbopogon citratus (D.C.) Stapf
é uma espécie originária da Índia e
largamente distribuída por vários países
tropicais, entre eles o Brasil, onde assume diferentes sinonímias conforme a região onde se encontra: capim-limão
(MG), capim-santo (BA), erva-cidreira
(SP) e outros como capim-catinga, capim-de-cheiro, capim-cidrão, capimcidrilho, capim-cidró e capim-ciri. Pertence à família Poaceae e se constitui em
uma erva perene, que forma touceiras
compactas e robustas de até 1,2 m de altura, com rizoma semi-subterrâneo.
O chá das folhas da espécie tem larga utilização popular para nervosismo,
febre, tosse, dores diversas (dor de cabeça, abdominais, reumáticas) e alterações digestivas como dispepsia e
flatulência. Também é aproveitada com
finalidades agronômicas para composição de cercas-vivas e na contenção de
encostas para evitar a erosão, mas a sua
maior importância econômica reside na
produção do seu óleo essencial, rico em
citral e largamente utilizado na indústria de alimentos e cosméticos.
956
Em órgãos isolados o citral apresentou efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal, entretanto não mostrou atividade sobre a
musculatura esquelética e cardíaca
(FERREIRA, 1984). Estudos sugerem
que a atividade antibacteriana de C.
citratus reside principalmente nos componentes α- e β-citral presentes no óleo
(ONAWUNMI et al., 1984). Suas atividades antimicrobianas e antifúngicas
foram comprovadas em 22 espécies de
microrganismos, além da propriedade
inseticida, principalmente larvicida,
bem como, repelente de insetos (SOUZA et al., 1991).
Rocha et al. (2000) estudando o efeito da temperatura de secagem sobre o
rendimento e a composição química do
óleo essencial de Cymbopogon
winterianus, encontraram os melhores
resultados para o tempo de secagem e
rendimento de óleo na temperatura de
60ºC e grande variação quantitativa do
neral em função das diferentes temperaturas testadas (30; 40; 50; 60 e 70ºC).
Em Mentha piperita, observou-se que a
elevação da temperatura de secagem de
40 para 60ºC e depois para 80ºC provocou uma grande redução no conteúdo
de óleo essencial, além de afetar também a sua composição, diminuindo o
conteúdo de 1,8 cineol e citronelal até
80ºC e aumentando os conteúdos de
mentol e neomentol até 60ºC (BLANCO
et al., 2002a). Comportamento semelhante de redução do teor de óleo essencial com o aumento da temperatura de
secagem também foi observado em
Rosmarinus officinalis, verificando-se
alteração da composição química entre
60 e 80ºC (BLANCO et al., 2002b).
Martins (1998) relata que temperaturas
superiores a 45ºC danificam os órgãos
vegetais e seu conteúdo, pois causam
uma “cocção” das plantas e não uma
secagem.
A secagem das plantas aromáticas e
medicinais visa minimizar a perda de
princípios ativos e retardar a sua deterioração em decorrência da redução da
atividade enzimática, permitindo a conservação das plantas por um período
maior para a sua posterior
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão
comercialização e uso. Além disso, os
processos de secagem afetam sobremaneira o rendimento e a composição química das espécies, especialmente as aromáticas por possuírem substâncias muito voláteis (VON HERTWIG, 1991).
Corrêa et al. (2004), estudando rendimento de óleo essencial sob diferentes
métodos de secagem, observaram que a
secagem à sobra mista (sol e sombra) e
secador solar proporcionaram maior
rendimento de óleo em comparação à
secagem em estufa a 35ºC.
Em contrapartida, Rosal et al. (2004)
estudando o efeito de diferentes métodos de secagem no teor de óleo essencial de folhas e inflorescências de
basilicão (Ocimum basilicum), verificaram que a secagem em estufa a 35º C
permitiu maior teor de óleo essencial
nesta espécie, em comparação com a
secagem em desumidificador.
O estado de fragmentação do material vegetal também tem sua importância para a otimização extrativa, pois
quanto maior a divisão, mais expostos
estarão os princípios ativos. Como os
óleos essenciais localizam-se em estruturas internas e/ou externas diversas, a
fragmentação do material vegetal pode
influenciar diretamente no rendimento
extrativo. Silva et al. (2004), estudando
os teores de óleos essenciais de folhas de
cidrão (Aloysia triphylla), frescas e secas em diferentes tamanhos de fragmentos verificaram que folhas inteiras secas,
frescas inteiras e frescas processadas em
liquidificador não apresentaram diferenças no teor de óleo essencial. Porém as
folhas secas trituradas em moinho apresentaram o menor rendimento no ensaio.
Os teores e a composição química dos
constituintes voláteis das plantas aromáticas sofrem influência de diversos fatores, dentre os quais destacam-se o método de secagem e o processo extrativo
empregado. Desde que toda a
comercialização e armazenamento do capim-limão só podem ser realizados com
o material seco, elaborou-se este estudo,
com o objetivo de determinar o rendimento de óleo essencial das folhas de capimlimão submetidas a dois métodos de secagem e fragmentadas em três tamanhos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido de 29/
03 a 29/04/2004 em área experimental
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
localizada no município de ItumirimMG. Plantas de capim-limão com cerca
de 12 meses de idade tiveram suas folhas colhidas pela manhã, sendo então
levadas imediatamente ao laboratório da
UFLA para seleção e pesagem. Em seguida, as folhas inteiras foram colocadas
em sacos de papel Kraft e levadas aos
respectivos tratamentos de secagem: em
estufa de circulação forçada mantida a
40°C e em sala com desumidificador, até
peso constante.
Após o período de secagem, a matéria seca foi fragmentada em três níveis:
pulverização em moinho de facas utilizando tamis com malha de 20 mesh e
cortada em fragmentos com 1 centímetro e com 20 centímetros de comprimento, para a imediata extração do óleo essencial.
A extração do óleo essencial das
folhas de capim-limão foi realizada
pelo processo de hidrodestilação durante 2 horas em aparelho de
Clevenger modificado com 40 g de
matéria seca. Em seguida, o hidrolato
foi submetido à partição líquido-líquido, em funil de separação, utilizandose 30 ml de diclorometano. Este procedimento foi realizado por três vezes. A fração orgânica foi reunida e
adicionou-se 3 g de sulfato de
magnésio anidro para retirar possíveis
resíduos de água. Após 30 min de repouso, a solução foi filtrada por meio
de filtração simples e armazenada à
temperatura ambiente em vidros escuros parcialmente tampados para permitir a evaporação do solvente à
temperatura ambiente sob capela de
exaustão de gases. Em seguida foram
determinadas as massas dos óleos, a
fim de obter os rendimentos extrativos.
Amostras do óleo foram analisadas
em cromatógrafo de gás acoplado a
espectrômetro de massa (GC-MS)
Shimadzu QP5050A nas seguintes condições: coluna CBP-5 (Shimadzu) preenchida com coluna capilar de sílica (30
m x 0,25 mm diâmetro interno x 0,25
µm,
filme
composto
de
fenilmetilpolisiloxano 5%) conectado a
um detetor quadrupólo operando em
modo EI a 70 eV com intervalo de massa entre 40-400 µ, a razão de 0,5 scan/s;
gás carreador: He (1 ml/min); injetor e
temperatura de interface a 220ºC e
240ºC, respectivamente, com razão de
fluxo 1:20. O volume de injeção foi de
0,2 µl (20% em CH2Cl2) em fluxo e temperatura de 60ºC a 246ºC, com um aumento de 3ºC/min, após 10ºC/min para
270ºC, mantendo a temperatura final por
5 min. Os componentes foram identificados por comparação com dados de
espectro de massa da literatura
(ADAMS, 2001) e por base de dados
computadorizada usando biblioteca
NIST (1998). As concentrações dos
compostos foram calculadas a partir das
áreas dos picos e expressos com valores aferidos em três análises.
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados com 4
repetições, em esquema fatorial 2x3. Os
resultados de rendimento foram expressos em g kg-1 de matéria seca e analisados pelo software SISVAR para comparação de médias através do teste de
Tukey a 5%.
A composição química dos óleos não
pôde ser comparada estatisticamente
pelo teste de Tukey, pois foi analisada
somente uma amostra composta formada pelo agrupamento das repetições de
cada tratamento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O processo de secagem da biomassa
de capim-limão reduziu cerca de 5 vezes o peso da matéria fresca. A secagem
dos fragmentos de 1 e 20 cm em
desumidificador proporcionou maior
rendimento de óleo essencial do que em
estufa, ao passo que no estado de pó não
houve efeito significativo do método de
secagem (Tabela 1). Embora outros trabalhos com secagem de capim-limão
recomendem o uso de secagem em estufa com temperaturas variando entre 30
e 50ºC para o maior rendimento e composição química do óleo (BUGGLE et
al., 1999), no presente trabalho, a secagem das folhas em desumidificador, proporcionou maiores rendimentos na
quantidade e composição do óleo em
comparação com o uso da estufa
mantida a 40ºC.
O rendimento de óleo variou em função dos diferentes tamanhos de fragmentos da matéria seca, apenas quando
secos em estufa. De acordo com a Tabela 1, observou-se que a matéria seca
957
L. C. B. Costa et al.
Tabela 1. Rendimento médio de óleo essencial (g kg-1 de matéria seca) de C. citratus em função
de métodos de secagem e tamanho dos fragmentos da matéria seca. Lavras, UFLA, 2004.
Secagem
Estufa
Desumidificador
Tamanho do Fragmento
20 cm
1 cm
pó *
9,267
bB
8,148
bB
13,393 aA
13,605
aA
14,525
aA
13,540 aA
*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem
entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.
Figura 1. Cromatograma do óleo essencial de C. citratus.
Tabela 2. Composição química média (%) dos óleos essenciais de C. citratus em função de
métodos de secagem e fragmentação da matéria seca. Goiás, UFG, 2004.
Componente
6-metil-5-hepten-2-ona
Estufa
20 cm
1 cm
t
t
Desumidificador
pó
20 cm
1 cm
1,37
t
1,09
pó
T
linalol
1,42
1,14
1,49
1,37
1,74
1,37
neral
36,66
30,01
34,55
39,25
38,36
38,57
geraniol
t
1,46
1,74
1,55
1,65
geranial
39,59
44,50
43,80
46,06
45,44
epóxido linaloolóxido
12,39
4,97
0,63
t
9,49
1,40
1,23
1,20
1,17
1,09
0,87
t
2-undecanona
tridecanona
não identificados
(citral = neral + geranial
t
3,61
1,79
1,87
2,74
8,04
9,39
10,57
10,12
5,21
69,60
79,05
83,05
84,42
84,01
82,36
reduzida a pó proporcionou maior rendimento de óleo do que os fragmentos
com 1 e 20 cm de comprimento.
A localização dos óleos essenciais nas
plantas varia de acordo com a família botânica a qual pertence, podendo ocorrer
em estruturas secretoras especializadas,
tais como pêlos ou tricomas glandulares
(Lamiaceae), corpos oleíferos (Apiaceae),
bolsas lisígenas ou esquizolisígenas
(Pinaceae, Rutaceae) ou células
parenquimáticas
diferenciadas
(Lauraceae, Piperaceae e Poaceae), como
é o caso do capim-limão (SIMÕES;
SPITZER, 2000; LEWINSOHN et al.,
1998). No presente trabalho, provavelmente o desumidificador reduziu a perda
de óleo destas células parenquimáticas,
958
t
1,39
1,52
45,7
contribuindo para um maior rendimento
de óleo essencial. Possivelmente a menor
temperatura no desumidificador e a secagem do material em função da desidratação do ambiente preservou essas células
parenquimáticas, em comparação com a
estufa, que mantém temperatura relativamente alta (40ºC).
A análise qualitativa do óleo essencial
de C. citratus, mostra que os componentes majoritários presentes no óleo foram
o neral e o geranial (Figura 1). A mistura
destes dois isômeros forma o citral, principal constituinte do óleo essencial de C.
citratus (SOUSA et al., 1991).
A composição química do óleo essencial de C. citratus em função dos
métodos de secagem e fragmentação
da matéria seca encontra-se na Tabela
2. Observa-se que houve variação no
conteúdo de citral em função do método de secagem e fragmentação da
matéria seca. Na secagem em
desumidificador o conteúdo de citral
foi maior em relação à secagem em
estufa. Temperaturas menores no
desumidificador contribuíram para
uma menor degradação das células
oleíferas e conseqüentemente, preservando os componentes químicos do
óleo. No tocante à fragmentação, observou-se que na secagem em
desumidificador, o conteúdo de citral
foi em média 8,25% superior do que
na secagem em estufa (Tabela 2).
Na secagem em estufa, o conteúdo
de citral variou em função da fragmentação, sendo que na forma de pó, o conteúdo de citral foi em média 19,3%
maior que na fragmentação de 20 cm e
5,06% maior em relação ao corte de 1
cm. Porém, para a secagem em
desumidificador, o efeito da fragmentação foi menor. A diferença no conteúdo de citral entre o corte de 20 cm e
a redução a pó foi de apenas 2,5%, em
comparação às diferenças obtidas na
secagem em estufa. Conforme
Lewinsohn et al. (1998), o acúmulo de
citral em C. citratus ocorre em células
oleíferas com paredes celulares
lignificadas existentes no mesofilo próximo aos feixes vasculares. A pulverização do material permitiu um aumento da superfície de contato do material
vegetal no processo de hidrodestilação
e portanto uma maior extração dos
óleos essenciais contidos nestas estruturas mais profundas.
Os compostos voláteis são muito
sensíveis ao processo de secagem. Alterações na concentração de compostos
voláteis durante a secagem podem ser
afetadas por vários fatores como o método de secagem e as características do
produto submetido à secagem
(VENSKUTONIS, 1997).
Na secagem em desumidificador
ocorreu a desidratação do material vegetal apenas pela redução da umidade
do ar sem elevação da temperatura do
ambiente preservando desta forma, as
características originais da planta. Diante do exposto, pode-se verificar que o
desumidificador é um aparelho eficienHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão
te, de custo reduzido e econômico no
uso da energia elétrica em comparação
à estufa, representando desta forma, uma
vantagem do ponto de vista prático.
Várias pesquisas em pós-colheita de
plantas medicinais normalmente preocupam-se apenas com o efeito da temperatura de secagem no rendimento e
qualidade do óleo essencial (BLANCO
et al., 2002a, BLANCO et al., 2002b,
MARTINS, 2000, RADÜNZ et al.,
2002, ROCHA et al., 2000,
VENSKUTONIS, 1997). Neste estudo,
pôde-se perceber que o tamanho do fragmento do material vegetal submetido à
extração de óleos essenciais também
influencia o rendimento extrativo. Assim, considerando-se a variabilidade da
localização dos óleos essenciais nas diferentes famílias de plantas sugere-se a
realização de novos trabalhos levandose em consideração também a importante contribuição do tamanho do fragmento de matéria seca no rendimento
extrativo do óleo essencial das plantas
medicinais.
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Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars
Itala Paula de C. Almeida1;2; Paulo Sérgio L. e Silva1;3; Maria Z. de Negreiros1; Zenaide Barbosa4
1
ESAM, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; E-mail: [email protected]. 4Faculdade Vale do Jaguaribe. Rua Cel. Alexandrino, 563,
Centro, 62800-000 Aracati-CE; E-mail: [email protected]; 3bolsista do CNPq (autor correspondente); 2Estudante mestrado da ESAM.
ABSTRACT
RESUMO
Most maize cultivars have been developed for grain production.
Because superior cultivars may differ in their exploiting purposes,
interest has been demonstrated for the evaluation of corn cultivars
with regard to their baby corn, green ear, and grain yields production
ability. In the present work ten corn cultivars (AG 405, AG 1051,
AG 2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435,
DKB 350 and DKB 747) were evaluated in the yield of baby corn,
green ears and dry grains. Two experiments were carried out in the
same season, in neighboring areas and managed in a similar way, in
Mossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil, in a randomized blocks
design with five replicates. Baby corn yield (178,571 plants ha-1)
was evaluated in one of the experiments. The other experiment
(50,000 plants ha-1) was set to evaluate green ear and dry grain yield.
Cultivars DKB 350 and AG 8080 were the most productive in number
and weight of marketable unhusked, and husked baby corn ears.
Cultivars DKB 435 and AG 8080 were the most productive in number
and weight of marketable, unhusked, and husked ears. There were
no differences between cultivars for grain yield.
Rendimentos de minimilho, de espigas verdes e de grãos de
cultivares de milho
Keywords: Zea mays L., green corn.
Desde que a maioria das cultivares de milho foi desenvolvida
para produção de grãos, existe interesse em se avaliá-las quanto à
produção de minimilho e espigas verder pois as cultivares superiores podem diferir, dependendo da finalidade de exploração da cultura. O objetivo do trabalho foi avaliar as produções de minimilho,
espigas verdes e de grãos de dez cultivares (AG 405, AG 1051, AG
2060, AG 6690, AG 7575, AG 8080, DKB 333 B, DKB 435, DKB
350 e DKB 747) de milho. Dois experimentos, conduzidos na mesma época, em áreas vizinhas e manejados de forma semelhante, foram realizados em Mossoró-RN, no delineamento de blocos ao acaso com cinco repetições. Em um deles (178.571 plantas ha-1) avaliou-se a produção de minimilho. No outro (50.000 plantas ha-1),
avaliaram-se as produções de espigas verdes e de grãos. As cultivares DKB 350 e AG 8080 mostraram-se as mais produtivas em número e peso de espigas de minimilho comercializáveis, empalhadas
e despalhadas. As cultivares DKB 435 e AG 8080 mostraram-se as
mais produtivas quanto aos números e pesos de espigas verdes
comercializáveis, empalhadas e despalhadas. Não houve diferença
entre cultivares quanto ao rendimento de grãos.
Palavras-chave: Zea mays L., milho verde.
(Recebido para publicação em 18 de fevereiro de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005)
T
he cultivation of corn (Zea mays L.)
for “green corn” and grain
production is one of the most important
activities of the Brazilian Northeastern
agriculture. Corn ears harvested with a
moisture content of the grains between
70 and 80% is called “green corn”. In
the first semester of the year, fruit
producing companies without other
cropping options successfully explore
corn in the areas previously occupied
with melon plants, in order to produce
green ears, grains, and stubble (aboveground plant parts, without ears), under
dryland conditions, and where irrigation
is possible. Under these conditions,
another option to explore corn would be
the production of “baby corn”.
“Baby corn” consists of the husked
ear, harvested two or three days after silk
emergence. “Baby corn” is a profitable
crop that allows a diversification of
production, aggregation of value, and
960
increased income (PANDEY et al.,
2002). As a product, it is only important
in Thailand and a few other countries
(PEREIRA FILHO et al., 1998).
Because of globalization, other
countries have become interested in this
crop. Brazil has a promising market
because the demand for baby corn is
rising and production almost does not
exist. There is also a perspective of
exportation to other markets, especially
those that already import a variety of
Brazilian vegetable products. In addition
to supplying the growing domestic
demand, this product could be included
in the export list of agricultural
companies, taking advantage of the
existing export chain used for fruits,
ornamental plants, and other products.
Therefore, the evaluation of baby corn
production under the conditions of the
Brazilian Northeast should be
interesting.
There are three reasons to evaluate
corn cultivars introduced into the
Brazilian Northeast, with regard to their
baby corn, green ear, and grain yields.
These cultivars are frequently used by
growers without being previously
evaluated for the Northeastern
conditions. Second, these cultivars differ
in their green ear and grain yield, and
not always the best cultivars for green
corn yield are also the best for grain
yield (SILVA; PATERNIANI, 1986;
SILVA; SILVA, 1991; SILVA et al.,
1997; SILVA et al.,1998). Last, specific
cultivars for the production of baby corn
still do not exist in Brazil, but research
works involving cultivars developed for
other purposes indicate differences
between them (PEREIRA FILHO et al.,
1998; CARVALHO, 2002). Apparently,
the data upon which the present work
was based are pioneer on this subject in
the Brazilian Northeast. The objective
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars
of this work was to evaluate the ability
of production of baby corn, green ear,
and grain yields of ten corn cultivars.
MATERIAL AND METHODS
Corn cultivars produced by the
Monsanto company, were evaluated in
two experiments carried out under
dryland conditions, irrigated by
sprinkling as needed: DKB 333B and
AG 7575 (single-cross hybrids); DKB
350, AG 8080 and AG 6690 (three-way
cross hybrids); DKB 435, DKB 747, AG
2060, AG 405 and AG 1051 (doublecross hybrids). The experiment was
sprinkler-irrigated with a 5.6 mm water
depth and a one-day watering schedule.
The water depth required was calculated
considering an effective depth of the root
system of 0.40 m. Irrigation time was
based on the water retained by the soil
at a tension of 0.04 Mpa.
Experiment 1: Baby corn yield
and other traits
The research was carried out at the
Rafael Fernandes Experimental Farm,
located 20 km away from Mossoró, Rio
Grande do Norte State (5°11’S latitude,
37°20’W longitude, and 18 m altitude),
from December 2002 to April 2003. The
experimental soil was classified as a
Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico.
Analysis of this soil presented the
following results: pH = 6.7, Ca + Mg =
4.00 cmolc dm-³, K = 0.27 cmolc dm-³,
Na = 0.09 cmolc dm-³, Al = 0.04 cmolc
dm-³, and organic matter = 11.42 g kg-1.
The soil was tilled by means of two
harrowings and received, at sowing, 30
kg ha-1 N (urea), 60 kg ha-1 P2O5 (single
superphosphate), and 30 kg ha-1 K2O
(potassium chloride). Half of the
nitrogen, all phosphorus, and all
potassium were applied as planting
fertilization, in furrows located beside
and below the seeding furrows. The rest
of the nitrogen (30 kg ha-1) was applied,
as sidedressing, after weeding. Seeds
were planted on 12/20/2002 using two
seeds per pit, at 0.80 m × 0.07 m row
spacing. Thinning was performed 22
days after seeding, leaving one plant per
pit (178,571 plants ha-1). Pest control
was done by means of three deltamethrin
sprays (250 ml ha-1), performed 7; 14
and 24 days after sowing; weed control
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
was performed by hoeing 35 days after
sowing.
A randomized blocks design with
five replicates was used. Plots consisted
of five plant rows with six meters in
length. The usable area consisted of the
three central rows eliminating six plants
of each end.
The evaluated traits were total
number and weight of ears; number and
weight of marketable unhusked ears;
number, weight, length, and diameter of
husked ears to be sold fresh or
preserved; fresh and dry mass of the
above-ground part of the plant, tassels,
and roots; leaf area, stalk diameter, plant
height, and ear insertion height. The total
number and weight of ears were
estimated based on the total number of
ears harvested from the usable area of
the plot. Unhusked ears, free of damage
caused by pests or diseases were
considered marketable. Husked ears that
presented good health, a color varying
from pearly white to light yellow,
cylindrical shape with a diameter
ranging from 0.8 to 1.8 cm and length
ranging from 4 to 12 cm were
considered marketable. The number of
ears to be sold as preserves was also
determined (diameter between 1.0 cm
and 1.5 cm, and length ranging from 5
to 10 cm). Marketable ear diameter and
length were evaluated using a caliper
rule. The fresh and dry matter weight of
ears, the above-ground part, root system,
and tassels were estimated based on 10
ears, five crushed plants, the crushed
roots of two plants, and ten tassels,
respectively. Leaf area was determined
using one plant from each plot, by means
of a LICOR 3100 Leaf Area Integrator.
Stalk diameter was determined in two
plants, by measuring the section located
below the ear insertion node with a
caliper rule. Plant height (distance from
the soil level to the insertion point of
the highest leaf) and ear insertion height
(distance from the soil level to the ear
insertion
node),
and
tassel
characteristics were evaluated in the
same ten plants selected at random from
the usable area of each plot.
Experiment 2: Green ear yield,
grain yield and other traits
This experiment was planted on the
same date, in a neighboring area, and
managed in a similar way. Differently
from experiment 1, each plot of this
experiment consisted of four 6.0 m long
rows of plants. The usable area was
considered as the space occupied by the
two central rows, with the elimination
of plants from one pit at each end. One
of the usable rows was chosen at random
for green ear yield assessment, and the
other was used for grain yield
assessment. A total of 26 plants per
usable row was grown, at a row spacing
of 1.0 m x 0.4 m, with two plants per pit
(50,000 plants ha-1).
The evaluated traits were total number
and mass of green ears; number and mass
of marketable green ears, either unhusked
or husked; fresh and dry mass of the
above-ground part of the plant, tassels, and
roots; leaf area, stalk diameter, plant
height, and ear insertion height; grain yield
and its components. The total number and
mass of ears were estimated based on the
total number of ears harvested from the
usable area of the plot. The marketable
unhusked ears considered were those free
from damage caused by pests or diseases
and with a length of 24 cm or longer, and
marketable husked ears were those with
good health and grain set, presenting a
length of 18 cm or longer. The fresh and
dry masses of the above-ground part of
the plant, tassels, and roots; leaf area, and
stalk diameter were evaluated after green
ear harvesting. Plant height and ear
insertion height were measured after dry
ear harvesting. The number of dry ears was
estimated based on the ears harvested from
the usable area; the number of kernels per
ear was obtained from 10 ears selected at
random, and the 100-grain weight was
estimated based on five samples of 100
kernels. Grain yield was corrected for a
moisture content of 15.5% (wet basis).
RESULTS AND DISCUSSION
Experiment 1: Baby corn yield
and other traits
The baby corn was harvested from
48 to 62 days after sowing, in seven
harvest operations. Cultivars AG 405,
AG 1051, and AG 2060 showed the
most pronounced late behavior.
Cultivar DKB 333 B showed the
greatest plant height and the greatest
fresh mass of the above-ground part,
961
I. P. C. Almeida et al.
Table 1. Means for plant height, ear insertion height, fresh matter of the above-ground part, number of tassel branchings, tassel fresh weight
and tassel dry weight of corn cultivars evaluated for baby corn yield. Mossoró, ESAM, 2002/20031
Cultivars
Plant height (cm)
Fresh weight of
Number of tassel
Ear height (cm) the above-ground
branchings
part (kg ha-1)
Tassel fresh
weight (mg)
Tassel dry weight
(mg)
DKB 333B
191, a
106, ab
49,250 a
12, abc
430, ab
210, abc
AG 405
186, ab
109, ab
45,036 ab
14, a
440, ab
210, ab
AG 1051
184, ab
112, a
40,536 ab
11, abc
AG 6690
176, ab
88, bc
43,000 ab
9, c
390, bc
190, bcd
370, bcd
180, cde
AG 8080
176, ab
82, c
39,928 ab
10, bc
310, cd
160, de
DKB 747
160, ab
77, c
29,429 b
13, ab
490, a
210, abc
12, abc
AG 2060
174, ab
88, bc
38,857 ab
AG 7575
167, ab
73, c
32,821 ab
8, c
490, a
240, a
290, d
140, e
DKB 435
176, ab
92, abc
33,893 ab
11, bc
380, bc
180, bcd
DKB 350
153, b
73, c
30,893 ab
11, bc
360, bcd
180, cde
24
8
C.V. %
9
11
15
10
Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)
1
Table 2. Means for the number and weight of marketable unhusked and husked baby corn
ears of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031
Cultivars
Unhusked ears
Husked ears
Number ha-1
kg ha-1
Number ha-1
kg ha-1
DKB 333B
91,505 bcd
AG 405
80,695 d
3,627 bc
46,718 bc
457, b
2,936 c
24,324 c
AG 1051
87,066 cd
186, b
3,384 bc
30,309 c
323, b
AG 6690
133,691 abc
4,599 abc
39,044 bc
371, b
AG 8080
107,529 bcd
5,672 a
53,475 abc
526, ab
DKB 747
140,723 ab
4,844 abc
56,564 abc
482, b
AG 2060
76,448 d
3,233 bc
22,973 c
293, b
AG 7575
139,189 ab
4,719 abc
43,243 bc
403, b
DKB 435
141,119 ab
5,008 ab
68,146 ab
498, ab
DKB 350
172,393 a
6,100 a
83,765 a
877, a
C.V. %
21
22
37
41
Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)
only differing from cultivar DKB 350,
which had the shortest height, and from
cultivar DKB 747, with respect to fresh
mass of the above-ground part (Table
1). The greatest ear insertion height was
shown by cultivar AG 1051, which
exceeded all cultivars except of cultivars
DKB 333 B, AG 405, and DKB 435
(Table 2). High plant densities may
cause lodging in some cultivars, in
certain environments (BAVEC;
BAVEC, 2002), especially with
increasing planting density it causes
plant height and ear insertion height to
increase as well (MODARRES et al.,
1998). Since baby corn is generally
produced under high planting densities,
preference should be given to smallersized cultivars, in order to decrease yield
losses, which might happen if lodging
962
occurs before flowering.
Cultivars AG 7575 and AG 6690
showed the tassels with the smallest
number of branchings and AG 7575 had
the smallest fresh and dry masses (Table
1). The tassel functions as a strong sink
organ, and may demand an expressive
amount
of
photoassimilates
(CHINWUBA et al., 1961). The
competition effect for nutrients and
carbohydrates between ear and tassel
will be so much more severe as will the
environment’s adverse conditions
(MAGALHÃES et al., 1993; GERALDI
et al., 1985). In addition, large tassels
cause leaf shading (HUNTER et al.,
1969). On the other hand, there exist a
negative correlation between tassel size
and prolificacy (SOUZA JÚNIOR et al.,
1985), which is a very important trait in
cultivars intended for baby corn
production. Thus, cultivars with smaller
tassels seem to be important for both
baby corn and grain production. It is
interesting to point out that detasseling
provides an increase in the productivity
of commercial baby corn ears,
regardless of sowing season
(CARVALHO et al., 2002) or
phosphorus rate applied (SAHOO;
PANDA, 2001). However, the effect
caused by tassel removal on forage yield
varied with cropping season (SAHOO;
PANDA, 2001).
There were no differences between
cultivars with regard to leaf area, stalk
diameter, dry mass of the above-ground
part of the plant, and fresh and dry
masses of the root system.
Cultivars DKB 350 and AG 8080
were the most productive with respect
to the number and mass of marketable
unhusked, and husked baby corn ears
(Table 2). It becomes evident, therefore,
that depending on the criterion used for
yield assessment in baby corn (number
or mass of unhusked or husked ears, and
so on), cultivars can be different. Yields
with a similar magnitude as those
observed in the present work for mass
of unhusked ears were observed by other
authors (CARVALHO, 2002). In
relation to husked ears, yields had a
similar magnitude as those observed in
other
experiments
(AEKATASNAWAN, 2001), but were
lower than those verified in other
researches (PEREIRA FILHO et al.,
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Baby corn, green ear, and grain yield of corn cultivars
Table 3. Means for diameter and length of marketable baby corn ears, fresh and preserved,
of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031
1998; CARVALHO et al., 2002).
Cultivar AG 2060 showed ears with
the largest mean diameter, to be sold
either fresh or preserved (Table 3). With
regard to ear length, the same cultivar
and also cultivar AG 6690 yielded the
largest ears to be sold fresh. In the case
of ears to be sold as preserves, cultivar
AG 7575 had high ear length. There
were no differences between cultivars
with regard to fresh and dry baby corn
ear weight. The moisture content for
baby corn ears varied from 88%
(cultivar AG 405) to 91% (cultivar DKB
350). Other authors obtained a mean
value of 89% (YODPET,1979) or a
variation from 90% to 95%
(CARVALHO, 2002).
Experiment 2: Green ear yield,
grain yield, and other traits
The green ears were harvested from
68 to 76 days after planting date, in four
harvesting operations. Cultivars AG
405, AG 1051, AG 8080, DKB 333B,
and DKB 435 showed the most
pronounced late behavior.
There were no differences between
cultivars with regard to the total number
and weight of green ears. Therefore, the
cultivars differed only with respect to
their number and weight of marketable
ears, either unhusked or husked (Table
4). For these traits, cultivar DKB 747
and AG 8080 proved to be the most
productive for number of unhusked
marketable ears. Differences between
cultivars with regard to traits for green
Ears to be sold fresh
Cultivars
Diameter (cm)
Ears to be sold as preserves
Length (cm)
Diameter (cm)
Length (cm)
DKB 333B
1.31, bc
9.02, abcd
1.24, bc
8.76, bc
AG 405
1.37, abc
9.34, abc
1.30, abc
8.88, ab
AG 1051
1.39, abc
9.31, abc
1.32, ab
8.96, ab
AG 6690
1.38, abc
9.88, a
1.28, abc
9.20, ab
AG 8080
1.33, bc
8.26, d
1.26, bc
7.92, de
DKB 747
1.31, bc
8.75, bcd
1.24, bc
8.34, de
AG 2060
1.50, a
9.90, a
1.36, a
9.10, ab
AG 7575
1.29, bc
9.70, ab
1.26, bc
9.36, a
DKB 435
1.26, c
8.42, d
1.22, c
8.06, cd
DKB 350
1.42, ab
8.42, cd
1.30, abc
7.76, e
5
3
3
6
C.V., %
Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05)
corn yield evaluation were also observed
by other authors (SILVA et al., 1997;
SILVA et al., 1998).
There were no differences between
cultivars with regard to leaf area, stalk
diameter, fresh and dry masses of the
above-ground part of the plant, tassel,
and root system, evaluated after the final
harvesting of green ears.
Among the evaluated traits after
harvesting mature ears, there were
differences between cultivars only with
regard to plant height and ear insertion
height, and with regard to weight of 100
grains (Table 4). Cultivars DKB 435 and
DKB 747 showed the smallest means
for both heights. The greatest mass of
100 grains was shown by cultivar AG
7575. The fact that cultivars differed
with respect to green ear yield but
showed the same grain yield could be
due to several factors. Cultivars may
differ with regard to their green ear cob
and straw weights, but their grain at the
“green corn stage” can still show
different moisture contents (SILVA;
PATERNIANI, 1986). Besides, at the
time when green ears are harvested,
grain filling is obviously not complete
and cultivars may differ with regard to
their grain filling rate and duration of
the grain filling period (PONELEIT;
EGLI, 1979). Finally, ears considered
unsuitable for green corn production can
be perfectly used for grain production.
Cultivar DKB 350 and AG 8080
were the most productive with respect
to the number and weight of marketable
Table 4. Means for the number and mass of marketable, unhusked and husked green ears, plant height, and ear insertion height, and 100dry-grain weight of corn cultivars. Mossoró, ESAM, 2002/20031
Marketable green ears
Cultivars
Unhusked
Heights
Husked
Plant
Ear
100-grain
weight (g)
No. ha-1
kg ha-1
No. ha-1
kg ha-1
DKB 333B
26,682 bc
6,932 c
17,430 ab
2,951 b
202, a
AG 8080
39,066 a
10,958 ab
17,902 ab
3,508 b
195, ab
90, ab
33, bc
AG 6690
37,675 ab
10,659 abc
27,227 ab
4,998 ab
188, ab
96, ab
35, abc
AG 405
35,817 ab
9,874 abc
20,876 ab
4,098 ab
188, ab
84, ab
40, ab
DKB 350
33,878 abc
8,945 abc
27,596 ab
5,232 ab
186, ab
89, ab
35, abc
AG 1051
24,113 c
6,998 c
15,496 b
3,105 b
184, ab
90, ab
38, abc
AG 2060
32,052 abc
9,317 abc
23,613 ab
4,957 ab
183, ab
88, ab
37, abc
AG 7575
32,104 abc
7,680 bc
23,415 ab
3,629 b
182, ab
94, ab
41, a
DKB 435
36,026 ab
8,709 abc
25,000 ab
3,798 ab
164, b
78, b
32, c
DKB 747
39,961 a
11,630 a
32,194 a
6,430 a
164, b
74, b
36, abc
18
30
9
15
C.V., %
16
cm
29
108, a
36, abc
10
Means followed by a common letter do not differ among themselves by Tukey test (P ≤ 0.05).
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
963
I. P. C. Almeida et al.
unhusked, and husked baby corn ears.
Cultivar DKB 747 and AG 8080 were
the most productive with respect to the
number and weight of marketable,
unhusked, and husked ears. There were
no differences between cultivars with
respect to grain yield. Therefore, the best
cultivars can be different when different
corn exploiting purposes are taken into
account.
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Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.965-969, out-dez 2005.
Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia
Luiz Antônio Zanão Júnior1; Regina Maria Q. Lana2; Kátia Aparecida de Sá2
1
UFV, Depto. Solos, 36570-000 Viçosa-MG; 2UFU – ICIAG; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
A couve-da-Malásia, Brassica chinensis L. var. parachinensis
(Bailey) é muito cultivada na China, Austrália e outros países do
sudeste asiático e foi introduzida no Brasil em 1992. Existem poucas informações referentes à nutrição mineral desta Brássica nas condições brasileiras. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de fontes e parcelamento do nitrogênio na produtividade e teores
de macro e micronutrientes na parte aérea desta hortaliça. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, em vasos de 5 dm3 de
volume com 4,8 kg de solo. O delineamento experimental foi em
blocos casualizados, em fatorial 2 x 6, com três repetições. As fontes nitrogenadas, uréia e nitrato de cálcio, foram avaliadas em diferentes parcelamentos da dose de 105 mg dm-3 de N em três aplicações (na semeadura, 15 e 30 dias após a semeadura), nas seguintes
proporções: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%-0%, 25%75%-0%, 25%-50%-25% e 33%-33%-33%. As plantas foram colhidas aos 40 dias após a semeadura. A melhor fonte de nitrogênio foi a
nítrica (nitrato de cálcio), proporcionando maiores produções de massa fresca e seca da parte aérea, massa seca de raízes, produção de
folhas por planta e maiores teores de N, Ca e Mn na parte aérea.
Quanto ao parcelamento, os melhores resultados foram obtidos quando se realizou adubação na semeadura seguida de duas coberturas,
uma aos 15 e outra aos 30 dias após a semeadura, nas proporções
33%-33%-33% e 25%-50%-25%, para as duas fontes avaliadas.
Split forms and sources of nitrogen fertilization for the
flowering white cabbage production
Palavras-chave: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey)
Sinskaja, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo de nutrientes.
The flowering white cabbage plant, Brassica chinensis L. var.
parachinensis (Bailey) Sinskaja is often cultivated in China, Australia
and other southeastern Asian countries and introduced in Brazil in
1992. There is little information regarding the mineral nutrition of
this Brassica in the Brazilian conditions. The effect of sources and
splitting of nitrogen in the productivity and ratio of macro and
micronutrients in the shoot of this vegetable were evaluated. The
experiment was carried out in a greenhouse in pots with capacity for
5 dm3. The experimental design was a randomized block design, in
a 2 x 6 factorial scheme with three replications. The nitrogen, calcium
nitrate and urea sources were evaluated in different splitting for the
105 mg dm-3 of N dose, in the sowing, 15 and 30 days after sowing,
in the following ratios: 50%-50%-0%, 0%-50%-50%, 75%-25%0%, 25%-75%-0%, 25%-50%-25% and 33%-33%-33%. The plants
were harvested 40 days after sowing. The biggest productions of
fresh and dry weight of the shoot, dry matter of root, leaf number
and the biggest ratio of N, Ca and Mn in the shoot were reached
with the nitric source (calcium nitrate). The best results concerning
the splitting were obtained when fertilization took place during the
sowing followed by two side dressing applications, one 15 days and
another 30 days after sowing, in the proporcions 33%-33%-33%
and 25%-50%-25%, for the sources evaluated.
Keywords: Brassica chinensis L. var. parachinensis (Bailey)
Sinskaja, urea, calcium nitrate, nutrients accumulation.
(Recebido para publicação em 23 de agosto de 2004 e aceito em 15 de agosto de 2005)
A
couve-da-Malásia foi introduzida
no Brasil, em 1992, por possuir altos
teores de vitamina A, a partir de sementes
trazidas da Malásia por Dr. Warwick E.
Kerr, que adotou esta nomenclatura. Além
disso, é de fácil cultivo e de ciclo curto
(LEE, 1982; FERREIRA et al., 2002),
podendo ser facilmente cultivada em hortas domésticas o ano inteiro, tornando-se
uma fonte acessível de vitamina A.
Na literatura existem poucas informações referentes à nutrição mineral de
brássicas. Segundo Hori (1965), estas
variedades botânicas são grandes
extratoras de nutrientes do solo e respondem com alta produtividade em espaço de tempo relativamente curto. Para
Trani et al. (1994), elas apresentam grande capacidade de resposta ao nitrogêHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
nio, verificando-se aumento na produtividade com aplicações da ordem de até
300 kg ha-1. No entanto, é necessário,
entre outros fatores, conhecer as exigências nutricionais de cada cultivar para
se fornecer nutrientes em quantidades
adequadas e equilibradas. Sabe-se que
a couve-da-Malásia é altamente sensível à falta de nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre (SOUSA, 1997) e boro
(MOTA, 2001). Trabalhos realizados
com a couve-da-Málasia na China e
Austrália demonstraram a importância
do nitrogênio para a sua produtividade.
No Brasil, Zanão Jr. et al. (2005) verificaram que a melhor dose de N para a
couve-da-Malásia foi de 210 kg ha-1.
Segundo More e Morgan (1998), para
o cultivo da couve-da-Malásia na Aus-
trália, recomenda-se a aplicação, no plantio, de 50 m3 ha-1 de esterco bovino; 1,25
a 2,0 t ha-1 de superfosfato simples; 150300 kg ha-1 de nitrato de amônio e cloreto
de potássio. Na adubação de cobertura é
recomendada a aplicação de 150-300 kg
ha-1 de nitrato de amônio e cloreto de
potássio, uma a três semanas após a emergência. A variação da quantidade é
verificada em função da textura do solo.
Para Malavolta (1974), quando se
estudam aspectos relacionados à nutrição das hortaliças, deve-se atentar para
o fato de que sendo o ciclo delas geralmente curto, essas culturas estão muito
sujeitas a distúrbios nutricionais, pelo
rápido crescimento, intensa produção,
alta necessidade de nutrientes e intensa
lixiviação de nutrientes no solo.
965
L. A. Zanão Júnior et al.
No Brasil, pouco se conhece sobre
as exigências nutricionais da couve-daMálasia. Até o momento, as recomendações de adubação para seu cultivo são
feitas, com base naquilo que se conhece para hortaliças folhosas como a alface. Como é uma folhosa, a adubação
nitrogenada e seu manejo são extremamente importantes para o sucesso da
cultura, devendo-se ter informações específicas claras sobre a melhor fonte de
nitrogênio e o parcelamento mais adequado desta adubação. O objetivo do
presente trabalho foi avaliar o efeito de
fontes e formas de parcelamento da adubação nitrogenada sobre a produtividade e teores foliares de macro e micronutrientes na parte aérea das plantas de
couve-da-Malásia.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado de maio
a julho de 2004, conduzido em casa de
vegetação, na Universidade Federal de
Uberlândia (MG). As temperaturas média mínima e máxima na casa de vegetação, durante o período em que o experimento foi conduzido foram, respectivamente, 17ºC e 26°C.
A semeadura foi realizada em 09/06/
2004, diretamente em vasos de 5 dm3, com
4,8 kg de solo mantidos em espaçamento
de 20 x 20 cm. Foi utilizado solo da camada superficial (0 a 20 cm) de um
Latossolo Vermelho distrófico típico, textura média (273 g kg-1 de argila). A análise do solo apresentou as seguintes características: pH H 2O (1:2,5) = 4,6; P
(Mehlich-1) = 0,2 mg dm-3; K+ (Mehlich1) = 5,4 mg dm-3; Al+3, Ca+2, Mg+2, H+Al,
= 6,0; 1,0; 1,0 e 40,0 mmolc dm-3, respectivamente; saturação por bases = 4,22 %,
matéria orgânica = 12 g kg-1; B, Cu, Fe,
Mn, Zn e S-SO4-2 = 0,31; 0,9; 36; 0,3; 0,2
e 6,0 mg dm-3, respectivamente.
O experimento foi conduzido em
delineamento de blocos casualizados,
distribuindo-se os tratamentos em esquema fatorial 2 x 6, com três repetições. O primeiro fator foram as fontes
de nitrogênio, sendo nítrica e amídica e
o segundo fator constituiu-se dos
parcelamentos da aplicação da dose de
105 mg dm-3 de N, o que corresponde a
210 kg ha-1, em diferentes proporções,
sendo: A) 50% na semeadura, 50% aos
966
15 dias após a semeadura (DAS) e 0%
aos 30 DAS; B) 0% na semeadura, 50%
aos 15 DAS e 50% aos 30 DAS; C) 75%
na semeadura, 25% aos 15 DAS e 0%
aos 30 DAS; D) 25% na semeadura,
75% aos 15 DAS e 0% aos 30 DAS; E)
25% na semeadura, 50% aos 15 DAS e
25% aos 30 DAS e F) 33% na semeadura, 33% aos 15 DAS e 33% aos 30
DAS. Como fonte nitrogenada nítrica
utilizou-se o nitrato de cálcio e como
fonte amídica, a uréia. A uréia possui
44% de N na forma amídica (NH2), que
quando é aplicada ao solo, é rapidamente hidrolisada e se converte na forma
amoniacal e o nitrato de cálcio possui
14% de N na forma nítrica e até 1,5 %
na forma amoniacal, além de possuir 1819% de Ca e 0,5-1,5 % de magnésio.
O preparo do solo foi feito para cada
vaso. A calagem foi realizada para elevar a saturação por bases a 70%, conforme recomendação feita por Ribeiro
et al. (1999) para a cultura da alface,
aplicando-se uma dose correspondente
a 2,0 t ha -1 de calcário dolomítico
calcinado (PRNT 100%). O solo dos vasos foi incubado por 30 dias.
A semeadura foi realizada a 1 cm de
profundidade, distribuindo-se cinco sementes por vaso. Após a emergência, foi
realizado o desbaste, deixando-se uma
planta por vaso, a mais vigorosa e centralizada. A rega foi feita duas vezes ao
dia, utilizando-se 100 ml de água por
rega em cada vaso.
Na semeadura, foram aplicados 200
mg dm-3 de P2O5, 30 mg dm-3 de K2O e
1 mg dm-3 de FTE BR-8, com 7% Zn,
2,5% B, 1% Cu, 5% Fe, 10% Mn e 0,1%
Mo. Foram realizadas duas coberturas
com 25 mg dm-3 de K2O, uma aos 15 e
outra aos 30 DAS. A fonte de P2O5 foi o
superfosfato triplo e a de K2O o cloreto
de potássio. As doses seguiram as recomendações feitas para a cultura da alface (RIBEIRO et al., 1999).
A colheita foi realizada 40 dias após
a semeadura, para avaliação da massa
fresca da parte aérea (MFPA), massa
seca da parte aérea (MSPA), produção
de folhas por planta (PF), massa seca
de raízes (MSR), diâmetro do caule
(DC), teores dos macronutrientes (N,
P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (B,
Cu, Fe, Mn e Zn) na parte aérea das
plantas.
Na colheita, o sistema radicular foi
separado da parte aérea. A produção de
folhas foi obtida fazendo-se a contagem
das mesmas no momento da avaliação
da massa fresca da parte aérea. O diâmetro do caule foi medido com o auxílio de um paquímetro. As raízes foram
lavadas cuidadosamente até a retirada
do solo aderido às mesmas. O excesso
de água foi retirado com o auxílio de
papel toalha e em seguida o material
(parte aérea e raízes) foi encaminhado
para secar em estufa de circulação forçada de ar a 70°C, até massa constante.
A análise química da parte aérea das
plantas, para determinação dos teores de
macro e micronutrientes, foi realizada
segundo Bataglia et al. (1983).
Após a colheita, foi retirada uma
amostra de solo dos vasos, para determinação do pH em água e teores de Mn
e Zn disponíveis, segundo metodologia
descrita por Silva et al. (1999).
Os dados obtidos foram inicialmente submetidos aos testes de normalidade (SHAPIRO-WILK) e homogeneidade (LEVENE), para se determinar,
caso necessário, a transformação a ser
adotada. Como as variâncias foram homogêneas entre os tratamentos e os resíduos da análise da variância apresentaram distribuição normal, nenhum deles foi transformado. O teste de Tukey a
5% de probabilidade foi utilizado para
comparação entre as médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando os fatores estudados,
foi observada interação significativa e
efeito significativo independente
(P≤0,05) do parcelamento, apenas para
a massa fresca da parte aérea. No que se
refere às fontes, houve efeito significativo para a MSPA; MFPA; MSR; NF;
teores foliares de N, Ca, Mn e Zn; pH
em água e teores de Mn e Zn disponíveis no solo (Tabelas 1-4).
A produção de massa fresca da parte aérea foi superior quando a dose de
105 mg dm-3 de N foi parcelada nas três
épocas, sendo semeadura, 15 DAS e 30
DAS, nas proporções de 25%-50%-25%
e 33%-33%-33%.
A produção de massa fresca da parte aérea (produtividade agronômica)
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Formas de parcelamento e fontes de adubação nitrogenada para produção de couve-da-Malásia
alcançada neste experimento foi inferior
à máxima produção obtida por Zanão
Júnior et al. (2005) (114,55 g planta-1)
com a utilização de 210 kg ha-1 de N,
30% na semeadura, 35% aos 15 e 35%
aos 30 dias e por Ferreira et al. (2002),
quando estudaram a mesma variedade
em Uberlândia, em condições de campo, com adubação orgânica e mineral em
diferentes espaçamentos (93 g planta-1),
utilizando 70 kg ha-1 de N (42% no plantio e 58% em cobertura, aos 15 DAS).
A produção de massa fresca em alguns
tratamentos foi semelhante à obtida por
Dantas (1997), com aplicação de
metanol e 80 kg ha-1 de N em vasos mantidos em casa de vegetação (52 g planta-1) e superior à produção registrada por
Hill (1990), em espaçamento 10 x 10
cm, com aplicação de 200 kg ha-1 de N
(46 g planta-1), em cultivo realizado em
campo na Austrália.
A menor produção de massa fresca
da parte aérea alcançada no presente trabalho, em relação à registrada por Zanão
Júnior, et al. (2005), pode ser explicada
pela época do ano em que os experimentos foram conduzidos. As plantas produzidas neste trabalho foram colhidas
cinco dias antecipados, em relação ao
trabalho daqueles autores, desenvolvido durante o verão, com temperatura mínima de 21ºC e máxima de 29ºC, superiores às ocorridas durante a execução
deste trabalho. Estes resultados indicam
o maior desenvolvimento da parte aérea das plantas em temperaturas mais
elevadas e o encurtamento do ciclo em
temperaturas mais baixas. Dantas e
Aragão (2000) verificaram que plantas
desta variedade, semeadas em dezembro e agosto, foram fisiologicamente
mais eficientes que aquelas produzidas
nos outros meses e que plantas produzidas no mês de junho foram as que apresentaram menor crescimento.
Pelo que pôde ser observado, há necessidade de se realizar uma cobertura
nitrogenada aos 15 e uma aos 30 dias
após a semeadura. Estes resultados estão de acordo com os encontrados por
Ferreira (2001), que verificou que aos
37 dias após a semeadura, a ausência da
maioria dos nutrientes na solução nutritiva, utilizando a técnica do elemento
faltante, reduziu significativamente a
produtividade agronômica da couve-daHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Produção de massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea
(MSPA), massa seca de raízes (MSR), produção de folhas por planta (FP) e diâmetro de
caule (DC), obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada.
Uberlândia, UFU, 2004.
Fonte
Nítrica
MFPA
Parcelamento de N
(%)
MSPA
MSR
PF
(n.º)
(g planta-1)
DC
(mm)
50
50
0
64,45 b
4,69
0,53
12,00
11,6
0
50
50
64,30 b
4,91
0,32
11,67
11,7
75
25
0
61,21 c
4,19
0,54
12,00
12,2
25
75
0
70,96 b
5,17
0,50
12,00
14,9
25
50
25
78,02 a
5,48
0,73
12,33
15,6
33
33
33
80,21 a
7,83
0,62
12,67
16,9
69,85 A
4,88 A
0,54 A
12,11 A
13,8 A
Média
50
50
0
45,06 c
3,61
0,20
10,00
10,4
0
50
50
49,95 c
3,72
0,35
10,33
12,3
75
25
0
56,21 b
3,88
0,41
11,00
13,1
25
75
0
56,50 b
4,58
0,42
11,33
13,4
25
50
25
65,50 a
4,60
0,53
11,33
15,7
33
33
33
68,03 a
5,26
0,43
12,00
16,2
Média
56,83 B
4,28 B
0,39 B
11,00 B
13,5 A
C.V.%
14
Amídica
15
17
10
9
Letras minúsculas comparam médias do parcelamento dentro de cada fonte. Letras maiúsculas comparam médias entre as fontes. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre
si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Teores de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
enxofre (S) na parte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da
adubação nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004.
Fonte
Macronutriente (g kg-1)
N
P
K
Ca
Mg
S
Nítrica
52,29 A
6,25 A
17,11 A
30,82 A
8,30 A
6,38 A
Amídica
40,95 B
5,62 A
17,97 A
23,72 B
7,43 A
6,29 A
14
22
17
13
16
10
C.V.%
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 3. Teores de boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e Zinco (Zn) na
parte aérea das plantas, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação
nitrogenada. Uberlândia, UFU, 2004.
Fonte
Micronutriente (mg kg-1)
B
Cu
Fe
Mn
Zn
Nítrica
128,26 A
7,26 A
161,89 A
119,60 A
79,47 B
Amídica
126,17 A
7,66 A
175,91 A
78,01 B
90,40 A
17
12
9
10
14
C.V.%
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 4. Valores de pH em água e teores de Mn e Zn no solo, após a execução do experimento, obtidos com as diferentes fontes e parcelamentos da adubação nitrogenada. Uberlândia,
UFU, 2004.
Fonte
pH em água
(1:2,5)
Mn
(mg dm-3)
Zn
(mg dm-3)
Nítrica
5,92 A
1,20 B
0,83 B
Amídica
5,42 B
1,86 A
1,13 A
4
13
9
C.V.%
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
967
L. A. Zanão Júnior et al.
Malásia. Estas são as mesmas épocas de
parcelamento recomendadas para a alface, segundo Ribeiro et al. (1999). Isso
ocorreu porque o nutriente estava disponível no solo para a planta no período e na quantidade em que ela necessitava, em concentrações não tão altas
para ocorrer lixiviação excessiva ou causar efeito negativo.
O maior valor de massa seca de
raízes foi registrado para o parcelamento
da dose de N com aplicação de 25% do
N na semeadura e 50% aos 15 DAS e
25% aos 30 DAS para as duas fontes
(Tabela 1). Esta produção foi inferior à
obtida por Sousa (1997) e por Mota
(2001), que foram de 2,84 g planta-1 e
0,93 g planta-1, respectivamente.
A fonte de maior eficiência na produção de massa seca e fresca da parte
aérea das plantas e de raízes foi a nítrica
(nitrato de cálcio), que propiciou aumento de 23% em relação à fonte amídica
(uréia), indicando, possivelmente, a preferência da couve-da-Malásia pela absorção do N na forma nítrica (Tabela 1).
Segundo Larcher (2000), dentre outros
fatores, a espécie/cultivar tem implicações nos ajustamentos metabólicos à
absorção do amônio e do nitrato. A absorção do íon amônio causa grande demanda de esqueletos carbônicos, pois
pode servir imediatamente para síntese
de aminoácidos e compostos que contêm N reduzido. Grande consumo dos
carboidratos pode ocorrer, se a
fotossíntese for insuficiente, utilizando
o carbono que estaria disponível para a
planta converter em biomassa. Por outro lado, o nitrato quando absorvido é
reduzido antes de sua assimilação, mas
a demanda imediata por carboidratos é
menor que a do amônio (EPSTEIN,
1975; FERREIRA et al., 1993;
LARCHER, 2000).
A produção de folhas por planta foi
muito semelhante, não influenciado significativamente pelo parcelamento, mas
havendo efeito das fontes (Tabela 1). As
plantas que receberam aplicação da fonte nítrica produziram 10% a mais de
folhas do que as que as que receberam a
fonte amídica.
O diâmetro do caule é uma característica avaliada para aceitação da couve-da-Malásia no mercado de hortaliças.
Segundo Gallacher (1999), um produto
968
de qualidade elevada tem diâmetro de
caule entre 15 mm e 25 mm. Os resultados obtidos no presente trabalho mostram
que as plantas que ficaram incluídas dentro dessa amplitude foram as que receberam aplicação de N na semeadura e
duas coberturas. Não houve diferença
significativa em relação às fontes.
A maior absorção de Ca com aplicação da fonte nítrica é explicada pelo
fato do nitrato de cálcio possuir 18-19%
de cálcio (Tabela 2). Além disso, plantas que recebem o N na forma nítrica
aumentam a síntese de ácidos orgânicos, com conseqüente aumento na absorção de cátions, como Ca2+, Mg2+ e K+,
para atingir o balanço interno de cargas
(KIRKYB; KNIGHT, 1977).
Não existem dados na literatura sobre teores foliares adequados dos nutrientes para couve-da-Malásia. No entanto, os teores foliares de N e Ca obtidos neste trabalho são considerados adequados, segundo Ribeiro et al. (1999),
para alface e para Brássicas (repolho e
couve-flor).
Os maiores teores foliares de zinco
obtidos com a fonte amídica podem estar relacionados à maior absorção e
translocação deste nutriente, em relação
aos demais, provavelmente devido à
acidificação da rizosfera que adubação
nitrogenada pode causar, provocada pela
absorção do íon amônio, formado pela
aplicação da uréia (FERREIRA et al.,
1993). Este fato ficou comprovado com
a análise do solo das parcelas que receberam adubação nitrogenada amídica,
onde o pH em água se encontrava em
torno de 5,4 em relação a 5,9, conseguido com a fonte nítrica (Tabela 4).
A acidificação da rizosfera, segundo
Moraghan e Mascani Júnior (1991), aumenta a eficiência na absorção de micronutrientes metálicos Zn, Mn, Cu e Fe,
cuja disponibilidade é influenciada pelo
pH. Os teores de Zn e Mn no solo, significativamente maiores nas parcelas que
receberam a aplicação da uréia, comprovam sua maior disponibilidade com o pH
baixo (Tabela 4). Os teores foliares de
Zn com a aplicação da fonte amídica foram significativamente maiores que a
aplicação da fonte nítrica.
Os teores foliares de Mn foram
maiores com a aplicação da fonte nítrica,
apesar deste elemento estar disponível
em maior quantidade no solo, com a
fonte amídica. Isto pode ser explicado
em parte, pela competição entre estes
cátions NH4+ e Mn2+, pois a presença do
amônio na solução diminuiu a absorção
do Mn. Este fato também foi verificado
por Fernandes et al. (2002) trabalhando
com alface e diferentes fontes de nutrientes em cultivo hidropônico.
As maiores produções de massa fresca e massa seca da parte aérea, massa
seca de raízes e os maiores teores
foliares de N e Ca e Mn na parte aérea
foram alcançadas com a fonte nítrica.
Os maiores teores foliares de Zn, menores teores disponíveis de Mn e Zn no
solo e menores valores de pH do solo
em água foram obtidos com a fonte
amídica.
O nitrato de cálcio mostrou ser uma
fonte nitrogenada mais viável em relação a uréia, apesar do custo relativo
maior, pois proporcionou efeito alcalino no substrato e forneceu maiores
quantidades de N às plantas, proporcionando maior produção de massa fresca
e seca da parte aérea, massa seca de
raízes e produção de folhas por planta.
Quanto ao parcelamento, melhores
resultados para produção foram obtidos
com as proporções 33%-33%-33% e
25%-50%-25%, para nitrato de cálcio e
uréia, parcelados na semeadura, 15 e 30
dias após a semeadura.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Prof.ª Dr.ª
Marli A. Ranal pela revisão crítica e
pelas valiosas sugestões, importantes na
elaboração deste artigo.
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Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo
Marcelo Augusto G. Carnelossi; Paula Yaguiu; Anita Caroline L. Reinoso; Gláucia Regina de O. Almeida;
Moema L. Lira; Gabriel Francisco da Silva; Vahideh R.R. Jalali
UFS, Depto. Eng. Química, Av. Marechal Rondon, s/n, Campus Universitário, Jardim Rosa Elze, 49100-000 São Cristóvão-SE; E-mail:
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Este trabalho teve como objetivo estabelecer um fluxograma
operacional para o processamento mínimo de quiabo, produto muito consumido e produzido em diversos estados brasileiros. Para isso,
foram avaliados dois modelos de fluxograma. Os procedimentos
ideais para cada etapa do processamento mínimo foram determinados utilizando os seguintes parâmetros: tipos de corte, concentração
do sanitizante, enxágüe (tratamento com ácido), tempo de
centrifugação e tipo de embalagem (PEAD a vácuo e bandejas de
poliestireno recobertas com filme de PVC, armazenadas em câmara
fria (5±2ºC) por oito dias). Com base na análise sensorial, quiabo
cortado em rodelas com aproximadamente 2 cm de espessura mostrou-se o mais aceito. Dentre as concentrações de sanitizantes avaliadas, o tratamento com concentrações de 100 mg L-1 de cloro ativo
durante 10 minutos, mostrou eficiência significativa na redução de
coliformes totais, aeróbios mesófilos e fungos e leveduras. A utilização do ácido cítrico (1%) durante o enxágüe mostrou-se eficiente
na retirada da mucilagem do produto e verificou-se ainda que o tempo para centrifugação de quiabo deve ser de 10 minutos. A embalagem de PEAD a vácuo foi a que melhor preservou a qualidade dos
produtos. Para o processamento mínimo de quiabo deve ser utilizado o seguinte fluxograma: recepção, seleção, lavagem, corte,
sanitização, enxágüe com ácido, centrifugação, embalagem e
armazenamento.
Determination of the stages of minimum processing of okra
This work aimed to establish an operational flowchart for the
minimum processing of okra, a product much consumed and
produced in diverse Brazilian States. In this work two models of
flowchart were evaluated. The ideal procedures for each stage of the
minimum processing were determined by utilization of the following
parameters: types of cut, concentration of the rinse (treatment with
acid), time of centrifugation and type of the packing (PEAD the
recovered polystyrene vacuum and trays with film of PVC, stored in
cold chamber (5±2ºC) during eight days). On the basis of the sensorial
evaluation, okra cuts with approximately 2 cm of thickness were
more accepted. Among the concentrations of sanitization products,
the treatment with concentrations of 100 mg L-1 of active chlorine
during 10 minutes showed significant efficiency in the reduction of
total coliforms, mesophiles aerobic, molds and yeast. The citric acid
(1%) used during rinses, revealed themselves efficient in the
withdrawal of the mucilaginous juice of immature pods. The time
for okra centrifugation must be of 10 minutes. The PEAD packing
with vacuum preserved the better quality of the minimum processing
product. For the minimum processing of okra the following flowchart
must be used: reception, selection, washing, cut, sanitization, rinse
with acid, centrifugation, packing and storage.
Palavras-Chave: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitização,
centrifugação, embalagens, conservação.
Keywords: Abelmoschus esculentus (L.) Moench, sanitization,
centrifugation, packaging, storage.
(Recebido para publicação em 1 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)
O
quiabo (Abelmoschus esculentus
(L.) Moench), originário da África, pertencente à família Malvaceae é
tradicionalmente cultivado em regiões
tropicais. O cultivo dessa hortaliça é
bastante difundido na região nordeste do
Brasil, por possuir um clima bastante favorável para o seu desenvolvimento
(SILVA, 2004).
A comercialização de quiabo é feita,
geralmente utilizando-se frutos in natura.
Alguns trabalhos têm sido realizados de
forma a desenvolver processos de secagem e determinar as propriedades físicas
do quiabo (ADOM et al., 1996; AKAR;
AYDIN, 2005). No entanto, pesquisas relativas ao processamento mínimo dessa
hortaliça ainda são inexistentes, o que faz
desse trabalho um marco no desenvolvimento de tecnologia, apresentando uma
970
nova forma de comercialização e agregação de valor a esses produtos.
Em geral, hortaliças minimamente
processadas, segundo Moretti (2004),
são tecidos vegetais que foram danificados de maneira proposital e que devem ser mantidos na forma fresca e com
qualidade por períodos prolongados de
tempo, pois esse processo acarreta várias alterações físicas e fisiológicas que
afetam a viabilidade e a qualidade dos
produtos.
Vários aspectos devem ser considerados quando se trabalha com produtos
minimamente processados. Os processos metabólicos relacionados aos
estresses sofridos pelos tecidos vegetais
como a indução do metabolismo de
compostos fenólicos, o escurecimento
enzimático e a formação de anaerobiose
conduzem, na maioria das vezes, a alterações
sensoriais
importantes
(MORETTI, 2004).
Cantwell (1992) e Vitti et al. (2003)
citam que a injúria mecânica causada
pelo corte ou descascamento é um dos
maiores obstáculos para a conservação
dos produtos minimamente processados,
apresentando aumento da taxa respiratória na ordem de 3 a 5 vezes, quando
comparado aos órgãos intactos. Assim,
o armazenamento do produto em baixas temperaturas torna-se imprescindível, desde o preparo até a
comercialização, visando a redução da
respiração e preservação da qualidade e
da vida de prateleira do produto pré-processado (VITTI et al., 2003).
A utilização de embalagens e de temperaturas adequadas pode manter o proHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo
duto livre de microorganismos
patogênicos, com maior manutenção da
sua qualidade e uma maior vida de prateleira. As embalagens atuam como barreira protetora, minimizando a perda de
água, reduzindo a taxa respiratória durante o armazenamento, bem como facilitando o transporte, manipulação e a
venda dos mesmos (CARNELOSSI et
al., 2002). A escolha da embalagem para
os minimamente processados depende
de fatores como a permeabilidade da
embalagem a gases, o tipo de produto e
sua taxa respiratória, temperatura de
armazenamento dentre outros, visando
o aumento do tempo de vida de prateleira (SCHLIMME; ROONEY, 1994).
O objetivo do trabalho foi estabelecer o fluxograma para o processamento
mínimo do quiabo, levando-se em consideração o tipo de corte, a concentração do sanitizante, tratamento com ácido para a redução da mucilagem, tempo de centrifugação, tipo de embalagem
e temperatura de armazenamento.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no
laboratório de tecnologia de alimentos
da UFS. O quiabo utilizado foi adquirido na Associação de Produtores Orgânicos do Agreste (ASPOAGRE), localizada no município de Itabaiana (SE),
onde foram transportados em sacolas
plásticas para o laboratório e mantidos
em temperatura ambiente (±25ºC).
Os fluxogramas avaliados foram a)
Recepção – Seleção – Lavagem –
Sanitização – Corte – Embalagem e b)
Recepção – Seleção – Lavagem – Corte
– Sanitização – Enxágüe –
Centrifugação – Embalagem.
Tendo em vista a semelhança das
etapas inicias entre os dois fluxogramas,
a recepção, a seleção e lavagem foram
realizadas da mesma forma para todo
material. A recepção do quiabo foi realizada colocando-se os frutos em caixas
plásticas em ambiente refrigerado
(12ºC) por aproximadamente duas horas. Após esse período os frutos foram
retirados da refrigeração e submetidos
à seleção e lavagem. Durante a seleção
foram escolhidos os frutos que se apresentavam íntegros e sem injurias mecânicas. A lavagem foi realizada utilizanHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
do-se água corrente para retirada da sujidade. Após a lavagem, para o fluxograma A, os frutos foram submetidos à
sanitização e posteriormente aos cortes,
e para o fluxograma B, os frutos foram
submetidos ao corte.
O corte dos frutos foi realizado manualmente com o auxílio de facas de aço
inox, afiadas e previamente higienizadas
em solução de cloro (100 mg L-1). Os
quiabos foram cortados de três formas,
rodelas de aproximadamente 2 cm, picados em cubos com ±0,5 cm3 e cortados longitudinalmente em ±10 cm.
Para a etapa da sanitização, amostras de quiabo, tanto inteiras quanto cortadas, foram imersas em soluções de
cloro ativo de marca comercial
Sumaveg (Diversey-Lever), com concentrações de 50 mg L-1, 100 mg L-1 e
150 mg L-1, por 10 min. Durante as etapas de sanitização e corte, nove amostras de 25 g foram retiradas para serem
submetidas à análise microbiológica, de
forma a determinar bactérias aeróbias
mesófilas, coliformes totais, bolores e
leveduras.
Para o fluxograma A, após a
sanitização, o produto foi cortado e
embalado em bandejas de poliestireno
recobertas com filme PVC. Para o fluxograma B, após a etapa da sanitização,
os quiabos cortados foram enxaguados
em soluções contendo quatro níveis de
ácido cítrico (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%) por
10 minutos. Enxágüe sem ácido foi utilizado como controle (3 mg L-1 de cloro
ativo), visando a retirada do excesso de
mucilagem aderido no quiabo.
Testes de centrifugação foram realizados em centrífuga industrial, com velocidade angular de 1290xg, por períodos de 2; 3; 5; 7 e 10 min.
Amostras de 200 g foram armazenadas em dois tipos de embalagem: bandejas de poliestireno recobertas com
PVC e em embalagens de polietileno de
alta densidade (PEAD) a vácuo, e armazenadas a temperatura de 5ºC±2oC,
por oito dias.
A cada dois dias, foram realizadas
análises dos teores de vitamina C, acidez total, pH e coloração (intensidade de
escurecimento) do produto armazenado.
Os teores de vitamina C foram determinados utilizando a metodologia
proposta pela American Official
Analysis of Chemistry (AOAC, 39.051)
(CARNELOSSI et al., 2002).
O pH foi determinado em pHmetro
digital da marca Schott em 50 ml de
solução obtida pela homogeneização e
filtragem de 5,0 g da amostra em água
destilada.
A acidez total (AT) foi determinada
utilizando-se 10 ml da solução utilizada para a determinação do pH, adicionando-se o indicador fenolftaleína a 1%,
e titulado com NaOH (0,1 N). A AT foi
expressa em % de ácido cítrico.
O índice de escurecimento do produto foi acompanhado utilizando-se um
colorímetro (Minolta CR-10), calibrado com a cor branca. Para as medições,
foram retiradas 3 rodelas de quiabo de
cada repetição, e as leituras foram realizadas na parte interna e externa do produto. Os parâmetros obtidos, L, que indica luminosidade (claro/escuro); a, que
indica a cromaticidade no eixo da cor
verde (-) para vermelha (+); e b, que
indica a cromaticidade no eixo da cor
azul (-) para amarela (+), foram utilizados para calcular o índice de
escurecimento (IE) de acordo com Palou
et al. (1999): IE= [I100(x-0,31)I/0,172],
em que, x=(a + 1,75L)/(5,645L+a3,012b).
A análise sensorial foi realizada utilizando o Teste de Aceitabilidade, com
escala hedônica de 9 pontos (9 = gostei
extremamente, 5 = indiferente e 1 = desgostei extremamente). Foram entrevistadas 30 pessoas não treinadas que avaliaram o produto quanto à preferência em
relação ao tipo de corte apresentado.
A microbiota contaminante dos produtos foi avaliada por meio da determinação da contagem padrão de bactérias
aeróbias mesófilas, bolores e leveduras
e a presença de coliformes totais, segundo a metodologia proposta por
Vanderzant e Splittstoesser (1992). As
análises foram efetuadas em porções de
25 g do material vegetal homogeneizado
com 225 ml de água peptonada a 0,1%.
A contagem padrão de aeróbios
mesófilos foi feita em Ágar Padrão para
Contagem (PCA), após incubação a 3032ºC por 24 a 48 h. Coliformes totais
foram determinados pela técnica do
Número Mais Provável (NMP), utilizando-se Caldo Lauril Sulfato Triptose para
971
M. A. G. Carnelossi et al.
Tabela 1. Análises microbiológicas do quiabo minimamente processado submetida a diferentes tratamentos de corte e sanitização. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.
Amostra
Bactérias aeróbias
mesófilas¹
Bolores e leveduras
Coliformes totais
Matéria prima
6.5X10
4
1.9X10³
> 110
Inteiro s/sanit.
6.4X104
4.3X104
> 110
Inteiro 50ppm
3.3X104
8.1X10²
15
Inteiro 100ppm
3X10³
4.4X10²
2.8
Inteiro 150ppm
3X104
*
3.5
Cortado s/sanit.
4.9X10²
5.1X10²
5.3
Cortado 50ppm
3X10³
*
5.3
Cortado 100ppm
*
*
9.3
4.3X10²
*
9.3
Cortado 150ppm
1
4
valores na ordem de 10² a 10 UFC/g na contagem padrão.
*inferior ao limite (<2,5x10²)
Figura 1. Diferença de peso (A) de quiabo minimamente processado tratado com diferentes
concentrações de ácido cítrico no enxágüe e centrifugados por 10 minutos, e teores de vitamina C (B) do quiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C por
8 dias. As barras representam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.
o teste presuntivo e Caldo Bile Verde
Brilhante, para o confirmativo. A contagem de bolores e leveduras, foi realizada inoculando-se 0,1 ml de cada
amostra em 15 a 20ml do meio de cul972
tura Ágar Batata Dextrose Acidificado
(PDA). As placas foram incubadas em
estufa a 25ºC por 5 dias.
O delineamento experimental foi
inteiramente ao acaso, em esquema
fatorial 2x5 (dois tipos de embalagem e
5 períodos de avaliação). Foram utilizadas 3 repetições com aproximadamente 200 g do produto em cada embalagem. Os resultados foram submetidos à
análise de variância pelo teste F e comparação de médias pelo teste Tukey (5%),
com o auxílio do software Assistat (Assistência Estatística), versão 7.2 beta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio de análises microbiológicas, observou-se que a concentração
de 50 mg L-1 mostrou-se eficiente no
controle dos coliformes totais, reduzindo-se os valores de 120 NMP g-1 ml-1 da
matéria-prima para 5,3 NMP g-1 ml-1 no
produto cortado e sanitizado (Tabela 1).
Para o controle dos fungos, leveduras,
bactérias aeróbias e mesófilas, a concentração de 100 mg L-1 foi mais eficiente,
apresentando valores abaixo do limite de
contagem. Nas amostras sanitizadas inteiras e depois cortadas (fluxograma A),
observou-se que, apesar da concentração
de 50 a 100 mg L-1 de cloro ter apresentado eficiência no controle dos
microorganismos, a manipulação (corte)
do produto após a sanitização ocasionou
uma recontaminação da amostra,
inviabilizando, dessa forma, a utilização
desse fluxograma. De acordo com Pilon
(2003), a lavagem de hortaliças com 50
mg L-1 de cloro livre na água reduz significativamente a contagem total de
aeróbios mesófilos, enquanto que os
coliformes fecais mostraram-se mais sensíveis ao cloro não sendo detectados após
lavagem com 10, 20 e 50 mg L-1.
Os resultados obtidos por meio do
teste de aceitabilidade determinaram
que o corte no formato de rodelas (2 cm)
foi o mais aceito, apresentando nota
média de 6,9, correspondente ao termo
da escala hedônica “gostei moderadamente”. Os cortes no formato longitudinal e picado não diferiram estatisticamente entre si, apresentando notas 5,7
(indiferente) e 6,1 (gostei ligeiramente),
respectivamente.
A utilização de 1% de ácido cítrico
na etapa de enxágüe (Figura 1A), associado à centrifugação por 10 min, mostrou-se ideal para a retirada do excesso
de água e de mucilagem. Observou-se
também que, para o tratamento controHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Determinação das etapas do processamento mínimo de quiabo
le, a diferença de peso foi menor do que
a da concentração de 0,5% (Figura 1A).
Isso se deve ao fato de que o tempo de
centrifugação utilizado para essa amostra, 20 min, não foi suficiente para a retirada do excesso de água e mucilagem
aderida ao produto.
A mucilagem encontrada no quiabo
é classificada como polissacarídica-ácida associada com proteínas (AMAYAFARFAN et al., 2003), podendo, se não
removida, servir de substrato para o
crescimento de microrganismos durante o armazenamento, causando a depreciação do produto. Pineli (2004) cita que
o ácido cítrico é o principal ácido orgânico de frutas e vegetais, atuando
sinergisticamente com ácidos ascórbico
e eritórbico e seus sais neutros. É capaz
de complexar prooxidantes, como o cobre do centro ativo da polifenoloxidase,
inativando-os.
Após o segundo dia de
armazenamento, observou-se que os
teores de vitamina C (Figura 1B) apresentaram redução de aproximadamente
45%, quando comparados ao quiabo
antes do processamento, nas duas embalagens testadas. Esse acentuado decréscimo pode ter sido ocasionado pelo
aumento na taxa do metabolismo, causado pela injúria mecânica (corte) da
hortaliça, que provoca a oxidação de
vários compostos, dentre eles, a vitamina C. (CARNELOSSI et al., 2002).
Após esse período, verificou-se estabilização dos teores de vitamina C.
Isso pode ser explicado devido à redução do metabolismo, influenciado pela
utilização da embalagem e pelo
armazenamento em baixa temperatura
(5oC), como ocorre em diversos produtos
minimamente
processados
(CARNELOSSI et al., 2002). Quando
embalados com PVC, verificou-se um
decréscimo do teor de vitamina C, comparado com a embalagem a vácuo o que
pode, provavelmente, estar associado à
alta permeabilidade do filme, que não é
capaz de reter o metabolismo do produto.
De acordo com Pilon (2003), a vitamina C é a mais instável das vitaminas
por ser sensível aos agentes físico-químicos como a luz, oxigênio e o calor.
Klein (1987) cita que a perda de sua estabilidade pode ser conseqüência de
vários fatores, como o rompimento ceHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 2. Teores de Acidez Titulável (A) e variação do pH (B) do quiabo embalado a vácuo
e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C. As barras representam o erro padrão da
média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.
lular por dano ao tecido, corte ou
moedura.
Em todos os tratamentos, verificouse uma queda brusca no segundo dia de
armazenamento no teor de acidez
titulável (AT) (Figura 2A), após o qual
manteve-se constante até o final do experimento, para as duas embalagens testadas.
O controle da atmosfera através da
utilização de embalagens e a diminuição da temperatura de armazenamento
podem, possivelmente, ter ocasionado
a diminuição na taxa de degradação do
substrato
(açúcares)
e,
consequentemente, uma provável redução do valor da acidez.
Quanto aos valores do pH (Figura
2B), observados durante o período de
armazenamento, notou-se comportamento inversamente proporcional à acidez, apresentando aumento acentuado
no tempo 2 e estabilização até o oitavo
dia. Esse resultado pode estar relacionado, com a estabilização metabólica do
produto, em virtude da utilização da
embalagem e do armazenamento em
baixa temperatura.
A intensidade de escurecimento (IE)
indicou que a embalagem a vácuo foi
eficiente em evitar o escurecimento, tanto na parte interna quanto na parte externa do quiabo (Figuras 3A e 3B). Para
a embalagem de PVC, observou-se que
a maior permeabilidade da mesma ao
oxigênio pode ter provocado o
escurecimento do produto, pois o mesmo é utilizado pela enzima
polifenoloxidase (PPO) para oxidação
de compostos fenólicos (WHITAKER;
LEE, 1995).
Em couve minimamente processada, Carnelossi et al. (2002) mostraram
que o escurecimento pode estar diretamente relacionado com a atividade da
enzima polifenoloxidase, que oxida
973
M. A. G. Carnelossi et al.
xograma: Recepção – Seleção – Lavagem
– Corte (rodelas de 2 cm) – Sanitização
(100 mg L-1 de cloro ativo) – Enxágüe (ácido cítrico 1%) – Centrifugação (10 min)
– Embalagem (PEAD a vácuo) –
Armazenamento (5ºC).
AGRADECIMENTOS
Os autores expressam seus agradecimentos ao CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico), pelo auxílio financeiro
concedido para a realização do trabalho,
à EMDAGRO e a ASPOAGRE pelo
fornecimento do material utilizado nos
experimentos.
LITERATURA CITADA
Figura 3. Intensidade de escurecimento (IE) da parte interna (A) e da parte externa (B), de
quiabo embalado a vácuo e em bandejas com PVC, armazenados a 5±2°C. As barras representam o erro padrão da média. São Cristóvão (SE), UFS, 2004.
compostos fenólicos produzindo uma
coloração escura nos tecidos minimamente processados tais como observado em alface e repolho (COUTURE et
al., 1993; HOWARD et al., 1994).
Moretti et al. (2002) citam que os danos
mecânicos (corte) causados durante o
processamento podem aumentar a concentração de dióxido de carbono, etileno
e de água livre, causar alterações no sabor e aroma, além de aumentar a atividade de enzimas relacionadas ao
escurecimento enzimático, como a
fenilalanina amônia liase (PAL) e a
polifenoloxidase (PPO). Para Goupy et
al. (1995), a intensidade do
escurecimento enzimático depende de
974
vários fatores, principalmente do conteúdo de compostos fenólicos e do tipo
de PPO presente na célula, ou ambos.
Couture et al. (1993) observaram, em
alface minimamente processada, que o
aumento
da
intensidade
de
escurecimento com o tempo de
armazenamento, pode ser devido ao aumento na atividade da enzima
fenilalanina amônia liase (PAL), responsável pela síntese de compostos
fenólicos, e também pelo aumento na
síntese de etileno, o qual estimula a atividade da PAL e PPO.
De acordo com os resultados obtidos,
determinou-se que o processamento mínimo do quiabo deve seguir o seguinte flu-
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Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função
de doses de nitrogênio e molibdênio
Geraldo M. de Resende1; Marco Antônio R. Alvarenga2; Jony E. Yuri2; José Hortêncio Mota3; Rovilson
José de Souza2; Juarez C. Rodrigues Júnior4
1
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-000 Petrolina-PE.; 2UFLA. Depto. Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3Centro
Universitário de Dourados, Depto. Ciências Agrárias, C. Postal 533, 79804-970, Dourados-MS; 4Agromax, R. Tiradentes, 12, 37750-000
Machado-MG
RESUMO
ABSTRACT
O trabalho foi conduzido no município de Três Pontas (MG), de
outubro a dezembro de 2002, para avaliar a influência de doses de
nitrogênio e molibdênio nas características produtivas e qualidade
pós-colheita da alface americana (Lactuca sativa L.). Utilizou-se o
delineamento de blocos ao acaso em arranjo fatorial 4 x 5, compreendendo quatro doses de nitrogênio em cobertura adicionais à dose
aplicada pelo produtor de 60 kg/ha de N (0; 60; 120 e 180 kg/ha) e
cinco doses de molibdênio via foliar (0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4
g/ha) e três repetições. O maior peso fresco total foi obtido com a
dose de 86,9 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 87,4 g/ha de
molibdênio. Com relação ao peso fresco comercial a dose de 89,1
kg/ha de nitrogênio em cobertura propiciou a maior resposta, sendo
para molibdênio a máxima produtividade alcançada com a dose de
94,2 g/ha. As doses de 85,3 kg/ha de nitrogênio em cobertura e 72,9
g/ha de molibdênio proporcionaram a maior circunferência de cabeça comercial. Não se observou efeito significativo dos tratamentos
para comprimento do caule e na conservação pós-colheita. As doses
de 89,9 kg/ha de N em cobertura e 77,2 g/ha de Mo em pulverização
foliar propiciaram a maior porcentagem de matéria seca.
Yield and postharvest quality of summer growing crisphead
lettuce as affected by doses of nitrogen and molybdenum
Palavras-chave: Lactuca sativa L., massa fresca, nutrição,
armazenamento.
Keywords: Lactuca sativa L., fresh weight, nutrition, storage.
The influence of nitrogen and molybdenum doses was evaluated
on the productive characteristics and postharvest quality of crisphead
lettuce (Lactuca sativa L.), at Três Pontas, Minas Gerais State, Brazil,
from October to December 2002. A randomized complete block
design in a 4 x 5 factorial arrangement with three replications was
used. The factorial consisted of four doses of nitrogen (0; 60; 120
and 180 kg/ha) in top dressing, in addition to the usual farmers doses
(60 kg/ha), and five doses of molybdenum in foliar application (0.0;
35.1; 70.2; 105.3, and 140.4 g/ha). The highest total fresh weight
was obtained with the doses of 86.9 kg/ha of nitrogen in top dressing
and 87.4 g/ha of molybdenum. Highest commercial fresh weight
was obtained using the doses of 89.1 g/ha of nitrogen in top dressing,
while the doses of 94.2 g/ha of molybdenum resulted in the highest
yield. The doses of 85.3 kg/ha of nitrogen in top dressing and 72.9
g/ha of molybdenum were the best for highest commercial head
circumference. There was no significant effect of the treatments on
stem length and post-harvest conservation. The highest percentage
of dry matter was obtained with the doses of 89.9 kg/ha of N in top
dressing and 77.2 g/ha of Mo in foliar spray.
(Recebido para publicação em 21 de março de 2005 e aceito em 5 de agosto de 2005)
A
alface americana, tipo repolhuda
“Crisphead lettuce”, vem adquirindo importância crescente, principalmente, na região de Lavras. O plantio deste
tipo de alface visa, principalmente, atender as redes fast food, como a
MacDonald’s, com mais de 30 produtores em diversos municípios do sul de
Minas Gerais, cultivando cerca de 1800
ha por ano, totalizando aproximadamente 10500 toneladas desta folhosa (YURI,
2000). Sua larga adaptação às condições
climáticas diversas, a possibilidade de
cultivos sucessivos no mesmo ano, a
baixa suscetibilidade a pragas e doenças e a comercialização segura, fazem
desta cultura a preferida pelos
olericultores (RICCI, 1993), que a cultivam em condições de campo a céu
976
aberto, em cultivo protegido (estufas) ou
em hidroponia (solução nutritiva).
A adubação constitui uma das práticas agrícolas mais caras e de maior retorno econômico, resultando em maiores rendimentos e em produtos mais
uniformes e de maior valor comercial
(RICCI et al., 1995).
Sendo a alface uma cultura composta basicamente por folhas, esta responde muito à adubação nitrogenada. A deficiência de nitrogênio retarda o crescimento da planta e induz ausência ou má
formação da cabeça, as folhas mais velhas tornam-se amareladas e desprendem-se com facilidade. Entretanto,
quando aplicado em demasia, em adubação de cobertura, no último terço do
ciclo, as cultivares que formam cabeça
apresentam menor firmeza, o que poderá ser prejudicial à comercialização
(GARCIA et al., 1982).
Nos sistemas biológicos o
molibdênio é constituinte de pelo menos cinco enzimas catalisadoras de reações. Três destas enzimas (redutase do
nitrato, nitrogenase e oxidase do sulfito)
são encontradas em plantas (GUPTA;
LIPSETT, 1981). A função mais importante do molibdênio nas plantas está relacionada com o metabolismo do nitrogênio. A redutase do nitrato ou nitratoredutase é uma flavoproteína que possui Mo como grupo prostético e cuja
síntese é induzida pela presença de Mo
e NO3- no meio (MALAVOLTA, 1980).
Esta enzima catalisa a redução biológica do NO-3 a NO-2, que é o primeiro pasHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio
so para a incorporação do nitrogênio,
como NH2, em proteínas (DECHEN et
al., 1991). Por outro lado, evita o
acúmulo de NO-3 em plantas alimentícias e forragens, impedindo a combinação do mesmo com a hemoglobina do
sangue e a produção de metahemoglobina que, por não funcionar
como transportadora de O2, causa deficiência de oxigênio em pessoas e animais (MALAVOLTA, 1980; OLIVEIRA, 1980). A deficiência de molibdênio
em brássicas também está associada a
uma acumulação de nitratos nas folhas
(NOGUEIRA et al., 1983).
No Brasil observa-se a necessidade
de maiores pesquisas sobre doses de fertilizantes a serem utilizadas, adequadas
às diferentes cultivares, regiões e épocas de plantio. Além disto, na ansiedade de obter maior produtividade, o
olericultor aplica em excesso, elementos minerais, resultando muitas vezes em
distúrbios nutricionais nas plantas, além
de acarretar aumento do custo de produtividade.
A aplicação de nitrogênio via solo
aliada à aplicação de molibdênio via
foliar, pode ser uma prática que venha a
melhorar a fertilização desta cultura,
com o uso mais racional do nitrogênio,
e por uma maior atividade da enzima
redutase do nitrato, através do uso da
adubação molíbdica. O objetivo deste
trabalho foi avaliar os efeitos de doses
de nitrogênio em cobertura e molibdênio
via foliar nas características produtivas
e qualidade pós-colheita no comportamento da alface americana em cultivo
de verão.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no
município de Três Pontas, sul de Minas
Gerais, na Fazenda Carapuça II do produtor José Cláudio Nogueira, à altitude
de 870 m, situado a 21º22’00" de longitude sul e 45º30’45'’ de longitude oeste,
em um Latossolo Vermelho
Distroférrico de textura argilosa. O clima da região é caracterizado por temperatura média anual variando de
15,8°C no mês mais frio, a 22,1°C no
mês mais quente; a precipitação média
anual é de 1.529,7 mm e a umidade relativa do ar é de 76,2%. A análise do solo
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
onde foi instalado o experimento apresentou as seguintes características químicas: K = 70,0 mg dm-3; P = 78,0 mg
dm-3; Ca = 4,1 cmolc dm-3; Mg = 0,8 cmolc
dm-3; Al = 0,0 cmolc dm-3; H+Al = 2,3
cmolc dm-3; Zn = 0,8 mg dm-3; Fe = 25,0
mg dm-3; Mn = 14,2 mg dm-3; Cu = 1,0
mg dm-3; B = 0,3 mg dm-3; pH em H2 0 =
6,0 e matéria orgânica = 2,4 dag kg-1.
O delineamento experimental foi de
blocos ao acaso no esquema fatorial 4 x
5, compreendendo quatro doses de nitrogênio em cobertura adicionais a dose
aplicada pelo produtor de 60 kg/ha de
nitrogênio (0; 60; 120 e 180 kg/ha) e
cinco doses de molibdênio via foliar
(0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 g/ha) e
três repetições, perfazendo um total de
20 tratamentos. A uréia foi utilizado
como adubo nitrogenado e como fonte
de molibdênio o molibdato de sódio. A
uréia foi aplicada em cobertura aos 10;
20 e 30 dias após o transplante em 40,
30 e 30%, respectivamente, da dose avaliada. As doses em cobertura de uréia
por parcela por planta foram previamente diluídas em água pura, aplicando-se
10 ml da solução, lateralmente a cada
planta. O molibdato de sódio foi aplicado aos 21 dias após o transplante através de pulverizador costal manual capacidade de 4 L em máxima pressão,
gastando-se 300 L de calda/ha.
O preparo do solo constou de aração,
gradagem e levantamento dos canteiros
a 0,20 m de altura. As mudas foram obtidas em bandejas multicelulares de 288
células cada uma, preenchidas com
substrato comercial (Plantmax), sendo o
transplante feito aos 25 dias após o semeio, utilizando-se a cultivar Raider que
apresenta um ciclo de 48 a 50 dias após
o transplante, com peso médio de planta
entre 700 e 1200 g, folhas de coloração
verde-clara mais duras e boa tolerância
ao pendoamento (YURI, 2000).
As parcelas experimentais constituíram-se de canteiros com quatro linhas
de 2,1 m de comprimento espaçadas de
0,30 m, sendo entre plantas de 0,35 m.
As linhas centrais formaram a área útil,
retirando-se duas plantas em cada extremidade. Foi instalada, em toda a área,
uma estrutura de proteção, constituída
de túneis altos com 2,0 m de altura, cobrindo dois canteiros por túnel, constituído de tubos de ferro galvanizados,
coberta com filme plástico transparente
de baixa densidade, aditivado com antiUV, de 100 micras de espessura, sendo
os canteiros revestidos com filme plástico preto “mulching”, de 4 m de largura e 35 micras de espessura.
A adubação básica de plantio, de
acordo com análise do solo, foi de 1500
kg/ha de formulado 02-16-08 e 1000 kg/
ha de superfosfato simples. Após os adubos serem incorporados ao solo, instalou-se em cada canteiro duas linhas de
tubo gotejador, com emissores espaçados a cada 30 cm e com vazão de 1,5 L/
h. As adubações de cobertura foram realizadas através de fertirrigações diárias,
totalizando 30 kg/ha de N e 60 kg de K,
utilizando como fontes uréia e cloreto
de potássio (COMISSÃO..., 1999).
A cultura foi mantida no limpo por
meio de capinas manuais, quando necessárias, e o controle fitossanitário adotado
foi o método padrão utilizado pelo produtor, com pulverizações semanais com produtos à base de oxicloreto de cobre,
iprodione, procimidone e piretróides.
O transplante das mudas foi realizado em 28/10/2002. A colheita foi feita
em 09/12/2002, quando as plantas apresentaram-se completamente desenvolvidas sendo avaliadas a massa fresca total
e comercial (g/planta); circunferência e
comprimento do caule da parte comercial em cm (cabeça), percentagem de
matéria seca da parte comercial. Para o
peso da matéria seca da parte comercial,
as amostras (± 300 g) foram lavadas em
água corrente e destilada e secas em estufa com circulação forçada de ar, a 6570°C, até peso constante. Os dados de
percentagem de matéria seca foram
transformados em arco-seno P / 100 .
A conservação pós-colheita foi avaliada utilizando-se amostra de duas cabeças comerciais de alface, avaliadas aos
7; 14; 21 e 28 dias, em câmara frigorífica
a 5 ± 2°C e umidade relativa em torno
de 90%, através de notas (nota 1= cabeças comerciais extremamente deterioradas; nota 2= cabeças comerciais deterioradas; nota 3= cabeças comerciais
moderadamente deterioradas; nota 4=
cabeças comerciais levemente deterioradas e nota 5= cabeças comerciais sem
deterioração), sendo utilizados três avaliadores e obtida a média das notas.
977
G. M. Resende et al.
Figura 1. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função de
doses de nitrogênio em cobertura. Três Pontas (MG), UFLA, 2002.
Figura 2. Massa fresca total (MFT) e comercial (MFC) de alface americana em função de
doses de molibdênio. Três Pontas (MG), UFLA, 2002.
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e regressão
com base no modelo polinomial ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve efeito significativo e independente para doses de nitrogênio e de
molibdênio para peso da massa fresca
total e comercial da parte aérea. Com
relação ao peso fresco total, os dados
relativos a doses de nitrogênio foram
ajustados a um modelo quadrático, no
qual a dose de 86,9 kg/ha de nitrogênio
em cobertura propiciou o maior rendimento, com 763,2 g/planta de massa
978
fresca (Figura 1). Levando-se em consideração que o produtor utilizou 30,0 e
30,0 kg/ha de N, respectivamente, no
plantio e em fertirrigações diárias,
totalizando 60,0 kg/ha, durante o ciclo
da cultura, pode-se inferir serem estas
doses, em função dos resultados obtidos, insuficientes para se alcançar a
máxima produtividade de massa fresca
total por planta, que foi alcançada na sua
totalidade com 146,9 kg/ha de nitrogênio, ou seja, 144,8% superior à dose utilizada pelo produtor. Estes resultados
estão próximos aos encontrados por
Thompson e Doerge (1996a) que encontraram para alface lisa, a máxima produtividade quando utilizaram 165,0 kg/
ha de nitrogênio. Furtado (2001), em
plantio de agosto, não encontrou diferenças significativas entre tratamentos,
avaliando doses acima de 148,0 kg/ha
de nitrogênio.
Comparando os dados obtidos no presente experimento com trabalhos realizados por McPharlin et al. (1995) na Austrália, utilizando 0,0 a 550,0 kg/ha de N, verifica-se que a dose correspondente à máxima produção de massa fresca foi inferior a
dose de 288,0 e 344 kg/ha de N encontrada
por estes autores, em dois anos de estudo.
Deve-se salientar ainda que, o médio teor
de matéria orgânica, 2,1 dag/kg, do solo
utilizado no presente experimento provavelmente contribuiu para uma menor resposta à adubação nitrogenada. Segundo
Thompson e Doerge (1996b), nos Estados
Unidos, os agricultores utilizam doses que
variam de 224,0 a 370,0 kg/ha.
Quanto à aplicação de molibdênio
também ajustou-se um modelo
quadrático, no qual a dose de 87,4 g/ha
de molibdênio promoveu o maior ganho
em termos de rendimento de massa fresca total com 768,4 g/planta (Figura 2).
Também em plantio de verão, Yuri et al.
(2004a), constataram efeito quadrático
no qual a dose de 235,0 g/ha de
molibdênio proporcionou a maior produtividade total por planta, 15,2% superior à testemunha sem aplicação.
Com relação à massa fresca comercial, os dados relativos a doses de nitrogênio foram ajustados a um modelo
quadrático, no qual a dose de 89,1 kg/
ha de nitrogênio em cobertura propiciou
a maior resposta, com 450,1 g/planta de
massa fresca comercial (Figura 1). Levando-se em consideração que o produtor utilizou um total 60,0 kg/ha de N, a
necessidade para se obter a máxima produtividade comercial foi de 149,1 kg/
ha de nitrogênio. Furtado (2001) não encontrou diferenças significativas, avaliando doses acima 148,0 kg/ha de nitrogênio. Este resultado é inferior à dose
de 168,0 kg/ha de N para máxima produtividade de alface americana, informado por Mcpharlin et al. (1995), relatando diferentes autores, para as condições do Arizona, tanto em cultivos na
primavera como no outono. Assim como
está próximo à dose de 155 kg/ha de N,
encontrados por Tei et al. (2000), para
alface tipo lisa e “Butterhead”.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produtividade e qualidade pós-colheita da alface americana em função de doses de nitrogênio e molibdênio
Pela Figura 2 observa-se para doses
de molibdênio, um efeito quadrático
com ponto de máxima produtividade de
massa fresca comercial na dose de 94,2
g/ha (445,8 g/planta). Com o incremento das doses de molibdênio em função
das épocas de aplicação, Yuri et al.
(2004a), verificaram efeitos quadráticos
para peso fresco comercial, tendo a dose
de 212,0 g/ha de molibdênio proporcionado o maior rendimento quando aplicado aos 21 dias após o transplante.
Resultados positivos da aplicação de
molibdênio na cultura da alface são relatados por Fontes et al. (1982) e Zito et
al. (1994), que observaram aumento
médio de 31,0% e 24,1%, na produção
comercial de alface com a aplicação de
molibdênio.
A circunferência da parte comercial
(cabeça) é uma das principais características para a alface americana, considerando a preferência do consumidor
para a aquisição do produto (BUENO,
1998). Assim como para as características anteriores, para a circunferência da
cabeça comercial, os fatores estudados
apresentaram efeitos independentes.
Ajustou-se um modelo quadrático com
ponto de máxima circunferência para a
dose de 85,3 kg/ha de nitrogênio em
cobertura (Figura 3), que proporcionou
uma circunferência de 37,5 cm, pouco
inferior à variação encontrada por Yuri
(2000) sob condições de verão, para diferentes cultivares, entre 40,1 a 42,9 cm.
Resultados estes similares aos relatados
por Kalil (1992), Alves (1996) e Bueno
(1998), que observaram significativo
incremento da circunferência da cabeça comercial com aumento das doses de
nitrogênio.
Quando se refere a doses de
molibdênio, constata-se um efeito significativo no qual a dose de 72,9 g/ha
(Figura 4), proporcionada pelo modelo
quadrático ajustado à equação de regressão, alcançou a maior circunferência da
cabeça. Yuri et al. (2004a), relatam a
dose de 220,0 g/ha de molibdênio como
a que promoveu a maior circunferência
da cabeça comercial, sendo as melhores épocas de aplicação aos 14 e 21 dias,
que não mostraram diferenças significativas entre si. Uma resposta diferencial entre espécies à disponibilidade de
molibdênio tem sido relatada por
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Equações de regressão para circunferência da cabeça comercial (cm) e teor de
matéria seca (%) em função das doses de nitrogênio (N) adicionais em cobertura e de
molibdênio (Mo). Três Pontas (MG), UFLA, 2002.
Características
Equações de regressão
(N) Y = 36,5163 + 0,022827X - 0,0001338* * X²
Circunferência da cabeça
(Mo) Y = 36,2340 + 0,033387X - 0,0002290* * X²
R² = 0,98
R² = 0,98
(N) Y = 10,2509 + 0,007765X - 0,0000432* * X²
(Mo) Y = 10,1054 + 0,013418X - 0,0000869* * X²
R² = 0,80
R² = 0,68
Teor de matéria seca1¹
1
Dados transformados em arco-seno P / 100 .
** Significativo ao nível de 1% pelo teste de F.
Malavolta e Kliemann (1985), sendo
que há uma alta resposta em alface, assim como em brócolos, beterraba, couve-flor, espinafre e repolho.
Não se observou efeitos significativos dos tratamentos para comprimento
do caule. Menores comprimentos de
caule são desejáveis para a alface americana, principalmente quando destinada à indústria de beneficiamento, devendo ser bastante reduzido, proporcionando menores perdas durante o
processamento. O caule excessivamente comprido acarreta menor
compacidade da cabeça e dificulta o
beneficiamento, afetando a qualidade
final do produto (YURI et al., 2002;
RESENDE et al., 2003b). Na prática,
caules até 6,0 cm seriam os mais adequados, sendo aceitáveis até o patamar
de 9,0 cm e inaceitáveis ou menos recomendados para processamento acima
disto. Neste contexto, as doses de nitrogênio apresentaram uma variação entre
7,2 e 7,4 cm e as doses de molibdênio
entre 7,0 e 7,4 cm, próximos ao nível
adequado e dentro do limite aceitável.
Salienta-se que há uma tendência da
alface americana em condições de cultivo de verão apresentar maiores comprimentos de caule comparativamente
ao cultivo de inverno onde esta se mostra perfeitamente adaptada. Resultados
semelhantes para doses de molibdênio
foram encontrados por Yuri et al.
(2004a), que não constataram efeitos
significativos para comprimento do caule. Dados não concordantes foram obtidos por Bueno (1998) que verificou um
aumento linear no comprimento do caule com o incremento das doses de nitrogênio.
Para o teor de matéria seca da parte
comercial, a análise de variância reve-
lou diferenças significativas, tanto para
doses de nitrogênio como para doses de
molibdênio, agindo de forma independente (Tabela 1). Estimou-se que a dose
de 89,9 kg/ha de N em cobertura adicional a dose aplicada pelo produtor de
60,0 kg/ha, propiciaria o maior retorno
em termos de porcentagem de matéria
seca da planta (Tabela 1). Este resultado é similar aos encontrados por Alves
(1996) e Fontes et al. (1997), que obtiveram efeito positivo para a matéria seca
da alface cultivar Regina 440 e Brasil
202, em resposta à adição de nitrogênio. Todavia, Furtado (2001), utilizando a mesma cultivar, obteve um efeito
linear negativo como o incremento das
doses de nitrogênio.
A conservação pós-colheita das cabeças comerciais avaliada em câmara
frigorífica aos 7, 14; 21 e 28 dias após a
colheita, não evidenciaram diferenças
significativas entre doses de nitrogênio
e molibdênio. Aos sete dias após a colheita as cabeças comerciais apresentavam-se perfeitas, sem deterioração (nota
5,0). Já aos 14 dias verificaram-se para
doses de nitrogênio em cobertura e
molibdênio notas médias de 3,7 e 3,8,
notas estas próximas a 4,0 que caracterizam cabeças comerciais levemente
deterioradas. Obteve-se aos 21 dias após
a colheita, notas de e 3,1 e 3,0 (moderadamente deterioradas), respectivamente, para nitrogênio e molibdênio. Cerca
de 28 dias após a colheita as cabeças já
se apresentavam deterioradas, obtendo
notas médias de 2,0 e 2,1, respectivamente, para doses de nitrogênio em cobertura e molibdênio. Está é uma característica de grande importância em alface americana visto que o produto final é processado e armazenado em câmaras frigoríficas para posterior distri979
G. M. Resende et al.
buição. Portanto, uma maior conservação do produto após sua colheita é desejável e de considerável relevância.
Não foram encontrados relatos na literatura de uma possível contribuição do
nitrogênio e do molibdênio em aumentar a conservação da alface americana.
No entanto, há relatos de pequeno efeito na perda de peso pela adição de nitrogênio (POULSEN et al., 1994), assim como efeitos não significativos
(SANCHEZ et al., 1988) e de melhor
conservação pós-colheita com a utilização de adubação com outros nutrientes
como silício e boro (RESENDE et al.
2003a; YURI et al., 2003 e 2004b).
A duração do ciclo vegetativo da
semeadura à colheita, correspondeu a 67
dias, enquanto Furtado (2001) encontrou
para o transplante no final de agosto, 73
dias de ciclo cultural. Segundo Whitaker
e Ryder (1974), a temperatura é o fator
ambiental que mais influencia na formação de cabeça uma vez que está relacionada com o pendoamento. A origem
Mediterrânea da alface explica este
comportamento, já que nesta região as
temperaturas médias oscilam entre 10 e
20ºC (LINDQUIVIST, 1960 ). Segundo Jackson et al. (1996), a alface americana requer, como temperatura ideal
para o desenvolvimento, 23ºC durante
o dia e 7ºC à noite. Temperaturas muito
elevadas podem provocar queima das
bordas, formar cabeças pouco compactas, e também contribuir para ocorrer
deficiência de cálcio, conhecido como
tip-burn. No presente experimento não
se observou qualquer ocorrência de tipturn. No entanto, a maior precocidade
que ocorre no verão, contribuiu para a
formação de cabeças menos compactas,
o que foi visualmente detectado, assim
como pode-se verificar um maior comprimento do caule, comparativamente a
época de melhor adaptação da cultura
que é no inverno.
Pelos resultados obtidos pode-se
concluir que as doses de nitrogênio em
cobertura e de molibdênio foliar influenciaram positivamente o peso fresco total, comercial e a circunferência da cabeça comercial, não sendo observado
efeito significativo sobre o comprimento
do caule e a conservação pós-colheita
da alface americana.
980
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Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de
mandioquinha-salsa
Nuno R. Madeira1; João B. Teixeira2; Célia T. Arimura3; Cristina S. Junqueira2
1
Embrapa Hortaliças, C.Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Parque Estação Biológica,
70770-900 Brasília-DF; 3UEMG - Campus Ituiutaba, C..Postal 431, 38302-192 Ituiutaba-MG
RESUMO
ABSTRACT
Foram realizados dois experimentos com o objetivo de avaliar o
efeito das concentrações de BAP e de AG3 no desenvolvimento in
vitro de mandioquinha-salsa. Foram avaliadas as concentrações de
0,0; 0,2 e 0,4 mg L-1 de BAP e de 0,0; 0,125 e 0,250 mg L-1 de AG3
no desenvolvimento de ápices caulinares com cerca de 2 mm das
cultivares Amarela de Senador Amaral e Amarela Comum. A
interação cultivares x concentração de BAP não foi significativa para
nenhuma das características avaliadas (P>0,0617). O aumento na
concentração de BAP reduziu a formação de calos; entretanto, promoveu proporcionalmente redução no desenvolvimento da parte
aérea. A concentração de BAP que apresentou os melhores resultados foi em torno de 0,3 mg L-1 de BAP, conciliando diâmetro de calo
relativamente reduzido e bom desenvolvimento da parte aérea, cerca de 4,5 brotos com altura média de 43 mm. A interação cultivares
x concentração de AG3 não foi significativa para nenhuma das características avaliadas (P>0,4310). O aumento na concentração de
AG3 promoveu elevação significativa na altura média e máxima das
brotações e aumento no tamanho de calos. Nos dois experimentos,
observou-se maior número de brotações na cultivar Amarela Comum.
Influence of BAP and GA3 concentration on the in vitro
development of arracacha
Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, benzilaminopurina, ácido giberélico.
Keywords: Arracacia xanthorrhiza, 6-benzilaminopurine,
gibberellic acid.
Two experiments were carried out to evaluate the effect of BAP
and GA3 concentrations on the in vitro arracacha development. The
concentrations tested were 0.0; 0.2 and 0.4 mg L-1 of BAP and 0.0;
0.125 and 0.250 mg L-1 of GA3 in the shoot tips with about 2 mm of
arracacha, cultivars Amarela de Senador Amaral and Amarela
Comum. The interaction of cultivars x BAP concentration was not
significant for any one of the evaluated variables (P>0,0617). The
increase in the BAP concentration reduced the callus formation;
however, promoted larger reduction in the shoot development. The
best BAP concentration was around 0.3 mg L-1, with relatively
reduced callus diameter and good development of shoot, with a mean
of 4.5 shoots and a height of 43 mm. The interaction of cultivars x
GA3 concentration was not significant for any one of the studied
variables (P>0,4310). The increase in the GA3 concentration
promoted the improvement in the mean and maximum height of the
shoots and in callus size. More shoots were observed for Amarela
Comum cultivar in both trials.
(Recebido para publicação em 7 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005)
A
micropropagação in vitro pode ser
útil na produção de plantas com alta
qualidade sanitária, isentas de vírus,
além de ser uma ferramenta importante
para a manutenção e o intercâmbio de
germoplasma (HERMANN, 1997; ASSIS, 1999; FLETCHER; FLETCHER,
2001).
Alguns trabalhos já foram realizados na área de micropropagação de
mandioquinha-salsa no Brasil e no exterior (PESSOA et al., 1994; LUZ et al.,
1997).
Castillo (1991), Cevallos e Castillo
(1991) e Duque (1993) recomendam
para o cultivo in vitro de mandioquinhasalsa o meio básico MS (MURASHIGE;
SKOOG, 1962) adicionado de 3% de
sacarose e de 0,25 mg L-1 de AG3.
Castillo (1991) verificou rápida formação
de
calos
durante
a
micropropagação de ápices caulinares,
982
aspecto não desejado por ser promotor de
modificações genéticas e por exaurir os
nutrientes em detrimento da formação de
folhas e raízes (GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1990). Para minimizar este problema, recomenda subcultivos in vitro, formando plântulas normais.
Senna Neto (1990), trabalhando com
o clone BGH 5746, comumente chamado de ‘Amarela de Carandaí’ ou ‘Amarela Comum’, avaliou diferentes meios
de cultivo e concentrações de
fitorreguladores com a finalidade de induzir a diferenciação de ápices
caulinares com dois primórdios foliares
de mandioquinha-salsa. Concluiu que os
meios MS, Knudson e White não foram
eficientes, havendo paralisação do crescimento e desenvolvimento de plantas.
Nos meios MS e White o crescimento
foi muito lento e irregular, com ausência de folhas expandidas e presença de
folhas afiladas (pontiagudas). 0,01 e
0,02 mg L-1 de ácido naftaleno acético
(ANA) e 0,6, 1,0 e 1,4 mg L-1 de 6benzilaminopurina (BAP) no meio de
Gamborg promoveram desenvolvimento lento e irregular. Os melhores resultados para o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea foram obtidos com o meio de Gamborg
suplementado de 0,02 mg L-1 de ANA +
0,1- 0,2 mg L-1 de BAP.
Luz (1993), visando obter plantas de
mandioquinha-salsa a partir da cultura
de
meristemas
e
de
sua
micropropagação, obteve melhor desenvolvimento com a combinação de 0,1
mg L-1 de ANA + 0,2 mg L-1 de BAP
acrescido ao meio de cultivo B5
(GAMBORG, 1968). Na fase de multiplicação, os melhores resultados foram
obtidos em meio de cultura B5 acrescido de 0,1 e 0,2 mg L-1 de BAP.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa
Este trabalho objetivou avaliar o
efeito das concentrações de BAP e de
AG3, de modo a tornar mais eficiente o
protocolo de micropropagação in vitro
de mandioquinha-salsa.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizados dois experimentos
relativos à cultura de tecidos de
mandioquinha-salsa. No primeiro, realizado no laboratório de cultura de tecidos da Embrapa Recursos Genéticos e
Bioteconologia (Cenargen) em marçoabril de 2002, estudaram-se diferentes
concentrações de 6-benzilaminopurina
(BAP); no segundo, realizado no laboratório de cultura de tecidos da Embrapa
Hortaliças em setembro-outubro de
2002, foram avaliadas diferentes concentrações de ácido giberélico (AG3).
O meio de cultura utilizado foi o B5
(GAMBORG, 1968), acrescido de 0,1 mg
L-1 de ácido naftalenoacético (ANA),
com base nos resultados positivos obtidos por Senna Neto (1990) e Luz (1993).
No primeiro experimento, foram avaliadas as concentrações de 0; 0,2 e 0,4
mg L-1 de BAP. No segundo, a partir dos
resultados obtidos no primeiro experimento, fixando-se a concentração de
BAP em 0,3 mg L-1, foram avaliadas as
concentrações de 0; 0,125 e 0,250 mg L-1
de AG3. Para todos os meios, adicionaram-se sacarose a 3% e ágar a 0,7%. Os
experimentos foram implantados em um
fatorial 2 x 3, representando duas cultivares (Amarela de Senador Amaral e
Amarela Comum) e três concentrações
de BAP no primeiro experimento e de
AG3 no segundo experimento, dispostos
no delineamento experimental inteiramente casualizado com quatro repetições.
A desinfestação do material oriundo do campo foi feita inicialmente na
sala de preparo, por imersão em álcool
70% e água destilada. Em seguida, na
sala de transferência em capela de fluxo laminar, realizou-se a imersão em
solução de hipoclorito de sódio a 1,25%
por 10 minutos, seguida por três enxágües em água autoclavada.
Os explantes utilizados foram ápices caulinares com cerca de 2 mm extraídos de plantas matrizes vigorosas
com seis meses, sem sintomas visuais
de doenças e cultivados individualmente
em tubos de ensaio, utilizando-se cerca
de 15 ml de meio autoclavado por tubo.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 1. Altura média e máxima das brotações ( A ) e número de brotos e diâmetro de calos
( B ) em função da concentração de BAP. Brasília, Embrapa RecursosGenéticos e
Biotecnologia, 2002.
Estes foram mantidos em salas de crescimento a 25±2ºC com 14 horas de
fotoperíodo e iluminação fluorescente
com intensidade luminosa de 110 µmol
m-2 s-1.
As taxas de contaminação e de regeneração, o número e altura de brotos, o
número de raízes e o diâmetro dos calos
foram avaliados após quatro semanas.
Efetuaram-se análises de variância
e testes de média Tukey para cultivares
e análises de regressão para concentrações de BAP e AG3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A interação cultivares x concentração de BAP não foi significativa para
nenhuma das características avaliadas
(P>0,0617).
Não foram observadas diferenças
significativas com relação à taxa de contaminação, cujo valor médio neste experimento foi de 8,4%.
A ausência de BAP levou à formação de plantas estioladas, com poucas
brotações. À medida que se elevou a
concentração de BAP, observou-se a
formação de plantas com menor altura
(Figura 1A), porém com maior número
de brotações (Figura 1B).
Na cultivar Amarela Comum (AC),
foram obtidos 4,1 brotos, significativamente superior aos 3,2 brotos obtidos
com a cultivar Amarela de Senador
Amaral (ASA). O comportamento das
983
N. R. Madeira et al.
Figura 2. Altura média e máxima das brotações em função da concentração de AG3. Brasília,
Embrapa Hortaliças, 2002.
duas cultivares foi semelhante nas demais
características avaliadas: taxa de sobrevivência (96,7% em AC e 99,0% em ASA),
diâmetro de calos (19,9 mm em AC e 18,9
mm em ASA), altura média de brotos
(55,4 mm em AC e 54,8 mm em ASA),
altura máxima de brotos (78,8 mm em AC
e 73,2 mm em ASA) e número de raízes
(0,2 em AC e 0,3 em ASA).
O aumento na concentração de BAP
reduziu o tamanho dos calos formados
na parte basal das plantas (Figura 1B).
Um calo basal de tamanho excessivo é
indesejável por ser potencial promotor
de modificações genéticas e por exaurir
os nutrientes do meio de cultura em detrimento da formação de folhas e raízes
(CASTILLO, 1991). As concentrações
de BAP utilizadas, recomendadas por
Senna Neto (1990) e Luz (1993), levaram à produção de plantas com elevado
tamanho de calo na parte basal. Aumentando-se a concentração de BAP, reduziu-se este efeito. Por outro lado, não se
pode elevar muito sua concentração, por
inibir o desenvolvimento da parte aérea
(Figura 1A). Portanto, buscou-se o balanço ideal para concentração de BAP,
isto é, um ponto intermediário que combinasse o bom desenvolvimento da parte aérea, em tamanho e número de brotos, com menor tamanho do calo basal.
Concentrações em torno de 0,3 mg L-1
de BAP foram as que proporcionaram o
melhor desenvolvimento para as três
características consideradas. O modelo
984
linear ajustado, considerando o intervalo estudado, apresentou elevado coeficiente de determinação para as três características morfológicas avaliadas (tamanho do calo basal, r2>0,997; número
de brotos, r2>0,950; e tamanho de brotos, r2>0,940).
No segundo experimento, a
interação cultivares x concentração de
AG3 não foi significativa para nenhuma
das características avaliadas (P>0,4310).
A taxa de contaminação média foi
de 7,3% neste segundo experimento, não
havendo diferenças significativas entre
os tratamentos.
O aumento na concentração de AG3
promoveu elevação na altura média e
máxima das brotações (Figura 2), sem
aumentar o tamanho do calo basal, demonstrando o efeito benéfico promovido por este regulador de crescimento no
desenvolvimento in vitro de
mandioquinha-salsa, em concordância
com Castillo (1991), Cevallos e Castillo
(1991) e Duque (1993) que trabalharam
com o meio MS. Por outro lado, Senna
Neto (1991) e Luz (1993) concluíram
que o meio B5 era superior ao meio MS,
possivelmente pela menor concentração
de sais. No entanto, Senna Neto (1991)
e Luz (1993) não avaliaram o uso de
ácido giberélico adicionado ao meio B5.
Este trabalho vem, portanto, confirmar
o efeito benéfico do AG3 adicionado ao
meio B5, considerando o intervalo que
vai de 0 a 0,25 mg L-1, à semelhança do
que foi verificado no meio MS.
A cultivar Amarela Comum apresentou tamanho de calo basal de 7,6 mm e
3,5 brotos, significativamente maior que
na cv. Amarela de Senador Amaral, onde
o tamanho médio de calo foi de 6,3 mm
e o número médio de brotos foi de 2,7.
Quanto às demais características avaliadas, o comportamento foi semelhante
nas duas cultivares: taxa de sobrevivência (90,0% em AC e 84,2% em ASA),
altura média de brotos (17,1 mm em AC
e 17,2 mm em ASA) e altura máxima
de brotos (26,0 mm em AC e 25,9 mm
em ASA). Não foi observada formação
de raízes em nenhuma planta.
Com a avaliação conjunta dos dois
experimentos, concluiu-se que os melhores resultados foram obtidos com
concentrações em torno de 0,3 mg L-1
de BAP e com 0,25 mg L-1 de AG3 adicionado ao meio B5.
O estabelecimento de um protocolo
eficiente de produção de mudas de
mandioquinha-salsa com alta qualidade sanitária e fisiológica a partir da cultura de tecidos será útil na obtenção de
plantas com elevado potencial produtivo. Esta técnica pode minimizar problemas decorrentes da perda de vigor que
vem ocorrendo no campo após ciclos
sucessivos de cultivo dos materiais tradicionalmente cultivados nas principais
regiões produtoras, provavelmente pelo
acúmulo de patógenos degenerativos,
especialmente vírus.
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985
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Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.986-989, out-dez 2005.
Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do
espaçamento e número de ramos por planta1
Léa A. de Carvalho1; João Tessarioli Neto2
1
Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, UFBA, 44380.000 Cruz das Almas-BA; E-mail:[email protected]; 2ESALQ/USP, Depto. de
Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP (in memoriam)
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se o efeito do espaçamento e do número de ramos por
planta na produção de híbridos de tomate, cultivados em substrato,
sob ambiente protegido. O experimento foi conduzido de março a
outubro. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, em
esquema fatorial 4X2X2, sendo quatro híbridos (Andréa, Débora
Max, Carmen e Diana), dois espaçamentos entre plantas (0,30 e 0,45
m) e duas conduções (um e dois ramos por planta), com quatro repetições. Foram determinados o número de frutos comercializáveis
(frutos planta-1), produção total comercializável (t ha-1), massa média do fruto comercializável (g fruto), produção de frutos grande,
médios e pequenos (t ha-1). Os resultados mostraram que o manejo
mais indicado foi o espaçamento de 0,30 m entre plantas conduzidas
com uma haste, sendo que o híbrido ‘Débora Max’ apresentou o
maior potencial produtivo.
Yield of tomato under protected environment in relation to
spacing and number of branches per plant
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., rendimento, condução, densidade populacional.
The effects of plant spacing and number of branches per plant
were investigated in the production of tomatoes when different
hybrids were grown in a substratum under protected environment.
The work was conducted from March to October. High tomato yield
under protected environment depends on the proper management.
The experiment followed a randomized blocks design, in a factorial
arrangement of 4x2x2, with four hybrids (Andréa, Debora Max,
Carmen and Diana), two spacings between plants (0.30 and 0.45m)
and two conduction systems (1 and 2 branches per plant). The
treatments were replicated four times. The following parameters were
studied: marketable yield (fruits plant-1), total marketable yield (t
ha-1), average weight of marketable fruit (g) and yield of big, medium,
and small fruits (t ha-1). According to the results the spacing of 0.30
m between plants and one branch per plant were the best
combinations with the hybrid ‘Debora Max’ showing the highest
potential yield.
Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., yield, conduction, plant
density.
(Recebido para publicação em 4 de outubro de 2004 e aceito em 31 de agosto de 2005)
O
cultivo em ambiente protegido de
tomate tem se expandido nos últimos anos, principalmente, nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil e esta técnica
propicia ao tomateiro um incremento na
produção, podendo ser de 4 a 15 vezes
superiores àquelas obtidas em campo
(MARTINS, 1992). O uso intensivo do
solo com uma espécie e a sua salinização
em ambiente protegido, vem
gradativamente sinalizando para o cultivo sem solo, especialmente em sacos
plásticos, contendo substrato apropriado. Este sistema permite um manejo
mais adequado tanto da água como de
nutrientes. Segundo Andriolo et al.
(1997), as plantas cultivadas em
substrato proporcionalmente fixam mais
matéria seca nos frutos, sendo, portanto
mais eficientes em termos de rendimento, obtendo-se inclusive a mesma pro1
dução com menor área foliar, o que possibilita a utilização de maior densidade
de plantas, com melhor arejamento e
menor risco de moléstias.
A elevada produtividade obtida em
plantios adensados ocorre devido ao aumento da interceptação da luz
fotossinteticamente ativa e da fotossíntese
no dossel, que estimula o crescimento da
cultura e aumenta o total de assimilados
disponíveis
para
os
frutos
( P A P A D O P O U L O S ;
PARARAJASINGHAM, 1997). No tomateiro, além do adensamento, o número
de plantas por unidade de área, o número
de frutos colhidos por plantas e a massa
média dos frutos estão diretamente relacionados
à
produtividade
( P A P A D O P O U L O S ;
PARARAJASINGHAM,
1997;
STRECK et al., 1998). Apesar de ocorrer
um aumento na produção do tomateiro
com o adensamento de plantas, a massa
média do fruto decresce (STRECK et al.,
1996;
PAPADOPOULOS;
PARARAJASINGHAM,
1997;
CAMARGOS, 1998; STRECK et al.
1998; CAMARGOS et al., 2000), e depende da época do ano (MARTINS, 1992;
STRECK et al., 1996) e do híbrido utilizado (SCHMIDT et al., 2000;
LOGENDRA et al., 2001).
A produção e a massa média de tomate comercial, também são influenciadas pela densidade de plantas e pelo
número de ramos por planta. Quanto
maior o adensamento e o número de ramos por planta menor será a produção
total comercial, a produção de frutos
grandes e a massa média dos frutos grande e médio, e maior será a produção de
frutos médio e pequeno (OLIVEIRA et
Parte da tese de doutorado do primeiro autor
986
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta
al., 1995; CAMARGOS, 1998). Já
Seleguini et al. (2002) verificaram que
apenas na produção de frutos médios
houve um aumento linear da produtividade com o aumento da densidade. Este
efeito da densidade de plantas na produção e massa média de tomate classificado ocorre porque em condições de
adensamento as plantas competem mais
por luz e direcionam um maior gasto de
energia aos processos de crescimento
celular e menor translocação de açúcares para os frutos, resultando numa diminuição do diâmetro do fruto
(BORRAZ et al., 1991).
Além da exigência do mercado consumidor quanto à massa média dos frutos para o consumo in natura, que segundo Martins (1992) e Fayad et al.
(2001) é do tipo grande para o tipo Santa Cruz e do tipo médio para o tipo Salada. Campos et al. (1987) e Oliveira
(1993) reportaram que existe uma correlação positiva entre o maior tamanho
do fruto e a ocorrência de rachadura, o
que torna o fruto muito grande não
comerciável. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar
a produção comercial total e em diversas classes, de quatro híbridos de tomate, quando submetidos a dois
espaçamentos e conduzidos com um ou
dois ramos, no cultivo em ambiente protegido e substrato.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
ambiente protegido de março a outubro,
em área experimental da ESALQ, em
Piracicaba (SP). A casa de vegetação
seguiu o modelo arco, com área de 196
m2 (7 x 28), coberta com plástico transparente de 150 µ e as partes frontais e
laterais com telado tipo clarite. Os híbridos Andréa, Débora Max, Carmen e
Diana, foram semeados em 08/03/2001,
em bandejas de poliestireno expandido
contendo 128 células e preenchida com
o substrato Plantmax. Adubou-se semanalmente com 1 g L-1 de Plant Prod 2020-20. Após 28 dias as mudas, apresentando 4-5 folhas definitivas foram transplantadas.
O delineamento experimental foi em
blocos ao acaso, com quatro repetições,
em um esquema fatorial 4x2x2, onde o
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Cronograma de fertirrigação com Kristalon do tomateiro estaqueado. Piracicaba,
ESALQ, 2002.
Kristalon (N-P-K)
Dose (g L-1)
Período (dias)
Estádio da planta
1-15
Estabelecimento
Amarelo (13-40-13)
16-45
Crescimento
Branco (15-5-30)
0,5-0,7
Nitrato de Cálcio
0,3
Nitrato de Magnésio líquido
46-75
Até a 1ª Floração
Produção
0,2
Laranja (6-12-36)
0,3-0,5
Nitrato de Cálcio
0,6-0,8
Nitrato de Magnésio líquido
76-Final
0,3
0,2
Laranja (6-12-36)
0,9-1,1
Nitrato de Cálcio
0,2-0,4
primeiro fator foi constituído por quatro híbridos (Andréa, Carmen, Débora
Max e Diana), o segundo pelo número
de ramos (um e dois) e o terceiro por
dois espaçamentos (0,30 e 0,45 cm entre plantas). Cada parcela experimental
foi composta por oito e doze plantas, de
acordo com o espaçamento, dispostas
em fileira dupla numa área de 3,06 m2,
sendo que todas as plantas foram consideradas úteis. A condução foi feita em
fileiras duplas, sendo as plantas distribuídas sobre canteiros distanciados de
1,10 m entre si. O espaçamento entre as
duas linhas dentro do canteiro foi de
0,60 m e entre as plantas nas linhas de
0,30 e 0,45 m. O cultivo foi realizado
em sacos contendo 15 L de substrato
comercial (Rendmax Estufa), na densidade de duas e três plantas por saco. Na
casa de vegetação os sacos foram colocados sobre os canteiros que foram revestidos com filme de polietileno preto
de baixa densidade.
O sistema de irrigação utilizado foi,
o de gotejamento e as fertirrigações diárias foram feitas com Kristalon, segundo as recomendações da Hydro Fertilizantes para a cultura do tomate (Tabela 1). A
poda apical foi feita acima da terceira
folha emitida após o sexto e quinto
rácimos da haste principal e secundária, respectivamente. Em todos os híbridos, o desbaste dos frutos foi feito deixando-se quatro frutos por rácimo ao
longo das hastes e nos racimos das extremidades apenas três.
O controle fitossanitário foi curativo, à medida que apareciam os primeiros sintomas das doenças e pragas, segundo as recomendações para a cultura
do tomate descritas por Lopes e Santos
(1994). Para o controle da larva
minadora (Liriomyza sp.), broca pequena (Neuleucinodes elegantalis) e traça
(Tuta absoluta e/ou Phthorimaea
operculella), aplicou-se semanalmente
Decis 25. Para o controle das doenças
fúngicas, aplicou-se Oxicloreto de cobre e o Benomil, em intervalos de quinze dias. Aos 100 dias após o transplante
(DAT), ocorreu o aparecimento de sintomas típicos de oídio (Erysiphe
cichoracearum), isto é, pó branco e fino
na superfície de cima e de baixo das folhas mais velhas (FILGUEIRA, 2000;
LOPES; SANTOS,1994).
Os frutos foram colhidos a partir do
momento em que apresentaram o ápice
com coloração avermelhada até totalmente vermelhos, porém firmes. As colheitas foram realizadas a intervalos
médios de cinco dias, no período de 19/
06 a 02/10, dependendo dos tratamentos. As plantas conduzidas com um ramo
e espaçadas a 0,30 e 0,45 m tiveram o
ciclo de 167 e 158 dias, respectivamente, enquanto que as plantas com dois
ramos, independente do espaçamento,
tiveram o ciclo de 180 dias.
Os frutos foram classificados segundo o diâmetro transversal, em: oblongos; grandes (>60 mm); médios
(<60mm e >50 mm) e pequenos (<50
mm e >40); redondo–achatados; Para
Carmen e Diana foram classificados em:
grande (>80 mm); médio (<80 mm e
>65 mm) e pequeno (<65 mm e >50
mm) e miúdos (>50 mm). Frutos com
defeitos não foram considerados
comercializáveis (CEAGESP, 1998).
Como não existe recomendação para os
frutos do híbrido Andréa (tipo Italiano),
os mesmos foram classificados, devido
ao seu formato, como frutos oblongos
(tipo Santa Cruz).
987
L. A. Carvalho e J. Tessarioli Neto
Tabela 2. Características do produto comercial de quatro híbridos de tomate cultivado em
túnel de polietileno e substrato, em função do espaçamento e número de ramos por planta.
Piracicaba, ESALQ, 2002.
Híbridos
Espaçamento (m)
0,30
Nº de Ramos
0,45
1
Nº de frutos (frutos.planta-1)
Andréa
2
Média
CV(%) 10,33
22,08 Ba
22,36 Ba
16,39 Bb
28,06 Ba
22,22 C
Débora Max
28,01 Aa
28,61 Aa
21,12 Ab
35,50 Aa
28,31 A
Carmen
25,00 ABa
26,46 Aa
20,33 ABb
31,13 Ba
25,73 B
25,53 B
Diana
24,38 ABa
26,67 Aa
19,88 ABb
31,17 Ba
Média
24,87 a
26,03 a
14,43 b
31,47 a
Produtividade (t ha-1)
C.V. (%) 14,08
Andréa
65,11 Ba
47,10 Bb
44,51 Cb
67,70 Ba
56,10 C
Débora Max
98,78 Aa
65,06 Bb
71,73 Bb
95,15 Aa
81,94 B
Carmen
115,03 Aa
89,52 Ab
97,78 Aa
106,77 Aa
102,28 A
Diana
110,63 Aa
89,36 Ab
89,85 ABb
110,15 Aa
100,00 A
Média
97,39 a
72,77 b
75,96 b
Massa média (g.fruto)
94,19 a
C.V. (%) 6,51
Andréa
75,92 Ca
81,17 Ba
83,52 Ca
73,57 Bb
Débora Max
92,64 Ba
89,05 Ba
101,68 Ba
80,00 Bb
78,55 C
90,84 B
Carmen
120,78 Ab
134,27 Aa
149,24 Aa
105,81 Ab
127,52 A
Diana
118,20 Ab
132,37 Aa
140,61 Aa
109,96 Ab
125,29 A
Média
101,88 b
109,22 a
118,76 a
92,33 b
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, para cada
característica, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P).
Tabela 3. Produtividade classificada (t ha-1) do tomateiro cultivado em túnel de polietileno
e substrato, em função de híbrido, espaçamento e número de ramos por planta. Piracicaba,
ESALQ, 2002.
Híbridos
Espaçamento (m)
0,30
Grande
Andréa
Nº de Ramos
0,45
1
2
Média
C.V.(%) 69,83
0,00 Ba
1,02 Ba
1,02 Ba
0,00 Ba
0,51 B
28,47 Aa
14,38 Ab
30,31 Aa
12,55 Ab
24,43 A
Carmen
1,77 Ba
5,98 Ba
7,75 Ba
0,00 Bb
3,88 B
Diana
0,75 Ba
2,27 Ba
2,54 Ba
0,48 Ba
1,51 B
Média
7,75 a
5,91 a
Andréa
20,44 Ba
20,86 Ba
21,92 Ba
19,38 Ca
20,65 B
Débora Max
54,63 Aa
39,12 Ab
36,23 Bb
57,54 Aa
46,88 A
Carmen
58,17 Aa
50,72 Aa
69,63 Aa
39,26 ABb
54,45 A
Diana
43,27 Ba
49,79 Aa
58,01 Aa
35,05 Bb
46,53 A
Média
44,13 a
40,12 a
46,45 a
37,81 b
Andréa
44,67 Ca
25,22 Bb
21,57 ABb
48,32 Ba
Débora Max
15,65 Da
11,60 Ca
5,19 Cb
22,06 Ca
13,63 D
Carmen
55,08 Ba
32,83 ABb
20,39 Bb
67,52 Aa
43,95 B
51,96 A
Débora Max
Médio
10,40 a
3,26 b
C.V. (%) 28,00
Pequeno
C.V. (%)14,02
Diana
66,61 Aa
37,31 Ab
29,30 Ab
74,62 Aa
Média
45,51 a
26,74 b
19,11 b
53,13 a
34,95 C
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha para cada classe, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5% P).
Avaliou-se o número de frutos
comercializável (frutos planta-1), produção total comercializável (t ha-1), massa
988
média de fruto comercializável (g fruto), produção de frutos grande, médios
e pequenos (t ha-1).
Os efeitos e interações foram avaliados pelo teste F. Havendo diferença
significativa para um determinado fator
estudado, as médias dos tratamentos
foram comparadas pelo teste de Tukey,
ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância para os híbridos estudados mostrou não haver
interação entre o espaçamento e o número de ramos por planta para número
de frutos por planta, produção e massa
média comercial. O espaçamento não
afetou o número de frutos e devido ao
aumento na produção de biomassa ocasionado pelo maior número de plantas por
área, maiores produções (97,39 t ha-1)
foram obtidas na maior densidade (Tabela 2). Com a ocorrência da maior produção de biomassa é provável que a
interceptação de luz fotossinteticamente
ativa e da fotossíntese no dossel tenha
aumentado
a
produção
de
fotoassimilados
que
foram
disponibilizados para os frutos
( P A P A D O P O U L O S ;
PARARAJASINGHAM, 1997). Os resultados do presente trabalho concordam com os obtidos por vários autores
(STRECK
et
al.,
1996;
P A P A D O P O U L O S ;
PARARAJASINGHAM,
1997;
STRECK et al. 1998; CAMARGOS,
1998; CAMARGOS et al., 2000). O
peso médio do fruto foi grandemente
influenciado pelo híbrido utilizado. As
cultivares híbridas Carmen e Diana
apresentaram maior massa média comercial na menor densidade e ‘Andréa’
e ‘Débora Max’ não foram afetados, provavelmente, devido à melhor arquitetura da planta que proporcionou uma menor competição interplanta pela luz e
intraplanta pelos fotoassimilados
( P A P A D O P O U L O S ;
PARARAJASINGHAM, 1997).
O numero de ramos por planta afetou o número de frutos por planta, a
massa média e a produção comercial.
Independentemente dos híbridos as
plantas conduzidas com dois ramos
apresentaram maior número de frutos
por planta e a menor massa média comercial de frutos (Tabela 2). Com exceção de ‘Carmen’ que não diferiu quanto
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produtividade de tomate em ambiente protegido, em função do espaçamento e número de ramos por planta
à produção comercial os demais híbridos diferiram e apresentaram valores
médios superiores nas plantas
conduzidas com dois ramos. O aumento no número de frutos e na produção
comercial e a redução na massa média
das plantas com dois ramos foram devido ao maior número de inflorescências
produtivas e à maior competição entre
inflorescências pelos fotoassimilados,
respectivamente. Tais resultados foram
também relatados por Oliveira (1993) e
Oliveira et al. (1995) em campo e
Poerschke et al. (1995) em estufa de
polietileno.
Houve interação entre híbridos,
espaçamento e número de ramos por
planta para a produção de fruto grande
(Tabela 3). O híbrido ‘Débora Max’
apresentou maior produção de fruto
grande nas plantas conduzidas com um
ramo e espaçadas a 0,30 m e ‘Carmen’,
apesar de não ter diferido de ‘Andréa’ e
‘Diana’ apresentou maiores produções
nas plantas com um ramo. Quanto à produção de fruto médio, a cultivar Débora Max apresentou maior produção na
maior densidade e nas plantas
conduzidas com dois ramos, porém não
diferiu significativamente de ‘Carmen’
e ‘Diana’. Apesar dos híbridos do tipo
salada não apresentarem diferenças com
relação ao espaçamento, a cultivar Carmen apresentou maior produção de frutos médios quando o espaçamento adotado foi de 30 cm. O aumento da produção de frutos médios com a diminuição
do espaçamento entre plantas observado no híbrido Débora Max já foi observado em outros híbridos por vários autores (CAMARGOS, 1998; STRECK et
al. 1998; CAMARGOS et al., 2000). O
número de ramos por planta não afetou
a produção de frutos médios de
‘Andréa’. ‘Carmen’ e ‘Diana’, que apresentaram valores médios superiores nas
plantas conduzidas com um ramo, provavelmente devido a menor competição
intraplanta pelos fotoassimilados.
À exceção do espaçamento para ‘Débora Max’, maior produção de fruto
pequeno foi obtida na maior densidade
e nas plantas conduzidas com dois ramos (Tabela 3). Esse efeito pode ter sido
ocasionado pelo maior gasto de energia
em processos de crescimento celular
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
pela planta e menor translocação de açúcares para os frutos, resultando num
menor diâmetro do fruto, conforme citação de Borraz et al. (1991).
Na maior densidade e nas plantas
conduzidas com um ramo os híbridos
do tipo Salada diferiram ente si, sendo
que o híbrido ‘Diana’ apresentou maior
produção de fruto pequeno. A menor
produção de frutos pequenos na maior
densidade e nas plantas conduzidas com
dois ramos no híbrido ‘Carmen’, confirma a sua superioridade em relação ao
Diana.
Nas condições que em que foi realizado o experimento, conclui-se que o
espaçamento entre plantas de 0,30 m e
a condução com uma haste é o mais indicado para o cultivo do tomate em
ambiente protegido e em substrato; sendo o híbrido ‘Débora Max’ o que apresentou o maior potencial produtivo.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. João Tessarioli Neto (In
memoriam), pela orientação e amizade.
Á EUCATEX, pela doação do
Rendmax-Estufa e a TOOPSEED, pela
doação das sementes.
LITERATURA CITADA
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989
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Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão
em água corrente
Josué B. da Silva1; Roberval D. Vieira2; Arthur B. Cecílio Filho2
2
UNESP, FCAV, 14844-900 Jaboticabal-SP; 1Doutorando em Prod. e Tecnol. de Sementes. E-mail: [email protected];
RESUMO
ABSTRACT
A presença de inibidores de germinação no fruto da beterraba
pode comprometer o estande da cultura. O presente trabalho
objetivou avaliar a interferência do período de imersão em água
corrente no desempenho fisiológico das sementes de beterraba. Para
tanto, sementes da cultivar Top Tall Early Wonder foram submetidas à ação de água corrente durante 0 (testemunha), 1; 1,5; 2; 3; 4;
5 e 6 horas, secadas e avaliadas pelo teste de germinação. A lavagem por duas horas foi suficiente para aumentar a germinação das
sementes.
Overcoming beetroot seeds dormancy through immersion
in running water
Palavras-chave: Beta vulgaris L., inibidores, germinação.
Keywords: Beta vulgaris L., inhibitors, germination.
The presence of germination inhibitors in the fruit of beetroot
can reduce the stand of crop. The present work aimed to evaluate
the interference of immersion period in running water in the
physiological performance of the beetroot seeds. Seeds from cultivar
Top Tall Early Wonder were submitted to the action of running water
during 0 (control), 1; 1,5; 2; 3; 4; 5 and 6 hours, dried and
physiologically evaluated using germination test. Washing the seeds
during two hours was enough to increase the germination.
(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 16 de setembro de 2005)
N
a beterraba (Beta vulgaris L.), a
estrutura tecnologicamente denominada de semente, é normalmente
multigérmica, apresentando de dois a
cinco aquênios formados pela junção de
várias unidades florais, constituindo um
espesso pericarpo corticoso. Cada
aquênio contém um óvulo que originará uma semente botânica. Quando semeado, cada aquênio origina de três a
cinco plântulas (MCDONALD;
COPELAND, 1997; GEORGE, 1999;
FILGUEIRA, 2000).
A germinação deficiente resulta em
estandes inadequados no campo
(DURRANT; PAYNE, 1983). A má germinação, além de ser resultante da restrição mecânica do pericarpo (MORRIS et
al., 1985), tem sido também atribuída à ação
de substâncias inibidoras da germinação
(SLIWINSKA et al., 1999) que, segundo
Lexander (1978), são os ácidos abscísico,
oxálico, vanílico, sinápico, ferúlico, poxibenzóico, p-oxinamico, p-cumárico e phidroxibenzóico (denominados compostos
fenólicos), amônia, sais inorgânicos e cis4-ciclohexano-1,2-dicarboximida. Esses
compostos competem com o embrião por
oxigênio (HEYDECKER et al., 1971;
RICHARD et al., 1989) e podem promover, ainda, limitações na absorção de água
por meio da redução do potencial hídrico
(KHAN et al., 1983).
990
Os efeitos positivos da remoção do
pericarpo sobre a geminação das sementes, utilizando técnicas de fricção e polimento (MORRIS et al., 1984;
MORRIS et al. 1985), não foram confirmados por Richard et al. (1989) e
Duan e Burris (1997), pois, segundo
esses autores, esse procedimento não
elimina completamente a membrana
presente na superfície das sementes,
capaz de dificultar a lixiviação de compostos fenólicos envolvidos com restrições na quantidade de oxigênio disponível ao embrião.
O uso de ácidos em baixa concentração e de reguladores de crescimento
também têm sido usados com o propósito de melhorar a germinação de sementes de beterraba. Entretanto, estas
metodologias tornam-se impraticáveis
quando se trabalha com grandes volumes de sementes.
A imersão das sementes em água
corrente é outro método que, além de
mais simples, tem apresentado bons resultados. Silva et al. (2002) verificaram
aumento na taxa e na velocidade de germinação de sementes de beterraba por
meio da utilização desta técnica. A técnica de lavagem das sementes pode, de
acordo com Khan et al. (1983), anular
os efeitos dos inibidores ou reduzir a
concentração destes na semente
(SLIWINSKA et al., 1999), favorecendo o estabelecimento da cultura em campo (DURRANT et al., 1988).
O período de lavagem das sementes
é um fator de grande importância na
germinação das sementes de beterraba
(SOBRAL et al., 1987). Embora existam trabalhos que recomendam duas
horas (BRASIL, 1992) de lavagem, esta
metodologia requer a execução de novos trabalhos, pois os dados obtidos na
literatura (CUDDY, 1958; KLITGARD,
1978; BASU; DHAR, 1979; KHAN et
al., 1983; LONDGEN, citado por
Lexander, 1983) são conflitantes.
Assim, o trabalho objetivou verificar a interferência do período de imersão
em água corrente, no desempenho fisiológico das sementes de beterraba.
MATERIAL E MÉTODOS
A experimentação, realizada em laboratório da UNESP (Câmpus de
Jaboticabal, SP), utilizou sete lotes de
sementes de beterraba, cultivar Top Tall
Early Wonder mantidos hermeticamente embalados até o início da condução
dos testes. Uma vez abertas as embalagens, amostras de sementes de cada lote
foram submetidas à imersão em água
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Superação de dormência em sementes de beterraba por meio de imersão em água corrente
corrente, durante 0 (testemunha), 1; 1,5;
2; 3; 4; 5 e 6 horas, tratadas com
fungicida Thiram (0,2%) e postas a secar em temperatura não controlada do
ambiente. Os tratamentos foram avaliados pelo teste de germinação a 20oC
(BRASIL, 1992), com 50 sementes por
repetição, em caixas plásticas contendo
duas folhas sobrepostas de papel de filtro umedecido com água deionizada na
proporção de três vezes o peso do papel
não hidratado.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, e as médias
dos períodos comparadas pelo Teste de
Tukey, a 5% de probabilidade. Procedeu-se ao estudo da regressão
polinomial para períodos de imersão das
sementes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença significativa entre
lotes para a porcentagem de germinação
de sementes de beterraba, retratando que
as condições diferenciadas do cultivo (fatores ambientais e de manejo cultural)
possam modificar a concentração de
inibidores e/ou outras características do
pericarpo que influenciam a germinação.
A quantidade de inibidores pode ser reduzida quando a planta-mãe é submetida a
chuvas e irrigações freqüentes por aspersão (BATTLE; WHITTINGTON, 1969)
ou quando a colheita é efetuada quando
as sementes estão em plena maturidade
fisiológica (SLIWINSKA et al., 1999).
Houve efeito significativo do período de imersão das sementes sobre o
percentual de germinação. Entretanto,
não foi possível obter ajuste das médias
à equação polinomial. Com exceção dos
períodos de zero, cinco e seis horas de
imersão, todos os tratamentos proporcionaram germinação de sementes considerada mínima esperada para a cultura da beterraba (Tabela 1), que, segundo Filgueira (2000), é de 80%. A maior
porcentagem de germinação (92%) foi
obtida quando se procedeu à imersão das
sementes por duas horas, sem, contudo,
diferir-se do percentual obtido com três
horas de imersão (85%). O período de
duas horas aumentou o percentual de
germinação da semente de beterraba em
relação à ausência de imersão, em aproximadamente 16%.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Tabela 1. Valores médios de germinação (%) de sementes de beterraba após diferentes períodos de imersão em água corrente. Jaboticabal, UNESP, 2004.
Período de imersão (horas)
Germinação (%)
0,0
79bc
1,0
81bc
1,5
83bc
2,0
92a
3,0
85ab
4,0
80bc
5,0
77bc
6,0
75c
Teste F
4,94* *
DMS Tukey (5%)
8,97
CV (%)
6,88
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo
Teste de Tukey.
** p < 0,01
Não obstante Cuddy (1958) e
Klitgard (1978) terem citado o período
de quatro horas como o mais adequado
para esse procedimento, Khan et al.
(1983) também observaram que o período de duas horas, em relação aos de
0; 8 e 24 horas, foi o que permitiu aumento no percentual de germinação das
sementes, resultado compartilhado por
Londgen, citado por Lexander (1983).
Embora Basu e Dhar (1979) não tenham encontrado diferença com o prolongamento do período de duas para até
24 horas de imersão, os resultados da
Tabela 1 evidenciaram que a continuidade da imersão, procedimento que aumentou o percentual de germinação das
sementes no trabalho de Khan et al.
(1983), não possibilitou resultado semelhante nessa pesquisa, mas trouxe prejuízos fisiológicos, principalmente a partir de quatro horas, reduzindo significativamente a porcentagem de germinação.
É provável que a melhora no desempenho das sementes após os tratamentos
tenha sido conseqüência do menor teor
de inibidores no tecido que envolve as
sementes, apesar de não ter sido feita a
quantificação desses compostos. Na pesquisa de Morris et al. (1984), a ausência
de diferença entre a testemunha (sementes não imersas) e os períodos de 1; 6; 18
e 24 horas de imersão ocorreu porque os
autores trabalharam com sementes
descorticadas e, portanto, sem inibidores
ou com quantidade mínima.
Esses resultados deixam claro que
as sementes dessa espécie e cultivar respondem à imersão em água corrente e
que é de relevante importância fazê-la
em adequado período, sob pena de prejudicar a germinação.
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escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.993-999, out-dez 2005.
Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o
escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas
Lívia L.O. Pineli1; Celso L. Moretti2; Gustavo C. Almeida3; Aline B.G. Nascimento4; Ana Cecília A. Onuki4
2
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; E mail: [email protected]; 3UFLA, 37200-000 Lavras-MG; 4Faculdade da Terra de Brasília, 72610-300 Brasília-DF; 1Programa de Mestrado do Depto. Nutrição da UnB, 70910-900 Brasília-DF
RESUMO
ABSTRACT
O escurecimento enzimático da batata minimamente processada reduz o valor comercial do produto. O objetivo deste trabalho foi
avaliar alterações químicas e físicas em batatas ‘Ágata’ minimamente
processadas embaladas sob atmosfera modificada em associação com
antioxidantes. Batatas ‘Ágata’ foram minimamente processadas como
mini batatas e tratadas por imersão em soluções antioxidantes de
ácido cítrico a 2%, ácido eritórbico a 3%, combinação de ácido cítrico a 2% e ácido eritórbico a 3%, e combinação de ácido cítrico a
3% e ácido eritórbico a 5% embaladas em filmes de nylon
multicamadas. Os três primeiros tratamentos foram embalados sob
atmosfera modificada passiva enquanto no último tratamento aplicou-se atmosfera modificada ativa com 10% CO2, 2% O2, 88% N2.
Observou-se que o tratamento com aplicação de antioxidantes em
associação com atmosfera modificada ativa apresentou índice de
escurecimento 24% menor e atividade enzimática da PPO e da POD
92% e 73% menor, respectivamente, que a média dos demais tratamentos no nono dia de observação. Houve elevação nos teores de
vitamina C total, observado principalmente em tratamentos que utilizaram ácido eritrórbico. Observou-se uma correlação entre a degradação do amido e o aumento nos teores de açúcares solúveis totais e da vitamina C total em alguns tratamentos. O tratamento com
aplicação de antioxidantes em associação com atmosfera modificada ativa foi o mais efetivo na manutenção dos atributos de qualidade
de batatas minimamente processadas.
Association of modified atmospheres and antioxidants reduce
browning of minimally processed potatoes
Enzymatic browning of minimally processed potatoes reduces
the final price of the product. The present work was carried out aiming
to evaluate chemical and physical characteristics in fresh-cut ‘Ágata’
potatoes stored under modified atmospheres and treated with
antioxidants. Potatoes ‘Ágata’ were minimally processed as baby
potatoes and treated with antioxidants solutions as follows: citric
acid (2%), eritrorbic acid (3%), combination of citric acid (2%) and
eritrorbic acid (3%), and stored under passive modified atmosphere.
A fourth treatment consisting of the combination of citric acid (3%)
and eritrorbic acid (5%), in association with active modified
atmosphere (10% CO2, 2% O2, 88% N2) was set up. Baby potatoes
treated with citric acid (3%) and eritrorbic acid (5%), in association
with active modified atmosphere, had a browning index that was
24% lower than the average of the other 3 treatments at the end of
the experiment. Similarly, polyphenoloxidase and peroxidase activity
were 92 and 73% lower, respectively, in the treatment where
antioxidants and active modified atmosphere were combined than
the average of the other three treatments at the ninth day of storage.
There was an increase in total vitamin C content, mainly in treatments
where eritrorbic acid was applied. Combination of antioxidants and
active modified atmosphere showed the best maintenance of quality
attributes for fresh-cut potatoes.
Palavras-chave: Solanum tuberosum L., processamento mínimo,
alterações metabólicas.
Keywords: Solanum tuberosum L., minimal processing, metabolic
changes.
(Recebido para publicação em 17 de julho de 2004 e aceito em 30 de agosto de 2005)
U
m dos desafios ao processamento
mínimo de batatas é a
suscetibilidade dos tubérculos ao
escurecimento enzimático oriundo de
reações catalisadas por enzimas sendo
a polifenoloxidase (PPO) a mais importante. Tais reações ocorrem quando há
ruptura da célula, embora possam também ocorrer no tecido intacto de frutas
e hortaliças (ARAÚJO, 2003). Os fatores mais importantes na evolução da taxa
do escurecimento enzimático provocado são a concentração de PPO ativa e
de compostos fenólicos, o pH, a temperatura e o oxigênio disponível no tecido. O pH ótimo da PPO varia com a fonte da enzima e com o substrato. Na
maioria dos casos situa-se entre 6 e 7 e
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
seu ajuste para valores inferiores a 4
possibilita o controle do escurecimento
enzimático, desde que se considerem os
aspectos sensoriais do produto
(LAURILA et al, 1998a, 1998b).
A peroxidase (POD) também pode
causar o escurecimento em hortaliças
minimamente processadas. A POD contém um grupo heme e está relacionada
com processos de cicatrização como, por
exemplo, a lignificação (CANTOS et
al., 2002). Em condições ideais, batatas
inteiras descascadas podem ser estocadas sem agentes inibidores de
escurecimento por sete dias
(AHVENAINEN et al., 1998), o que não
é possível para batatas em fatias
(LAURILA et al., 1998a). Vários méto-
dos para prevenir o escurecimento
enzimático podem ser aplicados em batatas.
Muitos
inibidores
de
escurecimento são conhecidos, mas apenas alguns são potencialmente alternativos ao uso de sulfito. Os sulfitos, apesar de possuírem diversas vantagens técnicas, provocam a corrosão de equipamentos, a diminuição do valor
nutricional, a perda de firmeza e a formação de sabores e odores desagradáveis (off-flavors) nos produtos aos quais
é aplicado. Adicionalmente, o uso de
sulfitos está cada mais associado a diversos malefícios à saúde (MCEVILY
et al., 1991).
Dentre os antioxidantes mais
pesquisados destacam-se os ácidos cí993
L. L. O. Pineli et al.
Figura 1. Índice de escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e
passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
trico, ascórbico e eritrórbico. Sua acessibilidade no mercado, como ingredientes já em amplo uso na indústria alimentícia, aponta-os como opções para a indústria de batatas minimamente processadas. O custo do ácido eritrórbico, cinco vezes inferior ao de seu isômero, ácido ascórbico, justifica seu uso neste trabalho, de forma isolada ou em combinação com o ácido cítrico. A aplicação
de atmosfera modificada ativa ou passiva, com baixas concentrações de O2 e
altas de CO2 também contribui para o
controle do escurecimento e outros processos degradativos, uma vez que reduz
a velocidade dos processos aeróbicos e
implica baixa disponibilidade de O2 para
a atividade da PPO.
Apesar da existência de diversos estudos enfocando o controle de escurecimento
enzimático em produtos hortícolas, existe
uma lacuna na literatura no que diz respeito à adoção de técnicas combinadas para
redução dessa desordem em cultivares de
hortaliças nacionais com potencial de aproveitamento para o processamento mínimo.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar física e quimicamente batatas
‘Ágata’ minimamente processadas submetidas a diferentes tratamentos com
antioxidantes e atmosfera modificada.
994
MATERIAL E MÉTODOS
Material vegetal
Batatas (Solanum tuberosum L.)
‘Ágata’ da classificação “primeirinha”
(diâmetro entre 40 e 60 mm) foram adquiridas na Ceasa de Brasília, levadas
ao Laboratório de Pós-Colheita da
Embrapa Hortaliças, selecionadas, classificadas e lavadas em água potável;
Processamento mínimo
Tubérculos foram descascados por
abrasão em máquina processadora (modelo PCED, Siemsem Ltda.) por 180
segundos em tambor revestido com lixa
de 60 mesh e 36 segundos no segundo
tambor revestido com lixa de 100 mesh.
As batatas descascadas foram enxaguadas em água potável, sanitizadas em
água com 150 ppm de cloro ativo por 5
minutos, imersas em soluções
antioxidantes por 3 minutos e
centrifugadas, por 7 minutos, a 800 g.
Tratamento com antioxidantes
As soluções antioxidantes usadas
foram 2% de ácido cítrico; 3% de ácido
eritórbico; 2% de ácido cítrico + 3% de
ácido eritórbico; e 5% de ácido
eritórbico + 3% de ácido cítrico.
Embalagem e armazenamento
O material foi posteriormente embalado em filme plástico de nylon
multicamadas em seladora industrial
(Selovac 200B, São Paulo, SP) em porções de 200 gramas, e armazenado sob
refrigeração a 5ºC por 9 dias. Os três
primeiros tratamentos foram embalados
sob atmosfera modificada passiva enquanto o último tratamento foi embalado sob atmosfera modificada ativa, pela
utilização da mistura 10% CO2, 2% O2,
88% N2.
Análises químicas e físicas
A cada 3 dias os tubérculos minimamente processados foram avaliados
quanto às seguintes variáveis: Índice de
escurecimento. O índice de
escurecimento foi determinado por meio
de um colorímetro Minolta Color
Reader CR 200b (sistema L*a*b*), e
calculado a partir da fórmula:
IE = [100 (X - 0,31)] / 0,172; X = (a
+ 1,75.L) / (5,645.L+ a - 3,021.b)
Atividade
enzimática
da
polifenoloxidase e peroxidase. A atividade das enzimas polifenoloxidase e
peroxidase foi determinada segundo o
método descrito por Flurkey e Jen
(1978), sendo o extrato lido a 395 nm
para POP e a 470 nm para POD. Açúcares solúveis totais. Determinados pelo
método fenol-sulfúrico descrito por
Dubois et al. (1956). Teor de amido.
Determinação feita a partir de adaptação realizada no método de Ranganna
(1986), com extração de açúcares por
solução de etanol (80%) a quente, em 3
estágios, e hidrólise ácida do resíduo,
também em 3 estágios, com ácido
perclórico (52%), com posterior determinação dos açúcares pelo método
fenol-sulfúrico. Teor de vitamina C total. A vitamina C total foi quantificada
de acordo com metodologia descrita por
Terada et al. (1978), modificado por
Nunes et al. (1995).
O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, com 16 tratamentos provenientes de um fatorial 4x4
(4 combinações de antioxidantes e 4
tempos de armazenagem), com 3 repetições. A unidade experimental considerada correspondeu a uma embalagem de
200 gramas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas
foram comparadas pelo teste da diferença mínima significativa (p≤0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Índice de escurecimento (IE) O tratamento com ácido cítrico a 2% combinado com ácido eritrórbico a 3% apresentou
melhor
controle
do
escurecimento do que os tratamentos
aplicados isoladamente até o terceiro dia
de armazenamento (Figura 1). No nono
dia, os IE dos tratamentos sob atmosfera modificada passiva estavam muito
próximos e mostravam aumento do
escurecimento das batatas de aproximadamente 10,5% em relação aos valores
iniciais. O tratamento com atmosfera
modificada ativa, em associação aos
antioxidantes combinados, apresentou
índice de escurecimento 6,2% menor do
que a média dos IE dos demais tratamentos logo após o processamento mínimo, indicando uma diferença significativa no controle do escurecimento nas
primeiras horas após a injúria aos tubérculos. Não se observou elevação do IE
para o tratamento sob atmosfera modificada ativa e ao final do experimento,
verificou-se que o IE desse tratamento
era aproximadamente 24% menor do
que os demais tratamentos (Figura 1).
Diversos trabalhos avaliaram os
efeitos das embalagens e de diferentes
atmosferas no escurecimento de batatas
minimamente processadas (GUNES;
LEE, 1997; LAURILA et al., 1998a), e
na
composição
nutricional
(AHVENAINEN et al., 1998; TUDELA
et al., 2002, 2003). Gunes & Lee (1997)
demonstraram que modificação ativa da
atmosfera na embalagem foi necessária
para estender a vida de prateleira de
batatas, porém, a atmosfera modificada
por si só não foi capaz de evitar o
escurecimento. Os resultados confirmam a necessidade do tratamento por
imersão com solução de agentes
inibidores do escurecimento em batatas
minimamente processadas. Quando se
estudou a modificação da atmosfera,
observou-se que a de 100% N2, em sacos de poliolefina multicamada, com
alta permeabilidade, foi a mais eficaz.
Soluções de N-acetil-L-cisteína (1%),
ácido pentacético dietilenotriamina
(DTPA) (1%), e ácido eritrórbico (5%)
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 2. Atividade enzimática da polifenoloxidase (PPO) (a) e peroxidase (POD) (b) de
batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes
e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF,
2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o
desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
+ ácido cítrico (1%) usadas para tratamento de batatas em palitos, seguindose estocagem em atmosfera modificada
a 1 e 6°C, foram eficazes no retardamento do escurecimento enzimático. Os resultados obtidos no presente experimento para o tratamento com atmosfera mo-
dificada ativa associada aos ácidos cítrico e eritrórbico estão em concordância
com Cacace et al. (2002), que observaram que todos os tratamentos foram fortemente afetados pela temperatura de
armazenamento. Segundo os autores, o
tratamento com ácido cítrico e eritrórbico
995
L. L. O. Pineli et al.
Figura 3: Teores de açúcares solúveis totais (a) e amido (b) de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva. Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera
modificada. MF = Matéria fresca. Barras verticais representam o desvio-padrão da média.
Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
foi o único a ser comparado favoravelmente com batatas frescas preparadas,
após 14 dias a 1°C ou 7 dias a 6°C.
Atividade enzimática Não foi
verificada diferença significativa na atividade da PPO para os tratamentos sob
atmosfera modificada passiva logo após
o processamento mínimo (Figura 2a).
Os tratamentos armazenados sob atmosfera modificada passiva não apresentavam diferenças estatísticas quanto à ati996
vidade da PPO logo após o
processamento mínimo e assim permaneceram durante o período experimental. A combinação de ácido cítrico a 2%
e ácido eritrórbico a 3% teve a atividade da enzima ampliada em 18,6%, do
terceiro para o sexto dia, apresentando
a maior atividade da PPO no nono dia
de armazenamento (39,6 UE.g-1 min-1).
Por outro lado, o tratamento que reunia
a combinação de dois antioxidantes sob
atmosfera modificada ativa foi o mais
eficaz na inibição da atividade da PPO,
que se apresentava 2,3 e 1,9 vezes menor do que a média dos demais tratamentos, no dia do processamento e após
9 dias de armazenamento, respectivamente (Figura 2a).
A atividade da POD no dia do
processamento foi maior em batatas tratadas com 3% de ácido eritrórbico
(365,04 UE .g-1 min-1), e menor em batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa (111,14 UE g-1 min-1) (Figura 2b). O tratamento com 2% de ácido cítrico e o tratamento com 3% de
ácido eritrórbico apresentaram aumento na atividade da POD até o sexto dia
de armazenagem com posterior redução.
Batatas tratadas com antioxidantes combinados em atmosfera modificada passiva ou ativa apresentaram controle da
atividade da POD já a partir do terceiro
dia (Figura 2b). Observou-se ainda, que
a atividade da POD era 2,8 e 1,7 vezes
menor no tratamento sob atmosfera ativa em relação à media dos demais tratamentos no dia do processamento e
após 9 dias de armazenamento, respectivamente.
Cantos et al. (2002) avaliaram o efeito do processamento mínimo sobre a atividade das enzimas PPO, POD e
fenilalanina amônia liase (PAL) e nos
compostos fenólicos, em cinco cultivares
de batatas. Não encontraram correlação
significativa entre o grau ou taxa de
escurecimento e quaisquer das variáveis
investigadas. Entretanto, o aumento da
atividade da POD, verificada pela síntese
de isoperoxidases identificadas por
eletroforese, confirmou a indução da atividade desta enzima como fenômeno comum no reino vegetal em resposta a situações de estresse, como injúrias mecânicas. Os autores sugerem que para melhor
compreensão dos fatores limitantes do
desenvolvimento do escurecimento em
batatas minimamente processadas, estudos adicionais de outros aspectos importantes (estabilidade de membrana, composição lipídica, teor de cálcio, atividade
de proteases, práticas agronômicas) são
necessários. Semelhante ausência de correlação foi encontrada entre grau de
escurecimento e atividade enzimática de
maçãs durante o armazenamento a 0ºC
(COSETENG; LEE, 1987).
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas
Os resultados observados nas Figuras 1 e 2 mostram que o tratamento onde
houve combinação de antioxidantes em
atmosfera modificada ativa foi o mais
eficaz no controle do escurecimento e
da atividade das enzimas PPO e POD, o
que se traduziu em manutenção da cor
original do produto. A combinação dos
antioxidantes ácidos pode ter contribuído para o abaixamento do pH do meio,
reduzindo a atividade das enzimas associadas com o escurecimento
enzimático. Esses resultados permitem
inferir que tais tratamentos podem tornar viável a produção e comercialização
de batatas minimamente processadas
quando o aspecto visual é colocado em
perspectiva.
Açúcares Solúveis Totais e Amido
Batatas tratadas com 2% de ácido cítrico apresentaram, ao final de nove dias,
aumento de 12,5% no conteúdo de açúcares solúveis totais, enquanto nos tubérculos tratados com 3% de ácido
eritrórbico foi verificada uma redução
de 12,7% no nono dia em comparação
com os valores iniciais. Observou-se,
ainda, em batatas tratadas com combinação de antioxidantes sob atmosfera
modificada passiva um aumento de
aproximadamente 17,0% no sexto dia,
com subseqüente retorno aos patamares
iniciais (Figura 3a).
A maior concentração de açúcares
solúveis totais foi encontrada nas batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa, com valor inicial de 14,84g
kg-1 MF, que se reduziu, até o último dia
de avaliação, em aproximadamente
40,0%, igualando-se aos demais tratamentos. No nono dia de armazenamento
observou-se que batatas tratadas com
2% de ácido cítrico possuíam o maior
teor de açúcares solúveis totais, único
que não sofreu imersão em ácido
eritrórbico.
O teor de amido avaliado nas batatas minimamente processadas sofreu aumento ou manutenção de seus valores
dependendo do tratamento em questão
(Figura 3b). Segundo Borgstrom (1946),
os teores de amido encontrados na matéria fresca de batata variam de 90 a 180
g kg-1 MF sendo influenciados por variáveis como cultivar, época do ano,
temperatura e tempo de armazenamento,
entre outros (NOURIAN et al., 2003).
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 4. Vitamina C total de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas armazenadas a 5ºC
com aplicação de antioxidantes e embalagem sob atmosfera modificada ativa e passiva.
Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 2004. AM = atmosfera modificada. MF = Matéria fresca.
Barras verticais representam o desvio-padrão da média. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2004.
Os valores encontrados no dia do
processamento são semelhantes aos valores citados pelo autor.
A conversão de amido em açúcares
parece ser reversível (ISHERWOOD,
1973). Entretanto, o aumento nos teores de amido encontrados no presente
experimento parece estar mais relacionado com a perda d’água sofrida pelos
tubérculos, constatada pela umidade
superficial crescente do produto após a
centrifugação
e
durante
o
armazenamento. De acordo com
Nourian et al. (2003), a degradação do
amido ocorre rapidamente com a diminuição da temperatura, enquanto a variação dos açúcares totais e redutores
está diretamente relacionada com o tempo de armazenamento. As condições de
baixa temperatura resultam em acúmulo
de ATP no tecido de batata e acarretam
a ativação da via alternativa, conhecida
como alternativa oxidse, que diminui os
níveis de ATP e, simultaneamente,
incrementa as concentrações de
sacarose, provavelmente via fosforilase
(ISHERWOOD, 1973). A sacarose torna-se o substrato da invertase ácida
vacuolar, que originará o acúmulo de
açúcares redutores (DUPLESSIS et al.,
1996). A indução do acúmulo de açúcares pelo frio estaria ainda relacionada
com a deterioração das membranas dos
amiloplastos (OHAD et al., 1971), favorecendo a ação da enzima
amidofosforilase sobre o amido (FONTES; FINGER, 2000).
A inibição da conversão do amido
em açúcares pela presença de CO2 já foi
observada, assim como o aumento na
síntese de amido e mudanças na atividade metabólica após a injúria aos tubérculos (SMITH, 1977). Isto poderia
explicar, parcialmente, o maior teor de
amido em batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa, com 10% de
CO 2 e 2% de O 2 no dia do
processamento, em comparação aos demais tratamentos, embalados sob atmosfera modificada passiva. De acordo com
Pressey (1969), a atividade da sacarose
sintetase, importante enzima envolvida
na síntese do amido, é maior em tubérculos jovens de batata, em que se incluem fisiologicamente tubérculos da classificação “primeirinha”. Apesar da provável distorção provocada pela perda de
água, pode-se perceber um processo de
degradação do amido nas batatas submetidas ao tratamento com 2% de áci997
L. L. O. Pineli et al.
do cítrico, evidenciando após o terceiro
dia uma degradação aparente de 21,0%.
O tratamento sob atmosfera modificada ativa indicou redução nos teores de
amido do sexto ao nono dia, com alteração de 20,7%. Os demais tratamentos não
apresentaram degradação de amido, mas
estabilização ou acúmulo, podendo estar
relacionado com ocorrência de maior
perda d’água, ou menor degradação do
amido nestas condições, de forma que
não seja capaz de sobrepor o efeito da
desidratação em nenhum dos tempos avaliados ou com processos de síntese de
amido, conforme discutido.
A maior degradação do amido em
batatas tratadas com ácido cítrico está
em consonância com o crescimento do
teor de açúcares solúveis totais verificado para este tratamento, sendo possível estabelecer correlações similares
entre os resultados das Figuras 3a e 3b
para o tratamento com ácido eritrórbico
3%.
Batatas
submetidas
ao
armazenamento sob atmosfera modificada ativa tiveram aumento no teor de
amido até o sexto dia, a partir do qual
se observou redução de 20,2% até o
nono dia. Sugere-se para melhor avaliação desta variável a determinação do
teor de amido sobre a matéria seca ao
longo do armazenamento, ou, alternativamente, o acompanhamento da matéria seca do produto, ou determinação da
perda
d’água
por
métodos
gravimétricos, o que possibilitaria uma
associação com os resultados indicados
na Figura 3b.
Vitamina C Total
O teor de vitamina C total também
foi influenciado pela adição de
antioxidantes aos tubérculos (Figura 4).
O ácido eritrórbico é isômero do ácido
ascórbico e pode ter causado alguma
distorção na análise de vitamina C total. Observa-se que a curva com menor
concentração de vitamina C total é a dos
tubérculos tratados com 2% de ácido
cítrico, única que não sofreu imersão em
ácido eritrórbico. Além disso, a adição
de antioxidantes pode prevenir a oxidação da vitamina C presente naturalmente
na batata.
De acordo com Davey et al. (2000),
batatas apresentam teores de vitamina
C que variam entre 100 e 300 mg kg-1
MF. Estes valores podem variar de acor998
do com a cultivar, com as práticas agrícolas, colheita e condições de
armazenamento. O teor de vitamina C
encontrado neste experimento em batatas intactas da cultivar Ágata, classificação “primeirinha”, foi de 220,9 mg kg-1
MF, dentro do intervalo proposto pelo
autor. Os valores encontrados em batatas minimamente processadas, tratadas
com antioxidantes, situaram-se acima
deste intervalo.
Verificou-se que no dia do
processamento todos os tratamentos diferiam entre si, sendo que batatas armazenadas sob atmosfera modificada ativa apresentavam o maior teor de vitamina C (587,14 mg Kg-1 MF), seguindo-se o tratamento com combinação de
antioxidantes armazenado sob atmosfera passiva (524,07 mg kg-1 MF), tratamento com 3% de ácido eritrórbico
(437,76 mg kg-1 MF) e 2% de ácido cítrico (323,55 mg kg-1 MF). Batatas tratadas com a combinação de
antioxidantes e armazenadas sob atmosfera modificada ativa sofreram redução
nos teores de vitamina C total ao terceiro dia de armazenamento, com posterior acúmulo até o nono dia. Os tratamentos com antioxidantes isolados, 2%
de ácido cítrico e 3% de ácido
eritrórbico, também apresentaram
acúmulo de vitamina C com o tempo,
com aumento de até 16,0% em seus teores (Figura 4). O tratamento onde se
combinou os antioxidantes sob atmosfera modificada passiva foi o único que
apresentou diminuição da vitamina C
total (14,5%), mas ainda assim permaneceu com valor 2,3 vezes superior ao
das batatas intactas.
Batatas minimamente processadas
são capazes de reter, total ou parcialmente, seu teor inicial de vitamina C,
considerando que as perdas decorrentes
de processos de oxidação são compensadas pelo aumento na biossíntese de
ácido ascórbico (TUDELA et al., 2002).
Esse aumento pode estar correlacionado
com a maior atividade da enzima Lgalactono-g-lactona dehidrogenase
(GLDH) em tecidos de batata injuriados, a qual catalisa o passo final da
biossíntese de ácido ascórbico (OBA et
al., 1994) e poderia ser resultado da
maior necessidade de poder antioxidante
em nível celular para fazer frente ao
estresse provocado pelo processamento
mínimo (TUDELA et al., 2003). Além
disso, o aumento da atividade respiratória provocado pelo processamento
mínimo leva à degradação do amido,
com acúmulo de glicose, substrato requerido no processo de síntese de
ascorbato (NOCTOR; FOYER, 1998).
Prasanna et al. (2000) observaram
que o pico respiratório ou climatérico
em maçãs durante o amadurecimento
coincide com seu teor máximo de ácido
ascórbico, o que reforça uma possível
correlação entre degradação do amido,
aumento dos açúcares totais e síntese de
ascorbato. Comportamento semelhante
foi observado para tubérculos tratados
com 2% de ácido cítrico, que a partir do
terceiro dia de armazenamento apresentou redução nos teores de amido e aumento nos teores de açúcares solúveis
totais e na vitamina C total, simultaneamente (Figuras 3 e 4).
O teor de vitamina C em um alimento deve incluir os teores de ácido
ascórbico e deidroascórbico, uma vez
esta última forma pode ser facilmente
convertida na primeira no organismo
humano. O ácido deidroascórbico pode
ser oxidado irreversivelmente a ácido
dicetogulônico, sem qualquer atividade
de vitamina C (PARVIAINEN;
NYYSSONEN, 1992), o que significaria na prática a perda de valor
nutricional. A oxidação do ascorbato
pela ascorbato oxidase aumenta em condições de estresse, exposição a
patógenos, altas temperaturas, íons metálicos e agentes químicos (LEE;
KADER, 2000). Portanto, o teor de vitamina C em batatas minimamente processadas é resultante de processos
biossintéticos e degradativos que ocorrem simultaneamente.
No estudo apresentado, deve-se considerar a possibilidade da ocorrência de
síntese de ascorbato em resposta ao
estresse oxidativo e ao efeito da aplicação de antioxidantes na determinação da
vitamina C total. Vale ressaltar que o
método empregado para análise desta
variável refere-se a materiais com teores baixos de vitamina C (50-400 mg
kg-1 MF), não sendo adequado para fontes mais ricas do nutriente. Como alguns
tratamentos ultrapassaram os valores
recomendados, outros métodos devem
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Associação de atmosfera modificada e antioxidantes reduz o escurecimento de batatas ‘Ágata’ minimamente processadas
ser utilizados para confirmação dos resultados mais elevados. A utilização da técnica de cromatrografia líquida de alto eficiência (TUDELA et al., 2002) para determinação de ácido ascórbico e ácido
deidroascórbico seria interessante para
elucidação das possíveis interferências
causadas pelos antioxidantes e para acompanhamento mais rigoroso dos processos
biossintéticos e degradativos que envolvem o ascorbato nos tubérculos de batata.
Tudela et al. (2003) estudaram o efeito do
processamento mínimo, com subseqüente armazenamento sob refrigeração, a 4°C,
de batatas da cultivar Manon, sob diferentes atmosferas (ar, ar + 20% de CO2,
100% N2, e embalagem a vácuo), na atividade da enzima L-galactono- g-lactona
dehidrogenase e no teor de Vitamina C. A
embalagem a vácuo provou ser a melhor
condição de embalagem, tendo evitado o
escurecimento e retido 89,0% da Vitamina C, seguido das atmosferas 100% N2
(78,0% retenção) e 20% CO2 + ar (63,0%
de retenção).
Em outra série de experimentos
conduzida com batatas ‘Ágata’ e
‘Monalisa’ minimamente processadas sob
vácuo parcial e diferentes temperaturas de
armazenamento (dados não publicados),
verificou-se a eficácia deste tipo de embalagem na retenção da vitamina C, tendo sido observado acúmulo entre 49,0 e
58,4% deste nutriente ao fim dos nove dias
de avaliação. Todavia, a perda de firmeza, o encharcamento da embalagem e o
desenvolvimento de processos anaeróbios
levando a odores desagradáveis comprometeram a aceitação do produto, o que
levou à rejeição da utilização de vácuo nas
embalagens.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio financeiro recebido do projeto PRODETAB
(ACORDO BIRD / EMBRAPA - Projeto 019) e à ADF Agropecuária do Distrito Federal.
LITERATURA CITADA
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999
KARASAWA, M.; RODRIGUES, R.; SUDRÉ, C.P.; SILVA, M.P.; RIVA, E.M.; AMARAL JÚNIOR, A.T. Aplicação de métodos de agrupamento na
quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1000-1005, out-dez 2005.
Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência
genética entre acessos de tomateiro1
Mina Karasawa; Rosana Rodrigues; Cláudia P. Sudré; Marlon P. da Silva; Elaine M. Riva; Antônio T. do
Amaral Júnior
2
UENF/CCTA/LMGV, Av. Alberto Lamego, 2000, Parque Califórnia, 28013-600, Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
A quantificação da divergência genética entre acessos de bancos de germoplasma baseada em descritores permite a indicação de
potenciais genitores a serem utilizados em programas de melhoramento, entre outros resultados de interesse para o melhorista. Para
estudos de divergência genética, a análise multivariada, incluindo
os métodos de aglomeração, tem sido amplamente empregada. Este
trabalho teve como objetivos caracterizar e quantificar a divergência genética entre acessos de tomateiro, por meio de métodos de
agrupamento. O experimento foi conduzido em 2001, em Campos
dos Goytacazes, RJ., em condições de campo. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com 70 acessos, três
repetições e 16 plantas por parcela. Vinte descritores de caracterização e cinco de avaliação foram considerados. Houve diferença significativa entre os acessos para número total, peso total, número
médio, e peso médio de frutos; comprimento e diâmetro do fruto;
número de dias para germinação; número de dias para frutificação;
número de flores por inflorescência; teor de sólidos solúveis; número de lóculos e número de dias para florescimento, indicando a presença de variabilidade entre os acessos. O agrupamento pelo Método Hierárquico do Vizinho Mais Próximo, detectou a formação de
dois grupos, baseado no número de dias para germinação. O grupo 1
reuniu os acessos com germinação em 10 dias e o grupo 2 foi composto pelos acessos que germinaram em sete dias. O subagrupamento
dos grupos 1 e 2 permitiu a detecção de sete subgrupos no grupo 1 e
cinco subgrupos no grupo 2. O Método de Otimização de Tocher
possibilitou a formação de dez grupos, concordantes com os
subgrupos obtidos pelo método do Vizinho mais Próximo.
Cluster analysis in quantifying genetic divergence in tomato
accessions
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, análise multivariada, caracterização de germoplasma, recursos genéticos, pré-melhoramento.
Keywords: Lycopersicon esculentum, multivariate analysis,
germplasm characterization, genetic resources, pre-breeding.
The quantification of the genetic divergence among accessions
in a germplasm bank, based on descriptors for characterization, allows
us to indicate promising parentals that can be used in breeding
programs. In order to study the genetic divergence, multivariate
analysis, including cluster methods has been used. The genetic
divergence among tomato accessions was characterized and
quantified, using cluster analysis. The experiment was carried out in
2001, in Rio de Janeiro State, Brazil, in field conditions. A
randomized block design was used, with 70 accessions, three
replications and 16 plants per plot. Twenty characterization and five
evaluation descriptors were considered. There was significant
difference among accessions for total number of fruits, total weight
of fruits, mean number of fruits, mean weight of fruits, fruit length,
fruit diameter, number of days for germination, days for fruit set,
number of flowers per inflorescence, solid solubles, number of locules
and days for flowering indicating the presence of genetic variability
among accessions. Nearest neighbor method detected two groups,
based on number of days for germination. Group 1 was formed by
accessions with germination in 10 days while group 2 included
accessions that germinated in seven days. Subgrouping from groups
1 and 2 detected seven and five subgroups for each group,
respectively. Based on Tocher Method, ten groups were formed with
agreement between Tocher and Nearest Neighbor.
(Recebido para publicação em 1 de abril de 2005 e aceito em 16 de setembro de 2005)
O
estudo da diversidade genética entre acessos de bancos de
germoplasma fornece informações de
potenciais genitores a serem utilizados
em programas de melhoramento, além
do fato de que a própria caracterização
dos acessos possibilita a identificação
de duplicatas e o intercâmbio de
germoplasma entre pesquisadores. A
forma preditiva de determinar a divergência genética apresenta como principal vantagem o fato de não ser necessária a obtenção prévia de combinações
1
híbridas, como ocorre em dialelos
(COIMBRA et al., 2001).
O conhecimento do grau de variabilidade genética, por meio dos estudos
de divergência, torna-se vantajosa no
processo de identificação de novas fontes de genes de interesse (AMARAL
JÚNIOR; THIÉBAUT, 1999). Outra
vantgem é o fato de que, por meio da
diversidade genética, pode-se indicar
progenitores geneticamente distantes
para cruzamentos onde se procure obter o efeito heterótico na geração híbri-
da e maior probabilidade de recuperação de segregantes superiores em gerações avançadas (AMARAL JÚNIOR;
THIÉBAUT, 1999; CRUZ; REGAZZI,
2001).
Para estudos de divergência genética, a técnica de análise multivariada
(componentes principais, variáveis
canônicas e métodos de aglomeração)
tem sido empregada tanto para características expressas por variáveis quantitativas quanto qualitativas, as quais são
comumente utilizadas em caracteriza-
Parte da tese apresentada pela primeira autora para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal na UENF em 2005
1000
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro
ções/avaliações em bancos de
germoplasma. O critério utilizado para
a escolha do método multivariado depende do conjunto de dados, da análise
a ser realizada e qual a precisão
requerida (CRUZ; REGAZZI, 2001).
A variabilidade genética existente no
gênero Lycopersicon tem possibilitado
o desenvolvimento de cultivares que
atendem às mais diversas demandas do
mercado de tomate para processamento
e para consumo in natura
(AGRIANUAL, 2002). No entanto,
anos de cultivo e seleção por melhoristas
têm reduzido os níveis de variação nos
germoplamas elite. Esta premissa é verdadeira para plantas autógamas, as quais
possuem base genética mais estreita. Por
exemplo, um estudo do polimorfismo de
diversas variedades de tomate demonstrou que existem menos de 5% de variação genética disponível em cruzamentos compatíveis com variedades locais e espécies silvestres (MILLER;
TANKSLEY, 1990). A maioria das variedades elite são mais semelhantes do
que as novas fontes de germoplasmas
que estão sendo exploradas (FULTON
et al., 1997).
Estudos com tomate (Lycopersicum
esculentum L.) e pimentão (Capsicum
annuum L.), utilizando as técnicas de
análise multivariada para quantificar a
divergência genética, apresentaram concordância satisfatória entre as combinações divergentes e os híbridos superiores (MALUF et al., 1983; MIRANDA
et al., 1988). Trabalhando com
Capsicum spp., Sudré et al. (2005) demonstraram ser possível quantificar a
divergência genética com base em
caracteres morfoagronômicos.
Estudos da dissimilaridade de 34
acessos de tomateiro, utilizando as características da fase vegetativa e de produção permitiram, pelo método de
Tocher, verificar a consistência dos grupos formados, gerando 12 classes diferentes. Os dois primeiros componentes
principais foram suficientes para explicar cerca de 86% da variação total disponível entre os acessos. As características menos importantes foram número
de folhas definitivas e diâmetro do
hipocótilo (MARIM et al., 2002).
No Brasil, a caracterização
morfológica de Lycopersicon spp. foi
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
realizada pela Embrapa Hortaliças por
meio de 38 descritores do IPGRI, contemplando caracteres da planta e do fruto. As
informações provenientes da caracterização foram lançadas em bancos de dados
computadorizados (“Professional File
System”), os quais têm permitido a recuperação de qualquer conjunto de informações de modo simples e eficiente (CARVALHO et al., 1999).
Este trabalho teve como objetivos
caracterizar 70 acessos que compõem o
Banco
de
Germoplasma
de
Lycopersicon esculentum da Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, utilizando 27 descritores
do IPGRI (International Plant Genetic
Resources Institute), e quantificar a divergência genética entre os mesmos, por
meio de métodos de agrupamento.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida na
UENF, localizada a 21º 45’ de latitude
sul, 41º 18’ de longitude oeste e 11 metros
de altitude, no município de Campos dos
Goytacazes, norte do Estado do Rio de
Janeiro, durante o ano de 2001.
Os acessos de tomateiro
(Lycopersicon esculentum L.) do Banco de Germoplasma da UENF, utilizados neste trabalho, foram cedidos pela
Empresa de Pesquisa Agropecuária do
Estado do Rio de Janeiro (PESAGRORIO), como parte do Banco Ativo de
Germoplama (BAG) de tomateiro mantido pela referida instituição na Estação
Experimental de Itaguaí.
A semeadura foi realizada em bandejas de plástico, e, após a germinação,
as plântulas foram transferidas para bandejas de poliestireno com 128 células,
contendo substrato para a produção de
mudas. As plantas no estádio de três a
quatro folhas verdadeiras, foram transplantadas para o campo.
Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados contendo 70 acessos, três repetições e 16 plantas por parcela. O plantio foi estabelecido em fileiras duplas, espaçadas de 1,2
m entre linhas e 0,50 m entre plantas.
Tratos culturais recomendados para a
cultura foram realizados de acordo com
Filgueira (2000).
Com base na recomendação do
IPGRI (1996), os descritores de caracterização utilizados foram peso total e
peso médio dos frutos; número total e
número médio de frutos; diâmetro e
comprimento dos frutos, e número de
lóculos por fruto. O descritor número
de dias para germinação, apesar de não
constar na lista do IPGRI, foi incluído
na caracterização.
Como descritores de avaliação foram considerados: número de dias para
o florescimento; número de dias para
frutificação; número de flores por
inflorescência; e teor de sólidos solúveis
(medido em ºBrix, com auxílio de
refratômetro).
Realizou-se a análise de variância
univariada e, para o estudo da divergência genética entre os acessos, foram
empregadas as Análises Multivariadas
por meio de Métodos de Agrupamento.
Para tanto, foi utilizada a Distância Generalizada de Mahalanobis como medida de dissimilaridade e, para a obtenção dos grupos, utilizou-se o Método
Hierárquico do Vizinho Mais Próximo
e o Método de Otimização de Tocher.
As análises foram conduzidas utilizando-se os recursos computacionais do
programa GENES (CRUZ, 2001), seguindo-se os modelos descritos por Cruz
e Regazzi (2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises de variâncias univariadas
revelaram diferenças significativas entre
as médias dos acessos em nível de 1% de
probabilidade, pelo teste F, para número
total de frutos (NTF), peso total de frutos
(PTF), número médio de frutos (NMF),
peso médio de frutos (PMF), comprimento
do fruto (COM), diâmetro do fruto (DIA),
número de dias para germinação (DGE),
número de dias para frutificação (DFR),
número de flores por inflorescência (NFI),
teor de sólidos solúveis (TSS) e número
de lóculos por fruto (LOC). Número de
dias para o florescimento (DFL) apresentou diferença significativa em nível de 5%
de probabilidade pelo teste F. Estes resultados indicam, para todas as características, a presença de variabilidade entre os
acessos.
A análise de agrupamento pelo Método Hierárquico do Vizinho Mais Pró1001
M. Karasawa et al.
Figura 1. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 70 genótipos de tomateiro, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com base em 12 características
quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.
ximo, baseada na distância generalizada de Mahalanobis, é subjetiva e pode
gerar alguma dificuldade na tomada de
decisão quanto ao número de grupos
gerados, pois não há um critério definido para determiná-los, e qualquer
inferência rígida sobre este número pode
não ser produtiva. Por outro lado, a fácil interpretação e simplicidade são importantes nas análises dos dados. Alguns
pesquisadores sugerem o estabelecimento de um exame visual de pontos onde
ocorram altas mudanças de níveis, possibilitando a delimitação dos grupos
(CRUZ, 1990).
Realizando-se o corte do
dendrograma (Figura 1) considerando
55% de dissimilaridade, detectou-se a
formação de dois grupos. No grupo 1,
estão os acessos com germinação em 10
dias e, no grupo 2, os acessos com sete
dias para germinar.
A técnica de agrupamento minimiza
a variabilidade dentro do grupo. Entretanto, se a estimativa de distância entre
pares de indivíduos dentro do grupo é
1002
de elevada magnitude, justifica-se o
subagrupamento (ABREU et al., 2004).
Com a finalidade de se obter maiores informações a respeito dos acessos,
distribuídos conforme o número de dias
para germinação, realizaram-se novas
análises de agrupamento dentro de cada
grupo, com corte aproximado de 55%,
proporcionando a obtenção de novos
subgrupos (Figuras 2 e 3).
Observa-se no dendrograma obtido
para o grupo 1 (Figura 2), a formação
de sete subgrupos (1.1, 1.2, 1.3, 1.4, 1.5,
1.6 e 1.7). O subgrupo 1.1 registrou o
maior número de acessos, perfazendo
um total de 34 genótipos, os quais produziram frutos de tamanho pequeno a
intermediário, bi e multiloculados, com
variação entre 06 e 52 frutos, peso médio de 11 a 65 g, diâmetro de 25 a 56
mm e 61 a 114 dias para frutificação.
O subgrupo 1.2 foi representado apenas pelo acesso UENF211, que produziu uma média de 08 frutos
multiloculados, com tamanho de 31 mm
de comprimento e 51 de diâmetro, com
peso médio aproximado de 45 g e diâmetro de 51,16 mm.
O acesso UENF154 formou o
subgrupo 1.3, produzindo uma média de
44 frutos triloculados, redondos, de tamanho pequeno, com peso médio de
24,38 g, 46,52 mm de diâmetro e
frutificação em 107 dias.
Apenas o acesso UENF196 constituiu o subgrupo 1.4, com média de 06
frutos de tamanho intermediário,
multiloculados, peso médio de 75,03 g,
diâmetro de 57,69 mm e frutificação em
102 dias.
O subgrupo 1.5 constituiu-se pelo
acesso UENF197, que produziu frutos
multiloculados, de tamanho intermediário, com peso médio de 89 g, e diâmetro de 60,84 mm.
O subgrupo 1.6 foi composto pelo
acesso UENF157, o qual produziu em
média 21 frutos biloculados, de tamanho pequeno, apresentando peso médio
de 27,40 g, diâmetro de 36,90 mm e 97
dias para frutificação.
O acesso UENF165 ficou isolado no
subgrupo 1.7, revelando elevada produção média de frutos (70 frutos),
biloculados, de tamanho pequeno, com
baixo peso médio (9,86 g), diâmetro de
29,66 mm e frutificação em 98 dias.
No grupo 2 (Figura 3), formaram-se
cinco subgrupos (2.1, 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5).
O subgrupo 2.1 constituiu-se pelo maior
número de acessos, totalizando 26
genótipos, os quais apresentaram uma
ampla faixa na produção média de frutos,
compreendendo valores entre 13 a 75 frutos bi e multiloculados, de tamanho pequeno, com diâmetro variando de 26 a 49
mm e frutificação entre 91 a 107 dias.
Dentro do subgrupo 2.2, o acesso
UENF161, único representante, produziu frutos multiloculares, de tamanho
intermediário, com 50,8 mm de diâmetro e frutificação em 105 dias. O acesso
UENF210, presente no subgrupo 2.3,
produziu 107 frutos de tamanho pequeno, multiloculados, com diâmetro médio de 46,61 mm e 103 dias para
frutificação.
Representado
pelo
acesso
UENF155, o subgrupo 2.4 teve produção de frutos pequenos, triloculados,
com diâmetro de 25,72 mm e 92 dias
para frutificação. No subgrupo 2.5, comHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Aplicação de métodos de agrupamento na quantificação da divergência genética entre acessos de tomateiro
posto pelo acesso UENF208, registrouse a produção de frutos pequenos,
multiloculados, com diâmetro chegando a 47 mm e frutificação em 108 dias.
Conforme Abreu et al. (2002), acessos alocados nos últimos grupos, quando comparados com os primeiros grupos, revelam maior divergência, sendo
possível sua utilização em programas de
cruzamentos entre grupos mais produtivos.
A análise de agrupamentos pelo Método de Otimização de Tocher possibilitou a formação de onze grupos. O grupo
I englobou o maior número de genótipos,
totalizando 30 acessos, com germinação
em 10 dias, produção entre 09 e 52 frutos bi e multiloculados, peso médio de
11 a 53 g e diâmetro de 25 a 55 mm.
O grupo II foi representado por 22
acessos, os quais tiveram germinação
com sete dias, número total de frutos
variando entre 13 e 74 frutos, bi, tri e
multiloculados, peso médio de 13 a 41
g e 36 a 49 mm de diâmetro.
O grupo III foi composto pelos acessos UENF201, UENF202 e UENF160,
que germinaram com sete dias, produziram de 44 a 61 frutos com fenótipo
biloculado, com 10 a 13 g de peso médio e diâmetro de 26 a 33 mm.
Os acessos UENF178, UENF180,
UENF197 e UENF196, do grupo IV,
germinaram com 10 dias, produziram
frutos com peso médio variando entre
37 a 89 g, multiloculados e com 47 a 61
mm de diâmetro.
O grupo V foi composto pelos acessos UENF161, UENF210 e UENF208,
que apresentaram sete dias para germinação, frutos multiloculados, com peso
médio de 25 a 52 g e diâmetro variando
entre 47,40 e 52,63 mm.
O grupo VI constituiu-se pelos acessos UENF211 e UENF224, representando os genótipos que germinaram com
10 dias, de frutos multiloculados e que
produziram, respectivamente, 08 e 11
frutos por planta, com peso de 44,88 e
64,62 g e diâmetro de 51,16 e 55,98 mm.
Os acessos UENF154 e UENF179,
que compõem o grupo VII, germinaram
com 10 dias, produziram 44 e 17 frutos
biloculados com peso médio de 24,38 e
34,17 g e 46,52 e 42,38 mm de diâmetro, respectivamente.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 2. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 40 genótipos de tomateiro com
10 dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”, com
base em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.
Figura 3. Dendrograma de dissimilaridades genéticas entre 30 genótipos de tomateiro com
sete dias para germinação, obtido pelo método “Hierárquico do Vizinho mais Próximo”,
com base em 11 características quantitativas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2001.
O acesso UENF157 único componente do grupo VIII germinou com 10
dias, produziu em média 21 frutos
triloculados por planta, com peso médio de 27,40 g e 36,90 mm de diâmetro.
O acesso UENF165 apresentou-se
no grupo IX, expressando germinação
com 10 dias, produção média de 70 frutos biloculares, com peso médio de 9,86
g e diâmetro de 26,96 mm.
O grupo X, composto pelo acesso
UENF215, germinou com oito dias, produziu em média 22 frutos por planta,
com 39 mm de comprimento, 47 mm
de diâmetro e quatro lóculos.
O acesso UENF155, representante
do grupo XI, teve germinação com sete
dias, produção média de 90 frutos
biloculados, com peso médio de 7,56 g
e diâmetro de 25,72 mm.
Comparando-se a formação dos grupos
pelos métodos Vizinho Mais Próximo (Figura 1) e Tocher (Tabela 1), observa-se que
o grupo I do Vizinho Mais Próximo, obtido pelo agrupamento dos acessos que apresentaram 10 dias para germinação, envolve os grupos I, IV, VI, VII, VIII e IX, gerados pelo método de Tocher. Por outro lado,
o grupo II, referente aos acessos com germinação obtida em sete dias, envolve os
demais grupos obtidos pelo método de
Tocher, quais sejam: II, III, V e X.
Analisando-se os subgrupos obtidos
pelo método do Vizinho Mais Próximo,
1003
M. Karasawa et al.
Tabela 1. Grupos estabelecidos pelo Método de Otimização de Tocher, com base em 12
características quantitativas avaliadas em 70 genótipos de tomateiro. Campos dos Goytacazes,
UENF, 2001.
Grupos
Acessos
I
UENF104, UENF168, UENF188, UENF221, UENF174, UENF182, UENF222,
UENF159, UENF166, UENF206, UENF175, UENF216, UENF156, UENF140,
UENF187, UENF217, UENF209, UENF218, UENF200, UENF225, UENF163,
UENF223, UENF181, UENF191, UENF170, UENF184, UENF213, UENF190,
UENF210b, UENF198
II
UENF172, UENF219, UENF158, UENF204, UENF176, UENF205, UENF199,
UENF214, UENF203, UENF193, UENF164, UENF167, UENF171, UENF186,
UENF212, UENF162, UENF185, UENF195, UENF194, UENF169, UENF173,
UENF177
III
UENF201, UENF202, UENF160
IV
UENF178, UENF180, UENF197, UENF196
V
UENF161,UENF210, UENF208
VI
UENF211, UENF224
VII
UENF154, UENF179
VIII
UENF157
IX
UENF165
X
UENF215
XI
UENF155
formados de acordo com 10 ou sete dias
para germinação, e o método de Tocher,
observa-se elevada semelhança na formação de grupos. Visualiza-se, pela Figura 2 e Tabela 1, que o subgrupo 1.1
compreende os grupos I e VI de Tocher,
envolvendo também os acessos
UENF178 e UENF180 do grupo IV.
Os subgrupos 1.2 e 1.4
correspondem, respectivamente, aos
acessos UENF197 e UENF196 (Figura
2), remanescentes do grupo IV (Tabela
1). Já os acessos UENF154 e UENF157
do grupo VII de Tocher (Tabela 1) foram configurados nos subgrupos 1.3 e
1.5, respectivamente.
Completando os resultados envolvendo acessos com 10 dias para germinação, verificou-se que os subgrupos 1.6
e 1.7, do Vizinho Mais Próximo (Figura 2), compreendem os respectivos grupos VIII e IX, presentes no método de
Tocher (Tabela 1).
Com relação ao subgrupo envolvendo acessos que apresentaram sete dias
para germinação (Figura 3), registrouse elevada similaridade em relação aos
dados obtidos por Tocher (Tabela 1),
sendo que o subgrupo 2.1 envolveu os
grupos II e III, enquanto o grupo X foi
representado pelo subgrupo 2.4.
Os acessos UENF161, UENF210 e
UENF208, presentes no grupo V (Tabela 1), apresentaram-se isolados nos
1004
resultados expressos pela análise do Vizinho Mais Próximo, conferindo a formação dos respectivos subgrupos 2.2,
2.3 e 2.5 (Figura 2).
Os dados obtidos revelaram elevada concordância na formação de grupos
entre os acessos estudados, tanto pelo
método de Tocher quanto pelo Vizinho
Mais Próximo. Concordância entre métodos de agrupamento foi verificada
para pimentas e pimentões (SUDRÉ et
al., 2005), e feijão de vagem (ABREU
et al., 2004).
O método do Vizinho Mais Próximo possibilitou a formação de grupos,
de acordo com o número de dias para
germinação.
Considerando-se que a análise
multivariada possibilita a predição da
heterose, alguns cruzamentos podem ser
sugeridos, seguindo-se o princípio de se
cruzar os acessos mais distantes e com
melhores características agronômicas
(SUDRÉ et al., 2005). Com base nos
resultados obtidos neste trabalho, recomendam-se os cruzamentos entre os
acessos UENF155 x UENF175 e UENF
155 x UENF222.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Dra. Maria
Luíza de Araújo da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de
Janeiro (PESAGRO-RIO) pela cessão
das sementes dos acessos utilizados neste trabalho e à FAPERJ pela concessão
da bolsa para a primeira autora do trabalho.
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Officinalis. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.1006-1009, out-dez 2005.
Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha
piperita e Melissa officinalis
Lenita L. Haber1; José Magno Q. Luz1; Luiz Fernando Arvati Dóro1; José Eduardo Santos2
1
UFU, ICA, C. Postal 593, 38400-902 Uberlândia-MG; E-mail: [email protected]; [email protected];
[email protected]; 2ILES, ULBRA, Itumbiara-GO
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se o desenvolvimento das espécies de plantas medicinais, aromáticas e condimentares Mentha piperita (hortelã-pimenta) e Melissa officinalis (melissa) em diversas concentrações de solução nutritiva em sistema hidropônico NFT. Os experimentos foram implementados em ambiente protegido sendo as espécies
semeadas em espuma fenólica com dimensões de 2,5x2,5x3 cm, com
3 sementes por cubo, irrigadas diariamente com água até a germinação e, posteriormente com solução nutritiva diluída em 50%. Após
15 dias para a melissa e 16 dias para a hortelã-pimenta, as mudas
foram transferidas para as bancadas de desenvolvimento onde receberam solução nutritiva diluída em 75% por 12 dias, sendo as mudas posteriormente transplantadas para as bancadas de cultivo onde
foram submetidas às concentrações da solução nutritiva até o momento da colheita. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema de parcelas subdivididas. As concentrações da solução nutritiva (I – 50%, II – 75%, III – 100%, IV –
125%) foram sorteadas nas parcelas e nas subparcelas avaliando-se
o efeito da posição das plantas nos perfis hidropônicos (I - inicial, II
- intermediária e III - final), totalizando 12 tratamentos, para cada
espécie. Cada posição continha 5 conjuntos de plantas sendo utilizadas 3 repetições por tratamento. Foram avaliados a altura das plantas, número de folhas e brotos, peso fresco e seco, tanto da parte
aérea quanto de raiz. Com relação à posição das plantas nos perfis,
foi observada interação significativa entre os tratamentos para número de folhas e peso seco para menta e melissa, respectivamente,
onde a posição inicial revelou ser o melhor tratamento. Ainda para
melissa foi observada diferença significativa entre as posições para
altura das plantas, peso fresco de raiz e peso fresco e seco de folhas,
com a posição inicial tendo os maiores valores, apesar de não diferir
significativamente da posição mediana.
Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm)
development in different concentrations of nutritive solution
Palavras-chave: Mentha piperita, Melissa officinalis, nutrição de
plantas, hidroponia.
Keywords: Mentha piperita, Melissa officinalis, plants nutrion,
hidropony.
The development of two medicinal, aromatic and condimentar
species, Mentha piperita (peppermint) and Melissa officinalis (balm)
was evaluated in different concentrations of nutritive solution in a
NFT hidroponic system of cultivation. Three seeds of these two species
were sowed on a fenolical spume (2,5x2,5x3 cm), and irrigated daily
with water up to the germination and later with a nutrient solution
diluted to 50%. After a period of 15 and 16 days for balm and
peppermint, respectively, seedlings were transferred to the development
workbenches made with polypropylene channels and received the
nutrient solution diluted to 75% during 12 days. After this period,
plants were transferred to cultivation on workbenches with different
concentrations of nutritive solution until the harvest. The experimental
design was conducted completely randomized on split-splot scheme,
the concentration of nutrient solution being (I - 50%, II - 75%, III 100%, IV - 125%) located on the plot and the position of plants in the
channels (I - initial, II - intermediary, III - final) on the subplot with a
total of three replications per treatment. A total of five plants was used
in each position. The evaluated variables were plant height, number
of leaves and buds, fresh and dry weight of leaves and roots. Analyzing
the position of plants in the channels it was possible to observe
significant interaction between treatments and in the number and leaves
dry weight of balm and peppermint, respectively, the initial position
being the best treatment in terms of plant growth. For balm were
observed significant differences between the positions of plants in the
channels in relation to plant height, root fresh weight and leaves fresh
and dry weight, with the initial position having the higher values,
despite of having no significant differences when compared with the
intermediary position.
(Recebido para publicação em 14 de fevereiro de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)
O
cultivo hidropônico de plantas no
Brasil tem crescido nos últimos
anos. No entanto, esta técnica ainda é
pouco conhecida por parte dos agricultores tradicionais, dificultando a adoção
deste sistema de produção. Entretanto,
sabe-se que a técnica de cultivo
hidropônico é bastante promissora (JESUS FILHO, 2000) e deverá se expandir nos próximos anos.
1006
Os produtores de cultivos hidropônicos
vêm buscando novas alternativas para uso
em hidroponia, sendo as hortaliças folhosas
e as espécies condimentares, aromáticas e
medicinais boa opção, principalmente em
função da demanda do mercado consumidor por produtos livres de agrotóxicos. O
cultivo hidropônico sob cultivo protegido
reduz muito o uso de agrotóxico oferecendo um produto de melhor qualidade para o
público consumidor. A crescente exigência dos principais mercados por produtos
de boa qualidade e de origem certificada,
produzidos sem agressões ao ambiente,
vêm oferecendo vantagens adicionais para
o uso de hidroponia, principalmente quando se cultivam plantas de interesse farmacêutico.
Segundo Maranca (1986) o gênero
Mentha, comumente conhecido como
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis
hortelãs, compreende espécies com ação
medicinal, sendo conhecidas, principalmente, pelo sabor característico e aroma refrescante. Mentha piperita Linn.,
conhecida popularmente por hortelã-pimenta é uma erva vivaz ou perene, com
caule ramificado, contendo folhas opostas pecioladas ovais e com margem
serrilhada, apresentando cor verde mais
escura na face superior da folha e mais
pálida na inferior. Matos (1998) cita essa
espécie como produtora de óleo essencial rico em mentol, mentona e
mentofurano, sendo estes compostos
mais abundantes nas folhas. O óleo tem
propriedades
antiespasmódica,
antiinflamatória, antiúlcera e antiviral,
sendo de grande importância econômica na indústria farmacêutica. Além do
uso farmacêutico, que exige matéria prima de boa qualidade (SCHILCHER,
1988), o mentol destaca-se como matéria prima importante na indústria de tabaco e de produtos destinados à higiene
bucal e confeito.
Plantas cultivadas em solução nutritiva poderão apresentar rendimento de
óleo essencial até cinco vezes superior
aos encontrados em plantas conduzidas
em cultivos convencionais. O teor de
mentol encontrado nas plantas oriundas
do cultivo hidropônico é superior ao
encontrado em plantas cultivadas em
solo, evidenciando que a maior ou menor disponibilidade de determinados
nutrientes pode alterar rotas bioquímicas específicas, que, por sua vez, irão
produzir componentes do óleo essencial
em proporções diferentes, resultando em
óleos com qualidades distintas (MAIA,
1998). Mairapetyan (1984 apud MAIA,
1998) mostrou que é possível a produção de até cinco vezes mais óleo essencial em cultivos com solução nutritiva
do que na mesma área de solo, obtendo-se óleo com até 60% de mentol, enquanto as plantas cultivadas em solo
produziram óleo com apenas 49% de
mentol.
Conhecida popularmente por
melissa e/ou erva-cidreira verdadeira,
Melissa officinalis L., é uma planta herbácea anual, de caule ramificado a partir da base, formando touceiras de 40 a
60 cm de diâmetro. As folhas grandes
(5 a 8 cm) são pecioladas, de forma oval,
serrilhadas nas pontas, com nervura saHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 1. Posição das plantas no perfil hidropônico. Uberlândia, UFU, 2002.
liente e reticuladas na face inferior
(CORRÊA JUNIOR et al., 1991).
De acordo com Tekel et al. (1997),
as folhas secas de melissa são utilizadas para chá e condimento. O óleo essencial das folhas é largamente utilizado pela indústria farmacêutica, por possuir atividade antioxidativa, antibiótica,
antifúngica, antibacteriana e sedativa.
Objetivou-se com o presente trabalho
avaliar o desenvolvimento da hortelãpimenta e da melissa em diferentes concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999).
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram instalados na
Universidade Federal de Uberlândia, de
21/08/20 a 01/11/2002, em um túnel de
vegetação de 5,5x21x3,5 m, com cobertura superior de filme plástico agrícola
com espessura de 150 micras. Lateralmente o túnel era fechado com tela de
sombreamento de 50%.
O delineamento utilizado para cada
experimento foi o inteiramente
casualizado em esquema em parcelas
subdivididas. Avaliou-se nas parcelas o
efeito das concentrações da solução nutritiva (I - 50%; II - 75%; III - 100%; IV
- 125%) utilizadas durante a fase de
crescimento e nas sub-parcelas o efeito
da posição da planta no perfil
hidropônico (I - inicial; II - intermediária e III – final). A posição inicial do
canal correspondia a parte mais próxima da entrada da solução nutritiva (Figura 1). Foram utilizadas três repetições
e cinco plantas em cada posição com um
total de 12 parcelas e 36 sub-parcelas.
Utilizou-se a solução nutritiva (g/
1000 L de solução), proposta por Furlani
et al. (1999): nitrato de cálcio, 750; nitrato de potássio, 500; fosfato
monoamônio (MAP), 150; sulfato de
magnésio, 400; sulfato de cobre, 0,15;
sulfato de zinco, 0,50; sulfato de
manganês, 1,50; ácido bórico, 1,50;
molibdato de sódio, 0,15 e tenso-Fe®
(FeEDDHMA-6% Fe.), 30.
As duas espécies foram semeadas em
placas de espuma fenólica e irrigadas
com a solução nutritiva diluída em 50%.
Aos 26 dias após a semeadura, as mudas
foram transferidas para a bancada de desenvolvimento sendo utilizada, nesta
fase, solução nutritiva diluída em 75%.
As mudas permaneceram na bancada de desenvolvimento por um período
de 12 dias, quando foram transferidas
para as bancadas de crescimento, e submetidas à irrigação com as quatro concentrações de solução nutritiva.
O ponto de colheita das plantas foi
determinado em função do tamanho comercial. Neste estádio foram avaliadas
as características de altura de plantas,
número de folhas, número de brotos,
massa fresca e seca da parte aérea e raiz.
Os resultados obtidos foram submetidos
à análise estatística de variância e poste1007
L. L. Haber et al.
Figura 2. Crescimento das plantas de Mentha piperita nas diferentes concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002.
Tabela 1. Médias das características avaliadas para a M. officinalis, submetidas a diferentes
concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et al. (1999). Uberlândia, UFU, 2002.
Altura (cm)
PFR (g)
PFPA (g)
PSPA (g)
Inicial
31,66 a
81,12 a
84,73 a
3,66 a
Intermediária
31,43 a
76,58 a
71,87 ab
3,36 ab
Final
27,64 b
59,73 b
62,50 b
2,81 b
Média
30,24
72,48
73,03
3,28
16,292
16,900
16,395
CV (%)
8,138
PFR – Peso fresco da raiz; PFPA – Peso fresco da parte aérea; PSPA – Peso seco da parte
aérea; *Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Interação entre concentração da solução nutritiva e posição das plantas nos canais, para peso seco da raiz de plantas de melissa. Uberlândia, UFU, 2002.
Posição
Concentração (%)
50
75
100
125
Inicial
12,69 a
14,78 a
13,11 a
11,76 a
Intermediária
10,56 ab
8,63 b
11,96 ab
9,97 a
7,67 b
13,91 a
Final
Média (g)
10,30
27,32
8,50 b
11,19
8,83 a
10,19
*Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey (Pd” 0,05).
riormente análise de regressão para as
concentrações da solução nutritiva e teste de Tukey para as posições nos canais,
com auxílio do programa SANEST
(ZONTA; MACHADO, 1984).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hortelã-pimenta
Foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre as concentrações da solução nutritiva no que
se refere à altura das plantas (Figura 2),
com aumento significativo da altura
1008
quando utilizaram-se concentrações de
75 e 100% (máximo em 85,61%), decrescendo a partir deste ponto. A concentração de 125% resultou em menor
altura.
Para alfavaca e cebolinha, nas mesmas concentrações da solução nutritiva
utilizada neste trabalho, Santos et al.
(2002a; 2002b) observaram que as concentrações de 50 e 125% proporcionaram a menor altura de plantas e a menor
produção de matéria fresca de folhas,
respectivamente, com concentrações extremas interferindo de maneira negativa.
Resultados semelhantes a estes foram observados também na cultura da
alface, onde constatou-se que o peso
fresco da alface foi menor nos extremos
de condutividade elétrica (PEREIRA,
2002). Estes resultados evidenciam que
concentrações extremas (maior e menor
concentração) influenciam negativamente o desenvolvimento, possivelmente pela variação da pressão osmótica da
solução, que influencia na absorção de
nutrientes.
Somente para número de folhas foi
observada interação significativa entre
a posição das plantas nos canais de cultivo e as concentrações da solução, com
diferença significativa apenas na concentração de 50%, com a posição mediana apresentando plantas com menor
número médio de folhas. Estes resultados ocorreram, provavelmente devido a
um sombreamento ocasionado pelas
plantas de Melissa officinalis, afetando
as plantas de hortelã-pimenta.
Para as demais características (peso
fresco e seco de raiz, peso fresco e seco
de folhas, e número de brotos) não foi
observada diferença estatística significativa entre os tratamentos.
Melissa
Para as características altura de plantas, peso fresco e seco da parte aérea e
da raiz, houve influência da posição no
canal de cultivo. Em nenhuma das características avaliadas ocorreu influência das concentrações da solução nutritiva, entretanto houve interação dessa
com a posição da planta no canal de
cultivo para peso seco da raiz.
Analisando as características altura
de plantas, peso fresco de raiz e peso
fresco e seco da parte aérea, observouse diferença significativa entre as posições das plantas nos canais de cultivo
(Tabela 1), com melhor desempenho das
plantas cultivadas na posição inicial, as
quais diferiram significativamente das
plantas cultivadas na posição final. Esses resultados refletem uma melhor absorção de nutrientes da solução nutritiva, pelas plantas localizadas no início
dos canais.
Quanto à interação entre as concentrações da solução nutritiva e a posição
das plantas nos canais de cultivo para a
matéria seca da raiz (Tabela 2), foram
observadas nas concentrações de 50 e
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Diferentes concentrações de solução nutritiva para o cultivo de Mentha piperita e Melissa officinalis
100%, diferenças significativas entre as
posições inicial e final, com maior produção de matéria seca na posição inicial, sendo que na concentração de 75%
a posição intermediária apresentou a
menor produção de matéria seca, diferindo significativamente das demais. Na
concentração 125% não houve diferença entre as posições, provavelmente pelo
fato desse tratamento possuir maior concentração de nutrientes, reduzindo a
competição entre plantas ao longo dos
canais. Estes resultados podem ser explicados de maneira semelhante aos
observados para as características altura de plantas, peso fresco e seco da parte aérea, e peso fresco de raiz.
Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre as diferentes concentrações para a variável desenvolvimento das plantas. Schmidt et al.
(2001), avaliando o desempenho de diferentes concentrações de soluções nutritivas para o cultivo da alface, verificaram que não ocorreram diferenças significativas entre as concentrações de 50
e 100% das soluções de Castellane e
Araújo (1995) e Furlani (1995) no cultivo da alface. No cultivo da alfavaca,
realizado nas mesmas condições deste
trabalho, Santos et al. (2002b) observaram diferença entre as concentrações da
solução nutritiva, sendo que a melhor
concentração para altura de plantas foi
de 100%. Maior número de folhas foi
obtido na concentração de 75%, sendo
que o maior peso seco de folhas foi observado na concentração de 125%, concluindo que as plantas tiveram um bom
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
desenvolvimento em todas as concentrações.
Baseando-se nos resultados encontrados conclui-se que o cultivo de
Melissa officinalis em sistema
hidropônico - NFT pode ser feito com a
solução de Furlani et al. (1999), na concentração de 100% com ponto de colheita antecipado em relação ao campo,
porém com a altura da planta reduzida
a 30 cm.
O cultivo de Mentha piperita pode
ser feito com a solução de Furlani et al.
(1999), na concentração reduzida a 85%,
com redução do ciclo da cultura em 20
dias, quando comparado às condições
de campo. Concentrações extremas,
como 50 e 125% da referida solução
interferem negativamente no crescimento de plantas de Mentha piperita, não
sendo recomendadas para o seu cultivo.
LITERATURA CITADA
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Produtividade e armazenamento de cebola cv. Alfa Tropical cultivada
em diferentes espaçamentos
Geraldo M. de Resende; Nivaldo Duarte Costa
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes espaçamentos
entrelinhas e entre plantas sobre as características produtivas e o
armazenamento de bulbos de cebola, conduziu-se um experimento
de setembro de 1999 a março de 2000, em Petrolina. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, no esquema fatorial
2x3, compreendendo dois espaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15 m)
e três espaçamentos entre plantas (0,10, 0,20 e 0,30 m), sendo utilizada a cultivar Alfa Tropical com quatro repetições. Foram encontradas reduções lineares na produtividade comercial com o aumento
do espaçamento entre plantas, tendo o espaçamento com 0,10 m
propiciado os maiores rendimentos. Uma redução gradativa na produção de bulbos não comerciais foi verificada à medida que se aumentou o espaçamento entrelinhas e plantas. A massa fresca dos
bulbos aumentou linearmente à medida que se aumentaram os
espaçamentos entrelinhas e entre plantas. Foi verificada maior porcentagem de bulbos pequenos e médios nos menores espaçamentos.
À medida que se incrementou o espaçamento entre plantas ocorreu
maior perda de massa fresca dos bulbos de cebola até 60 dias de
armazenamento. Pelos resultados obtidos em função das diferentes
características avaliadas, recomenda-se os espaçamentos de 0,10 ou
0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plantas como os mais adequados
para o cultivo da cebola cultivar Alfa Tropical, nas condições do
Vale do São Francisco, para plantio no segundo semestre do ano.
Yield and storage of onion, cv. Alfa Tropical, under different
planting spacings
Palavras-chave: Allium cepa, rendimento, densidade de plantio,
perda de massa fresca de bulbos.
Keywords: Allium cepa, yield, fresh mass of bulb, planting density,
bulb mass fresh loss.
The effect of different plant spacing was evaluated on yield and
storage characteristics of onion bulbs. The experiment was carried
out from September 1999 to March 2000, in Pernambuco State,
Brazil, in a randomized complete block design, in a 2 x 3 factorial
scheme, with four replications. The cultivar Alfa Tropical was planted
at 0.10 and 0.15 m row spacing and at 0.10; 0.15 and 0.30 m plant
spacing. A linear reduction was found for commercial yield when
plant spacing increased, the highest yield being obtained with 0.10
m spacing. A linear reduction in noncommercial bulbs was found as
the spacing between rows and between plants was increased. Bulbs
fresh weight increased linearly as the spacing between rows and
between plants increased. Larger percentage of small and medium
bulbs was obtained in the narrowest spacing. As spacing between
plants increased, a larger lose of onion bulb weight was found up to
60 days of storage. According to the results, the spacing 0.10 x 0.10
m or 0,15 x 0.10 m are recommended as the more adapted for the
cultivation of onion cultivar Alfa Tropical, in the São Francisco Valley
conditions, for the summer season planting.
(Recebido para publicação em 11 de março de 2005 e aceito em 3 de agosto de 2005)
A
produção mundial de cebola
(Allium cepa L.), em 2004, foi de
53,59 milhões de t, cultivadas em uma
área 3,07 milhões de ha, o que proporcionou uma produtividade média de
17,46 t ha-1 (FAO, 2005). No Brasil, a
cebola ocupa o terceiro lugar em importância econômica entre as hortaliças
(SOUZA; RESENDE, 2002). A produtividade média foi de 17,88 t ha-1 em
2004, sendo que nos estados de PE e BA,
maiores produtores do Nordeste, a produtividade média foi de 21,16 e 24,25 t
ha-1, respectivamente (IBGE, 2005).
A cebola é planta de dias longos
quanto à formação de bulbos, e as cultivares designadas de dias curtos não são,
particularmente, plantas de dias curtos;
simplesmente exigem menos horas de
luz para bulbificarem (MELO; RIBEI1010
RO, 1990). A formação de bulbos está
relacionada com a interação entre a temperatura e o fotoperíodo. Nesta interação
o fator mais importante é o fotoperíodo
e o mesmo determina os limites de adaptação de cultivares (GALMARINI,
1997).
Em plantas conduzidas sob condições ideais, a bulbificação é acelerada
com alta densidade de plantas
(RABINOWITCH; BREWSTER,
1990). Estudando os espaçamentos de
10 x 15 cm e 20 x 15 cm, Viegas
D’Abreu (1996), verificou que a maior
produtividade foi obtida no menor
espaçamento (10 x 15 cm), e que a maior
massa fresca do bulbo (145,7 g bulbo-1)
foi verificada no maior espaçamento
comparado aos 118 g bulbo-1 obtido com
10 x 15 cm.
A produtividade comercial aumentou e a massa fresca do bulbo diminuiu
quando o número de linhas por canteiro
passou de duas para quatro e o
espaçamento entre plantas reduziu de
21,9 para 7,6 cm. A maior porcentagem
de bulbos pequenos e médios foi
verificada nos menores espaçamentos
(STOFFELLA, 1996). Kanton et al.
(2002) observaram aumento na produtividade com o incremento da densidade de plantio (37,04 para 156,25 plantas/m2), assim como menor altura de
planta e massa fresca do bulbo, relatando que densidades acima de 76,92 plantas por metro quadrado como as que
proporcionam maiores produtividades
de bulbos comerciais. Lopes et al.
(2004), avaliando a influência da densidade de plantas sobre a produtividade
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos
em três espaçamentos (0,20; 0,30 e 0,40
m x 0,08 m), constataram que no menor
espaçamento (0,20 x 0,08 m) foi obtida a
maior produtividade comercial e menor
diâmetro do bulbo.
O incremento na densidade de plantio
proporcionando aumento na produtividade total e redução do tamanho do bulbo é
também relatado por outros autores
(BREWSTER; SALTER, 1980;
HARTRIDGE-ESH; BENNET, 1980;
MCGEARY, 1985). Por outro lado, Sabota e Downes (1981) não observaram
diferenças significativas na produtividade quando compararam duas populações
de plantas (192.940 e 257.320 plantas ha-1),
na cultivar Texas Grano. Da mesma forma, avaliando duas densidades de plantio
(7,5 cm entre plantas e 12,5 e 15,0 cm
entrelinhas), Aujla e Madan (1992) não
encontraram diferenças na produtividade
e na altura da planta. Entretanto, o maior
espaçamento aumentou o número de folhas e o diâmetro transversal do bulbo.
A região Nordeste, representada pelos estados de Pernambuco e Bahia, privilegiada pelas suas condições climáticas,
pratica a semeadura de janeiro a dezembro, com maior concentração de plantio
nos meses de janeiro a março, possibilitando escalonamento de plantio e produção com oferta em diferentes períodos. No
entanto, comparativamente ao primeiro
semestre ocorrem menores produtividades no segundo semestre. Todavia, com o
lançamento da cultivar Alfa Tropical recomendada para plantio de verão e no segundo semestre na região, sob condições
de temperatura elevada e fotoperíodo crescente (COSTA et al., 2002), vislumbra-se
uma nova era para a cebolicultura no Nordeste, pela possibilidade de maior produção na entressafra, e possivelmente
viabilizando a substituição da importação
do produto (MENDONÇA, 2001).
Procurando fornecer maiores informações técnicas sobre o cultivo da cebola
Alfa Tropical no segundo semestre do ano,
no presente trabalho avaliou-se o efeito
de diferentes espaçamentos sobre as características produtivas e de
armazenamento dos bulbos, nas condições
do Vale do São Francisco.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido de setembro de 1999 a março de 2000, na
Embrapa Semi-Árido em Petrolina, a 9o
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
24' de latitude Sul e 40o 29' de longitude Oeste, e 365,5 m de altitude. O solo
classificado como Latossolo Vermelho
Amarelo Distrófico apresentou pH
(H2O) = 6,1; Ca = 2,1 cmolc/dm3; Mg =
0,7 cmolc/dm3; Na = 0,01 cmolc dm-3; K
= 0,28 cmolc dm-3; Al = 0,05 cmolc dm-3,
P(Mehlich) = 7,2 mg dm-3 e M.O. = 6,9
g kg-1.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2x3, compreendendo dois
espaçamentos entrelinhas (0,10 e 0,15
m) e três espaçamentos entre plantas
(0,10; 0,20 e 0,30 m) com quatro repetições. A unidade experimental constituiu-se de um canteiro de 3,0 m de comprimento por 1,2 m de largura, sendo
utilizada como área útil 1,8 m2 (3,0 x
0,6 m). A adubação de plantio foi realizada com 600 kg ha-1 da fórmula NPK
6-24-12, baseada no resultado da análise do solo. Foram aplicados em cobertura 200 kg ha-1 de uréia e 50 kg ha-1 de
cloreto de potássio, parcelados aos 15 e
30 dias após o transplante.
Foi utilizada a cultivar Alfa Tropical, desenvolvida pela Embrapa Hortaliças, recomendada para plantio de verão, sendo a semeadura feita em 24/09/
1999 e o transplante efetuado 30 dias
após.
O preparo do solo constou de aração,
gradagem e levantamento dos canteiros
a 0,20 m de altura. A cultura foi mantida
no limpo através de capinas manuais. A
irrigação por microaspersão foi realizada três vezes por semana, com lâminas
em torno de 10 mm, baseada na evaporação do tanque classe A, e suspensas
20 dias antes da colheita. Os demais tratos fitossanitários foram realizados de
acordo com as recomendações para a
cultura da cebola.
A colheita foi realizada em 100 dias
após a semeadura quando 70% das plantas estavam estaladas, com sinais avançados de senescência, como
amarelecimento e seca das folhas. A cura
foi realizada ao sol por três dias e 12
dias à sombra em galpão ventilado.
Foram avaliadas a produtividade
comercial de bulbos (bulbos perfeitos e
com diâmetro transversal >35 mm) e
refugos (bulbos com diâmetro <35 mm)
expressos em t ha-1, aos 15 dias após a
cura. A massa fresca de bulbo (g bulbo-1)
foi determinada dividindo-se o peso de
bulbos comerciais após a cura pelo número de bulbos. Após o período de cura,
os bulbos foram armazenados à temperatura ambiente e realizadas pesagens
aos 20; 40 e 60 dias (temperatura e umidade relativa médias no período de
27,2°C e 74%, respectivamente), sendo
os valores comparados àqueles obtidos
ao final da cura (15 dias após colheita).
Os valores foram transformados em
porcentagem de perda de massa fresca.
A classificação de bulbos comerciais
segundo o diâmetro transversal (mm) foi
feita de acordo com Brasil (1995) em
classe 2 (>35 até 50 mm de diâmetro);
classe 3 (>50 até 70 mm); classe 4 (>70
ate 90 mm) e classe 5 (>90 mm);, sendo
os resultados expressos em porcentagem.
Segundo a metodologia descrita por
Pimentel Gomes (2000), os dados
coletados foram submetidos à análise de
variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, e regressão polinomial. Os
dados de porcentagem foram transformados em arco-seno P / 100 para
efeitos de análise, sendo apresentados
nos resultados as médias originais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Efeitos
significativos
para
espaçamentos entrelinhas e entre plantas, assim como para a interação foram
obtidos para produtividade comercial.
Verificou-se reduções lineares na produtividade dos espaçamentos entre linhas com o aumento do espaçamento
entre plantas (Figura 1). Desdobrandose a interação em função do
espaçamento entre linhas observou-se
maior produtividade média (47,05 t ha-1)
do espaçamento 0,10 m entrelinhas
comparativamente ao espaçamento de
0,15 m (41,11 t ha-1) nos diferentes
espaçamentos entre plantas. A população de plantas ideal a ser empregada é
aquela suficiente para atingir o índice
de área foliar ótimo a fim de interceptar
o máximo de radiação solar útil à
fotossíntese e ao mesmo tempo
maximizar a fração da matéria seca
alocada às partes vegetativas e produtivas (HAO; PAPADOPOULOS, 1999),
diminuindo as pressões de competição
1011
G. M. Resende e N. D. Costa
Figura 1. Produtividade comercial de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos
0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina, Embrapa
Semi-Árido, 1999/2000.
Figura 2. Refugos (produtividade não comercial) de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical,
nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas.
Petrolina-PE, Embrapa Semi-Árido, 1999/2000.
interplantas. Os resultados obtidos confirmam as observações de que as cebolas respondem especialmente à variação
no espaçamento entre plantas
(FILGUEIRA, 1982; MELO et al.,
1988). A produtividade da cebola também aumentou à medida que se diminuiu
à distância entrelinhas, fato também relatado por diversos autores em diferentes épocas (MANGUAL-CRESPO et al.,
1979; LOPES, 1987; STOFFELLA,
1996; BOFF et al., 1998).
Resultados similares foram obtidos
no que se refere à produção de refugo
(bulbos não comerciais), ou seja, verificou-se uma redução linear gradativa
na produção de bulbos não comerciais
à medida que se aumentou o
1012
espaçamento entre plantas (Figura 2).
Desdobrando-se a interação em função
do espaçamento entre linhas observouse que o espaçamento de 0,10 m entrelinhas apresentou maior produção média
de refugos (2,52 t ha-1) comparativamente
ao espaçamento de 0,15 m (1,40 t ha-1).
Estes resultados mostram relação inversa entre o aumento ou redução do
espaçamento entrelinhas e entre plantas
na produtividade de bulbos de cebola. Em
baixas populações se produz, geralmente, baixos rendimentos e alta porcentagem de bulbos médios e grandes. Em
cultivos com densidades maiores que a
ótima, apesar de maior produtividade
tem-se bulbos pequenos e desuniformes
de menor qualidade comercial (refugos),
comparativamente ao cultivo em densidade adequada.
Notou-se para massa fresca do bulbo efeito significativo da interação dos
fatores. Foi verificado que a massa fresca do bulbo aumentou linearmente à
medida que se aumentaram os
espaçamentos entre plantas. Este incremento foi da ordem de 34,9% e 55,91%,
respectivamente, para os espaçamentos
de 0,10 e 0,15 m entrelinhas (Figura 3).
No que se refere aos espaçamentos entrelinhas constatou-se bulbos com maiores médias de massa fresca no
espaçamento de 0,15 m (102,57 g bulbo-1) comparativamente ao espaçamento
de 0,10 m (85,88 g bulbo-1), dentro dos
espaçamentos entre plantas. Salienta-se
que a maior massa fresca do bulbo foi
obtida tanto com o aumento do
espaçamento entre plantas quanto com
o espaçamento entrelinhas, o que, está
relacionado à maior área de exploração
das raízes e menor competição
interplantas por água, luz e nutrientes.
O incremento da densidade, reduzindo
o diâmetro e a massa fresca do bulbo é
relatada por Lopes (1987) e Lopes et al.
(2004). A diminuição da massa fresca
do bulbo com o incremento da densidade de plantio foi também observada por
outros autores (GALMARINI;
GASPERA, 1995; STOFFELLA, 1996;
LIPINSKI et al., 2002; KANTON et al.,
2002). Segundo Souza e Resende
(2002), o mercado consumidor nacional prefere bulbos de tamanho médio
com pesos de 80 a 100 gramas e diâmetro transversal de 40 a 80 mm, que se
enquadram perfeitamente dentro das
faixas de tamanho de bulbo obtidas no
presente estudo.
A classificação de bulbos de cebola
foi influenciada pela interação entre os
fatores (Tabela 1). No que se refere à
classificação de bulbos classe 2, constatou-se para os espaçamentos de 0,10
e 0,15 m entrelinhas reduções lineares
deste tipo de bulbo com o aumento do
espaçamento entre plantas, que são menores comparativamente às demais classes. Com relação ao desdobramento da
interação no sentido do espaçamento
entrelinhas verificou-se que o
espaçamento de 0,10 apresentou maior
número de bulbos médios nesta classe
dentro dos diferentes espaçamentos
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Produtividade e armazenamento de cebola, cv. Alfa Tropical, cultivada em diferentes espaçamentos
(33,45%) quando comparado ao
espaçamento de 0,15 m (23,12%).
Resultados inversos foram verificados para a classe 3 (bulbos de tamanho
intermediário), pois, ocorreram aumentos lineares com o incremento do
espaçamentos entre plantas. Desdobrando-se a interação, não se observou para
os maiores espaçamentos entre plantas
(0,20 e 0,30 m) diferenças significativas dentro dos espaçamentos de 0,10 e
0,15 m entrelinhas; fato este que só foi
verificado quando da utilização do menor espaçamento entre plantas (0,10 m),
que proporcionou maior percentagem de
bulbos desta classe no espaçamento de
0,10 m entre linhas (54,43%) comparativamente a 0,15 m entrelinhas
(49,20%).
Para a classe 4, composta de bulbos
de maior tamanho, registrou-se efeitos
semelhantes (Tabela 1) aos anteriores
ocorrendo aumentos lineares com o incremento do espaçamentos entre plantas. No entanto, desdobrando-se em função dos espaçamentos entrelinhas as
maiores percentagens médias de bulbos
desta classe foram obtidas no
espaçamento de 0,15 m entrelinhas
(24,14%) comparado ao espaçamento de
0,10 m (10,82%). Estes resultados demonstram o efeito da densidade de plantio como fator determinante na produção de cebola ao mesmo tempo que corroboram com os obtidos por Viegas
D’Abreu (1996), que obteve maior tamanho de bulbo no maior espaçamento, assim como os obtidos por Stoffella (1996)
que verificou maior porcentagem de bulbos pequenos e médios nos menores
espaçamentos, e Rumpel e Felczynski
(2000) que encontraram redução na produção de bulbos maiores com o incremento da densidade de plantio.
As pressões exercidas pela população de plantas afetam de modo marcante
o desenvolvimento da cebola. Os resultados obtidos no presente trabalho evidenciaram uma relação inversa entre a
densidade de plantio e o tamanho do
bulbo. De forma geral, altas densidades
produzem maior número bulbos por
área, mas com menor massa fresca e
consequentemente menor produtividade comercial; fato este atribuído principalmente às pressões de competição
interplantas. Quando a densidade de
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 3. Massa fresca do bulbo de cebola, cv. Alfa Tropical, nos espaçamentos 0,10 e 0,15
m entrelinhas em função dos espaçamentos entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa SemiÁrido, 1999/2000.
Tabela 1. Equações de regressão para classificação de bulbos de cebola, cv. Alfa Tropical,
em classes (%), segundo o diâmetro transversal nos espaçamentos 0,10 e 0,15 m entrelinhas
em função dos espaçamentos 0,10; 020 e 0,30 m entre plantas. Petrolina-PE, Embrapa SemiÁrido, 1999/2000.
Classes¹
classe 2
classe 3
classe 4
Equações de regressão
Y (0,10 m) = 49,9067 - 72,8530* * X
R² = 0,95
Y (0,15 m) = 59,9518 - 156,0420* * X
R² = 0,95
Y (0,10 m) = 41,2463 + 31,4903* * X
R² = 0,90
Y (0,15 m) = 32,0498 + 62,4829* * X
R² = 0,85
Y (0,10 m) = 5,8051 + 67,0393* * X
R² = 0,94
Y (0,15 m) = 11,4103 + 90,1114* * X
R² = 0,93
** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F.; 1classe 2: >35 até 50 mm
de diâmetro; classe 3: >50 até 70 mm e classe 4: >70 ate 90 mm.
plantas aumenta por unidade de área,
atinge-se um ponto no qual as plantas
competem por fatores essenciais de crescimento, como nutrientes, luz e água.
A perda de peso aos 20; 40 e 60 dias
após cura (DAC) apresentou efeitos significativos apenas para o espaçamento
entre plantas, não se constatando efeito
significativo para o espaçamento entrelinhas e nem para a interação dos fatores. Para perda de peso aos 20 (Y =
7,5386 + 12,8168**X; R2 = 0,99), 40
(Y =17,7093 + 10,8710**X; R2 = 0,92)
e 60 (Y = 16,0176+ 32,4786**X; R2 =
0,99) dias após cura, verificou-se aumentos lineares evidenciando maiores
perdas de peso com o incremento dos
espaçamentos. Pelos coeficientes angulares das equações de regressão, estimase esta perda de massa em 1,28, 1,09 e
3,25% para cada aumento do
espaçamento entre plantas (0,10 m) para
20, 40 e 60 DAC. Inferiu-se por estes
resultados, que a maior perda ocorreu
em espaçamentos maiores, que determinaram maior tamanho de bulbos, com
conseqüente maior teor de água nos bulbos. Calbo et al. (1980) observaram perdas de 30% a 100% em bulbos de cebola Baia Periforme armazenadas até 70
dias, a granel e réstias em diferentes recipientes, assim como Resende et al.
(2004) informam para a cultivar Texas
Grano 502 PPR que o espaçamento de
0,30 x 0,15 m foi o que promoveu maior
percentagem de perda de peso de bulbos (43,16%), sob as condições do Vale
do São Francisco, armazenadas até 60
dias após a cura.
Pelos resultados obtidos em função
das diferentes características avaliadas,
recomenda-se os espaçamentos de 0,10
x 0,15 m entrelinhas e 0,10 m entre plantas como os mais adequados para o cul1013
G. M. Resende e N. D. Costa
tivo da cebola cultivar Alfa Tropical, nas
condições do Vale do São Francisco, para
plantio no segundo semestre do ano.
LITERATURA CITADA
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Desempenho de genótipos de tomateiro sob cultivo protegido
Cátia Regina B. Eklund1; Luiz Carlos S. Caetano2; Aldo Shimoya1; José Márcio Ferreira2; Jakeline M.R.
Gomes2
1
Bolsista FAPERJ/Pesagro-Rio; 2Pesagro-Rio/EEC, C. Postal 114331, 28080-000 Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o desempenho dos genótipos de tomate cultivados sob cultivo protegido nas condições do Norte
Fluminense, foi conduzido um experimento na Estação Experimental de Campos, Pesagro-Rio, de maio a setembro de 2001. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com sete
tratamentos (cinco cultivares híbridas: Bonus, Cronos, Erika,
Pegasus, Vitara e duas cultivares de polinização aberta: Santa Clara
e Santa Cruz), com quatro repetições. Vitara se destacou por apresentar frutos com maior número de lóculos (5,25), comprimento
(53,67 mm), diâmetro (69,79 mm) e peso médio (147,35 g).
Performance of tomato genotypes grown under protected
cultivation
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, produtividade, qualidade
de fruto, estufa.
Keywords: Lycopersicon esculentum, yield, fruit quality, greenhouse.
The performance of seven tomato genotypes was evaluated under
protected cultivation in an experiment conducted in the North
Fluminense region, Rio de Janeiro State, Brazil, from May to
September 2001. The experimental design was a randomized
complete block with seven treatments (five hybrids: Bonus, Cronos,
Erika, Pegasus, Vitara and two cultivars: Santa Clara and Santa Cruz),
with four replications. Vitara hybrid produced fruits with highest
number of locules (5,25), length (53,67), diameter (69,75 mm) and
average weight (147,35 g).
(Recebido para publicação em 8 de setembro de 2004 e aceito em 3 de agosto de 2005)
A
produção do tomate, bem como de
outras hortaliças, não apresenta
abastecimento regular ao longo do ano
devido à diminuição na oferta do produto durante os períodos em que as condições climáticas são menos favoráveis,
principalmente alta temperatura e umidade (AMBRÓSIO; NAGAI, 1991;
MARTINS, 1991). Quando o tomateiro
é exposto a temperaturas extremas, ocorrem baixa produtividade e qualidade dos
frutos (MINAMI; HAAG, 1989; GOTO,
1995; REGHIN, 1996). A umidade do
solo é outro fator limitante para sua produção, pois a umidade relativa do ar
depende em parte da evaporação da água
do solo, a qual associada à presença de
água livre nos órgãos aéreos da planta,
provoca o aparecimento de doenças,
cujo controle fica muito mais difícil de
ser alcançado (GOTO, 1995).
Uma das alternativas para se superar as limitações de origem ambiental é
a produção sob cultivo protegido, produzindo frutos de melhor qualidade. O
cultivo protegido permite total ou parcial controle da velocidade do vento,
umidade relativa, temperatura ambiente, proteção contra chuvas pesadas
(MARTINS, 2000); reduz o uso de
agrotóxicos, além de fortalecer os conceitos
de
qualidade
total,
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
competitividade por melhores produtos
no mercado, oferta programada e produtos diferenciados (FONTES,1999).
O tomateiro apresenta pleno desenvolvimento nesta modalidade de cultivo, com incrementos de produção que
variam de 17 a 77% ou até 5 a 8 vezes
superior àqueles obtidos em campo
aberto (MARTINS et al., 1992).
Quando se associa genótipos com
alto potencial produtivo e manejo de
condições ambientais favoráveis obtêmse elevados índices de produtividade,
proporcionando aumentos de produção
de 25 a 40% devido à maturação precoce, melhor uniformidade, maior vigor
inicial e desenvolvimento, melhor qualidade de frutos, resistência a doenças e
capacidade de adaptação mais ampla
(MELLO et al., 1988).
O objetivo do experimento foi avaliar o desempenho de sete genótipos de
tomate, conduzidos sob cultivo protegido na região de Campos dos
Goytacazes, norte do Estado do Rio de
Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho constituiu-se de um experimento conduzido em ambiente protegido (casa-de-vegetação) na Estação
Experimental da Pesagro-Rio, em Campos dos Goytacazes, RJ entre maio e
setembro de 2001, em solo classificado
como Cambissolo. O delineamento experimental utilizado foi de blocos
casualizados com quatro repetições e
sete tratamentos representados por cinco híbridos de tomate (Lycopersicum
esculentum L.), Bonus, Cronos, Erika,
Pegasus, Vitara e duas cultivares Santa
Clara e Santa Cruz. Os genótipos apresentam crescimento indeterminado, com
exceções do Vitara e Pegasus e fruto tipo
caqui, com exceções dos híbridos
Cronos e Érika, que são do tipo salada.
A semeadura foi feita em 20/04/2001
em bandejas de isopor com 128 células,
empregando-se como substrato o
Plantmax e transplantadas em 14/05/
2001, no espaçamento de 0,8 m entre
fileiras e 0,5 m entre plantas, sendo cada
parcela experimental composta por uma
linha de 6,0 m de comprimento
totalizando 12 plantas, sendo oito plantas centrais utilizadas como úteis.
O solo onde foi conduzido o experimento apresentou as seguintes características químicas e físicas: pH(água) = 6,3;
S-SO4 = 105 mg/dm3; P = 231 mg/dm3;
K = 13,0 mmolc/dm3; Ca = 63,1 mmolc/
dm3; Mg = 41,1 mmol c/dm 3; Al = 0
mmolc/dm3; H+Al = 15,3 mmolc/dm3;
1015
C. R. B. Eklund et al.
Tabela 1. Médias das características número de lóculos (NDL), espessura da polpa (EDP), comprimento dos frutos (CFR), diâmetro do
frutos (DFR), relação comprimento/diâmetro de fruto (RCD), produção total de frutos (PTF), número total de frutos por ha (NTF), número
de frutos comerciais por ha (NFC), peso médio de frutos comerciais (PFC) e produção de frutos comerciais (PCO) obtidas de dados de sete
genótipos de tomate. Campos dos Goytacazes, PESAGRO, 2001.
Genótipo
NDL
PFC (g)
PCO (t/ha)
Bonus
2,25c
0,625a
51,43ab
51,04f
1,01a
56,98a
843750,a
574219,a
74,57c
42,81 a
Cronos
4,00ab
0,575a
44,44c
57,69cd
0,77c
45,79a
543750,c
371094,bc
86,83c
32,24 a
Erika
3,25bc
0,625a
48,69bc
63,45b
0,76c
58,12a
559375,bc
339844,bc
111,32 b
38,14 a
Pegasus
3,25bc
0,650a
45,77c
59,06c
0,77c
68,58a
775781,ab
487500,ab
92,53 bc
45,16 a
Sta Clara
2,25c
0,675a
50,63ab
54,9de
0,92b
54,63a
709375,abc
420313,ab
87,46 c
36,63 a
Sta Cruz
2,50c
0,625a
54,42 a
53,23ef
1,02a
54,88a
772656,ab
439844,ab
84,48 c
35,77 a
Vitara
5,25a
0,600a
53,67a
69,79a
0,76c
65,55a
497656,c
247656,c
3,9
2,7
2,0
18,7
14,5
17,9
C.V. (%)
19,5
EDP (mm) CFR (mm) DFR (mm)
10,7
RCD
PTF (t/ha)
NTF
NFC
147,35 a
10,4
36,81 a
20,4
¹
Médias seguidas pela mesma letra na mesma coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Na = 1,5 mmolc/dm3; C = 32,9 g/dm3;
MO = 56,7 g/dm3; CTC = 134,0 mmolc/
dm3; SB = 118,7 mmolc/dm3; V = 89 %;
Saturação Al = 0%; Saturação de Na =
1%; Fe = 270,0 mg/dm3; Cu = 2,8 mg/
dm3; Zn = 19,4 mg/dm3; Mn = 49,0 mg/
dm3; B = 0,54 mg/dm3; Areia = 56%;
Argila = 16%; e Silte = 28%. A adubação de plantio foi realizada com 15 t/ha
de esterco de curral curtido, 200 kg/ha
de K2O, 500 kg/ha de P2O5. Em cobertura aplicaram-se 679 kg/ha de uréia,
parcelada em cinco vezes, de 20 em 20
dias a partir de 28/05/2001, via água de
irrigação por gotejamento. O
tutoramento foi feito com fitilho amarrado no colo das plantas, enrolado ao
redor das mesmas e a outra extremidade da fita amarrada ao arame disposto
na horizontal a 1,80 m de altura. As plantas foram conduzidas com uma haste
principal, eliminando-se todas as
brotações laterais. Estas sofreram poda
apical após a emissão do oitavo cacho.
Os parâmetros de produção avaliados a partir da primeira colheita, que se
iniciou dois meses após o transplantio,
foram: comprimento do fruto (mm), diâmetro do fruto (mm), relação comprimento/diâmetro do fruto, produção total de frutos (t/ha), número total de frutos por hectare, número de frutos comerciais por hectare, peso médio de frutos
(g), produção de frutos comerciais (t/
ha), espessura da polpa (mm) e número
de lóculos. Para espessura e número de
lóculos foram amostradas ao acaso, cinco frutos por parcela, onde estes foram
seccionados na parte mediana para avaliações. Para comprimento (C), diâmetro (D) e relação comprimento/diâme1016
tro do fruto (C/D), retirou-se ao acaso
10 frutos por parcela, medindo-se com
um paquímetro o comprimento e o diâmetro destes frutos (mm). Pela relação
comprimento/diâmetro avaliou-se o formato dos frutos produzidos: C/D<1; C/
D=1 e C/D>1 correspondendo, respectivamente, às formas achatada, redonda
e oblonga (ARAÚJO,1997).
Os dados coletados foram submetidos à analise de variância e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentadas as 10
características do tomate avaliadas no presente trabalho. Com exceção da espessura da polpa, produção total de frutos e produção de frutos comerciais, os genótipos
de tomate apresentaram diferenças significativas para as outras características estudadas. Para a relação comprimento/diâmetro do fruto (RCD), apenas os genótipos
Bonus e Santa Cruz apresentaram médias
superiores a 1, indicando formato oblongo. Para os demais genótipos, os frutos
foram de formato achatado (C/D<1). O
híbrido Vitara se destacou por apresentar
os maiores valores para as médias das seguintes características: número de lóculos
(NDL), comprimento do fruto (CFR), diâmetro do fruto (DFR) e peso médio de frutos comerciais (PFC), contudo, foi o
genótipo que apresentou o menor número total de frutos produzidos (NTF) e número de frutos comerciais (NFC) com
cerca de 50% de frutos não comerciais.
Embora os genótipos não tenham
apresentado diferenças significativas para
produtividade total de frutos e produtivi-
dade de frutos comerciais, deve-se destacar os genótipos Pegasus e Bonus por
apresentarem médias superiores a 56,9 t/
ha (produtividade total de frutos) e 42,8 t/
ha (produtividade de frutos comerciais).
O genótipo Bonus apresentou a menor
média de peso médio de frutos comerciais,
podendo este resultado ser atribuído ao
alto número de frutos produzidos. Em
complemento, o mesmo híbrido apresentou elevada produção de frutos comerciais
e, conseqüentemente, menor número de
frutos não comerciais. Já o genótipo
Pegasus, em relação ao Bonus, apresentou uma capacidade inferior de produzir
unidades de frutos totais e comerciais, entretanto, esta foi compensada pela alta produção total de frutos (PTF).
Comparando-se os resultados de produtividade com os níveis de produtividade (90 a 150 t/ha) de frutos utilizando as
novas cultivares híbridas de crescimento
indeterminado, em cultura tutorada e acima de 150 t/ha em estufa, relatadas por
Filgueira (2000), deduz-se que as produtividades dos genótipos no presente trabalho foram baixas. Isso se atribui à deficiência de irrigação causada por problemas mecânicos, que impediu a manifestação do potencial produtivo, principalmente dos híbridos. Os resultados são,
entretanto, um importante indicativo para
o cultivo protegido do tomateiro na região
onde foi conduzido o experimento
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Técnicas de colheita para tomate de mesa1
Marcos David Ferreira2; André T.O. Franco3; Marcelo Tavares4
2/
UNICAMP, Fac. Eng. Agrícola, C. Postal 6011, 13083-875 Campinas-SP; E-mail: [email protected]; 3/UNICAMP, Fac.
Eng. Alimentos, C. Postal 6121, 13081-970 Campinas-SP; 4/UFU, Fac. Matemática, Bairro Sta. Mônica, 38408-100 Uberlândia-MG
RESUMO
ABSTRACT
Comparou-se a qualidade de frutos provenientes de colheita utilizando cestas de bambu e sacolas de lona plástica em campos de
produção na região de Mogi-Guaçu, SP. Utilizou-se como testemunha frutos não submetidos ao manuseio. O delineamento utilizado
foi inteiramente casualizado em esquema fatorial (sistemas de colheita x dias após a colheita) com três repetições. Foram observados
o tempo de colheita, incidência de danos físicos (%) originados no
campo e/ou no processo de colheita, perda de masa (%) durante o
armazenamento, e a qualidade visual após armazenamento por 21
dias a temperatura ambiente (23oC). O tempo necessário para realizar a colheita no mesmo número de plantas utilizando-se cesta de
bambu foi superior em 20%, em relação à sacola plástica. A incidência de danos físicos (%) e perda de massa (%), apesar de maiores
nos frutos colhidos com sacola, não foram significativamente diferentes dos colhidos com cestas de bambus. Observou-se maior perda de massa (%) durante o armazenamento nos frutos colhidos utilizando-se sacolas de lonas plásticas. Após armazenamento por 21
dias, frutos colhidos com sacola plástica apresentavam maiores perdas do que aqueles colhidos utilizando-se cestas de bambu, principalmente devido a danos físicos e podridões.
Harvesting methods for fresh market tomatoes
Quality of tomato fruits harvested using traditional bamboo
baskets was compared to fruits harvested using harvest bags in the
Mogi Guaçu region, São Paulo State, Brazil. Fruits not submitted to
handling were used as control. The trial was totally randomized
(harvest system x days after harvest) in a factorial design. The
observed data were time spent for each harvest operation, mechanical
injury (%) caused either in the field or/and in the process of
harvesting, weight loss (%) during storage and final quality of fruits
after storage for 21 days at room temperature (23°C). The time
necessary for the harvest with bamboo baskets was 20% higher than
using plastic bags. The results showed that weight loss (%) and injury
incidence (%) using harvesting bags were higher than the harvest
using bamboo baskets. Weight loss (%) was higher in fruits harvested
with plastic bags during storage. After storage during 21 days,
tomatoes harvested using plastic bag showed higher losses than fruits
picked using bamboo baskets due to mainly mechanical injury and
diseases.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, cestas de bambu, sacolas plásticas, danos físicos, qualidade dos frutos.
Keywords: Lycopersicon esculentum, bamboo basket, harvesting
bags, mechanical injury, fruit quality.
(Recebido para publicação em 25 de junho de 2004 e aceito em 31 de julho de 2005)
A
produção anual brasileira de tomate representa 3% de toda a produção mundial, colocando o país em nono
lugar em toneladas produzidas (FNP
CONSULTORIA & COMÉRCIO,
2001). Em 2001, de acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), o volume comercializado de tomate para consumo foi de 152 mil t, com preço médio
de US$ 0,28/kg (FNP CONSULTORIA
& COMÉRCIO, 2001). Após a colheita,
o tomate apresenta-se como um fruto altamente perecível. O fruto maduro possui vida média de prateleira de uma semana, com perdas variando entre 25 e
50%, enquanto o fruto parcialmente maduro apresenta vida útil de até duas semanas, com 20 a 40% de perdas pós-colheita (BARRET REINA, 1990). Mukai
e Kimura (1986) também observaram em
estudo que as perdas em tomate varia1
ram de 0 a 50% dependendo do tipo de
varejo e da época do ano. As perdas são
maiores na época chuvosa. Por sua vez,
Tsunechiro et al., (1994) relatam que no
mercado varejista em São Paulo as perdas variaram de 14% em 1976 para
11,8% em 1991. Lana et al. (1999) relatam que as perdas de tomates ocorridas
em uma rede de supermercados variam
de 5 a 25%. A grande maioria deve-se a
perdas por dano mecânico (55,6%) e também por dano fisiológico (4,6%).
As perdas pós-colheita em frutas e
hortaliças são causadas principalmente
por injúrias mecânicas, como, manuseio
e
transportes
inadequados,
armazenamento impróprio, e grande
tempo de exposição no varejo
(CEAGESP, 2002). Injúria mecânica
pode ser causada por mais de um tipo
de força: impacto, compressão e vibração (BRUSEWITZ et al., 1991;
VERGANO et al., 1991). Os impactos
ocorrem na queda do fruto (GARCIA et
al., 1988). A compressão ocorre no contato entre frutos, por exemplo, embalagens lotadas de frutos (BANKS et al.,
1991) ou também durante a colheita,
devido à pressão dos dedos. A vibração
decorre de repetitivos impactos em baixa freqüência entre frutos (MANESS et
al., 1992), ocorrendo geralmente durante
o transporte, causando alta porcentagem
de perdas (JONES et al., 1991). Hortaliças e frutas reagem diferentemente aos
danos físicos (DELWICHE et al., 1989).
Sommer et al., (1960) relatam que peras
são muito mais sensíveis ao impacto do
que às vibrações. Outros frutos como
morangos e maçãs, são mais sensíveis à
compressão (HOLT; SCHOORL, 1976;
HOLT; SCHOORL, 1982).
Danos fisiológicos e patológicos se
dão principalmente, na fase de produ-
Parte do projeto de pesquisa UNIMAC (Unidade Mecânica de Auxílio à Colheita) financiado pela FAPESP.
1018
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Técnicas de colheita para tomate de mesa
ção, transporte e armazenamento. As
injúrias causadas por impactos, compressões, vibrações, cortes e rachaduras
estão relacionadas com alterações fisiológicas, metabólicas, de aroma, sabor
e qualidade em diferentes produtos
hortícolas, tais como, maçãs, pepinos,
batatas e tomates (MORETTI;
SARGENT, 2000). A grande incidência
de danos físicos em tomate acontece
durante a colheita, aumentando durante
o transporte e beneficiamento
(FERREIRA et al., 2003).
Silva e Calbo (1991) avaliaram a
colheita de tomate empregando diversos acessórios e concluíram que a sacola de colheita usada em outros países
(Estados Unidos e Canadá) possibilitou
maior rendimento e menores danos aos
frutos, com menor impacto. No entanto, no Brasil, a colheita de tomates para
consumo in natura é realizada utilizando-se cestas de bambu e transferindo os
frutos para caixas plásticas. Alguns produtores, em busca de uma maior rapidez para o processo de colheita utilizam
sacolas de colheita confeccionadas com
lona plástica originalmente usada para
laranja, podendo ser uma alternativa
para colheita do tomate. Porém, o efeito desta modificação no processo na
qualidade final dos frutos de tomate nas
nossas condições de cultivo ainda é desconhecido.
O objetivo deste trabalho foi avaliar
técnicas de colheita utilizando-se cesta
de bambu e sacola de lona plástica, na
qualidade de tomate cv. Débora.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados frutos de tomate,
cultivar Débora (Sakata seeds) colhidos
em propriedade rural, situada no município de Estiva Gerbi (SP), coordenadas geográficas 46o 53’ W e 22o 19’ S,
com temperatura média anual de 19,6oC
e precipitação anual de 1565 mm.
O cultivo foi em Latossolo Vermelho Amarelo em sistema tradicional de
plantio, conduzida em estaca de bambu, com o uso de irrigação por sulcos,
utilizando-se espaçamento entre linhas
de 1,00 m e entre plantas de 0,50 m.
Frutos foram colhidos primeiramente
em cesta de bambu, com dimensões externas de 40 cm de comprimento, 25 cm
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
de altura e 20 cm de largura e após seu
enchimento foram transferidos para caixa plástica com dimensões de 55 cm de
comprimento, 30 cm de altura e 35 cm
de largura, posicionada no carreador principal de plantio. Em outra situação, a
colheita foi realizada utilizando-se sacolas de lona plástica (utilizadas para colheita de laranja), com dimensões externas de 65 cm de comprimento e 55 cm
de largura. Em seguida, os frutos foram
transferidos para caixas plásticas, semelhante às do sistema de colheita em cestas de bambu. O tempo gasto para colheita foi mensurado nas duas situações
utilizando-se cronômetros de precisão.
Em cada caixa nos dois sistemas
mencionados foi retirada amostra de 40
frutos no estádio salada (CEAGESP,
2000). A testemunha correspondia a frutos (40) retirados diretamente da planta, sem passar pelo manuseio descrito
anteriormente. Foram retiradas amostras
de 3 caixas, sendo cada caixa uma repetição em um total de 120 frutos por tratamento. Estes frutos foram transportados cuidadosamente em embalagens de
papelão, envoltos individualmente em
espuma para o laboratório da
UNICAMP e armazenados à temperatura ambiente (23oC) por 21 dias.
Foram avaliados os danos físicos
(%) baseando-se nas Normas e Padrões
de Classificação (CEAGESP, 2000)
identificando os em duas categorias:
antes e durante a colheita. As injúrias
mecânicas anteriores à colheita foram
caracterizadas como: derivadas de
abrasão com as estacas de bambu e fios
de amarrio, ataque de insetos e distúrbios fisiológicos e nutricionais; as injúrias mecânicas causadas na colheita foram identificadas como: derivadas de
compressão do fruto contra a cesta de
colheita e/ou caixa plástica, impacto do
fruto quando em queda na caixa plástica e/ou cesta de colheita, marcas de
unhas ou dedos e compressão do
pedúnculo do fruto contra superfície
externa de outro fruto. O diâmetro transversal do fruto foi mensurado utilizandose paquímetro digital. Para mensuração da
área externa referente ao dano físico, estas foram delimitadas utilizando-se caneta marcador para retroprojetor de cor pre-
ta. Após a delimitação das áreas referentes a danos físicos, as marcações foram transferidas para papel de seda e individualizadas por fruto. Para mensurar
estas áreas utilizou um planímetro
(KEUFFEL & ESSER Co). As áreas
mensuradas foram comparadas à superfície total do fruto, considerando este com
uma esfera (MOHSENIN, 1986) e utilizando-se a seguinte fórmula: Área Externa do fruto = 4 x 3,1415 x R2 (R=raio)
sendo o resultado expresso em porcentagem. Utilizou-se a mesma metodologia
em duas categorias (antes e durante a
colheita) em todos os tratamentos. A perda de massa (%) foi avaliada a cada quatro dias utilizando a relação entre a diferença da massa inicial e final.
Após 21 dias de armazenamento, os
frutos foram avaliados quanto à aparência encontrada, baseando-se em uma
escala de 0-5, considerando (0) fruto
apropriado para consumo; (1) descarte
por dano físico externo superficial; (2)
descarte por dano físico externo grave;
(3) descarte por dano físico e podridão
associada (4) descarte por podridão; (5)
descarte por perda de água (seco) ou por
queima do sol. Considerou-se frutos
apropriados para consumo aqueles que
não apresentavam nenhum dano externo e/ou podridões ou danos físicos externos leves inferiores a 10%. Tomates
foram descartados devido a danos físicos externos leves e graves, quando a
incidência foi superior a 10%, sendo que
a presença de injúrias graves era fator
de exclusão principal. Considerou-se
podridões causadas por fungos e/ou bactérias em qualquer nível. Tomates secos
e/ou queimados de sol, eram aqueles que
demonstravam queimaduras e/ou perda
de água excessiva.
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial
(sistemas de colheitas x dias após a colheita). O teste estatístico realizado para avaliação da qualidade após armazenamento
foi o da diferença de proporções (BUSSAB;
MORETTIN, 2002), em nível de 5% de
probabilidade. Os resultados médios obtidos para danos físicos foram comparadas
pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade e para perda de massa foram realizadas análises de regressão no desdobramento da interação dentro de cada sistema
de colheita.
1019
M. D. Ferreira et al.
Tabela 1. Avaliação para danos físicos (%) em frutos de tomate cultivar ‘Débora’, em diferentes técnicas de colheita (cesta e sacola plástica) comparadas a testemunha. Campinas,
UNICAMP, 2003.
Técnica de colheita
Dano físico (%)
Testemunha
1,27 b
Cesta
3,55* a
Sacola
3,99 a
* Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade
Tabela 2. Avaliação de descarte de frutos após 21 dias de armazenamento, baseado em
escala 0-5, considerando (0) fruto apropriado para consumo; (1) descarte por dano físico
externo superficial; (2) descarte por dano físico externo grave (3) descarte por dano físico e
podridão associadas (4) descarte por podridão; (5) descarte por perda de água (seco) ou por
queima do sol. Campinas, UNICAMP, 2003.
Técnica de
colheita
Escala de notas (%)
0
1
2
3
4
5
Total
descarte (%)
Testemunha
62,50
0
5,00
7,50
20,00
5,00
37,50
Cesta
28,34
5
42,50
3,33
15,00
5,83
71,66
Sacola
82,50
17,50
5
40,00
8,33
26,67
2,50
Test. x Cest.
s*
s
s.
n.s.
n.s.
n.s.
s
Test. x Sac.
s
s
s
n.s.
n.s
n.s.
s
Cesta x Sac.
s
n.s
n.s.
n.s.
s
n.s.
n.s
Figura 1. Modelos ajustados para a perda de massa, em porcentagem, (y) em função dos
períodos de armazenamento, em dias, (x) dentro de cada sistema de colheita. Campinas,
UNICAMP, 2003.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tempo necessário para realizar a
colheita no mesmo número de plantas
utilizando-se cesta de bambu foi de
1020
20’13", superior em 20%, em relação a
sacola plástica (15’51"). Porém, este
menor tempo de colheita não interferiu
positivamente na qualidade final do fruto. Silva e Calbo (1991) em avaliação
de diferentes métodos de colheita para
tomate de mesa, também encontraram
maior rendimento com o uso da sacola
de colheita, todavia com menores danos físicos aos frutos.
Observou-se maior incidência de
danos físicos, ainda que não significativo, em tomates colhidos com sacola de
lona plástica (3,99%), quando comparados àqueles colhidos com cestas de
bambu (3,55%) (Tabela 1). Os tomates
colhidos sem esse manuseio (testemunha) apresentaram 1,27% de danos físicos. Esses frutos apresentavam danos
físicos relacionados ao ataque de insetos, e estacas de bambu, demonstrando
que as perdas já iniciam no campo e
aumentam na etapa de colheita, como
também foi observado por Sanches
(2002) em bananas. Hung e Prussia
(1989) também relatam que a incidência de danos físicos está relacionada ao
tipo e intensidade do manuseio utilizado.
De acordo com Schoorl e Holt,
(1982), os danos físicos causados por
impacto e compressão são os que mais
influenciam na qualidade dos frutos de
tomate. Na colheita de tomates, o ponto
crítico para incidência em danos físicos
ocorreu principalmente quando do impacto do fruto em queda na caixa plástica e/ou cesta de colheita e a compressão do fruto contra a superfície externa
da cesta ou sacola plástica. Altura e velocidade de queda, enchimento das caixas, cestas e sacolas plásticas, são fatores que ocasionaram danos aos frutos.
Treinamento de funcionários e utilização de equipamento adequado podem
modificar a situação encontrada.
Observa-se perda de massa (Figura
1) crescente durante o armazenamento,
porém significativamente maior em tomates colhidos com sacola e cesta de
bambu em relação à testemunha.
A qualidade dos frutos no final de
21 dias de armazenamento foi comprometida principalmente em frutos colhidos com sacola (82,5% de descarte)
quando comparada com colheita utilizando cesta de bambu (71,66%), provavelmente devido a maiores danos físicos associados a podridões. A testemunha apresentou 37,5% de frutos descartados após armazenamento. Os danos físicos graves provenientes da etapa de colheita foram as principais cauHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Técnicas de colheita para tomate de mesa
sas de descarte, principalmente para frutos colhidos com cesta (42,5%) e sacola (40%) (Tabela 2).
Silva e Calbo (1991) relataram que
frutos colhidos com sacola plástica apresentaram menores danos quando comparados a outros métodos, como por
exemplo, a colheita com a utilização de
cestas. Uma razão para isto deve-se ao
uso de sacolas de colheita com estrutura de sustentação, o que proporciona
menor força de compressão, pois maiores forças de compressão causam maiores perdas (BANKS et al., 1991). A colheita utilizando-se sacolas plásticas foi
realizada em menor tempo, todavia com
maiores perdas e redução na qualidade
final do produto. A colheita utilizandose sacolas plásticas sem sustentação não
se mostrou adequada, influenciando
negativamente na qualidade final dos
frutos após o armazenamento. Essas
maiores perdas podem estar relacionadas a uma maior força de compressão
entre os frutos. Observa-se que métodos alternativos de colheita devem ser
estudados visto que neste experimento
causaram grande redução na qualidade
final do produto, além disso, deve haver maior preocupação com os frutos
antes da colheita, o que também é responsável por elevadas perdas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPESP e
ao proprietário e funcionários da empresa MALLMANN, Mogi-Guaçu (SP).
LITERATURA CITADA
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Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná1
Raquel R.B. Negrelle2; Eliane R.S. Elpo3; Neusa G.A. Rücker 4
2
UFPR, C. Postal 19023, 81531-970 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]; 3UFPR, R. Padre Camargo, 280, 7º andar, Alto da Glória,
80060-240 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]; 4Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, R. dos Funcionários, 1559, Cabral, 80035-050 Curitiba-PR; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Apresentam-se resultados de estudo prospectivo da cadeia produtiva do gengibre no estado do Paraná (Brasil), englobando panorama mundial, brasileiro e paranaense de produção e comercialização;
caracterização da comunidade produtora agrícola paranaense; identificação, caracterização e detecção dos principais pontos de estrangulamento de outros níveis da cadeia produtiva.
Prospective analysis of the ginger agrobusiness in Paraná
State, Brazil
Palavras-chave: Zingiber officinale Roscoe, cadeia de produção,
comercialização.
Keywords: Zingiber officinale Roscoe, production chain, marketing.
A prospective analysis of the ginger trade chain in Paraná State
(Brazil) is presented, including an overview of the production and
commercialization at both international and national levels as well
as the characterization of the agricultural community and of the others
levels of the trade chain in Paraná State, and the main strangulation
points at these levels.
(Recebido para publicação em 5 de outubro de 2004 e aceito em 2 de setembro de 2005)
O
rizoma de gengibre é amplamente
comercializado em função de seu
emprego na medicina popular (excitante, estomacal e carminativo), na alimentação, industrial, especialmente como
matéria-prima para fabricação de bebidas, perfumes e produtos de confeitaria
como pães, bolos, biscoitos e geléias
(CORRÊA JUNIOR et al., 1994; TROPICAL, 2000; INFORMAÇÕES,
2002). Várias propriedades do gengibre
foram comprovadas em experimentos
científicos, citando-se as atividades antiinflamatória, antiemética e antinausea,
antimutagênica,
antiúlcera,
hipoglicêmica, antibacteriana, entre outras (YOSHIKAWA et al., 1994;
ONTENGCO
et
al.,
1995;
LONIEWSKI et al., 1998; WHO, 1999;
UTPALENDU et al., 1999).
Incluído no grupo “especiarias”, o
gengibre representa atualmente o 3º lugar das plantas medicinais, aromáticas
e condimentares mais produzidas no
Paraná (PARANÁ, 2003). Apesar desta
importância econômica no contexto regional, há carência de informações sistematizadas sobre esta cadeia produti-
va, em especial, no que se refere ao sistema operacional de comercialização,
que de acordo com as queixas dos produtores, tem causado prejuízos ao
agronegócio gengibre.
As rápidas mudanças que estão ocorrendo em todos os setores da sociedade, em especial nos âmbitos político,
econômico e tecnológico, impõem crescente complexidade ao processo de planejamento das organizações que atuam
no agronegócio. Por outro lado, a abertura econômica e o acesso à informação
e a produtos de todas as partes do mundo tornam o consumidor mais exigente.
O estabelecimento de estratégias que
atendam aos interesses dos consumidores requer que os (demais) agentes das
cadeias produtivas apresentem eficiência, qualidade e que se coordenem entre si para garantir, também, menor preço, uma vez que a competitividade dos
produtos de origem agropecuária está
sendo definida pelas instâncias “fora da
porteira”. O estudo das cadeias produtivas procura levantar os pontos críticos,
atuais e potenciais, que impedem o alcance desses objetivos, assim como
identificar oportunidades e nichos de
mercado para os produtos da cadeia
(IAPAR, 2003).
Realizou-se o estudo prospectivo da
cadeia produtiva do gengibre no estado
do Paraná, aqui apresentado e que engloba: a) Panorama do volume de produção agrícola mundial, brasileira e
paranaense de gengibre; b) Caracterização da comunidade produtora agrícola
do litoral paranaense de gengibre; c)
Identificação e caracterização de outros
níveis da cadeia produtiva do gengibre
do litoral paranaense; Detecção dos
principais pontos de estrangulamento
nos diferentes níveis da cadeia produtiva no litoral do Paraná.
MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se pesquisa exploratóriodescritiva baseada em levantamento bibliográfico e documental, além de visitas técnicas e entrevistas abertas (2000
a 2002). Neste processo, várias instituições foram contatadas, citando-se especialmente a Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado do Paraná
1
Parte da tese de Doutorado em Agronomia, Produção Vegetal PELA UFPR do segundo autor.
1022
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná
(SEAB/PR), que disponibilizou informações estatísticas referentes aos municípios produtores, área, produção e
valor bruto da produção; a Empresa
Paranaense de Assistência Técnica e
Extensão Rural (EMATER/PR) e o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR/
PR), onde se obteve informações complementares relativas aos diversos segmentos e agentes econômicos que compõem esta cadeia produtiva. O universo
de técnicos entrevistados nestas instituições correspondeu a 10 pessoas, representando 6 Núcleos Regionais da
SEAB/PR e englobando 32 municípios
paranaenses.
Adicionalmente, foram efetuadas
visitas técnicas e entrevistas abertas a 9
produtores de Morretes, principal região
produtora de gengibre no Paraná. Estes
produtores foram selecionados aleatoriamente a partir de cadastro junto à
EMATER, buscando-se representantes
de cada uma das três classes de propriedades (pequenas, médias e grandes)
agrícolas, segundo critérios desse cadastro. Neste processo, buscou-se identificar junto aos produtores, o fluxo de
comercialização do produto agrícola
gengibre in natura.
Paralelamente, procedeu-se entrevistas com 3 representantes de pequenas indústrias familiares em Morretes,
aleatoriamente selecionados dentre os
34 registrados em cadastro existente na
EMATER.
Foram também entrevistados 3 representantes do setor gerencial da
comercialização de produtos in natura
na região metropolitana de Curitiba, vinculados à Central de Abastecimento do
Paraná (CEASA-PR). Neste mesmo local, foram entrevistados locatários de
boxes de comercialização de produtos
in natura (n=3) e produtores que
comercializam seus produtos no pátio
(“pedras”) (n= 3).
De forma complementar, procedeuse entrevistas com representantes de distintos setores referendados pela CEASA
(2002), como receptores do produto por
ela comercializado em Curitiba, a saber:
supermercados (n= 4), feiras-livres (n=
2) e Mercado Municipal (n= 2).
O setor supermercadista foi representado pelos seguintes estabelecimentos: Carrefour (n= 1), Companhia BraHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
sileira de Distribuição (CBD) (n= 1) e
Sonae Distribuição Brasil (n=2). A seleção destes foi efetuada com base nos
dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) (2000), dados
que representam as três maiores empresas deste setor, por faturamento bruto
em nível nacional.
Todas as principais feiras-livres, promovidas semanalmente em Curitiba,
foram visitadas, identificando-se e selecionando-se as bancas que procediam
as vendas de gengibre in natura, para
avaliação no contexto desta pesquisa
(n=2). Igualmente, todas as bancas
inseridas no Mercado Municipal que
comercializavam o gengibre in natura
foram também identificadas e avaliadas
(n=2).
As informações estatísticas referente ao comportamento do comércio exterior do gengibre, disponibilizadas em
Brasil (2004), foram consideradas como
parâmetros comprobatórios dos indicadores, US$ FOB e Peso Líquido (kg) na
análise da exportação e importação brasileira da mercadoria gengibre.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cenário mundial
O gengibre tem sido utilizado no oriente há mais de 2.000 anos, havendo referências de que nos séculos XII a XIV era
tão popular na Europa quanto a pimentado-reino. Antes do descobrimento da
América já era largamente utilizado pelos
árabes, como expectorante e afrodisíaco,
sendo difundido por toda a Ásia tropical,
da China à Índia. Foi introduzido na América logo após o descobrimento, sendo que
os primeiros relatos comentam que inicialmente foi cultivado no México, sendo em
seguida levado às Antilhas, principalmente
à Jamaica, a qual em 1.547, chegou a exportar cerca de 1.100 t para a Europa
(LISSA, 1996).
De acordo com a FAO, citada nos
estudos de Herbs e Spices (2003), o
prognóstico do agronegócio gengibre é
promissor, em função do aumento da
área, produção e produtividade nos principais países produtores. Neste contexto está incluso o Brasil, sem contudo ter
sido nominada a sua participação nas
informações
estatísticas
disponibilizadas.
Com referência aos indicadores econômicos, a área mundial ocupada com
gengibre apresentou variação de 3,7%
entre 1999 e 2001, passando de 310.100
ha para 321.732 ha. Já o volume ofertado
nesse período mostrou variação positiva maior que a da área (7,7%), com
média de 800.775 t. A Nigéria destacase em nível mundial pela extensão da
área cultivada com gengibre, embora em
termos de volume produzido seja superada pela Índia e China. O aumento de
área ocorrido entre 1999 e 2001 deveuse, principalmente, à alta demanda doméstica como dos mercados internacionais (HERBS; SPICES, 2003).
O comércio internacional dos
rizomas de gengibre é feito sob 3 formas básicas: gengibre in natura, em
conserva ou cristalizado e seco. Do
rizoma imaturo, tenro e menos pungente, colhido em torno de 6 meses, é preparada a conserva (em salmoura ou xarope de açúcar) ou o gengibre cristalizado. O gengibre seco é preparado a
partir do rizoma colhido após completado o seu estágio de maturação. Este
gengibre seco é comercializado em peças íntegras, laminado ou ainda em pó.
Esta última forma é utilizada em menor
volume dado que o processo de moagem é geralmente realizado no país importador (TAVEIRA MAGALHÃES et
al., 1997). Registra-se também a
comercialização de produtos derivados
do gengibre, como o óleo essencial e
oleoresina. O óleo essencial é produzido, principalmente, na Índia e na China
e, em menor escala, na Austrália,
Jamaica
e
Indonésia
(INTERNATIONAL
TRADE
CENTRE, 1986; PURSEGLOVE et al.,
1981).
O valor mundial do comércio de
gengibre chega a cerca de US$ 185 milhões, excluindo-se o óleo e a oleoresina.
Apesar de maior produtor, a participação da Índia neste mercado mundial é
pequena, correspondendo a apenas 6%.
A China, por sua vez, tem liderado este
mercado. Entretanto, no que tange ao
comércio de oleoresina e óleo, aproximadamente 50% é proveniente da Índia. Os preços do gengibre no mercado
mundial variam grandemente de acordo à sua origem e limpeza. O preço de
importação do gengibre seco geralmente
1023
R. R. B. Negrelle et al.
Figura 1. Evolução da exportação brasileira de gengibre, 1999 a 2003.
Fonte de dados: Brasil (2003).
Figura 2. Evolução da importação brasileira de gengibre, 1999 a 2003.
Fonte de dados: Brasil (2003).
está entre US$ 700 e US$ 1350/t. O gengibre jamaicano tem um nicho particular, sendo vendido no mercado europeu
a preços que variam entre US$ 5000 e
US$ 6000/t. O preço do óleo varia de
acordo com sua concentração e pureza.
O óleo de origem chinesa é vendido por
US$ 22 a US$ 30/kg, o de origem chinesa a US$ 40 a US$ 50/kg e o proveniente de Sri Lanka chega a US$ 70/kg,
preço que tem se elevado ultimamente.
A oleoresina é cotada entre US$ 40 e
US$ 50/kg (CROP PROFILE, 2003).
Cenário nacional
No Brasil, acredita-se que a introdução do gengibre deu-se durante a invasão holandesa, em função da permuta de plantas econômicas existentes entre os dois países naquela época (LISSA,
1996). Esta cultura iniciou-se no Rio de
Janeiro, espalhando-se para São Paulo,
Paraná e, mais recentemente, para Santa Catarina (SANTOS, 2000), principalmente nas regiões litorâneas.
1024
Embora o Brasil seja considerado,
um dos grandes fornecedores mundiais
de gengibre, sua produção é pequena
comparativamente a outras culturas,
envolvendo relativamente um conjunto
pequeno de agricultores (SANTOS,
2000). A produtividade média brasileira tem sido registrada em torno de 20 t/
ha, cifra bastante inferior à obtida nos
principais produtores mundiais (60 t/ha)
(RÜCKER, 1993). Esta diferença, segundo a autora, estaria atrelada à variabilidade das condições de solo e clima
de cada região produtora, tratos culturais, diversificação e rotação de culturas, tecnologia apropriada, mão-de-obra
treinada e organização do setor produtivo.
Há carência de informações no tocante à evolução da produção brasileira. Segundo Rücker (2002), a produção
de gengibre no Brasil em 1999 esteve
em torno de 10 mil t. Não foram encontrados registros das produções dos anos
subseqüentes.
O gengibre brasileiro é geralmente
comercializado no estado in natura e se
destina essencialmente à exportação
(70% a 80%), principalmente para Estados Unidos, Reino Unido, Holanda e
Canadá.Os rizomas que não atingem a
qualidade tipo exportação são destinados ao mercado regional. De 73 t em
1972, a exportação de gengibre alcançou 3.800 t em 1985, estabilizando-se e
voltando a crescer a partir de 1993
(6.721 t em 1994), com o preço médio a
US$ 1,04/kg em 1995 (TAVEIRA MAGALHÃES et al., 1997). Registra-se,
em 1998, cifra recorde de exportação
ultrapassando US$ FOB 7.0 milhões,
mas seguido por um expressivo decréscimo, em 2002, cujo valor correspondeu
à quase metade do comercializado em
1998 (vide NURIN/BANCO DO BRASIL, 2003; BRASIL, 2004).
O aumento de 31,3% no volume exportado de gengibre de 1995 a 1998
pode ser justificado pela maior demanda no mercado importador, além de
melhor preço oferecido ao produto brasileiro em detrimento ao oferecido pelos outros países produtores, muito embora, no período seguinte a queda ao
redor de 17% está relacionada à falta de
qualidade do produto brasileiro frente
aos oferecidos por outros países, segundo informações de produtores do litoral
paranaense e de técnicos da SEAB–PR
(Figura 1).
A evolução da importação brasileira de gengibre apresenta um movimento pendular, na medida em que as forças de mercado determinam a oferta e a
demanda. Durante o período de 1996 a
2003, o menor volume importado foi de
2000, que correspondeu a 22,0 mil kg.
A partir de 2001, os preços médios negociados no comércio exterior tendem
a diminuir, competindo com os preços
médios praticados no mercado interno
brasileiro. Com esta mudança, mesmo
penalizando a Balança Comercial Brasileira, a importação de gengibre, em
2003, atingiu um volume de 56,7 mil
kg líquido (Figura 2).
Cenário estadual
A cultura de gengibre foi introduzida
por famílias de japoneses no litoral
paranaense há aproximadamente 25
anos (EPAGRI, 1998). Entretanto, torHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná
nou-se efetivamente comercial somente na última década, após introdução de
variedade de rizomas gigantes
(TAVEIRA MAGALHÃES et al.,
1997). Atualmente, o Estado do Paraná
desponta como o maior produtor nacional de gengibre (rizomas in natura)
totalizando 3.945 t/ano, em uma área
aproximada de 201 ha, distribuída em
26 municípios. A safra 2001/02
contabilizou R$ 3.3 milhões,
correspondendo a 19,14% do Valor Bruto da Produção (VBP) do Grupo “Especiarias” e 0,017% do VBP estadual
(PARANÁ, 2003).
A maior parte da área produtora de
gengibre no Paraná (97%) está concentrada no litoral paranaense, restrita aos
municípios de Morretes, Guaraqueçaba,
Antonina, Paranaguá e Guaratuba, todos pertencentes ao Núcleo Regional
(NR) de Paranaguá (PARANÁ, 2003).
Os cinco municípios produtores de
gengibre que pertencem ao Núcleo Regional de Paranaguá ocuparam uma área
aproximada de 194 ha, com produção
média de 3.880 t na safra 2001/02.
Morretes, principal município
paranaense produtor de gengibre, ocupa aproximadamente 60% da área cultivada e participa com 54% do total da
produção do Núcleo Regional
(PARANÁ, 2003).
A análise das informações estatísticas referentes a área ocupada e volume
de produção de gengibre, safras 1990/
91 a 2001/02, indicam um comportamento sazonal atrelado às variações da
oferta e demanda do mercado externo
(PARANÁ, 2003) (Figura 3/A-B).
A safra 1997/98 foi recorde em termos de produção de gengibre, principalmente em função do que foi produzido
no núcleo regional de Paranaguá. Assim como citado para o comércio brasileiro de gengibre, vários fatores podem
estar associados a este recorde estadual
como, por exemplo, a demanda do mercado importador, além do melhor preço
pago ao produto em relação a outros
países produtores.
As safras subseqüentes não mantiveram este patamar de produção. Como já
anteriormente mencionado, entre os fatores apontados pelos produtores, cita-se
o desestímulo em função da dependência de “atravessadores” que, por sua vez,
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Figura 3. Evolução da área (A) e da produção (B) de gengibre, Estado do Paraná, Safras
1990/91 a 2001/02.
Fonte de dados: Paraná (2003).
tendem a forçar a venda do produto por
preços mais reduzidos. Outro agravante
seria a inaceitabilidade deste produto
frente a um mercado mais exigente em
termos de aparência e ausência de fungos, substâncias químicas tóxicas e
acompanhamento de laudo fitossanitário
comprobatório desta qualidade.
Desta forma, atualmente, há um número bem menor de produtores devido
ao prejuízo na comercialização da safra
2001/02, face ao cumprimento de contratos de exportação e, segundo Rücker
(2002), a produção agrícola do gengibre ainda pode ser considerada uma atividade lucrativa, desde que seja
implementado um sistema agro-industrial de manejo e beneficiamento adequado deste produto, sem uso abusivo
de insumos agrícolas e sem uso de
agrotóxicos. Assim, potencializar-se-ia
a aceitação do gengibre paranaense pelo
mercado consumidor regional e terceiros países.
Segundo Santos (2000), a
comercialização para o mercado externo do gengibre produzido em Morretes
foi iniciada há cerca de 20 anos, mediante a Cooperativa Agrícola de Cotia. Este
mercado externo é realizado por empresas exportadoras localizadas no Paraná
(Antonina, Morretes e Curitiba), São
Paulo (São Paulo, Santos, Indaiatuba,
Atibaia e Jales), Minas Gerais (Belo
Horizonte) e Santa Catarina (Itajaí). A
maioria destas empresas que exportam
o gengibre do município de Morretes
tem um funcionário que inspeciona a
embalagem do produto nas propriedades de produção. As empresas de maior
porte possuem, geralmente, um representante que acompanha a carga no porto de destino.
Comunidade produtora agrícola
O sistema de produção paranaense
de gengibre, em especial no município
de Morretes, é realizado por pequenos
(área da cultura de 0,2 a 0,3 ha), médios
1025
R. R. B. Negrelle et al.
Figura 4. Distribuição da Comercialização do Gengibre, Morretes, 2001.
Fonte: Pesquisa de campo, 2001.
(área da cultura de 0,3 a 1 ha) e grandes
produtores (até no máximo 10 ha). Essas propriedades, em sua maioria, possuem atividade olerícola, englobando a
cultura de gengibre e de outras hortaliças, como chuchu, berinjela, alface, pepino, abobrinha, entre outras; caracterizando este município como um importante fornecedor de hortaliças para a
Região Metropolitana de Curitiba. Em
Morretes foram observadas três situações quanto ao custeio do cultivo: o produtor arca com os custos, os produtores
são financiados pelas empresas exportadoras, tendo o produtor venda garantida do produto, e o cultivo é realizado
com financiamento bancário.
Mão-de-obra empregada
Santos (2000) salienta que no município de Morretes, o setor agrícola é o
grande gerador de empregos, principalmente nas atividades de colheita, preparo e limpeza, classificação e embalagem do produto in natura. Salienta, ainda, que entre dois mil e quinhentos a três
mil empregos (a grande maioria temporários) são gerados durante o período
que envolve a colheita do gengibre. Fora
o período da colheita, cerca de mil e
quinhentas pessoas trabalham durante
todo o ciclo da lavoura, que é de um ano.
Nas pequenas propriedades, toda a família trabalha no cultivo. Porém, durante a colheita, estes pequenos produtores
contratam entre quinze e vinte empre1026
gados. As propriedades maiores têm
entre doze e quinze empregados
registrados e durante a colheita são temporariamente contratados entre sessenta e oitenta pessoas. Estes trabalhadores recebem uma diária, em média, de
R$10, podendo chegar até a R$ 15, no
caso de mão-de-obra mais especializada. A renda dos trabalhadores é gasta
praticamente toda no município, determinando que os resultados das safras de
gengibre sejam refletidos no comércio
local.
Terminada a colheita do gengibre,
parte dos trabalhadores continua no preparo do novo plantio, o restante vai para
a colheita e o plantio de hortaliças. Isso
mantém a grande maioria dos trabalhadores rurais empregados, praticamente,
o ano todo (IAPAR, 2000/01).
Tecnologia empregada
Observou-se em Morretes um modelo
tecnológico em transformação, onde coexistem as agriculturas tradicionais da banana e da mandioca, de baixa produtividade, e sistemas de produção tecnificados,
visando o mercado, com médio e alto níveis tecnológicos e alta produtividade, conforme detalhado em Marchioro (2002).
Entre os tecnificados, cita particularmente
o cultivo do gengibre.
De acordo com EPAGRI (1998), os
produtores de gengibre possuem equipamentos agrícolas como cultivador
motorizado, trator equipado com arado
e grade de disco, escarificador, carreta,
pulverizador, conjunto de irrigação, pulverizadores costais, lavadores de gengibre, contentores de plástico para transporte e colheita da produção, entre outros. Evidenciou-se que os processos de
beneficiamento do gengibre pós-colheita no município de Morretes estão afetos ao tipo de produto final
comercializado, a saber: rizomas in
natura. Desta forma, após a colheita o
rizoma é geralmente submetida à lavagem e limpeza manual, secagem natural, classificação, acondicionamento
(embalagem) e transporte.
Origem e destino da produção
agrícola
Cerca de 70% a 90 % da produção
de Morretes destina-se à exportação do
produto in natura. Do restante desta produção, parte é utilizada localmente, em
forma de rizomas-semente ou encaminhada para processamento industrial, e
parte é encaminhada à CEASA-PR, com
sede em Curitiba, para comercialização
in natura tanto nos boxes, por
comerciantes locais, como nas “pedras”.
Pequenas indústrias familiares
No Paraná não há registro de
processamento do gengibre em nível
industrial, exceto o realizado por pequenas indústrias familiares localizadas em
Morretes. Segundo técnico da
EMATER, em 2003, registraram-se 34
indústrias caseiras que processavam
parte da colheita de gengibre neste município. Estas indústrias produzem principalmente balas, conservas e geléia de
gengibre. Estes produtos são vendidos
localmente, em outras cidades do litoral e, também, em feiras-livres e alguns
supermercados de Curitiba. Segundo
Santos (2000), o número destas indústrias em anos passados chegou a 150.
Esta diminuição em relação ao observado atualmente pode ser um reflexo da
própria diminuição da produção local.
A Resolução n.23, de 15/03/2000 da
Secretaria de Vigilância Sanitária
(BRASIL, 2000), que regulamenta o
registro de produtos alimentícios, dispensa da obrigatoriedade de registro as
indústrias que processam balas, doces e
conservas. Entretanto, a Resolução RDC
n.275, de 21/10/2002, da Secretaria de
Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002)
recomenda aos estabelecimentos produHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Análise prospectiva do agronegócio gengibre no estado do Paraná
tores de alimentos a aplicação do regulamento técnico de procedimentos
operacionais padronizados e verificação
das boas práticas de fabricação. A pesquisa de campo realizada em Morretes
revelou total ausência de controle de
qualidade nestas pequenas indústrias
processadoras, tanto por parte da
ANVISA local quanto de órgãos
extensionistas rurais e dos próprios proprietários.
Comercialização do gengibre in
natura
A CEASA-PR é o principal polo receptor e de comercialização de gengibre in natura na Região Metropolitana
de Curitiba. Conforme dados obtidos da
Divisão Técnica Econômica da
CEASA-PR (2002), a comercialização
do gengibre in natura pela CEASA de
Curitiba correspondeu a um volume
aproximado de 200 t, no período de 2000
a 2001, com preço médio por kg de R$
0,90 a R$ 0,67, respectivamente. Deste
volume comercializado neste período,
79,1% a 79,5% referiam-se ao produto
procedente do município de Morretes.
Os principais receptores do produto
ofertado na CEASA-PR são
supermercadistas,
feirantes
e
comerciantes do Mercado Municipal de
Curitiba (Figura 4).
Segundo a Secretaria Municipal de
Abastecimento de Curitiba (SMAB), no
período de 2000 a 2001, as feiras-livres
movimentaram cerca de 42,8% da
comercialização anual do gengibre in
natura e o Mercado Municipal de
Curitiba 20,0% (PARANÁ, 2002).
Limitações e pontos de estrangulamento da cadeia produtiva de gengibre de Morretes
Produção agrícola
Geralmente o cultivo de gengibre
está inserido na região de ocorrência da
Floresta Ombrófila Densa (Floresta
Atlântica), com severas restrições de uso
e ocupação impostas pelo IBAMA e Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Portanto, antes de iniciar o plantio, o produtor deve entrar em contato com estas
instituições para obter o devido
licenciamento ambiental. A cultura do
gengibre tradicional no município de
Morretes é caracterizada pelo uso excessivo de agrotóxicos, o que
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
potencializa o risco de dano ambiental
próximo a regiões de preservação
ambiental e rios. Há uma tendência do
mercado mundial, grande alvo da produção do município de Morretes, dar
preferência ao gengibre orgânico (SANTOS, 2000), visto que o uso inadequado de agrotóxicos na agricultura poder
trazer sérios prejuízos à segurança do
trabalhador rural envolvido em sua aplicação, à saúde do consumidor e ao equilíbrio do meio ambiente.
A incidência de pragas (principalmente lagarta-rosca, nematóides e doenças Phyllosticta sp, Rhizoctonia solani,
Fusarium oxysporum) compromete seriamente a produção de gengibre. O controle destas ou a redução de seus efeitos
tem sido conseguido, em parte, com a
rotação de culturas e o emprego de
rizomas-semente sadios.
Outra grande dificuldade da cultura
no município, segundo Santos (2000),
é a descapitalização do produtor, que
contraiu muitas dívidas com os bancos
no início da década de 90 e, em torno
de 70 produtores, securitizaram suas
dívidas. Com isso, há o impedimento ao
acesso a novos créditos e, desta forma,
comprometendo a produção, bem como
a qualidade do produto.
Comercialização
De modo geral, os produtores de
gengibre de Morretes se mostram insatisfeitos com o mercado externo. Não
há garantia de preço, nem existência de
um contrato estabelecido entre o agricultor e o comprador, determinando em
muitos casos atraso ou mesmo a falta de
pagamento pelo produto. Esta situação
passa a configurar-se em desestimulo à
continuidade do plantio desta cultura,
reforçada pelo alto custo de produção (em
média R$ 18.000,00/ha).
Outro
entrave
relativo
à
comercialização, considerado por alguns
produtores como principal problema, é a
excessiva produção de gengibre no Brasil, dificultando a venda. Entretanto, as
cifras de importação de gengibre desmentem este fato. Alguns outros produtores
consideram como fator negativo na
comercialização do produto brasileiro os
baixos preços ofertados pela China, um
dos grandes produtores mundiais.
Entre outros fatores também apontados pelos produtores foi a alegação dos
“atravessadores” de que o produto
paranaense deixa a desejar no aspecto
qualidade com a presença de fungos e
ausência de controle sanitário
comprobatório.
É imprescindível que se diga que a
comercialização está diretamente relacionada com a qualidade e preço. O produtor busca minimizar custos e obter o
melhor preço para o seu produto, para
potencializar a inserção do produto no
mercado e aumentar sua lucratividade,
enquanto que o comprador espera obter
a melhor qualidade possível aliada a
menores preços. É um ciclo vicioso, que
nem sempre considera o consumidor final como dependente direto do resultado deste processo.
Controle de qualidade
Observou-se uma grande carência
quanto ao controle higiênico-sanitário
do sistema de produção como um todo,
especialmente no beneficiamento póscolheita, por parte dos produtores. Conseqüentemente, o produto final apresenta sério comprometimento de qualidade frente ao mercado consumidor regional e terceiros países, especialmente no
que
concerne
aos
padrões
microbiológicos referenciados como
adequado em Brasil, 2001.
A falta de qualidade que muitas vezes se iniciou na produção acaba persistindo no setor secundário. A maioria
das pequenas indústrias não aplica controle de qualidade ao produto, operando em situação bastante precária, bem
como o descumprimento da Resolução
RDC n.275 (BRASIL, 2002), por parte
da fiscalização. Este tipo de situação
demonstra descaso com a saúde da população consumidora destes produtos.
Os comerciantes e produtores que
comercializam na CEASA-PR consideram como critérios de avaliação de qualidade do rizoma de gengibre: tamanho,
brilho, ausência de terra aderida à superfície do rizoma, ausência de
brotamento e quebra. Entretanto, não
fazem exigência quanto à certificação
ou laudo técnico que identifique a qualidade
sanitária
do
produto
comercializado. A grande maioria destes comerciantes mostrou desconhecer
as orientações e normatizações legais
sobre este aspecto e as implicações da
falta de qualidade na saúde do consu1027
R. R. B. Negrelle et al.
midor. Estes apenas mencionam, ocasionalmente, as conseqüências do uso de
agrotóxicos. Também o consumidor é
pouco exigente, dado que compra produtos sem qualquer garantia de procedência qualificada, mantendo assim a
problemática.
Nos
estabelecimentos
de
comercialização foram identificados
problemas, na qualidade do produto
comercializado, como os de origem nos
manipuladores e na inexistência de laudo laboratorial atestando o controle de
qualidade do produto in natura adquirido do setor primário, associados à falta
de qualidade sanitária evidenciada em
algumas amostras comercializadas de
gengibre in natura.
AGRADECIMENTOS
Aos agentes econômicos (produtores agrícolas, donos e funcionários de
empresas e demais envolvidos), que integram a cadeia produtiva do gengibre
em Morretes, pelas informações prestadas. Aos técnicos da SEAB/PR, em especial a Srª. Gilka Andretta, ao Sr.
Baltazar Henrique dos Santos e ao Sr.
Rodrigo Aquino de Paula, pelas contribuições prestadas.
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Desafios e oportunidades para o agronegócio da cebola no Brasil
Nirlene J. Vilela1; Nozomu Makishima1; Valter R. Oliveira1; Nivaldo D. Costa2; João Carlos M. Madail3;
Waldemar P. Camargo Filho4; Guido Boeing5; Paulo César T. de Melo6
1
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Semi Árido, C. Postal 23, 56300-970 Petrolina-PE; 3Embrapa
Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas-RS; 4Instituto de Economia Agrícola, Av. Miguel Stefano, 3.900, 04301-903 São
Paulo-SP; 5Instituto CEPA, C. Postal 1587, 88034-001 Florianópolis-SC; 6USP-ESALQ, Depto. de Produção Vegetal, C.Postal 9, 13418900 Piracicaba-SP; E-mails:[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Este trabalho teve por objetivo descrever alguns aspectos
socioeconômicos relacionados à cebola no Brasil e detectar os principais desafios e oportunidades que o produto apresenta para o
agronegócio. A cultura, de caráter tipicamente “familiar” (88%), gera
cerca de 250 mil empregos somente no setor de produção. O consumo é estável em 85 mil t por mês. A consolidação do Mercosul e a
conseqüente importação de cebola da Argentina somada à produção
nacional tem causado excesso de oferta em alguns meses, gerando
perdas e conseqüentes prejuízos para os produtores. O setor produtivo brasileiro necessita elevar o nível tecnológico para alcançar maior
eficiência técnica e econômica. No entanto, é necessário que as regiões produtoras do Brasil e da Argentina tenham estabilidade de
produção e que a quantidade ofertada seja suficiente para atender às
necessidades de abastecimento em determinados períodos do ano,
sem causar desequilíbio no mercado.
The challenges and the oportunities for the onion agribusiness
The main objective of this work was to describe some
socieconomic aspects of the onion production in Brazil and to detect
the principal challenges and opportunities for the onion agribusiness.
The onion cultivation in Brazil is a family activity (88%), generating
about 250 thousand jobs directly involved in the production. The
onion consumption in Brazil is nearly 85 thousand t per month. With
the consolidation of the MERCOSUL, the onion import from
Argentina and the national production has caused excess of supply
in some months, generating losses and consequent damages for the
producers. The Brazilian productive sector needs to improve the
technological level of the onion production to reach greater technical
and economic efficiency. However, it is necessary that Brazilian and
Argentinian producers look for a better production forecast to avoid
excess of supply during some periods of the year.
Palavras-chave: Alium cepa, agronegócio, competitividade, mercado, produção, importação.
Keywords: Allium cepa, agribusiness, competitiveness,
commercialization, production, importation.
(Recebido para publicação em 4 de novembro de 2004 e aceito em 14 de setembro de 2005)
N
o Brasil, como geradora de empregos e renda na agricultura, a cultura da cebola é uma atividade de elevada
importância socioeconômica. Em razão
de não existir uma política comercial
restritiva entre os países do
MERCOSUL, as entradas livres e
intempestivas do produto estrangeiro, em
detrimento das atividades produtivas do
Brasil transferem-se para uma preocupação social mais ampla. Neste aspecto, a
realização de estudos de natureza
exploratória sobre a situação do mercado da cebola no Brasil nos últimos anos
pode ser útil e necessária para subsidiar
políticas setoriais e novas estratégias de
produção e comercialização. As informações obtidas poderão auxiliar os agentes
do agronegócio, instituições de pesquisa
e desenvolvimento e formuladores de política setorial nas tomadas de decisão para
redirecionar a cebolicultura brasileira,
com vistas a elevar as condições de
competitividade do produto.
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
O objetivo deste trabalho foi elaborar uma análise descritiva da situação
de mercado da cebola no Brasil nos últimos três anos e, especificamente, detectar desafios e oportunidades para o
agronegócio da cebola no Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi elaborado com base
na sistematização e análises das informações obtidas em reuniões técnicas
para identificação de sistemas de produção predominantes nas principais regiões produtoras do País, realizadas com
a participação dos agentes do
agronegócio de cebola em SC, SP e PEBA, (VILELA et al., 2002). Adicionalmente, utilizaram-se os relatórios dos
encontros intitulados “Seminário Nacional de Cebola – Seminário de Cebola
do MERCOSUL”, promovidos pelo
agronegócio de cebola do Brasil e do
MERCOSUL para escalonamento de
oferta dos anos de 1999-2003 e as informações obtidas de fontes oficiais
(IBGE e MDIC) e de outros trabalhos
publicados. Os resultados foram descritos com base na sistematização e análise das informações, acerca da situação
estrutural da produção e do comportamento de mercado (KING, 1967;
KERBY, 1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No âmbito da agricultura brasileira,
a cebola destaca-se como uma cultura
de elevada importância socioeconômica.
No aspecto de geração de emprego e
renda, estima-se que a cadeia produtiva
gere mais de 250 mil empregos diretos
só no setor da produção (SAASP, 1997).
De acordo com censo agropecuário de
1996 (IBGE, 2002), são mais de 102 mil
produtores envolvidos na exploração
econômica da cebola. A cultura de caráter tipicamente familiar (88%) é res1029
N. J. Vilela et al.
Tabela 1. Calendário de colheita e comercialização de cebola no Brasil, 2003.
Estados/indicações
Meses
1
2
3
4
5
6
X
X
X
X
X
7
8
9
10
11
12
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Santa Catarina
Colheita
X
Comercialização
X
Rio Grande do Sul
Colheita
Comercialização
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Paraná
Colheita
Comercialização
X
São Paulo
Colheita
X
X
X
X
X
X
Comercialização
X
X
X
X
X
X
X
X
Pernambuco e Bahia
Colheita
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Comercialização
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Colheita
X
X
X
X
X
Comercialização
X
X
X
X
X
Minas Gerais
X
Fonte: ANACE,2003
ponsável pela sobrevivência no campo
de um grande número de pequenos produtores que têm a cebola como única
fonte de renda (VILELA et al., 2002).
Uma das características marcantes do
setor produtivo é que, mesmo nas médias e grandes propriedades, o sistema
de produção é em parceria, ou seja, o
empresário fornece a terra, capital, máquinas e insumos, enquanto as famílias
parceiras entram com mão-de-obra para
o cultivo, tratos culturais e colheita.
Maior parte (65,8%) dos produtores de
cebola está concentrada nos extratos de
área menores que 20 ha e são responsáveis por 51,7% da produção nacional
(IBGE, 2002).
Direções da cadeia produtiva
No âmbito da cadeia produtiva, foram observados dois cenários. No segmento da produção, a preocupação com
a competição externa colocou o atendimento às exigências do mercado como
o principal centro de atenção do
agronegócio da cebola. Neste aspecto,
os produtores procuram por produto
com maior competitividade em qualidade, custos e preços, optando por cultivares que garantam maior produtividade, apresentem maior grau de resistência às doenças e forneçam produtos comerciais com alto padrão de qualidade
1030
e maior produtividade. Estas preferências incluem cultivares de polinização
aberta ou híbridas que proporcionem
uma colheita uniforme, exatamente dentro da época programada. Adicionalmente, estas cultivares ou híbridos devem exibir padrão comercial similar ao
do produto importado, especialmente
quanto à uniformidade no tamanho do
bulbo, cor, retenção de escamas e sabor.
Ademais, percebe-se clara avidez por
tecnologias para produção de cultivares
de cebola menos pungentes (tipos doces ou suaves), mais adequadas para
consumo fresco em saladas e tipos mais
apropriados à industrialização (flocos e
pó) e, também, cultivares adequadas
para cultivo em sistemas orgânicos,
como forma de agregar maior valor ao
produto nacional (VILELA et al., 2002).
No segmento dos consumidores,
observam-se preferências pela ótima
qualidade do produto, diversificação de
tipos varietais (tipos mais e tipos menos pungentes), produtos diferenciados
(produção em sistemas orgânicos e
agroecológicos), disposição dos produtos classificados e com melhor conservação pós-colheita. Nas observações de
Boeing (2002), os consumidores preferem cebolas com bulbos globulares com
casca de coloração avermelhada semelhante à cor do pinhão.
Diante destas exigências, as instituições de pesquisa públicas e privadas vêm
ajustando suas atividades para atender às
demandas dos produtores e dos consumidores, procurando desenvolver cultivares com as características que atendam
às tendências atuais do mercado.
Distribuição das safras e preços de
mercado
Em decorrência das exigências da
cultura quanto ao fotoperíodo e temperatura, as cultivares regionais são diferenciadas. Na BA e PE, as cultivares
predominantes são as importadas claras
precoces e as da série IPA, com resistência à conservação de 30 a 45 dias
após a colheita. Em SP, na safra do cedo,
as cebolas produzidas são as claras precoces e, nas semeaduras tardias, as baias
periformes. Em MG, GO e DF, predominam cultivares claras precoces e a
baia periforme.
Em SC, as cultivares mais plantadas
são as crioulas de casca escura, pungentes e com armazenamento pós-colheita,
que pode se estender por até 6 meses, e as
cultivares baias periformes precoces. No
RS, os produtores cultivam tradicionalmente cebolas do grupo baia periforme,
cuja semente é produzida no próprio estado. Desta forma, a oferta de cebola se distribui durante o ano todo (Tabela 1).
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil
Tabela 2. Programação da oferta de cebola em mil toneladas, 2003.
Mês
RS
SC
PR
JAN
16,50
39,60
18,00
FEV
15,00
SP
MG
BA/PE
3,45
3,50
GO
Brasil
ARG
81,05
4,00
MERCOSUL
85,05
55,00
19,20
2,40
3,00
94,60
9,00
103,60
MAR
55,00
6,00
3,30
4,50
68,80
16,50
85,30
ABR
39,60
1,47
19,09
2,00
62,60
28,50
90,66
MAI
8,35
2,18
25,32
6,00
51,10
34,50
85,60
9,25
JUN
26,84
5,45
23,34
13,00
68,63
27,00
95,63
JUL
26,23
9,22
20,15
11,40
66,90
19,50
86,40
AGO
54,64
10,40
16,00
81,04
7,50
88,54
SET
45,79
10,25
14,10
70,14
3,50
37,05
5,69
16,50
59,70
59,69
60,76
OUT
0,45
NOV
1,00
4,40
6,40
30,52
4,44
14,00
60,76
DEZ
17,50
17,60
16,00
9,09
4,10
12,00
76,22
Total
50,00
220,00
65,60
239,24
62,36
171,50
32,40
841,09
73,64
76,22
150,000
991,09
Fonte: ANACE, 2003.
Desde 1989, com o objetivo de organizar a produção e a comercialização
da cebola no Brasil, os agentes do
agronegócio do Brasil e da Argentina
(Associações Regionais de Produtores,
Associação Nacional de Produtores de
Cebola-ANACE, comerciantes de cebola e de insumos para a cultura, pesquisadores, extensionistas) vêm realizando,
anualmente, o Seminário Nacional da
Cebola, quando registra-se um acordo
para a consolidação de safras e a oferta
anual dos dois países para o mercado
brasileiro. Para 2003 foi programada a
oferta de 841 mil t de cebola brasileira
e de 150 mil t de cebola argentina (Tabela 2). Entretanto, de acordo com o
IBGE (2004) a produção naquele ano
foi de, aproximadamente, 1.187mil t,
superando a oferta interna (841.099 t)
em aproximadamente 346 mil t.
Os grandes Estados produtores como
SC, SP e BA aumentaram a área plantada e a produção em relação ao ano anterior. Além disso, outros Estados de menor expressão econômica na
cebolicultura, como é o caso de GO e
MG vêm investindo na cultura e formando novos pólos ceboleiros. Por outro
lado, é elevada a elasticidade-preço da
oferta da cebola, característica econômica determinante no processo de produção e comercialização que expressa
a sensibilidade da produção às variações
de preços.
As variações de preços são
estacionais e ocorrem com certa freqüência, o que pode ser resultado do
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
efeito da “teoria da teia de aranha”: em
determinada época do ano, o preço é alto
e a produção é baixa, e no ano seguinte,
o produtor, estimulado pela alta do preço, aumenta a produção; o aumento da
oferta tende a gerar queda dos preços.
Isso pode ser observado no período de
1998 a 2003, o preço médio de cebola
no mercado atacadista foi de R$ 479,22
por tonelada. A variação bianual dos
preços mostrou pouca diferença entre os
anos pares e ímpares. Os preços maiores ocorreram em anos com final par (de
março a julho, ficaram acima da média),
enquanto nos anos ímpares, a ocorrência de preços acima da média foi menor. A diferença da média entre anos
pares e ímpares foi de 25%.
O principal mercado atacadista no
Brasil é a Ceagesp (Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de SP), que comercializou em
2003, um volume de 92.379 t de cebola
nacional (76%) e importada (24%).
Situação do consumo
O consumo da cebola no Brasil apresentou tendência de aumento de produtos processados ao final da década de
1990 e início do século 21. Em razão do
aumento da população urbana e da
maior participação da mulher no mercado de trabalho, as famílias passaram
a fazer maior número de refeições fora
do domicílio. Apesar da redução do consumo domiciliar de bulbos de 6,5 kg/
hab/ano em 1987 para 3,5 kg/hab/ano
em 2003 (IBGE, 2004), vem aumentando o consumo de cebola processada com
pasta de alho e sal, purês e catchup e
cebolas desidratadas.
O consumo institucional (setor de
refeições coletivas) evoluiu no período
de 1998/2002 em 37% (BRASIL, 2002)
e, em levantamento recente realizado
por Cabrera Filho (2004) relata que o
consumo médio de cebola no Brasil situa-se em torno de 85 e 90 mil t/mês. É
importante ressaltar que o IBGE pesquisa o consumo familiar no âmbito dos
domicilios. Para formar uma ideia sobre a quantidade consumida em todos
os segmentos do consumo, além das
unidades familiares deve-se pesquisar o
consumo das agroindústrias e o chamado consumo institucional (setores de
refeições coletivas representados pelas
lojas de comidas prontas, restaurantes,
merenda escolar, hospitais e outros).
Importações brasileiras para o
abastecimento nacional
As importações brasileiras aumentaram nos últimos anos. Uma das razões
que pode explicar este crescimento é a
boa aparência da cebola argentina, associada a sua boa conservação pós-colheita. Isto contribui para que os consumidores optem pelo produto importado,
o que implica na transferência de valor
agregado para o país vizinho
(CAMARGO FILHO, 1999).
De acordo com Porter (1993) a principal vantagem competitiva entre as
nações consiste em aumentar sucessivamente a produtividade dos fatores e diferenciar os produtos em excelência de
qualidade.
1031
N. J. Vilela et al.
Tabela 3. Comportamento do mercado de cebolas frescas em 2003.
* Oferta
A
Importação
B
Estoque
C= A+ B
* * Consumo
D
Suficiência
estoques
E= D - C
Exportação
F
Suprimento do
mercado
= å (E - F)
JAN
81.050,
3.925,
84.975,
85.000,
-25,
30,7
-55,7
FEV
94.600,
9.285,
103.885,
85.000,
18.885,
0,6
18.828,7
MAR
68.800,
37.757,
106.557,
85.000,
21.557,
0
40.385,7
ABR
62.160,
45.922,
108.082,
85.000,
23.082,
0,3
63.467,4
MAI
51.100,
44.662,
95.762,
85.000,
10.762,
0,5
74.228,9
JUN
68.632,
12.879,
81.511,
85.000,
-3.489,
0,3
70.739,6
JUL
66.905,
10.810,
77.715,
85.000,
-7.285,
0
63.454,6
AGO
81.038,
5.345,
86.383,
85.000,
1.383,
194,5
64.643,1
SET
70.145,
1.335,
71.480,
85.000,
-13.520,
422
50.701,1
OUT
59.691,
344,
60.035,
85.000,
-24.965,
248,7
25.487,4
NOV
60.760,
111,
60.871,
85.000,
-24.129,
1,1
1.357,3
DEZ
76.218,
302,
76.520,
85.000,
-8.480,
1,7
-7.124,4
841.099,
172.677,
1.013.776,
1.020.000,
-6.224,
900,4
TOTAL
Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (2004a, 2004b); ANACE (2003)
*Programada; **estimado
Tabela 4. Sistemas predominantes e custos de produção de cebola no Brasil.
Principais produtores
Santa Catarina
Sistemas de produção predominantes
Custos de
produção
(R$)
- Cultivo mínimo com microtrator (15.000 t/ha)
3.981,12
- Cultivo mínimo com trator (25.000 t/ha)
6.475,36
- Cultivo mínimo com trator (35.000 t/ha)
8.194,94
- Sistema agroecológico (10 t/ha)
3.256,00
São Paulo
Plantio direto (36 t/ha)
7.754,38
Petrolina-PE Juazeiro-BA
Transplante (25 t/ha)
4.519,96
Rio Grande do Sul
Transplante (20tha)
3.699,00
Fonte: Vilela et al., 2002.
A cebola fresca ou refrigerada foi o
principal tipo importado pelo Brasil
(99%). Nos últimos anos, as importações
de alguns tipos, como cebola seca, foram reduzidas. Outras, tais como
echalotes e conservas não estão constando da pauta de importações de cebolas.
A proposta da Argentina de lançar
150 mil t de cebola fresca no mercado
brasileiro em 2003 realizou-se com um
acréscimo de 21,4 mil t. Em adição às
excessivas importações da Argentina
(171,4 mil t) o Brasil ainda importou
mais de 1,2 mil t de outros países.
Em 2003, o Brasil importou cebola
fresca
desnecessária
e
intempestivamente durante o ano inteiro, não somente da Argentina como planejado, mas também de outros países.
A excessiva quantidade importada, somada aos estoques de SC, RS e PR, que
são comercializados na mesma época de
1032
maior entrada do produto estrangeiro,
ultrapassam as reais necessidades de
abastecimento do mercado, resultando
em perdas para a cebolicultura brasileira. A ocorrência deste fato pode ser
explicada pela falta de um planejamento sistemático da produção: planta-se
demais e perde-se muito, seja por deficiência de armazenagem, seja pelo comportamento de mercado no processo de
expurgo da carga excedente. Subtraindo da produção interna de 1.187 mil t
(IBGE,2004) as necessidades de consumo de 1.020 mil t conforme tabela 3 e
as exportações de 900,4 t, o resultado é
um excedente de produção equivalente
a 166,2 t.
Este resultado evidencia que a importação de cebola fresca é desncessária,
uma vez que a safra brasileira foi mais
do que suficiente para suprir o mercado
nacional. Entretanto, por força de acor-
do com o MERCOSUL, foi planejado
um espaço de 150 mil t no mercado brasileiro para a produção argentina, porém
a Argentina destinou ao Brasil 171.436
t que, somadas às importações de outros países, totalizaram 172.677 t importadas. Considerando a oferta programada do Brasil (841.099 t) mais as importações realizadas (172.677 t) menos as
exportações (900,4 t), observa-se um
déficit operacional no mercado (-7.124
t). Quando se correlaciona o excedente
da produção à oferta programada, consumo e exportações, verifica-se que as
importações representaram uma parcela de 51% no total excedente.
No Brasil ocorrem situações em que
a cebola, como única fonte de renda dos
produtores, precisa ser comercializada
imediatamente após a colheita, até mesmo sem cura, para recuperar o escasso
capital de giro e sustentar a sobrevivência da família. Sem cura, a cebola, além
da aparência não-atrativa, fica mais exposta às deteriorações. Além dos bulbos mal curados, verifica-se ainda o
apodrecimento por falta de ambiente
adequado ao armazenamento, bulbos
atacados por pragas e doenças, manuseio e transporte feito sem cuidados, má
aparência visual dos bulbos
(desuniformes, descascados ou com cascas muito finas). Em algumas regiões,
como NE e SE são utilizadas cultivares
inadequadas que não apresentam resistência ao armazenamento. Pelo fato desHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Desafios e oportunidades para o agronegócio de cebola no Brasil
tas cultivares de cebola possuírem baixo teor de sólidos solúveis totais na sua
composição, imediatamente após serem
colhidas e curadas, necessitam ser
comercializadas, gerando um grande
fluxo de cebola de baixa qualidade no
comércio. Esta situação traz,
consequentemente, quedas de preços,
reduzindo a rentabilidade da cultura e
elevando os níveis de perdas. Assim, no
segundo semestre, observam-se quedas
de preço por excesso de oferta, em razão
da
impossibilidade
de
armazenamento. No primeiro semestre,
o escoamento dos estoques armazenados da cebola de ciclo tardio confrontase com os da cebola importada.
No Brasil, a característica marcante
da oferta de cebola é a estacionalidade
da produção. Levando-se em conta o
nível da tecnologia adotado pelos produtores e as condições de clima, muitas
vezes desfavoráveis à cultura, as médias
de produtividade são baixas, variando
de 15 a 17 t/ha. De acordo com Vilela et
al. (2002), os custos médios
operacionais da cebola variam de acordo com o nível tecnológico da cultura
(Tabela 4).
De acordo com Tosi (2003), na Argentina, o custo médio operacional total
da cebola, em 2003, foi de U$ 1.465,02,
ou seja, R$ 2.809,59, para o nível de produtividade de 1200 bolsas de 25 kg. A
produtividade média da cebola Argentina, confirmada por Galmarini (2004)
varia entre de 26 a 28 t/ha, levando-se
em conta as cultivares de dia curto,
intemediário e longo. Para o caso das
cultivares de dia longo tipo Valencianas,
que ocupam 80% da área plantada a produtividade média situa-se em torno de 33
t/ha. Diante das condições produtivas do
Brasil, é factível esperar um cenário favorável para a Argentina (BARBERO;
CASTELLANO; LUCARENA, 2000).
Na Argentina existe maior integração dos
setores produtivos com o governo. Além
disso, o solo fértil necessita de pouca
adubação, principalmente de fósforo e
potássio, o que contribui para a redução
dos custos operacionais. Na produção de
cebola, outro fator que explica as vantagens da Argentina em relação ao Brasil é
o clima que favorece os ganhos de produtividade e a qualidade dos bulbos
(CAMARGO FILHO, 2000).
As situações de produção e
comercialização permitem a conclusão
de que a permanência da cebola do BraHortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
sil ou da Argentina no mercado brasileiro passa pela questão da competitividade.
Apesar da produtividade média da cebola brasileira ser mais baixa ,quando comparada à da Argentina e os custos de produção mais elevados, novas fronteiras de
produção estão surgindo em São Gotardo
(MG), Cristalina (GO) e Chapada
Diamantina (BA). Nesses novos polos
predominam lavouras de grande extensão, mecanizadas, operando com elevado nível tecnológico. A produtividade
média desses locais tem sido superior a
50 t/ha e qualidade comparável à do similar importado.
Na região de Irecê (BA), a cultura
da cebola vem evoluindo de forma considerável nos últimos anos. Os produtores de Irecê vêm adotando tecnologia
de produção superior à da tradicional
zona do submédio São Francisco (PEBA). Conseqüentemente, as médias de
produtividade obtidas têm sido superiores a 25 t/ha. Estas novas fronteiras de
produção têm contribuído, de forma significativa, para as mudanças no cenário
da comercialização de cebola do país e,
diretamente, são também responsáveis
pela fragilidade dos pequenos produtores tecnologicamente menos eficientes.
Na situação de desarticulação apresentada pelo mercado da cebola fresca,
em razão de excesso de produção e excesso de importações, torna-se necessária a racionalização da produção (redução de área média plantada nas regiões
e elevação do nível tecnológico dos sistemas) para que sejam gerados ganhos
de produtividade com capacidade de
diluir custos e, ao mesmo tempo, elevar
a qualidade da cebola nacional.
A vantagem competitiva do produto
da Argentina no mercado brasileiro deve
se manter enquanto o país vizinho cuidar da qualidade e da apresentação da
cebola que exporta, a menos que o Brasil, e em particular os estados do Sul,
invistam mais em tecnologias, com vistas a alcançar maior eficiência técnica e
econômica dos atuais sistemas produtivos. Outra alternativa é diversificar a
oferta de variedades, procurando diferenciar o produto em relação ao concorrente, como a produção de cebola tipo
doce ou em sistemas orgânicos ou
agroecológicos. Nos estados do NE,
onde o clima apresenta condições favoráveis, a produção de cebola tipo salada
(cebola doce) com vistas às exportações
para os Estados Unidos e Europa, pode
tornar-se uma alternativa rentável para
os produtores.
LITERATURA CITADA
ANACE. Escalonamento mensal da oferta de cebola para 2003: em toneladas. In: SEMINÁRIO
NACIONAL DE CEBOLA, 15; SEMINÁRIO DE
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VILELA, N.J.; MAKISHIMA, N.; VIEIRA,
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WERNER, H. Identificação de sistemas de produção de cebola nos principais Estados produtores: relatório final de pesquisa - subprojeto 13.2001.86507. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2002.
1033
Errata
No artigo “Efeito da sacarose, cinetina, isopentenil adenina e zeatina no desenvolvimento de embriões de Heliconia
rostrata in vitro”, publicado no v.23, n.3, julho a setembro de 2005, p. 789-792, retifica-se o nome de um dos autores,
constante da página 789.
Onde se lê: Fernanda D. Duval, leia-se: Fernanda G. Duval.
1034
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Índice dos autores do v.23, 2005
(O numero da página em negrito indica o primeiro autor)
Abboud, A.C.S. ...................... 117, 281
Almeida, D.L. ................................ 184
Almeida, G.C. ................................. 993
Almeida, G.R.O. ............................. 970
Almeida, I.P.C. ............................... 960
Alvarenga, A.A. ............................. 846
Alvarenga, M.A.R. ......................... 976
Alves, A.U. ....................................... 19
Alves, D.S. ....................................... 28
Alves, R.E. ..................................... 793
Amaral Júnior, A.T. ....... 22, 123, 1000
Amaral, C.L.F. ................................ 911
Amaro Filho, J. .............................. 718
Andrade Júnior, V.C. ...................... 899
Andrade, F.V. .................................... 90
Andreuccetti, C. ............ 148, 324, 940
Andriolo, J.L. ................................. 931
Anti, G.R. ........................................ 271
Aquino, L.A. ......................... 100, 266
Aragão, F.A.D. ............................... 789
Araújo, J.S.P .................................... 05
Araújo, M.G.................................... 143
Arie F. Blank .................................. 780
Arimura, C.T. ................................. 982
Arrigoni-Blank, M.F. ..................... 780
Ávila, A.C. ..................................... 904
Bacarin, M.A. ................................. 799
Banzatto, D.A. ................................ 743
Baptista, G.C. ................................... 38
Barbieri, V.H.B. .............................. 826
Barbosa, J.C. ............................ 51, 311
Barbosa, J.A. .................................. 925
Barbosa, L.J.N. ...................... 128, 768
Barbosa, Z. ..................................... 960
Barros Júnior, A.P. ... 233, 285, 290, 712
Barros, A.F.F. ................................. 789
Barros, G.T. .................................... 931
Baptista, G.C. ................................... 38
Batista, J.A. .................................... 841
Belfort, G. ....................................... 960
Beraldo, M.R.B.S. .......................... 143
Bergamin, L.G. ............................... 311
Bernardi, A.C.C. ............................. 920
Bertolucci, S.K.V. ................. 735, 956
Bervald, C.M.P. .............................. 799
Bezerra Neto, F. ........ 90, 133, 189, 233,
285, 290, 712, 754, 773
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Biscegli, C.I. ................................... 793
Blat, S.F. ........................................... 72
Blumer, L. ...................................... 881
Boeing, G. ..................................... 1029
Boff, P. ............................................ 875
Boiteux, L.S. ................. 105, 815, 819
Bordallo, P.N. ................................. 123
Bortolotto, O.C. .............................. 931
Botelho, R. ..................................... 805
Botrel, T.A. ..................................... 316
Braz, L.T. ........................................ 743
Braz, M.S.S. ................................... 915
Brito, C.H. ...................................... 826
Caetano, L.C.S. ............................ 1015
Café Filho, A.C. .................... 228, 945
Caliman, F.R.B. ..................... 255, 893
Câmara, M.J.T. ...................... 233, 712
Camargo Filho, W.P. .................... 1029
Camargo, M.S. ............................... 271
Campos, R.S. .................................. 215
Cañizares, K.A.L. ............................ 09
Cantarella, H. ................................. 726
Cardoso, A.A. ................................. 255
Cardoso, A.D. ................................. 911
Cardoso, A.I.I. ............... 198,.785, 837
Cardoso, F.B. .................................. 138
Cardoso, J.C. .................................. 169
Cardoso, J.C.W. .............................. 956
Cardoso, M.O. ................................ 128
Cardoso, A.I.I. ....................... 198, 731
Carmello, Q.A.C. ........................... 271
Carmo, M.G.F. ............... 117, 281, 915
Carneiro, C.R. ................................ 754
Carnelossi, M.A.G. ................ 215, 970
Carrijo, O.A. ........................... 57, 105
Carvalho, A.M. .............. 250, 805, 851
Carvalho, J.G. ................................. 174
Carvalho, L.A. ................................ 986
Carvalho, W. .................................. 819
Caseiro, R.F. ................................... 887
Castro, A.C.R. ................................ 699
Castro, E.M. ................................... 846
Castro, M.R.S. ....................... 100, 266
Catelan, F. ....................................... 853
Cecílio Filho, A.B. .. 763, 831, 853, 990
César, M. ........................................ 228
Charchar, J.M. ................................ 851
Corrêa, P.C. .................................... 722
Corrêa, R.M. ................................... 956
Costa, A.S. ...................................... 699
Costa, C.A. ....................................... 28
Costa, C.L. ..................................... 929
Costa, C.P. ............................... 72, 158
Costa, F.A. ...................................... 773
Costa, F.B. ...................................... 112
Costa, L.C.B. .................................. 956
Costa, M.R. .................................... 221
Costa, N.D. ................ 707, 1010, 1029
Cruz, C.D. ........................................ 44
Cruz, M.C.P. .................... 51, 311, 758
Dantas, A.C.M. ................................. 86
Debarba, J.F. ................................... 875
Deleito, C.S.R. ....................... 117, 281
Derbyshire, M.T.V.C. ..................... 221
Deuner, S. ....................................... 799
Dias, E.N. ................................ 94, 275
Dias, R.C.S ..................................... 179
Domingues, R.J. ............................. 749
Dóro, L.F.A. ................................. 1006
Duarte, J.M. .................................... 826
Duarte, R.P.F. ................................. 299
Dusi, A.N. ....................................... 929
Duval, F.D. ..................................... 789
Eklund, C.R.B. ............................. 1015
Elpo, E.R.S. .................................. 1022
Espínola Sobrinho, J. ............ 133, 773
Fabbrin, E.G. .................................... 48
Faquin, V. ....................................... 735
Farias, M.F. .................................... 740
Fernandes, L.A. ................................ 28
Fernandes, L.E. .............................. 228
Fernandes, M.C.A. ................. 117, 281
Ferreira, J.M. ................................ 1015
Ferreira, L.S. .................................. 799
Ferreira, M.D. ..... 148, 324, 1018, 940
Ferreira, M.E. .................. 51, 311, 758
Ferreira, M.R. ................................. 749
Ferri, P.H. ....................................... 956
Filgueiras, H.A.C. .......................... 793
Finger, F.L. .............................. 81, 722
Fiorini, C.V.A. ................................ 299
Fiorini, I.V.A. ................................. 299
1035
Firme, L.P. ...................................... 722
Florio, F.C.A. ................................. 899
Foltran, D.E. ................................... 935
Fonseca, L.N. ................................. 904
Fonseca, M.E.N. ........... 815, 819, 851
Fontes, P.C.R. .................. 94,.255, 275
Fontes, S.M. ................................... 780
Fortes, G.R.L. ................................... 86
França, R.B. ..................................... 86
Franco, A.T.O. .............................. 1018
Franzin, S.M. .................................. 193
Freitas, D.F. .................................... 112
Freitas, K.K.C. ...................... 285, 290
Furtado, E.L. .................................. 198
Gabriel, A.P.C. ............................... 123
Gaia, J.M.D. ................................... 221
Galvão, H.L. ..................................... 81
Garcia Júnior, O. ............................ 749
Garcia, D.C. ................................... 193
Giordano, L.B. .............. 105, 815, 819
Godoi, R.S. ..................................... 931
Godoy, A.R. .................................... 785
Godoy, M.C. ................................... 837
Gois, V.A .......................................... 15
Gomes Júnior, J. ............................. 112
Gomes, A.M.A. .............................. 108
Gomes, J.M.R. ............................. 1015
Gomes, L.A.A. ............................... 299
Gomes, L.S. .................................... 826
Gomes, T.M. ................................... 316
Gonçalves, K.S. ............................... 05
Goto, R. ............................................ 09
Graça, R.N. ..................................... 275
Grangeiro. L.C. .............................. 763
Grosso, C.R.F. ................................ 841
Guerra, J.G.M. ................................ 184
Guimarães, M.A. ............................ 951
Gutierrez, A.S.D. ............................ 324
Haber, L.L. ................................... 1006
Haim, P.G. ....................................... 920
Henz, G.P. ........................ 61, 138, 881
Honório, S.L. .................................. 940
Inoue-Nagata, A.K. ............... 815, 904
Israel, M. ........................................ 169
Ito, S.C.S. ....................................... 718
Jacoby, C.F.S. ................................. 294
Jalali, V.R.R. ................................... 970
Junqueira, A.M.R. ......... 250,.805, 810
Junqueira, C.S. ............................... 982
1036
Junqueira, R.M. .............................. 184
Karasawa, M. ........................ 22, 1000
Kumakawa, M.K. ........................... 940
Ladeira, I.R. .......................... 100, 266
Lana, R.M.Q. ........................... 76, 965
Leão, F.F. ........................................ 228
Leitão, M.M.V.B.R. .............. 133, 773
Leite, G.L.D. ..................................... 28
Levien, S.L.A. ................................ 242
Licursi, V. ....................................... 299
Lima Júnior, E.C. ........................... 846
Lima Sobrinho, R.R. ...................... 735
Lima, J.S.S. ........................... 285, 290
Lima, M.A.C. ................................. 793
Lira, M.L. ....................................... 970
Loges, V. ......................................... 699
Lopes, C.A. .................................... 320
Lopes, J.C. ...................................... 143
Lopes, N.F. ..................................... 799
Luz, G.L. ......................................... 931
Luz, J.M.Q. ......................... 826, 1006
Machado, C.M.M. .......................... 851
Madail, J.C.M. ............................. 1029
Madeira, D.M. ................................ 899
Madeira, N.R. ................................. 982
Makishima, N. .............................. 1029
Maluf, W.R. .................................... 299
Mantovani, J.R. .............................. 758
Mapeli, N.C. ..................................... 32
Marcos Filho, J. ............................. 887
Mariano, R.L.R. ............................. 108
Marim, B.G. .................................... 951
Marouelli, W.A. ...................... 57, 320
Martins, C.S. .................................. 221
Martins, E.R. .................................... 28
Martins, M.I.E.G. ........................... 853
Mathias, M.L. ................................. 940
Matos, C.S.M. ................................ 899
Matsumoto, S.N. ............................ 911
Medeiros, J.F. ................ 202, 260, 773
Medeiros, P.H. ................................ 112
Medeiros, S.L.P. ............................... 48
Mello, S.C. ..................................... 271
Melo Filho, P.A. ............................. 929
Melo, H.C. ...................................... 846
Melo, P.C.T. ......................... 154, 1029
Mendonça Júnior, C.F ...................... 15
Mendonça, F.V.S .............................. 15
Mendonça, M.C. ............................ 780
Menezes, J.B. ............ 15, 90, 112, 754
Menezes, N.L. ................................ 193
Mesquita Filho, M.V. ....................... 68
Miranda, J.E.C. ................................ 44
Miranda, N.O. ....................... 242, 260
Mizobutsi, G.P .................................. 81
Modolo, V.A. .................................. 316
Monte, M.B.M. .............................. 920
Morais, M.S. .................................. 128
Morais, O.M. .................................. 911
Moreira, G.R. ......................... 255, 893
Moretti, C.L. ................................... 993
Mota, J.H. .............. 174, 238, 870, 976
Mota, M.G.C. .................................. 221
Mota, W.F. ...................................... 722
Moura, M.C.C.L. ............................ 206
Moura, M.F..................................... 915
Moura, M.L. ..................................... 81
Muniz, M.F.B. ................................ 703
Nagata, T. ....................................... 904
Napoleão, R.L. ................................. 28
Nascimento, A.B.G......................... 993
Nascimento, J.T ............................... 19
Nascimento, W.M. ...........44, 211, 703
Negreiros, M.Z. .... 133, 189, 202, 233,
285, 290, 712,754,773 960
Negrelle, R.R.B. ........................... 1022
Neves, L.L.M. ................................ 722
Noce, R. .......................................... 238
Nogueira, D.H. ............................... 915
Nunes , G.H.S .... 15, 90, 112, 133, 718
Nunes, U.R. .................................... 899
Olinik, J.R. ..................................... 294
Oliveira Júnior, A.C. ...................... 735
Oliveira, A.P. ......... 19, 128, 768, 915 227
Oliveira, A.S. .................................. 780
Oliveira, B.C. ................................... 05
Oliveira, C.D. ................................. 743
Oliveira, E.Q. ........ 233, 285, 290, 712
Oliveira, F.L. .................................. 184
Oliveira, M.R.T. ............................. 915
Oliveira, R.F. .................................. 316
Oliveira, R.P. .................................. 294
Oliveira, S.A. ................................. 810
Oliveira, T.S. ......................... 242, 260
Oliveira, V.R. ....................... 221, 1029
Onuki, A.C.A. ................................ 993
Otto, R.F. ........................................ 294
Oviedo, V.R.S. ................................ 785
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Padovan, M.P. ................................ 184
Papa, G. ............................................. 38
Passos, F.A. ........................... 841, 935
Paulus, D. ......................................... 48
Paulus, E. .......................................... 48
Peixoto, J.R. ................................... 881
Pereira, C. ....................................... 810
Pereira, E.W.L. ................................. 90
Pereira, F.H.F. ....................... 100, 266
Pereira, J.E.S. ................................... 86
Pereira, M.G. .................................. 123
Pereira, P.R.G. ....................... 100, 266
Pereira, R.S. ................................... 703
Pereira, W.E. .................................. 768
Peternelli, L.A. ............................... 893
Picanço, M.C. ................................. 893
Pimenta, F.L. .................................. 899
Pineli, L.L.O. ................................. 993
Pinto, J.E.B.P. ................ 735, 846, 956
Pizetta, L.C. ...................................... 51
Polidoro, J.C. .................................... 05
Poltronieri, M.C. ............................ 221
Puiatti, M. .............................. 100, 266
Purquerio, L.F.V. ............................ 831
Puschmann, R. ............................... 215
Queiroga, R.C.F. ........... 133, 189, 754
Queiróz, M.A. ....................... 179, 206
Ramos, P.A.S. ................................. 911
Ramos, S.J. ....................................... 28
Ranal, M.A. ...................................... 76
Reghin, M.Y. .................................. 294
Reifschneider, F.J.B. ........................ 61
Reinoso, A.C.L. .............................. 970
Reis, A. ........................................... 250
Resende, F.V. .................................. 851
Resende, G.M. ...... 174, 238, 707, 976,
1010, 870
Resende, R.O. ................................ 929
Rezende, B.L.A. ............................. 853
Ribas, R.G.T. .................................. 184
Ribeiro, D.G. .................................. 789
Ribeiro, I.J.A. ................................. 935
Ribeiro, L.G. ................................... 143
Ribeiro, R.L.D. ........................ 05, 184
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Riffel. C. ........................................... 48
Riva, E.M. ............................. 22, 1000
Rocha, J.M.M. ................................ 718
Rocha, R.C.C. ....................... 133, 189
Rocha, R.H.C. ....................... 133, 189
Rodrigues Júnior, J.C. ........... 174, 976
Rodrigues, J.D .................................. 09
Rodrigues, R.......................... 22, 1000
Rossetto, C.A.V. ............................. 915
Rücker, N.G.A. ............................. 1022
Sá, K.A. .......................................... 965
Saad, J.C.C. .................................... 740
Sala, F.C. ................................. 72, 158
Sales Júnior, R. ............................... 718
Salviano, A.M. ............................... 718
Santana, D.G. .................................. 826
Santos Júnior, J.J. ............................. 90
Santos, G.R. ........................... 228, 945
Santos, J.E. ................................... 1006
Santos, O.S. ............................. 48, 193
Sedyama, T. .................................... 911
Shimoya, A. .................................. 1015
Silva, C.A. ...................................... 260
Silva, D.J.H. ................ 94, 206, 255, 893,
722, 951
Silva, E. .......................................... 875
Silva, E.O. ............................. 215, 290
Silva, G.F. ....................................... 970
Silva, G.G. ....................................... 915
Silva, H.R. ............................... 68, 819
Silva, I.F. .......................................... 19
Silva, J.B. ....................................... 990
Silva, J.B.C............ 105, 250, 815, 851
Silva, J.E.L. ........................... 128, 768
Silva, M.C.C. ................................. 202
Silva, M.P. .................................... 1000
Silva, P.S.L. .................................... 960
Silva, W.L.C. .................................. 320
Silva-Mann, R. ............................... 780
Silveira, E.B. .................................. 108
Silveira, L.M. ........ 233, 285, 290, 712
Simões, A.N. .................................. 112
Singh, R.P. ...................................... 904
Siqueira, J.M. ................................... 32
Soares, A. ....................................... 915
Soares, A.M. ................................... 846
Sousa, V.F. ...................................... 202
Souza, A.F. ....................................... 68
Souza, A.P. ....................................... 19
Souza, E.R. ..................................... 242
Souza, F.F. ...................................... 179
Souza, G.L.F.M. ............................. 754
Souza, P.A ............................... 15, 754
Souza, R.J. ............ 174, 238, 976, 870,
Souza, R.M. .................................... 881
Stringheta, P.C. ............................... 255
Sudré, C.P. ............................. 22, 1000
Tanada-Palmu, P.S. ........................ 841
Tavares, M. .......... 148, 324, 1018, 940
Teixeira, J.B. .................................. 982
Teixeira, M.C.F. ............................. 699
Tessarioli Neto, J. ........................... 986
Tivelli, S.W. .......................... 726, 935
Töfoli, J.G. ...................................... 749
Torres, A.C. .................................... 789
Torres, S.B. ............................ 303, 307
Trani, P.E. ...................... 726, 841, 935
Trevizan, L.R.P. ................................ 38
Vencovsky, R. ................................... 72
Verruma-Bernardi, M.R. ................ 920
Viana, A.E.S. .................................. 911
Viegas, E.C. .................................... 915
Vieira, J.V. ............... 44, 250, 805, 851
Vieira, M.C. ...................................... 32
Vieira, R.D ..................................... 990
Vilas Bôas, R.L. ............................... 09
Vilela, N.J. ........................... 154, 1029
Werneck, C.G. ................................ 920
Werner, H. ...................................... 875
Witter, M.H. ................................... 931
Yaguiu, P. ........................................ 970
Yuri, J.E. ........ 174, 238, 976, 870, 899
Zanão Júnior, L.A. .................. 76, 965
Zanatta, E.R. ................................... 799
Zarate, N.A.H. .................................. 32
Zatarim, M. .................................... 198
Zerbini, F.M. .................................. 206
Zolnier, S. ......................................... 57
1037
Índice analítico dos artigos publicados no volume 23, 2005
Abóbora (Cucurbita moschata)
Sphaerotheca fuliginea, produto lácteo fermentado,
doença, oídio .................................................................... 198
ZYMV, resistência ........................................................... 206
Flores, qualidade de sementes, polinização manual ....... 731
Alface (Lactuca sativa)
Produção de folhas, taxa de crescimento, sombreamento,
temperatura ambiente, luminosidade .............................. 133
Biossólidos, resíduos, metais pesados, lodo de esgoto ... 143
Bremia lactucae, Thielaviopsis basicola, mosaico da
alface, resistência genética, alface crespa vermelha ....... 158
Rendimento, nutrição, qualidade, dose de potássio, época
de aplicação ...................................................................... 174
Sombreamento, taxa de crescimento, indicadores econômicos, temperatura, luminosidade ....................................... 189
Qualidade fisiológica, sementes, mudas ......................... 193
Produção, qualidade de raízes, densidade populacional,
consórcio .......................................................................... 233
Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285
Composição química, consórcio, densidade populacional
290
Melhoramento, linhagens, nematóide das galhas,
florescimento precoce ...................................................... 299
Dióxido de carbono, fertirrigação, matéria seca ............. 316
Desempenho agronômico, consorcio, densidade
populacional ..................................................................... 712
Pós-colheita, fertilizantes minerais, fertilizante orgânico 754
Nitrogênio, crescimento ................................................... 758
DRIS, análise foliar de nutrientes, balanço nutricional,
produção, queima de bordos, hidroponia ........................ 810
Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853
Rendimento, competição de cultivares ........................... 870
Coberturas de solo, produção .......................................... 899
Massa fresca, nutrição, armazenamento, nitrogênio,
molibdênio ....................................................................... 976
Estilbita, análise sensorial, teste de ordenação, zeólita .. 920
Fertirrigação, hidroponia, salinidade ............................... 931
Alho (Allium sativum)
Tendência, produção, preços ........................................... 238
Afídeos, Neotoxoptera formosana .................................. 929
Banco de germoplasma, produtividade ........................... 935
Cinnamomum zeilanicum Breym, Arachis hypogaea L . 915
Agronegócio, competitividade, mercado, produção,
importação ...................................................................... 1029
Batata (Solanum tuberosum)
Micropropagação, crescimento, tipo de explante, multiplicação in vitro, número de gemas ....................................... 86
Controle químico, indutor de resistência, BTH, requeima .... 749
Refrigeração, açúcares, temperatura de armazenamento .... 799
1038
Vírus Y da batata, reação em cadeia da polimerase,
potyvírus, RT-PCR .......................................................... 904
Processamento mínimo, alterações metabólicas,
antioxidante ..................................................................... 993
Batata-doce(Ipomoea batatas)
Sulfato de amonio, produtividade, teor de N .................. 726
Adubação fosfatada, ramas por cova, produção de raízes ..... 768
Produtividade, formato de raiz, insetos de solo .............. 911
Nutrição mineral, produção, glicose, uréia amido .......... 925
Beterraba (Beta vulgaris)
Inibidores, germinação .................................................... 990
Brócolos (Brassica oleracea L. var. italica)
Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo
arenoso ............................................................................... 51
Recobrimento, biofilme, pectina, gelatina, vigor de
sementes ........................................................................... 841
Cebola (Allium cepa)
Frigorificação de bulbos, produção de sementes, rendimento, potencial de sementes ................................................. 294
Rendimento, densidade de plantio, perda de peso de
bulbos ............................................................................... 707
Rendimento, densidade de plantio, armazenamento,
massa fresca de bulbos .................................................. 1010
Botrytis squamosa, tombamento, adubo orgânico,
produção de mudas, composto termófilo ........................ 875
Priming, incubação, germinação, vigor, secagem de
sementes ........................................................................... 887
Cenoura (Daucus carota)
Melhoramento, qualidade fisiológica, germinação, característica de semente ............................................................... 44
Oxisolo, micronutriente, boro ........................................... 68
Produção, qualidade de raízes, densidade populacional,
consórcio .......................................................................... 233
Resistência a doenças, produtividade, cultivo orgânico,
cultivo convencional florescimento, queima das folhas . 250
Composição química, consórcio, densidade populacional .... 290
Desempenho agronômico, sistemas consorciados .......... 712
Interação genótipo x ambiente, estabilidade fenotípica . 743
Sistemas de cultivo, teste de comparação pareada, teste de
ordenação, preferência do consumidor, análise sensorial 805
Cultivar, cenourete, processamento mínimo ................... 851
Coentro (Coriandrum sativum)
Desempenho agroeconômico, consórcio ......................... 285
Germinação, sementes, vigor, pureza, microrganismos,
termo-inibição, cultivares ................................................ 703
Couve (Brassica oleraceae cv. Acephala)
Taxa respiratória, etileno, polifenol oxidase, vitamina C,
conservação, processamento mínimo .............................. 215
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Couve-da-Malásia (Brassica chinensis L. var.
parachinensis (Bailey)
“Tsoi sum”, adubação nitrogenada .................................... 76
Parcelamento, uréia, nitrato de cálcio, acúmulo de
nutrientes .......................................................................... 965
Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis)
Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo
arenoso ............................................................................... 51
Bandeja, volume de célula, idade de transplantio ........... 837
Feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris)
Nutrição, rendimento, qualidade, solo arenoso, teor de
fósforo .............................................................................. 128
Hortaliças
Caixa “K”, transporte, pós-colheita, absorção de água,
fungos, embalagem .......................................................... 138
Citrullus lanatus, Cucumis melo, Lycopersicon esculentum,
Solanum melongena, estabelecimento de plântulas, termoinibição, condicionamento osmótico, germinação, temperatura baixa, sementes ......................................................... 211
Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza)
Embalagens, preços, comercialização ............................... 61
Danos mecânicos, lesões, respiração, deterioração ........ 881
benzilaminopurina, ácido giberélico ............................... 982
Maxixe (Cucumis anguria)
Cyclanthera pedata, hortaliça não-convencional, sistema
de condução, tutoramento, espaçamento ........................... 28
Potencial fisiológico, vigor, deterioração de sementes ... 307
Melancia (Citrullus lanatus)
Análise multivariada, agrupamento, variáveis canônicas,
divergência genética ........................................................ 179
Epidemiologia, controle, crestamento gomoso ............... 228
Nutrição de plantas, crescimento, macronutriente .......... 763
Didymella bryoniae, crestamento gomoso do caule ....... 945
Melão (Cucumis melo)
Pós-colheita, qualidade, armazenamento, refrigeração .... 15
Qualidade, produtividade, armazenamento ....................... 90
Conservação, injúria pelo frio, qualidade pós-colheita,
armazenamento, refrigeração, época de colheita ............ 112
Plasticultura, salinidade, irrigação, cobertura do solo .... 202
Variabilidade espacial, sólidos solúveis totais, firmeza
de polpa, qualidade de fruto ............................................ 242
Geoestatística, manejo localizado ................................... 260
Sólidos solúveis totais, firmeza de polpa, fertilizantes
orgânicos, análise de custo .............................................. 718
Filme de polietileno, manejo de irrigação, produtividade,
sólidos solúveis totais ...................................................... 773
Abscisão peduncular, comportamento respiratório, firmeza,
tomografia de ressonância magnética, 1-metilciclopropeno .. 793
Nutrição de plantas, hidroponia, nitrogênio, qualidade de
frutos ................................................................................. 831
Milho (Zea mays)
Capacidade combinatória, efeito recíproco, análise
dialélica, caracteres agronômicos, proteína total ............ 123
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Comprimento e diâmetro de espiga, profundidade de
grãos, espaçamento .......................................................... 826
Milho verde, minimilho ................................................... 960
Pepino (Cucumis sativus)
Nutrição, CO2, irrigação, enxertia ..................................... 09
Potencial fisiológico, vigor, solução salina, envelhecimento de sementes ........................................................ 303
Endogamia, produção, melhoramento ............................. 785
Pimenta (Capsicum spp.)
Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher,
projeção das distâncias no plano, recursos genéticos,
técnica multivariada ........................................................... 22
Resistência genética, oídio ................................................ 72
Pimenta-do-reino ((Piper nigrum L..)
Germoplasma, isozimas, melhoramento genético .......... 221
Pimentão (Capsicum annuum)
Germoplasma, variáveis canônicas, método de Tocher,
projeção das distâncias no plano, recursos genéticos,
técnica multivariada ........................................................... 22
Estufa, análise de crescimento, matéria seca, ambiente
protegido ............................................................................ 94
Resistência genética, oídio ................................................ 72
Xanthomonas axonopodis, antibiose, epidemiologia,
controle, biofertilizante, mancha bacteriana ................... 117
Absorção, ambiente protegido, nitrogênio, potássio,
fertirrigação, nutrição de plantas ..................................... 275
Xanthomonas euvesicatoria, antibiose, biofertilizante ... 281
Planta Medicinais
Chamomilla recutita, Asteraceae, planta medicinal, óleo
essencial, biomassa, nitrogênio, fósforo, capítulo floral .. 32
Mentha x villosa, plantas medicinais, hidroponia, substrato ... 48
Lychnophora pimaster, nutrição mineral, nutrição orgânica,
planta medicinal, óleo essencial, arnica, calagem .......... 735
Melissa officinalis, substrato, intervalo de colheita, altura
de corte ............................................................................. 780
Mikania glomerata, guaco, fotoperíodo, clorofila,
condutância estomática, anatomia foliar ......................... 846
Zingiber officinale, cadeia de produção, comercialização,
gengibre .......................................................................... 1022
Cinnamomum zeilanicum, Arachis hypogaea, toxicidade de
óleos essenciais ................................................................ 915
Mentha piperita, nutrição de plantas, hidroponia, concentração de solução nutritiva ............................................. 1006
Melissa officinalis, nutrição de plantas, hidroponia,
concentração de solução nutritiva ................................. 1006
Cymbopogon citratus, pós-colheita, secagem, moagem,
óleo essencial, capim limão ............................................. 956
Plantas ornamentais
(Orchidaceae) espécies, levantamento, nativas,
biodiversidade, cultivo ..................................................... 169
(Aster ericoides), nutrição, estufa ................................... 271
(Zingiberales, Araceae), flores de corte, classificação de
inflorescências, ponto de colheita, embalagem .............. 699
1039
Dendranthema grandiflora, análise de crescimento,
tensão de água no substrato, crisântemo ......................... 740
Heliconia rostrata, cultura de embriões, micropropagação,
cultura de tecidos, sacarose, cinetina, isopentenil adenina,
zeatina .............................................................................. 789
Pupunha (Bactris gasipaes)
Adubação orgânica, adubação mineral, esterco bovino,
palmito ................................................................................ 19
Quiabo (Abelmoschus esculentus)
Carboidratos, vitamina C ................................................. 722
Sanitização, centrifugação, embalagem, conservação,
processamento mínimo .................................................... 970
Rabanete (Raphanus sativus)
Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184
Rentabilidade, eficiência agroeconômica, consórcio ..... 853
Repolho (Brassica oleracea var. capitata)
Micronutriente, diagnose foliar, produtividade, boro, solo
arenoso ............................................................................... 51
População, nitrato, qualidade, espaçamento, característica
qualitativa ......................................................................... 100
Agroecologia, horticultura orgânica, consórcio, crotalária .... 184
População, fertilização nitrogenada, produção, espaçamento ............................................................................ 266
Vermicomposto de esterco de bovino, boro, adubo
orgânico ............................................................................ 311
Tomate (Lycopersicon esculentum)
Ralstonia solanacearum, resistência sistêmica adquirida,
murcha bacteriana, acibenzolar S-methyl ......................... 05
Resíduos de pesticidas, metabolismo, cultivo protegido,
acefato, metamidofós ......................................................... 38
1040
Condutividade elétrica, potencial matricial, potencial
osmótico, tensiômetro, sistema radicular, substrato, cultivo
sem solo .............................................................................. 57
Etileno, respiração, açúcares solúveis, oxidase do ACC,
poligalacturonase, amadurecimento do fruto .................... 81
Coloração, firmeza, pegamento de fruto, sólidos solúveis,
tolerância ao calor ............................................................ 105
Pectobacterium carotovorum, controle biológico, controle
integrado, Rhodotorula sp., Pseudomonas sp., fluorescente,
cálcio, podridão mole ....................................................... 108
Danos físicos, padrões de qualidade, custo do tomate,
consumo in natura, consumidor ...................................... 148
Cultivar, manejo cultural, qualidades nutracêuticas,
processamento .................................................................. 154
Temperatura, umidade relativa do ar, luminosidade,
rendimento ....................................................................... 255
Ralstonia solanacearum, patógeno de solo, turno de rega .... 320
Comercialização, classificação, perdas pós-colheita,
embalagem ....................................................................... 324
Mosca-branca, geminivírus ............................................. 815
Colorímetro, pigmentos, carotenóides ............................ 819
Tuta absoluta, recursos genéticos, variabilidade genética,
melhoramento de plantas ................................................. 893
Escovas, beneficiamento, classificação, normas, diâmetros
de frutos ............................................................................ 940
Tratos culturais, produção classificada, eficiência
fotossintética, rentabilidade, tutoramento ....................... 951
Produtividade, qualidade de fruto, estufa ...................... 1015
Análise multivariada, caracterização de germoplasma,
recursos genéticos, pré-melhoramento .......................... 1000
Rendimento, condução, densidade populacional ............ 986
Cestas de bambu, sacolas plásticas, danos físicos, qualidade
dos frutos, técnica de colheita ....................................... 1018
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Agradecimento aos revisores ad hocs que colaboraram com a revista de
janeiro de 2004 a outubro de 2005
Adailson Pereira de Souza ................................... UFPB - PB
Adalberto Café Filho ............................................. UnB - DF
Adão de Siqueira Ferreira .................................. UFOP - MG
Ademar Pereira de Oliveira ................................. UFPB - PB
Aderson Soares de Andrade Jr. ..... Embrapa Meio Norte - PI
Adilson Tonietto ........................................... FEPAGRO - RS
Adriana Antonieta N. Rizzo .......... UNESP Araraquara – SP
Adriana Ramos .................................................... Ilhéus - BA
Adriano do Nascimento Simões ....................... Viçosa - MG
Agostinho Dirceu Didonet ..... Embrapa Arroz e Feijão - GO
Aike A. Kretzschmar ........................................ UDESC - SC
Ailton Reis .................................... Embrapa Hortaliças - DF
Alberto C. de Campos Bernardi .. Embrapa Pecuária Sudeste - SP
Aldi Fernando França de Souza ........................... UFG - GO
Alexandre Augusto Nienow ...................................UPF - RS
Alexandre Couto RodriguesEmbrapa Clima Temperado - RS
Alexandre Pio Viana ............................................ UENF - RJ
Alice Maria Quezado Soares Durval .. Embrapa Hortaliças - DF
Aloisio Costa Sampaio .......................... UNESP Bauru – SP
Álvaro Luiz Mafra ............................................ UDESC - SC
Amauri Alves de Alvarenga ............................... UFLA - MG
Amauri Bogo ..................................................... UDESC - SC
Ana Cristina P. P. de Carvalho ... Embrapa Agroind. Tropical - CE
Ana Maria Conte e Castro ......................... UNIOESTE - PR
Ancélio Ricardo de Oliveira Gondim .............. Viçosa - MG
André Nunes Loula Tôrres .............................. EPAGRI - SC
Andréa Maria André Gomes ................................ UFPE - PE
Angela Maria Ladeira .................. Instituto de Botânica - SP
Angela Maria Soares .......................................... UFLA - MG
Ângelo Pedro Jacomino ......................... ESALQ - USP - SP
Antonieta Nassif SalomãoEmbrapa Recursos Genéticos - DF
Antônio Carlos Gomes ................... Embrapa Cerrados - DF
Antônio Hélio J. ..... Hórtica Consultoria e Treinamento - SP
Antônio Ismael Inácio Cardoso ......... UNESP Botucatu - SP
Antonio Nolla ....................................................... Toledo -PR
Antonio Rafael Teixeira Filho ............... Embrapa Sede - DF
Arione da Silva Pereira ..... Embrapa Clima Temperado - RS
Arlindo Leal Boica Junior ............. UNESP Jaboticabal - SP
Artur Ferreira Lima Neto .............. Embrapa Hortalicas - DF
Auri Brackmam ................................................... UFSM - RS
Barbara Janet Teruel de Medeiros ............... UNICAMP - SP
Beatriz Marti Emygdio ......................... Embrapa Trigo - RS
Bernard A. L. Nicolaud ..................................... UFRGS - RS
Bernardo Ueno .................. Embrapa Clima Temperado - RS
Carlos Alberto Aragão ....................................... UNEB - BA
Carlos Alberto da Silva Oliveira ........................... UnB - DF
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Carlos Alberto Escapim ........................................ UEM - PR
Carlos Alberto Simões do Carmo ................. INCAPER - ES
Carlos Machado dos Santos ................................. UFU - MG
Carlos R. F. Grosso ...................................... UNICAMP - SP
Carlos Roberto Bueno .......................................... INPA - AM
Carmen Ilse Pinheiro Jobim ........................ FEPAGRO - RS
Carmen Silvia Vieira Janeiro Neves ...................... UEL - PR
Carolina Fernandes ........................ UNESP Jaboticabal - SP
Cassandro Vidal T. do Amarante ...................... UDESC - SC
Cecília Helena S. P. Ritzinger .. Embrapa Mandioca e Frut. - BA
Célia Regina Álvares Maltha .............................. UFV - MG
Celma Domingos de Azevedo ..................... PESAGRO - RJ
Celso Trindade ................................. São João Del Rei - MG
Charles de Araujo ................................................. UFV - MG
Charles Martins de Oliveira ............ Embrapa Cerrados - DF
Cirino Corrêa Júnior ...................................... EMATER - PR
Clara Oliveira Goedert ... Embrapa Recursos Genéticos - DF
Cláudia Araújo Marco ..................................... Fortaleza - CE
Claudia Petry ........................................................... UPF - RS
Cláudia Pombo Sudré .......................................... UENF - RJ
Cláudia Renata F. Martins ..................................... UnB - DF
Cláudia Silva da Costa Ribeiro .... Embrapa Hortaliças - DF
Cleber D. de G. Maciel ...................... UNESP Botucatu - SP
Cosme Damião Cruz .............................................. UFV - DF
Dalmo Lopes de Siqueira .................................... UFV - MG
Daniela Biaggioni Lopes ............ Embrapa Semi-Árido - PE
Davi Teodoro Junghans ..... Embrapa Mandioca e Frut. - BA
Débora Cristina Santiago ....................................... UEL - PR
Demóstenes M. P. de Azevedo ........ Embrapa Algodão - PB
Denise Viani Caser ................................................... IEA - SP
Derly J. H. da Silva .............................................. UFV - MG
Dilermando Perecin ....................... UNESP Jaboticabal - SP
Domingos Fornasier Filho ............. UNESP Jaboticabal - SP
Douglas Lau ......................................................... UFV - MG
Eduardo Euclydes de Lima e Borges .................. UFV - MG
Egon J. Meurer .......................................... Porto Alegre - RS
Eliemar Campostrine ........................................... UENF - RJ
Ernani L. Agnes ................................................... UFV - MG
Fernanda A. Londero Backes ...................... Canoinhas – SC
Fernando Aragão ....... Embrapa Agroindústria Tropical - CE
Fernando Campos MendonçaEmbrapa Pecuária Sudeste - SP
Fernando César Sala .............................. ESALQ - USP - SP
Fernando Cezar Juliatti ........................................ UFU - MG
Fernando França de Souza .................................... UFG - GO
Fernando Luiz Finger .......................................... UFV - MG
Fernando Mesquita Lara ................ UNESP Jaboticabal - SP
1041
Flávia R. A. Patricio ......................... Instituto Biológico - SP
Flávio de França Souza .................. Embrapa Rondônia - RO
Francisco A. Passos ................................................ IAC - SP
Francisco C. Maia Chaves ... Embrapa Amazonia Ocidental - AM
Francisco Carlos Krzyzanowski ............. Embrapa Soja - PR
Francisco Ferraz Laranjeira ..... Embrapa Mandioca e Frut. - BA
Francisco Hevilásio Freire Pereira ...................... UFV - MG
Francisco L. A. Câmara ..................... UNESP Botucatu - SP
Francisco Vilela Resende .............. Embrapa Hortaliças - DF
Frederico Dimas Fleig ...................................... UDESC - SC
Geni L. Villas Boas ....................... Embrapa Hortaliças - DF
Geraldo Milanez de Resende ...... Embrapa Semi-Árido - PE
Germano Leão Demolin Leite .......................... UFMG - MG
Gerson R. L. Fortes .... Embrapa Rec. Gen.e Biotecnologia - DF
Gilberto Martins ..................................................... UEL - PR
Gilmar Paulo Henz ....................... Embrapa Hortaliças - DF
Gilmar Schafer .................. Embrapa Clima Temperado - RS
Glauber Henrique de Souza Nunes ................... ESAM - RN
Glauco E. P. CortezCentro Universítario Moura Lacerda - SP
Haydeé Siqueira Santos ..................... UNESP Botucatu - SP
Helcio Costa .................................................. INCAPER - ES
Hélio Grassi Filho .............................. UNESP Botucatu - SP
Heloisa Filgueiras ..... Embrapa Agroindustria Tropical - CE
Herminia E. Prieto Martinez ............................... UFV - MG
Hideaki W. Takahashi ........................................... UEL - MG
Humberto Silva Santos ......................................... UEM - PR
Iniberto amerschmidt ..................................... EMATER - PR
Isabel Cristina Bezerra .................. Embrapa Hortaliças - DF
Itamar Ferreira de Souza .................................... UFLA- MG
Itamar Rosa Teixeira ........................................ Ipameri - GO
Ivo Ribeiro da Silva ............................................. UFV - MG
Jairo Augusto Campos Araújo ....... UNESP Jaboticabal - SP
Jairo Vidal Vieira .......................... Embrapa Hortaliças - DF
Jean Carlos Cardoso . Fund. Shunji Nishimura de Tecnologia - SP
Jean Kleber Mattos ................................................ UnB - DF
Jesus G. Töfoli ................................... Instituto Biológico -SP
João A. Wordell Filho ...................................... EPAGRI - SC
João Bosco Carvalho da Silva ...... Embrapa Hortaliças - DF
João Carlos Bespalhok Filho ............................... UFPR - PR
João Carlos Soares de Mello ...... Univ. Federal Fluminense - RJ
João Ito Bergonci .............................................. UFRGS - RS
João Tavares Filho ................................................. UEL - PR
Joaquim Gonçalves de Pádua ........... EPAMIG Caldas - MG
Jony Eishi Yuri ................................................... UFLA - MG
Jorge Luiz Martins ............................................... UFPel - RS
José Abramo Marchese ...................... UNESP Botucatu - SP
José Alberto Caram de Souza Dias ........................ IAC - SP
José Antônio Azevedo EspindolaEmbrapa Agrobiologia - RJ
José Biasi .......................................................... EPAGRI - PR
José Cambraia ...................................................... UFV - MG
1042
José de Barros. de França Neto .............. Embrapa Soja - PR
José Eduardo B. P. Pinto .................................... UFLA - MG
José Ernani Schwemgber .. Embrapa Clima Temperado - RS
José Fernando Durigan .................. UNESP Jaboticabal - SP
José Ferreira da Silva ........................................ UFAM - AM
José Flávio Lopes .......................... Embrapa Hortalicas - DF
José Francismar de Medeiros ............................ ESAM - RN
José Garcia ............................................................ UFG - GO
José Geraldo Baumgartner ............ UNESP Jaboticabal - SP
José Guilherme Marinho GuerraEmbrapa Agrobiologia - RJ
José Maria D. Gaia .. Univ. Federal Rural da Amazônia - PA
José Maria Pinto .......................... Embrapa Semi Árido - PE
José Orestes M. Carvalho .............. Embrapa Rondônia - RO
José Polese Soares Novo ........................................ IAC - SP
José Ricardo Peixoto .............................................. UnB - DF
José Roberto de Oliveira ...................................... UFV - MG
José Roberto Pinto de Souza ................................. UEL - PR
José Roberto Vicente ............................................... IEA - SP
José Ronaldo Magalhães ....... Embrapa Gado de Leite - MG
José Tadeu Jorge .......................................... UNICAMP - SP
José Wellington dos Santos ............. Embrapa Algodão - PB
Josivan Barbosa Menezes .................................. ESAM - RN
Jozeneida Lúcia Pimenta de Aguiar Embrapa Cerrados - DF
Julio Marcos Filho ................................. ESALQ - USP - SP
Jurandi Gonçalves de Oliveira ............................ UENF - RJ
Juscelino Antônio Azevedo ............ Embrapa Cerrados - DF
Juvenil Enrique Cares ............................................ UnB - DF
Keigo Minami ........................................ ESALQ - USP - SP
Laércio Antonio Gonçalves Jacovine .................. UFV - MG
Lázaro Eustáquio Pereira Peres ............. ESALQ - USP - SP
Leo Pires Ferreira.................................... Embrapa Soja - PR
Leonardo Collier ............................................ UNITINS -TO
Lúcia Sadayo Assiri Takahashi .............................. UEL - PR
Luciana M. de Carvalho Embrapa Tabuleiros Costeiros - SE
Ludwig H. Pfennig ............................................. UFLA - MG
Luis Vitor Silva do Sacramento ..... UNESP Araraquara – SP
Luiz Antonio Augusto Gomes ........................... UFLA - MG
Luiz Antônio Biasi ............................................... UFPR - PR
Luiz Carlos Prezotti ...................................... INCAPER - ES
Luiz Carlos S. Caetano ................................ PESAGRO - RJ
Luiz Eduardo Bassau Blum ................................... UnB - DF
Luiz Eduardo Corrêa Antunes .. Embrapa Clima Temperado - RS
Luiz Pedro Barrueto Cid Embrapa Recursos Genéticos - DF
Madelaine Venson ............................ EPAMIG Viçosa – MG
Magali Ferreira Grando .......................................... UPF - RS
Magno A. Patto Ramalho................................... UFLA - MG
Manoel Teixeira de Castro Neto . Embrapa Mandioca e Frut.- BA
Manoel Vicente Mesquita Filho ... Embrapa Hortaliças - DF
Manoel Xavier dos Santos .... Embrapa Milho e Sorgo - MG
Marcelo Antoniol Fontes ............ Alellyx Applied Genomics
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Marcelo Carnier Dorneles ..................... ESALQ - USP - SP
Marcelo Murad Magalhães ................................ UFLA - MG
Marcelo Tavares ................................................... UFU - MG
Márcia Maria Castro .......................... UNESP Botucatu - SP
Marco Eustáquio de Sá ................ UNESP Ilha Solteira - SP
Marcos Antonio Bacarin ...................................... UFPel - RS
Marcos David Ferreira ................................. UNICAMP - SP
Marcos Eduardo Paron ...................... UNESP Botucatu - SP
Marcus Vinícius de Miranda Martins ................. Brasília-DF
Maria Aico Watanabe ............ Embrapa Meio Ambiente - SP
Maria Amélia Gava Ferão ............................ INCAPER - ES
Maria Anita G. da Silva ............................. Porto Alegre - RS
Maria Auxiliadora Coêlho de Lima .. Embrapa Semi-Árido - PE
Maria de Fátima Arrigoni Blank ............................. UFS -SE
Maria do Carmo de Salvo Soares Novo .................. IAC -SP
Maria do Carmo M. D. Pavani ...... UNESP Jaboticabal - SP
Maria Helena T. Mascarenhas . EPAMIG Sete Lagoas - MG
Maria Urbana C. Nunes ...... Embrapa Tabuleiros Costeiros - SE
Maria Zuleide de Negreiros ............................... ESAM - RN
Mariana Zatarim ................................ UNESP Botucatu - SP
Mariane Carvalho Vidal ................ Embrapa Hortaliças - DF
Marina Castelo Branco ................. Embrapa Hortaliças - DF
Marinalva Woods Pedrosa ................................... UFV - MG
Mário César Lopes ..................................... UNIOESTE - PR
Mario Puiatti ........................................................ UFV - MG
Marley Marico Utumi .................... Embrapa Rondônia - RO
Marli Ranal .......................................................... UFU - MG
Marta Simone Mendonça Freitas ........................ UENF - RJ
Martin Homechin ................................................... UEL - PR
Maurício Ventura ................................................... UEL - PR
Max José de A. Faria Júnior ........ UNESP Ilha Solteira - SP
Messias Gonzaga Pereira ..................................... UENF - RJ
Mirían Josefina Baptista ............... Embrapa Hortaliças - DF
Moacil Alves de Souza ........................................ UFV - MG
Mônica Sartori de Camargo ....... Santa Bárbara d’Óeste - SP
Monique Ines Segeren ................................... Holambra - SP
Nand Kumar Fageria .............. Embrapa Arroz e Feijão - GO
Natan Fontoura da Silva ....................................... UFG - GO
Nei Peixoto .............................................. UEG Ipameri - GO
Nerinéia Dalfollo Ribeiro ................................... UFSM - RS
Nilson Borlina Maia ............................................... IAC - SP
Nilton Luiz de Souza ......................... UNESP Botucatu - SP
Nilton Nélio Cometti .... Escola Agrotécnica Fed.de Colatina - ES
Nirlene J. Vilela ............................ Embrapa Hortaliças - DF
Nivaldo Duarte da Costa ............. Embrapa Semi-Árido - PE
Nuno Rodrigo Madeira ................. Embrapa Hortaliças - DF
Og de Souza ......................................................... UFV - MG
Omar Cruz Rocha ........................... Embrapa Cerrados - DF
Onkar Dev Dhingra .............................................. UFV - MG
Orivaldo José Saggin Jr.Embrapa Microbiologia do Solo - RJ
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Osmar Alves Lameira ..... Embrapa Amazônia Oriental - PA
Osmar Carrijo ................................ Embrapa Hortaliças - DF
Ossami Furumoto .......................... Embrapa Hortaliças - DF
Paulo R. R. Chagas ...... Centro de Pesquisa Mokiti Okada - SP
Paulo Antônio de Souza Gonçalves ................ EPAGRI - SC
Paulo Ernesto Meissner Filho ... Embrapa Mandioca e Frut.- BA
Paulo Roberto Beskow ...................................UFSCAR - SP
Paulo Sérgio Koch .............................. Sementes Sakata - SP
Paulo Sérgio Rabelo de Oliveira ................... UNIMAR - SP
Pedro Boff ........................................................ EPAGRI - SC
Pedro Henrique Monnerat ................................... UENF - RJ
Pedro Milanez de Rezende ................................ UFLA - MG
Raimundo Nonato Távora Costa ........................... UFC - CE
Raquel R. B. Negrelle .......................................... UFPR - PR
Ravi Dalt Charma ........................... Embrapa Cerrados - DF
Regina Maria Quintão Lana ................................ UFU - MG
Ricardo Enrique B. Smith .................................... UENF - RJ
Ricardo Henrique Silva Santos ............................ UFV - MG
Ricardo Tadeu de Faria .......................................... UEL - PR
Rita de Cássia S. Dias ................. Embrapa Semi-Árido - PE
Roberto Cleiton F. de Queiroga ......................... ESAM - RN
Roberto Ferreira da Silva ..................................... UENF - RJ
Roberto Lyra Villas Bôas ................... UNESP Botucatu - SP
Roberto Pedroso de Oliveira ... Embrapa Clima Temperado - RS
Roberval Dailton. Vieira .................... UNESP Botucatu - SP
Robinson Luiz Contiero .................................. Cascavel - PR
Rogério Lopes Vieites ........................ UNESP Botucatu - SP
Ronaldo do Nascimento ....................................... UFPel - RS
Ronan Gualberto ............................................ UNIMAR - SP
Ronessa Bartolomeu de Souza ..... Embrapa Hortaliças - DF
Rosana Fernandes Otto ....................................... UEPG - PR
Rosana Rodrigues ................................................ UENF - RJ
Rovilson J. de Souza .......................................... UFLA - MG
Rubens Alves de Oliveira .................................... UFV - MG
Rui Pereira Leite Jr. ........................................... IAPAR - PR
Rui Sales Júnior ................................................. ESAM - RN
Rui Scaramella Furiatti ....................................... UEPG - PR
Rumy Goto ......................................... UNESP Botucatu - SP
Sally Ferreira Blat .................................. ESALQ - USP - SP
Salvador Barros Torres ................................. EMPARN - RN
Sebastião Alberto de Oliveira ................................ UnB - DF
Sebastião Wilson Tivelli ......................................... IAC - SP
Sérgio Werne Paulino Chaves ........................ Mossoró - RN
Shizuo Seno .................................. UNESP Ilha Solteira - SP
Sieglinde Brune ............................. Embrapa Hortalicas - DF
Silvaldo Felipe da Silveira ................................... UENF - RJ
Silvano Bianco ............................... UNESP Jaboticabal - SP
Silvio Lopes Teixeira ........................................... UENF - RJ
Silvio Luís Rafaeli Neto ................................... UDESC - SC
Silvio Moure Cícero .............................. ESALQ - USP - SP
1043
Silvio Tavares ......................................... ESALQ - USP - SP
Simon Swen Cheng ......... Embrapa Amazônia Oriental - PA
Sissi Kawai Marcos ............................................ Franca - SP
Solange G. Canniati Brazaca ................. ESALQ - USP - SP
Suzana Lucy Nixdorf ............................................. UEL - PR
Sylvio Luis Honório .................................... UNICAMP - SP
Tânia Beatriz G.A. Morselli ................................ UFPel – RS
Telma Nair Santana Pereira ................................. UENF - RJ
Valdivina Lúcia Vidal ................... AGENCIARURAL - GO
Valéria Aparecida Modolo ...................................... IAC - SP
Valesca Pandolfi ..................................... ESALQ - USP - SP
Valter Rodrigues Oliveira ............. Embrapa Hortaliças - DF
1044
Vera Lucia Bobrowski ......................................... UFPel - RS
Vicente Wagner Dias Casali ................................ UFV - MG
Vivian Loges .......................... Jaboatão dos Guararapes - PE
Wagner Bettiol ...................... Embrapa Meio Ambiente - SP
Wagner Ferreira da Mota ..................... UNIMONTES - MG
Waldelice Oliveira Paiva ... Embrapa Agroindústria Tropical - CE
Waldemar Pires de Camargo Filho .......................... IEA - SP
Waldir Aparecido Marouelli ......... Embrapa Hortaliças - DF
Walkyria B. Scivittaro ...... Embrapa Clima Temperado - RS
Walter Rodrigues da Silva ..................... ESALQ - USP - SP
Warley M. do Nascimento ............ Embrapa Hortaliças - DF
Wellington Marota Barbosa .......................... Vila Velha - ES
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
normas
NORMAS PARA PREPARO E SUBMISSÃO DE
MANUSCRITOS
GUIDELINES FOR THE PREPARATION AND
SUBMISSION OF MANUSCRIPTS
Submissão de manuscritos para publicação:
Encaminhar para o endereço abaixo:
• Texto, original e duas cópias, digitado em espaço duplo, paginado e com numeração de linhas;
• Disquete com texto original contendo gráficos, desenhos, tabelas, fotografias e microfotografias;
• Carta de encaminhamento com a ciência de todos os
autores;
• Cheque referente à taxa de tramitação no valor de R$
50,00 para todas as seções.
Endereço para submissão:
Horticultura Brasileira
C. Postal 190
70359-970 - Brasília-DF
Tipos de trabalho
O periódico Horticultura Brasileira (HB) é a revista oficial
da Associação Brasileira de Horticultura. HB destina-se à publicação de artigos técnico-científicos que descrevem trabalhos originais sobre hortaliças, plantas medicinais e ornamentais que venham contribuir, significativamente, para o desenvolvimento destes setores.
A Comissão Editorial necessita da anuência de todos autores do(s) trabalho(s), que devem assinar a carta de encaminhamento ou a primeira página do trabalho original. Caso um
ou mais autores não possa(m) assinar, a razão deve ser mencionada na carta de encaminhamento. Neste caso, o autor correspondente deverá se responsabilizar pela anuência do(s)
faltante(s). Os artigos submetidos são revisados por dois consultores ad hocs, sendo ainda analisados pelo Editor Associado especializado da área a que se refere o artigo. Cabe à Comissão Editorial tomar a decisão final de aceite, alteração ou
rejeição do trabalho. Alterações só serão realizadas com a
anuência do(s) autor(es). O autor correspondente receberá a
versão gráfica do trabalho para análise e eventual correção.
Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ou
estilo. A HB não adota política de distribuição de separatas.
O periódico Horticultura Brasileira aceita artigos técnico-científicos escritos em português, inglês ou espanhol. É
composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 1, Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5.
Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7.
Nova Cultivar; e 8. Comunicações.
1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual,
a convite da Comissão Editorial;
2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral.
Será publicada a critério da Comissão Editorial;
3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramente demonstrada;
4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na
área de economia aplicada ou extensão rural;
5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ou
nota científica contendo dados e/ou informações passíveis de
Submission of manuscripts fpr publication:
Send the manuscript with the following to the address
bellow:
• Text, original and two copies, in double-space with
lines and pages numbered;
• Disket containing the manuscript and ots graphics,
drawings, tables, photographs or micrographs;
• A letter accompanying the manuscript, providing
authorization by all the authors;
• Processing fee of US$ 50.00
Submit the manuscript to:
Horticultura Brasileira
C. Postal 190
70359-970 - Brasília-DF
Subject Matter
Horticultura Brasileira (HB) is the official journal published
quarterly by the Brazilian Association for Horticultural Science.
HB publishes original papers which contribute to the scientific
and technologic development of horticultural crops. The journal
covers basic and applied researches on vegetable crops, medicinal herbs and ornamental plants.
The Editorial Board requires the signature of all authors
on the first page of the original paper or on the submission
letter. If one or more authors could not sign, the submission
letter must contain the reason(s). In this case, the
corresponding author will take the responsibility for the
submitted paper. The manuscripts are examined by two
reviewers of the specific research area. The Editorial Board
makes the final decision on acceptance, changes or rejection.
No changes will be made without the approval of the author(s).
The corresponding author will receive the galley proof which
should be corrected and returned to the publisher; changes in
content and style should not be made. No offprint will be
supplied.
Horticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishing
technical and scientific articles written in Portuguese, English
or Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article;
2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and Rural
Extension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers in
Test; 7. New Cultivar; and 8. Communications.
1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouse
interest. Only invited articles are accepted in this section;
2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of general
interest. It will be accepted for publication after being
submitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board;
3. RESEARCH: manuscript describing a complete and
original study in which the replication of the results has clearly
been established;
4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION:
manuscript dealing with applied economy and rural extension;
5. GROWER’S PAGE: communications or short notes
with information that could be quickly usable by farmers;
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
1045
utilização imediata pelo horticultor;
6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,
fertilizantes ou cultivares;
7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registro
de novas cultivares e germoplasma, sua descrição e disponibilidade, com dados comparativos;
8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicação
entre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma
de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado em
duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de
disquete e indicação de que o texto se destina à seção Comunicações. Por questões de espaço, nem todas as comunicações recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser
publicadas apenas parcialmente.
O periódico HB é publicado a cada três meses, de acordo
com a quantidade de trabalhos aceitos.
Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, ainda
não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em
outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implícito que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos e
respeito à legislação vigente do copyright foram também observados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normas
não serão considerados. Após aceitação do manuscrito para publicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright para
todas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcial
ou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização por
escrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira.
Para publicar na HB, é necessário que o primeiro autor do
trabalho seja membro da Associação Brasileira de Horticultura
e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cada artigo
submetido deverá ser acompanhado da anuência à publicação de todos os autores, e será avaliado pela Comissão Editorial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, de acordo
com a seção a que se destina.
Submissão dos trabalhos
Os originais deverão ser submetidos em três vias, em programa Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fonte
arial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá
ser incluído. Todas as fotos deverão ser enviadas no original.
Figuras e/ou quadros deverão ser de boa qualidade.
Devido aos altos custos de impressão gráfica da revista,
solicita-se aos autores que sejam sucintos na redação. Dessa
forma os trabalhos deverão ter 15 - 20 páginas digitadas,não
mais que 30 referências bibliográficas e quatro figuras, tabelas ou quadros. O resumo deverá ter no máximo 250 palavras.
Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, 17
palavras no máximo, que não deve incluir nomes científicos,
a menos que não haja nome comum no idioma em que foi
redigido. Ao título deve seguir o nome, endereço postal e eletrônico completo dos autores (veja padrão de apresentação
nos artigos publicados nos últimos volumes da Horticultura
Brasileira).
A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Resumo em Português ou Espanhol com palavras-chave ao final.
As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)
1046
6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST:
communications or scientific notes describing tests with
pesticides, fertilizers and cultivars;
7. NEW CULTIVAR: this section contains recent
releases of new cultivars and germplasm and includes
information on origin, description, avaliability, and
comparative data;
8. COMMUNICATIONS: these have the objective of
promoting communication among readers and the Editorial
Board as short communications, suggestions and criticism,
in a more informal way. They should be concise, not
exceeding 300 words or 1,200 characters. These should be
signed by author(s) and submitted in duplicate (original
and one copy), along with a diskette that contains a copy
of the text.
The journal HB is issued every three months, depending
on the amount of material accepted for publication.
HB publishes original manuscripts that have not been
submitted elsewhere. With the acceptance of a manuscript
for publication, the publishers acquire full and exclusive
copyright for all languages and countries. Unless special
permission has been granted by the publishers, no
photographic reproductions, microform and other
reproduction of a similar nature may be made of the journal,
of individual contributions contained therein or of extracts
therefrom.
Membership in the Associação Brasileira de Horticultura
is required for publication. For the paper to be eligible for
publication the first author must be a Association member
and the manuscripts should be accompanied by the
agreement for publication signed by the authors. All
manuscripts will be evaluated by the Editorial Board,
Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordance
with their respective sections.
Manuscript submission
Manuscripts should be submitted in triplicate (original
and two copies) typed double-spaced (everything must be
double spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12,
is required. Include a copy of the manuscript on computer
diskette at submission. The Editorial Board will only accept
3.5 inch diskette which have the files copied on them using
the program Word 6.0 or superior.
It is recommended that the authors observe the following
format: 15 to 20 typed pages, including up to 30 bibliographic
references, four figures, graphics or tables.
The title page should include: title of the paper (scientific
names should be avoided); name(s) of author(s) and
address(es). Please refer to a recent issue of HB for format.
The structure of the manuscript should include: 1.
Abstract and Keywords. Keywords should start with
scientific names and it should not repeat words that are
already in the title; 2. Summary in Portuguese (a
translation of the abstract will be provided by the Journal
for non-Portuguese-speaking authors) and Keywords (Palavras-chave). 3.Introduction; 4. Material and Methods;
5. Results and Discussion; 6.Acknowledgements; 7. Cited
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir
termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em
Inglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o título
em Inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em Português ou Espanhol; 3. Introdução; 4. Material e
Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser utilizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão
de apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes
da Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consultar a home page da ABH: www.abhorticultura.com.br ou
www.sobhortalica.com.br
As citações de artigos no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Esaú e Hoeffert (1970) ou (ESAÚ;
HOEFFERT, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), como
segue: De Duve et al. (1951) ou (DE DUVE et al., 1951). Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no
mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data
de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b.
Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s)
autor(es), em anos diferentes, separar os anos por vírgula,
como segue: (FARRAR; KENNEDY, 1987, 1997) ou: ...segundo Farrar e Kennedy (1987, 1991)...
Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenas os
trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética do sobrenome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou mais autores
devem ser listados na ordem cronológica, depois de todos os
trabalhos do primeiro autor. As referências bibliográficas deverão obedecer as normas da ABNT (NBR 6023, de 2002)
Exemplos:
a) Periódico:
BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heat
production of vegetables during refrigerated storage. Journal
of the American Society for Horticulture Science, Mount
vermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972.
b) Livro:
ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. New
York: John Willey, 1979. 632 p.
c) Capítulo de livro:
ULLSTRUP, A. J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. (Ed.).
Corn and corn improvement. New York: Academic Press,
1955. cap.3, p. 465-536.
d) Tese:
SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora
em pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. Dissertação, Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de
São Paulo, Piracicaba.
e) Trabalhos apresentados em congressos (quando não
incluídos em periódicos):
HIROCE, R.; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.;
FURLANI, P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO,
J. R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.
f) Trabalhos apresentados em congresso, publicados
em revista/CD-ROM:
Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Literature and 8. Figures and Tables. This structure will
be used for the Research section. For other sections please
refer to a recent issue of HB for format. You can also
visit ABH home page in the following addresses:
www.abhorticultura.com.br or www.sobhortalica.com.br.
Bibliographic references within the text should have the
following format: Esaú & Hoeffert (1970) or (ESAÚ; HOEFFERT,
1970). When there are more than two authors, use a reduced form,
like the following: De Duve et al. (1951) or (DE DUVE et al.,
1951). References to studies done by the same author in the same
year should be noted in the text and in the list of the Cited Literature
by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a, 1997b.
In citations involving more than one article from the same
author(s), published in different years, the years will be
separeted with comma, as follows: (Farrar & Kennedy, 1987,
1991) or: ...accordingly to Farrar & Kennedy (1987, 1991)...
In the Cited Literature, references from the text should be
listed in alphabetical order by last name, without numbering
them. Papers that have two or more authors should be listed
in chronological order, following all the papers of the first
author, second author and so on. Please refer to a recent issue
of HB for more details. The bibliographic references should
be done accordingly to the ABNT norms (NBR 6023, from
2002).
Examples:
a) Journal:
BERG, L. VAN DER; LENTZ, C. P. Respiratory heat
production of vegetables during refrigerated storage. Journal
of the American Society for Horticultural Science, Mount
vermon, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972.
b) Book:
ALEXOPOULOS, C. J. Introductory mycology. 3rd. ed. New
York: John Willey, 1979. 632 p.
c) Chapter:
ULLSTRUP, A. J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J., (Ed.).
Corn and corn improvement. New York: Academic Press,
1955. cap3, p. 465-536.
d) Thesis:
SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora
em pimentão na fase juvenil. 1992. 72 f. (Master thesis), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade
de São Paulo, Piracicaba.
e) Articles from Scientific Events (when not published
in journals):
HIROCE, R; CARVALHO, A. M.; BATAGLIA, O. C.; FURLANI,
P. R.; FURLANI, A. M. C.; SANTOS, R. R.; GALLO, J. R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais...
Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.
f) Articles from scientific events, published in referred
jornals:
REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com três
modelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20,
1047
REIS, N. V. B. Comparação da evaporação externa com três
modelos de estufas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20,
n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresentado no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002.
g) Trabalhos apresentados em meio eletrônico:
g1) Periódico:
KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just online
journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>.
Acesso em: 25 nov. 1998.
g2) Trabalhos apresentados em congresso:
SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do
paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em:
<http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acesso
em: 21 jan. 1997.
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n. 2, jul. 2002. Suplemento 2. CD-ROM. Trabalho apresentado no 42° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2002.
g) Articles publised by electronic means:
g1) Journal:
KELLY, R. Eletronic publishing at APS: its not just online
journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em: <http://www.hps.org/hpsnews/19065.html>.
Acesso em: 25 nov. 1998.
g2) Articles from scientific events:
SILVA, R. W.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do
paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos... Recife: UFPe, 1996. Disponível em:
<http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm>. Acesso
em: 21 jan. 1997.
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Hortic. bras., v. 23, n. 4, out.-dez. 2005
Foto: PauloEduardodeMelo
O quanto pode a olericultura
urbana?
Cultivar hortaliças em áreas urbanas não é novidade. Na Europa medieval os castelos, as urbes
naquele tempo, já possuíam seus
jardins de ervas. Em países densamente povoados, a sobrevivência de todos sempre foi garantida
através do cultivo de qualquer
área agricultável, incluindo áreas
urbanas. No Brasil de outrora, as
hortaliças se sucediam no fundo
dos quintais (de casas e de aldeias, também estas, urbes, a seu
tempo e história), diversificadas
em uma constelação de espécies,
muitas hoje esquecidas, cada qual
com seu sabor peculiar, seu valor
nutritivo, seu poder terapêutico.
O que há de novo então no cultivo de hortaliças em espaços urbanos? A inovação está no potencial dessa atividade como auxiliar
na solução de dois dos mais siameses problemas da humanidade:
a fome (oculta ou evidente) e a
pobreza. Mas, o que pode a
olericultura urbana contra esses
males?
Falemos do Brasil, ainda que nesse retrato quase todo o Mundo se
pareça. Aqui, o acesso aos alimentos em quantidade e qualidade
adequadas (Segurança Alimentar), é crítico em regiões menos
desenvolvidas e nas periferias das
grandes cidades, inchadas por
milhões de brasileiros vindos da
zona rural. Males causados pela
desnutrição ou pela má-nutrição,
de tão generalizados já consti-
tuem problemas de saúde pública. E não deixemos de atribuir à
fome, a sua parcela de responsabilidade na mortalidade infantil,
nos neonatos de baixo peso, na
suscetibilidade a doenças, na dificuldade de aprendizado e
repetência escolar, na baixa eficiência do trabalho, etc., etc. e etc.
Dando nome e endereço a esse
retrato, encontra-se, no Entorno
de Brasília, o município de Santo
Antônio do Descoberto (GO).
Santo Antônio contribui com 50
mil habitantes (95% na zona urbana), para os quase três milhões
de pessoas que hoje vivem na região geoeconômica da capital federal. A maioria da população de
Santo Antônio está abaixo da linha de pobreza (menos de 0,5 salário mínimo per capita). Os indicadores sociais da cidade sugerem uma comunidade carente de
ações de cidadania, incluindo
aquelas relativas à segurança alimentar. Em face a essa realidade,
iniciou-se um projeto de produção de hortaliças em uma horta
urbana comunitária. O projeto
envolve atualmente 25 famílias,
a cada uma tocando um talhão de
cerca de 300 m2. Um ano após o
início do projeto, o quanto pôde
a olericultura urbana em favor
dessas famílias?
Em relação ao hábito alimentar,
as famílias envolvidas no projeto
incorporaram à dieta o consumo
diário de duas ou três diferentes
hortaliças! Mas, quais hortaliças?
No início do projeto, o interesse
das famílias, seja para consumo,
seja para venda, se concentrava
em nada além de seis hortaliças:
alface crespa, couve-comum,
cebolinha e coentro (cheiro-verde), jiló e quiabo. Um ano após,
Dna. Francisca Souza, uma das
hortelãs envolvidas no projeto
cultiva, consome e vende abobrinha, alface crespa e americana,
alho, berinjela, cenoura,
cebolinha e coentro, couvebrócolos, couve-comum, couveflor, erva-doce, espinafre, jiló,
maxixe, pepino, pimentão, quiabo, rabanete e repolho. Além da
diversidade, merecem nota também a qualidade das hortaliças e
a produtividade alcançada. A horta urbana alterou também o consumo de outros alimentos, em vir-
tude do aumento de até 35% na
renda familiar proporcionado pela
comercialização dos excedentes.
Foi o que aconteceu com o hortelão Marcelo Duarte, que ao lado
da esposa e dos dois filhos, passou a consumir mais carne, mais
arroz e mais feijão. Segundo ele,
“os meninos, agora, estão muito
mais bonitinhos”.
Os resultados alcançados na curta vida do projeto até aqui não
devem porém criar a ilusão da
facilidade. Cultivar hortaliças não
é uma atividade leve. Muito ao
contrário, demanda dedicação,
talento e vocação. Por isso, boa
parte do sucesso dos novos
hortelãos de Santo Antônio do
Descoberto se deve à sua enorme
disposição em trabalhar com as
hortaliças. Até chegarmos ao grupo de hoje, foram várias as desistências e as substituições. Quando não há inclinação para a
olericultura, tudo parecerá lento,
trabalhoso e difícil. Esse aspecto
não deve ser menosprezado.
Somam-se aos desafios inerentes
ao cultivo de hortaliças, algumas
outras dificuldades específicas do
ambiente urbano. Os furtos são
comuns em hortas urbanas. Seus
maiores prejuízos? O sentimento
de violação da horta (uma extensão do lar) e o desaânimo causado pela impossibilidade de colher
o que foi cultivado, ainda que um
único pé de alface! Além disso,
por descuido ou de propósito, os
ladrões sempre danificam, por
pisoteio ou simples destruição,
um volume de hortaliças muito
maior do que o que levam.
O acesso a água de qualidade e
com custo reduzido (inclusive
para irrigação) é outra grande dificuldade das hortas urbanas. Nenhuma horta deveria ser instalada antes que esse aspecto fosse
cuidadosamente considerado. É
preciso ter em vista também a
sustentabilidade econômica e
ambiental da horta urbana (um
espaço limitado e intensamente
explorado) no longo prazo. Para
tanto, é necessário manejar adequadamente os recursos naturais,
em especial o solo e a água, e garantir recursos, que podem advir
da comercialização da produção,
para a continuidade da atividade.
Nesse contexto, a adubação deve
ser utilizada também com o objetivo de construir a fertilidade do
solo. Isto permitirá a redução
gradativa do uso de fertilizantes
(orgânicos ou não), em geral tão
intenso e dispendioso na produção de hortaliças, e promoverá a
independência dos produtores de
recursos externos. Também é fundamental conservar o solo. Para
tanto, os hortelãos de Santo Antônio adotaram práticas de manejo que ao mesmo tempo melhoram a qualidade do solo e propiciam rendimento econômico,
como, por exemplo, a adubação
verde em consórcio com hortaliças.
Um último aspecto a ser considerado é o fato de muitas hortas urbanas serem também comunitárias. Isso significa que pessoas
diferentes, com comportamentos
e expectativas distintas, irão compartilhar seu tempo em um espaço físico restrito. Ali, as afinidades irão aproximar alguns em detrimento de outros. Haverá solidariedade, mas haverá também
competição. Nascerá um sentimento de associativismo, mas não
para com todos. Administrar esses sentimentos, além dos nossos
(já que também somos humanos)
é sempre mais difícil que parece
e é um ponto-chave para o sucesso da empreitada. Não se deve
esquecer que, sobretudo, a horta
urbana é feita por gente! (O projeto Horta Urbana de Santo Antônio do Descoberto é financiado
pelo CNPq).
(Paulo Eduardo de Melo,
Marina Castelo Branco,
Flávia A. de Alcântara,
Henoque Ribeiro da Silva,
Embrapa Hortaliças, E-mail:
[email protected])
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ISSN 0102-0536 - Associação Brasileira de Horticultura